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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO RIO GRANDE DO SUL - RS
URGENTE - PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR
SINDICATO DOS ENGENHEIROS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, inscrito
no CNPJ sob o número 92.675.362/0001-09, com sede na Avenida Érico Veríssimo, 960 –
Menino Deus – Porto Alegre – RS – CEP 90160-180, neste ato representado pelo seu
presidente ALEXANDRE MENDES WOLLMANN, brasileiro, casado, engenheiro, inscrito
no CPF sob o número 517.775.760-91, email: [email protected], por seus procuradores
signatários, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, nos termos do artigo 125, parágrafo 2º da
Constituição Federal e artigo 95, inciso XII, alínea “d”, da Constituição do Estado do Rio
Grande do Sul, e nos termos dos artigos 212 a 216 do Regimento Interno do Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul – em face da ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, Órgão de representação do Poder Legislativo, com
endereço nesta Capital, na Pça Marechal Deodoro, nº 101, Cep 90010-300 representada por
sua presidente Silvana Covatti - e-mail: [email protected] e do GOVERNADOR
DO ESTADO DO RGS - José Ivo Sartori - Pça Marechal Deodoro s/nº, Porto Alegre/RS
Cep 90010-282 e-mail: [email protected], pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:
1 - PRELIMINARMENTE - DA LEGITIMIDADE ATIVA DA ENTIDADE SINDICAL
PROPONENTE -
O Sindicato dos Engenheiros no Estado do RGS-SENGE/RS é incansável na luta pela
valorização profissional da categoria que representa, bem como tem expressiva participação
em todas as discussões relevantes no cenário político e social, colaborando ativamente com o
desenvolvimento sócio-econômico de nosso País e do nosso Estado. Neste escopo, cabe
reforçar a idéia de que o interesse social reside na observância aos princípios constitucionais
voltados à garantia da ordem jurídica justa, a partir da efetividade normas por eles garantidos,
o que não se verifica senão através de mecanismos eficazes e adequados a assegurar os
direitos e garantias necessários para a preservação da segurança da nossa sociedade.
Dito isto, a Entidade Sindical proponente não pode deixar de olhar para o horizonte
coletivo, pois este altruísmo é a marca indelével de sua criação sendo esta a principal
motivação para a propositura da presente Ação Direta de Inconstitucionalidade, através da
qual busca ver tutelados interesses difusos e coletivos - mais especificamente relacionados à
segurança pública e ao exercício do profissional de Engenharia no que tange a discussão das
significativas alterações previstas pelo Lei Complementar nº 14.924/16 que altera a legislação
de normas de segurança, prevenção e proteção contra incêndio, bem como conflita com as
atribuições legalmente previstas aos profissionais engenheiros e Arquitetos. O Sindicato
proponente pretende comprovar que as alterações legais vigentes conflitam diretamente com a
Constituição do Estadual e indiretamente com a Constituição Federal, colocando em risco a
sociedade e o profissional de Engenharia, conforme será amplamente exposto na presente
ação judicial.
Partindo desta premissa, referimos que o Sindicato dos Engenheiros no Estado do
RGS tem atuação em todo o Estado do Rio Grande do Sul e nos termos do artigo 95 § 1º
inciso VII da Constituição do Estado do RGS é legitimado ativo para propor a presente Ação
Direta de Inconstitucionalidade da Lei Complementar nº 14.924/16 por afronta direta aos
artigos 19, 124, 125, 130 caput e 131 parágrafo § 2º da Constituição do Estado do RGS.
Além de afronta indireta aos artigos 22 incisos I e XVI e 144 da CF/88, conforme será
demonstrado a seguir:
Ademais, imperioso referir que a presente Ação Direta de Inconstitucionalidade vai ao
encontro das finalidades da Entidade Sindical proponente, previstas no artigo 2º do seu
Estatuto Social, mais especificamente a finalidade descrita na letra “d” que seguem abaixo
transcritas:
"Artigo 2º - O Sindicato tem por finalidades:
“a) Defender os direitos e interesses coletivos ou individuais das categorias
profissionais representadas, inclusive como substituto processual
(...)
d) Colaborar com a sociedade, como órgão técnico e consultivo,
promovendo estudos e propondo soluções para as questões relacionadas à
engenharia.
(...)"
Cumpre-nos referir que a atuação dos sindicatos tem fundamental relevância para a
promoção dos direitos metaindividuais, sendo um dos principiais agentes na tutela pela
valorização do trabalho humano e na luta pelo respeito aos direitos mais basilares previstos
em Nossa Lei Maior, garantindo, assim, o Estado Democrático de Direito. Nesse contexto,
vale trazer as palavras de Celso Antônio Pacheco Fiorillo que discorre sobre a importância
dos Sindicatos na defesa dos direitos difusos e coletivos, que no caso da Ação Direta de
Inconstitucionalidade, encontramos previsão no artigo 2º inciso IX da Lei 9868/99.
"(...) os sindicatos estão situados ao lado das associações civis e dos
partidos políticos, como representantes naturais da sociedade civil;
construídos e formados por cidadãos, atuam concretamente na defesa dos
direitos da coletividade, respondendo por seus atos de forma direta sem
maiores entraves ou mesmo dificuldades impostas pelo ordenamento
jurídico em vigor. É bem mais simples para o cidadão fiscalizar os atos
realizados por sua associação civil ou mesmo sindicato do que fiscalizar se
a União ou até mesmo o Ministério Público estão defendendo
concretamente direitos que são violados no dia a dia por pessoas físicas e
jurídicas e, particularmente pelas pessoas jurídicas de Direito Público".
Assim, estão presentes os pressupostos processuais para a que a Entidade Sindical
postule através da Ação Direta de Inconstitucionalidade interesse de toda a sociedade do
Estado do RGS, assim como da categoria profissional dos Engenheiros legalmente habilitados
ao exercício desta profissão, nos termos da Lei 5.194/66, arts. 7º e 8º, restando, também,
totalmente preenchidas as condições estabelecidas no art. 17 do Novo Código de Processo
Civil Brasileiro.
Por fim, restou clara a demonstração do vínculo de pertinência temática, estando
presente a condição objetiva da legitimatio ad causam do Sindicato dos Engenheiros do RGS
- SENGE/RS, nos termos do que já decidiu o STF na ADIN nº 1.114.
2 - DA INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL EXISTENTE NA LEI
COMPLEMENTAR nº 14.924/2016 -
No controle de constitucionalidade das normas, não podemos deixar de referir
a importante contribuição de Fredie Didier Jr., sua doutrina parte da concepção Kelseniana do
ordenamento jurídico - sendo a espinha dorsal das Ações Constitucionais, senão vejamos:
"(...) As normas de um ordenamento não se encontram em um mesmo
plano, mas, sim, escalonadas, verticalmente, em diferentes degraus,
sendo que, no topo da escadaria-positiva, encontra-se a Constituição,
iluminando e legitimando as normas hierarquicamente inferiores. É a
lei máxima, dotada de superioridade formal - prevendo forma de
produção de outras normas - e material- traçando parâmetros
materiais de conteúdo para as normas infraconstitucionais." (grifo
nosso).
Partindo dessa premissa, é clara a conclusão de que para a validade das normas
infraconstitucionais é imprescindível a rigorosa observância aos limites formais e materiais
impostos pela Constituição, determinando, assim, a forma pela qual devam ser elaboradas as
normas, devendo, ainda, seu conteúdo atender aos limites constitucionais. Para tanto, uma
norma inferior que exceda os limites impostos pela Constituição - é ilegítima - maculada pelo
vício da inconstitucionalidade que lhe retira a validade.
Para tanto, existem em nosso sistema jurídico o chamado controle de
constitucionalidade das normas, mecanismo que se destina a fiscalizar o fiel cumprimento dos
rígidos ditames da Norma Suprema.
A presente Ação Direta de Inconstitucionalidade pretende ver declarada a
inconstitucionalidade de alguns dispositivos da LC 14.924/2016 por afronta direta à
Constituição do Estado do RGS e indireta à Constituição Federal.
As normas sobre Segurança, Prevenção e Proteção contra risco de incêndio eram
regulamentadas pela LC nº 10.987 de 11 de agosto de 1997 que tinha aplicação para todos os
municípios do RGS, exceto Porto Alegre que estava sob a tutela da LC Municipal nº 420 de
01 de setembro de 1998. O Estado entendeu pela urgente necessidade de alteração legal,
vindo a sancionar a Lei Complementar 14.376 de 26 de Dezembro de 2013 – popularmente
conhecida como “Lei Kiss”, em razão do trágico incêndio ocorrido em 27 de Janeiro de 2013
no Município de Santa Maria/RS. A Lei Kiss foi posteriormente alterada pela Lei
Complementar 14.555 de 02 de Julho de 2014, houve nova alteração pela Lei Complementar
14.690 de 16 de Março de 2015 e mais recentemente a última alteração correu com a Lei
Complementar 14.924 de 22 de setembro de 2016, que entrou em vigor em 24 de outubro de
2016.
Pretende-se demonstrar que a LC 14.924/2016 traz em seu bojo inconstitucionalidades
materiais. A alegada inconstitucionalidade material será aqui tratada sob dois aspectos: A
afronta direta aos artigos 19, 124, 125 da CE e reflexa aos artigos 144 e 37 caput da CF/88
quanto à obrigação Constitucional do Estado do RGS na preservação da segurança e da ordem
pública em obediências aos princípios da legalidade, impessoalidade e eficiência. O outro
aspecto da abordagem sobre a inconstitucionalidade material se refere à afronta direta ao
artigo 130 caput e 131 § 2º da CE e reflexa ao artigo 22 incisos I e XVI da CF/88 no que se
refere às atribuições do profissional de Engenharia e a delimitação da atividade de
competência do Corpo de Bombeiros.
2.1.- DO RISCO À SEGURANÇA PÚBLICA
A LC 14.924/2016 afronta diretamente norma Constitucional Estadual – artigos:19,
124, 125 da CE, havendo afronta reflexa ao artigo 144 da CF/88 que traz a seguinte previsão,
respectivamente:
“Art. 19. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes do Estado e dos municípios, visando à promoção do bem público e à prestação de serviços à comunidade e aos indivíduos que a compõe, observará os princípios da legalidade, da moralidade, da impessoalidade, da publicidade, da legitimidade, da participação, da razoabilidade, da economicidade, da motivação e o seguinte:”
“Art. 124. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública, das prerrogativas da cidadania, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - Brigada Militar; II - Polícia Civil; III - Instituto-Geral de Perícias. (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 19, de 16/07/97) (Vide ADI n.º 2827/STF)
IV - Corpo de Bombeiros Militar. (Incluído pela Emenda Constitucional n.º 67, de 17/06/14) Art. 125. A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a assegurar-lhes a eficiência das atividades.”
“Art. 144 da CF/88 A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
(...)
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
(...)
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014).
“Artigo 37 CF/88 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência(...)”
A LC 14.924/2016 traz significativas alterações nas normas de Segurança, Prevenção e
Proteção contra risco de incêndio em edificações e áreas de risco, com objetivo de instituir
procedimento mais célere e menos rigoroso. Dentre as alterações estão –
A flexibilização da análise, a partir da adoção de critérios menos rigorosos,
procedimentos administrativos menos detalhados, precarização da manutenção e implantação
das instalações de prevenção contra incêndio - em razão dispensa de vistorias ordinárias pelo
Corpo de Bombeiros – impulsionada, ainda, pela dispensa de vistoria para emissão e
renovação de Alvarás, aumento do prazo de validade dos alvarás APPCI, autorizações
precárias e a atribuição de pessoa leiga a prestar informações técnicas sem a devida
habilitação legal.
Para tanto, tem-se que as significativas alterações acima citadas comprometem a
eficiente prestação do serviço de segurança pública, obrigação do Estado na preservação da
ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, conforme previsto no artigo 124
da CE e 144 da CF, posto que ambos os dispositivos constitucionais referem o Corpo de
Bombeiros - dentre os órgãos ligados ao Estado - responsáveis pelo eficiente cumprimento de
tal garantia constitucional.
Passemos agora à análise detalhada dos dispositivos legais constantes da LC
14.924/2016 que no entendimento da entidade sindical proponente, apresentam
inconstitucionalidade nos termos supra referidos em relação à obrigação constitucional do
Estado em garantir a segurança pública, senão vejamos :
→ O artigo 4º § 2º da LC 14.924/16 criação do CLCB - Certificado de
Licenciamento do Corpo de Bombeiros – Tal certificado surge com a LC 14.924/2016
como possibilidade de regularização das edificações, além das já previstas nas Leis
Complementares anteriores - PPCI (Plano de Proteção contra Incêndio) e PSPCI (Plano
Simplificado de Proteção Contra Incêndio).
O CLCB - regulariza edificações de baixo e médio risco de incêndio mediante
informações prestadas por pessoa leiga no assunto. O Certificado é obtido por meio
eletrônico e as informações fornecidas no CLCB são de responsabilidade do proprietário ou
responsável pelo uso da edificação - pessoa leiga - não há vistoria nem necessidade de
plano e projeto desenvolvidos por profissional legalmente habilitado (Engenheiro ou
Arquiteto) e, portanto, não há a devida emissão de *ART (Anotação de Responsabilidade
Técnica – para os profissionais de Engenharia) ou RRT ( Registro de Responsabilidade
Técnica – para os profissionais da Arquitetura), documento legal que comprova e vincula a
responsabilidade técnica do profissional.
• Nos termos da Lei 6496/77 em seu artigo 2º - refere que a ART ou RRT definirá
para os efeitos legais os responsáveis técnicos (...)
A Entidade proponente tem a referir que quanto ao risco à segurança pública que a
não exigência de profissional legalmente habilitado para prestar informações de tamanha
relevância, traz risco à sociedade. Nos termos da vigente Lei Complementar, edificações
de até 200m² tais como: asilos, creches, clínica geriátrica, laboratórios clínicos, Agência
de notícias, cartórios, estabelecimentos comerciais dos mais variados produtos bares,
lanchonetes, casas de festas e eventos, estacionamento de veículo são alguns dos muitos
exemplos de edificações que poderão ser regularizadas mediante o CLCB cujas
informações serão fornecidas unicamente pelo proprietário do imóvel ou pelo responsável
pela sua utilização – pessoa não legalmente habilitada e que não possui qualquer
qualificação técnica que a capacite a prestar tais informações.
Importante, ainda, referir que através da expedição do CLCB, as instituições supra
referidas terão seu funcionamento liberado e sua segurança atestada mediante a simples
analise de informações prestadas – por pessoa leiga - de forma documental, através do
preenchimento de um formulário eletrônico sem a necessidade de vistoria na edificação para
atestar a segurança e o cumprimento das normas de segurança, prevenção e proteção contra
incêndio. Ademais, importante referir que o CLCB não precisa ser renovado, uma vez
emitido, caso a edificação não seja alterada, será válido por tempo indeterminado.
Neste ponto temos a referir que é evidente o risco à sociedade em se ter uma
certificação por tempo indeterminado, posto que mesmo que a edificação não sofra
alterações construtivas, há que se considerar que com o passar do tempo as estruturas
perecem e precisam ser renovadas para que não haja risco de incêndio. Entretanto, como não
haverá a vistoria não serão verificados e apontados os danos, deixando, portanto, de serem
exigidas as manutenções que com o passar do tempo venham a ser necessários para a
manutenção do nível de segurança contra incêndio esperado para essas edificações.
No que se refere à CLCB - reside sério risco dado que as informações fornecidas por
pessoa leiga, ou seja, pessoa essa que não é profissional habilitado pelos Conselhos de
Classe (CONFEA/CAU) conforme a Lei Federal n° 5194/66 (Engenheiros, Arquitetos e
Agrônomos), coloca em risco a segurança pública, visto que as informações prestadas para a
emissão do CLCB não possuem embasamento técnico (análise de risco por exemplo) mas
somente critérios subjetivos, e conseqüentemente não refletirá o real risco de incêndio,
assim como será deficiente a análise das medidas de segurança contra incêndio necessárias
para a referida edificação, a fim de minimizar os riscos existentes através da correta
aplicação das medidas de segurança contra incêndio que dependendo do caso poderão ser
ativas ou passivas. Tem-se que por mais que o informante se comprometa com a veracidade
das informações prestadas, o mesmo não possui conhecimento técnico, incorrendo no risco
de mesmo que sem intenção, mas por desconhecimento no assunto, prestar informações
equivocadas que poderão comprometer a segurança que se pretende obter com a expedição
do CLCB. Em verdade, a LC 14924 acaba por induzir as ditas “pessoas leigas” a praticarem
exercício ilegal da profissão, podendo as mesmas serem responsabilizadas na esfera criminal
e cível em caso de sinistro.
→ - O artigo 5º § 2º da LC 14.924/2016 prevê a concessão de autorizações Precárias e
Provisórias – Na Lei Complementar 14.376 o artigo 5º § 2º previa que somente edificações
de baixa carga de incêndio, conforme tabela 3 do Anexo A, poderiam receber autorizações
precárias e provisórias de funcionamento. Já na LC 14.924/16 a previsão é de que também
as edificações com média carga de incêndio poderão receber dos Municípios as
autorizações precárias e provisórias de funcionamento –
A Entidade proponente tem a referir quanto ao risco à segurança pública:
Aqui novamente é relativizado o risco de edificações com média carga de incêndio.
Temos a esclarecer que a Tabela 3 do Decreto 53.280/2016 que regulamente a LC
14.376/2013 no que tange a classificação das edificações quanto ao risco de incêndio, refere
que a baixa carga de incêndio considerada é até 300MJ/m², já a média carga de incêndio
considerada é acima de 300MJ/m² até 1.200 MJ/m². A alteração atualmente em vigor nos
termos da LC 14.924/16 traz claramente risco à sociedade, pois permitirá que edificações com
carga de incêndio de até 1.200MJ/m² recebam autorizações precárias e provisórias pelo prazo
de 1 (um) ano!!! Podendo ser prorrogado por mais 1(ano) – conforme prevê o § 4º do artigo 5º
da LC 14.924/2016 - ou seja – são 2 (dois) anos de licença precária ou provisória para
edificações com carga de incêndio de até 1.200MJ/m² - Pasmem!!! Nesta hipótese estão
inseridas, além das edificações situadas no exemplo anterior, outros tantos estabelecimentos
tais como: posto de abastecimento de combustível com tanque enterrado e com tanque
na superfície, atividade de sauna e banho, bancos comerciais, museus, organizações
religiosas, serviço de banco de células e tecidos humano, terminais rodoviários e
ferroviários dentre outros cujo potencial de risco de incêndio está sendo relativizado, para
não dizer totalmente desprezado, para estes estabelecimentos a simples apresentação de
documentos é suficiente para ser obtida uma licença de até 2(dois) anos, sem que haja
qualquer vistoria no local!!!
→ O artigo 10 parágrafos 1º, 2º e 3º da LC 14.924/2016 prevê a significativa
dilação dos prazos de validade dos alvarás de PPCI, o denominado APPCI - A
LC 14.924/2016 aumenta consideravelmente os prazos de validade dos Alvarás,
independentemente do grau de risco de incêndio. Tanto que o artigo 10 § 1º
da LC 14.924/2016 prevê que o prazo de validade do APPCI varia de 2 (dois) e 5
(cinco) anos, de acordo com a classificação de ocupação e uso da edificação,
conforme as tabelas prevista em Decreto Estadual 53.280/2016. Além disso, há o
aumento do prazo de validade de 1(um) e 3 (três) anos para 2 (dois) e 5 (cinco),
conforme acima já referido. Já o § 2º que se refere a edificações de risco médio e
alto de incêndio compreendido o grupo “F”, o prazo de validade dobra: A LC
14.376/2013 previa 1 (um) ano, já a vigente LC 14.924/2016 aumenta para 2 (dois)
anos. Por fim, o § 3º acresce de 3 (três) para 5 (cinco) o prazo de validade do
APPCI para as demais edificações e áreas de risco de incêndio.
A Entidade proponente tem a referir quanto ao risco à segurança pública:
A dilação dos prazos de validade dos APPCIs, traz sério risco à sociedade em especial
por que compromete a segurança do trabalho prestado pelo profissional Responsável Técnico
que elaborou o PrPCI (Projeto de Prevenção e Proteção Contra Incêndio), visto que há que se
considerar a maior probabilidade de que os PrPCIs (Projeto de Prevenção e Proteção Contra
Incêndio) fiquem desatualizados frente às modificações e alterações feitas nas edificações -
em especial em se tratando do grupo "F", em que as modificações são constantes para atrair o
público, como por exemplo, casas de shows e boates. Neste ponto, há um sério risco, pois o
empreendedor poderá fazer modificações nas edificações, as quais fujam ao que constou no
PrPCI aprovado pelo Corpo de Bombeiros, porém como ainda está vigente o seu APPCI, as
modificações feitas somente serão submetidas à fiscalização após expirado o APPCI - que na
previsão da LC 14.924/2016 somente ocorrerá em um prazo - no mínimo - o dobro maior que
o previsto na revogada LC 14.376/2013. Sendo assim, tais alterações ficarão por um longo
lapso temporal sem serem fiscalizadas até serem submetidas ao crivo da fiscalização a ser
realizada pelo Corpo de Bombeiros. A situação supra referida é plenamente possível de
acontecer e tornará o APPCI inócuo, dando à sociedade uma falsa segurança de estar
protegida contra risco de incêndio.
Sobre o risco profissional do Engenheiro que emite uma ART de um PrPCI,
entendemos que o mesmo está se responsabilizando pela segurança da edificação em que há
uma precária legislação de fiscalização e controle de risco de incêndio, na qual o Poder
Público Estadual se exime de sua responsabilidade ao tornar “flexível” a atividade de
fiscalização e controle a ser exercida pelo Corpo de Bombeiros. Tal situação coloca em risco
a atuação do profissional Engenheiro, pois o profissional que emite a ART responde civil e
criminalmente pelo Projeto, sendo que lhe será atribuído todo e qualquer risco e/ou
conseqüências sobre a edificação sobre a qual o mesmo elaborou o PrPCI, podendo, ainda,
responder disciplinarmente perante o Conselho de Fiscalização profissional (CREA/RS)
podendo até perder o seu registro e ser impedido de exercer a sua profissão.
• O artigo 10 com redação dada pela LC 14.924/206, acima já abordado no que
tange ao risco que representa a dilação dos prazos de validade do APPCI, traz
em seu caput o que segue:
"Compete ao Corpo de Bombeiros, ouvido seu corpo técnico, regulamentar,
analisar, vistoriar, fiscalizar, aprovar as medidas de segurança, expedir o
APPCI e aplicar as sanções previstas nesta Lei Complementar, bem como
estudar a pesquisar medidas de segurança contra incêndio em edificações e
áreas de risco de incêndio" (grifo nosso)
Conforme a redação do artigo 10 da LC 14.924/2016 supra transcrita não restam
dúvidas de que o corpo técnico dos bombeiros – referido no caput do artigo 10 supra
transcrito - necessita ser composto por profissionais de engenharia, por ser este o
profissional legalmente habilitado pelo conselho de classe e tecnicamente capacitado para
tanto. Além disso, as atividades descritas no caput do artigo 10 da LC 14.924/2016 são
atinentes a estes profissionais conforme a Lei que regulamenta sua profissão (Lei 5194/66)
que em seu artigo 7º traz rol de atribuições do profissional de engenharia, conforme será
mais detalhadamente exposto no tópico seguinte.
Sendo assim, para que o Corpo de Bombeiros possa desempenhar de maneira
eficaz e segura as atividades descritas no artigo 10º da LC 14.924/2016 é imprescindível
o apoio técnico do profissional de Engenharia.
Por esta razão, delegar ao proprietário ou responsável pela edificação – pessoa leiga - a
tarefa de prestar informações técnicas é colocar em serio risco a segurança pública, a
incolumidade das pessoas e do patrimônio, além de incorrer na prática do exercício ilegal da
profissão, podendo essas mesmas pessoas serem responsabilizadas na esfera criminal e cível,
em caso de sinistro.
→ Artigo 21 rege o PSPCI – Plano Simplificado de Proteção contra Incêndio -
§ 5º As informações prestadas para instrução do PSPCI nas edificações com grau de risco baixo são de inteira responsabilidade do proprietário ou do responsável pelo uso da edificação.
§ 6º As informações prestadas para instrução do PSPCI nas edificações com grau de risco médio são de responsabilidade do proprietário ou do responsável pelo uso da edificação, em conjunto com o responsável técnico, sendo necessária a apresentação de ART/CREA ou de RRT/CAU.
§ 7º prevê a dispensa da vistoria ordinária para a liberação do APPCI tanto para as edificações de baixo quanto para as de médio risco de incêndio - com área total edificada de até 750m² -
§ 8º para renovação do Alvará - APPCI não será necessária a inspeção mesmo para edificações com risco médio de incêndio, não havendo necessidade de apresentação de Responsável Técnico, ficando sob a inteira responsabilidade do proprietário ou responsável pelo uso da edificação.
A Entidade proponente tem a referir quanto ao risco à segurança pública que uma área
edificada de até 750m² com carga que represente risco médio de incêndio – cujas as
informações para a instrução do PSPCI são prestadas por pessoa leiga, além disso não ter
previsão legal para vistoria ordinária e, ainda, não ter exigência legal de inspeção para a
renovação do APPCI, somam-se a um conjunto de condutas cuja temeridade beira o
absurdo!!!
Neste ponto, voltemos aos exemplos supra referidos aos quais podemos ainda
acrescentar várias outras edificações: casa de detenção, academia de ginástica, hotéis,
motéis, oficinas elétricas e oficinas mecânicas, Ensino fundamental, médio e superior,
silos, geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, tecelagem fabricação de
aguardente de cana-de-acúcar, fabricação de carrocerias para ônibus, construção de
embarcações de grande porte, todas estas edificações, além uma enorme gama de outros
exemplos constante da Tabela de Classificações das Edificações e Áreas de Risco de Incêndio
Quanto à Carga de Incêndio Específica por Classificação Nacional de Atividades Econômicas
- CNAE prevista no Decreto 53.280/2016. Estas edificações acima elencadas representam
carga de Incêndio de risco médio, caso tenham área construída de até 750m² se enquadram
nos termos do artigo 21 e parágrafos acima transcrito.
ORA, NESTE CASO AS EDIFICAÇÕES SUPRAREFERIDAS PODERÃO
RECEBER ALVARÁ APPCI APENAS COM O ENCAMINHAMENTO DE
FORMULÁRIOS ELETRÔNICOS CUJAS INFORMAÇÕES SERÃO PRESTADAS POR
PESSOA LEIGA, SEM QUALQUER VERIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO LOCAL,
VISTO QUE FICA REGULADA A DISPENSA DE VISTORIA ORDINÁRIA E
INSPEÇÃO PARA RENOVAÇÃO DO APPCI!!
Para tanto, fica regulado que as informações a serem prestadas para a instrução do
PSPCI de edificações de risco médio serão de responsabilidade do proprietário ou responsável
pelo uso da edificação em conjunto com o Responsável Técnico, sendo necessária a
apresentação da competente ART/CREA ou RRT/CAU.
A Entidade proponente tem a referir quanto ao risco à segurança pública:
Importante referir que o risco à segurança pública é flagrante, conforme já referido
acima - o proprietário ou responsável pelo uso da edificação por ser pessoa leiga, não está
legalmente habilitado a prestar informações técnicas de maneira segura para embasar a
renovação de um alvará (APPCI), documento este de suma relevância, para atestar a
segurança de uma edificação. A Lei Complementar 14.924/16 nos permite concluir
claramente que o Poder Público pretende eximir-se da prestação do serviço de fiscalização
necessária para a renovação do APPCI, relegando ao cidadão – pessoa leiga e, portanto, não
habilitada legalmente - a função de verificar as condições seguras para a renovação de um
APPCI.
Além disso, a previsão contida nos parágrafos 5º e 6º do artigo 21 conflita com a Lei
Federal 5194/66, posto que confere à pessoa leiga atribuição legal do profissional de
engenharia, conforme será amplamente referido no tópico a seguir.
2.2 - DA EDIFICAÇÃO PRÉ-EXISTENTE
No que tange às edificações preexistentes ao tempo da vigência da Lei
Complementar 420/98 que tinha sua aplicação restrita ao Município de Porto Alegre ou da LC
nº 10.987 de 11 de agosto de 1997 que tinha aplicação para todos os municípios do RGS, o
Decreto Estadual nº 53.280/2016 em seu artigo 7º disciplina o que segue:
“Art. 7º As edificações e as áreas de risco de incêndio existentes, definidas no art. 6º, inciso XVII, da Lei Complementar nº 14.376/2013 e alterações, conforme admite o art. 7º, § 7º, da referida Lei, obedecerão ao disposto a seguir: I – as edificações e as áreas de risco de incêndio existentes regularizadas, definidas no art. 6º, inciso XVII, alínea “a”, da Lei Complementar nº 14.376/2013 e alterações, que possuam projeto protocolado na Prefeitura Municipal no período de 28 de abril de 1997 até 26 de dezembro de 2013, desde que possuam PPCI/PSPCI protocolado no CBMRS até a entrada em vigor da Lei Complementar nº 14.924, de 22 de setembro de 2016, poderão obter e renovar o APPCI até 27 de dezembro de 2019 obedecendo à legislação e à regulamentação vigente à época do protocolo na Prefeitura Municipal, exceto as divisões F-5, F-6, F-11, F-12, M-2 e o grupo L; II – As edificações e áreas de risco de incêndio existentes regularizadas, definidas no art. 6º, inciso XVII, alínea “a”, da Lei Complementar nº 14.376/2013 e alterações, que possuam PPCI/PSPCI protocolado no CBMRS, no período de 28 de abril de 1997 até 26 de dezembro de 2013, poderão obter e renovar o APPCI até 27 de dezembro de 2019 obedecendo à legislação e regulamentação vigente à época do protocolo de análise, exceto as divisões F-5, F-6, F-11, F-12, M-2 e o grupo L; e III – As edificações e áreas de risco de incêndio existentes, regularizadas e não regularizadas, que tiverem PPCI na sua forma completa protocolado conforme Lei Complementar n.º 14.376/2013 e alterações, terão prazos de adaptação com relação ao previsto no PPCI na sua forma completa, contados a partir da emissão do Certificado de Aprovação, conforme segue: a) até trinta dias para a adaptação de extintores de incêndio, de treinamento de pessoal e de sinalização de emergência; b) até doze meses para a adaptação de saídas de emergência, de iluminação de emergência, de alarme e de detecção de incêndio e de plano de emergência, ao previsto no PPCI na sua forma completa, a partir da sua aprovação; e c) até vinte e quatro meses para a adaptação de hidrantes e de mangotinhos, de sistemas automáticos de extinção de incêndio, de segurança estrutural em situação de incêndio, de compartimentação vertical e horizontal, de controle de materiais de acabamento e de revestimento, de controle de fumaça, de acesso de viaturas, de sistema de proteção contra descargas atmosféricas, de sistema de espuma e de resfriamento e de execução de outros sistemas. (...)”
O Decreto se reporta à definição de edificação existente constante do artigo 6º
inciso XVII, alínea "a" da Lei Complementar nº 14.924/2016 que conceitua edificação
regularizada como sendo a construção detentora de habite-se ou projeto protocolado na
Prefeitura Municipal ou PPCI/PSPCI protocolado no CBMRS ou documentação emitida por
Órgão Público que comprove sua existência, com área e atividade da época, até 26 de
Dezembro de 2013 .
Primeiramente cumpre referir que a possibilidade de expedição e/ou de
renovação do Alvará - AAPCI de edificação sem adaptá-la às exigências da LC 14.924/2016
fere o princípio constitucional da legalidade e da impessoalidade dos atos da Administração
Pública, previsto no artigo 37 da CF/88 e 19 da CE. Ao se analisar os incisos I, II e III do artigo
7º do Decreto 53.280/2016, verificamos a flagrante desigualdade de tratamento quanto à
expedição e renovação do APPCI, pois nos dois primeiros incisos é permitida a emissão e
renovação do APPCI até 27 de Dezembro de 2019 para as edificações existentes com PPCI
protocolado antes da vigência da Lei Complementar 14.376/2013. Já para as edificações com
PPCI protocolado nos termos da Lei Complementar 14.376/2013, o terceiro inciso exige que as
edificações se adaptem aos ditames da Lei Complementar 14.924/2016 - em prazos bem mais
exíguos. Dessa forma, resta caracterizada a falta de isonomia nos incisos I, II e II do artigo 7º
do Decreto 53.280/2016, pois prevêem tratamento diferenciado ao eximir nos dois primeiros
incisos – até 27 de Dezembro de 2019 - os proprietários ou responsáveis pelo uso da edificação
regularizada sob a égide da lei anterior - de se adequarem às exigências da nova Lei
Complementar em detrimento daqueles que deverão se submeter à vigente Lei Complementar
para a obtenção do APPCI, nos prazos previstos no inciso III artigo 7º do Decreto 53280/2016
A previsão contida no artigo 7º do Decreto 53280/2016, esbarra no princípio da
tempus regit actum, que significa literalmente - o tempo rege o ato - cujo significado é de que a
A lei, uma vez publicada e decorrida o período de vacatio legis, exerce toda a
sua autoridade em relação ao povo que se destina, compreendendo os cidadãos
em geral, os funcionários de todas as categorias e os próprios órgãos da
soberania nacional, até que a sua força coativa venha a cessar pelos meios de
direito
Didática, nesse ponto, a lição de Nelson Nery Junior, que distingue efeito
retroativo e imediato da lei, asseverando que: “a lei nova atinge as relações continuativas
(facta pendentia), isto é, aquelas que se encontram em execução, ainda que hajam sido
geradas na vigência da lei antiga. Essa eficácia imediata da lei em nada se confunde com o
direito adquirido, de modo não se aplica ao caso a alegação de ofensa à garantia constitucional
da CF, 5º, XXXVI e legal da LICC 6º”.
Por esta razão, deve ser aplicável às edificações preexistentes as adaptações
vigentes na LC 14.924/2016, valendo-se, paratanto, das medidas compensatórias de segurança,
na medida das viabilidades fático-materiais. De outro modo não poderia ser, posto que não há
suporte legal para que se opere a expedição e/ou renovação dos alvarás (APPCI) para
edificações cujo PrPCI não atenda as exigência vigentes na Lei Complementar 14.924/2016.
Sendo assim, tem-se como nulo o ato praticado com base em legislação pretérita - revogada -
Nesta esteira, conforme acima referido pela doutrina de Nelson Nery Júnior, não
há que se falar em direito adquirido, visto tratar-se de alteração legal que prevê novas normas
de segurança contra risco de incêndio que a partir de sua vigência deverão ser cumpridas para
que a edificação atenda as normas de segurança contra risco de incêndio e tenha o APPCI
emitido.
Ademais, tem-se que a garantia processual do direito adquirido cede espaço a
um bem maior - a vida - representada pelo direito constitucional à segurança pública, posto que
o direito coletivo sobrepõe-se ao direito individual.
Sendo assim, ao expirar o prazo de validade do APPCI emitido sob a égide da
lei pretérita a sua renovação ou mesmo expedição com base em Lei revogada não encontra base
legal. Não há como convalidar um ato jurídico sem que vigente o suporte legal que o sustente.
Dessa forma, permitir a renovação do APPCI sem que atendidas as
exigências da Lei Complementar vigente é mais do que atentar contra o princípio
constitucional da legalidade, ferindo o tratamento isonômico entre os jurisdicionados, é
esvaziar o conteúdo normativo da vigente Lei Complementar, atentando contra a segurança
pública protegida pelo legislador ao prever na vigente Lei Complementar um sistema mais
eficiente de proteção contra risco de incêndio.
2..3 – DAS ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE ENGENHARIA –
A LC 14.924/2016 afronta diretamente norma Constitucional Estadual – artigos: 130
caput e 131 § 2º da CE, havendo afronta reflexa ao artigo 22 incisos I e XVI da CF/88 que
traz a seguinte previsão, respectivamente:
“Art. 130 Ao Corpo de Bombeiros Militar, dirigido pelo(a) Comandante-Geral, oficial(a) da ativa do quadro de Bombeiros Militar, do último posto de carreira, de livre escolha, nomeação e exoneração pelo(a) Governador(a) do Estado, competem a prevenção e o combate de incêndios, as buscas e salvamentos, as ações de defesa civil e a polícia judiciária militar, na forma definida em Lei complementar”
Art. 131. A organização, o efetivo, o material bélico, as garantias, a convocação e a mobilização da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros Militar serão regulados em lei complementar, observada a legislação federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 67, de 17/06/14) § 1.º A seleção, o preparo, o aperfeiçoamento, o treinamento e a especialização dos integrantes da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros Militar são de competência das Corporações. (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 67, de 17/06/14) § 2.º Incumbe às Corporações militares coordenar e executar projetos de estudos e pesquisas para o desenvolvimento da segurança pública na área que lhes for afeta. (Redação dada pela Emenda Constitucional n.º 67, de 17/06/14)
“Art 22º da CF/88 - Compete privativamente à União legislar sobre:
I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho
(...)
XVI: organização do sistema nacional de emprego e condições para o
exercício de profissões.”
A LC 14.924/2016 retira do Engenheiro atribuições que competem a sua profissão
conforme nos termos da Lei Federal 5194/66 artigo 7º.
Neste aspecto, as principais alterações atualmente vigentes através da LC 14.924/2016
que se pretende comprovar extrapolam a competência funcional do Corpo de Bombeiros,
constam dos seguintes artigos:
- Artigo 4º § 2º inciso IV que refere que as informações prestadas no CLCB são de inteira
responsabilidade do proprietário ou do responsável pelo uso do imóvel;
- Artigo 10 caput – refere que compete ao corpo de Bombeiros regulamentar, analisar, vistoriar,
fiscalizar, aprovar as medidas de segurança, bem como estudar e pesquisar medidas de
segurança contra incêndio em edificações e áreas de risco de incêndio.
- Artigo 21 parágrafos 5º, 6º, 7º da LC 14.924/2016 sobre as informações prestadas para a
instrução do PSPCI - ao prever que as informações prestadas para a instrução do PSPCI são
de inteira responsabilidade do proprietário ou do responsável pelo uso pela edificação.
Neste ponto há afronta ao artigo 130 caput da CE no que se refere às atribuições do
Corpo de Bombeiros constitucionalmente previstas, senão vejamos:
As atribuições do Corpo de Bombeiros são:
“(...) a prevenção e o combate de incêndios, as buscas e salvamentos, as ações de defesa civil e a polícia judiciária militar, na forma definida em Lei complementar”
Conforme se pode verificar pelo dispositivo Constitucional supra transcrito, as funções
do Corpo de Bombeiros nos termos dos artigos 130 e 131 da CE tem sua atuação adstrita ao
plano de emergência no intuito de prevenir e combater incêndios, promover, buscar e fazer
salvamentos, e demais ações atinentes a defesa civil.
Senão vejamos o conceito de defesa civil constante do artigo 3º do Decreto 5376/05 o
qual dispõe sobre o SINDEC - Sistema Nacional de Defesa Civil;
"o conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas
destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e
restabelecer a normalidade social."
Neste sentido concluímos que a função do Corpo de Bombeiros Militar é agir
ativamente com ações que salvaguardem a segurança pública.
Já a função do Engenheiro - profissional habilitado legalmente - é fazer um trabalho
que demande conhecimento especializado, tal como a análise de projetos de edificações para
verificar se estão sendo corretamente seguidas todas as normas de engenharia no atendimento
da segurança e proteção contra risco de incêndio, a necessária realização de vistoriais das
edificações para avaliar se estão aptas e seguras para terem o APPCI. Neste sentido, o
Engenheiro poderá fornecer os subsídios e o apoio técnico necessário ao Corpo de Bombeiros,
dado ser o profissional habilitado para avaliar e informar de maneira eficiente ao Corpo de
Bombeiros se este pode expedir o APPCI ou caso a edificação necessite fazer adequações, o
engenheiro sinalizará quais as adequações precisam ser feitas. Dessa forma, percebe-se que as
vistorias são de suma relevância - ao contrário do que prevê os parágrafos 2º do artigo 4ª e
parágrafos 7º e 8º do artigo 21 da LC 14924/16. Para tanto, com o apoio técnico do
profissional de Engenharia, as vistorias serão realizadas e este reportará as condições da
edificação ao Corpo de Bombeiros o que poderá ser feito através de um parecer técnico.
Portanto, é essencial a participação do Engenheiro de maneira a subsidiar o trabalho prestado
pelo Corpo de Bombeiros, a fim de conferir maior segurança na expedição e renovação dos
APPCIs, uma vez que o profissional Engenheiro especializado na área de obras civis possui o
conhecimento necessário que os agentes do corpo de bombeiros não possuem. O Engenheiro
tem, por exemplo, a compreensão de cálculo de carga de risco de incêndio, tem profundo
conhecimento das tabelas de classificação técnica de normas de segurança e risco de incêndio,
sabe avaliar a viabilidade das medidas compensatórias no caso de adequações de edificações
pré-existentes às normas atuais de proteção a risco de incêndio. Conhece projetos de
edificações e poderá analisar a melhor maneira de se atender as normas de segurança contra
risco de incêndio em harmonia com as normas ambientais, utilizando-se da maneira mais
eficiente os recursos tecnológicos. Enfim, o Engenheiro se faz imprescindível para conferir o
apoio técnico necessário para que seja prestado um eficiente trabalho pelo Corpo de
Bombeiros no atendimento aos preceitos constitucionais de preservação da pública,
incolumidade das pessoas e do patrimônio.
Em uma análise comparativa vejamos a seguir o rol de atribuições do profissional
Engenheiro previstas no artigo 7º da Lei 5.194/66:
Art. 7º As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do arquiteto e do
engenheiro-agrônomo consistem em:
a) desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais, paraestatais,
autárquicas, de economia mista e privada;
b) planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras, estruturas,
transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvimento da produção
industrial e agropecuária;
c) estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação
técnica;
d) ensino, pesquisas, experimentação e ensaios;
e) fiscalização de obras e serviços técnicos;
f) direção de obras e serviços técnicos;
g) execução de obras e serviços técnicos;
h) produção técnica especializada, industrial ou agro-pecuária.
Parágrafo único. Os engenheiros, arquitetos e engenheiros-agrônomos poderão exercer
qualquer outra atividade que, por sua natureza, se inclua no âmbito de suas profissões.
A partir desta análise comparativa, podemos concluir que a Lei Complementar
Estadual 14.924/16 extrapola sua competência ao prever como atribuições do Corpo de
Bombeiros e de pessoa leiga, funções exclusivas do profissional Engenheiro, previstas em Lei
Federal (5194/66). Para tanto, a LC 14.924/2016 ao prever que compete ao Corpo de
Bombeiros e também à pessoa leiga, atribuição prevista em Lei Federal como sendo exclusiva
do profissional de Engenharia está - de maneira inversa - legislando sobre atribuições de
cargo profissional que já está amparada por Lei Federal, visto ser competência da União - em
atenção ao que prevê o artigo 22 da CF/88 - legislar sobre as atribuições de atividade
profissional, somente cabendo aos Estados tal competência caso não haja lei Federal.
Imperioso ainda referir que nos termos do artigo 6º da Lei 5194/66 o proprietário pela
edificação ou responsável pelo seu uso, assim como qualquer outra pessoa que não seja
engenheiro que nos termos da LC 14924/16 prestar informações para a instrução do PSPCI
ou expedição do CLCB incorrerá em exercício ilegal da profissão, senão vejamos:
O artigo 6º da Lei 5194/66 traz a seguinte previsão:
"Exerce ilegalmente a profissão de engenheiro, arquiteto ou engenheiro-
agrônomo:
a) a pessoa física ou jurídica que realizar atos ou prestar serviços, públicos ou
privados, reservados aos profissionais de que trata esta Lei e que não possua
registro nos Conselhos Regionais.
A LC 14.924/2016 afronta os referidos dispositivos constitucionais, pois sua previsão
traz risco a segurança e à ordem pública, tornando deficiente a prestação do serviço público,
além de extrapolar a competência Constitucional do Corpo de Bombeiros prevista no § 2º do
artigo 131 da Constituição do Estado do RGS vindo a conflitar com a Lei 5194/66 que em seu
artigo 7º traz o rol das atribuições do profissional de Engenharia.
Desta forma, concluímos que a flexibilização dos critérios de segurança no
intuito de se ter celeridade procedimental representa um verdadeiro retrocesso
legal às normas de segurança pública, pois não se pode atestar a segurança de
uma edificação simplesmente através de um questionário a ser preenchido pelo
proprietário ou quem fizer uso da edificação, sem que lhe seja exigido uma
análise por uma pessoa legalmente habilitada e sem que haja qualquer vistoria ou
fiscalização "in loco".
2.4 - DA NECESSIDADE DO PROFISSIONAL DE ENGENHARIA NO CORPO
TÉCNICO DO CBMRS OU ATRAVÉS DE CONVÊNIO FIRMADO -
Em reunião ordinária realizada no dia 29 de Setembro do corrente ano em que se
reuniram os integrantes do Conselho Estadual de Segurança, Prevenção e Proteção Contra
Incêndio – COESPPCI que contou com a presença do presidente do CREA-RS Melvis
Barrios Júnior e do Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho - Alexandre Rava de
Campos, representando o SENGE/RS.
Dentre os problemas apontados para a aplicação da Lei Complementar 14.924/2016 de
maneira a prestar um eficiente serviço de segurança pública estão:
• A análise das medidas compensatórias de segurança – Importante esclarecer
que tal análise demanda conhecimento, em muitos casos, de Legislação
Estrangeira; conhecimento em cálculo de propagação de fumaça e fogo dentre
outras análises de alta complexidade técnica na área de edificações, o que sem
dúvida foge da capacitação do Corpo de Bombeiros em analisar, o que na
pratica tem se verificado, dadas as dificuldades na análise, instalação e
adaptação de medidas compensatórias de segurança em edificação existente;
• Edificação existente – o Dr. César R. Rigo, procurador do Estado do RGS
manifestou sua desconformidade quanto ao artigo 7º do Decreto nº
53.280/2016, manifestou-se no sentido de que não há embasamento jurídico
para que as edificações existentes renovem seus Alvarás, manifestou sua
posição pela retirada do artigo.
• Da regularização e interdição da edificação – O presidente do CREA/RS Sr.
Melvis Barrios Júnior manifestou preocupação quanto à flexibilização das
normas de segurança em especial para as edificações de até 200m² que poderão
ser regularizadas através da expedição do CLCB obtido por meio eletrônico,
preenchido por pessoa leiga e sem necessidade de vistoria, ou seja, de forma
meramente documental encaminhado por pessoa leiga, tem-se a regularização e
expedição de alvará atestando a segurança contra risco de incêndio para uma
edificação. O presidente do CREA/RS questionou, ainda, sobre a interdição de
uma edificação, ato para o qual é imprescindível conhecimento técnico, a fim
de fundamentar corretamente o Ato. Neste ponto imprescindível o apoio
técnico a fim de se evitar interdições ou embargos equivocados, bem como
cobranças e exigências sem a fundamentação técnica.
O Engenheiro Alexandre Rava de Campos, acima referido é profundo conhecedor das
normas de proteção contra risco de incêndio, vez que há anos atua no ramo de Segurança
contra Incêndio, tanto na elaboração de planos e de projetos como na instalação e
manutenção de equipamentos e sistemas sendo o responsável por uma Empresa
especializada neste ramo de atividade. O referido profissional com propriedade abordava a
imprescindível necessidade da participação do profissional de Engenharia legalmente
habilitado pelo Órgão de Classe para atestar a correta aplicação das normas de segurança nas
edificações no que tange ao seu efetivo cumprimento, cumpre transcrever suas palavras:
“(...) O SENGE é contra a flexibilização das exigências dos processos, pois as
pessoas leigas não têm condições de eleborar um PSPCI e isso favorece a
criação do despachante. (...) O SENGE não é contra o Corpo de Bombeiros.
O SENGE cobra do governo do Estado que dê condições ao Corpo de
Bombeiros para que possa realizar a análise e vistoria dos PPCI/PSPCI. O
SENGE é contra a emenda nº 12 do Deputado Gabriel Souza que não passou
pelo COESPPCI e que altera a PL 76, especialmente em relação à prorrogação
do prazo de validade do APPCI.(...)”
“O TC Maya entende que o Conselho está lidando com a vida de 11 milhões de
gaúchos e que a responsabilidade constitucional pela prevenção de incêndio é
do Corpo de Bombeiros e este poder de polícia não pode ser delegado e que o
Corpo de Bombeiros deve usar dos meios que dispõe, sendo o ideal que
houvesse profissionais da área de Engenharia e Arquitetura em seus
quadros.”
A Sra Simone Rita Xavier Camargo representante do SECOVI-RS referiu que
o Conselho deve pensar na sociedade, na segurança das pessoas, com isso
manifestou sua opinião de maneira contrária ao Engenheiro Alexandre Rava de
Campos ao dizer que temos que pensar na sociedade e não em si próprio ou na
entidade. Salientou os custos que tudo isso implica.(...)”
Data máxima vênia às respeitáveis alegações da Sra. Simone constante da Ata que
anexamos com a peça exordial, mas é justamente na segurança das pessoas que o SENGE/RS
está pensando ao alertar para a necessidade da participação do profissional Engenheiro na
elaboração de todas as fases de um plano/projeto de proteção e prevenção contra incêndio
(CLCB, PSPCI, PPCI, PrPC), insurgindo-se contra a dilação dos prazos de validade dos
Alvarás (APPCI) insurgindo-se contra a dispensa de vistoria para renovação do Alvará
(APPCI) ao se manifestar contrário ao CLCB cujas as informações são fornecidas pelo
proprietário ou responsável pelo uso do imóvel sem a participação do profissional engenheiro
ou arquiteto sem que haja qualquer vistoria ordinária. A intenção do SENGE é que o Estado
preste um serviço eficiente no âmbito da proteção e prevenção contra risco de incêndio e o
caminho não é flexibilizar as exigências de segurança em razão da falta de capacidade técnica
do Corpo de bombeiros para realizar as vistorias, para analisar as medidas compensatórias de
segurança. O SENGE/RS quer contribuir com o Corpo de Bombeiros, quer dar subsídios
técnicos que possibilitem que as normas de segurança sejam exigidas e devidamente
analisadas.
Ora Excelências até mesmo o juiz precisa valer-se, muitas vezes, de assessoria técnica
através de laudos periciais de modo a lhe fornecer subsídios técnicos que lhe permitam de
maneira segura prolatar sua decisão, da mesma forma é intenção do SENGE/RS em prol da
segurança dos gaúchos, fornecer apoio técnico para que o Corpo de Bombeiros possa exercer
a sua atribuição constitucional de preservar a segurança pública. Sendo assim, valer-se do
amparo técnico prestado pelos profissionais de Engenharia e Arquitetura, visto serem
qualificados e habilitados para tanto, de maneira alguma retira do Corpo de Bombeiros o seu
poder de polícia, sua função de emitir e/ou renovar o APPCI. Pelo contrário, o apoio técnico
proposto pelo SENGE pretende desafogar o trabalho do Corpo de Bombeiros, porém pela via
que entendemos ser a mais correta, ou seja, sem que para isso tenhamos que abrir mão de
exigir o cumprimento das medidas de segurança prevenção e proteção contra incêndio, sem
que para isso tenhamos que deixar de vistoriar as edificações, aumentar prazos de validade
para renovação de APPCI e renová-los sem fazer a competente vistoria das condições de
segurança poder de julgar. Da mesma forma não se pretender retirar o poder de polícia
atribuído constitucionalmente ao Corpo de Bombeiros.
Pelas razões acima, tem-se a referir que as postulações formuladas pelo SENGE/RS
através da propositura da presente Ação não tem qualquer cunho corporativista, pois não se
trata aqui de uma concorrência entre diferentes classes profissionais, mas sim de um
somatório de esforços de diferentes áreas e capacitações em prol de um único bem maior
comum: a segurança pública, o direito a vida.
Temos que pensar e agir como um todo que somos, pois a negligência às medidas de
segurança, prevenção e proteção contra incêndio coloca em risco toda a sociedade gaucha,
além de representar uma involução legal em comparação com as Leis Complementares
anteriormente vigentes, em termos de normas de proteção e fiscalização à risco de incêndio.
É sabido que são inúmeras as tragédias já ocorridas e noticiadas, o que por si demonstra a
necessidade de que haja uma maior conscientização de que as normas de segurança e
fiscalização a riscos de incêndio precisam ser medidas efetivas e não paliativas.
O caminho mais seguro muitas vezes acaba não sendo o mais célere ou menos custoso,
visto que não é prudente que em nome da celeridade, da desburocratização e do
barateamento dos custos, coloquemos em risco a sociedade, “fazendo de conta” que existem
normas de segurança contra incêndio, que estão sendo exigidas e fiscalizadas e que,
portanto, a sociedade está segura!
Tem-se que a justificativa apresentada pelo Poder Executivo, conforme a
seguir será transcrito é de que “A Lei Complementar 14.376/13 trouxe avanços importantes,
mas na prática, sua aplicação vem apresentando dificuldades na emissão de Alvarás de PPCI
e que após avaliar uma série de demandas, especialmente do setor empreendedor, o
Conselho Estadual de Segurança, Proteção e Prevenção contra Incêndio (COESPPCI), órgão
superior normativo e consultivo, apresentou o presente projeto de ajustes ao governo, afim
de agilizar a emissão dos APPCIs - Alvarás.”
Entretanto, entendemos não ser este o melhor caminho - flexibilizar as medidas
de segurança previstas na LC 14.376/2013 - para que o Estado do RGS tenha condições
técnicas de prestar o serviço – é fragilizar e menosprezar direito precípuo de todo o cidadão:
direito à vida e à segurança.
Para tanto, o proponente entende, salvo melhor juízo, que a medida mais
adequada para os interesses da coletividade, seria o Corpo de Bombeiros ter em seu corpo
técnico o apoio de profissionais legalmente habilitados pelos conselhos de classe
(CREA/CAU) que lhe fornecesse os subsídios necessários para a melhor prestação do
serviço de análise de projetos e fiscalização das normas de segurança contra incêndio. Dessa
forma, uma alternativa seria a contratação desses profissionais para integrar o Corpo
Técnico dos Bombeiros; alternativamente pode o Estado do RGS, os Municípios que o
integram, assim como o Corpo de Bombeiros valer-se da possibilidade prevista no artigo 53
parágrafos 2º e 3º da LC 14.376/2013 e que continua vigente na LC 14.924/16 que lhe
possibilita sejam firmados convênios, a fim de buscar apoio técnico de maneira que o Estado
do RGS possa dar condições o Corpo de Bombeiros para de prestar o serviço de prevenção
e fiscalização das normas de segurança contra incêndio, permitindo que haja o suporte
técnico nas análises e vistoria das edificações, conforme acima exposto.
Senão vejamos a transcrição do artigo 53 da Lei Complementar 14.376/2013 que não foi
alterada pela LC 14.924/2016
Art. 53. Caberá ao Estado do Rio Grande do Sul e aos municípios que o constituem, no âmbito de suas competências, adotarem as medidas legais necessárias para a aplicação desta
§ 1.º Os municípios, com população de até 20.000 (vinte mil) habitantes, poderão constituir consórcios para atender as disposições desta Lei Complementar. § 2.º Fica autorizado ao Estado do Rio Grande do Sul e aos municípios que o constituem, no âmbito de suas competências, firmar convênios para que através de seus corpos técnicos sejam feitas as análises e aprovação do PPCI, sendo que compete única e exclusivamente ao CBMRS a vistoria e a emissão do APPCI. § 3.º Fica autorizado o CBMRS, no âmbito de suas competências e nos termos da legislação vigente, a firmar convênio com entidades e/ou associações de classe que possuam profissionais habilitados no CREA-RS e/ou CAU-RS, para que sejam feitas as análises e a aprovação do PrPCI, sendo que compete única e exclusivamente ao CBMRS a vistoria e a emissão do APPCI. (Incluído pela Lei Complementar n.º 14.555/14).
Se assim não o fizer, o Poder Público efetivamente não conseguirá cumprir
com as suas funções por falta de estrutura técnica adequada do Corpo de Bombeiros,
causando sérios riscos à sociedade gaúcha que será novamente exposta a condições de
insegurança, de forma semelhante à época da tragédia da boate Kiss.
Além disso, conforme já amplamente exposto, há de se destacar o necessário
conhecimento técnico indispensável para a análise de todas as fases de um plano/projeto de
proteção e prevenção contra incêndio (CLCB, PSPCI, PPCI, PrPCI), estudo e propostas de
viabilidades de aplicação das medidas compensatórias de segurança em caso de edificação
pré existente, bem como para a fiscalização do cumprimento das normas de segurança e
prevenção de incêndio nas edificações.
Sendo assim, não restam dúvidas de que para o desempenho da atividade de
fiscalização das normas de segurança, prevenção e proteção contra riscos de incêndio, o
profissional legalmente habilitado e capacitado para a função, garantirá uma fiscalização
mais segura, a fim de se minimizar os riscos à segurança dos cidadãos.
Imperioso lembrar que a vistoria ao cumprimento das normas de incêndio não
se limita apenas a um "check list" a ser repassado quando da análise de uma edificação em
relação ao cumprimento às normas de proteção à risco de incêndio.Em uma vistoria há a
exigência de conhecimento técnico de Engenharia para verificar se uma série de normas
previstas foram efetivamente atendidas na edificação vistoriada ou adaptada às normas de
proteção a risco de incêndio. Há, por exemplo, o necessário conhecimento de cálculo e
análises de tabelas de classificação que precisam ser checadas, conforme acima amplamente
esclarecido.
Seria irresponsável agirmos na contramão da qualificação técnica que
adquirimos com a formação de bons profissionais no ramo da Engenharia, não dispor dessa
qualificação técnica que temos em prol da segurança da sociedade é algo inconcebível.
Temos que buscar normas que tragam soluções e efetividade na fiscalização,
estudos e análises às normas de segurança e não apenas buscar o caminho legal mais
conveniente aos interesses comerciais, legislativos e ou partidários.
Por esta razão, a Entidade Sindical proponente, pretende seja prestado um
serviço seguro e técnico à sociedade, a fim de evitarmos novas tragédias como a que ocorreu
em nosso Estado.
3. – BREVE HISTÓRICO DO PROCESSO LEGISLATIVO QUE SANCIONOU A LC
14.924/2016
Em Março do corrente ano foi encaminhado Ofício pelo Governador José Ivo Sartori à
Presidente da Assembléia Legislativa – Deputada Silvana Covatti ( doc em anexo) propondo o
Projeto de Lei Complementar nº 76 que altera a Lei Complementar nº 14.376 de 26 de
Dezembro de 2013. Ato contínuo, em 22 de Setembro de 2016 foi sancionada a Lei
Complementar 14.924/16.
A Lei Complementar 14.924/16 - originária da PLC 76 que teve como única Emenda
aprovada, a de nº 12 de autoria do Deputado Gabriel Souza, trouxe significativas alterações à
Lei Complementar 14.376/2013, 14.555 e 14.690, com o fim de flexibilizar as normas de
segurança, prevenção e proteção contra Incêndio nas edificações e áreas de risco de incêndio
no Estado do RGS previstas nas Leis Complementares supracitadas, visando facilitar a
expedição do APPCI, é o que será demonstrado nas razões a seguir expostas.
Primeiramente, cumpre transcrever a Justificativa apresentada pelo Poder Executivo
para a aprovação da PLC 76 que foi convertida na LC 14.924/16 sancionada em 22/09/2016 ,
senão vejamos:
“JUSTIFICATIVA
O presente projeto de lei visa à alteração da Lei Complementar nº 14.376, de 26 de dezembro de 2013, que estabelece normas sobre Segurança, Prevenção e Proteção contra Incêndios nas edificações e áreas de risco de incêndio no Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências.
A Lei Complementar 14.376/13, trouxe avanços importantes, mas na prática, sua aplicação vem apresentando dificuldades na emissão de Alvarás de PPCI. Após avaliar uma série de demandas, especialmente do setor empreendedor, o Conselho Estadual de Segurança, Proteção e Prevenção contra Incêndio (COESPPCI), órgão superior normativo e consultivo, apresentou o presente projeto de ajustes ao governo. A proposta busca adequar regras que possam agilizar a liberação de Alvarás do PPCI apenas em casos de baixo e médio risco de incêndio. Não há alterações relativas a edificações com risco alto. Prevê o processo eletrônico e amplia a responsabilidade do empreendedor e do responsável técnico (engenheiro ou arquiteto) quanto à adequação de uma edificação às atuais normas de proteção de incêndio no Estado, permitindo que o Corpo de Bombeiros possa melhor dedicar-se à fiscalização de todos os empreendimentos e à análise e vistoria das edificações de maior risco. O projeto cria o Certificado de Licenciamento, que é uma terceira possibilidade de obtenção do licenciamento junto ao Corpo de Bombeiros. Antes, havia apenas duas possibilidades de processos administrativos para o Alvará: através do Plano Completo do PPCI ou através do Plano Simplificado do PPCI. Com o Certificado, que é eletrônico, sem custo e sem necessidade de renovação, o empreendedor comunica os Bombeiros de que seu imóvel se enquadra nas novas regras: deve ter até 200m2, até dois pavimentos e grau de risco de incêndio baixo ou médio. Exemplos são pequenos escritórios, pequenas granjas, ou atividades realizadas em residência unifamiliar. Esses empreendimentos não precisam mais passar pelo processo do Alvará, nem pela análise e vistoria do Corpo de Bombeiros, mas seguem sujeitos às suas rotinas de fiscalização. A proposição de lei mantém a possibilidade de os municípios expedirem licenças e/ou autorizações precárias e provisórias pelo prazo de um ano enquanto é aguardada a liberação do Alvará para edificações com risco baixo e médio. Para estabelecimentos de serviços essenciais, é possível o funcionamento mediante apresentação do protocolo do PPCI. Mas o funcionamento pleno do empreendimento só será permitido com o APPCI. O projeto dá a possibilidade de o município prorrogar por mais um ano o prazo, uma única vez. A regra não vale para teatros, cinemas, óperas, auditórios de estúdios de rádio e televisão, auditórios em geral, boates, casas de show, casas noturnas e salões de bailes e restaurantes dançantes. A proposta ainda inclui a necessidade de o empreendedor estar com todas as taxas e multas quitadas para receber o licenciamento. Estas são as razões que justificam a presente proposições."
Vejamos a seguir transcrito também na íntegra o Parecer exarado pela comissão de
constituição e justiça sobre o assunto:
"PARECER DA COMISSÃO Nº 101/2016 1. Vem, para exame e parecer desta Comissão de Constituição e Justiça, o Projeto de Lei Complementar nº 76/2016, proposto pelo Poder Executivo, alterando a Lei Complementar nº 14.376, de 26 de dezembro de 2013, que estabelece normas sobre Segurança, Prevenção e Proteção contra Incêndios nas edificações e áreas de risco de incêndio no Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências. 2. A Legislação ora alterada é oriunda do trabalho da Comissão Especial de Segurança, Prevenção e Proteção contra Incêndio no Rio Grande do Sul, presidida pelo Deputado Adão Villaverde, relatada pelo então Deputado Jurandir Maciel, instituída nesta Casa Legislativa em decorrência do trágico acontecimento do dia 17 de janeiro de 2013, quando mais de 240 pessoas faleceram no incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, que a época evidenciou que a legislação então vigente atinente a prevenção e proteção à incêndios no Estado, encontrava-se "defasada, não somente com relação aos seus termos técnicos, mas especialmente quanto a funções, responsabilidades e competências, tanto no segmento de construção quanto da fiscalização", necessitando assim da elaboração de uma legislação atualizada para o Estado, "produzida de forma absolutamente técnica, clara, rigorosa e justa considerando todas as suas dimensões". 3. Justifica o Poder Executivo, que após avaliar uma série de demandas, especialmente do setor empreendedor, o Conselho Estadual de Segurança, Proteção e Prevenção contra incêndio (COESPPCI), órgão superior normativo e consultivo criado pela Lei Complementar nº 14.376/2013, composto por representantes da Administração Pública e da Sociedade Civil, apresentou o presente projeto de ajustes ao Governo do Estado, face na prática a mesma apresentar dificuldades operacionais de aplicação, especialmente na emissão de Alvarás do PPCI. 4. Assim, conforme vislumbra-se na justificativa acostada aos autos, as alterações buscam "adequar regras que possam agilizar a liberação de Alvarás do PPCI apenas em casos de baixo e médio risco de incêndio, não havendo alterações relativas a edificações com alto risco", prevendo: a) o processo eletrônico e a ampliação da responsabilidade do empreendedor e do responsável técnico (engenheiro ou arquiteto) quanto à adequação de uma edificação às atuais normas de proteção de incêndio no Estado, permitindo que o Corpo de Bombeiros possa melhor dedicar-se à fiscalização de todos os
empreendimentos e à análise e vistoria das edificações de maior risco; b) a criação do Certificado de Licenciamento, que é uma terceira possibilidade de obtenção do licenciamento junto ao Corpo de Bombeiros. Antes, havia apenas duas possibilidades de processos administrativos para o Alvará: através do Plano Completo do PPCI ou através do Plano Simplificado do PPCI. Com o Certificado, que é eletrônico, sem custo e sem necessidade de renovação, o empreendedor comunica os Bombeiros de que seu imóvel se enquadra nas novas regras: deve ter até 200m2, até dois pavimentos e grau de risco de incêndio baixo ou médio. Exemplos disso, são pequenos escritórios, pequenas granjas, ou atividades realizadas em residência unifamiliar. Esses empreendimentos não precisam mais passar pelo processo do Alvará, nem pela análise e vistoria do Corpo de Bombeiros, mas seguem sujeitos às suas rotinas de fiscalização; c) a manutenção da possibilidade de os municípios expedirem licenças e/ou autorizações precárias e provisórias pelo prazo de um ano, enquanto é aguardada a liberação do Alvará para edificações com risco baixo e médio. Para estabelecimentos de serviços essenciais, é possível o funcionamento mediante apresentação do protocolo do PPCI. Mas o funcionamento pleno do empreendimento só será permitido com o APPCI. O projeto dá a possibilidade de o município prorrogar por mais um ano o prazo, uma única vez. A regra não vale papara teatros, cinemas, óperas, auditórios de estúdios de rádio e televisão, auditórios em geral, boates, casas de show, casas noturnas e salões de bailes e restaurantes dançantes; d) a inclusão da necessidade de o empreendedor estar com todas as taxas e multas quitadas para receber o licenciamento. 5. Durante o período regimental de pauta legislativa, a proposição recebeu 11 (onze) emendas parlamentares oriundas dos deputados(as) Tiago Simon, Elton Weber, Liziane Bayer, Luis Augusto Lara e deste relator. 6. Mister gizar que esta Relatoria devido à complexidade e relevância da matéria objeto de análise realizou inúmeras reuniões a respeito do tema, bem como recebeu sugestões de várias entidades, a saber: - ACC/CDL Cachoeirinha; - COESPPCI - Conselho Estadual de Segurança Proteção e Prevenção Contra Incêndio; - FIERGS; - MPRS - Ministério Público Estadual; - FECOMÉRCIO; - FIERGS; - FEDERASUL; - FARSUL; - ACPA; - SINDUSCON-RS; - AGV; - SINDHA; - FETAG; - SINDILOJAS - POA; - SEBRAE, que encontram-se acostadas ao presente relatório e que foram levadas à consideração COESPPCI (acompanha ainda oficio do COESPPCI ao Governo sobre as emendas), e que por força do recebimento por esta Casa Legislativa, em 01 de julho do corrente ano, de que
a proposição seja apreciada nos termos do prazo previsto pelo art. 62 da Constituição Estadual, deverão ser discutidas em plenário. 7. No que compete a esta Comissão analisar, aspectos relacionados a constitucionalidade, legalidade e juridicidade das proposições, quanto a iniciativa conforme o artigo 59 da Carta Estadual, "a iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou comissão técnica da Assembléia Legislativa, à Mesa, ao Governador, ao Tribunal de Justiça, ao Procurador-Geral de Justiça, às Câmaras Municipais e aos cidadãos, nos casos e na forma previstos nesta Constituição". 8. Ainda, no âmbito da constitucionalidade, a proposta ao ater-se a preceitos da esfera administrativa, de competência privativa da Chefia do Poder Executivo, está em consonância com artigo 60, inciso II, alínea "d", da Constituição Estadual. 9. Por todo o exarado e em não havendo óbices constitucionais quanto a iniciativa da propositura da matéria esta Relatoria exara parecer favorável, salientando que pela solicitação superveniente do regime de urgência, por parte do Governador, da apreciação do Projeto de Lei Complementar em comento, tanto o texto original quanto as emendas apresentadas poderão ser analisadas e discutidas pelo Plenário desta Casa Legislativa, caso a caso. 10. Parecer Favorável. Sala das Sessões, em 09 de agosto de 2016. Deputado Frederico Antunes, Relator."
3.1 - DAS ENTIDADES OUVIDAS PELA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E
JUSTIÇA
Conforme parecer exarado pela CCJ (Comissão de constituição e Justiça), transcrito
no tópico anterior, o Órgão refere que dada à relevância do assunto, consultou diversas
entidades através de várias reuniões realizadas. Entretanto, não podemos deixar de referir que
a Emenda nº 12 de autoria do Deputado Gabriel de Souza não passou pela análise do
COESPPCI – (Comissão Estadual de Segurança, Prevenção e Proteção Contra Incêndio).
Além disso, dentre as várias instituições consultadas, conforme acima expressamente
elencadas, não constam nem o CREA-RS - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
do RGS, nem a CAU-RS - Conselho de Arquitetura e Urbanismo do RGS, nem o SENGE/RS
- Sindicato dos Engenheiros no Estado do RGS e nem o SAERGS - Sindicato dos Arquitetos
do RGS – sendo que seria indispensável que tais entidades fossem ouvidas, visto que o
assunto está ligado diretamente às atividades desempenhadas pelos profissionais de
Engenharia e Arquitetura, dado que são eles que possuem habilitação legal para elaborar e
executar: laudos, planos (PPCI e PSPCI) e projetos (PrPCI), emitindo termos de
responsabilidade através da competente ART (anotação de Responsabilidade Técnica – para
os profissionais de Engenharia) ou RRT ( Registro de Responsabilidade Técnica – para os
profissionais da Arquitetura).
Cumpre referir que a participação dos profissionais de Engenharia na reunião
convocada pela Comissão de Constituição e Justiça seria de fundamental contribuição para os
debates sobre a LC 14924/2016. Os Engenheiros são profissionais conhecedores das normas
de Engenharia de prevenção e segurança, tais como: tabelas de classificação das edificações e
da tabela de medidas de segurança contra incêndio contra risco de incêndio, calculo de carga
de risco de incêndio etc...Dessa forma, tem-se que as alterações vigentes na LC 14.924/2016
estão diretamente ligadas com a sua área de atuação, visto que são os profissionais
responsáveis pela construção, reforma e adequação das edificações, posto que seria de suma
importância que os Conselhos de Fiscalização e seus Sindicatos tivessem sido ouvidos em
razão do conhecimento técnico amplo que possuem no assunto tratado na PLC 76 que veio a
ser sancionada na LC 14.924/16.
4. DA CRESCENTE OCORRÊNCIA DE INCÊNDIOS
Para tanto, o SENGE/RS através da presente Ação bate às portas do Poder Judiciário,
a fim de demonstrar que a vigente LC 14.924/2016 – traz sérios riscos à sociedade, o
SENGE/RS possui inúmeros Engenheiros legalmente habilitados e tecnicamente capacitados
para afirmar com propriedade que a precarização das normas de fiscalização e proteção
contra risco incêndio no intuito desburocratizar os procedimentos, tornando-os mais céleres
importarão em um preço alto a ser pago por toda a sociedade, conforme já vivenciado nas
tristes experiências que marcaram nossa sociedade em especial com a tragédia da boate Kiss,
dentre tantas outras que a seguir exemplificaremos como: a tragédia da creche de
Uruguaiana que matou 12 crianças entre 2 e 3 anos de idade, senão vejamos na íntegra da
reportagem na qual o Corpo de Bombeiros refere que a creche havia sido notificada a
proceder adequações às normas de segurança e proteção contra incêndio e que conforme
referido pelo Corpo de Bombeiros - atualmente todas as escolas municipais estão de acordo
com as normas. Eis aí um exemplo da importância da vistoria, a fim de apontar as
adequações necessárias e verificar se estão sendo rigorosamente atendidas as normas de
segurança e proteção contra risco de incêndio.
A íntegra da reportagem foi retirada do link abaixo:
link: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/02/incendio-em-creche-
de-uruguaiana-rs-ha-13-anos-resultou-em-mudancas.html
"No dia 20 de junho de 2000, um problema na instalação elétrica dos aquecedores provocou um incêndio em uma das salas de aula da creche Casinha da Emília, em Uruguaiana, na Região da Fronteira do Rio Grande do Sul, matando 12 crianças entre 2 e 3 anos. Treze anos depois, o prédio está bem diferente, passou por reformas e foi ampliado, como mostra a reportagem do RBS Notícias (veja o vídeo).
Foram feitas adequações nas saídas de emergência e na sinalização. As salas passaram a ter extintores de incêndio e o local onde estavam as crianças virou espaço para recreação.
"Nós temos 250 crianças, todos os profissionais da escola são concursados. Estão na área da pedagogia. São 40 profissionais", disse a vice-diretora Salete Nogueira Flores.
Segundo o Corpo de Bombeiros de Uruguaiana, na época da tragédia a creche tinha sido notificada. O local havia recebido um prazo de dois anos para as adequações.
Agora, o prazo foi reduzido para 30 dias. Outra mudança é em relação aos alvarás dos bombeiros e da prefeitura, que depois da tragédia passou a ser integrado.
"De uma forma independente, o bombeiro tem que sair às ruas, nos bairros, a procurar os locais que não estão adequados à legislação, que não tem Plano de Proteção contra Incêndio. De forma integrada não. Nós temos conhecimento dos
prédios novos, do comércio e, assim, a fiscalização é mais ampla e mais eficiente", disse o Tenente Valdinei Rosa, Comandante do Corpo de Bombeiros.
A tragédia mudou regras importantes na escola. Hoje as crianças não ficam mais sozinhas na sala de aula. A secretária Andreia Almeida, que mora próximo à creche e acompanhou de perto todo o drama das famílias, sente-se segura ao deixar a filha no local.
"Hoje em dia é muito diferente da época do acidente. As tias mudaram. São 2 a 3 professoras por turma. Minha filha tá lá desde o berçário e é totalmente seguro", afirma a mãe.
Segundo os bombeiros, todas as escolas municipais da cidade estão dentro das normas de segurança."
Para tanto imperioso trazer a conhecimento deste juízo os dados Estatísticos de
ocorrência de incêndio em nosso país, estudos realizados pelo Instituto Sprinkler Brasil para
o ano de 2015, bem como para os anos anteriores, através do qual podemos verificar o
vertiginoso crescimento das ocorrências de incêndio e que o RGS está em 3º lugar no
ranking dos Estados brasileiros com maior ocorrência de incêndio, ficando atrás apenas de
SP e MG – Estados bem mais populosos! Salientando para o fato de que a maior quantidade
de ocorrências de incêndio são registrados nos estabelecimentos comerciais (shopping
Center, supermercados) justamente onde há maior concentração de pessoas. Sendo assim,
tem-se que os cuidados para evitar-se riscos à segurança pública quanto à fiscalização e
normatização de medidas de segurança e proteção contra risco de incêndio para tais
estabelecimentos deve ser redobrado, senão vejamos o que refere a pesquisa:
“Pelo quarto ano consecutivo, o ISB deu continuidade com o monitoramento diário de notícias de ocorrências de incêndio em estabelecimentos comerciais e industriais no Brasil. O monitoramento contempla notícias de “incêndios estruturais”, que consistem em sinistros ocorridos em edifícios como depósitos, hospitais, hotéis, escolas, prédios públicos, e que poderiam ter sido contornados com a instalação de sprinklers.
Em 2015, foram contabilizadas 1349 ocorrências de incêndio, uma média de 112 incêndios por mês. Dentre as diferentes categorias de estruturas, a que registrou o maior número de ocorrências foi a de
estabelecimentos comerciais (lojas, shopping centers e supermercados), com 373 registros, seguida pela de indústrias, com 225 reportes.
O Gráfico abaixo expõe os números de incêndios estruturais em estabelecimentos comerciais e depósitos, além de disponibilizar a quantidade de incêndios em outras categorias, como indústrias, serviços de hospedagem, serviços de saúde e institucional, entre outros”
Ocorrências de incêndios estruturais (exceto residenciais) noticiados em 2015 – por ocupação
Ocorrências de incêndios estruturais (exceto residenciais) noticiados em 2015 – por ocupação
O próximo gráfico divide as ocorrências por estado e, novamente, São Paulo foi o estado que registrou o maior número de ocorrências de incêndio. Vale destacar também que São Paulo e Rio de Janeiro se mantiveram praticamente estáveis ao comparar os reportes desse ano com os de 2014.
A região Nordeste foi um dos maiores destaques da pesquisa deste ano. Dos seis estados que apresentaram os maiores índices de aumento de notícias de sinistros, quatro são nordestinos: Maranhão, com 162%; Rio Grande do Norte, com 87%; Alagoas, com 76%; e Pernambuco, com 25%. Paraná (16%) e Rio Grande do Sul (11,8%) também apresentaram crescimento.
Número de incêndios estruturais (exceto residenciais) noticiados na Internet em 2015 – por Estado
Uma ressalva que deve ser feita é que para cada ocorrência de incêndio foi contabilizada apenas uma notícia, inclusive nos casos de incêndios de grandes proporções e impactos que tiveram ampla repercussão em vários veículos de comunicação.
Fonte:
http://www.sprinklerbrasil.org.br/instituto-sprinkler-brasil/estatisticas/estatisticas-2015-
anual/
Alguns exemplos de incêndios a serem exemplificativamente citados:
► O recente incêndio na Clínica de reabilitação em Arroio dos Ratos – ocorrido em
25/09/2016 matando 8 (oito) pessoas. Veja o link abaixo:
http://www.portaldenoticias.com.br/noticia/902/morre-oitava-vitima-de-incendio-em-
clinica-de-reabilitacao-de-arroio-dos-ratos.html
► Há, ainda, o incêndio de um prédio residencial ocorrido em Passo Fundo no ano de
2014 em razão de um PrPCI mas elaborado de um estabelecimento comercial que ficava
embaixo do prédio. Veja o link abaixo:
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2014/07/incengio-atinge-supermercado-em-
passo-fundo-rs.html
► Há ainda neste início de ano, incêndio ocorrido em uma academia, também na
cidade de Passo Fundo – em Fevereiro de 2016, veja o link:
http://www.rduirapuru.com.br/policia/34571/incendio+no+predio+da+academia+guerton+e
m+passo+fundo
► Mais recente, em outubro de 2016, incêndio ocorrido em uma Churrascaria
na Zona Sul de Porto Alegre, veja o link:
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2016/10/incendio-atinge-
restaurante-na-zona-sul-de-porto-alegre-na-madrugada.html
Esses são apenas alguns exemplos aleatórios dos inúmeros casos de incêndio ocorridos no
RGS.
5 DA EXISTÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS PARA A CONCESSÃO DA
MEDIDA CAUTELAR -
Para tanto, ao longo da presente exordial, restou demonstrado além das
inconstitucionalidades supra referidas, os riscos que as alterações das normas de segurança,
prevenção e proteção contra risco de incêndio previstas na LC 14924/2016, representarão a
toda a sociedade, bem como ao profissional de Engenharia.
Emérito Julgador, porto todo o exposto - não restam dúvidas de que a LC
14.924/2016 traz grave risco à segurança pública e à ordem social. As alterações legais
acima referidas, tais como: a dilação dos prazos de validade dos Alvarás de PPCI (APPCI), a
dispensa de vistoria para a concessão e renovação de alvarás, dilação do prazo de concessão
de licenças precárias ou provisórias para edificações com risco médio de incêndio e, por fim,
a criação do CLCB - Certificado de Licenciamento do Corpo de Bombeiros sem a
necessidade de Projeto elaborado por Responsável Técnico, nem mesmo vistoria do Corpo
de Bombeiros conforme acima referido. Dessa forma, resta claro que a LC 14.924/2016 traz
enormes riscos à segurança pública em razão da flexibilização das normas de proteção e
combate à incêndio e sua fiscalização. Pelo que podemos constatar a LC 14.924/16 exime o
Poder Público - responsável e garantidor da segurança pública através do serviço prestado
pelo Corpo de Bombeiros - de parte significativa do seu papel fiscalizador e de atuação na
prevenção contra incêndio no Estado do RGS. Ao prever diversas situações em que há
efetiva flexibilização das normas de segurança, proteção e prevenção contra risco de
incêndio, está aceitando o risco a que nossa sociedade está submetida, ao distanciar a
fiscalização ordinária que deve ser realizada pelo Corpo de Bombeiros está chancelando o
risco iminente à coletividade. A LC 14.924/16 regulamenta a desídia na prestação de serviço
de fiscalização e segurança às normas de proteção contra incêndio, manter em vigor esta Lei
Complementar tal qual foi sancionada é dizer à sociedade gaúcha que o Estado do RGS não
se importa com o risco à que a mesma está exposta.
A atual Lei Complementar que prevê a desnecessidade de vistoria ordinária e
inspeção para renovação de alvarás para edificações de risco médio de incêndio, ao permitir
que pessoa leiga preste informação sem análise de Responsável Técnico, ao dilatar os prazos
de validade dos Alvarás e de licenças precárias ou provisórias - tal previsão legal
regulamenta a prestação de um serviço deficiente no combate e prevenção aos riscos de
incêndio no Estado do RGS.
Dessa, forma a concessão da tutela de urgência é medida que se impõe, uma vez que
estão presentes os elementos que evidenciam o risco à ordem, à segurança e incolumidade das
pessoas e do patrimônio.
O Código de Processo Civil de 2015 estabelece no artigo 300 a possibilidade
concessão de tutela de urgência, quando presentes elementos que demonstrem a
probabilidade do direito e do risco:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
[...]
5.1 DA PROBABILIDADE DO DIREITO -
A probabilidade do Direito evidencia-se pelas significativas alterações
sancionadas pela LC 14.924/2016 que implicam em consideráveis modificações nas normas
e procedimentos de prevenção a risco de incêndio em afronta aos dispositivos
constitucionais atinentes à segurança pública, à incolumidade das pessoas e patrimônio, que
se constituem em direito de todo o cidadão, assegurado em nossa Constituição Federal e
Estadual, bem como as obrigações da Administração em agir em observância aos princípios
da legalidade e da impessoalidade também previsto em nossa Carta Maior.
5.2 DO RISCO DE DANO -
O risco de dano iminente à coletividade está presente, pois as alterações legais,
acarretarão o aumento da incidência de incêndios, em razão da flexibilização das normas de
segurança, prevenção e proteção contra incêndio conforme amplamente exposto na ação em
tela. No caso das edificações acima exemplificadas e tantas outras discriminadas na tabela
constante do Anexo I do Decreto 53.280/2016, para as quais será dispensada a vistoria para a
expedição de alvará, bastando para que seja atestada a sua segurança o simples preenchimento
de formulário eletrônico por pessoa leiga sem qualquer inspeção pelo Corpo de Bombeiros
para a renovação do APPCI, lembrando que no caso do CLCB não há necessidade de
renovação. Sendo assim, é extensa a gama de edificações que não serão vistoriadas e
inspecionadas e que não terão projetos de prevenção de risco de incêndio realizados por
profissional legalmente habilitado.
O risco é grande, em especial por que o número de ocorrências de incêndio em nosso
Estado é elevado, conforme acima restaram demonstrados no tópico em que abordamos os
índices de incêndio.
Para tanto, a tutela de urgência se faz necessária para a efetiva garantia da segurança
pública em atenção ao Princípio Maior previsto em nossa Carta Magna, qual seja: o direito à
vida, vez que as referidas normas de flexibilização do controle, fiscalização e proteção à risco
de incêndio previstas na LC 14.924/2016 trazem iminente risco à segurança da coletividade.
6. DOS PEDIDOS
Isso posto requer:
1 - PRIMEIRAMENTE Seja acolhida a preliminar de legitimidade ativa do Sindicato dos
Engenheiros do RGS, como proponente da presente Ação Direta de Inconstitucionalidade, nos
termos do artigo 95 § 1º inciso VII da Constituição do Estado do RGS
2 - Seja determinada a intimação da ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO
RGS na pessoa de sua presidente e do GOVERNADOR DO ESTADO DO RGS - José Ivo
Sartori, ambos supra qualificados na ação em tela;
3 - SEJA DEFERIDA, por este juízo, A MEDIDA CAUTELAR, nos termos do art. 213 do Regimento Intero do TJRS em caráter liminar vez que estão presentes os requisitos previstos art. 300 do NCPC, - para a concessão da tutela provisória, quais sejam: a probabilidade do direito no que se refere à existência de inconstitucionalidade material apontada e o risco de dano à segurança pública em razão das medidas de flexibilização das normas de segurança prevenção e proteção contra risco de incêndio; DETERMINANDO-SE a IMEDIATA SUSPENSÃO dos seguintes dispositivos legais constantes da Lei Complementar 14.924/2016: Artigo 4º, artigo 5º, artigo 10º, artigo 21 da Lei Complementar 14.924/2016 e artigo 7º do Decreto 53.280/2016, passando imediatamente a serem aplicados os dispositivos legais anteriormente vigentes.
3.1 - Seja, liminarmente, determinada a suspensão dos alvarás (APPCI)
emitidos nos processos de Certificação de Licenciamento do Corpo de Bombeiros - CLCB e
Planos Simplificado de Proteção Contra Incêndio (PSPCI) cujas informações são fornecidas
por pessoas leigas, ou
Alternativamente: seja sua convalidação condicionada à apresentação
de Responsável Técnico devidamente habilitado no Conselho de
fiscalização a ser comprovado nos autos dentro do prazo concedido por
este juízo;
4- Requer-se a intimação do Ministério Público;
5 -Requer a intimação do Procurador Geral do Estado;
6 - ao final, REQUER A TOTAL PROCEDÊNCIA DA PRESENTE AÇÃO DIRETA
DE INCONSTITUCIONALIDADE PARA QUE:
6.1- Seja confirmada a medida cautelar, DECLARANDO-SE A
INCONSTITUCIONALIDADE dos artigos: 4º, 5º, 10º e 21 da Lei
Complementar 14.924/2016 e artigo 7º do Decreto 53.280/2016 por afronta
direta aos artigos 19, 124, 125, 130 caput e 131 § 2º da CE e reflexa aos artigos
22 incisos I e XVI, 37 e 144 da CF/88, operando-se efeito erga omnes e ex
tunc; para:
• determinar ao Estado do RGS contratação de profissionais Engenheiros
para integrar o Corpo Técnico dos Bombeiros ou
Alternativamente: determinar ao Estado do RGS sejam firmados convênios
pelo Poder Público com entidades Técnicas, nos termos do artigo 53 § 2º da LC
14.924/2016, a fim de subsidiar o suporte técnico necessário para que o Corpo
de Bombeiros Militar do Estado do RGS possa prestar o serviço atinente ao
cumprimento e fiscalização das normas de segurança à risco de incêndio, de
maneira eficiente e segura em atendimento aos ditames Legais e
Constitucionais aqui invocados;
• Declarar insubsistentes e, portanto, sem efeito, os alvarás (APPCI)
emitidos sem que as informações tenham sido prestadas por pessoa legalmente
habilitada - Responsável Técnico com formação em Engenharia ou
Arquitetura, através de assinatura de ART ou RRT, salvo tal irregularidade seja
sanada em atendimento a determinação judicial
7- A parte autora postula provar os fatos alegados por todos os meios de prova
admitidos em direito em especial;
8- Seja a demandada condenada a ressarcir as custas processuais desembolsadas pela parte
autora devidamente corrigida, bem como seja condenada ao pagamento de honorários
sucumbenciais aos procuradores da parte autora, nos termos do artigo 83§ 3º NCPC.
9 - Sejam todas as intimações feitas exclusivamente em nome da advogada Karla
Schumacher Vitola OAB/RS 60.475.
Dá-se à causa valor de Alçada referente à Janeiro /2017 – R$ 8.647,50 (Oito mil
seiscentos e quarenta e sete reais e cinqüenta centavos)
Nesses termos, pede e espera deferimento.
Porto Alegre, 25 de Janeiro de 2017.
KARLA SCHUMACHER VITOLA RODRIGO PITOMBO VITOLA
OAB/RS 60.475 OAB/RS 43.566