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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DA COMARCA DE MINAÇU/GO " Art. 156 - A educação, direito de todos, dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, com vistas ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho." ( Constituição do Estado de Goiás) O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, através de seu Órgão de Execução, Promotor de Justiça infra-assinado, com atribuições na Curadoria da Infância e da Juventude (artigo 201, V, Lei n. 8.069/90), vem, respeitosamente, perante esse douto Juízo, com fundamento nos arts. 127 e 129, inciso III, da Constituição Federal; art. 25, inciso IV, letra a, da Lei 8.625, de 12.02.93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público), combinado com o art. 1°, inciso II, art. 5°, ca- put, da Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), arts. 4º, 53, 208, I e 212, da Lei Federal n° 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e demais dispositivos legais aplicáveis à espécie, aforar a presente: AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA PROTEÇÃO DE INTERESSE TRANSINDIVIDUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES, COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face do: MUNICÍPIO DE MINAÇU, pessoa jurídica de direito público interno, representado pelo Prefeito Municipal, Sr. CÍCERO ROMÃO RODRIGUES, inscrito no RG n. 249561 SSP/GO, e CPF n. 062.450.481-68, podendo ser citado na Av. Amazonas, n. 295, Centro, Minaçu-GO, SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, representada na pessoa da Profª. Sra. SÔNIA QUINTINO DA ROCHA RIBEIRO, Secretária Municipal de Educação, podendo ser localizada na Av. Amazonas, n. 295, Centro, Minaçu-GO, em razão dos fatos e fundamentos abaixo delineados: End.: Avenida Pernambuco, nº 60, Edifício do Fórum, Jardim Primavera, Minaçu/GO CEP 76.450-000 Fone/Fax: 62 3379-1741 1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA … · " Art. 156 - A educação, direito de todos, dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA

INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DA COMARCA DE MINAÇU/GO

" Art. 156 - A educação, direito de todos, dever do Estado e

da família, será promovida e incentivada com a colaboração

da sociedade, com vistas ao pleno desenvolvimento da

pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho." ( Constituição do Estado de Goiás)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, através

de seu Órgão de Execução, Promotor de Justiça infra-assinado, com atribuições na

Curadoria da Infância e da Juventude (artigo 201, V, Lei n. 8.069/90), vem,

respeitosamente, perante esse douto Juízo, com fundamento nos arts. 127 e 129, inciso

III, da Constituição Federal; art. 25, inciso IV, letra a, da Lei 8.625, de 12.02.93 (Lei

Orgânica Nacional do Ministério Público), combinado com o art. 1°, inciso II, art. 5°, ca-

put, da Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional), arts. 4º, 53, 208, I e 212, da Lei Federal n° 8.069/90 (Estatuto

da Criança e do Adolescente) e demais dispositivos legais aplicáveis à espécie, aforar a

presente:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA PROTEÇÃO DE INTERESSE TRANSINDIVIDUAL DE

CRIANÇAS E ADOLESCENTES, COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face do: MUNICÍPIO DE MINAÇU, pessoa jurídica de direito público interno,

representado pelo Prefeito Municipal, Sr. CÍCERO ROMÃO RODRIGUES, inscrito no RG n.

249561 SSP/GO, e CPF n. 062.450.481-68, podendo ser citado na Av. Amazonas, n. 295,

Centro, Minaçu-GO, SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, representada na pessoa

da Profª. Sra. SÔNIA QUINTINO DA ROCHA RIBEIRO, Secretária Municipal de Educação,

podendo ser localizada na Av. Amazonas, n. 295, Centro, Minaçu-GO, em razão dos fatos

e fundamentos abaixo delineados:

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás

1) Dos fatos:

No último dia 03 de março, chegou ao conhecimento desta Curadoria

através de denúncia anônima, informações sobre a situação caótica em que se encontram

as ESCOLAS MUNICIPAIS DONA IZAURA MARIA DA SILVA OLIVEIRA E MAURA

COELHO, ambas localizadas no Município de Minaçu, respectivamente, na Rua 3, Centro

e Rua 20, Vila União.

De acordo com a denúncia oferecida neste Órgão Ministerial, a preocupação

com a estrutura do edifício da ESCOLA MUNICIPAL DONA IZAURA MARIA DA SILVA

OLIVEIRA atingiu seu ápice após ocorrer o desabamento do forro da sala de vídeo da

referida escola, não atingindo por pouco as crianças que estavam no local.

Ademais, de acordo com matéria publicada no JORNAL FOLHA DO

NORTE, edição 43, ano2, de 28 de fevereiro a 14 de março de 2011, a ESCOLA

MUNICIPAL MAURA COELHO está em péssimas condições de conservação, expondo a

risco a saúde e a vida dos alunos lá matriculados. Resta salientar, ainda, que além dos

riscos à saúde e à vida dos alunos, as deficiências do prédio escolar comprometem, com

gravidade, a qualidade do ensino oferecido.

As denúncias narradas pela população minaçuense demonstram o total

descaso do Poder Público com a cidadania de Minaçu, revelando que o Município é inerte

na execução de medidas tendentes a solucionar os problemas existentes nas unidades

escolares e proporcionar aos seus alunos o mínimo necessário para que tenham um

ensino de qualidade.

Diante das informações obtidas preliminarmente, o Ministério Público

requisitou ao Corpo de Bombeiros a realização de uma INSPEÇÃO nas unidades

escolares para averiguar o teor das denúncias, bem como a elaboraração de um laudo

completo para conhecer a realidade dessas Escolas Municipais.

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás No dia 18 de março do corrente ano, o Corpo de Bombeiros elaborou um

relatório circunstanciado, da vistoria realizada nas ESCOLAS MUNICIPAIS DONA

IZAURA MARIA DA SILVA OLIVEIRA E MAURA COELHO, concluindo que:

“Em ambas unidades de ensino foram observados problemas relativos a

infiltrações no telhado o que acarretam problemas nas estruturas de

madeiramento, fiação elétrica e forro.

Especificamente observamos o seguinte:

I. Escola Municipal Dona Izaura:

Goteiras com visível presença de umidade e comprometimento do forro de

gesso nas salas 01, 03, 04 e 06.

Queda de parte do forro de gesso da sala de video e sala de informática.

Muro de sustentação do portão de entrada da escola apresentando

rachaduras e instabilidade estrutural com risco de queda, não oferecendo

segurança a docentes, discentes, pais e funcionários da escola.

Portão de entrada apresentando “pontas” de material perfuro-cortante.

II. Escola Municipal Maura Coelho Barros:

A escola 04 pavilhões que abrangem salas de aula, informática, cozinha,

dispensa e salas de coordenação, secretaria, direção e sala dos professores.

Por se tratar de uma estrutura antiga (os funcionários presentes não

souberam precisar o ano de criação da escola), necessita de uma reforma geral (a

última reforma é de meados de 2006 e não abrangeu as estruturas, segundo

informações de funcionários da secretaria).

Em todos os pavilhões verificou-se manchas no forro de madeira que

discriminam a presença de intensa umidade provocada pelas infiltrações no

telhado, inclusive, observado pelo destelhamento em uma das salas, conforme

fotos em anexo.

O madeiramento do telhado está comprometido não só pela forte umidade

ao qual está exposto, mas também pela ação de cupins.

A fiação elétrica da escola também necessita de reforma, visto que, a

mesma encontra-se sob o risco de contato com a umidade proveniente das

infiltrações no telhado e as fiações a mostra não demonstraram estar de acordo

com as normas vigentes.

Não foi observada a presença de nenhum extintor de incêndio na escola.

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás CONCLUSÃO:

Tendo em vista, a situação apresentada, bem como, a necessidade em se

evitar a evolução gradual do quadro de anormalidade das edificações.

Considerando a importância do estabelecimento que garante o direito

constitucional de acesso a educação.

Na tentativa de se evitar a interdição das escolas por parte da

Defesa Civil, sugere-se a tomada de medidas emergenciais no sentido de

evitar acidentes que possam ferir a integridade e a incolumidade dos

alunos, professores e demais funcionários.

No entanto, necessário se faz, a programação imediata de uma

reforma ampla que atenda aos itens aqui expostos afim de evitar que

medidas emergenciais tomadas não surtam o efeito e continuem trazendo

riscos aos ocupantes das edificações”. (grifo nosso)

No extrato do boletim de ocorrência lavrado pelo Corpo de Bombeiros,

está evidenciado o resumo da ocorrência realizada na ESCOLA MUNICIPAL MAURA

COELHO:

“A EDIFICAÇÃO VISTORIADA ENCONTRA-SE SERIAMENTE

COMPROMETIDA, APRESENTANDO DESTELHAMENTO EM ALGUNS

PAVILHÕES, ASSIM COMO GOTEIRAS EM TODO O PRÉDIO. O

MADEIRAMENTO TAMBÉM ESTÁ COMPROMETIDO DEVIDO ÁS

INFILTRAÇÕES E AÇÃO DE CUPINS. NO PRÉDIO HÁ VIDRAÇAS

QUEBRADAS E OBJETOS PERFURANTES NAS JANELAS. NA EDIFICAÇÃO

NÃO HÁ EXTINTORES DE INCÊNDIO E A INSTALAÇÃO ELÉTRICA DA

ESCOLA ESTÁ TODA COMPROMETIDA. SENDO ASSIM, O SERVIÇO DE

MANUTENÇÃO É DE EXTREMA URGÊNCIA A FIM DE EVITAR MAIORES

DANOS AOS CORPOS DISCENTE E DOCENTE DA ESCOLA E A POSTERIOR

INTERDIÇÃO DO PRÉDIO, JÁ QUE 1046 PESSOAS FREQUENTAM A

UNIDADE ESCOLAR TODOS OS DIAS (FUNCIONÁRIOS E ALUNOS)”. (GRIFO

NOSSO)

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás No mesmo sentido, o resumo da ocorrência lavrado pelo Corpo de

Bombeiros sobre a atuação situação da ESCOLA MUNICIPAL DONA IZAURA MARIA

DA SILVA OLIVEIRA:

“ATENDENDO OFÍCIO DO MP FOI REALIZADA NA ESCOLA DONA

IZAURA SENDO CONSTATADO O SEGUINTE: SALAS 01, 03, 04, 06,

APRESENTAM GOTEIRAS QUE COLOCAM EM RISCO O FORRO DE GESSO,

SALA DE INFORMÁTICA E DE VÍDEO HOUVE QUEDA DE PARTE DO GESSO.

O MURO DA ENTRADA ONDE DA ACESSO A ESCOLA APRESENTA

RACHADURAS E FERRAGENS AMOSTRA CAUSANDO INSTABILIDADE NA

ESTRUTURA DO MESMO, EM VIRTUDE DOS RISCOS ASSOCIADOS, (QUEDA

DO FORRO E DO MURO), SUGIRO ENCAMINHAMENTO DESTE RELATÓRIO À

PREFEITURA, PARA IMEDIATA SOLUÇÃO, AFIM DE EVITAR A INTERDIÇÃO

DA ESCOLA. PRAZO DE 07 DIAS PARA CUMPRIMENTO”. (GRIFO NOSSO)

Após essas graves conclusões do Corpo de Bombeiros, o Ministério Público

oficiou a Secretaria de Educação requisitando informações sobre os relatórios

apresentados nesta Curadoria revelando a negligência da Administração Pública na

conservação dos prédios escolares.

A Secretária Municipal de Educação, Sra. Sônia Quintino da Rocha Ribeiro,

informou através do ofício n. 062/2011, que:

“EM RESPOSTA AOS OFÍCIOS DA 2 PJ N. 63/2011 E 147/2011,

NOTIFICANDO ESTA PASTA DAS OCORRÊNCIAS REALIZADAS PELA

DEFESA CIVIL NAS ESCOLAS MUNICIPAL MAURA COELHO BARROS E

DONA IZAURA MARIA DA SILVA OLIVEIRA, INFORMAMOS O SEGUINTE.

JÁ FORAM TOMADAS AS PROVIDÊNCIAS, OS TÉCNICOS DA ÁREA

FORAM INFORMADOS DO OCORRIDO E ESTÃO FAZENDO O

LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES PRIORITÁRIAS.

PLANEJAMOS PARA JULHO A REALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS TENDO

EM VISTA NÃO TERMOS LUGAR ADEQUADO PARA ACOMODAR AS

CRIANÇAS ENQUANTO SERÃO FEITAS AS ADEQUAÇÕES.

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás PARA TANTO, ESTAMOS CERTOS DE QUE EM BREVE AS

EDIFICAÇÕES ESTRUTURAIS ESTARÃO DENTRO DOS PADRÕES LEGAIS DE

FUNCIONAMENTO”. (GRIFO NOSSO)

Na matéria publicada pelo jornal Folha do Norte, constou os seguintes

dizeres:

“DIANTE DA SITUAÇÃO DA ESCOLA MUNICIPAL MAURA COELHO DE

BARROS, A SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO, SÔNIA QUINTINO PEDIU UM

POUCO DE PACIÊNCIA AOS ESTUDANTES, POIS SEGUNDO ELA, O

INVESTIMENTO SÓ PARA REFORMAR É MUITO ALTO, EM TORNO DE R$

800 MIL E O PREFEITO CÍCERO ROMÃO NÃO QUER QUE FAÇA REMENDOS.

A SECRETÁRIA DISSE AINDA QUE ESPERA REALIZAR O SONHO DE

REFORMAR A ESCOLA AINDA ESSE ANO. (...)”.

Excelência, veja a discrepância das informações: De um lado, pais e alunos

desesperados com a situação caótica das ESCOLAS no município de Minaçu. Denúncias

narrando o descaso do Poder Público e o risco à intergridade física dos alunos e

professores que convivem diariamente com essa triste realidade. O Ministério Público e o

Corpo de Bombeiros alertando a Municipalidade dos graves e evidentes riscos que a falta

de estrutura de um prédio escolar pode trazer para qualquer cidadão que encontra-se no

interior de uma unidade de ensino como estas.

De outro lado, a Secretária Municipal de Educação, que provavelmente não

tem filhos estudando nessas DUAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO, solicitando calma aos

alunos e informando ao Ministério Público que em JULHO os serviços de reforma serão

realizados. É mais uma demonstração de despreparo de nossos administradores para

gerir a coisa pública.

Sem embargo da grave situação em que se encontra as ESCOLAS

MUNICIPAIS DONA IZAURA MARIA DA SILVA OLIVEIRA E MAURA COELHO, o

Município preferiu trilhar de forma dolosa, livre e consciente, a senda da omissão,

conduta que, na prática, consiste em anulação ao direito à educação, porquanto milhares

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás de alunos (cidadãos) não terão acesso ao sistema público e gratuito de educação, porque

as DUAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO não oferecem condições mínimas de segurança aos

alunos e professores.

A írrita omissão estatal, patrocinada pela inércia do Excutivo Municipal, que

virou as costas para os estudantes de Minaçu, redunda na negativa de prestação do

serviço público de educação, contrariando as regras e princípios da Ordem Jurídica,

frustrando a força normativa da Constituição.

Diante da gravidade das informações, o Ministério Público, através de seu

representante legal, realizou VISITAS nas DUAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO.

A primeira Instituição de Ensino a ser visitada foi a ESCOLA MUNICIPAL

DONA IZAURA MARIA DA SILVA OLIVEIRA, visualizando-se que referida Instituição

necessita de medidas URGENTES para se evitar qualquer dano à integridade das pessoas

que ali frequentam.

Através de requisição Ministerial, esta Curadoria teve acesso a inúmeros

ofícios encaminhados pela direção da escola ao Município pleiteando diversas medidas

para solucionar sérias pendências naquele ambiente.

O primeiro OFÍCIO – n. 11/2009 – elaborado em 12 de março de 2009,

denota que a edificação não está adequada para receber uma Instituição de Ensino, não

parecendo em nada, com uma escola. Informações dão conta de que a edificação servia

antigamente como moradia de religiosas católicas, ou seja, o local foi improvisado para

receber uma escola.

Tanto é verdade que, nessa mesma data, a direção de ensino ainda

solicitou a construção de uma sala de aula, para o desenvolver o ensino dos alunos,

denotando que o prédio não está apto para abrigar uma unidade escolar.

Em 21 de maio de 2010, através do OFÍCIO n. 010/2010, a direção da

escola relaciona alguns serviços que deveriam ser realizados naquele ambiente:

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás “- construção da caixa do hidrômetro;

- construção de um balcão para atendimento na Secretaria da

Escola;

- calçamento ao redor da Unidade Escolar e

- troca do portão central da escola, pois o mesmo é provisório, está

em más condições de uso e oferece risco de acidentes às crianças”.

No dia 22 de fevereiro de 2011, RELATÓRIO da Escola Municipal informa

sobre o ocorrido na queda do forro de gesso:

“No dia 22/02/2011, às dez horas, nesta Unidade Escolar,

encontrava a turma do 2º Ano “B” matutino, na sala de vídeo, pois havia

reunião de pais para esta mesma turma, aconteceu à queda do forro de

gesso, onde machucou superficialmente a funcionária Maristela Martins de

Oliveira – auxiliar de coordenação. De imediato pedimos a presença do

Engenheiro Virgílio Amorim da Prefeitura Municipal de Minaçu-Goiás.

Onde o mesmo averiguou o forro de gesso em questão, identificando que o forro

está colado na parede, ou seja, a placa de gesso está fixa na parede e

qualquer tipo de vibração de maior/menor intensidade refletirá no forro,

em forma de trincas ou desplacamento do mesmo. Verificou-se também a

existência de vários pontos de goteiras na maioria das salas, que

indiretamente influencia no colapso do forro. É recomendado a utilização

de tabicas no forro a ser construído, para evitar as trincas provenientes

das vibrações, bem como, fazer as correções das goteiras”.

E as solicitações da Direção de Ensino continuaram durante todo o ano de

2010, conforme demonstra o OFÍCIO n. 002/2010.

Em 2011 a situação continua a mesma. Além das graves conclusões

apuradas pelo Corpo de Bombeiros, os OFÍCIOS – n. 001/2011 e 005/2011 –, dão conta

de que a escola necessita de reparos URGENTES, não podendo esperar até JULHO para

iniciar as obras indispensáveis para o bom andamento escolar e para a segurança dos

cidadãos.

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás

Para corroborar as informações aqui levantadas, o Ministério Público

embasa a presente ação com inúmeras imagens fotográficas que foram tiradas durante a

visita do “Parquet” na ESCOLA MUNICIPAL DONA IZAURA MARIA DA SILVA

OLIVEIRA. As imagens confirmam as denúncias apresentadas nesta Curadoria,

revelando o total descaso do Poder Público com a educação no Município de

Minaçu.

Como se vê, a direção da escola já encaminhara vários ofícios ao Gestor

Municipal, sem contar as inúmeras reivindicações verbais, solicitando providências e nada

foi feito até agora.

ALÉM DISSO, CONSOANTE RELATO, OS PROBLEMAS ESTRUTURAIS

ABRANGEM A REDE DE ESGOTO PROVENIENTE DA FOSSA QUE SE ACUMULA NO

PÁTIO DA ESCOLA, CAUSANDO O INCÔMODO PELO ODOR, O TELHADO É INCA-

PAZ DE CONTER AS ÁGUAS DAS CHUVAS, PROVOCANDO GOTEIRAS DENTRO DAS

SALAS DE AULA, O PISO, DE CIMENTO, APRESENTA VÁRIOS BURACOS, A ILUMI-

NAÇÃO É DEFICIENTE ETC.

Em visita à ESCOLA MUNICIPAL MAURA COELHO, o Ministério Público

encontrou uma situação ainda mais alarmante. Como se disse anteriormente, na escola

estudam e trabalham mais de 1000 cidadãos, um número considerável de pessoas

expostas a risco iminente.

As imagens fotográficas registradas pelo Ministério Público demonstram

que a escola ESTÁ ABANDONADA, EM PÉSSIMO ESTADO DE CONSERVAÇÃO, COM

PROBLEMAS NA PARTE ELÉTRICA, HIDRÁULICA, PISO E TELHADO,

NECESSITANDO DE REFORMA URGENTE.

Em OFÍCIO – n. 07/2011 – encaminhado pela Direção da Escola para o

Prefeito da Cidade de Minaçu, evidencia-se claramente a situação caótica em que se

encontra a unidade de ensino:

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás “RECEBEMOS MUITAS RECLAMAÇÕES DOS PAIS E DOS ALUNOS,

PRINCIPALMENTE DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, INCLUSIVE, A

VISITA DE UM REPÓRTER QUE SE DIZ PREOCUPADO COM AS CONDIÇÕES

FÍSICAS DA ESCOLA, CONFORME NOTÍCIA VEICULADA EM SEU JORNAL HÁ

ALGUNS DIAS ATRÁS. SIRVO-ME DO PRESENTE PARA INFORMÁ-LO OS

DIVERSOS PROBLEMAS NO PRÉDIO E NO MOBILIÁRIO, PRINCIPALMENTE

DAS SALAS DE AULA, E DAS PRECÁRIAS CONDIÇÕES DO ESPAÇO FÍSICO

DESTA ESCOLA.

AS CARTEIRAS ESTÃO SUCATEADAS E NECESSITAM COM URGÊNCIA

DE REPOSIÇÃO. O TELHADO PRECISA DE REFORMA COM URGÊNCIA, POIS

QUANDO CHOVE AS DIVERSAS GOTEIRAS IMPOSSBILITAM OS

PROFESSORES E ALUNOS DE PERMANECEREM EM ALGUMAS SALAS; HÁ

GRANDE RISCO DO FORRO DE ALGUMAS SALAS DESABAR, POIS ESTÃO

COMIDOS POR CUPINS; OU ENCHARCADAS PELA ÁGUA DA CHUVA; AS

PORTAS NÃO FECHAM E NÃO POSSUEM FECHADURAS; NÃO EXISTEM

VIDROS EM ALGUMAS JANELAS; AS PAREDES ESTÃO SUJAS, COM

BURACOS E HÁ MUITOS ANOS NÃO RECEBEM UMA PINTURA; A CANTINA

ESTÁ COM UMA PÉSSIMA APARÊNCIA, O PISO ESTÁ DESGASTADO E OS

AZULEJOS DA PAREDE ESTÃO MANCHADOS COMO SE ESTIVESSEM

MOFADOS; O DEPÓSITO DOS ALIMENTOS ESTÁ COM A DIVISÓRIA

COMIDA POR CUPINS; A QUADRA DA ESCOLA NECESSITA DE REFORMA E

ILUMINAÇÃO PARA SER UTILIZADA PELOS ALUNOS DO TURNO DA NOITE;

OS BANHEIROS DOS ALUNOS E DOS PROFESSORES NECESSITAM DE

REPOSIÇÃO DE PISOS, AZULEJOS, PORTAS E VASOS SANITÁRIOS.

AS MANUTENÇÕES PERIÓDICAS SÃO FEITAS REGULARMENTE PELAS

SECRETARIAS RESPONSÁVEIS, NO ENTANTO, SÃO APENAS PALIATIVAS

DEVIDO À PRECARIEDADE DAS INSTALAÇÕES.

DIANTE DOS FATOS, SOLICITO EM CARÁTER DE MÁXIMA URGÊNCIA

A COMPRA DE 400 JOGOS DE MESINHA E CADEIRA (CARTEIRAS PARA

ALUNOS), 16 MESAS E CADEIRAS PARA PROFESSORES. UMA REFORMA

GERAL NESTA UNIDADE DE ENSINO E JUNTO DA REFORMA A COBERTURA

DE PARTE DO PÁTIO EXTERNO DA ESCOLA, POIS QUANDO CHOVE NÃO

PODEMOS DAR RECREIO. (...)”.

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás O Laudo do Corpo de Bombeiros e o OFÍCIO acima descrito são auto

explicativos, dispensando maiores comentários sobre a calamidade em que se encontra a

ESCOLA MUNICIPAL MAURA COELHO. As fotos registradas por este Órgão

Ministerial apenas corroboram as informações prestadas.

No tocante ao ofício – n. 62/2011 – da Secretaria Municipal de Educação

sobre as providências que serão adotadas para solucionar este grave e evidente

problema, visualiza-se que as respostas são evasivas e revelam, senão descaso com o

processo educacional, insensibilidade para com os alunos, que são submetidos a

condições indignas de estudo.

Ora, nos parece que o Poder Público Municipal se esquece que se tratando

do direito à educação de crianças e adolescentes, tem-se a incidência do princípio da

prioridade absoluta (art. 227, caput, da Constituição Federal). Então, a destinação de

recursos para o atendimento desse direito deve ter prioridade, não compatível

com a letargia do Município em providenciar a reforma imediata e completa das

unidades escolares.

DESSES RELATÓRIOS, OFÍCIOS, SOLICITAÇÕES E DENÚNCIAS

CONCLUI-SE O SEGUINTE: O PROCESSO DE EDUCAÇÃO/APRENDIZAGEM DOS

ALUNOS MATRICULADOS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DONA IZAURA MARIA DA

SILVA OLIVEIRA E MAURA COELHO ESTÁ SERIAMENTE COMPROMETIDO.

NÃO BASTA ASSEGURAR AO ALUNO O DIREITO À MATRÍCULA EM

ESCOLA PÚBLICA E GRATUITA. MISTER QUE AO CORPO DISCENTE SEJA

OFERTADO ENSINO DE QUALIDADE. PARA ISSO, IMPRESCINDÍVEL QUE O

PRÉDIO ESCOLAR SEJA ADEQUADO AO DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

PEDAGÓGICAS. DO CONTRÁRIO, FINGE-SE QUE ENSINA, FINGE-SE QUE

APRENDE!

COMO ASSEGURAR A EFETIVIDADE DO PRINCÍPIO

CONSTITUCIONAL DA IGUALDADE MATERIAL, SE OS ALUNOS ORIUNDOS DA

REDE PÚBLICA SÃO SUBMETIDOS A ESTUDAR EM ESCOLA PÚBLICA CUJO

PRÉDIO É INSALUBRE? OS GESTORES DO PROCESSO EDUCACIONAL (CHEFE DO

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás PODER EXECUTIVO, SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO, ETC.) MATRICULARIAM SEUS

FILHOS NESSAS ESCOLAS MUNICIPAIS? EVIDENTEMENTE, NÃO.

In casu, o cerne da questão cinge-se a má estrutura das ESCOLAS

MUNICIPAIS DONA IZAURA MARIA DA SILVA OLIVEIRA E MAURA COELHO, sob o

argumento evasivo de que o Município não possui recursos suficientes para proceder às

reformas nas Escolas Municipais na cidade de Minaçu. O discurso é ultrapassado e

fantasioso!

É fato público e notório o abandono por que passam as escolas deste Muni-

cípio, principalmente as ESCOLAS DONA IZAURA MARIA DA SILVA OLIVEIRA E

MAURA COELHO. Os Gestores Públicos se esquecem que o ensino fundamental é direito

subjetivo de todos e obrigação do poder público, não encontrando limite de aplicação de

receitas.

O sistema de custeio da educação pública básica, introduzido pela Lei

11.494/2007, que criou o FUNDEB, tem como objetivo promover a redução de desi-

gualdades educacionais entre Estados, Municípios de diferentes regiões do país, através

da transferência eqüitativa de recursos, tomando-se por base um valor nacional por alu-

no matriculado, fixado em censo realizado no ano anterior. O que nem de longe desobri-

ga Estados e Municípios a investirem outros recursos, provenientes de outras fontes de

custeio, para cumprirem a sua tarefa constitucional de oferecer ensino fundamental de

qualidade a seus alunos. Afinal de contas, a Constituição da República fixou limite MÍNI-

MO de investimento no ensino fundamental, deixando aberta a possibilidade de aplicação

de outros recursos, diversos daqueles já legalmente comprometidos.

A Constituição Federal e as leis apregoam a doutrina da proteção integral,

contudo, o Município de Minaçu, com sua conduta omissiva, viola o direito social à educa-

ção, o que caracteriza lesão a interesses difusos, autorizando, por conseguinte, a defesa

coletiva pelo Ministério Público, em benefício da cidadania de Minaçu.

2) Do direito:

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás

2.1) Da legitimidade do Ministério Público:

Estabelece a Constituição Federal de 1988, competir ao Ministério Público a

defesa de diversos direitos e interesses, dentre os quais os sociais e individuais

indisponíveis.

Art. 127 - O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.”

A legitimidade do Ministério Público para promover ação civil pública em

defesa de interesses coletivos é indeclinável, nos exatos termos dos dispositivos locali-

zados nos artigos 127 e 129, inciso III, da Constituição Federal.

Dentre esses interesses coletivos, é fácil se localizar o direito à saúde e à

educação, para aqueles que trabalham e estudam naquelas escolas, por força do preceito

contido no art. 196 e ss e art. 205 e ss, da Magna Carta Política de 1988.

O Código de Defesa do Consumidor, Lei n° 8.078/90, atribui ao Ministério

Público a defesa coletiva de interesses ou direitos coletivos transindividuais de

natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas li-

gadas com a parte contrária por uma relação jurídica base (art. 82, inciso I, c/c o

art. 81, parágrafo único, inciso II, CDC).

Aqui se vê com facilidade que o bem tutelado, no presente caso, é de na-

tureza transindividual e indivisível inerente a uma classe de pessoas, posto que se

trata de direito coletivo pertencente aos estudantes e trabalhadores das ESCOLAS DONA

IZAURA MARIA DA SILVA OLIVEIRA E MAURA COELHO, por conseguinte, ligados ao

Município por uma relação jurídica base, existente a partir do ato da matrícula ou vínculo

laboral, já existindo daí o direito de terem um local de trabalho seguro, limpo e sadio, de-

vendo a educação dispensada ser de qualidade.

Para corroborar esse entendimento trazemos as palavras da doutrina sobre

o assunto, como segue expressis verbis:

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás “[5] INTERESSES OU DIREITOS “COLETIVOS” – Os interesses ou di-

reitos “coletivos” foram conceituados como “os transindividuais de natureza indivisível

de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte

contrária por uma relação jurídica - base (art. 81, parágrafo único, n° II). Essa relação

jurídica-base é a preexistente à lesão ou ameaça do interesse do grupo, categoria ou

classe de pessoas. Não a relação jurídica nascida própria lesão ou da ameaça de lesão.

Os interesses ou direitos dos contribuintes, por exemplo, do imposto de renda, constitu-

em um bom exemplo. Entre o fisco e os contribuintes já existe uma relação jurídica-base,

de modo, à adoção de alguma medida ilegal ou abusiva, será perfeitamente factível a de-

terminação das pessoas atingidas pela medida. Não se pode confundir essa relação jurídi-

ca-base preexistente com a originária da lesão ou ameaça de lesão. (...)” (In Código Bra-

sileiro de Defesa do Consumidor Comentado / Ada Pellegrini Grinover ... [eT al] – 4ª ed.

– Rio de Janeiro: Forense Universitaria; 1995, págs. 503/504 – grifos nossos).

Verifica-se, portanto, que os interesses transindividuais se conhecem não

pela visualização da pretensão de cada um dos estudantes ao seu correspondente direito,

mas sim pela comunhão desses interesses, que passam a pertencer ao ente coletivo co-

nhecido na identificação jurídica qualificada pela unidade subjetiva, denominada estudan-

tes e trabalhadores do estabelecimento de ensino.

A natureza indivisível do bem jurídico a ser tutelado – a prestação de edu-

cação de qualidade – é caracterizada pela forma unitária e unilateral concebida na con-

traprestação relativa a esse serviço de ensino.

Este aspecto é de fundamental importância para se identificar a natureza

jurídica do bem tutelado, haja vista que se fosse observar somente o universo daqueles

estudantes e trabalhadores que já sofreram e vêm sofrendo a lesão ou se encontram

ameaçados de sofrê-la, ou seja, certamente estar-se-ia diante de direitos individuais ho-

mogêneos, mas ainda assim de cunho indisponível, por se estar diante da exigência do

cumprimento de normas de ordem pública.

A educação é direito de cada um e de toda sociedade, já que, o investimen-

to em educação não esta voltado tão somente para o engrandecimento intelectual da

pessoa, mas também o desenvolvimento da nação.

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás

O pleno desenvolvimento da pessoa consiste em formar indivíduos capazes

de autonomia intelectual e moral e respeitadores dessa autonomia em outrem, em decor-

rência precisamente da regra de reciprocidade que a torna legítima para eles mesmos.

Deste modo, revela-se inquestionável a legitimidade do MINISTÉRIO PÚ-

BLICO DO ESTADO DE GOIÁS, para figurar no pólo ativo da presente Ação Civil Públi-

ca.

2.2) Do direito à educação

Busca-se, com a ação em trato, dar efetividade ao direito público subjetivo

à educação pública, gratuita e de qualidade. Para a consecução desse último, impõe-

se que o processo educacional se desenvolva em local adequado, que ofereça aos corpos

docente e discente condições mínimas de salubridade e segurança.

O art. 6º da Constituição Federal elenca a educação como direito social

fundamental, inalienável e indisponível.

Conforme asseverou Ulysses Guimarães, a Constituição da República de 1988,

diferentemente das sete Constituições anteriores, começa com o homem. Graficamente testemunha a primazia do homem, que o homem é seu fim e sua esperança. É a Constituição cidadã [...] o homem é problema da sociedade brasileira: sem salário, analfabeto, sem saúde, sem casa, portanto sem cidadania. (grifei) (in Anais da Assembléia Nacional constituinte, Centro Gráfico do Senado Federal, Brasília- DF,1988).

Reza o artigo 205 da Constituição Federal que “a educação, direito de

todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a

colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Dentre

os princípios que regem o processo educacional, destacam-se: igualdade de condições

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás para o acesso e permanência na escola e garantia de padrão de qualidade (art.

206, incisos I e VII, da Constituição Federal).

Dentre os princípios que norteiam o direito à educação – e revelando, mais

uma vez, a especial preocupação do legislador para com o tema educação – destacam-se,

ainda, o disposto no artigo 208, §§ 1º (que assevera ser a educação direito público

subjetivo) e 2º (que trata da oferta regular do ensino), todos da Constituição da Federal.

À evidência que a oferta regular de ensino não implica apenas no dever de

ministrar a educação de forma gratuita, mas de fazê-lo dentro de padrões mínimos de

qualidade e de modo contínuo, vedada, de conseqüência, a utilização de instalações

impróprias e que submetem os alunos (e também professores e funcionários

administrativos) a riscos variados (p. ex.: choques elétricos), que trazem efetivos e por

vezes irreparáveis prejuízos ao processo de aprendizagem.

De fato, a Constituição Federal de 1988, elaborou, dentre os seus princípios

fundamentais e como alicerce do Estado Democrático de Direito, a dignidade da pessoa

humana e cidadania (art. 1º, incisos II e III), determinando, ainda, como um de seus

objetivos fundamentais, a construção de uma sociedade justa, livre e solidária.

E, com vistas ao pleno exercício da cidadania, a instituição educativa, a

serviço do bem estar social, complementa, ao lado da família, o desenvolvimento pessoal

e social das crianças e dos adolescentes e contribui decisivamente para a melhoria de

vida de cada cidadão.

É efetivamente o que dispõe seu artigo 227, no que atinge em especial à

educação da criança e do adolescente, enquanto direito público subjetivo a ser garantido

com absoluta prioridade:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à

criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à

saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura,

à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,

discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (grifei).

Na mesma esteira, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece, em

seu artigo 4º, in verbis:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e

do Poder Público, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos

referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao

lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade

e à convivência familiar e comunitária. (grifei)

A garantia de prioridade absoluta, então referida, compreende-se nas

diretrizes a serem observadas pela Administração, sintetizadas no mesmo dispositivo,

verbis:

Preferência na formulação e na execução das políticas sociais

públicas; destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas

relacionadas com a proteção à infância e juventude, PRINCIPALMENTE NA

ÁREA DA EDUCAÇÃO.

Como se observa, a Constituição Federal e a legislação infraconstitucional

não tratam a educação como um fim em si mesmo, ou mero aparato de enriquecimento

cultural, mas um verdadeiro caminho ou instrumento para construção de uma sociedade

que se pretende justa, livre e solidária, a ser garantido à criança e ao adolescente com

prioridade absoluta. E não deixa de prever também que o dever do Poder Público com a

educação será efetivado mediante a garantia de CONDIÇÕES DIGNAS, SALUBRES E SEM

QUALQUER PERICULOSIDADE.

Como se vê, a Magna Carta deu um valor especial ao capítulo da educação,

pois mesmo vedando a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,

ressalvou, no artigo 212, a destinação de recursos para a manutenção do ensino,

determinando que os Municípios aplicarão, anualmente, nunca menos de vinte e cinco

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de

transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

RESTA IRREFUTÁVEL, POIS, QUE PARA OS JOVENS, PERMANECER

EM UMA ESCOLA COM RISCO DE DESABAR, ALÉM DE PREJUDICAR O

RENDIMENTO DOS MESMOS, COLOCA TODOS OS QUE ALI PERMANECEM EM

SITUAÇÃO DE RISCO, IMINENTE E CONCRETO. NESTE DIAPASÃO, PARA O PODER

PÚBLICO O ATENDIMENTO IMEDIATO DE INTERDIÇÃO DA ÁREA APONTADA NO

PARECER TÉCNICO DO CORPO DE BOMBEIROS E REFORMA DA ESCOLA

CONSTITUI-SE EM UM PODER-DEVER INDECLINÁVEL, NÃO SE TRATADO DE

MERA DISCRICIONARIEDADE DO PODER LOCAL.

Outrossim, como bem leciona Américo Bedê Freire Junior, em sua obra, O

Controle Constitucional de Políticas Públicas, editora Revista dos Tribunais, pág. 71:

“Não existe discricionariedade na omissão do cumprimento da

Constituição. Na verdade, trata-se de arbitrariedade que pode e precisa ser

corrigida.

Ademais, a Constituição prevê em seu art. 5º, XXXV,

peremptoriamente que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário

lesão ou ameaça a direito.” Uma interpretação adequada do dispositivo leva à

conclusão de que não somente a lei, mas também atos, inclusive omissivos, do

Poer Legislativo e Executivo não podem ficar sem controle. Disso se constata

que a omissão total pode (deve) ser apreciada pelo Poder Judiciário.”

Mais adiante, às fls. 84, menciona o referido autor:

“O STF já fixava na ementa do julgamento liminar que “se o Estado

deixar de adotar as medidas necessárias à realização concreta dos preceitos da

Constituição, em ordem a torná-los efetivos, operantes e exeqüíveis, abstendo-

se, em conseqüência, de cumprir o dever de prestação que a constituição impôs,

incidirá em violação negativa do texto constitucional.””

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás

Neste contexto, não restam dúvidas que, diante de uma omissão do

MUNICÍPIO DE MINAÇU, faz-se necessário a intervenção do Ministério Público para a

REFORMA DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DONA IZAURA MARIA DA SILVA OLIVEIRA

E MAURA COELHO.

Caso, seja necessário, deve o MUNICÍPIO DE MINAÇU deslocar os

adolescentes para outras escolas próximas ao local de suas respectivas

residências, até que se conclua a referida reforma e adequação da escola.

O PODER JUDICIÁRIO não pode assistir de forma passiva e condescendente

as violações à carta de direitos fundamentais. O Judiciário está constitucionalmente

autorizado a corrigir e suplantar as omissões estatais, para preservar a força normativa

da Constituição e máxima efetividade das normas fundamentais, principalmente as

definidoras de direitos da Cidadania.

A cláusula de separação de Poderes não pode ser invocada para legitimar o

desrespeito aos direitos fundamentais, sob pena de se frustrar o desiderato

constitucional, colocando em xeque a força normativa da Constituição.

De nada adiantaria a Constituição abraçar diversos direitos sociais se a

eleição de como e quando tais direitos devessem ser observados ficassem à cargo do

chefe do Executivo. Como vige o sistema de cheks and counthercheks, toda e qualquer

lesão ou ameaça a direito autoriza a tutela jurisdicional (art. 5º, XXXV, CF).

Diante desse esquadro, é lícito afirmar que todo aparato estatal, toda a

máquina administrativa existe apenas com a finalidade de assegurar à cidadania

brasileira os direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o

desenvolvimento, a igualdade e a justiça.

A atuação do administrador público na promoção do ensino e na defesa da

saúde das crianças e adolescentes é vinculada ao texto constitucional. Não é uma

faculdade de o administrador promover ações de educação e saúde, é uma obrigação

institucional do Poder Executivo, sendo que omissão do Poder Público em tais casos é

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás inconstitucional, o que autoriza o Judiciário a intervir para restaurar a força normativa da

Constituição e a máxima efetividade das normas constitucionais, sobretudo as definidoras

de direitos fundamentais (art. 5º, § 1º, CF).

A SITUAÇÃO RETRATADA NA INICIAL REVELA O DESCASO DO

PODER PÚBLICO COM A CIDADANIA E COM OS JOVENS DE MINAÇU, NA MEDIDA

EM QUE A VEXATÓRIA REALIDADE EXPÕE OS ALUNOS A DOENÇAS E RISCOS DE

ACIDENTES, O QUE VIOLA O DIREITO FUNDAMENTAL DA DIGNIDADE DA

PESSOA HUMANA, VALOR SUPREMO DA ORDEM JURÍDICA.

ESTÁ DEVIDAMENTE COMPROVADA A OMISSÃO DO ESTADO NO

ADIMPLEMENTO DE SUAS OBRIGAÇÕES CONSTITUCIONAIS.

Presente, portanto, a omissão inconstitucional do Município de Minaçu, que,

na prática, neutraliza, anula, o direito à educação, deve o Poder Judiciário, provocado por

meio desta ação civil pública, preservar a intangibilidade do núcleo de direitos da

Cidadania desrespeitados, garantindo aos cidadãos de Minaçu, em especial às crianças e

adolescentes, o efetivo acesso ao ensino público e gratuito, com observâncias das normas

de segurança e a saúde imprescindíveis.

3) Da medida liminar:

Da análise do arcabouço probatório trazido com esta vestibular, isto é, em

sede de cognição não exauriente, sumária vertical, vislumbra-se presentes os

pressupostos que rendem azo ao deferimento da medida liminar, nos termos do art. 12

da Lei n. 7.347/85.

A antecipação dos efeitos da tutela, no bojo de uma ação civil pública, é

possível desde que a tese jurídica exposta seja plausível e que haja fundada necessidade

de se assegurar a fruição da tutela de mérito pretendida antes da estabilização subjetiva

do processo e da efetivação do contraditório.

Temos hoje, como regra processual, a Fungibilidade das Tutelas de Ur-

gência, sem necessidade de aforamento de demandas dúplices – preparatória e principal

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás - a partir de um Processo Sincrético, em respeito aos Princípios da Economia, da Cele-

ridade e da Efetividade.

A prestação exigida ao final é de uma obrigação de fazer.

O Código de Defesa do Consumidor elegeu a Tutela Específica como

regra, a despeito do que contém o Art. 84. O Art. 461 do CPC copiou literalmente aquele

versículo, transmudando a antiga e estéril Sentença Condenatória de Obrigação de

Fazer em autêntica Sentença Executiva, passando o Poder Judiciário a ser responsável

pelo cumprimento da decisão de mérito, municiando o Juiz com poderes no sentido de fa-

zer cumprir a Tutela Definitiva deferida, sem que isto importe em arbítrio.

Dentro do invocado Art. 461 do CPC encontramos a estipulação de ofício

pelo Magistrado de preceito cominatório, e a plena consagração do Poder Geral de Cau-

tela, com medidas protetivas enumeradas enunciativamente.

A respeito do requerimento formulado na inicial, dispõe o artigo 4º, da Lei

nº 7.347, de 24 de julho de 1985 (com a redação conferida pela Lei nº 10.257/01):

“Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivan-

do, inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem urbanís-

tica ou aos bens e direitos e valor artístico, estético, histórico, turístico e paisa-

gístico”.

E, o artigo 11, dispõe: “Na ação que tenha por objeto o cumprimento

de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da

prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de

execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou

compatível, independentemente de requerimento do autor.”

Conforme dispõe o artigo 273 do Código de Processo Civil, o juiz, a requeri-

mento da parte, poderá antecipar os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial desde

que, existindo prova inequívoca(sic), se convença da verossimilhança da alegação e haja

fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou fique caracterizado o

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás abuso de direito de defesa, ou o manifesto propósito protelatório do réu.

Muito embora conste no artigo o vocábulo “poderá”, parecendo indicar fa-

culdade e discricionariedade do Juiz, na verdade constitui obrigação, sendo seu dever

conceder a tutela antecipatória, desde que preenchidos os pressupostos legais para tan-

to, não sendo lícito concedê-la ou negá-la pura e simplesmente.

O doutrinador Humberto Theodoro Jr., no seu livro Curso de Direito Pro-

cessual Civil, ed II, pág. 558, nos ensina: “Para qualquer hipótese de tutela anteci-

pada, o art. 273, caput do CPC, impõe a observância de dois pressupostos gené-

ricos: prova inequívoca e verossimilhança da alegação, por se tratar de medida

satisfativa tomada antes de completar-se o debate e instrução da causa, a lei

condicionada a certas precauções de ordem probatória. Mais do que a simples

aparência do direito (fumus boni jus) reclamada para as medidas cautelares exi-

ge a lei que a antecipação de tutela esteja sempre fundada em prova inequívoca.

E além dos pressupostos genéricos de natureza probatória, que o art. 273 do

CPC condiciona o deferimento da tutela antecipada há dois outros requisitos, o

fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ou então o abuso de

direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu”.

Em face da urgência da medida, evidentemente não é possível ao Julgador

o exame pleno do direito material invocado pelo interessado, até porque tal questão será

analisada quando do julgamento do mérito, restando a este, apenas, uma rápida avalia-

ção quanto a uma provável existência de um direito. No entanto, há de se presenciar a

efetiva existência do bom direito invocado pelo Requerente, posto que a decisão do Juiz

não pode e não deve ser baseada em frágeis argumentações.

In casu, o cerne da questão cinge-se a má estrutura das ESCOLAS

MUNICIPAIS DONA IZAURA MARIA DA SILVA OLIVEIRA E MAURA COELHO, a caó-

tica desorganização do Poder local, não havendo como ministrar a educação aos milhares

de alunos que estudam nas unidades escolares.

Quanto ao requisito específico de ''fundado receio de dano irreparável

ou de difícil reparação'', ou seja, o periculum in mora, vislumbra-se a necessidade

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás de se tomar uma medida imediata, como forma de coibir danos que possam advir, caso a

situação persista.

A prova perfunctória é sobeja ao retratar a situação por que passam as Es-

colas, afrontando a Constituição e a Sociedade em todos os seu aspectos. Primeiro, por-

que, não preserva a Dignidade da Pessoa Humana, ao expor crianças e adolescentes a

situação de risco à saúde e de morte, mantendo condições insalubres - teto por desabar,

esgoto a céu aberto... Segundo, porque, é impossível conferir proteção integral à cri-

ança e adolescente; construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o

desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as

desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem preconceitos

de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação

sem que haja educação. Não é o bolsa família, - forma legítima de esmolar - que

consertará este país, é a EDUCAÇÃO, que proporcionará melhor condição de vida

aos cidadãos...

O fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação é óbvio.

Um: segundo relatório do Corpo de Bombeiros Militar: “sugiro o encaminhamento

deste relatório à Prefeitura, para imediata solução, a fim de evitar a interdição

da escola”; “o serviço de manutenção é de extrema urgência a fim de evitar

maiores danos aos corpos discente e doscente da escola e a posterior interdição

do prédio, já que 1046 alunos pessoas frequentam a unidade escolar todos os

dias (funcionários e alunos)”. Portanto, corre-se o risco de alunos sofrerem danos à

saúde ou à vida. Dois: ninguém, em sã consciência, terá condições de afirmar que, a

despeito das condições de conservação dos prédios escolares, a qualidade do ensino

oferecido nessas escolas não restará prejudicada pelas péssimas condições dos prédios.

É preciso esclarecer que o Gestor Público não está administrando sua vida

privada, onde pode praticar atos aleatoriamente, como se a prestação do serviço ao pú-

blico fosse fruto de generosidade. O MPE e o Poder Judiciário não podem e não devem ser

complacentes com procedimentos ao arrepio da lei, ainda que destituídos de “dolo”.

Parece que vivemos ainda sob os reflexos da Constituição de 1821, onde

Dom Pedro somente "aceitou" o seu texto em razão da reserva do chamado Poder Mode-

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás rador. Através dele, a função executiva do Império poderia se sobrepor às demais fun-

ções do Estado e até mesmo revogar os seus atos quando com os mesmos não houvesse

concordância. Criou-se, em razão disso, a cultura do SUPER PODER EXECUTIVO, que se

arvora e se intitula soberano e hierarquicamente superior às funções legislativa, judiciária

e até mesmo dos princípios e garantias constitucionais do cidadão.

Toda esta exposição é para situar casos dos atos administrativos, onde as

principais garantias fundamentais conquistadas pelo povo brasileiro notadamente quando

da promulgação da Carta de 1988, são violentadas de forma vergonhosa e despudorada

por autoridades públicas que se julgam acima "do bem e do mal" e da própria lei.

Destarte, demonstrada a plausibilidade jurídica da tese e o perigo

da demora, mister se faz a concessão da medida liminar, com fulcro nos artigos

84 do CDC e 12 da Lei n. 7.347/85, deferindo os pedidos consistentes nas

seguintes obrigações de fazer contra o Município de Minaçu:

A) Tomar, IMEDIATAMENTE, todas as providências

indispensáveis para a imediata reforma ou

reconstrução das ESCOLAS MUNICIPAIS DONA

IZAURA MARIA DA SILVA OLIVEIRA E MAURA

COELHO, de forma a viabilizar a adequada prestação

do serviço público indisponível, com obediências às

normas de saúde e segurança, devendo o Município

de Minaçu efetuar, nas DUAS UNIDADES,

especialmente, a reforma do telhado, a correta

disposição dos fios de energia elétrica, a reforma de

estruturação de sustentação da cobertura de

madeiramento, a substituição completa do sistema

elétrico, a pintura externa e interna dos prédios, a

reforma dos banheiros, a reforma do sistema de

esgoto, bem como toda e qualquer obra necessária

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás para garantir o rápido e seguro funcionamento das

ESCOLAS MUNICIPAIS DONA IZAURA MARIA DA

SILVA OLIVEIRA E MAURA COELHO.

B) Especificamente no tocante às obras da escola

Municipal Dona Izaura Maria da Silva Oliveira, se faz

necessário ainda, o calçamento ao redor da unidade

escolar, a troca do portão central da escola e a

construção de um balcão para atendimento na

Secretaria da Escola; chapisco e alguns reparos no

muro (lado esquerdo interno), onde se localiza uma

residência vizinha; assentar cerâmicas no

bebedouro; desobstruir canaletas localizadas no

pátio da escola; reposição de 03 (três) duchas que

são usadas para o banho de ducha das crianças;

trocar areia do parquinho; substituição dos

canteiros por grama ou concreto, devido a presença

de inúmeros insetos (aranhas, cobras etc).

C) Com relação à escola municipal MAURA COELHO, se

faz imprescindível a colocação de portas nas salas

de aula, bem como vidros em algumas janelas, a

reforma da cantina, com a troca do piso e azulejos;

a reforma e iluminação da quadra da escola; a

cobertura de parte da área externa do pátio; a

aquisição de 400 jogos de mesa e cadeira

(carteiras), 16 mesas e cadeiras para professores;

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás

D) Adotar, IMEDIATAMENTE, atos materiais

necessários e indispensáveis para que todos os

alunos matriculados nas ESCOLAS MUNICIPAIS

DONA IZAURA MARIA DA SILVA OLIVEIRA E MAURA

COELHO, no período da reforma, tenham acesso ao

direito à educação, em locais dignos e seguros;

E) Em caso de descumprimento das obrigações acima

descritas, requer que os requeridos sejam

condenados a pagar uma multa diária de R$

5.000,00 (cinco mil reais), por cada dia em que o

Município não cumprir as medidas de urgência

deferidas na alínea “A” e por aluno em situação

irregular, no caso do pedido liminar da alínea “D”,

multa esta que será revertida em favor do Fundo

Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

4) Dos pedidos:

Diante de todo o exposto e comprovados de forma inequívoca, pela prova

documental que instrui a presente, os fatos articulados, requer-se:

a) a concessão LIMINAR, "inaudita altera parte" (artigo

213 do ECA) compelindo-se o Município de Minaçu, via sua

Secretaria do Município de Educação e demais Órgãos

pertinentes,a cumprir todas as obrigações acima alinhavadas, proceden-

do este juízo nos termos do art. 2º da Lei n. 8.437/92;

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás

b) que a presente ação civil pública seja recebida,

autuada e processada, eis que presentes os requisitos dos artigos

282 e 283 do CPC e da Lei n. 7.347/85;

c) a citação dos réus, na pessoa de seus Ilustres

Representantes acima já nominados, para querendo, acompanharem os

termos da presente, sob pena de revelia;

d) a total procedência de todos os pedidos deduzidos, após

regular tramitação processual, transformando-se em definitiva a decisão

antecipada liminarmente;

e) cominação de astreistes, nos mesmos valores da multa

diária supra, para assegurar o cumprimento da decisão final;

f) a produção de TODOS os meios de prova em direito

admitidos, ou sejam, depoimento pessoal das partes, prova testemunhal,

documental e pericial;

Dá-se a presente o valor da R$ 1.000,00 (mil reais).

Nestes termos, com a documentação em anexo; Pede Deferimento.

Minaçu, 04 de maio de 2.011

End.: Avenida Pernambuco, nº 60, Edifício do Fórum, Jardim Primavera, Minaçu/GO CEP 76.450-000 Fone/Fax: 62 3379-1741

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2ª Promotoria de Justiça de Minaçu-Goiás Rafael Simonetti Bueno da Silva

Promotor de Justiça

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