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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS 90ª Promotoria de Justiça de Goiânia EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA____VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA/GO URGENTE O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por intermédio da Promotora de Justiça que esta subscreve, titular da 90ª Promotoria de Justiça do Estado de Goiás, no uso de suas atribuições constitucionais e com fulcro no artigo 129, inciso III, da Constituição Federal, artigo 5º, inciso I, da Lei 7.347/85, artigo 25, inciso IV, “a” e “b”, da Lei Federal 8.625/93, no artigo 46, inciso VI, alínea “a” e “b”, da Lei Complementar Estadual n. 25/98, vem perante Vossa Excelência propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA DECLARAÇÃO DE NULIDADE DE ATO ADMINISTRATIVO E IMPOSIÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE NÃO FAZER com pedido liminar observado-se o rito ordinário e disposições especiais previstas na Lei 7.347/85, em desfavor do MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de Justiça Rua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás. 1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA … · Constituição Federal, o artigo 1º, § 3º, da Lei 15.190/2005 estabeleceu que os cargos seriam providos por concurso público

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS90ª Promotoria de Justiça de Goiânia

EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA____VARA DA

FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA/GO

URGENTE

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por

intermédio da Promotora de Justiça que esta subscreve, titular da 90ª Promotoria de Justiça

do Estado de Goiás, no uso de suas atribuições constitucionais e com fulcro no artigo 129,

inciso III, da Constituição Federal, artigo 5º, inciso I, da Lei 7.347/85, artigo 25, inciso IV,

“a” e “b”, da Lei Federal 8.625/93, no artigo 46, inciso VI, alínea “a” e “b”, da Lei

Complementar Estadual n. 25/98, vem perante Vossa Excelência propor

AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA DECLARAÇÃO DE NULIDADE DE ATO

ADMINISTRATIVO E IMPOSIÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE NÃO

FAZER

com pedido liminar

observado-se o rito ordinário e disposições especiais previstas na Lei 7.347/85, em desfavor

do

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de JustiçaRua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, Jardim Goiás, sala 342, CEP 74.805-100, Goiânia -

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ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público,

inscrita no CNPJ com nº 01.409.580/0001-38, representada pelo Procurador-Geral do Estado

Alexandre Eduardo Felipe Tocantins, com sede no Palácio Pedro Ludovico Teixeira - Rua

82, S/N Setor Sul, CEP: 74088-900, Goiânia – GO;

DETRAN – DEPARTAMENTO ESTADUAL DE

TRÂNSITO DO ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público, autarquia

estadual, inscrita no CNPJ com o nº 02.872.448/0001-20, representado por seu Presidente

João Furtado de Mendonça Neto, com sede na Avenida Atílio Correia Lima, s/n, Cidade

Jardim, CEP 74425-030, Goiânia/GO,

pelos fundamentos fáticos e jurídicos a seguir expostos.

I – DOS FATOS

O DETRAN – Departamento Estadual de Trânsito do Estado de

Goiás -, no ano de 1980, foi transformado em autarquia e, desde então, não realizou nenhum

concurso público para o provimento de seus cargos.

No ano de 2005, foi editada a Lei 15.190/2005, que dispôs

sobre o quadro permanente e o plano de cargos e remuneração dos servidores do

Departamento Estadual de Trânsito (anexo I).

Segundo o artigo 2º da referida lei, o quadro de pessoal efetivo

do DETRAN foi constituído de 3 (três) grupos ocupacionais, quais sejam Auxiliar de

Trânsito, Assistente de Trânsito e Analista de Trânsito, compostos por quantitativos de

cargos distribuídos em série de referências, na forma do anexo I da referida lei.

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Em atendimento ao que dispõe o artigo 37, inciso II, da

Constituição Federal, o artigo 1º, § 3º, da Lei 15.190/2005 estabeleceu que os cargos seriam

providos por concurso público de provas ou de provas e títulos.

Inicialmente, foram previstos 8 (oito) cargos de Auxiliar de

Trânsito, 700 (setecentos) cargos de Assistente de Trânsito e 80 (oitenta) cargos de Analista

de Trânsito e Advogado, subdivididos em séries de referências.

Posteriormente, a Lei 16.914/2010 organizou em carreira o

quadro permanente dos servidores do DETRAN, em três grupos ocupacionais, quais sejam

Assistente de Trânsito, Analista de Trânsito e Advogado, compostos por quantitativos de

cargos distribuídos em série de referências, na forma do anexo único da referida lei (anexo I).

O cargo de Auxiliar de Trânsito foi fixado em quantitativo de

03 (três), a serem extintos na medida da vacância (artigo 5º da Lei 16.914/2010).

Já os cargos de Assistente de Trânsito foram fixados em 1.614

(mil seiscentos e quatorze), subdivididos em 04 (quatro) classes. Na classe A (inicial da

carreira), foram fixados 765 (setecentos e noventa e cinco cargos), sendo 610 (seiscentos e

dez) na referência I (inicial), 95 (noventa e cinco) na referência II e 90 (noventa) na

referência III. Os subsídios foram fixados em R$ 2.336,37 (dois mil, trezentos e trinta e seis

reais e trinta e sete centavos), R$ 2.441,51 (dois mil, quatrocentos e quarenta e um reais e

cinquenta e um centavos) e R$ 2.551,37 (dois mil, quinhentos e cinquenta e um reais e trinta

e sete centavos, relativamente a referência I, II e III, respectivamente, da classe A.

Os cargos de Analista de Trânsito foram fixados em 109 (cento

e nove), subdivididos em 04 (quatro) classes. Na classe A (inicial da carreira) foram fixados

32 (trinta e dois cargos), sendo 11 (onze) na referência I (inicial), 11 (onze) na referência II e

10 (dez) na referência III. Os subsídios foram fixados em R$ 3.738,19 (três mil, setecentos e

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trinta e oito reais e dezenove centavos), R$ 3.910,15 (três mil, novecentos e dez reais e

quinze centavos) e R$ 4.090,02 (quatro mil e noventa reais e dois centavos), relativamente a

referência I, II e III, respectivamente, da classe A.

Os cargos de Advogado foram fixados em 51 (cinquenta e um),

subdivididos em 04 (quatro) classes. Na classe A (inicial da carreira) foram fixados 12 (doze)

cargos, sendo 04 (quatro) na referência I (inicial), 04 (quatro) na referência II e 04 (quatro) na

referência III. Os subsídios foram fixados em 3.738,19 (três mil, setecentos e trinta e oito

reais e dezenove centavos), R$ 3.910,15 (três mil, novecentos e dez reais e quinze centavos)

e R$ 4.090,02 (quatro mil e noventa reais e dois centavos), relativamente a referência I, II e

III, respectivamente, da classe A.

Posteriormente, a Lei 18.081/2013, sem alterar a estrutura da

carreira e o quantitativo de cargos, reposicionou alguns servidores ativos das referências da

classe A para a classe C e das referências da classe C para a classe D. (anexo I).

Não obstante a estruturação dos cargos em carreira, por lei, até

a presente data não foi realizado o concurso público para o seu adequado provimento. Os

cargos atualmente ocupados por servidores efetivos referem-se àqueles servidores que foram

reenquadrados por lei.

Nos autos do ICP de registro atena nº 201200485751 (anexo II),

que tramitou nesta Promotoria de Justiça, foram requisitadas, desde o ano de 2005, ao

Presidente do DETRAN informações sobre o quadro de pessoal da autarquia. Em informação

prestada no ano de 2010, apenas 649 (seiscentos e quarenta e nove servidores do órgão eram

efetivos, 200 (duzentos) ocupavam cargos comissionados e 886 (oitocentos e oitenta e seis)

servidores lotados no DETRAN pertenciam a outros órgãos e se encontravam à disposição

do DETRAN. Destes últimos, somente 134 (cento e trinta e quatro) eram servidores efetivos.

Os demais, 752 (setecentos e cinquenta e dois) eram servidores comissionados, da estrutura

da SEGPLAN, à disposição do DETRAN.

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Objetivando atualizar as informações, esta Promotora de Justiça

requisitou, aos 02 de maio de 2014, novas informações sobre o quadro de pessoal do

DETRAN. Em resposta, o Presidente do DETRAN, sem prestar as informações da forma

como requisitadas, encaminhou relação que, pela análise, indica referir-se aos servidores de

outros órgãos que se encontram à disposição do DETRAN, os quais somam 414

(quatrocentos e quatorze), dentre estes aproximadamente 86 (oitenta e seis) são efetivos e o

restante, aproximadamente 293 (duzentos e noventa e três) servidores comissionados

vinculados à SEGPLAN. (anexo II)

Nesse último documento, ao informar as atribuições dos

ocupantes dos cargos efetivos e comissionados à disposição DETRAN, o órgão mencionou

que as atividades são “diversas”, indicativo de que os referidos servidores estariam exercendo

diversas atividades próprias do quadro permanente do DETRAN.

A fim de apurar esses fatos, durante as investigações foram

ouvidos servidores ocupantes de cargos de provimento em comissão, à disposição do

DETRAN, oportunidade em que se verificou que, de fato, tais servidores estão a exercer

funções típicas dos cargos efetivos, integrantes do quadro permanente do DETRAN. (anexo

II)

No mês de novembro de 2013, o então Presidente do DETRAN

- Sebastião Vaz da Silva – solicitou ao Governador do Estado Marconi Ferreira Perillo Júnior

autorização para a realização de concurso público para os cargos de Advogado, Analista de

Trânsito e Assistente de Trânsito, integrantes do Quadro de Pessoal do DETRAN, a ser

remunerado por subsídio, conforme Lei 16.914/2010 (anexo II).

Segundo consta do referido expediente, estão previstos em lei

1.614 cargos de Assistente de Trânsito, 109 cargos de Analista de Trânsito e 51 cargos de

Advogado e destes, estariam disponíveis para provimento por concurso público apenas os

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cargos integrantes da classe A, referência I, ou seja, 610 (seiscentos e dez) cargos de

assistente de trânsito, 11 (onze) cargos de analista de trânsito e 04 (quatro) cargos de

advogados, os quais são os cargos iniciais das carreiras.

No expediente, o então Presidente do DETRAN propôs a

alteração da Lei 16.914/2010, a fim de possibilitar que a movimentação do nº de vagas para

os cargos de Assistente de Trânsito, Analista de Trânsito e Advogados, nas respectivas

classes e referências seja efetivada mediante decreto do Chefe do Poder Executivo.

A proposta de alteração legislativa foi acatada e encaminhado

projeto de lei à Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, foi aprovado e se convolou na

Lei 18.326/2013. A autorização para a realização do concurso público, entretanto, até a

presente data não foi concedida (anexo II)

No mês de junho de 2014, o Governador Marconi Ferreira

Perillo Júnior editou o Decreto nº 8.190 de 13 de junho de 2014, o qual estabelece o seguinte:

Art. 1º. Fica o Departamento Estadual de Trânsito – DETRAN – autorizado a celebrar contratos temporários, nos termos da Lei nº 13.664/2000, com alterações posteriores, especialmente as constantes das Leis 18.190, de 16 de outubro de 2013 e 18.501, de 09 de junho de 2014, mediante processo seletivo simplificado e para jornada semanal de 40 (quarenta) horas, devendo as despesas mensais deles decorrentes observar os quantitativos e valores seguintes:

I – nível médio, limitado a 310 (trezentos e dez) contratos, com vencimento de R$ 1.800,00 (um mil e oitocentos reais);

II – nível superior, limitado a 36 (trinta e seis) contratos, com vencimento de R$ 2.900,00 (dois mil e novecentos reais).

§ 1º. O pessoal a que se referem (sic) os contratos temporários previstos no inciso I deste artigo deverá possuir formação profissional em:

I – diversos: 308 (trezentos e oito)II – cadista: 02 (dois)

§ 2º. O pessoal de qu tratam os contratos temporários

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previstos no inciso II deste artigo deverá possuir a formação profissional a seguir especificada:

I – administrador: 3 (três);II – advogado: 8 (oito);III – arquiteto: 1 (um);IV – bacharel em direito: 20 (vinte);V – contador: 1 (um);VI – engenheiro civil: 2 (dois);VII – engenheiro elétrico: 1 (um).

Art. 2º. Compete ao Presidente do Departamento Estadual de Trânsito – DETRAN – a expedição de atos normativos complementares que se fizerem necessários ao cumprimento deste Decreto.

Dando execução à decisão governamental, no dia 17/06/2014, o

Secretário de Estado de Gestão e Planejamento, com base no artigo 2º, inciso VIII, alínea “a”

da Lei 13.664/2000, bem como no Decreto 8.190 de 13 de junho de 2014, publicou o Edital

011/2014, relativo a processo seletivo simplificado para a contratação de servidores

temporários para o DETRAN (anexo II).

Segundo o edital, o processo seletivo será realizado por meio de

avaliação curricular (item 7.1 do edital) e destinar-se-á à seleção de candidatos a serem

contratados, em caráter temporário, para o preenchimento de 36 (trinta e seis) vagas de

“Analista Temporário de Trânsito” e 310 (trezentos e dez) vagas de “Assistente

Temporário de Trânsito”, de acordo com o Decreto Estadual nº 8.190 de 13 de junho de

2014 (item 1.3 do edital).

Ainda segundo o instrumento convocatório, o prazo da

contratação será de 03 (três) anos, ou o que vier a estipular a Lei 13.664/2000, na data

da assinatura do contrato (item 1.4 do edital).

Segundo o cronograma estabelecido no edital:

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Nos termos do edital, dentre a sua publicação e a homologação

do resultado final decorrerão apenas 18 (dezoito) dias.

A remuneração prevista no edital para os cargos de “Analista

Temporário de Trânsito” é de R$ 2.900,00 (dois mil e novecentos reais) (item 9.4 do edital)

e para o cargo de “Assistente Temporário de Trânsito” é de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos

reais), tudo nos termos do item 9.4 e 9.7 do edital e do artigo 1º, inciso I e II do Decreto

8.190 de 13 de junho de 2014, em que se funda o processo seletivo deflagrado.

Como se vê, apesar de o DETRAN possuir na sua estrutura de

pessoal cargos de carreira regularmente criados pela Lei 15.190/2005, com as alterações

introduzidas pela Lei 16.914/2010, o ESTADO DE GOIÁS e a autarquia recusam-se a

cumprir o disposto no artigo 37, inciso II, da Constituição Federal e no artigo 92, inciso II, da

Constituição Estadual e mantêm, há quase dez anos, no exercício das funções dos cargos

permanentes, servidores cedidos de outros órgãos, a maioria comissionados. Agora, a

pretexto de suprir “necessidade temporária e de excepcional interesse público”,

conforme previsto no artigo 37, inciso IX, da Constituição Federal, no artigo 92, inciso

X, da Constituição Estadual e no artigo 2º, inciso VIII, alínea a, da Lei 13.664/2000,

pretendem substituir os servidores comissionados por servidores temporários, ou quiçá,

mantê-los todos em exercício, em total afronta à Constituição Federal e às leis.

Não obstante deflagrado aos 17/06/2014, com a publicação do

edital, a conclusão do processo seletivo está prevista para o dia 04/07/2014, um dia antes do

início do prazo previsto no artigo 73 da Lei 9.504/97, no qual é vedada a nomeação,

contratação e qualquer forma de admissão de servidores públicos, em ano eleitoral, como o

presente, ressalvada a hipótese de concurso público regularmente homologado até a referida

data.

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Os fatos acima narrados traduzem evidente violação ao

princípio da legalidade, da publicidade, da moralidade administrativa, da impessoalidade e da

eficiência, previstos no artigo 37, caput, da Constituição Federal, bem como às regras

inscritas no inciso II e IX do artigo 37 da Constituição Federal, no inciso II e X, da

Constituição Estadual, além de afrontar o disposto na Lei 13.664/2000, na Lei 15.190/2005 e

na Lei 16.914/2010.

Dessa forma, alternativa não restou ao Ministério Público senão

exercitar o seu poder de ação na defesa do patrimônio público, da coletividade e do

cumprimento da Constituição e das leis.

II – DO DIREITO

1. DA LEGITIMAÇÃO ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A legitimidade do Ministério Público para promover a defesa

do patrimônio público por meio da Ação Civil Pública advém tanto da Constituição Federal

quanto da legislação infraconstitucional.

Ao tratar das funções institucionais do Ministério Público,

assim estabeleceu a Constituição Federal:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

A Constituição do Estado de Goiás, de seu turno, determina:

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Art. 117. São funções institucionais do Ministério Público:

[…]

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

[…].

A Lei n.º 7.347 de 24 de julho de 1985, que disciplina a ação

civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a

bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, em seu artigo 5º,

inciso, I, com redação dada pela Lei n.º 11.448, de 15 de janeiro de 2007, estabelece:

Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação dada pela Lei n.º 11.448, de 2007)

I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei n.º 11.448, de 2007)

[...]

A Lei Orgânica Nacional do Ministério Público – Lei 8.625 de

12 de fevereiro de 1993 – estabelece:

Art. 25. Além das funções previstas nas Constituições Federal e Estadual, na Lei Orgânica e em outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério Público:

[...]

IV - promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei:

a) proteção, prevenção e reparação de danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e a outros interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e homogêneos;

b) anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público ou à moralidade administrativa do Estado ou do Município, de suas administrações indiretas ou fundacionais ou de entidades privadas de que participem.

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Por fim, prevê a Lei Complementar nº 25/98 – Lei Orgânica do

Ministério Público do Estado de Goiás:

Art. 46. Além das funções previstas na constituição Federal, na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, na Constituição Estadual e em outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério Público:

[…]

VI – promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei, para:

a) proteção, prevenção e reparação de danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e homogêneos;

b) anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público ou à moralidade administrativa do Estado ou do Município, de suas administrações direta, indireta ou fundacional ou de entidades privadas de que participem.

Os atos normativos ora mencionados, especialmente a

Constituição Federal, evidenciam a atribuição do Ministério Público para o exercício da Ação

Civil Pública e assentam a adequação dessa via para a defesa do patrimônio público.

Logo, dúvidas não pairam quanto à legitimidade ativa do

Ministério Público para figurar no polo ativo desta ação, inclusive para a declaração de

nulidade de ato administrativo que viole princípios e regras norteadores da Administração

Pública, bem como para impor obrigação de fazer ao DETRAN e ao ESTADO DE GOIÁS,

na defesa do patrimônio público.

2. DA NULIDADE DO DECRETO 8.190 DE 13/06/2014, DO EDITAL 011/2014, DO

PROCESSO SELETIVO E DAS CONTRATAÇÕES TEMPORÁRIAS NELES

FUNDADOS – DA IMPERIOSA NECESSIDADE DA REALIZAÇÃO DE

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CONCURSO PÚBLICO

2.1. DA VIOLAÇÃO AO ARTIGO 37, INCISO, II E IX DA CONSTITUIÇÃO

FEDERAL E AO ARTIGO 92, INCISO II E X DA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, inciso IX,

autorizou o recrutamento de uma categoria específica de servidores – os servidores

temporários – sujeitos a um regime especial. Eis o que dispõe o referido artigo:

Art. 37. […]

[...]

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;

[…].

Na mesma senda, o Estado de Goiás assim estabeleceu no artigo

92, inciso X, da Constituição Estadual:

Art. 92. […]

[…];

X – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público;

[…].

No âmbito do Estado de Goiás, o instrumento legislativo que

disciplina os casos de contratação temporária é a Lei 13.664/2000.

Nos termos do artigo 2º da Lei 13.664/2000:

Art. 2º. Considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público aquela que comprometa a prestação contínua e eficiente dos serviços próprios da administração pública, nos seguintes casos:

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I – assistência a situações de calamidade pública;II – combate a surtos endêmicos;III – admissão de professor substituto e professor visitante;IV – admissão de professor e pesquisador visitante estrangeiro;V – admissão de profissional de saúde substituto, bem como de outros recursos humanos na área de saúde, também em regime de substituição, necessários ao desenvolvimento de atividades de convênios e contratos firmados com a União, os Estados, Municípios, suas autarquias e fundações;VI – censo para implementação de políticas sociais;VII – campanhas preventivas de vacinação contra doenças;VIII – atendimento urgente a exigências do serviço em decorrência da falta de pessoal concursado e para evitar o colapso nas atividades afetas aos setores de:a) trânsito, transporte, obras públicas, educação, segurança pública, assistência previdenciária, comunicação e outras negociais de captação de recursos destinados, preponderantemente, aos Programas da Rede de Proteção social do Estado de Goiás;b) segurança educacional e de educação e orientação social, no âmbito da Secretaria de Cidadania, para suprir necessidades de unidade socioeducativa de atendimento a adolescentes em situação de conflito com a lei;c) desenvolvimento de atividades socioculturais inclusivas de educação, arte e cultura, especialmente destinadas a crianças e adolescentes, no âmbito das unidades culturais e educativas da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira – AGEPEL;IX – vigilância e inspeção, relacionadas com a defesa agropecuária, no âmbito da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e de suas jurisdicionadas, para atendimento de situações emergenciais ligadas ao comércio estadual ou interestadual de produtos de origem animal ou vegetal ou de iminente risco à saúde animal, vegetal ou humana.

Conforme se extrai dos autos, em especial do Edital 11/2014, a

contratação temporária pelo DETRAN está fundada no artigo 2º, inciso VIII, alínea a, da Lei

13.664/2000, qual seja “atendimento urgente a exigências do serviço em decorrência da

falta de pessoal concursado e para evitar o colapso nas atividades [...]”.

A interpretação desse dispositivo deve ser feita em consonância

com o que estabelece o artigo 37, inciso IX, da Constituição Federal e o artigo 92, inciso X,

da Constituição Estadual, isto é, o atendimento urgente a exigências do serviço em

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decorrência da falta de pessoal concursado deve estar diretamente relacionado a uma

necessidade temporária e de excepcional interesse público.

É dizer: não é qualquer exigência do serviço que autorizará a

contratação temporária, mas uma exigência decorrente de uma necessidade temporária e de

excepcional interesse público, não passível de ser suprida com os servidores concursados do

quadro.

Os textos constitucionais são de clareza meridiana: a

necessidade a ser suprida deve ser uma necessidade temporária e, ainda, de excepcional

interesse público. Assim, não se presta a contratação temporária para suprir uma necessidade

permanente, ainda que temporariamente não atendida, porquanto, para isso deverá a

Administração dispor dos recursos humanos necessários ao suprimento dessas necessidades.

Ao comentar o regime especial de contratação temporária, em

especial o requisito constitucional consubstanciado na necessidade temporária de excepcional

interesse público, Carvalho Filho acentua:

Depois, temos o pressuposto da temporariedade da função: a necessidade desses serviços deve ser sempre temporária. Se a necessidade é permanente, o Estado deve processar o recrutamento através dos demais regimes. Está, bem por isso, descartada a admissão de servidores para o exercício de funções permanentes; se tal ocorrer, porém, haverá indisfarçável simulação, e a admissão será inteiramente inválida. Lamentavelmente, algumas Administrações, insensíveis (para dizer o mínimo) ao citado pressuposto, tentam fazer contratações temporárias para funções permanentes, em flagrante tentativa de fraudar a regra constitucional. Tal conduta, além de dissimular a ilegalidade do objetivo, não pode ter outro elemento mobilizador senão o de favorecer a alguns apaniguados para ingressarem no serviço público sem concurso, o que caracteriza inegável desvio de finalidade (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 27. ed. rev. ampl. atual. São Paulo: Atlas, 2014).

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Esse, aliás, o entendimento dominante no Supremo Tribunal

Federal, exarado em várias Ações Diretas de Inconstitucionalidade. Transcrevem-se, por

necessário, alguns acórdãos:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI AMAPAENSE N. 765/2003. CONTRATAÇÃO POR TEMPO DETERMINADO DE PESSOAL PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PERMANENTES: SAÚDE; EDUCAÇÃO; ASSISTÊNCIA JURÍDICA; E, SERVIÇOS TÉCNICOS. NECESSIDADE TEMPORÁRIA E EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO NÃO CONFIGURADOS. DESCUMPRIMENTO DOS INCISOS II E IX DO ART. 37 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. EXIGÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. PRECEDENTES. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PROCEDENTE. (ADI 3116, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 14/04/2011, DJe-097 DIVULG 23-05-2011 PUBLIC 24-05-2011 EMENT VOL-02528-01 PP-00062)

CONSTITUCIONAL. LEI ESTADUAL CAPIXABA QUE DISCIPLINOU A CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE SERVIDORES PÚBLICOS DA ÁREA DE SAÚDE. POSSÍVEL EXCEÇÃO PREVISTA NO INCISO IX DO ART. 37 DA LEI MAIOR. INCONSTITUCIONALIDADE. ADI JULGADA PROCEDENTE. I - A contratação temporária de servidores sem concurso público é exceção, e não regra na Administração Pública, e há de ser regulamentada por lei do ente federativo que assim disponha. II - Para que se efetue a contratação temporária, é necessário que não apenas seja estipulado o prazo de contratação em lei, mas, principalmente, que o serviço a ser prestado revista-se do caráter da temporariedade. III - O serviço público de saúde é essencial, jamais pode-se caracterizar como temporário, razão pela qual não assiste razão à Administração estadual capixaba ao contratar temporariamente servidores para exercer tais funções. IV - Prazo de contratação prorrogado por nova lei complementar: inconstitucionalidade. V - É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de não permitir contratação temporária de servidores para a execução de serviços meramente burocráticos. Ausência de relevância e interesse social nesses casos. VI - Ação que se julga procedente.(ADI 3430, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 12/08/2009, DJe-200 DIVULG 22-10-2009 PUBLIC 23-10-2009 EMENT VOL-02379-02 PP-00255)

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CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO: CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. C.F., art. 37, IX. Lei 9.198/90 e Lei 10.827/94, do Estado do Paraná. I. - A regra é a admissão de servidor público mediante concurso público: C.F., art. 37, II. As duas exceções à regra são para os cargos em comissão referidos no inciso II do art. 37 e a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público: C.F., art. 37, IX. Nessa hipótese, deverão ser atendidas as seguintes condições: a) previsão em lei dos casos; b) tempo determinado; c) necessidade temporária de interesse público excepcional. II. - Precedentes do Supremo Tribunal Federal: ADI 1.500/ES, 2.229/ES e 1.219/PB, Ministro Carlos Velloso; ADI 2.125-MC/DF e 890/DF, Ministro Maurício Corrêa; ADI 2.380-MC/DF, Ministro Moreira Alves; ADI 2.987/SC, Ministro Sepúlveda Pertence. III. - A lei referida no inciso IX do art. 37, C.F., deverá estabelecer os casos de contratação temporária. No caso, as leis impugnadas instituem hipóteses abrangentes e genéricas de contratação temporária, não especificando a contingência fática que evidenciaria a situação de emergência, atribuindo ao chefe do Poder interessado na contratação estabelecer os casos de contratação: inconstitucionalidade. IV. - Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.(ADI 3210, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 11/11/2004, DJ 03-12-2004 PP-00012 EMENT VOL-02175-02 PP-00203 RDA n. 239, 2005, p. 457-463 RF v. 101, n. 379, 2005, p. 237-242 LEXSTF v. 27, n. 314, 2005, p. 59-71 RTJ VOL-00192-03 PP-00884)

Na ADI 3068/DF, julgada aos 25/08/2004, o Supremo Tribunal

Federal, de forma antagônica à jurisprudência sedimentada da Corte, reconheceu a

possibilidade de contratação temporária para o desempenho de atividades de natureza regular

e permanente, desde que em caráter eventual, temporário e excepcional. Na hipótese

discutida nos referidos autos, a contratação prevista na lei impugnada objetivava suprir

necessidade permanente do CADE, em razão de não possuir quadro com cargos permanentes

regularmente criados por lei. Apesar da grande preocupação dos Ministros com uma possível

burla à regra do concurso público, a ADI foi julgada improcedente diante da peculiaridade da

situação, consubstanciada no fato de não possuir o CADE quadro de pessoal permanente

criado por lei.

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Essa posição, entretanto, não foi reafirmada posteriormente,

conforme se extrai da ementa dos acórdãos acima transcritos, exarados depois do julgamento

da ADI 3068/DF.

Necessário registrar, ainda, que os contratos temporários devem

ter prazo certo e determinado. Mas não é qualquer prazo. É o prazo necessário para o

atendimento da necessidade ou restabelecimento da normalidade. Assim diante de uma

necessidade temporária, excepcional, a contratação temporária somente será lícita se

efetivada pelo prazo necessário ao atendimento da situação excepcional. E isso deve resultar

devidamente justificado no ato autorizativo da contratação, sob pena de violação ao

princípio da motivação dos atos administrativos.

Conforme se extrai do Decreto 8.190 de 13 de junho de 2014,

que autorizou a contratação temporária disciplinada por meio do Edital 11/2014 de

17/06/2014 – SEGPLAN -, objetivam o ESTADO DE GOIÁS e o DETRAN contratar

servidores temporários para o exercício de funções próprias de cargos permanentes,

integrantes do quadro de carreira do DETRAN, atualmente exercidas por servidores

comissionados, em sua maioria, em razão de não terem sido os cargos providos por concurso

público. No referido ato administrativo não há nenhuma justificativa relativa à

excepcionalidade da situação a exigir a contratação temporária, a não ser a invocação

da disposição genérica do artigo 2º, inciso VIII, alínea a, da Lei 13.664/2000.

Por outro lado, no Edital 11/2014 que regulamentou o processo

seletivo para a contratação autorizada por meio do Decreto 8.190/2014, estabeleceu-se que “o

prazo da contratação será de 03 (três) anos, ou o que vier a estipular a Lei 13.664/2000,

na data da assinatura do contrato” (item 1.4 do edital).

O estabelecimento de cláusula temporal contratual alternativa se

deu porque já se encontra em tramitação a ADI nº 81018-34, no Tribunal de Justiça do

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Estado de Goiás, proposta pelo Ministério Público do Estado de Goiás, na qual se questiona a

constitucionalidade da Lei 18.190/2013, que alterou o artigo 1º da Lei 13.664/2000, e

estipulou, de forma global, em 3 (três) anos, o prazo máximo para a contratação temporária

no Estado de Goiás. A redação original da Lei 13.664/2000 fixava tal prazo em 1 (um) ano.

Também, tramita na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás

o Projeto de Lei 249 de 13/05/2014, o qual propõe a revogação da Lei 18.191/2013, que, se

for aprovado, restabelecerá o disposto originalmente na Lei 13.664/2000.

O estabelecimento de cláusula alternativa bem evidencia o

descompasso da contratação pretendida com as hipóteses e fins constitucionais. O prazo

da “necessidade temporária” não há que variar ao bel prazer do administrador. Por outro lado,

no caso ora discutido, a necessidade temporária fundamentou-se na cláusula genérica do

artigo 2º, inciso VIII, alínea a, da Lei 13.664/2000 – falta de pessoal concursado.

Considerando que o DETRAN tem quadro próprio de carreira devidamente criado, não

provido por concurso público, é incogitável que a realização do concurso público, em

situação de normalidade, imponha uma contratação temporária por 3 (três) anos!!!!

Nesse passo, necessário pontuar que, apesar de o DETRAN

contar com um quadro de carreira previsto em lei, desde o ano de 2005, reluta o ESTADO

DE GOIÁS e a autarquia em prover os cargos por concurso público e mantêm, mesmo com o

quadro de pessoal regularmente criado, de forma totalmente inconstitucional, servidores de

outros órgãos à disposição do DETRAN, a maioria comissionados, no exercício de funções

próprias de cargos efetivos.

Essa situação perdura há quase 10 (dez) anos e, em vez de fazer

cumprir a Constituição Federal e Estadual, deflagrando o concurso público para o regular

provimento dos cargos, o ESTADO DE GOIÁS persiste na atuação inconstitucional e

busca, por meio da contratação temporária noticiada nos autos, uma vez mais, burlar a

Constituição e a exigência de provimento dos cargos por concurso público, conforme

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previsto no artigo 37, inciso II da Constituição Federal e artigo 92, inciso II, da

Constituição Estadual.

O que se verifica nos autos não é uma necessidade temporária,

mas uma necessidade permanente, a qual, repita-se, já se estende por quase dez anos e se

projeta de forma indeterminada para o futuro, e não poderá ser suprida por meio de uma

contratação temporária, realizada ao arrepio da lei e da Constituição, com o objetivo evidente

de perpetuar a situação inconstitucional até hoje instalada.

Se há uma necessidade urgente é de realização do concurso

público, não de uma contratação temporária, de forma totalmente inconstitucional, em

substituição, ou quiçá para somar, à situação também inconstitucional até hoje

vivenciada, consubstanciada no exercício das funções dos cargos por servidores

comissionados cedidos por outros órgãos, em total desvio de função e com burla à regra

do concurso público.

O que pretendem o ESTADO DE GOIÁS e o DETRAN com a

contratação temporária, seja para substituir os servidores comissionados por servidores

temporários ou para somar estes àqueles é, sem dúvida, manter a situação inconstitucional

por tempo indeterminado e, assim furtarem-se ao cumprimento do que dispõe o artigo 37,

inciso II, da Constituição Federal e artigo 92, inciso II, da Constituição Estadual.

E assim se afirma porque, tivessem o ESTADO DE GOIÁS e a

autarquia a intenção de deflagrar o concurso público em curto espaço de tempo, porque

substituiria toda uma mão-de-obra que, embora sem a qualificação necessária, já está a

desempenhar o serviço, por outra que terá ainda de ser treinada para o exercício das funções e

que, em curso espaço de tempo, quando talvez nem tivesse ainda o treinamento necessário,

seria substituída por servidores concursados?

Sem contar que tal expediente em nada altera a situação de

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inconstitucionalidade instalada. Ao contrário, agrava-a.

Evidente o intuito do ESTADO DE GOIÁS e do DETRAN de

protelar, por tempo indeterminado, o provimento dos cargos por concurso público.

Por outro lado, a expressão excepcional interesse público

também guarda significado próprio e relevante.

Ainda na lição de Carvalho Filho,

O último pressuposto é a excepcionalidade do interesse público que obriga ao recrutamento. Empregando o termo excepcional para caracterizar o interesse público do Estado, a Constituição deixou claro que situações administrativas comuns não podem ensejar o chamamento desses servidores. Portanto, pode dizer-se que a excepcionalidade do interesse público corresponde à excepcionalidade do próprio regime especial. Algumas vezes o Poder Público, tal como sucede com o pressuposto anterior e em regra com o mesmo desvio de poder, simula desconhecimento de que a excepcionalidade do interesse público é requisito inafastável para o regime especial (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 27. ed. rev. ampl. atual. São Paulo: Atlas).

No caso dos autos, resulta evidente que a situação de

necessidade alegada pelo ESTADO DE GOIÁS, além de não ser “temporária”, decorre da

sua conduta omissiva de, por quase dez anos, recusar-se a prover os cargos públicos de

carreira do DETRAN por meio de concurso público.

Como sustentar que há um excepcional interesse público em

manter uma situação de flagrante inconstitucionalidade?

Se há excepcional interesse público, repita-se, reside ele

também na realização do concurso público e não na contratação temporária, ao arrepio

da lei e da Constituição.

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As exigências do serviço, assim, por permanentes, somente

serão atendidas adequadamente com o provimento dos cargos por concurso público, não com

a substituição de comissionados por temporários, contratados, repita-se, de forma

inconstitucional.

Por fim, se há uma situação de colapso, está ela no fato de o

ESTADO DE GOIÁS e o DETRAN recusarem-se a prover os cargos de carreira do

DETRAN por meio do concurso público, mantendo, assim, por quase uma década,

servidores comissionados, não habilitados regularmente em concurso público, no exercício

das funções próprias dos cargos efetivos. A contratação temporária, in casu, por

inconstitucional, apenas agravará a situação de colapso, provocada pela atuação

inconstitucional do gestor público. Será trocar seis por meia dúzia.

Como se vê, não se encontram preenchidos, in casu, os

requisitos legais que autorizam a contratação temporária no sistema constitucional brasileiro,

porquanto não objetiva ela atender uma necessidade temporária, de excepcional interesse

público, conforme exige a Constituição Federal em seu artigo 37, inciso IX, e a Constituição

Estadual, em seu artigo 92, inciso X, mas burlar a Constituição Federal em especial a

exigência de provimento dos cargos públicos por concurso público. O que se verifica nos

autos é uma necessidade permanente somente não atendida pela inércia, ou melhor,

pela recusa do gestor de cumprir a Constituição Federal, a Constituição Estadual e as

leis, e que somente pode ser adequadamente atendida com o provimento dos cargos por

concurso público.

Assim irrefutável que o Edital 011/2014 e o Decreto 8.190 de

13/16/2014 que autorizou a contratação temporária de servidores para o DETRAN violam

flagrantemente o artigo 37, inciso II e IX, da Constituição Federal, o artigo 92, inciso II e X,

da Constituição Estadual, o disposto na Lei 13.664/2000, na Lei 15.190/2005 e na Lei

16.914/2010, porquanto a contratação temporária autorizada não objetiva atender a uma

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necessidade temporária de excepcional interesse público, mas sim perpetuar uma situação de

inconstitucionalidade, consubstanciada no não provimento dos cargos de carreira do

DETRAN por concurso público.

Por essa razão, impositiva a declaração de nulidade dos

referidos atos administrativos.

2.2. DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE , DA MORALIDADE, DA

IMPESSOALIDADE E DA EFICIÊNCIA

Suplantada a questão anteriormente discutida, se Vossa

Excelência entender que necessária e juridicamente possível é a contratação temporária, até

que os cargos sejam providos por concurso público, ainda assim impositivo o

reconhecimento da nulidade do Edital 11/2014 de 17/16/2014 – SEGPLAN - por flagrante

violação ao princípio da legalidade, da publicidade, da moralidade, da impessoalidade e

da eficiência, esculpidos no caput do artigo 37 da Constituição Federal, no artigo 92,

caput, da Constituição Estadual.

Veja o que também estabelece o artigo 3º da Lei 13.664/2000:

Art. 3º. O recrutamento de pessoal a ser contratado, nos termos desta lei, será feito mediante processo seletivo simplificado, dentro dos critérios estipulados pelo órgão interessado no ajuste e sujeito a ampla e prévia divulgação.

Extrai-se do cronograma constante do Edital 11/2014 que o

processo seletivo para a contratação de “Assistentes Temporários de Trânsito” e “Analistas

Temporários de Trânsito” para o DETRAN foi deflagrado aos 17 de junho de 2014, com a

publicação do edital.

Nos termos do edital, o período de inscrições iniciou com a MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de Justiça

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publicação do edital – dia 17/06/2014 – e se estendeu até 23/06/2014, ou seja, por apenas 07

(sete) dias.

Nesse período, necessário ressaltar que no dia 17 e 23 de junho

o expediente administrativo no âmbito do Estado de Goiás estendeu-se somente até às 12

horas, em razão do Decreto 8.180/2014, editado em razão dos jogos da seleção brasileira na

Copa do Mundo.

Desse período, somente três dias úteis transcorreram. Isso

porque, além do expediente de meio período do dia 17 e 23 de junho, o dia 19 de junho foi

feriado nacional e o dia 21 e 22 de junho, sábado e domingo.

O período de entrega da documentação exigida para a análise

curricular deu-se no período de 17 a 25 de junho de 2014, ou seja, em apenas 05 (cinco)

dias úteis e, nesse período, de 17 a 23 de junho foi o período de requerimento e decisão

relativos à isenção da taxa de inscrição.

Embora a inscrição pudesse ser feita pela internet, a entrega da

documentação foi pessoal.

Em verdade, aquele que pretendia obter a isenção da taxa de

inscrição e não a obteve, teve, apenas o dia 24 e 25 para efetuar o pagamento da taxa e

entregar o envelope com a documentação exigida.

A homologação do resultado final está prevista para o dia

04/07/2014, ou seja, um dia antes do início do prazo previsto na Lei Eleitoral, no qual

são vedadas contratações de pessoal, à exceção dos processos seletivos homologados até

o início daquele prazo (artigo 73, inciso V, da Lei 9.504/97).

Como se vê, a fixação de prazos tão exíguos para a divulgação e

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conhecimento dos interessados foram totalmente insuficientes ao atendimento do princípio da

publicidade, conforme exigido pelo disposto no artigo 3º da Lei 13.664/2014 – ampla e

prévia divulgação – no artigo 37, caput , da Constituição Federal e artigo 92 caput da

Constituição Estadual.

Além de violar o disposto no artigo 3º da Lei 13.664/2000, a

falta de adequada publicidade ao processo seletivo, por meio de uma divulgação ampla, por

tempo razoável que permitisse o efetivo conhecimento de todos os interessados, afrontou o

princípio da publicidade, da moralidade, da impessoalidade e da eficiência, previsto no

artigo 37, caput, da Constituição Federal e artigo 92, caput, da Constituição Estadual,

porquanto tal conduta acabou por macular a lisura do processo seletivo, a possibilidade

de participação de todos os interessados e a possibilidade de escolha de melhores

candidatos.

Ademais, explícito resulta o propósito dos gestores públicos de

burlar a lei eleitoral, haja vista que a restrição dos prazos acabará por permitir a homologação

do processo seletivo, de forma totalmente inconstitucional, no dia 04/07/2014 e a nomeação

dos “aprovados” durante o período eleitoral, com graves prejuízos ao equilíbrio das eleições e

à igualdade de oportunidades entre os candidatos.

A evidente restrição à participação de interessados, de forma

ampla, está, também a indicar que o processo seletivo não foi deflagrado para a escolha dos

melhores candidatos, mas daqueles que, de forma privilegiada e direcionada, tiveram

possibilidade de ter conhecimento da decisão administrativa mesmo sem a publicidade

adequada e adotar as providências para participar da seleção.

Todos esses vícios e violações apontados acabam, ainda, por

evidenciar uma flagrante violação ao princípio da moralidade administrativa, a impor a

declaração de nulidade dos atos administrativos maculados.

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Portanto, ainda que superada a questão discutida no item

anterior, impositiva a declaração de nulidade do Decreto 8.190 de 13 de junho de 2014, do

Edital 11/2014, do processo seletivo nele fundado e de todas as contratações temporárias

deles decorrentes, pela flagrante violação ao princípio da legalidade, da publicidade, da

moralidade, da impessoalidade e da eficiência.

3. DA ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE

DA CESSÃO DE SERVIDORES COMISSIONADOS. DA VIOLAÇÃO AO

PRINCÍPIO DA NECESSIDADE

Conforme ficou demonstrado nos documentos que

acompanham esta inicial, o DETRAN e o ESTADO DE GOIÁS vêm mantendo, no

exercício das funções próprias dos cargos efetivos do DETRAN, servidores de outros órgãos,

a maioria comissionados, vinculados à SEGPLAN.

A cessão de servidores comissionados, na forma como noticiada

nos autos, afronta flagrantemente a Constituição Federal e Constituição Estadual.

Conforme ficou bem demonstrado nos autos, há vários anos um

grande número de servidores comissionados, vinculados à SEGPLAN, estão cedidos ao

DETRAN para suprir a falta de pessoal do órgão, em razão do não provimento dos cargos

por concurso público.

A admissão de tais servidores, nos termos da Constituição

Federal e Estadual, dá-se sem concurso público e somente para o exercício de funções de

direção, chefia e assessoramento.

Não obstante, tais servidores, nomeados sem concurso, em

caráter precário, com base no vínculo de confiança com quem os nomeou, foram cedidos pelo

ESTADO DE GOIÁS ao DETRAN para o exercício de funções próprias de cargos efetivos,

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com o objetivo explícito de burlar a Constituição Federal e a exigência de concurso público,

num total desvirtuamento do instituto da cessão e com explícito desvio de finalidade.

O Estatuto dos Servidores Públicos do Estado de Goiás não

cuida da cessão. Entretanto, a forma de investidura dos servidores comissionados, qual seja,

precária, baseada no vínculo de confiança entre a autoridade nomeante e o servidor, é

totalmente incompatível com o instituto da cessão, porquanto inconcebível que, baseando-se

o vínculo na fidúcia, possam as funções ser adequadamente exercidas, ausente a confiança

entre o servidor e a autoridade do órgão cessionário.

Sobre essa questão, o Tribunal de Contas dos Municípios do

Estado de Goiás editou a Resolução 0051/2001, por meio da qual, resolveu, acolhendo

Parecer nº 410/2001 da Superintendência Jurídica e o Parecer nº 016/2001 da Quinta

Auditoria,

que os cargos em comissão, dada a sua vinculação funcional e temporal com quem os nomeou, somente poderão exercer suas funções de assessoramento, direção ou chefia nos órgãos dirigidos por quem os nomeou, não podendo, destarte, serem colocados à disposição de outros órgãos.

Ainda, conforme demonstrado, há vários anos essa situação

encontra-se instalada no seio da Administração Pública Estadual, o que está a evidenciar a

total desnecessidade de tais cargos comissionados na estrutura da Administração Direta

Estadual.

Se necessários fossem, deveriam os servidores daqueles cargos

ocupantes estar exercendo as funções que lhe são próprias – direção, chefia e assessoramento

– no âmbito do órgão da autoridade nomeante e não funções próprias de cargos efetivos de

entes da Administração Indireta, em total desvio de finalidade.

Essa circunstância, evidenciando a desnecessidade dos cargos e

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das despesas deles decorrentes, está a impor a exoneração dos servidores deles ocupantes,

bem como a extinção dos referidos cargos, na forma do artigo 86, inciso VI, alínea b, da

Constituição Federal.

Entretanto, enquanto não providos os cargos iniciais de carreira

do quadro permanente do DETRAN por concurso público, entende esta Promotora de Justiça

que, por questão de razoabilidade, não devam tais cargos ser extintos imediatamente.

Isso porque o afastamento imediato de tais servidores, em razão

de seu grande número, trará prejuízos à continuidade dos serviços prestados pelo DETRAN.

Diante desse quadro, e por questões de razoabilidade, melhor que se mantenham tais

servidores no exercício das funções dos cargos efetivos da estrutura do DETRAN, até que

seja concluído o concurso público.

Na hipótese de entender Vossa Excelência que a contratação

temporária possa ser realizada para o atendimento de atividade permanente, desde que de

forma excepcional e temporariamente, tais servidores poderão, até que concluído seja o

concurso público, ser substituídos por servidores temporários, contratados pelo tempo

estritamente necessário à conclusão do concurso público, a partir de processo seletivo

válido, no qual sejam efetivamente observados os princípios regentes da atividade

administrativa.

De qualquer forma, independentemente da solução a ser

adotada por Vossa Excelência (manter os servidores comissionados ou admitir a contratação

temporária, a ser realizada em outro processo seletivo, de forma válida e pelo prazo

estritamente necessário para a conclusão do concurso público) certo é que, à medida que os

servidores comissionados forem devolvidos ao órgão de origem, devem eles ser exonerados,

e extintos os cargos, na forma do artigo 86, inciso VI, alínea b, da Constituição Federal, por

totalmente desnecessários à Administração Pública Estadual.

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III - DAS MEDIDAS ACAUTELATÓRIAS

1. DA MEDIDA CAUTELAR DE SUSPENSÃO DOS

EFEITOS DO DECRETO 8.190 DE 13/06/2014, DO EDITAL 11/2014 – SEGPLAN- E

DO PROCESSO SELETIVO NELES FUNDADO

Objetiva o Ministério Público, com o exercício do poder de

ação, dentre outros, a declaração de nulidade do Decreto 8.190 de 13/06/2014, do Edital

11/2014 de 17/06/2014 – SEGPLAN – do processo seletivo neles fundado e das contratações

temporárias deles decorrentes, nos termos do artigo 46, inciso VI, alínea b, da LC 25/98, c/c

Lei 7.347/85.

A possibilidade de concessão de medida acautelatória liminar,

na ação civil pública, é expressamente prevista no artigo 12 da Lei 7.347/85:

Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com o sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.

Tal dispositivo concretiza, no âmbito da jurisdição coletiva, o

poder geral de cautela do magistrado, a ser exercido, na forma e observados os requisitos

expressos no artigo 798 do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 798. Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula no Capítulo II deste livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação. (grifou-se)

Assim, no exercício do poder geral de cautela poderá o

magistrado determinar medidas provisórias, a fim de assegurar o resultado prático do

processo, presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora.

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No caso dos autos, os elementos amealhados durante a

tramitação do Inquérito Civil Público de registro nº 201200485751 em conjunto com toda a

argumentação exposta na inicial demonstram, com altíssimo grau de probabilidade, que o

Decreto 8.190 de 13/06/2014 e o Edital 11/2014 de 17/06/2014 – SEGPLAN – e o processo

de seleção neles fundado, padecem de vício insanável, porquanto violam o disposto no artigo

37, caput e inciso II e IX, da Constituição Federal, no artigo 92, caput, e inciso II e X, da

Constituição do Estado de Goiás, na Lei 13.664/2000, na Lei 15.190/2005 e na Lei

16.914/2010.

Ademais, o Edital 11/2014 de 17/06/2014 – SEGPLAN - viola,

ainda, o princípio da legalidade, da publicidade dos atos administrativos, da moralidade, da

impessoalidade e da eficiência.

Assim, flagrante é o vício de ilegalidade e inconstitucionalidade

do Decreto 8.190 de 13/06/2014, do Edital 11/2014 de 17/06/2014 – SEGPLAN – e do

processo seletivo neles fundado, a evidenciar a fumaça do bom direito necessária à concessão

de medida acautelatória que suspenda os efeitos dos referidos atos administrativos e o

processo de seleção, em âmbito liminar.

Tais vícios, insanáveis ressalte-se, se forem reconhecidos ao

final, por sentença, conduzirão à nulidade do Decreto 8.190 de 13/06/2014, do Edital 11/2014

de 17/06/2014 – SEGPLAN -, do processo seletivo com base nele realizado e das

contratações temporárias realizadas ao arrepio da Constituição Federal e Estadual, da Lei

13.664/2000, da Lei 15.190/2005 e da Lei 16.914/2010.

O periculum in mora, por sua vez, resulta evidenciado no fato

de que, se não forem suspensos, liminarmente, os efeitos do Decreto 8.190 de 13 de junho de

2014 e do Edital 11/2014 de 17/06/2014 – SEGPLAN – bem como o trâmite do processo de

seleção, este será homologado e realizadas serão as contratações temporárias de forma

totalmente inconstitucional, em período eleitoral e, até que se julgue o mérito da presente

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ação, já estarão os contratos em execução ou até mesmo já extintos, pelo decurso do prazo,

com sérios prejuízos à força normativa da Constituição, em especial aos princípios regentes

da Administração Pública.

Ademais, conforme ficou demonstrado ao longo desta inicial, a

fixação de prazos tão exíguos para a realização e conclusão do processo de seleção

disciplinado no Edital 11/2014 de 17/06/2014 objetivou, claramente, além de restringir ampla

concorrência, com sérios prejuízos ao princípio da publicidade, da impessoalidade, da

moralidade e da eficiência, burlar a Lei Eleitoral, haja vista que a homologação do certame

está prevista para 04/07/2014, um dia antes do início do prazo em que são vedadas

nomeações e contratações de servidores, exceto se homologados os processos seletivos até o

início do referido prazo. Irrecusável que as contratações que serão realizadas ao arrepio da

Constituição e das Leis, em especial da Lei 9.504/97, comprometerá o equilíbrio das eleições

vindouras.

Dessa forma, se não forem suspensos os efeitos do Decreto

8.190 de 13 de junho de 2014, do Edital 11/2014 de 17/06/2014 – SEGPLAN e do processo

seletivo que se encontra em andamento, antes que seja homologado o resultado final, as

contratações serão realizadas, com grave violação, além da Constituição Federal e Estadual,

da Lei 16.664/2000, da Lei 15.190/2005, da Lei 16.914/2010, à Lei 9.504/97 e ao equilíbrio

das eleições vindouras.

Assim, presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora,

indispensável a concessão de medida acautelatória liminar, sem a ouvida do ESTADO DE

GOIÁS e do DETRAN, em razão da urgência, consubstanciada na necessidade da concessão

do provimento antes que seja homologado o resultado final do certame, aos 04/07/2014.

O artigo 2º da Lei n. 8.437/92 dispõe que na ação civil pública,

a liminar será concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de

direito público, que deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas horas. MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS - 90ª Promotoria de Justiça

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Não obstante a dicção legal, o Superior Tribunal de Justiça e o

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás têm firmado o entendimento pela relativização do

referido dispositivo em razão da possibilidade de graves danos decorrentes da demora no

cumprimento da liminar, uma vez observada a referida norma. Vejamos:

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCESSÃO DE LIMINAR SEM OITIVA DO PODER PÚBLICO. ART. 2° DA LEI N. 8.437/1992. POSSIBILIDADE. PRAZO DECADENCIAL DE 120 DIAS. IMPETRAÇÃO PREVENTIVA. INAPLICABILIDADE.1. No caso dos autos, o Tribunal a quo, ao indeferir o pedido de suspensão da segurança, concluiu que não se afigurava o risco de grave lesão aos bens protegidos pela Lei n. 8.437/1992, mas, por outro lado, afirmou que a plausibilidade do direito se encontrava presente na ação em razão de sustentada interferência direta nas atividades do recorrido, já que este determinou a prestação de serviços sem interesse dos estabelecimentos afetados e o ato impugnado influiria na livre iniciativa das empresas.2. Sobre a alegada ofensa ao art. 2º da Lei n. 8.437/92, cumpre observar que esta Corte Superior tem mitigado, com base em uma interpretação sistemática, a aplicação do citado dispositivo, sobretudo quando o Poder Público, embora não tenha sido ouvido antes da concessão da medida liminar, deixa de comprovar prejuízo. Precedentes. (...)4. Recurso especial não provido. (REsp 1052430/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/04/2011, DJe 27/04/2011).

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONCESSÃO DE LIMINAR SEM OITIVA DO PODER PÚBLICO. ART. 2° DA LEI 8.437/1992. AUSÊNCIA DE NULIDADE.1. O STJ, em casos excepcionais, tem mitigado a regra esboçada no art. 2º da Lei 8437/1992, aceitando a concessão da Antecipação de Tutela sem a oitiva do poder público quando presentes os requisitos legais para conceder medida liminar em Ação Civil Pública.2. No caso dos autos, não ficou comprovado qualquer prejuízo ao agravante advindo do fato de não ter sido ouvido previamente quando da concessão da medida

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liminar 3. Agravo Regimental não provido.

RECURSO ESPECIAL. AUDIÊNCIA PRÉVIA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. LIMINAR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ART. 2º DA LEI N.º 8.437/92. PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE. PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. MITIGAÇÃO. PODER GERAL DE CAUTELA. 1. A medida liminar foi requerida em ação civil pública, em face do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, quando ainda tramitava o processo perante a justiça estadual, ocasião na qual a autarquia federal, após ser devidamente intimada, nos termos do art. 2º da Lei n.º 8.437/92, preferiu manifestar-se apenas sobre a incompetência absoluta daquele juízo. À luz dos princípios da eventualidade e da impugnação específica, informadores do sistema processual brasileiro, o recorrente não suscitou toda a matéria de defesa, disponível no momento em que foi chamado a manifestar-se nos autos, deixando de impugnar os fatos alegados pelo autor, que serviram de fundamento para a concessão da cautelar, acarretando a preclusão consumativa do direito processual que lhe foi outorgado, por força do art. 2º da Lei n.º 8.437/92. Precedentes. 3. O Superior Tribunal de Justiça tem flexibilizado o disposto no art. 2º da Lei n.º 8.437/92 a fim de impedir que a aparente rigidez de seu enunciado normativo obste a eficiência do poder geral de cautela do Judiciário. Precedentes. 4. Recurso especial não provido. (AgRg no Ag 1314453/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/09/2010, DJe 13/10/2010)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PERMUTA DE IMÓVEIS. LEI MUNICIPAL Nº 1483/2008. PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE OITIVA PRÉVIA DO ENTE PÚBLICO. VIOLAÇÃO DO ART. 2º DA LEI Nº 8437/92. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO REPRESENTANTE LEGAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. APRESENTAÇÃO DAS CONTRARRAZÕES ATEMPADAMENTE. NULIDADE NÃO CONFIGURADA. DECISÃO ULTRA PETITA CONFIGURADA. I- Não é ilegal a decisão judicial proferida na ação civil pública sem a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público para pronunciamento no prazo de setenta e duas (72) horas, pois tal ordem encontra-se mitigada no nosso ordenamento jurídico em face da possibilidade de ocorrer graves danos

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decorrente da demora no cumprimento da liminar, mormente se há nos autos provas suficientemente fortes. II - É de se rejeitar a arguição de nulidade de intimação do órgão ministerial ante a ausência de intimação pessoal se a sua representante legal ofertou, dentro do prazo legal, a peça de defesa, fato que supriu a suposta falha sem que houvesse prejuízo a quaisquer das partes. III- Em sendo a decisão recorrida proferida além da quantificação indicada na petição inicial pelo autor, deve-se reconhecer a sua nulidade em relação ao excesso, cabendo ao órgão recursal extirpá-lo, adequando-a ao pleito inicial. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E PROVIDO. (TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 260359-57.2010.8.09.0000, Rel. DES. JEOVA SARDINHA DE MORAES, 6A CAMARA CIVEL, julgado em 05/04/2011, DJe 800 de 14/04/2011)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ACAO CIVIL PUBLICA. LIMINAR CONTRA O PODER PUBLICO. INAUDITA ALTERA PARS. EXCEPCIONALIDADE. PERIGO DE DANO IRREVERSIVEL. PRESENCA DO FUMUS BONI IURIS. EMBORA O ARTIGO 2 DA LEI N. 8.437/92 ESTABELECA QUE A CONCESSAO DE LIMINAR EM ACAO DE MANDADO DE SEGURANCA COLETIVO E EM ACAO CIVIL PUBLICA ESTA CONDICIONADA A PREVIA AUDIENCIA DO REPRESENTANTE DA PESSOA JURIDICA DE DIREITO PUBLICO, QUE DEVERA PRONUNCIAR-SE NO PRAZO DE SETENTA E DUAS HORAS, NAO TEM A REGRA CARATER ABSOLUTO, DEVENDO SER INTERPRETADA EM CONFORMIDADE COM O ARTIGO 12 DA LEI N. 7347/85, SENDO QUE A LEI N. 8.437/92 VISOU APENAS COIBIR ABUSO NO MANEJO DE MEDIDAS CAUTELARES CONTRA A ADMINISTRACAO PUBLICA, MAS NAO TEM O EFEITO DE SOBREPOR-SE A PROPRIA EFICIENCIA DA TUTELA JURIDICA QUE O ESTADO REALIZA POR MEIO DO PROCESSO. AGRAVO DE INSTRUMENTO IMPROVIDO (TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 69490-0/180, Rel. DES. CARLOS ESCHER, 4A CAMARA CIVEL, julgado em 23/04/2009, DJe 337 de 20/05/2009)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA. NULIDADE DE ATO LEGISLATIVO. PEDIDO LIMINAR. OITIVA DO ÓRGÃO PÚBLICO MUNICIPAL. DESNECESSIDADE. PRESSUPOSTOS. EVIDENCIAÇÃO.

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1. Comprovada a possibilidade de dano irreparável e/ou de difícil reparação (periculum in mora) e relevante o fundamento do recurso (fumus boni iuris), em face da situação concreta dos fatos relatados nos autos, impõe-se a concessão da medida liminar independentemente de prévia oitiva do órgão público municipal. 2. Omissis. 3. Omissis. Recurso conhecido e improvido (TJGO, 4ª Câmara Cível, DJ 272 de 09/02/2009, acórdão de 27/11/2008, AI 65512-0/180, reator DES. STENKA I. NETO.)

2. DA TUTELA ANTECIPADA PARA A IMPOSIÇÃO DE

OBRIGAÇÃO DE FAZER AO ESTADO DE GOIÁS E AO DETRAN DE PROVER

OS CARGOS DE CARREIRA DO DETRAN POR CONCURSO PÚBLIC O

Os documentos que instruem a presente petição inicial

demonstram, de forma bastante contundente, que desde que foram criados os cargos de

carreira do DETRAN, a autarquia e o ESTADO DE GOIÁS recusam-se a dar cumprimento

ao artigo 37, inciso II, da Constituição Federal e artigo 92, inciso II, da Constituição Estadual

e mantêm, nos quadros do DETRAN, servidores de outros órgãos, à disposição da autarquia,

a maioria comissionados, no exercício das funções próprias dos cargos efetivos.

Com a edição do Decreto 8.190 de 13/06/2014 e do Edital

11/2014 de 17/06/2014, essa postura renitente do DETRAN e do ESTADO DE GOIÁS

resultou ainda mais evidenciada, porquanto, em vez de adotar providências para o

provimento dos cargos por concurso público, pretendem os réus substituir a mão-de-obra

comissionada à disposição do DETRAN por servidores temporários, contratados de

forma totalmente inconstitucional, pelo extenso prazo de 03 (três) anos.

Vale ressaltar que a situação de ilegalidade e

inconstitucionalidade decorrente do não-provimento dos cargos de carreira do DETRAN por

concurso público já se prolonga por quase 10 (dez) anos e deve ser imediatamente corrigida,

com a imposição, aos réus, em âmbito liminar, da obrigação de prover os cargos de carreira

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do DETRAN por concurso público.

Se assim não for, a situação de ilegalidade prolongar-se-á de

forma indefinida, até que seja julgado o mérito da presente ação, com sérios prejuízos aos

princípios regentes da Administração Pública, em especial, a legalidade, a moralidade, a

impessoalidade e a eficiência.

Tal situação, além de comprometer a força normativa da

Constituição Federal de 1988, compromete a qualidade e eficiência do serviço público,

porquanto o DETRAN manterá em seus quadros, por tempo indeterminado, servidores que

não demonstraram, por meio do concurso público, a aptidão necessária para o exercício das

funções do cargo público.

Assim, necessária a antecipação parcial da tutela pleiteada, para

impor ao DETRAN e ao ESTADO DE GOIÁS a obrigação de fazer de prover os cargos

iniciais dos quadros de carreira do DETRAN por concurso público.

Com o provimento dos cargos por concurso público, necessária

a devolução ao órgão de origem de todos os servidores comissionados irregularmente cedidos

ao DETRAN, conforme relação contida no ofício 87/GP-GGP de 20 de maio de 2014 (anexo

II), sua exoneração e extinção dos cargos, na forma do artigo 86, inciso VI, alínea b, da

Constituição Federal.

Ainda, objetivando evitar maior agravamento da situação

inconstitucional, deve ser imposta ao ESTADO DE GOIÁS e ao DETRAN a obrigação de

não celebrar novos atos de cessão de servidores comissionados ao DETRAN para o exercício

de funções próprias de cargos efetivos.

A possibilidade de concessão de medida acautelatória liminar,

em ação civil pública, é expressamente prevista no artigo 12 da Lei 7.347/85:

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Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com o sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.

Ainda, estabelece o artigo 273 do Código de Processo Civil:

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou

II – fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

De outro vértice, o Código de Defesa do Consumidor – Lei

8.078/90 – que se constitui em um dos mais importantes instrumentos do microssistema de

tutela coletiva brasileiro - estabelece, em seu artigo 83, aplicável à defesa de todo e qualquer

direito difuso, coletivo e individual, por força do disposto no artigo 21 da Lei 7.347/85,

acrescentado pelo artigo 117 do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este Código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

[…]

§ 3º. Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.

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§ 4º. O juiz poderá, na hipótese do § 3º ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.

Para a concessão da tutela antecipada, em se cuidando de tutela

coletiva, exige o legislador que o fundamento da demanda seja relevante e, ainda, que haja

justificado receio de ineficácia do provimento final.

A relevância do fundamento da demanda está na violação a

dispositivos constitucionais cuja observância é de grande importância para a eficiência dos

serviços públicos e garantia dos demais princípios constitucionais regentes da atividade

administrativa, previstos pelo artigo 37 da Constituição Federal.

Tais fundamentos encontram-se evidenciados pela prova

documental que acompanha a presente inicial.

Por outro lado, presente também se faz o fundado receio de

ineficácia do provimento final, conforme previsto no § 3º, do artigo 83 do Código de Defesa

do Consumidor c/c artigo 21 da Lei 7.347/85.

Tal requisito, que materializa o periculum in mora, encontra-se

consubstanciado diante da possibilidade de perpetuação da situação inconstitucional,

haja vista que, até que se julgue definitivamente o pedido, as funções dos cargos de carreira

do DETRAN permanecerão sendo exercidos por pessoas estranhas ao quadro, sem a

qualificação necessária para o seu exercício, aferida na forma prevista na Constituição –

concurso público – e com desvio de finalidade.

Por outro lado, uma vez providos os cargos de carreira do

DETRAN, manter os cargos comissionados comprovadamente desnecessários à

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Administração Pública Estadual, gerará gastos desnecessários, os quais serão suportados pelo

contribuinte em benefício de uns poucos.

Pelas razões expostas, em especial pela imperiosa necessidade

de fazer cessar a situação inconstitucional e evitar que se prolongue por mais tempo,

necessária a concessão da medida liminar, nos termos do artigo 12 da Lei 7.347/85, com a

ouvida prévia do DETRAN e do ESTADO DE GOIÁS, no prazo de 72 horas, nos

termos do artigo 2º da Lei 8.437/92.

IV - DOS REQUERIMENTOS FINAIS E DO PEDIDO

Diante o exposto, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO DO

ESTADO DE GOIÁS:

a) o recebimento da petição inicial;

b) a adoção do rito ordinário, nos termos do disposto no artigo

19 da Lei 7.347/85 c/c artigo 282 e seguintes do Código de Processo Civil;

c) a concessão liminar de medida cautelar, sem a ouvida

prévia do DETRAN e do ESTADO DE GOIÁS, nos termos do artigo 12 da Lei 7.347/85,

consistente na suspensão dos efeitos do Decreto 8.190 de 13/06/2014, do Edital 11/2014

de 17/06/2014 – SEGPLAN e do processo seletivo nestes fundado;

d) a concessão liminar de tutela antecipada parcial, após a

ouvida do DETRAN e do ESTADO DE GOIÁS, no prazo de 72 horas, a fim de:

d.1) impor ao DETRAN e ao ESTADO DE GOIÁS a

obrigação de fazer consistente em prover todos os cargos iniciais de carreira do DETRAN,

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com a deflagração de concurso público, com a urgência que o caso requer, em prazo a ser

estabelecido por Vossa Excelência, e nomeação imediata de todos os aprovados necessários

ao provimento de todos os cargos iniciais da carreira, após a homologação do concurso;

d.2) até a nomeação dos aprovados no concurso, dentro do

número de vagas, impor ao DETRAN e ao ESTADO DE GOIÁS a obrigação de fazer de

devolver todos os servidores comissionados cedidos ao DETRAN, ao órgão de origem,

conforme relação acostada ofício 87/GP-GGP (anexo II), e ao ESTADO DE GOIÁS

especificamente, por meio do Chefe do Poder Executivo, a exoneração de tais servidores e

extinção dos cargos, se integrantes estes da Administração Pública Estadual, na forma do

artigo 86, inciso VI, alínea b, da Constituição Federal, imediatamente após à devolução dos

servidores ao órgão de origem.

d.3) impor ao DETRAN e ao ESTADO DE GOIÁS a

obrigação de fazer de não celebrar novos atos de cessão de servidores comissionados para o

exercício de funções próprias dos cargos permanentes do DETRAN;

e) a citação do DETRAN, na pessoa de seu Presidente e do

ESTADO DE GOIÁS, na pessoa do Procurador-Geral do Estado, para que contestem o

pedido, no prazo legal;

f) a produção de todas as provas em direito admitidas, inclusive

testemunhal, cujo rol será oportunamente ofertado;

g) a isenção do pagamento de taxas e emolumentos,

adiantamentos de honorários periciais e quaisquer outras despesas processuais.

Postula, por fim, a PROCEDÊNCIA DO PEDIDO, para:

a) DECLARAR A NULIDADE do Decreto 8.190 de

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13/06/2014, do Edital 11/2014 de 17/06/2014 – SEGPLAN – do processo seletivo e das

contratações temporárias neles fundados;

b) IMPOR AO DETRAN E AO ESTADO DE GOIÁS

OBRIGAÇÃO DE FAZER consistente em:

b.1) prover todos os cargos iniciais de carreira do DETRAN,

com a deflagração de concurso público, em prazo a ser estabelecido por Vossa Excelência e

nomeação imediata de todos os aprovados necessários ao provimento de todos os cargos

iniciais da carreira, após a homologação do concurso;

b.2) até a nomeação dos aprovados no concurso, dentro do

número de vagas, devolver todos os servidores comissionados cedidos ao DETRAN, ao

órgão de origem, conforme relação acostada ao ofício 87/GP-GGP (anexo II), e ao

ESTADO DE GOIÁS especificamente, por meio do Chefe do Poder Executivo, a

exoneração de tais servidores e extinção dos cargos, se integrantes estes da Administração

Pública Estadual, na forma do artigo 86, inciso VI, alínea b, da Constituição Federal,

imediatamente após à devolução dos servidores ao órgão de origem;

c) IMPOR AO DETRAN E AO ESTADO DE GOIÁS A

OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER consistente em não celebrar novos atos de cessão de

servidores comissionados para o exercício de funções próprias dos cargos permanentes do

DETRAN;

Dá à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Goiânia, 01 de julho de 2014.

FABIANA LEMES ZAMALLOA DO PRADO

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