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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2013.0000358876
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0081668-48.2004.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante ASSOCIAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA SISTEL NO ESTADO DE SÃO PAULO - ASTEL, são apelados TELECOMUNICAÇÕES DE SÃO PAULO S/A TELESP TELEFONICA, VIVO S/A e FUNDAÇÃO SISTEL DE SEGURIDADE SOCIAL.
ACORDAM, em 2ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento parcial ao recurso, V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores RENATO DELBIANCO (Presidente sem voto), CLAUDIO AUGUSTO PEDRASSI E VERA ANGRISANI.
São Paulo, 18 de junho de 2013.
José Luiz GermanoRELATOR
Assinatura Eletrônica
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Apelação nº 0081668-48.2004.8.26.0100 33
Voto nº 15.218 (vsa)
Apelação Cível nº 0.081.668-48.2004.8.26.0100
Apelante: Associação dos Participantes da Sistel no Estado
de São Paulo - Astel
Apelados: Fundação Sistel de Seguridade Social,
Telecomunicações de São Paulo S/A Telesp e Telesp
Celular S/A
Comarca: São Paulo
Juiz: Renato Acacio de Azevedo Borsanelli
AGRAVO RETIDO DA FUNDAÇÃO SISTEL Denunciação da Lide. Ausência de requerimento de expressa reiteração em contrarrazões. Inteligência do artigo 523, § 1º, do CPC. Recurso não conhecido.
AGRAVOS RETIDOS DA TELESP CELULAR Legitimidade ativa da associação devidamente comprovada nos autos. Inteligência do art. 5º, XXI, da CF Procuração específica de propositura da ação em face de determina pessoa. Inexiste previsão legal. Admissão da procuração para a execução de atos necessários aos interesses da parte assistida Quesitos e documentos para realização de perícia judicial. Obediência aos princípios do contraditório, ampla defesa e lealdade processual. Inocorrência de prejuízo à parte.Recursos não providos. APELAÇÃO - AÇÃO COLETIVA SEGURIDADE SOCIAL ENTIDADE FECHADA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA
PLANO DE SAÚDE Alterações legais e contratuais. Diminuição na qualidade do serviço prestado aos assistidos aposentados em detrimento do elevado aumento de cobrança a título de custeio. Necessidade de adequação dos custos para equilíbrio financeiro e continuidade na prestação de serviços, reconhecendo-se, contudo, o direito adquirido dos aposentados em usufruir do plano médico pelo qual pagaram durante a vida laboral. Responsabilidade solidária entre as recorridas ao restabelecimento dos benefícios, de forma condizente a valor pago por seus assistidos, antes da reestruturação. Sucumbência
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recíproca.
Recurso provido em parte.
Trata-se de recurso de apelação interposto
nos autos da ação coletiva movida pela Associação dos
Participantes da Sistel no Estado de São Paulo Astel em
face Fundação Sistel de Seguridade Social,
Telecomunicações de São Paulo S/A Telesp e Telesp
Celular S/A com o fim de tutelar direitos coletivos e
individuais homogêneos de seus associados.
A r. sentença, cujo relatório se adota
(fls. 2755/2770), julgou improcedentes os pedidos
formulados, cassou a tutela antecipada anteriormente
deferida em parte e condenou a autora ao pagamento de
custas do processo e honorários advocatícios fixados em
20% sobre o valor da causa, corrigidos monetariamente pela
Tabela Prática deste Egrégio Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo desde o ajuizamento da ação.
A autora apela (fls. 2788/2825) requerendo,
em síntese, a reforma da r. sentença proferida em 1ª
instância para que as apeladas sejam condenadas
solidariamente ao restabelecimento do Plano de Assistência
Médica ao Aposentado PAMA em benefício de seus
assistidos à data de sua reestruturação, ou que sejam
condenadas a tomar providências que assegurem o resultado
equivalente ao adimplemento. Requer ainda, a reforma da r.
sentença para que as apeladas sejam condenadas “à
reposição de todas as transferências patrimoniais
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efetivadas pela Fundação Sistel à Telesp e Telesp Celular,
e/ou outras pessoas jurídicas controladas direta ou
indiretamente por elas e/ou por suas controladoras”.
Contrarrazões da Telesp Celular S/A (fls.
2831/2837), da Telecomunicações de São Paulo S/A Telesp
(fls. 2838/2868) e da Fundação Sistel de Seguridade Social
(fls. 2869/2904).
Pareceres do Ministério Público do Estado
de São Paulo (fls. 2909/2916) e da Douta Procuradoria
Geral de Justiça (fls. 2921/2930).
É o relatório.
O presente feito é volumoso e as razões
expostas pela autora, seja em sua peça exordial, como
também em suas teses recursais são um tanto quanto
extensas, como já destacado pelo douto magistrado de 1ª
instância e pelos ilustres representantes do Ministério
Público do Estado de São Paulo, em ambas as instâncias. De
qualquer forma, na medida do possível, segue resumo dos
fatos para melhor elucidar e solucionar a problemática
posta em juízo.
Verifica-se dos autos ter sido proposta
ação coletiva com pedido de antecipação de tutela pela
Associação dos Participantes da Sistel no Estado de São
Paulo Astel para a tutela de direitos coletivos e
individuais homogêneos de seus associados em face Fundação
Sistel de Seguridade Social e suas principais
patrocinadoras Telecomunicações de São Paulo S/A Telesp
e Telesp Celular S/A visando “(i) impedir as rés de
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promoverem a desintegração do patrimônio fundacional da
Sistel; (ii) obrigar as patrocinadoras a repor as parcelas
do patrimônio fundacional que já permitiram e incentivaram
fossem legalmente desmembradas; (iii) garantir e tornar
efetivo o direito adquirido dos participantes assistidos
da Sistel ao benefício de assistência médica qualificada
pelo qual pagaram durante sua vida profissional ativa e
que a Fundação Sistel está obrigada a prestar e a Telesp e
a Telesp Celular a patrocinar e garantir”.
Na peça inaugural sustenta que a Fundação
Sistel seria uma entidade fechada de previdência privada
criada em 1977 e que “embora o seu estatuto já mencionasse
os seus fins assistenciais, ao lado dos previdenciários,
não havia ainda a previsão de assistência médica”, o que
apenas ocorreu em 1990 por ocasião da segunda reforma
estatutária e que criou os planos PBS (Plano Básico de
Suplementação), PRV (Plano de Renda Vinculada) e PAMA
(Plano de Assistência Médica ao Aposentado), sendo este
último acessível apenas aos que optasse pelo PRV e não
pelo PBS.
Indica a autora que “o empregado que
optasse pelo PRV teria uma suplementação na sua
aposentadoria de modo a receber 90% do que recebia na
ativa. Já pelo PBS e pelos regulamentos básicos anteriores
receberia 100%. Em contrapartida, o PRV trazia conjugado a
si o PAMA, um plano de assistência médica aos assistidos
que deveria ser, segundo a lei (Lei 6.435/77, art. 39, §
1º) e o próprio regulamento do PAMA (doc. 10, art. 10),
inteiramente custeado pelas patrocinadoras”.
Aduz que o PRV não teria recebido
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expressivas adesões de modo que, na terceira reforma
estatutária realizada ainda em 1990, a Fundação Sistel
teria realizado a fusão entre os planos PRV e PBS criando
o “Plano de Benefícios da Sistel PBS” que limitava a
suplementação da aposentadoria a 90% do salário e
incorporava o PAMA.
Aduz que seus associados teriam pago
antecipadamente o PAMA ao longo dos anos trabalhados
mediante a retenção de 10% do valor integral de seus
salários reais de benefício para fruição após a
aposentadoria, de modo que teriam direito adquirido à
assistência médica do PAMA.
Em junho de 1991 sustenta a autora ter
havido uma “estranha” alteração no regulamento do PAMA e
que apenas teria sido comunicada aos associados treze anos
depois, em fevereiro de 2004. Narra que esta alteração não
teria seguido os trâmites necessários, nem recebido
aprovação externa pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social e que serviu para “baixar radicalmente
o nível de atendimento do PAMA”.
Alega a autora que, mesmo após a
privatização das empresas de telecomunicações, determinada
pela Lei 9.472/97, o grupo empresarial Telefônica,
adquirente do controle acionário das empresas envolvidas
na presente demanda, “tinha perfeita consciência das
obrigações e responsabilidades dessas companhias quanto ao
patrocínio dos planos de benefícios e assistência à saúde
da Fundação Sistel” e que os “direitos adquiridos dos
assistidos já estavam resguardados nos estatutos e
regulamentos anteriores da Fundação e dos respectivos
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planos por ela administrados”.
Aduz, entretanto, que as rés teriam criado
em agosto de 2000 o plano de contribuição definida
denominado “Visão Telesp” e que acarretou na migração de
cerca de 98% dos participantes da ativa da Fundação
Sistel, empregados da Telesp, havendo com isso “drástica
redução da receita do plano de benefícios definidos dos já
aposentados, já que a fonte de dinheiro novo deste
provinha contribuições dos empregados ativos”.
Ressalta na petição inicial que o processo
de migração, com a possibilidade de “portabilidade dos
direitos acumulados dos participantes” teria ocorrido
antes da promulgação da Lei Complementar nº 109/01, época
em que não seriam permitidos os planos de contribuição
definitiva, de modo que a migração teria nascido
ilegalmente. Ressalta também que a crise financeira do
PAMA teria sido premeditada e buscada pelas próprias
corrés em conluio, não obstante os seus associados fossem
participantes de plano de benefício definido, com adesão
anterior à edição da Lei Complementar nº 109/01 que
revogou a antiga Lei nº 6.435/77 e que tratava da entidade
fechada de previdência complementar.
Alega que os planos de previdência já
existentes e com benefícios já definidos aos aposentados
não poderiam ter sido transformados em planos de
contribuição definida, após a edição da Lei Complementar
nº 109/01, sem que houvesse a concordância de todos os
seus participantes, em especial porque tal alteração
supostamente não garante ao participante o recebimento de
valores próximos ao que receberia caso estivesse na ativa.
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Ainda na petição inicial menciona a autora
que, em 30.08.2001, a Federação Nacional das Associações
de Aposentados, Pensionistas e Participantes em Fundos de
pensão do Setor de Telecomunicações FENAPAS teria
ajuizado medida cautelar inominada em face da Fundação
Sistel no Rio de Janeiro, pleiteando, em síntese, a
abstenção da implantação de novas regras ao PAMA. A
liminar teria sido concedida e mantida em sentença sendo
que, no feito principal a sentença julgou o pedido
parcialmente procedente para reconhecer o direito
adquirido dos aposentados e assistidos de continuarem
usufruindo do PAMA como teria sido constituído. Recursos
teriam sido interpostos por ambas as partes, contudo,
antes da subida aos autos do Egrégio Tribunal de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro, as partes fizeram acordo,
homologado judicialmente e que teria sido assinado “pela
FENAPAS (que é a federação nacional das associações dos
aposentados das telecomunicações) e pelas associações de
todo o Brasil, menos pela ora autora, Astel, que congrega
os aposentados e demais assistidos apenas do Estado de São
Paulo”.
Justifica a autora sua discordância com o
acordo firmado entre a FENAPAS e demais associações com a
Fundação Sistel por entender que o acordo seria “muito
maroto” e que teria criado um plano paralelo ao PAMA,
sujeito a regras diferentes, dentre as quais o custeio,
que não mais caberia às patrocinadoras, mas sim a um
“fundo financeiro assistencial”, que “seria custeado
exclusivamente pelos usuários”.
Sustenta que os aposentados teriam que
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pagar por aquilo que já haviam pagado durante sua vida
profissional, e que, além da contribuição mensal teriam de
arcar com “uma co-participação nos eventos como fator de
moderação”, ou seja, “30% nas consultas, 25% nos exames
simples, 20% nos exames especiais, 20% nos outros
eventos”.
Informa a autora que em 10.02.2004 teria
sido proferida a sentença homologatória do acordo no
Estado do Rio de Janeiro, ocasião em que opôs embargos de
declaração alegando haver omissão quanto ao fato de não
ter anuído ao acordo homologado. Os embargos declaratórios
foram rejeitados, razão pela qual interpôs recurso de
apelação que, contudo, sequer teria sido admitido pelo
douto magistrado carioca, o que desencadeou a interposição
de agravo de instrumento junto ao Egrégio Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Este último recurso
obteve efeito suspensivo, entretanto, ao final foi-lhe
negado provimento.
Por fim, aduz a autora que atualmente a
Sistel estaria aumentando “de forma insuportável os custos
para os assistidos do PAMA, completando com aquilo que
eufemisticamente denominou de 'adequação da rede de
prestadores de serviços ao perfil de utilização dos
usuários do PAMA' e que, na realidade se concretizou com o
descredenciamento radical de clínicas, hospitais e
laboratórios que integravam a rede conveniada do PAMA”.
E, na interminável narrativa de sua
fundamentação, a autora pleiteia pelo reconhecimento de
que o PAMA teria sido pré-pago pelos assistidos da Sistel,
de modo que teriam direito adquirido a usufruir da
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assistência médica qualificada e semelhante aos empregados
na ativa, independentemente do pagamento de novas
contraprestações, dentre as quais os chamados “custos
compartilhados”. Pleiteia também pelo reconhecimento da
obrigação das patrocinadoras Telesp e Telesp Celular de
custear o PAMA no Estado de São Paulo, assim como a
inconsistência e invalidade da distribuição contábil do
patrimônio da Sistel, a incompatibilidade jurídica e
econômica da “portabilidade de direitos acumulados” e a
ilicitude das transferências patrimoniais de recursos
entre os planos.
Findos tais esclarecimentos, importante
destacar o motivo pelo qual o presente feito foi
distribuído a esta Colenda 2ª Câmara de Direito Público.
Tem-se que, em mais de uma oportunidade no presente feito,
desde o deferimento parcial da tutela antecipada (fls.
764/765) os agravos de instrumento interpostos foram
distribuídos e julgados por este órgão recursal,
inicialmente sob a relatoria do ilustre desembargador
Osvaldo Magalhães (fls. 1925/1928, 1929/1931, 1932/1934) e
posteriormente pela ilustre desembargadora Christine
Santini (fls. 2114/2119), dos quais este relator é o
sucessor da cadeira.
Ademais, as próprias partes litigantes
suscitaram preliminarmente a competência deste órgão
julgador, de forma que não seria crível, neste momento
processual determinar a redistribuição do presente feito,
cuja tramitação é de longa data.
Outro ponto que merece destaque é a
ausência de requerimento expresso da apelada Fundação
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Sistel para a apreciação do agravo retido interposto às
fls. 1634/1672 o que, nos termos do artigo 523, § 1º, do
Código de Processo Civil1, acarreta o não conhecimento do
recurso. Nas palavras de Nelson Nery Junior e Rosa Maria
de Andrade Nery “A não reiteração do agravo retido em
razões ou contrarrazões de apelação implica desistência
tácita do recurso, impedindo o seu conhecimento pelo
tribunal”2.
Com relação aos agravos retidos interpostos
pela apelada Telesp Celular S/A (fls. 1895/1898 e
2104/2106), não obstante mereçam conhecimento, em virtude
da reiteração expressa de análise perante suas
contrarrazões (fls. 2831/2837), estes não comportam
provimento.
No que diz respeito à ilegitimidade ativa
da associação autora para a propositura da presente
demanda a Associação dos Participantes da Sistel no Estado
de São Paulo age em nome próprio e tutela interesse ou
direito alheio e, nos termos do artigo 5º, XXI, da
Constituição Federal3 possui legitimidade expressa
extraordinária para a representação judicial de seus
associados.1 Art. 523, CPC. Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal dele conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação. § 1º. Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressamente, nas razões ou na resposta da apelação, sua apreciação pelo tribunal.2 Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante. 11ª edição, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo: 2010. P. 918.3 Art. 5º, CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXI as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
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E, nos termos do que fundamentou o douto
magistrado a quo por ocasião da decisão saneadora (fls.
1851/1853) e que desencadeou o mencionado agravo retido:
A alegação de
ilegitimidade de parte ativa não
merece acolhida. A documentação
acostada acaba por revelar que a
autora é associação legalmente
constituída há mais de um ano, e tem
por atribuição estatutária o
ajuizamento de ações coletivas em
defesa de seus associados (fls.
120/144). Assim, aplicável o disposto
nos art. 5º, inciso I e II da Lei
7347/85, art. 81 parágrafo único,
incisos I, II e III e art. 82, inciso
IV, ambos do Código de Defesa do
Consumidor.
Quanto à ausência de procuração específica
para a propositura do feito em face da apelada Telesp
Celular S/A, novamente como já ressaltado pelo douto
magistrado de 1ª instância, não há amparo legal e,
tampouco há necessidade de menção expressa contra quem
será ajuizada a ação no instrumento de mandato judicial
que, em verdade é outorgado para que os interesses da
parte assistida sejam devidamente representados, a
critério técnico do advogado. Neste sentido:
Não há
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necessidade de mencionar-se na
procuração judicial o nome da parte
contrária, contra a qual deve ser
proposta ou contestada a ação. (RT
519/252)
No que tange à impugnação de quesitos e
documentos juntados pela autora, ora apelante, para a
realização da perícia, a alegação de que deveriam ser
desentranhados por já constarem dos autos é totalmente
inócua e desnecessária. Se tais documentos já constavam
aos autos a nova juntada de cópias prejuízo algum causaria
à recorrente e a suposta juntada a destempo, igualmente,
não merece acolhimento, tendo em vista que tal ato foi
realizado justamente para viabilizar a análise pelo perito
judicial e consequente elaboração de laudo pericial.
Ademais, obedeceu-se aos princípios do contraditório e da
ampla defesa, assim como ao princípio da lealdade
processual, de forma que novamente, inexiste gravame à
agravante que pudesse dar ensejo ao acolhimento de suas
teses. Vale lembrar que não há nulidade sem prejuízo e o
processo é instrumental.
Quanto aos quesitos formulados pela autora,
ora agravada, e que supostamente abordam matéria jurídica
ou estranha ao trabalho do perito, há que se levar em
conta que a conclusão da perícia judicial não é vinculante
do entendimento do julgador, de modo que apenas deve
servir de embasamento na elaboração da sentença. O juiz
não está adstrito ao laudo, seja nas suas conclusões
técnicas e com maior razão nas suas eventuais conclusões
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jurídicas.
É sabido que a avaliação técnica não cabe
propriamente aos magistrados, até mesmo porque falta o
devido conhecimento técnico profissional para a respectiva
avaliação. Porém, cabe ao aplicador do direito a
fundamentação lógica jurídica, conforme seu convencimento,
de forma que os temas jurídicos eventualmente abordados em
perícia judicial não a prejudicam e são devidamente
analisados pelo julgador.
Ademais, referido laudo pericial (fls.
2282/2284) apenas concluiu que “conforme documento
apresentado pela Requerida SISTEL (folhas 2272/2274), em
uma projeção de 100 anos, a taxa média de custeio anual é
de 1,085%”, conclusão esta que apenas passou com critérios
contábeis, sem qualquer manifestação de cunho jurídico.
Feitas tais análises, os agravos retidos da
corré, ora apelada, Telesp Celular S/A não merecem
provimento.
No que tange ao recurso de apelação,
preliminarmente, merecem análises as preliminares arguidas
pela Telesp Celular S/A e Telecomunicações de São Paulo
S/A - Telesp acerca da suposta ausência de impugnação
recursal.
Referida tese não comporta acolhimento,
tendo em vista que o extenso recurso de apelação
interposto pela Associação efetivamente impugnou os fatos
que entendem merecem reforma na sentença que julgou
improcedentes os pedidos inaugurais e, não obstante haja
reiteração da longa explicação feita à exordial, e que
serviram de “resumo” da presente lide, houve apontamento
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das questões postas para análise perante esta instância
recursal.
Importante destacar que referida tese se
ausência de impugnação específica para a interposição
recursal já vem sendo arguida pelas apeladas, desde as
prévias interposições de recursos de agravos de
instrumentos, sendo que, especificamente nos autos nº
711.651/8-00, de relatoria da ilustre desembargadora
Christine Santine, tal alegação foi expressamente
afastada, nos seguintes termos: “Tampouco há falar em
falta de exposição das razões para a reforma da decisão,
ficando patente da petição de interposição do recurso os
motivos pelos quais entende a agravante merecer a
antecipação da tutela imediato cumprimento.”
Este julgador tem deixado de conhecer
alguns recursos puramente repetitivos, mas tal
entendimento deve ser aplicado com equilíbrio, sob pena de
muitos recursos não serem conhecidos e assim ficar
frustrado o princípio do duplo grau de jurisdição.
O que não se admite é o recurso que em nada
ataca a decisão recorrida, mas não é isso o que ocorre no
caso presente.
Com relação à preliminar de
intempestividade da apelação por interposição prematura,
tal tese igualmente não prospera.
Verifica-se dos autos que a sentença (fls.
2755/2770) foi publicada em 23.02.2012 (fls. 2771) e que a
própria Associação autora opôs embargos declaratórios
(fls. 2775/2782) que foram rejeitados pelo juízo de 1º
grau, cuja decisão foi publicada em 08.05.2012 (fls.
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2784). Após, a corré Telecomunicações de São Paulo S/A
Telesp opôs embargos de declaração (fls. 2786/2787) de
forma concomitante à interposição do recurso de apelação
da autora (fls. 2788/2825), sendo que na decisão de fls.
2826 o douto magistrado entendeu por bem manifestar-se
sobre ambas as petições conjuntamente, rejeitando os
embargos e recebendo a apelação em ambos os efeitos e já
determinando intimação das partes para contrarrazões.
Portanto, a Associação sequer foi intimada para novas
manifestações, cabendo às corrés, por sua vez, a
apresentação de contrarrazões, o que efetivamente se
seguiu às fls. 2831 em diante, seguida de manifestação
ministerial e determinação de remessa dos autos a este
Egrégio Tribunal de Justiça (fls. 2917).
Caso semelhante foi recentemente abordado
nos autos da apelação nº 0017274-31.2004.8.26.0068,
perante a 7ª Câmara de Direito Privado deste Egrégio
Tribunal de Justiça, sob a relatoria do ilustre
desembargador Lineu Peinado:
Para a interposição do recurso de apelação se exige, tão somente, a prolação da sentença, conforme se infere do art. 513 do CPC. Ademais, levando-se em conta que o julgamento dos embargos de declaração opostos pela recorrida não, modificou a sentença, entender-se pela intempestividade do recurso, apenas porque o mesmo não foi reiterado pelos embargantes, importaria em excesso de formalismo. Há entendimento desse Egrégio Tribunal nesse sentido: A interposição do recurso durante a interrupção do prazo motivada por embargos de declaração oportunamente
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opostos torna o recurso prematuro, mas não intempestivo. A exigência de ratificação do recurso durante a fluência do novo prazo configura excessiva formalidade, porque no caso de acolhimento dos embargos de declaração que tome desnecessária a apelação seria suficiente que a Corte dela não conhecesse tomando-a por prejudicada. Acresce que a ratificação do apelo depois de julgados os embargos de declaração é providência não prevista em lei, que exatamente por isso, não pode ser tomada como formalidade cuja inobservância leva à recusa do recurso.(Apelação nº 0009396- 90.2003.8.26.0100, Comarca de São Paulo, Apelante: Massa Falida de Capital Gráfica e Editora Ltda, Apelado: União Federal Fazenda Nacional, Relator: Pedro Baccarat, 7ª Câmara de Direito Privado)
Finalmente, no mérito, o recurso merece
parcial provimento. Isso porque, não obstante a maior
parte das teses trazidas pela apelante seja descabida, no
que diz respeito ao reconhecimento do direito garantido
dos aposentados em usufruir dos benefícios do plano pelos
quais pagaram durante sua vida laboral, o pleito é
procedente.
Nos termos do artigo 5º, inciso XXXVI, da
Constituição Federal “a lei não prejudicará o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Tal
preceito, constitucionalmente tutelado no ordenamento
jurídico brasileiro, no caso em tela assegura o direito
dos aposentados em usufruir dos benefícios do plano de
assistência médica pelo qual pagaram durante anos e,
eventuais alterações, legais ou contratuais, feitas
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posteriormente à aquisição de tais direitos não lhes
afrontará os direitos que já estavam consolidados, em
obediência à segurança jurídica que se espera do ato
jurídico perfeito.
Ainda que necessários certos ajustes
financeiros para a viabilização de tal fruição, imperioso
o fornecimento de assistência médica aos aposentados, nos
termos do que havia sido pactuado anos atrás, nos moldes
anteriores à reestruturação.
Nos termos do parágrafo único, do artigo 1º
do Regulamento do Plano de Assistência Médica ao
Aposentado (fls. 292/297 e 335/339), aos participantes do
plano são garantidos “o atendimento médico e hospitalar,
de modo semelhante ao proporcionado ao empregado da
patrocinadora, à qual o participante se encontrava
vinculado, quando em atividade”. E, no tocante à
responsabilidade, o artigo 3º do regulamento é expresso ao
dispor:
Art. 3º - A FUNDAÇÃO é responsável pelo gerenciamento financeiro, econômico e atuarial do PAMA, enquanto que a operação do mesmo é da responsabilidade conjunta da FUNDAÇÃO e das patrocinadoras, conforme o estabelecimento neste Regulamento e, de comum acordo, nos atos consequentes.
Para melhor elucidação da questão, seguem
trechos colacionados do brilhante parecer da Douta
Procuradoria Geral de Justiça (fls. 2921/2930) neste mesmo
sentido:
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Em suma, o PAMA é um serviço de assistência à saúde, destinado aos aposentados do antigo sistema Telebrás, criado sob a égide de um diploma legal que então permitia fazê-lo. Tal significa que fatos supervenientes, como a privatização do sistema, ou legislação idem, não podem prejudicar os seus beneficiários, nos termos do art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, dado que direito adquirido emanado de ato jurídico perfeito, praticado ao tempo da legislação de regência.
Não há dizer, na hipótese, que o serviço de assistência médica administrado pela Sistel, derivado de diferentes fontes de custeio, inclusive dos trabalhadores ativos do antigo sistema Telebrás, parte do salário de benefício dos aposentados, e das empresas patrocinadoras foi extinto, e que portanto não há burla à lei ao direito dos usuários. E isto porque não se vê como aspecto contraditório o fato de que o custeio do PAMA passou a ser feito exclusivamente pelos aposentados, tendo sido perdidos no processo de “reestruturação” as fontes de custeio dos funcionários da ativa e das antigas patrocinadoras, que apenas contribuem para o sistema de complementação da aposentadoria.
De se observar ainda mais dois aspectos de suma importância para o deslinde da questão.
O primeiro é que no próprio acordo de fls. 451/482 (item 2.2) as Patrocinadoras, agora na condição de empresas privatizadas, prosseguiram nessa condição (de patrocinadoras), do plano PBS-A (dos antigos empregados), para efeito de suplementação de aposentadorias.
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Todavia, o plano PBS, posteriormente PBS-A não contemplava somente a suplementação da aposentadoria. Para aqueles que aderiram ao PAMA, o PBS carregou consigo a assistência médica, logo as empresas que sucederam as antigas teles, têm o dever de prosseguir no patrocínio do plano, tanto quanto o têm para aposentadoria. E à Sistel cumpre buscar essa contribuição.
Há mais. Sabido que pela Súmula 321, do Superior Tribunal de Justiça, 'o CDC é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus particulares'. Se assim é, a conduta da Sistel (em solidariedade com os patrocinadores), não se ajusta aos arts. 51, IV, X e XIII, da Lei 8078/90.
Por final, nada obstante os doutos fundamentos contidos na r. decisão do primeiro grau, compreende-se que cabe, por dever, ao Judiciário intervir nas relações jurídicas discutias nestes autos, ainda porque é esta a essência da jurisdição, não outra.
Em suma, compreende-se pelo provimento parcial do recurso de molde que ao PAMA sejam devolvidas as condições anteriores à reestruturação consubstanciadas no acordo de fls. 451/484.
Em outras palavras, as apeladas realmente
são responsáveis solidárias pelo reestabelecimento do
Plano de Assistência Médica ao Aposentado PAMA em
benefício dos aposentados então assistidos à data da
reestruturação, ainda que se faça necessário o custeio
compartilhado entre estes e as recorridas. Contudo,
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considerando que os aposentados já são altamente cobrados
mediante a chamada “co-participação” ou “rateio”, destaca-
se que o custo já vem sendo dividido, não sendo plausível,
portanto, ainda, a redução dos benefícios, com a inovação
na cobrança de valores desarrazoados.
Desta feita, não pode ser admitida a
vultosa e expressiva perda de qualidade na prestação de
assistência médica aos aposentados pelo fato de ter havido
alteração nos quadros de patrocinadoras do plano de
assistência médica, especialmente no presente caso em que
a qualidade foi bastante reduzida (cita-se como exemplo a
redução da rede conveniada de hospitais de fls. 665/673 e
704), em detrimento do elevado aumento de valores cobrados
dos aposentados (fls. 675/696), sendo que tais ocorrências
se deram por decisões unilaterais provindas da Fundação
Sistel e de suas empresas patrocinadoras, nos termos
constantes do comunicado encaminhado aos assistidos do
PAMA e assinado pelo então presidente da Sistel, expedido
em julho de 2001, que trouxe as seguintes informações e
alterações (fls. 430/431):
“Conforme vimos falando há algum tempo, o custeio do Pama se tornou insuficiente... fazendo com que tenhamos que alterá-lo, visando a preservação dos serviços por ele fornecidos... O custeio do PAMA até então feito exclusivamente pelas empresas, passará, a partir de setembro de ... (ilegível) a ser feito, também, pelos participantes. Hoje o usuário somente participa das despesas referentes da sua utilização e do custo administrativo cobrado pelas operadoras... A partir de
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setembro passará a fazer uma contribuição, independentemente... variável em função da idade de cada usuário... Estamos, também, analisando a rede referenciada, de forma a serem excluídos aqueles credenciados que cobram valores superiores à média praticada, desde que na localidade existam outras alternativas. Estamos realizando este trabalho, em conjunto com as operadoras de saúde, com as quais mantemos contrato, o que tão logo seja concluído, entraremos em contato informando os estabelecimentos ou profissionais excluídos. Além disso, alguns procedimentos de custo estão sendo excluídos do Plano...
Conforme já decidido nos autos da apelação
nº 0173554-69.2006.8.26.0000, perante a 3ª Câmara de
Direito Privado e sob relatoria do ilustre Desembargador
Laerte Sampaio:
"Previdência privada. Suplementação de pensão. Alteração do Regulamento do Plano. Necessidade de ciência e concordância dos participantes. 1. O plano de previdência privada complementar, em atenção ao seu objetivo, que é a complementação dos benefícios da previdência oficial, se sujeita às suas previsões legais no tocante a natureza, cálculo e requisitos dos benefícios a serem complementados; por outro lado, como relação jurídica continuada e sucessiva, fica sujeita aos efeitos imediatos das novas normas de direito público, inclusive aquelas decorrentes da Lei n° 8.078/90. 2. É vedada a alteração unilateral do plano, de forma a causar prejuízo aos aderentes, retirando-lhes ou « reduzindo-lhes direitos ou impondo-lhes obrigações não previstas, diante do caráter protetivo da norma previdenciária e em
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atenção ao princípio "pacta sunt servanda". 3. Recurso provido." (Apelação nº 0173554-69.2006.8.26.0000, 3ª Câmara de Direito Público, Relator Desembargador Laerte Sampaio, j. 28.11.2006)
Nos termos do mencionado acórdão:
Conforme tem sido decidido por esta Câmara, identifica-se na relação jurídica de previdência fechada uma relevante natureza contratualista que se desenvolve mediante direitos e obrigações previamente estabelecidos no contrato de adesão e que desenvolvem de forma continuada e sucessiva. Emerge, pois, em primeiro lugar a inviabilidade da alteração unilateral do contrato diante a incidência do princípio "pacta sunt servanda". (...) É permitido concluir, em síntese, que o plano de previdência privada complementar deve ser interpretado: a) em atenção ao seu objetivo, que é a complementação dos benefícios da previdência oficial, sujeitando-se às suas previsões legais no tocante a natureza, cálculo e requisitos dos benefícios a serem complementados; b) por conter uma relação jurídica de direito material consumerista, subordina-se à proteção especial decorrente da Lei n° 8.078/90, principalmente aquela do seu art. 47: "as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor"; c) vigente o princípio "pacta sunt servanda" é vedada a alteração unilateral do plano de forma a causar prejuízo aos aderentes, retirando-lhes ou reduzindo-lhes direitos ou impondo-lhes obrigações não previstas; d) como relação jurídica continuada e sucessiva, fica sujeita aos efeitos
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imediatos das novas normas de direito público, inclusive aquelas decorrentes da Lei n° 8.078/90.
Desta forma, a alteração unilateral do
contrato, com evidente majoração de valores e diminuição
de benefícios e que acarretou prejuízos aos aposentados
não pode perdurar.
A tese da recorrida Telesp Celular S/A de
que “o custeio do PAMA é exclusivo das patrocinadoras,
tanto que os participantes nada pagam por terem a
possibilidade de usufruir a assistência médica
proporcionada pelo PAMA” cai por terra mediante a análise
documental acostada ao feito e que efetivamente comprova
os altos custos pelos quais os aposentados arcam com as
mensalidades cobradas, independentemente da efetiva
prestação dos serviços de assistência médica e que sofreu
forte redução de qualidade.
Segundo esta mesma apelada “os citados
associados não pagam apenas quando eles próprios utilizam
o plano; mas pagam sempre que qualquer um dos associados
utilizar o plano”, contudo o referido “rateio” entre os
aposentados no que tange às despesas de utilização dos
benefícios por outros é indevido, se considerarmos que, no
momento da efetiva prestação de serviços de assistência
médica por qualquer um dos aposentados, este mesmo já
desembolsa valores para o seu custeio, além da mensalidade
cobrada. O artigo 10, do regulamento do PAMA prevê a forma
de divisão de custeio e em relação aos aposentados a
disposição consta no artigo 16 do referido diploma e
artigos 20 e 21 do Estatuto e Plano de Benefícios da
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Sistel (fls. 306):
Art. 10 O PAMA é custeado pelas seguintes fontes de receita:I contribuição mensal das patrocinadoras, mediante o recolhimento de um percentual sobre a folha mensal de salários, de todos os seus empregados, conforme anualmente fixado no plano de custeio;II receitas das aplicações financeiras do fundo garantidor do PAMA;III dotações das patrocinadoras;IV outros recursos, não previstos nos itens precedentes.Parágrafo único O fundo garantidor do PAMA tem por finalidade garantir essa prestação e será constituído pelo excesso das receitas sobre as despesas previstas no plano de custeio.
(...)
Art. 16 A FUNDAÇÃO descontará da prestação previdencial, relativa ao mês subsequente do evento médico ou hospitalar, a importância devida pelo contribuinte assistido ou beneficiário pensionista, relativa à sua parte no pagamento do referido evento.
(...)
Art. 20 Para fins de cálculo das contribuições das patrocinadoras e dos participantes, o Regulamento de cada plano de benefícios previdenciais definirá um salário-de-participação para o contribuinte.
Art. 21 Os planos de custeio serão elaborados a partir das seguintes fontes de receita:I contribuição mensal dos participantes, contribuintes, fixada anualmente no próprio plano de custeio;
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II contribuição mensal das patrocinadoras, mediante o recolhimento de percentual sobre a folha mensal dos salários de todos os seus empregados, ou dos participantes dos planos de benefícios, conforme definido no plano de custeio, anualmente nele fixado;III joias dos participantes ativos, determinadas atuarialmente;IV dotações das patrocinadoras;V receitas de aplicações do patrimônio;VI parte dos lucros das patrocinadoras;VII doações, subvenções, legados e rendas extraordinárias não previstas nos itens precedentes.
Necessário, portanto, um recálculo de
valores, de modo que, ainda que haja custeio por parte dos
associados, o PAMA não seja exclusivamente pago por estes
quando, em verdade, a responsabilidade das patrocinadoras
permanece.
Indevido, contudo, reconhecer tal direito
adquirido de fruição da assistência médica qualificada
pelos aposentados de forma plena, de modo que nenhuma
alteração possa ser feita para equilibrar o defict
financeiro do plano de previdência. Neste sentido,
estipula o art. 19 do Estatuto e Plano de Benefícios da
Sistel (fls. 306):
Art. 19 O plano de custeio da FUNDAÇÃO consistirá na consolidação dos diversos planos de custeio, referentes aos planos de benefícios em operação.Parágrafo 1º. Cada plano de benefícios da FUNDAÇÃO terá o seu respectivo plano de custeio, que será
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anualmente reavaliado, devendo dele constar os regimes financeiros e os cálculos atuariais.Parágrafo 2º. Independentemente do disposto neste artigo, o plano de custeio será revisto sempre que ocorrerem eventos determinantes de alterações nas premissas e nos parâmetros fundamentais considerados durante a elaboração.
Indevido ainda o reconhecimento de
pagamento antecipado de forma integral e de modo que os
aposentados não mais tivessem que arcar com quaisquer
custos de manutenção ou mensalidade do plano, sob pena de
quebra do sistema e completa ineficiência no fornecimento
dos benefícios estipulados.
Isso porque, não obstante seja necessário o
reconhecimento de direito adquirido à fruição de
benefícios, por se tratar de verdadeira relação jurídica
continuativa, com vigência durante alterações contratuais
e legais, determinadas regras se submetem ao que foi
estipulado no tempo do ato celebrado, sendo admitida,
entretanto, a submissão de sua eficácia às normas atuais.
Dispõe o artigo 2.035, do Código Civil:
Art. 2.035, CC. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao dispositivo nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução.Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os
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estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.
Conforme leciona Nelson Rosenvald na obra
Código Civil Comentado4, de coordenação do ex-Ministro
Cezar Peluso, mencionado artigo traz verdadeira disciplina
acerca dos efeitos futuros e pendentes perante os
contratos pretéritos. Nas palavras do insigne professor:
Os fatos pendentes ou em via de realização -, separam-se em partes anteriores ou posteriores à data da vigência da lei nova. A parte pretérita do fato pendente concerne à alteração de consequências jurídicas que haviam sido determinadas pelas partes de acordo com a lei revogada. Se a nova lei dispõe sobre esses aspectos ela será taxada de retroativa. Já as partes posteriores dos fatos pendentes ao tempo da vigência da nova lei serão por ela capturadas. Já não se trata de retroatividade, mas de hipótese de aplicação imediata da lei.
A retroatividade da norma pode ser dividida em máxima, média e mínima. Ela é máxima (ou agravada) quando a lei nova desfaz a coisa julgada ou os efeitos já consumados da relação jurídica sob a égide da lei anterior (v.g., lei que determine teto de juros com restituição de valores já recebidos anteriormente, mas que ultrapassem tal patamar). A retroatividade é média (ou ordinária) quando a lei nova incide sobre as partes anteriores (pretéritas) dos fatos pendentes. Ilustrativamente, seria o caso do ocorrido com a vigência do art. 3º do Decreto n.
4 4ª edição, Editora Manole, 2010. P. 2321/2322.
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22.626/33, ao impor teto de juros às prestações futuras de contratos já existentes, com percentual expressivamente definidos pelas partes. Por fim, a retroatividade mínima (ou mitigada) quando a lei nova determina a sua aplicação apenas aos efeitos futuros dos atos jurídicos pretéritos.
Aqui não há de se falar propriamente em retroatividade mínima, mas em aplicação imediata da lei, pois ao contrário das duas primeiras espécies de retroatividade (máxima e média), a lei não dá um salto para trás, nem tampouco interfere em consequências que já haviam sido definidas pelos contratantes. Por isso também é conhecida como retroatividade aparente ou inautêntica, eis que age sobre relações jurídicas passadas tão somente no sentido de disciplinar efeitos futuros.
(...) Há uma correta separação entre os planos de validade e eficácia do negócio jurídico. A validade do ato será disciplinada pela lei vigente ao tempo de sua conclusão, independentemente de qualquer alteração posterior. (...) Porém, quanto à eficácia do negócio jurídico, aos contratos de execução sucessiva no tempo, cujos efeitos não foram previstos pelas partes (partes posteriores dos fatos pendentes), aplicaremos o Código Civil de 2002 mesmo para os contratos efetivados antes da sua vigência.
(...) Segundo Gabba o direito adquirido é aquele já incorporado ao patrimônio de uma pessoa e que pode ser exercido a qualquer tempo, pois já se constituiu em direito subjetivo de seu titular. O ato jurídico perfeito, por sua vez, é o negócio jurídico
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fundado em lei e consumado no passado, pois todos os seus elementos constitutivos foram verificados. Ambos expressam valores derivados do ideal de segurança jurídica, mas não podem ser superdimensionados, sob pena de engessamento do sistema jurídico e impossibilidade de atualização de modelos jurídicos.
No presente caso, entende-se que o direito
de fruição aos aposentados efetivamente se constitui em
direito adquirido, de modo a integrar o patrimônio
jurídico de cada um dos assistidos. Entretanto, no que
tange à forma de fruição de tais benefícios, há verdadeiro
efeito pendente de contrato pretérito, razão pela qual o
reconhecimento do direito adquirido não pode ser feito de
forma plena e irrestrita, cabendo sim no presente caso a
revisão dos termos contratuais, desde que não seja feita
de forma unilateral como já disposto anteriormente.
Importante destacar que os fatos pendentes
não se confundem com o direito adquirido e, tampouco
representam exceção do princípio da irretroatividade,
visto que, nos termos da explanação acima e do artigo 6º
da Lei de Introdução às normas de Direito Brasileiro5,
caracteriza mero efeito imediato.
Referida disposição legal está retratada
contratualmente no artigo 9º, do Regulamento do PAMA (fls.
295) que dispõe “A FUNDAÇÂO poderá, a qualquer tempo, com
base no equilíbrio do plano de custeio do PAMA, ampliar ou
limitar a sua abrangência”.
5 Art. 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
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Tal disposição é jurídica e evidentemente
necessária ao reequilíbrio das prestações contratuais no
decurso de tempo, especialmente no caso em tela em que a
relação continuada se prolonga por muitos anos e parte das
alterações decorreu de fenômenos não previstos, tais como
a privatização e a reestruturação. Neste sentido, dispõe
do artigo 317, do Código Civil que “quando, por motivos
imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o
valor da prestação devida e do momento de sua execução,
poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que
assegure, quanto possível, o valor real da prestação”.
Neste mesmo sentido sobreveio o enunciado
nº 300 da Jornada de Direito Privado, promovida pelo
Conselho de Justiça Federal, que dispõe: “Enunciado 300 -
Art. 2.035. A lei aplicável aos efeitos atuais dos
contratos celebrados antes do novo Código Civil será a
vigente na época da celebração; todavia, havendo alteração
legislativa que evidencie anacronismo da lei revogada, o
juiz equilibrará as obrigações das partes contratantes,
ponderando os interesses traduzidos pelas regras revogada
e revogadora, bem como a natureza e a finalidade do
negócio.”.
Desta feita, o pleito concernente ao
reconhecimento do direito adquirido dos aposentados em
usufruir dos benefícios de assistência médica qualificada
pelo qual pagaram durante sua vida profissional é
parcialmente procedente, de modo que eventual criação ou
alteração de institutos, ou até mesmo a sucessão de
responsabilidade pelas apeladas não têm o condão de
alterar a situação já consolidada e acobertada aos
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aposentados, sendo necessária, contudo, a adequação do
custeio, de modo que os aposentados assistidos continuarão
arcando com o pagamento pelos serviços efetivamente
utilizados, além da co-participação, desde que tal
cobrança seja feita nos moldes estipulados antes da fase
de reestruturação, não havendo o que se falar em custeio
exclusivo ou majoritário destes, tal como se verifica às
fls. 675/696, com cobrança de valores que alcançam o
patamar de R$ 500,00 mensais, o que evidencia afronta às
mencionadas disposições nas quais constam de forma
expressa a responsabilidade das apeladas no custeio do
referido plano.
Esse é reparo que a r. sentença comporta e,
havendo provimento parcial do apelo, com procedência
apenas do pedido de reconhecimento do direito adquirido
dos aposentados em continuar usufruindo dos benefícios do
plano de saúde PAMA nas condições anteriores, necessária a
fixação de sucumbência recíproca, devendo cada parte arcar
com as suas custas e os honorários de seu advogado.
Para fins de prequestionamento, observo que
a solução da lide não passa necessariamente pela restante
legislação invocada e não declinada. Equivale a dizer que
se entende estar dando a adequada interpretação à
legislação invocada pelas partes. Não se faz necessária a
menção explícita de dispositivos, consoante entendimento
consagrado no Egrégio Superior Tribunal de Justiça, nem o
Tribunal é órgão de consulta, que deva elaborar parecer
sobre a implicação de cada dispositivo legal que a parte
pretende mencionar na solução da lide, uma vez encontrada
a fundamentação necessária.
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Ante o exposto, é dado parcial provimento
ao recurso da autora apenas para que seja reconhecido aos
aposentados por esta representados o direito adquirido de
manutenção das condições e benefícios concedidos pelo
plano de assistência médica, mas os aposentados assistidos
continuarão arcando com o pagamento pelos serviços
efetivamente utilizados, além da co-participação, desde
que tal cobrança seja feita nos moldes estipulados antes
da fase de reestruturação, não havendo o que se falar em
custeio exclusivo ou majoritário destes, sem qualquer
revisão unilateral dos termos contratuais, no mais ficando
mantida a r. sentença.
JOSÉ LUIZ GERMANO
RELATOR
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