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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE MACAPÁ-AP. “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” Rui Barbosa O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAPÁ, através de seu Promotor de Justiça ao final subscrito, vem, com fulcro no artigo 129, III, da Constituição da República, no artigo 25, inciso IV, “b”, da Lei nº 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público) e no artigo 201, V, da Lei n° 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), ajuizar a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA a ser processada segundo o rito ordinário, com PEDIDO LIMINAR, em face do MUNICÍPIO DE MACAPÁ, 1 representado pelo seu prefeito, JOÃO HENRIQUE RODRIGUES PIMENTEL, brasileiro, casado, engenheiro civil, devendo ser citado na Av. FAB, s/n – Centro (Prefeitura Municipal de Macapá), visando ANULAR A ELEIÇÃO PARA 1 A legitimidade passiva do município de Macapá, e não do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, será esmiuçada no item 3 desta peça. 1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA … · promotoria de justiÇa da infÂncia e juventude excelentÍssimo senhor doutor juiz de direito da vara da infÂncia e juventude

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA

DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE MACAPÁ-AP.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a

desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver

agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem

chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter

vergonha de ser honesto.”

Rui Barbosa

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO

AMAPÁ, através de seu Promotor de Justiça ao final subscrito, vem, com fulcro

no artigo 129, III, da Constituição da República, no artigo 25, inciso IV, “b”, da

Lei nº 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público) e no artigo 201,

V, da Lei n° 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), ajuizar a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA a ser processada segundo o rito ordinário, com

PEDIDO LIMINAR, em face do MUNICÍPIO DE MACAPÁ,1 representado

pelo seu prefeito, JOÃO HENRIQUE RODRIGUES PIMENTEL, brasileiro,

casado, engenheiro civil, devendo ser citado na Av. FAB, s/n – Centro

(Prefeitura Municipal de Macapá), visando ANULAR A ELEIÇÃO PARA

1 A legitimidade passiva do município de Macapá, e não do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, será esmiuçada no item 3 desta peça.

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

CONSELHEIRO TUTELAR DA ZONA NORTE E SUL DE MACAPÁ,

pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir aduzidos:

1. DA COMPETÊNCIA

A incidência do Direito da Criança e do Adolescente e

a invocação da respectiva competência jurisdicional fixam-se pela aplicação da

norma estatutária mirim. A competência do Juiz da Infância e da Juventude foi

sensivelmente ampliada (Estatuto, art. 148, IV), abrangendo todos os casos que

envolvam direitos difusos afetos à criança e adolescente, como no caso em

questão, que tem em foco pedido de anulação da Eleição para Conselheiro

Tutelar das Zonas Norte e Sul de Macapá, nos termos da jurisprudência a seguir:

A) Processo: 139864100

Origem: CAPANEMA - VARA CIVEL

Número do Acórdão: 23819

Decisão: Unânime

Órgão Julgador: 2a. CAMARA CIVEL

Relator: ANTONIO LOPES DE NORONHA

Data de Julgamento: Julg: 12/05/2004

DECISAO: ACORDAM OS INTEGRANTES DA SEGUNDA CAMARA CIVEL DO TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO PARANA, POR UNAMIDADE DE VOTOS, EM NAO CONHECER DA APELACAO INTERPOSTA PELOS MEMBROS DO CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANCA E DO ADOLESCENTE DO MUNICIPIO DE CAPANEMA E EM DECLARAR A INCOMPETENCIA ABSOLUTA DA VARA CIVEL DA COMARCA DE CAPANEMA PARA CONHECER E JULGAR O PRESENTE MANDADO DE SEGURANCA,

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RESTANDO ANULADA A SENTENCA EM REEXAME NECESSARIO. EMENTA: APELACAO CIVEL - MANDADO DE SEGURANCA - CANDIDATURA AO CONSELHO TUTELAR - ILEGITIMIDADE DA AUTORIDADE COATORA PARA INTERPOR APELACAO - RECURSO NAO CONHECIDO - COMPETENCIA DO JUIZO DA INFANCIA E JUVENTUDE PARA CONHECER E JULGAR O 'MANDAMUS' - PRELIMINAR DE INCOMPETENCIA DE FORO ACOLHIDA EM SEDE DE REEXAME NECESSARIO - SENTENCA ANULADA, COM REMESSA DOS AUTOS AO JUIZO COMPETENTE - DECISAO UNANIME. - A AUTORIDADE COATORA NAO POSSUI LEGITIMIDADE PARA INTERPOR RECURSO, DEVENDO RESTRINGIR-SE A PRESTAR AS INFORMACOES QUE LHE FOREM SOLICITADAS OU CUMPRIR O QUE LHE FOI DETERMINADO. - O PROCESSO DE ESCOLHA DOS CONSELHEIROS TUTELARES ENVOLVE INTERESSES DIFUSOS DAS CRIANCAS E DOS ADOLESCENTES E, SENDO ASSIM, A COMPETENCIA PARA JULGAMENTO DA ACAO MANDAMENTAL E DO JUIZO DE INFANCIA E JUVENTUDE, NOS TERMOS DO ARTIGO 148, INCISO IV, DO ESTATUTO DA CRIANCA E DO ADOLESCENTE.

B) RECURSO ESPECIAL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – CONSELHO TUTELAR DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – DESTITUIÇÃO DE CONSELHEIRO – COMPETÊNCIA DA VARA ESPECIALIZADA DA JUSTIÇA ESTADUAL – ARTIGO 148 DA LEI 8.069/90 – ADEQUAÇÃO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA A TUTELA DE QUALQUER INTERESSE DIFUSO – ARTIGO 110 DA LEI Nº 8.078/90 – INADMISSIBILIDADE DO EXAME DE QUESTÃO CONSTITUCIONAL – TEMAS FEDERAIS NÃO PREQUESTIONADOS. Recurso não conhecido." (STJ – RESP 255455 – GO – 5ª T. – Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca – DJU 06.11.2000 – p. 219)

C) Número do processo: 1.0000.00.352767-8/000(1)

Relator: FRANCISCO LOPES DE ALBUQUERQUE

Relator do Acordão: FRANCISCO LOPES DE ALBUQUERQUE

Data do acordão: 02/12/2003

Data da publicação: 05/12/2003

Inteiro Teor:

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EMENTA: AGRAVO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - INTERESSES DAS CRIANÇAS E DOS ADOLESCENTES - COMPETÊNCIA DA VARA ESPECIALIZADA - LIMINAR - PRESENÇA DOS REQUISITOS - DEFERIMENTO. Reconhece-se a competência da Vara da Infância e da Juventude para processar e julgar ação civil de improbidade administrativa, ajuizada com fulcro no art. 148, IV, da Lei 8069/90, pois a causa de pedir diz respeito à conduta funcional omissiva dos agravantes, membros do Conselho Tutelar da Região Leste. Perfeitamente caracterizados, na espécie, os pressupostos legais da medida, merece confirmação a decisão concessiva da liminar requerida na inicial. AGRAVO (C. CÍVEIS ISOLADAS) Nº 1.0000.00.352767-8/000 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - AGRAVANTE(S): SAMUEL VIANA MOREIRA E OUTROS - AGRAVADO(S): MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADO MINAS GERAIS - RELATOR: EXMO. SR. DES. FRANCISCO LOPES DE ALBUQUERQUE

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM REJEITAR PRELIMINAR E NEGAR PROVIMENTO.

Belo Horizonte, 02 de dezembro de 2003.

D) Número do processo: 1.0000.00.310439-5/000(1)

Relator: LAMBERTO SANT'ANNA

Relator do Acordão: LAMBERTO SANT'ANNA

Data do acordão: 10/04/2003

Data da publicação: 30/05/2003

Inteiro Teor:

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA - IMPUGNAÇÃO AO EDITAL DO PROCESSO DE ELEIÇÃO DE MEMBRO DO CONSELHO TUTELAR - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE - SENTENÇA CASSADA.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 000.310.439-5/00 - COMARCA DE GOVERNADOR VALADARES - APELANTE(S): LUIZ

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FERNANDES ASSUNÇÃO E OUTROS - APELADO(S): PRESIDENTE DA COMISSÃO COORDERNADORA DE PROCESSO ELEITORAL CONSELHO TUTELAR E OUTRO - RELATOR: EXMO. SR. DES. LAMBERTO SANT'ANNA .

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM CASSAR A SENTENÇA.

Belo Horizonte, 10 de abril de 2003.

DES. LAMBERTO SANT'ANNA - RelatorNOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. DES. LAMBERTO SANT'ANNA:

2. DO CABIMENTO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA E

DA LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A Constituição Federal assegura o acesso à Justiça

(garantias da ação e da defesa), em dispositivo que assim se ostenta:

“A lei não excluirá da apreciação do Poder

Judiciário lesão ou ameaça a direito” (art. 5º, XXXV).

O princípio inserto em tal dispositivo confere o direito

subjetivo de postular-se provimento jurisdicional em virtude de violação da

ordem jurídica.

Atento à existência de interesses de elevada

abrangência e repercussão, que aproveitam em maior ou menor medida a toda

coletividade, o legislador regrou, em uma série de dispositivos, o exercício do

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direito de ação por meio de instrumento coletivo, a ser utilizado pelo órgão

estatal incumbido da defesa do interesse social.

O artigo 129, III, da Carta Política, por outro lado,

cometeu ao Ministério Público a função de promover ação civil pública para a

proteção de interesses difusos e coletivos, como um dos instrumentos

ensejadores da consecução das finalidades institucionais, isto é, a defesa da

ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais

indisponíveis (art. 127, da CF).

A Lei nº 7.347/85 prevê a possibilidade de propositura

de ação civil pública para tutela de todo e qualquer interesse difuso ou coletivo

(art. 1º, IV), bem assim a legitimidade do Ministério Público para seu

ajuizamento (art. 5º).

A Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº

8.625/93), por outro lado, atribuiu ao Ministério Público a função promover a

ação civil pública destinada à proteção, prevenção e reparação dos danos

causados a interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e

homogêneos.

Nesse contexto, importa referir, por fim, que o art. 201,

V, do Estatuto da Criança e do Adolescente atribuiu ao Ministério Público a

legitimidade para ajuizar ação civil pública para proteção dos interesses

individuais, difusos e coletivos relativos à infância e à adolescência.

Assim, na medida em que se discute na presente ação

matéria que interessa a todas as crianças e adolescentes, inegável a adequação

do meio processual utilizado e a legitimidade ativa do Parquet.

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3. LEGITIMIDADE PASSIVA DO MUNICÍPIO

Embora a eleição para Conselheiro Tutelar seja de

responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do

Adolescente - CMDCA, este órgão não pode figurar no pólo passivo da ação

civil pública movida porque não possui personalidade jurídica. Trata-se de um

órgão vinculado ao município de Macapá, conforme, inclusive, infere-se do

Decreto Municipal nº 083/2006, que nomeou os titulares e suplentes, que

venceram a eleição para Conselheiro Municipal, para atuarem no Conselho.

Assim decidiu o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

TIPO DE PROCESSO:Apelação Cível

NÚMERO: 70019137744

Inteiro Teor

RELATOR: Paulo de Tarso Vieira Sanseverino

EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. MUNICÍPIO DE NOVA PETRÓPOLIS. ELEIÇÃO DO CONSELHO TUTELAR. EXAME PSICOTÉCNICO. INAPTIDÃO DE CANDIDATA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO COMDICA. As atribuições do COMDICA, em organizar e presidir as eleições dos titulares para o Conselho Tutelar, não lhe conferem legitimidade passiva para responder por eventual vício de legalidade, salvo em sede de mandado de segurança. O órgão na execução das suas atribuições age em nome da pessoa jurídica de direito público à qual está vinculada. Ilegitimidade passiva para responder à ação ordinária para anulação do processo de escolha de conselheiro tutelar. Precedentes jurisprudenciais. SENTENÇA MANTIDA. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70019137744, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo de Tarso Vieira Sanseverino, Julgado em 31/05/2007)

TRIBUNAL:Tribunal de Justiça do RS

DATA DE JULGAMENTO:31/05/2007

Nº DE FOLHAS:

ÓRGÃO JULGADOR:Terceira Câmara Cível

COMARCA DE ORIGEM:Comarca de Nova Petrópolis

SEÇÃO:CIVEL

PUBLICAÇÃO:Diário da Justiça do dia 18/06/2007

TIPO DE DECISÃO:Acórdão

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4. DOS FATOS E FUNDAMENTOS DO PEDIDO

A) TRANSPORTE IRREGULAR DE ELEITORES

Preceitua o Art. 12, § 4º da Lei nº 1550/2007, que

define a estrutura e o funcionamento dos Conselhos Tutelares no município de

Macapá e dá outras providências, in verbis:

Art. 12.............................................................................

§ 4º “É expressamente vedado aos candidatos ou a

pessoas a estes vinculadas, transportar, patrocinar ou

intermediar o transporte de eleitores aos locais de

votação”.

A Resolução 003/2007 do Conselho Municipal dos

Direitos da Criança e do Adolescente, em seu art. 11, repetiu os termos da lei,

preceituando que é vedado “... transportar, patrocinar ou intermediar o transporte

de eleitores aos locais de votação...” (documentos anexos).

A infração a estas normas legais pode dar cassação da

candidatura do infrator (art. 13, § 7º, “C”, da Lei 1550/2007).

Não obstante a vedação legal, a Promotoria da Infância

e Juventude de Macapá, cumprindo o disposto no art. 139 do Estatuto da

Criança e do Adolescente, na fiscalização da eleição para Conselheiro Tutelar da

Zona Norte e Sul de Macapá, realizada, respectivamente, nos dias 24 e 25 de

novembro de 2007, flagrou uma “avalanche” de carros fazendo transporte

irregular de eleitores, a ponto da Promotoria não dar conta de abordar todos os

carros suspeitos de estar cometendo a violação eleitoral. Parece, que ao contrário

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do que consta na lei, os candidatos a Conselheiro leram que era permitido

livremente fazer o transporte de eleitores, já que eram não só carros de menor

porte, mas inúmeras kombis e até ônibus e caminhões, levando e trazendo

eleitores para votar, tudo documentado através de fotografias e filmagens

realizadas pelo Ministério Público (documentos anexos).

Ocorre, excelência, que dos 28 (vinte e oito)

candidatos flagrados cometendo a infração supracitada, 16 (dezesseis) foram

eleitos para os cargos de Conselheiro Tutelar e Suplente, o que demonstra que a

eleição foi totalmente viciada. Oitenta por cento dos eleitos, só venceram a

eleição porque infringiram a norma que regia o pleito, abusando do poder

econômico.

A titulo de exemplo, o candidato Otávio Vieira, que na

fiscalização teve cinco carros flagrados cometendo a ilegalidade, ficou em

primeiro lugar na eleição na Zona Norte, enquanto a candidato João Bosco

Ribeiro Pimentel, que foi flagrado transportando eleitores com três carros, foi

eleito em terceiro lugar para a Zona Sul.

Foram no total 43 (quarenta e três) carros flagrados

pela Promotoria da Infância e Juventude de Macapá em franco desrespeito a lei

que regia as eleições para Conselheiro Tutelar, o que, certamente, constitui um

montante bem longe do verdadeiro número de carros que cometeram a

ilegalidade. Havendo sete escolas para fiscalizar na eleição da zona norte e onze

na eleição da zona sul, era impossível ao Ministério Público flagrar todos os

infratores. Eram carros que iam e vinham despejando eleitores nas seções

eleitorais, tanto que o Ministério Público chegou a deparar com os mesmos

carros em colégios distintos.

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A eleição que se realizou nesta capital padece

totalmente do vício da ilegalidade. Quem venceu, só a venceu porque burlou a

lei municipal. Como pode prevalecer uma eleição onde oitenta por cento dos

vencedores transportaram eleitores, usando do tão conhecimento abuso do poder

econômico? Uma eleição assim mantida viola o princípio da igualdade entre os

candidatos, pois os que não possuíam recursos para se utilizar do meio

fraudulento, perderam as eleições.

A relação de candidatos que foram eleitos para os

cargos de Conselheiro Tutelar e Suplente, e de carros flagrados na fiscalização

do Ministério Público é a seguinte:

1. OTÁVIO DA SILVA VIEIRA FILHO (Kombi NFB

0035, Kombi ALG 1463, Kombi NEJ 7587, Kombi NEQ 9854 e Gol NEW

9149);

2. JOÃO BOSCO RIBEIRO PIMENTEL (Fiat placa

NEJ 2548, Nissan Frontier NER 0014 e Fiat Doblô NER 2589);

3. EDSON CARLOS CUNHA (Kombi Branca NEL

9699, Fiat Uno AKG 8124 e Ônibus KEH 8083-Mazagão);

4. MARIA DO SOCORRO CAMARÃO MOURA

(Kombi JTD 8491 e Fiat Uno NER 4528);

5. CARLOS ANDRÉ DA SILVA ALENCAR

(Caminhão NEZ 0141 e Ônibus JTW 6230-Santana/AP);

6. JOSÉ RIBAMAR RODRIGUES CORRÊA (Kombi

NFB 3758 e Kombi DYI 5430;

7. EDCARLOS DE OLIVEIRA DOS SANTOS

(Caminhão NEM 8292 e Kombi branca NEW 8665);

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8. JOSÉ SEBASTIÃO LOPES LACERDA (Kombi

Escolar NEL 1602);

9. CIRLENE MACIEL DOS SANTOS (Fiat Doblô

KHW 1348);

10. LOURIVAL QUEIROZ ALCÂNTARA JÚNIOR

(Kombi branca NEL 5381);

11. ANTONIO FLEXA SOARES (Kombi branca HZZ

0382);

12. MARLINDO PEREIRA PANTOJA (Kombi

branca e preta JTG 3109);

13. MARCO ANTÔNIO MARQUES DOS SANTOS

(Kombi Escolar NEW 5620);

14. EDIANE DA SILVA DUARTE DE SOUZA

(Besta Kia Branca placa JTV 6831);

15. CASSANDRA BARBOSA GUERRA (Kombi

Branca NEL 2398);

16. ÂNGELO DE SOUZA FERREIRA (Kombi NEK

4580);

Relação de candidatos que não foram eleitos para os

cargos de Conselheiro Tutelar e Suplente, e de carros flagrados na fiscalização:

01. MARLETE DOS REIS DIAS OLIVEIRA (Kombi

NEK 5460);

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02. MARCOS BARBOSA RODRIGUES (S10 grafite

NEY 0480);

03. NEIDE CORRÊA BELÉM (Kombi NEW 7002 e

Kombi NFA 7742);

04. WANUZA GONÇALVES DE SOUZA (Kombi

NEW 1411 e Kombi branca NEP 1965);

05. JORGE LUIS LOPES DA SILVA (Kombi NEM

0710);

06. ANTONIO NUNES FILHO (D-20 NEM 1795);

07. IVANEIDE FERREIRA DA COSTA (Kombi

branca NEM 0710);

08. DANITA ALMEIDA RIBEIRO (Kombi NFB

2477);

09. MARIA GORETE MARTINS ROCHA (Kombi

NEK 4750);

10. JORIN PALHETA LEAL (Corsa Cinza NEP

1245);

11. EFRAIN SOARES DOS REIS (Kombi branca

NFB 0055);

12. JAIR DE ALMEIDA SANTOS (Kombi escolar

NEW 8911);

O transporte irregular de eleitores está comprovado nos

depoimentos tomados por ocasião do julgamento feito por uma certa “Comissão

Eleitoral”, diante das representações ofertadas pelo Ministério Público, já que

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

seis testemunhas, as constantes do rol ao final desta petição, depuseram nesse

sentido (termos de audiência anexos).

B) OUTRAS INFRAÇÕES ELEITORAIS

Além do transporte irregular de eleitores, outras

infrações ao processo eleitoral para Conselheiro Tutelar foram verificadas na

fiscalização efetuada pela Promotoria da Infância e Juventude de Macapá,

demonstrando que a eleição para Conselheiro Tutelar se transformou numa

“terra sem lei”. Todos os documentos a seguir relacionados foram encontrados

nos veículos que faziam transporte de eleitores, para os candidatos abaixo

descritos:

1. 400 (quatrocentos) “santinhos” e R$ 600,00

(seiscentos reais), separados em quantias de R$ 15,00 (quinze reais) (Ediane

Duarte);

2. 95 (noventa e cinco) “santinhos” (Otávio Vieira);

3. 100 (cem) “santinhos” e 250 (duzentos e cinqüenta)

relações de escolas com a frase “Vote Bosco” (João Bosco);

4. Relação de Eleitores, com respectivo título eleitoral,

seção e zona, e ainda uma pasta de associados do Grupo das Lágrimas,

(Cassandra Guerra).

5. Aproximadamente 500 (quinhentos) “santinhos”

(Antonio Flexa).

6. 188 (cento e oitenta e oito) “santinhos” (Edcarlos

Oliveira).

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7. Aproximadamente 40 (quarenta) “santinhos” (Edson

Cunha).

5. A COMISSÃO ELEITORAL

A) OS PARENTES

Como se sabe, a eleição para Conselheiro Tutelar é

organizada sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da

Criança e do Adolescente. O CMDCA para organizar a eleição, nomeou uma

Comissão Eleitoral para realizar todo o processo de eleição, que foi formado por

18 (dezoito) pessoas, sendo 10 (dez) delas conselheiros municipais e as outras

restantes pessoas estranhas ao conselho. Ocorre que, entre os integrantes da

Comissão Eleitoral estava um irmão do candidato João Bosco Ribeiro Pimentel,

o Secretário de Educação Municipal Carlos Augusto Rodrigues Pimentel, bem

como uma sobrinha sua, Emilia Nazaré Menezes Rodrigues Pimentel, os quais

jamais poderiam integrar a comissão eleitoral por terem um parente concorrendo

no pleito.

A presença de dois parentes de um dos candidatos na

Comissão Eleitoral, vicia todo o processo de eleição para o Conselho Tutelar,

que teve, inclusive, uma fase preliminar de julgamento das inscrições, a fim de

indeferir as inscrições dos candidatos que não tivessem 03 (três) anos de

experiência no trabalho com a criança e o adolescente, e analisar a

documentação apresentada, nos termos do que determina o art. 7º da Lei nº

1550/2007.

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

Por outro lado, Carlos Pimentel, na condição de

Secretário Municipal, estando a frente da organização da eleição, pode ter

influído no resultado do pleito, pois dois dos três carros flagrados fazendo

transportes de eleitores para o candidato João Bosco, tinham a placa trânsito

livre emitida pela EMTU.

O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, julgando

caso semelhante, anulou a eleição, conforme se pode vê do acórdão seguinte:

Processo: 137780200 Origem: SAO MIGUEL DO IGUACU - VARA UNICA Número do Acórdão: 11029 Decisão: Unânime Órgão Julgador: 6a. CAMARA CIVEL Relator: ERACLES MESSIAS Data de Julgamento: Julg: 08/10/2003

DECISAO: ACORDAM OS DESEMBARGADORES

INTEGRANTES DA SEXTA CAMARA CIVEL DO

TRIBUNAL DE JUSTICA DO ESTADO DO PARANA, POR

UNANIMIDADE DE VOTOS, EM NEGAR PROVIMENTO

AO RECURSO, NA FORMA DO VOTO DO RELATOR.

EMENTA: APELACAO CIVIL - ELEICAO PARA

MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR - DESRESPEITO A

LEI MUNICIPAL N. 37/91 - OFENSA AOS PRINCIPIOS

DA LEGALIDADE, MORALIDADE E

IMPESSOALIDADE - SENTENCA MANTIDA. O

CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANCA E

DO ADOLESCENTE (CMDCA) REALIZOU ELEICAO

PARA ESCOLHA DE MEMBROS DO CONSELHO

TUTELAR, REGIDOS POR REGULAMENTO POR ELE

EXPEDIDO, QUE CONTRARIOU LEI MUNICIPAL E O

ESTATUTO DA CRIANCA E DO ADOLESCENTE. O

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DOS

DIREITOS DA CRIANCA E DO ADOLESCENTE DO

MUNICIPIO, MARIDO DA CANDIDATA ELEITA COM

O MAIOR NUMERO DE VOTOS, SEM TER SE

AFASTADO DO CARGO DURANTE O PROCESSO

ELEITORAL, PROPICIA A ANULACAO DE ELEICAO.

RECURSO DESPROVIDO (Negritamos).

B) A COMISSÃO ELEITORAL FORMADA POR

PESSOAS ESTRANHAS AO CMDCA

O Conselho Municipal de Direitos da Criança e do

Adolescente está previsto no art. 88, II do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Os representantes do CMDCA são escolhidos em uma eleição, e só então

nomeados pelo Prefeito, não podendo a nomeação recair sobre pessoas que não

sejam titulares ou suplentes, conforme o resultado da eleição. No município de

Macapá, como mostra o Decreto nº 083/2006 anexo, é composto de 10 (dez)

pessoas, entre representantes de órgãos da Prefeitura e entidades não

governamentais. Segundo o art. 139 do ECA, “o processo para a escolha dos

membros do Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado

sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do

Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público” (grifamos). Entrementes,

conforme dissemos alhures, existiam mais oito pessoas estranhas ao CMDCA

organizando o pleito, pois faziam parte de uma “Comissão Eleitoral” (Resolução

nº 002/2007-CMDCA anexa). Ora, excelência, isto viola o disposto no art. 139,

pois a responsabilidade da eleição não ficou somente a cargo do Conselho

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

Municipal, como determina a lei, mas também de pessoas estranhas ao

Conselho, o que também causa nulidade do pleito.

Cumpre-nos dizer que o Ministério Público só teve

conhecimento de que existiam parentes dos candidatos, bem como pessoas

outras na Comissão Eleitoral, quando das audiências realizadas para o

julgamento das representações que moveu contra os candidatos infratores, nos

dias 11 e 12 de dezembro de 2007.

C) A CONDUTA SUSPEITA DA COMISSÃO

ELEITORAL

1) Embora o Ministério Público tivesse flagrado 43

(quarenta e três) carros fazendo transporte de eleitores e 28 (vinte e oito)

candidatos cometendo a violação, a Comissão Eleitoral, que entre os dezoito

membros tinha 10 (dez) representantes do Conselho Municipal dos Direitos da

Criança e do Adolescente, órgão que deveria fiscalizar, ao lado do Ministério

Público, a eleição que organizou, não detectou nenhum só caso de infração às

leis que regiam a eleição. Em nenhum momento viu que dezenas e dezenas de

carros transitavam de um colégio a outro levando e trazendo eleitores, numa

cegueira típica daquelas pessoas que não querem ver o que está a sua frente. Se

dependesse do Conselheiro Municipal de Direitos da Criança, a eleição que se

realizou estaria intacta de qualquer mácula, como se tivesse sido realizada na

mais absoluta normalidade, o que demonstra que a Comissão não podia ter

comandado o processo eleitoral.

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

2) Buscando obter a cassação de 19 (dezenove)

candidatos flagrados pela fiscalização do Ministério Público, este Promotor de

Justiça ingressou administrativamente com 19 (dezenove) representações, que

seriam julgadas pela Comissão Eleitoral, na forma do que prevê o art. 13 e seus

parágrafos da Lei nº 1550/2007. A Comissão Eleitoral, julgando totalmente

contra a prova testemunhal e documental produzida, estava promovendo um

verdadeiro carnaval de julgamentos de improcedência das representações do

Ministério Público, quando este Promotor abandonou as seções. Notou o

Promotor de Justiça que “forças ocultas” estavam agindo nos bastidores do

julgamento sob o comando do Presidente do Conselho Municipal, que possui

cargo no município, bem como do Secretário de Educação, Carlos Augusto

Rodrigues Pimentel, que, incrivelmente, fazia parte da Comissão, julgando casos

semelhantes ao do seu irmão, o que não poderia ser permitido, já que tinha

interesse no julgamento de improcedência das outras representações, para que o

irmão não fosse cassado diante dos mesmos motivos alegados pela promotoria.

6. OS INDÍCIOS DO USO DE CARROS LIGADOS

A PREFEITURA DE MACAPÁ NO TRANSPORTE IRREGULAR DE

ELEITORES

Um dos candidatos vencedores da eleição, João Bosco

Ribeiro Pimentel, é irmão do prefeito de Macapá. Dois dos três carros flagrados

pela fiscalização do Ministério Público fazendo transporte de eleitores para o

candidato, possuíam a inscrição TRÂNSITO LIVRE, sendo que dentro de um

dos carros havia quase 100 (cem) santinhos do candidato e 250 (duzentos e

cinqüenta) relações de escolas com a frase “Vote Bosco”. Por outro lado, a

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

testemunha Ângela Cristina Monteiro dos Santos, que participou da fiscalização

do Ministério Público declara que ouviu do próprio presidente do Conselho

Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Walber da Silva Teles, que

inúmeros veículos saíram do prédio da Secretaria Municipal de Assistência

Social e do Trabalho – SEMAST, onde funciona o CMDCA, a fim de

transportar eleitores para o irmão do prefeito, enquanto a testemunha Marlúcia

Maciel Modesto, declara que ouviu do motorista de uma das kombis flagradas

na fiscalização da zona norte, que o mesmo estaria convocado para transportar

eleitores para o candidato João Bosco na eleição da zona sul (declarações

anexas).

Sobre o uso da máquina pública na eleição de

Conselheiro Tutelar, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA - MOVIDA PELO MINISTÉRIO

PÚBLICO OBJETIVANDO A ANULAÇÃO DO PROCESSO

DE SELEÇÃO DOS INTEGRANTES DE CONSELHO

TUTELAR, EM RAZÃO DE SÉRIAS IRREGULARIDADES

PRATICADAS, COM O USO DO APARATO MUNICIPAL,

VICIANDO A VONTADE DOS ELEITORES E EM

DETRIMENTO DOS INTERESSES DAS CRIANÇAS E DOS

ADOLESCENTES - AÇÃO JULGADA PROCEDENTE -

MANUTENÇÃO DA LIMINAR E DA SENTENÇA NA

ÍNTEGRA. (APELAÇÃO CÍVEL N. 37.958-0 - SÃO PAULO -

CÂMARA ESPECIAL - RELATOR: SILVA LEME - 02.10.97

- V.U.)

O uso da máquina pública na eleição do Conselho

Tutelar feriu o princípio da moralidade administrativa previsto no art. 37 “caput”

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

da Constituição Federal, devendo, por isso, também o pleito ser anulado,

conforme determina o art. 5º, LXXIII do mesmo diploma legal.

7. DA MEDIDA LIMINAR

Impõe-se, na espécie, a concessão da medida liminar,

nos termos do artigo 12 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985 (Lei da Ação

Civil Pública), a fim de que Vossa Excelência suspenda a posse dos conselheiros

eleitos, prorrogando o mandato dos atuais, até o julgamento final da presente

ação.

Estão perfeitamente caracterizados os pressupostos

para a sua concessão, quais sejam, o fumus boni iuris e o periculum in mora.

O fumus boni iuris patenteia-se por meio da farta prova

da ocorrência das condutas acima descritas, que evidenciam as mais diversas

violações as leis cometidas na eleição para Conselheiro Tutelar.

O periculum in mora, ou seja, o perigo decorrente da

demora da decisão de mérito da presente ação, evidencia-se diante do fato de

que no dia 1º de janeiro de 2008 os vencedores da eleição tomarão posse.

8. DO PEDIDO

Ante o exposto, requer o Ministério Público:

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

1) a concessão de MEDIDA LIMINAR inaudita altera

pars, comunicando tal decisão ao Prefeito Municipal, ao Presidente do Conselho

Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a Presidente do Conselho

Tutelar de Macapá, para conhecimento e providências cabíveis;

2) seja ao final a presente ação julgada procedente, por

sentença que determine a anulação da eleição para Conselheiro Tutelar no

município de Macapá.

3) a citação do réu, para, querendo, oferecer

contestação no prazo legal;

4) a dispensa do pagamento de custas, emolumentos e

outros encargos, desde logo, ante o teor do disposto no artigo 18 da Lei n°

7.347/85.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova

em direito admitidos, especialmente prova documental e testemunhal.

Dá à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para

efeitos meramente fiscais.

Termos em que,

Pede deferimento.

Macapá, 20 de dezembro de 2007.

Mauro Guilherme da Silva CoutoPromotor de Justiça

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

ROL DE TESTEMUNHAS:

1. ÂNGELA CRISTINA MONTEIRO DOS SANTOS, brasileira, casada,

assistente social, residente e domiciliada na av. Nações Unidas, nº 17 –

Laguinho;

2. MARLÚCIA MACIEL MODESTO, brasileira, solteira, servidora pública,

residente e domiciliada na rua Vênus, nº 779 – bairro Jardim Marco Zero (Conjunto

da Ego);

3. GUARACILDA DA CUNHA ARAÚJO, brasileira, solteira, assistente

social, residente e domiciliada na Av. Presidente Vargas, nº 974 – bairro Centro;

4. ANA MARIA GÓES BARATA, brasileira, casada, assistente social,

residente e domiciliada na Travessa Joaquim Pinheiro Borges, 274 – Alvorada;

5. HAROLDO CARVALHO DOS ANJOS, brasileiro, casado, digitador,

residente e domiciliado na Rodovia Juscelino Kubtschek, 991 – Jardim Marco

Zero.

6. LEOBERTO MARTINS, brasileiro, divorciado, servidor público, residente

e domiciliado Rua Amadeu Gama, 895 – Zerão.

Todos podendo ser intimados na Promotoria da Infância e Juventude de Macapá.

ROL DE DOCUMENTOS:

1. Lei Municipal 1550/2007;

2. Resolução 003/2007-CMDCA;

3. Edital de convocação para inscrição na eleição;

4. Decreto nº 083/2006-PMN

5. Resolução nº 002/2007-CMDCA

6. Termo de Declarações das testemunhas Ângela dos Santos e Marlúcia

Modesto;

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7. Termos de Audiência dos julgamentos das representações ofertadas pelo

Ministério Público;

8. Fotografias da fiscalização efetuada pelo MP nos dias das eleições;

9. DVD com as filmagens da fiscalização efetuada pelo Ministério Público;

10. 100 “santinhos” do candidato Otávio Vieira;

11. 100 (cem) “santinhos” e 250 (duzentos e cinqüenta) relações de escolas com

a frase “Vote Bosco” do candidato João Bosco;

12. 500 (quinhentos) “santinhos” do candidato Antonio Flexa;

13. 400 (quatrocentos) “santinhos”, R$ 600,00 (seiscentos reais), separados em

montes de R$ 15,00 (quinze reais) e lista de eleitores com inscrição PG, da

candidata Ediane Duarte;

14. 40 (quarenta) “santinhos” do candidato Edson Cunha;

15. 188 (cento e oitenta e oito) “santinhos” do candidato Edcarlos Oliveira;

16. Relação de eleitores e pasta com relação de nomes e endereços de associados

do “Grupo das Lágrimas” da candidata Cassandra Guerra.

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