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Rua América, n.º 1880, Bairro Centro, em Corumbá CEP 79331-110 Telefone/Fax: (67) 3231-4664 www.mpms.mp.br 1 MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL 5ª Promotoria de Justiça da Comarca de Corumbá/MS Promotoria de Justiça de Proteção do Consumidor, do Patrimônio Público e Social, Curadoria dos Registros Públicos e das Fundações e crimes correlatos EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE CORUMBÁ/MS O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, por meio deste Órgão de Execução que esta subscreve, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, com base nos arts. 127 e 129, da Constituição Federal, nos arts. 1º e 5º da Lei Federal nº 7.347/85 e na Lei Federal n. 8.429/92, nos arts. 25 e segs. da Lei Federal nº 8.625/93 c.c. os arts. 846 e segs. do Código de Processo Civil, vem perante Vossa Excelência propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA de responsabilização por IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, cumulada com pedido de declaração de NULIDADE DE ATO ADMINISTRATIVO e com pedido liminar de INDISPONIBILIDADE DE BENS, INAUDITA ALTERA PARS. em face de Emerson Valle Petzold, brasileiro, casado, vereador, portador do RG nº 790537, CPF nº 506.937.781-72, nascido em 03.04.1976, na cidade de Ladário- MS, filho de Erico Valle Petzold e Ana Petsold, na cidade Ladário-MS, residente na Rua Riachuelo, nº 1.148, bairro Boa Esperança, Ladário/MS; Para conferir o original, acesse o site http://www.tjms.jus.br/esaj, informe o processo 0803705-17.2015.8.12.0008 e código 2A5B94E. Este documento foi protocolado em 30/09/2015 às 15:48, é cópia do original assinado digitalmente por PDDE - 110720000050038 e LUCIANO BORDIGNON CONTE. fls. 1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE …msdiario.com/anexos/mp-diarias-vereadores-ladario-2015.pdf · Federal, nos arts. 1º e 5º da Lei Federal nº 7.347/85 e na Lei

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

5ª Promotoria de Justiça da Comarca de Corumbá/MS

Promotoria de Justiça de Proteção do Consumidor, do Patrimônio Público e Social,

Curadoria dos Registros Públicos e das Fundações e crimes correlatos

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE FAZENDA

PÚBLICA DA COMARCA DE CORUMBÁ/MS

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO

GROSSO DO SUL, por meio deste Órgão de Execução que esta subscreve, no uso de

suas atribuições constitucionais e legais, com base nos arts. 127 e 129, da Constituição

Federal, nos arts. 1º e 5º da Lei Federal nº 7.347/85 e na Lei Federal n. 8.429/92, nos arts.

25 e segs. da Lei Federal nº 8.625/93 c.c. os arts. 846 e segs. do Código de Processo

Civil, vem perante Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA de responsabilização por IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA, cumulada com pedido de declaração de NULIDADE DE ATO

ADMINISTRATIVO e com pedido liminar de INDISPONIBILIDADE DE BENS,

INAUDITA ALTERA PARS.

em face de

Emerson Valle Petzold, brasileiro, casado, vereador, portador do

RG nº 790537, CPF nº 506.937.781-72, nascido em 03.04.1976, na cidade de Ladário-

MS, filho de Erico Valle Petzold e Ana Petsold, na cidade Ladário-MS, residente na Rua

Riachuelo, nº 1.148, bairro Boa Esperança, Ladário/MS;

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

5ª Promotoria de Justiça da Comarca de Corumbá/MS

Promotoria de Justiça de Proteção do Consumidor, do Patrimônio Público e Social,

Curadoria dos Registros Públicos e das Fundações e crimes correlatos

Fábio Peixoto de Araújo Gomes, brasileiro, vereador, portador do

RG nº 001605182, nascido em 08.06.1976, filho de Riomar Ariovaldo de Araujo Gomes

e Joselina Peixoto Gomes, residente na Avenida Rio Branco, nº 279, centro, Corumbá-

MS;

Paulo Henrique Coutinho de Araújo Chaves, brasileiro,

vereador, portador do CPF nº 201.159.893-15, nascido em 05.08.1963 na cidade de

Campo Maior-PI, residente na Rua Emilia Alves, nº 02, Ladário-MS;

Helder Naulle Paes dos Santos Botelho, brasileiro, solteiro, ex-

vereador da cidade de Ladário-MS, filho de Mauro Botelho Rocha e e Rosarete Paes dos

Santos, nascido em 12.01.1988, na cidade de Ladário-MS, residente na Avenida do

Contorno, nº 225, Corumbá-MS;

Mauro Botelho Rocha, brasileiro, vereador, portador do RG nº

000765180, nascido em15.08.1967, na cidade de Ladário-MS, filho de Manoel Antonio

da Rocha e Benedita Lannes da Rocha, residente na Rua Saldanha da Gama, nº 592,

centro, Ladário-MS;

Mirian de Oliveira, brasileira, solteira, pedagoga, ex-vereadora da

cidade de Ladário-MS, portadora do RG nº 796267 SSP/MS, CPF nº 492.012.631-04 ,

nascida em 09.07.1967, na cidade de Corumbá-MS, filha de Miguelina Antonia de

Oliveira e Antonio Eudoxio de Oliveira, residente na Rua Tamandaré, nº 373, ou, Rua

Batista das Neves, nº 27, centro, Corumbá-MS ou ainda Rua Arcenia, nº 404, Monte

Carlo, Campo Grande-MS;

Munir Sadeq Ramunieh, brasileiro, empresário, ex-vereador da

cidade de Ladário, portador do CPF nº 580.212.211-00, nascido em 10.08.1974, na

cidade de Curitiba-PR, filho de Abdallah Sadeq Ahmad Ramunieh e Cleonice Strobel

Ramunieh, residente na Rua 14 de Março, nº 1215, centro, Ladário-MS;

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Rua América, n.º 1880, Bairro Centro, em Corumbá – CEP 79331-110 Telefone/Fax: (67) 3231-4664 – www.mpms.mp.br

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5ª Promotoria de Justiça da Comarca de Corumbá/MS

Promotoria de Justiça de Proteção do Consumidor, do Patrimônio Público e Social,

Curadoria dos Registros Públicos e das Fundações e crimes correlatos

Osvalmir Nunes da Silva, brasileiro, vereador, portador do CPF nº

162.602.281-04, nascido em 05.04.1961, na cidade de Ladário-MS, filho de Aristides

Nunes da Silva e Senhorina Rodrigues Nunes, residente na Rua Almirante Barroso, nº

493 ou 59, Ladário-MS;

Iranil de Lima Soares, brasileiro, casado, vereador, portador do

RG nº 480299/MB, CPF nº 408.336.821-72, nascido em 07.01.1969, na cidade de

Ladário-MS, filho de Leonardo da Costa Soares e Zuleide de Lima Soares, residente na

Rua Almirante Barroso, nº 414, Ladário/MS;

Delari Maria Bottega Ebeling, brasileira, casada, assistente

social, ex-vereadora, portadora do RG nº 852720, CPF nº 778.391.291-53, nascida em

15.07.1955, na cidade de Tuparendi /RS, filha de Guerino Bottega e Osvaldina Berte

Bottega, residente na Rua Marechal Rondon, nº 1.401, Ladário/MS

Pelas seguintes razões de fato e de direito:

DOS FATOS

Foi instaurado o Inquérito Civil Público nº 043/2014 nesta 5ª

Promotoria de Justiça da Comarca de Corumbá para apurar denúncia de que, entre os

anos de 2011 a 2013, os vereadores da cidade de Ladário, ora requeridos EMERSON

VALLE PETZOLD (PMDB), FÁBIO PEIXOTO DE ARAÚJO GOMES (PT do B),

PAULO HENRIQUE COUTINHO DE ARAÚJO CHAVES (PSD), OSVALMIR

NUNES DA SILVA (PDT), HELDER NAULE PAES DOS SANTOS BOTELHO (PT),

MAURO BOTELHO ROCHA (PSD), MIRIAN DE OLIVEIRA (PR), MUNIR SADEQ

RAMUNIEH (PMDB), OSVALMIR NUNES DA SILVA (PDT) e IRANIL DE LIMA

SOARES (PSDB) teriam recebido indevidamente dos cofres públicos o pagamento de

diárias, durante o período de recesso legislativo, e, também, o pagamento de diárias em

valores superiores ao fixado na legislação.

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Rua América, n.º 1880, Bairro Centro, em Corumbá – CEP 79331-110 Telefone/Fax: (67) 3231-4664 – www.mpms.mp.br

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Curadoria dos Registros Públicos e das Fundações e crimes correlatos

Referida investigação teve início a partir de representação

formulada pelo senhor Romildo Ferreira da Silva (f. 17/21), suplente de vereador à época,

o qual informou a existência de irregularidades no recebimento de diárias pelos

Vereadores de Ladário e também ilegalidades na contratação de escritório de

contabilidade pela Câmara1.

No Bojo do Inquérito Civil oficiou-se à Câmara Municipal de

Ladário-MS requisitando a apresentação de informações sobre o pagamento de diárias

aos membros daquela Casa de Leis, sobretudo o ato normativo que teria instituído o

pagamento da citada verba indenizatória (Of. nº 672/2014/5ª PJ, à f. 45).

Em resposta, o Presidente da Câmara Municipal à época,

requerido Iranil de Lima Soares, encaminhou os documentos referentes aos pagamentos

das diárias aos Vereadores no período acima especificado, e informou que a verba

indenizatória (pagamento de diárias) estaria amparada na Resolução nº 170/2011 (f. 187),

a qual estipulava o valor da diária em R$ 980,00 para viagens no Estado, e R$ 1.250,00

para viagens fora do Estado.

Dos documentos apresentados pela Câmara e ora colacionados

aos autos (Relações de Empenho, solicitações de diárias, relatórios de viagens) observa-

se que os Vereadores requeridos receberam diárias em valores superiores ao estabelecido

na citada Resolução, e, ainda pior, durante período do recesso legislativo.

Mas as irregularidades não pararam por aí. Isto porque, a despeito

de a Resolução nº 170/2011 da Câmara Municipal de Ladário determinar que o ato da

concessão das diárias observasse, dentre outros requisitos, a indicação do

nome/cargo/função e o objetivo detalhado da viagem, os requeridos, beneficiários das

verbas indenizatórias, deixaram de atender tal preceito legal.

1 Sobre este segundo objeto – fraude licitação na contratação de empresa de contabilidade – já tramita ação

civil pública contra o presidente da Câmara de Vereadores à época, Emerson Vale Petzold.

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De fato, nos requerimentos de diárias, assim como nos relatórios

de viagem, não consta especificação do motivo da mesma de forma detalhada, tampouco

os objetivos alcançados, os atos praticados no exercício da vereança e no interesse da

população ladarense, aliás, no caso dos relatórios não foram mencionados sequer as

placas dos veículos utilizados no trajeto, fato esse que, evidentemente, prejudica a

comprovação da viagem pelos órgãos de fiscalização e investigação.

Mais ainda, observa-se que os requerimentos de diárias de todos

os vereadores requeridos configuram cópia um dos outros, são idênticos, apenas mudam

o nome e a data da viagem, mantendo exatamente o mesmo texto. O mesmo ocorre com

os relatórios de viagens, que são genéricos e não especificam e nem descrevem

minimamente o objetivo do deslocamento do Vereador a outra cidade, as razões de

interesse público que justificariam o gasto do erário com a viagem. Em verdade, todos os

relatórios de viagens dos anos de 2011 e 2012 dos requeridos repetem, sem exceção, os

mesmos termos, inclusive o erro de gramática: “Ida para Assembleia Legislativa, para

tratar juntos (sic) ao seu deputado assunto do interesso do Município”. Tudo isso

implica em claro descumprimento das normas que fixavam o pagamento de diárias aos

Vereadores, tornando indevido o pagamento da referida verba indenizatória.

Ademais, todos atos administrativos praticados pelo Presidente da

Câmara de Vereadores, Ordenador de Despesas, concedendo e autorizando o pagamento

destas diárias aos demais Vereadores são nulos porquanto não motivados, vale dizer,

carentes de qualquer fundamentação que confirmasse a presença dos requisitos

necessários ao pagamento da despesa extraordinária, fincados no interesse público do

deslocamento do Edil a outra cidade para benefício da população ladarense.

Por fim, também restou comprovado que os valores

supramencionados, pagos aos vereadores de Ladário a titulo de diárias, foram

sistematicamente incorporados aos seus subsídios, o que é vedado pela Constituição

Federal.

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PAGAMENTO INDEVIDO DE DIÁRIAS DURANTE PERÍODO DE RECESSO

LEGISLATIVO

Como dito acima, os pagamentos de diárias aos Vereadores de

Ladário, abaixo identificados, ocorreram durante o recesso da Câmara Municipal daquela

cidade, o que evidencia, claramente, que o seu pagamento era indevido.

Afinal, a diária tem nítido caráter indenizatório, de ressarcir as

despesas de deslocamento, alimentação e hospedagem referente a viagem a outro

Município, realizada em razão da função desempenhada, e no interesse da

administração pública. Ora, sendo assim, se não se está em período de trabalho

legislativo, em recesso, o que equivale às férias, não há como se admitir o recebimento de

diárias, pois não há nenhum deslocamento em razão do serviço.

Com efeito, a Emenda nº 06/06 a Lei Orgânica do Município de

Ladário, estipula que “a Câmara Municipal reunir-se-á anualmente na sede do

Município, de 11 de fevereiro a 30 de junho e 1º de agosto a 20 de dezembro” (Doc. de

f. 683).

Assim, entre os dias 1º de julho a 30 de julho e 21 de

dezembro a 10 de fevereiro ocorre o período de recesso legislativo, em que não há

trabalho parlamentar. Esse período de recesso legislativo perdurou desde o dia 14/112006

até 19/04/2015, quando houve alteração da Lei Orgânica do Município de Ladário,

curiosamente, depois do recebimento do ofício requisitório do Ministério Público na

presente investigação (f. 811/812).

Ocorre que os requeridos, durante os anos de 2011/2013,

ignoraram o disposto na Lei Orgânica do Município da cidade de Ladário, e passaram a

receber indevidamente as verbas indenizatórias em período de recesso.

Vejamos a situação de cada requerido:

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Curadoria dos Registros Públicos e das Fundações e crimes correlatos

1) Vereador FÁBIO PEIXOTO DE ARAÚJO na data de 24.07.13 (f. 307) requereu o

pagamento de 03 diárias (viagem à capital do estado). O início da viagem se deu em

25.07.13 com retorno no dia 27.07.13 (doc. f. 308). As diárias foram efetivamente pagas

(no valor de R$ 2.940,00) no dia 22.07.13, segundo se infere do Relatório de Empenho

acostado à f.155 (empenho nº 175);

2) Vereador HELDER NAULE PAES DOS SANTOS BOTELHO na data de 12.01.11

(f. 335) requereu o pagamento de 02 diárias (viagem à capital do estado), que naquela

época equivaleria a R$ 1.960,00. O início da viagem se deu em 18.01.11 com retorno no

dia 21.01.11 (doc. f. 336). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 2.000,00,

ou seja, em valor superior ao previsto na Resolução) no dia 21.01.11, segundo se infere

do Relatório de Empenho acostado à f.172 (empenho nº 25);

3) Vereador MUNIR SADEQ RAMUNIEH na data de 12.01.11 (f. 438) requereu o

pagamento de 02 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época equivaleria a R$

1.960,00. O início da viagem se deu em 18.01.11 com retorno no dia 21.01.11 (doc. f.

439). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 2.000,00, ou seja, em valor

superior ao previsto na Resolução) no dia 21.01.11, segundo se infere do Relatório de

Empenho acostado à f.176 (empenho nº 15);

- Vereador MUNIR SADEQ RAMUNIEH na data de 02.02.12 (f. 419) requereu o

pagamento de 03 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época equivaleria a R$

2.940,00. O início da viagem se deu em 06.02.12 com retorno no dia 08.02.12 (doc. f.

420). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 3.000,00, ou seja, em valor

superior ao previsto na Resolução) no dia 21.02.12, segundo se infere do Relatório de

Empenho acostado à f.166 (empenho nº 30);

4) Vereadora MIRIAN DE OLIVEIRA na data de 13.01.11 (f. 474) requereu o

pagamento de 02 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época equivaleria a R$

1.960,00. O início da viagem se deu em 18.01.11 com retorno no dia 21.01.11 (doc. f.

475). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 3.000,00, ou seja, em valor

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superior ao previsto na Resolução) no dia 21.01.11, segundo se infere do Relatório de

Empenho acostado à f.175 (empenho nº 24);

- Vereadora MIRIAN DE OLIVEIRA na data de 31.01.12 (f. 457) requereu o

pagamento de 02 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época equivaleria a R$

1.960,00. O início da viagem se deu em 02.02.12 com retorno no dia 03.02.12 (doc. f.

458). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 2.000,00, ou seja, em valor

superior ao previsto na Resolução) no dia 21.02.12, segundo se infere do Relatório de

Empenho acostado à f.165 (empenho nº 25);

5) Vereador MAURO BOTELHO ROCHA na data de 10.01.11 (f. 538) requereu o

pagamento de 02 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época equivaleria a R$

1.960,00. O início da viagem se deu em 18.01.11 com retorno no dia 21.01.11 (doc. f.

539). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 3.000,00, ou seja, em valor

bem superior ao previsto na Resolução) no dia 21.01.11, segundo se infere do Relatório

de Empenho acostado à f.174 (empenho nº 23);

- Vereador MAURO BOTELHO ROCHA na data de 03.02.12 (f. 517) requereu o

pagamento de 02 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época equivaleria a R$

1.960,00. O início da viagem se deu em 06.02.12 com retorno no dia 08.02.12 (doc. f.

518). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 4.000,00, ou seja, em valor

bem superior ao previsto na Resolução) no dia 21.02.12, segundo se infere do Relatório

de Empenho acostado à f.164 (empenho nº 29);

6) Vereador OSVALMIR NUNES DA SILVA na data de 13.01.11 (f. 599) requereu o

pagamento de 02 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época equivaleria a R$

1.960,00. O início da viagem se deu em 18.01.11 com retorno no dia 21.01.11 (doc. f.

600). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 2.000,00, ou seja, em valor

superior ao previsto na Resolução) no dia 21.01.11, segundo se infere do Relatório de

Empenho acostado à f.177 (empenho nº 18);

- Vereador OSVALMIR NUNES DA SILVA na data de 31.01.12 (f. 582) requereu o

pagamento de 01 diária (viagem à capital do estado), que naquela época equivaleria a R$

980,00. O início da viagem se deu em 02.02.12 com retorno no dia 03.02.12 (doc. f. 583).

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As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 2.000,00, ou seja, em valor bem

superior ao previsto na Resolução) no dia 21.02.12, segundo se infere do Relatório de

Empenho acostado à f.167 (empenho nº 26);

7) Vereador PAULO HENRIQUE C. DE ARAÚJO CHAVES na data de 24.07.13 (f.

628) requereu o pagamento de 03 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época

equivaleria a R$ 2.940,00. O início da viagem se deu em 25.07.13 com retorno no dia

27.07.13 (doc. f. 629). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 3.000,00, ou

seja, em valor superior ao previsto na Resolução) no dia 21.02.13, segundo se infere do

Relatório de Empenho acostado à f.164 (empenho nº 29);

- Vereador PAULO HENRIQUE C. DE ARAÚJO CHAVES na data de 06.02.12 (f.

641) requereu o pagamento de 02 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época

equivaleria a R$ 1.960,00. O início da viagem se deu em 08.02.12 com retorno no dia

10.02.12 (doc. f. 642). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 2.000,00, ou

seja, em valor superior ao previsto na Resolução) no dia 21.02.12, segundo se infere do

Relatório de Empenho acostado à f.168 (empenho nº 35);

- Vereador PAULO HENRIQUE C. DE ARAÚJO CHAVES na data de 13.01.11 (f.

658) requereu o pagamento de 02 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época

equivaleria a R$ 1.960,00. O início da viagem se deu em 18.01.11 com retorno no dia

21.01.11 (doc. f. 659). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 2.000,00, ou

seja, em valor superior ao previsto na Resolução) no dia 21.01.11, segundo se infere do

Relatório de Empenho acostado à f.178 (empenho nº 17);

8) Vereador EMERSON VALLE PETZOLD na data de 06.02.12 (f. 259) requereu o

pagamento de 02 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época equivaleria a R$

1.960,00. O início da viagem se deu em 08.02.12 com retorno no dia 10.02.12 (doc. f.

260). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 2.000,00, ou seja, em valor

superior ao previsto na Resolução) no dia 21.02.12, segundo se infere do Relatório de

Empenho acostado à f.161 (empenho nº 34);

- Vereador EMERSON VALLE PETZOLD na data de 13.01.11 (f. 276) requereu o

pagamento de 02 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época equivaleria a R$

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Curadoria dos Registros Públicos e das Fundações e crimes correlatos

1.960,00. O início da viagem se deu em 18.01.11 com retorno no dia 21.01.11 (doc. f.

277). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 2.000,00, ou seja, em valor

bem superior ao previsto na Resolução) no dia 21.01.11, segundo se infere do Relatório

de Empenho acostado à f.171 (empenho nº 16);

9) Vereador IRANIL DE LIMA SOARES no ano de 2012 recebeu o pagamento de

cinco diárias (viagem à capital do estado), que naquela época equivaleria a R$ 4.000,00.

O início da viagem se deu em 08.02.12 com retorno no dia 11.02.12 (doc. f. 771). Nesse

caso, apenas a diária do dia 11/02/2012 era devida, pois este foi o primeiro dia útil de

trabalho legislativo.

- Vereador IRANIL DE LIMA SOARES na data de 18.01.11 (f. 398) requereu o

pagamento de 02 diárias (viagem à capital do estado), que naquela época equivaleria a R$

1.960,00. O início da viagem se deu em 18.01.11 com retorno no dia 21.01.11 (doc. f.

399). As diárias foram efetivamente pagas (no valor de R$ 2.000,00, ou seja, em valor

superior ao previsto na Resolução) no dia 21.01.11, segundo se infere do Relatório de

Empenho acostado à f.173 (empenho nº 26);

Destarte, resta nitidamente comprovado que os requeridos, nos

períodos acima nominados, receberam verba indenizatória indevida, uma vez que as

viagens por eles realizadas ocorreram durante recesso legislativo, ou seja, quando os

trabalhos parlamentares ficam suspensos e, obviamente, não deveria o erário custear suas

viagens.

O valor total do prejuízo ao erário decorrente do pagamento

indevido das diárias em período de recesso legislativo foi de R$ 42.940,00.

RECEBIMENTO DE DIÁRIAS COMO COMPLEMENTAÇÃO DO SUBSÍDIO

Restou também apurado no Inquérito Civil Público nº 043/2014

que entre os anos de 2011 a 2013, os Vereadores da cidade Ladário receberam

mensalmente valores praticamente idênticos aos seus subsídios, pagos a título de diárias.

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Nesse período, conforme as Relações de Empenho apresentados às fls. 151/178, os

requeridos perceberam o valor de R$ 497.508,50 (quatrocentos e noventa e sete mil,

quinhentos e oito reais e cinquenta centavos), ou seja, quase meio milhão de reais só em

diárias.

Esses valores das diárias eram indiscriminadamente liberados aos

requeridos, não havendo análise pelo Presidente da Câmara da real necessidade e da

existência de interesse público primário na realização destas despesas. Em verdade, o ato

de concessão do pagamento dessa verba se dava completamente desprovido de qualquer

fundamentação que identificasse minimamente a presença dos requisitos legais, o que

torna o ato administrativo nulo.

Com efeito, a despeito da Resolução nº 170/2011 da Câmara

Municipal de Ladário determinar que o ato da concessão das diárias especificasse, dentre

outros, o nome/cargo/função e o objetivo detalhado da viagem, os requeridos nitidamente

descumpriram essa norma.

De fato, nos requerimentos de diárias, assim como nos relatórios

de viagem, não consta especificação do motivo da mesma de forma detalhada, tampouco

os objetivos alcançados, os atos praticados no exercício da vereança e no interesse da

população ladarense, aliás, no caso dos relatórios não foram mencionados sequer as

placas dos veículos utilizados no trajeto, fato esse que, evidentemente, prejudica a

comprovação da viagem pelos órgãos de fiscalização e investigação.

Ademais, observa-se que os requerimentos de diárias de todos os

vereadores requeridos configuram cópia um dos outros, são idênticos, apenas mudam o

nome e a data da viagem, mantendo exatamente o mesmo texto. O mesmo ocorre com os

relatórios de viagens, que não especificam e nem descrevem minimamente o objetivo do

deslocamento do Vereador a outra cidade, as razões de interesse público que justificariam

o gasto do erário com a viagem.

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Em verdade, todos os relatórios de viagens dos anos de 2011 e

2012 dos requeridos repetem, sem exceção, os mesmos termos, inclusive o erro de

gramática: “Ida para Assembleia Legislativa, para tratar juntos (sic) ao seu deputado

assunto do interesso do Município”.

Pior ainda, é o fato de os requeridos Iranil de Lima Soares e

Mauro Botelho Rocha – que ocuparam o cargo de Presidente da Câmara de Vereadores

de Ladário, o primeiro a partir de 2013 e o segundo de 2011 a 2012 – assinarem ao

mesmo tempo a solicitação do pagamento de diária e a autorização de pagamento, em

benefício próprio, conforme documentos de f. 362/376 e 525/567 do IC.

Tudo isso implica em claro descumprimento das normas que

fixavam o pagamento de diárias aos Vereadores, tornando nulo o ato que concedeu o

pagamento da referida verba indenizatória, sendo de rigor seu ressarcimento aos

combalidos cofres públicos de Ladário.

Cabe pontuar, também, que a Câmara e os requeridos não

demonstraram qual o proveito que os munícipes ladarenses puderam experimentar com a

suposta realização destas viagens para reuniões ou cursos. Nada, nenhuma palavra sobre

as razões da necessidade da viagem, seu objetivo, ou dos efetivos benefícios trazidos com

a despesa.

A prática acima relatada revela que, a bem da verdade, estes

valores pagos a título de diárias aos requeridos foram sistematicamente incorporados aos

seus subsídios, como complementação salarial, nítida burla à legislação, já que tal

prática é proibida pela Constituição Federal.

São os termos do § 4º, do art. 39 da Constituição Federal:

“§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os

Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais

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Promotoria de Justiça de Proteção do Consumidor, do Patrimônio Público e Social,

Curadoria dos Registros Públicos e das Fundações e crimes correlatos

serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em

parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação,

adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra

espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto

no art. 37, X e XI. ”

A incorporação das verbas indenizatórias aos subsídios dos

vereadores restou devidamente comprovada pelos Relatórios de Empenho de fls.

151/178, dos quais vale destacar:

1) EMERSON VALLE PETZOLD, entre 01.01.13 a 31.12.13 recebeu diárias nos

meses de março, abril, junho, agosto e outubro, totalizando R$ 4.940, conforme

comprova f. 154;

- EMERSON VALLE PETZOLD, entre 01.01.12 a 31.12.12 recebeu diárias nos meses

de fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro e novembro,

totalizando R$ 16.095,00, conforme comprova f. 161;

- EMERSON VALLE PETZOLD, entre 01.01.11 a 31.12.11 recebeu diárias nos meses

de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, agosto, setembro, outubro e novembro,

totalizando R$ 18.000,00, conforme comprova f. 171;

2) FABIO PEIXOTO DE ARAÚJO GOMES, entre 01.01.13 a 31.12.13 recebeu

diárias nos meses de fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro,

outubro, novembro e dezembro, totalizando R$ 20.785,00, conforme comprova f. 155;

3) PAULO HENRIQUE C. DE ARAUJO CHAVES, entre 01.01.13 a 31.12.13 recebeu

diárias nos meses de fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro,

outubro, novembro e dezembro, totalizando R$ 32.470,00, conforme comprova f. 160;

- PAULO HENRIQUE C. DE ARAUJO CHAVES, entre 01.01.12 a 31.12.12 recebeu

diárias nos meses de fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro e outubro,

totalizando R$ 15.954,00, conforme comprova f. 168;

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- PAULO HENRIQUE C DE ARAUJO CHAVES, entre 01.01.11 a 31.12.11 recebeu

diárias nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, agosto, setembro, outubro e

novembro, totalizando R$ 18.700,00, conforme comprova f. 178;

4) HELDER NAULE PAES DOS SANTOS BOTELHO entre 01.01.12 a 31.12.12

recebeu diárias nos meses de fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro e

outubro, totalizando R$ 15.940,00, conforme comprova f. 162;

- HELDER NAULE PAES DOS SANTOS BOTELHO entre 01.01.11 a 31.12.11

recebeu diárias nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, agosto, setembro,

outubro e novembro, totalizando R$ 20.000,00, conforme comprova f. 172;

5) MAURO BOTELHO ROCHA, entre 01.01.13 a 31.12.13 recebeu diárias nos meses

de fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro e novembro,

totalizando R$ 10.915,00, conforme comprova f. 158;

- MAURO BOTELHO ROCHA, entre 01.01.12 a 31.12.12 recebeu diárias nos meses

de fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro,

totalizando R$ 38.341,00, conforme comprova f. 164;

- MAURO BOTELHO ROCHA, entre 01.01.11 a 31.12.11 recebeu diárias nos meses

de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro, novembro e

dezembro, totalizando R$ 31.996,50, conforme comprova f. 174;

6) MIRIAN DE OLIVEIRA, entre 01.01.12 a 31.12.12 recebeu diárias nos meses de

fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro e outubro, totalizando R$

15.972,00, conforme comprova f. 165;

- MIRIAN DE OLIVEIRA entre 01.01.11 a 31.12.11 recebeu diárias nos meses de

janeiro, fevereiro, março, abril, maio, setembro, outubro e novembro, totalizando R$

19.800,00, conforme comprova f. 175;

7) MUNIR SADEQ RAMUNIEH entre 01.01.12 a 31.12.12 recebeu diárias nos meses

de fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro e novembro,

totalizando R$ 16.929,00, conforme comprova f. 166;

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- MUNIR SADEQ RAMUNIEH entre 01.01.11 a 31.12.11 recebeu diárias nos meses de

janeiro, fevereiro, março, abril, maio, agosto, setembro, outubro e novembro, totalizando

R$ 18.000,00, conforme comprova f. 176;

8) OSVALMIR NUNES DA SILVA entre 01.01.13 a 31.12.13 recebeu diárias nos

meses de fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro e novembro,

totalizando R$ 15.793,00, conforme comprova f. 159;

- OSVALMIR NUNES DA SILVA entre 01.01.12 a 31.12.12 recebeu diárias nos meses

de fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro e outubro, totalizando R$

15.936,00, conforme comprova f. 167;

- OSVALMIR NUNES DA SILVA entre 01.01.11 a 31.12.11 recebeu diárias nos meses

de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, agosto, setembro e outubro, totalizando R$

16.000,00, conforme comprova f. 177;

9) IRANIL DE LIMA SOARES entre 01.01.13 a 31.12.13 recebeu diárias nos meses de

abril, maio, agosto, setembro, outubro e novembro, totalizando R$ 16.757,00, conforme

comprova f. 156;

- IRANIL DE LIMA SOARES entre 01.01.12 a 31.12.12 recebeu diárias nos meses de

fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro e novembro, totalizando

R$ 42.799,00, conforme comprova f. 163;

- IRANIL DE LIMA SOARES entre 01.01.11 a 31.12.11 recebeu diárias nos meses de

janeiro, fevereiro, março, abril, maio, agosto, setembro, outubro e novembro, totalizando

R$ 26.000,00, conforme comprova f. 173;

10) DELARI MARIA BOTTEGA EBELING entre 01.01.13 a 31.12.13 recebeu diárias

nos meses de fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro e novembro,

totalizando R$ 12.904,00, conforme comprova f. 153;

DELARI MARIA BOTTEGA EBELING entre 01.01.12 a 31.12.12 recebeu diárias nos

meses de fevereiro, março, abril, maio, junho, agosto, setembro e outubro, totalizando R$

18.367,00, conforme comprova f. 169;

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DELARI MARIA BOTTEGA EBELING entre 01.01.11 a 31.12.11 recebeu diárias nos

meses de fevereiro, março, abril, maio, agosto, setembro, outubro e novembro,

totalizando R$ 17.200,00, conforme comprova f. 170;

DO DIREITO

DA NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS DE

CONCESSÃO DE DIÁRIAS AOS VEREADORES.

Um dos requisitos de validade do ato administrativo é a

motivação, previsto no artigo 2º da Lei Federal nº 9.784/1999 como princípio de

obediência obrigatória na Administração Pública.

Consiste a motivação, nas palavras de CELSO ANTÔNIO

BANDEIRA DE MELO2, na “exposição dos motivos, a fundamentação na qual são

enunciados (a) a regra de Direito habilitante, (b) os fatos em que o agente se estribou

para decidir e, muitas vezes, obrigatoriamente, (c) a enunciação da relação de

pertinência lógica entre os fatos ocorridos e o ato praticado”.

Conforme leciona MARIA SYLVIA ZANELLA DE PIETRO3,

“a motivação é em regra, necessária, seja para os atos vinculados, seja para os atos

discricionários, pois constitui garantia de legalidade, que tanto diz respeito ao

interessado como à própria Administração Pública; a motivação é que permite a

verificação, a qualquer momento, da legalidade do ato, até mesmo pelos demais Poderes

do Estado”.

Nas palavras de MARÇAL JUSTEN FILHO4, “a validade formal

de todo e qualquer ato administrativo de cunho decisório depende de uma motivação,

porque nenhuma competência administrativa é atribuída para que o agente realize o

2 Curso de Direito Administrativo, 25. Ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2009, pag. 367

3 Direito Administrativo, 28ª Ed., São Paulo : Atlas, 2015, pag. 254.

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intento que bem desejar ou decida como bem entender. (...) a motivação é relevante tanto

no tocante a competências discricionárias como quanto a escolhas vinculadas. Na

hipótese de discricionariedade, a atribuição pela norma de autonomia de escolha para o

agente não significa ausência de controle ou limite. Para que a decisão seja válida, é

indispensável que o agente exponha de público as razões que conduziram a uma dentre

as diversas escolhas possíveis, inclusive indicando a ponderação entre os possíveis

resultados. Decisão discricionária não fundamentada é ato arbitrário, desconforme o

direito, incompatível com a democracia republicana. (...) No caso de atividade

vinculada, o agente tem de produzir a motivação do ato para demonstrar que os

pressupostos indicados por lei para o exercício da competência estavam presentes. (...) A

motivação é necessária para permitir o conhecimento dos motivos que nortearam a

conduta, propiciando o controle quanto à regularidade do ato. Suprimir a motivação

dificulta a avaliação dos motivos e gera o risco de que atos defeituosos sejam

considerados como válidos.”

Com autoridade CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO5

arremata que “a exigência de motivação dos atos administrativos, contemporânea à

prática do ato, ou pelo menos anterior a ela, há de ser tida como uma regra geral, pois

os agentes administrativos não são “donos” da coisa pública, mas simples gestores de

interesses de toda coletividade, esta, sim, senhora de tais interesses, visto que, nos

termos da Constituição, “todo poder emana do povo (...)” (art. 1º, parágrafo único).

Logo, parece óbvio que, praticado o ato em um Estado onde tal preceito é assumido e

que, ademais, qualifica-se como “Estado Democrático de Direito” (art. 1º, caput),

proclamando, ainda, ter como um de seus fundamentos a cidadania (inciso II), os

cidadãos e em particular o interessado no ato têm direito de saber por que foi praticado,

isto é, que fundamentos o justificam.”

Esse entendimento encontra ressonância na jurisprudência do

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, conforme se verifica do seguinte excerto:

4 Curso de Direito Administrativo, 10ª Ed., São Paulo : RT, 2014, pag. 439-440.

5 Ob. Cit., pag. 368.

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“O ato administrativo, para que seja considerado válido, deve

observar, entre outros, o princípio da impessoalidade, da licitude

e publicidade. Estes três pilares do Direito Administrativo

fundem-se na chamada motivação dos atos administrativos, que é

o conjunto das razões fáticas ou jurídicas determinantes da

expedição do ato” (RMS 11.336/PE, 5ª T., Rel. Min. Jorge

Scartezzini, j. 07/11/2000)

No caso em apreço, como dito acima, não há qualquer motivação

apta a conferir mínima validade aos atos administrativos que autorizaram o pagamento

das diárias ora impugnadas. Os pedidos de diárias e seus respectivos relatórios de viagens

são genéricos, repetitivos, não preenchendo os requisitos estabelecidos na Resolução nº

170/2011 da Câmara Municipal de Ladário.

Os valores das diárias eram indiscriminadamente liberados aos

requeridos, não havendo análise pelo Presidente da Câmara da real necessidade e da

existência de interesse público primário na realização destas despesas. Em verdade, o ato

de concessão do pagamento dessa verba se dava completamente desprovido de qualquer

fundamentação que identificasse minimamente a presença dos requisitos legais, o que

torna o ato administrativo nulo. Repita-se, apenas constava do ato o seguinte texto: “DE

ACORDO”, acompanhado da assinatura do Presidente da Câmara.

Assim, mostra-se de rigor declarar nulos todos os atos

concessivos das diárias.

DA INCORPORAÇÃO DOS VALORES DAS DIÁRIAS AO SUBSÍDIO DOS

VEREADORES

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O percebimento das diárias de maneira contínua, periódica

(mensal) e indiscriminada pelos requeridos reflete uma verdadeira incorporação dos

valores aos seus subsídios, prática essa vedada pela legislação pátria.

Sobre a matéria em referência, pertinentes são as sóbrias

considerações do eminente administrativista CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE

MELLO6: “Com o intuito de tornar mais visível e controlável a remuneração de certos

cargos, impedindo que fossem constituídas distintas parcelas que se agregassem de

maneira a elevar-lhes o montante, a Constituição criou uma modalidade retributiva

denominada subsídios. (...) Subsídio é a denominação atribuída à forma remuneratória

de certos cargos, por força da qual a retribuição que lhes concerne se efetua por meio

dos pagamentos mensais de parcelas únicas, ou seja, indivisas e insuscetíveis de

aditamentos ou acréscimos de qualquer espécie”

Considerando a natureza das diárias como verbas indenizatórias,

bem como que sua concessão apenas se justifica para o atendimento das necessidades e

atribuições do mandato dos Vereadores, nas hipóteses em que esteja presente o interesse

público real, concreto e primário apto a justificar o seu gasto, os requerimentos e os

relatórios de viagens supramencionados – acompanhados do DE ACORDO do Presidente

da Casa – não são aptas a demonstrar a ocorrência de interesse público mencionado na

sua concessão, o que gera ilegalidade do ato concessivo, que deve ser declarado nulo pelo

Poder Judiciário, obrigando-se seu ressarcimento ao erário.

Existe precedente na jurisprudência no sentido de que em não

havendo demonstração do interesse público no ato de concessão de diárias, tal ato deve

ser declarado nulo, conforme se nota do aresto abaixo transcrito:

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO POPULAR. PAGAMENTO DE

DIÁRIAS PARA VIAGENS E REEMBOLSOS DAS

RESPECTIVAS DESPESAS PELA CÂMARA MUNICIPAL DE

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UMUARAMA AOS SEUS EDIS (NOS ANOS DE 1997 A 1999).

MEDIANTE AUTORIZAÇÃO DO PRESIDENTE DA CASA E

DOS PRIMEIROS SECRETÁRIOS. LIBERAÇÃO DE VERBA

PÚBLICA SEM A DEVIDA MOTIVAÇÃO, CONTENDO

APENAS A EXPRESSÃO GENÉRICA "INTERESSE DO PODER

LEGISLATIVO OU INTERESSE DA COMUNIDADE DE

UMUARAMA". INTERESSADOS NAS DIÁRIAS QUE NÃO

ESPECIFICAVAM AS RAZÕES DAS VIAGENS A FIM DE

DEMONSTRAR A FINALIDADE E O INTERESSE PÚBLICO DO

ATO. ATOS DA MESA QUE IGUALMENTE APRESENTAVAM

MOTIVAÇÃO GENÉRICA, QUE NÃO ATENDEM À

EXIGÊNCIA LEGAL, PARA FINS DO CONTROLE DE SUA

LEGALIDADE. INFRINGÊNCIA AOS ARTIGOS 37 DA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL, BEM COMO ÀS RESOLUÇÕES

4/1989 E 10/1997 DA CÂMARA MUNICIPAL DE UMUARAMA.

EXIGÊNCIA EXPLÍCITA DE MOTIVAÇÃO PARA OS ATOS

IMPUGNADOS. PODER JUDICIÁRIO QUE TEM O DEVER

RESTRITO DE CONTROLE EXTERNO DA LEGALIDADE DOS

ATOS ADMINISTRATIVOS. EVIDÊNCIA DE ILEGALIDADE

DOS ATOS IMPUGNADOS, POR FALTA DE MOTIVAÇÃO,

QUE IMPLICA EM SUA NULIDADE. NULIDADE DOS

ATOS QUE CONDUZ À CONDENAÇÃO DOS RÉUS NO

RESSARCIMENTO DOS VALORES RECEBIDOS POR

MEIO DELES. SENTENÇA MANTIDA. RECURSOS

CONHECIDOS E DESPROVIDOS. (TJPR - 4ª C.Cível - AC

517987-3 - Umuarama - Rel.: Maria Aparecida Blanco de Lima -

Unânime - J. 04.08.2009).

“APELAÇÕES CÍVEIS - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA -

RECEBIMENTO INDEVIDO DE DIÁRIAS POR VEREADOR -

6 Ob. Cit., pag. 267/268

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ENRIQUECIMENTO ILÍCITO E DANOS AO ERÁRIO -

PAGAMENTO PELO PRESIDENTE DA CÂMARA - AUSÊNCIA

DE DOLO OU MÁ-FÉ - RECURSOS NÃO PROVIDOS.

O recebimento de diárias por Vereador sem deslocamento ou

interesse público que o justifique configura a conduta prevista

nos artigos 9º, XII e 11, I, ambos da Lei 8.429/92.(...)” (TJMS,

APL 00002624520078120017 MS, 2ª Câm. Cível, Rel. Des.

Julizar Barbosa Trindade, j 08/02/2013).

É certo que as diárias constituem espécies do gênero indenização,

ressarcindo o agente público das despesas efetuadas de modo extraordinário, eventual, em

deslocamentos realizados em prol do serviço público.

Noutros termos, as diárias possuem natureza jurídica

indenizatória, servindo como reembolso das despesas assumidas pelo servidor público

por ocasião da execução de suas atribuições.

Segundo o magistério de Hely Lopes Meirelles7:

“Indenizações – São previstas em lei e destinam-se a indenizar o

servidor por gastos em razão da função. Seus valores podem ser

fixados em lei ou em decreto, se aquela permitir. Tendo natureza

jurídica indenizatória, não incorporam a remuneração, não

repercutem no cálculo dos benefícios previdenciários e não estão

sujeitas ao imposto de renda. Normalmente, recebem as seguintes

denominações: ajuda de custo – destina-se a compensar as

despesas de instalação em nova sede de serviço, pressupondo

mudança de domicílio em caráter permanente; diárias –

indenizam as despesas com passagem e/ou estadia em razão de

prestação de serviços em outra sede e em caráter eventual;

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auxílio transporte - destina-se ao custeio total ou parcial das

despesas realizadas pelo servidor com transporte coletivo nos

deslocamentos de sua residência para o trabalho e vice-versa”.

Dessa feita, tratando-se do exercício da vereança, as diárias têm

validade legal desde que voltadas ao atendimento das necessidades e atribuições do

mandato dos vereadores, estando presente o interesse público real e concreto a justificar o

seu gasto.

No entanto, como visto, no caso dos autos foi instaurado um

complexo esquema de desvios de recursos públicos da Câmara Municipal de Ladário,

consubstanciado, em suma, no dispêndio sistemático de valores, a título de diárias, a seus

vereadores visando aumentar seu subsídio, sem observação das normas legais.

A autorização do pagamento das diárias pelos Vereadores que se

sucederam como Presidentes da Câmara não contém fundamentação alguma que

justifique o interesse público na despesa autorizada. Em verdade, o despacho do

Presidente da Câmara se resume ao “DE ACORDO” acompanhado da assinatura no

Relatório de viagem, o que não permite o controle de legalidade do ato, violando o artigo

37 da Constituição Federal e a Resolução nº 170/2011, da Câmara Municipal de Ladário.

Os requerimentos de pagamentos de diária dos vereadores e os seus respectivos relatórios

de viagens são genéricos, cópias de um texto padrão, inclusive com o mesmo erro de

gramática: “Ida para a Assembleia Legislativa, para tratar juntos (sic) ao seu deputado

assunto do interesse do Município”, onde não são demonstrados os motivos e o interesse

público do ato, justificador da despesa aos cofres públicos. Destarte, resta ao Poder

Judiciário, que tem o dever restrito de controle externo da legalidade dos atos

administrativos, declarar a ilegalidade dos atos impugnados, por falta de motivação

idônea dos pedidos e das decisões autorizando o pagamento das diárias, condenando os

requeridos a ressarcir os valores percebidos indevidamente a título de diárias no período

de 2011 a 2013.

7 MEIRELLES, Hely Lopes; Direito Administrativo Brasileiro; 30ª ed; São Paulo: Malheiros, 2005; p. 480

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DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

De um modo geral, a administração pública se submete aos

princípios elencados no art. 37, da Constituição da República. Vejamos:

Art. 37. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA, INDIRETA

OU FUNDACIONAL, DE QUALQUER DOS PODERES DA

UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS

MUNICÍPIOS OBEDECERÁ AOS PRINCÍPIOS DE

LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE,

PUBLICIDADE E EFICIÊNCIA E, TAMBÉM, AO SEGUINTE:

(...)

Portanto, a administração pública, em qualquer nível, deve pautar

sua atividade em princípios consagrados pela doutrina e largamente reconhecidos pelo

entendimento reiterado de nossos Tribunais, hoje consubstanciados no artigo

supratranscrito. Trata-se dos chamados princípios constitucionais expressos: da

legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência.

Assim, Constituição Federal de 1988 deu particular atenção à

Administração Pública.

Os contínuos, constantes e corriqueiros danos praticados, durante

décadas, contra o patrimônio público levaram o constituinte a erigir um conjunto de

princípios e de regras capazes não só de dificultar os ataques ao erário público, mas de

dotar a sociedade de instrumentos para, em ocorrendo atos de improbidade, reparar e

coibi-los, punindo o agente infrator.

A palavra improbidade é derivada do latim improbitare,

significando falta de probidade, desonestidade e desonradez e significa o exercício de

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função, cargo, mandato ou emprego público sem observância dos princípios

administrativos da legalidade, da impessoalidade, da publicidade, da moralidade e da

eficiência: É o desvirtuamento do exercício público, que tem como fonte a má-fé.

Não é chaga recente. Sempre foi nociva rotina parasitando a

Administração Pública. Embora as funções e cargos oficiais sejam bens de domínio

público que não podem ser expostos à negociação, há muitos agentes políticos que fazem

da máquina administrativa mero trampolim que os impulsiona rumo à conquistas

pessoais, quase sempre patrimoniais, para isso pouco importando o bem-estar da

coletividade à qual representam.

Dispõe o parágrafo 4º, do art. 37 da Constituição Federal, que os

atos de improbidade importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função

pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário.

Dando suporte ao cumprimento dos mandamentos constitucionais

referidos temos a Lei n.º 8.429/92, conhecida por Lei de Improbidade Administrativa, que

estabelece sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de prática de atos imorais,

ilegais e danosos à administração pública.

DA LEGITIMIDADE PASSIVA PREVISTA NA LEI 8.429/92

Tratando do sujeito ativo nos atos de improbidade administrativa

– e consequentemente da legitimidade passiva na presente Ação Civil Pública – o artigo

2.º da Lei 8.429/92 esclarece que “considera-se agente público, para os fins desta Lei,

todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,

nomeação, designação, contratação ou qualquer vínculo, mandato, cargo, emprego ou

função em qualquer entidade pública ou mesmo privada desde que o Estado concorra

com mais da metade de seu patrimônio”.

Lecionando sobre os agentes políticos e a possibilidade de

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responsabilização, MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO8 diz que:

“A idéia de agente político liga-se, indissociavelmente, à de

governo e à de função política, a primeira dando idéia de órgão

(aspecto subjetivo) e, a segunda, de atividade (aspecto subjetivo).

(...)

Como se verifica por este dispositivo, não é preciso ser servidor

público, com vínculo empregatício, para enquadrar-se como

sujeito ativo da improbidade administrativa. Qualquer pessoa

que preste serviço ao Estado é agente público, [...] incluindo as

três modalidades ali referidas (...)” (destacamos)

DA PRÁTICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IMPORTOU NO

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DOS REQUERIDOS

Os requeridos, ao solicitarem e receberem pagamento de diárias

durante o período de recesso legislativo, onerando ilicitamente os cofres públicos, bem

como ao perceberem essas verbas indenizatórias como complementação salarial, de

forma contínua, periódica (mensal) e indiscriminada, verdadeira incorporação aos seus

subsídios, incorreram na prática de ato de improbidade administrativa que importa em

enriquecimento ilícito, auferindo vantagem patrimonial indevida no exercício do cargo,

subsumida ao disposto no art. 9º, caput e inciso XI, da Lei nº 8.429/92, in verbis:

Art. 9° - Constitui ato de improbidade administrativa

importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de

vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,

mandato, função, emprego ou atividade nas entidades

mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:

[...] omissis

8 DI PIETRO, Maria Sylia Zanella. Direito Administrativo. 19.ª edição. São Paulo: Ed. Atlas, p. 500, 778.

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XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,

rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das

entidades mencionadas no art. 1º desta Lei.

DA PRÁTICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAUSOU LESÃO

AO ERÁRIO

Ademais, como não haveria de ser diferente, a conduta dos ora

requeridos ainda causou prejuízo ao erário municipal estimado em R$ 500.493,50,

encontrando, assim, adequação nos termos do art. 10, caput e incisos I, IX e XI, da Lei de

Improbidade Administrativa:

Art. 10 – Constitui ato de improbidade administrativa que causa

lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,

que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,

malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das

entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I – facilitar ou concorrer por qualquer forma para a

incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou

jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do

acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta

lei;

[...]

IX – ordenar ou permitir a realização de despesas não

autorizadas em lei ou regulamento;

[...]

XI – liberar verba pública sem a estrita observância das normas

pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;

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O mero dispêndio de recursos, sem a devida demonstração do

interesse público a justificá-lo, por si só, já importa em malbaratamento do patrimônio

público.

É a hipótese adversa nestes autos. Os requeridos auferiram diárias

sem qualquer comprovação quanto a real demonstração do interesse público que

legitimaria a ordenação de despesas dessa natureza, demonstrando, no mínimo, uma

atuação desidiosa no emprego de recursos públicos. Mais que isso, tem-se ainda que os

vereadores receberam diárias durante o período de recesso, quando sequer há trabalho

legislativo/parlamentar, sendo totalmente ilegal a percepção dessas verbas indenizatórias.

Considerando as alegações acima e o fato de que os

requerimentos de diárias e os relatórios de empenho confirmam o pagamento indevido de

verba indenizatória durante o recesso, resta evidenciada a subsunção ao disposto no art.

10, caput e incisos I, IX e XI, da Lei de improbidade administrativa.

Mais grave ainda é a conduta dos requeridos Mauro Botelho

Rocha e Iranil de Lima Soares, que se sucederam na Presidência da Câmara, os quais

autorizaram os pagamentos dessas diárias sem se atentar para os requisitos legais

previstos na Resolução da Câmara, bem como praticaram atos administrativos maculados

pela pecha da nulidade pela absoluta falta de motivação quando da autorização do

pagamento dessas diárias. Pior ainda, quando assinaram os próprios requerimentos e

autorização de pagamento de diárias em benefício próprio.

DA PRÁTICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATENTOU

CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Por fim, não obstante configurada a adequação da conduta dos

demandados ao disposto nos arts. 9º e 10 da Lei nº 8.429/92, é de bom alvitre registrar

que as referidas condutas ainda representaram graves transgressões aos princípios da

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legalidade e da moralidade, sem contar, ademais, a violação aos deveres de honestidade,

de imparcialidade e de lealdade às instituições que as condutas praticadas ocasionaram.

Assim, o atuar dos requeridos encontra, de igual modo, subsunção

aos termos do art. 11, caput, inciso I, da indigitada Lei Federal:

“Art. 11 – Constitui ato de improbidade administrativa que

atenta contra os princípios da administração pública qualquer

ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,

imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e

notadamente:

I – praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou

diverso daquele previsto, na regra de competência;”

Isto se dá, pois, conforme ensinam Marino Pazzaglini Filho,

Márcio Fernando Elias Rosa e Waldo Fazzio Júnior9:

“[...] o art. 11 da Lei Federal nº 8.429/92 funciona como regra

de reserva, para os casos de improbidade administrativa que na

acarretam lesão ao erário nem importam em enriquecimento

ilícito do agente público que a pratica. Compreende-se que assim

seja, visto que o bem jurídico tutelado pelo diploma em questão é

a probidade administrativa, objetivo revelado no art. 21, quando

aventa a possibilidade de se caracterizar ato de improbidade,

ainda que sem a ocorrência de efetivo prejuízo”

No caso em comento, é evidente o desrespeito aos princípios da

legalidade e moralidade. Estes, como alicerces do Estado Democrático de Direito,

impõem aos agentes públicos a completa submissão às leis. Infere-se, portanto, que

administrar um ente público é nada mais nada menos do que realizar atos que atendam ao

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interesse público assim caracterizado em lei, fazendo-o na conformidade dos meios e

formas estabelecidas na legislação ou particularizados segundo suas disposições.

Contudo, os ora requeridos agiram em total arrepio aos ditames da Lei Federal nº

8.429/92, além da própria Constituição Federal.

Quanto ao princípio da impessoalidade, este também restou

afrontado. Os requeridos atuaram com a finalidade única de lograr ilícita locupletação

pessoal, divorciados das determinações legais e constitucionais, que regulavam a

hipótese. Não é outro, a propósito, o magistério dos professores Marcelo Alexandrino e

Vicente Paulo, instrutores da Escola da Administração Fazendária do Ministério da

Fazenda (ESAF):

“[...] toda atuação da Administração deve visar ao interesse

público, deve ter como finalidade a satisfação do interesse

público. A impessoalidade da atuação administrativa impede,

portanto, que o ato administrativo seja praticado visando a

interesses do agente ou de terceiros, devendo ater-se à vontade

da lei, comando geral e abstrato em essência. Dessa forma ele

impede perseguições ou favorecimentos, discriminações benéficas

ou prejudiciais aos administrados. Qualquer ato praticado com

objetivo diverso da satisfação do interesse público será nulo por

desvio Eduardo Labruna Daiha Promotor de Justiça de

finalidade”

Não se pode olvidar, de igual modo, o significado do princípio da

moralidade. Para JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO “o princípio da moralidade

impõe que o administrador público não dispense os preceitos éticos que devem estar

presentes em sua conduta. Deve não só averiguar os critérios de conveniência,

oportunidade e justiça em suas ações, mas também distinguir o que é honesto do que é

desonesto. Acrescentamos que tal forma de conduta deve existir não somente nas

9 Improbidade Adminsitrativa; 4ª ed; São Paulo: Atlas, 1998; p. 124/125.

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relações entre a Administração e os administrados em geral, como também internamente,

ou seja, na relação entre a Administração e os agentes públicos que a integram”10

. Não

há como desconsiderar que, in casu, a moralidade administraria foi aviltada. Esta obriga

os gestores do interesse público e demais agentes públicos a somente praticar atos que

possuam o indispensável elemento moral e segundo a ordem ética harmonizada com o

interesse público e social e, logicamente, com a lei.

Com efeito, em que pese a Constituição Federal se referir

expressamente ao princípio da moralidade, e este realmente possuir conteúdo próprio, tal

princípio geralmente está associado ao princípio da legalidade. Destarte, a própria busca

pelo conceito da “moral administrativa”, a qual não se confunde com a “moral comum”,

passa pela análise do próprio ordenamento jurídico como um todo.

Conforme enfatiza a doutrina, “[...] a moralidade administrativa

independe da concepção subjetiva (pessoal) de conduta moral, ética, que o agente

público tenha; importa, sim, a noção objetiva, embora indeterminada, passível de ser

extraída do conjunto de normas concernentes à conduta de agentes públicos, existentes

no ordenamento jurídico. O vocábulo “objetivo”, aqui, significa que não se toma como

referência um conceito pessoal, subjetivo – referente ao sujeito – de moral, mas um

conceito impessoal, geral, anônimo de moral, que pode ser obtido a partir da análise das

normas de conduta dos agentes públicos presentes no ordenamento jurídico. É evidente

que “moral administrativa” consiste em um “conceito jurídico indeterminado”, mas,

repita-se, conquanto indeterminado, trata-se de conceito jurídico, portanto, objetivo – e

não pessoal, subjetivo” (ALEXANDRINO, Marcelo e PAULO, Vicente; Direito

Administrativo Descomplicado; 17ª Ed, São Paulo: Método, 2009; p. 200)

Ou seja, a moralidade administrativa não se confunde com a

moralidade comum. Não se trata de estabelecer um conceito pessoal, subjetivo,

imiscuindo-se na concepção ética que o agente público possua. Mas sim de extrair do

10

CARVALHO FILHO, José dos Santos; Manual de Direito Administrativo; 21ª ed., Rio de Janeiro:

Editora Lumen Júris, 2009, p. 20

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próprio ordenamento jurídico, a partir de uma análise objetiva de normas de conduta dos

agentes da Administração Pública, aquela que seria compatível com a moral

administrativa.

Dessa feita, in casu, independentemente da intenção dos

requeridos, ao agirem em desconformidade com os preceitos constitucionais e legais,

afastaram-se da moralidade administrativa. Esta lhes exigia conduta diversa, pautada por

padrões éticos, em observância do senso comum de probidade e honestidade que deve

nortear todo o administrar.

Dessarte, estando configurada a improbidade administrativa

perpetrada pelos requeridos por atos dolosos por eles cometidos, estes estão sujeitos às

sanções da Lei nº 8.429/92. É o que decorre da exegese dos artigos 1º e 3º, da referida Lei

Federal:

Art. 1° - Os atos de improbidade praticados por qualquer agente

público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta

ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,

do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa

incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja

criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com

mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual,

serão punidos na forma desta lei.

[...]

Art. 3° - As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber,

àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra

para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob

qualquer forma direta ou indireta.

Nesse conceito, encontram-se inseridos os requeridos IRANIL

DE LIMA SOARES (PSDB) e MAURO BOTELHO ROCHA (PSD), os quais,

atuando na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Ladário (o primeiro durante

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o ano de 2013, já o segundo durante os anos de 2011 e 2012), autorizaram os pagamentos

das referidas diárias, para si e para os demais requeridos, sem observância das normas

legais, tendo, assim, participação decisiva na aludida ilicitude.

Também se encontram insertos, no mesmo conceito, os

requeridos EMERSON VALLE PETZOLD (PMDB), FÁBIO PEIXOTO DE

ARAÚJO GOMES (PT do B), PAULO HENRIQUE COUTINHO DE ARAÚJO

CHAVES (PSD), HELDER NAULE PAES DOS SANTOS BOTELHO (PT),

MIRIAN DE OLIVEIRA (PR), MUNIR SADEQ RAMUNIEH (PMDB),

OSVALMIR NUNES DA SILVA (PDT) e DELARI MARIA BOTTEGA EBELING

(PT), os quais, na condição de vereadores da Câmara de Ladário, foram os beneficiários

diretos da prática ímproba, enriquecendo-se ilicitamente, causando prejuízo ao erário

público e afrontando os princípios administrativos pelo recebimento das diárias

irregulares.

DA OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA DOS REQUERIDOS EM RESSARCIR O

PREJUÍZO CAUSADO AO ERÁRIO.

Os vereadores EMERSON VALLE PETZOLD (PMDB),

FÁBIO PEIXOTO DE ARAÚJO GOMES (PT do B), PAULO HENRIQUE

COUTINHO DE ARAÚJO CHAVES (PSD), HELDER NAULE PAES DOS

SANTOS BOTELHO (PT), MIRIAN DE OLIVEIRA (PR), MUNIR SADEQ

RAMUNIEH (PMDB), OSVALMIR NUNES DA SILVA (PDT) e DELARI MARIA

BOTTEGA EBELING (PT), com a ciência, concordância e participação direta de

IRANIL DE LIMA SOARES, e MAURO BOTELHO ROCHA, afrontaram o

ordenamento jurídico, mormente a Constituição Federal, tendo, os agentes públicos

mencionados, apropriado-se das verbas da Câmara Municipal de Ladário de forma

irregular, em benefício próprio, causando comprovado enriquecimento ilícito, prejuízo ao

erário e atentando contra os princípios administrativos (art. 9, caput e inc. IX; art. 10,

caput e inc. I, IX e XI e art. 11, caput e inc. I, da Lei 8.429/92).

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Portanto, todos agiram ilicitamente, com violação aos princípios

da legalidade, da impessoalidade e da motivação e devem, por isso, serem condenados

solidariamente ao ressarcimento dos prejuízos.

Tal é a importância da reparação deste prejuízo que a

Constituição Federal, no artigo 37, § 5º, dispõe que as ações de ressarcimento são

imprescritíveis:

“Art. 37, §5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para

ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que

causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de

ressarcimento”.

Complementando a norma constitucional e determinando a

obrigação de reparar o dano causado ao patrimônio público, são expressos os arts. 5º e 18

da Lei 8.429/92:

“Art. 5 - Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou

omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o

integral ressarcimento do dano”.

“Art. 18 - A sentença que julgar procedente ação civil de

reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos

ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens,

conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo

ilícito”.

Além disso, diz o Código Civil:

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“Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária,

negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar dano a

outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

“Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar

dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

Tratando-se de ato ilícito, a respectiva responsabilidade civil é

solidária, nos termos do artigo 942, caput, do Código Civil:

“Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação de

direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e

se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão

solidariamente pela reparação”.

Todos os mandamentos descritos formam um microssistema de

princípios gerais que se aplicam ao Direito Público, em seus exatos termos, pois toda e

qualquer atividade administrativa deve desenvolver-se em consonância com o princípio

da legalidade.

Por conseguinte, aquele que causar malversação de dinheiro do

erário em desacordo com determinação legal, sendo nulo o ato, lesa o patrimônio público,

ficando obrigado ao seu ressarcimento.

Portanto, reafirme-se: o dever de ressarcir o prejuízo causado ao

patrimônio da Câmara Municipal de Ladário incumbe a todos os agentes políticos e

agentes públicos beneficiados pelo ato ilegal.

DAS SANÇÕES PRETENDIDAS

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As sanções para tais práticas estão elencadas nos incisos do artigo

12, incisos I, II e III, da mesma Lei:

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e

administrativas, previstas na legislação específica, está o

responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes

cominações:

I – na hipótese do art. 09, perda dos bens ou valores acrescidos

ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano,

quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos

políticos de 8 (oito) a 10 (dez) anos, pagamento de multa civil de

até 3 (três) vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de

contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou

incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda

que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio

majoritário, pelo prazo de 10 (dez) anos;

II- na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda

dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se

concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão

dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa

civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar

com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais

ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio

de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de

cinco anos;

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se

houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos

de 3 (três) a 5 (cinco) anos, pagamento de multa civil de até 100

(cem) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e

proibição de contratar com o Poder Público ou receber

benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou

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indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da

qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 3 (três) anos.

Os requeridos, uma vez agentes públicos, deveriam dar o

exemplo de legalidade, moralidade, trato imaculado da coisa pública e lealdade ao ente

público.

Porém, contrariando proibição expressa decorrente do texto

constitucional e, por isso, ciente do caráter ilegal da conduta por eles praticada durante o

período de 2011 a 2013, requereram e receberam diárias de forma indevida.

A questão em tela é o exemplo mais claro do abuso praticado em

desfavor do contribuinte e de todos os cidadãos, notadamente daqueles que com

dificuldade cumprem com suas obrigações perante a fazenda pública, pagando de

maneira correta seus tributos.

A ilegalidade imputada os requeridos é evidente e foi

pormenorizadamente descrita nessa exordial.

DA DECRETAÇÃO DE INDISPONIBILIDADE DOS BENS DOS REQUERIDOS

A decretação de indisponibilidade dos bens de todos os

requeridos é imprescindível para impedir a alienação, a transferência ou a disposição

de bens dos demandados, a qualquer título, visando garantir futuro e eventual

ressarcimento ao erário e o cumprimento das demais sanções previstas no art. 12 da Lei

8.429/92.

Há vários exemplos de ações de improbidade administrativa em

trâmite nesta Comarca em que, ao final, apesar da ordem judicial de ressarcimento do

erário, restaram infrutíferas devido à dilapidação do patrimônio precedente ao trânsito em

julgado da ação, o que prejudica a recomposição do dano causado à toda população.

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A Constituição Federal prevê no seu art. 37, § 4o que os atos de

improbidade administrativa “importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da

função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e

gradação prevista em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.

Logo, com o intuito de restabelecer a moralidade administrativa e

assegurar o ressarcimento dos prejuízos provocados ao patrimônio público, determinou a

Constituição Federal a indisponibilidade dos bens do administrador ímprobo, cuja medida

impositiva se baseia no reconhecimento da prática do ato de improbidade.

No mesmo passo, a Lei nº 8.429/92 prevê que havendo fundado

indício de responsabilidade poderá ser decretado o “...sequestro dos bens do agente ou

do terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio

público” (art. 16, caput).

A justificativa é simples como é a prova, eis que a permanência

dos bens à total disponibilidade dos Requeridos poderá ensejar a qualquer tempo a

alienação ou transferência a terceiros, oferecendo risco incalculável à pretendida

reparação ao erário municipal, opondo-se óbices intransponíveis aos resultados úteis da

presente ação.

Em outras palavras, caso não sejam judicialmente

indisponibilizados os bens e valores em nome de todos os requeridos, a quem os atos de

improbidade são imputados, há grande risco dos mesmos serem transferidos ou alienados,

de qualquer forma tornando sem eficácia qualquer decisão jurisdicional acerca de seu

futuro perdimento para ressarcimento ao Erário.

Há portanto, no caso em persecução, o periculum in mora, ou

seja, a imprescindibilidade de providência jurisdicional que vise impedir, por cautela,

ações que esvaziem por completo uma eventual prestação jurisdicional definitiva.

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Promotoria de Justiça de Proteção do Consumidor, do Patrimônio Público e Social,

Curadoria dos Registros Públicos e das Fundações e crimes correlatos

A perda de bens ou valores, a indenização integral pelos prejuízos

decorrentes dos atos de improbidade, assim como a multa civil, em quantitativo a ser

determinado, só se efetivará pela busca de patrimônio pessoal dos réus, que deve ser

mantido em seu estado atual – hipótese improvável se não deferida a medida –, anulando-

se a possibilidade de sua dilapidação ou transferência, visando sonegar os bens à

execução futura.

É de se ressaltar, ainda, que os efeitos das medidas liminares não

trariam prejuízos de ordem financeira aos demandados, vez que os bens, ainda que

indisponíveis, permaneceriam sob suas posses até o trânsito em julgado da sentença

condenatória.

O fumus boni iuris, vertido na chamada plausibilidade do direito,

salta aos olhos e resta sobejamente evidenciado, ante a narrativa dos fatos e nos

fundamentos jurídicos já expostos.

A não concessão da medida vindicada frustrará a pretensão estatal

ante a prova acostada e a todos que, a cada dia, percebem a corrupção crescer

desmedidamente no serviço público, inclusive no meio político.

Nesse sentido, é pacífica a jurisprudência do egrégio SUPERIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA. MEDIDA CAUTELAR DE

INDISPONIBILIDADE DE BENS. REQUISITOS.

1. Hipótese de deferimento liminar da medida de

indisponibilidade de bens do agravante, sem sua prévia

manifestação, para garantir o integral ressarcimento do suposto

dano ao erário.

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2. A medida cautelar de indisponibilidade de bens pode ser

concedida inaudita altera pars, antes mesmo do recebimento da

petição inicial da ação de improbidade administrativa.

3. Constatados pelas instâncias ordinárias os fortes indícios do

ato de improbidade administrativa (fumus boni iuris), é cabível

a decretação de indisponibilidade de bens, independentemente

da comprovação de que o réu esteja dilapidando seu patrimônio

ou na iminência de fazê-lo, pois o periculum in mora está

implícito no comando legal (REsp 1.366.721/BA, 1ª Seção,

Relator p/ acórdão Ministro Og Fernandes, julgado sob o rito

do art. 543-C do CPC, DJe 19.09.2014).

4. Agravo regimental desprovido. (STJ, AgRg no AREsp 671281

/ BA, Rel. Min. Olindo Menezes, 1ª Turma, DJe 15/09/2015)

Logo, se estão presentes os pressupostos necessários – o vestígio

do bom direito e o perigo da demora – imperativo que se determine a expedição de

ordem liminar inaudita altera parte, no sentido de que os Requeridos tenham bens

bastantes para a indenização ao erário colocados em indisponibilidade, cuja medida

como já dito não lhes trará nenhum dano e salvaguardará o interesse público.

O valor a ser bloqueado de cada requerido, considerando os

valores percebidos indevidamente por eles e especificados nos autos, pode ser assim

identificado e resumido:

1) EMERSON VALLE PETZOLD: R$ 39.950,00

2) FABIO PEIXOTO DE ARAÚJO GOMES: R$ 20.785,00

3) PAULO HENRIQUE C. DE ARAUJO CHAVES: R$ 67.124,00

4) HELDER NAULE PAES DOS SANTOS BOTELHO: R$ 35.940,00

5) MAURO BOTELHO ROCHA: R$ 81.252,50

6) MIRIAN DE OLIVEIRA: R$ 35.772,00

7) MUNIR SADEQ RAMUNIEH: R$ 34.929,00

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8) OSVALMIR NUNES DA SILVA: R$ 47.729,00

9) IRANIL DE LIMA SOARES: R$ 85.556,00

10) DELARI MARIA BOTTEGA EBELING: R$ 48.471,00

Demais disso, nos casos de improbidade administrativa a regra

geral sobre providências acautelatórias está no art. 7o da Lei nº 8.429/92 que dispõe sobre

a indisponibilidade dos bens dos envolvidos, repetindo, aliás, o mandamento

constitucional (art. 37, § 4o).

Isto significa a impossibilidade de alienação de bens, podendo se

concretizar por diversas formas, tais como o bloqueio de contas bancárias, aplicações

financeiras, o registro da inalienabilidade imobiliária, etc. (cf. MARINO PAZZAGLINI,

in IMPROBIDADE ADMINISTRASTIVA, Ed. Atlas S/A, 34a. ed., p.191).

Enfim, a indisponibilidade dos bens de todos os Requeridos é

medida absolutamente necessária e imprescindível para prevenir lesões irreparáveis ao

patrimônio público do Município de Ladário/MS.

Diante disto, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL,

nos termos do art. 37, § 4o, da CF e dos arts. 5

o e 7

o da Lei nº 8.429/92:

a) Seja decretada, em sede liminar, “inaudita altera pars”, a

indisponibilidade dos bens dos requeridos, nos limites e valores

de suas responsabilidades acima especificadas: (móveis e

imóveis), direitos e ações de propriedade, inclusive os ativos

financeiros (aplicações financeiras, depósitos, créditos, títulos,

valores imobiliários, ações, moeda estrangeira etc.) que sejam

encontrados em seu nome, depositados ou custodiados a qualquer

título em instituições financeiras no País ou no exterior,

determinando-se o imediato bloqueio dos saques, resgates,

retiradas, pagamentos, compensações e quaisquer outras

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operações que impliquem em liberação de valores, e que os saldos

porventura existentes, bem assim os que vierem a existir, sejam

transferidos para conta do Juízo para que fiquem à disposição,

ressalvadas as contas próprias para o recebimento de verbas

alimentares (salários, vencimentos e/ou proventos), via

BACENJUD.

b) Sejam requisitados:

b.1) da Receita Federal, as declarações de Imposto de Renda de

todos os requeridos nos últimos 03 (três) anos;

b.2) dos Cartórios de Registro de Imóveis de Ladário/MS,

Corumbá/MS e Campo Grande/MS, a expedição de certidões

acerca da existência de bens imóveis em nome de todos os

requeridos; e, acaso sejam identificados imóveis, que não seja

efetuada nenhuma transferência ou oneração até ordem judicial,

registrando-se na respectiva matrícula o bloqueio;

b.3) dos Cartórios de Registros de Títulos de Ladário/MS,

Corumbá/MS e Campo Grande/MS a expedição de certidões

acerca da existência registros de contratos, compromissos de

compra-e-venda de bens imóveis ou direitos em nome de todos os

requeridos; e, acaso sejam identificados, que não seja efetuada

nenhuma transferência ou oneração até ordem judicial,

registrando-se no documento o bloqueio;

b.4) Departamento de Trânsito do Estado de Mato Grosso do Sul

– DETRAN/MS, que não efetue nenhuma transferência ou

oneração de veículos acaso existentes ou que vierem a existir em

nome dos requeridos (permitido apenas eventuais transferências

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de veículos de terceiros para eles, as quais deverão ser

imediatamente comunicadas ao Juízo), e para que forneça os

dados completos dos veículos registrados em seus nomes e;

DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL

requer:

1) seja a presente ação recebida, autuada e processada na forma e

no rito preconizado no art. 17 da Lei nº 8.429/92, com

notificação dos requeridos para resposta prévia ao

recebimento da inicial;

2) Seja decretada, em sede liminar, “inaudita altera pars”, a

indisponibilidade dos bens dos requeridos, nos termos acima

formulados nos itens “a” e “b”;

3) sejam os requeridos citados pessoalmente, via mandado,

para, querendo, responder aos termos desta ação no prazo

legal, sob pena de ser-lhes decretada a revelia, permitindo-se

ao Oficial de Justiça utilizar-se da exceção prevista no art.

172, § 2º, do Código de Processo Civil;

4) requer-se, mais, seja notificada a Fazenda Pública Municipal

de Ladário, por meio de seu representantes legais, para os fins

previstos no art. 17, parágrafo 3º, da Lei 8.429/92, com a

redação que lhe deu a Lei 9.366/96.

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5) a dispensa do pagamento de custas, emolumentos e outros

encargos com base no disposto no art. 18 da Lei nº 7.347/85 e

no art. 87 da Lei nº 8.078/90;

Requer-se ainda à Vossa Excelência, nos termos da Lei 8.429/92,

do art. 5.º da Lei 7.347/85 e demais dispositivos legais aplicáveis, e especificamente nos

termos do art. 12, incisos I, II e III, da Lei n.º 8.429/92, seja ao final julgado procedente

o pedido, para:

6) Seja declarada a NULIDADE de todos os atos concessivos de

diárias aos vereadores da Câmara de Vereadores de Ladário

identificados nesta ação, realizados nos anos de 2011 a 2013,

por ausência de motivação dos atos administrativos que

autorizaram o pagamento dessas verbas;

7) Sejam CONDENADOS os requeridos EMERSON VALLE

PETZOLD, FÁBIO PEIXOTO DE ARAÚJO GOMES,

PAULO HENRIQUE COUTINHO DE ARAÚJO

CHAVES, HELDER NAULE PAES DOS SANTOS

BOTELHO, MAURO BOTELHO ROCHA, MIRIAM DE

OLIVEIRA, MUNIR SADEQ RAMUNIEH, OSVALMIR

NUNES DA SILVA, IRANIL DE LIMA SOARES e

DELARI MARIA BOTTEGA EBELING nas penalidades

previstas no art. 12, I (transcrito acima), em decorrência da

prática das condutas descritas no art. 9º, caput e inciso XI,

ambos da Lei nº 8.429/92, cujas penas devem ser aplicadas

mediante critérios de proporcionalidade, conforme já

explicitado;

8) em cumulação imprópria subsidiária, não sendo aceito o

pedido contido na letra anterior, sejam todos os requeridos

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condenados às penalidades previstas art. 12, II (transcrito

acima), pela prática das condutas descritas no art. 10, caput,

incisos I, IX e XI, todos da Lei nº 8.429/92; e

9) por fim, não sendo aceito nenhum dos pedidos acima

realizados, em cumulação imprópria subsidiária de pedidos,

sejam todos os requeridos condenados nas penalidades

previstas no artigo 12, III (transcrito acima), pela prática das

condutas descritas no art. 11, caput, inciso I, todos da Lei nº

8.429/92;

10) sejam os requeridos CONDENADOS ao ressarcimento

integral do dano, consistente na restituição dos valores

auferidos individualmente a título de diárias, acrescidos

dos juros legais até sua efetiva recomposição, bem como da

atualização monetária, nos seguintes valores: 1) EMERSON

VALLE PETZOLD: R$ 39.950,00; 2) FABIO PEIXOTO DE

ARAÚJO GOMES: R$ 20.785,00; 3) PAULO HENRIQUE

C. DE ARAUJO CHAVES: R$ 67.124,00; 4) HELDER

NAULE PAES DOS SANTOS BOTELHO: R$ 35.940,00; 5)

MAURO BOTELHO ROCHA: R$ 81.252,50; 6) MIRIAN

DE OLIVEIRA: R$ 35.772,00; 7) MUNIR SADEQ

RAMUNIEH: R$ 34.929,00; 8) OSVALMIR NUNES DA

SILVA: R$ 47.729,00; 9) IRANIL DE LIMA SOARES: R$

85.556,00; 10) DELARI MARIA BOTTEGA EBELING: R$

48.471,00.

11) Em relação aos requeridos IRANIL DE LIMA SOARES e

MAURO BOTELHO ROCHA, considerando que eles foram

os Ordenadores de Despesas (sucederam-se como Presidentes

da Câmara), requer sejam CONDENADOS solidariamente

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

5ª Promotoria de Justiça da Comarca de Corumbá/MS

Promotoria de Justiça de Proteção do Consumidor, do Patrimônio Público e Social,

Curadoria dos Registros Públicos e das Fundações e crimes correlatos

ao ressarcimento de todo o dano causado ao Erário nesta

ação;

12) DETERMINAR que o valor da condenação seja revertido em

proveito da entidade pública lesada (art. 18 da Lei nº

8.429/92);

DAS PROVAS

Requer-se a comprovação do alegado pela produção de todo o

gênero de provas admitidas em direito, sem exceção, bem como pela documentação

acostada e tudo o que mais for necessário para a tutela do erário ofendido.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 497.508,50 (quatrocentos e noventa

e sete mil, quinhentos e oito reais e cinquenta centavos).

Corumbá/MS, 29 de setembro de 2015.

LUCIANO BORDIGNON CONTE

Promotor de Justiça

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