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^ PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FIRMINÓPOLIS MinutMm Public» du Iitiilo d* GqIm EXCELENTÍSSIMO senhor juiz de direito da comarca de firminopolis/go. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, pelo Promotor de Justiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, com fulcro nas disposições dos arts. 37, caput e § 4o, 127 e 129, inciso III, todos da Constituição Federal; art. 1o, inciso IV da Lei n. 7.347/85, arts. 1o ao 5o, Lei 8.429/92, art. 25, inciso IV, alínea "a" da Lei 8.625/93, art. 46, inciso VI, alinea "a" da Lei Complementar Estadual n. 25/98, com base nos documentos anexos, vem perante este Juízo propor a presente \0 CIVIL PUBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA em face de JORGE JOSÉ DE SOUZA, brasileiro, casado, Prefeito, nascido aos 12/03/1955, filho de Maria Aparecida Vieira de Souza e Jovelino Osório de Souza, inscrito no CPF sob n. 088.757.901-91, residente na Avenida Vitoriano Borges Naves, n. 350, centro, nesta cidade. pelas motivações fáticas e jurídicas adiante expostas. DOS FATOS Este órgão ministerial tomou conhecimento de que o Prefeito de Firminópolis, Jorge José de Souza, utilizou-se do cargo para encampar a candidatura ao Senado de Marconi Ferreira Perillo Júnior nestas eleições/2018, conforme comprovam os expedientes em anexo, confeccionados em papel timbrado de uso da Prefeitura Municipal, os quais levam a sua assinatura como Prefeito, revelando que apoiou carreatas e passeatas realizadas em prol do candidato, em total afronta ao interesse público, Nesse contexto, o Ministério Público expediu o Oficio n. 231/2018-PJF ao Juiz Eleitoral desta Comarca (63a Zona Eleitoral), solicitando o envio de cópias 1 Rua 2 n 40 - Selor oa Jusiiça - FitininOpolis.'GO - CEP 76 105-000 - Fone (64) 3681-1439 - Idrminopolisaimpqo mp br (

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^ PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FIRMINÓPOLISMinutMm Public»du Iitiilo d* GqIm

EXCELENTÍSSIMO senhor juiz de direito da comarca de firminopolis/go.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, pelo Promotor deJustiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, comfulcro nas disposições dos arts. 37, caput e § 4o, 127 e 129, inciso III, todos daConstituição Federal; art. 1o, inciso IVda Lei n. 7.347/85, arts. 1o ao 5o, Lei 8.429/92,art. 25, inciso IV, alínea "a" da Lei 8.625/93, art. 46, inciso VI, alinea "a" da LeiComplementar Estadual n. 25/98, com base nos documentos anexos, vem peranteeste Juízo propor a presente

\0 CIVIL PUBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

em face de

JORGE JOSÉ DE SOUZA, brasileiro, casado, Prefeito, nascidoaos 12/03/1955, filho de Maria Aparecida Vieira de Souza e JovelinoOsório de Souza, inscrito no CPF sob n. 088.757.901-91, residente naAvenida Vitoriano Borges Naves, n. 350, centro, nesta cidade.

pelas motivações fáticas e jurídicas adiante expostas.

DOS FATOS

Este órgão ministerial tomou conhecimento de que o Prefeito deFirminópolis, Jorge José de Souza, utilizou-se do cargo para encampar acandidatura ao Senado de Marconi Ferreira Perillo Júnior nestas eleições/2018,conforme comprovam os expedientes em anexo, confeccionados em papel timbradode uso da Prefeitura Municipal, os quais levam a sua assinatura como Prefeito,revelando que apoiou carreatas e passeatas realizadas em prol do candidato, emtotal afronta ao interesse público,

Nesse contexto, o Ministério Público expediu o Oficio n. 231/2018-PJFao Juiz Eleitoral desta Comarca (63a Zona Eleitoral), solicitando o envio de cópias

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dos referidos expedientes, consistentes em ofícios expedidos pelo Prefeito, JorgeJosé de Souza. Em resposta, aportou nesta Promotoria de Justiça o Oficio n.039/2018, contendo as cópias dos expedientes subscritos pelo Prefeito, Jorge Joséde Souza, os quais foram encaminhados ao Cartório desta 63n Zona Eleitoral, paraos fins do artigo 39, § 1o, da Lei n. 9.504/97, que contém:

Art. 39. A realização de qualquer ato de propaganda partidária oueleitoral, em recinto aberto ou fechado, não depende de licença da

polícia.

§ 1o O candidato, partido ou coligação promotora do ato fará adevida comunicação à autoridade policial em, no mínimo, vinte equatro horas antes de sua realização, a fim de que esta lhe garanta,segundo a prioridade do aviso, o direito contra quem tencione usar

o local no mesmo dia e horário.

O Ofício n. 218/PMF/2018, subscrito pelo Prefeito. Jorge José de

Souza, em papel timbrado da Prefeitura Municipal de Firminópolis, e direcionado aoChefe do Cartório Eleitoral desta Comarca de Firminópolis (63a Zona Eleitoral), eque demonstra o uso do cargo para encampar a candidatura de Marconi FerreiraPerillo Júnior, não como cidadão, mas como Prefeito, traz os seguintes dados:

• OFÍCIO N. 2018/PMF/18.

FIRMINÓPOLIS-GO, 17 DE AGOSTO DE 2018.

ILMO. SR.

PAULO HUMBERTO DE FARIA KLIEMANN

Chefe Cartório Eleitoral

COMARCA DE FIRMINÓPOLIS - GO

Rua 02, n9 40, Setor da Justiça

CEP 76105-000

Firminópolis/Goiás

Assunto: "Informar de realização de carreata".

Ilustríssimo Senhor Chefe do Cartório Eleitoral,

A par em cumprimentá-lo, sirvo-me do presente com o devido e habitualrespeito de sempre, para informar a V. Sr^, que será realizado neste

município nos dias 18/08/2018 (sábado) e 19/08/2018 (domingo)concentrações políticas e carreata pelas ruas da cidade de Firminópolis e no

Povoado de Novo Planalto, as quais já foram informadas as autoridades

militares competentes e solicitado policiamento preventivo, conforme

ofícios em anexo.

Por final, reitero meus sinceros cumprimentos prontificando a atender

qualquer duvida a respeito.

Atenciosamente,

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Rua 2. n 40 - Selor da Justiça - Fim>mópclis.'GO - CEP 75 105-000 - Fone (64) 3681-1439 - IfirrppopgliiiSmpgç.mp br

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FIRMINÓPOLISMmtilttio Publica

da !',no da nulM

JORGE JOSÉ DE SOUZA

Prefeito

Em anexo, constam os Ofícios n. 215/PMF/18, expedido aoComandante da 20a CIPM, situada em São Luís de Montes Belos/GO, Ofício n.216/PMF/18, direcionado ao Comandante do 2o BPMRv, também situado em São

Luís de Montes Belos/GO, e Oficio n. 217/PMF/18, expedido ao Delegado de Policiadesta Comarca, todos confeccionados em papel timbrado da Prefeitura Municipal deFirminópolis. bem como assinados por Jorge José de Souza, Prefeito deFirminópolis/GQ. o que confirma que este se aproveitou da sua condição de Chefedo Executivo Municipal para ajudar a campanha de Marconi Ferreira Perillo Júniorao Senado.

O teor do Ofício n. 215/PMF/18, expedido ao Comandante da 20aCompanhia Independente da Polícia Militar, situada em São Luís de MontesBelos/GO, é o seguinte:

• OFÍCIO N. 215/PMF/18.

FIRMINÓPOLIS-GO, 17 DE AGOSTO DE 2018.

ILMO. SR.

MAJ. WAGNER GONÇALVES DA CUNHA

COMANDANTE DA 203 COMPANHIA INDEPENDENTE DA POLÍCIA MILITAR-

CIPM

São Luís de Montes Belos - GO

Assunto: "Informar de carreata e solicitação de policiamento preventivo".

Prezado Comandante,

A par em cumprimentá-lo, sirvo-me do presente com o devido e habitual

respeito de sempre, para informar a V. Sr2, policiamento a realização da

concentração política, que está marcada para o dia 18/08/2018 (sábado), a

partir das 12hs:00min no antigo Posto Fiscal (saída para Goiânia) e logo após

carreata pelas ruas da cidade de Firminópolis, com presença do candidato

ao senado por Goiás PR. MARCONI PERILLO, e várias outras lideranças

políticas.

Aproveito ainda a oportunidade para informar a concentração e passeata no

dia 19/08/2018 (domingo) a partir das 15hs:00, no Povoado de Novo

Planalto, que contará com a presença ilustre das Srtas. Fabrina Muller e

Valeria Perillo.

Como e de praxe dessa administração de informar da realização de seus

eventos, aproveito a oportunidade, para SOLICITAR de V. Sr*. Os bons

préstimos no sentido de viabilizar policiamento preventivo, tendo em vista a

presença de grandes lideranças, e se faz necessário policiamento preventivo ui

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do Estadn iln fiotas

PJROIUOTORIADE JiJSTJC_A DE FIRMINÓPOLJS

para garantir a segurança de todos os presentes.

JORGE JOSÉ DE SOUZA

Prefeito

De igual teor são os demais ofícios expedidos ao Comando do 2oBatalhão da Policia Militar Rodoviária, bem como ao Delegado de Polícia destaComarca.

Conforme informações anexas, Jorge José de Souza encontra-seregularmente filiado ao PR desde 30/09/2015. Ainda, extrai-se da documentaçãoenviada pelo Chefe de Cartório da 63a Zona Eleitoral, que a agremiação partidáriado Partido Progressista (PP). integra, nestas eleições/2018, para o cargo deSenador, a Coligação "Novas Idéias Novo Goiás", que apresenta como candidatoVANDERLAN VIEIRA CARDOSO. Outrossim, consta que o candidato MARCONIFERREIRA PERILLO JÚNIOR, disputou nestas eleições/2018, o cargo de Senadorpela Coligação "Goiás Avança Mais", e não integra o Partido Progressista (PP).

Portanto, de forma direta, Jorge José de Souza, Prefeito, usou ocargo de Prefeito em benefício da candidatura ao Senado, de Marconi FerreiraPerillo Júnior, incidindo, assim, na improbidade administrativa a que se refere a Lein. 8.429/92.

No caso, Jorge José de Souza usou material da Prefeitura Municipalde Firminópolis, contendo o timbre, as cores usadas na sua gestão, bem comoassinou os ofícios como Prefeito, satisfazendo seus interesses pessoais. Beneficioua si próprio, e a candidatura ao Senado de Marconi Ferreira Perillo Júnior, eaproveitou-se da sua influência como Prefeito, visando demonstrar o apoio aocandidato, ferindo os interesses da Administração Pública.

A prática de assenhoreamento e uso indevido do cargo como Prefeitopara fins pessoais continua sendo operada normalmente nos dias atuais, porquantoo exercício do poder não funciona, na realidade, como prestação de serviço públicoque mira o interesse coletivo. Ao revés, Jorge José de Souza manipulou a suafunção do Prefeito de Firminópolis, utilizando-se dessa condição para auxiliar nasconcentrações políticas e carreatas, nesta cidade e no Povoado de Novo Planalto,em prol da candidatura de Marconi Ferreira Perillo Júnior.

Na obra clássica sobre a política no terceiro mundo, ChristopherClapham expôs a face do neopatrimonialismo, definindo-o como:

"Uma forma de organização em que as relações do tipo

amplamente patrimonial permeiam um sistema político eadministrativo formalmente construído sobre linhas racionais

legais. Os funcionários ocuparn_posjcões em organizaçõesburocráticas com poderes formalmente definidos^mas^exercem

esses poderes, na medida em que podem, não como uma forma u

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^ PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE^FIRJMJNÓPOLISMuilitftilo Publico

do Estado dn finlas

júbljco, mas de propriedade privada. Os

relacionamentos com os outros também caem no padrão vassalo e

senhor, em vez do racional-legal subalterno e superior, e ocomportamento é correspondentemente concebido para ostentarum status pessoal, em vez de desempenhar uma função oficial".

(Third World Politics: An Introduction, University of Wisconsin

Press, f edição, 1985). (Destaquei).

Atualmente, por mais que as normas jurídicas repudiem tais condutas,esta prática é cultural, mediante a demonstração daqueles que tratam a coisapública como se própria fosse.

Jorge José de Souza agiu, dessa forma, ao sabor da suaconveniência pessoal e conforme lhe aprouvesse. Dessarte, ao agir de formamalsinada, o réu subverteu o principio da supremacia do interesse público,sobrepujando-o com a satisfação de seus interesses privados, e resolveu usar ocargo de Prefeito, colocando-o à disposição da candidatura de Marconi FerreiraPerillo Júnior, contrariando o interesse público.

Desse modo, o uso do cargo voltado a auxiliar a campanha de MarconiFerreira Perillo Júnior, consistente em dar apoio às concentrações políticas ecarreatas em se favor, buscaram a satisfação de interesses pessoais de Jorge Joséde Souza, sem a devida finalidade ou interesse público.

Na verdade, trata-se de verdadeira prática de abuso de poder. Ascondutas do Prefeito, Jorge José de Souza nem de longe visam o interessepúblico, revelando inadmissível utilização do cargo para a perpetuação de umaforma ilegal de conduzir o Executivo Municipal.

Relatados os fatos ensejadores da ação, seguem as razõesjurídicas.

DA LEGITIMIDADE MINISTERIAL

É cediço que a Constituição Federal de 1988 expressamente previu,como função institucional do Ministério Público, a instauração do inquérito civil paradefesa de vários interesses e direitos que afetam a sociedade de forma relevante,sendo-lhe outorgado, igualmente, o exercício de outras funções compatíveis com asua finalidade. Assim, a legitimidade ativa "ad causam" do Ministério Público éinafastável e decorrente do disposto no artigo 129, III, da Constituição Federal,repetido no artigo 117, III, da Constituição Estadual, bem como, do disposto no artigo25, IV, "b", da Lei 8.625/93, e artigo 5o, §1°, da Lei 7.347/85, in verbis:

"Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

(...)

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PROMOTOR1A DE JUSTIÇA DE FIRMINÓPOLIS

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, paraproteção do patrimônio público e social, do meio ambiente ede outros interesses difusos e coletivos."

"Art. 25. Além das funções previstas nas ConstituiçõesFederal e Estadual, na Lei Orgânica e em outras leis, incumbe,ainda, ao Ministério Público:

(...)

IV - promover o inquérito civil e a ação civil pública, na formada lei:

(...)

b) para anulação ou declaração de nulidade de atos lesivosao patrimônio público ou à moralidade administrativa doEstado ou de Município, de suas administrações indiretas oufundacionais ou de entidades privadas que participem."

"Art. 5o, §1°. O Ministério Público, se não intervir no processo

como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da Lei."

Sobre a legitimidade do Ministério Público para a presente ação,colaciono julgado do egrégio TJGO:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DEIMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. RECURSO SECUNDUM

EVENTUM LITIS. CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOSPELA PREFEITURA. FRAUDE EM LICITAÇÃO. LEGITIMIDADE ATIVAE PASSIVA CARACTERIZADA. RECEBIMENTO DA INICIAL 1 - O

agravo de instrumento é um recurso secundum eventum litis edeve limitar-se ao exame do que ficou soberanamente decididopelo juízo singular, não podendo extrapolar o seu âmbito paramatéria estranha ao ato judicial atacado. 2 - O Ministério Público

está autorizado a propor ação civil pública em defesa de qualquerinteresse difuso ou coletivo, abarcando nessa previsão o

resguardo do patrimônio público, máxime diante do comando doart. I2q, inciso III. da Carta Maior, bem como a proteger os

princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade e eficiênciada administração pública (art. 37. da CF), cuja violação abrange ascondutas de improbidade previstas na Lei n°. 8429/92. 3 - Alegitimidade do agravante/30 réu para figurar no polo passivo dademanda deve ser analisada a luz das afirmações do autor em sua

petição inicial, partindo do pressuposto de que as afirmações do

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demandante em juízo são verdadeiras. Caso, no curso da demanda,se demonstre que as assertivas do autor não correspondem àrealidade, há que se julgar improcedente o pedido, e não extinta aação por ilegitimidade passiva. 4 - Nos termos do § 6o, do art. 17, daLei n.° 8.429/92, a propositura da ação civil pública pode se basearem meros indícios da existência do ato de improbidade

administrativa, o que evidencia a prevalência do interesse público,ou seja, do princípio do in dúbio pro societate, dispensando aexistência de prova cabal da conduta lesiva ao patrimônio público.AGRAVO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJGO, AGRAVO DEINSTRUMENTO 236956-49.2016.8.09.OOOO, Rei. DES. JEOVÁ

SARDINHA DE MORAES, 6D CÂMARA CÍVEL, julgado em 22/11/2016,DJe 2158 de 29/11/2016). (Original sem grifos).

O desvirtuamento da finalidade da administração pública, em queJorge José de Souza, não como cidadão, mas como Prefeito, encampou acandidatura de Marconi Ferreira Perillo Júnior, o que é claramente demonstrado comos expedientes utilizados, o fez incidir nas sanções previstas na Lei n. 8.429/92.

Jorge José de Souza feriu os princípios éticos, e aqueles previstos naConstituição Federal em seu artigo 37, os quais servem como alicerce primordial naAdministração Pública, não podendo os atos políticos irem de encontro a estasdisposições fundamentais.

Os timbres da Administração Pública Municipal constantes dos ofíciosexpedidos pelo Prefeito, Jorge José de Souza, em prol da candidatura de MarconiFerreira Perillo Júnior nestas eleições/2018, contendo referidos expedientes suaassinatura como Prefeito, destoa do interesse público e caracteriza pura esimplesmente ato político. Tal conduta vinculou a imagem e a gestão exercida pelorequerido à frente do Município de Firminópolis, administração 2017/2020,beneficiando a si próprio, bem como a candidatura de Marconi Ferreira Perillo Júnior,nas eleições/2018, demonstrando o abuso do poder.

Assim, cabe ao Ministério Público promover a presente demanda, como objetivo de ver condenado pelo ato ímprobo cometido, o atual Prefeito deFirminópolis, Jorge José de Souza.

Relativamente ao polo passivo da presente ação, temos que tambémé ocupado por parte legítima.

Afinal, em sede de improbidade administrativa, a definição do polopassivo da ação assume contornos peculiares, repousando na figura do agentepúblico que pratica o ato ímprobo, como também do indivíduo que induz, concorree se beneficia de tal ato, consoante disposto nos artigos 1o, 2o e 3o, da Lei 8.429/92.

Deste modo, em sendo incontroverso que o réu, Jorge José de

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Souza, praticou atos de improbidade administrativa, posto que sua condutacaracterizou violação aos princípios regentes da Administração Pública, deveincorrer nas sanções da Lei n. 8.429/92.

O réu Jorge José de Souza usou do cargo para encampar acandidatura de Marconi Ferreira Perillo Júnior, não como cidadão, mas comoPrefeito, ferindo o interesse público.

Extrai-se da documentação anexa que Jorge José de Souza expediuvários ofícios, quais sejam: ao Chefe do Cartório Eleitoral da 63a Zona Eleitoral, aoComandante da 20a CIPM, situada em São Luís de Montes Belos/GO, ao Comandoda Policia Militar Rodoviária - 2o BPMRv, bem como ao Delegado de Policia destaComarca, todos constando o timbre da Prefeitura Municipal de Firminópolis,referentes à atual gestão (2017/2020). subscritos por Jorge José de Souza,caracterizando nítida intenção de usar o seu cargo do Prefeito a favor dacandidatura de Marconi Ferreira Perillo Júnior, pois tinha conhecimento de que o seucargo influencia as pessoas, seria mais benéfico utilizar-se da função como Prefeito,e não como cidadão, para demonstrar seu apoio a Marconi Ferreira Perillo Júnior.

Praticou, assim, ato ímprobo, conforme se extrai do artigo 11, inciso I,da Lei n. 8.429/92:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atentacontra os princípios da administração pública qualquer ação ou

omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento oudiverso daquele previsto, na regra de competência;

A Lei 8.429/92 dispõe que será punido qualquer agente público,servidor ou não (artigo 1o, caput), que pratique ato de improbidade administrativa,considerando-se para efeitos da referida norma como agente público, "todo aqueleque exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandado,cargo, emprego ou função (artigo 2o) nas entidades públicas".

Entre os agentes públicos sujeitos à Lei de combate a ImprobidadeAdministrativa, estão, por certo, os Prefeitos Municipais, que, como chefes do PoderExecutivo nessa esfera estatal, devem (ou deveriam) ser os primeiros a zelar, deforma intransigente, pela observância da Constituição Federal e das leis brasileiras.

A impessoalidade exige que o administrador realize os atos de seumister de acordo com a finalidade pública, e nunca agindo para beneficiar ou afetardeterminadas pessoas, pela simples razão de serem essas mesmas pessoasamigas ou desafetas do administrador.

Rua 2. n 40-Setor da Justiça - Firrr nopo!.s>GO - CEP 76 105-OCO-Fone (04)3681-1435-lfifrninopo!s.3.TipgoTp.Bf

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FIRMINÓPOLIS

Desse modo, aquele que utiliza os poderes do cargo que exerce paraatingir interesses pessoais, como é o caso dos autos, não atua conforme osprincípios da Administração Pública.

Jorge José de Souza agiu em prol de interesses político-partidários,em detrimento do interesse público, e desse modo, esta ação tem por objetivobuscar a punição exemplar daquele que se apropria da Administração Pública parafins pessoais, figurando legitimamente Jorge José de Souza no polo passivo dapresente demanda.

DO DIREITO

DOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A Constituição Federal, no artigo 37, caput, elenca os princípios daadministração pública, senão vejamos:

"Art. 37. A administração pública direta e indireta dequalquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da

legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade eeficiência e, também, ao seguinte:"

A Constituição do Estado de Goiás, no artigo 92, caput, tambémelenca os princípios da administração pública, a saber:

"Art. 92 - A Administração Pública direta, autárquica efundacional e a indireta do Estado e dos Municípios

obedecerão aos princípios de legalidade, impessoalidade,moralidade, publicidade e: (...)"

Por sua vez, a Lei Orgânica do Município de Firminópolis, no artigo81, caput, elenca os princípios da administração pública, em consonância com aConstituição Federal e com a Constituição Estadual.

Verifica-se que a Administração Pública deve respaldar todos osseus atos nos princípios acima mencionados. O artigo 11 da Lei 8.429/92 é expressoao afirmar que constitui improbidade administrativa, violando os princípios daadministração pública, "qualquer ação ou omissão que viole os deveres dehonestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições".

Jorge José de Souza não foi leal à instituição que representa.Utilizou-se do cargo de Prefeito para beneficiar a candidatura de Marconi FerreiraPerillo Júnior nestas eleições/2018, configurando, dessa forma, desrespeito aointeresse público.

Fernanda Marinela leciona:

"O princípio da moralidade exige que a Administração e seus

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do Cilada dn ííoion

agentes atuem em conformidade com princípios éticos aceitáveissocialmente. Esse princípio se relaciona com a idéia de

honestidade, exigindo a estrita observância de padrões éticos, deboa-fé, de lealdade, de regras que assegurem a boaadministração e a disciplina interna na Administração Pública... O

princípio da moralidade administrativa não se confunde com a

moralidade comum. Enquanto a última preocupa-se com a

distinção entre o bem e o mal, a primeira é composta não só porcorreção de atitudes, mas também por regras de boaadministração, pela idéia de função administrativa, interesse dopovo, de bem comum. Moralidade administrativa está ligada a

idéia de bom administrador." (Direito Administrativo. Marinela,

Fernanda. 6. ed.-Niterói: Impetus, 2012). (Original sem grifos).

Jorge José de Souza, na condição de Chefe do ExecutivoMunicipal, claramente violou esta moralidade que é exigida da Administração e deseus agentes. Os princípios éticos foram violados. A função de Prefeito deve serexercida com eficiência e moralidade, representando a vontade popular efundamentando-se no interesse público. Ao defender os seus interesses pessoais,bem como o do candidato ao Senado, Marconi Ferreira Perillo Júnior, não só amoralidade administrativa foi transgredida, mas também a idéia de honestidade elealdade, pois Jorge José de Souza deveria agir, única e exclusivamente, emproveito da comunidade firminopolina. Ao utilizar-se do cargo de Prefeito em prol decandidatura nestas eleições/2018, Jorge José de Souza contrariou o interessepúblico.

Veja-se que o requerido Jorge José de Souza é Prefeito deFirminópolis e, inarredavelmente, ao se utilizar do seu cargo para encampar acandidatura de Marconi Ferreira Perillo Júnior, não como cidadão, mas como

Prefeito, concretizou o ato improbo.

Nesse contexto, ressalte-se que, do ponto de vista eleitoral, o ato doréu Jorge José de Souza beneficiou o partido, a coligação e o candidato aoSenado, Marconi Ferreira Perillo Júnior, bem como os seus próprios interesses, pois,em futuras eleições, estará aquele, de certa forma, obrigado a apoiá-lo. De talmaneira que, a conduta adotada por Jorge José de Souza influencia a consciênciaeleitoral do cidadão e, consequentemente, interfere no equilíbrio do pleito. Mesmoque os atos praticados por Jorge José de Souza não tenham afetado a igualdadede oportunidades entre os candidatos, desviam da sua finalidade pública, e devemser considerados atos de improbidade administrativa previstos na Lei 8.429/92.implicando na sua punição.

A conduta de Jorge José de Souza de encampar, utilizando-se docargo de Prefeito, a candidatura de Marconi Ferreira Perillo Júnior nestaseleições/2018, configurou o desvio de finalidade, no qual o agente público afasta-se

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da necessidade de observância da finalidade pública, e busca realizá-lo parasatisfazer interesse particular.

Conclui-se, portanto, que o fato narrado ocorreu em detrimento dosprincípios constitucionais da Administração Pública, quais sejam: principio dalegalidade, impessoalidade e moralidade, ferindo sobremaneira o artigo 11, inciso I,da Lei Federal n. 8.429/92.

DA COMPROVAÇÃO DO DOLO

Jorge José de Souza não pode alegar que desconhecia a lei,sobretudo, que desconhecia os princípios constitucionais da Administração Pública,quais sejam, legalidade, impessoalidade e moralidade. Princípios estesestabelecidos não só na Constituição Federal, como também na ConstituiçãoEstadual e na Lei Orgânica do Município de Firminópolis.

In casu, o réu, ao se aproveitar da sua condição de Prefeito, e utilizarem proveito próprio e do candidato ao Senado Marconi Ferreira Perillo Júnior, ossímbolos da Prefeitura Municipal e da sua gestão, em clara demonstração de apoiopolítico, incidiu na Lei n. 8.429/92, quando se apossou ilicitamente dos poderes queo cargo lhe confere para beneficiar-se, bem assim aquele candidato, nestaseleições/2018.

Entre os agentes públicos sujeitos à Lei de combate a ImprobidadeAdministrativa, está, por certo, o Prefeito Municipal, sendo que, como representantesdo povo nessa esfera municipal, devem (ou deveriam) ser os primeiros a zelarem,de forma intransigente, pela observância da Constituição Federal e das leisbrasileiras.

O dolo na conduta praticada por Jorge José de Souza caracteriza-se quando evidenciamos que a probidade administrativa é uma forma de moralidadeadministrativa que consiste no dever do "funcionário servir à Administração comhonestidade, procedendo no exercício de suas funções, sem aproveitar os poderes oufacilidades deles decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira

favorecer" (MARCELO CAETANO, apud JOSÉ AFONSO DA SILVA, "Curso deDireito Constitucional Positivo", ed. Malheiros, 9a edição).

O dever jurídico dos agentes públicos de observar os princípiosregentes da atividade estatal, é expresso no artigo 4o, da Lei n° 8.429/92, que dispõeo seguinte:

Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigadosa velar pela estrita observância dos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos

que lhe são afetos.

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FIRMINÓPQLISMinutado Publicodo talado da Coi

De todo o exposto, decorre que houve desvirtuamento da função docargo de Prefeito, de forma a beneficiar o candidato ao Senado, Marconi FerreiraPerillo Júnior, configurando o dolo no uso indevido do cargo à frente do Executivo,ao encampar a realização de carreatas e passeatas nesta cidade e no Povoado deNovo Planalto. Os interesses de Jorge José de Souza no presente caso, sãopuramente pessoais. Usou do cargo, não como cidadão, mas como Prefeito,assumindo posição política e partidária em prol de Marconi Ferreira Perillo Júnior.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça possui entendimentoconsolidado no sentido de que, no caso do artigo 11 da Lei de ImprobidadeAdministrativa, fica dispensada a comprovação de intenção especifica de violar osprincípios administrativos, sendo suficiente o dolo genérico para esta caracterização.Cita-se:

CIVIL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA -CONTRATAÇÃO SEM A REALIZAÇÃO DE CONCURSO PÚBLICO -ART. 11 DA LEI 8.429/1992 - CONFIGURAÇÃO DE DOLO GENÉRICO -PRESCINDIBILIDADE DE DANO AO ERÁRIO - PRECEDENTE DA

PRIMEIRA SEÇÃO.

1. A caracterização do ato de improbidade por ofensa a princípios

da administração pública exige a demonstração do dolo lato sensuou genérico. Precedente da Primeira Seção.

(...)

2. O ilícito previsto no art. 11 da Lei 8.429/92 dispensa a prova de

dano, segundo a jurisprudência desta Corte.

3. Embargos de divergência providos. (STJ, EREsp 654.721/MT, Rei.Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção, julgado em 25/08/2010, DJe01/09/2010). (Original sem grifos).

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. JUÍZO DE

COGNIÇÃO SUMÁRIA QUE INDICA A INDEVIDA DISPENSA DEPROCESSO LICITATÓRIO E A VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOSNORTEADORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. TIPICIDADE DOATO DE IMPROBIDADE, EM QUE PESE A AUSÊNCIA DE PREJUÍZOECONÔMICO AO ERÁRIO. CAUSA DE PEDIR SUFICIENTE PARA

EVENTUAL PARA EVENTUAL APLICAÇÃO DA PENA. INVIABILIDADEDA SIMPLES DISPENSA DA SANÇÃO.

(...)

3. A lesão a princípios administrativos contida no art. 11 da Lei . /

n. 8.429/92 não exige dolo específico na conduta do agente nem

•:•Rua 2, n 40 - Setor da Justiça - Flrmmópolis/GO - CEP 76 105-000 - Fone: (64) 3681-1439 - 1firminopoi'S!»mpgo nip br

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do Estado da Gol*»

prova da lesão ao erário. Basta a vontade de praticar o ato

descrito na norma para ficar configurado o ato de improbidade.

(...)

(STJ, AgRg no REsp 1100213/PR, Rei. Ministro Humberto Martins,Segunda Turma, julgado em 02/12/2010, DJe 14/12/2010). (Originalsem grifos).

Para os fins desta lei, considera-se agente público todo aquele queexerce, ainda que transitoriamente, com ou sem remuneração, por eleição,nomeação, designação ou qualquer outro vinculo, mandato, cargo, emprego oufunção em qualquer entidade pública ou mesmo privada (artigo 2o).

Portanto, não há dúvidas da presença de dolo nos atos deimprobidade perpetrados pelo requerido Jorge José de Souza, configurados navontade de praticar as condutas.

Wallace Paiva Martins Júnior leciona:

"A adoção do princípio da probidade administrativa noordenamento jurídico valoriza a implementação prática do

princípio da moralidade administrativa, conferindo à Nação, aoEstado, ao povo, enfim, um direito público subjetivo a umaAdministração Pública proba e honesta (e a ter agentes públicoscom essas mesmas qualidades), através de meios e instrumentospreventivos e repressivos (ou sancionadores) da improbidadeadministrativa. O princípio da probidade administrativa colabora

para o direito administrativo na diminuição da insindicabilidadedo ato administrativo discricionário, para o estabelecimento de

uma Administração Pública mais eficiente, na medida em que sedirige à consecução da noção de bem e melhor administrar (daescolha dos meios mais adequados, coerentes e proporcionais

para a satisfação de seus fins e alcance do interesse público)."

(Probidade Administrativa. 2' ed., págs. 100/101). (Original semgrifos).

Extrai-se dos autos, que constam os Ofícios n. 215/PMF/18, expedidoao Comandante da 20a CIPM. situada em São Luis de Montes Belos/GO, Oficio n.216/PMF/18, direcionado ao Comandante do 2o BPMRv, também situado em SãoLuis de Montes Belos/GO, e Oficio n. 217/PMF/18. expedido ao Delegado de Políciadesta Comarca, todos confeccionados em papel timbrado da Prefeitura Municipal deFirminópolis. bem como assinados por Jorge José de Souza, Prefeito deFirminópolis/GO. Em todos esses atos, Jorge José de Souza usou do cargo paraencampar a candidatura de Marconi Ferreira Perillo Júnior, não como cidadão, mas

como Prefeito, aproveitando-se do poder que ocupa.

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FIRMINÓPOLIS

Ademais, o texto constante dos referidos expedientes não deixamdúvidas quanto à sua utilização indevida, em prol dos seus próprios interesses, bemcomo da candidatura de Marconi Ferreira Perillo Júnior ao Senado. Veja-se:

A par em cumprimentá-lo, sirvo-me do presente com o devido ehabitual respeito de sempre, para informar a V. Sr3, policiamento arealização da concentração política, que está marcada para o dia18/08/2018 (sábado), a partir das i2hs:oomin no antigo Posto Fiscal

(saída para Goiânia) e logo após carreata pelas ruas da cidade deFirminópolis, com presença do candidato ao senado por Goiás PR.

MARCONI PERILLO, e várias outras lideranças políticas.

Aproveito ainda a oportunidade para informar a concentração e

passeata no dia iq/08/2018 (domingo) a partir das ishs:oo, noPovoado de Novo Planalto, que contará com a presença ilustre das

Srtas. Fabrina Muller e Valeria Perillo.

Dos preceitos invocados nesta ação, extrai-se o princípio constitucionalda neutralidade política e ideológica no uso do patrimônio público, e as autoridadesdeverão respeitar o pluralismo existente na sociedade brasileira, sem usar amáquina pública para a pregação de seus projetos políticos, partidários ouideológicos privados.

No caso concreto, o réu Jorge José de Souza descumpriu o princípioda moralidade administrativa que visa conceder certeza e segurança jurídica aoestabelecer a garantia de lealdade e boa-fé na atuação do agente público ao realizara função administrativa.

Jorge José de Souza abusou do seu cargo, como Prefeito, para aprática de conduta vedada, demonstrando total apoio à candidatura de MarconiFerreira Perillo Júnior ao Senado. No intuito de beneficiar tal candidatura, não agiucomo cidadão, mas sim, como Prefeito, aproveitando-se dos poderes à frente daAdministração Pública Municipal.

Desse modo, Jorge José de Souza subverteu a idéia deAdministração Pública, voltada para promover o bem comum, e não para satisfazerinteresses daqueles que estão à frente de uma administração.

O princípio da impessoalidade proíbe a promoção pessoal de agentespolíticos, significando que a atuação administrativa deve visar sempre o interessepúblico, e nunca a promoção do agente público.

Do exposto, encontra-se caracterizado o dolo de Jorge José deSouza, quando demonstrou seu apoio à candidatura de Marconi Ferreira PerilloJúnior, não como cidadão, mas como Prefeito, contrariando o interesse público.

14

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S/SIMiniiiefiD Publico •doEstado dnColoa |

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DEFIRMINÓPOLIS

DA CONFIGURAÇÃO DOS ATQJ3 DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA/OFENSA AOSPRINCÍPIOS DA LEGALIDADE^MPESSOALIDADE^MORALIDADE, EFICIÊNCIA,PUBLICIDADE, ECONOMICIDADE E RAZOABILIDADE

A Constituição Federal, no artigo 37, preceitua:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dosPoderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,

impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao

seguinte:

De outra banda, a Lei n. 8.429/92 cuidou de especificar três categoriasde atos de improbidade administrativa, quais sejam, os que importamenriquecimento ilícito, os que causam prejuízo ao erário e aqueles que atentamcontra os princípios da Administração Pública.

Sobre as categorias de atos improbos, dispõem os artigos 9, 10 e 11, doreferido Diploma Legal:

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam

Enriquecimento Ilícito

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importandoenriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem

patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,

função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 10desta lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel,ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a títulode comissão, percentagem, gratificação ou presente de quemtenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ouamparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do

agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitara aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou acontratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° porpreço superior ao valor de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitara alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimentode serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade

tftRua 2. n 40 - Setor da Justiça - FirmmópolisiGO - CEP: 76 105-000 - Fone (64) 36S1-1439 - ilirminopolisSmpsojTUJ br

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do l iludo do Ralas I PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FIRMINÓPOLIS

ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1odesta lei, bem como o trabalho de servidores públicos,

empregados ou terceiros contratados por essas entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ouindireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, delenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de

qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de talvantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ouindireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação

em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade,

peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens

fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1o desta

lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato,

cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujovalor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda doagente público;

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade deconsultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica quetenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por açãoou omissão decorrente das atribuições do agente público, durantea atividade;

IX- perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ouaplicação de verba pública de qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ouindiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração

a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens,rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial dasentidades mencionadas no art. 1C desta lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valoresintegrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas noart. 1odesta lei.

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo_ao

Erário

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do filado úe Gota»

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causalesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, queenseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento oudilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1odesta lei, e notadamente:

I- facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação aopatrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas,verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidadesmencionadas no art. 1° desta lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada

utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervopatrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, sem a

observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveisà espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente

despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências,bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer dasentidades mencionadas no art. 1o desta lei, sem observância das

formalidades legaise regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bemintegrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas noart. r desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, porpreço inferior ao de mercado;

V- permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ouserviço por preço superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legaise regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância

das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processoseletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins

lucrativos, ou dispensá-los indevidamente; (Redação dada pela Lein° n.oiQ. de 2014);

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadasem lei ou regulamento;

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem

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^ PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FIRMINÓPOLISMinl-teiio Publico

do Estado do Golas

como no que diz respeito à conservação do patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normaspertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação

irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça

ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos,

máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, depropriedade ou à disposição de qualquer das entidadesmencionadas no art. 1o desta lei, bem como o trabalho de servidor

público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.

XIV - celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto

a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada semobservar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei n°

11.107, de 2Q0s)

XV - celebrar contrato de rateio de consórcio público semsuficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as

formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei n° 11.107. de 200^

XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para aincorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica,de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela

administração pública a entidades privadas mediante celebraçãode parcerias, sem a observância das formalidades legais ou

regulamentares aplicáveis à espécie;(lncluído pela Lei n" i^.oiq, de

2014)

XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídicaprivada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos

transferidos pela administração pública a entidade privadamediante celebração de parcerias, sem a observância dasformalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;(Incluído pela Lei n" n.oig. de 2014")

XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidadesprivadas sem a observância das formalidades legais ouregulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei n° n.oiq, de

2014")

XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e análise das

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Rua 2. n 40- Setor da Justiça - FirminopoiisVGO-CEP. 76.105-000- Fone: (64| 3681-1439 - lfirm;nop3l:5@mp_o mp rir

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prestações de contas de parcerias firmadas pela administraçãopública com entidades privadas; (Incluído pela Lei n° n.oig, de

2QM)

XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administraçãopública com entidades privadas sem a estrita observância dasnormas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua

aplicação irregular. (Incluído pela Lei n" n.oiq. de 2014)

XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administraçãopública com entidades privadas sem a estrita observância das

normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a suaaplicação irregular.flncluído pela Lei n" i^.oiq, de 2014).

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra_os

Princípios da Administração Pública

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta

contra os princípios da administração pública qualquer ação ou

omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento oudiverso daquele previsto, na regra de competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das

atribuições e que deva permanecer em segredo;

IV- negar publicidade aos atos oficiais;

V- frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro,antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política oueconômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.

VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização eaprovação de contas de parcerias firmadas pela administraçãopública com entidades privadas. (Redação dada pela Lei n" 13.019,de 2014)

IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade

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^ PROMOTORIA DE JUSTIÇADE FIRMINÓPOLISiiitMIo Publica

da L.tado de Gota»

previstos na legislação. (Incluído pela Lei n° 13.146. de 2015).

Quanto às sanções cabíveis ao caso, a Lei n. 8.429/92, assim dispõe:

Das Penas

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis eadministrativas previstas na legislação específica, está oresponsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintescominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente,

de acordo com a gravidade do fato:

I - na hipótese do art. q". perda dos bens ou valores acrescidosilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano,quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitospolíticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até trêsvezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratarcom o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou

creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio depessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dezanos;

II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perdados bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, seconcorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão

dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multacivil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratarcom o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou

creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio depessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cincoanos;

III - na hipótese do art. 11. ressarcimento integral do dano, sehouver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticosde três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes ovalor da remuneração percebida pelo agente e proibição decontratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos

fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que porintermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo

prazo de três anos.

Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juizlevará em conta a extensão do dano causado, assim como o

proveito patrimonial obtido pelo agente.

;oRua 2. n 40-Setor da Justiça - FirminôpoWGO - CEP 76 105000 -Fone (64) 3081-1439- Uiririinnpcüsgjmprio.iiipbr l

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tln fitado de Gola»

" PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FIRMINÓPOLIS

O consagrado constitucionalista José Afonso da Silva, segundo o qual"A probidade administrativa é uma forma de moralidade administrativa que mereceu

consideração especial da Constituição, que pune o ímprobo com a suspensão dos direitospolíticos (art.37, § 4°). A probidade administrativa consiste no dever de o funcionário

servir a Administração com honestidade, procedendo no exercício de suas funções, semaproveitar os poderes e facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de outrem

a quem queira favorecer" (in Curso de Direito Constitucional Positivo, 21a edição, São

Paulo, Ed. Malheiros, 2002, p. 649). (Original sem grifos).

No caso em comento, a lei federal demonstra-se perfeitamenteaplicável ao requerido Jorge José de Souza, por disposição expressa do artigo 1o,caput, da Lei n. 8.429/92, na medida em que ele cometeu atos improbos, dispondo anorma:

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agentepúblico, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou

fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, doDistrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa

incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja

criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais

de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serãopunidos na forma desta lei.

José Afonso da Silva leciona que "a probidade administrativa é o deverde exercer as funções, sem aproveitamento de vantagens ou facilidades decorrentes das

atribuições típicas do cargo exercido, seja em proveito pessoal ou de terceiro". (SILVA,José Afonso da, Curso de Direito Constitucional Positivo. 25. ed. rev. e atual.. São

Paulo: Malheiros Editores, 2005).

O que se viu na conduta praticada por Jorge José de Souza, é queeste usou do seu cargo de Prefeito, associando sua gestão à frente do ExecutivoMunicipal, para beneficiar a candidatura de Marconi Ferreira Perillo Júnior, sendoincontroversa a intenção de se aproveitar do poder em proveito do candidato.

Ao usar os mencionados expedientes, subscrevendo-os como Prefeito,comunicando às autoridades a realização de passeata e carreata em prol deMarconi Ferreira Perillo Júnior, Jorge José de Souza empregou o uso de artifíciocomo meio de demonstrar o cargo ocupado, de forma a caracterizar que, comoPrefeito, apoiou a candidatura daquele, desvirtuando a finalidade pública da suaadministração. Violou os princípios da impessoalidade e moralidade, consistentes nofavorecimento político em prol da candidatura de Marconi Ferreira Perillo Júnior aoSenado, usando do cargo de Prefeito para realizar os atos.

Nesse diapasão. o requerido Jorge José de Souza praticou ato deimprobidade administrativa previsto no artigo 11, inciso I, da Lei n. 8.429/92,sujeitando-se às cominações do artigo 12, da mesma Lei.

.''Rua 2. n. 40 - Setor da Justiça - Firminópolis/'GO- CEP 76 105-000 - Fone (64) 3681-1439 - lfirrninopo!is@rnpgo,rnp.br

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PROMOTORIA DE JUSUÇA DE FIRMINÓPOLIS

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO requer:

a) seja a presente inicial recebida, autuada e processada, com os documentos que aacompanham, na forma e rito preconizados no artigo 17, da Lei n. 8.429/92;

b) seja o réu Jorge José de Souza notificado para oferecer manifestação porescrito, instruindo-a, se assim lhes aprouver, com documentos e justificações, dentrodo prazo legal;

c) recebida ou não a manifestação do réu, seja aceita a presente petição e citadoJorge José de Souza pessoalmente, para, querendo, responder aos termos dapresente ação no prazo legal;

d) sejam os pedidos julgados procedentes em todos os seus aspectos paracondenar o requerido Jorge José de Souza no artigo 11, inciso I, da Lei n.8.429/92, sujeitando-se às cominações do artigo 12, da mesma Lei, uma vez que aconduta do requerido afrontou os princípios da legalidade, impessoalidade emoralidade, regentes da Administração Pública;

e) seja o réu condenado, também, ao pagamento das custas e emolumentosprocessuais, como ônus da sucumbência;

f) a cientificação da Câmara Municipal de Firminópolis, para, querendo, integrar alide, nos termos do artigo 17 § 3o, da Lei n. 8.429/92, devendo ser observado queessa cientificação deverá preceder a citação do réu;

g) após a condenação, seja oficiado o Tribunal Superior Eleitoral, para a efetivaçãoda suspensão dos direitos políticos do requerido, e o Banco Central para que estecomunique às instituições financeiras oficiais a proibição de contratar com o poderpúblico e de receber incentivos e benefícios fiscais ou creditícios.

Requer e protesta, ainda, provar o alegado por qualquer meio de provaadmitida em direito, máxime provas testemunhais, periciais e documentais,pleiteando desde já a juntada dos documentos anexos que fazem parte do conjuntoprobatório colhido.

Embora de valor inestimável, dá-se à causa o valor de RS 1.000,00

(um mil reais), para efeitos de distribuição.

GABINETE DA PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE FIRMINÓPOLIS, aoscinco dias do mês de novembro\pe 2018.

RICARDO LEf )S GUERRA

PROMOTOR DE JUSTIÇA

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