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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ VARA
DA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por
intermédio da Promotora de Justiça titular da 50a
Promotoria de Justiça desta comarca, vem, respeitosamente,
à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos
129, inciso III e 37, “caput”, e seu parágrafo 4º, da
Constituição Federal; nos artigos 117, III e 92, “caput”,
e seu parágrafo 4º da Constituição Estadual; na Lei nº
7.347/85; na Lei nº 8.429/92; e no artigo 25, IV, “a” e
“b”, da Lei nº 8.625/93; na Lei nº 8.666/1993; na Lei nº
4.320/1964; no Decreto nº 93.872/1986; na Lei nº
9.790/1999; no Decreto nº 3.100/1999; e na Lei Estadual nº
15.731/2006, propor a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
com pedido de tutela provisória de evidência,
em face de
1) ANSELMO PEREIRA DA SILVA SOBRINHO,
brasileiro, Vereador na Câmara Municipal de Goiânia,
inscrito no CPF sob o nº 190.369.141-91, inscrito na
1-53
Edifício Sede do Ministério PúblicoRua 23 c/ Av. Fued José Sebba , QD.06 , LT. 15/24, Sala 321 - Jardim Goiás, Goiânia-GO. - CEP: 74.805-100
FONE - (62) 3243-8411 – E-mail ([email protected])
OAB/GO sob o nº 6158, residente à Rua nº 260, quadra 38,
lote 8, nº 744, Setor Universitário, CEP 74.160-240, nesta
Capital, podendo ainda ser encontrado na Câmara Municipal
de Goiânia, situada na Av. Goiás, nº 2001, Setor Central,
Goiânia/GO, CEP: 74063-900, gabinete nº 35;
2) JÚLIO CÉSAR DA SILVEIRA PRADO, brasileiro,
servidor público, portador do RG nº 691710-SSP/GO,
inscrito no CPF sob o nº 213.287.061-68, residente à Rua
T-48, quadra 43, lote 13, nº 1076, Edifício Summerville,
Apto. 604, Setor Bueno, Goiânia/GO, CEP: 74210-190;
3) ANTÔNIO HENRIQUE GUIMARÃES ISECKE,
brasileiro, portador do RG nº 1408726 – DGPC-GO, inscrito
no CPF sob o nº 295.707.001-49, servidor público efetivo
na Câmara Municipal de Goiânia, residente à Avenida 85, nº
1300, Condomínio Itatiaia, Bloco D, Apto. 101, Setor
Marista, 74.160-010, Goiânia-GO;
4) LOURIVAL DE MORAES FONSECA JUNIOR,
brasileiro, advogado, portador do RG nº 3482255, inscrito
no CPF sob o nº 845.056.991-53, residente à Rua das
Helicôneas, quadra 18, lote 03, Jardins Verona,
Goiânia/GO, CEP 74.886-032;
5) IDEIA AMBIENTAL E CULTURAL, pessoa jurídica
de direito privado, qualificada como Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público do Estado de Goiás -
OSCIP pelo Decreto Estadual nº 6.850 de 31/12/2008,
inscrita no CNPJ-MF sob o nº 05.640.298/0001-18, com sede
na Rua 1.112, nº 418, Setor Pedro Ludovico, nesta capital,
CEP: 77830-370, representada por seu Presidente Francisco
2-53
Edifício Sede do Ministério PúblicoRua 23 c/ Av. Fued José Sebba , QD.06 , LT. 15/24, Sala 321 - Jardim Goiás, Goiânia-GO. - CEP: 74.805-100
FONE - (62) 3243-8411 – E-mail ([email protected])
de Assis Gomes, brasileiro, separado judicialmente,
empresário, portador da Carteira de Identidade nº 173.713
SSP-GO, inscrito no CPF sob o nº 026.665.371-53, residente
à Alameda das Petúnias, quadra 11, lotes 01 e 02,
Condomínio Residencial Jardins Viena, Aparecida De
Goiânia/GO; e,
6) FRANCISCO DE ASSIS GOMES, brasileiro,
separado judicialmente, empresário, portador da Carteira
de Identidade nº 173.713 SSP-GO, inscrito no CPF sob o nº
026.665.371-53, residente à Alameda das Petúnias, quadra
11, lotes 01 e 02, Condomínio Residencial Jardins Viena,
Aparecida De Goiânia/GO, CEP: 74935-194;
pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa
a expor.
1) DOS FATOS
O Vereador Anselmo Pereira da Silva Sobrinho
ocupou o cargo de Presidente da Câmara Municipal de
Goiânia, eleito para Presidente da mesa na 17ª Legislatura
da casa, nos anos de 2013 a 2016.
Em 2015, o referido vereador decidiu
implementar, em conjunto com o Diretor Geral da Câmara de
Vereadores, Júlio César da Silveira Prado, o projeto da
Câmara Itinerante, denominado “Câmara e Governo Juntos de
Você”, composto por 12 sessões especiais da Câmara.
As edições, a serem realizadas mensalmente no
período de setembro/2015 a agosto/2016, em diversos
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Setores e Bairros de Goiânia, levariam, segundo fundamento
do Projeto, a Câmara para perto do povo, tendo por
parceiro o Estado de Goiás, e sendo os custos das sessões
financiados pelos cofres públicos exclusivamente com
verbas oriundas da Câmara de Vereadores (DVD 01- Alínea B-
01, págs. 04-05 e seguintes).
Referido Projeto foi Protocolado e registrado
sob o número nº 2015/0000626, datado de 23/04/2015, e foi
inaugurado pelo Memorando nº 2015/000276, por meio do qual
o requerido Vereador Anselmo Pereira, na condição de
Presidente da Câmara, determinou a Coordenadoria de
Compras da Câmara que efetuasse o levantamento dos custos
para a realização do Projeto.
No mesmo expediente, após cumprida a
providência pela Coordenadoria de Compras, o Vereador
Presidente determinou à Diretoria Financeira que
elaborasse estudo de verificação de impacto
orçamentário/financeiro, com posterior expedição de
declaração de disponibilidade orçamentária para as
despesas inerentes ao Projeto.
Seguiu-se às providências anteriores a
determinação do Presidente da Casa que o Projeto fosse
encaminhado à Procuradoria Jurídica para elaboração de
parecer acerca das medidas a serem adotadas para a
concretização do Projeto (DVD 01, Alínea B-01, págs. 02).
O objetivo do Projeto, conforme se lê da
narrativa da proposta, era prestar serviços e oferecer
estrutura para funcionamento das sessões itinerantes da
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Câmara, sendo assim disposto na redação: “serviços
oferecidos e estrutura para funcionamento” (DVD 01, Alínea
B-01, págs. 03/10 e Anexo I, intitulado Escopo do Projeto,
págs. 11/15). Continha o Projeto ainda: finalidade; prazo
de execução; objeto; justificativa, objetivos gerais e
específicos; infraestrutura e serviços mínimos (págs.
11/16).
Na apresentação, o Diretor Geral da Câmara
expôs que a finalidade do projeto que foi, aparentemente,
propiciar a integração das diversas macrorregiões da
cidade com a Câmara, em locais/setores apontados como
estratégicos, possibilitando a participação popular de
forma direta nas decisões da Câmara e aproximando os
vereadores da população.
O Projeto previu, ainda, a participação do
Estado de Goiás como parceiro, sem, contudo, haver
qualquer menção de coparticipação financeira do governo
Estadual.
Em acréscimo, o Projeto envolveu diversos
órgãos públicos, promovendo serviços públicos e ações
sociais de interesse da população, dentre eles: serviços
públicos; expedição de documentos públicos tais como
confecção de carteiras de identidade; CPF e carteiras de
trabalho; serviços de saúde (consultas, exames, entrega de
medicamentos e materiais de prevenção de doenças; cortes
de cabelo e fotografia; orientação jurídica; divórcio
consensual e casamento comunitário; atrações artísticas e
culturais (artesanato), educação ambiental e para o
trânsito; distribuição de mudas; atividades para crianças,
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e ainda, distribuição de material educativo.
Para a execução dos serviços, o Projeto do
então Presidente da Câmara Municipal, Vereador Anselmo
Pereira, estabeleceu previamente a utilização de
Organizações Sociais – OS´s, para a gerência do Projeto,
ao argumento de proporcionar melhor administração de
recursos, menor burocracia, e, maior agilidade dos
serviços, declarando a excelência das OS's na execução
deste tipo de ações.
O Projeto estabeleceu realização de 12 (doze)
sessões da Câmara, de forma Itinerante, alocando estrutura
e pessoal para os bairros, sendo a estrutura, locada, vide
(DVD01, Alínea B-01, págs. 08) com a seguinte composição:
várias tendas de dimensões diversas; cadeiras, a mesa
diretora itinerante; equipamentos eletrônicos(som,
projetores, e telão); piso encarpetado; banheiros
químicos; iluminação; geradores de energia; rede de
computadores, com estrutura lógica de rede; internet
móvel; equipamento para transmissão das sessões pela TV
aberta e Internet; móveis, material promocional (banners,
camisetas, panfletos); aparelhos de ar condicionado; e
móveis diversos; material de consumo, lanches para
colaboradores, e material de limpeza, foi especificado
pelo Projeto um total de 74 (setenta e quatro itens), e
ainda, pré determinava um layout para os eventos.
A OSCIP vencedora do certame foi responsável
pela administração do evento, gestão dos recursos,
prestação de contas e por toda a estrutura a ser montada,
desmontada, transportada em cada sessão, aluguel dos
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equipamentos de empresas terceirizadas.
Após, foram providenciados 03 (três)
orçamentos que cobrissem os custos das 12 (doze) edições
do Projeto “Câmara e Governo Juntos de Você”; solicitados
e direcionados a 03 (três) empresas do setor de eventos
sendo eles:
01- TV Midia Ltda-ME, (DVD-01, Alínea B-01, págs.
22/28), com custo total de R$2.308.428,00, e cada edição
ao valor de R$192.369,00;
02- CNL Locações e Promoções de Eventos Eireli-ME,
(DVD-01, Alínea B-01,págs. 29/33), com custo total de
R$2.374.836,00, e cada edição ao valor de R$197.903,00; e;
03- Galpão Promoções e Eventos Ltda, (DVD-01, Alínea B-
01, págs. 34/40), no total de R$2.432.316,00, sendo cada
edição no valor de R$202.693,00.
A seguir, os autos foram encaminhados à
Procuradoria Jurídica da Câmara dos Vereadores, instada a
manifestar acerca do Projeto, (DVD 01, Alínea B-01, págs.
43/46), que exarou o parecer nº 531/2015, opinando pela
realização de procedimento licitatório para a consecução
do Projeto e sua submissão às diretrizes gerais de
contratação pelo Poder Público de obras, produtos e
serviços.
Afirmou ainda a Procuradoria, no parecer, que
nos autos inexistia qualquer: “solicitação ou indicativo
de exceção à regra do processo licitatório, seja pela
natureza dos objetos, serviços e pessoas jurídicas a serem
contratadas, seja pela existência de fornecedor único.”
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Concluiu o parecer pela adoção de procedimento
licitatório, pela observância dos requisitos pertinentes
já usualmente adotados pela Comissão de Licitação da
Câmara Municipal e destacou que a Comissão de Licitação
deveria justificar, fundamentadamente, o tipo de licitação
e os critérios de julgamento adotados (menor preço global,
menor preço por item ou lote etc), a fim de garantir o
maior número de interessados, terminando por mencionar o
parecer que:
“Os princípios gerais da Administração Pública, bem
como os princípios aplicáveis especificamente às
licitações, deverão ser rigorosamente observados em
todos os atos do processo”. (DVD01,Alínea B-
01,págs.45).
Referido Parecer foi acolhido pelo Procurador
Chefe da Câmara dos Vereadores, que determinou o
encaminhamento dos autos para a Comissão Permanente de
Licitação (DVD-01, Alínea B-01, págs. 46).
Seguem nos autos o Edital de Chamamento nº
001/2015-CMG/GO, também chamado de “Concurso de Projetos”,
págs. 47/69. Advém, então despacho do “pregoeiro”, págs.
70, encaminhando o Edital de Chamamento a Procuradoria
Jurídica, para emissão de parecer acerca do “Edital de
Chamamento - Concurso de Projetos”, informando o Pregoeiro
que a modalidade escolhida destinava-se a escolha de
OSCIP's, com cujo vencedor seria celebrado Termo de
Parceria com a Câmara Municipal de Goiânia para produção,
instalação, montagem e desmontagem do Projeto denominado
“Câmara e Governo juntos de você”.
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Afirma no despacho que a razão da escolha, a
exemplo de outras pastas, e da Secretaria de Educação,
Cultura e Esportes e do Estado de Goiás, é justificada
porque na modalidade a Coordenação fica a cargo do órgão
público e a execução é realizada “lado a lado” entre a
OSCIP e o órgão público.
Segue então o despacho de págs. 72/86,
recomendando diversas adequações ao Edital, especialmente
com relação aos critérios de avaliação das propostas.
Foi então publicado, aos 28/07/2015, o aviso
de licitação, Concurso de Projetos 001/2015, págs.
112/117, sendo a versão final do Edital de Chamamento,
págs. 87/109.
Aos 13/08/2015, págs. 120, a mesa Diretora da
Câmara de Vereadores de Goiânia, constituiu a Comissão
Julgadora do Concurso de Projetos nº 001/2015, nomeando os
servidores: Júlio César da Silveira Prado (ocupante de
cargo comissionado de Diretor Geral); Antônio Henrique
Guimaraes Isecke (ocupante de cargo de Técnico Auxiliar do
Legislativo, Nivel-I), e Aderilton Bezerra dos
Santos(ocupante de cargo efetivo de Agente Administrativo,
nivel-II).
Seguiu-se então a fase de habilitação, tendo
apenas duas OSCIPs participantes : o Instituto de
Desenvolvimento Econômico e Sócio-Ambiental-IDESA e,
IDEIA Ambiental e Cultural, sendo esta última, escolhida
vencedora, conforme Ata de Julgamento (DVD-01, Alínea-B-
03, págs. 520/522) do Projeto-Concurso nº 001/2015,
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referente ao Procedimento nº 20150000626, e, Ata de
Reunião de Comunicado de Resultado dos Projetos Concurso
nº 001/2015, de 17/08/2015, (DVD-01, Alínea-B-03, págs.
526).
Encaminhados os autos à Procuradoria Jurídica
para apreciação quanto a regularidade do Procedimento,
Licitatório, às págs. 528/531, emitiu-se parecer,
intitulado Despacho nº 745/2015, que considerou o
“cumprimento os requisitos legais e das normas do
Instrumento Convocatório”, manifestando pela homologação
do Procedimento Licitatório - Chamamento Público –
Concurso de Projeto nº 001/2015, págs. 531.
Ao parecer da Procuradoria, sucede termo de
Declaração do Presidente da Câmara de Vereadores, Anselmo
Pereira, págs. 532, no qual:
“DECLARA que a presente despesa relativa à
licitação-Concurso 001/2015, que tem por objeto a
produção, instalação, montagem e desmontagem do
Projeto Câmara e Governo Juntos de Você, em que foi
declarada vencedora a OSCIP IDÉIA Ambiental e
Cultural, CNPJ nº05.640.298/0001-18, conforme Ata
lavrada pela Comissão Julgadora do respectivo
Concurso (Portaria nº 461, de 13 de agosto de
2015), aos 14 dias do mês de agosto de 2015, págs.
520, e por atender às condições especificadas no
referido Edital.”
Adiante, vem o Memorando nº76/2015, págs. 534,
solicitando o envio dos autos à Diretoria Financeira para
emissão de nota de Movimentação Orçamentária e Financeira
- NMOF, objetivando cobrirem-se as despesas contraídas
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pela contratação, págs. 534, e 535, no valor de R$
2.308.428,00 (dois milhões, trezentos e oito mil,
quatrocentos e vinte e oito reais).
Sobreveio, então, às págs. 539, Nota de
Movimentação Orçamentária e Financeira, emitida aos
24/08/2015, dando conta da emissão das 04 (quatro)
primeiras parcelas do “Projeto”, referentes aos meses de
setembro, outubro, novembro e dezembro de 2015, no valor
idêntico cada uma de R$ 192.369,00 (cento e noventa e dois
mil, trezentos e sessenta e nove reais), totalizando R$
769.476,00 (setecentos e sessenta e nove mil, quatrocentos
e setenta e seis reais).
Seguem os autos com o Despacho nº 765/2015,
págs. 540/542, da lavra do Procurador Lourival de Moraes
Fonseca Júnior, manifestando pela impossibilidade do
Projeto se desenvolver no período que foi previamente
estipulado de 12(doze) meses, tendo em vista a ocorrência
de eleições municipais para vereador, no ano seguinte,
2016, e portanto opinando para que fosse limitada a
execução até junho/2016, e, ainda, opinou pelo pagamento
em apenas 02(duas) parcelas, págs. 541.
Com isso emitiu-se nova Nota de Movimentação
Orçamentária e Financeira-NMOF, datada de 26/08/2015,
págs. 543, no mesmo valor de R$ 769.476,00 (setecentos e
sessenta e nove mil, quatrocentos e setenta e seis reais).
Emitiu-se, então, aos 27/08/2015, págs. 545, a
nota de empenho no valor de R$ 1.154.214,00 (um milhão,
cento e cinquenta e quatro mil, duzentos e catorze reais).
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A seguir, vem a celebração do instrumento de
“Termo de Parceria nº 20/2015”, págs. 546/555, com data de
vigência 27/08/2015 a 30/06/2015, conforme disposto na
cláusula sétima deste Termo. Na Cláusula Quarta, págs.
550, consta previsão de pagamento do “contrato” em
02(duas) parcelas, a 1ª, em setembro de 2015; a segunda em
fevereiro de 2016.
Veio então a publicação do Extrato do Termo de
Parceria, págs. 356, e seguintes dos autos.
A OSCIP “IDEIA Ambiental e Cultural”, às págs.
566/572, junta documento intitulado de Regulamento de
Compras, Contratação de Obras e Serviços, e anexo I, págs.
573, estabelecendo na cláusula 4ª, que :
“A aquisição e alienação de bens e a contratação de
serviços e obras efetuar-se-ão mediante Seleção de
Fornecedores.”
Prosseguem os autos com o Parecer 049/2015, da
Diretoria de Controle Interno, págs. 576/603, no qual
menciona a Nota de Empenho NE 00 69 00, de 27/08/2015, no
valor de R$ 1.154.214,00 (um milhão, cento e cinquenta e
quatro mil, duzentos e catorze reais), págs. 598, e às
págs. 599. Estabelece o parecer que o pagamento ocorra em
02(duas) parcelas iguais no valor supra mencionado, a
primeira em setembro de 2015 e a segunda em fevereiro do
2016, relativos ao Termo de Parceria para a execução do
projeto “Câmara e Governo Juntos de Você”.
Nas folhas 600, consta do supra referido
parecer :
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“No que tange aos aspectos intrínsecos, verificou-
se que a regularidade do certame, conforme
assinalado pela douta Procuradoria Jurídica desta
Casa de Leis, por meio do Despacho nº 650/2015, de
21/07/2015 (págs. 72/86), de emissão do Procurador
Chefe, Dr. Lourival de Moraes Fonseca Júnior, o
qual manifestou pela juridicidade da fase prévia da
seleção, bem como da minuta do Edital de Chamamento
em análise, desde que rigorosamente observadas às
adequações declinadas.”
Adiante, no mesmo Parecer, págs. 601, 3º
parágrafo, está consignado, em negrito :
“Verificou-se que o Edital de Chamamento n 01/2015,
(págs. 87), não haver cláusulas que tenham o condão
de restringir a competitividade do certame, estando
alusivo através do Despacho nº 650/2015 (págs.
72/86), de emissão do Procurador Chefe, Dr.
Lourival de Moraes Fonseca Júnior, o qual manifesta
pela juridicidade da fase prévia de seleção.”
Adiante consta do mesmo parecer, págs. 601 :
“Em análise do Procedimento, a Procuradoria
Jurídica, por meio do despacho 745/2015(págs.
528/531), de emissão do Procurador Chefe, Dr.
Lourival de Moraes Fonseca Junior, manifestando
pela homologação do Chamamento Público – Concurso
de Projeto nº 001/2015, considerando o cumprimento
dos requisitos legais e das normas do Instrumento
Convocatório.
Destarte, o Presidente desta Casa de Leis, Vereador
Anselmo Pereira, proferiu Declaração ao dia
24/08/2015 (págs. 532), DECLARANDO que a despesa
relativa a licitação – Concurso nº 001/2015, possui
adequação Orçamentária e Financeira com a Lei
Orçamentária Anual, a Lei de Diretrizes
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Orçamentárias e a Plano Plurianual. Tomando por
base as manifestações oriundas da Procuradoria
Jurídica, o Presidente deste legislativo emitiu,
ainda, TERMO DE HOMOLOGAÇÃO (págs. 533), também ao
dia 24/08/2015, a respeito do procedimento em
questão.”
Às págs. 605, consta ainda Nota de
Movimentação Financeira e Orçamentária - NMFO, Nota de
Empenho 0023 00, data de emissão 19/01/2016, no importe de
R$ 1.154.214,00 (um milhão, cento e cinquenta e quatro
mil, duzentos e catorze reais), em favor da OSCIP IDEIA
Ambiental e Cultural.
Posteriormente, às págs. 608/610, vem o
Parecer da Diretoria de Controle Interno - DCI, nº
029/2016, de 19/01/2016, certificando a nota de empenho
0023 00, e depois, às págs. 618, consta o Memorando
017/2016/DG, de 28/01/2016, no qual o Diretor Geral da
Câmara de Vereadores, Júlio César da Silveira Prado,
solicita o pagamento da Nota Fiscal nº 03, págs. 619,
acompanhada de Termo de Liquidação de Despesa, tendo por
beneficiária a OSCIP “IDEIA Ambiental e Cultural”, no
montante de R$ 1.154.214,00 (um milhão, cento e cinquenta
e quatro mil, duzentos e catorze reais).
Das págs. 621, 627 e 632, extrai-se que a
OSCIP recebeu, em depósito de conta corrente :
1 - aos 14/09/2015, o valor de R$ 1.154.214,00
(um milhão cento e cinquenta e quatro mil,
duzentos e catorze reais); e,
2 - aos 01/02/2016, o valor de R$ 1.096.503,30
14-53
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(um milhão e noventa e seis mil, quinhentos e
três reais), deduzidos o valor de R$ 57.710,70
(cinquenta e sete mil, setecentos e dez
reais,e setenta centavos), retidos referentes
ao ISSQN, conforme comprovantes de
transferências entre as contas correntes da
Câmara e da OSCIP IDEIA, ambas da caixa
econômica federal.
Requisitadas informações à Câmara de
Vereadores, por meio do Ofício nº 724/2015, e 749/2015,
foi enviada resposta de págs. 010/013, dos autos do ICP,
acompanhadas das informações págs. 015/16. Após, oficiou-
se novamente ao Presidente da Câmara de Vereadores, ofício
Requisição nº 139/2016, sendo encaminhada a resposta de
págs. 109/110, acompanhada de documentos págs. 112/174.
Após, foi encaminhado o Ofício Requisitório
nº 727/2016, requisitando informações e documentos acerca
do “Projeto” denominado “Câmara Itinerante”, intitulado
“Câmara e Governo Juntos de Você”, foram prestadas novas
informações pelo atual Presidente da Câmara de Vereadores
de Goiânia, legislatura 2017/2020.
Oficiou-se, por meio da Procuradoria-Geral de
Justiça, ao Tribunal de Contas dos Municípios solicitando
informações acerca das contas da Câmara Municipal de
Goiânia, dos anos de 2013 a 2016. Em resposta, o Tribunal
de Contas encaminhou o Ofício nº 326/2017, de 31/01/2017,
acompanhado de documentos, informando do julgamento das
contas dos exercícios 2013 e 2014, estando sob análise as
contas do exercício 2015, e que as de 2016 ainda estavam
em decurso de prazo para apresentação.
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Consta ainda dos autos a fotocópia do
documento de págs. 196/198, da OSCIP IDEIA Ambiental e
Cultural, informando saldo a devolver de R$ 100.642,01
(cem mil, seiscentos e quarenta e dois reais e um
centavo).
Por derradeiro, em 09/05/2017, encaminhou-se
ao atual presidente da Câmara de Vereadores Ofício
Requisitório 164/2017, requisitando-se cópias as notas
fiscais do 1º e 2º pagamentos realizados a IDEIA Ambiental
e Cultural, relativas a Licitação/Concurso 01/2015
(alusivo ao Termo de Parceria nº 20/2015); cópia dos
comprovantes de transferência entre a conta corrente da
Câmara de Vereadores e a entidade intitulada IDEIA
Ambiental e Cultural, e; cópia do comprovante de
transferência entre contas relativo a valores
eventualmente devolvidas pela IDEIA Ambiental e Cultural.
A resposta veio aos 19/05/2017, da lavra da
atual Procuradora Geral da Câmara de Vereadores,
encaminhando-se a documentação solicitada, contendo no
Anexo I, os 02 (dois) comprovantes de transferência entre
Contas da CAIXA-TEV; recibo da IDEIA Ambiental e Cultural
de recebimento de R$ 1.154.214,00 (um milhão, cento e
cinquenta e quatro mil, duzentos e catorze reais), datado
de 09/09/2015, dentre outros documentos; e, no Anexo II,
entre outros documentos, um comprovante de transferência
referente a devolução pela empresa MIDIA Link Ltda-ME, do
valor de R$ 100.642,01 (cem mil, seiscentos e quarenta e
dois reais, e um centavo), para os cofres da Câmara
Municipal de Goiânia.
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2) DO DIREITO
Discorrer-se-á nos tópicos a seguir : I- Do
Desvio De Finalidade das Funções Da Câmara De Vereadores
De Goiânia; II- Da Finalidade Eleitoreira E Auto
Promocional Do Projeto “CÂMARA E Governo Juntos De Você”;
III- Do Desvirtuamento Do Procedimento Licitatório e
Afronta a Modalidade Licitatória Prevista na Lei 8.666/93;
IV- Do Desvio de Finalidade da Oscip Vencedora; V- Do
Valor de Cada Edição da “CÂMARA Itinerante”( Da Cobrança
Superfaturada Por Cada Edição ); VI- Das Notas De Empenho,
Notas Fiscais e dos Pagamentos e; VII- Dos Atos Dolosos de
Improbidade.
2.1) DO DESVIO DE FINALIDADE DAS FUNÇÕES DA CÂMARA DE VEREADORES DE GOIÂNIA - (DESCABIMENTO DO PROJETO “CÂMARA E GOVERNO JUNTOS DE VOCÊ” )
A Separação dos Poderes é princípio basilar do
moderno Estado Democrático de Direito, seguido pela
Constituição Federal de 1988, que em seu Art. 2º,
estabelece a estrutura de Governo firmada em 03(três)
distintos Poderes: o Executivo, o Legislativo e o
Judiciário.
Ao discorrer sobre a separação dos Poderes na
Constituição Federal Brasileira, André Ramos Tavares in
Curso de Direito Constitucional, 11ª edição, 2013,
preceitua :
“Tradicionalmente, como se sabe, a incumbência de redigir e editar as leis gerais, que devem reger a sociedade, encontra-se atribuída ao Poder Legislativo.”(ob, cito pág. 961).
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Nesse sentido, seguindo a lição de Alexandre
de Morais, atual Ministro da Suprema Corte Brasileira, na
obra Direito Constitucional, 28ª ed., pág. 425, deve o
Estado obedecer a divisão dos Poderes e suas funções,
vejamos:
“A divisão segundo o critério funcional é a célebre “separação de Poderes”, que consiste em distinguir três funções estatais, quais sejam, legislação, administração e juridição, que devem ser atribuídas a três órgãos autônomos entre si, que as exercerão com exclusividade (...)”.
Adiante, o nobre doutrinador, Alexandre de
Morais, estabelece que:
“A Constituição Federal consagrou em seu art. 2º a tradicional tripartição de Poderes, ao afirmar que são Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Com base nessa proclamação solene, o próprio legislador constituinte atribuiu funções a todos os Poderes, sem, contudo caracterizá-la com exclusividade absoluta. Assim, cada um dos Poderes possuiu uma função predominante, que o caracteriza como detentor de parcela de soberania estatal, além de outras previstas no texto constitucional. São as chamadas funções típicas e atípicas.As funções típicas do Poder legislativo são legislar e fiscalizar, tendo ambas o mesmo grau de importância e merecedoras de maior detalhamento. Dessa forma, se por um lado a Constituição prevê regras de processo legislativo, para que o Congresso Nacional elabore as normas jurídicas, de outro, determina que a ele compete a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Executivo(CF,art. 70).As funções atípicas constituem-se em administrar e julgar. A primeira ocorre, exemplificadamente, quando o Legislativo dispõe sobre sua organização e operacionalidade interna, provimento de cargos, promoções de seus servidores; enquanto a segunda ocorrerá, por exemplo, no Processo e julgamento do Presidente da república por crime de responsabilidade.”GRIFAMOS
O doutrinador segue na mesma obra discorrendo
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sobre as funções do Poder Executivo, lecionando que :
“O Poder Executivo constitui órgão constitucional cuja função precípua é a prática dos atos de chefia de estado, de governo e de administração.”
Dessas alinhavadas lições, depreende-se que a
função do Poder Legislativo, primordialmente, é a edição
de Leis visando o bem estar da população e o aprimoramento
da cidade.
Contudo, a despeito dessas delimitações quanto
às atividades de cada Poder, o Projeto “Câmara e Governo
Juntos de Você”, também chamado de “Câmara Itinerante’,
evidencia, claramente, com seu objetivo, o desvio de
finalidade da função do Poder Legislativo ao promover
atividades essencialmente próprias do Poder Executivo,
utilizando-se de verbas públicas, em montante
considerável, R$ 2.308.428,00 (dois milhões, trezentos e
oito mil, quatrocentos e vinte e oito reais).
Assim, a execução do “Projeto Câmara
Itinerante” promoveu uma verdadeira intromissão do Poder
Legislativo na esfera da atuação do Poder Executivo, eis
que sequer nas funções atípicas do Poder Legislativo pode-
se enquadrar o projeto, em completo desvio de finalidade.
Ademais, ao destinar verba orçamentária para a
execução da promoção dos representantes do povo da Casa de
Leis, efetuou gastos que deveriam ser implementados nas
finalidades do Poder Legiferante, conforme estabelece a
separação de poderes, ou em necessidades da própria Câmara
de Vereadores.
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De outro lado, caso não houvesse outra
aplicação para os recursos, deveriam eles ser mantidos em
caixa, ou resguardados em aplicação, para destinação
específica, ou, por economia que fosse, face a drástica
crise por que atravessa o país, também por razoabilidade,
tendo em vista a escassez de recursos, e o contribuinte já
demasiadamente sobrecarregado com impostos.
2.2) DA FINALIDADE ELEITOREIRA E AUTO PROMOCIONAL DO
PROJETO “CÂMARA E GOVERNO JUNTOS DE VOCÊ” - (propaganda
eleitoral antecipada)
De se observar também que todo o intento do
Projeto, arquitetado e articulado pelo Presidente da Casa,
Vereador Anselmo Pereira, em conjunto como o então Diretor
Geral da Câmara, Júlio César da Silveira Prado; e contando
ainda com a anuência do Procurador Geral da Casa, Lourival
de Moraes Fonseca Junior; com o pregoeiro da Comissão de
Licitação, Antônio Henrique Guimarães Isecke, e, ainda,
com o representante da OSCIP, Francisco de Assis Gomes.
Evidente o intuito auto promocional e
eleitoreiro porque O Projeto: “Câmara e Governo juntos de
Você”, foi estrategicamente dividido em 12 (doze)edições
quase mensais, a serem realizadas nas macroregiões de
capital, visando promover o Presidente da Casa, e seus
colaboradores nos diversos setores de Goiânia.
O custo do Projeto, melhor se diga, da
Promoção Eleitoreira, foi transferido, ficando às expensas
dos recursos financeiros da Câmara, com início em setembro
de 2015, e término das edições em junho de 2016, portanto,
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às vésperas das Eleições Municipais para Vereador,
marcadas para o ano de 2016.
A verdadeira finalidade de toda essa ação
cameral ao lançar o Projeto “Câmara Itinerante” era
aparentar uma fictícia aproximação dos representantes do
povo e promoção de atividades destinadas à população,
porém, sob esse manto de aparente legalidade, escondiam-se
motivos torpes, sendo um deles a verdadeira auto Promoção
Política, mediante uma edição mensal do Câmara Itinerante,
a fim de incutir na mentalidade e lembrança do eleitor a
fisionomia dos futuros “candidatos benfeitores”,
promotores dessas “ações sociais”, especialmente, a figura
de Anselmo Pereira, então presidente da Câmara, que a
todas as edições estava presente.
Dai, que o Projeto tinha notadamente função
eleitoreira, caracterizando por isso, propaganda eleitoral
antecipada, violando os termos do Art. 240, da Lei
4.737/65 (Código Eleitoral).
A autopromoção social da pessoa do Vereador
Anselmo Pereira, era evidente, eis que então Presidente da
Câmara de Vereadores de Goiânia, estava sempre presente no
início de cada edição, nas manhãs das 5ªs feiras, na
condição de Presidente da Casa, pois abria cada edição e
era um dos autores-pai do Projeto.
Depreende-se do edital quanto ao funcionamento
do Projeto que cada edição era realizada sempre às 5ªs e
6ªs feiras, transferindo-se a realização das sessões
ordinárias da Câmara. Disso observa-se que não houve real
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benefício à população, porquanto esta nos dias úteis
estava trabalhando e as crianças em horário escolar, só
houve proveito ao vereador Anselmo Pereira que às custas
do dinheiro público se auto promoveu com banners, farto
material de propaganda e marketing, tanto que foi reeleito
com a exposição e promoção pessoal que obteve, tendo sua
campanha antecipada e custeada dessa forma às expensas do
dinheiro público.
A Lei nº 13.800/2001, norma de repetição da
lei federal nº 9.784, de 29/01/1999, que regula o Processo
Administrativo no âmbito da Administração Pública
Estadual, estabelece em seu artigo 2º :
“Art. 2o – A Administração pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.Parágrafo único – Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:I – atuação conforme a lei e o direito;II – atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, ressalvadas as autorizadas em lei;III – objetividade no atendimento do interesse público;IV – atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;V – divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição Federal;VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;(...)”
Disso decorre que ao se utilizar do
Projeto Câmara Itinerante para auto promoção, o Presidente
da Casa, violou os mais basilares princípios norteadores
da vida e da Administração públicas, conforme insculpidos
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na Constituição Federal em seu artigo artigo 37,
especialmente, a moralidade, a legalidade, e a
impessoalidade.
Ademais, não se pode olvidar que a
finalidade e a motivação são também princípios norteadores
dos atos da administração pública, sem esquecermos que a
Lei Estadual nº 13.800/2001, expressamente determina a
vedação de renúncia total ou parcial de poderes ou
competências.
2.3) DO DESVIRTUAMENTO DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO E
AFRONTA A MODALIDADE LICITATÓRIA PREVISTA NA LEI 8.666/93
A Lei 8.666/1993, assim como a Constituição
Federal, ao estabelecerem o modelo de licitação para a
realização de obras; aquisição de bens e serviços e
alienações, pretendiam as normas que o Estado efetuasse o
melhor e mais vantajoso negócio, visando com isso a
economia e a igualdade de participação; a impessoalidade;
a ampla concorrência e publicidade dos atos.
Assim, prescreveu a Carta Magna que :
“Art.37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: XXI-ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
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qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.” (GRIFO NOSSO)
Para a realização do intitulado “Concurso de
Projeto nº 001/2015”, informalmente intitulado de “Câmara
Itinerante”, procedimento nº 2015/0000626, o que se
observa dos autos é uma verdadeira e intencional
orientação de todo o processo com a aparência de
escorreito procedimento licitatório, que visava na
essência, a prestação de serviços com a realização das
edições, mediante locação de estrutura, máquinas e
serviços.
O procedimento também estabelecia que apenas
OSCIPs participassem, e em particular, tudo foi orientado
para que a licitação fosse completamente desvirtuada para
modalidade “Concursos”, culminando que foi chamado de
Concurso de Projetos.
Dessa forma, foram excluídas as empresas
especialistas na locação de estruturas, máquinas e
serviços, e que poderiam oferecer melhores preços, a
licitação foi orientada a determinado setor, o 3º Setor,
transferindo para as OSCIP'S a Gestão dos Recursos
Públicos destinados ao Câmara Itinerante.
À OSCIP vencedora, então, caberia decidir e
escolher a quem e por quanto contratar para prestar os
serviços para a realização das edições. Impera dizer que
não houve qualquer forma de controle pelo Poder Público
quanto as empresas participantes, na condição de locadores
de bens, móveis, equipamentos e serviços, uma vez que o
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orçamento (contendo os valores de referência), igualmente,
foi escolhido arbitrariamente pela Direção da Câmara de
Vereadores.
Assim foi determinado pelo Presidente da
Câmara de Vereadores, e dessa forma se procedeu, reitere-
se sempre com o aval do Diretor Geral da Câmara; do
Procurador Geral da Câmara, e com a anuência do pregoeiro.
A par disso, a Lei de Licitações estabelece de
forma clara que em se tratando de prestação de serviços
para valores superiores a R$ 650.000,00 (seiscentos e
cinquenta mil reais), a modalidade obrigatória a ser
escolhida é da “Concorrência”.
A lei ainda estabelece qual seja o conceito,
para os efeitos da norma, do que vem a ser serviço.
Vejamos :
Art.6o Para os fins desta Lei, considera-se:
II-Serviço-toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais;
Adiante, a lei de licitações, estabelece no
“Capítulo II, Da Licitação, Seção I, Das Modalidades,
Limites e Dispensa” :
Art.22. São modalidades de licitação:I-concorrência;II-tomada de preços;III-convite;
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IV-concurso;V-leilão.
“§1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.”
“§4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco)dias.”
Veja-se ainda que :
“Art.23-As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:II-para compras e serviços não referidos no inciso anterior:c)concorrência-acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais).”
Ora, da análise do Edital de Chamamento nº
001/2015(referente ao Procedimento 20150000626) que
redundou no Termo de Parceria nº 020/2015, obviamente, se
constata que nenhum trabalho técnico, científico ou mesmo
artístico foi apresentado e que justificasse a presença de
OSCIPs. Ainda, facilmente se afere que sequer houve
qualquer concurso de projetos.
De consequência, não poderia ter sido esta a
modalidade “Concurso de Projetos”, a escolhida pelo
Presidente da Câmara, Vereador ANSELMO PEREIRA DA SILVA
SOBRINHO; em conjunto com o Diretor Geral da Casa, JÚLIO
CÉSAR DA SILVEIRA PRADO; e corroborada pelo Procurador
Geral da Câmara, LOURIVAL DE MORAES FONSECA JUNIOR;
ratificada pelo pregoeiro, HENRIQUE GUIMARÃES ISECKE, e
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pelo representante da OSCIP, ANTÔNIO FRANCISCO DE ASSIS
GOMES; pois evidentemente não se tratava de “Concurso de
Projetos”.
Ademais, o que se deu de forma efetiva foi uma
contratação de empresas, fornecedoras na forma de locação
de máquinas e de serviços, e aquisição de produtos
(banners, cartazes, folhetos, propaganda), por intermédio
de OSCIP, para a tudo dar aparência de legalidade.
Assim, patente a violação-fraude à Lei de
Licitações, tanto no quesito escolha da modalidade de
licitação adequada, quanto igualmente violada a lei em
relação a seu princípio mais basilar; o da ampla
concorrência, eis que a rigor, a modalidade de licitação
“concorrência” deveria ter sido a adotada, e, ao não fazê-
lo, causou graves prejuízos aos cofres públicos, porquanto
os custos foram superiores, e poderiam ser inferiores
acaso diversas empresas, com atuação específica no ramo de
locações de máquinas, estrutura e serviços pudessem ter
participado da licitação.
As planilhas de prestação de contas, as
informações prestadas pela OSCIP vencedora, e as
informações da Comissão de Avaliação, confirmam, extreme
de dúvidas, a violação do devido procedimento
administrativo licitatório.
Ademais, essas planilhas prestam informações,
vide DVD 08, dando notícias de que em todas as 09(nove)
edições, foram superiores os valores cobrados por cada
edição face ao valor previamente estabelecido no orçamento
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inicial apresentado.
Da mesma forma, se observa violação do
procedimento licitatório quando se constata que apenas
09(nove) edições foram realizadas, porém, o valor total
gasto é equivalente a se tivessem realizadas quase todas
as edições, ou seja, precisamente utilizou-se valores
suficientes para 11,5 (onze e meia) edições.
Cabe ainda salientar, e dos autos consta que
ao determinar o levantamento de orçamentos, o Diretor
Geral da Câmara, obteve 03 (três) orçamentos direcionados,
e dentre eles, ratificou como o menor orçamento o
fornecido pela empresa TV Midia Ltda.
O que não se pode esperar em uma contratação
de R$ 2.308.428,00 (dois milhões, trezentos e oito mil,
quatrocentos e vinte e oito reais) é que se restrinja o
fornecimento de orçamentos a apenas 03 (três).
No caso, ao agirem confeccionando o Edital, e
dando andamento no procedimento administrativo licitatório
com essa prática, o Presidente da Câmara; o Diretor Geral;
o pregoeiro e ratificando todas as irregularidades, ainda
o Procurador Geral da Câmara, impediram que a ampla
concorrência pelo menor preço se estabelecesse, atacando a
lei, fazendo-a por letra morta.
Ferida, portanto, a norma constante do Art. ,
da Lei 8.666/1993,
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2.4) DO DESVIO DE FINALIDADE DA OSCIP VENCEDORA
As OSCIP's, estabelecidas pela Lei 9.790/99,
que dispôs sobre a qualificação de pessoas jurídicas de
direito privado, sem fins lucrativos, são pois entidades
do terceiro setor, reconhecidas por ato do Poder
Executivo, para atuarem em parceria com o estado,
auxiliando nas atividades estatais, conforme rol das
descritas no artigo 3º, da lei 9.790/99, sem auferirem
lucro.
Vejamos :
Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, ob-servado em qualquer caso, o princípio da universa-lização dos serviços, no respectivo âmbito de atua-ção das Organizações, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lu-crativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
I - promoção da assistência social;II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organiza-ções de que trata esta Lei;IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei;V - promoção da segurança alimentar e nutricional;VI - defesa, preservação e conservação do meio am-biente e promoção do desenvolvimento sustentável;VII - promoção do voluntariado;VIII - promoção do desenvolvimento econômico e so-cial e combate à pobreza;IX - experimentação, não lucrativa, de novos mode-los sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito;X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais;XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tec-nologias alternativas, produção e divulgação de in-
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formações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo.XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte. Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedi-cação às atividades nele previstas configura-se me-diante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doação de recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a ór-gãos do setor público que atuem em áreas afins.
No rol do artigo 3º, supra referido, não
consta nenhuma atividade da OSCIP afim à prestação de
serviços, ou ainda, para a locação de produtos e serviços,
tal como a natureza das atividades desenvolvidas na
realização do “Câmara e Governo Juntos de Você”,
denominada de “Câmara Itinerante”.
A Presidência da Câmara, ao usar de OSCIP
para a gestão, realização, coordenação, contratação de
serviços, máquinas e estrutura, incorreu em violação e
desvio de finalidade da existência da OSCIP, e no caso da
OSCIP IDEIA Ambiental e Cultural, mormente porque a
natureza inicial de seu estatuto constitutivo não era nem
poderia ser de acordo com Lei, voltada à prestação de
serviços.
A promoção e defesa do Meio Ambiente sempre
foi a atividade orientadora da OSCIP IDEIA Ambiental e
Cultural, conforme estatuto social. No entanto, ao incluir
em seu estatuto atividades de prestação de serviços,
desvirtuou sua existência, coadunando com atividades de
cunho comerciais, e, portanto, caracterizando-se como uma
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OSCIP de aparência, e empresa na essência.
A prestação de serviços e a locação de
produtos foram atividades incluídas no Estatuto Social da
OSCIP IDEIA Ambiental e Cultural, objetivando participar
de licitações e obter lucro, págs. 282/286, dos autos.
Estrategicamente essa foi a intenção da IDEIA ao
participar da licitação, modalidade “Concurso de
Projetos”, como veremos.
Essa descaraterização de atividade, de uma
entidade sem fins lucrativos, OSCIP, com fins a promoção
de atividades culturais, desvirtuando completamente para a
atividade empresarial, in casu, com efetiva atividade de
prestação de serviços(locação de máquinas, produtos e
serviços), atividade típica de empresas, ficou
evidentemente caracterizada verdadeira afronta ao
princípio da legalidade, à Lei das OSCIP's, ao devido
processo administrativo, o que também configura
desvirtuamento do procedimento licitatório, sendo que a
participação voluntária da OSCIP IDEIA Ambiental e
Cultural no processo licitatório, evidenciou a obtenção de
lucro.
Esse desvio de finalidade teve por objetivo a
participação da IDEIA Ambiental e Cultural, como se
verdadeira empresa fosse, tanto é verdade, que a OSCIP
efetuou contratos de prestação de serviços com diversas
empresas, sem nenhum critério ou imparcialidade, a fim de
atender aos objetivos escusos do Projeto “Câmara
Itinerante”, com o fim certo de auferir lucro, e
beneficiar determinadas empresas, participantes e
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prestadores de serviço.
Ou seja, a OSCIP se transformou em
atravessadora, intermediadora dos serviços que a Câmara
irregularmente pretendia e conseguiu contratar para a
promoção pessoal do Presidente da Câmara, e seu próprio
enriquecimento ilícito e de outros interessados.
2.5) DO VALOR DE CADA EDIÇÃO DA “CÂMARA ITINERANTE” - (DA
COBRANÇA SUPERFATURADA POR CADA EDIÇÃO )
Consta que o Valor Total do Edital de
Chamamento, do Projeto intitulado “Câmara e Governos
Juntos de Você”, foi orçado inicialmente em
R$2.308.428,00(dois milhões, trezentos e oito mil,
quatrocentos e vinte e oito reais), conforme planilha de
orçamento tomada por referência e juntada aos autos,
emitido pela empresa TV Midia Ltda, CNPJ nº
04.854.464/0001-16, págs. 22/28.
Nessa mesma planilha de orçamento, ficou
estipulado o valor por edição orçado em R$ 192.369,00
(cento e noventa e dois mil, trezentos e sessenta e nove
reais).
Implementadas investigações acerca das
irregularidades apontadas, e, conforme resposta aos
Ofícios Requisitórios nº 727/2016; 792/2016; 795/2016, o
atual Presidente da Câmara de Vereadores confirmou que
ocorreram apenas 09 (nove) das 12 (doze) edições previstas
do Projeto.
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Essas informações foram corroboradas por
outras prestadas pela própria OSCIP, quando encaminhou as
planilhas de prestação de contas, DVD-08, e constam também
da resposta ao Ofício Requisição nº 164/2017, da lavra da
atual Procuradora Chefe da Câmara Municipal de Goiânia.
Na resposta, a Procuradora Geral também fez
constar planilha encaminhada pela OSCIP, datada de
26/08/2016, a qual afirma que o valor total utilizado para
as 09 (nove) edições foi de R$ 2.207.785,99 (dois milhões,
duzentos e sete mil, setecentos e oitenta e cinco reais, e
noventa e nove centavos).
Ora, cada edição “deveria” ter custado o valor
original fixado no “orçamento aprovado”, orçado em R$
192.369,00 (cento e noventa e dois mil, trezentos e
sessenta e nove reais). No entanto, cada edição custou aos
cofres públicos em média 24% (vinte e quatro por cento) a
mais do que o valor originalmente previsto, vide planilhas
de prestação de contas elaboradas unilateralmente pela
OSCIP, e sem nenhum acompanhamento pela Comissão de
Avaliação da Câmara ao projeto, vide DVD-08.
Confrontadas ainda as informações constantes
dos autos (“Comprovantes de transferência entre as contas
da CAIXA-TEV”, entre a conta da Câmara e da OSCIP), com as
informações do “Portal de Transparência”, e ainda,
consoante as informações prestadas pela OSCIP IDEIA
Ambiental e Cultural, chega-se ao valor total recebido
pela IDEIA Ambiental e Cultural no montante de:(R$
1.154.214,00 + R$ 1.096.503,30). Somados, obtêm-se o valor
total pago de R$ 2.250.717,30(dois milhões, duzentos e
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cinquenta mil, setecentos e dezessete reais, e trinta
centavos).
Esse valor difere diametralmente do que a
OSCIP afirma ter sido gasto e realizado no evento, de R$
2.207.785,99 (dois milhões, duzentos e sete mil,
setecentos e oitenta e cinco reais, e noventa e nove
centavos).
De outro lado, o valor total do denominado
Projeto estava previsto em R$ 2.308.428,00 (dois milhões,
trezentos e oito mil, quatrocentos e vinte e oito reais).
Ao se analisar todo o Projeto, há de se
considerar que os custos eram fixos, pois todas as edições
contaria com a mesma estrutura, equipamentos, logística de
transporte e pessoal que seriam e foram disponibilizados
em todas as ocasiões.
Porém, o custo total das 09 (nove) edições
ficou em torno de 24% (vinte e quatro por cento) em média
mais cara que o originalmente orçado, valores
injustificáveis tendo em vista que, como dito, a estrutura
era a mesma, e, portanto, os custos os mesmos, não havendo
pois razoabilidade para uma elevação de valores que foram
efetivamente pagos.
Pior, é se constatar que a Comissão de
Avaliação da Câmara ratificou e anuiu com os valores de
custos a maior apresentados pela OSCIP, em todas as
09(nove) edições realizadas da Câmara Itinerante. “Vide
DVD nº 08, “Relatórios/Prestação de Contas das 9 edições”.
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Observa-se ainda que não houve por parte dessa
Comissão qualquer avaliação direta da realização do
Projeto, quer fosse em relação ao número de pessoas
beneficiadas ou, com relação aos custos majorados
apresentados, sem justificativa detalhada. Dos autos se
extrai que toada a avaliação da Comissão da Câmara ocorreu
a partir das planilhas apresentadas pela OSCIP.
Dessa forma, a IDEIA Ambiental e Cultural
apresentou dados de forma unilateral, sem que houvesse
conferência ou medição por parte da Comissão de Avaliação
da Câmara.
2.6) DAS NOTAS DE EMPENHO; NOTAS FISCAIS E DOS PAGAMENTOS
É importante salientar que a regra da
contratação pelo Poder Público, nos ditames da Lei de
Licitação e demais regulamentadoras da matéria, estabelece
que a contratação pública segue 03(três) etapas :
Orçamentação(Empenho); liquidação e pagamento.
No intercurso entre a liquidação e o
pagamento, há se de averiguar se da fato houve o devido
fornecimento do produto ou serviço, de forma a garantir
que o pagamento seja devido, não ensejando embaraços à
Administração Pública com relação a eventual restituição
de valores, que obrigatoriamente obedecerão ao devido
processo administrativo e judicial.
De se ver que ambas as duas notas de empenho
irregulares, assim como os “Comprovantes de Transferência
entre contas da CAIXA-TEV” foram assinadas das pelo
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requerido ANSELMO PEREIRA DA SILVA SOBRINHO.
O requerido, de comum acordoo com o Diretor da
Câmara, ainda determinou a antecipação dos dois
pagamentos, sendo o primeiro, em 14/09/2015, antes mesmo
de ser prestado qualquer serviço, e o segundo, pago em
01/02/2016, ainda pendente várias edições do “Câmara
Itinerante”, prática vedada pelo ordenamento jurídico.(Lei
de Licitações; Lei 4.320/64; Decreto nº 93.872/1986.
Veja que com relação ao princípio da
legalidade, que vincula a Administração Pública, e é
importante assinalar que a atividade administrativa se
rege integralmente por ele, tal como previsto nos arts.
5º, inc. II, e 37, caput, ambos da Constituição Federal de
1988.
Torna-se claro, dessa forma, que toda a
atividade licitatória e contratual realizada na gestão da
máquina pública deve, imprescindivelmente, sujeitar-se à
ordem jurídica. Registre-se, neste ponto, que a atuação da
Administração Pública está cercada de competências
vinculadas e discricionárias.
A competência discricionária ocorre quando a
norma não é exaustiva, ou seja, ela permite ao agente
público o exercício do poder jurídico de escolher entre as
diversas alternativas cabíveis, incumbindo-lhe a avaliação
dos critérios de conveniência e oportunidade.
Por outro lado, a competência vinculada não dá
essa margem ao administrador, pois a norma legal já
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confere o resultado jurídico a que se deverá chegar num
determinado caso concreto. Como salienta Marçal Justen
Filho, in verbis:
“A competência vinculada significa que a norma legal restringe a autonomia do agente. Nesses casos, a norma legal já contempla uma escolha em abstrato e antecipada sobre a decisão a ser adotada no caso concreto. Ao aplicar a norma, o agente deve apenas verificar a presença dos pressupostos previstos na norma, não sendo admitida inovação proveniente de juízo pessoal de conveniência e oportunidade do agente.”
Assim, de antemão, se pode afirmar que a
antecipação de pagamento pela Administração Pública antes
da efetiva prestação dos serviços contratados por ela
encontra óbice nas disposições contidas nos arts. 62 e 63
da Lei nº 4.320, de 1964, in verbis:
“Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:I - a origem e o objeto do que se deve pagar;II - a importância exata a pagar;III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base:I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;II - a nota de empenho;III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.” (Grifo nosso).
Ou seja, só poderá haver o pagamento da
despesa após o implemento da obrigação do credor, levando-
se em consideração o contrato e os comprovantes da efetiva
prestação do serviço, a fim de se apurar o quantum a ser
pago. Observe-se que a norma não confere
discricionariedade ao gestor público.
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Com efeito, o art. 38 do Decreto nº 93.872, de
1986, veda a antecipação de pagamento pela execução de
obra, ou prestação de serviço, excetuando-se, apenas, o
pagamento de parcela contratual na vigência do respectivo
contrato, obedecendo-se à forma nele estabelecida e no
edital de licitação. Confiram-se os seus termos, in
verbis:
“Art. 38. Não será permitido o pagamento antecipado de fornecimento de materiais, execução de obra, ou prestação de serviço, inclusive de utilidade pública, admitindo-se, todavia, mediante as indispensáveis cautelas ou garantias, o pagamento de parcela contratual na vigência do respectivo contrato, convênio, acordo ou ajuste, segundo a forma de pagamento nele estabelecida, prevista no edital de licitação ou nos instrumentos formais de adjudicação direta.”
O dispositivo transcrito supra nada mais é que
consectário dos princípios da vinculação ao instrumento
convocatório, insculpido no art. 3º da Lei de Licitações
(Lei nº 8.666, de 1993).
A única exceção que a lei e a doutrina
abalizam se dá quando a fixação do pagamento após a
prestação de serviço ensejar ônus que impeça a maior
participação de interessados, ou seja, a ampla
concorrência.
Essa situação excepcional, prevista no
ordenamento jurídico, evidentemente, não se aplica no caso
em tela, porquanto, o injustificado direcionamento para a
participação de OSCIP's já por si só já excluiu
sobremaneira várias empresas prestadoras de serviços, as
quais poderiam oferecer a mesma qualidade de equipamentos
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e serviços prestados a preços inferiores, uma vez
instalada a concorrência/competição de interessados, sendo
essa a finalidade do procedimento licitatório,
proporcionar a Administração Pública economia e
imparcialidade com a ampla concorrência de interessados.
De se ver que as notas de empenho nº 0069 00,
datada de 27/08/2015 e a nota de empenho nº 0023 00, de
19/01/2016, foram assinadas pelo requerido vereador
Anselmo Pereira, conforme págs. 545 e 605, dos autos do
procedimento administrativo nº 0626/2015.
Com isso configurada a determinação de
pagamento pelo requerido, que agiu com dolo consciente de
efetivar o “Câmara Itinerante”, a todo custo.
De igual forma, foram pelo requerido Anselmo
Pereira, assinadas e autorizadas em favor da OSCIP IDEIA
Ambiental e Cultural, as transferências bancárias datadas
de 14/09/2015, no valor de R$ 1.154.214,00 (um milhão,
cento e cinquenta e quatro mil, duzentos e catorze reais)
e, a segunda, datada de 01/02/2016, no valor de R$
1.096.503,30 (um milhão, noventa e seis mil, quinhentos e
três reais, e trinta centavos).
Assim, dos autos se extrai que a OSCIP recebeu
os pagamentos, antes de prestados os serviços, e em
valores superiores aos estabelecidos no orçamento, embora
com previsão em edital que deve, a toda prova, ser
declarado nulo.
Destarte, fica configurada a conduta dolosa de
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improbidade pelos requeridos ao darem início e andamento a
todo o procedimento licitatório.
2.7) DOS ATOS DOLOSOS DE IMPROBIDADE
Pelos fatos narrados, verifica-se que os
requeridos, Vereador e então Presidente da Câmara ANSELMO
PEREIRA DA SILVA SOBRINHO; em conjunto com JÚLIO CÉSAR DA
SILVEIRA PRADO, então Diretor da Câmara; LOURIVAL DE
MORAES FONSECA JUNIOR, então Procurador Geral da Câmara, e
HENRIQUE GUIMARÃES ISECKE, pregoeiro; e FRANCISCO DE ASSIS
GOMES, Presidente da OSCIP IDEIA Ambiental e Cultural, e
também sócio proprietário da Midia Link Ltda-ME, violaram
normas Constitucionais e infra legais, incorrendo em atos
de Improbidade Administrativa, ao frustrarem a
regularidade e licitude do procedimento licitatório;
modalidade de licitação; enriquecimento ilícito, e
atentando, dessa forma, contra os princípios que regem a
atividade estatal.
Assim, os requeridos incorreram na prática dos
atos de improbidade administrativa, com a seguinte
dinâmica:
O Presidente da Câmara, Vereador Anselmo
Pereira; de comum acordo com o Diretor Geral da Casa,
Júlio César, na condição de criadores do Projeto; o
Procurador Geral da Câmara, Lourival de Moares, que
proferiu parecer endossando o procedimento e modalidade
licitatórios; os três ainda contando com a participação do
Presidente da Comissão Permanente de Licitação, Henrique
Isecke, que proferiu despacho justificador da escolha da
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modalidade de licitação, e ainda contando com o Presidente
da OSCIP IDEIA Ambiental e Cultural, Francisco de Assis
Gomes, arquitetaram o projeto “Câmara e Governo Juntos de
Você”, com o objetivo cada qual de defender interesses
próprios, e com isso, fraudaram a licitação, e auferiram
lucros e auto promoveram-se politicamente.
Os atos de improbidade estão previstos no
artigo 10, caput e inciso VIII, e no artigo 11, caput,
ambos da Lei nº 8.429/1992, in verbis:
Art. 10-Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:(…)VIII- frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: (…)
Na mesma esteira, preceitua a Lei 8.666/93,
Lei de Licitações, quando discorre :
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta Lei:Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
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Segundo preceitua a doutrina e a
jurisprudência, a Lei de Improbidade Administrativa visa à
tutela do patrimônio público – que é o conjunto de bens e
interesses da Administração Pública, não só de natureza
patrimonial, mas também moral –, impondo aos agentes
públicos e aos particulares um padrão de comportamento
probo, honesto, íntegro1.
Sobre o dever do agente público de agir com
respeito à moralidade administrativa, discorre Emerson
Garcia:
A moralidade limita e direciona a atividade administrativa, tornando imperativo que os atos dos agentes públicos não subjuguem os valores que defluam dos direitos fundamentais dos administrados, o que permitirá a valorização e o respeito à dignidade da pessoa humana. Além de restringir o arbítrio, preservando a manutenção dos valores essenciais a uma sociedade justa e solidária, a moralidade confere aos administrados o direito subjetivo de exigir do Estado uma eficiência máxima dos atos administrativos, fazendo que a atividade estatal seja impreterivelmente direcionada ao bem comum, buscando sempre a melhor solução para o caso.A correção dessas conclusões, no entanto, pressupõe que um caminho mais árduo e tortuoso seja percorrido: a necessária conscientização de todos os setores da sociedade de que devem zelar pela observância do princípio da moralidade. O controle sobre os atos dos agentes públicos deve ser rígido e intenso, o que permitirá um paulatino aperfeiçoamento da atividade estatal e, o que é mais importante, a necessária adequação dos agentes públicos aos valores próprios de um Estado Democrático de Direito, no qual o bem comum representa o pilar fundamental.(ALVES, Rogério Pacheco e GARCIA, Emerson. Improbidade Administrativa. 6ª Edição. P 90. Editora Lumen Juris, Rio de Janeiro: 2011.)
Ora, indiscutivelmente, vulnera a moralidade
1 REsp 1075882/MG, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/11/2010, DJe 12/11/2010.
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administrativa e a lealdade a conduta dos requeridos de
fraudar o processo licitatório, emitindo notas de empenho
em nome de credores antes mesmo da efetiva prestação de
serviço, em prejuízo da Administração Pública, da
sociedade e do interesse público.
Ademais, os requeridos ANSELMO PEREIRA DA
SILVA SOBRINHO; ANTÔNIO HENRIQUE GUIMARÃES ISECKE; JÚLIO
CÉSAR DA SILVEIRA PRADO; LOURIVAL DE MORAES FONSECA JUNIOR
e FRANCISCO DE ASSIS GOMES, incorreram na prática de atos
de improbidade administrativa, sabedores e conhecedores da
lei e dos adequados procedimentos legais estabelecidos.
Neste sentido, discorre o artigo 3º da Lei nº
8.429/1992:
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
Pelo exposto, os requeridos devem ser sofrer
as sanções nos termos do artigo 12, incisos II e III da
Lei nº 8.429/1992, in verbis:
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas, previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações:
(...)
II – na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
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ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
A participação irregular da OSCIP IDEIA
Ambiental e Cultural pode ser aferida em todo o irregular
“procedimento licitatório” ad initio, conforme já
amplamente comprovado.
Porém, a sua intentada ímproba se afigura mais
evidente quando se observa que ela aponta ter a devolver o
valor de R$ 100.642,01 (cem mil, seiscentos e quarenta e
dois reais, e um centavo).
Consta da documentação encaminhada pela
Procuradoria da Câmara que a OSCIP informa ter sido
depositado na conta da Câmara o valor supra referido.
Contudo, ao se analisar a documentação,
constata-se que foi a empresa Midia Link Ltda – ME, CNPJ
nº 02.445.548/0001-70, quem efetuou o depósito.
Ao se apurar no site da Receita Federal quem
são os sócios da empresa referida, constata-se que
FRANCISCO DE ASSIS GOMES, presidente da OSCIP IDEIA
Ambiental e Cultural também é o sócio majoritário da
referida empresa (participação societária de 80% oitenta
por cento) mesma empresa que procedeu a devolução dos R$
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100.642,01 (cem mil, seiscentos e quarenta e dois reais, e
um centavo).
Disso se extrai que a OSCIP nada mais atuou
como sendo uma intermediadora para captar os serviços e
valores da “Licitação da Câmara”, servindo pois como
entidade de fachada para que a empresa MIDIA LINK LTDA, de
propriedade do requerido FRANCISCO DE ASSIS GOMES
obtivesse livremente o contrato e recebesse de forma
escusa e irregular, em violação às diretrizes da Lei de
Licitações.
Constatada então, inquestionavelmente, a fraude a licitação.
3) DA TUTELA PROVISÓRIA DE EVIDÊNCIA - Pedido de Liminar
inaudita altera pars
Para concretização de parte da providência
jurisdicional pedida, calcada no art. 5º da Lei
8.429/1992, afigura-se imprescindível a concessão de
tutela provisória de evidência consistente no bloqueio de
bens dos requeridos, conforme pedidos formulados,
lastreado no que dispõem o art. 37, § 4º, da Constituição
Federal, art. 7º da Lei 8.429/1992 c/c arts. 294, caput,
297, 311, II e IV, do CPC/2015.
É preciso ter presente que a decretação de
indisponibilidade de bens inaudita altera pars em Ações de
Improbidade Administrativa não viola o art. 17, § 7º, da
Lei 8.429/1992, podendo ser deferida antes mesmo da
notificação prévia. Eis o entendimento, pacífico, do
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Superior Tribunal de Justiça:
ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE DE BENS. DEFERIMENTO SEM AUDIÊNCIA DA PARTE ADVERSA. POSSIBILIDADE. MEDIDA ACAUTELATÓRIA.1. É pacífico nesta Corte Superior o entendimento segundo o qual, ante sua natureza acautelatória, a medida de indisponibilidade de bens em ação de improbidade administrativa pode ser deferida sem audiência da parte adversa e, portanto, antes da notificação a que se refere o art. 17, § 7º, da Lei n. 8.429/92. Precedentes.2. Recurso especial provido.(REsp 862.679/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/09/2010, DJe 04/10/2010)
A possibilidade de concessão de tutela
provisória de evidência inaudita alter pars foi consagrada
no art. 9º, parágrafo único, II, e art. 311, parágrafo
único, do CPC/2015, razão por que não há nenhum óbice para
o deferimento da medida pleiteada pelo autor sem a ouvida
dos requeridos.
Por outro lado, é cediço que as medidas
antecipatórias, em regra, exigem, para a sua concessão, o
cumprimento de dois requisitos: o fumus boni iuris
(plausibilidade do direito alegado) e o periculum in mora
(fundado receio de que a outra parte, antes do julgamento
da lide, cause ao seu direito lesão grave ou de difícil
reparação).
No caso da medida de indisponibilidade de
bens, prevista no art. 7º da Lei 8.429/1992, não se
vislumbra uma típica tutela de urgência, mas sim uma
tutela de evidência, uma vez que o periculum in mora não é
oriundo da intenção do agente dilapidar seu patrimônio e,
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sim, da gravidade dos fatos e do montante do prejuízo
causado ao erário, o que atinge toda a coletividade.
O próprio legislador dispensa a demonstração
do perigo de dano, em vista da redação imperativa da
Constituição Federal (art. 37, § 4º) e da própria Lei de
Improbidade Administrativa (art. 7º).
Cumpre observar que para o deferimento da
indisponibilidade de bens em Ações de Improbidade
Administrativa não é preciso demonstrar que o requerido
esteja dilapidando seu patrimônio ou na iminência de fazê-
lo, uma vez que o periculum in mora encontra-se implícito
no art. 37, § 4º, da Constituição Federal e no art. 7º da
Lei 8.429/1992.
Depois de muitos julgados, o Superior Tribunal
de Justiça, conforme noticiado no Informativo STJ n.º 547,
de 8 de outubro de 2014, por meio de sua PRIMEIRA SEÇÃO,
que congrega as duas Turmas de Direito Público da Corte,
em processo submetido ao rito dos recursos repetitivos
(art. 543-C, CPC/1973 e art. 1.036 e ss do CPC/2015),
pacificou o tema em aresto paradigmático, in verbis:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO PREVISTO NO ART. 543-C DO CPC. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CAUTELAR DE INDISPONIBILIDADE DOS BENS DO PROMOVIDO. DECRETAÇÃO. REQUISITOS. EXEGESE DO ART. 7º DA LEI N. 8.429/1992, QUANTO AO PERICULUM IN MORA PRESUMIDO. MATÉRIA PACIFICADA PELA COLENDA PRIMEIRA SEÇÃO.1. Tratam os autos de ação civil pública promovida pelo Ministério Público Federal contra o ora recorrido, em virtude de imputação de atos de improbidade administrativa (Lei n. 8.429/1992).2. Em questão está a exegese do art. 7º da Lei n. 8.429/1992 e a possibilidade de o juízo decretar,
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cautelarmente, a indisponibilidade de bens do demandado quando presentes fortes indícios de responsabilidade pela prática de ato ímprobo que cause dano ao Erário.3. A respeito do tema, a Colenda Primeira Seção deste Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial 1.319.515/ES, de relatoria do em. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Relator para acórdão Ministro Mauro Campbell Marques (DJe 21/9/2012), reafirmou o entendimento consagrado em diversos precedentes (Recurso Especial 1.256.232/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19/9/2013, DJe 26/9/2013; Recurso Especial 1.343.371/AM, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 18/4/2013, DJe 10/5/2013; Agravo Regimental no Agravo no Recurso Especial 197.901/DF, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 28/8/2012, DJe 6/9/2012; Agravo Regimental no Agravo no Recurso Especial 20.853/SP, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 21/6/2012, DJe 29/6/2012; e Recurso Especial 1.190.846/PI, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 16/12/2010, DJe 10/2/2011) de que, "(...) no comando do art. 7º da Lei 8.429/1992, verifica-se que a indisponibilidade dos bens é cabível quando o julgador entender presentes fortes indícios de responsabilidade na prática de ato de improbidade que cause dano ao Erário, estando o periculum in mora implícito no referido dispositivo, atendendo determinação contida no art. 37, § 4º, da Constituição, segundo a qual 'os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível'. O periculum in mora, em verdade, milita em favor da sociedade, representada pelo requerente da medida de bloqueio de bens, porquanto esta Corte Superior já apontou pelo entendimento segundo o qual, em casos de indisponibilidade patrimonial por imputação de conduta ímproba lesiva ao erário, esse requisito é implícito ao comando normativo do art. 7º da Lei n. 8.429/92. Assim, a Lei de Improbidade Administrativa, diante dos velozes tráfegos, ocultamento ou dilapidação patrimoniais, possibilitados por instrumentos tecnológicos de comunicação de dados que tornaria irreversível o ressarcimento ao erário e devolução do produto do enriquecimento ilícito por prática de ato ímprobo, buscou dar efetividade à norma afastando o requisito da demonstração do periculum in mora (art. 823 do CPC), este, intrínseco a toda medida cautelar sumária (art. 789 do CPC), admitindo que tal requisito seja presumido à preambular garantia de recuperação do patrimônio do público, da
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coletividade, bem assim do acréscimo patrimonial ilegalmente auferido".4. Note-se que a compreensão acima foi confirmada pela referida Seção, por ocasião do julgamento do Agravo Regimental nos Embargos de Divergência no Recurso Especial 1.315.092/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, DJe 7/6/2013.5. Portanto, a medida cautelar em exame, própria das ações regidas pela Lei de Improbidade Administrativa, não está condicionada à comprovação de que o réu esteja dilapidando seu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, tendo em vista que o periculum in mora encontra-se implícito no comando legal que rege, de forma peculiar, o sistema de cautelaridade na ação de improbidade administrativa, sendo possível ao juízo que preside a referida ação, fundamentadamente, decretar a indisponibilidade de bens do demandado, quando presentes fortes indícios da prática de atos de improbidade administrativa.6. Recursos especiais providos, a que restabelecida a decisão de primeiro grau, que determinou a indisponibilidade dos bens dos promovidos.7. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e do art. 8º da Resolução n. 8/2008/STJ.(REsp 1366721/BA, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 19/09/2014)
O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás foi
provocado por diversas vezes quanto ao tema e, bem por
isso, já consolidou seu entendimento através de todas as
Câmaras Cíveis, confiram-se: AI 130178-60.2013.8.09.0000,
Rel. Des. Luiz Eduardo Sousa, 1ª CÂMARA CÍVEL, julgado em
17.09.2013 e publicado em 26.09.2013; AI 139597-
36.2015.8.09.0000, Rel. Des. Carlos Alberto França, 2ª
CÂMARA CÍVEL, julgado em 26/05/2015, DJe 1796 de
03/06/2015; AI 386988-76.2010.8.09.0000, Rel. Des.
Floriano Gomes, 3ª CÂMARA CÍVEL, julgado em 15.05.2012 e
publicado em 29.05.2012; AI 381408-31.2011.8.09.0000, Rel.
Des. Kisleu Dias Maciel Filho, 4ª CÂMARA CÍVEL, julgado em
09.02.2012 e publicado em 07.03.2012; AI 35215-
94.2012.8.09.0000, Rel. Des. Alan S. de Sena Conceição, 5ª
CÂMARA CÍVEL, julgado em 25.10.2012 e publicado em
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28.11.2012; AI 352511-90.2011.8.09.0000, Rel. Des. Camargo
Neto, 6ª CÂMARA CÍVEL, julgado em 08.05.2012 e publicado
em 25.05.2012.
Sobre a tutela provisória de evidência, diz o
CPC/2015, verbis:
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:(...)II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;(...)Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
Destarte, as alegações de fato do Ministério
Público estão embasadas em provas documentais produzidas
em sede do Inquérito Civil nº 201500436908, cópia em
anexo. Em tais autos foi constatada a situação ilegal
discorrida na presente ação civil pública por ato de
improbidade administrativa.
Ademais, há tese firmada pelo Superior
Tribunal de Justiça em recurso repetitivo sobre
indisponibilidade de bens em ações fundadas na Lei Federal
8.429/1992 (REsp 1366721/BA, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro OG FERNANDES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 19/09/2014).
Bem por isso, estão preenchidos os requisitos
previstos no art. 311, II e parágrafo único, do CPC/2015
para concessão liminar de bloqueio de bens do requerido.
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Outrossim, o fumus boni iuris se encontra
presente, notadamente nos fatos e fundamentos jurídicos
esgrimidos nesta petição inicial, embasados, inclusive, em
informações e documentos extraídos dos autos do Inquérito
Civil Público 201500436908, cuja cópia segue em anexo a
esta petição.
O dano provocado ao erário foi no montante
totalizado de R$ 2.150.075,29 (dois milhões, cento e
cinquenta mil, setenta e cinco reais e vinte e nove
centavos), a serem devidamente corrigidos e atualizados.
Contudo, é cediço que a indisponibilidade de
bens deve recair sobre o patrimônio de modo suficiente não
só a garantir o integral ressarcimento do prejuízo ao
erário, mas também, considerando o valor de possível multa
civil como sanção autônoma. Bem por isso, devem ser
bloqueados tantos bens quantos forem bastantes para dar
cabo da execução em caso de procedência da ação.
Outrossim, tendo em vista que a OSCIP realizou
apenas 09 (nove) edições do “Câmara e Governo Juntos de
Você - Câmara Itinerante”, porém, recebeu pela quase
totalidade das 12(doze) edições inicialmente previstas,
deverá a IDEIA Ambiental e Cultural restituir aos cofres
da Câmara de Vereadores de Goiânia, o valor indevidamente
recebido, considerado enriquecimento ilícito, no montante
de R$ 318.112,28 (trezentos e dezoito mil, cento e doze
reais e vinte e oito centavos), já deduzidos os R$
100.642,01 (cem mil, seiscentos e quarenta e dois reais e
um centavo) devolvidos.
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Considerando, ainda, o art. 12, caput, I, da
Lei 8.429/1992, está a requerida OSCIP IDEIA Ambiental e
Cultural sujeita, dentre as demais cominações estabelecidas
por lei, ao pagamento de multa civil, de até 3 (três)
vezes o valor do acréscimo patrimonial indevido, logo, o
valor da multa poderá alcançar o montante de até R$
954.336,84 (novecentos e cinquenta e quatro mil, trezentos
e trinta e seis reais e oitenta e quatro centavos).
Assim, da OSCIP deverá ser bloqueado o montante
total de R$ 1.272.449,12 (um milhão, duzentos e setente e
dois mil, quatrocentos e quarenta e nove reais, e doze
centavos), referentes ao enriquecimento ilícito, somados ao
valor total da multa.
Assim, a determinação de bloqueio de bens dos
requeridos se impõe, porquanto constatada a presença dos
requisitos legais autorizadores.
A indisponibilidade deve se dar em contas
bancárias e/ou aplicações financeiras dos requeridos,
sendo as constrições realizadas por meio do sistema
BacenJud 2.0, porquanto possível o uso da penhora on line
de forma acautelatória e não somente na fase de
execução/cumprimento de sentença, o que inegavelmente
geraria efetividade ao processo, evitando-se a dilapidação
do patrimônio dos requeridos.
Caso o bloqueio de valores acima referido não
alcançar o montante de R$ 1.272.449,12 (um milhão, duzentos
e setenta e dois mil, quatrocentos e quarenta e nove reais,
e doze centavos), referentes a ao dano causado pela OSCIP;
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e o montante de R$ 2.150.075,29( dois milhões, cento e
cinquenta mil, setenta e cinco reais e vinte e nove
centavos), referentes ao ato ímprobo praticado pelo
Vereador Anselmo, requer seja decretada a
indisponibilidade de bens imóveis e veículos dos
requeridos, com expedição de comunicado eletrônico à
Central Nacional de Indisponibilidade de Bens – CNIB
(www.indisponibilidade.org.br), nos termos do Provimento
CNJ n.º 39/2014, para averbação na matrícula dos imóveis
cuja propriedade lhes pertença, bem como o bloqueio de
veículos registrados em nome dos requeridos por meio do
sistema RENAJUD.
Frise-se que o art. 835, I, do CPC/2015 dispõe
que a penhora recairá preferencialmente sobre o dinheiro,
em espécie, ou em depósito ou aplicação em instituição
financeira, sendo desnecessário buscar outros bens antes
de se efetuar o bloqueio via BacenJud, conforme restou
definido pela Corte Especial do Superior Tribunal de
Justiça ao julgar o REsp 1.112.943/MA, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, julgado em 15/09/2010, DJe 23/11/2010
(Informativo STJ n.º 447, de 13 a 17 de setembro de 2010).
É necessário registrar que o bloqueio de bens
aqui pleiteado não se afigura como antecipação de
aplicação de sanções aos requeridos, mas tão somente meio
de assegurar o resultado útil do processo, instaurado em
defesa do patrimônio público e dos princípios da
Administração Pública.
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4) DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, o Ministério Público
requer:
1) o deferimento da tutela provisória de
evidência inaudita altera pars;
2) a notificação dos requeridos para
ofertarem, caso queiram, defesa preliminar no prazo de 15
(quinze) dias, conforme dicção do artigo 17, § 7º, da Lei
n.º 8.429/92;
3) apresentada ou não a defesa, o recebimento
da petição inicial;
4) a citação dos requeridos para que tomem
ciência da demanda e, caso queiram, contestem o pedido,
nos termos do artigo 246 do CPC, sob pena de confissão e
revelia;
5) a intimação da Câmara de Vereadores de
Goiânia, situada na Avenida Goiás Norte, nº 2001, nesta
Capital, na pessoa de seu representante legal, nos termos
do art. 17, § 3º, da Lei nº 8.429/1992;
6) a produção de toda a prova em direito
admitida;
7) a procedência do pedido, por infringência
do Art. 10, VIII, a fim de que os requeridos : ANSELMO
PEREIRA DA SILVA SOBRINHO; ANTÔNIO HENRIQUE GUIMARÃES
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ISECKE; JÚLIO CÉSAR DA SILVEIRA PRADO; e LOURIVAL DE
MORAES FONSECA JUNIOR, sejam condenados como incursos nas
penas do artigo 12, inciso II, da Lei nº 8.429/1992,
determinando-se a perda da função pública que atualmente
ocupem, e a suspensão dos direitos políticos por oito
anos, e a Inelegibilidade do Vereador Anselmo Pereira da
Silva Sobrinho;
8) a procedência do pedido, por infração do
Art. 11, a fim de que o requerido ANSELMO PEREIRA DA SILVA
SOBRINHO, seja condenado nas penas do artigo 12, inciso
III, da Lei nº 8.429/1992, a fim de devolver todo o
montante do valor pago pelo “Projeto” intitulado “Câmara e
Governo juntos de Você”, no montante de R$ 2.150.075,29
(dois milhões, cento e cinquenta mil, setenta e cinco
reais e vinte e nove centavos);
9) o bloqueio de valores do requerido ANSELMO
PEREIRA DA SILVA SOBRINHO, com ou tantos bens quanto
bastem para suprir o montante contratado do “Projeto
Câmara Itinerante”, no valor de R$ 2.150.075,29 (dois
milhões, cento e cinquenta mil, setenta e cinco reais e
vinte e nove centavos), procedendo-se a busca no cartório
de registro de imóveis de Goiânia, considerando que já
foram devolvidos aos cofres da Câmara, R$ 100.642,01 (cem
mil, seiscentos e quarenta e dois reais e um centavo);
10) a condenação da OSCIP IDEIA Ambiental e
Cultural a pagar todo o montante indevidamente recebido,
conforme o excedente ao valor do orçamento de referência
para cada edição correspondente a R$ 192.369,00 (cento e
noventa e dois mil, trezentos e sessenta e noventa reais),
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totalizando R$ 318.112,28 (trezentos e dezoito mil, cento
e doze reais e vinte e oito centavos), devidamente
corrigidos e atualizados, a serem devolvidos para os
cofres da Câmara Municipal de Goiânia, uma vez que já
deduzidos R$ 100.642,01 (cem mil, seiscentos e quarenta e
dois reais e um centavo);
11) a condenação da OSCIP IDEIA Ambiental e
Cultural ao pagamento de multa civil, de até 3 (três)
vezes o valor do acréscimo patrimonial indevido, logo, o
valor da multa poderá alcançar o montante de até R$
954.336,84 (novecentos e cinquenta e quatro mil, trezentos
e trinta e seis reais e oitenta e quatro centavos),
mediante o bloqueio cautelar desse montante;
12) seja a IDEIA Ambiental e Cultural
condenada a perda de sua qualificação como OSCIP, nos
termos do Art.8, da Lei 9.790/1999; e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica
da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
13) alternativamente, caso prejudicado o
pedido 10, que seja condenado o requerido FRANCISCO DE
ASSIS GOMES, efetuando o bloqueio de valores ou tantos
bens pessoais quanto bastem para suprir o montante
totalizado R$ 318.112,28 (trezentos e dezoito mil, cento e
doze reais e vinte e oito centavos); devidamente
corrigidos e atualizados, restituídos aos cofres públicos,
tendo em vista ser sócio proprietário de empresa que foi
irregularmente contratada pela OSCIP para prestar serviços
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ao Projeto “Câmara e Governo Juntos de Você” - Câmara
Itinerante, em violação às normas de moralidade públicas;
14) a condenação dos requeridos ao pagamento
de custas e emolumentos processuais e ônus de sucumbência;
Dá-se a causa o valor de R$2.308.428,00(dois
milhões, trezentos e oito mil, quatrocentos e vinte e oito
reais).
Termos em que pede deferimento.
Goiânia, 31 de maio de 2017.
LEILA MARIA DE OLIVEIRAPromotora de Justiça
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