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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAMPO LARGO-PR O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seu Promotor Substituto ao final assinado, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 129, incisos II e III, e, artigo 225, ambos da Constituição Federal, bem como nas Leis Federais nºs 7.347/85 e 6.938/81 e demais dispositivos legais inerentes à espécie, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL, com pedido de MEDIDA LIMINAR, contra MUNICÍPIO DE CAMPO LARGO, pessoa jurídica de direito público interno, com sede administrativa na Prefeitura Municipal, situada na Avenida Padre Natal Pigato, n.º 989, Vila Elizabeth, nesta comarca, pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir I – DOS FATOS Nos últimos anos em nosso país vem ocorrendo um considerável aumento da disponibilização do serviço de telefonia celular, fato oriundo da privatização do ramo. Como conseqüência, o acesso da população a este meio de comunicação tornou-se mais fácil, o que acarretou uma grande elevação no número de linhas de telefones celulares. 1

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAMPO LARGO-PR

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seu Promotor Substituto ao final assinado, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 129, incisos II e III, e, artigo 225, ambos da Constituição Federal, bem como nas Leis Federais nºs 7.347/85 e 6.938/81 e demais dispositivos legais inerentes à espécie, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL, com pedido de MEDIDA LIMINAR, contra

MUNICÍPIO DE CAMPO LARGO, pessoa jurídica de direito público interno, com sede administrativa na Prefeitura Municipal, situada na Avenida Padre Natal Pigato, n.º 989, Vila Elizabeth, nesta comarca, pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir

I – DOS FATOS

Nos últimos anos em nosso país vem ocorrendo um considerável aumento da disponibilização do serviço de telefonia celular, fato oriundo da privatização do ramo. Como conseqüência, o acesso da população a este meio de comunicação tornou-se mais fácil, o que acarretou uma grande elevação no número de linhas de telefones celulares.

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Em decorrência do aumento na demanda de celulares, e, por uma questão de concorrência entre as empresas concessionárias, acelerou-se a disputa por mercados e clientes, que no caso da telefonia celular, resume-se ao aumento da área de cobertura da empresa, o que se realiza através da instalação das antenas ou ESTAÇÕES RÁDIO BASE - ERB´s.

Quanto ao aumento da oferta de linhas de telefones celulares, deve ser dito que isto é uma decorrência do próprio contrato de concessão, pois as empresas vencedoras das licitações comprometeram-se a gradativamente, tornar maior a oferta de linhas e melhorar também, a qualidade da prestação do serviço, o que as obriga a instalar um número cada vez maior de ERB´s em diferentes pontos das cidades.

A instalação dessas antenas vem gerando uma série de questionamentos por parte da coletividade aos órgãos públicos, organismos estes que não estão conseguindo responder satisfatoriamente à população, pois a resposta deveria vir na forma de uma regulamentação para construção, funcionamento, instalação, operação e, sobretudo, localização destes equipamentos, ou seja, um regramento de padrões urbanísticos, sanitários e ambientais para a instalação das Estações Rádio- Base (ERBs).

A grande dúvida da sociedade em relação às ERB´s gira em torno da nocividade destes equipamentos ao homem e esta indagação não atinge somente a população, mas também a própria comunidade científica que ainda não entrou em um consenso quanto aos males que o ser humano pode sofrer quando em contato prolongado com a radiação ionizante emitida pelas antenas, tendo-se em vista que uma família pode ficar décadas exposta à radiação emitida por estes equipamentos e as conseqüências desta exposição acarretariam uma prolongada e complexa pesquisa, uma vez que os efeitos podem aparecer e se agravar, de uma geração para outra.

Por isto não seria, nesta oportunidade, produtivo entrar na questão de serem ou não às ERB´s nocivas ao homem, pois para cada laudo ou parecer que mostrasse os malefícios destes equipamentos, haveria outro dizendo o contrário, enquanto à população continuaria desamparada.

Contudo, deve ficar claro que os valores em discussão, quais sejam, a saúde, o bem estar e a tranqüilidade da sociedade, não podem ficar a mercê da boa vontade ou preocupação das empresas concessionárias da telefonia celular, pois em todas as suas manifestações quer seja na imprensa ou nas inúmeras investigações administrativas instauradas por todo o país, estas empresas deixaram claro o seu posicionamento quanto a instalação das ERB´s, afirmando veementemente que

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estes equipamentos não são nocivos ao homem, ignorando as posições em contrário, em nome do cumprimento das metas de expansão que assumiram com o governo federal.

Desta forma, faz-se imperiosa a regulamentação da instalação e funcionamento das ERB´s nos municípios brasileiros, tendo em vista que a administração pública não pode se dar ao luxo de, como fazem as empresas concessionárias, ignorar os incontáveis estudos científicos que atestam os perigos das estações rádio base à saúde humana.

Portanto, MM. Juiz, não pode o Poder Público fechar os olhos para a possibilidade das ERB´s provocarem, a longo prazo, sérios danos à saúde do homem, uma vez que os riscos não podem prevalecer sobre o princípio da precaução, princípio este que se traduz em uma regulamentação ambiental para instalação e funcionamento destes equipamentos.

II- DOS RISCOS À SAÚDE HUMANA

A maioria dos estudiosos da área referente às ERB´s comunga da opinião de que estes equipamentos causam danos à saúde humana, dentre eles esta o Doutor Vítor Baranauskas, professor titular do Departamento de Semicondutores, Instrumentos e Fotônica da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da UNICAMP, que prestando informações ao Ministério Público do Estado de São Paulo, em 09 de novembro de 2000 (doc. em anexo) esclareceu, dentre outras coisas que:

“ A radiação é emissão e propagação de energia de um ponto a outro no espaço livre ou em um meio material, seja por partículas em movimento ou por meio de fenômenos ondulatórios.A radiação eletromagnética é a propagação de energia por ondas eletromagnéticas (teoria ondulatória) ou por partículas denominadas fótons (teoria quântica).Tanto a teoria ondulatória quanto a teoria quântica são utilizadas para a descrição da radiação eletromagnética. Portanto a radiação eletromagnética pode ser entendida como propagação de campos elétricos e magnéticos variáveis no espaço e no tempo ou como a propagação de fótons (partículas). Em ambos os casos a propagação é caracterizada por uma grandeza chamada comprimento de onda, que corresponde a variação espacial da propagação, ou por uma grandeza chamada de freqüência, que corresponde a variação temporal da propagação.A radiação eletromagnética, dependendo da energia e intensidade dos campos elétricos produzidos localmente, pode arrancar elétrons ou íons de seus átomos ou moléculas. Neste caso podemos dizer que a radiação é ionizante. Deve-se observar que a radiação

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ionizante pode ocorrer em qualquer comprimento de onda e qualquer freqüência, seja por processo de absorção de um único fóton ou processos de absorção de múltiplos fótons.Portanto não é correto fazer uma separação distinta entre radiação ionizante e não ionizante com base apenas no comprimento de onda ou na freqüência da radiação emitida.(...)A faixa de freqüências utilizadas (sic) telefonias celular no País é em torno de 825 MHz e 890 MHz. Estas freqüências correspondem a propagação no espaço livre de comprimento de onda entre 36,3 cm e 33,7 cm. Estas freqüências situam-se no início da faixa de microondas. Existem também projetos de expansão da telefonia celular para freqüências mais altas.(...)O corpo humano é um mecanismo biológico extremamente complexo e, do ponto de vista elétrico, apresenta estruturas de alta condutividade iônica e eletrônica como por exemplo as redes de neurônios, os fluídos sangüíneos, o líquor cerebral, etc. Funcionamos também como ótimas antenas receptoras para a absorção da radiação eletromagnética. A eficiência da absorção vai depender principalmente das dimensões físicas do corpo e do comprimento de onda da radiação emitida no espaço livre.É importante ressaltar que cada ser humano têm dimensões diferentes, e que estes valores variam muito, comparando-se por exemplo, uma pessoa adulta e um bebê. Como a telefonia celular emite radiação com comprimentos de onda entre 33,7 cm e 36,3 cm, pode-se concluir que estes valores coincidem com a ressonância, isto é, a maior absorção na caixa crâniana e na barreira hematoencefálica de pessoas adultas, ou na radiação de corpo inteiro em bebês.Uma vez absorvida, a radiação eletromagnética influencia diversos mecanismos de bio-regulamentação como por exemplo, a temperatura corpórea, a taxa hormonal, a atividade celular ( replicação do DNA, atividade das mitocôndrias, difusão nas membranas celulares,...), etc.. As alterações vão depender principalmente da freqüência da radiação e da freqüência de vibração natural das estruturas, células, ou moléculas, além da intensidade dos campos elétrico e magnético. Diferentemente das radiações de fonte naturais como por exemplo o Sol, a radiação eletromagnética produzida pelas antenas têm coerência de freqüência, como lasers, por exemplo. Assim se houver coincidência da freqüência da radiação absorvida com alguma freqüência de vibração própria de algum órgão, tecido, ou fluido do organismo humano, os resultados poderão ser catastróficos.As microondas, ao serem absorvidas pelo organismo humano, geram aquecimento, ou seja, aumentam a temperatura corpórea. Este aquecimento não é homogêneo pois os tecidos ou órgãos têm diferentes taxas de absorção específica (TAE). A temperatura fina depende também da capacidade de dissipação da energia absorvida, e está relacionada com a capacidade de termo-regulação de cada um destes sistemas, assim como das condições fisiológicas de cada indivíduo.Dependendo da saúde do indivíduo, da potência de microondas e da região do corpo em que ela é absorvida, a hipertermia pode ser “aparentemente” reversível ou não. Em outras palavras, um sujeito saudável submetido a uma baixa densidade de radiação de

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microondas terá um aumento da temperatura corpórea, a qual poderá voltar aparentemente ao normal quando o indivíduo se afasta da fonte de radiação. “Aparentemente” neste caso, quer dizer que macroscopicamente o sistema corpóreo restabeleceu seu equilíbrio, sem o desenvolvimento de uma patologia associada.Entretanto, microscopicamente, sabe-se lá quais e quantas estruturas biológicas foram danificadas ou não. A literatura científica sobre a hipertermia provocada pelas radiações eletromagnéticas é bastante extensa.(...)Outro estudo demonstrou que a radiação na freqüência de 900MHz, mesmo em níveis de 50 µW/cm², prejudica as fases do sono responsáveis pela memória e aprendizado. Este efeito pode ser mais sentido pelas crianças que moram próximas das ERB´s, pois elas geralmente acordam mais tarde e vão dormir relativamente mais cedo do que os adultos.Visto que a telefonia celular é uma tecnologia recente, ainda não existem na literatura científica estudos que verificam o aumento nos casos de leucemia e da mortalidade associada em relação a proximidade entre as residências e antenas.Finalmente, estudos epidemiológicas feitos em grupos de pessoas que são expostas à radiações eletromagnéticas devido ao seu trabalho profissional, como operadores de radar de rádio, etc., demonstram que há evidência epidemológica de alteração na razão entre as células brancas e células vermelhas do sangue, incremento da leucemia mielocíta crônica e da leucemia mieloblástica aguda, aumento das magnilidades no sistema hemapoetico/linfático, aumento da neoplasia do trato alimentar e aumento da incidência de câncer cerebral.

Diante disto, MM. Juiz, fica claro que apesar da comunidade científica não ser uníssona ao afirmar a existência dos danos causados pelas ERB´s, há fortes indícios de que os males são reais e degradam a saúde humana, após freqüentes períodos de exposição.

Ao comentar o assunto o professor Dr. Affonso Antoniuk, Chefe e Coordenador da Disciplina de Neurocirurgia da Universidade Federal do Paraná, assim se manifestou:

Enfatizo também, publicações em jornais recentes, como o artigo publicado na Gazeta do Povo de 13 de outubro de 2000, página 11, onde o Sr. Roberto Maragon, Diretor do Departamento de Controle de Edificações da Secretaria de Urbanismo, afirma que a Prefeitura não tem legislação alguma específica que regulamente as instalações de antenas de transmissão, tanto de telefonia como qualquer outra.

Baseia-se na lei de zoneamento , que proíbe as antenas em áreas residenciais, no entanto existem mais de 400 instaladas algumas junto as Escolas e Hospitais. A mais ou menos 15 metros de distância e na altura do andar da Pediatria, UTI Pediátrica do Hospital Nossa Senhora das Graças, existe uma antena, e sabe-se que o cérebro das crianças é altamente vulnerável ao efeito das radiações.

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E ainda mais, não existe controle da potência emitida pelas antenas. O Chefe do Departamento de Física da UFPR, alicerçado nos dados cedidos pela Prefeitura de Curitiba, afirmou que as antenas de Curitiba, emitem radiações com potência 29 vezes superior as aceitas a nível mundial.

O titular da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação de Campinas (UNICAMP) Professor Vitor Baranauskas afirma que as operadoras de telefonia celular estão mentindo quando dizem que a emissão de ondas eletromagnéticas não fazem mal a saúde , pese trabalhos publicados em revistas de primeira linha afirmam que as radiações de celulares provocam câncer cerebral, dor de cabeça, alteração da memória, etc...”.

Prestando informações solicitadas pelo Ministério Público do Estado do Paraná, o Ministério do Exército, através do Comando Militar do Leste, Inspetoria de Saúde do Comando Militar do Leste, sediado no Estado do Rio de Janeiro, em data de 08 de dezembro de 1.998, esclareceu que existe risco para a saúde da população próxima as ERBs, a qual passamos a transcrever:

1- Versa o presente expediente sobre a relação de existência ou não da possibilidade de risco para a saúde de população residente próxima às antenas de retransmissão para Sistemas de Telefonia Celular.

2-Em atenção a documentação da referência, informa a V. Sa que, de acordo com a bibliografia consultada sobre o assunto, foram constatadas as seguintes assertivas:

a- Os campos eletromagnéticos, induzidos artificialmente produzem freqüentemente no nosso corpo correntes e voltagens muito mais altas do que as naturalmente presentes. De um modo geral, os efeitos dos campos eletromagnéticos em seres humanos dependem da intensidade e da freqüência desses campos. Normas nacionais e internacionais definem limites que servem como uma proteção.

Os campos de baixa freqüência causam irritação das células sensoriais, nervosas e musculares. Quanto maior a intensidade do campo, mais forte o efeito.

Campos de alta freqüência geram calor, tanto localmente, como no corpo todo. Eventualmente , os mecanismos de controle de temperatura do corpo podem ser afetados.

O corpo humano é particularmente sensível a campos de alta freqüência. Ele absorve energia irradiada. Os efeitos de aquecimento são os mais importantes, no entanto, uma grande diversidade de pesquisas e investigações têm sido conduzidas em relação a outros efeitos, como a irritação do sistema e as conseqüências de longo prazo (págs. 12, 13 e 14 da publicação “Safety Test Solutions from Wandel & Goltermann’). b- Conforme demostrado acima, os campos eletromagnéticos de rádiofrequência produzidos por antenas de rádio-transmissão para sistemas de Telefonia Celular podem ocasionar efeitos adversos aos seres humanos. Entre outros efeitos nocivos à saúde do homem citam-se: alterações dos sistemas nervoso central (pág. 42, ref. 17, da publicação do IEEE) e auditivo (pág. 36, ref. B 11, da publicação do IEEE), das glândulas tireóide e supra-renais

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(alterações hormonais, pág. 50, ref. 160 e pág. 51, ref. 173, 185, 186 e 190, da publicação do IEEE) .”

Também ao comentar o assunto, José Irineu Kunrath, professor do Departamento de Física da UFRGS, conclui em seus estudos que :

Em todas as interações, a que estamos submetidos, devemos ponderar todos os riscos e benefícios.

Entretanto, ser bombardeado , de manhã à noite, pelas ondas eletromagnéticas, emitidas pela ERB, espiando nosso apartamento, é um risco a ser ponderado com o máximo cuidado. Ainda mais se levarmos em conta que os efeitos biológicos da radiação utilizada na telefonia celular são diretamente proporcionais ao intervalo de tempo, em que o corpo humano está sujeito a este tipo de radiação. Em vista disso, o uso de telefone celular ( móvel) deveria ficar restrito apenas a recados.

Entretanto, e o que fazer com as microondas das ERB, que nos “ chicoteiam” de dia e de noite? Para que se livre das radiações emitidas pelo telefone celular basta desligá-lo. E o que fazer com uma ERB ?

III - DAS LEIS EDITADAS EM OUTROS MUNICÍPIOS

Frente aos fortes indícios e evidências de danos à saúde e qualidade de vida da população e, conscientes da impossibilidade de permitir a instalação indiscriminada e sem qualquer critério das ERB´S, cidades como Campinas-SP, Porto Alegre-RS, Chapecó-SC e Londrina-PR, editaram leis (docs. em anexo) regulamentando a instalação e o funcionamento destes equipamentos, prevenindo possíveis danos à população.

Inicialmente estas legislações levam em conta o fato de que os efeitos da radiação ionizante estão relacionados com a freqüência da microonda, potência do transmissor, tempo de exposição e distância entre fonte emissora e o ser vivo exposto, assim como o zoneamento da área a ser edificada, o tipo de equipamento, a distância das divisas com os terrenos vizinhos, as atividades exercidas no local, tais como a ocorrência de áreas de lazer, escolas e hospitais, além de outras imposições legais e técnicas, que serão vistas adiante.

Ressalta-se que as radiações ionizantes, como visto anteriormente, também se relacionam com a massa do objeto exposto e que a exposição da população residente nas proximidades das torres de transmissão é permanente e diversificada quanto aos indivíduos, tendo-se em vista o seu biótipo (peso, faixa

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etária, estado de saúde), o que torna desaconselhável a instalação das ERB´s nas proximidades de escolas, creches, postos de saúde e hospitais.

Neste sentido, para melhor ilustrar as medidas legais já adotadas em outros municípios, colacionamos alguns trechos destas legislações, especificadamente as de Campinas-SP, Porto Alegre-RS , Chapecó-SC e Londrina-PR, respectivamente, exposta a seguir:

- Lei nº 9580, de 22 de dezembro de 1997 editada em Campinas-SP:

(...)

Art. 2º- Estão compreendidas nas disposições desta lei as antenas transmissoras que operam na faixa de freqüência de 100 KHz (cem quilohertz) a 300 GHz (trezentos Gigahertz)(...)

Art. 3º- Toda instalação de antenas transmissoras de radiação eletromagnética deverá ser feita de modo que a densidade de potência emitida pela nova antena, medida por equipamento que faça a integração de todas a freqüências na faixa prevista por esta lei, não ultrapasse 100 uW/cm2 (cem microwatts por centímetro quadrado), em qualquer local passível de ocupação humana.(...)

Art. 5º - O ponto de emissão de radiação da antena transmissora deverá estar, no mínimo, a 30 de metros de distância da divisa do imóvel onde estiver instalada e dos imóveis confinantes.

- Lei nº 8463/2000, editada em Porto Alegre-RS:

Art. 1º - Fica vedada a instalação de Estações de Rádio Base e equipamentos afins de Telefonia Celular, nas seguintes situações:

I - em bens públicos, de uso comum do povo e de uso especial;

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II - em áreas de parques, praças e verdes complementares, creches, estabelecimentos de ensino formal e centros comunitários;

(...)

- Lei Complementar nº 102, de 23 de junho de 2000 editada em Chapecó-SC:(...)

Art. 6º - O perímetro da base de qualquer torre de sustentação de antena transmissora deverá estar, no mínimo, a 15 (quinze) metros de afastamento das laterais e fundos das divisas dos lotes em que estiver instalada e 12 (doze) metros de recuo frontal, sem prejuízo do disposto no artigo anterior.

Parágrafo Único - Todas as estações radiobases (RDB) contendo container de transmissão e comutação deverão obedecer afastamento, a partir do perímetro da base da antena, de 20 (vinte metros) com a divisa do terreno onde a mesma estiver instalada.

Art. 7º- As antenas já instaladas no Município de Chapecó, serão cadastradas, no prazo de 60 (sessenta) dias, pelos seus proprietários, devendo apresentar a seguinte documentação:

(...)

§ 1º - As antenas previstas no caput deste artigo que estejam com seus limites de níveis de potência acima do estabelecido na presente Lei Complementar deverão ser removidas e adaptadas conforme determina a legislação no prazo máximo de 12 (doze) meses e aquelas que estejam em desacordo com o disposto no art 5º desta, deverão adaptar-se no prazo de 90 (noventa) dias, contados da notificação do Departamento de Vigilância Sanitária do Município de Chapecó.

-Lei n.º 8.462, de 13 de julho de 2.001 editada em Londrina/PR:

(...)

Art. 3º É vedada a instalação dos equipamentos de que trata esta lei, do eixo da torre num raio de:

I- 150 metros de hospitais e centros médicos .9

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(...)

Art. 14º Como medida mitigadora, cada empresa desenvolverá e executará, anualmente, planos de contingência, de comunicação social e educação ambiental, aprovados pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente, visando à prevenção de riscos , á manutenção de proteção, á sinalização e a preparação da população para a vigilância da área de instalação dos equipamentos , enquanto durar o licenciamento, e apresentará mensalmente à AMA as informações necessárias à verificação do cumprimento dos planos referidos neste artigo.

Art. 15 º - Em cumprimento as disposições legais relacionados à proteção ao ambiente, à saúde pública e ao consumidor, ficam estabelecidas por este artigo medidas compensatórias pela emissão de radiação eletromagnética enquanto durar o licenciamento.1. Cada empresa de telecomunicações, com exceção das de radiofusão, fica , fica obrigada a pagar mensalmente, até o quinto dia útil de cada mês, a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), atualizados monetariamente de acordo com os índices do Governo Federal, ao Fundo Municipal do Meio Ambiente, para que seja aplicada conforme deliberação do Conselho do Meio Ambiente, que poderá autorizar a AMA a celebrar convênios com organizações não governamentais e ambientalistas municipais, visando ao monitoramento dos padrões de irradiação de que trata esta Lei.

II- (...)

III- Cada segmento de empresas emissoras de radiação eletromagnética, dispostas no Anexo único desta lei, fornecerá á AMA os aparelhos mencionados, para medir a potência por elas emitida, observadas as especificidades características e quantidade ali constante, responsabilizando-se cada qual, eqüitativa e solidariamente, enquanto durar a concessão, pela sua manutenção e/ou troca.

Desta forma, nobre magistrado, fica evidente que a preocupação com os males advindos da exposição prolongada às radiações eletromagnéticas são reais, resultando em ações preventivas do Poder Público para evitar possíveis prejuízos à população.

Interessante salientar, MM. Juiz, que o município de Chapecó-SC impôs o mínimo de 20 metros de distância entre o container de telefonia e as divisas do terreno. Obviamente que o legislador do município catarinense não tinha em mente dificultar a atuação das empresas de telefonia quando editou a já citada lei, pois prever um afastamento de 20 (vinte) metros dificulta e encarece a aquisição ou

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a locação de terrenos para a construção das antenas. O que de fato motivou esta decisão, sem dúvida alguma, foi a opção por prevenir danos à saúde da população diante da instalação de ERB´s.

Nestas condições, pode-se concluir que as radiações eletromagnéticas emitidas pelas Estações Rádio Base são potencialmente causadoras de danos à saúde do ser humano, não podendo, por isto, serem instaladas indiscriminadamente.

IV - DA RESPONSABILIDADE JURÍDICA DOS MUNICÍPIOS PELA PROTEÇÃO AMBIENTAL

Carlos Eduardo de Abreu Boucault tece comentários sobre a interferência dos municípios nas decisões ambientais e à necessidade de cumprimento da legislação ambiental:

“Assim, compete ao Poder Público, por determinação normativo-constitucional o dever de fiscalização e de preservação dos níveis de poluição e de todas formas danosas aos elementos integrantes do universo ecológico.” Demonstram, no entanto, as estatísticas referentes a ações judiciais e medidas administrativas, bem como, denúncias e depoimentos, através da imprensa falada e escrita, que as municipalidades, em considerável maioria, distanciam-se de seu dever constitucional de velar pela política ambiental adequada, na execução de projetos ambientais, sem se louvar em laudos técnicos recomendados por especialistas da área.(...)E mais grave, considera-se a livre adoção de políticas, de decisões unilaterais dos dirigentes municipais, que, sob a égide da “discricionariedade” dos atos da Administração, passam ao largo dos deveres que devem respeitar e dos limites legais que têm de cumprir no que tange à implementação da política do meio ambiente, em observância da supremacia de princípios ecológicos e de disposições normativas sobre a vontade do administrador público, o qual é o mandatário daqueles que, em seu usual descaso pelas cousas públicas, pela inexistência de uma política educacional que fortaleça a participação da sociedade civil no destino de sua história, assumem a titularidade de vítimas de direitos violados.(ABREU BOUCAULT. Carlos Eduardo de A. Responsabilidade Jurídica dos Municípios em face de fenômenos ambientais localizados: a resistência do órgão do Ministério Público. in: Revista de Direito Ambiental. RT. Jan-Mar. nº 09. São Paulo, 1998. p. 97-101)

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V- DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público é parte legítima para perseguir em juízo os objetivos colimados nas lides ambientais, sendo a ação civil pública o instrumento adequado à tutela pretendida no presente caso.

Com efeito, dispõe a Constituição Federal no seu art. 127, caput, que ao Ministério Público incumbe a defesa da ordem jurídica e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Minudenciando os instrumentos dessa defesa, em seu art. 129, incisos II e III, a mesma Constituição afirma que o Ministério Público deve promover as medidas necessárias para garantir o “ efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos”, arrolando a ação civil pública “ para a proteção do (...) meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”, como um desses instrumentos.

O art. 1º da Lei n. 7. 347, de 24 de julho de 1985 introduz a noção de ação civil pública e aclara seus objetivos. É evidente a atribuição do Ministério Público para perseguir em juízo os valores relevantes à proteção do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis.

Por fim, MM. Juiz, o art. 14 da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 dispõe claramente que “ o Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente”.

VI- DO DIREITO

A Constituição Federal brasileira disciplina que:

Artigo 225 - “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

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(...)

Além do artigo supracitado, outros artigos da magna carta manifestam a opção do legislador constituinte em considerar a preservação do meio ambiente e da qualidade de vida como um dos pilares fundamentais da ordem constitucional, como pode ser deduzido de leitura sistemática do referido texto magno. O artigo 170, IV, da CF, enquadrando o meio ambiente no rol dos Princípios Gerais da Atividade Econômica e artigo 186, II, da CF, atribuindo à propriedade uma função social, condicionando seu cumprimento à "utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e à preservação do meio ambiente" (sem grifos no original), são expressões significativas da penetração desta perspectiva no interior de institutos de relevante importância social e jurídica.

No âmbito estadual, a Constituição do Estado do Paraná elege a proteção do meio ambiente como diretriz fundamental:

“Art. 1º. O Estado do Paraná, integrado de forma indissolúvel à República Federativa do Brasil, proclama e assegura o Estado democrático, (...) e tem por princípios e objetivos:

IX- a defesa do meio ambiente e da qualidade de vida.

Art. 207 - Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Estado, aos Municípios e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações presentes e futuras, garantindo-se a proteção dos ecossistemas e o uso racional dos recursos ambientais.

Parágrafo 1º - Cabe ao Poder Público, na forma da lei, para assegurar a efetividade deste direito:

XV - proteger o patrimônio de reconhecido valor cultural, artístico, histórico, estético, faunístico, paisagístico, arqueológico, turístico, paleontológico, ecológico, espeológico e científico paranaense, prevendo sua utilização em condições que assegurem sua conservação;

Some-se a estes comandos legais supracitados, nobre magistrado, a Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, institucionalizadora da Política Nacional do Meio

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Ambiente, definindo os parâmetros a serem seguidos pelo Poder Público na defesa do ambiente natural e da qualidade de vida, nestes termos:

“Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:

I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;

(…)

V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;

Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

II - degradação da qualidade ambiental: a alteração adversa das características do meio ambiente;

III - poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;c) afetem desfavoravelmente a biota;d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.IV - poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta o indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;

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V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.”

Em seu artigo 10º determina a supracitada lei a imperiosa necessidade de licenciamento ambiental para a instalação das ERB’s, pois assim menciona:

art. 10º- A construção , instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA , em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.

Sobre o assunto, MM. Juiz, mais uma vez nos valemos do entendimento do renomado ambientalista Paulo Affonso Leme Machado, nestes termos:

“ O uso irregular não pode ser fonte de direito e não configura direito adquirido.

Não há direito adquirido de poluir.” (MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 6ªed. Malheiros Editores. São Paulo, 1996. P.115)

Edis Milaré assim doutrinou sobre o assunto, nestes termos:

“Cada indivíduo do gênero humano tem direito à qualidade ambiental, a um ‘ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida’, como reza nossa Constituição Federal de 1988.(...)Sejam quais forem os títulos e formas de propriedade que gravam os recursos naturais de bens ambientais de interesse maior, não meramente individual ou grupal (oligárquico), pesa sobre tais recursos e bens uma hipoteca social: não se pode dispor deles livremente e

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a bel-prazer se interesses maiores e mais amplos da comunidade forem violados ou indevidamente restringidos.”(MILARÉ, Édis. Responsabilidade ética em face do meio ambiente. In: Revista Justitia. out/dez. 58 (176). São Paulo, 1996 - p. 111-11

Patente, nobre magistrado, que os efeitos maléficos das ondas eletromagnéticas sem dúvida alguma podem ser caracterizados como poluição e, consequentemente, degradação da qualidade de vida do homem, devendo por isto serem combatidos para que sejam minimizados ou até mesmo eliminados.

Constata-se que a instalação das ERB´s sem todos os cuidados tecnicamente possíveis acarreta o mau uso da propriedade, ignorando a sua função social, o que representa o mesmo que construir um edifício que venha a prejudicar ilegalmente a qualidade de vida dos moradores vizinhos.

Neste passo, MM. Juiz, há necessidade imperiosa de regulamentação para a construção, instalação, funcionamento, fiscalização, operação e, sobretudo, localização destas ERB’S , através de licenciamento ambiental pelo Município de Campo Largo, em consonância com os interesses maiores da coletividade, uma vez que a cada dia mais torres de telefonia são erguidas junto à residências, escolas, hospitais e áreas de lazer, sendo que a cada dia mais pessoas são tolhidas no seu direito constitucional de desfrutar de uma qualidade de vida livre de danos e riscos às suas saúdes e de seus familiares.

VII - DA DESVALORIZAÇÃO DO IMÓVEL

Outra conseqüência inegável da instalação das ERB´s é a desvalorização dos imóveis contíguos às torres, pois além de causarem poluição no meio atmosférico através das ondas eletromagnéticas, geram também poluição visual, considerando que se destacam negativamente no ambiente.

Patente, MM. Juiz, que a população de Campo Largo-Pr, apesar da renitência do Poder Público bem como das empresas de telefonia celular, já se deu conta da ameaça que estes equipamentos representam à saúde humana.

Exemplo desta reação contrária às ERB´s é o pedido de instalação de

Procedimento Administrativo acompanhado de abaixo-assinado com 399 ( trezentos e noventa e nove ) assinaturas (em anexo), protocolado junto à Promotoria do Meio Ambiente em Curitiba-Pr, em que moradores do Loteamento Miranda, Bairro Itaboa,

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em Campo Largo-Pr, clamam ao Ministério Público para que pleiteie junto ao Poder Judiciário da comarca a retirada de torre de telefonia da empresa Global Telecom S/A Vivo instalada no referido bairro.

Este pedido, além de tantos outros protocolados nas Promotorias Ambientais no país, com abaixo-assinados para a não instalação de ERB´s, reflete o estado de ânimo dos cidadãos face à omissão estatal, população esta que se vê efetivamente ameaçada diante da possibilidade de ter como vizinha uma Estação Rádio Base.

Ora, nobre magistrado, os cidadãos não podem arcar sozinhos com as conseqüências advindas das Estações Rádio Base, sendo que o Poder Público e principalmente as empresas de telefonia têm o dever de arcar com este ônus, tendo em vista que as antenas de transmissão são meios de viabilizar uma atividade extremamente lucrativa.

VIII - DO PEDIDO LIMINAR

A doutrina brasileira tem habitualmente entendido que para a concessão de mandado liminar faz-se necessária a presença de dois requisitos básicos, quais sejam, o “fumus boni juris” e o “periculum in mora”.

O “fumus boni juris” é a probabilidade de existência do direito substancial invocado por quem pretende a ordem liminar,- o que já foi vastamente demonstrado pelas razões de direito apresentadas, ficando evidente que as ondas eletromagnéticas emitidas pelas ERB´s são sem dúvida alguma caracterizadas como poluição, considerando que as mesmas são potencialmente causadoras de danos à saúde humana.

No mesmo sentido situa-se o direito de todo o indivíduo residente no país a uma vida saudável, livre de incertezas quanto a atividade que vem sendo exercida exatamente ao lado de seu lar, onde cria os seus filhos e desfruta das sagradas horas de lazer. Por mais que esta não seja uma garantia alcançada por todos os brasileiros, não deve ser admitido que ela seja simplesmente ignorada, sob pena de esquecermos que este é um direito constitucionalmente previsto, sendo obrigação do Estado prestá-lo sempre que possível.

Ressalta-se ainda que garantir o meio ambiente saudável e a qualidade de vida da população, bem como controlar atividades potencialmente poluidoras ou causadoras de danos à saúde, são atribuições do Poder Público nos três níveis da

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administração, cabendo ao Município no atendimento do interesse local, disciplinar a instalação e o funcionamento das ERB´s.

O “periculum in mora” está claramente expresso no dever de impedir a continuidade de uma atividade que promove impunemente a degradação do meio ambiente e da qualidade de vida da coletividade, população esta que se vê a mercê de uma operação eivada de dúvidas e obscuridades, cuja continuidade da forma que vem sendo posta despreza tudo o que o ordenamento jurídico brasileiro construiu em termos de direitos coletivos e garantias constitucionais, além de representar um apenamento aos vizinhos das ERB´s, que se vêem obrigados a conviver com um ônus que lhes é imposto cotidianamente.

A jurisprudência respalda a concessão de medida liminar inaudita altera pars, inclusive contra pessoas jurídicas de direito público. Aplica-se, no caso, o artigo 12 da Lei 7347/85, objetivando a manutenção do “status quo” até final sentença, evitando, assim, a efetivação de danos irreparáveis à saúde da população e ao meio ambiente:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. LIMINAR CONCEDIDA EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA SEM AUDIÊNCIA DA PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE ANTE A URGÊNCIA. PERDA DE OBJETO NÃO CONFIGURADA. NÃO OCORRÊNCIA DE ADITAMENTO DA INICIAL. IMPOSSIBILIDADE DE REVOGAÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO.

O juiz pode determinar, mesmo de ofício, medidas provisórias no curso do processo, sendo que no caso, pelo art. 12 da Lei 7.347/85, em se tratando de ação civil pública baseada em dano ao meio ambiente, facultado ao juiz a concessão de liminar, sem ouvir a parte contrária, procurando manter o ‘status quo’ até final sentença, a fim de evitar danos irreparáveis.Não houve perda de objeto, porque mesmo concluída a obra, há que se preservar o ambiente, até que se decida, a final a lide, sem ingerência na modificação de depredação do local, protegendo-se o solo e a flora.Não houve o alegado aditamento à inicial, nem decisão ‘ultra petita’. A autora, ao propor a ação, visava a suspensão de qualquer atividade no local e a abstenção de quaisquer atividades que viessem a proporcionar a continuidade da degradação em área de preservação permanente.A liminar não só suspendeu as obras, mas também qualquer outra atividade por parte do Estado do Paraná e seus órgão de atuação naquele local.”( TJ/PR - Acórdão nº 2255 - 6ª Câmara Cível - Ag Instr nº 0059872-7 - Des. Pres. Accácio Cambi e Relatora Anny Mary Kuss Serrano)

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“AÇÃO CIVIL PÚBLICA - Medida cautelar preparatória - Danos causados ao meio ambiente por Municipalidade - Liminar concedida sem prévia audiência - Admissibilidade - Inaplicabilidade da exceção do art. 928, parágrafo único, do CPC, privilegiadora das pessoas jurídicas de Direito Público, por inexistente na lei especial - Direito à ampla defesa garantido - “Fumus boni iuris” e “periculum in mora” evidenciados - Liminar mantida.

A liminar de medida cautelar preparatória de ação civil pública visando à recomposição de prejuízos causados ao meio ambiente por Municipalidade pode ser concedida sem prévia audiência, pois a lei especial não contempla a exceção do art. 928, parágrafo único, do CPC, privilegiadora das pessoas jurídicas de Direito Público. Por outro lado, efetivada a medida, tem a Municipalidade assegurado seu direito de ampla defesa, tornando possível, se procedentes seus argumentos, a revogação da cautela.”(RT nº 637 - Novembro de 1988, p. 80-81)

Vale lembrar aqui, nobre magistrado, que um dos princípios basilares do direito ambiental é o da precaução, sendo que a concessão de medida liminar é uma forma de se evitar que danos ainda maiores venham a ocorrer, além de impedir a continuidade de uma atividade manifestamente lesiva à população.

O princípio da precaução no direito ambiental exige que na pendência de dúvida científica quanto aos riscos ambientais inerentes a uma atividade empresarial, deve-se adotar as medidas viáveis para evitar a potencial ocorrência de poluição. Afinal, a preservação do meio ambiente, da saúde e da qualidade de vida da população constitui um valor constitucional preponderante, que há de informar toda a atividade econômica, privada ou estatal.

O MM. Juiz da Comarca de Umuarama/Pr, em Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público do Estado do Paraná, autos sob n. 453/2001, concedeu medida liminar nos seguintes termos:

“O fumus boni iuris e o periculum in mora, no caso, são evidentes, recomendando a tomada imediata de providência que evite a possibilidade de dano ao meio ambiente e à saúde da população, como as propostas pelo Ministério Público, razoáveis em face dos documentos que juntou, até que sua ocorrência seja definitivamente descartada.

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Diante disso, com fulcro nos arts. 11 e 12 da Lei 7.347/85, defiro a liminar e determino ao réu Município de Umuarama que, até ulterior decisão deste juízo:

a) não conceda autorização para construção e instalação de Estações Rádio- Base (ERBs) em zonas e setores urbanos considerados residenciais; em locais a menos de 300 ( trezentos metros) de distância horizontal de áreas de lazer, creches, escolas, postos de saúde, shopping centers, museus, teatros, praças, parques, centros de comunidades, casas de saúde, asilos, hospitais e semilares; ou que ultrapassem a densidade de potência total de 100 uW/cm (cem microwatts por centímetro quadrado) , considerada a soma da radiação preexistente com a radiação adicional emitida pela nova antena, com o número máximo de canais emitido em máxima potência, medida por equipamento que faça a integração de todas as frequências na faixa de 806 MHz ( oitocentos e seis megahertz) a 300 GHz (trezentos gigahertz) em qualquer local possível de ocupação humana;

b) exija, no prazo de 60 dias, a adequação das Estações Rádio- Base (ERBs) já instaladas no item anterior.”

Diante de todo o exposto, MM. Juiz, requer o Ministério Público do Paraná a concessão de MEDIDA LIMINAR, “inaudita altera pars”, ou seja, sem a necessidade de justificação prévia, com fulcro no que estabelece o art. 12 da Lei nº 7.347/85, com imposição de multa diária no caso de descumprimento, nos termos do artigo 11 da já citada lei, até o julgamento final da ação, sendo determinando por Vossa Excelência que:

1 - Seja vedada no município de Campo Largo a concessão de autorização para construção e instalação de Estações Rádio- Base - ERB´s que :

a) localizem-se a menos de 300 ( trezentos metros) de distância horizontal de áreas de lazer, creches, escolas, postos de saúde, shopping centers, museus , teatros, praças, parques, centros de comunidades, casas de saúde, clínicas, asilos, hospitais ou similares;

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b) ultrapasse a densidade de potência total de 100 uW/cm2 (cem microwatts por centímetro quadrado), considerada a soma da radiação preexistente com a radiação adicional emitida pela nova antena, com o número máximo de canais emitindo em máxima potência, medida por equipamento que faça a integração de todas as freqüências na faixa de 806 MHz (oitocentos e seis megahertz) a 300GHz (trezentos gigahertz) em qualquer local passível de ocupação humana;

c) localizem-se em zonas e setores urbanos considerados residenciais;

2- o Município de Campo Largo, no prazo de 60 dias, exija das empresas proprietárias a adequação das Estações de Rádio Base já instaladas nesta comarca, especificamente a torre de telefonia da empresa Global Telecom S.A Vivo instalada no Loteamento Miranda, bairro Itaboa, nesta comarca, nos termos dos três itens anteriores, sob pena de multa diária;

3- Seja aplicada multa diária de R$ 10.000, 00 (dez mil reais) para o caso de descumprimento do preceito liminar;

IX- DO PEDIDO FINAL

Finalmente, MM. Juiz, deferida a liminar, requer o Ministério Público a condenação do Município de Campo Largo-Pr, consistente em obrigação de fazer, no sentido de exigir o licenciamento ambiental, a ser submetido à aprovação dos seus órgãos competentes, para a construção, instalação, localização, funcionamento, fiscalização e operação das Estações Rádio-Base (ERBs), contendo, indispensavelmente, em razão do princípio da precaução , dentre outros, os seguintes preceitos:

1) o pedido para a instalação de antenas transmissoras de ondas eletromagnéticas em faixas de freqüência de 806

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MHz ( oitocentos megahertz) a 300GHz (trezentos gigahertz) e equipamentos afins, ficam sujeitas às condições estabelecidas em licenciamento ambiental;

2) a determinação da unificação dos equipamentos de transmissão de uma ou mais empresas, operadoras de telefonia celular, em uma mesma torre, quando isto não fizer com que a densidade de potência máxima com todas os canais operando em máxima potência, ultrapasse o limite de 100 uW/cm2 (cem microwatts por centímetro quadrado) que deve ser entendido como a radiação máxima permitida para todas as antenas;

3) a especificação de que o ponto de emissão de radiação da antena transmissora deverá estar, no mínimo, a 30 (trinta) metros de distância da divisa do imóvel onde estiver instalada e dos imóveis confinantes e de locais passíveis de ocupação humana, sem prejuízo dos índices de aproveitamento e taxa de ocupação máxima possíveis dos lotes lindeiros, devendo a empresa promover, às suas expensas, a readaptação, sempre que necessário;

4) a determinação de que o perímetro da base de qualquer torre de sustentação de antena transmissora deverá estar, no mínimo, a 15 (quinze) metros de afastamento das laterais e fundos das divisas dos lotes em que estiver instalada e 12 (doze) metros de recuo frontal;

5) para todas as estações radiobases (ERB´s) contendo container de transmissão e comutação, o afastamento, a partir do perímetro da base da antena, de 20 (vinte) metros com a divisa do terreno onde a mesma estiver instalada;

6) os níveis de ruídos emitidos pelo container de transmissão e comutação deverão respeitar os parâmetros estabelecidos pela legislação municipal em vigor;

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7) seja determinado o cadastramento de todas as antenas já instaladas no Município de Campo Largo-Pr, no prazo de 60 (sessenta) dias, pelos seus proprietários, devendo apresentar a seguinte documentação:

a) planta de situação e localização, com locação dos elementos físicos implantados;

b) laudo técnico, assinado por físico ou engenheiro da área de radiação, acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), com descrição dos níveis de densidade de potência e seus efeitos à saúde humana;

8) a proibição da instalação de ERB´s em locais localizados a menos de 300 ( trezentos metros) de distância horizontal de áreas de lazer, creches, escolas, postos de saúde, casas de saúde, shopping centers, asilos, clínicas, hospitais ou similares;

9) proibição de instalação de ERB’s em zonas e setores urbanos considerados residenciais;

10) seja concedido prazo de 60 ( sessenta dias ) para os proprietários das Estações Rádio Base adequarem-se ao licenciamento ambiental, sob pena de multa diária;

11) após vencido o prazo de 60 ( sessenta dias) dias, seja determinado a retirada das antenas em desconformidade com os parâmetros estabelecidos no licenciamento ambiental, sob pena de multa diária;

12) como medida mitigadora deverá a empresa licenciada executar, anualmente, planos de contingência, comunicação social e educação ambiental, aprovados pelo Município, visando à prevenção de riscos a saúde pública e ao meio ambiente;

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13) a titulo de compensação de danos, cada empresa licenciada fica obrigada a pagar mensalmente, até o quinto dia útil, a quantia de 100 salários mínimos , atualizados monetariamente de acordo com os índices do Governo Federal, ao Fundo Estadual de Interesse Difusos- FEID, visando o monitoramento dos padrões de irradiações das ERB’S;

14) a empresa licenciada emissora de radiação eletromagnética fornecerá os aparelhos necessários para medir a potência por ela emitida, responsabilizando-se , enquanto durar a concessão, pela sua manutenção e / ou troca;

15) o estabelecimento de um percentual de desconto, incidente sobre o valor do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), para os imóveis que façam divisa com terrenos em que se localizem Estações Rádio Base;

16) a aplicação de multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para o caso de descumprimento;

17) a citação do Município de Campo Largo-Pr, na pessoa de seu representante legal, no endereço aludido inicialmente, para, querendo, contestar a demanda no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de aplicar-se a revelia;

18) a procedência da ação, condenando-se o Município de Campo Largo-Pr ao pagamento das despesas processuais e verba honorária de sucumbência, cujo recolhimento deste último deve ser feito ao Fundo Especial do Ministério Público do Estado do Paraná, criado pela Lei Estadual nº 12. 241, de 28 de julho de 1.998 (DOE nº 5302, de 29 de julho de 1.998);

19) a intimação pessoal do representante do Ministério Público oficiante nos feitos ambientais nesta comarca, para os fins do artigo 236, parágrafo 2º, do Código de Processo Civil;

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20) Requer o Ministério Público, desde logo, a dispensa do pagamento de custas, emolumentos e outros encargos, nos termos do artigo 18 da Lei nº 7.347/85.

Dá-se a causa para os efeitos fiscais, o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Nestes termos, protestando pela produção de todas as provas em direito admitidas, dentre elas a pericial, testemunhal e documental, respeitosamente,

Pede Deferimento.

Campo Largo, 22 de Novembro de 2006.

Lucas Junqueira Bruzadelli MacedoPromotor Substituto

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