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IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL JUNTA DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO NORTE EXEGESE DO TEXTO DE EZEQUIEL 37.1-3 JOSUE MARCIONILO DOS SANTOS Trabalho para composição de nota na disciplina de Exegese do Antigo Testamento II do Professor Rev. Paulo Brasil e Sousa. Recife 2013

Exegese de Ezequiel 37

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Page 1: Exegese de Ezequiel 37

IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

JUNTA DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA

SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO NORTE

EXEGESE DO TEXTO DE EZEQUIEL 37.1-3

JOSUE MARCIONILO DOS SANTOS

Trabalho para composição de nota na

disciplina de Exegese do Antigo Testamento II

do Professor Rev. Paulo Brasil e Sousa.

Recife – 2013

Page 2: Exegese de Ezequiel 37

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SUMÁRIO

I.INTRODUÇÃO............................................................................................................ ........................03

II.TRADUÇÃO INTERLINEAR .............................................................................04

III.TRADUÇÃO COMPARADA DE VERSÍCULOS EM ANÁLISE..................................................05

IV. ANÁLISE GRAMATICAL.............................................................................................................06

V. DELIMITAÇÃO DA PERÍCOPE.......................................................................................... ...........09

VI. CONTEXTO HISTÓRICO E LITERÁRIO.....................................................................................09

IX. ESTRUTURA...................................................................................................................................11

X. PROBLEMAS TEXTUAIS..........................................................................................................12

XI. IMPLICAÇÕES TEOLÓGICAS.....................................................................................................13

XII. ESBOÇO HOMILÉTICO...............................................................................................................18

XIII. BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................................19

Page 3: Exegese de Ezequiel 37

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I. INTRODUÇÃO

A primeira parte da profecia de Ezequiel 37 e a profecia mais conhecida do livro do

profeta. A narrativa que o profeta faz de sua visão de vale de ossos se dar em um contexto de

total desesperança do povo de Deus. Eles haviam perdido o templo, a terra, estavam exilados

nos porões na babilônia e já não se viam mais como nação. Eles haviam perdido toda a

esperança no futuro e todas as esperanças em Deus.

O povo de Israel precisava mais do que um mero livramento do exilio Babilônico. Eles

precisavam de livramento de seus próprios corações afundado em melancolia e desespero.

Eles precisavam de uma real e segura esperança.

Portanto neste trabalho de queremos abordar o tema da esperança a luz da pergunta do

Senhor a Ezequiel e a sua resposta registrada em Ezequiel 37:1-3. Vamos analisar esses

versículos a luz de seu contexto maior que abrangem toda a perícope da primeira parte de

Ezequiel 37. A nossa proposta responder as seguintes questões:

Qual é a base para a verdadeira esperança? Porque podemos ter esperança? O que nos garante

que ela não será frustrada?

A visão que Ezequiel recebeu do Vale de ossos restaurou a esperança do povo de

Israel assim também como pode restaurar a nossa esperança em uma igreja relevante e

influente que transforme o mundo pela sua cosmovisão cativa a palavra de Deus.

Page 4: Exegese de Ezequiel 37

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II. TRADUÇÃO INTERLINEAR PRELIMINAR DO LIVRO DO PROFETA

EZEQUIEL CAPÍTULO 37.1-3

%AtåB. ynIxEßynIy>w: hw"ëhy> ‘x:Wr’b. ynIaEÜciAYw: èhw"hy>-dy: éyl;[' ht'äy>h' `tAm)c'[] ha'îlem. ayhiÞw> h['_q.Bih; V1. Veio sobre mim a mão de Jehová e pelo Espirito me fez sair. Colocou-me no meio de um

vale, e ele estava cheio de ossos.

ynEåP.-l[; ‘daom. tABÜr: hNE“hiw> bybi_s' Ÿbybiäs' ~h,Þyle[] ynIr:ïybi[/h,w> `dao)m. tAvïbey> hNEßhiw> h['êq.Bih; V2. Fez-me passar ao redor deles e eis que havia muitos sobre a superfície do vale. E eis que

estavam sequíssimos.

yn"ïdoa] rm;§aow" hL,ae_h' tAmåc'[]h' hn"yy<ßx.tih] ~d"§a'-!B, yl;êae rm,aYOæw: `T'[.d"(y" hT'îa; hwIßhy> V.3. Ele me disse: filho do homem, estes ossos poderão reviver? Eu disse, Senhor, Jehová Tu sabes.

Page 5: Exegese de Ezequiel 37

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III. TRADUÇÃO COMPARADA DOS VERSÍCULOS EM ANÁLISE

BGT LXX

%AtåB. ynIxEßynIy>w: hw"ëhy> ‘x:Wr’b. ynIaEÜciAYw: èhw"hy>-dy: éyl;[' ht'äy>h' `tAm)c'[] ha'îlem. ayhiÞw> h['_q.Bih;

ynEåP.-l[; ‘daom. tABÜr: hNE“hiw> bybi_s' Ÿbybiäs' ~h,Þyle[] ynIr:ïybi[/h,w> `dao)m. tAvïbey> hNEßhiw> h['êq.Bih;

yn"ïdoa] rm;§aow" hL,ae_h' tAmåc'[]h' hn"yy<ßx.tih] ~d"§a'-!B, yl;êae rm,aYOæw: `T'[.d"(y" hT'îa; hwIßhy>

1 kai. evge,neto evpV evme. cei.r kuri,ou kai. evxh,gage,n me evn pneu,mati ku,rioj kai. e;qhke,n me evn me,sw| tou/ pedi,ou kai. tou/to h=n mesto.n ovste,wn avnqrwpi,nwn

2. kai. perih,gage,n me evpV auvta. kuklo,qen ku,klw| kai. ivdou. polla. sfo,dra evpi. prosw,pou tou/ pedi,ou xhra. sfo,dra

3 kai. ei=pen pro,j me uie. avnqrw,pou eiv zh,setai ta. ovsta/ tau/ta kai. ei=pa ku,rie su. evpi,sth| tau/ta

VUL KJV

1Facta est super me manus Domini, et eduxit

me in spiritu Domini, et dimisit me in medio

campi qui erat plenus ossibus.

2 Et circumduxit me per ea in gyro : erant

autem multa valde super faciem campi,

siccaque vehementer.

3 Et dixit ad me : Fili hominis, putasne

vivent ossa ista ? Et dixi : Domine Deus, tu

nosti.

:1 The hand of the LORD was upon me, and carried me out in the spirit of the LORD, and set me down in the midst of the valley which was full of bones, 2 And caused me to pass by them round about: and, behold, there were very many in the open valley; and, lo, they were very dry. {valley: or, champaign} 3 And he said unto me, Son of man, can these bones live? And I answered, O Lord GOD, thou knowest.

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ARA ARC

Veio sobre mim a mão do SENHOR; ele me levou pelo Espírito do SENHOR e me deixou no meio de um vale que estava cheio de ossos, 2. E me fez andar ao redor deles; eram mui numerosos na superfície do vale e estavam sequíssimos.

1 Veio sobre mim a mão do SENHOR; e o

SENHOR me levou em espírito, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos, me fez andar ao redor deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale e estavam sequíssimos.

IV. ANÁLISE GRAMATICAL

Texto Analise Gramatical Tradução

ht'äy>h' Verbo Qal, perfeito 3ª Pessoa

Feminina Singular

Tornou a

éyl;[' Sufixo 1ª pessoa comum

singular

Sobre mim

èhw"hy>-dy: Substantivo comum feminino

singular construto

A mão do Senhor

ynIaEÜciAYw: Waw consecutivo verbo hifil

imperfeito terceira pessoa

sufixo masculino singular

primeira pessoa do singular

comum

E ele levou

‘x:Wr’b. Preposição + Substantivo

comum singular absoluto

Espirito do

hw"ëhy> Substantivo próprio Senhor

ynIxEßynIy>w: Conjunção + verbo hifil waw

consecutivo, imperfeito 3

pessoa masculino singular

Me deixou

%AtåB. Preposição + substantivo

masculino singular construto

No meio

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h['_q.Bih; Artigo + substantivo

feminino singular absoluto

Do vale

ayhiÞw> Conjunção + pronome

independente 3 pessoa

feminino singular

Ela (a mão)

ha'îlem. Adjetivo feminino singular

absoluto

Todos

`tAm)c'[] Substantivo comum feminino

plural

Muitos ossos

ynIr:ïybi[/h,w> Conjunção + verbo hifil

perfeito 3ª pessoa masculina

do singular

Me fez passar

~h,Þyle[] Preposição + substantivo

comum plural construto

Sobre eles

Ÿbybiäs' Adverbio Ao redor

bybi_s' Adverbio Ao redor

hNE“hiw> Conjunção + particular

interjeição

Eis

tABÜr: Adjetivo feminino plural

absoluto homônimo

muitos

daom. Adverbio abundante

ynEåP.-l[; Preposição homônima +

substantivo plural construto

Sobre altura

h['êq.Bih;

Artigo + substantivo

feminino singular absoluto

Do vale

hNEßhiw> Adjetivo feminino plural

absoluto homônimo

Eis

tAvïbey> Adjetivo feminino plural

absoluto

secos

`dao)m. Adverbio muitos

rm,aYOæw: Conjunção + verbo Qual E disse

Page 8: Exegese de Ezequiel 37

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imperfeito 3ª pessoa

masculino singular

yl;êae Preposição sufix-1 pessoa

comum do singular

A mim

~d"§a'-!B, Substantivo comum

masculino singular construto

+ substantivo singular

absoluto

Filho do Homem (Adão)

hn"yy<ßx.tih] Partícula interrogativa +

verbo Qual imperfeito 3ª

pessoa feminino do plural

Caso se reviver (?)

tAmåc'[]h' Artigo substantivo comum

feminino plural absoluta

Esses ossos

hL,ae_h' Artigo + adjetivo plural estes

rm;§aow" Conjunção + verbo Qal

imperfeito 1ª pessoa do

singular

Disse eu

yn"ïdoa] Substantivo próprio Senhor

hwIßhy> Substantivo próprio Y

hT'îa; Pronome independente 2ª

pessoa masculino singular

Tu

`T'[.d"(y" Verbo Qal perfeito 2ª pessoa

masculino do plural

Sabe

Tradução Sugerida:

Tornou (a vir) sobre mim a mão de Jehová e o pelo espirito ele me deixo no meio do

vale que estava cheio de ossos. E me fez passar ao em volta deles; eram muitos sobre o vale

sobre o vale e estavam sequíssimos. Ele então me perguntou: pode esses ossos voltar à vida?

Eu disse: Senhor Jehová, tu sabes.

Page 9: Exegese de Ezequiel 37

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V. DELIMITAÇÃO DA PERÍCOPE

A perícope começa com a fórmula introdutória hw"hy>-dy: yl;[' ht'äy>h'. Em Ezequiel esta frase é

encontrada sete vezes com pequenas variações, e é usada como uma expressão21 que introduz

um novo oráculo ou um novo capitulo22, o que corrobora que, aqui também, ela esteja

demarcando um novo início.

Além disso, é claramente perceptível a introdução de uma nova situação, de um novo

assunto com novos personagens. O capítulo 36 fala expressamente de uma renovação da

natureza, onde os montes outrora arrasados conheceriam novamente a fertilidade (cf.vv. 8-9).

Todo o território recuperaria a sua vida anterior. Além disso, ressalta-se neste capitulo a

mudança interior que ocorrerá no homem (cf. vv. 26-27)23. Por outro lado, Ez 37,1-14 fala do

reavivamento das ossadas de Israel com plena participação do profeta. A esse fato liga-se o

anúncio da renovação exterior e interior de Israel.

A perícope em questão conclui-se com a fórmula hw"±hy> ynIôa]-yKi ~T,[.d:ywI que, embora já tenha

aparecido outras vezes nos vv. 1-4, marca o término dessa perícope. Esta fórmula em Ezequiel

aparece 54 vezes e, na maioria dos casos, é usada como conclusão de um oráculo ou de uma

ação simbólica. O v. 15 apresenta o inicio de um outro texto e a fórmula yl;îae hw"ßhy>-rb;d> yhiîy>w:

marca esse inicio com uma nova visão e ação simbólica completamente diferente da perícope

que está sendo analisada.

Nesta perícope, não se verifica a presença de elementos que perturbem o seu

desenvolvimento, como por exemplo, interrupção na sua construção sintática, ou mesmo

duplicações ou repetições injustificadas; o seu vocabulário ajuda a afirmar a sua unidade.

VI. CONTEXTO HISTÓRICO E LITERÁRIO

Ezequiel é um profeta do exilio ele foi nomeado um atalaia sobre os exilados da nação de

Israel. Ele foi comissionado para pregar aos seus contemporâneos o julgamento e a salvação

de Deus. São poucos os dados biográficos sobre Ezequiel, todavia, conhece-se, pelo menos, o

tempo e o lugar de sua atividade através do seu livro.

De acordo com as informações contidas no seu livro, Ezequiel era sacerdote e se

encontrava entre os exilados quando foi interpelado por Deus (cf. 1,1-3). Ele teria sido levado

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à Babilônia juntamente com o rei Joaquim no ano de 5973 a.C. durante a primeira deportação

(cf. 2Rs 24,10-16)31. Exerceu seu ministério profético por, mais ou menos, vinte anos, de 593

a 571 a.C., e sua mensagem é dirigida especialmente aos exilados, embora não deixasse de se

preocupar com a sua pátria.

O primeiro período da vida de Ezequiel testemunhou o fim do domínio do império

Assírio, um breve período interino da influência egípcia nos negócios de Judá, e depois, o

crescente controle dos reis da Babilônia sobre a política do oriente próximo. Ezequiel foi

profeta do cativeiro. Foi levado para a Babilônia em 597 a.C, 11 anos antes de Jerusalém ser

destruída.

AUTORIA

A autoria de Ezequiel só passou a ser questionada em 1924 por Gustav Hoelscher que

propôs a tese de que só uma pequena fração do livro foi escrito pelo próprio Ezequiel, porem

o restante do livro pertencia a algum autor morando em Jerusalém. C.C Torrey defendeu uma

data depois de 230 em Jerusalém e depois rescrito por um redator.

Apesar dessas criticas não entendemos que elas são suficientes para abandonamos a

tradição de que Ezequiel é o autor da obra que leva o seu nome. Existe algumas evidencias

nos próprio livro que nos leva a essa conclusão. O livro do principio até o fim reclama ser

uma coleção de profecias de Ezequiel. Além do mais a estrutura equilibrada do livro indica

que é obra de um só autor. Começa com profecias de juízo contra Judá (Ez: 1-24) e termina

com profecias para restauração de Judá (Ez: 33-48). E entre essa duas secção fala-se das

profecias de juízo contra as nações. A linguagem e o estilo são uniformes através de todo o

livro. Há varias frases que se repete com frequência ao longo de todo o livro. As profecias

acerca de Judá se apresentam em ordem cronológica (Ez: 1:1,2; 8:1; 20:1; 24:1;33:21;40:1).

Estas evidenciam aponta que o livro é obra de um só autor.

LOCAL E DATA

O livro registra a data do início do ministério de Ezequiel como 593 aC (1:2-3). O última

profecia datada veio ao profeta, em 571 aC (29:17). Ele começou a ministrar quando ele tinha

30 anos (1:1), e ele entregou a sua última profecia quando ele tinha cerca de 52. O livro situa

o ministério inteiro de Ezequiel na Babilônia. Os capitulo 8 – 11 parece dar entender que o

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profeta estava presente em Jerusalém para testemunha a morte de Pelatias, presenciar a

idolatria no templo e observar a gloria de Deus no templo.

Para resolver o problema dessa aparente contradição alguns vão sugerir que Ezequiel

iniciou seu ministério em Jerusalém e só depois se mudou para a Babilônia. O que é certo é

que muitos dos oráculos de Ezequiel são dirigidos às pessoas que moram em Jerusalém,

porem isso não é suficiente para provar que eles foram proferidos lá. Nau por exemplo, em

seu mistério, muitas das suas pregações foram dirigidas a Assíria, porem o livro foi composto

e dirigido a Israel. Na falta de elementos satisfatória para entendermos exerceu seu ministério

em Jerusalém ou um pouco em Jerusalém e depois na Babilônia ficamos com a visão

tradicional de que “quando Ezequiel proclamou os oráculos sobre os eventos de Jerusalém, o

publico real para qual ele se dirigiu eram os exilados da mesma categoria dele”1.

Portanto concluímos que a composição do livro foi no Exilio da Babilônia por volta dos

anos de 593-571.

ESTILO LITERÁRIO

O livro de Ezequiel contém um grande número de visões e profecias, tanto de tristeza

e de esperança para os israelitas, do exilio Babilônico. Ao longo do livro o profeta Ezequiel

desempenha um papel ambíguo. Por um lado, ele é o agente e testemunha de Deus. por outro

lado, ele é um estranho espantado com o que vê.

O livro de Ezequiel contem muitos gêneros literários. O livro consiste de cinquenta

unidades literárias, dentre elas temos profecia, narrativa, lamentos, parábolas e discursos. Por

essa variedade de estilo que compõe o livro é que encontramos algumas dificuldades para

estabelecer um estilo literário que defina o livro.

VII. ESTRUTURA

Não existe dificuldade entre vários autores quanto à estrutura do livro de Ezequiel.

Muitos entram em concordância quanto ao seu esboço. Fica evidente que o livro possui

um belo arranjo na sua composição.

1 Raymond B. Dillard & Tremper Logman III. Introdução ão AT. Ed. Vida Nova, São Paulo, 2006. Pag. 306

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O livro é sistemático e bem esboçado. Na sua estrutura ele apresenta uma primeira

parte com oráculos dirigidos ao povo de Jerusalém, na segunda parte, oráculos contra

países estrangeiros e a terceira parte oráculos de salvação.

1. O Julgamento Contra Israel ( 1-24)

O chamado de Ezequiel como profeta de julgamento (1.1 -3.21)

Sinais de julgamento (3.22 – 5.17)

Oráculos de julgamento (6.1 – 7.27)

Visões de julgamento ( 8 – 11)

Sinais e oráculos de julgamento (20 -24)

2. O julgamento contra outras nações ( 25 – 32)

Amom, Moab, Edom, Filístia, Tiro, Sidom, Egito.

3. A Restauração de |Israel ( 33 – 48)

Oráculos de Salvação ( 33 – 36)

A Visão da Nova Vida ( 37. 1-14)

O Sinal de um Centro Real (37.15 – 28)

A Vitória Sobre Gogue ( 38 -39)

Visões do Novo Templo e da Terra Repossuída

VIII. PROBLEMAS TEXTUAIS

Não encontramos grandes dificuldades no texto senão algumas variantes que representa

pouca relevancia para o texto que adotamos. O nosso proposito nessa analise não é abordar

todas as variantes do texto mas apenas aquelas que julgamos de maior relevância.

v.1a ht'y>h' - Está ausente num manuscrito hebraico medieval, e na LXX. Muitos

manuscritos importantes da Septuaginta trazem kai. evge,neto.

v.1d tAm)c'[] – A Septuaginta traduziu ovste,wn, mas a tradição do texto grego, exceto para o

manuscrito minúsculo 967 (e o Targum), acrescentam o adjetivo avnqrwpi,nwn. O texto

hebraico diz que o vale está “cheio de ossos” a Septuaginta especifica que o vale está “cheio

de ossos humanos”, Entendemos que o texto massorético, por ser um texto mais breve tem a

maior probabilidade de ser o mais original.

v.3d yn"doa] - É omitido na LXX original. Acreditamos que a Septuaginta simplificou o

hebraico hwIßhy yn"doa] traduzindo “ ku,rioj” para ambos os termos como fez nos vv 5 e 9

Page 13: Exegese de Ezequiel 37

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v.4a O termo ~d"a'-!B,, aparece em poucos manuscritos hebraicos, s e medievais, e

manuscritos gregos da LXX com excessão da Vetus Latina, Orígenes e Luciano Isso ocorre,

possivelmente, sob a influência de Ez 17,12. 2

v.5c O texto massorético, conclui o versículo com um verbo, mas a LXX com o

substantivo no genitivo (pneu/ma zwh/j). No texto massorético se lêr: “Enviarei sobre vós o

espírito e vivereis (~t,(yyIx.wI))))))), na Septuaginta lemos: “Enviarei sobre vós o espírito de vida.

Porem , é melhor lermos com o texto massorético, pois está mais em harmonia com o estilo e

o vocabulário do autor.

v.6d x;Wr – Aqui a LXX acrescenta ao substantivo pneu/ma o pronome pessoal evgw,, no

genitivo mou. O texto massorético diz: “Colocarei em vós o espírito”, a LXX traz: “Colocarei

em vós o meu espírito”. Mais umas vez ficamos com o texto massorético que apresenta o

texto mais breve.

v.7b - A LXX, Vulgata e a Pheshita apresentam o verbo hwc no piel ynW"ci na 3ª pessoa

masculina com o sufixo de primeira pessoa singular como no versículo 10. O texto

massorético traz o verbo traduzido do pual ytiyWE+cu, na 1ª pessoa singular. Desse modo o verbo

refere-se ao profeta que recebe uma ordem de YHWH.3

v.7c lAq - Está ausente num manuscrito hebraico medieval e, na LXX original.

v.7d yaib.N")hiK. – Aqui, pode ter ocorrido confusão de letras parecidas; pois o aparato crítico

sugere que se leia “yaib.N")hiB” como está em muitos manuscritos hebraicos medievais .. ainda

assim podemos conservar o texto massorético, pois tanto a preposição K. como a preposição B., diante de um infinitivo têm valor temporal.

v.8d - O aparato crítico sugere que se leia ~reQ"YIw:, no nifal, conforme o sentido passivo da

Septuaginta, da Peshitta e da Vulgata. No nifal a leitura se torna mais fácil. No qal, o sujeito

implícito é YHWH.

v.9f x:Wrh' - Na LXX lemos: “Vem soprar”... Porem no texto massorético lemos: “Vem,

espírito, e sopra. Embora tenha essa diferença entre as duas versões, não muda o sentido do

texto.

v.12b ~h,ylea] - o termo está ausente na LXX e em alguns manuscrito. Na nossa tradução

optamos usar o termo como está no texto Massorético e na maioria dos manuscritos

IX. IMPLICAÇÕES TEOLÓGICAS

O texto de Ezequiel 37:1-14 tem uma divisão muito clara: do verso 1-a 9 temos a visão

do profeta. Do verso 11-14 temos a explicação da profecia o que nós dar uma melhor

compreensão do texto.

2 Ashley Stewart Crane 3 ibid

Page 14: Exegese de Ezequiel 37

14

No capitulo anterior o profeta havia falando que o povo que estava no cativeiro e teve

suas casas assoladas , templo destruído, rei derrotado e território entregue aos coiotes do

deserto. Agora tudo que lhes restava era saudade da pátria e desesperança. Agora no capitulo

37 temos uma profecia acerca de um retorno. Entretanto esse retorno e descrito como uma

ressureição. Não se trata meramente de um deslocamento físico de uma nação para outra,

porem para que eles voltem para terra ele precisa nascer de novo.

Deus leva Ezequiel ao meio desse vale e deixa Ezequiel perplexo que é realçada pela

frase: ynEåP.-l[; ‘daom. tABÜr: hNE“hiw>

Era uma grande quantidade de ossos jogados na superfície do vale como cadáveres

que não foram sepultados. A imagem lembrar a maldição da aliança sobre os transgressores

como está registrado em Dt 28:25,26:

SENHOR te fará cair diante dos teus inimigos; por um caminho, sairás contra eles, e,

por sete caminhos, fugirás diante deles, e serás motivo de horror para todos os reinos da

terra. eu cadáver servirá de pasto a todas as aves dos céus e aos animais da terra; e ninguém

haverá que os espante.

A imagem era aterradora, mas a perplexidade de Ezequiel é interrompida pela voz do

Senhor que chama Ezequiel de “ ~d"§a'-!B,” Filho do Homem. Essa expressão vai aparecer

algumas vezes nas Escrituras, tanto do Antigo Testamento como no Novo Testamento. Em

alguns contextos ela simplesmente aponta para a sua tradução literal (filho de Adão)

expressando a condição de criatura caída do homem. Como escreveu Walther Eichrodt a

expressão aponta para “” a fraqueza da criatura a quem o poderoso Senhor mostra tal

condescendência”4

Entretanto nesse contexto a expressão é usada para uma pessoa individual. Ezequiel é

um agente de Jeová, chamado para servi-lo como seu representante humano em favor de

seres humanos . nesse caso, e Ezequiel é identificado como um tipo de Cristo. No NT o

termo vai ser aplicado a o Senhor Jesus Cristo (Mt 24.37)

A pergunta feita a ele pelo próprio Deus é: pode esses ossos voltar a reviver?

hL,ae_h' tAmåc'[]h' hn"yy<ßx.tih] ~d"a'-!B,.

4 Walter Eichrodt. Teologia del Antiguo Testamento II. Ed.Ediciones Cristandad, SL, Madrid 1975 Pag. 508

Page 15: Exegese de Ezequiel 37

15

É nessa pergunta que origina todo o desenvolvimento do texto. Existe possibilidade

para esses ossos voltarem a respirar.?

Notem que não era simplesmente ossos, diz o texto que eram muitos ossos e que esses

ossos secos, eram ossos sequíssimos.

Como era possível esses ossos, que já estavam tanto tempo ali, voltassem a vida?

A pergunta foi feita e Ezequiel responde de forma cautelosa: O Senhor Jeová tu sabes.

Tanto a pergunta como a resposta que abrem esta seção têm o objetivo de

pôr em evidência o fato de que a mudança de estado dos ossos é humanamente impossível.

Aqui fica claro que o problema de Israel não era apenas voltar para terra prometida, mas era

ressuscitar dentre os mortos. Com isso muito claro em sua mente Ezequiel se lança

completamente sobre a vontade e o poder de Deus.

V. 4-6 Após a fala de Ezequiel Deus diz a Ezequiel: profetiza a esses ossos. Fala a

esses ossos o que eu vou te ordenar. Ezequiel tinha que dizer ao povo que voltar a Jerusalém

não poderia resolver os problemas deles. Eles tinham que ter uma visão correta de si mesmo

sabe que estavam mortos. E não era algo recente, a figura dos ossos sequíssimos aponta para o

fato de que o povo estavam mortos a muito tempo. Eles precisavam mais do que um templo e

uma cidade reconstruída, eles precisavam de ressureição.

Antes do exilio se levantaram em Israel falsos profetas dizendo: nós não seremos

destruídos por conta dos nossos pecados porque temos o templo do Senhor , , a cidade santa

nunca vai ser invadida. Nós sempre teremos paz, e prosperidade em nosso meio. Em Ezequiel

temos um contraste claro entre o falso profeta e Ezequiel como verdadeiro profeta.

V.7 Sem questionar Ezequiel profetiza aos ossos secos como Deus lhe ordenara e

aquilo que parecia impossível acontece:

...enquanto eu profetizava, houve um ruído, um barulho de ossos que batiam contra

ossos e se ajuntavam, cada osso ao seu osso. Olhei, e eis que havia tendões sobre eles, e

cresceram as carnes, e se estendeu a pele sobre eles; mas não havia neles o espírito.

Page 16: Exegese de Ezequiel 37

16

Estes versos descreve a submissão do profeta para com a ordem divina e seus efeitos.5

A promessa estava sendo comprida diante dos olhos atônitos de Ezequiel, mas ainda não

estava completa, pois “~h,(B' !yaeî x:Wrßw>”. Faltava a eles o espirito.

Não há nenhuma razão para entendermos que aqui o texto está se referindo a algum

tipo de segunda benção. A discrição que o texto faz tem haver com nova criação. O texto nos

remete a gêneses (Gen.2.7) quando Deus formou o homem do pó da terra e soprou (x:Wrß )

nele a vida e ele passou a ser alma vivente. A descrição de Ezequiel 37 é a descrição de uma

recriação, os homens sendo criados de novo. Ele foi colocado de pé e lhes foi soprado espirito

de vida o principio da restauração.

Não seria a primeira vez que Ezequiel faz esse tipo de referencia a Gêneses. Por

exemplo, a profecia contra o Rei de Tiron (que é muitas vezes equivocadamente interpretada

como a queda de Satanás), ele descreve o que aconteceu no Jardim do Éden. Ezequiel muitas

vezes aponta para a historia da criação porque ele está querendo dizer que o que aconteceu no

cativeiro foi uma queda mortal. Mas não somente isso, ele também quer dizer que há

esperança de uma nova criação (Gen.3.15).

A esperança do retorno de Israel seria uma figura de uma nova criação. Quando

olhamos para o NT podemos ver claramente essa esperança se concretizar de forma final e

absoluta na pessoa de Cristo.

V. 9-10 Esses ossos ouviram e vieram à vida com sopro divino. A mesma palavra que

criou o homem, que trouxe Israel do cativeiro e a mesma palavra que trouxe do nada todas as

coisas criadas. No evangelho de João encontramos a seguinte informação: jesus é o verbo e o

verbo é Deus. Quando Ezequiel falou ele falou como o filho do Homem, como um tipo de

Cristo que fala aquilo que Deus ordenou e aqueles ossos vieram à vida.

Os ossos que outrora eram sequíssimos agora tornou-se “dao)m.-daom. lAdïG" lyIx:ß”. Aonde

havia morte agora brota vida abundante, essa vida que surgir é fruto do x:Wr.

A sensação do povo era de destruição total, de caos. Haviam sido separados de suas

raízes; sua capital estava em ruínas e suas casas destruídas. O templo havia sido queimado e

os seus tesouros saqueados. As cidades e as aldeias não tinham muralhas e os seus líderes

haviam sido assassinados ou levados ao cativeiro. Sua confissão não poderia ser outra: “Não

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temos vida nem futuro. Tudo chegou ao fim”. Mas diante dessa nova realidade a falta de

esperança, alegria e de expectativa no futuro se vai. A palavra de Deus que é poderosa para

transformar traz vida aos mortos e restaurar a esperança.

Dos versos 11 ao 14 profeta Ezequiel começa a explicar esse acontecimento .

Primeiro ele diz que esses ossos são a casa de Israel. Agora fica claro que o povo seria

restaurado. Enquanto que na primeira parte o profeta descreve um povo destruído e morto até

que Deus os forma e sopra vida e lhes faz viver, na segunda parte ele faz uma descrição de

uma ressureição:

A expressão “yMi_[;”, povo meu, se repente aqui. A ideia é que apesar de Israel está

sendo disciplinado, tornando-se um vale de ossos secos, por causa do seu pecado eles nunca

deixaram de ser chamado povo de Deus. A grade esperança está no caráter de Deus que não

muda ama de maneira imutável (incondicional). O Deus que pode ressuscitar morto, ainda

que estres esteja a muito tempo exposto ao sol, ama de maneira imutável.

Esse povo praticou idolatria fez coisas abomináveis aos olhos de Deus, foi lançado

para fora da terra perdeu tudo, inclusive a esperança. Ele estavam lá no exilio como ossos

secos Deus diz: vocês são meu povo.

A esperança que o texto exprime aqui é que a nossa esperança está na palavra de

Deus. Nas suas promessas e no seu caráter imutável..

Foi o povo que mudou que quebrou a aliança e não Deus.

A imagem que Ezequiel traz a principio é terrível. Um vale cheio de osso, pessoas que

foram mortas e deixadas no campo para terem seus copos devorados pelos abutres e seus

ossos secar ao sol. Entretanto a descrição final disso é de um exercito numeroso em pé.

Sepulturas abertas e pessoas levantadas para entrar na terra. A imagem daqueles que estão na

sepultura sugere uma relação com a doutrina da ressureição dos mortos.

O oraculo termina com a afirmação “ ytiyfiÞ['w> yTir>B:ïDI” eu falei e vou agir. A afirmação

lembra a audiência quanto à veracidade da palavra divina.

O oraculo tem o proposito de mostra que a única esperança de Israel está no seu Deus. mas

não apena a Israel dos dias de Ezequiel, mas a Israel de hoje também é convocada a confiar e

depositar todas as suas esperança no Deus criador e Senhor soberano da Historia.

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X. ESBOÇO HOMILÉTICO

Texto Base: Ezequiel 37:1-14

Tema: A Base da verdadeira Esperança.

1) Na Total Dependência de Deus (v.3)

2) Confiança na Palavra de Deus (9,10)

3) No poder de Deus Ressuscitar mortos (11,12)

Aplicações:

Esse texto nos ensina o qual absurdo é a ideia comum no evangelicalismo moderno de

que as pessoas podem vir à vida por meios e estratégias humanas. Embora o texto esteja

falando do povo de Israel em seu contexto maior ele se refere a toda a humanidade sem Deus.

Estamos em um grande vale de ossos secos, eles não podem responder ao estimulo do

evangelho por meio de meios humanos. Uma musica suave, sorrisos e programações

divertidas não pode ressuscitá-los.

A ênfase do texto está na ordem que Deus dar a Ezequiel “profetiza o que eu te

ordenei” e na resposta obediente do profeta.

Essa atitude é a única esperança, não somente para o despertamento da igreja, mas

também para ressuscitar mortos. Se não tivermos uma visão real com quem estamos lidado

não podemos ter Esperança. Pecadores caídos, inimigos de Deus que só podem ser

transformado pela pregação fiel da palavra. Essa é a única esperança para a igreja e nossa

sociedade.

Precisamos de pastores que se lance na total dependência de Deus e confie na

suficiência de sua palavra para restaurar a igreja e nossa nação.

Aprendemos aqui também que nossa esperança está na imutabilidade e poder de Deus. Se

Deus condicionasse seu amor por nós a nossa capacidade de guarda a aliança estaríamos

perdidos porque somos mutáveis e em muitas ocasiões nossa fidelidade é como orvalho da

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manha, cedo passa. Porem, Ezequiel 37 nos deixa claro que o amor de Deus é imutável. Por

essa razão ele enviou o Filho do Homem a quem Ezequiel era apenas um tipo. A saber, Jesus

a quem Deus ressuscitou dentre os mortos. É por isso como diz certa canção: eu posso crer no

amanha.

XI. BIBLIOGRAFIA

BROCK , DANIEL Comentário do Antigo Testamento Vol I. Ed. Cultura Crista. São Paulo.

2012.

BROWN, SS RAYMOND. Comentário San Jeronimo. Ed. Ediciones Cristiandad. Sã Madrid.

1971.

BÍBLIA DE GENEBRA. Ed. Cultura Cristã. São Paulo. 1998.

BÍBLIA HEBRAICA STUTTGARTENSIA. Sociedade Bíblica do Brasil. 1997.

DE FARIA. Edson Francisco. Manual da Bíblia Hebraica – Introdução ao Texto Massorético.

Guia Introdutório para a Bíblia Stuttgartensia. Editora Vida Nova. São Paulo 2008.

KAIL, FRIEDRICK. The Prophecies of Ezekiel VOL II. Ed. T & T. Clark. 1876.

LASOR, WILLIAM S. Introdução ao Antigo Testamento. Editora Vida Nova. São Paulo

1999.

CRANE, ASHELEY STEWART. The Restoration Of Israel: Ezekiel 36 -39 in Early Jewish

Interpretation: a Textual comparative study of the oldest extant Hebrew and Greek

Manuscripts. Tesi de doutorado em Filosofia da Murdoch University. 2006