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Reta Final – Curso Damásio de Jesus Profº. Cyonil Borges Profº. Cyonil Borges www.damasio.com.br 1 Antônio é um agente de polícia federal que se negou a cumprir ordem emanada de seu superior hierárquico, por ser ela manifestamente ilegal. Em represália, o superior hierárquico determinou, de ofício, a remoção do agente para outro estado da Federação. Com relação à situação hipotética acima, julgue o item seguinte, considerando que os agentes de polícia federal são ocupantes de cargo público federal. 1. Antônio praticou ato lícito ao negar-se a cumprir a ordem manifestamente ilegal. (Certo/Errado) Comentários: O item está CERTO. Ao lado dos poderes atribuídos aos agentes públicos, para a perseguição do interesse público, há os deveres. Ou seja, o agente público não só pode como deve agir, mas, no uso de suas atribuições conferidas por lei, não pode desprezar as várias restrições/sujeições impostas no ordenamento. São exemplos de deveres: o de probidade (agir com lealdade, boa-fé, moralidade), o de eficiência (atuar com rendimento funcional, rapidez e perfeição), e o de obediência (cumprir as ordens dos superiores hierárquicos). Relativamente ao dever de obediência, abro um parêntese para esclarecer que não tem aplicação irrestrita. Enfim, os agentes públicos devem rebarbar e não cumprir, a qualquer custo, as ordens manifestamente ilegais . Sobre o tópico, vejamos, abaixo, o que nos informa o inc. IV do art. 116 da Lei 8.112, de 1990, para reforçar o erro do quesito: Art. 116. São deveres do servidor: (...) IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; Inclusive, diante da ordem manifestamente ilegal, surge o dever de o agente público representar contra a ilegalidade ou abuso de poder. Nos termos do parágrafo único do art. 116 da Lei 8.112, de 1990, a representação será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.

Exercícios Comentadas da PF - Damásio parte 2

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Antônio é um agente de polícia federal que se negou a cumprir ordem emanada de seu superior hierárquico, por ser ela manifestamente ilegal. Em represália, o superior hierárquico determinou, de ofício, a remoção do agente para outro estado da Federação.

Com relação à situação hipotética acima, julgue o item seguinte, considerando que os agentes de polícia federal são ocupantes de cargo público federal.

1. Antônio praticou ato lícito ao negar-se a cumprir a ordem manifestamente ilegal. (Certo/Errado)

Comentários:

O item está CERTO.

Ao lado dos poderes atribuídos aos agentes públicos, para a perseguição do interesse público, há os deveres. Ou seja, o agente público não só pode como deve agir, mas, no uso de suas atribuições conferidas por lei, não pode desprezar as várias restrições/sujeições impostas no ordenamento.

São exemplos de deveres: o de probidade (agir com lealdade, boa-fé, moralidade), o de eficiência (atuar com rendimento funcional, rapidez e perfeição), e o de obediência (cumprir as ordens dos superiores hierárquicos).

Relativamente ao dever de obediência, abro um parêntese para esclarecer que não tem aplicação irrestrita. Enfim, os agentes públicos devem rebarbar e não cumprir, a qualquer custo, as ordens manifestamente ilegais.

Sobre o tópico, vejamos, abaixo, o que nos informa o inc. IV do art. 116 da Lei 8.112, de 1990, para reforçar o erro do quesito:

Art. 116. São deveres do servidor:

(...)

IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;

Inclusive, diante da ordem manifestamente ilegal, surge o dever de o agente público representar contra a ilegalidade ou abuso de poder. Nos termos do parágrafo único do art. 116 da Lei 8.112, de 1990, a representação será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.

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2. Antônio somente teria direito a impugnar judicialmente o ato de remoção de ofício após esgotados os meios administrativos de impugnação do referido ato.

Comentários:

O item está ERRADO.

O Brasil adota o sistema inglês, de jurisdição una ou única, para controle judicial de atos jurídicos, enfim, todos os atos administrativos, guardados certos limites, podem ser apreciados judicialmente.

A adoção da jurisdição una não impede, no entanto, que a Administração Pública instaure processos administrativos visando à tomada de decisões dessa natureza (administrativas), as quais, contudo, não serão dotadas da definitividade típica das decisões judiciais, em razão da unicidade (ou inafastabilidade) da jurisdição do Poder Judiciário.

Também destaco que A QUALQUER INSTANTE UMA MATÉRIA PODE SER LEVADA À APRECIAÇÃO JUDICIAL, AINDA QUE JÁ INSTAURADO, OU JÁ DECIDIDO, UM PROCESSO ADMINISTRATIVO.

Isso se dá em razão da unicidade de jurisdição, própria do Poder Judiciário, destacando que, em três casos clássicos para fins de concurso público, haverá necessidade de exaurimento da esfera administrativa para que um pedido judicial possa ser admitido. São eles:

I) Nos processos administrativos referentes à Justiça Desportiva. Com relação a esta, o Judiciário só aceitará ações judiciais referentes a competições desportivas após esgotarem-se as instâncias desportivas, conforme apontado no §1º do art. 217 da CF/1988.

II) No contexto da reforma do judiciário, deflagrada a partir da Emenda Constitucional 45/2004, foi aprovada a Lei 11.417/2006, regulamentadora das Súmulas Vinculantes. No art. 7º da norma assim está estabelecido:

Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.

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§ 1o Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias administrativas.

§ 2o Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso.

III) Há parte da doutrina que aponta o habeas data como sendo mais uma exceção. Ou seja, só depois de demonstração do indeferimento expresso ou tácito do pedido administrativo, é que surge o interesse de bater às portas do Poder Judiciário.

Perceba que a situação hipotética não cuida de nenhuma das exceções listadas, não havendo, portanto, necessidade de exaurimento das vias administrativas.

3. O ato de remoção caracteriza exercício de poder disciplinar.

Comentários:

Os Poderes concedidos aos agentes para o bom desempenho de suas atribuições de interesse público devem ser usados com normalidade, dentro dos contornos da lei. Não pode a autoridade, por achar-se no uso legítimo dos poderes que lhe foram cometidos, ir além dos limites que lhe foram estabelecidos.

Para que não sejam invalidados, os atos das autoridades e dos agentes em geral devem, então, ser legítimos, legais e morais, atendo-se, em qualquer espécie, aos interesses públicos da coletividade. O mau uso do poder, de forma desproporcional, ilegal, ou sem atendimento do interesse público, constitui o abuso de poder, que pode ocorrer de duas formas:

I) O agente atua fora dos limites de sua competência (EXCESSO DE PODER); e,

II) O agente, embora dentro de sua competência, afasta-se do interesse público que deve nortear todo o desempenho administrativo (DESVIO DE PODER/FINALIDADE).

Perfeito. Agora, precisamos conhecer o instituto da remoção.

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A remoção é deslocamento do servidor, com ou sem mudança de sede, para desempenhar suas atribuições em outra unidade do mesmo quadro.

Enfim, o instituto da remoção não serve para, por exemplo, punir servidores.

No caso concreto, Antônio foi removido por represália. Ou seja, o superior hierárquico tem competência para a prática do ato, mas visa ao atingimento de interesse diverso do previsto na norma, cometendo, por isso, desvio de poder.

4. O superior hierárquico do agente praticou crime de abuso de autoridade.

Comentários:

O item está ERRADO.

O abuso de poder é gênero, que comporta as espécies excesso de poder (atuar fora dos limites da competência ou com desproporcionalidade) e o desvio de poder.

O desvio de poder ocorre quando o agente público pratica ato visando fim diverso do previsto na norma.

No caso da remoção, ora analisada, percebe-se patente vício quanto à finalidade do ato: não é a remoção um ato punitivo, mas sim uma forma de a

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Administração manejar seus quadros para melhor atendimento dos interesses públicos.

Ao abrirmos a literatura administrativa, deparamo-nos com o entendimento, por exemplo, de Maria Sylvia, que enquadra o excesso e o desvio como sendo crime de abuso de autoridade.

Então por que a banca entendeu pela incorreção?

Abaixo, reproduzo os motivos da ilustre organizadora.

É verdade que o ato referido no item constitui abuso de autoridade, pois pode ser enquadrado nas definições genéricas do art. 3º, j, da Lei 4.898/65. Porém, como a lei específica prevalece sobre a lei geral, havendo um crime que preveja de modo mais específico os atos praticados, ele deverá prevalecer sobre o crime definido de modo mais genérico.

No caso, o ato enquadra-se na definição de prevaricação, pois o superior praticou ato de ofício, em discordância com a lei, para satisfazer interesse pessoal. Portanto, não cabe enquadrar o ato no crime de abuso de autoridade, pois há tipificação mais específica no direito penal.

5. O referido ato de remoção viola o princípio administrativo da finalidade.

Comentários:

O item está CERTO.

O abuso de poder é gênero, que comporta as espécies excesso de poder (atuar fora dos limites da competência ou com desproporcionalidade) e o desvio de poder.

O desvio de poder ocorre quando o agente público pratica ato visando fim diverso do previsto na norma.

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No caso da remoção, ora analisada, percebe-se patente vício quanto à finalidade do ato: não é a remoção um ato punitivo, mas sim uma forma de a Administração manejar seus quadros para melhor atendimento dos interesses públicos.

Acerca do direito administrativo, julgue o item seguinte. Considere a seguinte situação hipotética.

Miriam, graduada em direito, é uma servidora pública da União que ocupa cargo de atividade policial.

6. Nessa situação, Miriam pode acumular esse cargo público federal com um cargo de professora em uma universidade estadual. (Certo/Errado)

Comentários:

O item está ERRADO.

É uma questão de legislação específica. A seguir, vejamos os artigos 4º e 23 da Lei 4.878, de 1965, sobre regime jurídico peculiar aos Funcionários Policiais Civis da União e do Distrito Federal:

Art. 4º A função policial, fundada na hierarquia e na disciplina, é incompatível com qualquer outra atividade.

Art. 23. O policial fará jus à gratificação de função policial por ficar, compulsoriamente, incompatibilizado para o desempenho de qualquer outra atividade, pública ou privada, e em razão dos riscos à que está sujeito.

§ 3º Ressalvado o magistério na Academia Nacional de Polícia e a prática profissional em estabelecimento hospitalar, para os ocupantes de cargos da série de classes de Médicos Legistas, ao funcionário policial é vedado exercer outra atividade, qualquer que seja a forma de admissão, remunerada ou não, em entidade pública ou empresa privada.

Sem partirmos para a crítica ao gabarito, caberia a análise sobre a recepção da referida norma pelo texto constitucional, afinal a CF, de 1988, permite, expressamente, a acumulação, por exemplo, de cargos técnicos com o magistério.

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Sobre o tema, encontramos o seguinte posicionamento do TRF-1R, em sede de mandado de segurança (AMS 23694):

MANDADO DE SEGURANÇA. ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS - DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL E PROFESSOR - ART. 37, XVI, "b", DA CF/88 - COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS - VEDAÇÃO DA LEI Nº 4.878/65 NÃO RECEPCIONADA PELA CF/88. APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL DESPROVIDAS. 1. O regime jurídico especial definido na Lei nº 4.878/65, no que se a restrição quanto à exclusividade e integralidade da função de policial federal, deve ter sua aplicabilidade em harmonia com a nova ordem constitucional vigente. 2. Assim, quanto a este aspecto, tenho convicção de que se trata de vedação expressamente não recepcionada pela Constituição de 1988, a qual, com minudência admitiu ser cumulável o exercício de cargo público, técnico ou científico, com cargo de professor, oportunidade em que também previu como única restrição à cumulabilidade e a incompatibilidade de horários (art. 37, inc. XVI, b, CF/88). 3. Apelação e remessa oficial, desprovidas. Origem: TRF - PRIMEIRA REGIÃO

Referência às razões da banca:

O item precisa ser avaliado não apenas com base na Constituição da República, mas também na Lei 4.878/65. A Constituição da República estabelece uma regra geral afirmando que a acumulação é vedada, exceto em determinados casos. Isso é diverso de afirmar que a acumulação será sempre permitida nesses casos, pois a não-vedação implica somente que a lei pode permitir a acumulação nesses casos, e apenas desde que haja compatibilidade de horários, o que não ocorre no caso dos policiais, cujo regime é de dedicação integral, que, nos termos do art. 23 da citada lei, o incompatibiliza com o exercício de qualquer outra atividade pública ou privada, com exceção das previstas no 2.º, que determina:

Ressalvado o magistério na Academia Nacional de Polícia, o exercício da profissão de Jornalista, para os ocupantes de cargos das séries de classes de Censor e Censor Federal, e a prática profissional em estabelecimento hospitalar, para os ocupantes de cargos da série de

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classes de Médico Legista, ao funcionário policial é vedado exercer outra atividade, qualquer que seja a forma de admissão, remunerada ou não, em entidade pública ou empresa privada.

Acerca do direito administrativo, julgue o item seguinte.

7. O ingresso na academia nacional de polícia é permitido a brasileiros naturalizados.

Comentários:

O item está CERTO.

O acesso aos cargos e empregos públicos é a todos os brasileiros (natos e naturalizados) e estrangeiros, estes na forma da lei.

O §3º do art. 12 da CF, de 1988, prevê cargos privativos de brasileiros natos, como, por exemplo, oficiais das Forças Armadas, Ministro da Defesa e carreira diplomática. Não há previsão, no caso, de agentes de polícia federal.

8. O estágio probatório dos servidores federais ocupantes de cargos de atividade policial tem duração de 2 anos, contados a partir do ingresso no curso de formação da Academia Nacional de Polícia.

Comentários:

O item está duplamente ERRADO.

O primeiro erro é mais gritante. O prazo do estágio probatório inicia do efetivo exercício. E partir desse instante que a Administração pode verificar a produtividade, assiduidade, disciplina, capacidade de iniciativa do novo servidor.

O curso de formação na Academia de Polícia é a segunda etapa do concurso. Durante o curso, o concursando é só concursando e não servidor público.

O segundo erro é mais sutil.

A grande confusão quanto ao instituto em estudo é quanto a sua duração: se de 36 meses (em decorrência da EC 19/98, que alterou o período de aquisição da estabilidade), ou se de 24 meses, conforme consta do texto da Lei 8.112/1990.

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Alguns autores afirmam que o estágio probatório é de três anos, e sua transposição é necessária para a aquisição da estabilidade. Em nível federal, a matéria é extremamente confusa. Todavia, em julgados recentes, os tribunais superiores vêm adotando a posição de que o estágio probatório é de 36 meses. Aliás, isso já foi cobrado pelo CESPE. Olha aí:

Conforme recente entendimento do STJ, o prazo do estágio probatório dos servidores públicos é de 24 meses, visto que tal prazo não foi alterado pela Emenda Constitucional n.º 19/1998, que trata apenas da estabilidade dos referidos servidores.

GABARITO: ERRADO. COMENTÁRIOS – tanto o STJ, quanto o STF tem adotado, como dito, a posição que o estágio probatório tem duração de 36 meses.

PF/2009

9. O poder de a administração pública impor sanções a particulares não sujeitos à sua disciplina interna tem como fundamento o poder disciplinar.

Comentários:

O item está ERRADO.

A banca só fez inverter os conceitos de poder de polícia com o de poder disciplinar.

A seguir, algumas considerações sobre o poder disciplinar.

O poder disciplinar é a prerrogativa de que dispõe o administrador público de apurar e aplicar penalidades. Certamente, os candidatos não serão traídos por desconhecerem o conceito, afinal é relativamente simples.

É costumeiro, ao sermos questionados, apontarmos que o poder disciplinar é aquele que permite aplicação de penalidades aos servidores públicos. Na verdade, a conclusão está perfeita, porém incompleta. Explico. O poder disciplinar baseia-se na supremacia especial, e, bem por isso, alcança todas as pessoas que tenham algum tipo de vínculo com o Estado, seja estatutário, contratual, celetista ou temporário.

Por exemplo: a empresa “A” é prestadora de serviços de limpeza no prédio da União sob a organização da Receita Federal do Brasil. Depois das várias paralisações na execução do contrato, a Receita Federal decidiu pela aplicação de multa à empresa. Isso mesmo. Temos um particular sendo sancionado com base no poder disciplinar, embora não componha o quadro administrativo do Estado.

Em síntese: particulares também podem se submeter às vias do Poder Disciplinar, mas não é qualquer particular. É o caso, por exemplo, dos que

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firmam contratos com a Administração Pública, que estarão submetidos às sanções disciplinares pelo vínculo estabelecido por meio do instrumento contratual (o contrato cria um vínculo especial do contratado, que permite à Administração lançar mão de seu Poder Disciplinar).

10. O princípio da presunção de legitimidade ou de veracidade retrata a presunção absoluta de que os atos praticados pela administração pública são verdadeiros e estão em consonância com as normas legais pertinentes.

Comentários:

O item está ERRADO.

Os atos administrativos são compostos por elementos (exemplo da competência e finalidade) e singularizados por atributos. Os atributos são as características que servem para distinguir os atos de direito público dos de direito privado. A doutrina costuma apontar os seguintes atributos: autoexecutoriedade, imperatividade, tipicidade e presunção de legitimidade.

Como nos ensina Maria Sylvia, a presunção de legitimidade diz respeito à

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conformidade do ato com a lei. Em decorrência desse atributo, presumem-se, até prova em contrário, que os atos administrativos foram emitidos com observância da lei.

Perceba o grifo: até prova em contrário. Isso mesmo. A presunção, ora tratada, não é absoluta, mas sim relativa (juris tantum).

No que se refere à organização administrativa da União e ao regime jurídico dos servidores públicos civis federais, julgue o item seguinte.

11. A empresa pública e a sociedade de economia mista podem ser estruturadas mediante a adoção de qualquer uma das formas societárias admitidas em direito.

Comentários:

O item está ERRADO.

As sociedades de economia mista são sempre sociedades anônimas.

A distinção entre empresas públicas e sociedades de economia mista costuma ser item recorrente nos concursos públicos.

Dada a incidência desse modelo de questão em provas, que tal um quadro resumo sobre os principais traços distintivos entre as SEM e as EP:

Entidades Federais

SEM EP

Composição do capital

Maioria das ações com direito a voto do Estado

100% capital público (1)

Formação societária

Sempre S/A Qualquer forma, admitida em direito (2)

Foro de Justiça Comum Estadual (3) Justiça Comum Federal (4)

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julgamento

(1) O primeiro detalhe é que se exige 100% de capital público e não de 100% de patrimônio público. O segundo é um reforço ao nosso aprendizado, é que as empresas públicas podem ser pluripessoais, ou seja, pode ser constituída com vários sócios, por exemplo: uma autarquia, um município, e, em tese, até mesmo uma sociedade de economia mista. Sociedade de economia mista? Como isso é possível? Não precisa pular da cadeira, basta a SEM integralizar a parte pública de seu capital, assim, continuaremos a ter 100% de capital PÚBLICO, afinal, se a SEM é mista, é porque também tem capital público.

(2) A formação societária nem sempre será um traço distintivo, já que a EP pode assumir qualquer configuração admitida em lei, como, por exemplo, Sociedade Anônima, oportunidade que se igualará à SEM.

(3) As sociedades de economia mista federais, estaduais e municipais, têm o foro de julgamento na Justiça Comum Estadual. No entanto, temos uma exceção, tratando-se de SEM federais – Súmula 517 do STF: as sociedades de economia mista só tem foro na Justiça Federal, quando a União intervém como assistente ou opoente.

(4) A Administração Direta, autárquica, e empresas públicas FEDERAIS têm foro de julgamento na Justiça Comum Federal. No entanto, para as empresas públicas municipais e estaduais, o foro de julgamento é a Justiça Comum Estadual.

12. O vencimento, a remuneração e o provento não podem ser objeto de penhora, exceto no caso de prestação de alimentos resultante de decisão judicial.

Comentários:

O item está CERTO.

É uma questão literal. A seguir, vejamos, na íntegra, o art. 48 da Lei 8.112, de 1990:

Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial.

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Quanto ao regime jurídico concernente aos funcionários policiais civis da União e do Distrito Federal, bem como às sanções aplicáveis aos agentes públicos, julgue o item a seguir.

13. Frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente constitui ato de improbidade administrativa e, por consequência, impõe a aplicação da lei de improbidade e a sujeição do responsável unicamente às sanções nela previstas.

Comentários: O item está ERRADO. Suficiente lermos o §4º do art. 37 da CF, de 1988:

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Então, percebeu o erro? Isso mesmo. A ação civil de improbidade não afasta a possibilidade de eventual ação penal, e, por conseguinte, a existência de sanções penais.

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SIMULADO – PROVAS DE ESCRIVÃO E PAPILOSCOPISTA DA PF

A gestão da administração é tema dos mais instigantes, vindo à tona com a reforma da administração pública brasileira impulsionada pela Emenda Constitucional n.º 19/1998. A introdução, no ordenamento jurídico brasileiro, das agências executivas e das organizações sociais representou significativa mudança na estrutura e no modo da administração pública no Brasil. Associada a isso, a previsão da descentralização dos serviços públicos, por meio de convênios de transferência entre os entes federados, deu uma nova dinâmica ao modo de conduzir os serviços públicos. É possível dizer que as agências executivas e as organizações sociais, por meio do contrato de gestão, instalaram uma nova era na administração pública do Brasil. Christine Oliveira Peter da Silva. A reforma administrativa e a Emenda n.º 19/1998: uma análise panorâmica. In: Revista Jurídica Virtual (com adaptações). Acerca das organizações sociais, mencionadas no texto acima, julgue o item seguinte.

1) As organizações sociais se encaixariam naquilo que o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado denomina de serviços exclusivos, que são aqueles que, por envolver o poder de Estado, o próprio Estado realiza ou subsidia. O Estado tem interesse nesses serviços porque os considera de alta relevância para os direitos humanos ou porque envolvem economias externas.

2) As organizações sociais são um modelo de parceria entre o Estado e a sociedade, regulado por meio dos contratos de gestão. O Estado continuará a fomentar as atividades geridas pelas organizações sociais publicizadas e exercerá sobre elas um controle estratégico: lhes cobrará os resultados necessários à consecução dos objetivos das políticas públicas.

3) As organizações sociais são uma inovação constitucional, pois representam uma nova figura jurídica. Fazem parte da administração pública, embora constituam pessoas jurídicas de direito privado. A grande novidade repousa mesmo na sua constituição mediante decreto executivo.

4) Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de gestão da administração federal com uma organização social, ao tomarem conhecimento da prática de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem pública por essa organização social, deverão dar ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.

5) Não se deve entender o modelo proposto para as organizações sociais como um simples convênio de transferência de recursos. Os contratos e as vinculações mútuas serão mais profundos e permanentes, uma vez que as

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dotações destinadas a essas instituições integrarão o orçamento da União, cabendo a elas um papel central na implementação das políticas sociais do Estado.

Acerca do direito constitucional e do direito administrativo, julgue o seguinte item.

6) Se a administração pública praticar ato que satisfaça a interesse seu mas que desatenda ao fim especificamente previsto na lei autorizadora do ato, terá havido ofensa ao princípio da finalidade, por desvio desta.

Acerca do direito constitucional e do direito administrativo, julgue o seguinte item.

Considere as seguintes situações hipotéticas.

O funcionário público Aristóteles, que ocupava determinado cargo público, dele pediu exoneração, por haver sido aprovado em concurso público promovido pelo DPF. A funcionária pública Ceres, no exercício da função, contraiu moléstia grave e veio a falecer. O funcionário público Juscelino, por sua vez, foi promovido para cargo mais elevado na carreira de que fazia parte. 7) Em cada uma das situações, houve vacância do cargo antes ocupado pelo funcionário; nos dois primeiros casos, ela deu-se com extinção do vínculo, ao contrário do último, em que houve manutenção do vínculo. No caso do funcionário Aristóteles, a vacância ocorreu por vontade do agente público.

Em relação ao direito administrativo brasileiro, julgue o item que se segue.

8) O poder de polícia fundamenta-se em vínculo geral que existe entre a administração pública e os administrados e visa à satisfação do interesse público; por isso, pode incidir sobre qualquer direito do cidadão sem causar ofensa aos direitos fundamentais previstos no ordenamento jurídico, desde que respeite os princípios constitucionais da administração.

Em relação ao direito administrativo brasileiro, julgue o item que se segue.

Considere a seguinte situação hipotética. Certa empresa era concessionária de serviço público de telefonia. Por motivos técnicos, divulgou, pela imprensa oficial e em veículos de imprensa de grande alcance, que determinadas centrais telefônicas ficariam inoperantes durante algumas horas em dia próximo, a fim de que, nelas, se fizessem serviços de manutenção preventiva. 9) Nessa situação, a despeito das cautelas adotadas pela empresa, é juridicamente correto afirmar que houve ofensa ao princípio da continuidade dos serviços públicos, o que, por sua vez, poderia justificar a aplicação de penalidade à empresa por parte do poder concedente.

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Em relação ao direito administrativo brasileiro, julgue o item que se segue.

10) Considere a seguinte situação hipotética. Em determinado município, o prefeito deliberou ampliar o hospital público, que não mais atendia à demanda dos munícipes. O promotor de justiça da comarca, após instaurar inquérito civil e não ter sucesso em recomendação que enviou à prefeitura, ajuizou ação civil pública procurando demonstrar que, apesar da necessidade da ampliação do hospital, o município carecia muito mais da construção de novas escolas. Dessa maneira, a ação buscava demonstrar que seria mais oportuna e conveniente a utilização dos recursos públicos na educação e não na saúde. Nessa situação, poderia o juiz de direito da comarca, se julgasse procedente o pedido da ação, revogar a decisão do prefeito e determinar à municipalidade a construção das escolas.

Em relação ao direito administrativo brasileiro, julgue o item que se segue.

11) A legislação dos servidores públicos civis da União (Lei n.º 8.112 /1990) não trata de casos de vitaliciedade, mas, sim, de estabilidade, pois aqueles são previstos na própria Constituição da República.

Em relação ao direito administrativo brasileiro, julgue o item que se segue.

12) O policial integrante do DPF não pode dele afastar-se para prestar serviço a nenhum outro órgão público, salvo mediante autorização do diretor-geral daquele; por outro lado, em caso de emergente necessidade da segurança nacional ou manutenção da ordem, o policial pode ter suspendido o gozo de férias, das quais usufruirá oportunamente.

Escrivão/2004 - Regionalizado Com relação ao poder de polícia, julgue o item abaixo. 13) Incide sobre pessoas e atividades, mas não sobre bens.

Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir. 14) Atos decorrentes de lei declarada inconstitucional não acarretam a obrigação de indenizar.

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Súmula n.º 473 do Supremo Tribunal Federal.

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Tendo como referência inicial o texto acima, julgue os itens seguintes. 15) A administração pode revogar o ato ineficiente.

16) O ato ilegal anulado gera direito a indenização.

Mário, servidor público federal estável, foi aprovado em concurso público e nomeado para o novo cargo igualmente regido pelo Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União. A respeito dessa situação hipotética, julgue o item subseqüente. 17) Caso seja reprovado no estágio probatório, Mário será exonerado.

No que se refere aos serviços públicos, bem como à concessão e à permissão de serviço público, julgue os itens a seguir. 18) Os serviços públicos de competência municipal são enumerados taxativamente na Constituição Federal de 1988.

19) O concessionário não se pode opor à encampação, sob o fundamento de direito adquirido.

Com relação às entidades políticas, julgue o item que se segue. 20) A União, os estados e os municípios são pessoas jurídicas de direito público. Nacional 2004

Acerca do direito administrativo, julgue os itens a seguir. 21) Considerando que a Polícia Federal integra a administração pública federal e que as polícias civis integram a administração dos estados, é correto afirmar que um agente de polícia federal é hierarquicamente superior a um agente de polícia civil.

22) Considerando que o Departamento de Polícia Federal (DPF) é um órgão do Ministério da Justiça, se for editada uma lei determinando que o DPF passará a ser órgão da Presidência da República, ele deixará de fazer parte da administração federal indireta e passará a integrar a administração direta da União.

23) Considerando que a Constituição da República determina que a lavra de recursos minerais somente poderá ser efetuada mediante autorização ou concessão da União, é correto afirmar que a expedição de autorização de lavra de recurso mineral é um ato administrativo que configura exercício de poder de polícia.

A respeito do direito administrativo, julgue os itens que se seguem. 24) Tem direito a licença paternidade um escrivão de polícia federal que adota criança de sete anos de idade.

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25) A legislação garante aos escrivães de polícia federal o direito de aposentar-se, com proventos integrais, aos trinta anos de contribuição.

26) Tem direito a receber ajuda de custo um escrivão de polícia federal removido, a pedido, de Brasília – DF para Florianópolis – SC.

Mário ocupava há 5 anos cargo público de analista judiciário no Superior Tribunal de Justiça quando foi nomeado para o cargo de escrivão de polícia federal. Um ano após tomar posse e entrar em exercício no novo cargo, Mário teve sérias dúvidas quanto a continuar exercendo as funções de escrivão. Para pensar melhor, solicitou a concessão de licença para tratar de interesses particulares. Tal pedido, porém, foi prontamente indeferido pela administração, com base no fato de Mário ainda encontrar-se em estágio probatório. Mário, então, solicitou a sua recondução ao cargo de analista judiciário anteriormente ocupado. Tendo em vista essa situação hipotética, julgue os itens que se seguem, considerando que os escrivães de polícia federal são ocupantes de cargo público federal. 27) A posse de Mário no cargo de escrivão acarretou a vacância do cargo de analista judiciário que ele ocupava.

28) Teria sido ilícita a concessão a Mário da licença para tratar de interesses particulares por ele solicitada.

29) Seria lícito o deferimento do pedido de recondução de Mário ao cargo de analista judiciário que ele anteriormente ocupava.

Em razão de seu cargo, um escrivão de polícia federal soube que, na semana que vem, será realizada uma operação voltada à prisão de integrantes de uma quadrilha ligada à prática de descaminho. Apesar de saber que tal fato deveria ser mantido em sigilo, o referido escrivão revelou o local e a hora da operação a um jornalista, de modo a possibilitar cobertura jornalística ao vivo das prisões. Tendo em vista essa situação hipotética, julgue o item a seguir.

30) Considere que o motivo de o escrivão ter revelado as informações foi o fato de o referido jornalista ter-lhe pago dinheiro para ser avisado, com antecedência, de operações policiais que provavelmente despertariam interesse da opinião pública. Nessa situação, o escrivão teria praticado ato de improbidade administrativa punível com sanções entre as quais estão a perda da função pública, a perda do dinheiro recebido do jornalista, a suspensão temporária de direitos políticos e o pagamento de multa civil.

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Em razão de seu cargo, um escrivão de polícia federal soube que, na semana que vem, será realizada uma operação voltada à prisão de integrantes de uma quadrilha ligada à prática de descaminho. Apesar de saber que tal fato deveria ser mantido em sigilo, o referido escrivão revelou o local e a hora da operação a um jornalista, de modo a possibilitar cobertura jornalística ao vivo das prisões.

Tendo em vista essa situação hipotética, julgue o item a seguir.

31) Mesmo que o escrivão houvesse revelado a informação ao jornalista de maneira gratuita e somente com o objetivo de conferir maior visibilidade às ações da polícia federal, ele teria praticado infração administrativa punível com pena de demissão.

No item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.

32) André foi aprovado em concurso público para provimento de cargo de escrivão de polícia federal, tendo sido recentemente nomeado. Porém, André não tem interesse em assumir imediatamente o cargo porque atualmente exerce cargo comissionado que lhe confere rendimento maior.

Nessa situação, a legislação garante a André o direito de abdicar de sua nomeação e assumir a posição do último colocado entre os candidatos aprovados no referido concurso. No item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.

Nelson foi recentemente contratado pela União para exercer função pública mediante contrato por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. 33) Nessa situação, Nelson ocupa emprego público.

PF/Papiloscopista

No que se refere ao direito administrativo, julgue o item abaixo.

34) O direito administrativo disciplina integralmente todos os aspectos jurídicos da prestação de serviços ao Estado dos agentes públicos em geral.

No que se refere ao direito administrativo, julgue o item abaixo.

35) No exercício do poder hierárquico, o superior, em certas circunstâncias, pode tanto avocar a prática de determinado ato quanto, ele próprio, aplicar sanções punitivas a seus subordinados.

No que se refere ao direito administrativo, julgue o item abaixo.

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36) Se um servidor do Departamento de Polícia Federal, no exercício da função, cometer ato que, simultaneamente, cause dano patrimonial a um cidadão, constitua crime e esteja previsto na Lei da Improbidade Administrativa, a União poderá ser processada para indenizar o lesado, cabendo ação regressiva contra o servidor; este poderá, ainda, sofrer a pena aplicada em virtude de processo-crime decorrente do ato e poderá vir a ser condenado em ação específica, ajuizada para punir a improbidade administrativa, com reflexos até em seus direitos políticos.

No que se refere ao direito administrativo, julgue o item abaixo.

37) O presidente da República pode, ao regulamentar uma lei, estatuir todos os direitos e deveres necessários ao cumprimento da lei regulamentada, ainda que nela não tenham sido expressamente previstos.

No que se refere ao direito administrativo, julgue o item abaixo.

38) Nas concessões de serviço público, o descumprimento dos deveres do concessionário, regularmente apurado, pode ensejar a retomada do serviço por parte do poder concedente, por meio da encampação até dos bens e da maquinaria empregados no serviço.

Em relação ao direito administrativo, julgue o item que se segue.

39) Quando a lei admite que a autoridade administrativa pratique ato administrativo com base no poder discricionário, a autoridade poderá estabelecer a competência para a prática do ato.

Em relação ao direito administrativo, julgue o item que se segue.

40) Se um cidadão não-integrante da administração pública auferir benefício em razão de ato de improbidade perpetrado por dirigente de autarquia, aquele poderá figurar no pólo passivo do processo derivado da improbidade, mesmo em face da condição sua de particular.

Em relação ao direito administrativo, julgue o item que se segue.

41) O agente público somente poderá ser responsabilizado judicialmente por ato de improbidade se houver completa tipificação do ato no Código Penal e na legislação penal especial.

Em relação ao direito administrativo, julgue o item que se segue.

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42) Não pode a lei instituidora de uma empresa pública autorizar, também, a criação de uma subsidiária dela.

PF/2004/Papiloscopista Acerca do controle e da responsabilização da administração pública, e com relação ao regime jurídico dos servidores públicos federais, julgue o item a seguir. 43) O Departamento de Polícia Federal (DPF), por estar inserido na estrutura do Poder Executivo, não pode sujeitar-se à fiscalização mediante controle externo, exercida pelo Congresso Nacional, quanto à legalidade, legitimidade e economicidade.

Acerca do controle e da responsabilização da administração pública, e com relação ao regime jurídico dos servidores públicos federais, julgue o item a seguir. Considere a seguinte situação hipotética.

44) Um papiloscopista em exercício no DPF, em virtude de anterior desentendimento decorrente do exercício funcional, promoveu manifestação de desapreço a subordinado seu no recinto da repartição. Nessa situação, comprovada a transgressão em devido processo legal administrativo, poderá ser aplicada ao agente a penalidade disciplinar de remoção de lotação a bem do serviço público.

Acerca do controle e da responsabilização da administração pública, e com relação ao regime jurídico dos servidores públicos federais, julgue o item a seguir. 45) Ao servidor não é permitido atuar, como procurador ou intermediário, em repartições públicas, para tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau e de cônjuge ou companheiro.

Julgue o item a seguir, considerando o regime constitucional do Estado, do governo, da administração e dos serviços públicos.

46) Incumbe ao poder público, diretamente, a prestação de serviços públicos. A Constituição da República admite que tal prestação também se dê sob regime de concessão ou permissão, mas, nesses casos, sempre mediante licitação.

Julgue o item a seguir, considerando o regime constitucional do Estado, do governo, da administração e dos serviços públicos.

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47) Prevê-se expressamente que a administração pública deve obedecer aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, economicidade e probidade.

Julgue o item a seguir, considerando o regime constitucional do Estado, do governo, da administração e dos serviços públicos.

48) O controle externo da atividade policial deve ser exercido pelo Ministério Público, tendo em vista o respeito aos fundamentos do estado democrático de direito, aos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, aos princípios informadores das relações internacionais, bem como aos direitos assegurados na Constituição Federal e na lei; a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio público; a prevenção e a correção de ilegalidade ou de abuso de poder; a indisponibilidade da persecução penal; e a competência dos órgãos incumbidos da segurança pública.

Julgue o item a seguir, considerando o regime constitucional do Estado, do governo, da administração e dos serviços públicos.

49) Na denominada reforma administrativa, em 1998, inseriu-se na Constituição Federal dispositivo prevendo que a autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade. Esse dispositivo foi saudado como de invulgar sapiência pela doutrina, porque possibilita à pessoa jurídica de direito público a utilização de avançado instrumento de gestão democrática.

No que se refere à disciplina dos poderes administrativos e à organização administrativa da União, julgue o item subseqüente.

50) Do mandamento legal preconizando que qualquer do povo poderá e que as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem for encontrado em flagrante delito, decorre que o ato administrativo de polícia é facultativo para o particular. Essa espécie de ato administrativo admite coerção estatal para torná-lo efetivo independentemente de autorização judicial. Mas autorização para emprego de força física não legitima excesso de violência desnecessária ou desproporcional à resistência, razão por que, nesse caso, pode configurar-se excesso de poder e abuso de autoridade nulificadores do ato praticado e ensejadores de ações civis e criminais para reparação do dano e punição dos culpados.

No que se refere à disciplina dos poderes administrativos e à organização administrativa da União, julgue o item subseqüente.

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51) Autorização é uma espécie de ato administrativo que se baseia no poder de polícia do Estado. É ato unilateral, discricionário e precário pelo qual a administração faculta ao particular o uso privativo de bem público, ou o desempenho de atividade material, ou a prática de ato que, sem esse consentimento, seria legalmente proibido, e cujo exemplo clássico é o porte de arma.

Julgue o item a seguir, considerando a disciplina jurídica a que estão submetidos os agentes públicos.

52) Ato de agente público praticado com desvio de finalidade ou é consumado às escondidas ou se apresenta disfarçado sob a capa da legalidade e do interesse público. Por isso a doutrina e a jurisprudência, em uníssono, afirmam que o desvio de finalidade há de ser surpreendido e identificado por indícios e circunstâncias que revelem a distorção do fim legal, substituído habilidosamente por fins ilegais ou imorais não desejados pelo legislador. Trata-se da aplicação da consagrada expressão "indícios vários e concordantes são prova", já que prova inequívoca, nessas condições, só seria possível mediante confissão, algo absolutamente improvável em um processo.

Julgue o item a seguir, considerando a disciplina jurídica a que estão submetidos os agentes públicos.

53) A responsabilidade civil do servidor decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores, e, tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor ou o sucessor, perante a fazenda pública, em ação regressiva.

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QUESTÕES COMENTADAS

Isso aí Galerinha! Vejam o desempenho abaixo.

Lá no Tec Concursos (www tec concursos com br) comentei outros 500 itens de Cespe, rsrs...Divirtam-se.

A gestão da administração é tema dos mais instigantes, vindo à tona com a reforma da administração pública brasileira impulsionada pela Emenda Constitucional n.º 19/1998. A introdução, no ordenamento jurídico brasileiro, das agências executivas e das organizações sociais representou significativa mudança na estrutura e no modo da administração pública no Brasil. Associada a isso, a previsão da descentralização dos serviços públicos, por meio de convênios de transferência entre os entes federados, deu uma nova dinâmica ao modo de conduzir os serviços públicos. É possível dizer que as agências executivas e as organizações sociais, por meio do contrato de gestão, instalaram uma nova era na administração pública do Brasil.

Christine Oliveira Peter da Silva. A reforma administrativa e a Emenda n.º 19/1998: uma análise panorâmica. In: Revista Jurídica Virtual (com adaptações).

Acerca das organizações sociais, mencionadas no texto acima, julgue o item seguinte.

54) As organizações sociais se encaixariam naquilo que o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado denomina de serviços exclusivos, que são aqueles que, por envolver o poder de Estado, o próprio Estado realiza ou subsidia. O Estado tem interesse nesses serviços porque os considera de alta relevância para os direitos humanos ou porque envolvem economias externas.

Comentários:

O item está ERRADO.

As entidades de colaboração com o Poder Público, especialmente as paraestatais, são integrantes do Terceiro Setor (3º setor). Isso mesmo, não são entidades componentes da Administração Pública (direta ou indireta), e, portanto, não integrantes do núcleo dos serviços exclusivos.

As paraestatais se localizam no chamado 3º setor (o 1º é o Estado – núcleo estratégico e serviços exclusivos; o 2º, o mercado), logo, chamado por ser composto por sociedades civis de fins públicos não lucrativos (atividades competitivas ou serviços não exclusivos, como saúde, cultura, educação etc.).

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55) As organizações sociais são um modelo de parceria entre o Estado e a sociedade, regulado por meio dos contratos de gestão. O Estado continuará a fomentar as atividades geridas pelas organizações sociais publicizadas e exercerá sobre elas um controle estratégico: lhes cobrará os resultados necessários à consecução dos objetivos das políticas públicas.

Comentários:

O item está CERTO.

No Plano Diretor da Reforma, as entidades paraestatais são designadas por “públicas não estatais”: públicas, por que prestam atividades de interesse público e não estatais por não comporem a Administração Pública direta ou indireta.

Trata-se, na realidade, de verdadeiros parceiros públicos (e não delegatários de serviços públicos. De olho nisso em prova!). Desse modo, são regidas por normas do direito privado, parcialmente derrogadas por normas do direito público em situações específicas (leia-se: há influências de normas de direito público no âmbito dessas Entidades), quando, por exemplo, sujeitam-se ao controle pelo Tribunal de Contas, conforme a origem dos recursos. Destaque-se que, como requisito para ser uma paraestatal, a entidade em questão não pode ter o intuito lucrativo e a atividade deve ser lícita.

De acordo com a doutrina majoritária, as paraestatais são divididas em:

I) Serviços Sociais Autônomos (o sistema “S”);

II) Organizações Sociais – OS;

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III) Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP; e

IV) Fundações de Apoio.

As Organizações Sociais - OS são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas, em regra, por iniciativa de particulares, qualificadas pelo Poder Executivo como OS e cujas atividades se destinem taxativamente às seguintes atividades: pesquisa científica; desenvolvimento tecnológico; meio ambiente; cultura; preservação e conservação do meio ambiente; e saúde.

56) As organizações sociais são uma inovação constitucional, pois representam uma nova figura jurídica. Fazem parte da administração pública, embora constituam pessoas jurídicas de direito privado. A grande novidade repousa mesmo na sua constituição mediante decreto executivo.

Comentários:

Há só quatro ERROS na questão!

O primeiro erro é que as organizações sociais não são sequer citadas pelo texto constitucional. São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, e, portanto, não são novas pessoas jurídicas. E, por fim, não integram a Administração do Estado, sendo integrantes do Terceiro Setor, e são qualificadas por meio de Decreto e não constituídas.

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OS

Contrato de Gestão

Serviço público de interesse social

Ato Discricionário

PODEM receber servidores públicos por cessão especial

Podem receber APENAS recursos públicos

Qualificada por Decreto do Chefe do Executivo

Desqualifica-se pelo descumprimento no Contrato de Gestão

Conselho de Administração

57) Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de gestão da administração federal com uma organização social, ao tomarem conhecimento da prática de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem pública por essa organização social, deverão dar ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.

Comentários:

O item está CERTO.

É muito comum as organizadoras tentarem confundir a responsabilidade subsidiária (algo do tipo: responde depois) com a responsabilidade solidária (responde em conjunto). No caso, em não havendo comunicação da irregularidade aos órgãos de controle (TCU, na esfera federal, por exemplo), a responsabilidade dos responsáveis será solidária.

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58) Não se deve entender o modelo proposto para as organizações sociais como um simples convênio de transferência de recursos. Os contratos e as vinculações mútuas serão mais profundos e permanentes, uma vez que as dotações destinadas a essas instituições integrarão o orçamento da União, cabendo a elas um papel central na implementação das políticas sociais do Estado.

Comentários:

O item está CERTO.

O contrato celebrado entre a Organização Social e o Poder Público é o de gestão. Nos termos da doutrina, o contrato de gestão mais se assemelha à relação de convênio, haja vista a natureza não oposta dos interesses (mútua colaboração), mas de natureza mais duradoura e profunda.

As Organizações Sociais podem receber verbas públicas para o desempenho de suas atividades, enfim, o Poder Público pode ou não fomentá-las. Mas, quando do fomento, haverá dotação orçamentária específica.

Acerca do direito constitucional e do direito administrativo, julgue o seguinte item.

59) Se a administração pública praticar ato que satisfaça a interesse seu mas que desatenda ao fim especificamente previsto na lei autorizadora do ato, terá havido ofensa ao princípio da finalidade, por desvio desta.

Comentários:

O item está CERTO.

O abuso de poder é gênero que comporta as espécies excesso de poder e desvio de finalidade. No excesso de poder, o agente público atua fora dos limites de sua competência ou de forma não proporcional. No desvio de poder, por sua vez, o agente público, conquanto competente, age perseguindo interesse alheio ao previsto na norma.

Por exemplo: o município X institui Zona Roxa para regulamentar o uso do espaço urbano, e passa a cobrar dois reais pela permanência de duas horas. No caso, a referida Zona justifica-se tendo em vista o número grande de transeuntes quando comparado com o número de vagas. Percebendo que a atividade é geradora de renda, decidi estender para áreas inclusive desabitadas. Perceba que, nesse caso, apesar de a

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arrecadação atender o interesse público, a instituição da região foi em desvio de finalidade, por não se destinar a simples regulamentação do uso do espaço público.

Acerca do direito constitucional e do direito administrativo, julgue o seguinte item.

Considere as seguintes situações hipotéticas.

O funcionário público Aristóteles, que ocupava determinado cargo público, dele pediu exoneração, por haver sido aprovado em concurso público promovido pelo DPF. A funcionária pública Ceres, no exercício da função, contraiu moléstia grave e veio a falecer. O funcionário público Juscelino, por sua vez, foi promovido para cargo mais elevado na carreira de que fazia parte.

60) Em cada uma das situações, houve vacância do cargo antes ocupado pelo funcionário; nos dois primeiros casos, ela deu-se com extinção do vínculo, ao contrário do último, em que houve manutenção do vínculo. No caso do funcionário Aristóteles, a vacância ocorreu por vontade do agente público.

Comentários:

O item está CERTO.

A exoneração, o falecimento e a promoção são formas de vacância. A promoção é, também, forma de provimento, é o que a doutrina reconhece como forma simultânea de vacância e provimento.

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Tratando-se de exoneração, há o rompimento do vínculo com a Administração. De regra, é sugerido ao servidor estável requerer posse em outro cargo não acumulável, forma de vacância que mantém íntegro o vínculo com a Administração, permitindo, por exemplo, no caso de desistência de estágio probatório ou sua inabilitação, a recondução do servidor ao cargo anterior.

No falecimento, à semelhança da exoneração, há o rompimento do vínculo. Isso mesmo. Por mais que o servidor ame ser servidor público, não tem jeito, vai largar o cargo, almas não podem prover cargos.

Em relação ao direito administrativo brasileiro, julgue o item que se segue.

61) O poder de polícia fundamenta-se em vínculo geral que existe entre a administração pública e os administrados e visa à satisfação do interesse público; por isso, pode incidir sobre qualquer direito do cidadão sem causar ofensa aos direitos fundamentais previstos no ordenamento jurídico, desde que respeite os princípios constitucionais da administração.

Comentários:

O item está ERRADO.

Questão bem interessante. Pensa rápido: qual é a restrição, condicionamento que o Estado impõe à criação de peixes de aquários, no caso, peixinhos

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inofensivos? Nenhum! Qual a limitação imposta pelo Estado para a criação de um poodle em apartamento? Nenhuma.

Ou seja, não é qualquer direito que sofrerá a incidência do Poder de Polícia. O reflexo do Poder de Polícia é sobre direitos que possam, quando exercidos, oferecer prejuízos a terceiros. Por exemplo: ao passear com cães de grande porte em Praças é oportuno, por exemplo, a colocação de focinheiras.

Em relação ao direito administrativo brasileiro, julgue o item que se segue.

Considere a seguinte situação hipotética.

Certa empresa era concessionária de serviço público de telefonia. Por motivos técnicos, divulgou, pela imprensa oficial e em veículos de imprensa de grande alcance, que determinadas centrais telefônicas ficariam inoperantes durante algumas horas em dia próximo, a fim de que, nelas, se fizessem serviços de manutenção preventiva.

62) Nessa situação, a despeito das cautelas adotadas pela empresa, é juridicamente correto afirmar que houve ofensa ao princípio da continuidade dos serviços públicos, o que, por sua vez, poderia justificar a aplicação de penalidade à empresa por parte do poder concedente.

Comentários:

O item está ERRADO.

O princípio da continuidade determina que os serviços públicos não podem sofrer solução de continuidade, não podem ser interrompidos. No entanto, há três exceções registradas na Lei 8.987, de 1999 (Lei de Concessões de Serviços Públicos). A primeira são as situações de emergência, que, inclusive, independem, por lógico, de prévia notificação aos usuários. A segunda e terceira exceções dependem de notificação prévia, são elas: a falta de pagamento pelo usuário e a interrupção por motivação técnica (exemplo da manutenção preventiva do sistema, como no item ora analisado).

Em relação ao direito administrativo brasileiro, julgue o item que se segue.

63) Considere a seguinte situação hipotética. Em determinado município, o prefeito deliberou ampliar o hospital público, que não mais atendia à demanda dos munícipes. O promotor de justiça da comarca, após instaurar inquérito civil e não ter sucesso em recomendação que enviou à

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prefeitura, ajuizou ação civil pública procurando demonstrar que, apesar da necessidade da ampliação do hospital, o município carecia muito mais da construção de novas escolas. Dessa maneira, a ação buscava demonstrar que seria mais oportuna e conveniente a utilização dos recursos públicos na educação e não na saúde. Nessa situação, poderia o juiz de direito da comarca, se julgasse procedente o pedido da ação, revogar a decisão do prefeito e determinar à municipalidade a construção das escolas.

Comentários:

O item está ERRADO.

Há dois erros.

O primeiro é gritante. O Poder Judiciário, na ordem constitucional em vigor, não pode, de forma alguma, REVOGAR atos da Administração Pública. O ato de revogação é privativo do produtor. Assim, competiria, exclusivamente, à Prefeitura, segundo critérios de conveniência e oportunidade, revogar o ato.

O segundo erro é mais sutil. O Poder Judiciário não pode se imiscuir (interferir) no mérito administrativo. Se há previsão no orçamento para construção de hospital ou sua ampliação e para construção de novas escolas, a escolha do objeto (da execução, em si) fica sob o arbítrio político do chefe do Executivo.

Em relação ao direito administrativo brasileiro, julgue o item que se segue.

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64) A legislação dos servidores públicos civis da União (Lei n.º 8.112 /1990) não trata de casos de vitaliciedade, mas, sim, de estabilidade, pois aqueles são previstos na própria Constituição da República.

Comentários:

O item está CERTO.

Quanto ao grau de proteção, os cargos públicos podem ser classificados em: vitalícios, efetivos e comissionados. No caso, a listagem está em ordem decrescente de segurança e independência.

Com outras palavras, os cargos vitalícios, previstos, exclusivamente, na CF, de 1988 (magistrados, membros do MP e dos TCs), são os que, depois de preenchidos determinados requisitos, garantem ao seu detentor a vitaliciedade, a qual só pode ser perdida depois de sentença judicial transitada em julgado.

Os efetivos garantem a seus detentores, observados os requisitos constitucionais, a estabilidade, a qual, entre outras situações, pode ser perdida no caso de processo administrativo e judicial.

E, por fim, os comissionados não garantem qualquer proteção, são considerados “ad nutum”, ou seja, o cargo pode ser perdido a qualquer momento sem que haja necessidade de, inclusive, prévia motivação.

Em relação ao direito administrativo brasileiro, julgue o item que se segue.

65) O policial integrante do DPF não pode dele afastar-se para prestar serviço a nenhum outro órgão público, salvo mediante autorização do diretor-geral

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daquele; por outro lado, em caso de emergente necessidade da segurança nacional ou manutenção da ordem, o policial pode ter suspendido o gozo de férias, das quais usufruirá oportunamente.

Comentários:

O item está ERRADO.

Na Lei 4.878, de 1965, no art. 11, é previsto:

Art. 11. O funcionário policial não poderá afastar-se de sua repartição para ter exercício em outra ou prestar serviços ao Poder Legislativo ou a qualquer Estado da Federação, salvo quando se tratar de atribuição inerente à do seu cargo efetivo e mediante expressa autorização do Presidente da República ou do Prefeito do Distrito Federal, quando integrante da Polícia do Distrito Federal.

O erro, portanto, é que a autorização não é do diretor-geral. O ato de afastamento do policial é pelo Presidente da República.

Escrivão/2004 - Regionalizado

Com relação ao poder de polícia, julgue o item abaixo.

66) Incide sobre pessoas e atividades, mas não sobre bens.

Comentários:

O item está ERRADO.

O poder de polícia é exercido, basicamente, em duas áreas de atuação: a administrativa e a judiciária. Dentre as distinções, destaca-se, quanto à área de incidência, o fato de a polícia judiciária incidir sobre as pessoas, e a administrativa, sobre bens, direitos e atividades.

Perceba que o enunciado não diz nada se trata da polícia judiciária ou administrativa. Nesse caso, costumo orientar que o candidato pense em polícia administrativa. Isso mesmo. Em havendo omissão, a banca está pensando em polícia administrativa.

Nesse contexto, fica fácil identificar o erro. A polícia administrativa não incide sobre pessoas e incide sobre os bens.

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No entanto, ainda que o candidato pense de forma ampla, enfim, pense em polícia judiciária e administrativa, ainda assim o item estaria incorreto, afinal a administrativa incide sobre bens.

Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item a seguir.

67) Atos decorrentes de lei declarada inconstitucional não acarretam a obrigação de indenizar.

Comentários:

O item está CERTO.

Em termos de responsabilidade civil do Estado, a regra é que não há responsabilidade seja pelos atos legislativos, seja pela atividade jurisdicional. No entanto, para toda boa regra, a doutrina nos brinda com exceções.

Tratando-se de atos judiciais, a CF, de 1988, prevê que o Estado deverá indenizar o particular pelo erro judiciário, assim entendido a condenação indevida e a prisão além do prazo previsto na sentença.