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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA EXIBILIDADE DA NOTA PROMISSÓRIA DADA NO CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito na Universidade do Vale do Itajaí ACADÊMICO: FABRÍCIO SILVA DE ALMEIDA São José (SC), junho de 2005.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

EXIBILIDADE DA NOTA PROMISSÓRIA DADA NO CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Direito na Universidade do Vale do Itajaí

ACADÊMICO: FABRÍCIO SILVA DE ALMEIDA

São José (SC), junho de 2005.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

EXIBILIDADE DA NOTA PROMISSÓRIA DADA NO CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito, sob orientação do Prof. Esp. Carlos Alberto Luz Gonçalves.

ACADÊMICO: FABRÍCIO SILVA DE ALMEIDA

São José (SC), junho de 2005.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – CES VII CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA

EXIBILIDADE DA NOTA PROMISSÓRIA DADA NO CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO

FABRÍCIO SILVA DE ALMEIDA

A presente monografia foi aprovada como requisito para a obtenção do grau de bacharel em Direito no curso de Direito na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.

São José, 15 de junho de 2005.

Banca Examinadora:

_______________________________________________________ Prof. Esp. Carlos Alberto Luz Gonçalves - Orientador

_______________________________________________________ Prof. «título, se houver» «Nome» - Membro

_______________________________________________________ Prof. «título, se houver» «Nome» - Membro

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Ao meu pai, Pio Vanderlei de Almeida (in

memorian) de quem tenho apenas boas e eternas

lembranças; a minha mãe, Almerita Silva de Almeida,

genitora, matriarca, causa, origem e fonte de luz, por tudo

que foi, é, e sempre será para mim; aos meus irmãos e

amigos de todas as horas, pela compreensão, apoio e

força desferida. Obrigado Deus!

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“O homem que sabe o que quer já percorreu um

longo caminho”

(Anônimo)

“Nunca é tarde para você ser o que poderia ter

sido”

(Winston Churchill)

“Viva cada momento da sua vida como se fosse o

último, um dia você acerta”

(Adaptação de um ditado polonês)

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................... 7

ABSTRACT .......................................................................................................... 8

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................ 9

INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

1. CONTRATOS BANCÁRIOS ............................................................................ 11

1.1. GENERALIDADES ........................................................................................ 11

1.2. NATUREZA DOS CONTRATOS BANCÁRIOS ............................................ 13

1.3. PRINCÍPIOS QUE REGEM OS CONTRATOS ............................................. 15

1.3.1. Princípio da obrigatoriedade ....................................................................... 15

1.3.2. Princípio do consensualismo ...................................................................... 16

1.3.3. Autonomia da vontade ................................................................................ 17

1.3.4. Função social do contrato .......................................................................... 18

1.4. CONTRATOS DE ADESÃO .......................................................................... 19

1.5. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO ................................................. 23

1.5.1. Conceito ...................................................................................................... 24

1.5.2. Classificação ............................................................................................... 26

1.5.3. Etapas da abertura de crédito .................................................................... 28

1.5.4. Característica .............................................................................................. 28

1.5.5. Extinção do contrato ................................................................................... 29

2. NOTA PROMISSÓRIA ...................................................................................... 31

2.1. TÍTULOS DE CRÉDITO ................................................................................ 31

2.1.1. Conceito ...................................................................................................... 31

2.1.2. Princípios do direito cambiário .................................................................... 34

2.1.2.1. Literalidade .............................................................................................. 34

2.1.2.2. Cartularidade ............................................................................................ 34

2.1.2.3. Autonomia ............................................................................................... 35

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2.1.2.4. Abstração ................................................................................................ 36

2.1.3. Classificação dos títulos de crédito ............................................................ 37

2.1.4. Espécies de títulos de crédito ..................................................................... 40

2.1.4.1. Letra de Câmbio ...................................................................................... 40

2.1.4.2. Cheque .................................................................................................... 41

2.1.4.3. Duplicatas ............................................................................................... 42

2.2. CONCEITO DE NOTA PROMISSÓRIA ........................................................ 43

2.3. BREVE RELATO HISTÓRICO ....................................................................... 45

2.4. O FORMALISMO ........................................................................................... 46

2.5. OS REQUISITOS ESSENCIAIS .................................................................... 48

2.6. NOTA PROMISSÓRIA EM BRANCO ............................................................ 51

3. A VINCULAÇÃO DA PROMISSÓRIA AOS CONTRATOS BANCÁRIOS ....... 53

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 62

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 64

ANEXOS .............................................................................................................. 66

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RESUMO

Tendo observado o indeferimento de inúmeras Execuções, fundadas em Nota Promissória vinculada a contrato de Abertura de Crédito, apesar de apresentarem-se, em sua grande maioria, assinados por duas testemunhas, a jurisprudência pacificou entendimento em não classificar esses Títulos como Executivo Extrajudicial. As instituições financeiras constituem vantagem manifestamente excessiva, ao exigirem Nota Promissória como garantia nos contratos de operação de crédito, além das outras garantias de praxe. Este título cambial estaria provida das suas essenciais características de autonomia, abstração e literalidade, para manter-se no rol dos Títulos Executivos Extrajudiciais? Neste trabalho faz-se uma analise doutrinária e jurisprudencial, quanto à exigibilidade e validade da Nota Promissória vinculada pelos bancos em garantia nas operações de crédito bancário no contrato de abertura de crédito. Estará especificando o contrato de abertura de crédito, baseado nos princípios tradicionais que regem os contratos, seus fundamentos e princípios. PALAVRAS-CHAVE: contrato bancário, abertura de crédito, garantia, título de crédito, nota promissória, iliquidez, autonomia.

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ABSTRACT

Having observed the denial of innumerable Executions, established in Promissory note tied to the Credit Opening agreement, even though they are presented, on its great majority, signed by two witnesses, the jurisprudence pacified agreement in not classifying these Headings as Executive Extra-judicial. The financial institutions constitute extreme advantage when they demand Promissory Note as a guarantee in the credit opening contracts, besides other custom guarantees. Would this exchange heading be provided with its main characteristics of autonomy, abstraction and literality, to remain itself in the roll of Extra-judicial Executive Headings? In this work it will be done a doctrinaire and a jurisprudence analyze, about the liability and validity of the Promissory Note tied by the banks as a guarantee of the bank credit operations in the credit opening agreement. It will be specified the opening credit agreement, based on the traditional principles that deal the contracts, its beddings and principles. KEY-WORDS – banking contract, credit opening, guarantee, heading of credit, promissory note, non-liquidity, autonomy.

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LISTA DE ABREVIATURAS

CC Código Civil CPC Código de Processo Civil LUG Lei Uniforme de Genebra Min. Ministro RE Recurso Extraordinário Rel. Relator REsp Recurso Especial SC Santa Catarina STF Supremo Tribunal Federal STJ Superior Tribunal de Justiça T. Turma

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INTRODUÇÃO

A ciência jurídica nos seus múltiplos aspectos, regendo fatos, impregnado

de valoração e dotado de um caráter normativo – garante a convivência social e,

indubitavelmente, também a direciona. (REALE, 1979).

Com a criação, desenvolvimento e a utilização dos contratos bancários,

cada vez mais presentes nos dias de hoje, vêm-se construindo um novo quadro

mundial, muitas vezes complexo, contraditório e confuso. Como conseqüência, tem-

se um momento de grandes mudanças e, por conseguinte, grandes

responsabilidades, o que torna cada vez mais difícil definir, com segurança, quais

serão as tendências que predominarão dentro das relações de consumo, entre

bancos e clientes, esta analisada sob seu aspecto mais amplo.

Eis o enunciado de Súmula do STJ de número 258 publicado do Diário da

Justiça de 24 de setembro de 2001 à página 363: "A nota promissória vinculada a

contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do

título que a originou". Surgiu essa Súmula da controvérsia a respeito da validade ou

não, da nota promissória atrelada a contrato de abertura de crédito pela reconhecida

iliquidez desse último.

Prevê o inciso II, do artigo 585, do Código de Processo Civil que são

títulos executivos extrajudiciais os documentos particulares assinados pelo devedor

e subscritos por duas testemunhas, logo, passou-se a acreditar que o instrumento do

referido contrato poderia constituir título executivo extrajudicial, nesse sentido

posicionaram-se vários juristas, favoráveis ou contra esta corrente.

A pesquisa se dará com base nas decisões dos egrégios Tribunais da

região sul do país, e os superiores. Além de doutrinas especializadas acerca do

assunto. Na ocasião não irá se realizar pesquisa de campo, porém, para ilustrar o

tema será utilizado como modelo, que vem anexado neste trabalho, de um contrato

de abertura de crédito, de circulação nos dias atuais pelos bancos do mercado

financeiro.

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1 CONTRATOS BANCÁRIOS

1.1 GENERALIDADES

Os contratos bancários, nos dizeres da doutrinadora Maria Helena Diniz:

[...] são negócios jurídicos em que uma das partes é uma empresa autorizada a exercer atividades próprias de bancos. Assim, esses contratos, apesar de específicos do comércio bancário, poderão ser praticados por comerciantes não-banqueiros. Se efetivados sem a participação de um banco, entrarão nos seus esquemas típicos, porém só serão operações bancárias se uma das partes for um banco. (2003, p.573).

Todo contrato é um fato jurídico. A classificação dos fatos jurídicos é

variada, alterando-se em pouco a essência, e em muito a nomenclatura. Dentro do

gênero fato jurídico, normalmente é enquadrado especificamente como negócio

jurídico.

Pelo ministrado do renomado estudioso Orlando Gomes (2001, p.04),

“negócio jurídico é toda declaração de vontade destinada à produção de efeitos

jurídicos correspondentes ao intento prático do declarante, se reconhecido e

garantido pela lei”.

Assim, deste modo, dentro do âmbito das operações bancárias, os

contratos bancários funcionam como seu esquema jurídico, como fato jurídico

propulsor da relação jurídica obrigacional bancária, gerando direitos subjetivos e

deveres jurídicos.

Conceituar contrato bancário implica em dar-lhe sua nota essencial,

suficientemente restrito para o distinguir dos demais contratos civis e comerciais, e

suficientemente amplo para abarcar todas as atividades historicamente incluídas no

rol bancário. Em essência, o tema é árduo pois, reflete dificuldade de mesma

natureza daquela que sempre se encontrou para distinguir os contratos comerciais

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dos civis, porém agora mais avante, para distinguir contratos bancários dos

comerciais e civis. (DALLAGNOL, 2002).

Uma unanimidade entre os autores é o que não há. Sérgio Carlos Covello

(1999, p.45) localiza a questão afirmando, com propriedade, que se podem adotar

dois critérios fundamentais na conceituação dos contratos bancários: 1) o critério

subjetivo, sendo contrato bancário aquele realizado por um banco; 2) o critério

objetivo, pelo qual é contrato bancário aquele que tem por objeto a intermediação do

crédito.

Estes critérios são insuficientes quando sozinhos, como cita o

mencionado autor: “o primeiro porque o banco realiza contratos que não são

somente ligados a crédito, como de locação, prestação de serviços bancários, etc; o

segundo porque o particular também pode realizar operação creditícia sem que se

configure como bancária”. Adota, então, uma concepção sincrética, recorrendo aos

dois critérios, para conceituar o contrato bancário como “[...] o acordo entre Banco e

cliente para criar, regular ou extinguir uma relação que tenha por objeto a

intermediação do crédito.” (COVELLO, 1999, p.47).

Por outro lado, Aramy Dornelles da Luz adota a definição de contrato

bancário de Garrigues (apud LUZ, 1996, p.36), como um “[...] negócio jurídico

‘concluído por um Banco no desenvolvimento de sua atividade profissional e para a

consecução de seus próprios fins econômicos’”.

Adota o autor acima citado, o critério subjetivo para definição, incluindo as

atividades de prestação de serviços bancários que no conceito objetivo-subjetivo de

Covello restavam excluídas.

Sabiamente observa Dornelles da Luz (1996), o banco múltiplo não pode

ser confundido com o antigo banco comercial, pois o desenvolvimento histórico

conduziu a uma diversificação da atividade bancária, havendo hoje três tipos de

contratos bancários: de moeda e crédito, mistos de crédito e serviço, e de prestação

de serviços. A exigência do critério objetivo elaborado por Covello (1999), deste

ângulo, torna-se excessiva, pois exclui do rol dos contratos bancários atividades

historicamente incorporadas pelos bancos em sua evolução, que são os contratos

de prestação de serviços como o de caixa de segurança, custódia de bens,

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operações de cobrança, etc. Realmente estes contratos, que não raro vinculam-se

às operações de crédito de modo acessório, parecem ter adquirido notas e

peculiaridades de modo a merecerem o tratamento especial das normas bancárias.

(DALLAGNOL, 2002).

De outro plano, a conceituação meramente subjetiva não é suficiente,

como pontuara Covello (1999, p.47), pois o conceito englobaria outros contratos

realizados pelo banco de natureza evidentemente não bancária (como de trabalho,

compra e venda, locação, etc.), por outro lado, a solução científica também não

parece residir em seu critério objetivo. Parece, sim, adequada, a utilização do critério

subjetivo com um "plus", sendo contrato bancário aquele em que o sujeito banco

atua como empresário, no exercício da mercancia enquanto profissão habitual

(excluindo-se os contratos sem as notas da habitualidade, comercialidade e

profissionalidade).

Direciona-se Rodrigues Alves (1996, p.66-67) neste sentido, após criticar

a conceituação com base no critério puramente subjetivo “[...] em verdade, há

operação bancária se existe suporte fático que se traduz empiricamente em

atividades nas quais o banco opera com o cliente, atendendo-se ao fim comercial do

banqueiro”.

1.2 NATUREZA DOS CONTRATOS BANCÁRIOS

O contrato bancário se submete à específica interpretação contratual,

materialmente isonômica. Não há dúvida que os contratos bancários, ou pelo menos

os que envolvem crédito, refletem a natureza, em todos os aspectos, de contratos de

adesão (RIZZARDO, 2000, p.20). Em função de o contrato bancário ter natureza de

contrato de adesão, as regras gerais de interpretação dos contratos civis e

comerciais se tornam insuficientes, vindo a doutrina e a jurisprudência em socorro

preencher tal lacuna. Embora esta não seja propriamente uma característica

intrínseca, é uma projeção do caráter adesivo do contrato bancário, dizendo respeito

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à sua leitura, à sua própria visualização, sendo conveniente tal análise neste

momento.

A instituição financeira – o banco – que tem por finalidade realizar a

mobilização de crédito, também chamada de intermediação de crédito, mediante o

recebimento de capital de quem têm disponível e o fornece a quem dele precisa.

Para atingir seu objetivo, o banco conta com as várias modalidades de operações

bancárias, tem as que o torna ora devedor do cliente, as passivas, que são os

depósitos e aplicações realizadas pelo cliente, ora credor, quanto o crédito é

fornecido pelo banco, as ativas, financiamentos e empréstimos em geral.

(RIZZARDO, 2000, p.18).

O artigo 17 da lei 4.595/64 assim define instituição financeira:

Consideram-se instituições financeiras, para efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas e privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.

Essa atividade é de suma importância para o país, visando um

crescimento econômico do mercado. No Brasil esta atividade é fiscalizada e

supervisionada pelo Banco Central, e por não serem reguladas especificamente,

estão submetidas as determinações emanadas de resoluções e circulares expedidas

por este órgão. (RIZZARDO, 2000, p.18).

Muito se diz, que os contratos bancários refletem a natureza de contratos

de adesão, nesta modalidade os instrumentos são previamente uniformizados e

impressos, deixando apenas algumas lacunas para preenchimento do nome, prazo,

valor mutuado, juros, penalidades e comissões. A uniformização é elemento

imprescindível, é exigência de racionalização da atividade econômica. O modelo

disponibilizado precisa ser invariável para garantir a negociação em massa.

(RIZZARDO, 2000, p.24)

A vontade do predisponente é garantir grande número de aderentes, com

aceitação passiva das condições, sendo invariável o conteúdo do contrato. Deste

modo, as cláusulas em particular devem ser gerais e abstratas, repetindo-se, sem se

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exaurirem, em todos os contratos dos quais sejam o conteúdo normativo e

obrigacional. Também como os contratos, as cláusulas devem ser uniformes, para

garantir a invariabilidade do conteúdo contratual.

Sobre a necessidade de formalização e padronização dos contratos

bancários, faço de suma importância a transcrição das palavras da douta Maria

Helena Diniz (2003, p.574), que orienta:

Como os bancos contratam operações idênticas com um grande número de pessoas, os contratos são feitos mediante formulários com cláusulas gerais e uniformes. Por isso enquadram-se no rol dos contratos de adesão, pelos quais o cliente aceitará in totum as condições avençadas pela instituição bancária, ou se recusará em sua totalidade. A padronização dos contratos bancáriosse deu por intervenção do Estado, por meio do Banco Central, cujas circulares e resoluções fazem com que as operações bancárias sejam praticadas de modo uniforme, pois chegam até a determinar a minuta do contrato. Assim sendo, tais formulários apresentam identidade formal, predeterminação de suas cláusulas e inflexibilidade e rigidez do seu esquema.

1.3 PRINCÍPIOS QUE REGEM OS CONTRATOS

Para o convincente doutrinador Frederico da Costa Carvalho Neto (2003,

p.19), os princípios dos contratos são: a autonomia da vontade, o consensualismo, o

vínculo obrigacional, a relatividade dos efeitos dos contratos, a boa-fé, a liberdade

relativa à forma e a função social do contrato.

1.3.1 Princípio da obrigatoriedade

Por esse princípio o contrato obriga os contratantes, não os obriga no que

um contrato transpuser os limites fixados pela lei, nem os desobriga por convenção

se esta contrair o que está regrado pelo ordenamento jurídico, especialmente no

caso de contrato submetido às regras de lei de ordem pública.

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Este princípio já significou a total submissão das partes as condições por

elas estabelecidas. Já teve força de lei entre as partes – pacta sunt servanda –,

quando havia a presunção de que a fase pré-contratual era presidida pela equidade.

(CARVALHO NETO, 2003, p.19).

Hoje, obriga as partes, mas a lei nega validade, torna sem efeito as

condições que considera abusivas, tornando-as nulas de pleno direito, o que não

quer dizer que as partes não tenham que obter a declaração judicial para que não se

submetam a essas cláusulas.

Efetivada a contratação e desde que não tenha violada nenhuma regra, o

contrato obriga as partes, que só podem controverter acerca das condições

contratuais naquelas hipóteses permissivas da legislação infraconstitucional. O

princípio da obrigatoriedade persiste, mas não transpõe de forma alguma as

disposições legais.

1.3.2 Princípio do consensualismo

Por esse princípio o contrato se forma pelo acordo de vontade das partes.

O princípio do consensualismo consiste na aceitação de que a vontade das partes é

suficiente para gerar o vínculo contratual. Na verdade muitos contratos são verbais e

decorrem do consensualismo. Mas em outros casos, a formalização é essencial.

Contudo só existe o encontro de vontades, no sentido de quererem as partes

contratar, a intenção. (CARVALHO NETO, 2003, p.21).

Para o célebre doutrinador Orlando Gomes

[...] o consentimento – solo consensu – forma os contratos, o que não significa sejam todos simplesmente consensuais, alguns tendo sua validade condicionada à realização de solenidade estabelecidas em lei e outros só se perfazendo se determinada exigência for cumprida. Tais são, respectivamente, os contratos solenes e os contratos reais. (2001, p.35). (grifo do autor)

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Esse princípio não tem o condão de tornar as partes iguais. Até porque o

direito de contratar é uma coisa e o conteúdo do contrato é outra completamente

diversa.

1.3.3 Autonomia da vontade

Este princípio da ampla liberdade era insuperável porque resultante da

exclusiva vontade das partes. E até hoje exerce grande influência se verifica, por

exemplo, as hipóteses de anulação de negócio jurídico no Código Civil. Somente se

anula o contrato se uma das partes pleitear a anulação invocando hipótese de vício

de consentimento ou sociais. (CARVALHO NETO, 2003, p.22).

Pela orientação de Orlando Gomes (2001, p.22), que foi conciso em dizer:

O princípio da autonomia da vontade particulariza-se no Direito contratual na liberdade de contratar. Significa o poder dos indivíduos de suscitar, mediante declaração da vontade, efeitos reconhecidos e tutelados pela ordem jurídica. No exercício desse poder, toda pessoa capaz tem aptidão para provocar o nascimento de um direito, ou para obrigar-se. A produção de efeitos jurídicos pode ser determinada assim pela vontade unilateral, como pelo concurso de vontades. Quando a atividade jurídica se exerce mediante contrato, ganha a liberdade de contratar, no qual o poder atribuído aos particulares é o de se traçar determinada conduta para o futuro, relativamente às relações disciplinares da lei. (grifo do autor).

É certo que o Código Civil declara nulos os negócios, além dos já

tradicionais (agente incapaz, objeto ilícito e forma inadequada) que tenham, por

objetivo fraudar lei imperativa, mas ainda assim essas hipóteses dizem sempre

respeito aos contratos tradicionais e a pessoas presumidamente iguais.

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1.3.4 Função social do contrato

O pacta sunt servanda, mandamento trazido nos ditames da legislação

Francesa, no sentido de que “O contrato é lei entre as partes” tinha, na verdade, o

objetivo maior de impedir que os juizes afastados da nobreza interferissem nos

contratos em vigência na época. (FREDERICO NETO, 2003, p.30).

Completa o autor:

Em oposição à idéia da ampla autonomia da vontade, surgiu na Alemanha, na segunda metade do século XIX, a idéia de função social do contrato preconizado por um penalista, Binding, um processualista, Wach e um civilista, Köhler. Sustentaram os juristas alemães a tese no sentido de que o juiz não poderia ficar amarrado à letra da lei, deveria ter liberdade para analisar e interpretar o contrato de acordo com o interesse social.

Para Teresa Negreiros (apud GUIMARÃES, 2002), o princípio da função

social do contrato encontra respaldo constitucional no princípio da solidariedade, ao

exigir que contratantes e terceiros cooperem entre si, respeitando situações jurídicas

anteriormente já constituídas, ainda que pendentes de eficácia real, mas desde que

sejam conhecidas as existências das mesmas pelas pessoas envolvidas.

A sobrevivência do homem sempre dependeu da coexistência no amplo cenário da sociedade humana. A dimensão social do homem impõe que o direito proteja o indivíduo também no contratar, quando ele adquire bens para o seu desenvolvimento e manutenção pessoal ou de sua família. O homem é um ser único, mas que se apresenta em várias dimensões, a saber: a materialidade, a espiritualidade, a individualidade e a sociabilidade. A presença de cada uma delas não se dá de forma isolada. Antes, exige interação completa, um entrelaçamento entre os quatro aspectos mencionados, necessários para que o ser humano cresça e se desenvolva em harmonia, tendo a compreensão dos demais e do ordenamento jurídico em particular de que o perfeito equilíbrio está no respeito a cada uma das extensões do ser do homem.

A função social do contrato bancário é a prestação de um serviço

essencial ao desenvolvimento da sociedade, que é o fornecimento do crédito,

produzindo uma multiplicação do dinheiro disponível.

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1.4 CONTRATO DE ADESÃO

Na evolução histórica dos bancos, as condições gerais se deram

primeiramente num plano individual, tendo cada banco suas próprias condições,

quando ainda não havia iniciativa dos círculos oficiais. Com o tempo, as condições

se tornaram uniformes para todos os bancos, padronizando-se os formulários, por

dois motivos: experiência de longos anos de trato com a clientela e desejo de

eliminar a concorrência. Os bancos, em suas associações profissionais entabularam

condições e se obrigaram a respeitá-las nas relações com os clientes.

Segundo o artigo 54 do Código de Defesa do Consumidor, contrato de

adesão é "aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade

competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou

serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu

conteúdo".

O atendimento a um sem-número de clientes gera a uniformização do

contrato, ao qual o cliente simplesmente adere. O banco vem realizando operações

em massa, a um grande número de clientes indistintamente. São milhares de

contratos firmados diariamente, o que gera uma padronização do contrato, como já

dito, estes passam a ser "produzidos em série", em massa, para uma sociedade de

consumo que cada vez mais faz uso das operações creditícias. (DALLAGNOL,

2002).

A partir do momento em que o banco passou a atender a uma infinita

seqüência de operações, tornou-se inviável a elaboração de um contrato para

atender cada relação contratual. Deu-se, então, a necessidade da elaboração de

minutas, idênticas, formuladas com antecedência, isto é, passaram os contratos a

serem pré-determinados, bem como por isso passam a ter suas cláusulas impostas

de forma unilateralmente, não sendo conferida à outra parte a possibilidade discuti-

las.

As atividades dos bancos estão sob rígido controle estatal, e dependem

de autorização administrativa. Este sistema originou um mercado cativo, à

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semelhança de um clube fechado cujo acesso só é permitido a quem tem cacife e

influências. Tal como jóias de entrada, as chamadas cartas patentes (licença para

instalação e funcionamento) alcançam preços disputadíssimos nas transferências de

agências. Isso é suficiente para caracterizar o monopólio ou oligopólio virtual exigido

por alguns para configurar o contrato de adesão. Aliás, nesse ponto, todos os

autores são concordes em catalogar como de adesão os contratos bancários. Haja

vista, ainda assinala o Professor Carlos Alberto da Mota Pinto

[...] o utente do serviço ou o consumidor do bem fornecido mediante o contrato de adesão encontra-se, ainda, por outra razão, na situação de parte mais fraca, relativamente ao seu contratante. É que normalmente, não se apercebe das clausulas que lhe são desfavoráveis, por estas estarem impressas no extenso e compacto contraído do contrato, por estarem impressas em caracteres minúsculos, por não ter tempo para as ler, ou por confiarem, pura e simplesmente, no conteúdo eqüitativo do texto escrito. A inferioridade do aderente resulta, ainda, igualmente da predeterminação das cláusulas pertencer à outra parte, o que lhe permite circunscrever os limites das suas vinculações e prever todas as eventualidades e vicissitudes na execução do contrato. (Contratos de adesão, p.33-34, apud RIZZARDO, 2000, p.22). (grifo nosso).

Nos países cultos, como no Brasil, soma-se outro motivo causador da

padronização: a intervenção do Estado, pelo Banco Central, nos bancos, chegando,

várias vezes, a determinar até a minuta do contrato. São elementos que

caracterizam os formulários, instrumentos da contratação bancária: identidade

formal, predeterminação de cláusulas e rigidez. Daí, no contrato bancário, o

consentimento do cliente manifesta-se sob forma de adesão ao esquema que o

banco propõe, sendo praticamente obrigado a aceitar, porque é o adotado por todos

os bancos. (COVELLO, 1999, p.54-55).

Nos contratos de adesão ocorre o confronto entre uma parte, mais forte economicamente (conglomerados, empresas oligopolizadas, monopólios), que domina e mantém cativo o mercado, e uma parte fraca, que não tem qualquer condição de fazer imposições frente a um corpo pré-estabelecido de cláusulas fechadas, restando-lhe apenas a alternativa de aceitá-las ou rejeitá-las em bloco. Contudo, muitas vezes, nem esta alternativa resta à parte, que necessita de bens e serviços para prover e desenvolver sua vida. (DALLAGNOL, 2002).

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Sobre a função do contrato de adesão pronuncia-se o advogado Marcos

Peixoto (2000) em seu cativante artigo:

A função econômico-social foi consagrada no contrato, sustentando-se que o Direito intervém, tutelando determinado contrato, em razão de sua função econômico-social, isto é, o contrato deve ser socialmente útil, de modo que haja interesse público na sua tutela.

[...]

A função do contrato de adesão é, portanto, agilizar os negócios jurídicos, democratizando as relações negociais, possibilitando que um maior número de contratantes tenha acesso aos bens. É [...] uma função estreitamente relacionada à vida econômica e social.

Assim, por muitas vezes, coloca-se a parte fraca frente a cláusulas que

muitíssimas vezes sequer lê. Se lê, não as entende. Se entende, e discorda, de

nada adianta, pois não as pode alterar. E, como observado, fica entre aceitar ou

rejeitar em bloco, sendo esta liberdade de escolha em vários casos ilusória, porque o

autor da oferta goza de um monopólio, e a parte fraca tem necessidade do bem ou

serviço. Daí afirmar que se, a princípio, não há problema nos contratos de adesão,

úteis e necessários, surgem os conflitos com o abuso de poder econômico de

setores oligopolizados, mais fortes do que o aderente, o qual se subjuga e vincula

frente à falta de alternativas concorrentes. (LUZ, 1996, p.48)

Em virtude disso tudo é que muitos autores, contestam a natureza

contratual da figura do contrato de adesão. Saleilles, pai da expressão "contratos de

adesão", já no início do século afirmava que de contrato tinha apenas o nome. Não

obstante, esclarece Gomes:

Entende a maioria, porém, que apesar de suas peculiaridades, devem ser enquadrados na categoria jurídica dos contratos. Origina-se a dúvida na confusão a respeito do elemento que define o contrato. Deve-se distinguir, com Carnelutti, o concurso de vontades para a formação do vínculo e a regulamentação das obrigações oriundas desse vínculo. O concurso de vontades é indispensável à constituição dos negócios jurídicos bilaterais, dos quais o contrato constitui expressão mais comum. Por definição, o contrato é o acordo de duas vontades. Não se forma de outro modo. Já a regulamentação dos efeitos do negócio jurídico bilateral não requer a intervenção de duas partes. Pode ser expressão da vontade de uma com a qual concorda a outra, sem lhe introduzir alteração. A regulamentação bilateral dos efeitos do contrato não é, enfim, elemento essencial à sua configuração. Por outras palavras, a

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circunstância de serem as obrigações estatuídas pela vontade predominante de um dos interessados na formação do vínculo jurídico não o despe das vestes contratuais. Afirma-se a contratualidade da relação pela presença do elemento irredutível, que é o acordo de vontades. No contrato de adesão não se verifica contratualidade plena, mas o mínimo de vontade existente no consentimento indispensável da parte aderente é suficiente para atestar que não é negócio unilateral. Prevalece, em conseqüência, a opinião de que possui natureza contratual. (GOMES, 2001, p.122).

O Código Civil (2002) estabelece no art. 112 que “nas declarações de

vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal

da linguagem”, e ainda traz, no art. 423 um princípio hermenêutico “quando houver

no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias dever-se-á adotar a

interpretação mais favorável ao aderente”.

Havendo necessidade de interpretar as cláusulas do contrato, a

interpretação, além das regras sobreditas, será regulada sobre as seguintes bases:

1. a inteligência simples e adequada, que for mais conforme à boa fé e ao

verdadeiro espírito e natureza do contrato, deverá sempre prevalecer à rigorosa e

restrita significação das palavras; 2. as cláusulas duvidosas serão entendidas pelas

que o não forem, e que as partes tiverem admitido; e as antecedentes e

subseqüentes, que estiverem em harmonia, explicarão as ambíguas; 3. o fato dos

contraentes posterior ao contrato, que não tiver relação com o objeto principal, será

a melhor explicação da vontade que as partes tiveram no ato da celebração do

mesmo contrato; 4. o uso e a prática geralmente observada no comércio nos casos

da mesma natureza, e especialmente o costume do lugar onde o contrato deva ter

execução, prevalecerá a qualquer inteligência em contrário que se pretenda dar às

palavras; 5. nos casos duvidosos, que não possam resolver-se segundo as bases

estabelecidas, decidir-se-á em favor do devedor. (DALLAGNOL, 2002).

Estabelece a doutrina também regras de interpretação dos contratos de

adesão, e por conseguinte dos contratos bancários. Ressalta Covello (1999, p.65)

que se deve buscar a vontade comum das partes contratantes, através das regras

que se inspiram em uma ética cristalizada juridicamente em princípios como os da

boa-fé e da confiança e lealdade recíprocas.

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De fato, afirma Orlando Gomes (2001, p.126) que:

[...] a singularidade de sua estruturação (dos contratos de adesão) não permite seja interpretado do mesmo modo que contratos comuns, porque é relação jurídica em que há predomínio categórico da vontade de uma das partes. É de se aceitar, como diretriz hermenêutica, a regra segundo a qual, em caso de dúvida, as cláusulas do contrato de adesão devem ser interpretadas contra a parte que as ditou.

Repisa ainda o autor que o poder moderador do juiz deve ser usado de

acordo com o princípio de que os contratos devem ser executados de boa-fé, sendo

os abusos e deformações reprimidos. Para tanto a interpretação destes contratos

comporta liberdade não admitida na interpretação dos contratos comuns. Mas

também alerta que a tendência exagerada para negar a força obrigatória às

cláusulas impressas é totalmente condenável, sendo até certas cláusulas rigorosas

imprescindíveis para que os contratos de adesão em série atinjam os seus fins.

Assim, a desigualdade real entre as partes contratantes conduz à uma

desigualdade no tratamento jurídico, para que se atenda o princípio da isonomia em

seu sentido material. Deve-se proceder, pois, uma interpretação materialmente

isonômica.

1.5 CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO

O contrato de abertura de crédito é, via de regra, de adesão, consensual

que se aperfeiçoa quando ocorre a manifestação da vontade das partes

contratantes, criando-se um vínculo obrigacional e jurídico entre elas.

É um contrato bilateral, oneroso e comutativo, em razão das partes

contratantes assumirem obrigações recíprocas, mais ou menos equivalentes: o

creditante se obriga a colocar uma importância em dinheiro à disposição do

creditado e este se obriga a restituir ao creditante, em determinada época, os

valores que dispôs, incluindo os juros e encargos avençados.

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A concessão de crédito envolve um desafio, ou uma ousadia, e é umas

das principais funções dos bancos.

O crédito é definido como toda a operação monetária pela qual se realiza uma prestação presente contra a promessa de uma prestação futura. [...] É indispensável a confiança de parte do que fornece o crédito na solvência do devedor. (RIZZARDO, 2000, p.19).

A palavra “crédito” origina-se do latim credere, que significa ter confiança,

Carlos Gilberto Villegar (apud RIZZARDO, 2000, p.19), conceitua o crédito como ”o

crédito é a transferência temporária de poder aquisitivo em troca da promessa de

reembolsar este em um prazo determinado e com correção monetária” (Tradução

nossa).

1.5.1 Conceito

O contrato de abertura de crédito é uma modalidade de contrato bancário,

através do qual o banco se obriga a garantir a cobertura de valores a serem

utilizados pelo cliente, de uma só vez ou parceladamente, até um determinado

montante, por tempo determinado ou não, permitindo o reembolso e a reutilização

do crédito, geralmente conjugado a uma conta corrente, e o creditado, por sua vez,

se obriga a restituir os valores efetivamente utilizados, acrescidos de juros e

encargos previamente pactuados, até a data do vencimento.

Veja senão, alguns conceitos formulados a respeito do contrato de

abertura de crédito, que, entre outros, destaca-se:

A abertura de crédito bancário é o contrato pelo qual o banco (creditador) obriga-se a colocar à disposição do cliente (creditado) ou de terceiro, por prazo certo ou indeterminado, sob cláusulas convencionadas, uma importância até um limite estipulado, facultando-se a sua utilização no todo ou parceladamente, porém a quantia deverá ser restituída, nos termos ajustados, acrescida de juros e comissões, ao se extinguir o contrato.

Pela abertura de crédito o banco fará determinada provisão de fundos em favor do cliente, para sacar, durante certo período de tempo, valores e ter as suas ordens de pagamento satisfeitas. Assim

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agindo, a instituição financeira prevê, portanto, a destinação direta de fundos até certo limite para pagamento de cheques sacados pelo creditado em seu valor, ou em favor de terceiros, ou de títulos outros de obrigações suas, cujo resgate seja por ele ordenado.

[...]

Não há prévia entrega de dinheiro, pois o banco não transfere a quantia que empresta, mas somente a põe à disposição do cliente ou de terceiro, que, como não a retira imediatamente, a mantém no banco, a título de depósito, utilizando-a como lhe convém. (DINIZ, 2003, p.591 e 592).

E ainda:

A abertura de crédito é um dos contratos mais generalizados na atividade bancária. [...] Constitui esta figura a promessa do banco em conceder um determinado empréstimo, colocando à disposição na conta do interessado no momento em que precisar. [...] No sentido técnico, envolve a obrigação do banqueiro em manter à disposição do creditado certa soma de dinheiro, por um período de tempo fixado ou indeterminado, com a faculdade de o próprio creditado utilizar tal quantia segundo as necessidades e modalidades convencionadas ou de uso.

Contrata-se a abertura de crédito. Em outras palavras, combina o comerciante, ou mesmo o particular, ou o industrial, com o banco que este se compromete, sob determinadas circunstâncias e condições, a outorgar-lhe um crédito, que será colocado à disposição segundo a quantidade, o prazo e modalidades que se pactuou.

Assim, conceitua-se este tipo como o contrato pelo qual o banco ou creditante se obriga a colocar uma importância em dinheiro à disposição do creditado, ou a contrair por conta deste uma obrigação, para que ele mesmo faça uso do crédito concedido na forma, nos termos e condições em que foi convencionado, ficando obrigado o creditado a restituir ao creditante as somas que dispôs, ou a cobri-las, oportunamente, de acordo com o montante das obrigações contraídas, incluindo os rendimentos e outras decorrências. (RIZZARDO, 2000, p.52).

Nesta figura contratual, o cliente se beneficia com a disponibilidade do

dinheiro, obtendo a ajuda do banco como ocorre no empréstimo. Mas com uma

diferença crucial: a abertura de crédito se adapta elasticamente às exigências do

momento, propiciando ao cliente, como se em sua própria caixa, a soma do crédito

que ele poderá utilizar pela forma e tempo avençados, na medida de sua

conveniência. E, ademais, como em geral esse contrato de instrumento em forma de

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conta corrente, o cliente tem a faculdade de poder abater a sua dívida, fazendo

ingressos na conta, na medida em que suas condições financeiras o permitam,

evitando, assim, o pagamento de interesses incidentais sobre o crédito.

1.5.2 Classificação

Também denominado pelas instituições financeiras como contrato de

abertura de crédito em conta corrente, contrato de abertura de crédito rotativo,

contrato de cheque especial, o contrato de abertura de crédito é um dos contratos

mais utilizados na atividade bancária, simplificando sobremaneira a obtenção de

crédito, principalmente na modalidade de cheque especial.

Pelo magistério de Orlando Gomes (2001, p.327-328), tem-se:

A abertura de crédito pode ser simples ou em conta corrente. Na abertura simples, tem o creditado direito a utilizar o crédito sem possibilidade de reduzir parcialmente, com entradas, o montante da dívida. A disponibilidade vai se reduzindo à medida da utilização, se não saca de uma só vez a soma posta à sua disposição. Não é portanto a utilização pelo todo que caracteriza a abertura de crédito simples. Na abertura de crédito conjugado com a conta corrente, o creditado tem o direito de efetuar reembolso, utilizando novamente, o crédito reintegrado.

[...]

A utilização do crédito verifica-se mediante saques na conta, que criam, para o creditado, novas obrigações, como a de pagamento de juros sobre o saldo devedor e a de restituição das quantias utilizadas.

Distingue-se ainda a abertura de crédito a descoberto da garantida. Na

primeira, contenta-se o banco com a responsabilidade do crédito pela confiança que

lhe inspira. Na segunda, exige penhor, caução, fiador ou avalista. Costuma-se

vincular à operação títulos do creditado para utilização de seu produto na

recuperação das somas utilizadas, tomando alguns bancos, para facilitá-la, até notas

promissórias emitidas pelo próprio creditado, que, assim, se torna devedor, por dois

títulos distintos. Tal vinculação não constitui, todavia, garantia real, porquanto não

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assegura ao banco direito de preferência, como o penhor e a hipoteca, nem

representa garantia fidejussória, porque o direito resultante não recai no patrimônio

de outra pessoa. (DINIZ, 2003, p.583).

A garantia, real ou fidejussória, não se extingue senão quando cessa a

relação principal. Permanecerá íntegra até se extinguir o contrato, prestada, como é,

para assegurar o pagamento de débitos cujo montante se define no momento da

extinção. Pouco importa, assim, que o creditado efetue reembolsos para

recuperação da disponibilidade; a garantia real não se reduzirá proporcionalmente.

(DINIZ, 2003, p.583).

O professor Frederico Carvalho Neto (2003, p.31-32), esclarece em sua

obra a diferença entre as formas de garantias geralmente utilizadas nos contratos de

abertura de crédito, dizendo:

A garantia pode pessoal ou real. A Pessoal em que um terceiro estranho à relação se responsabiliza pelo cumprimento da obrigação no caso do devedor não cumpri-la. A Real quando o próprio devedor ou terceiro empenha um bem o dando em garantia do pagamento de uma dívida.

A garantia pessoal se dá basicamente de duas formas, pela fiança e pelo aval. Nos contratos se dá pela fiança e nos títulos de crédito com o aval. Embora ambas as modalidades tenham a mesma função, a da garantir o cumprimento da obrigação, a fiança é considerada acessória e o aval é tido como garantia autônoma já que segue a linha de autonomia conferida aos títulos de crédito.

Ainda constitui uma modalidade de abertura de crédito o crédito de firma,

em que o banco se obriga a aceitar letras de câmbio, a avalizar títulos ou a afiançá-

los, dando-lhes maior garantia, e cobrando, para isso, uma comissão.

O crédito permanecerá aberto durante todo o tempo ajustado, como, por

exemplo, protesto cambial, ação em juízo, falta de substituição ou reforço de

garantia, etc. Se for por tempo indeterminado, o banco só poderá rescindir o contrato

mediante aviso prévio.

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1.5.3 Etapas da abertura de crédito

Três são as etapas em que se processa o contrato de abertura de crédito,

segundo entendimento do professor Arnoldo Rizzardo:

Objetivando um efeito imediato, temos a primeira etapa, onde o creditante

(banco) abre uma conta em nome do creditado (cliente), pelo montante total do

crédito concedido, condicionando sua utilização, estabelecendo o prazo do contrato,

a forma de retirada do numerário, as épocas de restituição das somas recebidas, o

tipo de rendimentos, além de outros dados. (RIZZARDO, 2000. p.56)

Numa segunda etapa, o cliente exige do banco o cumprimento da

obrigação, ou seja, que disponibilize, efetivamente, o crédito. (RIZZARDO, 2000.

p.56)

A terceira, e última etapa consuma-se com a utilização dos valores

sacados de conformidade com os finas a que se destina, ou seja, o investimento do

dinheiro em negócios concretos e autônomos. (RIZZARDO, 2000. p.56)

1.5.4 Característica

O contrato de abertura de crédito é consensual, autônomo e comutativo,

se aperfeiçoa com o consentimento das partes, sem que seja necessário que o

banco entregue o dinheiro para o cliente. Basta que disponibilize o valor contratado

na conta-corrente do cliente, que, por sua vez, contará com este com a simples

promessa de disponibilidade. (RIZZARDO, 2000. p.57).

Também de caráter oneroso e bilateral, já que originam obrigações para

ambas as partes. O cliente compromete-se a pagar os juros, rendimento e taxas. O

banco compromete-se a manter a disponibilidade do crédito.

Muitas vezes o contrato de abertura de crédito em conta-corrente faz-se

acompanhada de nota promissória, titulo de crédito que consigna obrigação de

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pagar quantia determinada, embora, não raro, seja emitido em branco pelo cliente e

preenchido pela própria instituição Financeira em seu benefício exclusivo. Presume-

se em tal caso a outorga de mandato para o seu preenchimento. (NORDI, 1999,

p.49).

Mantém-se um contrato intuitu personae, por conceder crédito

unicamente a pessoa creditada, e, inominado e atípico, já que ainda não há

prescrição legal no ordenamento jurídico brasileiro. (RIZZARDO, 2000. p.58).

1.5.5 Extinção do contrato

A extinção do contrato de abertura de crédito se dará: 1) pelo decurso do

prazo pré-estabelecido, que é a forma mais comum de cessar as relações jurídicas;

2) pela insolvência ou quebra do devedor (falência), pois o creditado não oferece

mais credibilidade econômica quanto ao cumprimento de suas obrigações; 3) a

incapacidade da parte creditada, que também é motivo de rescisão para todos os

contratos em geral, aos elencados no o art. 3º do CC é vedada a prática de atos da

vida civil, estando devidamente representados; 4) Ainda, pela impossibilidade em

manter o contrato, com o uso total do crédito, a ausência de garantia e a falência do

creditado, ou seja, as formas comuns e naturais de extinção a todos os contratos.

(RIZZARDO, 2000, p.58-59).

Ainda quanto à extinção deste contrato, Maria Helena Diniz (2003, p.584)

assevera:

A abertura de crédito poderá terminar, cessando para o creditador os encargos que antes contraíra e surgindo para o dever do reembolso, pelos seguintes motivos:

a) vencimento do prazo contratual;

b) incapacidade ou morte do creditado, se pessoa física;

c) dissolução da pessoa jurídica, que figura como creditado;

d) dissolução do banco creditador, mas os direitos deverão ser solvidos na instância judicial, do competente processo liquidatório;

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e) interpelação judicial, se o contrato não contiver prazo determinando seu vencimento;

f) advento de cláusula resolutiva expressa, determinando que se extinguirá o presente contrato por protesto de título contra o creditado ou qualquer fiador; ajuizamento contra o creditado ou fiador de processo de execução, de falência; impetração pelo creditado ou por fiador de concordata preventiva;

g) resilição unilateral, prevista no contrato, pelo banco mediante aviso prévio para encerramento da conta, com apuração imediata do saldo devedor, dada por carta registrada e independente de interpelação judicial; ou por qualquer das partes por justa causa;

h) falência ou insolvência do creditado;

i) impossibilidade superveniente de banco dar curso à prestação;

j) falta da garantia prometida se estipulou abertura de crédito em garantia;

k) esgotamento do crédito se for simples à abertura.

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2 NOTA PROMISSÓRIA

2.1 TÍTULOS DE CRÉDITO

Os títulos de crédito surgiram para resolver problemas relativos à

representação, circulação e a transmissão do crédito. Os créditos começaram a

serem documentados na Idade Média, donde surgiu a expressão “título de crédito”.

Veio com o intuito de facilitar a vida dos indivíduos, o progresso e dinamizar o

comércio. (CARVALHO NETO, 2003, p.47).

2.1.1 Conceito

Faz-se necessário citar o conceito clássico elaborado por Cesare Vivante

(Trattato di diritto commerciale. 3 ed., v. 3, Milão, n. 953, p. 154-155 apud COSTA,

2003, p.69) e utilizado em massa pelos estudiosos da matéria: “Título de Crédito é

o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele

mencionado”. (grifo nosso).

Esta definição, também adotada pelo Código Civil de 2002 em seu artigo

887, engloba com clareza os elementos principais da matéria cambial, e é aceita por

unanimidade pela doutrina comercialista. Nele se encontram referências aos

princípios básicos que disciplinam o documento. (cartularidade, literalidade e

autonomia). Dá-se de uma relação de vontades e confiança de dois sujeitos: o que

se beneficia (devedor / subscritor) e o que concede (credor). (COELHO, 2000,

p.363).

O Código Civil de 2002, não é incompatível com as leis especiais e nem

regula inteiramente a matéria de que tratam as leis especiais anteriores, assim,

estas continuam em vigor, conforme os próprios termos do CC, caso contrário não

produziriam nenhum efeito os títulos de crédito.

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Como mostrou Mauro Brandão Lopes (Anteprojeto do Código Civil, 1973,

p.91-92, apud COSTA, 2003, p.23-24):

Tem assim a aludida regulamentação dois objetivos básicos: de um lado, estabelecer os requisitos mínimos para título de crédito, ressalvadas as disposições de leis especiais; de outro lado, permitir a cria cão de títulos atípicos ou inominados. Neste último objetivo está o principal valor do Anteprojeto; regulando ele títulos atípicos, terão estes de se amoldar aos novos requisitos. Os títulos atípicos, que estão indubitavelmente surgindo, encontrarão assim o seu apoio e seu corretivo no Título VIII – apoio, porque terão maior força jurídica do que os créditos de direito não cambiário, embora menor força do que os títulos regulados em leis especiais como a letra de câmbio e a nota promissória; corretivo, porque se evitarão títulos sem requisitos mínimos de segurança, os quais ficarão desautorizados pelo Código Civil.

Tratando-se do formalismo da cártula creditícia, é de Tullio Ascarellia

afirmação de que “o título é, antes de mais nada, um documento” e ainda completa

dizendo:

Caráter constante, porém, de todos, é que constituem um documento escrito, assinado pelo devedor; formal, no sentido de que é submetido a condições de forma, estabelecidas justamente para identificar com exatidão o direito nele mencionado e as suas modalidades, a espécie do título de crédito (daí nos títulos cambiários até o requisito da denominação), a pessoa do credor, a forma de circulação do título e a pessoa do devedor. (Teoria geral dos títulos de crédito. Tradução de Nicolau Nazo. 2. ed., São Paulo: Saraiva, 1969, n. 5, p.21, apud COSTA, 2003, p.23-24, grifo do autor).

O título comprova a existência de uma relação jurídica, mais

especificamente uma relação de crédito. Constitui prova de que uma pessoa é

devedora de outra e vice-versa. Em geral os títulos de crédito representam uma

obrigação creditícia. Não se documenta nele nenhuma outra obrigação. De dar,

fazer ou não fazer, senão a creditícia.

Estes documentos representativos de crédito destacam-se pela facilidade

na cobrança do crédito por via judicial. É definido pelo Código Buzaid como “título de

crédito extrajudicial” (art. 585, I, CPC), ou seja, possui executividade, quer dizer, dá

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ao credor o direito de buscar a tutela jurisdicional do seu direito, vindo a promover

diretamente a execução em juízo. (COELHO, 2000, p.364-365).

Nem todos os instrumentos escritos que documentam obrigação creditícia

apresentam executividade. Se o credor não dispuser no documento os requisitos

que a lei processual exija para atribuir natureza executória, terá o mesmo que cobrar

seu crédito através de ação monitória (de conhecimento), normalmente mais morosa

que a execução.

Ainda, sobre o tema, ressalta-se o entendimento do professor Fran

Martins (2001, p.11-12), que diz:

[...] o formalismo o fator preponderante para a existência do título e sem ele não terão eficácia os demais princípios próprios dos títulos dos de crédito.

[...]

É assim, o rigor formal o elemento principal para que o documento seja considerado um título de crédito. Na parte do direito creditório relativa às letras de câmbio e notas promissórias chama-se a essa exigência de rigor cambiário. E é graças a esse apego à forma que os títulos de crédito inspiram confiança, atendendo com facilidade aos interesses da coletividade. Ficasse a critério de cada um o preenchimento do texto desses escritos, teríamos com certeza milhares de válvulas abertas a exploração de terceiros de má-fé. O formalismo dá a natureza do título, transformando o escrito de em simples documento de crédito em um título que se abstrai de sua causa, que vale por si mesmo, é per se stante. E isso traz segurança para todos quantos se utilizam desse importante instrumentos de mobilização do crédito. (grifo do autor).

Assim sendo, pode-se entender título de crédito como o documento

formal que representa valor, dando a seu possuidor o direito de exigir de outrem o

cumprimento da obrigação nele contida.

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2.1.2 Princípios do direito cambiário

Um atributo característico dos títulos de crédito é a negociabilidade, a

facilidade de circulação o crédito documentado. Dos títulos de crédito pode-se

destacar três princípios fundamentais para seu entendimento, são eles: literalidade,

cartularidade e autonomia. (COELHO, 2000).

2.1.2.1 Literalidade

Pelo princípio da literalidade, só produzem efeito jurídico os atos lançados

na própria cártula de crédito. Assim, projeta conseqüências favoráveis ou não para o

devedor ou para o credor. Para Messineo (apud COELHO, 2000, p.368) “o direito do

título é literal no sentido de que, quanto o contrário, à extensão e às modalidades

desse direito, é decisivo exclusivamente o teor do título”.

O título é literal porque sua existência se regula pelo teor de seu conteúdo. O título de crédito se enuncia em um escrito, e somente o que está inserido se leva em consideração; uma obrigação que dele não conste, embora sendo expressa em documento separado, nele não se integra. (REQUIÃO, 2003, p.359).

O credor não terá direito além do mencionado no título, bem como, o

devedor não será obrigado a pagar mais que o valor correspondente do título de

crédito.

2.1.2.2 Cartularidade

Segundo o princípio da cartularidade, somente a quem detém o título é

garantido da satisfação das obrigações documentadas nele. Como lavra em

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doutrina o autor Fábio Ulhoa Coelho (2000, p.367) que “Pelo princípio da

cartularidade, o credor do título de crédito deve provar que se encontra na posse do

documento para exercer o direito nele mencionado”.

Então, o possuidor do título terá direito ao crédito, independente da sua

origem.

Cartularidade (documento necessário). O título de crédito se assenta, se materializa, numa cártula, ou seja, num papel ou documento. Para o exercício do direito resultante do crédito concedido torna-se essencial a exibição do documento. O documento é necessário para o exercício do direito de crédito. Sem a sua exibição material não pode o credor exigir ou exercitar qualquer direito fundado no título de crédito. Vivante, com esse conceito, substitui o vulgar, que combate, pelo qual se afirma que o direito está incorporado ao título. (REQUIÃO, 2003, p.359).

Sendo a cartularidade a característica básica do título de crédito, é

derivado da corporificação do direito no documento, assim, a exibição material do

documento torna-se imprescindível para o regular exercício do direito avençado.

(CAMPINHO, 2003, p.03).

2.1.2.3 Autonomia

Considerado por Vivante (apud COELHO, 2000, p.369) o mais importante

dos princípios do direito cambial. Por esse princípio, tem-se que, quando um único

título documenta mais de uma obrigação, a eventual invalidade de qualquer delas

não prejudica as demais.

Pelo princípio da autonomia das obrigações cambiais, os vícios que comprometem a validade de uma relação jurídica, documentada em título de crédito, não se estendem às demais relações abrangidas no mesmo documento.

Assim, quem transaciona o crédito com o possuidor ilegítimo do título

(aquisição a non domino) tem sua boa-fé tutelada pelo direito cambiário. Se há

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notícia do desapontamento da cambial – furto, roubo ou extravio, quando se

encontrava nas mãos de seu legítimo titular –, o exeqüente terá direito ao

recebimento, se demonstrar que os atos lançados na cártula, lhe transferiu o crédito.

(COELHO, 2000, p.370).

Significa a autonomia o fato de não estar o cumprimento das obrigações assumidas por alguém no título vinculado a outra obrigação qualquer, mesmo ao negócio que lhe deu lugar ao nascimento do título. [...]

A autonomia das obrigações assumidas é uma das maiores garantias dos títulos de crédito, dando ao portador a segurança do cumprimento dessas obrigações por qualquer uma das pessoas que tenha lançado suas assinaturas nos mesmos. Assim quanto mais o título circule, recebendo assinaturas, tanto mais segurança terá o portador de que, no momento aprazado, poderá reembolsar-se da importância mencionada no documento, [...]

Desse modo, ao falar-se em autonomia deve-se entender que autonomias são as obrigações resultantes do título, o que significa que uma obrigação não fica a depender de outra para ter validade. (MARTINS, 2001, p.09).

2.1.2.4 Abstração

Os direitos decorrentes dos títulos de crédito também são abstratos, ou

seja, não dependem do negócio que deu lugar ao nascimento do título.

A Abstração tem conceito ambíguo, na doutrina cambiária, de um lado, se

refere ao desligamento da cambial em relação à sua origem negocial; de outro lado,

diz respeito aos títulos cuja emissão não está condicionada a determinadas causas.

(COELHO, 2000, p.371).

Os direitos são abstratos porque independem do negócio que deu origem

à mesma, não podendo ser alegada futuramente para invalidar as obrigações de

correntes do título, pois uma vez emitido, passa a conter direitos abstratos, não

cabendo a exigência de contraprestação para ser satisfeita a obrigação. (MARTINS,

2001, p.10).

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Quando o título é posto em circulação, diz-se que se opera a abstração,

isto porque ocorreu a desvinculação do ato ou negócio jurídico que deu origem a sua

criação. (COELHO, 2000, p.371).

A abstração do direito emergente do título significa que esse direito, ao ser formalizado o título, se desprende de sua causa, dela ficando inteiramente separado. Se o título é um documento, portanto concreto, real, o direito que ele encerra é considerado abstrato, tendo validade, assim, independentemente de sua causa. (MARTINS, 2001, p.11).

Tão logo, a abstração consiste na inexistência de vínculos entre o título e

a causa que lhe deu origem, ficando esta, por conseguinte, desembaraçada da

obrigação.

2.1.3 Classificação dos títulos de crédito

Certo de que existe uma classificação muito mais abundante na doutrina,

como faz por inteiro Waldirio Bulgarelli (2001, p.88) condensando:

Em função dos vários critério oferecidos pela doutrina para a classificação dos títulos de crédito pode ser apresentado o seguinte quadro geral:

a) quanto à relação fundamental (ratione relationis fundamentalis): causais e abstratos;

b) quanto ao título (ratione titularitatis): ao portador, nominativos e à ordem;

c) quanto à prestação (rationesolutionis): contra dinheiro e contra mercadorias;

d) quanto à nacionalidade (ratione loci solutionis): nacional e estrangeiro;

e) quanto ao prazo (ratione temporis): a vista e a prazo (médio, longo e curto);

f) quanto ao emitente (ratione emitentis): públicos e privados;

g) quanto ao tempo de atuação (ratione usus): mercado de capitais e extramercado;

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h) quanto à ordem (ratione ordinis): principais e acessórios;

i) quanto à emissão (ratione terminis): definitivos e provisórios;

j) quanto ao número (ratione numeri): individuais e seriados.

Neste trabalho adotar-se-á o que ensina o professor Fábio Ulhoa Coelho

(2000), os títulos de crédito se classificam segundo quatro critérios específicos:

quanto ao modelo, quanto à estrutura, quanto às hipóteses de emissão e quando à

circulação.

São eles:

a) Quanto ao modelo: serão vinculados apenas os documentos que

atendem ao padrão exigido, e somente a estes, produziram efeitos cambiais, por

exemplo, é o caso do cheque e da duplicata. Os clientes que emitem cheque devem

necessariamente fazer uso do papel fornecido pelo banco, em via de regra, em

talões. Aos emitentes de duplicatas, devem confeccioná-las obedecendo as normas

de padronização definidas pelo Conselho Monetário Nacional; ou livres, que são os

que não têm padrão obrigatório de utilização. Assim, o emitente pode dispor à

vontade os elementos essenciais de título. São exemplos da classificação da forma

livre a letra de câmbio e a nota promissória. Desta forma, qualquer papel,

independente da forma adotada, atendendo os requisitos estabelecidos pela lei, será

nota promissória. Sendo inteiramente dispensável os formulários impressos.

(COELHO, 2000, p.375).

b) Quanto à estrutura: os títulos podem ser classificados em ordem de

pagamento, que são os que geram no momento do saque, situações jurídicas

distintas: a do sacador, que ordenou a realização do pagamento; a do sacado, para

quem a ordem foi dirigida a que irá cumpri-la, se atendidas as condições para tanto;

e a do tomador, que é beneficiário da ordem, a pessoa em favor de quem ela foi

passada. Como exemplo desta classificação tem-se o cheque, a letra de câmbio e a

duplicata. Outra classificação quanto à estrutura, a emissão de promessa de

pagamento que enseja apenas duas situações jurídicas, a do promitente, que

assume a obrigação de pagar, e a do beneficiário da promessa. Como exemplo a

nota promissória.

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Sobre este critério comenta: “Na ordem, o sacador do título manda que o

sacado pague determinada importância; na promessa, o sacador assume o

compromisso de pagar a valor do título.” (COELHO, 2000, p.376).

c) Quanto às hipóteses de emissão: serão causais os títulos que têm

uma causa necessária, e que somente podem ser emitidos em hipóteses

autorizadas por lei, por exemplo, as duplicatas mercantis; poderão ser limitados os

títulos que não podem ser emitidos em algumas hipóteses circunscritas em lei, como

a letra de câmbio que não pode ser sacada pelo empresário, para documentar o

crédito nascido da compra e venda mercantil; e ainda, serão não causais os que

podem ser criados em qualquer hipótese, como exemplo do cheque e da nota

promissória.

Há títulos que só podem se emitidos em determinadas hipóteses autorizadas por lei (causais), há os que não podem ser emitidos em certos casos (limitados) e, finalmente, os que podem ser emitidos em qualquer situação (não causais). (COELHO, 2000, p.376).

Em relação aos títulos causais, pronuncia-se Fran Martins:

Os títulos causais são, em regra, títulos de crédito impróprios. Mas a sua proliferação é muito grande, com o crescente desenvolvimento das atividades econômicas, e estão eles garantidos por muitos princípios dos títulos de créditos próprios. (2001, p.21).

d) Quanto à circulação: este critério se subdivide em três categorias:

Fonte: COSTA, Wille Duarte, 2003, p.75

1) ao portador, que circulam por simples e mera tradição (entrega da

cártula) e ostentam o nome do credor; 2) nominativos à ordem ou endossáveis,

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À CIRCUTAÇÃO

TÍTULOS AO PORTADOR

TÍTULOS À ORDEM OU ENDOSSÁVEIS

TÍTULOS NOMINATIVOS

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se transferem por endosso e identificam o titular do crédito; 3) nominativos não à

ordem, circulam por cessão civil de crédito e também identificam o credor.

(COELHO, 2000, p.377).

2.1.4 Espécies de títulos de crédito

Apesar de que possa existir um número muito maior de espécies de

títulos na doutrina, além da Nota Promissória que é tema principal da pesquisa

optou-se por não dedicar um tópico neste sub-título, os principais são: a Letra de

Câmbio, o Cheque, e as Duplicatas. Os quais aborda-se com breves palavras em

razão de serem os mais conhecidos e/ou utilizados na atualidade.

Assim, não se trará à tona os demais títulos como conhecimento de

depósito, warrant, títulos crédito rural, títulos de crédito industrial, de financiamento,

de garantia imobiliária e outros. (CARVALHO NETO, 2003, p.60).

2.1.4.1 Letra de Câmbio

Os principais fundamentos dos títulos de crédito foram trabalhados em

cima da letra de câmbio, e depois se propagaram aos demais títulos. Não por ser a

mais antiga, porque não é, a nota promissória a precedeu na história, mas por ser a

mais utilizada em um certo período. Hoje está superada pela criação da duplicata,

títulos este criado no Brasil. (CARVALHO NETO, p.60).

Para Whitaker (apud BULGARELLI, 2001, p.148), “a letra de câmbio é o

título capaz de realizar imediatamente o valor que representa”.

O professor Dr. Waldirio Bulgarelli (2001, p.148), jurista de respaldo

indúbio no Direito Comercial, conceitua a letra de câmbio como sendo “uma coisa-

objeto jurídico que contém uma obrigação [...]”, e define

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O direito dela derivado em caráter: a) real – só quem tenha a posse legítima do título; b) formal – sua validade depende rigorosamente de uma forma determinada; c) literal – vale exatamente na medida declarada no título; d) autônomo – porque subsiste por si, sem ligação necessária com qualquer outro contrato. (grifo do autor).

A Letra de Câmbio esta regulamentada na LUG e no Dec. nº 2.044/1908.

2.1.4.2 Cheque

Definido pelo Dec. nº 2.591/1912, como ordem de pagamento à vista, o

cheque foi conceituado por J.X. Carvalho de Mendonça (vol. V, nº 967, p.455 apud

BULGARELLI, 2001, p.309) como “título provido de rigor cambial na sua forma, no

seu conteúdo e na sua execução judicial”.

Fabio Ulhoa Coelho (2000, p.426) ostenta que:

O cheque é título de crédito de modelo vinculado, só podendo ser

eficazmente emitido no papel fornecido pelo bando sacado (em talão

ou avulso). Por essa razão, não costuma gerar incertezas e eficácia

chéquica de certo documento.

O autor Eunápio Borges (nº 187, p.161 apud BULGARELLI, 2001, p.310-

311) aduz a tendência da doutrina moderna, entre os autores, diz ele:

Como a letra de câmbio, o cheque é formalmente uma ordem de pagamento contendo os requisitos exigidos pela Lei. Mas, como aquela, o cheque é substancialmente uma promessa de pagamento feita pelo emitente; promessa indireta, promessa de fato de terceiro, promessa que o sacado cumprirá a ordem constante do cheque cujo emitente – do mesmo modo que o sacador da letra de câmbio – se responsabiliza pessoalmente pelo pagamento que o sacado deixar de efetuar.

[...]

Pouco importa que o sacado seja o Banco do Brasil ou modesta casa bancária: quem garante o pagamento do cheque é seu emitente.

[...]

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É assim de extrema simplicidade o mecanismo do cheque, que, na prática bancária, na doutrina e nas legislações, adquiriu feição própria, que o torna inconfundível com outros contratos – mandato, cessão de crédito, delegação, estipulação em favor de terceiro etc. – nos quais os velhos autores costumavam vislumbrar a naturea jurídica do cheque.

[...]

Como a letra de câmbio, é o cheque título formal e abstrato, não se refletindo nele a causa determinante de sua emissão – pagamento, empréstimo, doação etc. E, na emissão e no pagamento do cheque, concorrem, permanecendo inconfundíveis, duas séries de relações.

Regula-se pela Lei nº 7.357/1985, que tem 71 artigos, sendo que foram

vedados os arts. 5º e 43, e tem sua forma e dizeres minudentemente

regulamentados pelo Conselho Monetário Nacional.

Pelo dito, vê-se que o cheque é uma ordem de pagamento à vista sobre

um estabelecimento bancário, oferecido a outrem para desconto.

2.1.4.3 Duplicatas

A duplicata teve nascença nacional, diz-se que é um título genuinamente

brasileiro (BULGARRELI, 2001, p.430). Representando crédito pelo fornecimento de

mercadorias ou prestação de serviço, aplicam-se também as normas de direito

cambiário.

Fabio U. Coelho (2000, p.446) menciona que “a duplicada é título de

crédito criado pelo brasileiro. À sua larga utilização deve-se a quase inexistência da

letra de câmbio no comércio nacional”.

O professor Waldirio (2001, p.430-431) esclarece:

A expressão duplicata em si não significa que seja uma cópia ou duplicata de outro documento (nem mesmo da fatura), mas adquiriu significado próprio, expressando o documento emitido com base em uma fatura, conforme inclusive dispõe o art. 2º da Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968, que rege esse tipo de título entre nós, atualmente:

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“No ato da emissão da fatura dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. (grifo do autor).

E prossegue afirmando plausivelmente:

A duplicata é, pois, entre nós, um título de crédito, formal (abstrato, para Pontes de Miranda e casual para a maioria da doutrina brasileira), suscetível de circular por endosso (à ordem), dotado de ação executiva, admitindo o aval e o aceite. (grifo do autor).

A duplicata é senão, uma duplicidade da nota de venda, atestando a

venda com a discriminação e suas condições de pagamento, que pode ser avista ou

a prazo.

2.2 CONTEITO DE NOTA PROMISSÓRIA

Como o próprio nome já diz, é uma promessa de pagamento estampada

no título. Por inteligência do docente Fábio U. Coelho (2000, p.422) diz que “a nota

promissória é uma promessa do subscritor de pagar quantia determinada ao

tomador, ou a pessoa a quem esse transferir o título”. E, por definição legal uma

promessa de pagamento.

Difere da letra de câmbio, por ser uma promessa de pagamento,

enquanto a outra é uma ordem de pagamento. Na letra de câmbio figuram três

sujeitos: sacador, sacado e o beneficiário. Já na nota promissória, a relação se

estabelece entre o emitente e o beneficiário que é o credor. (CARVALHO NETO,

2003, p.60-61; BULGARELLI, 2001, p.253).

O devedor principal da nota promissória é o seu subscritor, que concorda

representar sua dívida perante o tomador através de um documento de efeitos

cambiais. Para que produzam os efeitos legais, o documento deve atender aos

requisitos determinados no ordenamento jurídico. (COELHO, 2000, p.422-423).

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Acerca desta espécie de título de crédito leciona Rubens Requião (2004,

p.465):

A nota promissória é uma promessa direta de pagamento do devedor ao credor. Integra o direito cambiário, pois é uma espécie de cambial. Constitui compromisso escrito e solene, pelo qual alguém se obriga a pagar a outrem certa soma em dinheiro (apud Magarinos Torres). O emitente é o obrigado principal.

A nota promissória é, portanto, um título de crédito (literal e abstrato), pelo qual o emitente se obriga, para com o beneficiário ou portador declarado no texto, a lhe pagar, ou à sua ordem, certa soma em dinheiro. É, por definição legal, vale insistir, uma promessa de pagamento.

[...]

O emitente da nota promissória é equiparado, para os efeitos legais, ao aceitante da letra de câmbio, pois no título ocupa a posição de devedor. A nota promissória não tem aceite, pois a simples assinatura do emitente o obriga ao pagamento, como ocorre com o aceitante da letra de câmbio. A nota promissória, por assim dizer, nasce aceita [...].

Na conceituação de Luiz Emygdio F. Rosa Júnior (2002, p.483-484):

A nota promissória é título de crédito abstrato, formal, pelo qual uma pessoa, denominada emitente, faz a outra pessoa, designada beneficiário, uma promessa pura e simples de pagamento de quantia determinada, à vista ou a prazo, em seu favor ou a outrem à sua ordem, nas condições dela constantes. Trata-se de título abstrato porque a lei não determina as causas para a sua emissão, podendo decorrer de qualquer causa, e corresponde a documento formal, porque só produzirá efeitos como tal se observar os requisitos essenciais fixados em lei (LUG, arts. 75 e 76).

Pelo exposto, subtrai-se que, a nota promissória é uma promessa de

pagamento do devedor direta ao credor, ou a sua ordem.

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2.3 BREVE RELATO HISTÓRICO

Desde os tempos romanos já se fazia declaração de dívida, por escrito,

onde o devedor prometia pagar ao credor em data futura. Era chamado de

chirographo, simples obrigações de dívida formuladas por escrito.

Já nos fins da Idade Média, nas transações comerciais, os banqueiros

italianos recebiam dos mercadores certas importâncias em depósito, emitiam

documentos (quirógrafos) em que prometiam pagar a soma depositada, ao

depositante ou a um seu representante, quando reclamada. E foi dessas promessas

de pagamento, que veio a origem da Nota Promissória. (MARTINS, 2001, p.277)

Fran Martins ainda fala sobre o surgimento do título no mundo:

Regulada pelo Código de Comércio francês de 1807 com o nome de billet à ordre (na França, originariamente, a nota promissória era um título civil – hoje pode ser civil ou comercial, dependendo de constituir a sua emissão um ato de comércio – enquanto que a letra de cambio é sempre comercial) foi a nota promissória admitida, nas legislações que se orientaram na francesa, como um título diverso da letra de câmbio, tendo, assim, características próprias. Na Inglaterra é conhecida como Promissory Note, na Itália como vaglia cambiário ou pagherò, na Espanha como pagaré a la orden e em Portugal como livrança. (2001, p.277-278, grifo do autor).

Nos tempos modernos, a princípio, a nota promissória teve respaldo

secundário em relação à letra de câmbio, o que começou a mudar quando os

negócios bancários começaram a se desenvolver com maior intensidade. Com o

impulso do capitalismo, a nota promissória passou a ser utilizada em larga escala,

como um instrumento útil e prático de crédito, e é até hoje. (REQUIÃO, 2003, p.466).

Sobre a evolução do título na legislação nacional cita-se os dizeres de

Fran Martins (2001, p.278-279):

No Brasil, a nota promissória não teve, no Código Comercial, uma regulamentação especial. Além da letra de câmbio, que o Código regulou com destaques nos arts. 354 a 424, [...] E quanto às promissórias, nada mais fez que assemelhá-las às letra da terra, ao estabelecer, no art. 426, que “as notas promissórias e os escritos particulares ou créditos com promessa ou obrigação de pagar

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quantia certa e com prazo fixo à pessoa determinada ou ao portador, à ordem ou sem ela, sendo assinados por comerciantes, serão reputadas como letras da terra, sem que contudo o portador seja obrigado a protestar quando não sejam pagos no vencimento; salvo se nelas houver algum endosso”. Apesar do laconismo de conceitos em relação à nota promissória, declarava o art. 427 do Código que “tudo quanto neste título fica estabelecido a respeito das letras de câmbio servirá de regra igualmente para as letras da terra, para as notas promissórias e para os crédito mercantis, tanto quanto possa ser aplicável.

Foi na Lei nº 2.044, de 1908 [Anexo I], que deu maior destaque à nota promissória, regulando-a e caracterizando-a como título diverso da letra de câmbio. Apesar desse diploma legal também ser parco em considerações em torno do assunto, dedicou-lhe dois artigos (54 e 55) em que caracteriza bem o título, acrescendo, ainda, que “são aplicável à nota promissória, com as modificações necessárias, todos os dispositivos do Título I desta lei, exceto os que se referem ao aceitante da letra de câmbio” (art. 56).

Na Lei Uniforme [Anexo II] a nota promissória (billet à orden) é tratada nos arts. 75 a 78, referindo-se o art. 75 aos requisitos que o título deve conter; o art. 76, sobre a validade do mesmo e certas presunções legais, a falta de alguns requisitos; o art. 77, às aplicações de normas específicas da letra de câmbio à nota promissória e, finalmente, o art. 78, reportando-se às obrigações do emitente, inclusive no caso de promissórias passadas para o pagamento a certo tempo da vista, que não eram permitidas no direito brasileiro, mas agora foram introduzidas pela adoção da Lei Uniforme.

2.4 O FORMALISMO

Primeiramente vale lembrar sobre a nota promissória é que trata-se de

um título formal, e assim, Fran Martins (2004, p.279) menciona em sua obra:

O chamado rigor cambiário, que dá uma garantia especial à letra de câmbio, fazendo com que nela predomine o princípio da literalidade, também se observa na nota promissória, que deverá conter determinados requisitos para que o escrito possua valor cambial. (grifo nosso).

Nesse âmbito faz-se necessário trazer à tona o teor dos artigos 75 e 76,

da Lei Uniforme de Genebra (Dec. nº 57.663 de 24 de Janeiro de 1966):

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Art. 75

A Nota Promissória contém:

1. Denominação “Nota Promissória” inserida no próprio texto do título de expressa na língua empregada para a redação desse título; 2. A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 3. A época do pagamento; 4. A indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; 5. O nome da pessoa quem ou à ordem deve ser paga; 6. A indicação da data em que e do lugar onde a Nota Promissória é passada; 7. A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor).

Art. 76

O título em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como Noto Promissória, salvo nos casos determinados das alíneas seguintes.

A Nota Promissória em que se não indique a época do pagamento será considerada à vista.

Na falta de indicação especial, o lugar onde o título foi passado considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do subscritor da Nota Promissória.

A Nota Promissória que não contenha indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido lugar designado ao lado do nome do subscritor. (grifo nosso).

Pelo exposto, vê-se que o artigo 75 refere-se aos requisitos que o título

deve conter, e no artigo 76 discorre sobre a validade do mesmo, e ainda faz algumas

presunções legais à falta de alguns requisitos.

Deverá a nota promissória constar de um escrito para acerbar sua

essência. Contendo a vontade do subscritor – ou dos subscritores se for o caso –,

que manifestará, não apenas expressamente, mas de uma forma adequada e

regrada, ou seja, por escrito.

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2.5 OS REQUISITOS ESSENCIAIS

Como visto no item anterior, a Nota Promissória tem no artigo 75 da Lei

Uniforme, bem como no artigo 54 da Lei nº 2.044, esculpido seus requisitos, sem os

quais o título não se faz cambiário. Fran Martins (2001), comenta sabiamente os

requisitos essenciais da nota promissória, então vejamos:

a. A denominação “Nota Promissória” inserida no próprio texto do

título se expressa na língua empregada para a redação desse título.

Essa é a chamada cláusula cambiária, semelhante à que deve conterá letra de câmbio. Serve para identificar o título, mostrando que a sua natureza diverge da de qualquer outro título de crédito, cambial ou não. Por tal razão, deve o nome completo do título vir expresso no contexto, não sendo admitido que se use apenas uma palavra, como, por exemplo, “promissória”. [FERREIRA, Walter, Tratado, vol. 8, nº 1.848, I, apud, MARTINS, 2001, p.280]. [...] .(p.280).

Ainda:

Convém observar que, sendo emitida em língua estrangeira, a denominação empregada deve ser a que, no país em que se usa essa língua, identifica o título. A lei brasileira determinava que fosse empregado o termo correspondente à denominação Nota Promissória (Lei nº 2.044, art. 54, I). [...] (p.281).

b. A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada.

Sendo a nota promissória uma promessa de pagamento, deve essa promessa incondicionada figurar no contexto, juntamente com a importância a ser paga. Essa importância deve ser determinada, isto é, certa, exata e pode figurar no contexto quer por expresso, quer em algarismos, sendo de observar-se a regra do art. 6º da Lei Uniforme segundo a qual, estando escrita mais de uma vez, por extenso e em algarismos, havendo divergência valerá a importância escrita por extenso. Se a importância estiver escrita mais de uma vez, valerá a importância menor. [...] (p.282).

c. O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga.

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Na nota promissória o emitente cria uma obrigação direta para com o tomador, prometendo pagar determinada importância em dinheiro. Assim sendo, do título deve constar expressamente o nome do credor, não se admitindo nota promissória ao portador. Se bem que, na prática, muitas vezes circulem notas promissórias sem que seja expressamente mencionado o nome do tomador (promissórias em branco), essa circulação é irregular e, por ocasião de se tornarem exeqüíveis as obrigações contidas no título, a nota promissória só terá validade legal se dela constar o nome do tomador. [...] (p.282). (grifo nosso)

Continua dizendo:

[...] A indicação do tomador identifica a primeira pessoa a quem a promessa generalizada de pagar é feita. Contudo, sendo a nota promissória, por natureza, um título à ordem (o art. 19 do Anexo II da convenção de Genebra estatui que “qualquer das Altas Partes Contratantes pode determinar o nome a dar nas leis nacionais aos títulos de qualquer denominação especial, uma vez que contenham a indicação expressa de que são à ordem”), destinada, portanto, a circular, a promessa do emitente o obriga em relação aos que futuramente se tornam titulares dos direitos emergentes do título. (p.283).

d. A indicação da data em que é passada.

[...] segundo a Lei Uniforme, a indicação da data em que é passada, sob pena de não ter efeito como promissória o título que não a contiver, já que a Lei de Genebra, ao contrário do que acontecia com a brasileira (Lei nº 2.044, art. 54 § 1º), não deu ao portador mandato presumido para, à falta de data, inseri-la no título. A data deve constar de dia, mês e ano, não sendo permitido inserir o mês pelo algarismo correspondente ao mês do ano, já que a prática de se substituir o nome do mês por um numero, oriunda, sem dúvida, da má redação do item c, do art. 2º do Dec. nº 2.591 (regulando a emissão do cheque) que mandava que o cheque deveria conter “data compreendendo o lugar, dia, mês e ano da emissão, sendo dia e o mês por extenso”, [...] (p.283).

e. A assinatura do emitente.

Deverá a nota promissária trazer, também, obrigatoriamente, a assinatura do subscritor ou emitente. Essa assinatura deve ser de próprio punho, admitindo-se, entretanto, sua substituição pela de mandatário com poderes especiais. É essa assinatura que obriga o subscritor, tornando-o devedor principal do título, já que, sendo esse uma promessa de pagamento, não está sujeito a aceite (Lei

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Uniforme, art. 78, correspondente ao art. 56, 2ª alínea, da lei brasileira). [...] (p.283-284).

Prossegue ilustrando o autor:

Apesar de não dizer a lei expressamente, a assinatura do emitente deverá figurar no anverso da nota promissória, podendo, entretanto, constar em qualquer parte do contexto, visto nenhum dispositivo da lei determinar que o mesmo venha sempre abaixo do contexto, como expressamente dispunha a lei brasileira (art. 1º, nº V).

Pode obrigar-se, como emitente, quem tiver capacidade civil ou comercial, devendo o nome firmado no título ser aquele com que a pessoa está capacitada a exercer direitos e assumir obrigações. [...] (p.284)

Pelo bem exposto, ficam claros quais são os requisitos essenciais, para

que tenha validade à nota promissória.

Além das destacadas e já comentadas, a Lei Uniforme inclui entre os

elementos que a nota promissória deve conter, a época do pagamento e a indicação

do lugar em que foi passada, que à mingua de maiores luzes esclarecedoras, ora se

mostram essenciais, ora se mostram secundários. Segundo Rubens Requião, essas,

porém, não são tidas como essenciais, esclarece que o art. 76, LUG, estabelece

que, se a nota promissória não indicar a época do pagamento, será considerada

pagável à vista. E não indicado o lugar do pagamento do título, passa a valer o lugar

onde foi emitido e o domicílio do subscritor. Caso não haja indicação de onde a

cambial foi passada, será considerado o local designado ao lado do nome do

subscritor. (2003, p.467).

Entretanto, a questão deveria ser melhor esclarecida, pois, tais requisitos,

essenciais, ou não, podem acarretar a nulidade da execução do título, com

conseqüências drásticas, como, pagamento de custas, que serão sempre

suportados pelo credor, que, mal orientado, acaba por embasar uma execução com

notas promissórias desvestidas dos indigitados requisitos essenciais, e quando o

que ele mais queria naquele momento era receber o seu crédito.

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2.6 NOTA PROMISSÓRIA EM BRANCO

Há de se argüir que tal título, assinado em branco, chegou às mãos do

possuidor de boa fé, e não merece proteção, pois o que subscreveu não foi induzido

a erro, e declarou sua vontade no momento da assinatura. Bem como menciona

renomado doutrinador Pontes de Miranda:

[...] o princípio mesmo das declarações formais é o de não se apurar a verdade contra a forma, isto é, contra a aparência; de modo que, para se proteger daquele a cujas mãos veio o título em branco, que se encheu, o melhor caminho é admitir-se o título cambiário em branco. [...] se alguém assumiu o risco, foi o subscritor. (2001, p.114).

Muito se discute em doutrina, onde estaria a dita ‘vontade cambiária’, o

que seria capital: a existência ou inexistência de todos os requisitos apontados pela

lei, ou na existência ou inexistência da vontade cambiariamente suficiente, em forma

suficiente. Se os requisitos, tidos como essenciais pela Lei nº 2.044, tivessem que

aparecer desde o princípio, no momento da confecção da cártula, isso levaria à total

invalidade do título parcialmente em branco. (MIRANDA, 2001).

Mister para esclarecer a matéria, dizer nas palavras de Pontes de

Miranda que:

[...] já tivemos ensejo de mostrar quanto é equívoco o adjetivo essenciais que se propõe a requisitos e que não há superponibilidade entre requisitos ditos essenciais e vontade cambiariamente superficiente em forma suficiente. A conclusão lógica é valer a nota promissória em branco, desde que se fixe o que é que se considera essencial à expressão dessa vontade, a que o direito cambiário confere o valor de suficiência. (2001, p.115).

Há posicionamento do Supremo Tribunal Federal, sumulando a questão,

onde afirma que: “A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode

ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto”. (Súmula nº

387 do STF), (grifo nosso).

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Pacífico é o entendimento jurisprudencial de que é possível o

preenchimento de nota promissória assinada em branco, em face da presunção de

anuência do emitente do título. Assim, nesses ditamos, há um julgado do Tribunal de

Justiça de Santa Catarina pertinente ao caso:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE EXECUÇÃO LASTREADA EM NOTA PROMISSÓRIA ASSINADA E EMITIDA EM BRANCO - ALEGAÇÃO DE ABUSIVIDADE NO PREENCHIMENTO DA CÁRTULA - INOCORRÊNCIA - AUSÊNCIA DE ELEMENTO OU INÍCIO DE PROVA DEMONSTRANDO A MÁ-FÉ DO CREDOR - VALIDADE DA VINCULAÇÃO DO TÍTULO AO DÓLAR AMERICANO, ANTE A CONVERSÃO PARA MOEDA NACIONAL NA DATA DO VENCIMENTO - MANUTENÇÃO DO PROCEDIMENTO EXPROPRIATÓRIO - RECURSO NÃO PROVIDO. (Ap. Cív. nº 2000.17403-3, Rel. Des. Gastaldi Buzzi, de 06/05/2004) (grifo nosso).

Ainda:

A nota promissória, que é título de crédito pelo qual o emitente se obriga a pagar certa soma em dinheiro, ao beneficiário, pode ser aceita com omissões ou em branco, sem que isso lhe afete a executabilidade, entendendo-se, em tal caso, que o emitente conferiu poderes ao credor para preenchê-la antes da cobrança ou do protesto. Deste modo, o simples fato de ter sido a promissória emitida em branco não retira-lhe as características de título representativo de débito líquido e certo. (Ap. Cív. nº 98.010468-8, de Rio do Sul).

Lembra-se aqui, que na maioria das operações bancárias a nota

promissória, exigida pela instituição financeira, para garantir a operação pactuada é

geralmente assinada pelo cliente, que deixa em branco o conteúdo para um

posterior preenchimento. Faz-se isso por orientação do próprio Banco, que terá de

preenchê-la a tempo do protesto.

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3 A VINCULAÇÃO DA NOTA PROMISSÓRIA AOS CONTRATOS BANCÁRIOS

Já faz algum tempo que vêm se discutindo quanto à exigibilidade da nota

promissória dada nos contratos bancários em forma de garantia. Seria essa cártula

provida de seus requisitos essenciais de autonomia, abstração e literalidade, para

manter-se no rol dos Títulos Executivos Extrajudiciais.

O artigo 585 do Código de Processo Civil elenca os títulos executivos

extrajudiciais:

Art. 585 - São títulos executivos extrajudiciais:

I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

[...]

Sobre a questão, foram proferidas várias decisões e se posicionaram

vários juristas, e, segundo o Professor Bulgarelli (2001, p.255), o que se pode

identificar são duas correntes:

aquela que entende que a promissória permanece com seus característicos cambiais intactos e outra que entende desprovida da autonomia cambial pondo em dúvida inclusive a sua literalidade, com o que deixa de ser título líquido e certo. [...] Outros entendem ainda que a promissória só poderia circular se contivesse declaração de que está jungida [ligada, vinculada] ao contrato de financiamento.

Como os nobres doutrinadores Humberto Theodoro Júnior e Theotonio

Negrão comentam:

[...] à aceitação dessa corrente, era a exigência contida na antiga redação do inciso II do artigo 585 do CPC de que constasse no documento a obrigação de pagar quantia determinada. Uma vez que a Lei 8.953 de 13 de dezembro de 1994 suprimiu tal requisito não

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haveria mais dúvida a respeito da força executiva do contrato de abertura de crédito desde que assinado pelo devedor e duas testemunhas. (2001, artigo 585, nota 22).

No tocante à ineficácia do contrato de abertura de crédito rotativo, como

título executivo extrajudicial, está pacificado na Súmula 14, do Tribunal de Justiça

(SC), que:

O contrato bancário de abertura de crédito rotativo em conta corrente, ainda que acompanhado dos respectivos extratos de movimentação da conta corrente e assinado pelo devedor e duas testemunhas, não é título executivo extrajudicial.

Neste diapasão:

EXECUÇÃO. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO ROTATIVO EM CONTA CORRENTE. EXTINÇÃO. SÚMULA N. 14 DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA.

O contrato bancário de abertura de crédito rotativo em conta corrente, ainda que acompanhado dos respectivos extratos de movimentação da conta corrente e assinado pelo devedor e duas testemunhas, não é título executivo extrajudicial.

NOTA PROMISSÓRIA. VINCULAÇÃO AO CONTRATO. TÍTULO NÃO AUTÔNOMO.

Perde a autonomia a nota promissória emitida como garantia do cumprimento da obrigação contida no contrato de abertura de crédito em conta corrente, e se este não possui liquidez, aquela segue o mesmo destino." (TJSC, Ap. Cív. n. 99.000972-6, de Criciúma, rel. Des. SILVEIRA LENZI).

Logo, nem o extrato de conta corrente demonstrando a movimentação da

conta poderia suprir tal iliquidez uma vez que o extrato é documento unilateral

expedido pelo banco. Foi nesse sentido que posicionou-se a segunda seção do STJ

com a criação da Súmula 233, que diz: "O contrato de abertura de crédito, ainda que

acompanhado de extrato de conta corrente, não é título executivo".

É o que se extrai da doutrina de Roberto Barcellos de Magalhães (apud

Acórdão nº 1997.007119-1, Rel. Fernando Carioni, 1997):

Tratando-se de estudar os chamados títulos causais, ou seja, os

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emitidos com vistas a algum contrato, é muito importante distinguir a hipóteses de sua emissão pro-solvendo, isto é, como garantia do cumprimento de alguma obrigação; do caso em que o mesmo seja entregue pro soluto, ou melhor, com a finalidade de solucionar ou extinguir dívida ou parte dela.

No primeiro caso, perde a sua autonomia, o seu caráter de dívida líquida e certa, reconhecendo-se a existência, ao lado da ação derivada do título, outra originada da relação fundamental, que é a que deve aparecer em primeiro lugar na ação.

Tornou-se comum à prática de emitir notas promissórias quando da

realização dos contratos bancários. Pois bem, a questão que surgiu foi a seguinte:

essas notas promissórias seriam ilíquidas em razão do negócio jurídico que está em

sua origem, com a conseqüência de não mais poderem fundamentar uma execução.

(DUARTE, 2003)

Com intuito de entender o óbice, vale lançar outro julgado do egrégio

Tribunal (SC):

A nota promissória é título dotado de autonomia, representativa de promessa de pagamento, pelo que, uma vez emitida, desvincula-se da operação creditícia que, porventura, tenha-lhe autorizado à emissão. Assim, a vinculação do título a contrato do qual se abstraiam as características de liquidez, certeza e exigibilidade, exige, para a sua aceitabilidade, a trazida aos autos do contrato vinculador.

[...]

Dessa forma, temos entendido pela extinção sem julgamento do mérito dos processos de execução, quando fundados em documentos deste jaez, eis que não possuindo certeza, liquidez e exigibilidade, deixam eles de se revestir das características de executoriedade, fazendo-se ausente, pois, pressuposto de desenvolvimento válido e regular do desenvolvimento do litígio executório. (Ap. Cív. nº 2002.027962-0, de Rio do Sul, de 12/06/2003).

Não havendo a juntada do contrato de financiamento nos autos da

execução, esta torna-se nula em razão da perda da abstração da nota promissória

vinculada àquele contrato, por lhe faltar, liquidez e, conseqüentemente, força

executiva.

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A separação entre causalidade e acessoriedade é tão nítida na natureza quanto no Direito. O fato de B ter sido causado por A não implicará necessariamente, na natureza, que B é acessório de A. Há coisas que uma vez criadas passam a ter existência livre e autônoma daquela outra que lhe deu origem. A obra de arte, uma vez concebida, por exemplo, tem existência própria e autônoma. Não é porque foi queimado o artista que sua obra se extinguirá em chamas. Se na natureza nem sempre causalidade é sinônimo de acessoriedade, no direito cambiário aquela nunca será sinônimo dessa, uma vez que muito embora possam os títulos incorporar direitos causai ou abstratos, esses serão sempre autônomos. (DUARTE, 2003)

No trecho do voto da Min. Nancy Andrighi no Recurso Especial número

239.352:

A nota promissória, no caso sub judice não foi sacada como promessa de pagamento, mas como garantia de contrato de abertura de crédito, o que, ao desnaturar sua natureza cambial, retirou-lhe a autonomia. (grifo do autor).

Esses argumentos levam à seguinte conclusão: por se originarem de

vontades diferentes, uma negocial e outra unilateral, não pode haver entre o negócio

e a nota promissória a mesma sintonia que há entre negócio preliminar e definitivo e

entre o principal e o acessório.

A só circunstância do vínculo entre a nota promissória e certo contrato não descaracteriza sua natureza de título executivo extrajudicial, como também não o faz a iliquidez da obrigação do devedor nesse referido contrato, cuja nem mesmo a existência é necessária à higidez do título. Nesse sentido posicionou-se Pontes de Miranda a respeito do caráter abstrato da nota promissória: “Abstrata; quer dizer – que abstraiu da causa, que é sem qualquer dependência com a causa, até; pode a causa, até, não ter existido”. A força executiva da nota promissória deriva não da certeza e liquidez das obrigações do devedor no negócio jurídico subjacente, mas do rigor cambiário que lhe é peculiar. (DUARTE, 2003).

No egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina encontra-se pacificado,

segundo próprios julgados, o entendimento quanto à perda de autonomia e, em

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conseqüência, da certeza, liquidez e exigibilidade da promissória emitida como

garantia do adimplemento de contrato.

Dessa forma, o mencionado Tribunal tem entendido pela extinção sem

julgamento do mérito dos processos de execução, quando fundados em documentos

desta formatação, eis que não possuindo os requisitos cambiais, deixam de se

revestir das características de executoriedade.

Já enunciou, o citado Tribunal de Justiça:

EMBARGOS À EXECUÇÃO. NOTA PROMISSÓRIA ASSINADA EM BRANCO COMO GARANTIA DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO E FORNECIMENTO DE FUMO. EXECUTORIEDADE DA CÁRTULA CONDICIONADA AO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO. IMPRESCINDIBILIDADE DA JUNTADA DO INSTRUMENTO NEGOCIAL. AUSÊNCIA, ADEMAIS, DE DEMONSTRATIVO DE DÉBITO ATUALIZADO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 614, II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. NULIDADE DA EXECUÇÃO. RECURSO DESPROVIDO.

1. A nota promissória jungida a contrato tem, não obstante a autonomia inerente às cambiai, a sua executoriedade condicionada ao cumprimento da obrigação a que visa garantir, sendo, portanto, indispensável a juntada do instrumento negocial para que se possa conhecer com exatidão os termos da avença e, assim, apurar a origem e a evolução do dívida reclamada.

2. Inexistente cópia do contrato de financiamento [...] nos autos da ação de execução, nula torna-se esta demanda em relação a nota promissória vinculada aquele contrato, por lhe faltar, nessa condição, liquidez e, conseqüentemente, força executiva. [...]. (Ap. Cív. n. 99.005615-5, de Ibirama, rel. Des. ELÁDIO TORRET ROCHA, de 18/06/2002).

Na mesma esteira, assim pronunciam:

Em que pese a autonomia natural da nota promissória, destituí-se ela da condição de título abstrato e não causal, quando, comprovadamente, está ela subordinada a um contrato bancário e quando foi a mesma, inegavelmente, emitida com claros. Existente essa vinculação, carece a promissória de liquidez e, pois, de executabilidade, quando não demonstrado pelo credor ter sido ela preenchida com irrestrita obediência dos termos do ajuste principal, seja referentemente ao seu valor, seja no que pertine à respectiva data de vencimento. (Ap. Civ. n. 98.015964-4, de Curitibanos).

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Ainda:

Conquanto a sua autonomia natural, a nota promissória demuda-se em título eminentemente causal, quando incontroversamente atrelada a contrato de fornecimento de insumos para plantio de fumo. Presa a cambial por um elo contratual, afasta-se dela a liquidez, certeza e exigibilidade que lhe são inerentes, com a sua exeqüibilidade condicionando-se à trazida aos autos da convenção celebrada e à comprovação plena da efetividade do valor nela lançado e do cumprimento de todas as estipulações contratuais firmadas. (Ap. Cív. n. 2002.022896-1, de Tubarão).

Em hipóteses análogas já decidas:

“[...]

A nota promissória nascida em garantia de débito assumido, para imbuir-se de pressupostos de executoriedade, há que revelar-se fiel aos exatos termos do ajuste em decorrência do qual foi ela emitida. Desassociando-se o valor algarismado na nota promissória do valor da obrigação garantida, incoadunantes, ainda, as datas de vencimento, não há como reconhecer-lhe atributos executivos.” (Ap. Cív. n. 97.013632-3, de Maravilha).

"[...]

Os contratos bancários de abertura de crédito rotativo em conta corrente, faz-se indiscutível, não são dotados de exequibilidade, por não assumir o correntista, quando da sua formação, a obrigação de satisfazer valor certo e determinado, mas tão somente valores totalmente aleatórios e que irão ser estabelecidos no decorrer do período de contratualidade ajustado.

Essa inexequibilidade transmite-se, evidente faz-se, à nota promissória emitida em garantia de contratos desse jaez, à qual vê-se destituída de autonomia em face do caráter de título pro solvendo que a anima, seguindo, então, os destinos da obrigação a que visou ela garantir. A promissória assim emitida, inquestionável torna-se, tem sua validade jurídica atrelada à própria eficácia legal da relação contratual na qual se insere ela, não tendo o condão de modificar, ampliar ou restringir os efeitos da relação negocial originária, pelo que, carecendo esta de executoriedade, inexequível torna-se, por igual, a promissória que garante essa mesma relação." (Agravo (Art. 557, § 1º do CPC) n. 97.014460-1, de Jaraguá do Sul).

Inquestionável, portanto, a perda de autonomia da cambial garantidora do

contrato mencionado.

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Haroldo Duarte (2003) faz menção ao tema quando diz:

Basta para que se alcance a presunção juris tantum de certeza e liquidez da dívida representada por nota promissória, que sejam atendidos os requisitos do artigo 75 do decreto 57.663 de 1996: “1. Denominação ‘nota promissória’ inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título; 2. Promessa pura e simples de pagar quantia determinada; 3. Época do pagamento; 4. Indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; 5. Nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 6. Indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada e 7. Assinatura do emitente”. Esse é um rol nitidamente taxativo, não cabendo ao exegeta acrescer uma outra exigência a relação já tão rigorosa e suficiente à presunção de existência da dívida, ainda que se trate de presunção juris tantum.

É dever do magistrado apreciar no caso concreto se trata ou não de fazer cair por terra aquela presunção, motivo pelo qual entendemos não haver razoabilidade na súmula 258 que tem o efeito de desaconselhar genericamente o uso do rito executivo para cobrança judicial de nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito em conta corrente.

Poderia-se pensar na possibilidade de que, vindo à tona o negócio

jurídico subjacente não fica automaticamente desnaturada a nota promissória e a

liquidez da nota promissória não decorre da liquidez do negócio subjacente, mas do

seu rigor cambiário. É a nota promissória, como os demais títulos de crédito,

representativa de direitos autônomos.

Das características peculiares a esse documento é que nasce sua força

executiva prevista em lei (art. 585 I do CPC), e não de qualquer outra fonte externa.

Já asseverava Pontes de Miranda (2001 apud DUARTE, 2003):

Quando um Tribunal diz que, estando a nota promissória ligada a contrato subjacente, perde o caráter de dívida certa e líquida e só por processo competente, não cambiário, pode ser verificada a certeza e liquidez da obrigação, incorre em heresia jurídica.

Quando se investiga o negócio jurídico originador da emissão da cambial

pode se chegar à conclusão de que a prestação incorporada na cártula não é

devida, seja por insuficiência ou por inexistência da contraprestação correspondente.

(DUARTE, 2003)

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Os contratos de financiamento bancários e as promissórias a eles

vinculadas só têm consistência jurídica e eficácia obrigacional contra os pretensos

devedores quando efetivamente assumiram eles as correspectivas obrigações.

Nesse contexto, comprovado através de perícia especializada, realizada em

incidente de falsidade, terem sido fruto de falsificação as assinaturas apostas na

avença de crédito e na promissória a ela vinculada, não há como persistir a

vinculação jurídica pretendida de atribuição ao pretenso obrigado.

Neste sentido, tem proclamado o colendo Superior Tribunal de Justiça:

“[...]

II - A nota promissória atrelada ao contrato de mútuo perde sua característica de autonomia, em razão da própria iliqüidez do título que lhe serviu de sustentação.” (REsp n. 109869/MG, DJU de 21.09.98, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira).

“Processual Civil. Embargos à execução. Contrato de abertura de crédito. Título executivo. Inexistência. Art. 585, II, CPC. Nota promissória.

I - O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, ainda que acompanhado de extratos de movimentação financeira, não constitui título hábil para a promoção de ação executiva.

II - A nota promissória vinculada ao contrato de abertura de crédito não goza de autonomia por restar descaracterizada, em tal situação, a sua natureza como título executivo.

III - Precedentes.

IV - Recurso conhecido em parte e provido.” (REsp n. 286.071-0/MG, rel. Min. ALDIR PASSARINHO JÚNIOR, DJU de 05.03.2001).

“NOTA PROMISSÓRIA Vinculação a contrato de abertura de crédito em conta corrente Título de crédito que tem sua natureza cambial desnaturada, subtraída a sua autonomia Iliquidez da avença que é transmitida à cambial.

Ausente a circulação do título de crédito, a nota promissória que não é sacada como promessa de pagamento, mas como garantia de contrato de abertura de crédito, a que foi vinculada, tem sua natureza cambial desnaturada, subtraída a sua autonomia. A iliquidez do contrato de abertura de crédito é transmitida à nota promissória vinculada, contaminando-a, pois o objeto contratual é a disposição de certo numerário, dentro de um limite prefixado, sendo que essa

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indeterminação do quantum devido, comunica-se com a nota promissória por terem nascido da mesma obrigação jurídica.” (EDiv em REsp 262.623-RS, rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJU de 02.04.2001).

Disse, da mesma forma, o egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª

Região:

“Processual civil. Execução. Contrato de abertura de crédito rotativo - cheque azul. Nota promissória. Título executivo extrajudicial. Inexistência. Conversão da execução em monitória.

O STJ pacificou o entendimento jurisprudencial, no sentido de que os contratos de abertura de crédito rotativo não são títulos executivos, ainda que acompanhados dos extratos, pois são documentos unilaterais, elaborados sem a participação do devedor. A nota promissória é mera garantia subsidiária, pois refere-se ao limite do crédito posto à disposição do correntista. Por ser uma garantia, a nota promissória está vinculada ao contrato, não estando presente a abstração e a autonomia, pois ficaria a depender do correntista estar devendo. Assim, a nota promissória atrelada ao contrato de crédito rotativo carece de executividade. [...]” (4ª T., Ap. Civ. n. 1999.04.01.139.299-6/RS, rel. Juiz EDUARDO TONETTO PICARELLI, DJU de 20.09.2000, p. 330).

Os bancos encontram uma certa dificuldade em recuperar seu crédito, por

cobrança judicial, uma vez que a maioria dos seus contratos não são líquidos. Não

havendo o valor certo da obrigação, fica lhe faltando a liquidez para tornar-se título

executivo, ficando como saída para os bancos a possibilidade de ingresso em uma

demorada ação de conhecimento.

Com as Notas Promissórias vinculadas aos contratos, via-se uma forma

de recuperação de crédito de maneira célere e eficaz, onde era apurado o saldo do

contrato, preenchida a cambial e executada. Mas, pelo todo exposto até o momento,

viu-se que os Tribunais vislumbraram esse título dotado de abstração por conta da

vinculação ao contrato, e assim decorrendo a iliquidez do mesmo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A exeqüibilidade do saldo gerado pelo contrato de abertura de crédito, era

aceita pela antiga jurisprudência do STF, desde que se trouxe aos autos os extratos

discriminados. Com o tempo surgiu uma divergência entre as Turmas do STJ,

acerca do assunto. Sendo posteriormente unificado pela súmula nº 233: “O contrato

de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato de conta corrente, não é

título executivo”.

Essa posição quanto a liquidez das operações bancárias gerou um

grande impacto, que foi amenizado posteriormente por uma das Turmas do STJ,

para ser mais exato a terceira, que passou a decidir que a nota promissória

vinculada ao contrato de abertura de crédito poderia se aperfeiçoar a deficiência

deste último, isto porque, era entendimento antigo que a cambial não perdia sua

liquidez em razão da vinculação, face sua autonomia jurídica.

Todavia a manobra não foi de todo sucesso, pois a quarta turma, por sua

vez, começou a ampliar a aplicação da súmula nº 233, dizendo que “da mesma

forma que o contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de

demonstrativos dos lançamentos, não constitui título executivo, também a nota

promissória emitida para sua garantia e a ele vinculada é desprovida de liquidez e

certeza” (STJ, 4ªT., Resp. nº 201.840/SC, Rel. Min Ruy Rosado, de 18/05/1999).

Neste ponto, com a devida vênia, que há um equívoco na orientação

adotada pelo STJ. Se o legislador não encontra obstáculo para figurar como titulo

executivo a cédula de financiamento da agricultura, indústria, comércio e exportação,

não se pode negar tal exeqüibilidade ao contrato de abertura de crédito, uma

operação que vem se difundindo largamente no comércio bancário.

A estrutura jurídica destes institutos são idênticas, tendo o diferencial de

que, o que determina a dívida líquida, é o saldo devedor a ser apurado em tempo,

tornando-a certa e exigível.

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É próspera a objeção feita ao extrato da conta corrente como sendo um

documento unilateral e, por isso, não poderia dar liquidez ao título do creditador.

Visto que houve a vontade do creditado de abrir e movimentar a conta, não se trata

de um ato de vontade do creditador. É um mecanismo previsto pelo contrato e,

portanto, fruto do acordo bilateral que criou a própria abertura de crédito.

Não é o contrato de abertura de crédito o único a que se integra por atos

e documentos futuros ao originário instrumento de acordo de vontades. Exemplo da

duplicata sem aceite, o contrato de compra e venda quando há previsão de que o

quantum será arbitrado por terceiro.

Nesta inteligência, não havia necessidade de abandonar a posição

adotada pela Suprema Corte: “O saldo devedor constante de extrato de

movimentação de abertura de crédito em conta corrente, devidamente formalizado o

instrumento contratual e ciente o creditado dos registros contábeis, é representativos

de dívida líquida, certa para legitimar a execução por título extrajudicial, nos termos

do art. 585, II do CPC. Recurso extraordinário conhecido e provido” (STJ – 1ª T.,

Resp., nº 91.769, Rel. Min. Rafael Mayer, de 24/11/1981).

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

BULGARELLI, Waldirio. Títulos de Crédito, 18ª ed., atual., São Paulo: Editora Atlas, 2001.

CAMPINHO, Amaury. Manual de Títulos de Crédito, 5ª ed., rev., atual. e ampl., Rio de Janeiro: Editora Lúmen Juris, 2003.

CARVALHO NETO, Frederico da Costa. Nulidade da Nota Promissória dada em Garantia nos Contratos Bancários, 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Juarez de Oliveira, 2003.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol. 1, 4ª ed. rev., atual. e ampl., São Paulo: Saraiva, 2000.

COSTA, Wille Duarte. Títulos de Crédito de acordo com o novo código civil. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.

COVELLO, Sergio Carlos. Contratos bancários, 3 ed., São Paulo: Editora Universitária de Direito, 1999.

DALLAGNOL, Deltan Martinazzo. Contratos bancários: conceito, classificação e características. Jus Navigandi, Teresina, a. 6, n. 59, out. 2002. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3262>. Acesso em: 23/10/2004.

DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado. 9ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2003.

DINIZ, Maria Helena. Tratado teórico e prático dos tratados. Vol. 4, 5ª ed., rev., ampl. e atual. de acordo com o novo Código Civil/2002, São Paulo: Saraiva, 2003.

DORIA, Dylson. Curso de direito comercial. 2º volume. São Paulo: Saraiva, 2000.

DUARTE, Haroldo Augusto da Silva Teixeira. A Súmula 258 do STJ: uma heresia jurídica? Estudo sobre a autonomia, abstração e rigor cambiário da nota promissória. Jus Navigandi, Teresina, a. 7, n. 64, abr. 2003. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=3900>. Acesso em: 29/05/2005.

GOMES, Orlando. Introdução ao curso de Direito Civil, 13 ed., Rio de Janeiro: Forense, 1998.

GOMES, Orlando. Contratos, 24ª ed., atualização e notas de Humbrerto Theodoro Júnior, Rio de Janeiro: Forense, 1998.

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GUIMARÃES, Haina Eguia. A função social dos contratos em uma perspectiva civil-constitucional. Jus Navigandi, Teresina, a. 8, n. 475, 25 out. 2004. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=5814>. Acesso em: 30/03/2005.

LUZ, Aramy Dornelles da. Negócios jurídicos bancários, o banco múltiplo e seus contratos, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1996.

MARTINS, Fran. Títulos de Crédito. Volume I, 13ª edição, Rio de Janeiro: Forense, 2001.

MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito cambiário. Vol. II. Atualizador: Vilson Rodrigues Alves. Campinas: Bookseller, 2001.

NEGRÃO, Theotonio. Código de Processo Civil e legislação processual em vigor. 20ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2001.

NORDI, Renato. Contrato de abertura de crédito e possíveis implicações decorrentes de sua cobrança. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 1999.

REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial, Volume 1, 25ª ed. atual., São Paulo: Saraiva, 2003.

RIZZARDO, Arnoldo. Contratos de Crédito Bancário, 5ª ed., rev., atual. e ampl., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

ROSA JÚNIOR, Luiz Emygdio F. da. Títulos de Crédito, 2a.ed., Rio de Janeiro - São Paulo: Renovar, 2002.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. II, 16ª Edição, Rio de Janeiro: Forense, 1996.

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ANEXO I

DECRETO N. 2.044 - DE 31 DE DEZEMBRO DE 1908

Define a letra de câmbio e a nota promissória e regula as Operações Cambiais. 1

O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil:

Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sanciono a seguinte resolução:

TITULO I

DA LETRA DE CÂMBIO 2

CAPITULO I

DO SAQUE

Art. 1º A letra de câmbio é uma ordem de pagamento e deve conter requisitos, lançados, por extenso, no contexto:

I. A denominação "letra de câmbio" ou a denominação equivalente na língua em que for emitida.

II. A soma de dinheiro a pagar e a espécie de moeda.

III. O nome da pessoa que deve pagá-la. Esta indicação pode ser inserida abaixo do contexto.

IV. O nome da pessoa a quem deve ser paga. A letra pode ser ao portador e também pode ser emitida por ordem e conta de terceiro. O sacador pode designar-se como tomador.

V. A assinatura do próprio punho do sacador ou do mandatário especial. A assinatura deve ser firmada abaixo do contexto.

Art. 2º Não será letra de câmbio o escrito a que faltar qualquer dos requisitos acima enumerados.

Art. 3º Esses requisitos são considerados lançados ao tempo da emissão da letra. A prova em contrário será admitida no caso de má-fé do portador.

Art. 4º Presume-se mandato ao portador para inserir a data e o lugar do saque, na letra que não os contiver.

1 Consulte-se o Decreto nº 57.663, de 24-1-1966, que promulgou as Convenções para adoção de uma lei uniforme em matéria de letras de câmbio e notas promissórias. 2 Registro: arts. 2º, 3º e 5º do Decreto-lei nº 427, de 22-1-1969, regulamentado pelo Decreto nº 64.156, de 4-3-1969.

- Modelos para registro: Portaria nº GB-70 de 28-2-1969 do Min. da Fazenda.

- Registro pelas Caixas Econômicas Federais e estabelecimentos bancários: Portaria nº GB-90, de 21-3-1969, do Min. Da Fazenda. - Apresentação para registro e respectivas anotações: Portaria nº 344, de 30-3- -1969, da SRF-MF.

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Art. 5º Havendo diferença entre o valor lançado por algarismo e o que se achar por extenso no corpo da letra, este último será sempre considerado verdadeiro e a diferença não prejudicará a letra. Diversificando as indicações da soma de dinheiro no contexto, o título não será letra de câmbio.

Art. 6º A letra pode ser passada:

I. À vista.

II. A dia certo.

III. A tempo certo da data.

IV. A tempo certo da vista.

Art. 7º A época do pagamento deve ser precisa, uma e única para a totalidade da soma cambial.

CAPITULO II

DO ENDOSSO

Art. 8º O endosso transmite a propriedade da letra de câmbio. Para a validade do endosso, é suficiente a simples assinatura do próprio punho do endossador ou do mandatário especial, no verso da letra. O endossatário pode completar este endosso.

§ 1º A cláusula "por procuração", lançada no endosso, indica o mandato com todos os poderes, salvo o caso de restrição, que deve ser expressa no mesmo endosso.

§ 2º O endosso posterior ao vencimento da letra tem o efeito de cessão civil.

§ 3º É vedado o endosso parcial.

CAPÍTULO III

DO ACEITE 3

Art. 9º A apresentação da letra ao aceite é facultativa quando certa a data do vencimento. A letra a tempo certo da vista deve ser apresentada ao aceite do sacado, dentro do prazo nela marcado; na falta de designação, dentro de seis meses contados da data da emissão do título, sob pena de perder o portador o direito regressivo contra o sacador, endossadores e avalistas.

Parágrafo único. O aceite da letra, a tempo certo da vista, deve ser datado, presumindo-se, na falta de data, o mandato ao portador para inseri-la.

Art. 10. Sendo dois ou mais os sacados, o portador deve apresentar a letra ao primeiro nomeado; na falta ou recusa do aceite, ao segundo, se estiver domiciliado na mesma praça; assim, sucessivamente, sem embargo da forma da indicação na letra dos nomes dos sacados.

Art. 11. Para a validade do aceite é suficiente a simples assinatura do próprio punho do sacado ou do mandatário especial, no anverso da letra.

3 As letras de câmbio aceitas por instituições financeiras foram autorizadas a ser incluídas entre os títulos de renda fixa que poderão compor a carteira dos Fundos Mútuos de Investimento. Resolução nº 164, de 24-11-1970, do Banco Central do Brasil.

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Vale, com aceite pura, a declaração que não traduzir inequivocamente a recusa, limitação ou modificação.

Parágrafo único. Para os efeitos cambiais, a limitação ou modificação do aceite equivale à recusa, ficando, porém, o aceitante cambialmente vinculado, nos termos da limitação ou modificação.

Art. 12. O aceite, uma vez firmado, não pode ser cancelado nem retirado.

Art. 13. A falta ou recusa do aceite prova-se pelo protesto.

CAPÍTULO IV

DO AVAL

Art. 14. O pagamento de uma letra de câmbio, independente do aceite e do endosso, pode ser garantido por aval. Para a validade do aval, é suficiente a simples assinatura do próprio punho do avalista ou do mandatário especial, no verso ou no anverso da letra.

Art. 15. O avalista é equiparado àquele cujo nome indicar; na falta de indicação, àquele abaixo de cuja assinatura lançar a sua; fora destes casos, ao aceitaste e, não estando aceita a letra, ao sacador.

CAPÍTULO V

DA MULTIPLICAÇÃO DA LETRA DE CÂMBIO

SEÇÃO ÚNICA

DAS DUPLICATAS

Art. 16. O sacador, sob pena de responder por perdas e interesses, é obrigado a dar, ao portador, as vias de letra que este reclamar antes do vencimento, diferençadas, no contexto, por números de ordem ou pela ressalva, das que se extraviaram. Na falta da diferenciação ou da ressalva, que torne inequívoca a unicidade da obrigação, cada exemplar valerá como letra distinta.

§ 1º O endossador e o avalista, sob pena de respondem por perdas e interesses, são obrigados a repetir, na duplicata, o endosso e o aval firmados no original.

§ 2º O sacado fica cambialmente obrigado por cada um dos exemplares em que firmar o aceite.

§ 3º O endossador de dois ou mais exemplares da mesma letra a pessoas diferentes e os sucessivos endossadores e avalistas ficam cambialmente obrigados.

§ 4º O detentor da letra expedida para o aceite é obrigado a entregá-la ao legítimo portador da duplicata, sob pena de responder por perdas e interesses.

CAPÍTULO VI

DO VENCIMENTO

Art. 17. A letra à vista vence-se no ato da apresentação ao sacada.

A letra, a dia certo, vence-se nesse dia. A letra, a dias da data ou da vista, vence-se no último dia do prazo; não se conta, para a primeira, o dia do saque, e, para a segunda, o dia do aceite.

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A letra a semanas, meses ou anos da data ou da vista vence no dia da semana, mês ou ano do pagamento, correspondente ao dia do saque ou ao dia do aceite. Na falta do dia correspondente, vence-se no último dia do mês do pagamento.

Art. 18. Sacada a letra em País onde vigorar outro calendário, sem a declaração do adotado, verifica-se o termo do vencimento contando-se do dia do calendário gregoriano, correspondente ao da emissão da letra pelo outro calendário.

Art. 19. A letra é considerada vencida, quando protestada:

I. pela falta ou recusa do aceite;

II. pela falência do aceitante.

O pagamento, nestes casos, continua diferido até ao dia do vencimento ordinário da letra, ocorrendo o aceite de outro sacado nomeado ou, na falta, a aquiescência do portador, expressa no ato do protesto, ao aceite na letra, pelo interveniente voluntário.

CAPÍTULO VII

DO PAGAMENTO

Art. 20. A letra deve ser apresentada ao sacado ou ao aceitante para o pagamento, no lugar designado e no dia do vencimento ou, sendo este dia feriado por lei, no primeiro dia útil imediato, sob pena de perder o portador o direito de regresso contra o sacador, endossadores e avalistas.

§ 1º Será pagável à vista a letra que não indicar a época do vencimento. Será pagável, no lugar mencionado ao pé do nome do sacado, a letra que não indicar o lugar do pagamento.

É facultada a indicação alternativa de lugares de pagamento, tendo o portador direito de opção. A letra pode ser sacada sobre uma pessoa, para ser paga no domicílio de outra, indicada pelo sacador ou pelo aceitante,

§ 2º No caso de recusa ou falta de pagamento pelo aceitante, sendo dois ou mais os sacados, o portador deve apresentar a letra ao primeiro nomeado, se estiver domiciliado na mesma praça; assim sucessivamente, sem embargo da forma da indicação na letra dos nomes dos sacados.

§ 3º Sobrevindo caso fortuito ou força maior, a apresentação deve ser feita, logo que cessar o impedimento.

Art. 21. A letra à vista deve ser apresentada ao pagamento dentro do prazo nela marcado; na falta desta designação, dentro de 12 meses, contados da data da emissão do título, sob pena de perder o portador o direito de regresso contra o sacador, endossadores e avalistas.

Art. 22. O portador não é obrigado a receber o pagamento antes do vencimento da letra. Aquele que paga uma letra, antes do respectivo vencimento, fica responsável pela validade desse pagamento.

§ 1º O portador é obrigado a receber o pagamento parcial, ao tempo do vencimento.

§ 2º O portador é obrigado a entregar a letra com a quitação àquele que efetua o pagamento; no caso do pagamento parcial, em que se não opera tradição do título, além da quitação em separado, outra deve ser firmada na própria letra.

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Art. 23. Presume-se validamente desonerado aquele que paga a letra no vencimento, sem oposição.

Parágrafo único. A oposição ao pagamento é somente admissível no caso de extravio da letra, de falência ou incapacidade do portador para recebê-la.

Art. 24. O pagamento feito pelo aceitante ou pelos respectivos avalistas desonera da responsabilidade cambial todos os coobrigados.

O pagamento feito pelo sacador, pelos endossadores ou respectivos avalistas desonera da responsabilidade cambial os coobrigados posteriores.

Parágrafo único. O endossador ou o avalista, que paga ao endossatário ou ao avalista posterior, pede riscar o próprio endosso ou aval e os dos endossadores ou avalistas posteriores.

Art. 25. A letra de câmbio deve ser paga na moeda indicada. Designada moeda estrangeira, o pagamento, salvo determinação em contrário, expressa na letra, deve ser efetuado em moeda nacional, ao câmbio à vista do dia do vencimento e do lugar do pagamento; não havendo no lugar curso de câmbio, pelo da praça mais próxima.

Art. 26. Se o pagamento de uma letra de câmbio não for exigido no vencimento, o aceitaste pode, depois de expirado o prazo para o protesto por falta de pagamento, depositar o valor da mesma, por conta e risco do portador, independente de qualquer citação.

Art. 27. A falta ou recusa, total ou parcial, de pagamento, prova-se pelo protesto.

CAPÍTULO VIII

DO PROTESTO 4

Art. 28. A letra que houver de ser protestada por falta de aceite ou de pagamento deve ser entregue ao oficial competente, no primeiro dia útil que se seguir ao da recusa do aceite ou ao do vencimento, e o respectivo protesto, tirado dentro de três dias úteis.

Parágrafo único. O protesto deve ser tirado do lugar indicado na letra para o aceite ou para o pagamento. Sacada ou aceita a letra para ser paga em outro domicílio que não o do sacado, naquele domicílio deve ser tirado o protesto.

Art. 29. O instrumento de protesto deve conter:

I. a data;

II. a transcrição literal da letra e das declarações nela inseridas pela ordem respectiva;

III. a certidão da intimação ao sacado ou ao aceitante ou aos outros sacados, nomeados na letra para aceitar ou pagar, a resposta dada ou a declaração da falta da resposta.

A intimação é dispensada no caso de o sacado ou aceitante firmar na letra a declaração da recusa do aceite ou do pagamento e, na hipótese de protesto, por causa de falência do aceitante.

4 As letras de câmbio ou notas promissórias sem registro não poderão ser levadas a protesto. V. art. 2º, § 2º, do Decreto-lei n.º 427, de 22-1-1969.

- Do protesto e da apreensão de títulos: V. arts. 882 a 887 do C. P. Civil.

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IV. a certidão de não haver sido encontrada ou de ser desconhecida a pessoa indicada para aceitar ou para pagar. Nesta hipótese, o oficial afixará a intimação nos lugares de estilo e, se possível, a publicará pela imprensa;

V. a indicação dos intervenientes voluntários e das firmas por eles honradas;

VI. a aquiescência do portador ao aceite por honra;

VII. a assinatura, como sinal público, do oficial do protesto.

Parágrafo único. Este instrumento, depois de registrado no livro de protestos, deverá ser entregue ao detentor ou portador da letra ou àquele que houver efetuado o pagamento.

Art. 30. O portador é obrigado a dar aviso do protesto ao último endossador, dentro de dois dias, contados da data do instrumento do protesto e cada endossatário, dentro de dois dias, contados do recebimento do aviso, deve transmiti-lo ao seu endossador, sob pena de responder por perdas e interesses.

Não constando do endosso o domicílio ou a residência do endossador, o aviso deve ser transmitido ao endossador anterior, que houver satisfeito aquelas formalidades.

Parágrafo único. O aviso pode ser dado em carta registrada. Para esse fim, a carta será levada aberta ao Correio, onde, verificada a existência do aviso se declarará o conteúdo da carta registrada no conhecimento e talão respectivo.

Art. 31. Recusada a entrega da letra por aquele que a recebeu para firmar o aceite ou para efetuar o pagamento, o protesto pode ser tirado por outro exemplar ou, na falta, pelas indicações do protestante.

Parágrafo único. Pela prova do fato, pode ser decretada a prisão do detentor da letra, salvo depositando este a soma cambial e a importância das despesas feitas.

Art. 32. O portador que não tira, em tempo útil e forma regular, o instrumento do protesto da letra, perde o direito de regresso contra o sacador, endossadores e avalistas.

Art. 33. O oficial que não lavra, em tempo útil e forma regular, o instrumento do protesto, além da pena em que incorrer, segundo o Código Penal, responde por perdas e interesses.

CAPÍTULO IX

DA INTERVENHO

Art. 34. No ato do protesto pela falta ou recusa do aceite, a letra pode ser aceita por terceiro, mediante a aquiescência do detentor ou portador.

A responsabilidade cambial deste interveniente é equiparada à do sacado que aceita.

Art. 35. No ato do protesto, excetuada apenas a hipótese do artigo anterior, qualquer pessoa tem o direito de intervir para efetuar o pagamento da letra, por honra de qualquer das firmas.

§ 1º O pagamento, por honra da firma do aceitante ou dos respectivos avalistas, desonera da responsabilidade cambial todos os coobrigados.

O pagamento, por honra da firma do sacador, do endossador ou dos respectivos avalistas, desonera da responsabilidade cambial todos os coobrigados posteriores.

§ 2º Não indicada a firma, entende-se ter sido honrada a do sacador; quando aceita a letra, a do aceitante.

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§ 3º Sendo múltiplas as intervenções, concorram ou não coobrigados, deve ser preferido o interveniente que desonera maior número de firmas.

Múltiplas as intervenções pela mesma firma, deve ser preferido o interveniente coobrigado; na falta deste, o sacado; na falta de ambos, o detentor ou portador tem a opção. É vedada a intervenção, ao aceitante ou ao respectivo avalista.

CAPÍTULO X

DA ANULAÇÃO DA LETRA

Art. 36. Justificando a propriedade e o extravio ou a destruição total ou parcial da letra, descrita com clareza e precisão, o proprietário pode requerer ao juiz competente do lugar do pagamento na hipótese de extravio, a intimação do sacado ou do aceitante e dos coobrigados, para não pagarem a aludida letra, e a citação do detentor para apresentá-la em juízo, dentro do prazo de três meses, e, nos casos de extravio e de destruição, a citação dos coobrigados para, dentro do referido prazo, oporem contestação, firmada em defeito de forma do título ou, na falta de requisito essencial, ao exercício da ação cambial. 5

Estas citações e intimações devem ser feitas pela imprensa, publicadas no jornal oficial do Estado e no "Diário Oficial" para o Distrito Federal e nos periódicos indicados pelo juiz, além de afixadas nos Lugares do estilo e na bolsa da praça do pagamento.

§ 1º O prazo de três meses corre da data do vencimento; estando vencida a letra, da data da publicação no jornal oficial.

§ 2º Durante o curso desse prazo, munido da certidão do requerimento e do despacho favorável do juiz, fica o proprietário autorizado a praticar todos os atas necessário à garantia do direito creditório, podendo, vencida a letra, reclamar do aceitante o depósito judicial da soma devida.

§ 3º Decorrido o prazo, sem se apresentar o portador legitimado (art. 39) da letra, ou sem a contestação do coobrigado (art. 36), o juiz decretará a nulidade do título extraviado ou destruído e ordenará, em benefício do proprietário, o levantamento do depósito da soma, caso tenha sido feito.

§ 4º Por esta sentença fica o proprietário habilitado, para o exercício da ação executiva, contra o aceitante e os outros coobrigados.

§ 5º Apresentada a letra pelo portador legitimado (art. 39), ou oferecida a contestação (art. 36) pelo coobrigado, o juiz julgará prejudicado o pedido de anulação da letra, deixando, salvo à parte, o recurso aos meios ordinários.

§ 6º Da sentença proferida no processo cabe o recurso de agravo com efeito suspensivo.

§ 7º Este processo não impede o recurso à duplicata e nem para os efeitos da responsabilidade civil do coobrigado, dispensa o aviso imediato do extravio, por cartas registradas endereçadas ao sacado, ao aceitante e aos outros coobrigados, pela forma indicada no parágrafo único do artigo 30.

CAPÍTULO XI

DO RESSAQUE

Art. 37. O portador da letra protestada pode haver o embolso da soma devida, pelo ressaque de nova letra de câmbio, à vista, sobre qualquer dos obrigados.

5 Ação de Anulação e Substituição de Títulos ao portador: V. arts. 907 a 913 do C. P. Civil.

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O ressacado que paga pode, por seu turno, ressacar sobre qualquer dos coobrigados a ele anteriores.

Parágrafo único. O ressaque deve ser acompanhado da letra protestada, do instrumento do protesto e da conta de retorno.

Art. 38. A conta de retorno deve indicar:

I. a soma cambial e a dos juros legais, desde o dia do vencimento;

II. a soma das despesas legais, protesto, comissão, porte de cartas, selos e dos juros legais, desde o dia em que foram feitas;

III. o nome do ressacado;

IV. o preço do câmbio, certificado por corretor ou, na falta, por dois comerciantes.

§ 1º O recâmbio é regulado pelo curso do câmbio da praça do pagamento, sobre a praça do domicílio ou da residência do ressacado; o recâmbio, devido ao endossador ou ao avalista que ressaca, é regulado pelo curso do câmbio da praça do ressaque, sobre a praça da residência ou do domicílio do ressacado.

Não havendo curso de câmbio na praça do ressaque, o recâmbio é regulado pelo curso do câmbio da praça mais próxima.

§ 2º É facultado o acúmulo dos recâmbios nos sucessivos ressaques.

CAPITULO XII

DOS DIREITOS E DAS OBRIGAÇÕES CAMBIAIS

SEÇÃO I

DOS DIREITOS

Art. 39. O possuidor é considerado legítimo proprietário da letra ao portador e da letra endossada em branco.

O último endossatário é considerado legítimo proprietário da letra endossada em preto, se o primeiro endosso estiver assinado pelo tomador e cada um dos outros, pelo endossatário do endosso, imediatamente anterior.

Seguindo-se ao endosso em branco outro endosso, presume-se haver o endossador deste adquirido por aquele a propriedade da letra.

§ 1º No caso de pluralidade de tomadores ou de endossatários, conjuntos ou disjuntos, o tomador ou o endossatário possuidor da letra é considerado, para os efeitos cambiais, o credor único da obrigação.

§ 2º O possuidor, legitimado de acordo com este artigo, somente no caso de má-fé na aquisição, pode ser obrigado a abrir mão da letra de câmbio.

Art. 40. Quem paga não está obrigado a verificar a autenticidade dos endossos.

Parágrafo único. O interveniente voluntário que paga fica sub-rogado em todos os direitos daquele, cuja firma foi por ele honrada.

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Art. 41. O detentor, embora sem título algum, está autorizado a praticar as diligências necessárias à garantia do crédito, a reclamar o aceite, a tirar os protestos, a exigir, ao tempo do vencimento, o depósito da soma cambial.

SEÇÃO II

DAS OBRIGAÇÕES

Art. 42. Pode obrigar-se, por letra de câmbio, quem tem a capacidade civil ou comercial.

Parágrafo único. Tendo a capacidade pela lei brasileira, o estrangeiro fica obrigado pela declaração, que firmar, sem embargo da sua incapacidade, pela lei do Estado a que pertencer.

Art. 43 As obrigações cambiais, são autônomas e independentes umas das outras. O significado da declaração cambial fica, por ela, vinculado e solidariamente responsável pelo aceite e pelo. Pagamento da letra, sem embargo da falsidade, da falsificação ou da nulidade de qualquer outra assinatura.

Art. 44. Para os efeitos cambiais, são consideradas não escritas:

l. a cláusula de juros; 6

II. a cláusula proibitiva do endosso ou do protesto, a excludente da responsabilidade pelas despesas e qualquer outra, dispensando a observância dos termos ou das formalidades prescritas por esta Lei;

III. a cláusula proibitiva da apresentação da letra ao aceite do sacado;

IV. a cláusula excludente ou restritiva da responsabilidade e qualquer outra beneficiando o devedor ou o credor, além dos limites fixados por esta Lei.

§ 1º Para os efeitos cambiais, o endosso ou aval cancelado é considerado não escrito.

§ 2º Não é letra de câmbio o título em que o emitente exclui ou restringe a sua responsabilidade cambial.

Art. 45. Pelo aceite, o sacado fica cambialmente obrigado para com o sacador e respectivos avalistas.

§ 1º A letra endossada ao aceitante pode ser por este reendossada, antes do vencimento.

§ 2º Pelo reendosso da letra, endossada ao sacador, ao endossado ou ao avalista, continuam cambialmente obrigados os co-devedores intermédios.

Art. 46. Aquele que assina a declaração cambial, como mandatário, ou representante legal de outrem, sem estar devidamente autorizado, fica, por ela, pessoalmente obrigado.

Art. 47. A substância, os efeitos, a forma extrínseca e os meios de prova da obrigação cambial são regulados pela Lei do lugar onde a obrigação foi firmada.

Art. 48. Sem embargo da desoneração da responsabilidade cambial, o sacador ou o aceitante fica obrigado a restituir ao portador, com os juros legais, a soma com a qual se locupletou à custa deste.

6 Juros legais: V. arts. 1.062 a 1.064 do C. Civil. - Lei da usura: Decreto n.º 22.626, de 7-4-1933.

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A ação do portador, para este fim, é a ordinária.

CAPÍTULO XIII

DA ANÃO CAMBIAL

Art. 49. A ação cambial é a executiva.7

Por ela tem também o credor o direito de reclamar a importância que receberia pelo ressaque (art. 38).

Art. 50. A ação cambial pode ser proposta contra um, alguns ou todos os coobrigados, sem estar o credor adstrito à observância da ordem dos endossos.

Art. 51. Na ação cambial, somente é admissível defesa fundada no direito pessoal do réu contra o autor, em defeito de forma do título e na falta de requisito necessário ao exercício da ação.

CAPÍTULO XIV

DA PRESCRIÇÃO DA AÇÃO CAMBIAL

Art. 52. A ação cambial, contra o sacador, aceitante e respectivos avalistas, prescreve em cinco anos.

Art. 53. O prazo da prescrição é contado do dia em que a ação pode ser proposta; para o endossador ou respectivo avalista que paga, do dia desse pagamento.

TÍTULO II

DA NOTA PROMISSÓRlA 8

CAPÍTULO I

DA EMISSÃO

Art. 54. A nota promissória é uma promessa de pagamento e deve conter estes requisitos essenciais, lançados, por extenso no contexto:

I. a denominação de "Nota Promissória" ou termo correspondente, na língua em que for emitida;

II. a soma de dinheiro a pagar;

III. o nome da pessoa a quem deve ser paga;

IV. a assinatura do próprio punho da emitente ou do mandatário especial. 7 Execução por quantia certa contra devedor solvente: V. arts. 646 a 731 do C. P. Civil.

- Não poderão ser executadas as letras de câmbio ou notas promissórias não registradas. V. art. 2.º, § 2.º, do Decreto-lei n.º 427, de 22-1-1969.

A ação cambial contra o endossador o respectivo avalista prescreve em 12 meses.

8 Registro: V. nota n.º 2. - Nota Promissória Rural: V. arts. 42 a 45 do Decreto-lei n.º 167, de 14-2-1967.

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§ 1º Presume-se ter o portador o mandato para inserir a data e lugar da emissão da nota promissória, que não contiver estes requisitos.

§ 2º Será pagável à vista a nota promissória que não indicar a época do vencimento. Será pagável no domicílio do emitente a nota promissória que não indicar o lugar do pagamento.

É facultada a indicação alternativa de lugar de pagamento, tendo o portador direito de opção.

§ 3º Diversificando as indicações da soma do dinheiro, será considerada verdadeira a que se achar lançada por extenso no contexto.

Diversificando no contexto as indicações da soma de dinheiro, o título não será nota promissória.

§ 4º Não será nota promissória o escrito ao qual faltar qualquer dos requisitos acima enumerados. Os requisitos essenciais são considerados lançados ao tempo da emissão da nota promissória. No caso de má-fé do portador, será admitida prova em contrário.

Art. 55. A nota promissória pode ser passada:

I. à vista;

II. a dia certo;

III. a tempo certo da data.

Parágrafo único. A época do pagamento deve ser precisa e única para toda a soma devida.

CAPÍTULO II

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 56. São aplicáveis à nota promissória, com as modificações necessárias, todos os dispositivos do Título I desta Lei, exceto os que se referem ao aceite e às duplicatas.

Para o efeito da aplicação de tais dispositivos, o emitente da nota promissória é equiparado ao aceitante da letra de câmbio.

Art. 57. Ficam revogados todos os artigos do Título XVI do Código Comercial e mais disposições em contrário.9

9 O Título XVI, citado, abrange os arts. de ns. 354 a 427.

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ANEXO II

DECRETO Nº 57.663 DE 24 DE JANEIRO DE 1966

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , havendo o Governo brasileiro, por nota da Legação em Berna, datada de 26 de agosto de 1942, ao Secretário Geral da Liga das Nações, aderido às seguintes Convenções assinadas em Genebra, a 7 de junho de 1930:

1º Convenção para adoção de uma lei uniforme sobre letras de câmbio e notas promissórias, anexos e protocolo, com reservas aos artigos 2 - 3 - 5 - 6 - 7 - 9 - 10 - 13 - 15 - 16 - 17 - 19 e 20 do anexo II;

2º Convenção destinada a regular conflitos de leis em matéria de letras de câmbio e notas promissórias, com protocolo;

3º Convenção relativa ao imposto de selo em matéria de letras de câmbio e de notas promissórias, com o Protocolo;

Havendo as referidas Convenções entrado em vigor para o Brasil noventa dias após a data do registro pela Secretária Geral da Liga das Nações, isto é, a 26 de novembro de 1942;

e Havendo o Congresso Nacional aprovado pelo Decreto Legislativo número 54, de 1964, as referidas Convenções;

Decreta que as mesmas, apenas por cópia ao presente decreto, sejam executadas as cumpridas tão inteiramente como nelas se contém, observadas as reservas feitas à Convenção relativa à lei uniforme sobre letras de câmbio e notas promissórias.

Brasília, 24 de janeiro de 1966 145º da Independência e 78º da República.

CONVENÇÃO PARA A ADOÇÃO DE UMA LEI UNIFORME SOBRE LETRAS DE CÂMBIO E NOTAS PROMISSÓRIAS:

CAPITULO I DAS LETRAS

Seção I Da Emissão e Forma da Letra

Art. 1º - A letra contém:

1 - A palavra "letra" inserta no próprio texto do título é expressa na língua empregada para a redação desse título;

Promulga as Convenções para adoção de uma lei uniforme em matéria de letras de câmbio e notas promissórias.

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2 - O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;

3 - O nome daquele que deve pagar (sacado);

4 - A época do pagamento;

5 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento;

6 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga;

7 - A indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada;

8 - A assinatura de quem passa a letra (sacador).

Art. 2º - O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes:

A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista.

Na falta de indicação especial, a lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do sacado.

A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao lado do nome do sacador.

Art. 3º - A letra pode ser a ordem do próprio sacador.

Pode ser sacada sobre o próprio sacador.

Pode ser sacada por ordem e conta de terceiro.

Art. 4º - A letra pode ser pagável no domicílio de terceiro, quer na localidade onde o sacado tem o seu domicílio, quer noutra localidade.

Art. 5º - Numa letra pagável à vista ou a um certo termo de vista, pode o sacador estipular que a sua importância vencerá juros. Em qualquer outra espécie de letra a estipulação de juros será considerada como não escrita.

A taxa de juros deve ser indicada na letra; na falta de indicação, a cláusula de juros é considerada como não escrita.

Os juros contam-se da data da letra, se outra data não for indicada.

Art. 6º - Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por extenso e em algarismos, e houver divergência entre uma e outra, prevalece a que estiver feita por extenso.

Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por mais de uma vez, quer por extenso, quer em algarismos, e houver divergências entre as diversas indicações, prevalecera a que se achar feita pela quantia inferior.

Art. 7º - Se a letra contém assinaturas de pessoas incapazes de se obrigarem por letras, assinaturas falsas, assinaturas de pessoas fictícias, ou assinaturas que por qualquer outra razão não poderiam obrigar as pessoas que assinaram a letra, ou em nome das quais ela foi assinada, as obrigações dos outros signatários nem por isso deixam de ser validas.

Art. 8º - Todo aquele que apuser a sua assinatura numa letra, como representante duma pessoa, para representar a qual não tinha de fato poderes, fica obrigado em virtude da letra

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e, se a pagar, tem os mesmos direitos que o pretendido representado. A mesma regra se aplica ao representante que tenha excedido os seus poderes.

Art. 9º - O sacador e garante tanto da aceitação como do pagamento de letra.

O sacador pode exonerar-se da garantia da aceitação; toda e qualquer cláusula pela qual ele se exonera da garantia do pagamento considera-se como não escrita.

Art. 10 - Se uma letra incompleta no momento de ser passada tiver sido completada contrariamente aos acordos realizados não pode a inobservância desses acordos ser motivo de oposição ao portador, salvo se este tiver adquirido a letra de má-fé ou, adquirindo-a, tenha cometido uma falta grave.

Seção II Do Endosso

Art. 11 - Toda a letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula a ordem, é transmissível por via de endosso.

Quando o sacador tiver inserido na letra as palavras "não a ordem", ou uma expressão equivalente, a letra só é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos.

O endosso pode ser feito mesmo a favor do sacado, aceitando ou não, do sacador, ou de qualquer outro co-obrigado. Estas pessoas podem endossar novamente a letra.

Art. 12 - O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja subordinado considera-se como não escrita.

O endosso parcial é nulo.

O endosso ao portador vale como endosso em branco.

Art. 13 - O endosso deve ser escrito na letra ou numa folha ligada a esta (anexo). Deve ser assinado pelo endossante.

O endosso pode não designar o beneficiário, ou consistir simplesmente na assinatura do endossante (endosso em branco).

Neste último caso, o endosso para ser valido deve ser escrito no verso da letra ou na folha anexa.

Art. 14 - O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra.

Se o endosso for em branco, o portador pode:

1 - Preencher o espaço em branco, quer com o seu nome, quer com o nome de outra pessoa;

2 - Endossar de novo a letra em branco ou a favor de outra pessoa;

3 - Remeter a letra a um terceiro, sem preencher o espaço em branco e sem a endossar.

Art. 15 - O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação como do pagamento da letra.

O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, não garante o pagamento as pessoas a quem a letra for posteriormente endossada.

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Art. 16 - O detentor de uma letra é considerado portador legítimo se justifica o seu direito por uma série ininterrupta de endossos, mesmo se o último for em branco. Os endossos riscados consideram-se, para este efeito, como não escritos. Quando um endosso em branco é seguido de um outro endosso, presume-se que o signatário deste adquiriu a letra pelo endosso em branco.

Se uma pessoa foi por qualquer maneira desapossada de uma letra, o portador dela, desde que justifique o seu direito pela maneira indicada na alínea precedente, não é obrigado a restitui-la, salvo se a adquiriu de má-fé ou se, adquirindo-a, cometeu uma falta grave.

Art. 17 - As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor.

Art. 18 - Quando o endosso contém a menção "valor a cobrar" (valeur en recouvremente), "para cobrança" (pour encaissement), "Por procuração" (par procuration), ou qualquer outra menção que implique um simples mandato, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas só pode endossá-la na qualidade de procurador.

Os co-obrigados, neste caso, só podem invocar contra o portador as exceções que eram oponíveis ao endossante.

O mandato que resulta de um endosso por procuração não se extingue por morte ou sobrevinda incapacidade legal do mandatário.

Art. 19 - Quando o endosso contém a menção "valor em garantia", "valor em penhor" ou qualquer outra menção que implique uma caução, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas um endosso feito por ele só vale como endosso a título de procuração.

Os co-obrigados não podem invocar contra o portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais deles com o endossante, a menos que o portador, ao receber a letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor.

Art. 20 - O endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso anterior. Todavia, o endosso posterior ao protesto por falta de pagamento, ou feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, produz apenas os efeitos de uma cessão ordinária de créditos.

Salvo prova em contrário, presume-se que um endosso sem data foi feito antes de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto.

Seção III Do Aceite

Art. 21 - A letra pode ser apresentada, até o vencimento, ao aceite do sacado, no seu domicílio , pelo portador ou até por um simples detentor.

Art. 22 - O sacador pode em qualquer letra, estipular que ela será apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo.

Pode proibir na própria letra a sua apresentação ao aceite, salvo se se tratar de uma letra pagável em domicílio de terceiro, ou de uma letra pagável em localidade diferente da do domicílio do sacado, ou de uma letra sacada a certo termo de vista.

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O sacador pode também estipular que a apresentação ao aceite não poderá efetuar-se antes de determinada data.

Todo endossante pode estipular que a letra deve ser apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo, salvo se ela tiver sido declarada não aceitável pelo sacador.

Art. 23 - As letras a certo termo de vista devem ser apresentadas ao aceite dentro do prazo de um ano das suas datas.

O sacador pode reduzir este prazo ou estipular um prazo maior.

Esses prazos podem ser reduzidos pelos endossantes.

Art. 24 - O sacado pode pedir que a letra lhe seja apresentada uma segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação. Os interessados somente podem ser admitidos a pretender que não foi dada satisfação a este pedido no caso de ele figurar no protesto.

O portador não é obrigado a deixar nas mãos do aceitante a letra apresentada ao aceite.

Art. 25 - O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra "aceite" ou qualquer outra palavra equivalente; o aceite é assinado pelo sacado. Vale como aceite a simples assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra.

Quando se trate de uma letra pagável a certo termo de vista, ou quem deva ser apresentada ao aceite dentro de um prazo determinado por estipulação especial, o aceite deve ser datado do dia em que foi dado, salvo se o portador exigir que a data seja a da apresentação. A falta de data, o portador, para conservar os seus direitos de recurso contra os endossantes e contra o sacador, deve fazer constatar essa omissão por um protesto feito em tempo útil.

Art. 26 - O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte da importância sacada.

Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite no enunciado da letra equivale a uma recusa de aceite. O aceitante fica, todavia, obrigado nos termos do seu aceite.

Art. 27 - Quando o sacador tiver indicado na letra um lugar de pagamento diverso do domicílio do sacado, sem designar um terceiro em cujo domicílio o pagamento se deva efetuar, o sacado pode designar no ato do aceite a pessoa que deve pagar a letra.

Na falta desta indicação, considera-se que o aceitante se obriga, ele próprio, a efetuar o pagamento no lugar indicado na letra.

Se a letra é pagável no domicílio do sacado, este pode, no ato do aceite, indicar, para ser efetuado o pagamento um outro domicílio no mesmo lugar.

Art. 28 - O sacado obriga-se pelo aceite pagar a letra a data do vencimento.

Na falta de pagamento, o portador, mesmo no caso de ser ele o sacador, tem contra o aceitante um direito de ação resultante da letra, em relação a tudo que pode ser exigido nos termos dos arts 48 e 49.

Art. 29 - Se o sacado, antes da restituição da letra, riscar o aceite que tiver dado, tal aceite é considerado como recusado.

Salvo prova em contrário, a anulação do aceite considera-se feita antes da restituição da letra.

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Se porém, o sacado tiver informado por escrito o portador ou qualquer outro signatário da letra de que a aceita, fica obrigado para com estes, nos termos do seu aceite.

Seção IV Do Aval

Art. 30 - O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval.

Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra.

Art. 31 - O aval é escrito na própria letra ou numa folha anexa.

Exprime-se pelas palavras "bom para aval" ou por qualquer fórmula equivalente; e assinado pelo dador do aval.

O aval considera-se como resultante da simples assinatura do dador aposta na face anterior da letra, salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do sacador.

O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de indicação entender-se-á ser pelo sacador.

Art. 32 - O dador de aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada.

A sua obrigação mantém-se, mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser nula por qualquer razão que não seja um vicio de forma.

Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval e contra os obrigados para com esta em virtude da letra.

Seção V

Do Vencimento

Art. 33 - Uma letra pode ser sacada:

- à vista;

- a um certo termo de vista;

- a um certo termo de data;

- pagável num dia fixado.

As letras, quer com vencimentos diferentes, quer com vencimentos sucessivos, são nulas.

Art. 34 - A letra à vista é pagável a apresentação. Deve ser apresentada a pagamento dentro do prazo de um ano, a contar da sua data. O sacador pode reduzir este prazo ou estipular um outro mais longo. Estes prazos podem ser encurtados pelos endossantes.

O sacador pode estipular que uma letra pagável à vista não deverá ser apresentada a pagamento antes de uma certa data. Nesse caso, o prazo para a apresentação conta-se dessa data.

Art. 35 - O vencimento de uma letra a certo termo de vista determina-se, quer pela data do aceite, quer pela do protesto.

Na falta de protesto, o aceite não datado entende-se, no que respeita ao aceitante, como tendo sido dado no último dia do prazo para a apresentação ao aceite.

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Art. 36 - O vencimento de uma letra sacada a um ou mais meses de data ou de vista será na data correspondente do mês em que o pagamento se deve efetuar. Na falta de data correspondente o vencimento será no último dia desse mês.

Quando a letra é sacada a um ou mais meses e meio de data ou de vista, contam-se primeiro os meses inteiros.

Se o vencimento for fixado para o princípio, meado ou fim do mês, entende-se que a letra será vencível no primeiro, no dia quinze, ou no último dia desse mês.

As expressões "oito dias" ou "quinze dias" entendem-se não como uma ou duas semanas, mas como um prazo de oito ou quinze dias efetivos.

A expressão "meio mês" indica um prazo de quinze dias.

Art. 37 - Quando uma letra é pagável num dia fixo num lugar em que o calendário é diferente do lugar de emissão, a data do vencimento é considerada como fixada segundo o calendário do lugar de pagamento.

Quando uma letra sacada entre duas praças que em calendários diferentes e pagável a certo termo de vista, o dia da emissão é referido ao dia correspondentemente do calendário do lugar de pagamento, para o efeito da determinação da data do vencimento.

Os prazos de apresentação das letras são calculados segundo as regras da alínea precedente.

Estas regras não se aplicam se uma cláusula da letra, ou até o simples enunciado do título, indicar que houve intenção de adotar regras diferentes.

Seção VI

Do Pagamento

Art. 38 - O portador de uma letra pagável em dia fixo ou a certo termo de data ou de vista deve apresentá-la a pagamento no dia em que ela é pagável ou num dos dois dias úteis seguintes.

A apresentação da letra a uma câmara de compensação equivale a apresentação a pagamento.

Art. 39 - O sacado que paga uma letra pode exigir que ela lhe seja entregue com a respectiva quitação.

O portador não pode recusar qualquer pagamento parcial.

No caso de pagamento parcial, o sacado pode exigir que desse pagamento se faça menção na letra e que dele lhe seja dada quitação.

Art. 40 - O portador de uma letra não pode ser obrigado a receber o pagamento dela antes do vencimento.

O sacado que paga uma letra antes do vencimento fá-lo sob sua responsabilidade.

Aquele que paga uma letra no vencimento fica validamente desobrigado, salvo se da sua parte tiver havido fraude ou falta grave, é obrigado a verificar a regularidade da sucessão dos endossos mas não a assinatura dos endossantes.

Art. 41 - Se numa letra se estipular o pagamento em moeda que não tenha curso legal no lugar do pagamento, pode a sua importância ser paga na moeda do país, segundo o seu

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valor no dia do vencimento. Se o devedor está em atraso, o portador pode, a sua escolha, pedir que o pagamento da importância da letra seja feito na moeda do país ao câmbio do dia do vencimento ou ao câmbio do dia do pagamento.

A determinação do valor da moeda estrangeira será feita segundo os usos do lugar de pagamento. O sacador pode, todavia, estipular que a soma a pagar, seja calculada segundo um câmbio fixado na letra.

As regras acima indicadas não se aplicam ao caso em que o sacador tenha estipulado que o pagamento deverá ser efetuado numa certa moeda especificada (cláusula de pagamento efetivo numa moeda estrangeira).

Se a importância da letra for indicada numa moeda que tenha a mesma denominação mas valor diferente no País de emissão e no pagamento, presume-se que se fez referência à moeda do lugar de pagamento.

Seção VI

Do Pagamento

Art. 42 - Se a letra não for apresentada a pagamento dentro do prazo fixado no artigo 38, qualquer devedor tem a faculdade de depositar a sua importância junto da autoridade competente, a custa do portador e sob a responsabilidade deste.

Seção VII Da Ação por Falta de Aceite e Falta de Pagamento

Art. 43 - O portador de uma letra pode exercer os seus direitos de ação contra os endossantes, sacador e outros co-obrigados:

No vencimento:

Se o pagamento não foi efetuado.

Mesmo antes do vencimento:

1 - Se houve recusa total ou parcial de aceite;

2 - Nos casos de falência do sacado, quer ele tenha aceite, quer não, de suspensão de pagamentos do mesmo, ainda que não constatada por sentença, ou de ter sido promovida, sem resultado, execução dos seus bens.

3 - Nos casos de falência do sacador de uma letra não aceitável.

Art. 44 - A recusa de aceite ou de pagamento deve ser comprovada por um ato formal (protesto por falta de aceite ou falta de pagamento).

O protesto por falta de aceite deve ser feito nos prazos fixados para a apresentação ao aceite. Se, no caso previsto na alínea 1 do artigo 24, a primeira apresentação da letra tiver sido feita no último dia do prazo, pode fazer-se ainda o protesto no dia seguinte.

O protesto por falta de pagamento de uma letra pagável em dia fixo ou a certo termo de data ou de vista deve ser feito num dos dois dias úteis seguintes àquele em que a letra é pagável. Se se trata de uma letra pagável à vista, o protesto deve ser feito nas condições indicadas na alínea precedente para o protesto por falta de aceite.

O protesto por falta de aceite dispensa a apresentação a pagamento e o protesto por falta de pagamento.

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No caso de suspensão de pagamentos do sacado, quer seja aceitante, quer não, ou no caso de lhe ter sido promovida, sem resultado, execução dos bens, o portador da letra só pode exercer o seu direito de ação após apresentação da mesma ao sacado para pagamento e depois de feito o protesto.

No caso de falência declarada do sacado, quer seja aceitante, quer não, bem como no caso de falência declarada do sacador de uma letra não aceitável, a apresentação da sentença de declaração de falência é suficiente para que o portador da letra possa exercer o seu direito de ação.

Art. 45 - O portador deve avisar da falta de aceite ou de pagamento o seu endossante e o sacador dentro dos quatro dias úteis que se seguirem ao dia do protesto ou da apresentação, no caso de a letra conter a cláusula "sem despesas". Cada um dos endossantes deve, por sua vez, dentro dos dois dias úteis que se seguirem ao da recepção do aviso, informar o seu endossante do aviso que recebeu, indicando os nomes e endereços dos que enviaram os avisos precedentes, e assim sucessivamente até se chegar ao sacador. os prazos acima indicados contam-se a partir da recepção do aviso precedente.

Quando, em conformidade com o disposto na alínea anterior se avisou um signatário da letra, deve avisar-se também o seu avalista dentro do mesmo prazo de tempo.

No caso de um endossante não ter indicado o seu endereço, ou de o ter feito de maneira ilegível, basta que o aviso seja enviado ao endossante que o precede.

A pessoa que tenha de enviar um aviso pode fazê-lo por qualquer forma, mesmo pela simples devolução da letra.

Essa pessoa deverá provar que o aviso foi enviado dentro do prazo prescrito. O prazo considerar-se-á como tendo sido observado desde que a carta contendo o aviso tenha sido posta no Correio dentro dele.

A pessoa que não der o aviso dentro do prazo acima indicado não perde os seus direitos; será responsável pelo prejuízo, se o houver motivado pela sua negligência, sem que a responsabilidade possa exceder a importância da letra.

Art. 46 - O sacador, um endossante ou um avalista pode, pela cláusula "sem despesas", "sem protesto", ou outra cláusula equivalente, dispensar o portador de fazer um protesto por falta de aceite ou falta de pagamento, para poder exercer os seus direitos de ação.

Essa cláusula não dispensa o portador da apresentação da letra dentro do prazo prescrito nem tampouco dos avisos a dar. A prova da inobservância do prazo incumbe aquele que dela se prevaleça contra o portador.

Se a cláusula foi escrita pelo sacador produz os seus efeitos em relação a todos os signatários da letra; se for inserida por um endossante ou por avalista, só produz efeito em relação a esse endossante ou avalista. Se, apesar da cláusula escrita pelo sacador, o portador faz o protesto, as respectivas despesas serão de conta dele. Quando a cláusula emanar de um endossante ou de um avalista, as despesas do protesto, se for feito, podem ser cobradas de todos os signatários da letra.

Art. 47 - Os sacadores, aceitantes, endossantes ou avalistas de uma letra são todos solidariamente responsáveis para com o portador.

O portador tem o direito de acionar todas estas pessoas individualmente, sem estar adstrito a observar a ordem por que elas se obrigaram.

O mesmo direito possui qualquer dos signatários de uma letra quando a tenha pago.

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A ação intentada contra um dos co-obrigados não impede acionar os outros, mesmo os posteriores aquele que foi acionado em primeiro lugar.

Art. 48 - O portador pode reclamar daquele contra quem exerce o seu direito de ação:

1 - O pagamento da letra não aceite não paga, com juros se assim foi estipulado;

2 - Os juros a taxa de 6 por cento desde a data do vencimento;

3 - As despesas do protesto, as dos avisos dados e as outras despesas;

Se a ação for interposta antes do vencimento da letra, a sua importância será reduzida de um desconto. Esse desconto será calculado de acordo com a taxa oficial de desconto (taxa de Banco) em vigor no lugar do domicílio do portador a data da ação.

Art. 49 - A pessoa que pagou uma letra pode reclamar dos seus garantes:

1 - A soma integral que pagou;

2 - Os juros da dita soma, calculados a taxa de 6 por cento, desde a data em que a pagou;

3 - As despesas que tiver feito.

Art. 50 - Qualquer dos co-obrigados, contra o qual se intentou ou pode ser intentada uma ação, pode exigir, desde que pague a letra que ela lhe seja entregue com o protesto e um recibo.

Qualquer dos endossantes que tenha pago uma letra pode riscar o seu endosso e os dos endossantes subseqüentes.

Art. 51 - No caso de ação intentada depois de um aceite parcial, a pessoa que pagar a importância pela qual a letra não foi aceita pode exigir que esse pagamento seja mencionado na letra e que dele lhe seja dada quitação. O portador deve, além disso, entregar a essa pessoa uma cópia autêntica da letra e o protesto de maneira a permitir o exercício de ulteriores direitos de ação.

Art. 52 - Qualquer pessoa que goze do direito de ação pode, salvo estipulação em contrário, embolsar-se por meio de uma nova letra (ressaque) à vista, sacada sobre um dos co-obrigados e pagável no domicílio deste.

O ressaque inclui, além das importâncias indicadas nos artigos 48 e 49, um direito de corretagem e a importância do selo do ressaque.

Se o ressaque é sacado pelo portador, a sua importância é fixada segundo a taxa para uma letra à vista, sacada do lugar onde a primitiva letra era pagável sobre o lugar do domicílio do co-obrigado. Se o ressaque é sacado por um endossante a sua importância é fixada segundo a taxa para uma letra a vista, sacada do lugar onde o sacador do ressaque tem o seu domicílio sobre o lugar do domicílio do co-obrigado.

Art. 53 - Depois de expirados os prazos fixados:

- para a apresentação de uma letra à vista ou a certo termo de vista;

- para se fazer o protesto por falta de aceite ou por falta de pagamento;

- para a apresentação a pagamento no caso da cláusula "sem despesas";

O portador perdeu os seus direitos de ação contra os endossantes contra o sacador e contra os outros co-obrigados, a exceção do aceitante.

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Na falta de apresentação ao aceite no prazo estipulado pelo sacador, o portador perdeu os seus direitos de ação, tanto por falta de pagamento como por falta de aceite, a não ser que dos termos da estipulação se conclua que o sacador apenas teve em vista exonerar-se da garantia do aceite.

Se a estipulação de um prazo para a apresentação constar de um endosso, somente aproveita ao respectivo endossante.

Art. 54 - Quando a apresentação da letra ou o seu protesto não puder fazer-se dentro dos prazos indicados por motivo insuperável (prescrição legal declarada por um Estado qualquer ou outro caso de força maior), esses prazos serão prorrogados.

O portador deverá avisar imediatamente o seu endossante do caso de força maior e fazer menção desse aviso, datada e assinada, na letra ou numa folha anexa; para os demais são aplicáveis as disposições do artigo 45.

Desde que tenha cessado o caso de força maior, o portador deve apresentar sem demora a letra ao aceite ou a pagamento e, caso haja motivo para tal, fazer o protesto.

Se o caso de força maior se prolongar além de trinta dias a contar da data do vencimento, podem promover-se ações sem que haja necessidade de apresentação ou protesto.

Para as letras à vista ou a certo termo de vista, o prazo de trinta dias conta-se da data em que o portador, mesmo antes de expirado o prazo para a apresentação, deu o aviso do caso de força maior ao seu endossante; para as letras a certo termo de vista, o prazo de trinta dias fica acrescido do prazo de vista indicado na letra.

Não são considerados casos de força maior os fatos que sejam de interesse puramente pessoal do portador ou da pessoa por ele encarregada da apresentação da letra ou de fazer o protesto.

Seção VIII

Da Intervenção

1 - Disposições Gerais

Art. 55 - O sacador, um endossante ou um avalista, podem indicar uma pessoa para em caso de necessidade aceitar ou pagar.

A letra pode, nas condições a seguir indicadas, ser aceita ou paga por um pessoa que intervenha por um devedor qualquer contra quem existe direito de ação.

O interveniente pode ser um terceiro, ou mesmo o sacado, ou uma pessoa já obrigada em virtude da letra, exceto o aceitante.

O interveniente é obrigado a participar, no prazo de dois dias úteis, a sua intervenção a pessoa por quem interveio. Em caso de inobservância deste prazo, o interveniente é responsável pelo prejuízo, se o houver, resultante da sua negligencia, sem que as perdas e danos possam exceder a importância da letra.

2 - Aceite por Intervenção

Art. 56 - O aceite por intervenção pode realizar-se em todos os casos em que portador de uma letra aceitável, tem direito de ação antes do vencimento.

Quando na letra se indica uma pessoa para em caso de necessidade a aceitar ou a pagar no lugar do pagamento, o portador não pode exercer o seu direito de ação antes do vencimento contra aquele que indicou essa pessoa e contra os signatários subseqüentes a

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não ser que tenha apresentado a letra a pessoa designada e que, tendo esta recusado o aceite, se tenha feito o protesto.

Nos outros casos de intervenção, o portador pode recusar o aceite por intervenção. Se, porém , o admitir, perde o direito de ação antes do vencimento contra aquele por quem a aceitação foi dada e contra os signatários subseqüentes.

Art. 57 - O aceite por intervenção será mencionado na letra e assinado pelo interveniente. Deverá indicar por honra de quem se fez a intervenção; na falta desta indicação, presume-se que interveio pelo sacador.

Art. 58 - O aceitante por intervenção fica obrigado para com o portador e para com os endossantes posteriores aquele por honra de quem interveio da mesma forma que este.

Não obstante o aceite por intervenção, aquele por honra de quem ele foi feito e os seus garantes podem exigir do portador, contra o pagamento da importância indicada no artigo 48; a entrega da letra, do instrumento do protesto e, havendo lugar de uma conta com a respectiva quitação.

3 - Pagamento por intervenção

Art. 59 - O pagamento por intervenção pode realizar-se em todos os casos em que o portador de uma letra tem direito de ação a data do vencimento ou antes dessa data.

O pagamento deve abranger a totalidade da importância que teria a pagar aquele por honra de quem a intervenção se realizou.

O pagamento deve ser feito o mais tardar no dia seguinte ao último em que é permitido fazer o protesto por falta de pagamento.

Art. 60 - Se a letra foi aceita por intervenientes tendo o seu domicílio no lugar do pagamento, ou se foram indicadas pessoas tendo o seu domicílio no mesmo lugar para, em caso de necessidade, pagarem a letra, o portador deve apresentá-la a todas essas pessoas e, se houver lugar, fazer o protesto por falta de pagamento o mais tardar no dia seguinte e ao último em que era permitido fazer o protesto.

Na falta de protesto dentro deste prazo, aquele que tiver indicado pessoas para pagarem em caso de necessidade, ou por conta de quem a letra tiver sido aceita, bem como os endossantes posteriores, ficam desonerados.

Art. 61 - O portador que recusar o pagamento por intervenção perde o seu direito de ação contra aqueles que teriam ficado desonerados.

Art. 62 - O pagamento por intervenção deve ficar constatado por um recibo passado na letra, contendo a indicação da pessoa por honra de que foi feito. Na falta desta indicação presume-se que o pagamento foi feito por honra do sacador.

A letra é o instrumento do protesto, se o houve, devem ser entregues a pessoa que pagou por intervenção.

Art. 63 - O que paga por intervenção fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra contra aquele por honra de quem pagou e contra os que são obrigados para com este em virtude da letra.

Não pode, todavia, endossar de novo a letra.

Os endossantes posteriores ao signatário por honra de quem foi feito o pagamento ficam desonerados.

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Quando se apresentarem várias pessoas para pagar uma letra por intervenção, será preferida aquela que desonerar maior numero de obrigados. Aquele que, com conhecimento de causa, intervir contrariamente a esta regra, perde os seus direitos de ação contra os que teriam sido desonerados.

Seção IX

Da Pluralidade de Exemplares e das Cópias

1 - Pluralidade de exemplares

Art. 64 - A letra pode ser sacada por várias vias.

Essas vias devem ser numeradas no próprio texto, na falta do que, cada via será considerada como uma letra distinta.

O portador de uma letra que não contenha a indicação de ter sido sacada numa única via pode exigir à sua custa a entrega de várias vias. Para este efeito o portador deve dirigir-se ao seu endossante imediato, para que este o auxilie a proceder contra o seu próprio endossante e assim sucessivamente até se chegar ao sacador. Os endossantes são obrigados a reproduzir os endossos nas novas vias.

Art. 65 - O pagamento de uma das vias é liberatório, mesmo que não esteja estipulado que esse pagamento anula o efeito das outras. O sacado fica, porém, responsável por cada uma das vias que tenham o seu aceite e lhe não hajam sido restituídas.

O endossante que transferiu vias da mesma letra e várias pessoas e os endossantes subseqüentes são responsáveis por todas as vias que contenham as suas assinaturas e que não hajam sido restituídas.

Art. 66 - Aquele que enviar ao aceite uma das vias da letra deve indicar nas outras o nome da pessoa em cujas mãos aquela se encontra. Esta pessoa é obrigada a entregar essa via ao portador legítimo doutro exemplar.

Se se recusar a fazê-lo, o portador só pode exercer seu direito de ação depois de ter feito constatar por um protesto:

1 - Que a via enviada ao aceite lhe não foi restituída a seu pedido;

2 - Que não foi possível conseguir o aceite ou o pagamento de uma outra via.

2 - Cópias

Art. 67 - O portador de uma letra tem um direito de tirar cópias dela.

A cópia deve reproduzir exatamente o original, com os endossos e todas as outras menções que nela figurem. Deve mencionar onde acaba a cópia.

A cópia pode ser endossada e avalisada da mesma maneira e produzindo os mesmos efeitos que o original.

Art. 68 - A cópia deve indicar a pessoa em cuja posse se encontra o título original. Essa é obrigada a remeter o dito título ao portador legítimo da cópia.

Se se recusar a fazê-lo , o portador só pode exercer o seu direito de ação contra as pessoas que tenham endossado ou avalisado a cópia, depois de ter feito constatar por um protesto que o original lhe não foi entregue a seu pedido.

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Se o título original, em seguida ao último endosso feito antes de tirada a cópia, contiver a cláusula: "daqui em diante só é valido o endosso na cópia" ou qualquer outra fórmula equivalente, é nulo qualquer endosso assinado ulteriormente no original.

Seção X

Das Alterações

Art. 69 - No caso de alteração do texto de uma letra, os signatários posteriores a esta alteração ficam obrigados nos termos do texto alterado; os signatários anteriores são obrigados nos termos do termos do texto original.

Seção XI

Da Prescrição

Art. 70 - Todas as ações contra ao aceitante relativas a letras prescrevem em três anos a contar do seu vencimento.

As ações ao portador contra os endossantes e contra o sacador prescrevem num ano, a contar da data do protesto feito em tempo útil ou da data do vencimento, se se trata de letra que contenha cláusula "sem despesas".

As ações dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador prescrevem em seis meses a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado.

Art. 71 - A interrupção da prescrição só produz efeito em relação a pessoa para quem a interrupção foi feita.

Seção XII

Disposições Gerais

Art. 72 - O pagamento de uma letra cujo vencimento recai em dia feriado legal só pode ser exigido no primeiro dia útil seguinte.

Da mesma maneira, todos os atos relativos a letra, especialmente a apresentação ao aceite e o protesto, somente podem ser feitos em dia útil.

Quando um destes atos tem de ser realizado em um determinado prazo e o último dia deste prazo é feriado legal, fica o dito prazo prorrogado até ao primeiro dia útil que se seguir ao seu termo.

Art. 73 - Os prazos legais ou convencionais não compreendem o dia que marca o seu início.

Art. 74 - Não são admitidos dias de perdão quer legal, quer judicial.

CAPITULO II

DA NOTA PROMISSORIA

Art. 75 - A nota promissória contém:

1 - Denominação "Nota Promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título;

2 - A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada;

3 - A época do pagamento;

4 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento;

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5 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga;

6 - A indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada;

7 - A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor).

Art. 76 - O título em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como nota promissória, salvo nos casos determinados das alíneas seguintes.

A nota promissória em que não se indique a época do pagamento será considerada pagável à vista.

Na falta de indicação especial, lugar onde o título foi passado considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do subscritor da nota promissória.

A nota promissória que não contenha indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado ao lado do nome do subscritor.

Art. 77 - São aplicáveis às notas promissórias, na parte em que não sejam contrárias a natureza deste título, as disposições relativas as letras e concernentes:

Endosso (artigos 11 a 20);

Vencimento (artigos 33 a 37);

Pagamento (artigos 38 a 42);

Direito de ação por falta de pagamento (artigo 43 a 50 e 52 a 54);

Pagamento por intervenção (artigos 55 e 59 a 63);

Cópias (artigos 67 e 68);

Alterações (artigo 69);

Prescrição (artigos 70 e 71);

Dias feriados, contagem de prazos e interdição de dias de perdão (artigos 72 a 74);

São igualmente aplicáveis às notas promissórias as disposições relativas as letras pagáveis no domicílio de terceiros ou numa localidade diversa da do domicílio do sacado (artigos 4 e 27), a estipulação de juros (artigo 5), as divergências das indicações da quantia a pagar (artigo 6), as conseqüências da aposição de uma assinatura nas condições indicadas no artigo 7, as da assinatura de uma pessoa que age sem poderes ou excedendo os seus poderes (artigo 8) e a letra em branco (artigo 10).

São também aplicáveis às notas promissórias as disposições relativas ao aval (artigos 30 a 32); no caso previsto na ultima alínea do artigo 31, se o aval não indicar a pessoa por quem é dado entender-se-á ser pelo subscritor da nota promissória.

Art. 78 - O subscritor de uma nota promissória é responsável da mesma forma que o aceitante de uma letra.

As notas promissórias pagáveis a certo termo de vista devem ser presentes ao visto dos subscritores nos prazos fixados no artigo 23.

O termo de vista conta-se da data do visto dado pelo subscritor.

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A recusa do subscritor a dar o seu visto é comprovada por um protesto (artigo 25), cuja data serve de início ao termo de vista.