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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM GOIÁS 3° OFÍCIO DO NÚCLEO DA TUTELA COLETIVA EXMO(A). SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) DA 4ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA FEDERAL DO ESTADO DE GOIÁS Autos n°: 1002925-30.2018.4.01.3500 Natureza: AÇÃO CIVIL PÚBLICA Autor/Recorrente: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Réu/Recorrido: CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL , pelo Procurador da República que esta subscreve, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, vem, à presença de V. Exa., com base nos artigos 513 a 521 do Código de Processo Civil e artigo 19 da Lei federal nº 7.347/85, interpor recurso de APELAÇÃO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL em face da sentença (ID 5845781), para posterior apreciação do egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Goiânia, data da assinatura eletrônica. AILTON BENEDITO DE SOUZA Procurador da República Página 1/1 Autos n°: 1002925-30.2018.4.01.3500 Tipo de ato: petição Documento assinado via Token digitalmente por AILTON BENEDITO DE SOUZA, em 29/06/2018 17:42. Para verificar a assinatura acesse http://www.transparencia.mpf.mp.br/validacaodocumento. Chave 6A267D7B.45468907.264ECB59.7A4A50DC

EXMO(A). SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) DA 4ª VARA DA SEÇÃO ... · ignorar completamente o conteúdo da petição inicial, elaborando um “espantalho” argumentativo para suportar as arguições

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM GOIÁS

3° OFÍCIO DO NÚCLEO DA TUTELA COLETIVA

EXMO(A). SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) DA 4ª VARA DA SEÇÃO

JUDICIÁRIA FEDERAL DO ESTADO DE GOIÁS

Autos n°: 1002925-30.2018.4.01.3500

Natureza: AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Autor/Recorrente: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Réu/Recorrido: CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL , pelo Procurador da

República que esta subscreve, no uso de suas atribuições

constitucionais e legais, vem, à presença de V. Exa., com base nos

artigos 513 a 521 do Código de Processo Civil e artigo 19 da Lei

federal nº 7.347/85, interpor recurso de

APELAÇÃO

COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL

em face da sentença (ID 5845781), para posterior apreciação do

egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Goiânia, data da assinatura eletrônica.

AILTON BENEDITO DE SOUZA

Procurador da República

Página 1 /1Autos n° : 1002925- 30.2018 .4 .01.3500T ipo de a to : pe t i ção

Documento assinado via Token digitalmente por AILTON BENEDITO DE SOUZA, em 29/06/2018 17:42. Para verificar a assinatura acesse

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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALPROCURADORIA DA REPÚBLICA EM GOIÁS

3° OFÍCIO DO NÚCLEO DA TUTELA COLETIVA

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

COLENDA TURMA

EMINENTE RELATOR

Autos n°: 1002925-30.2018.4.01.3500

Natureza: AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Autor/Recorrente: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

Réu/Recorrido: CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL , por intermédio do

Procurador da República que esta subscreve, no uso de suas atribuições

constitucionais e legais, vem, perante esse egrégio Tribunal Regional

Federal da 1ª Região, oferecer

RAZÕES

ao recurso de apelação , com pedido de antecipação de tutela recursal

liminar , interposto contra a sentença (ID 5845781) proferida nos autos da

ação civil pública em epígrafe, proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO

FEDERAL em desfavor do CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, em

trâmite perante o Juízo da 4ª Vara da Seção Judiciária Federal do Estado

de Goiás, pelos fundamentos fáticos e jurídicos adiante al inhavados.

1 – SINOPSE DO PROCESSO

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL ajuizou, perante o Juízo

da 4ª Vara da Seção Judiciária Federal do Estado de Goiás , ação civi l

Página 1/30

Av. Olinda, Quadra G, Lote 2, Setor Park Lozandes, CEP 74884-120, Goiânia - GO.

Fone: (62) 3243-5400 – homepage: h t tp : / /www.prgo .mpf .mp.br

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pública, com pedido de antecipação de evidência , em face do

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, objetivando tutela

mandamental consistente em: a) declarar i legal a resolução CFP n°

1/2018, por desrespeito à Lei federal n° 5.766/1971; b) proibir o

Conselho Federal de Psicologia – CFP de aplicar qualquer sanção aos

psicólogos, com base em eventual descumprimento da resolução CFP

n° 1/2018; c) ordenar ao Conselho Federal de Psicologia – CFP que

comunique a todos os Conselhos Regionais de Psicologia a proibição

enunciada no item 7.2.3; e d) ordenar ao Conselho Federal de

Psicologia – CFP que revise os processos administrativos e anule as

sanções eventualmente aplicadas a psicólogos, com base na resolução

CFP nº 1/2018. Postulou, ainda, a cominação de astreintes para o caso

de retardo no cumprimento da ordem judicial.

O magistrado a quo proferiu sentença julgando extinto o

feito, sem resolução de mérito, por inadequação da via eleita (ID

5845781).

Inconformado com esse decisum, o Ministério Público

Federal oferece razões ao recurso de apelação.

2 – RESUMO DA SENTENÇA APELADA

O Juízo a quo julgou extinto o processo, sem resolução de

mérito , alegando, sinteticamente, que : a) a ação civil pública não é a

via eleita adequada para o pleito ministerial ; b) inviável a análise

abstrata da resolução em comento ; e c) não há exorbitância do poder

regulamentar pelo CFP e apenas o Congresso Nacional poderia sustar

o ato .

Entretanto, o Ministério Público Federal, data vênia , não se

resigna diante dessa sentença , conforme se argumentará.

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3 – MÉRITO RECURSAL (FUNDAMENTOS DE FATO E DE

DIREITO MATERIAL)

3.1 – SENTENÇA – EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM

RESOLUÇÃO DE MÉRITO

Na sentença proferida nos autos, o Juízo a quo expôs:

[…]

Porém, como já havia me manifestado, a “ ação civi l pública é

instrumento processual inadequado para veicular as pretensões

formuladas, sobretudo porque elas pressupõem o controle da

consti tucionalidade e legalidade abstrata da Resolução nº 1/2018.”

[…]

Ainda que assim não fosse, embora o MPF tenha passado a sustentar

a simples “ i legal idade” da Resolução CFP n° 1/2018, não há vestígios

de atuação exorbitante do poder regulamentar.

[…]

Pelo exposto, não passível de correção a petição in icial e uma vez

mais reconhecida a inadequação da via e le ita, NEGO SEGUIMENTO À

INICIAL e JULGO EXTINTO O PROCESSO SEM JULGAMENTO DE

MÉRITO.

[ . . . ]

Apesar de exaustivamente exposto na inicial, impende

reiterar, a seguir, os fundamentos que afastam as alegações do Juízo a

quo expostas na sentença.

Primeiro, o magistrado Juízo a quo aponta que, devido à

intenção de realizar controle de constitucionalidade – não de

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legalidade – a ação civi l pública não é a via eleita adequada para o

pleito ministerial .

Veja-se, todavia, que a Resolução CFP n° 1/2018 não é ato

primário passível de confrontação direta à Constituição Federal, sendo

inviável a via de controle concentrado de constitucionalidade . Não

obstante, é perfeitamente adequado o controle de

constitucionalidade incidental. Sem prejuízo do imediato controle de

legalidade do ato normativo impugnado, tendo em vista o cometimento

de afronta à lei formal (ato primário).

Aliás, ainda que, eventualmente, o ato questionado fosse

primário – lei formal –, não haveria empecilho jurídico para utilizar a

via de ação civil pública para ventilar a inconstitucionalidade

incidental , ou seja, enquanto causa de pedir , conforme pacificamente

vem decidindo o Supremo Tribunal Federal:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONTROLE INCIDENTAL DE

CONSTITUCIONALIDADE. QUESTÃO PREJUDICIAL. POSSIBILIDADE.

- O Supremo Tribunal Federal tem reconhecido a legitimidade da

uti l ização da ação civil pública como instrumento idôneo de

fiscalização incidental de constitucionalidade , pela v ia di fusa, de

quaisquer le is ou atos do Poder Público, mesmo quando contestados

em face da Const ituição da Repúbl ica, desde que, nesse processo

colet ivo, a controvérsia const i tucional, longe de identi f icar-se como

objeto único da demanda, qualif ique-se como simples questão

prejudicial , indispensável à resolução do l i t ígio principal.

Precedentes. Doutr ina. (RE 411156, Relator(a): Min. CELSO DE

MELLO, ju lgado em 19/11/2009, publ icado em DJe-227 DIVULG

02/12/2009 PUBLIC 03/12/2009).

Destaca-se, no caso, que a exordial evidencia a

inconstitucionalidade da mencionada Resolução CFP nº 1/2018, na

forma de questão prejudicial incidental (i tem 7.1 da petição inicial),

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exatamente conforme o permissivo constitucional e a

jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal. A bem da

verdade, esse tipo de debate jurídico é amiúde nessa espécie de ação.

Portanto, insustentável essa alegação do magistrado a quo .

Segundo, o Juízo a quo assevera que é inviável verif icação

abstrata da resolução em comento . No entanto, ao que parece, ele não

reconhece nenhuma possibi l idade de debate judicial da matéria, ferindo

a proteção constitucional que assegura a apreciação judicial de toda

lesão ou ameaça a direito (artigo 5°, XXXV, da Carta da República).

Com efeito, ele cita a súmula do STF n° 266, que dita a

impossibil idade de ajuizar Mandado de Segurança contra lei em tese.

Contudo, no caso específico, não se cuida de mandamus .

Consubstancia-se, a bem da verdade, ação civi l pública, cujas

pretensões são de natureza concreta (i tens 7.2 e 7.3 da petição

inaugural), as quais em nada se confundem com uma postulação

hipotética, consoante faz parecer o Juízo de piso.

Indisfarçavelmente, o único modo de não se enxergar o

conteúdo das pretensões concretas postas nesta demanda seria

ignorar completamente o conteúdo da petição inicial, elaborando um

“espantalho” argumentativo para suportar as arguições adversas.

Portanto, nesta ação civi l pública, busca-se a proteção de

direitos coletivos e difusos , a qual deve ser alcançada por meio de

decisão judicial que iniba ou remova efeitos concretos decorrentes da

aplicação da il ícita Resolução CFP nº 1/2018.

Veja-se, a propósito, que conhecimento e julgamento da

ilicitude de ato normativo secundário editado por conselhos

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profissionais são recorrentes no Judiciário, como pertinentemente se

destacou na exordial, mediante colação de diversos julgados. Mais uma

vez:

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONSELHOS DE

PSICOLOGIA. RESOLUÇÃO CFP nº 10/2010. LEGITIMIDADE PASSIVA

AD CAUSAM. COMANDO PROIBITIVO NÃO AMPARADO POR LEI.

OFENSA AO PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. 1. A hipótese dos

autos versa sobre o cabimento da revisão da sentença que ju lgou

procedente a pretensão minister ial para determinar a suspensão

imediata da aplicação e dos efeitos da Resolução CFP nº 10/2010,

em todo o terri tório nacional , bem como a abstenção da apl icação

de quaisquer penalidades pelos conselhos de prof issionais aos

psicólogos que atuem, no exercíc io prof issional, em colaboração com

o Ministér io Públ ico ou como auxi l iar do Poder Judic iár io,

intermediando a inquir ição de cr ianças e adolescentes envolvidas em

situação de violência. […] 4. O art. 5º, XII I , da Consti tu ição da

Repúbl ica estabelece expressamente como regra o pr incíp io da

liberdade do exercíc io das prof issões, norma cujo a lcance somente

pode ser l imitado pelo advento de le i em sentido formal, o que não é o

caso da Resolução nº CFP nº 10/2010, que claramente extrapola seu

poder regulamentar. 5. Os conselhos profissionais não possuem

competência para impor requisitos ou restrições ao exercício

profissional, devendo se limitar à discipl ina e f iscalização das

suas respectivas áreas. [ . . . ] 10. Apelações improvidas. (AC

00086929620124025101, SALETE MACCALÓZ, TRF2 – 6ª TURMA

ESPECIALIZADA.) [gri fo]

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO FISCAL.

EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. CONSELHO DE

FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. ADIN Nº 1.717. ANUIDADES. LEI Nº

6.994/82 REVOGADA PELA LEI Nº 8.906/94. ENUNCIADO Nº 57 –

TRF-2ª REGIÃO. LEI 4.084/62 E LEI 11.000/04. ERRO NO

LANÇAMENTO. VÍCIO INSANÁVEL. ART. 8º DA LEI Nº 12.514/11.

MULTA ELEIÇÃO/2011 COM BASE UNICAMENTE EM ATO

INFRALEGAL. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA RESERVA LEGAL E

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DA TIPICIDADE. […] A despeito da atribuição conferida ao

Conselho para a f iscal ização do exercício da profissão de

Bibliotecário, as exigências formuladas por meio do ato infralegal

(art. 4º e 5º da Resolução nº 88/2008), ultrapassam os limites do

Poder Regulamentar e afrontam o Princípio da Reserva Legal (AC

01029986120154025001, JOSÉ ANTONIO NEIVA, TRF2 – 7ª TURMA

ESPECIALIZADA). [gri fo]

No mesmo sentido, a 7ª Vara da Justiça Federal em Goiás

também acompanhou os entendimentos supracitados, acatando, no ano

de 2013, pedido ministerial acerca da suspensão, por i legalidade, da

Resolução do CFP n° 12/2011:

PROCESSO N° 974-91.2013.4.01.3500. MINISTÉRIO PÚBLICO

FEDERAL. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. SENTENÇA:

Trata-se de ação civ i l pública, com pedido de tute la antecipada,

proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL em face do

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, objetivando seja declarada

a ilegalidade e inconst itucionalidade, incidenter tantum , da

Resolução CFP n° 12/2011 , expedida pelo primeiro requerido e que se

suspenda a aplicação da referida norma aos profissionais de

psicologia em exercíc io no Estado de Goiás. […] Sem pretender

adentrar nos aspectos cientí f icos pert inentes à real ização das períc ias

psicológicas realizadas em sede de processo de execução penal,

especia lmente quanto à recomendabi l idade ou não da aplicação das

vedações acima especif icadas, é certo que, de uma simples lei tura da

Lei nº 5.776/71, ver i f ica-se que não contempla as proib ições impostas

pelo Conselho Federal de Psicologia. Assim sendo, é de se concluir

que extrapolou os l imites de sua competência e, em consequência,

feriu o princípio da legalidade, na medida em que deixou de

limitar-se à função de regulamentar a lei e passou a estabelecer

vedações nela previstas.[…] julgo procedente o pedido para: 1)

suspender a aplicação da resolução CFP n° 12/2011, aos

profissionais de psicologia em exercício no Estado de Goiás ; […]

[gr ifo]

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Inquestionável, pois, a possibilidade de se conhecer e

julgar a ilegalidade de atos secundários – emitidos também por

Conselhos Profissionais – pelo Poder Judiciário. “ A submissão dos

comportamentos de Administração Pública ao controle jurisdicional é

uma decorrência do Estado de Direito. Por isso, com razão, assegura

Celso Antônio Bandeira de Mello que de nada valeria proclamar-se o

assujeitamento da Administração à Constituição e às leis, se não fosse

possível, perante um órgão imparcial e independente, contestar seus

atos com as exigências delas decorrentes, obter- lhes a fulminação

quando inválidos, e as reparações patrimoniais cabíveis.” 1

Destarte, é inquestionável o descabimento, isto sim, dessa

alegação do Juízo a quo .

Terceiro, o magistrado de piso alude não haver exorbitância

do poder regulamentar pelo CFP e apenas o Congresso Nacional

poderia sustar o ato , com base no do artigo 49, V, da Constituição

Federa l . Entretanto, igualmente, não se sustenta tal arguição, a qual,

mais uma vez, objetiva esvaziar as possibi l idades de conhecimento e

julgamento da i l icitude da mencionada Resolução CFP nº 1/2018.

A Administração Público no Brasil submete-se a diversas

formas de controle , interno e externo , dos Poderes Executivo ,

Legislativo , Judiciário , do Ministério Público etc., que não se

confundem nem se excluem. A bem da verdade, ao prever o artigo 49,

V, da Carta Federal, o Poder Constituinte não almejou restringir o

controle do ato regulamentar ao Congresso; senão que apenas o

estabeleceu explicitamente. Assim, ratif ica o STF:

O abuso de poder regulamentar , especialmente nos casos em que o

Estado atua contra legem ou praeter legem, não só expõe o ato

1 GASPARINI , D iogenes . D i re i to Admin i s t ra t i vo . 15 ed. A tua l i zada por Fabr í c io Mot ta – São Pau l o :Sara i va , 2010 . Pág. 170.

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transgressor ao controle jurisdicional, mas viabil iza, até mesmo,

tal a gravidade desse comportamento governamental, o exercício,

pelo Congresso Nacional, da competência extraordinária que lhe

confere o art. 49, V, da Const ituição da Repúbl ica e que lhe permite

“sustar os atos normativos do Poder Execut ivo que exorbi tem do poder

regulamentar ( . . . )” . Doutr ina. Precedentes (RE 318.873 AgR/SC, re l.

min. Celso de Mel lo, v.g.) . Plausib i l idade juríd ica da impugnação à

val idade const itucional da Instrução Normat iva STN 1/2005. [AC 1.033

AgR-QO, rel . min. Celso de Mel lo, j . 25-5-2006, P, DJ de 16-6-2006.]

[gr i fo] Fonte: http:/ /www.st f . jus.br/portal /const i tu icao/art igoBd.asp?

item=656 acesso em 20/6/2018 as 12:55 h.

Por consequência, erra o magistrado a quo , ao afirmar que

apenas o Congresso Nacional estaria apto a analisar a ilegalidade da

Resolução CFP n° 1/2018.

Ademais, relativamente à suposta ausência da exorbitância

do poder regulamentar, a decisão asseverou:

Essa conclusão, contudo, não imuniza a Resolução CFP n° 1/2018 em

todos os seus aspectos materiais. Como também anotei na sentença

do dia 3-5-2018, há dúvidas acerca do “alcance da Resolução CFP

n° 1/2018, em especial a questão de saber se ela acaba por l imitar

ou não a atuação de psicólogos no eventual t ratamento de

portadores de t ranstornos associados à or ientação sexual egodistônica

(CID 10, F66.1)”.

Porém, mesmo que superado o problema do ataque em tese ao ato

normativo, os argumentos t razidos pelo MPF para atacar o conteúdo

da Resolução CFP n° 1/2018 não conseguem disfarçar a l inha

anterior que sustentava a inconstitucionalidade do ato .

Aqui, o magistrado reconhece haver dúvidas sobre o

conteúdo da resolução , acerca da limitação profissional dos

psicólogos; todavia, deixa de conhecer os argumentos da exordial , à

medida que reputa descabida a veiculação das pretensões do

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Ministério Público em sede de ação civil pública. Consequentemente,

não houve, destarte, apreciação jurisdicional do conteúdo da

Resolução CFP n° 1/2018.

Vale destacar, nessa l inha, que a garantia da

inafastabilidade da jurisdição assegura a apreciação judicial de

lesão ou ameaça a direito (artigo 5°, XXXV, da Constituição Federal),

ou seja, o Poder Judiciário, uma vez provocado, deve se pronunciar

acerca da i l icitude de atos da Administração Pública.

Portanto, mais uma alegação descabida do Juízo a quo ,

para rejeitar a petição inicial.

Diante dos argumentos aqui enunciados pelo Ministério

Público Federal, a outra conclusão não se pode chegar, senão que as

alegações uti l izadas pelo magistrado singular para extinguir o processo

sem resolução de mérito estão divorciadas da causa de pedir e dos

pedidos formulados na petição inicial, merecendo, pois, pronta

cassação dessa Corte.

Destarte, impõe-se socorrer, nesta quadra, em segundo

grau de jurisdição, da tutela jurisdicional apta a operar o controle da

ilicitude da Resolução CFP nº 1/2018, bem assim as necessárias e

adequadas correções daquela malsinada sentença, que deve ser

cassada de chofre.

3.2 – FUNDAMENTOS DE FATO

Instaurou-se nesta Procuradoria da República o

procedimento preparatório (PP) nº 1.18.000.000364/2018-37 (em

anexo), para apurar ações ou omissões il ícitas do Conselho Federal de

Psicologia – CFP, concernentes a impedimentos à atividade

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profissional de psicólogos, consubstanciados na resolução CFP n° 1,

de 29/1/2018.

O Conselho Federal de Psicologia, em tese, procedendo

seu dever-poder regulamentar, expediu a resolução n° 1/2018, para

estabelecer “normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em

relação às pessoas transexuais e travestis ”.

Da resolução em comento, extrai-se:

Art . 7º – As psicólogas e os psicólogos, no exercíc io prof issional, não

exercerão qualquer ação que favoreça a patologização das

pessoas transexuais e travestis.

Parágrafo único: As psicólogas e os psicólogos, na sua prática

profissional , reconhecerão e legitimarão a autodeterminação das

pessoas transexuais e travestis em relação às suas identidades

de gênero.

Art . 8º – É vedado às psicólogas e aos psicólogos, na sua prát ica

prof issional, propor , realizar ou colaborar , sob uma perspectiva

patologizante , com eventos ou serviços privados , públicos ,

insti tucionais , comunitários ou promocionais que visem a terapias

de conversão, reversão, readequação ou reorientação de

identidade de gênero das pessoas transexuais e travestis . [gr i fo]

Por sua vez, instado a se manifestar acerca das bases

fáticas, científ icas e jurídicas que motivaram a edição da Resolução

CFP n° 001/2018, o CFP expôs – dentre outras ponderações –, por

meio do ofício n° 523/2018/GJur/CG-CFP: “Na Resolução CFP nº

001/2018, o limite imposto não excede as atribuições desse

Conselho , pois está direcionado somente ao exercício profissional e

não indica o cerceamento da liberdade de expressão em outros

espaços de manifestação não-profissionais ”; e “[…] citando o papel

outorgado pelo Estado ao Conselho Federal de Psicologia, no que

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tange à responsabilidade de regulamentar a profissão, cabe-nos a

prerrogativa de estabelecer limites à prática profissional ,

assegurando o menor prejuízo e a proteção dos usuários dos serviços

de psicologia em todo o território nacional ”.

Entrementes, compete ao conselho profissional, por meio

de seu dever-poder de polícia, f iscalizar a profissão, concedendo,

inclusive autorização e registro para o desempenho da atividade,

estabelecer restrições ao exercício da profissão, desde que não inove

na ordem jurídica.

No entanto, a resolução CFP n° 1/2018 – ato normativo

secundário, cria obstáculos sem amparo legal à atividade profissional,

uma vez que a Leis federal n° 5.766/1971 não prevê , nem mesmo

perfunctoriamente , aquelas injunções regulamentares . Assim, a

mencionada resolução extrapola os parâmetros normativos do dever-

poder regulamentar e, ainda, fere direitos fundamentais protegidos

pela Constituição da República.

Diante disso, não subsistiu outra providência inserta nas

atribuições deste órgão ministerial, a não ser ajuizar ação civil

pública , a fim de lograr a tutela jurisdicional pertinente .

3.3 – FUNDAMENTOS DE DIREITO MATERIAL

3.3.1 – Conselho profissional e o dever-poder

regulamentar

O dever-poder regulamentar expressa função normativa

do Estado, substanciando prerrogativa conferida à Administração

Pública de editar atos complementares à lei formal , visando a sua

aplicação.

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Destaca-se a estreita relação do dever-poder

regulamentar com o princípio da legalidade , previsto no artigo 5°,

inciso II , da Constituição Federal, pelo qual ninguém será obrigado a

fazer ou deixar de fazer alguma coisa , senão em virtude de lei .

Observa-se que o texto constitucional exige lei, não qualquer ato

secundário , para restringir a liberdade do cidadão. “Em suma: é

l ivre de qualquer dúvida ou entredúvida que entre nós, por força dos

arts. 5°, 11, 84, IV e 37 da Constituição, só por leis se regula

liberdade e propriedade; só por lei se impõem obrigações de fazer

ou não fazer . Vale dizer: restrição alguma à liberdade ou propriedade

pode ser imposta se não estiver previamente delineada . configurada

e estabelecida em alguma lei , e só para cumprir dispositivos legais

é que o Executivo pode expedir decretos e regulamentos ”2 .

Depreende-se, consequentemente, que o regulamento é

ato subordinado e inferior à lei formal , não podendo, assim,

contrariá-la ou alterar seu alcance, sob pena de usurpação da função

do Poder Legislativo . Com efeito, os atos do Conselho Federal de

Psicologia – CFP, autarquia federal, com personalidade jurídica de

direito público, que exerce atividade tipicamente pública , qual seja, a

dever-poder de polícia profissional , submetem-se à sua lei

instituidora: Lei federal nº 5.766/1971, segundo a qual: detém

competência para orientar, discipl inar e fiscalizar o exercício da

profissão de psicólogo e zelar pelos princípios de ética e disciplina da

classe, nos moldes da legislação correspondente.

Desse modo, com o desígnio de exercer o dever-poder de

polícia que lhe é outorgado legalmente, o Conselho deve expedir

normas secundárias de alcance limitado ao seu âmbito de atuação;

2DE MELLO, Celso Antônio Bande i ra. Curso de Di re i to Admin is t ra t i vo , Ed. Malhei ros, São Paulo, 2001, Pág. 315 .

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todavia, não pode desrespeitar a lei formal nem impor aos seus

inscritos obrigações , proibições e penalidades não previstas

legalmente.

Nesse sentido, rati fica a jurisprudência:

ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONSELHOS DE

PSICOLOGIA. RESOLUÇÃO CFP nº 10/2010. LEGITIMIDADE PASSIVA

AD CAUSAM. COMANDO PROIBITIVO NÃO AMPARADO POR LEI.

OFENSA AO PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. 1. A hipótese dos

autos versa sobre o cabimento da revisão da sentença que ju lgou

procedente a pretensão minister ia l para determinar a suspensão

imediata da aplicação e dos efei tos da Resolução CFP nº 10/2010, em

todo o terr i tór io nacional, bem como a abstenção da apl icação de

quaisquer penal idades pelos conselhos de prof issionais aos

psicólogos que atuem, no exercíc io prof issional, em colaboração com

o Ministér io Públ ico ou como auxi l iar do Poder Judic iár io,

intermediando a inquir ição de cr ianças e adolescentes envolvidas em

situação de violência. 2. Não prospera a alegação de i legit imidade

passiva ad causam arguida pelo Conselho Regional de Psicologia do

Estado do Rio de Janeiro, sob a just i f icat iva de que a expedição de

resoluções não faz parte de suas atr ibuições, eis que o objeto da

demanda não é apenas a inval idação da Resolução CFP nº 10/2010,

mas também o de impedir a aplicação de penalidades aos psicólogos

que atuem em dissonância ao disposto no ato normat ivo, atr ibuição

que lhe incumbe, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro. 3. No méri to,

a Resolução CFP nº 10/2010, no i tem 12 do anexo II I , veda ao

psicólogo "o papel de inquir idor no atendimento de cr ianças e

adolescentes em situação de violência". Tal ato normativo, em seu art .

3º , estabelece, ainda, que sua não observância const i tu i fa lta ét ico-

discip l inar, passível de capitulação nos disposit ivos referentes ao

exercíc io prof issional do Código de Ética Prof issional do Psicólogo,

sem prejuízo de outros que possam ser arguido. 4. O art. 5º , XII I , da

Constituição da República estabelece expressamente como regra

o princípio da liberdade do exercício das profissões, norma cujo

alcance somente pode ser l imitado pelo advento de lei em sentido

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formal, o que não é o caso da Resolução nº CFP nº 10/2010, que

claramente extrapola seu poder regulamentar. 5. Os conselhos

profissionais não possuem competência para impor requisitos ou

restrições ao exercício profissional, devendo se l imitar à

discipl ina e f iscalização das suas respectivas áreas. 6.

Contrar iamente ao alegado pelos apelantes, o psicólogo judiciár io

auxi l ia o Judiciár io e o Ministér io Público como intérprete das

part icular idades da l inguagem da cr iança e do adolescente, o que não

importa em delegação de competência privat iva do órgão julgador. 7.

O psicólogo em momento algum faz a inquirição em Juízo da cr iança

ou do adolescente, atuando previamente como colaborador e

faci l i tador do magistrado e do ministér io públ ico, carecendo a

Resolução impugnada não apenas de regular idade formal como de

atecnia. 18. A vedação da contr ibuição da psicologia jurídica para na

busca da verdade mater ia l e da efet iv idade processual, ofende não

apenas os direi tos das cr ianças e adolescentes, como os direi tos da

sociedade de forma geral na adequada prestação jur isdic ional. 9. A

oit iva de menores por equipe interprof issional ampara-se, ainda, nos

arts. 28, §1º e 100 da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do

Adolescente), que asseguram à cr iança e ao adolescente o d ire ito de

terem sua opinião devidamente considerada, respeitado seu estágio

de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as impl icações da

medida, a lém da necessidade de se viabi l izar a produção de provas

testemunhais de maior conf iabi l idade e qual idade nas ações penais,

bem como de ident if icar os casos de síndrome da al ienação parental e

outras questões de complexa apuração nos processos inerentes à

dinâmica famil iar, especia lmente no âmbito forense. 10. Apelações

improvidas. (AC 00086929620124025101, SALETE MACCALÓZ, TRF2

– 6ª TURMA ESPECIALIZADA.) [gri fo]

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO FISCAL.

EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. CONSELHO DE

FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. ADIN Nº 1.717. ANUIDADES. LEI Nº

6.994/82 REVOGADA PELA LEI Nº 8.906/94. ENUNCIADO Nº 57 –

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TRF-2ª REGIÃO. LEI 4.084/62 E LEI 11.000/04. ERRO NO

LANÇAMENTO. VÍCIO INSANÁVEL. ART. 8º DA LEI Nº 12.514/11.

MULTA ELEIÇÃO/2011 COM BASE UNICAMENTE EM ATO

INFRALEGAL. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA RESERVA LEGAL E

DA TIPICIDADE. […] A despeito da atribuição conferida ao

Conselho para a f iscal ização do exercício da profissão de

Bibliotecário, as exigências formuladas por meio do ato infralegal

(art. 4º e 5º da Resolução nº 88/2008), ultrapassam os limites do

Poder Regulamentar e afrontam o Princípio da Reserva Legal (AC

01029986120154025001, JOSÉ ANTONIO NEIVA, TRF2 – 7ª TURMA

ESPECIALIZADA). [gri fo]

[ . . . ] Ainda que superados esses óbices, o recurso extraordinário não

prosperar ia. Conforme pacíf ica jur isprudência do Supremo Tribunal

Federal , é incabível, em sede de recurso extraordinário, averiguar a

extrapolação do poder regulamentar por ato normativo

secundário , porquanto essa controvérsia configura confl i to de

legalidade, e não de const itucional idade, de modo que seu deslinde

pressupõe o exame da le i in f raconst itucional regulamentada. […] (ARE

1061279, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, ju lgado em

23/08/2017, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-191 DIVULG

28/08/2017 PUBLIC 29/08/2017). [gri fo]

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO: SEGURO DE

ACIDENTE DO TRABALHO - SAT. Lei 7.787/89, arts. 3º e 4º ; Lei

8.212/91, art . 22, I I , redação da Lei 9.732/98. Decretos 612/92,

2.173/97 e 3.048/99. C.F., art igo 195, § 4º; art . 154, I I ; art . 5º, I I ; art .

150, I . I . - Contr ibuição para o custeio do Seguro de Acidente do

Trabalho - SAT: Lei 7.787/89, art . 3º, I I ; Lei 8.212/91, art . 22, I I :

alegação no sent ido de que são ofensivos ao art . 195, § 4º, c/c art .

154, I , da Const ituição Federal : improcedência. Desnecessidade de

observância da técnica da competência residual da União, C.F. , art .

154, I . Desnecessidade de le i complementar para a inst i tu ição da

contr ibuição para o SAT. I I . - O art . 3º, I I , da Lei 7.787/89, não é

ofensivo ao pr incíp io da igualdade, por isso que o art . 4º da

mencionada Lei 7.787/89 cuidou de t ratar desigualmente aos

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desiguais. I I I . - As Leis 7.787/89, art . 3º , I I , e 8.212/91, art . 22, I I ,

def inem, sat isfator iamente, todos os elementos capazes de fazer

nascer a obrigação t r ibutár ia vál ida. O fato de a lei deixar para o

regulamento a complementação dos conceitos de "at ividade

preponderante" e "grau de r isco leve, médio e grave", não impl ica

ofensa ao pr incíp io da legalidade genérica, C.F. , art . 5º, I I , e da

legalidade t r ibutária, C.F. , art . 150, I . IV. - Se o regulamento vai além

do conteúdo da lei , a questão não é de inconstitucionalidade, mas

de i legalidade , matér ia que não integra o contencioso const itucional.

V. - Recurso extraordinário não conhecido. (RE 343446, Relator(a):

Min. CARLOS VELLOSO, Tr ibunal Pleno, ju lgado em 20/03/2003, DJ

04-04-2003 PP-00040 EMENT VOL-02105-07 PP-01388). [gr i fo]

Dito isso, compreende-se que o Conselho Federal de

Psicologia, ao editar a Resolução nº 1/2018, exorbitou o seu poder

regulamentar , cometendo, pois, ato il ícito .

3.3.2 – Violação da legalidade administrativa

O princípio constitucional da legalidade administrativa

alçado à categoria mandamento nuclear da Administração Pública

(artigo 37, caput , da Carta da República) compreende a submissão do

Estado à lei , ou seja, funda-se na ideia de que toda atividade estatal

deve ser exercida em conformidade com a lei . Em síntese, a

Administração Pública nada pode fazer, senão o que a lei determina.

Celso Antônio Bandeira de Mello disserta “Michel

Stassinopoulos, em fórmula sintética e fel iz, esclarece que, além de

não poder atuar contra legem ou praeter legem, a Administração só

pode agir secundum legem. Aliás, no mesmo sentido é a observação de

Alessi, ao averbar que a função administrativa se subordina à

legislativa não apenas porque a lei pode estabelecer proibições e

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vedações à Administração, mas também porque esta só pode fazer

aquilo que a lei antecipadamente autoriza 3”.

Percebe-se, pois, que o princípio constitucional da

legalidade administrativa possui concepção bastante estrita e

rigorosa , não permitindo que a Administração Pública e seus agentes

ultrapassem as lindes de seus círculos de atuação.

Observa-se, ademais, que esse postulado reforça a

vedação a que atos administrativos secundários contrariem a lei .

Aqui, sem maiores esforços intelectivos, infere-se que essa proibição

atinge, de modo inarredável, a Administração Pública e todos os

agentes públicos.

Desse modo, caso específico, verif ica-se que a resolução

CFP n° 1/2018 impõe vedações à atividade profissional de

psicólogos , sob alegação de enfrentamento a preconceitos sociais.

Veja-se:

Art . 7º – As psicólogas e os psicólogos, no exercíc io prof issional, não

exercerão qualquer ação que favoreça a patologização das

pessoas transexuais e travestis.

Parágrafo único: As psicólogas e os psicólogos, na sua prática

profissional , reconhecerão e legitimarão a autodeterminação das

pessoas transexuais e travestis em relação às suas identidades

de gênero.

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de conversão, reversão, readequação ou reorientação de

3In : Curso de Di re i to Admin is t ra t i vo, Malhei ros, São Paulo, 2008, p . 101.

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identidade de gênero das pessoas transexuais e travestis . [gr i fo]

Entretanto, à luz do princípio da legalidade

administrativa , concernentemente ao dever-poder regulamentar do

CFP, a Lei federal n° 5.766/1971 – ato primário –, dispõe:

Art . 6º São atr ibuições do Conselho Federal:

a) e laborar seu regimento e aprovar os regimentos organizados pelos

Conselhos Regionais;

b) orientar, disciplinar e f iscalizar o exercício da profissão de

Psicólogo ;

c) expedir as resoluções necessárias ao cumprimento das leis em

vigor e das que venham modif icar as atr ibuições e competência dos

prof issionais de Psicologia;

d) def in ir , nos termos legais, o l imite de competência do exercíc io

prof issional, conforme os cursos real izados ou provas de

especia l ização prestadas em escolas ou inst i tutos prof issionais

reconhecidos;

e) e laborar e aprovar o Código de Ética Prof issional do Psicólogo;

[. . . ]

j ) expedir resoluções e instruções necessárias ao bom funcionamento

do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais, inclusive no que

tange ao procedimento elei toral respectivo;

[ . . . ]

n) propor, ao Poder Competente, al terações da legislação relat iva ao

exercíc io da prof issão de Psicólogo; [gr i fo]

Coerentemente com o transcrito, os regulamentos editados

pelo Conselho Federal de Psicologia não podem, à proporção que não

encontram respaldo na referida lei, obstaculizar a atividade profissional

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dos psicólogos, por exemplo, impondo-lhes modelo único de

pensamento ou impedindo o uso de terapias psicológicas ; pois o

dever-poder regulamentar do CFP não é absoluto, pelo que não é

juridicamente capaz de, por si, predefinir a interpretação científ ica e os

métodos terapêuticos a serem adotados, ao arrepio do estágio atual e

dos ulteriores desenvolvimentos da psicologia científ ica.

Repise-se: o dever-poder normativo do CFP restringe-se a

aplicar a sua lei instituidora, não lhe cabendo criar , modificar ou

suprimir direitos ; senão agiria, como é o caso, de forma persecutória,

intimidadora, desarrazoada, desvirtuada etc.

De conseguinte, exsurge, de forma categórica, que a

resolução em debate infringe o princípio constitucional da

legalidade administrativa , cuja densificação semântica, no caso em

questão, é dada pela Lei federal nº 5.766/1971.

Por fim, acaso o Conselho Federal de Psicologia almejasse

qualquer modificação legislativa em relação ao exercício profissional

dos psicólogos, dever-se-ia propô-la aos órgãos competentes , isto é,

ao Poder Executivo federal e ao Congresso Nacional, nos termos da

Constituição da República.

3.3.3 – Direitos fundamentais

3.3.3.1 – Liberdade profissional e liberdade de expressão

intelectual, científica e de comunicação

Direitos fundamentais apresentam dupla acepção:

enquanto normas de liberdade negativa , proíbem ingerência do Estado

na esfera individual; e de l iberdade positiva , quanto ao poder do

indivíduo de exercer os direitos fundamentais . “Os primeiros direitos

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fundamentais têm o seu surgimento ligado à necessidade de se impor

limites e controles aos atos praticados pelo Estado e suas

autoridades constituídas. Nasceram, pois, como uma proteção à

liberdade do individuo frente a ingerência abusiva do Estado. Por

esse motivo – por exigirem uma abstenção, um não fazer do Estado em

respeito à liberdade individual – são denominados direitos negativos,

l iberdades negativas, ou direi tos de defesa 4”.

Liberdade é o direito de agir do indivíduo , igualitário a

todos os sujeitos de idêntica dignidade . Há, é certo, l imitações, as

quais obedecem ao princípio da proporcionalidade e à preservação da

dignidade humana. “Não se admite a imposição da submissão às

determinações estatais sem a preservação da dignidade individual ,

com a transformação do indivíduo num servo. […] Por fim, a tutela à

l iberdade vai mais além, assegurando a preservação de um núcleo

mínimo inafastável de escolhas quanto ao destino individual e

coletivo. O Estado não pode eliminar a margem de autonomia

individual necessária à realização do potencial individual. Há um

mínimo de l iberdade insuprimível, porque indispensável à composição

da personalidade humana e da identif icação do sujei to 5”. [grifo]

A Constituição Federal assegura, especificamente, a

l iberdade profissional e de expressão intelectual e científica , nos

seguintes termos:

Art . 5º Todos são iguais perante a le i, sem dist inção de qualquer

natureza, garant indo-se aos brasi leiros e aos estrangeiros residentes

no País a inviolabi l idade do dire ito à v ida, à l iberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

4 PAULO, Vicente , ALEXANDRINO, Marcelo. Di re i to Const i tuc iona l Descompl icado, 14 ed.Método, São Paulo, 2014.pag. 98.

5 JUSTEN, Marçal F. Curso de Di re i to Admin is t ra t ivo. 6 ed. rev. e atua l . Fórum, BeloHor izonte , 2010, pag. 168.

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[…]

IX – é l ivre a expressão da atividade intelectual , artística ,

científ ica e de comunicação , independentemente de censura ou

licença;

[…]

XII I – é l ivre o exercício de qualquer trabalho , ofício ou profissão ,

atendidas as qualif icações profissionais que a lei estabelecer ;

[…]

Todos podem produzir e divulgar obras intelectuais ,

artísticas , científicas e de comunicação sem depender de prévia

autorização do Poder Público ; cuja exigência configuraria censura

estatal , a qual é peremptoriamente repudiada e incompatível com o

Estado Democrático de Direito.

Noutra perspectiva, a l iberdade profissional é direito

fundamental resguardado pela ordem jurídica desde o longínquo ano

de 1824. Nos termos atuais, permite que o indivíduo exerça qualquer

ofício lícito , condicionando-se apenas a requisitos previstos em lei, os

quais, porém, não se permite que esvaziem o conteúdo do referido

direito.

Com muito mais razão, não se deve admitir que atos

normativos infralegais ultrapassem o que nem a própria lei formal

poderia fazê-lo, sem se desbordar e se viciar de inconstitucionalidade.

Noutras palavras, inconcebível que os atos inferiores à lei inovem a

ordem jurídica contra o livre exercício profissional .

Sobreleva-se que a Constituição Federal é uma carta de

direitos e deveres implicando, por vezes, a ponderação e coexistência

de institutos aparentemente antagônicos. Mas vale observar que

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eventual restrição a direito fundamental deve ter base

constitucional ; e, de todo modo, a l imitação estabelecida não pode

servir à interdição do seu exercício .

3.3.3.2 – Violação dos direitos fundamentais

Como sobejamente enunciado, a l iberdade de expressão

intelectual , científica e de comunicação e a l iberdade profissional

consubstanciam direitos fundamentais assegurados no artigo 5º, IX e

XIII, pela Carta Magna. Em atenção a esses direitos, os conselhos de

fiscalização profissional , no uso de seu dever-poder de polícia , não

podem fixar ideologias; ou estabelecerem, abusivamente, o

direcionamento da conduta profissional; ou, ainda, concorrer

i l icitamente com órgãos competentes na elaboração das leis,

usurpando competência legislativa:

CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE – Os Conselhos Federais

incumbidos de f iscal izar o exercíc io prof issional de seus associados,

nas áreas de suas respectivas atuações, podem baixar Resoluções

que melhor v iabil izem suas at iv idades, l imitadas, porém, às le is que

os cr iaram e lhes outorgaram esta competência. O art . 1º da

Resolução 496/79, do CFC, que rest r ingiu o exercíc io de serviços

técnicos contábeis prestados por pessoas juríd icas, às sociedades

compostas apenas por prof issionais de outras prof issões l iberais

consideradas af ins por ele, não pode prevalecer, porque ampl iou

restr ição inexistente no art . 15 do DL. 9.295, de 27.05.46. Merecem

interpretação restri t íssima as normas infraconstitucionais que

criam restrições às l iberdades consagradas na CF, como é o

exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão (art. 5º, XII I ) .

(AMS nº 940453199-5 – PR – 4ª Turma do TRF da 4ª Região, DJU

26.08.98, Rel. Juiz José G. da Silva)

Evidentemente, nessa linha, que o Conselho Federal de

Psicologia – CFP detém deveres-poderes de fiscalizar os psicólogos

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no exercício de suas atividades . Inadequado, porém, sob qualquer

pretexto, impor modelo de atuação profissional de forma preliminar,

peremptória e il íci ta, contrariamente ao l ivre exercício de atividade

para a qual os psicólogos encontram-se habil i tados – atendidas as

qualif icações profissionais exigidas em lei (artigo 5º, XIII, CF).

É mister destacar que este órgão ministerial não pretende

debater eficácia terapêutica de atendimentos psicológicos , muito

menos substi tuir o Conselho Federal de Psicologia no exercício dos

seus deveres-poderes administrativo. Almeja-se exclusivamente obter

a tutela jurisdicional adequada dos direitos constitucionais

desrespeitados.

Detalhadamente, sobre os cerceamentos previstos na

resolução n° 1/2018, traz-se à colação todos os artigos:

Art . 1º – As psicólogas e os psicólogos, em sua prát ica prof issional,

atuarão segundo os pr incípios ét icos da prof issão, contr ibuindo com o

seu conhecimento para uma ref lexão voltada à el iminação da

transfobia e do preconceito em relação às pessoas t ransexuais e

travestis.

Art . 2º – As psicólogas e os psicólogos, no exercíc io prof issional, não

exercerão qualquer ação que favoreça a discr iminação ou preconceito

em relação às pessoas t ransexuais e t ravestis.

Art . 3º – As psicólogas e os psicólogos, no exercíc io prof issional, não

serão coniventes e nem se omit i rão perante a discr iminação de

pessoas t ransexuais e t ravestis.

Art . 4º – As psicólogas e os psicólogos, em sua prática

profissional, não se util izarão de instrumentos ou técnicas

psicológicas para criar, manter ou reforçar preconceitos, estigmas,

estereótipos ou discr iminações em relação às pessoas t ransexuais e

travestis.

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Art . 5º – As psicólogas e os psicólogos, no exercíc io de sua prát ica

prof issional, não colaborarão com eventos ou serviços que contr ibuam

para o desenvolvimento de culturas inst i tucionais discr iminatór ias em

relação às t ransexualidades e t ravesti l idades.

Art . 6º – As psicólogas e os psicólogos, no âmbito de sua atuação

prof issional, não part ic iparão de pronunciamentos, inclusive nos meios

de comunicação e internet, que legit imem ou reforcem o preconceito

em relação às pessoas t ransexuais e t ravestis.

Art . 7º – As psicólogas e os psicólogos, no exercício profissional,

não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização das

pessoas transexuais e travestis .

Parágrafo único: As psicólogas e os psicólogos, na sua prática

profissional, reconhecerão e legitimarão a autodeterminação das

pessoas transexuais e travestis em relação às suas identidades de

gênero.

Art . 8º – É vedado às psicólogas e aos psicólogos, na sua prática

profissional, propor, realizar ou colaborar, sob uma perspectiva

patologizante, com eventos ou serviços privados, públicos,

institucionais, comunitários ou promocionais que visem a terapias

de conversão, reversão, readequação ou reorientação de

identidade de gênero das pessoas transexuais e travestis .

Art . 9º – Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

[gr i fo]

Apreciando esses dispositivos, verifica-se a total obstrução

ao profissional que se disponha a aplicar técnicas e procedimentos

àqueles que, espontaneamente, procurarem suporte psicológico no

enfrentamento dos mais variados dilemas e sofrimentos

relacionados ao transexualismo .

Ressalta-se, por seu lado, que o Conselho Federal de

Psicologia está apto a impor restrições ao exercício profissional de

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psicólogos em favor da sociedade, tendo em vista o seu dever-poder

de polícia ; todavia, não é soberano, pelo que deve submeter-se ao

ordenamento jurídico, sobretudo aos direitos fundamentais

assegurados pela Constituição Federal e às normas da Lei federal n°

5.766/1971.

3.3.4 – Conduta ilícita do réu

No caso específico, mostra-se insofismável que o Conselho

Federal de Psicologia conduz-se i licitamente , porquanto a sua

resolução CFP n° 1/2018 desrespeita o princípio da legalidade

administrativa colmatado no artigo 37, caput , da Carta Magna e

densificado na Lei federal n° 5.766/1971; bem como infringe os

direitos fundamentais caracterizados pelas l iberdades de expressão

intelectual , científica, de comunicação e de exercício profissional ,

previstos no artigo 5°, IX e XIII , da Carta Constitucional.

4 – ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL

Conforme permissivo do Código de Processo Civil ,

especialmente artigo 932, inciso II, incumbe ao relator apreciar o

pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de

competência originária do tribunal .

No NCPC a previsão de tutela provisória para a apelação

é ampla, vaga e indeterminada , comportando o seu preenchimento no

caso concreto. Nos casos de decisões denegatórias, o procedimento

deve, também, observar a disciplina do artigo 1.012, § 3º, do

NCPC/2015 – que trata de tutela provisória inversa, para suspender os

efeitos de sentenças concessivas.

Para antecipação de tutela recursal com base na

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evidência , deve-se demonstrar a probabil idade de provimento do

recurso, bem assim caracterizar uma das situações previstas no artigo

311. Vale lembrar que a arguição de perigo é irrelevante, porque a

evidência não a compõe enquanto requisito, sendo possível a sua

concessão apenas diante de direito provável .

A tutela de evidência será concedida, entre outras

hipóteses, independentemente da demonstração de perigo de dano

ou de risco ao resultado útil do processo , quando a petição inicial

for instruída com prova documental suficiente dos fatos

constitutivos do direito do autor , a que o réu não oponha prova

capaz de gerar dúvida razoável 6.

Reitere-se, outrossim: “O legislador procurou caracterizar a

evidência do direito postulado em juízo capaz de justif icar a

prestação de ‘tutela provisória ’ a partir das quatro situações arroladas

no artigo 311, CPC”7 .

Essa inovação legislativa veio em boa hora, uma vez que

distribui o ônus do tempo do processo entre as partes , fazendo com

que o l i tigante que não tenha razão suporte o fardo da duração do

6 a r t i go 311 . A tu te l a da ev idênc i a será conced i da , i ndependentem en te da demons t ração de per igode dano ou de r i sco ao resu l tado ú t i l do processo , quando:

I - f i car carac ter i zado o abuso do d i re i to de defesa ou o mani f es to propós i t o pro te la tór io dapar te ;

I I - as a legações de fa to puderem ser com provadas apenas documenta lmente e houver tesef i rmada em ju lgamento de casos repet i t i vos ou em súmul a v incu lan te ;

I I I - se t ra tar de ped ido re ipersecutór io fundado em prova documen ta l adequada do con t ra tode depós i to , caso em que será decre tada a ordem de ent rega do ob je to cus tod i ado, sob cominaçãode mul ta ;

IV - a pe t i ção in i c ia l fo r i ns t ru ída com prova documenta l su f i c ien te dos fa tos cons t i t u t i vosdo d i re i to do autor , a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúv ida razoáve l .

Parágra fo ún ico . Nas h ipó teses dos inc i sos I I e I I I , o j u i z poderá dec id i r l im inarmente .

7 MARINONI , Lu iz Gu i lherme; ARENHART, Sérg io c ruz ; M IT ID IER O, Dan ie l . Novo Cód igo deProcesso C iv i l Comen tado , Ed i t o ra Rev is ta dos T r ibuna is , 2015, pág ina 322.

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processo . Noutras palavras, o objetivo da tutela de evidência : “é

distribuir o ônus que advém do tempo necessário para transcurso de

um processo e a concessão de tutela definit iva. Isso é fei to mediante a

concessão de uma tutela imediata e provisória para a parte que revela

o elevado grau de reprovabilidade de suas alegações (devidamente

provadas), em detrimento da parte adversa e a improbabilidade de

êxito em sua resistência – mesmo após instrução processual ”8 .

No caso específico, consoante se extrai dos tópicos retro,

compreende-se, de forma irretorquível, que, desde o início desta ação,

estavam presentes os pressupostos para a concessão do

provimento antecipatório de mérito postulado na petição inaugural .

Isso, no entanto, com a devida vênia, foi desprezado pelo magistrado

de piso.

Outrossim, a demanda acha-se instruída com substancial

prova documental , que revela a flagrante violação das aludidas

normas constitucionais e legais pela Resolução CFP nº 1/2018. Por

isso, não se vislumbra nenhuma contraposição hábil do réu para

sustentar a l icitude dessa normativa regulamentar.

Destarte, presentes os permissivos fáticos e jurídicos , é

imperativa a concessão parcial da tutela recursal , a fim de prover o

pleito antecipatório adredemente formulado na inicial desta demanda,

cujo conhecimento e julgamento está sendo obstaculizado pela

equivocada sentença recorrida.

5 – CONCLUSÃO

É insofismável que os fundamentos de fato e de direito ,

8 D ID IER JR, Fred ie ; BRAGA, Pau l a Sarno; OLIVE IR A, Rafae l A lexandr ia . Curso de Di re i toProcessua l C iv i l , Vo l ume 2 , Ed i t o ra Jus Pod ivm, 10ª Ed ição , 2015 , pág ina 618 .

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exaustivamente expostos acima, são bastante fortes no sentido de

amparar a pretensão veiculada neste recurso, o que justif ica a

cassação do édito judicial ora censurado.

6 – PEDIDOS

Posto isso, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL , rati f icando

os fundamentos de fato e de direito material expostos na petição

inicial desta ação civi l pública, pede a esse egrégio Tribunal Regional

Federal da 1º Região que conheça e dê provimento a este recurso de

apelação:

6.1 – em sede de antecipação liminar da tutela recursal

com base na evidência :

6.1.1 – proíba o Conselho Federal de Psicologia – CFP de

aplicar qualquer sanção aos psicólogos, com base em eventual

descumprimento da resolução CFP n° 1/2018;

6.1.2 – ordene ao Conselho Federal de Psicologia – CFP

que comunique a todos os Conselhos Regionais de Psicologia a

proibição enunciada no item 6.1.1;

6.1.3 – ordene ao Conselho Federal de Psicologia – CFP

que revise os processos administrativos e anule as sanções

eventualmente aplicadas a psicólogos, com base na resolução CFP nº

1/2018;

6.1.4 – comine multa diária de R$ 200.000,00 (duzentos mil

reais) ao Conselho Federal de Psicologia – CFP, no caso

descumprimento das medidas acima pugnadas ( itens 6.1.1 ao 6.1.3) ; e

6.1.5 – imponha multa diária de R$50.000,00 (cinquenta mil

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reais) aos agentes públicos do réu que concorram, de qualquer forma,

para o descumprimento da decisão judicial concedida nos termos acima

postulados (itens 6.1.1 ao 6.1.3); e

6.2 – no julgamento definitivo :

6.2.1 – confirme os efeitos do provimento de antecipação da

tutela recursal concedido nos termos do item 6.1; e

6.2.2 – casse a sentença apelada (ID 5845781),

determinando o retorno do processo ao Juízo originário para regular

continuidade da ação civil pública.

Goiânia, data da assinatura eletrônica.

- assinatura eletrônica -

AILTON BENEDITO DE SOUZA

Procurador da República

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