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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017
ISSN 2236-1855 1352
EXPANSÃO ESPAÇO TEMPORAL DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO NOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO:
O CRECT DE BARRA MANSA (1896 A 1976)
Maísa dos Reis Quaresma1
Políticas e Instituições Educativas
Este trabalho sobre a expansão de instituições de ensino do Estado do Rio de Janeiro
(ERJ), delimitado ao período espaço temporal anterior a FUSÃO, 1896 a 1976, da
continuidade as pesquisas sobre as Coordenadorias Regionais de Educação Cultura e
Trabalho (CRECT) de Magé, Nova Iguaçu e Teresópolis e respectivos Municípios e Distritos
do espaço geográfico. Os estudos sobre as CRECT basearam-se nas fontes existentes
publicadas pela Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Rio de Janeiro apresentando
o Sistema de Supervisão Educacional implantado em 1976.
Cabe destacar que o Estado do Rio de Janeiro resultante da FUSÃO de dois Estados, do
Rio de Janeiro e da Guanabara (criado em 1960), caracterizou-se pela diversidade
demográfica, socioeconômica, político-cultural e passou a compor um quadro no qual os
desequilíbrios espaciais e socioeconômicos se acentuaram enquanto os potenciais de
desenvolvimento apareceram como mais viáveis.
Historicamente a evolução dos dois Estados Brasileiros, diferenciada, iniciou-se com a
criação do Município Neutro (Rio de Janeiro) no período Regencial, ato adicional de 1834. A
FUSÂO dos dois Estados, foi prevista nos dispositivos da Lei Complementar no 20, de 1o de
julho de 1974. A Lei também estabeleceu como Capital a cidade do Rio de Janeiro em
substituição a cidade de Niterói.
Portanto a integração territorial dos dois Estados gerou um processo de adaptação as
novas condições político-administrativas, socio-econômicas, culturais, a nível local e
nacional. Tornou-se importante exercitar ações de integração, organização, criatividade
norteando propostas, planos e estudos que foram publicados, a partir de 1976,
1 Doutora em Ciências na Área de Ciências Sociais - Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Professora Dra. Coordenadora Pedagógica do Programa Micro Escola e Presidente do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Castelo Branco . Universidade Castelo Branco, Campus Realengo - RJ. E-Mail: <[email protected]>.
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documentando estratégias de ação especialmente em educação, infelizmente baseadas no
Formalismo.
Atualmente no século XXI, o Estado do Rio de Janeiro, possui noventa e dois (92)
municípios evidenciando o crescimento do numero de Municípios (64 em 1976) e a
transformação que ocorreu em 28 (vinte oito) Distritos Municipais.
O estudo que esta sendo apresentado refere-se a CRECT de Barra Mansa (entre os
dezesseis do total) constituído pelos Municípios de Rezende, Rio Claro, Volta Redonda, Barra
Mansa (Distritos de Porto Real, Itatiaia, Quatis e Pinheiral).
Para realizar o trabalho definiu-se os seguintes objetivos: descrever as características
da formação territorial da CRECT de Barra Mansa nos aspectos geohistóricos,
socioeconômicos e culturais no período de 1896 a 1976; apresentar, nas sincronias de 1896 a
1976 a situação educacional do município de Barra Mansa; analisar o processo de expansão
de instituições de ensino na CRECT de Barra Mansa e demais municípios do Estado do Rio
de Janeiro promovidas pelas políticas públicas; avaliar a situação educacional quando da
FUSÃO dos Estados da Guanabara e Rio de Janeiro.
A motivação da autora pelo estudo da CRECT de Barra Mansa foi causada pelo acesso
as fontes históricas que permitiram o conhecimento da existência do Município denominado
São João Marcos, na sincronia de 1896 e que desapareceu, na década de 30 (século XX) sob
as águas da Represa de Ribeirão das Lages apesar da prosperidade econômica.
A metodologia aplicada na pesquisa histórica seguiu as seguintes etapas metodológicas:
revisão da literatura sobre o tema do trabalho e sistemático levantamento e catalogação de
fontes primárias e secundárias, organização de fichas organograficas, arquivo de documentos
sobre os municípios do Estado do Rio de Janeiro, aplicação do processo de critica externa
(autenticidade) e de critica interna (veracidade) ás fontes primárias e secundárias com
definição de limitações, análise de documentos legais e oficiais para avaliar a situação
educacional do Estado do Rio de Janeiro (1896 – 1976) e em Barra Mansa.
As fontes históricas pesquisadas, relacionadas com a expansão de instituições de ensino
no Estado do Rio de Janeiro (1896 – 1976), foram as seguintes:
Texto de Antonio José Caetano da Silva “Chorographia Fluminense” (O Estado do Rio de Janeiro em 1896) publicado na Revista do Instituto Histórico e Geographico Brazileiro, Tomo LX, VII, P II, Imprensa Nacional, 1906.
Relato de Antonio Figueira de Almeida sob o titulo “Memoria Comemorativa do 1º centenário, Barra Mansa, 1932, publucado pela Camara Municipal de Barra Mansa.
Coordenação de Alan Carlos Rocha, Resivão Histórica, Memoria Comemorativa do 1º Centenário (1764 – 1991) publicado pela Camara Municipal de Barra Mansa (1991).
Sinopse Retrospectiva do Ensino no Brasil - 1871/1954 principais aspectos estatísticos publicado pelo Ministério da Educação e Cultura, 1956.
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Estatísticas da Educação Nacional, 1971-73, publicada pelo Ministério de Educação e Cultura 1974.
Diretrizes para o Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, publicado pelo Serviço Gráfico da SECPLAN. 1975.
Regionalização - O processo de regionalização na área da educação e cultura SEEC/RJ, 1975.
Sistema de Supervisão Educacional, fundamentação, SEEC, 1976.
Sistema de Supervisão Educacional, fundamentação, SEEC, 1981.
Como fontes secundárias foram utilizadas publicações, de vários autores, documentos
sobre a situação educacional estudada no período de 1896 a 1976. A pesquisa histórica pode
demonstrar que a descontinuidade das políticas publicas provocou a expansão dos
estabelecimentos de ensino nos municípios do Estado do Rio de Janeiro, especialmente de
Teresópolis de forma heterogênea na área geográfica, limitando oportunidades educacionais em
função das condições oferecidas pela administração municipal e governo estadual.
A pesquisa realizada pretende verificar respostas, hipóteses possíveis sobre objetos do
passado a partir do presente. Ela é uma reconstrução temporal que estabelece relação de
interrogação recíproca entre o passado e o presente que se determinam.
No período de 1896 a 1976 as mudanças não foram significativas apesar das
proposições teóricas publicadas por autores de obras literárias. A análise de documentos
históricos sobre o sistema de ensino evidencia aumento quantitativo de unidades escolares
porem sem efeitos qualitativos para atender a população em crescimento no Estado do Rio de
janeiro.
A Coordenadoria Regional de Educação, Cultura e Trabalho de Barra Mansa criada em
1976 deveria, como as demais, realizar uma Política Educacional com abordagem empresarial
que valorizasse o aspecto da produção do sistema educacional e, em consequência, se
preocupasse com a otimização do processo gerando maior produtividade e melhor qualidade
do produto final.
No ano de 1976 o quadro apresentado na publicação oficial Sistema de Supervisão
Educacional (1981), Informações (8) era o seguinte para a CRECT de Barra Mansa: área de
3287 km², população de 208.311 habitantes (153.596 na área urbana e 54.715 na área rural).
Destacava-se, nas Informações, a maior área geográfica para Rezende (1403 km²) e maior
população Volta Redonda (125.295 habitantes).
Historicamente as heranças coloniais das zonas cafeeiras podem justificar a diversidade
existente entre os Municípios da CRECT de Barra Mansa. De acordo com o novo paradigma
implantado (a nível central, intermediário e local) os Supervisores Educacionais deveriam
incentivar a criatividade na aplicação dos padrões próprios de funcionamento sem ferir as
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diretrizes emanadas dos órgãos competentes (Secretaria de Estado de Educação e Cultura),
da legislação do Ensino. A caracterização da CRECT de Barra Mansa será iniciada pelo
Município de mesmo nome com Informações obtidas nas fontes históricas de 1896 até 1976.
Município de Barra Mansa
Situado na parte Oriental do Estado do Rio de Janeiro esta limitado ao Norte por Minas
Gerais e Rio Preto; a Leste por Valença e Barra do Piraí, ao Sul por Rio Claro e São Paulo, a
Oeste por Rezende. O território é banhado pelo rio Paraíba do Sul e afluentes entre eles
Preto, Turvo, Água Quente e Patriarcha.
Administrativamente estava composto por 6 (seis) Distritos : Barra Mansa, Divisa,
Espírito Santo, Amparo, Quatis e São Joaquim. As fontes históricas consultadas documentam
que a Fazenda da Posse, criada em 1764 habilitada em 1768, é a origem do povoamento do
Município de Barra Mansa. A fazenda estava situada na Sesmaria concedida a Francisco
Gonçalves de Carvalho pelo Vice Rei do Rio de Janeiro. A concessão da doação visava iniciar
a produção agropecuária (criação de gado e agricultura). As culturas selecionadas foram as de
mandioca, milho e anil com utilização de mão de obra escrava. Mais tarde a fazenda da Posse
pertenceu ao Barão de Ayuruoca, uma personalidade local, importante, que viveu no século
XIX. A produção cafeeira avançou no espaço geográfico durante o Império Brasileiro e o
município de Barra Mansa foi emancipado de Rezende. O autor Almeida (1932) documenta a
emancipação publicando o Decreto Regencial de 3 de outubro de 1832:
[...] a regência em nome do imperador o Senhor Dom Pedro II. Há por bem sancionar e mandar que se execute a seguinte Resolução da Assembleia Geral Legislativa: artigo primeiro – Aprovação do Curato de São Sebastião de Barra Mansa da Província do Rio de Janeiro fica ereta em Vila com a denominação de Vila de São Sebastião de Barra Mansa. (ALMEIDA, p.26 1932)
O Decreto em seus artigos segundo e terceiro delimita o território e o artigo 4º
determina que ficam revogadas as leis em contrario (p.26 e 27). A instalação do município
ocorreu na data de 16 de fevereiro de 1833.
Comemorando o século da criação do município de Barra Mansa foi publicada a obra
“Barra Mansa, Memória Comemorativa do 1º Centenário em 1932, por Antonio Figueira de
Almeida inserida, em 1991, na publicação da Câmara Municipal de Barra Mansa (1764-1991).
Durante os séculos XIX e XX permaneceram na economia do município as produções
agropecuárias e as inúmeras fazendas do período áureo do café. Outras produções
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tradicionais no município acrescidas das atividades industriais (tecelagem, mecânica,
metalurgia) e de comércio e serviços compõem características econômicas de Barra Mansa.
Na situação educacional no município de Barra Mansa podem ser mencionadas a
criação de uma Escola Normal e um Lyceu (1896) que foram fechados, pouco depois, por
motivo de economia do governo estadual. As Escolas Primárias (num total de 20) eram
mantidas pelo governo estadual e municipalidade. A distribuição do quantitativo, nos
Distritos era a seguinte: Barra Mansa (7), Divisa (2), Amparo (2), Curato Quatis (3), São
Joaquim (4), Espírito Santo (2). Apesar do aumento da população durante o século XX,
houve expansão inexpressiva do sistema de ensino.
Município de Rio Claro
A evolução histórica do município de Rio Claro está entrelaçada, diretamente, com a do
município São João Marcos que atualmente esta submerso nas águas da Represa de Ribeirão
das Lages. O que restou dos documentos, peças e objetos das fazendas que produziam café
está no Museu de Rio Claro. Existe também um Parque Arqueológico Ambiental de São João
Marcos.
Os municípios de Rio Claro e São João Marcos eram habitados pelos Índios Puri,
também chamados de Coroados, que dificultaram o povoamento dos colonizadores. Durante
o período colonial do Brasil foram abertos os caminhos para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e
São Paulo (Estrada Real com direções diferentes).
No ano de 1733 teve inicio a formação de inúmeras fazendas que produziam, com mão
de obra escrava, as produções de açúcar, arroz, anil e fibras vegetais. No local (São João
Marcos) foi erguida a capela para São João Marcos.
No inicio do século XIX (1804) o município de São João Marcos foi emancipado como
Vila, caracterizado por muitas fazendas produzindo café com mão de obra escrava. A Fazenda
de Olaria, uma das mais produtivas, pertencia ao Comendador Breves que chegou a ter mais
de 30 fazendas de café. Nas fazendas tinham moinhos, serrarias, engenhos, capelas, estradas,
pontes, hospedarias, milhares de escravos. O titulo de Comendador foi adquirido
(Comendador da Ordem da Rosa). Toda a riqueza permaneceu na primeira metade do século
XIX antes da existência da Lei de Terras. O município de São João Marcos tinha como limites
ao norte a Serra das Araras, a Leste, Iguassu, ao Sul Capivary (Lídice), a Oeste, Lages e
Caieiras. Até 1849, Rio Claro estava delimitado em São João Marcos. A partir da vigência da
Lei 461/de 19 de maio de 1849, passou a compor a Freguesia de Nossa Senhora da Piedade e
Santo Antonio de Capivary com os seguintes limites: ao Norte Barra Mansa, a Leste São João
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Marcos, ao Sul Angra dos Reis e a Oeste São Paulo. Os dois municípios são banhados pelo rio
Piray e afluentes, Ribeirão das Lages.
Na situação administrativa Rio Claro estava composto por 2 (dois) Distritos: Vila de
Rio Claro (sede, Lei 461 de 1849) e Capivary (Lídice). O município de São João Marcos tinha
a seguinte organização administrativa: São João Marcos, Passa Três, São Sebastião do
Arrozal, num total de 3 (três) Distritos.
No sistema educacional existiam 10 (dez) Escolas Primárias mantidas pelo Estado do
Rio de Janeiro, no município de São João Marcos, 7 (sete) Escolas funcionando em Rio Claro
subvencionadas pelo Estado do Rio de Janeiro.
O município de São João Marcos foi invadido pelas águas da Represa de Lages, em
1907, para abastecer de eletricidade o Rio de Janeiro e dezenas de municípios vizinhos. As
terras que não foram invadidas pela inundação foram transformadas em Distritos de Rio
Claro (1938). A Light conseguiu pelo Decreto - Lei 2269 – desapropriar os terrenos, prédios e
quaisquer benfeitorias que viessem a ser inundadas (1940): São João Marcos estava extinto.
Município de Rezende
Situado no Extremo Oriente do Estado do Rio de Janeiro foi a origem de outros
municípios (Porto Real, Itatiaia) e Distritos. Os limites estão definidos ao Norte pelo Estado
de Minas Gerais, Rio Preto e Serra da Mantiqueira, a Oeste e Sul pelo Estado de São Paulo e a
Leste pelo município de Barra Mansa. Possui, alem do rio Paraíba do sul outros rios
importantes.
Na evolução histórica iniciada em 1744, documentos comprovam que o Coronel
paulista Simão da Cunha Gago obteve licença para desbravar a região a procura de ouro e
pedras preciosas. Este fato iniciou o povoamento e, em 1747, esta registrada a construção de
uma capela, na margem direita do rio Parayba do Sul em homenagem a Nossa Senhora da
Conceição. Mais tarde, em 1801, a Freguesia passou a ser denominada de Rezende, na
condição de Vila (município) nome dado em homenagem ao Vice Rei José Luiz de Castro
Conde de Rezende.
O município de Rezende estava organizado, administrativamente em 7 (sete) unidades:
1º Distrito de Rezende (originado na povoação de Campo Formoso, transformado em cidade
pela Lei Provincial de 13 de julho de 1848); 2º Distrito, Campos Elysios (criado em 1842); 3º
Distrito, Porto Real (criado em 31/12/1690), 4º Distrito, Campo Bello ( Decreto 272 de
9/5/1842); 5º Distrito, Santana dos Tocos (Freguesia pela Leia 281, 23/3/1843), 6º Distrito,
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Vargem Grande (Lei 915 de 30/10/1856) e 7º Distrito, São Vicente Ferreira (Lei 287, 19 de
maio de 1843).
Na situação econômica destaca-se a produção de café, cana de açúcar, cereais, fumo, da
agropecuária e da pesca.
As unidades escolares do município estavam distribuídas nos Distritos com subvenção
do governo do Estado e Municipalidades: Rezende (15 escolas primárias), Campo Bello (2
escolas), Santanna dos Tocos (2 Escolas da municipalidade) num total de 19 (dezenove).
Destaca-se atualmente no município de Rezende a presença dos descendentes da
primeira Colônia Italiana que chegou ao Brasil (1874). O grupo de imigrantes localizam-se no
Distrito de Porto Real e iniciou atividades econômicas da agropecuária. A independência do
Distrito, que pertencia a Rezende, ocorreu em 1995.
No município de Rezende está situada a formosa Academia Militar de Agulhas Negras
(1940). No local, atravessado pela Rodovia Presidente Dutra pode ser desenvolvido o turismo
de Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro.
Município de Volta Redonda
O município de Volta Redonda foi instalado, inicialmente, em 1926 quando era Distrito
de Barra Mansa. Historicamente, em 1727, está documentado que os Jesuítas demarcaram a
fazenda de Santa Cruz, atravessaram a Serra do Mar e iniciaram a colonização do médio vale
da Paraíba. A partir de 1744 foram instaladas muitas fazendas com produções da
agropecuária. Entre 18060-1870 foi iniciada a navegação do rio Paraíba do Sul facilitando o
escoamento da produção econômica de Rezende e Barra do Pirai, começaram a circular os
trens da Estrada de Ferro Dom Pedro II até Barra do Pirai e Barra Mansa.
Em 1875 o povoado de Santo Antonio de volta Redonda começa a ser resolver e aspirar
a autonomia com relação a Barra Mansa (fato que somente aconteceu no século XX).
O ciclo da industrialização de Volta Redonda tem inicio em 1942 quando o município
foi escolhido para a instalação da Usina Siderúrgica Nacional (CSN), durante a 2º Guerra
Mundial, promovendo a industria de base no Brasil. Inaugurada, em 17 de julho de 1954, o
novo município de Volta Redonda permaneceu, até 1985, na condição de área de Segurança
Nacional (iniciada em 1973). Os quatro municípios, componentes da CRECT de Barra Mansa
ilustram a diversidade e a unidade na realidade socio-econômica, cultural e geohistórica.
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Registros da Educação nos municípios do Estado do Rio de Janeiro e da CRECT de Barra Mansa (1806-1976)
A situação educacional do Estado do Rio de Janeiro mencionada por Silva (1906, p.273)
em 1696, era a seguinte:
A instrução secundária é ministrada pelos Lyceus de Nictheroy, Campos e Barra Mansa e pelo Gynnásio Fluminense onde são ensinados todos os preparativos exigidos para a matricula dos cursos superiores. A instrução orimária está confiada as escolas de ambos os sexos. O número de todas estas escolas é de cerca de 500. Acrescendo o das mantidas pelas municipalidades que excedem de 200, pode-se dizer que a instrução publica primária no Estado é ministrada com vantagem. (SILVA 1906, p.273)
A área geográfica do Estado do Rio de Janeiro, em 1896, era aproximadamente de
68.982 Km2. A população estimada totalizava 1.053.817 habitantes: 392.738 habitantes
(37%) na área urbana e 661.079 habitantes (63%) na área rural. No ano de 1976 (SEPLAN) o
total da população era de 10 milhões de habitantes com predominância de ocupação na área
urbana (88%) especialmente no município do Rio de Janeiro (cerca de 5 milhões). O
crescimento demográfico aumentou a demanda por oportunidades de escolarização.
Diacronicamente, na evolução do final do século XIX e décadas do século XX podem
ser comentadas as dificuldades para formação de quadros de recursos humanos para atuarem
em magistério. A continuidade de estudos para a maior parte dos estudantes dos municípios
do Estado do Rio de Janeiro só poderia ser realizada em Campos, Nictheroy, Barra Mansa e
Rio de Janeiro. Houve indefinição da administração do Estado do Rio de Janeiro ou das
municipalidades quanto à responsabilidade de fiscalização e manutenção das unidades
escolares provocando consequências, a curto e longo prazo, quando da implantação do
modelo sistêmico da organização educacional proposta pela Fusão.
O documento intitulado "Regionalização", publicado pela SEEC/RJ (1975) divulga o
processo de Regionalização no Estado do Rio de Janeiro, apresenta os organogramas da
Secretaria de Estado de Educação e Cultura, do Departamento de Educação e do
Departamento de Cultura. No mesmo documento, considerando a implantação das Regiões.
Programa anunciadas pela SECPLAN, relata a instituição dos Centros Regionais de
Educação, Cultura e Trabalho (CRECTs) e Núcleos Comunitários de Educação. Cultura e
Trabalho (NCECTs). Estes CRECTs e NCECTs foram criados visando aumentar a taxa de
utilização das instalações, melhorar o rendimento dos estabelecimentos mediante a aplicação
de critérios mais racionais e funcionais; ajustar constantemente a aplicação de investimentos
educacionais e culturais ás necessidades sociais; integrar atividades educativas com as áreas
de trabalho, de saúde e do lazer.
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ISSN 2236-1855 1360
O modelo implantado baseou-se nos dispositivos do Decreto nº 75922, de 1º de julho
de 1975, relativos á criação do Programa Nacional de Centros Sociais Urbanos CSU, do
Governo Federal.
Os 16 CRECTs implantados foram os seguintes: Rio de Janeiro, Niterói, Duque de
Caxias, Barra do Pirai, Barra Mansa, Angra dos Reis, Petrópolis, Teresópolis, Três Rios, Nova
Friburgo, Macaé, Campos, Nova Iguaçu, Cabo Frio, Itaperuna e Rio Bonito.
A comparação de dados quantitativos sobre as instituições educacionais existentes em
1896 e 1976 (Tabelas I e II) e o agrupamento dos municípios está baseada no modelo e
componentes dos 15 CRECTs (exceto Rio de Janeiro) divulgados no documento “Sistema de
Supervisão Educacional” da SEEC/RJ (1976).
No período de 1896 a 1976, na evolução histórica, permaneceram 47 municípios
tradicionais e foram criados 17 perfazendo um total de 64 divisões administrativas. Estas
unidades constituíram os municípios do Estado do Rio de Janeiro após a FUSÃO em 1975.
Na tabela 1 a distribuição das unidades escolares nos CRECT em 1896.
TABELA 1 DISTRIBUIÇÃO DAS UNIDADES ESCOLARES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
SEGUNDO O AGRUPAMENTO DOS MUNICÍPIOS POR CRECT (ADAPTAÇÃO PARA 1896)
UNIDADES ESCOLAS/ AGRUPAMENTOS NOS CRECT
TOTAL DA REDE MUNICIPAL E ESTADUAL
Niterói 116
Rio Bonito 55
Duque de Caxias 20
Barra do Piraí 65
Barra Mansa 55
Angra dos Reis 41
Petrópolis 30
Teresópolis 11
Três Rios 22
Nova Friburgo 54
Macaé 20
Campos 109
Nova Iguaçu 35
Cabo Frio 67
Itaperuna 35
Total 735
Fonte: Silva, A.J.C. “Chorographia Fluminense”. (O Estado do Rio de Janeiro em 1896)
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Analisando o quadro geral das unidades escolares existentes no Estado do Rio de Janeiro,
em 1896, pode ser observado que o CRECTs com maior quantidade de escolas era de Niterói
(116) e os de menor número o de Duque de Caxias, o de Macaé (20) e o de Teresópolis (11).
A fonte utilizada "Chorographia Fluminense" do autor Silva (1906) enumera
quantidades de escolas concentradas nas sedes dos municípios, ressalta a administração
estadual das unidades escolares.
O crescimento da população brasileira, também teve reflexos do Estado do Rio de
Janeiro, no período estudado, pressionou as administrações publicas para oportunidades de
escolarização, através da crescente implantação de novas unidades escolares.
Uma pequena demonstração da expansão das unidades escolares e do aumento do
numero de matrículas não significa que houve a terminalidade de estudos dos alunos
matriculados, em função dos problemas de evasão e repetência do passado e do presente nos
sistemas de ensino do Brasil.
No CRECT de Barra Mansa pode ser observado que em 1896 existia o quantitativo de
55 (cinquenta e cinco) escolas que será alterado, como evidencia a tabela 2, para o total de
238 (duzentos e trinta e oito) escolas.
As estatísticas de Educação Nacional, 20 anos mais tarde, publicadas pelo serviço de
Estatística da Educação e Cultura do MEC (1974) evidenciam, no Estado do Rio de Janeiro,
1.785.548 matrículas e 7585 unidades escolares de ensino de 1° Grau demonstrando o
crescimento da demanda por escolaridade e o aumento das unidades de ensino (incluindo o
Estado da Guanabara).
O fenômeno do crescimento de matrículas e a expansão das unidades escolares pode
ser observado na Tabela 2 organizada a partir dos dados publicados no documento "Sistema
de Supervisão Educacional" da SEEC/RJ.
Em 1976 as unidades escolares estavam classificadas pela modalidade de nível de
ensino de administração (estadual, municipal e rede particular). Para comparação foram
agrupados os quantitativos relacionados com o ensino de 1° Grau (independentemente de
especificação sobre a categoria de 1° ou 2° segmento).
Nos municípios do CRECT de Barra Mansa existiam Escolas administradas pelo
Sistema Estadual, Municipal e Particulares.
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TABELA 2 DISTRIBUIÇÃO DAS UNIDADES ESCOLARES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
SEGUNDO O AGRUPAMENTO DOS MUNICÍPIOS POR CRECT (ADAPTAÇÃO PARA 1976)
UNIDADES ESCOLAS/ AGRUPAMENTOS NOS CRECT
TOTAL DA REDE MUNICIPAL E ESTADUAL
Niterói 409
Rio Bonito 196
Duque de Caxias 398
Barra do Piraí 325
Barra Mansa 238
Angra dos Reis 134
Petrópolis 207
Teresópolis 105
Três Rios 162
Nova Friburgo 471
Macaé 167
Campos 608
Nova Iguaçu 416
Cabo Frio 189
Itaperuna 526
Total 4551
Fonte: SEEC/RJ Sistema de Supervisão Educacional, 1981.
Na tabela 2 pode ser observado o crescimento quantitativo das unidades escolares
(oficiais e particulares de todas as modalidades de ensino). Cabe destacar, a partir da década
de 50 que as disciplinas do currículo estudadas pelos alunos (especialmente nos ginásios e
cursos de formação de professores) eram: Francês, Geografia, Historia, Latim, Matemática,
Ciências, Português, Educação física, Trabalhos Manuais, Desenho, Física, Química, Canto
Orfeônico, Psicologia, Higiene e Anatomia, Biologia.
Por outro lado pode ser observado o crescimento quantitativo das unidades escolares
paralelo ao crescimento demográfico nos municípios inclusive em Barra Mansa.
Considerações Finais
No estudo realizado ficou documentado, a nível local e nacional, a importância da
busca de novas fontes em História da Educação enfocando não somente dados quantitativos
mas, principalmente , as ações dos atores, os professores , que junto a diversas gerações , tem
institucionalizado múltiplas formas pelas quais a história e dinâmica social são construídas
pelos diferentes grupos sociais e culturais no Estado do Rio de Janeiro.
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A consulta das fontes históricas e a aplicação da metodologia da pesquisa permitiram
demonstrar que a descontinuidade das políticas quanto aos problemas educacionais (evasão
e repetência) provocou a expansão dos estabelecimentos de ensino causada pela demanda
crescente de escolaridade (no País e no Estado do Rio de Janeiro) em função do crescimento
demográfico e das condições do mercado de trabalho em geral e jovem no Brasil. A expansão
teve caráter heterogêneo, limitou oportunidades educacionais em função das políticas
publicas emanadas das administrações Municipais, Estaduais e Federal.
Referências
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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017
ISSN 2236-1855 1364
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