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Ano 8 - nº 1.572 Abril/2014 Messias Targino-RN Experiência de Agrofloresta recupera solo degradado Torquato Teixeira Neto tem uma pequena propriedade, com 15 hectares, chamada Sítio Logradorzinho, no município de Messias Targino, região oeste do Rio Grande do Norte. Ele aproveita a terra para plantar sorgo forrageiro e cria 25 cabeças de gado leiteiro e de corte. Numa pequena área, ele desenvolveu um projeto de Produção Agroecológica Integrada Sustentável (PAIS), com apoio do SEBRAE e da Prefeitura de Messias Targino. Nesse projeto de irrigação circular, ele produziu hortaliças, como tomate, coentro, cenoura, alface, couve e cria galinhas caipiras. O processo de produção é feito sem uso de agrotóxicos, dentro dos princípios da agricultura orgânica. O projeto estimula a prática da agricultura orgânica, visando a produção de alimentos saudáveis. Ele disse que o sistema de irrigação circular (tecnologia social que tem por base a produção agroecológica) é bastante Torquato, mostrando parte do terreno ainda degradado, na área em que faz a experiência de uma agrofloresta Couve, cultivado com irrigação circular, em solo antes degradado Foto: José Bezerra Foto: José Bezerra interessante. “Eu consegui produzir coentro, alface, cenoura, quiabo, tomate e beterraba, mas o solo degradado, aqui, a produção não foi muito boa. Quando foi pra iniciar, me perguntaram se não tinha outro terreno, as eu insisti que queria aqui, porque a gente poderia trabalhar o solo. No começo, tive dificuldade. Plantava, mas não produzia bem. Tentei produzir também melancia e melão e dá mais um tempo para melhorar o solo. Agora, depois de tirar essas plantas, já vi que o solo melhorou”, afirma Torquato. Ele garante que agora conseguirá produzir melhor as hortaliças que já plantou e que voltará a plantar, no terreno recuperado. Nesse terreno, o agricultor ainda cria galinhas caipiras e uma parte dos alimentos que dá para elas foi tirada das hortaliças que produziu, sem agrotóxicos. O terreno utilizado no projeto fica numa área da propriedade bastante degradada, já em processo de erosão, o

Experiência de Agrofloresta recupera solo degradado

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Torquato Teixeira Neto é pequeno agricultor da comunidade Logradorzinho, no município de Messias Targino, e vive do que produz nos 15 hectares de terra. Há menos de três anos, ele iniciou um processo de recuperação de uma parte do solo da propriedade, com a experiência de uma Agrofloresta.

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Page 1: Experiência de Agrofloresta recupera solo degradado

Ano 8 - nº 1.572

Abril/2014

Messias Targino-RN

Experiência de Agroflorestarecupera solo degradado

Torquato Teixeira Neto tem uma pequena propriedade, com 15 hectares, chamada Sítio Logradorzinho, no município de Messias Targino, região oeste do Rio Grande do Norte. Ele aproveita a terra para plantar sorgo forrageiro e cria 25 cabeças de gado leiteiro e de corte. Numa pequena área, ele desenvolveu um projeto de Produção Agroecológica Integrada Sustentável (PAIS), com apoio do SEBRAE e da Prefeitura de Messias Targino. Nesse projeto de irrigação circular, ele produziu hortaliças, como tomate, coentro, cenoura, alface, couve e cria galinhas caipiras.

O processo de produção é feito sem uso

de agrotóxicos, dentro dos princípios da

agricultura orgânica. O projeto estimula a

prática da agricultura orgânica, visando a produção

de alimentos saudáveis. Ele disse que o sistema de

irrigação circular (tecnologia social que tem por

base a produção agroecológica) é bastante

Torquato, mostrando parte do terreno ainda degradado, na área em que faz aexperiência de uma agrofloresta

Couve, cultivado com irrigação circular, em solo antes degradado

Foto

: Jo

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Foto: José Bezerra

interessante. “Eu consegui produzir coentro, alface,

cenoura, quiabo, tomate e beterraba, mas o solo

degradado, aqui, a produção não foi muito boa.

Quando foi pra iniciar, me perguntaram se não tinha

outro terreno, as eu insisti que queria aqui, porque a

gente poderia trabalhar o solo. No começo, tive

dificuldade. Plantava, mas não produzia bem.

Tentei produzir também melancia e melão e dá mais

um tempo para melhorar o solo. Agora, depois de

tirar essas plantas, já vi que o solo melhorou”, afirma

Torquato.

Ele garante que agora conseguirá produzir

melhor as hortaliças que já plantou e que voltará a

plantar, no terreno recuperado. Nesse terreno, o

agricultor ainda cria galinhas caipiras e uma parte

dos alimentos que dá para elas foi tirada das

hortaliças que produziu, sem agrotóxicos. O terreno

utilizado no projeto fica numa área da propriedade

bastante degradada, já em processo de erosão, o

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte

Realização Patrocínio

que deixou o solo praticamente improdutivo. Nessa

tentativa de recuperar o solo degradado, ele

encontrou apoio do Serviço de Apoio aos Projetos

Alternativos Comunitários (SEAPAC-RN).

A primeira providência de Torquato, visando

recuperar o solo, foi isolar parte da área degradada,

de aproximadamente um hectare. O isolamento total

foi necessário para que o solo pudesse “descansar” e

se recuperar, a partir da utilização de técnicas e

manejos bem simples e baratas, que estão ao alcance

de qualquer produtor. O investimento, no caso da

recuperação do solo de Torquato, foi de menos de

dois mil reais.

O agricultor diz como foi o início do processo

de recuperação do solo degradado: “Começamos o

trabalho, há menos de três anos, e estou achando

muito bom. Fizemos renques de contenção,

obedecendo as curvas de nível; também fizemos

cobertura do solo com galhos de podas de árvores da

cidade de Messias Targino e serragem de madeira”,

relata.

Ele conta que com o tratamento dado ao solo,

começaram a nascer as ervas e plantas nativas, entre

as quais a jurema, mesmo tendo enfrentado dois anos

de seca na região. Ao mesmo tempo, Torquato

introduziu o plantio de outras árvores, como o Sabiá e

a craibeira, também nativas, além de fruteiras, como

pés de cajarana, de goiaba e até de uva. “O sentido é

esse: plantar bastante árvores nativas pra puder dar

maior assistência ao solo, e depois plantar fruteiras e

conseguir recuperar totalmente essa área”, diz

Torquato. Ele conta que nessa área já quase

totalmente recuperada, já conseguiu produzir sorgo,

milho e agora está com o plantio de palma forrageira

em uma parte do terreno. “Essa produção ajudou e

melhorar o alimento do gado que tenho aqui, na

minha pequena propriedade”, assegura o agricultor.

Torquato mostra um dos pés de craibreira que plantou no terreno

Foto

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Foto: José Bezerra

Torquato mostra o plantio de palma forrageira, numa parte da área do terreno que está em processo de recuperação, com a Agrofloresta