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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO ESAG CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO GESTÃO ESTRATÉGICA DAS ORGANIZAÇÕES EXPORTAÇÃO E COMPETITIVIDADE DE MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS EM FUNÇÃO DAS INOVAÇÕES EM SANTA CATARINA CASO PROGEX/FINEP E A SOCIESC EDMILSON SABADINI PEREIRA Florianópolis 2005

EXPORTAÇÃO E COMPETITIVIDADE DE MICRO, PEQUENAS E …tede.udesc.br/bitstream/tede/571/1/74576.pdf · 2017-07-07 · Edmilson Sabadini Pereira EXPORTAÇÃO E COMPETITIVIDADE DE MICRO,

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  • UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC

    CENTRO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO ESAG

    CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

    ÁREA DE CONCENTRAÇÃO

    GESTÃO ESTRATÉGICA DAS ORGANIZAÇÕES

    EXPORTAÇÃO E COMPETITIVIDADE DE MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS

    EMPRESAS EM FUNÇÃO DAS INOVAÇÕES EM SANTA CATARINA CASO

    PROGEX/FINEP E A SOCIESC

    EDMILSON SABADINI PEREIRA

    Florianópolis

    2005

  • EDMILSON SABADINI PEREIRA

    EXPORTAÇÃO E COMPETITIVIDADE DE MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS

    EMPRESAS EM FUNÇÃO DAS INOVAÇÕES EM SANTA CATARINA CASO

    PROGEX/FINEP E A SOCIESC

    Dissertação de Mestrado submetida à Universidade do Estado de Santa Catarina

    UDESC

    como requisito para obtenção do Grau de Mestre em Administração de Empresas.

    Florianópolis

    2005

  • Edmilson Sabadini Pereira

    EXPORTAÇÃO E COMPETITIVIDADE DE MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS

    EMPRESAS EM FUNÇÃO DAS INOVAÇÕES EM SANTA CATARINA CASO

    PROGEX/FINEP E A SOCIESC

    Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Administração

    (Gestão Estratégica das Organizações) e aprovada em sua forma final pelo Curso de

    Mestrado em Administração da Universidade do Estado de Santa Catarina

    UDESC -

    Centro de Ciências da Administração ESAG.

    ________________________________________

    Prof. Mario César Barreto Moraes, Dr. Coordenador do Mestrado

    Apresentada à Comissão Examinadora, integrada pelos professores:

    ________________________________________

    Prof. Sandro Murilo Santos, Dr.

    Orientador

    ________________________________________

    Carlos Alberto Marques Couto, Dr.

    Co - orientador

    ________________________________________

    Profº. Mario César Barreto Moraes, Dr. Membro

  • Dedico este trabalho à minha Preta e ao meu

    Gui;

    A meu amado afilhado Lucas, que veio há

    pouquinho tempo ao mundo é já enche meu

    coração de alegria;

    A minha Lê que é uma menina simplesmente,

    fantástica;

    Ao meu pai que, com a sua forma simples, mas

    com sapiência, me ensinou a ser determinado,

    obstinado, com muito respeito e humildade;

    À minha mãe, que mesmo à distância torce por

    mim todos os dias.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Professor Sandro Murilo Santos, por ser o grande incentivador deste trabalho e

    pela sua dedicação, carinho, humanismo e profissionalismo prestado como orientador desta

    dissertação;

    Aos meus amigos de trabalho, Gustavo Domeneghetti, Airton da Silva Rosa,

    Robynson Molinari e Júlio Dias do Prado, que foram fantásticos no apoio da condução deste

    trabalho;

    A todas as pessoas da minha área, Gestão Tecnológica, pelo carinho e compreensão,

    que de forma direta ou indireta possibilitaram que eu pudesse realizar este trabalho;

    Ao Dr. Carlos Alberto Marques Couto, que é o grande condutor do PROGEX em nível

    nacional, e o faz com maestria, profissionalismo e acima de tudo com muito carinho, este

    programa inovador e de extrema relevância para o nosso País. Agradeço, também pela sua

    dedicação como co-orientador deste trabalho;

    Ao Professor Mario César Barreto Moraes, pela colaboração e incentivo como

    membro da Banca Examinadora na Qualificação e defesa da dissertação;

    À nossa Sociedade Educacional de Santa Catarina

    SOCIESC, principalmente pelo

    seu ambiente incentivador e exemplar na contínua capacitação dos seus colaboradores e que

    tem proporcionado um crescimento contínuo para o meu conhecimento;

    Ao Edgard Rocca e à Eliane Cunha da FINEP, pela presteza e carinho que tratam o

    PROGEX junto à nós da SOCIESC, constituindo-se como propulsores para o sucesso do

    mesmo;

    Aos meus queridos amigos de turma, Dila, Maria, Sandra, Eliane, Fabiana, Romeu,

    Bublitz e Fossile.

  • SUMÁRIO

    LISTA DE ILUSTRAÇÕES ....................................................................................................8

    LISTA DE TABELAS ............................................................................................................10

    LISTA DE SIGLAS ................................................................................................................12

    RESUMO .................................................................................................................................13

    ABSTRACT.............................................................................................................................14

    1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................15

    1.1 Contextualização do Tema ...............................................................................................15

    1.2 Definição do Problema de Pesquisa ................................................................................18

    1.3 Objetivos ............................................................................................................................19

    1.3.1 Objetivo Geral..................................................................................................................19

    1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................19

    1.4 Justificativa e Relevância do Tema .................................................................................20

    1.5 Estrutura da Dissertação..................................................................................................22

    2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................24

    2.1 Micro, Pequenas e Médias Empresas..............................................................................24

    2.1.1 Conceituação....................................................................................................................24

    2.1.2 Importância para a Economia Nacional e Internacional ..................................................32

    2.1.3 As MPMEs no Cenário Atual e as Medidas e Ferramentas Disponíveis para Auxiliar a

    Inserção no Mercado Internacional...........................................................................................33

    2.2 Mercado ...........................................................................................................................400

    2.2.1 Mercado Externo e Internacional.....................................................................................41

    2.2.2 Tendências do Mercado .................................................................................................444

    2.2.3 Impacto da Globalização e Internacionalização ..............................................................45

    2.2.4 A Micro, Pequena e Média Empresa no Atual Ambiente Competitivo...........................46

    2.2.5 Experiências de Outros Países .......................................................................................496

    2.3 Importação e Exportação .................................................................................................51

    2.3.1 Tendências .......................................................................................................................54

    2.3.2 Exportações Brasileiras Comparadas com as Exportações Mundiais..............................58

    2.3.3 Exportações Brasileiras e do Estado de Santa Catarina.................................................611

    2.3.4 Perfil da Distribuição da Exportação do Brasil e de Santa Catarina por Porte da Empresa

    e Valor de Exportação...............................................................................................................64

  • 2.3.5 Destino das Exportações Brasileiras e do Estado de Santa Catarina ...............................71

    2.4 A Organização e a Cultura Organizacional ...................................................................77

    2.4.1 Ambiente..........................................................................................................................79

    2.4.2 Gestão ..............................................................................................................................81

    2.4.3 Processo ...........................................................................................................................82

    2.4.4 Tecnologia .......................................................................................................................84

    2.5 Produtividade e Competitividade....................................................................................85

    2.6 Inovação .............................................................................................................................87

    2.6.1 Conceituação e a Importância da Inovação .....................................................................87

    2.6.2 Classificação das Inovações.............................................................................................90

    3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................................94

    3.1 Limitações da Pesquisa.....................................................................................................97

    4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................99

    4.1 FINEP ................................................................................................................................99

    4.2 Caracterização da Sociesc e a da Área de Gestão Tecnológica que Atua com o

    PROGEX ...............................................................................................................................101

    4.2.1 SOCIESC.......................................................................................................................101

    4.2.2 A Área de Gestão Tecnológica na SOCIESC que atua com o PROGEX......................104

    4.3 PROGEX .........................................................................................................................106

    4.3.1 Conceituação e Sistematização de Contratação do Projeto ...........................................106

    4.3.2 Etapas de Atendimento após Contratação do Projeto ....................................................107

    4.3.3 Áreas de Atuação e os Benefícios do Apoio do PROGEX na Empresa........................108

    4.3.4 Origem do PROGEX .....................................................................................................108

    4.3.5 Implementação do PROGEX em Nível Nacional..........................................................111

    4.4 Descrição, Análise e Interpretação dos Dados .............................................................112

    4.4.1 Descrição dos Dados......................................................................................................112

    4.4.2 Análise e Interpretação dos Dados.................................................................................128

    4.4.3 Consolidação dos Dados................................................................................................140

    5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................................................144

    5.1 Conclusão.........................................................................................................................144

    5.2 Recomendações ...............................................................................................................147

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................148

    ANEXOS ................................................................................................................................154

  • LISTA DE ILUSTRAÇÕES

    Gráfico 1: Participação % do Brasil nas Exportações e Importações Mundiais

    (1950 a 2004) ........................................................................................................ 60

    Gráfico 2: Número de Empresas Brasileiras Exportadoras - Janeiro a Dezembro

    2003 / 2004 ............................................................................................................ 67

    Gráfico 3: Número de Empresas Catarinense Exportadoras -Janeiro a Dezembro

    2003 / 2004 ............................................................................................................ 67

    Gráfico 4: Exportação Brasileira por Porte de Empresa - Número de Empresas

    2003 / 2004 ............................................................................................................ 68

    Gráfico 5: Exportação Catarinense por Porte de Empresa - Número de Empresas -

    2003 / 2004 ............................................................................................................ 68

    Gráfico 6: Exportação Brasileira por Porte de Empresa - Participação % sobre

    o Número de Empresas Exportadoras Brasileiras de 2004 ................................... 69

    Gráfico 7: Exportação Brasileira por Porte de Empresa Participação % sobre

    o Valor Brasileiro de Exportação de 2004 ............................................................ 69

    Gráfico 8: Exportação Catarinense por Porte de Empresas - Participação % sobre

    o Número de Empresas Catarinense Exportadoras de 2004 ................................. 70

    Gráfico 9: Exportação Catarinense por Porte de Empresas - Participação % sobre

    Valor de Exportação Catarinense de 2004 ............................................................ 70

    Gráfico 10: Principais Mercados de Destino das Exportações Brasileiras

    Participação % em 2004 ........................................................................................ 71

    Gráfico 11: Principais Blocos de Destino das Micro e Pequenas Empresas

    em 2004 Participação % ..................................................................................... 73

    Gráfico 12: Principais Blocos de Destino das Médias Empresas em 2004 -

    Participação % ....................................................................................................... 73

    Gráfico 13: Principais Blocos de Destino das Grandes Empresas em 2004

    Participação % ....................................................................................................... 74

    Gráfico 14: Principais Mercados de Destino das Exportações Catarinenses

    Participação % em 2004 ........................................................................................ 76

    Gráfico 15: Composição das Origens da Sociesc em 2004 .................................................. 103

  • Gráfico 16: Perfil do corpo técnico-científico da SOCIESC ................................................ 104

    Gráfico 17: Distribuição dos projetos PROGEX por segmento no estado de SC ................. 106

    Gráfico 18: Porte das empresas atendidas (Critério MERCOSUL) ...................................... 129

    Gráfico 19: Distribuição quantitativa dos produtos em função dos objetivos do

    PROGEX .......................................................................................................... 130

    Gráfico 20: Mercados atendidos no exterior ......................................................................... 132

    Gráfico 21: Valores médios de impactos no faturamento bruto e no número de

    funcionários após o PROGEX .......................................................................... 133

    Gráfico 22: Variação do percentual de faturamento de exportação do produto ................... 134

    Gráfico 23: Aumento da produção específica para o produto ............................................... 135

    Gráfico 24: Aumento de produtividade ................................................................................. 136

    Gráfico 25: Variação no custo do produto ............................................................................ 137

    Gráfico 26: Quantidade de horas investidas pelas empresas para adequação do produto .... 138

    Gráfico 27: Quantidade de pessoas envolvidas pelas empresas para adequação

    do produto ........................................................................................................ 139

    Quadro 1: Fases de Integração Econômica ........................................................................... 44

    Quadro 2: Condições da Competitividade ............................................................................. 80

    Quadro 3: Procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa ........................................... 97

    Figura 1: Organograma da SOCIESC ................................................................................... 102

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Distinção entre micro, pequena e média empresa - Critérios para a indústria ........ 27

    Tabela 2: Distinção entre micro, pequena e média empresa - Critérios para

    comércio e serviços ................................................................................................ 27

    Tabela 3: Critérios para classificação das MPMEs do Brasil ................................................. 29

    Tabela 4: Critérios para classificação das MPMEs da União Européia .................................. 30

    Tabela 5: Classificação das MPMEs segundo o Banco Mundial e a Corporação

    Financeira Internacional ......................................................................................... 31

    Tabela 6: Classificação dos Paises Exportadores de acordo com o volume do valor

    de exportação Valores em US$ Bilhões ............................................................... 61

    Tabela 7: Balanço Comercial do Brasil de 1994 a 2004 - US$ 1.000 FOB ............................ 62

    Tabela 8: Balanço Comercial de Santa Catarina de 1994 a 2004 - US$ 1.000 FOB .............. 63

    Tabela 9: Exportações Brasileiras X Exportações de Santa Catarina ..................................... 63

    Tabela 10: Exportação Brasileira - Distribuição por Porte de Empresa e Valor

    2003/2004 .............................................................................................................. 65

    Tabela 11: Exportação Brasileira por Porte de Empresa e Valor - Distribuição por Unidade

    da Federação de Produção ..................................................................................... 66

    Tabela 12: Principais Mercados de Destino das Exportações Brasileiras em 2004 e

    Variação (2004/2003) ........................................................................................... 71

    Tabela 13: Principais Blocos de Destino das Exportações Brasileiras por Porte de

    Empresa Participação por Valor em 2003 e 2004 e Variações 2004/2003 ....... 72

    Tabela 14: Exportações de Santa Catarina Principais Países e Blocos Econômicos

    de Destino ............................................................................................................ 75

    Tabela 15: Dados da Pesquisa de Impacto na Exportação e na Competitividade das

    MPMEs em Função das Inovações Derivadas da Implementação do PROGEX

    em S.C. por produto ......................................................................................... 113

  • LISTA DE SIGLAS

    AID: Associação Internacional de Desenvolvimento AMGI: Organismo Multilateral de Garantia de Investimentos

    ANPEI: Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento e Engenharia das Empresas

    Inovadoras

    APEX: Agência de Promoção das Exportações

    BIRD: Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento

    CAMEX: Câmara do Comércio Exterior

    CETEC: Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais

    CIADI: Centro Internacional para Acerto de Divergências relativas a Investimentos

    CNI: Confederação Nacional da Indústria

    CIENTEC: Fundação de Ciência e Tecnologia - Estado do Rio Grande do Sul

    CIMATEC: Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia - Estado da Bahia

    CSLL: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

    FUCAPI: Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica

    IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

    IFC: Corporação Financeira Internacional

    IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados

    INT: Instituto Nacional de Tecnologia

    IPT: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de S. Paulo S.A.

    ITAL: Instituto de Tecnologia de Alimentos - Estado de São Paulo

    ITEP: Instituto Tecnológico do Estado de Pernambuco

    IR: Imposto de Renda

    ICMS: Imposto sobre Contribuição de Mercadorias e Serviços

    FIESC: Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

    FINEP: Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia

    MCT: Ministério da Ciência e Tecnologia

    MERCOSUL: Mercado Comum do Sul

    MDIC: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

  • MPEs: Micro e Pequenas Empresas

    MPMEs: Micro, Pequenas e Médias Empresas

    NUTEC: Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial - Estado do Ceará

    OMC: Organização Mundial de Comércio

    PAE: Programa de Apoio à Exportação

    PGNI: Programa de Geração de Negócios Internacionais

    PIB: Produto Interno Bruto

    PINTEC: Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica

    PROEX: Programa de Apoio às Exportações Brasileiras

    PROGEX: Programa de Apoio Tecnológico à Exportação

    SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

    SECEX: Secretaria de Comércio Exterior

    SGI: Sistema Global de Inovação

    SENAI: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

    SIMPLES: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas

    e Empresas de Pequeno Porte

    SNI: Sistema Nacional de Inovação

    SOCIESC: Sociedade Educacional de Santa Catarina

    TECPAR: Instituto de Tecnologia do Paraná

  • RESUMO

    PEREIRA, Edmilson Sabadini. Exportação e competitividade de micro, pequenas e

    médias empresas em função das inovações em Santa Catarina

    Caso PROGEX/FINEP e

    a SOCIESC. Florianópolis, 2005, 158f. Dissertação (Mestrado em Administração Estratégica)

    Programa de Pós-graduação em Administração. Universidade do Estado de Santa Catarina,

    Florianópolis, 2005.

    Com a mundialização, as fronteiras entre os países estão sendo atenuadas, os meios de comunicação abrem cada vez mais o mercado a novas idéias e a sociedade, de um modo em geral, é levada a gerar e absorver as inovações mais rapidamente que no passado. Neste contexto, vem ocorrendo um contínuo aperfeiçoamento nas relações de comércio internacional, exigindo das micro, pequenas e médias empresas maior capacitação competitiva. A capacidade de geração, difusão e utilização de novos conhecimentos tem sido o elemento propulsor do desenvolvimento tecnológico, sendo que a transmissão do conhecimento para este porte de empresas não é um processo linear. Assim, governo, institutos tecnológicos e empresas não têm capacidade, sozinhos ou em separado, para gerar, difundir e utilizar esses conhecimentos. O Programa de Apoio Tecnológico à Exportação - PROGEX proporciona exatamente a atuação nesta tríade, oferecendo apoio para inserção e/ou permanência destas empresas no mercado exterior. Esta dissertação tem o objetivo de determinar os impactos sobre a exportação e nos resultados percebidos pelas MPMEs em função do apoio do referido Programa. A investigação teve como foco o mercado, a evolução da balança comercial em Santa Catarina e no Brasil, processos estes que influenciam na questão da cultura organizacional, da competitividade e da inovação das MPMEs. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, com estudo de múltiplos casos de produtos participantes do PROGEX e que tiveram seus projetos finalizados. Os resultados obtidos indicam que este Programa tem sido efetivo, uma vez que vem promovendo inovações em produtos e processos, causando impactos na exportação e na competitividade, aumentando significativamente a exportação do produto, em empresas já exportadoras, inserindo empresas/produtos no mercado de exportação e substituindo importações. Além disso, fortalece a empresa no mercado nacional com aumento da receita total, capacita a equipe técnica das MPMEs, aumenta o número de novos postos de trabalho, reduz a área útil ocupada, sensibiliza, internaliza e dissemina a cultura exportadora e destaca a importância da inovação para a real necessidade do aumento da competitividade para as empresas e empresários, possibilitando investimentos na inserção em outros países mais exigentes ou desconhecidos.

    Palavras-chave: PROGEX, inovação, micro e pequena e média empresa, exportação

  • ABSTRACT

    PEREIRA, Edmilson Sabatini. Export and competitiveness of micro, small and medium

    enterprises, in light of the innovations in Santa Catarina

    Case PROGEX/FINEP and

    SOCIESC. Florianopolis, 2005, 158f. Essay (Masters in Strategic Management), Post

    Graduation Program in Management, University of the Santa Catarina State, Florianopolis,

    2005.

    With the globalization, the borders are being eased, the communication means open the market ever more to new ideas, and the society is, in general, led to generate and absorb the innovations, quicker than in the past and to a continuous improvement in the international trade relations, requiring from micro, small and medium sized enterprises a higher competitive qualification. The capability to generate, broadcast and utilize new knowledge is behaving as the propelling element in the technological development, and transfer such knowledge to such group of companies is not a linear process. In this context, the government, technological institutes and companies do not have individually or separately

    capabilities to generate, broadcast and employ such knowledge, and the PROGEX precisely provides an efficient and efficacious action within this triad, offering support for the insertion and/or permanence of these companies in the overseas market. This essay aims at determining the impacts over exports and in the results perceived by the MSMEs in function of the support from such Program. The investigation focused on the market, on the evolution of the trade balance in Santa Catarina and Brazil, processes that influence the issues of organizational culture, competitiveness and innovation in MSMEs. A qualitative, exploratory and descriptive research has been carried out, with the study of multiple cases of companies taking part in the PROGEX and that have had their projects finalized. The results obtained indicate that PROGEX is being effective, where through innovations in products and processes, it impacts the exports and competitiveness, significantly increasing the product's overseas sales volume, in companies that already export, inserting companies and products into the exports market, and replacing imports. Apart from that, it has strengthened the company at the domestic market, increasing their total revenues, qualifying the technical teams of the MSMEs, increasing the number of new job openings, reduction of footprint, and creating sensitivity, internalization and dissemination of the exporting culture, and the relevance of innovation for the actual needs to increase competitiveness for companies and entrepreneurs, allowing investing in their insertion into other more demanding or unknown countries.

    Key Words: PROGEX, innovation, micro and small and medium enterprises, export.

  • 1 INTRODUÇÃO

    Este capítulo tem como finalidade principal descrever de forma geral os pontos

    fundamentais que serão desenvolvidos no decorrer do trabalho, tais como o tema e o

    problema de estudo, a relevância do tema (justificativa), objetivos, procedimentos

    metodológicos e organização da dissertação.

    1.1 Contextualização do Tema

    Com a globalização ou mundialização da economia, aumentou a velocidade com que

    os países intercambiam bens e serviços. Neste contexto, as empresas enfrentam grande

    competitividade para conquistarem um espaço no mercado internacional e até mesmo no

    mercado nacional.

    O mercado externo exige altos padrões de qualidade gerando grandes dificuldades

    para inserção e permanência das empresas. Competir internacionalmente requer inteligência

    estratégica, passando necessariamente por uma análise de potencialidades e otimização da

    utilização das capacidades. A abertura econômica, a privatização e desregulamentação da

    economia, conforme Dias (2002, p. 73) impuseram às empresas a necessidade de aumentar a

    produtividade e a qualidade de seus produtos. As empresas que não são competitivas perdem

    espaço, sendo substituídas pelas mais eficientes ou pelo aumento das importações dos

    produtos em que o país é menos eficiente.

    No caso das MPMEs, que apresentam em muitas situações dificuldades de

    mobilização de recursos financeiros, nível tecnológico insuficiente, e poucos canais de acesso

    aos mercados internacionais via exportação o desafio é ainda maior.

    Em uma análise sobre a situação da maioria das micro, pequenas e médias empresas,

    a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento e Engenharia das Empresas

    Inovadoras (ANPEI, 2004, p. 72) relata que.

  • 16

    Elas apresentam deficiências em todos os níveis (conhecimento, tecnologia, finanças, gestão, recursos humanos, produção, design, comercialização, distribuição, etc.). Ou se trabalha de forma sistêmica para elevar o padrão em todas essas áreas, ou não se conseguirá mudanças de efeito duradouro na MPMEs.

    Isso significa que a eliminação dos gargalos tecnológicos é apenas uma parte da busca

    por soluções que promovam mudanças significativas no patamar competitivo destas empresas.

    Dentre os problemas que mais afetam a capacidade de inovação das MPMEs, a

    Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras

    (ANPEI, 2004) destaca o fato de que muitas empresas trabalham sem ter o conhecimento

    necessário sobre o mercado em que atuam, muitas vezes seguindo o que as empresas líderes

    ditam. Outras vezes falta-lhes a compreensão de que somente depois da escolha de seus

    mercados preferenciais e de terem viabilizado estratégias para a superação dos próprios

    problemas, que as impedem de crescer de forma sustentada nestes mercados é que estarão

    aptas a pôr em prática projetos de cooperação. Isso poderá ocorrer por meio de projetos

    voltados para a montagem de observatórios que as mantenham informadas sobre as tendências

    tecnológicas de mercado ou pela realização de pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos

    conjuntos, dentre outras formas. Outro problema é que, as MPMEs muitas vezes se limitam a

    copiar o que as grandes fazem, sendo que institutos de pesquisa ou universidades têm a

    tendência de trabalhar para as grandes empresas. Há também as dificuldades encontradas para

    acessar financiamento, tais como a burocracia, a falta de garantias reais, os custos elevados

    dos financiamentos.

    O Estado de Santa Catarina vem se destacando pela construção de procedimentos que

    visam à internacionalização das empresas e à conseqüente identificação, como território de

    qualidade, no que se refere ao seu processo produtivo. O referido Estado conta com condições

    privilegiadas e vantagens competitivas, do ponto de vista de ambiente de negócios,

    disponibilidade de infra-estrutura e capital humano. No entanto, são ainda inúmeras as

    possibilidades de aproveitamento de oportunidades no campo internacional, sobretudo para o

    engajamento do segmento de MPMEs. O processo de internacionalização do segmento de

    MPMEs catarinenses depende da evolução da cultura exportadora regional. Torna-se

    necessária a atuação do Estado como principal agente articulador e fomentador das políticas

    regionais, no sentido de agregar valor aos processos produtivos e organizar as estruturas de

    apoio que abastecem cada setor.

  • 17

    Apesar do crescimento das exportações, o Estado de Santa Catarina apresenta índices

    ainda muito incipientes, se comparados a regiões da Europa, como Itália e Espanha e a regiões

    da Ásia, que apresentam uma forte participação de MPMEs e com um alto valor agregado a

    seus produtos. Neste contexto, vale enfatizar que, apesar do significativo crescimento de suas

    exportações e do fato das MPMEs, no ano de 2004, representarem 82,6% do total do número

    de empresas exportadoras catarinenses (enquanto as Grandes Empresas representam apenas

    17,1%, as MPMEs), as Grandes têm uma participação maior (82,07%). Destaca-se, ainda, que

    40% do total do valor exportado, em Santa Catarina, no período de janeiro a setembro de

    2005, esteve concentrado em 7 grandes empresas, de acordo com o MDIC/SECEX e a FIESC

    (2005).

    Diante deste quadro, a qualificação da mão-de-obra apta ao mercado produtivo, com

    visão sistêmica e focada para a vocação regional, torna-se condição indispensável para o

    desenvolvimento do potencial exportador.

    O PROGEX é um programa de apoio tecnológico à exportação, implementado no

    final do ano 2000, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o Ministério do

    Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e a Secretaria Executiva da Câmara

    de Comércio Exterior (CAMEX), em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos do

    Ministério da Ciência e Tecnologia (FINEP). O propósito fundamental deste programa é

    apoiar as micro, pequenas e médias empresas em sua inserção ou permanência no comércio

    internacional, mais especificamente quanto à exportação (MDIC, 2003).

    A SOCIESC, atuando de forma integrada com suas competências e parcerias, de

    acordo com seus objetivos permanentes de criar mecanismos diferenciados de transferência

    de tecnologia para as empresas. e intensificar o relacionamento com empresas de forma

    global , proporciona soluções para as necessidades das empresas.

    Desta forma, a organização credenciou-se em julho de 2003 como a única instituição a

    atuar com o programa PROGEX em Santa Catarina, disponibilizando profissionais nos mais

    diversos segmentos do mercado e recursos financeiros por meio da FINEP/MCT.

    Considerando os aspectos descritos, esta dissertação tem como tema A exportação e

    competitividade de micro, pequenas e médias empresas em função das inovações em Santa

    Catarina

    caso PROGEX/FINEP e a SOCIESC .

  • 18

    1.2 Definição do Problema de Pesquisa

    Muitas empresas apresentam dificuldades em conciliar os custos para viabilização dos

    processos, que incluem normalmente o uso de tecnologias, a capacitação de bons funcionários

    e a necessidade de satisfação do cliente, fatores que por sua vez devem ser compensados com

    o lucro obtido. A avaliação dos resultados da empresa e a orientação para tomadas de decisão

    requerem o acompanhamento de outras dimensões da competitividade que não sejam apenas

    custos e eficiência técnica, como ocorria no passado.

    Por sua vez, a capacitação e a informação apresentam-se como fatores decisivos de

    sucesso, capazes de gerar as condições reais de competitividade e sustentabilidade. A

    flexibilidade e a agilidade das empresas em desenvolver soluções e produtos, representam

    fatores decisivos para a implantação de um sistema capaz de promover, cada vez mais, o

    desenvolvimento econômico e social dos municípios e pólos regionais, por meio de sua

    inserção no âmbito internacional.

    Estratégias de desenvolvimento e crescimento devem ser adotadas para garantir a

    sobrevivência das empresas, frente a este novo mercado globalizado e altamente competitivo.

    Com base nas recomendações do SEBRAE (2005) pode-se visualizar grandes desafios que as

    MPMEs devem enfrentar para ampliar suas oportunidades em um ambiente globalizado, tais

    como: inserção direta da empresa no comércio internacional; melhor preparação para

    enfrentar a concorrência estrangeira no mercado interno próprio; absorção de novas

    tecnologias e novos métodos gerenciais em busca de uma melhor qualidade e

    competitividade.

    As políticas direcionadas para as MPMEs, de acordo com a Associação Nacional de

    Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI, 2004, p. 125):

    Devem estar calcadas, acima de tudo, em aspectos microeconômicos, de correção sistêmica e estrutural dos seus problemas. Para que produzam resultados concretos, estas políticas deverão ser preferencialmente aplicadas em agrupamentos de empresas, como os arranjos produtivos locais e em cadeias produtivas. Porém, dentro desses arranjos e cadeias, é indispensável que sejam desenvolvidos projetos individualizados de prestação de assistência técnica direta, em ações de extensionismo industrial / tecnológico / mercadológico, realizadas com base nos planos estratégicos elaborados para cada empresa.

    No Estado de Santa Catarina, a linguagem utilizada e as estratégias, que devem nortear

    o processo de transferência do conhecimento, precisam levar em conta as características

  • 19

    próprias das empresas catarinenses de micro, pequeno e médio porte. O desenvolvimento do

    Estado é fruto de um modelo, cujos agentes de ação sempre foram as MPMEs.

    Diante do exposto, surge o seguinte problema de pesquisa:

    Quais os impactos sobre a exportação e nos resultados percebidos pelas MPMEs

    em função do apoio do PROGEX?

    1.3 Objetivos

    Para um melhor direcionamento do trabalho, foram definidos objetivos, sendo um

    geral e quatro específicos:

    1.3.1 Objetivo Geral

    Determinar os impactos sobre a exportação e nos resultados percebidos pelas MPMEs

    em função do apoio do PROGEX.

    1.3.2 Objetivos Específicos

    Levantar a classificação das micro, pequenas e médias empresas nas atividades

    industriais e a sua importância no mercado;

    Determinar a influência da inovação na exportação e na competitividade das

    MPMEs;

    Identificar quais os impactos na exportação das MPMEs;

    Levantar os resultados sociais, ambientais, culturais, econômicos/financeiros e

    tecnológicos sob a percepção das MPMEs;

  • 20

    1.4 Justificativa e Relevância do Tema

    É importante determinar a capacidade competitiva das MPMEs em âmbito

    internacional, com base nas informações, inovações tecnológicas, nos processos de qualidade,

    formação de uma imagem sólida e de marca regional, que possa ser percebida adequadamente

    pelos stakeholders.

    Também é necessário que as MPMEs definam a sua participação no mercado

    internacional no planejamento estratégico e de marketing, estruturando um plano de ação

    criterioso e consistente, acreditando na exportação como uma alternativa fundamental para a

    expansão e diversificação dos seus negócios.

    Para tanto, é relevante conhecer as dificuldades que estas empresas enfrentam em sua

    inserção no comércio internacional e desenvolver ações que contribuam efetivamente para

    que tenham maiores probabilidades de sucesso neste processo. De acordo com Dias (2002, p.

    20) o mercado internacional pode tornar-se uma importante alavanca para o desenvolvimento

    não só de empresas grandes, mas também de pequenas e médias. Para tal, a exportação e

    internacionalização precisam fazer parte da cultura das empresas e não serem tratadas de

    forma situacional, em função de ociosidade da produção ou variação cambial.

    A internacionalização das MPMEs está diretamente relacionada ao aumento da sua

    eficiência e qualidade de seus processos e produtos, que remetem ao fortalecimento da

    capacidade tecnológica. A sociedade produtiva moderna impõe a inovação como requisito

    fundamental para o desenvolvimento da capacidade competitiva das empresas e sua

    sobrevivência. Na visão de Caron (2003, p. 94)

    A inovação tecnológica pode ser compreendida como a batida do coração de uma economia. Sem as inovações as empresas não podem introduzir novos produtos, serviços ou processos. Sem a inovação, a capacidade de geração de lucro e capital de uma economia tende a se reduzir. Como conseqüência, as empresas tendem a desaparecer do mercado e o país perde a dinâmica do desenvolvimento econômico.

    Em um mercado exigente e marcado por peculiaridades, um fator de destaque do novo

    paradigma de produção é o entendimento de que a competitividade é um alvo móvel e de que

    a inovação e a melhoria permanente dos padrões operacionais e de conceituação da gestão

    empresarial, são condições primordiais para que uma empresa permaneça rentável no médio e

    longo prazos.

  • 21

    Evidencia-se, assim, a importância de ações que venham a contribuir para a

    incorporação da inovação tecnológica nas MPMEs. A avaliação da capacitação tecnológica, a

    discussão sobre este assunto e as propostas de melhoria nesse processo são questões que

    merecem especial ênfase na agenda de debate sobre a inserção destas empresas no cenário

    internacional.

    Furtado (1994, p. 09) argumenta que a capacitação tecnológica representa um

    elemento importante para a competitividade de um setor ou da economia, embora não seja o

    único. Todavia, seu papel é fundamentalmente dinâmico.

    Sobre a capacitação para a inovação, Coutinho e Ferraz (1995) afirmam que a

    importância da inovação tecnológica para a competitividade é inequívoca. O progresso

    econômico da empresa está intimamente ligado à sua capacidade de gerar progresso técnico.

    No contexto internacional, empresas inovadoras não mais definem estratégias e competências

    visando exclusivamente o desenvolvimento de linhas de produtos. Visam crescentemente criar

    capacitação em áreas tecnológicas de onde exploram oportunidades para criar e ocupar

    mercados. O sucesso competitivo, passa, assim, a depender da criação e da renovação das

    vantagens competitivas por parte das empresas, em um processo em que cada produtor se

    esforça por obter peculiaridades que o distingam favoravelmente dos demais, como, por

    exemplo, custo e/ou preço mais baixo, melhor qualidade, maior habilidade de servir à

    clientela.

    A manutenção da competitividade por parte das organizações implica o

    desenvolvimento de estratégias, que têm o objetivo de tornar as empresas mais dinâmicas e

    flexíveis. Caron (2003, p. 29) enfatiza que:

    Os fatos econômicos, sociais e políticos da globalização mostram o crescimento da importância das interdependências empresariais na busca de alternativas de sobrevivência, crescimento e lucro. É possível, portanto, entender a globalização como um fenômeno impulsionado pelas estratégias e comportamento das empresas, que procuram melhoria de qualidade, de produtividade, a redução de desperdícios para melhor participação de mercado, isto é, competitividade a ampliação dos lucros.

    Neste contexto, as estratégias tradicionalmente utilizadas, sendo agora imprescindível

    a análise da lógica global e a implementação de ações relevantes na busca pela permanência e

    na abordagem das oportunidades de inserção dos mercados internacionais, tão necessárias

    para o desenvolvimento da empresa e do país.

    Fernandes (2002) enfatiza que as empresas que exportam, tornam-se mais criativas

    e inovadoras. Por isso, as empresas exportadoras precisam adequar suas ferramentas, como

  • 22

    também, trabalhar buscando não apenas sua futura internacionalização, como também a

    contenção das importações.

    Diante das questões descritas, evidencia-se a necessidade do aprimoramento dos

    padrões de produção e do produto, a constante análise da sistematização do sistema de gestão

    empresarial, que figuram como um ponto essencial para o desenvolvimento dos países. Daí a

    importância de programas e ferramentas de suporte às atividades internacionais, com ênfase

    para as MPMEs.

    Questões importantes para a atuação das empresas no cenário internacional,

    mencionadas por Minervini (1997) são: o aumento do volume de negócios, as dificuldades de

    vendas no mercado interno, o melhor aproveitamento das estações, preços mais rentáveis, a

    oportunidade de aumento do ciclo de vida dos produtos, entre outros, determinantes nas

    estratégias de desenvolvimento das empresas.

    Alguns procedimentos importantes para a internacionalização das MPMEs podem

    estar voltados ao comprometimento destas com suas operações internacionais no sentido de

    construir caminhos para a inserção e permanência no mercado global. É possível identificar

    vários fatores críticos de sucesso para que a inserção competitiva das MPMEs no comércio

    internacional, sendo que todos estes fatores passarão pela escolha dos nichos de mercado com

    maior conteúdo tecnológico e dinamismo na corrente do comércio, pelo estabelecimento de

    alianças ou parcerias estratégicas, pelo apelo em qualidade e inovação, pela preocupação com

    a qualificação do capital humano, dentre outros aspectos.

    1.5 Estrutura da Dissertação

    Esta Dissertação está estruturada em quatro capítulos, sendo que o primeiro é

    introdutório e apresenta uma visão geral sobre o trabalho desenvolvido, contextualizando o

    tema, definindo o problema de pesquisa e os objetivos a serem alcançados, apresentando a

    relevância desta pesquisa e descrevendo os procedimentos metodológicos adotados.

    O segundo capítulo é destinado à construção da fundamentação teórica que serviu de

    subsídio para a realização do estudo de caso apresentado posteriormente. Neste sentido, foram

    apresentadas definições de micro, pequena e média empresa, a partir de pesquisas realizadas

    junto ao MDIC/SECEX, SEBRAE, FIESC, União Européia, Mercosul e OMC, situando estes

  • 23

    empreendimentos no cenário das exportações brasileiras e catarinenses, considerando que

    estão inseridos em um contexto globalizado.

    O terceiro capítulo centraliza-se no estudo de caso, descrevendo a FINEP e realizando

    uma contextualização sobre a conceituação e como se atua com o PROGEX e sua origem,

    implementação a nível nacional, direcionando posteriormente o foco para a implementação

    deste programa pela SOCIESC, com descrição, análise e interpretação dos dados obtidos na

    pesquisa.

    Após as abordagens teórica e prática são tecidas as considerações finais do trabalho

    desenvolvido, retomando os aspectos essenciais para verificação do alcance ou não dos

    objetivos propostos. São apresentadas sugestões para outros estudos relacionados ao tema,

    seguidas pelas referências consultadas na realização do trabalho e os anexos, que

    complementam explicações apresentadas no decorrer dos capítulos anteriores.

  • 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

    Este capítulo apresenta as concepções dos autores pesquisados, que serviram de

    suporte para as análises realizadas no estudo de caso. Além de conceitos fundamentais como

    o de micro, pequena e média empresa, mercado, importação e exportação, produtividade e

    competitividade, inovação, ambiente, gestão, processo e tecnologia, foram realizadas

    pesquisas sobre tendências do mercado, impactos da globalização, a distribuição das

    exportações do Brasil e de Santa Catarina por porte de empresa e valor, números do destino

    das exportações brasileiras e catarinenses, sempre procurando situar as micro, pequenas e

    médias empresas neste contexto.

    2.1 Micro, Pequenas e Médias Empresas

    Os vários fatores presentes nas organizações empresariais e a multiplicidade de tarefas

    a elas solicitadas levam diversos autores a agrupá-las, classificando-as, na procura de

    denominadores comuns que auxiliem na difícil tarefa de melhor compreendê-las. A seguir,

    são apresentadas definições atribuídas às micro, pequenas e médias empresas, destacando sua

    relevância no cenário econômico.

    2.1.1 Conceituação

    A mais comum classificação das organizações é de acordo com o seu tamanho ou

    porte, tipificando as empresas em micros, pequenas, médias, grandes e grandes diversificadas.

    Apesar de ser a mais usual, especialmente no Brasil, por finalidades fiscais e burocráticas,

    conceituar uma empresa pelo seu tamanho apresenta inúmeras dificuldades pela relatividade

    dos critérios adotados.

  • 25

    O termo Micro e Pequenas Empresas

    MPEs é utilizado para diferenciar estas em

    relação às Médias e Grandes Empresas. Para apresentar as características de uma grande

    empresa há uma vasta literatura disponível. Contudo, a definição de micro, pequena e média

    empresa que, a primeira vista, aparenta ser simples, na realidade mostra que existem várias

    possibilidades.

    Geralmente a classificação é realizada em função do número de empregados, sendo

    que a maioria das entidades definidoras estabelece como microempresa aquela que tem até 10

    empregados; pequena, até 100; média, até 500; e grande, acima de 500 empregados. Esta

    classificação poderia ser aceita, mas se mostra frágil em função da aplicação de mão-de-obra,

    no sentido do tipo de empreendimento a ser realizado. Por exemplo, uma empresa de

    construção civil poderá ter muitos empregados e não ter o equivalente em faturamento que a

    justifique como uma grande empresa. (SEBRAE, 2005)

    Portanto, é preciso considerar que o número de funcionários é apenas um dos critérios

    utilizados para definir este segmento e diferenciá-lo em relação à sua contribuição para com a

    economia brasileira. Outro critério é o do faturamento. A classificação estaria ligada ao

    volume de recursos obtidos durante o período de um ano.

    O Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte1 no art. 2, em conjunto com

    a lei da instituição do SIMPLES (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e

    Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte)2, considera como

    microempresas aquelas cuja receita bruta anual seja igual ou inferior R$ 244.000,00 (duzentos

    e quarenta e quatro mil reais), e como empresas de pequeno porte, as que tenham receita bruta

    anual de até R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais).

    Em virtude da grande contribuição que este segmento vem dando para o crescimento

    econômico brasileiro, o Presidente do Brasil corrigiu os valores anteriormente citados3,

    passando a vigorar da seguinte forma: Microempresa, pessoa jurídica e a firma mercantil

    individual que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R$ 433.755,14 (quatrocentos e

    trinta e três mil, setecentos e cinqüenta e cinco reais e quatorze centavos) e Empresa de

    Pequeno Porte, a que não estando enquadrada como microempresa, tiver receita bruta anual

    superior a R$ 433.755,14 (quatrocentos e trinta e três mil, setecentos e cinqüenta e cinco

    1 Lei n. 9.841/99, de 05 de outubro de 1999. Sua regulamentação ocorreu pelo Decreto n. 3.474 de 19 de maio de 2000, sendo um importante marco na história das MPE.s brasileiras.

    2 Lei 9.317/96. 3 A correção foi realizada por meio do Decreto n. 5.028, de 31 de março de 2004.

  • 26

    reais e quatorze centavos) e igual ou inferior a R$ 2.133.222,00 (dois milhões, cento e trinta e

    três mil, duzentos e vinte e dois reais).

    Entretanto, a classificação por faturamento pode variar em função dos setores

    examinados, compreendendo desde a extração e tratamento de minerais, passando pelos

    diversos tipos de empresas (metalurgia, de transporte, de mobiliário, de papelão, química,

    alimentar, gráfica etc., por exemplo). Este critério também é relativo e não permite uma

    generalização.

    Isso indica que é importante considerar, paralelamente, mais de um critério, no

    processo de classificação das empresas. Na definição do SEBRAE (2005), a estratificação das

    empresas segundo o tamanho tem adotado como critério o número de pessoas ocupadas e o

    valor da receita/faturamento. A opção entre essas variáveis tem refletido, em boa medida, o

    propósito da classificação. Esta metodologia toma como base a classificação do SEBRAE

    relativa às empresas industriais, que associa a micro empresa à faixa de 1 a 19 pessoas

    ocupadas, a pequena empresa à de 20 a 99 pessoas, a média empresa à de 100 a 499 e

    considera como grande empresa àquela com 500 ou mais pessoas ocupadas. Contudo, a

    simples observação da distribuição de freqüência das empresas exportadoras por faixa do

    valor das exportações revela que esse critério merece ser adotado de forma qualificada. De

    fato, das empresas classificadas como microempresas, por contarem com menos de 20

    pessoas ocupadas, 5,5% apresentaram exportações anuais superiores a US$ 1 milhão em

    2003; esses exportadores respondiam por 77% do valor das exportações das empresas

    consideradas como microempresas pelo corte de 1 a 19 pessoas ocupadas. Da mesma forma,

    1,8% das empresas caracterizadas como pequenas, por terem de 20 a 99 pessoas ocupadas,

    realizaram exportações superiores a US$ 5 milhões naquele ano; tais empresas respondiam

    por 42% das vendas ao exterior dos exportadores naquela faixa de pessoas ocupadas.

    Dessa forma, o volume das exportações também precisa ser considerado. Assim, para

    não tornar as estatísticas equivocadas em relação à realidade do segmento, em virtude dos

    casos especiais, é necessário conferir um tratamento diferenciado às empresas que exportam

    valores consideráveis, mas estão enquadradas como MPEs.

    No MERCOSUL são utilizadas diversas definições para delimitar este universo, o que

    demonstra a heterogeneidade de critérios respondendo à natureza própria do fenômeno

    MPMEs, que se origina e desenvolve em diferentes estruturas produtivas. Por sua vez, as

    diferentes formas de delimitar esse universo estão em função dos objetivos que se perseguem,

    a precariedade de informações e o contexto econômico.

  • 27

    Destaca-se, assim, a importância de um consenso e uma definição comum a ser

    aplicada no MERCOSUL, havendo também a necessidade de distinção entre Micro, Pequena

    e Média empresa e os setores produtivos, já que há diferenças substanciais entre eles, podendo

    se utilizados neste processo critérios quantitativos e qualitativos.

    a) Critério quantitativo

    Para os parâmetros de definição se aplicam dois critérios: pessoal empregado e nível

    de faturamento. Para os fins da classificação, conforme a Tabela 1, prevalecerá o nível de

    faturamento, o número de pessoas ocupadas será adotado como referência.

    TAMANHO PESSOAL OCUPADO

    De até

    VENDAS ANUAIS U$S

    De - até

    MICRO 1 10 1 - 400.000

    PEQUENA 11 40 400.001 - 3.500.000

    MEDIA 41 200 3.500.001 - 20.000.000

    Tabela 1: Distinção entre micro, pequena e média empresa - Critérios para a Indústria Fonte: Resolução Mercosul GMC n. 59/98

    Para o comércio e serviços, de acordo com a Tabela 2, a seguir, os critérios

    apresentam redução, em relação à indústria, tanto no número de pessoal ocupado, quanto nas

    vendas anuais.

    TAMANHO PESSOAL OCUPADO

    De até

    VENDAS ANUAIS U$S

    De - até

    MICRO 1 5 1 - 200.000

    PEQUENA 6 30 200.001 - 1.500.000

    MEDIA 31 80 1.500.001 - 7.000.000

    Tabela 2: Distinção entre micro, pequena e média empresa - Critérios para comércio e serviços Fonte: Resolução Mercosul GMC n. 59/98

    b) Critério qualitativo

  • 28

    As MPMEs não deverão ser controladas por outra empresa ou pertencer a um grupo

    econômico que em seu conjunto supere os valores estabelecidos.

    Cláusula evolutiva: Deixarão de pertencer à condição de MPMEs, somente se durante

    dois anos consecutivos superarem os parâmetros estabelecidos. Esta cláusula tem por objetivo

    não desestimular o crescimento diante da eventualidade de superar os parâmetros

    quantitativos que caracterizam o estrato MPMEs.

    Por sua vez, dever-se-á contemplar a definição de empresas artesanais. Ainda que

    essas empresas se encontrem incluídas no estrato das micro empresas, as mesmas devem

    conter uma distinção especial onde se destaque, em primeiro lugar, o caráter de expressão

    cultural e artístico e baseado de maneira significativa no trabalho manual.

    A dificuldade de obter informações sobre a receita bruta da empresa recomendaria a

    adoção do valor anual das exportações como critério para essa graduação. O procedimento

    alternativo consistiria em introduzir uma diferenciação (subcategorias) no âmbito dos extratos

    das micro e pequenas empresas e discriminar, por exemplo, entre microempresas stricto sensu

    (cujo número de pessoas ocupadas e valor das exportações se situam dentro dos limites

    usualmente associados ao extrato correspondente) e microempresas especiais ou altamente

    exportadoras (cujo valor das exportações é superior aos limites usualmente aplicados à

    receita bruta da empresa de seu porte).

    O critério a ser adotado pode combinar, portanto, o número de pessoas ocupadas com

    o volume de exportação da empresa e tomar como referência para esse último conceito os

    limites de extratos previstos pela Lei 9.841/99 e Decreto 3.474/00 para fim de apoio creditício

    à exportação das microempresas e pequenas empresas industriais (receitas brutas anuais de R$

    900 mil reais e R$ 7.875 mil reais, respectivamente).

    Assim, tomando esses valores como referência, as duas principais normas que

    estabelecem classificações de empresas segundo o porte empresarial, a Resolução GMC nº

    59/98 do MERCOSUL e o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte (Lei

    9.841/99) consideram:

    (i) Como uma classe única à parte (micro e pequena empresa especial ), as empresa industriais com menos de 100 Pessoas ocupadas e exportações anuais superiores a US$ 2.500 mil;

    (ii) Como microempresa, as empresas industriais com menos de 20 pessoas ocupadas e exportações anuais até US$ 300 mil;

    (iii) Como pequena empresa, as empresas industriais com menos de 100 pessoas ocupadas e exportações anuais até US$ 2.500 mil; note-se que, por este critério, empresas com menos de 20 empregados mas com faturamento exportador anual entre US$ 300 mil e US$ 2.500 mil, serão consideradas empresas pequenas, ao invés de microempresas,

  • 29

    prevalecendo, assim, o critério de faturamento (implícito no valor de suas exportações) em detrimento do critério de número de empregados.

    No Brasil, além dos parâmetros Mercosul, utilizados para fins de apoio creditício à

    exportação, há ainda as definições do Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte

    (Lei nº 9.841/99) e do SIMPLES (Lei nº 9.317/96), que usam o critério da receita bruta anual,

    além dos critérios utilizados pela RAIS/MTE (Relação Anual de Informações Sociais) e pelo

    SEBRAE, nos quais o tamanho é definido pelo número de empregados:

    Microempresa Pequena Empresa Média Empresa

    ESTATUTO MPE

    receita bruta anual R$ 244.000,00 R$ 1.200.000,00 --

    SIMPLES

    receita bruta anual R$ 120.000,00 R$ 1.200.000,00 --

    RAIS/MTE

    nº de empregados 0 19 20 99 100 - 499

    SEBRAE

    indústria 0 19 20 99 100 499

    SEBRAE

    comércio e serviços 0 9 10 49 50 - 99

    Tabela 3: Critérios para classificação das MPMEs do Brasil Fonte: PUGA (2003)

    Essencialmente um sistema de simplificação tributária, o SIMPLES prevê restrições à

    inclusão de inúmeros segmentos de MPEs, não se aplicando, pois, a todo o universo de MPEs

    do Brasil. Deve-se considerar este fato ao se trabalhar com as estatísticas obtidas por meio

    deste sistema.

    A Recomendação da Comissão Européia, de 3 de abril de 1996, dirigida aos Estados-

    membros, ao Banco Europeu de Investimento (BEI) e ao Fundo Europeu de Investimento

    (FEI), estabelece os limites máximos para definição de PMEs (descritos abaixo) a serem

    utilizados pelos programas comunitários e nacionais destinados às PMEs a partir de 1º de

    janeiro de 1998.

  • 30

    Microempresa Pequena Empresa Média Empresa

    Nº de Empregados 0 9 10 49 50 249

    Volume de Negócios Anual

    (annual turnover)

    ou

    Balanço Anual Total

    (annual balance sheet)

    --

    --

    7 milhões de euros

    5 milhões de euros

    40 milhões de euros

    27 milhões de euros

    Independência

    % do capital ou dos direitos

    de voto detidos por uma ou

    várias empresas que não

    sejam PMEs

    -- 25% 25%

    Tabela 4: Critérios para classificação das MPMEs da União Européia Fonte: 96/280/CE: Recomendação da Comissão, de 3.04.1996, relativo à definição de pequenas e

    médias empresas

    No momento, as definições da União Européia estão em fase de alteração para:

    Microempresa: 2 milhões de euros para volume de negócios anual ou para balanço

    anual total;

    Pequena Empresa: 10 milhões de euros para volume de negócios anual ou para

    balanço anual total;

    Média Empresa: 50 milhões de euros para volume de negócios anual e 43 milhões

    para balanço anual total;

    Supressão do critério da independência.

    Mais de 99% dos 18 milhões de empresas existentes na UE nos vários setores de

    mercado, exceto o agrícola, são MPEs. Estas empresas empregam 66% da força de trabalho e

    geram 55% do volume de negócios total.

    Além destas tentativas de definições, conforme Cavalcanti et al. (1981, p. 15), pode-se

    observar:

    o fato de que um negócio empresarial é considerado pequeno ou médio, de acordo com determinado atributo

    para um gênero ou setor da atividade econômica , com o objetivo de atender uma finalidade específica, poderá também ser concebido como grande, ao se levar em consideração algum outro critério, setor ou objetivo organizacional; e porque o universo que compreende as pequenas e médias empresas é significativamente amplo, em virtude de o país possuir reconhecidas dimensões continentais e, ao mesmo tempo, apresentar intenso e heterogêneo desenvolvimento regional.

  • 31

    O Grupo Banco Mundial, fundado em 1994, compõe-se de cinco instituições afiliadas:

    Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD);

    Associação Internacional de Desenvolvimento (AID);

    Corporação Financeira Internacional (IFC);

    Organismo Multilateral de Garantia de Investimentos (AMGI);

    Centro Internacional para Acerto de Divergências relativas a Investimentos (CIADI).

    A Corporação Financeira Internacional (IFC) visa promover o investimento

    sustentável no setor privado dos países em desenvolvimento, sendo a maior fonte multilateral

    de empréstimo e financiamento para projetos do setor privado destes países. Normalmente

    opera de maneira independente, pois é legal e financeiramente autônoma.

    A seguir, são descritas as definições de MPMEs utilizadas por estas instituições (no

    mínimo duas das três características são consideradas para o enquadramento):

    Microempresa Pequena Empresa Média Empresa

    Nº de Empregados 0-10 11-50 51-300

    Ativo Total (total assets) US$ 100 mil US$ 3 milhões US$ 15 milhões

    Faturamento Anual (total anual Sales) US$ 100 mil US$ 3 milhões US$ 15 milhões

    Tabela 5: Classificação das MPMEs segundo o Banco Mundial e a Corporação Financeira Internacional

    Fonte: Banco Mundial (2005)

    Pelo que foi exposto, verifica-se que existe um grande número de tentativas para se

    conceituar as micros, pequenas e médias empresas, que consideram o número de funcionários

    e o critério de faturamento, mas nenhum deles satisfaz plenamente a necessidade de uma

    caracterização que considere as peculiaridades regionais, os ramos de negócios, o maior ou

    menor emprego de mão-de-obra e o alcance dessas empresas.

    No presente estudo, para fins de análise, será adotado o método do Mercosul para a

  • 32

    indústria4, tendo como critério o faturamento, que é o critério adotado para os atendimentos

    do PROGEX.

    2.1.2 Importância para a Economia Nacional e Internacional

    O segmento das MPMEs vem despertando interesse e contribuindo para o sistema

    produtivo brasileiro desde o início dos anos 80. O art. 179 da Constituição da República

    Federativa do Brasil de 1988, só veio comprovar o interesse por estas empresas e suas

    dificuldades, pois em sua essência, responsabiliza o Estado pelo incentivo e desenvolvimento

    destas. Surge assim, a Ementa Constitucional nº 6 alterando o art.170, no intuito de criar um

    sistema de tratamento favorecido, impondo ao Estado, como princípio constitucional, o dever

    de proporcionar ferramentas para implementá-lo. Para que isso aconteça, principalmente nos

    campos previdenciário, trabalhista, creditício, desenvolvimento empresarial, entre outros não

    abrangidos pela Lei do SIMPLES (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e

    Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), foi criado o Estatuto da

    Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, que vem formar um suporte legal para as

    atividades destas empresas (BRASIL, 1998).

    Estas questões estão relacionadas ao fato de que este segmento tem se apresentado

    como uma das alternativas mais viáveis em termos de empregabilidade para pessoas de baixa

    renda e sem capacitação profissional forte. As micro e pequenas empresas geram uma grande

    contribuição ao emprego agregado à produção e a economia dos países, principalmente na

    América Latina.

    Mais de 80% das empresas na América Latina e no Caribe têm dez ou menos empregados e contam com cerca da metade dos índices de emprego em muitos países. Estas microempresas já não podem considerar-se como marginais: são o centro da economia. A microempresa desafia definição. O vendedor de rua, o carpinteiro, o reparador de máquinas, a costureira e o camponês, são todos microempresários e suas empresas são de tamanhos diferentes, tornando-se conseqüentemente uma gama de empresas que precisam de apoio diferenciado em virtude de suas características e similaridades. Dada a sua flexibilidade e adaptabilidade, as microempresas tem um conjunto de atividades muito importante no dinâmico ambiente econômico da região (BANCO INTERAMERICANO DE DESARROLLO, 1995 p. 43)

    4 (MERCOSUL/GMC/RES Nº 59/98)

  • 33

    O êxito progressivo dos programas de estabilização econômica e de reforma estrutural

    depende de uma interação forte com este segmento, uma vez que é por meio dele que serão

    ampliadas as políticas de distribuição dos benefícios, gerados a partir do crescimento

    econômico dos países latino-americanos e do aumento do fluxo de valores nos mercados

    internos, a partir da maior participação da população de baixo ingresso.

    A importância do segmento para a economia dos países, segundo Cáceres (2003), faz

    com que os governos interajam constantemente com o meio empresarial para garantir sua

    sobrevivência e crescimento. Desta forma, torna-se necessária a capacitação e

    profissionalização em termos de custos, tecnologia, promoção comercial, escala de produção,

    diferenciação, preço, entre outros, que garantam uma maior sobrevivência e competitividade

    na interação com o mercado internacional.

    São empresas caracterizadas pela forte iniciativa empreendedora, o que vem gerando

    resultados positivos na estrutura econômica dos países, principalmente na Itália, onde estas

    empresas diferenciam-se no segmento dos negócios devido ao forte apelo empreendedor e a

    rápida adequação as necessidades do mercado.

    No Brasil, as MPMEs vêm se destacando e aumentando sua participação em relação

    ao PIB. Isso ocorre principalmente pela necessidade do segmento em mostrar sua força e

    representatividade, objetivando novas políticas que o torne competitivo em relação às grandes

    empresas e ao mercado internacional.

    2.1.3 As MPMEs no Cenário Atual e as Medidas e Ferramentas Disponíveis para Auxiliar a

    Inserção no Mercado Internacional

    A inserção brasileira no mercado internacional deu-se de forma tardia e configurou-se

    apenas como uma liberalização comercial. As empresas nacionais, despreparadas tanto para

    competir internacionalmente quanto para resguardar o mercado interno das grandes

    multinacionais num primeiro momento, tiveram que executar algumas ações que as capacitou

    para interagir neste novo panorama comercial.

    Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2003), a

    liberalização comercial brasileira foi privilegiada com a abertura comercial e a alteração da

  • 34

    política de comércio exterior ocorrida na década de 90, que expôs a indústria brasileira à livre

    concorrência mundial e incentivou as empresas nacionais a adotarem padrões internacionais

    de qualidade.

    A adoção de estratégias coerentes para o desenvolvimento do setor produtivo

    brasileiro e sua inserção internacional, passou a ser discutida com mais ênfase nos âmbitos

    local, regional e nacional. As entidades institucionais e o governo começam a focar as

    oportunidades da industria brasileira junto aos diversos mercados, adotando medidas

    pertinentes junto aos países parceiros e integrantes de Blocos Econômicos Regionais. As

    empresas começam a ter um maior envolvimento com o mercado externo, adotando suas

    exigências através da importação de insumos, maquinários e equipamentos, gerando produtos

    mais competitivos internacionalmente.

    O mercado internacional tornou-se uma ferramenta de agregação de valor a todos

    os segmentos, ou seja, as empresas que se inserem neste contexto, trazem consigo as

    características regionais, bem como, é por meio da adequação e do apelo internacional dado a

    um produto que o mercado conhece o profissionalismo e o padrão técnico da região em que o

    mesmo é desenvolvido. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

    Comércio Exterior (2003), a partir da adoção de políticas que criem condições para inserir na

    base exportadora as MPEs, criar-se-á uma melhor distribuição de renda e redução das

    desigualdades sociais. O segmento empresarial brasileiro, seguindo os mesmos padrões

    mundiais (principalmente dos países em desenvolvimento), é fortemente marcado pela

    presença atuante das MPEs nos principais índices de desenvolvimento nacional. Porém, a

    forma de atuação para com o segmento não é tão focada e desenvolvida como na Itália e

    Espanha, mas também não está tão frágil como no caso do México. Existem várias ações

    governamentais e institucionais que apóiam o segmento em relação a sua inserção

    internacional. No entanto, tratam-se de ações pulverizadas em vários locais distintos e sem

    coordenação conjunta entre eles.

    As ações brasileiras, de acordo com Farah (2001), são conseqüência das experiências

    européias para o desenvolvimento local. Desta forma, os agentes públicos e privados

    executam suas tarefas no intuito de gerar como resultados uma melhor qualidade de vida

    para a região.

    Para alcançar um grau de profissionalismo e capacitação junto ao segmento de MPEs,

    fazendo com que os Arranjos Produtivos Locais (APL s) tornem-se sustentáveis e criem uma

    forma geradora de alternativas de apoio e abastecimento para as grandes empresas, é

  • 35

    necessário que os programas de apoio e as entidades participantes foquem-se nas realidades

    do setor produtivo para com as exigências dos mercados.

    Os Arranjos Produtivos Locais (APLs), conforme o Termo de Referência para a

    Política de Apoio e Desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais (2006, p.1)deve

    caracterizar-se por:

    - Um número significativo de empreendimentos no território e de indivíduos que atuam em torno de uma atividade produtiva predominante e,

    - Que compartilhem formas percebidas de cooperação e algum mecanismo de governança. Pode incluir pequenas, médias e grandes empresas.

    No Brasil hoje, principalmente pelas MPEs serem grandes geradoras de postos de

    trabalho para a população de baixa renda, entre outros, existe uma variedade de programas

    de apoio distribuídos por vários Ministérios, ou por instituições que de alguma forma estão

    subordinadas a estes Órgãos.

    A busca de parcerias é essencial. O planejamento das atividades e a geração de ações

    conjuntas, além de aumentar o grau de competitividade entre as integrantes do grupo, cria

    uma nova dinâmica nos mercados, devido ao surgimento de novos espaços econômicos, bem

    como o aumento da competitividade e redução das importações em conseqüência da maior

    agregação de valor dos produtos locais.

    Sem uma maior integração e união que vise capacitar o empresariado local e adequá-

    lo aos padrões internacionais de produtividade e qualidade exigidos pelos mercados, as ações

    de apoio e promoção, tanto por parte do governo, como das demais instituições, terão um

    efeito muito lento. Neste sentido, estas ações devem priorizar a necessidade de união das

    empresas setorialmente, através do desenvolvimento de uma cultura exportadora, para num

    segundo momento poder desenvolver e visualizar todo o processo de exportação.

    Cáceres (2003), afirma que na nova política industrial brasileira, as MPEs foram

    apontadas como o segmento capaz de contribuir para o incremento das exportações, porém é

    necessário que estas empresas trabalhem associativamente. Como se trata de um segmento

    caracterizado pela sua heterogeneidade, torna-se um desafio na implementação de programas

    de internacionalização de MPEs, desenvolver uma cultura de cooperação, como também, uma

    cultura exportadora.

    Visando agregar valor aos produtos nacionais e torná-los mais competitivos

    internacionalmente, o governo brasileiro conta com uma série de programas voltados para o

    desenvolvimento do sistema empresarial. Dentre eles destacam-se, segundo o Ministério do

    Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2003):

  • 36

    a. Programas voltados para o estimulo à competitividade por meio de modernização

    tecnológica;

    b. Programas voltados para a geração e identificação de negócios e mercados no

    exterior;

    c. Programas de apoio a Consórcios de Exportação;

    d. Programas de capacitação de agentes para comércio exterior;

    e. Programas para financiamentos à exportação

    f. Programas para seguros de crédito e cobertura de riscos políticos à exportação.

    A adoção de estratégias e ações, que venham a capacitar e viabilizar a estabilidade das

    empresas no mercado é vital para o desenvolvimento de um sistema de internacionalização.

    Porém fatores como falta de recursos, ações pulverizadas, sobreposições de programas,

    financiamentos restritos, falta de informação, entre outros, podem vir a inviabilizá-lo. De

    acordo com Szapiro e Andrade (2001), o processo de conscientização e formação de uma

    cultura exportadora no segmento de MPEs, é muito moroso e a pulverização das ações

    governamentais e institucionais deixa o empresariado desconfiado em relação à adoção de

    determinado projeto, fazendo com que muitas empresas deixem de exportar, não por não

    possuírem um perfil para isso, mas em virtude de não saber onde buscar informações

    suficientes para desenvolver o processo.

    Surgindo como complemento aos programas citados anteriormente, o governo

    brasileiro conta com uma série de ações e ferramentas de apoio ao exportador onde de acordo

    com Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2003), destacam-se:

    a. Portal do Exportador

    Lançado em 2001 pelo Ministério do Desenvolvimento,

    Indústria e Comércio Exterior

    MDIC, foi criado visando disponibilizar ao meio

    empresarial o maior número de informações possíveis, relacionadas ao Comércio

    Exterior. É uma ferramenta voltada principalmente para o segmento de MPEs,

    onde as mesmas podem encontrar informações sobre procedimentos

    administrativos na exportação, programas de apoio, feiras e eventos,

    oportunidades comerciais, financiamentos, seguros e crédito, entre outros

    elementos primordiais no processo de internacionalização destas empresas;

    b. Aprendendo a Exportar

    Programa do MDIC/SECEX, destinado a passar

    informações de forma interativa de modo que o empresário possa desenvolver

    seu fluxograma de exportação. Conta com a parceria de outras entidades

    governamentais, como a Agência de Promoção das Exportações - APEX e o

  • 37

    Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI, atuando, com o objetivo

    de difundir a cultura exportadora e incentivar às MPMEs a ingressarem no

    mercado internacional;

    c. Aliceweb

    Sistema criado pela SECEX com o intuito de modernizar a

    disseminação dos dados estatísticos do Comércio Exterior Brasileiro. Através dele,

    o empresário tem acesso a balança comercial, além da identificação do destino dos

    produtos exportados, bem como as principais demandas de importação do país;

    d. Projeto Radar Comercial

    Também um programa desenvolvido pela SECEX,

    com o objetivo de aumentar as exportações brasileiras através da identificação de

    mercados e produtos que venham a incrementar a pauta exportadora. Trabalha

    cruzando os dados do Brasil e países foco, que representam praticamente 90%

    do comércio mundial. Os resultados das análises podem ser gerais, produtos

    prioritários no curto prazo, médio prazo, longo prazo e agregação setorial e dados

    sobre empresas exportadoras;

    e. CAMEX

    Câmara de Comércio Exterior, presidida pelo Ministro do

    Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, sendo composta por mais seis

    ministérios (Casa Civil; Fazenda; Planejamento, Orçamento e Gestão; Relações

    Exteriores e Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Além de ser o instrumento

    de dialogo junto ao setor produtivo, cabe à CAMEX coordenar políticas relativas

    ao comercio exterior de bens e serviços. Todas as ações da instituição visam à

    inserção competitiva do Brasil na economia internacional, através da coordenação

    da ação dos Órgãos que trabalham com o comércio exterior, alem da definição

    de normas e procedimentos, no âmbito das atividades de importação e exportação.

    f. Brasil Trade Net

    Sistema de Promoção Comercial do Ministério das Relações

    Exteriores que visa disseminar, pela Internet, informações comerciais e de

    investimentos. É um sistema capaz de oferecer ao empresariado brasileiro um

    canal de comunicação direto com importadores, interessados tanto pelos produtos,

    como por demandas de investimento.

    g. APEX

    Agência de Promoção das exportações, criada em 21 de novembro de

    1997, pelo Decreto n. 2.398, com o intuito de aumentar o volume de exportações

    das MPEs brasileiras. A entidade apóia em conjunto com o Serviço Brasileiro de

    Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE nos estados, ações que visem à

    capacitação e o treinamento de pessoal especializado em comércio exterior;

  • 38

    pesquisas de mercado; rodadas de negócios; informação comercial; e participação

    em feiras e seminários.

    h. Banco do Brasil

    Entidade financeira que trabalha visando auxiliar as empresas

    em seu acesso ao mercado internacional. Em sua estrutura de apoio encontra-se o

    Programa de Apoio às Exportações PAE, englobando consultorias em negócios

    internacionais, treinamentos, encontros e seminários, feiras e eventos. Outro

    programa desenvolvido pelo banco refere-se à geração de negócios internacionais

    PGNI, no qual o empresário recebe a consultoria de um gerente de negócios

    internacionais e conta com todos os instrumentos de apoio creditício às MPMEs. O

    banco também atua como agente financeiro do PROEX

    Programa de Apoio às

    Exportações Brasileiras.

    i. Exporta Fácil

    Ferramenta dos Correios que viabiliza uma solução logística

    baseada na simplificação do processo exportador brasileiro. Garantia de segurança,

    além de alternativa para as MPEs que não exportam grandes volumes;

    j. PROGEX

    Programa de Apoio Tecnológico à Exportação do Ministério da

    Ciência e Tecnologia

    MCT, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

    Comércio MDIC, e da Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior

    CAMEX, em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério

    da Ciência e Tecnologia

    FINEP, visando um aporte as MPMEs em relação aos

    serviços tecnológicos para alavancar as exportações. Atende a todos os setores,

    principalmente na adequação tecnológica dos produtos para o mercado externo e;

    k. PEIEx

    Programa Extensão Industrial Exportadora. O PEIEX é um sistema de

    resolução de problemas técnico-gerenciais e tecnológicos para o aumento da

    competitividade da micro e pequena empresa situada em arranjos produtivos locais

    (APLs), em parceria com SEBRAE e APEX-Brasil. O projeto nasceu da

    necessidade de dotar os APLs de uma ferramenta que eleve cada empresa a um

    nível de competitividade padrão, através da modernização e capacitação

    empresarial, inovações técnicas, gerenciais e tecnológicas, que permitam um

    melhor desempenho nos mercados nacional e internacional;

    l. Entidades Privadas

    Câmaras de Comércio, Entidades de Classe, Sindicatos,

    Associações e Cooperativas que em conjunto com o governo federal desenvolvem

    ações visando a inserção internacional, principalmente das MPEs.

  • 39

    A maioria das empresas nacionais é de pequenas e médias, e suas dificuldades não se

    limitam ao ingresso na exportação (elas respondem por menos de 3% das exportações

    brasileiras, conforme MDIC/SECEX (2005). Elas lutam para sobreviver no próprio mercado

    interno diante do limitado acesso ao crédito para produzir, do custo elevado, da legislação

    tributária perversa, destorcida, onerosa e fortemente burocrática; da legislação trabalhista e

    social que impõe à empresa salários baixos e custos elevados; e, conseqüentemente, do

    crescente desvio entre custos internos crescentes e de mercadorias importadas similares, quase

    sempre subsidiadas ou com preços arrumados , amparados em financiamentos de condições

    vantajosas.

    Esse diferencial visível impede ou rompe a organização de cadeias produtivas no país.

    O mercado internacional pode tornar-se uma importante alavanca para o desenvolvimento não

    só de empresas grandes, mas também de pequenas e médias.

    As pequenas e médias empresas gozam de vantagens mais amplas que a maioria das

    grandes empresas, pois, em geral, são capazes de preservar melhor suas relações trabalhistas,

    dão um toque pessoal em suas operações, atendem a segmentos de mercados especializados e

    requerem menos investimento de capital.

    A pressão constante do mercado para que permaneçam competitivas também as

    estimula a serem mais intensivas, inovadoras e flexíveis em suas operações comerciais. Isto

    facilita que se aju