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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SEMIÓTICA E LINGÜÍSTICA GERAL
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS EM RODARI:
subsídios para a elaboração de um dicionário bilíngüe
(ITALIANO - PORTUGUÊS)
Alessandra Paola Caramori
São Paulo
Livros Grátis
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12
2006
13
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SEMIÓTICA E LINGÜÍSTICA GERAL
Expressões idiomáticas em Rodari:
subsídios para a elaboração de um dicionário bilíngüe
(italiano - português)
Alessandra Paola Caramori
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Semiótica e Lingüística Geral do Departamento de Lingüística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Doutora em Letras
Orientadora Profª Drª Maria Aparecida Barbosa
São Paulo
14
2006
À Júlia, doce estrela
15
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Profª Maria Aparecida Barbosa, orientadora desta tese, pela
confiança, pelo profissionalismo, pelo apoio e pela lição de como superar os
mais difíceis obstáculos;
Às Profªs Leda Cecília Szabo e Paola Baccin pelas importantes colaborações
no exame de qualificação;
À minha mãe, esteio e força;
Aos professores e amigos queridos pelo bom êxito desta batalha;
E por fim, ao CNPq, pelo suporte financeiro.
16
Resumo
Esta tese insere-se nas áreas de Lexicologia, Lexicografia e Estudos da
Tradução e estuda as expressões idiomáticas em obras do autor italiano
Gianni Rodari e as respectivas expressões equivalentes em português. Rodari,
além de literato, foi importante jornalista e estudioso de pedagogia, tendo
recebido o Prêmio Andersen de Literatura Infantil em 1970. As expressões
equivalentes em português foram extraídas de textos em prosa de autores
brasileiros, escritos no período de 1950 até 2000, que se encontram no banco
de dados do Laboratório de Lexicografia da Faculdade de Ciências e Letras da
Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara. Nosso
objetivo foi analisar e descrever as expressões idiomáticas em Rodari, numa
perspectiva bilíngüe; coletar subsídios para a elaboração de um dicionário
bilíngüe (italiano-português) de expressões idiomáticas e contribuir para o
ensino e aprendizagem da fraseologia bilíngüe e das línguas italiana e
portuguesa, em geral.
Palavras-chave: Lexicologia, Lexicografia, Tradução, expressões idiomáticas,
Gianni Rodari, dicionário
17
Abstract
This thesis, which can be included in the fields of Lexicology, Lexicography and
Translation Studies, examines idioms in the works of the Italian writer, Gianni
Rodari and the corresponding Brazilian Portuguese idioms. Rodari was an
important journalist and educationalist and won the Andersen Prize for
Children’s Literature in 1970. These equivalent idioms were selected from a
corpus of texts written by Brazilian writers of fiction from 1950 to 2000, to be
found in the data bank of the Faculty of Sciences and Languages of the São
Paulo State University (Unesp) in Araraquara. The study aimed at examining
and describing the idioms in Rodari’s works from a bilingual perspective and
collecting data for the elaboration of an Italian-Portuguese bilingual dicionary of
idioms.
Key words: Lexicology, Lexicography, idioms, dictionary, Gianni Rodari
18
Riassunto
Questa tesi si inserice nel campo delle ricerche che riguardano la
lessicologia, la lessicografia e la traduzione. I modi di dire raccolte sono
estratte dalle opere dell’autore italiano Gianni Rodari, vincitore del premio
Andersen di letteratura per l’infanzia nel 1970 e importante giornalista e
studioso di pedagogia. La ricerca del modo di dire equivalente è stata
realizzata sulla base del materiale messo a disposizione dalla banca dati
del Laboratorio di Lessicografia della Facoltà di Scienze e Lettere di
Araraquara, Unesp (campus di Araraquara), costituito da testi della lingua
scritta in Brasile in prosa dal 1950 al 2000. Il nostro obiettivo è analizzare e
descrivere i modi di dire in Gianni Rodari in una prospettiva bilingue;
raccogliere sussidi per l’elaborazione di un dizionario bilingue (italiano-
portoghese) dei modi di dire e contribuire all’insegnamento e
all’apprendimento della fraseologia bilingue e della lingua italiana e della
lingua portoghese.
PAROLE CHIAVE: Lessicologia, Lessicografia, Traduzione, modi di dire,
dizionario, Gianni Rodari
19
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 11
2. GIANNI RODARI 16
2.1. Apresentação 17
2.2. Gianni Rodari: vida e obra 18
2.3. A linguagem fabulosa de Rodari 23
2.4.Os livros que compõem o corpus 25
2.5. O contato com o autor 27
3. ALGUNS MODELOS TEÓRICOS 29
3.1. Dicionário, vocabulário ou glossário 30
3.2. Características de dicionários segundo Haensch 33
3.2.1. Extensão da obra lexicográfica 33
3.2.2. Caráter lingüísitico ou enciclopédico 34
3.2.3. Sistema lingüístico em que se baseia a obra 34
3.2.4. Classificação da obra segundo a seleção de léxico 35
3.2.5. Número de línguas 35
3.2.6. Critério cronológico 36
3.2.7. Dicionário semasiológico 37
20
4. ESTABELECIMENTO DO CORPUS: PERCURSO
METODOLÓGICO
38
4.1. Título 39
4.2. Definição e delimitação do tema 39
4.2.1. Tema 39
4.2.2. Destinatários 40
4.2.3. Funções 40
4.3. Justificativa 41
4.4. Estabelecimento do corpus 44
4.4.1 O corpus em italiano 45
4.4.2. O corpus em português 45
4.4.3. O corpus de referência 46
4.5. Metodologia para elaboração dos verbetes 46
4.6. A ficha lexicográfica 53
4.7. O verbete
5. DICIONÁRIO BILÍNGÜE DE EXPRESSÕES
IDIOMÁTICAS EM GIANNI RODARI
62
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 139
7. BIBLIOGRAFIA 146
21
CAPÍTULO 1:
INTRODUÇÃO
22
Se queres ser universal, fala da tua aldeia.
Tolstoi
Dicionários bilíngües de expressões idiomáticas são objetos
extraordinários, pouco comuns, embora possamos imaginar que o mundo,
cada vez mais globalizado, pretenda intercambiar não só mercadorias, mas
também línguas, culturas e idiossincrasias.
Expressões idiomáticas são combinatórias de palavras de sentido pouco
ou muito opaco que dificultam, quando não as conhecemos, e iluminam,
quando deslumbramos seu sentido, a comunicação.
Um pouco na contramão dos super corpus informatizados, recolhemos
para a nossa pesquisa três obras literárias: um livro de contos Favole al
telefono, um romance C’era due volte il barone Lamberto, e uma peça teatral
Gli esami di Arlecchino, todas de Gianni Rodari, autor italiano de literatura
infantil.
Gianni Rodari, além de escritor de livros infantis, foi jornalista e
professor. Ele fazia votos de que um dia a fantasia, a imaginação e a
brincadeira tivessem seu merecido lugar na educação. Recolher as expressões
em suas obras foi uma opção prática e ideológica. Prática porque, em suas
obras, as expressões são abundantes e ideológica porque esperávamos, de
alguma maneira, despertar o interesse para as obras do autor.
23
Assim como Rodari, acreditamos que não há imobilidade no mundo que
uma pedra jogada em um lago não faça movimentar. Diz o autor:
Non diversamente una parola, gettata nella mente a caso,
produce onde di superficie e di profondità, provoca una serie infinita di
reazioni a catena, coinvolgendo nella sua caduta suoni e immagini,
analogie e ricordi, significati e sogni, in un movimento che interessa
l’esperienza e la memoria, la fantasia e l’inconscio e che è complicato
dal fatto che la stessa mente non assiste passiva alla
rappresentazione, ma vi interviene continuamente, per accettare e
respingere, collegare e censurare, costruire e distruggere1.
Se as palavras sozinhas têm o dom de despertar esta cadeia de
reações, quem dirá as palavras em movimento, as representações imagéticas
que as expressões idiomáticas possuem.
As expressões, em que pese a sua própria combinação interna, não
podem ser apresentadas isoladamente. É através dos contextos de uso que
atingimos seu significado. Por isso optamos por só trabalhar as expressões
contextualizadas.
Após a escolha do corpus em língua italiana, como desejávamos
elaborar um dicionário bilíngüe de expressões, tínhamos que encontrar
também um corpus em lingua portuguesa. Como as nossas obras eram da
literatura, buscamos um corpus de literatura. O corpus em português escolhido
1 “Da mesma forma, uma palavra, lançada à mente ao acaso, produz ondas superficiais e profundas, provoca uma série infinita de reações em cadeia, envolvendo em sua queda sons e imagens, analogias e recordações, significados e sonhos, em um movimento que envolve a experiência e a memória, a fantasia e o inconsciente e que se complica pelo fato de que a própria mente não assiste passivamente à representação, mas nela intervém continuamente, para aceitar e rejeitar, relacionar e censurar, construir e destruir.” in Rodari, G. Grammatica della fantasia. Torino, Piccola Biblioteca Einaudi, 1973, p. 7. Essa, assim como todas as citações de Rodari, são tradução nossa.
24
foi o banco de dados do Laboratório de Lexicografia da Faculdade de Ciências
e Letras de Ararquara, UNESP (campus de Araraquara), constutído de textos
da língua escrita em prosa no Brasil de 1950 até 2000, cedido pelo Prof.
Francisco Borba ao departamento de Lingüísitca da FFLCH da USP em 2000.
São textos de literatura romancesca, dramática, técnica, oratória e jornalísitica.
Para efeito de nossa pesquisa, recolhemos as expressões equivalentes em
língua portuguesa apenas nos textos de literatura romanesca (romances e
contos) e dramática. Somente no final da pesquisa para encontrarmos o
equivalente para dois verbetes, ampliamos nosso universo e utlizamos textos
jornalísticos do mesmo corpus.
Organizamos também um corpus de referência, constituído de
dicionários de língua italiana e língua portuguesa, monolíngües e bilíngües, e
dicionários de expressões idiomáticas. Todas as expressões idiomáticas em
italiano e em português foram checadas nas obras de referência. Não ficaram
de fora, as expressões não dicionarizadas, tampouco julgamos pertinente que
tal informação fizesse parte de nosso verbete.
O objetivo geral desta pesquisa é contribuir para os estudos de
Lexicologia, Lexicografia e Tradução.
Constituem objetivos específicos do trabalho:
- analisar e descrever as expressões idiomáticas em Rodari numa
perspectiva bilíngüe;
- apresentar contribuições para a elaboração de um dicionário bilíngüe
(italiano-português) de expressões idiomáticas;
- contribuir para o ensino e aprendizagem da fraseologia bilíngüe e das
línguas italiana e portuguesa, em geral.
25
No capítulo I, referente ao Universo da Pesquisa trataremos do autor
Gianni Rodari, que foi o autor escolhido como ponto de partida para nossa
pesquisa. São dele as obras de onde foram retiradas as expressões em
italiano e neste capítulo procuraremos oferecer um panorama geral de Rodari,
seu tempo e sua obra.
O capítulo II, sobre os fundamentos teóricos, discutiremos as
especificidades de nossa obra lexicográfica, em quais citérios podemos
encaixá-la.
No capítulo III, referente ao tema e à metodologia, apresentaremos os
critérios que guiaram nossas escolhas. Tratando-se de um dicionário bilíngüe,
dois corpora, um em italiano e outro, em português, foram necessários.
O capítulo IV apresenta o tratamento dado às partes do dicionário: sua
macroestrutura, a microestrutura, o sistema de remissivas, a introdução e os
anexos. Em seguida apresentamos o dicionário.
No capítulo V teceremos nossas considerações finais.
26
CAPÍTULO 2:
GIANNI RODARI
27
2.1. APRESENTAÇÃO
Gianni Rodari sapeva sbizzarrire la sua fantasia
con lo slancio più estroso e la più felice leggerezza2 Italo Calvino
Gianni Rodari foi professor primário, poeta, jornalista e escritor. Deixou
publicado até a sua morte vinte e oito livros, de contos, poesias, parlendas,
teatro e romance para crianças. Hoje seus livros publicados já passam de
quarenta: novas coletâneas de contos, parlendas e de seus escritos
pedagógicos. Seu livro mais conhecido no Brasil é A gramática da fantasia, um
ensaio teórico, em que o autor explica seu método: é através da arte (da
fábula, da poesia, da construção de histórias) que a criança, com seu enorme
poder de imaginação, aprende sobre com o mundo exterior e interage com ele.
Sua experiência como escritor apresenta um percurso original que
assume pouco a pouco os sinais da contemporaneidade, da inquietude, da
tensão moral, do protesto civil corajoso.
Através de seus personagens e de seus textos, quase sempre
carregados de humor, o autor exprime seu juízo e suas considerações em
relação às coisas do mundo e indica claramente os valores e os princípios que,
na sua opinião, deveriam nortear a sociedade e quem nela vive.
Apropriando-se de personagens históricos e de deuses mitológicos (Rei
Midas, Baco etc.), de personagens da commedia dell’arte (Pulcinella,
Arlecchino, Colombina etc.) e das fábulas (Pinóquio, Sereiazinha, etc.), seus
2 “Gianni Rodari sabia saciar a sua fantasia com o impulso mais original e a mais feliz leveza” Italo Calvino na Introdução do livro de Rodari Il gioco dei Quattro Cantoni ,1980.
28
heróis quase nunca vencem grandes batalhas, mas superam, quando possível,
suas próprias fraquezas e seus próprios medos. Esse é para Rodari o
verdadeiro heroísmo.
Na obra de Rodari o discurso educativo não assume nunca o tom de
repreensão, é sim sempre acompanhado pelo sorriso, pela “sacada” irônica,
deixando transparecer o caráter brincalhão de quem prefere “tirar um sarro” ao
invés de pronunciar julgamentos inapeláveis. E, embora ele se mostre grande
conhecedor dos problemas e das tortuosidades da nossa sociedade, seu
otimismo não esmorece, nem sua convicção de que o homem pode e deve
melhorar.
Rodari, segundo Cecilia Schwartz, tem uma visão romântica, idealista
da criança: “l’adulto è incapace di accogliere il miracolo perchè è prigioniero di
una rigidità del pensiero, mentre la mente infantile è ancora aperta e limpida,
pronta a spiccare il volo”3.
2.2. GIANNI RODARI: VIDA E OBRA
Gianni Rodari nasce em Omegna, província de Novara, na região do
Piemonte, em 23 de outubro de 1920. Em 1929, aos 9 anos, em conseqüência
da morte do pai (padeiro, morto de broncopneumonia, sete dias após ter salvo
um gato durante um temporal) transfere-se com sua mãe e seu irmão para
Garivate, província de Varese, na região da Lombardia. Omegna e Garivate
são vilarejos próximos, porém pertencem a regiões diferentes: este
deslocamento logo na primeira infância lhe permite declarar-se piemontês ou
3 “O adulto é incapaz de acolher o milagre porque é prisioneiro de uma rigidez de pensamento, enquanto a mente infantil está ainda aberta e límpida, pronta a alçar vôo.” in Schwartz, C. “Immagini della leggerezza nella narrativa di Gianni Rodari” in XV Skandinaviske romanistkongress, Olso 12-17 august 2002.
29
lombardo, ao sabor da ocasião. Em 1937, no Instituto de Magistério Manzoni
de Varese, obtém o diploma de professor primário. No ano seguinte trabalha
durante seis meses em Cascina Piano, província de Sesto Calende, como
instrutor na casa de uma família de judeus foragidos da Alemanha. Em 1938
inscreve-se na Faculdade de Letras da Universidade Católica de Milão, mas,
depois de algumas provas, abandona o curso. Durante o ano escolar de 1939-
1940 dá aulas. Quando a Itália entra na Guerra, é dispensado por motivo de
saúde.
Em 1941 passa em um concurso para professor em Uboldo (Saronno) e
é assim que ele descreve, em seu livro Grammatica della Fantasia, esse
período:
Io allora, ripartiti i miei ebrei in cerca di un’altra patria,
insegnavo nelle scuole elementari. Dovevo essere um pessimo
maestro, mal preparato al suo lavoro e avevo in mente di tutto, dalla
linguistica indo-europea al marxismo …; avevo in mente di tutto fuor
che la scuola. Forse, però, non sono stato un maestro noioso.
Raccontavo ai bambini, un po’ per simpatia un po’ per voglia di
giocare, storie senza il minimo riferimento alla realtà né al
buonsenso, che inventavo servendomi delle ‘tecniche’ promosse e
insieme deprecate da Breton4.
Em 1943 é chamado a servir o exército e mandado ao Hospital de Baggio
em Milão. É quando se aproxima de militantes comunistas e no ano seguinte,
logo após ter se filiado ao PCI (Partido Comunista Italiano), entra na
4 “Eu, ao partirem os meus judeus à procura de uma nova pátria, dava aulas na escola primária. Devia ser um péssimo professor, pouco preparado para o trabalho, com a cabeça repleta de idéias que iam da lingüística indo-européia ao marxismo (…), eu tinha a cabeça repleta de idéias, exceto daquelas relacionadas à escola. Todavia, acho que não fui um professor maçante. Contava às crianças, um pouco por simpatia, um pouco pelo prazer da brincadeira, estórias sem a mínima referência à realidade ou ao bom senso, estórias que
30
clandestinidade. Começa a sua atividade como jornalista e escritor durante os
anos da liberazione italiana: durante dois anos dirige L’Ordine Nuovo, revista
da Federação comunista de Varese, depois passa à redação do jornal L’Unitá
em Milão. De 1948 a 1950, dedica-se a produções infantis jornalísticas (“La
Domenica dei Piccoli”, “Il Novellino del Giovedí”, “Il libro dei perché”, “La posta
dei perché”), e literárias (Il libro delle filastrocche, Il treno delle filastrocche, Il
romanzo da Cipollino e Il viaggio della Freccia Azzurra). Em 1950, transfere-se
para Roma para dirigir a revista infantil Pioniere.
Rodari começa, então, a escrever histórias para crianças e não para
jovens. E é categórico a esse respeito quando diz “i ragazzi è giusto che
leggano Tolstói, Primo Levi o Ho Chi Min; che nuotino nel mare grande, senza
salvagente”5. Seus primeiros contos são escritos atendendo a pedido de seus
leitores (mirins e adultos). A complexidade surge pela peculiaridade de seus
leitores:
Non scrivevo per bambini qualunque, ma per bambini che avevano
tra le mani un quotidiano politico. Era quasi obbligatorio trattarli
diversamente da come prescrivevano le regole della letteratura per
l’infazia, parlare con loro delle cose d’ogni giorno, del disoccupato,
dei morti di Modena, del mondo vero, non di um mondo, anzi, di um
mini-mondo di convenzione6.
inventava servindo-me das ‘técnicas’ inventadas e, ao mesmo tempo, desdenhadas por Breton” in Rodari, G., op. cit. p. 3-4. 5 “(...) o certo é que os jovens leiam Tolstoi, Primo Levi e Ho Chi Min; que nadem em alto-mar, sem bóias salva-vidas…” in Rodari, G. Favole al telefono, Turim, Einaudi, 1989, p. 152
6 “Não escrevia para qualquer tipo de criança, mas para crianças que tinham nas mãos um jornal político. Era quase obrigatório que as tratasse de modo diferente de como prescreviam as regras da literatura infantil, falasse com elas das coisas do dia-a-dia, do desempregado, dos mortos de Modena, do mundo de verdade, não de um mundo, ou melhor, de um mini-mundo de convenções.” In Rodari, G., op. cit., p. 153.
31
Em dezembro de 1958, Rodari começa a trabalhar no Paese Sera onde
permancerá até sua morte. Essa mudança de jornal, coincidirá com o
ampliamento de seu público, que deixa de ser quase exclusivamente “de
esquerda. Em 1959 passa a colaborar em La Via Migliore (onde permanece
até 1976;. em 1960, a editora Einaudi publica Filastrocche in cielo e in terra) e,
no ano seguinte, começa a escrever no histórico Corriere dei Piccoli, onde fica
até 1977. La Via Migliore e esta, ambas publicações ligadas ao establishment.
A primeira editada pela associação Casse di Risparmio Italiane e distribuída
em todas as escolas italianas, gratuitamente, com a altíssima tiragem de
800.000 cópias. Corriere dei Piccoli era destinada às crianças da classe média.
Em 1962, saem, também pela Einaudi, Favole al telefono e Il pianeta
degli alberi di Natale, enquanto a editora Mursia publica a “fábula em órbita”
Gip nel televisore. A notoriedade di Rodari passa a ser reconhecida também
pela crítica tendo recebido em 1965, o prêmio Antonio Rubino do Lions Club
de Sanremo. Em 1970, recebe o prêmio Andersen, “Nobel” da literatura infantil,
que lhe traz grande prestígio, mas nenhum dinheiro.
Nestes anos dedica-se também à reflexão crítica sobre temas
pedagógicos, psicológicos e de política escolar. Em 1968 começa a dirigir “Il
Giornale dei Genitori”, onde já era colaborador, e em 1970 cria no “Paese
Sera” a seção “Dialoghi con i genitori”. Participa de encontros abertos com
professores e, em 1973, a partir dos Incontri con la Fantasia, desenvolvidos
como curso de aperfeiçoamento na cidade de Reggio Emilia, surge a sua
Grammatica della fantasia7. Esta obra funciona até hoje como uma bíblia das
idéias rodarianas, não porque nela o autor tenha a pretensão de fundar uma
“fantástica”, uma ciência com todos os preceitos e pronta para ser ensinada na
escola, mas, como traz o subtítulo introduzione all’arte di inventare storie, o
7 Rodari, G., Grammatica della fantasia. Introduzione all’arte di inventare storie. Turim, Piccola Biblioteca, Einaudi, 1973.
32
que se apresentam são técnicas; ou melhor, a arte de inventar histórias para
crianças e de ajudá-las a inventar as suas próprias histórias.
Quello che io sto facendo è di ricercare le ‘costanti’ dei
meccanismi fantastici, le leggi non ancora approfondite
dell'invenzione, per renderne l'uso accessibile a tutti. Insisto nel dire
che, sebbene il Romanticismo l'abbia circondato di mistero e gli
abbia creato attorno una specie di culto, il processo creativo è insito
nella natura umana ed è quindi, con tutto quel che ne consegue di
felicità di esprimersi e di giocare con la fantasia, alla portata di tutti.8
Rodari termina o Antefatto (Preâmbulo) de sua obra com a seguinte
súplica:
Io spero che il libretto possa essere ugualmente utile a chi
crede nella necessità che l’immaginazione abbia il suo posto
nell’educazione, a chi ha fiducia nella creatività infantile; a chi sa
quale valore di liberazione possa avere la parola. ‘Tutti gli usi della
parola a tutti mi sembra un buon motto, dal bel suono democratico.
Non perché tutti siano artisti, ma perché nessuno sia schiavo.9
Os anos 70 são para Rodari anos de profunda reflexão sobre a
educação e de pouca produção literária. Desenvolve na cidade de La Spezia,
junto com Emanuele Luzzati (também grande ilustrador de seus livros), o
8 “O que eu estou fazendo é procurar as ‘constantes’ dos mecanismos fantásticos, as leis ainda não aprofundadas da invenção, para torná-las acessíveis a todos. Insisto em dizer que, ainda que o Romantismo o tenha circundado de mistéio e tenha criado ao seu redor uma espécie de aura, o processo criativo é ínsito na natureza humana, com tudo o que ele acarreta de felicidade de expressão e de brincadeira com a fantasia e está, portanto, ao alcance de todos” , id.ibid, p. 20 9 “Eu espero que esse livrinho possa ser útil também para quem acredita na necessidade da imaginação ter o seu lugar na educação, para quem confia na criatividade infantil, para quem conhece o valor de libertação da palavra.‘Todos os usos da palavra para todos’ parece-me um
33
projeto “Teatro Aperto 74”, que se conclui em 1977 com a estréia de La storia
di tutte le storie, com o envolvimento de toda a cidade na criação e direção do
espetáculo. Em 1978 e em 1979 faz viagens à Bulgária e à Rússia, e, durante
o tempo que está na Itália, participa de encontros com grupos de alunos da
escola fundamental no Istituto dei Maristi di Giugliano (Nápoles) e da escola
Cassano de Bitonto, deixando abertas inúmeras perspectivas de trabalho que
desembocarão, mesmo depois de sua morte, em publicações de grande
importância.
Em 1980 os distúrbios circulatórios, que freqüentemente lhe impedem o
movimento completo da perna esquerda, obrigam-no à internação e à
intervenção cirúrgica para liberar uma veia oclusa. Morre em Roma em 14 de
abril desse mesmo ano de colapso cardíaco. Da sua morte até hoje seu nome
continua a ser um ponto de referência tanto para produção infantil quanto para
crítica. Recentes iniciativas editoriais da Einaudi Ragazzi de Turim e da Editori
Riuniti de Roma propuseram uma nova roupagem editorial e novas ilustrações
para suas obras.
2.3. A LINGUAGEM FABULOSA DE RODARI
Luigi Malerba, na introdução à obra Favole al telefono10 de Rodari,
apresenta a hipótese de que a primeira narrativa que os homens, sentados nas
cavernas, reuniram-se para contar e escutar, foi certamente a de uma fábula.
Conforme a civilização foi ficando adulta, as fábulas foram sendo adaptadas,
enriquecidas, corrigidas aos novos tempos e às exigências de seus ouvintes,
até que o progresso, com sua rede de interdições sociais e de repressões
bom mote, que soa bem democrático. Não porque todos sejam artistas, mas para que ninguém seja escravo.” Id.ibid., p.6. 10 Malerba, L. in Rodari, G. Favole al telefono. Torino, Einaudi, 1989.
34
individuais, censurou-as. Mas é claro, ele argumenta, existe alguma coisa que
escapa ao controle, algo de feitiçaria no contador de fábulas, que fez com que
as autoridades sem fantasia suspeitassem dele.
E Rodari, continua Malerba, “é um escritor que sabe, como poucos,
manobrar a máquina misteriosa para a confecção de uma fábula” pois “possui
o vício de olhar o mundo inteiro como se fosse uma fábula.” O melhor é a
generosidade que o narrador tem em dividir com o leitor a imensa alegria que
sente em inventá-las.
Os procedimentos de Rodari são múltiplos, surpreendem pela
variedade, ele é um grande ilusionista, conhece todos os truques, dos mais
simples aos mais sofisticados para surpreender o leitor, que ao ser pego de
surpresa fica imóvel sem saber onde está e o que está acontecendo ao seu
redor, envolvido em um jogo em que as regras mudam a cada momento.
Seus personagens são tirados do quotidiano: pedreiros, pescadores,
soldados, motoristas de ônibus, etc., mas, depois de algumas linhas,
“enlouquecem”, como se o autor perdesse o controle sobre eles. É exatamente
nessa passagem, ao “sair dos trilhos” do previsível, que a crônica torna-se
fábula. O mesmo acontece com suas expressões idiomáticas e provérbios,
que, ao ser modificados ou tomados ao pé da letra, criam o riso.
Todos os seus livros vão tratar, recheados sempre de muito humor, da
criança, das relações humanas, das regras sociais, etc. E, em todos eles, a
linguagem figurada tem importância fundamental, é como a pitada mágica que
faz da simples brincadeira um sonho, e é, muitas vezes, através dela, que o
autor constrói seu universo fantástico: alterando provérbios (due capelli non
fanno primavera no lugar de una rondine non fa primavera), encompridando
expressões (guadagnare il pane e le caramelle no lugar de guadagnare il
pane), literalizando outras (prendere per il naso que tem o sentido de tirar um
35
sarro, mas que aparece como pegar, literalmente, pelo nariz). Sabe-se que as
crianças são propensas a tomar as expressões idiomáticas ao pé da letra.
2.4. OS LIVROS QUE COMPÕEM O CORPUS
Os livros de Gianni Rodari, que constituirão o corpus em língua italiana
de nossa pesquisa, são, em ordem cronológica de publicação: A- obras em
prosa: Favole al telefono (contos) e C’era due volte il barone Lamberto ovvero I
misteri dell’isola di San Giulio (romance), B- obra teatral: Gli esami di
Arlecchino.
FAVOLE AL TELEFONO
Publicado pela primeira vez em 1962, é um dos livros mais amados do
autor. Já foi traduzido e publicado na Alemanha, Espanha, Portugal,
Macedônia, Lituânia, Grécia, Bósnia, Hungria, Suécia e Coréia. São histórias
cujo mote inicial são erros de ortografia, jogos de palavras ou pequenos
absurdos (a mulher que conta os espirros, o menino que perde parte de seu
corpo pela rua, ou o senhor que compra a cidade de Estocolmo). São contos
curtos porque, como apresenta o narrador no prólogo, são contados por um
pai caixeiro viajante, pelo telefone, à sua filha para que ela adormeça. E é ele
quem paga, do seu bolso, cada telefonema.
Em muitos contos desse livro, o mundo da magia encontra-se em crise.
O protagonista do “Il mago delle comete”, como não consegue fazer com que
as pessoas comprem seus cometas é obrigado, para poder sobreviver, a
transformar sua fantástica máquina em uma “cacciotella toscana” (queijo da
toscana). Em “Il re che doveva morire”, o rei consulta o último mago da corte,
um velho excêntrico em quem ninguém confia, para saber como escapar da
morte. O mago lhe dá a solução, mas ele não a acata e morre, demonstrando
36
a autonomia e soberba do homem diante das soluções mágicas. Quando em
“Il semaro blu”, o semáforo da cidade de Milão começa a piscar um sinal azul
(ao invés dos habituais vermelho, amarelo e verde), as pessoas não entendem
que está sendo sinalizada uma passagem aberta para o céu. A missão do
semáforo fracassa porque não se esperam milagres do mundo urbano e
tecnológico.
C’ERA DUE VOLTE IL BARONE LAMBERTO
Publicado pela primeira vez em 1978, é a história do barão Lamberto,
de 93 anos, que vive em seu castelo na Ilha de San Giulio. Ele é muito rico,
possui 24 bancos espalhados pelo mundo: Itália, Suíça, Hong Kong,
Cingapura, etc. Tem, também, 24 doenças: asma, arteriosclerose, artrite,
artrose, etc, e só o seu mordomo Anselmo conhece-as perfeitamente e sabe
como tratá-las. Após uma viagem à Índia, o barão toma conhecimento de um
sistema mágico e misterioso de rejuvenescimento. De volta ao seu castelo,
contrata seis pessoas que se revezam e repetem dia e noite o nome do barão.
“Lamberto, Lamberto, Lamberto”. E a magia funciona. “O homem cujo nome é
pronunciado vive para sempre”, diz o bruxo que lhe ensinou a feitiçaria. Seu
sobrinho Ottavio, único herdeiro do barão, ávido pela sua herança, sente-se
traído pela súbita melhora do tio e faz de tudo para matá-lo. É, então, que
chegam à ilha vinte e quatro bandidos que cercam a ilha e exigem um alto
resgate para libertar o barão. A história tem um final feliz com o barão são,
salvo e muito jovem.
GLI ESAMI DI ARLECCHINO
Os personagens da peça teatral Gli esami di Arlecchino saíram todos da
commedia dell’arte: Arlecchino, Pulcinella, Colombina, professor Balanzone,
37
doutor Dulcamara, Stenterello, Pantalone. Para conseguirem passar de ano
sem estudar, Arlecchino, Pulcinella e Colombina recorrem ao pó mágico
Sotuttomé do dottor Dulcamara. Como o doutor não passa de um magnífico
charlatão, acabam todos reprovados e sem seus livros, que haviam trocado
pelo milagroso pó.
2.5. O CONTATO COM O AUTOR
Conhecemos Gianni Rodari por uma poesia chamada Una scuola
grande come il mondo, encontrada em um livro didático de língua italiana. O
texto é simples e comovente. Nessa escola, grande como o mundo, todos
ensinam: professores, advogados, pedreiros, televisores, jornais, placas de
ruas, nunca se pára de aprender e o que não se sabe é sempre mais
importante do que aquilo que se sabe.
A adaptação dos contos de seu livro Favole al telefono para a forma de
esquetes com alunos de italiano como língua estrangeira trouxe-nos valiosos
frutos. Com o texto de La passeggiata di un distratto fizemos uma montagem
de teatro de bonecos de vara com crianças de 7 a 10 anos, estudantes do
Externato São José no bairro de Santa Cecília em São Paulo. Com Le scimmie
in viaggio e A comprare la città di Stoccolma foram feitas pequenas esquetes
apresentadas durante a festa de fim de ano dos cursos de italiano para
principiantes da área de italiano da FFLCH da USP. Outros contos do mesmo
livro serviram como base do material por nós trabalhado durante as aulas que
ministramos no curso de aperfeiçoamento para professores de língua italiana
da rede estadual de ensino. Curso este organizado pelos docentes da USP.
A obra de Rodari é escrita para crianças, portanto faz uso de um léxico
e de uma estrutura gramatical bem compatível com a do estudante principiante
de língua italiana como língua estrangeira (L2). A estrutura da fábula, com
38
suas simetrias óbvias (o herói, o impedimento, a luta, o final feliz), é simples e
divertida .
Parece-nos incrível que a obra de Rodari, que já foi traduzida em mais
de trinta idiomas (do francês ao kabardino-balkarico, do russo ao chinês, do
alemão ao jakuto), tenha sido tão pouco traduzida e publicada no Brasil, onde
a língua e a cultura italiana fincaram suas raízes, e possuem tantos estudiosos
e apaixonados. Só conhecemos até o momento a Gramática da Fantasia,
traduzida por Antonio Negrini, e publicada pela Summus em 1982, o romance
Era duas vezes o barão Lamberto, traduzido por Maria Suzette Casellato e
publicado pela Martins Fontes em 1992 e O livro dos porquês, traduzido por
Liliana Iacocca e Michele Iacocca e publicado pela Ática em 2000. Há também
em português Histórias ao telefone, com apenas 34 dos 70 contos da obra
original, traduzido por Maria de Assunção Santos, publicado em Portugal, em
1987, pela Editora Teorema.
Não esqueçamos o fato de que a literatura infantil é hoje no Brasil e, em
todo o mundo, um campo promissor do mercado editorial.
Por hora, esperamos que, no decorrer de nosso trabalho, um pouco da
alegria das histórias de Rodari transborde e possa ser compartilhada.
Pegamos emprestadas as palavras de Malerba, para lhes desejar boa viagem:
Rodari, insieme alla folla dei suoi personaggetti, sarà un
ottimo compagno di viaggio, inesausto interprete di tutti i sogni e i
fantasmi e le fantasie che percorrono la nostra mente quando tenta
di sfuggire alle oppressioni elettrodomestiche, agli incubi
metropolitani, alla violenza che ci minaccia dal cielo11.
11 “Rodari, com sua multidão de pequenos personagens, será um ótimo companheiro de viagem, intérprete incansável de todos os sonhos e fantasmas e fantasias que percorrem nossa mente quando tenta escapar das opressões eletrodomésticas, dos pesadelos metropolitanos, da violência que nos ameaça do céu.” in Malerba, L. op.cit.
39
CAPÍTULO 3:
ALGUNS MODELOS TEÓRICOS
40
3.1. DICIONÁRIO, VOCABULÁRIO OU GLOSSÁRIO
Quanto à complexidade terminológica das obras lexicográficas
(dicionário, vocabulário, glossário), diz Haensch12, ela é muito antiga e “se
deve al uso arbitrario de estas denominaciones por parte de los distintos
autores o casas editoriales y, hasta cierto punto, también, a modas de las
distintas épocas”.
“Ainda nos tempos atuais, persiste a pluralidade de denominações de
um mesmo conceito de obra lexicográfica e, inversamente, pluralidade de
conceitos para uma mesma denominação” pois “não se tem muita clareza,
quanto às fronteiras conceptuais, denominativas, definicionais dos tipos
desses textos”. conclui Barbosa13.
Embora as pesquisas das ciências das palavras estejam em estágio
avançado e os organismos e obras de normalização terminológica em
diferentes países sejam numerosos, não se conseguiu assegurar, afirma a
mesma autora14, uma terminologia da Terminologia uniforme e consensual.
Em termos gerais: um dicionário de língua procura ser o mais
abrangente possível e apresenta suas unidades lexicais nas mais diferentes
acepções, o vocabulário busca ser representativo de um universo de discurso
e o glossário, por sua vez, pretende representar a situação lexical de um único
texto manifestado.
12 Haensch, G. et all. La lexicografia. De la lingüística teórica a la lexicografia práctica. Madrid, Gredos, 1982. 13 Barbosa, M.A. “Dicionário, Vocabulário, Glossáro: Concepções” in Revista do CITRAT. São Paulo, FFLCH/USP, 1982, p. 2-3 14 Barbosa, M. A. “Da Neologia à neologia na literatura” in As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia e terminolgia. Campo Grande, UFMS, 2001, p. 26.
41
Vejamos, agora, como alguns autores classificam as obras
lexicográficas. Começemos pelos conceitos de Boutin-Quesnel15:
3.1.1. dictionnaire Répertoire d’unités lexicales qui contient des informations de
nature sémantique, notionnelle, référentielle, grammaticale ou phonétique.
3.1.1.1. dictionnaire de langue. Dictionanire qui contient des informations
sémantique, grammaticales et phonétiques sur les unités lexicales d’une
langue.
(....)
3.1.1.1.3 dictionnaire spécial Dictionnaire de langue qui décrit des unités
lexicales sélectionnées pour certains leurs caractéristiques. Ex: dictionnaire de
synonymes; dictionnaire d’argot; dictionnaire phonétique.
(…)
3.1.4. glossaire Répertoire qui définit ou explique des termes anciens, rares ou
mal connus.
De acordo com Boutin-Quesnel, o nosso dicionário, por apresentar
unidades lexicais específicas, ou seja expressões idiomáticas, estaria
qualificado como dicionário especial.
Vejamos, então, o que Maria de Lourdes Crispim16 diz:
“Distingue-se, no entanto, o glossário de um dicionário geral ou de um
dicionário especializado (áreas científicas, de actividade, etc) por uma
caracterísitica que o torna, simultaneamente, instrumento auxiliar de uma mais
clara compreensão do texto e fonte de conhecimento de um estado de língua
diferente: as unidades que o lexicógrafo seleciona e as informações
15 Boutin-Quesnel, R et al . Vocabulaire systématique de la terminologie. Québec, Publications du Québec – Chiers de l’Office de la Langue Française, 1985. 16 Crispim, M. L. “O léxico de Christine de Pisan” in Colóquio de Lexicologia e Lexicografia. Actas, Lisboa, Universidade de Lisboa, 1990.
42
gramaticais e semânticas que sobre elas são fornecidas dizem respeito a um
corpus, exteriormente delimitado, que funciona como discurso individual, como
exemplo de um acto de fala produzido num dado tempo e lugar. Nesta
perspectiva, um glossário será “dicionário de discurso” e não “dicionário de
língua””.
Nosso trabalho, partindo do conceito de glossário de Crispim, auxilia a
compreensão da linguagem rodariana e temos um corpus, ou melhor dois
corpora, exteriormente delimitados, mas não poderia ser classificado como
glossário por dois motivos.
O primeiro, como diz Barbosa17: “uma obra que reúne os vários
empregos, ou seja, as várias palavras-ocorrências de um mesmo vocábulo,
muito embora sejam essas ocorrências levantadas em único texto é, de certa
maneira, um vocabulário. Se quisermos um exemplo de palavra-ocorrência
stricto sensu, temos de apresentá-la no contexto definido e exclusivo de uma
única atualização.”
Relações muito específicas da fraseologia de Rodari, bem como
objetivos particulares deste trabalho, levaram-nos a optar pela denominação
dicionário. Assim sendo, se a nossa obra fosse um glossário, teria que
apresentar uma entrada para cada expressão manifesta. Expressão manifesta
que seria definida e a ela dado um equivalente. As relações entre as
expressões idiomáticas de Rodari e as equivalente em português não se
encaixam neste tipo de relação. O que constatamos foi uma relação mais
complexa, expressões com vários parassinônimos: dare retta, tenere d’occhio,
strizzare l’occhio, etc todas elas com uma só definição e uma só forma
equivalente.
O segundo motivo é que, como nos propusemos a trabalhar em uma
perspectiva bilíngue, de bidirecionalidade, ou seja, todas as informações
43
relativas às expressões em italiano constam também daquelas em português,
então a definição da expressão não visa apenas esclarecer seu sentido
manifesto, mas deve ser compatível com a escolha do equivalente.
Outra possibilidade, fora da tríade: dicionário/ vocabulário/ glossário era
denominar nossa obra de “A fraseologia em obras de Gianni Rodari”, tendo
como modelo o trabalho de Pereira da Silva “A fraseologia nas crônicas de
Carlos Drummond de Andrade” 18. Diz o autor que os objetivos do seu trabalho
são: “facilitar o trabalho de quem for estudar melhor o tratamento literário que
Drummond dá as frases feitas, alertar os escritores para o aproveitamento de
nossa fraseologia em seus trabalhos e contribuir para a elaboração de um
dicionário básico da língua portuguesa.” Não são muito diversos os nossos
objetivos: fazer conhecer as expressões de Rodari e apresentar subsídios para
a elaboração de um dicionário de expressões idiomáticas. Mas nossa
perspectiva bilíngüe (de biredicionalidade) diferencia nosso trabalho daquele
de Pereira da Silva.
A nossa escolha, portanto, para o termo dicionário, seguindo os
preceitos de Barbosa19, está em seu sentido arquilexemático, como termo
neutralizador, que serve a todo e qualquer repertório de unidade lexical.
3.2. CARACTERÍSTICAS DE DICIONÁRIOS SEGUNDO HAENSCH
Seguindo os critérios de Haensch, nosso dicionário possui as
seguintes características:
3.2.1. Extensão da obra lexicográfica:
17 Barbosa, M. A. op. cit, p. 27. 18 Silva, J.P. Ensaios de Fraseologia. Rio de Janeiro, CiFEFil/ DIALOGARTS, 1999. 19 Barbosa, M.A. “Dicionário, Vocabulário, Glossáro: Concepções” in Revista do CITRAT. São Paulo, FFLCH/USP, 1996, p. 7.
44
Nosso dicionário é composto de um corpo central e três anexos.
O corpo central contém 120 verbetes: 120 entradas que equivalem a
120 expressões idiomáticas em italiano e 103 expressões equivalentes
em português. As expressões em português são em menor número
porque todas as expressões sinônimas ou variantes em italiano
possuem apenas uma expressão equivalente em português. Para
ampliar a circularidade própria da obra lexicográfica e garantir a
bidirecionalidade, específica de nosso dicionário, estabelecemos o
sistema de anexos. No anexo 1, o usuário encontrará as expressões em
italiano, só que agora ordenadas pela primeira letra. No anexo 2, estão
as expressões em português, ordenadas pelo núcleo. No anexo 3,
encontram-se as expressões em português, a partir da primeira letra.
Nos três anexos, as expressões vêm seguidas da numeração do
verbete onde se encontram no corpo central.
3.2.2. Caráter lingüístico ou enciclopédico:
É um dicionário de caráter eminentemente lingüístico porque é
sobre a língua, e não sobre o mundo extralingüístico, que ele se
debruça.
3.2.3. Sistema lingüístico em que se baseia a obra lexicografia:
O dicionário de usos é aquele que tem como objetivo principal
captar o signo em ação. Consideramos que as expressões, em que já
pese a sua própria combinatória interna, não podem ser apresentadas
isoladamente. É através dos contextos de uso que apreendemos seu
sentido. Como dicionário bilíngue (e não de equivalências) pretendemos
apresentar equilíbrio e coerência entre as duas línguas.
45
Diz Alice Ferreira em sua tese: “As línguas tem meios diferentes
para conceber a realidade e convertê-las em signo: uma pode explorar
um procedimento morfológico, outra um meio sintático; uma explicita,
outra guarda uma parte implícita. E o produto final de ambas parece ser
o mesmo. O objetivo do dicionário não é destacar uma diferença na
visão do mundo, mas sim, fornecer correspondentes que possam (e
devem), vocabularmente, permitir a comunicação20”.
3.2.4. Classificação da obra lexicográfica segundo a seleção de léxico que
registra:
Não se trata de um dicionário de língua de especialidade
(medicina, engenharia, informática), mas fizemos um recorte da língua
geral e sistematizamos apenas as expressões idiomáticas.
As expressões, tanto em italiano quanto em português, aparecem
lematizadas pelo núcleo. Consideramos núcleo da expressão o primeiro
substantivo que nela aparece. Não havendo substantivo, a ordem de
prioridade para a lematização é adjetivo, verbo, pronome e advérbio. A
numeração dos verbetes segue a ordem alfabética dos lemas em
italiano. Para a recuperação das expressões em português, há, no final
da obra, o anexo 2, onde elas aparecem lematizadas e ordenadas
alfabeticamente pelo núcleo e o anexo 3, onde estão elencadas a partir
da primeira letra, acompanhadas nos dois casos pela numeração do
verbete.
3.2.5. Número de línguas:
20 FERREIRA, A.M de A. Para um vocabulário Fundamental da Obra de Milton Santos (com. equivalência em francês), p. 105
46
É um dicionário bilíngue, e não um dicionário de equivalências
pois todas as informações apresentadas em língua italiana (expressão
idiomática, definição, contextualização e equivalência) também
aparecem em língua portuguesa.
Diz Alice Ferreira, em sua tese Para un Vocabulário Fundamental
da Obra de Milton Santos (com equivalência em francês)21, que a
biderecionalidade é uma condição sine qua non para os dicionários
bilíngües, que devem colocar em contato duas línguas dando a elas
igual tratamento e igual prestígio. Se esse equilíbrio não acontece, diz a
autora, a bipartição fica comprometida.
3.2.6. Critério cronológico:
Nosso dicionário é sincrônico porque faz um recorte temporal e
apresenta registros de um determinado período. Muito embora as obras
do corpus em italiano tenham sido publicadas em datas diferentes:1962,
1978, 1987, e as obras do corpus em lingua portuguesa do Brasil
tenham sido publicadas durante toda a metade do século XX, não
pretendemos fazer uma análise diacrônica das expressões,
apresentando sua evolução no tempo.
Um exame minucioso das expressões em italiano e em
português, comparando semelhanças e diferenças nos faria chegar,
muitas vezes, a uma expressão latina que as precedeu, mas não é esse
o objetivo de nosso trabalho.
21 Ferreira, A.M de A., op. cit., p. 107.
47
3.2.7. Dicionário semasiológico
As expressões são lematizadas por seus significantes. Nos
anexos, também, o critério utilizado foi o mesmo.
48
CAPÍTULO 4:
ESTABELECIMENTO DO CORPUS:
PERCURSO METODOLÓGICO
49
4.1. Título
Expressões idiomáticas em Rodari: subsídios para a elaboração de um
dicionário bilíngüe (italiano – português)
4.2. Definição e delimitação do tema
4.2.1. O tema
O nosso é um dicionário bilíngüe de expressões idiomáticas.
Consideramos expressão idiomática a combinatória fixa de palavras que
não possui autonomia frástica completa (que os provérbios, por
exemplo, têm), e na qual a somatória do significado de cada palavra
não corresponde ao sentido do todo.
A partir de Borba22, para quem o dicionário de usos é aquele que
se preocupa em registrar o uso efetivo do sistema lingüístico, num
período e local bem determinados, e que o torna, em vários aspectos,
diferente de outras obras do gênero, este nosso trabalho pode ser
assim definido.
Esclarecemos, todavia, que não pretendemos com isso
apresentar um guia de uso de expressões idiomáticas, na medida em
que não prescrevemos, mas sim descrevemos as expressões.
22 BORBA, F. Dicionário de usos do português do Brasil. Ática, São Paulo, 2002, pag. V.
50
4.2.2. Os destinatários
Estudantes, professores, tradutores, pesquisadores e
interessados nas línguas italiana e portuguesa em geral, e em
expressões idiomáticas, especificamente.
4.2.3. As funções
Optamos por descrever todas as expressões levantadas, sem
priorizar as expressões normatizadas. Apesar disso, todas as
expressões foram checadas nos dicionários de nosso corpus de
referência. Constatou-se em tais obras, principalmente nas de língua
portuguesa, uma grande irregularidade nos critérios de seleção das
expressões. Câmara Cascudo, por exemplo, inicia o prefácio da 1ª
edição de 1970 de Locuções Tradicionais no Brasil com a seguinte
frase: “Todas as locuções reunidas neste livro foram ouvidas por mim23”.
Os dicionários bilíngües de língua geral apresentam as expressões
distribuídas de maneira não uniforme (alguns verbetes apresentam
muitas, outros, muito poucas). Por esta razão, embora constasse na
nossa ficha lexicográfica a informação: expressão dicionarizada (ED) ou
expressão não dicionarizada (END), optamos por desconsiderá-la para
efeito de elaboração do verbete.
Consideramos, entretanto, pertinente apresentar notas
explicativas nos verbetes para as expressões remotivadas (que
51
alteraram seu núcleo) e para as expressões modificadas (que alteraram
algum elemento que não o núcleo).
4.3. Justificativa
As expressões idiomáticas, assim como os provérbios, os ditos,
os refrãos, exercem grande fascínio nos estudiosos e curiosos de suas
próprias línguas ou de línguas estrangeiras.
Justifica-se a escolha do tema por não existirem dicionários de
expressões idiomáticas bilíngües cuja língua de partida é o italiano e a
de chegada, o português. O dicionário É o bicho: é bestiale –
Dicionários de Expressões Idiomáticas no Domínio dos Animais com
Equivalências em Italiano e Respectivas Listas Temáticas24 tem como
língua de partida o português. Existe também um dicionário de
expressões idiomáticas e/ou metafóricas do português (contemporâneo)
do Brasil, que é fruto do trabalho de doutoramento de Marcelo Félix
Conti25. Suas expressões foram recolhidas de contextos autênticos
(jornais e revistas). Trata-se, porém, de um dicionário português
monolíngüe.
23 Cascudo, L. C. Locuções Tradicionais no Brasil. Rio de Janeiro, Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, 1977, p. 12. 24 Caramori, A. P. É o bicho: é bestiale – Dicionários de Expressões Idiomáticas no Domínio dos Animais com Equivalências em Italiano e Respectivas Listas Temáticas. Dissertação de mestrado. FFLCH/USP. São Paulo, 2000. 25 Conti, M. F. Para um dicionário das expressões idiomáticas e/ou metafóricas do português (contemporâneo) do Brasil. Tese de doutoramento. FFLCH/USP. São Paulo, 2003.
52
Por outro lado, os dicionários bilíngües italiano-português e
português-italiano, quando registram as expressões idiomáticas, não
facilitam sua recuperação, uma vez que estas estão inseridas no interior
de um verbete onde se confundem com várias outras informações.
Considerando que hoje a tarefa do lexicógrafo não é apenas
confeccionar dicionários, ou seja, a lexicografia não compreende
somente a arte e a técnica de fazer dicionários, muitos autores
começam a empregar termos tais como teoria lexicográfica, lexicografia
teórica ou metalexicografia para designar o componente teórico da
lexicografia, que se distingue tanto da prática concreta da confecção de
dicionários, quanto da lexicologia, que tem objetivos e métodos
distintos.
Dolores Azorín Fernández, em seu texto “La lexicografía como
disciplina lingüística”, afirma que
los avances que ha experimentado la lexicografía en las dos
últimas décadas del siglo XX impidem que se la considere como
una tarea meramente práctica, subsidiaria de la lexicología, sino
que, como una disciplina más que es de la lingüística aplicada,
comprende la actividad práctica de la recolección y selección del
material léxico y la redacción de repertorios lexicográficos,
fundamentalmente diccionarios; pero también la teoria general que
orienta el trabajo práctico y todo un inmenso caudal de
investigaciones que tienen por objeto al diccionario.26
26 Fernandéz, D.A. “La lexicografía como disciplina lingüísitica” in Guerra, A.M.M. Lexicografía Espanõla. Ariel, 2003, p.38.
53
Uma breve análise dos dicionários bilíngües mais prestigiados e
utilizados no Brasil comprova como as expressões possuem, nessas
obras tratamento irregular.
O que observamos no Dicionário Completo Italiano-Português
(Brasileiro) e Português (Brasileiro)-Italiano de Spinelli-Casasanta é a
falta de uniformidade com relação às expressões. Por exemplo, no
verbete Occhio do volume Italiano-Português (volume I), a expressão
chiudere gli occhi é traduzida como morrer e a expressão gettare
polvere negli occhi como iludir. Já no volume Português-Italiano (volume
II), no verbete Olho, a expressão fechar os olhos é seguida da
expressão “chiudere gli occhi, far finta di non vedere” e a expressão
deitar poeira nos olhos tem o equivalente “gettar polvere negli occhi”. A
expressão chiudere gli occhi pode significar dormir, fingir não ver ou
morrer, assim como a expressão em português fechar os olhos. O
volume I usou só o sentido de morrer e não colocou a expressão
equivalente. O volume II usou a expressão chiudere gli occhi como
equivalente de fechar os olhos, mas ao acrescentar “far finta di non
vedere” restringiu a apenas uma das acepções da expressão. A
expressão gettare polvere negli occhi, no volume I, vem definida como
iludir (não apresenta a expressão equivalente) e a expressão deitar
poeira nos olhos vem seguida de seu equivalente “gettar polvere negli
occhi”. O que está em um volume, não está no outro, e o usuário fica
sem saber, por exemplo, que a expressão em italiano chiudere gli occhi
possui também a idéia de morrer ou de dormir, assim como a expressão
fechar os olhos em português.
Já o Dizionario Parlagreco Portoghese-Italiano, Italiano-
Portoghese apresenta no verbete Olho quatro expressões: levar os
olhos, trazer de olho, a olhos vistos, ponha-se no olho da rua! com os
54
correspondentes equivalentes “attirare l’attenzione”, “tenere d’occhio”,
“all’evidenza od a vista d’occhio” e “se ne vada!”. Em seguida,
acrescenta, entre parênteses, “Tutte le altre accezioni come
nell’italiano”, frase esta que não me parece nada esclarecedora.
O Dicionário Martins Fontes Italiano-Português, editado no final
do ano de 2004, apresenta uma lista extensa de expressões na entrada
Occhio. Ocorre, porém, que graficamente as expressões não estão
devidamente destacadas, e não é fácil, principalmente ao leitor que tem
o italiano como língua estrangeira (o público-alvo preferencial do
dicionário são os estudantes brasileiros de língua italiana), identificar
uma delas entre as mais de 30 existentes, que seguem a ordem
alfabética da primeira palavra da expressão a perdita d’occhio, …., fare
gli occhi dolci, ….mangiare, divorare con gli occhi,…, etc.
O Dicionário Português-Italiano de Giuseppe Mea, editado pela
Porto, tem uma boa concepção gráfica e listagem completa das
expressões referentes a Olho, mas o volume da mesma obra do italiano
para o português apresenta no verbete Occhio os mesmos problemas
do dicionário da Martins Fontes. Talvez o mais correto fosse inverter a
ordem das coisas e dizer que o Dicionário Martins Fontes sofre da
mesma insuficiência do dicionário da Porto, que o antecede.
4.4. Estabelecimento do corpus
Partindo da definição de que corpus é o conjunto de textos que
serve de base para a extração de informações e como o objetivo de
nosso trabalho é apresentar as expressões idiomáticas italianas em uso,
optamos por recolher estas expressões de obras da literatura italiana
contemporânea. A busca da expressão equivalente em português
55
seguiu o mesmo critério. A bibliografia completa das obras encontra-se
na Apresentação do dicionário (Capítulo 5).
4.4.1. O corpus em italiano
Os livros de Gianni Rodari, que constituirão o corpus em língua
italiana de nossa pesquisa, são, em ordem cronológica de publicação:
A- Obras em prosa: Favole al telefono (contos) e C’era due volte il
barone Lamberto ovvero I misteri dell’isola di San Giulio (romance), B-
Obra teatral: Gli esami di Arlecchino.
4.4.2. O corpus em português
Como nosso objetivo era elaborar um dicionário bilíngüe,
recolhemos também um conjunto de textos em português. Optamos
pelos textos de língua escrita em prosa no Brasil de 1950 até 2000, de
literatura romanesca, dramática, técnica, oratória e jornalística, que
fazem parte do banco de dados do Laboratório de Lexicografia da
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, Unesp (conhecido como
Corpus de Araraquara). Em 2000 ele já havia alcançado mais de 70
milhões de ocorrências de palavras. O CD-room que foi utilizado para
este trabalho não corresponde a todo o Corpus, mas apenas a uma
parte dele, que foi cedida pelo Prof. Francisco Borba ao Departamento
de Lingüística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
USP.
56
4.4.3. O corpus de referência
Embora nosso intuito não fosse apresentar um dicionário
prescritivo de expressões, as mesmas foram checadas em obras de
referência da área. Para tanto, utilizamos dicionários monolíngües de
italiano e português, dicionários bilíngües e dicionários específicos de
expressões idiomáticas em português e italiano.
4.5. Metodologia para elaboração dos verbetes: à procura da expressão
ideal
Llegará un día en que ya no tenderemos que buscar una palabra en el diccionario de la estantería, sino que pediremos a nuestro ordenador personal
la información que necesitemos. Y este dia no está lejos. David Crystal27.
A década de 80 será lembrada como um divisor de águas na
história da compilação de dicionários: é a década em que o uso da
informática começou a alterar os métodos e o potencial da lexicografia.
Ficaram para trás os dias de transcrição manual e das fichas de papel.
A informática, com sua possibilidade de ampliar base de dados, sempre
atualizados, e a sua capacidade de produzir dicionários de tamanhos e
amplitudes variados, revolucionou essa ciência. O lexicógrafo começou
a questionar o seu trabalho.
Partiremos de um caso exemplar, uma expressão idiomática
bastante opaca, portare acqua alle orecchie, para demonstrar nosso
método e comprovar a importância das expressões para a linguagem
rodariana. O mote da história é o fato de o protagonista, uma criança,
27 Crystal, David. Enciclopedia del Lenguaje de la Universidad de Cambridge. Edição espanhola dirigida por Juan Carlos Moreno Cabrera, 1991.
57
não conseguir apreender o significado da expressão, tomando-a ao pé
da letra.
O roteiro para a busca da expressão equivalente ideal utiliza todo
o material à nossa disposição: dicionários bilíngües e monolíngües de
italiano e português em papel e em CD-room, corpora informatizados
em português e em italiano e até chegarmos ao método que
estabelecemos para a elaboração do dicionário (preenchimento da ficha
lexicográfica e elaboração do verbete).
A expressão de que partimos é portare acqua alle orecchie,
retirada do conto “Il buon Gilberto”, que consta no Livro Favole al
Telefono de Gianni Rodari (p. 84).
Transcrevemos inicialmente o conto original em italiano:
Il buon Gilberto
Il buon Gilberto era molto desideroso di imparare e perciò stava
sempre attento a quello che dicevano i grandi
Una volta sentí dire da una donna: – Guardate la Filomena come vuol bene alla sua mamma: le porterebbe l’acqua nelle orecchie.
Il buon Gilberto rifletté: “Magnifiche parole, le voglio proprio imparare a memoria”.
Qualche tempo dopo la sua mamma gli disse: – Gilberto, vammi a prendere a un secchio d’acqua alla fontana.
– Subito, mamma, – disse Gilberto. Ma intanto pensava: Voglio mostrare alla mamma quanto le voglio bene. Invece che nel secchio, l’acqua gliela porterò nelle orecchie”.
Andò alla fontana, ci mise sotto la testa e si riempí d’acqua un orecchio. Ce ne stava quanto un ditale e per portarla fino a casa il buon Gilberto doveva tenere la testa tutta storta.
– Arriva quest’acqua? – brontolò la mamma che ne aveve bisogno per fare il bucato.
58
– Subito, mamma, – rispose Gilberto, tutto affannato. Ma per rispondere drizzò la testa e l’acqua uscí dall’orecchio e gli andò giú per il collo. Corse alla fontana a riempire l’altro orecchio: ci stava esattamente tanta acqua come nel primo e il buon Gilberto doveva tenere la testa storta dall’altra parte e prima di arrivare a casa l’acqua si era tutta versata.
– Arriva quest’acqua? – domandò la mama stizzita.
“Forse ho le orecchie troppe piccole” pensò rattristato il buon Gilberto. Intanto però sua madre aveva perso la pazienza, credeva che Gilberto se ne fosse stato a giocherellare alla fontana e gli allungò due scapaccioni, uno per orecchio.
Povero buon Gilberto.
Si prese in santa pace i due scapaccioni e decise che um’altra volta avrebbe portato l’acqua col secchio.
Vamos apresentar agora o roteiro de pesquisa da expressão.
Como desconhecíamos o sentido da expressão e não há
dicionários especializados em expressões do italiano para o português,
a primeira fonte consultada foi o dicionário bilíngüe.
No dicionário bilíngüe Casasanta-Spinelli (italiano-português),
encontramos:
- em acqua, várias expressões, mas não esta;
- em portare, não constam expressões;
- em orecchie, várias expressões, mas não esta.
O passo seguinte foi consultar o dicionário monolíngüe italiano
para tentar entender o significado da expressão.
No dicionário monolíngüe Zingarelli, encontramos:
- em acqua, várias expressões, mas não esta;
- em portare, várias expressões, mas não esta;
- em orecchie, várias expressões, mas não esta.
59
Não constar no Zingarelli, que apresenta um número abundante
de expressões, nos faz pensar que tal expressão não é usual.
Fomos então aos dicionários especializados em expressões
idiomáticas em italiano.
Em Il dizionario dei modi di dire, de Carlo Lapucci, encontramos:
- portare a qualcuno l’acqua con gli orecchi
Servirlo, aiutarlo in tutto, dargli qualunque cosa egli chieda, prestarsi senza limite né misura. Nesse dicionário, as expressões análogas (sinônimas e
variantes) aparecem agrupadas, o que facilita o trabalho do tradutor que
pode encontrar, nas expressões análogas, um correspondente em sua
língua.
Expressões análogas à pesquisada: gettarsi nel fuoco per qualcuno; levarsi anche il pane di bocca per uno; scodellar (gli) la pappa; smussare gli angoli; far ponti d’oro.
Em Capire l’Antifona, de Giovanna Turrini et altri, encontramos:
- portare l’acqua con gli orecchi fare tutto il possibile per qc., aiutarlo, favorirlo in ogni cosa * Racconto crudele: “Credimi, gli volevo bene veramente, avrei fatto tutto per lui, gli avrei portato l’acqua con le orecchie…” (E. Flaiano, Diario notturno).
O próximo passo foi verificar a freqüência nos corpora em
italiano. Nos corpora em italiano on-line, a expressão não foi
encontrada.
Através dos contextos (de onde partimos e da Turrini) das
definições e das expressões análogas apresentadas pelo Lapucci,
pudemos pensar em algumas possíveis expressões equivalentes:
- tirar o pão da própria boca para dar ao outro (com a idéia de fazer tudo por alguém, ser capaz de tudo por essa pessoa);
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- colocar a mão no fogo por alguém (é mais forte a idéia da confiança cega no outro, não a de se desdobrar por essa pessoa);
- fazer das tripas coração (na nossa opinião é a que recupera a idéia do sacrifício físico, não necessariamente pelo outro).
Encontrada a expressão ideal, o próximo passo foi verificar nos
dicionários bilíngües a expressão em português.
No Dicionário Casasanta-Spinelli (português-italiano), encontramos:
- fazer de tripa coração - farsi coraggio, arrischiarsi.
Nos dicionários monolíngües em português, Houaiss e Aurélio eletrônicos, encontramos:
- Hoauiss:
fazer das tripas coração; uso informal; esforçar-se intensamente, não poupar esforços para enfrentar situação penosa, desagradável;
- Aurélio:
fazer das tripas coração. Realizar grande esforço para fazer face a uma situação difícil ou desagradável: "A fazer das tripas coração ... mês a mês, ele, sabe Deus à custa de quanta ginástica, lá fora honrando o seu compromisso." (João da Silva Correia, Farândola, p. 115).
Partimos então para os dicionários especializados de expressões
idiomáticas em português.
No Dicionário Popular de Frases Feitas de Orlando Neves,
encontramos:
- fazer das tripas coração. Arriscar-se a uma temeridade; ter coragem para um lance perigoso; suportar com paciência. No Tesouro da Fraseologia Brasileira de Antenor Nascentes, temos:
- fazer das tripas coração. Ter coragem para um lance perigoso, agüentar com boa cara um transe difícil. O coração era considerado a sede da coragem; a etimologia de coragem o prova.
Na verificação no Corpus Eletrônico de Araraquara, encontramos:
61
- Atirava, sim. No começo, não. Mas eu não tenho a paciência de Cláudio Vilas Boas, que "faz das tripas coração" para satisfazer esses indolentes. Eu, se for atacado, você vai ver. ARR - LR - D50 - Arraia de fogo - JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS;
- De vez em quando tinha de fazer das tripas coração para agüentar certos tipos que desembarcavam no Le Gion. Os mais difíceis eram os integrantes das caravanas de ricos fazendeiros do interior em sua primeira visita a Tóquio. LACERDA, M. FAVELA HIGH TECH.
A partir daí preenchemos a nossa ficha lexicográfica para a
futura elaboração do verbete.
Transcrevemos, então, a nossa tradução do conto “Il buon
Gilberto” que teve que ser re-criado em função da escolha da expressão
fazer das tripas coração.
O bondoso Gilberto
O bondoso Gilberto gostava muito de aprender e por isso estava sempre atento àquilo que diziam os adultos.
Um dia ouviu uma mulher dizer: – Olhem a Filomena, como ela gosta da mãe: por ela, faria das tripas coração.
O bondoso Gilberto refletiu: “magníficas palavras, vou guardá-las na memória”.
Algum tempo depois sua mãe lhe disse: – Gilberto, vá até o açougue para comprar tripa.
– Já estou indo, mamãe – respondeu Gilberto. Mas no caminho pensou: “Quero mostrar para a minha mãe como eu gosto dela. Vou fazer das tripas coração para impressioná-la”.
Foi até o açougue e pediu tripa. Segurou-a em forma de coração e foi andando até em casa.
– Essa tripa vem ou não vem? – resmungou a mãe que estava esperando para fazer o almoço.
– Estou chegando – respondeu Gilberto, todo apressado. Mas ao responder, soltou as mãos e a tripa caiu no chão. Voltou até o açougue e pediu novamente tripa: fez um coração e foi caminhando lentamente para casa – Essa tripa vem ou não vem? – perguntou a mãe, irritada.
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“Talvez minhas mãos sejam pequenas demais”, pensou Gilberto ao deixar cair novamente a tripa no chão. Enquanto isso porém sua mãe tinha perdido a paciência; imaginando que Gilberto estivesse brincando todo esse tempo, lhe deu dois sopapos, um em cada braço.
Coitado do bondoso Gilberto. Tomou sem reclamar os sopapos e decidiu que, na próxima vez,
traria a tripa embrulhadinha no papel do açougue.
63
CAPÍTULO 5:
DICIONÁRIO BILÍNGÜE DE EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS
64
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS EM RODARI
© Emanuele Luzzati
65
Apresentação
O dicionário bilíngüe de expressões idiomáticas em Gianni Rodari foi elaborado
para servir a professores, tradutores, estudantes e interessados nas línguas italiana e
portuguesa em geral, e em expressões idiomáticas, especificamente.
Gianni Rodari é um importante autor de literatura italiana que ganhou em 1970 o
prêmio Andersen, o “Nobel” da literatura infantil. Sua linguagem, própria das fábulas, é
repleta de expressões idiomáticas que, junto com os provérbios, são, quase sempre, os
portadores da graça e do humor que povoam suas histórias. É esse o motivo pelo qual as
expressões foram recolhidas em suas obras. Escolhemos apenas 3 obras: uma de contos,
um romance e uma peça de teatro como exemplares de uma obra que reúne hoje mais de
40 livros publicados.
Consideramos expressões idiomáticas o conjunto de palavras cujo significado do
todo não corresponde ao significado de cada uma delas. Essa soma de significados pode
fazer surgir um todo bastante opaco, como é caso de “Qui gatta ci cova”, ou algo quase
transparente como “non aprire bocca” .
Existe um consenso de que as expressões são a pedra e a estrela para o estudante
de língua estrangeira: é nelas que ele, muitas vezes, tropeça e através delas que ele olha o
céu e se deslumbra quando diz envaidecido “ho mangiato la foglia”, ou seja, “captei a
mensagem”.
As expressões no corpo central do dicionário aparecem em ordem
alfabética e numeradas a partir de seu núcleo. Elegemos como núcleo da
expressão o primeiro substantivo que nela aparece. Caso não haja substantivo
na expressão (isso só acontece em 10% dos casos), segue-se a seguinte ordem:
adjetivo, verbo, pronome e advérbio.
66
As expressões vêm seguidas de definição e contexto de uso. As
definições são simples, elaboradas a partir dos contextos que as acompanha.
Cada expressão em italiano é acompanhada pelo seu equivalente em
português, que também aparece contextualizado e definido. Os contextos
aparecem, em italiano, acompanhados pelo nome da obra de Gianni Rodari e
página, e, em português, pelo nome do autor e da obra de língua portuguesa
de onde foram extraídos. Recortamos das obras o que consideramos
suficiente para o esclarecimento do sentido da expressão.
Consideramos expressões sinônimas aquelas que, embora sejam
indicadas por núcleos diversos, possuem a mesma definição e a mesma
expressão equivalente em português. Ex: DITA, leccarsi le e LINGUA,
schioccare la. (núcleos diveros, definições semelhantes)
Expressões variantes são aquelas em que o núcleo que as indica é o
mesmo, mas algum outro elemento da expressão modificou-se. Têm, assim
como as formas sinônimas, a mesma definição e a mesma expressão
equivalente em português. Ex: CIGLIO, senza battere e CIGLIO, non
battere.
Foram acrescentadas notas às expressões alteradas e remotivadas pelo autor que
consideramos particularmente dignas de destaque.
Logo após esta apresentação segue-se uma breve explicação de como
se usar o dicionário, o modelo de verbete, a lista de siglas e abreviações
usadas, a bibliografia das obras de Gianni Rodari e das obras de literatura
brasileira de onde foram retirados os contextos do nosso dicionário.
Acrescentamos ainda as obras de referência da nossa pesquisa: dicionários de
língua geral e de expressões idiomáticas das línguas italiana e portuguesa.
67
Os anexos, ao final da obra, retomam as mesmas expressões,
agrupando-as diversamente.
O anexo 1 apresenta as expressões idiomáticas em italiano agora
elencadas a partir da primeira letra e seguidas pelo número do verbete
O anexo 2 apresenta as expressões em português elencadas a partir do
seu núcleo e o número do verbete.
O anexo 3 apresenta as expressões em português elencadas a partir da
primeira letra e o número do verbete.
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COMO USAR O DICIONÁRIO QUANDO DESCONHEÇO O SIGNIFICADO E/OU O USO DE UMA EXPRESSÃO EM ITALIANO Localizo a expressão em italiano a partir de seu núcleo (no corpo central), ou a partir da primeira letra (no anexo 1) e, através de sua definição, contexto, e equivalente em português, esclareço seu significado e/ou uso. QUANDO DESCONHEÇO A EXPRESSÃO EQUIVALENTE EM PORTUGUÊS Localizo a expressão em italiano a partir do seu núcleo (no corpo central), ou a partir da primeira letra (no anexo 1) e encontro a expressão equivalente em português. QUANDO DESCONHEÇO O SIGNIFICADO E/OU USO DE UMA EXPRESSÃO EM PORTUGUÊS Localizo a expressão em português a partir do seu núcleo (anexo 2), ou a partir da primeira letra (no anexo 3) e, através de sua definição e contexto, esclareço seu significado e/ou uso. QUANDO DESCONHEÇO A EXPRESSÃO EQUIVALENTE EM ITALIANO
Localizo a expressão a partir do seu núcleo (anexo 2), ou a partir da primeira letra (no anexo 3) e encontro a expressão equivalente em italiano.
69
29. DITA, leccarsi le
trovare un cibo o una bevanda molto gustoso o gustosa E l’Apollonia prese le ortiche, le inzuccherò, le fece bollire come sapeva lei e ne ottenne una marmellata da leccarsi le dita.
(FT - L’Apollonia della marmellata, p. 63)
Sin: LINGUA, fare schioccare la
BEIÇOS, lamber os
demonstrar apreço por uma comida ou bebida
- Está em cima da mesa, seu Ernesto! - gritou Maria Negra da cozinha. Estava, isso sim, no bucho de Bito, que ainda lambia os beiços. Do volumoso exemplar do "Estado", sobravam farelos pelo chão.
(Z Gattai, Anarquistas, graças a Deus)
número do verbete
contexto da expressão
em italiano
contexto da expressão
em português
entrada: expressão em italiano
equivalente: expressão em português
definição da expressão
em italiano
definição da expressãoem português
fonte do contexto em italiano fonte do contexto
em português
70
SIGLAS
a. alguém
a.c. alguma coisa
qc. qualcuno
q.c. qualcosa
var. variante
sin. sinônimo
vide ver a expressão variante
vide* ver a expressão sinônima
ABREVIAÇÕES
F.T. Favole al telefono
C’era due volte … C’era due volte il barone Lamberto
71
BIBLIOGRAFIA DOS CONTEXTOS
EM ITALIANO
Obras de Gianni Rodari RODARI, G. C’era due volte il barone Lamberto ovvero I misteri dell’isola di San
Giulio. Torino, Einaudi, 1978.
RODARI, G. Favole al telefono. Torino, Einaudi, 1962.
RODARI, G. Gli esami di Arlecchino em Gli esami di Arlecchino (teatro per ragazzi). Torino, Einaudi, 1987.
EM PORTUGUÊS
Obras de literatura brasileira (romance, contos e teatro) da metade do século XX
AMADO, J. Os pastores da noite. São Paulo, Martins, 1964.
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BORBA FILHO, H. Sete dias a cavalo. Porto Alegre, Globo, 1975.
72
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ELIS, B. Veranico de janeiro. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1976.
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Correio do Povo, Porto Alegre, maio/ out./ nov. 1980 – set. 1990.
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75
Obras de Gianni Rrodari em português
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BIBLIOGRAFIA DAS OBRAS DE REFERÊNCIA
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QUARTU, B.M. Dizionario dei modi di dire della lingua italiana, Milano, Rizzoli, 1993.
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RIBEIRO, J. Frases Feitas. Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1960
SILVA, E.C. da Dicionário das locuções da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Bloch Editores, 1975.
SPINELLI, V. & CASASANTA, M. Dicionário completo italiano-português, português-italiano. Milão, Ulrico Hoelpli, 1983.
SPITZER, C. S.J. Dicionário Analógico. Tesouro de vocábulos e frases da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Globo, 1953
TURRINI, G. et alii, Capire l'antifona, Bolonha, Zanichelli, 1995.
77
1. ACCA, non capire un’ non capire niente Gli olandesi continuano a parlare olandese e intorno a loro sono in molti a fare di sì con la testa, anche se non capiscono un’acca. (C’era due volte..., p. 30-31)
PATAVINA, não entender não entender nada Respondia que sim, vagamente enleado pelo temor de que ele me mandasse repetir as palavras. Não entendera patavina. Seu Geraldo acabava capitulando diante da minha perplexidade, ordenava: - Pode ir para casa, João. Por hoje chega. Amanhã voltaremos à lição. (H. Homem, Cabra das Rocas)
2. ACQUA nelle orecchie, portare l’
adoperarsi per qc. al di là di qualsiasi
limite
Una volta sentí dire da una donna: –
Guardate la Filomena come vuol bene alla
sua mamma: le porterebbe l’acqua
nelle orecchie.
(FT, Il buon Gilberto, p. 84)
–Subito, mamma, – disse Gilberto. Ma
intanto pensava: “Voglio mostrare alla
mamma quanto le voglio bene. Invece che nel
secchio, l’acqua gliela porterò nelle
orecchie”.
(FT, Il buon Gilberto, p. 84)
TRIPAS coração, fazer das realizar grande esforço para fazer face a uma situação difícil
– O senhô num atirava num índio, atirava?
– Atirava, sim. No começo, não. Mas eu não tenho a paciência de Cláudio Vilas Boas, que "faz das tripas coração" para satisfazer esses indolentes. Eu, se for atacado, você vai ver. (J. M. de Vasconcelos, Arraia de fogo)
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3. ANDARE via liscio svolgersi senza difficoltà, con buoni risultati Quando tocca a lei il turno, quei due nomi le arrivano continuamente fin sulla punta della lingua, cento volte è già stata lí lí per fare “Um” o “Al”, invece di “Lam”. Dopo va via liscia, perché la seconda e la terza sillaba sono uguali nei tre nomi: Umberto, Alberto, Lamberto. (C’era due volte..., p. 11)
Sin: INCANTO, andare d’
OBSTÁCULO, prosseguir semfluir sem circunstâncias contrárias O automóvel causa-me uma sensação de vertigem. A fumaça me dá náuseas. O motor em funcionamento faz trepidar meu corpo e a velocidade acelera meu coração. Ponho-me bem encostado à janela. As ruas estão desertas e o carro prossegue sem obstáculos. Sinto medo dos avanços do mundo, não sei aonde vão levar. Tenho vergonha de possuir algo tão caro, numa cidade em que tantas pessoas passam privações.
(A. Miranda, A Última Quimera)
4. AFFARI d’oro e d’argento, fare fare un ottimo affare sotto il profilo
economico
Arrivano i visitatori da ogni parte del mondo e i barcaioli d’Orta, che li trasportano all’isola con le loro barche a remi o a motore fanno affari d’oro e
d’argento. (C’era due volte..., p. 8) Espressione modificata: fare affari d’oro
NEGOCIÃO, fazer um fazer um ótimo negócio . .. beleza! .. . Eu saia com a cavalhada, e era que nem artista de circo-de-cavalinho! Primeiro, fazia bonito na rua, repassando. .. Aquilo, eu caprichava comigo: p'ra animal murzelo, eu punha roupa preta, p'ra malhado, paletó duma cor, calça doutra. .. E fazia um negocião, porque todo o mundo pensavam que estavam me cinzando. (G. Rosa, Sagarana)
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5. ASINO dove vuole il padrone, attaccar l’ adeguarsi al volere dei potenti - Io non ci vedo niente di misterioso: il barone paga, noi facciamo quello che ci ordina di fare. Punto e basta. Lui ci mette il capitale, noi il lavoro. Attacca l’asino
dove vuole il padrone. (C’era due volte..., p. 9)
CHEFE falou tá falado, o
fazer o que manda o chefe
T: Era só gozação. /B: Vai gozar a cona da mãe. Aqui quero sossego, tá? /Ba: Tá certo. Você que manda. É o chefe. /F: Falou, tá falado. /T: Poxa, Bereco. Segura as pontas. Ninguém estava a fim de te azucrinar. /B: Vai se espiantando, então. (P. Marcos, Barrela)
6. ASSALTO, andare all’
attaccare violentemente q.c.
La stampa e gli altri mezzi di comunicazione di massa vanno
all’assalto del gruppo, sparando le domande in almeno venti lingue diverse, ma ottengono risposte solo da uno dei ventiquattro segretari, che è stato scelto a portavoce. (C’era due volte..., p. 47)
ATAQUE, pronto para o preparado para enfrentar a.c. Um assobio agudíssimo e muito longo. Os cães se desorientaram e pararam no meio do caminho, rosnando, ameaçadores, prontos para o ataque. (I. Pessotti, Aqueles cães malditos de Arquelau)
80
7. BANCO, scaldare il
fare solo atto di presenza
“BALANZONE - Dunque, signori illustrissimi, eccoci finalmente al gran giorno degli esami. Ora si vedrà se le signorie loro hanno studiato o se hanno scaldato i banchi. Io setaccerò le loro intelligenze con il setaccio finissimo della mia scienza.” (Gli esami di Arlecchino, p.7)
LUGAR, esquentar o
permanecer um determinado tempo em um lugar
Só que os oficiais que haviam deposto Murtinho e os diretórios do Partido Nacional lavraram protesto contra a posse da junta. E ela ficou na dependura, arriscada a ser derrubada antes de esquentar o lugar. De fato, em pouco mais de uma semana Pereira Leite está de volta e, desta vez, reassume a presidência do Estado e instala o governo.. (M. Proença, Alferes)
8. BOCCA aperta, con la
sorpreso, in ammirazione
Passavano e ripassavano accanto a lui turisti in estasi, con la bocca aperta per la meraviglia, e lui ridacchiava di gusto, anche se di nascosto. (FT -L’uomo che rubava il Colosseo, p. 97)
BOCA aberta, com a
muito surpreso, espantado, pasmado
A primeira vez na sua vida que dona Mimosa não soube o que dizer foi quando lhe contaram que o Sidnei, com quarenta anos, estava fazendo jazz. - Eu não sabia que ele tocava um instrumento. - Não toca nada. Está numa aula de dança. Pela primeira vez, em 100 anos, dona Mimosa ficou com a boca aberta.
(L.F.Veríssimo, A velhinha de Taubaté)
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9. BOCCA, non aprire tacere per imbarazzo o riservatezza. Ma Giacomo non poteva tacere. Anche se non apriva bocca, i suoi pensieri parlavano per lui: egli era trasparente e tutti leggevano dietro la sua fronte pensieri di sdegno e di condanna per le ingiustizie e le violenze del tiranno. (FT - Giacomo di cristallo, p. 92) - Be’, ma dove sei stato tutto questo tempo? Ma ce lo sai che da quando vi ho ordinato queste maledette birre e questo stramaledetto tè ghiacciato sono passati ben quattordici minuti? Al posto tuo Gagarin sarebbe già arrivato sulla Luna. “Anche piú in là”, pensò Romoletto, ma non aprì bocca. E per fortuna le bevande erano ancora ghiacciate a puntino. (FT - Ascensore per le stelle, p. 101) Lamberto guarda Anselmo, guarda Delfina, in cerca di consiglio. Ma Delfina non apre bocca. Gli tocca proprio fare da solo. (C’era due volte..., p. 100)
BOCA, não abrir a não falar; permanecer calado
Pensei em falar, em dizer mil coisas que me ocorreram, mas não consegui sequer abrir a boca. Ouvi: "- Angela, de tudo podem me acusar nesta vida, menos de uma coisa: de ter traído alguém.
( O. Faria, Ângela)
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10. BRIVIDI, venire i provare paura od orrore Nel buio San Giulio – le cui coste sono debolmente illuminate dai riflettori degli assedianti (la potenza dei fari è stata diminuita per non disturbare il sonno del barone) – sembra l’isola dei fantasmi, a guardarla vengono i brividi. (C’era due volte..., p. 76) SIN: PELLE d’oca, venire la
ARREPIOS, dar
causar horror, despertar calafrios E ainda se tem de fingir acreditar no que ele, com uma cara de santo que chega a dar arrepios de tão visivelmente farisaica, diz a respeito de sua intenção de prestar assistência aos deformados de baixa renda, quando o óbvio é que está pegando prática e currículo para embonecar narizes e peitos ricos a peso de ouro ...
(J.U. Ribeiro, O sorriso do lagarto)
11. CANE, solitario come un abbandonato e dimenticato da tutti Sulla quinta un vecchio signore solitario
come un cane. È gente che risiede sull’isola: le suorine tutto l’anno, gli altri solo nella bella stagione. (C’era due volte..., p. 27)
POBRE, sozinho que nem umdesprovido de carinho, de afeto, de auxílio moral ou material;
"Nove filhos desta vida já criei, isto todos muito desiguais. Uns tu disse que são filhos de bicho e outros de animais. Tem só um que tu mesmo disse que eu olhasse e visse, que era filho do casal. Hoje vivo bem sozinho pelos ranchos, que nem um pobre neste mundo abandonado. E tu irás cair de mão em mão, tu foste a rosa que mais me enganaste, tu zombaste das fraquezas minhas, tomaste posse de todo o meu coração"
(A vida dura e amarga de um poeta camponês, Correio do Povo)
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12. CAPELLI non fanno primavera,
due
un caso isolato non costituisce una
regola
- Anselmo – dice il barone, - non mi diventare poeta. A me la faccia sembra ancora quella di ieri. Due capelli non fanno primavera. (C’era due volte..., p. 14)
Nota: Espressione rimpaginata di Una
rondine non fa primavera
FIGA só não faz verão, uma
uma pequena parcela de evidência não é suficiente para se formar um juízo
UMA FIGA SÓ NÃO FAZ VERÃO
DAGOBERTO FALCÃO, por motivo de devolver um par de bofetadas que recebeu do Cabo Honorato Grande, procurou os serviços de Neném Cabiúnas, macumbeiro com negócio aberto na Rua da Prata, em Itajaí do Monte (J. C. Carvalho, Um ninho de Mafagafes cheio de mafagafinhos)
Nota: Expressão remotivada de Uma
andorinha não faz verão
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13. CAPELLI, strapparsi i
provare o manifestare grande dolore e disperazione Pareva che suonassero insieme tutte le campane della nostra patria. Lo Stragenerale si strappava i capelli per la rabbia e continuò a strapparseli fin che gliene rimase un solo. (FT - La guerra delle campane, p. 44)
CABELOS, arrancar os
demonstrar desespero
- Eu nem gosto de falar nisso. O velho Montaniel quase ficou louco, mas o mais que fez foi chorar, arrancar os
cabelos, vocês sabem como é que são os italianos . (D. Borges, O Ídolo de Cedro)
14. CAPO, crollare il
manifestare disapprovazione, perplessità
- Su, andate, andate. Cosa aspettate ancora? Le ali sono fatte per volare. Le vecchine crollavano il capo e pensavano che la vecchia zia Ada fosse un po’ matta... (FT -La vecchia zia Ada, p. 65) - Lo so a che cosa servono i cassetti, ma
non so perché i cassetti hanno i tavoli.
La gente crollava il capo e tirava via.
....
- Perché i baffi hanno i gatti?
La gente crollava il capo e e se ne
andava per i fatti suoi.
(FT -Tante domande, p. 82)
CABEÇA, sacudir a
demonstrar desagrado ou desaprovação A violeta é uma flor, é lógico, o senhor responderá. Elas parecem sacudir a cabeça sarcasticamente: ah, a violeta é uma flor. .. E de súbito se inclinam sobre seu espavorido conhecimento da linguagem lusitana: E a rosa: é uma fruta? (F. Sabino, A Cidade Vazia )
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15. CAPO, avere una lavata di
ricevere un’aspra critica
- Non importa, - dichiarò la signora, - arriverò tardi al ministero, avrò una lavata di capo, ma tanto è lo stesso, e giacché ci sono mi voglio cavare la voglia dei ciclamini.
(FT - Il filobus numero 75, p. 102)
SABÃO, levar um
sofrer uma reprimenda
Beatrice leu a ordem, olhou resignada para o monge e não se conteve: "Vocês são muito espertos, monsenhor abade (sic). Se eu entro, você vai levar um sabão, por minha culpa. E então sou obrigada a ficar de fora.
(I. Pessotti, Aqueles cães malditos de
Arquelau)
16. CAPRICCI, fare i
lamentarsi, agitarsi, esprimere con
insistenza i propri desideri
Non ci sono scuole, si studia a casa. Ogni mattina i bambini, secondo l’età, debbono mandar giú un bicchiere di storia, qualche cucchiaiata di aritmetica e cosí via. Ci credereste? Fanno i capricci lo stesso. -Su, da bravo, - dice la mamma, - non sai quanto è buona la zoologia. (FT - La caramella istruttiva, p. 124)
MANHA, fazer chorar ou se lamentar obstinadamente e sem motivo Loca, safo, esperou que os veículos cruzassem as transversais, continuou. Um menino deslambido fez manha, pediu à mãe, a mãe deu que era domingo, ele vendeu o sorvete. Fácil, fácil. Fim do trabalho, Miga iria ver!. (Vários autores, Os dez mandamentos)
17. CARNE ed ossa, in
di persona
La folla trattiene il respiro. Chi ha mai visto ventiquattro direttori generali di banca in una volta sola? In carne ed ossa, con le scarpe lucide, molti con gli occhiali, tutti con un’aria severissima.
CARNE E OSSO, em em pessoa Sempre que posso, evito pensar no passado. No entanto, pedaços dele quase sempre me refluem à memória, quando não vêm subir comigo, de elevador. Um desses pedaços desprendeu-se hoje do passado, na pessoa de Valentina, que eu levei ao sexto pavimento. Sim, Valentina.
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(C’era due volte..., p. 47)
Var: CARNE, ossa e persona, in
Em carne e osso, tenho quase certeza. Principalmente em ossos. Valentina, magrinha agora, e sem jóias.
(A.J.Machado, A morte da porta-estandarte)
18. CARNE, ossa e persona, in Si aspettano una risposta di vedere il barone Lamberto in carne, ossa e persona e sono invitati a procurare un setaccio per i fagioli. (C’era due volte..., p. 76)
Vide: CARNE e ossa, in
Nota: espressione modificata di In carne e ossa
19. CERVELLO, dare di volta il
aver perso le proprie facoltà mentali - Figlio mio, - scoppiò a piangere la madre, - ti ha dato di volta il cervello? Torna in te,...
(FT - Il giovane gambero, p. 47)
CABEÇA, perder a
perder o controle da razão Aí o Doutô prometeu que quem acusasse o curpado, ganhava a liberdade e ainda um bom dinheiro. Ninguém falou. Nessa hora, o Doutô perdeu a cabeça. Tava cum chicote de umbigo de boi na mão, e começou a bater.
(J. Montello, Tambores de São Luís)
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20. CHACCHIERE, finire con le terminare discorsi inutili o prolissi,
passare all’azione
- E dopo la mamma vi rimboccherà le coperte, vi darà una caramella col buco e un bacetto in fronte. Finiamola con le
chiacchiere e mettiamoci al lavoro. (C’era due volte..., p. 72)
CONVERSA mole, deixar de acabar com o bate-papo sem nenhum
resultado prático
Mamãe, lá vem eles, deixa de
conversa mole. .. (para o público) O defeito de mamãe é falar demais ao telefone. (M.C. Machado, Pluft, o fantasminha)
21. CHIACCHIERE, perdersi in essere in mezzo a discorsi privi di
fondamento
- Questi cinesi – borbotta il capo – ne inventano di tutti i colori. Ma non perdiamoci in chiacchiere. (C’era due volte..., p. 58)
LENGALENGA, repetir a trocar idéias sem relevância
... essa alegria decorada, já perdera de havia muito a capacidade de improvisação, só fazia repetir a lengalenga, uma tristeza de fim-de-noite, um tal de cansaço na caixa dos peitos, .... (BORBA FILHO, H. Sete dias a cavalo)
22. CIELI, essere ai sette
essere al massimo della felicità
Altri olandesi provano a parlare in tedesco, o infrancese, allora si trovano cittadini che hanno lavorato in Germania, o in Francia, e capiscono queste lingue. Così la comunicazione è stabilita e i turisti sono ai sette cieli (C’era due volte..., p. 31) Per fortuna tra i banditi c’è un ex campione regionale dei pesi medi, che accetta di allenare il barone e gliele suona ai punti
SÉTIMO CÉU, estar no sentir as maiores delícias
Lígia das Graças se despede alegre, no sétimo céu. Beija o Faria e olha apenas para Gutemberg. (G.F.Lima, Serras Azuis)
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in dodici riprese. Il barone è ai sette cieli. Ottavio è a terra. (C’era due volte..., p. 62) Nota: Espressione modificata di Essere
al settimo cielo
23. CIGLIO, non battere rimanere impassibile, non manifestare dubbio Potete chiedergli una Fiat del 1913, un cannone della guerra Quindici-Diciotto, un costume da Re Sole, una biga dell’epoca di Nerone, una macchina per pelare i polli: non batte ciglio, parte e trova.
(C’era due volte..., p. 75)
Var: CIGLIO, senza battere
PESTANEJAR, sem sem manifestar qualquer dúvida.
Só que ele não entendeu nem o sentido do exercício nem o significado do número dito pela professora. Quando esta o interpelou, dizendo: "Fourteen!..." Ele, sem
pestanejar, definiu: - É um sujeitim, baxim e gordim..
(S.E. Ignácio, Acontecências)
24. CIGLIO, senza battere
Alla vista del dito, svengono venti direttori su ventiquattro: i rimanenti si rifugiano sotto il tavolo. I segretari prendono nota d’ogni cosa sui loro taccuini senza battere ciglio. (C’era due volte..., p. 58) Vide: CIGLIO, non battere
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25. COLORI, combinarne di tutti i
avventurarsi in imprese diverse e non sempre onorevoli. Il signor Gogol ha raccontato la storia di un naso di Leningrado, che se ne andava a spasso in carrozza e ne combinava di tutti i colori.
( FT - Il naso che scappa, p. 51)
VAR: COLORI, inventarne di tutti i
FUZUÊ, aprontar o maior
proceder de modo indevido, quase sempre fazendo o que não deve ou provocando confusão
Ainda vão dar muito o que falar esses canalhas imunizados pelas batinas e barbatanas eclesiásticas. Volta e meia aprontam o maior fuzuê para os que governam a terra brasileira. Visionários iluminários querem incendiar a casa e morrer queimadinhos para se santificarem. (D. Silva, A cidade dos padres)
26. COLORI, inventarne di tutti - Questi cinesi – borbotta il capo – ne inventano di tutti i colori. Ma non perdiamoci in chiacchiere. (C’era due volte..., p. 58) Vide COLORI, combinarne di tutti
27. COSA nasce cosa, da da un primo fatto, spesso casuale, ne possono nascere altri in grado di cambiare la situazione “... Se quel che credo di aver indovinato è vero, allo zio Lamberto gli verrà perlomeno la polmonite. Poi da cosa nasce
COISA puxa a outra, uma de um fato, de um pensamento surge um novo fato, um novo pensamento Mãe Tá bem. Tá bem. Não falo mais. Pai
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cosa...” (C’era due volte..., p. 27) Quando arriva sul pianerottolo si ferma un attimo, fingendo di aggiustare i tovaglioli arrotolati nei bicchieri. Invece mette nella zuppiera una quantità di sonnifero che farebbe dormire sei locomotive. Eccolo a posto. - Da cosa nasce cosa, - egli canticchia, soddisfatto. (C’era due volte..., p. 63)
Eu prefiro. Uma coisa puxa outra e acabamos. .. (J. R. Chaves Neto, Patética)
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28. DIAVOLO, che dimostra contrarietà, impazienza “ B ALANZONE – Basta. Sentiamo il signor Arlecchino. Mi dica lei quanto fa uno più uno. ARLECCHINO – Undici, signor professore. BALANZONE – Undici? Ma che cosa diavolo dice?”
(Gli esami di Arlecchino, p.8) SIN*: RAZZA, che
DIABO, que expressa contrariedade, irritação, impaciência
Assim, eu e Rui podíamos dar um ajutório, sem pegar em armas. / R: Eu? Por que diabo está se metendo nessa história? / A: Se você não quer ir, também não precisa. Acho até melhor. (O. Lins, Guerra do cansa cavalo)
29. DITA, leccarsi le
trovare un cibo o una bevanda molto gustoso o gustosa E l’Apollonia prese le ortiche, le inzuccherò, le fece bollire come sapeva lei e ne ottenne una marmellata da leccarsi le dita. (FT - L’Apollonia della marmellata, p. 63) Sin: LINGUA, fare schioccare la
BEIÇOS, lamber os
demonstrar apreço por uma comida ou bebida
- Está em cima da mesa, seu Ernesto! - gritou Maria Negra da cozinha. Estava, isso sim, no bucho de Bito, que ainda lambia os beiços. Do volumoso exemplar do "Estado", sobravam farelos pelo chão.
(Z Gattai, Anarquistas, graças a Deus)
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30. DUNQUE, venire al parlare della cosa che interessa di più, arrivare alla sostanza del discorso - E ora, lasciamo le chiacchiere e veniamo al dunque. - Si dice anche “veniamo al sodo”, ha corretto il barone. (C’era due volte..., p. 40) Var: SODO, venire al
CAROÇO da questã, ir direto ao falar sem rodeios, o que realmente interessa Se algum paciente vem com muita história, eu digo logo que lengalenga é conversa de japonês. Gosto de ir direto ao caroço
da questã. Foi por isso que desenvolvi a terapia do joelhaço. Sou freudiano de carteirinha assinada. Mais ortodoxo que pijama listado. (L.F. Veríssimo - A velhinha de Taubaté)
31. ESSERCI sotto qualcosa
indicazione dell’esistenza di un mistero - Per mandare tanto profumo, - disse una foca, - deve avere una riserva sotto il ghiaccio. - Io l’avevo detto subito, - esclamò l’orso bianco – che c’era sotto qualcosa. Non aveva detto proprio così, ma nessuno se ne ricordava. (FT – Una viola al Polo Nord, p. 46) Nascosero il partigiano nel granaio e mandarono a chiamare il medico, dicendo che era per la vecchia nonna. Le altre donne della Cascina, però, avevano visto la nonna proprio quella mattina, sana come un galletto, e indovinarono che c’era sotto qualcosa. (FT - Il pozzo di Cascina Piana, p. 114)
Sin: GATTA ci cova, qui
DENTE de coelho, aí tem existe aqui alguma dificuldade oculta D: São só esses esclarecimentos que o snr. tem a nos prestar? /2º V: Só isso sim, sr. Delegado. (Ao irmão) Vamos? O que está esperando? Já não disse tudo? /1º V: Quando o sr. Júlio se retirou, disse à minha mulher: Aí tem dente de coelho! Depois comecei a ligar o caso a outras esquisitices do vizinho. Por exemplo, sr. Delegado e, agora vem o mais sensacional. (H. Silveira, No fundo do poço)
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32. FACCIA di bronzo persona spudorata, sfrontata,
capace di azioni riprovevoli senza
rimorsi
Il fatto è che, quando sono giunti sull’isola, il barone Lamberto era stato già chiuso nella cassa. - Ma come, - hanno detto, - e noi? - Loro cosa? – ha chiesto Ottavio, faccia
di bronzo. (C’era due volte..., p. 76)
CARA de pau pessoa cínica, impudente, descarada Mas não se afastava do jogumho do Joana d'Arc. Era um prisioneiro. Deu acesso a Malagueta. Buliu: - Entra, cara de pau. E sorriu para Perus. - Aberto. Entra, velho, você e o garotão. Cem paus por cabeça.
(J. Antônio, Malagueta, Perus e Bacanaço)
33. FACCIA lunga, tornare con la
assumere un’espressione imbronciata
Ma quella sera stessa tornarono uno dopo l’altro, con la faccia lunga così per il dispetto:
(FT - La strada che non andava in nessun posto, p. 56)
Sin: VOLTO, essere scuro nel
CARA amarrada, andar de
estar com fisionomia carrancuda ...vamos mais uma vez enfrentar o patrão que andava de cara amarrada, bufando, a chispar brasas.
(O.B. Mott, A transamazônica)
34. FAGOTTO, far
andarsene in modo frettoloso da un posto
Allora la gente si ribellò e mandò a dire all’imperatore che se lui faceva tagliare le
CHISPANDO, sair fugir em disparada Depois saíram correndo, chispando. Cada um tomou um rumo. Não sei pra
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mani all’Apollonia loro gli avrebbero tagliato la corona con tutta la testa, perché teste per fare l’imperatore se ne trovano a tutte le cantonate, ma mani d’oro come quelle dell’Apollonia sono ben più preziose e rare. E l’imperatore dovette far fagotto.
(FT - L’Apollonia della marmellata, p. 63)
que, pois ninguém apareceu.
(I. Angêlo, Contos da Repressão)
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35. FANTASMA, bianco come un pallidissimo - Mi fa piacere, - ha commentato il barone, strizzando l’occhio al povero Anselmo, bianco come un fantasma.
(C’era due volte..., p. 40)
PAPEL, branco como muito pálido
- Um pouco de vinho do Porto, quem sabe? - Muito obrigado! O sangue estancou afinal. José estava branco como papel, mais branco que Sussuca. Ela sorriu fraco: - Não foi nada, querido. Já passou.
(M.Rebêlo, Marafa)
36. FARSELA addosso provare una grande emozione, con la
possibile emissione involontaria di urina o
feci
Poi salta fuori la parola “pipì” e tutti scoppiano a ridere. Non sapevano che il vocabolario contenesse anche quelle parole lì. Dal gran ridere, qualcuno se la fa
addosso, la parola. (C’era due volte..., p. 70)
Sin: PAURA, farsi sotto dalla
CALÇAS, mijar nas revelar-se medroso Valente que fazia gôsto, todo desfricotado, todo muito de macho todinho um cabra de Lampião, ah cafetino desterrado, pistoleiro de meia pataca. Agora me diga. Se mijar nas calças, corto o verga fora e pico cimento em cima, estou avisando.
(J.U. Ribeiro, Sargento Getúlio)
37. FASCE, essere ancora in
essere molto piccolo, un neonato
Era ancora un bambino in fasce quando inventò una macchina per fare gli arcobaleni, che funzionava ad acqua e sapone, ....
CUEIRO, estar ainda fedendo a
ser muito pequeno, ter pouca maturidade Diz que Tibúrcio nasceu pobre feito Jó, numa grota perdida do Arraial da Boa-Morte. Seu Joca Ipanema, velho como a serra, me contou que se lembra dele fedelho, ainda fedendo a cueiro. O
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(Il pianeta della verità, p. 119) pai dele foi um tal Firmino Gancho, que sumiu no mundo e deixou de si memória malvada. Nem quis ver o rebento, atirado ao deus-dará antes mesmo que lhe secasse o umbigo. (J. G. Rosa, Os sete pecados capitais)
38. FATTI suoi, andarsene per i
non intromettersi nelle questioni altrui. Il sindaco gli rispose: - Bau! Bau! - Ho capito, - disse Giovannino, - il peggior malato è quello che crede di essere sano. E se ne andò per i fatti suoi.
(FT – Il paese dei cani, p. 106)
VIDA, ir cuidar da sua preocupar-se apenas com as coisas que lhe dizem respeito Argola-de-laço, o Chico Belo! E vingativo: não perdoaria nunca mais àqueles que se reuniam hoje para apoiar a candidatura do João Soares. às vezes Paulo sentia remorsos. E se perdessem aquela política? Ele, deputado federal, terminado o pleito voltaria para o Rio, ia cuidar da sua vida. .. Mal nenhum lhe podia fazer o Chico Belo - mas, e aos outros? (M. Palmério, Vila dos Confins)
39. FERRO finché è caldo, battere il aprofittare delle circostanze finché sono
favorevoli
Anselmo, prepara per ciascuno di questi tre egregi signori e di queste gentili signore... un sacchetto di camomilla. Scegli l’annata migliore. Consiglierei... Tibet del Settantacinque - Bravo! – approvano i direttori di banca e i loro segretari.. Bravissimo! – grida il piccolo segretario Renato, per battere il ferro finché è
caldo. (C’era due volte..., p. 96)
SITUAÇÃO, aproveitar-se da
tirar proveito de uma situação vantajosa É, mas ontem eu soube que tem gente querendo se aproveitar da situação e ficar com o prédio por uma ninharia. E essa gente comprou o juiz pra assinar um mandato de despejo. (D. Gomes, A Invasão)
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40. FILO e per segno, per con grande precisione e con abbondanza
di particolari
...; sicché non solo gli italiani, ma pure gli svizzeri, i tedeschi, i borgognoni, gli americani e gli afroasiatici vogliono esser informati per filo e per segno di ogni cosa che lo riguardi. (C’era due volte..., p. 44)
Il barone Lamberto rivela il suo segreto. Racconta ogni cosa per filo e per segno, mentre Anselmo fa di sì, di sì con la testa. (C’era due volte..., p. 93)
TINTIM por tintim com todos os detalhes; minuciosamente - Trazendo esses moleques de boca suja para dentro de casa! Vou contar tudo à sua tia. Tintim por tintim. (H. Homem, Cabra das Rocas)
41. FINITA, farla mettere fine a una situazione o non parlarne più. Il barone non riesce a parlare. La parole gli si aggrovigliano in bocca, gli s’impastano sulla lingua, gli ostruiscono la gola e il naso, impedendogli di respirare. - Facciamola finita – dice Ottavio nel sogno, - basta con la camomilla! (C’era due volte..., p. 66)
ACABAR logo com isso terminar de vez uma situação
Laio entra para o gabinete, fecha a porta e respira aliviado. P: Você se saiu bem... /P: Ele não viu nada? /P: Acho que não. /P: Vamos acabar logo com isso. Eles voltam ao que estavam fazendo. (D. Gomes, Mandala)
42. FONDO, andare fino in
proseguire in un’azione fino alla fine
“Che abbia sbagliato i miei calcoli? Forse avrei fatto meglio a rubare la cupola di San Pietro? Su, su, coraggio: quando si prende una decisione bisogna saper andare fino
in fondo.”
FIM, ir até o
terminar o que se começou
Todavia, quanto menos segurança sentia dentro da mata, mais consciente se tornava a necessidade de ir até o fim - para sua própria tranqüilidade. (H. Sales, Além dos marimbus)
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(FT - L’uomo che rubava il Colosseo, p. 97)
43. FUMO e poco arrosto, molto situazione ricca di apparenza e povera di sostanza - Zio caro, che succede? - Niente, Ottavio. Molto fumo e poco arrosto. - Ah, ah, - ridacchia il capo. – Per una battuta simile sarei quasi disposto a farle lo sconto. (C’era due volte..., p. 41)
FUMAÇA mas nenhum fogo, muita prognóstico de um fato extraordinário que não se concretiza
Mal passara o susto provocado pelo Cessna, na sexta-feira a Casa Branca viu-se às voltas com um curto-circuito em sua Ala Oeste, a 40 metros do salão em que Clinton estava reunido com o presidente deposto do Haiti, Jean-Bertrand Aristide. Para desmentir o ditado, houve muita fumaça, mas nenhum fogo - e a reunião seguiu seu curso normal. Bonequinhos com alfinetes podem ser a próxima. (Veja, 21.set.94)
44. GALLETTO, sano come un
essere molto sano e vivace
Nascosero il partigiano nel granaio e mandarono a chiamare il medico, dicendo che era per la vecchia nonna. Le altre donne della Cascina, però, avevano visto la nonna proprio quella mattina, sana come un galletto, e indovinarono che c’era sotto qualcosa. (FT - Il pozzo di Cascina Piana, p. 114)
SIN: SANO in lungo e in largo, essere
SAÚDE, vender ter saúde excelente
Estavam todos alegres. D. Ceci vendia
saúde, depois de emagrecida por um ano de choro sem remédio. O Coronel estava expansivo, embora bastante amarelo, da cor de limão maduro.” (Vasconcellos, A. A vida em flor de Dona Beja)
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45. GAMBA, in in piena salute, efficiente
- la torre di Buccione, costruita nel secolo dodicesimo, ma sempre in gamba. (C’era due volte..., p. 43)
FORMA, em em boas condições físicas
A: O senhor tem mesmo certeza de que está bem? / Se: Claro! Não se preocupe. Eu posso estar velho, mas ainda estouem forma. (Have, H. Desligue o projetor e espie pelo olho mágico)
46. GAMBE, sgranchirsi le fare una breve passeggiata a piedi
Visto che il filobus non voleva saperne di ripartire, uno dopo l’altro i viaggiatori scesero a sgranchirsi le gambe o a fumare una sigaretta e intanto il loro malumore scompariva come la nebbia al sole. (Il filobus numero, p. 75)
Il pulcino cosmico fece quattro passi in su e in giú per sgranchirsi le gambe e borbottava: - Che seccatura! Che brutta seccatura! (Il pulcino cosmico, p. 126)
SIN: PASSI, fare due
PASSI, fare quattro
PERNAS, desenferrujar as dar um passeio
Declaro o crime perpetrado nas cinzas como de lesa-majestade; faço marchar sobre a cidade grandes contingentes de tropas; não tropas de gado, dessas que se abastecem nos pastos da pátria; nem tropas de mulas, cascudas e burras; tropas de militares, mesmo; afinal, para que haveriam de servir esses regimentos acantonados nos quartéis, comendo e bebendo às custas do povo, sem sequer virar uma cambota para desenferrujar
as pernas, engraxar os joelhos, mobilizar a bunda, arrastar o corpo na grama do mato? (D. Silva, A cidade dos padres)
47. GATTA ci cova, qui
“Qui, - riflette Ottavio, - come direbbero i nostri vecchi, che la sapevano lunga, gatta ci cova. E qui, se non mi sbaglio, dev’essere il segreto dello zio Lamberto”. (C’era due volte..., p. 26)
100
Vide* ESSERCI sotto qualcosa
101
48. GESSO, restare di rimanere stupito, interdetto - Sento che siamo fatti l’uno per l’altra e che vivremo per sempre felici e contenti...... Il signor Armando ci resta di gesso, perché un pensierino su Delfina l’aveva fatto anche lui. (C’era due volte..., p. 92)
ESTÁTUA de gesso, como uma
sem ação ou movimento, sem expressão. Tudo bem. Me imaginei fazendo amor com a pequena prostituta de pernas bonitas. Me imaginei fazendo amor sobre um tapete branco, peludo. Ela não mudava de cara; sempre sorrindo, como
uma estátua de gesso. Suas pernas não se mexiam. Brilhavam. (M.R. Paiva, Blecaute)
49. GHIRO in letargo, dormire come un dormire profondamente e a lungo Qui non ci sono provvedimenti da prendere: tutti dormono come ghiri in letargo e non c’è verso di fargli aprire gli occhi. (C’era due volte..., p. 68)
PEDRA, dormir como uma dormir profundamente Uma das suas primeiras descobertas foi que, a despeito de pessoas que sempre dormem como uma pedra, não é bem isso o que acontece: muitos de nós mudamos de posição várias vezes, durante a noite. (Revista Nova. SP, junho/78)
50. GIOIA, saltare e ballare dalla
essere molto contento
“DULCAMARA – Ma che funerale. Non ti succederà niente. Tu però fingerai subito di sentire un gran giovamento. Per esempio, quando vendo le cartine contro il mal di pancia, pigliare le cartine e poi metterti a saltare e ballare dalla gioia.”
(Gli esami di Arlecchino, p.10)
ALEGRIA, pular de
estar exultante de felicidade “…violão sim! - e como era lindo escutar, por exemplo, o Zacarias, numa roda de galpão, fazendo a guitarra vibrar num floreio de milonga; gaita, também - e como dava vontade da gente pular de alegriaquando um gaiteiro bom, o Canguçu por exemplo, fazia o teclado se enroscar numa polquinha, com a baixaria roncando; mas. .. rabeca? ! - rabeca chorando dengosa era
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coisa pra mulher. Não era? era!” (O. Lessa, Os guaxos.)
51. GIUDA, falso come infido e traditore - Vado a letto, - ripete il barone, - sogni d’oro a tutti. - Buonanotte, zio, - sorride Ottavio, falso come Giuda. (C’era due volte..., p. 65)
JUDAS, ser
amigo falso; traidor.
Sabe logo que sou muito do sertão. Disto não me envergonho. E orgulho, sinto. Cansado estou de dizer e repetir: não sou Judas, nem traidor. Ouça minha palavra, que levanto como um julgamento, que em Canudos apenas fui um homem de provimento. (P. Dantas, Capitão Jagunço)
52. GUFO, essere un persona poco socievole Il mio tutore sarà Anselmo, che è abituato a obbedirmi, non uno di voialtri, vecchi gufi di banca! (C’era due volte..., p. 100)
URSO, parecer um
indivíduo pouco sociável, mal-educado
C: Eu hoje estou particularmente feliz porque meu filho começou a sair da toca. Estava parecendo um urso. De casa pro trabalho, do trabalho pra casa! Ontem foi a um baile, à uma festa pelos dez anos de formatura. Ele é advogado. E voltou às três horas da manhã! Me disse que dançou a noite inteira! (M. Carlos, Felicidade)
53. INCANTO, andare d’ Mi vengono in mente ogni sorta di parole che cominciano per “lam”, come lampo, lampadina, lampione, lampone, lampreda..
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La prima sillaba va d’incanto. Le tentazioni vengono con la seconda. (C’era due volte..., p. 11) Vide*: ANDARE via liscio
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54. INFISCHIARSENE non preoccuparsi di qc. o di q.c. Sono stato più crudele io a tagliarle un orecchio, o i suoi ventiquattro direttori ad infischiarsene? (C’era due volte..., p. 57)
MÍNIMA, não dar a não ter qualquer preocupação ou atenção com um fato ou pessoa O chefe ainda não chegou, disse Janete, a secretária do dr. Paulo. Extrai um dente. Extraiu? Extrai. Ela não deu a mínima. (P. Melo, O matador.)
55. LINGUA, fare schioccare la
La Carolina, generosamente, si offre di assaggiare per prima il contenuto della bottiglia. Se ne versa un dito nel bicchiere, lo beve, fa schioccare la lingua: - Uh, se è buona, - esclama e subito comincia a recitare la zoologia: (....) (La caramella istruttiva, p. 124) Vide*: DITA, leccarsi le
56. LUNGA, saperla
conoscere benissimo la vita, essere furbo
“Qui, - riflette Ottavio, - come direbbero i nostri vecchi, che la sapevano lunga, gatta ci cova. E qui, se non mi sbaglio, dev’essere il segreto dello zio Lamberto”. (C’era due volte..., p. 26)
MACACO velho, ser
ser astuto, ladino
Quem fala de cátedra sempre fala bem. Sou macaco velho. Tenho visto na minha longa e atribulada existência coisas de arrepiar os cabelos. (E. Veríssimo, Fantoches)
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57. MACCHIA, darsi alla
fuggire per evitare la cattura; entrare in
clandestinità per darsi al brigantaggio o alla
guerriglia.
IMPUTATO Ma signor Giudice, è stata tutta colpa di un apostrofo. GIUDICE Quale apostrofo? Io qui non vedo apostrofi IMPUTATO Appunto. Si tratta di un apostrofo mancante. GIUDICE Capisco, si è dato alla macchia. Diventerà un bandito di strada. (FT - Processo al nipote, p. 129)
ILEGALIDADE, jogar a. na
passar à situação de quem vive ou
age às escondidas, contrário às leis.
Um meu amigo se metera em política e os acontecimentos invertendo, de súbito, situações, jogaram-no na
ilegalidade e no perigo de uma prisão imediata. Abriguei-o. (Vários autores, Os dez mandamentos)
58. MANICHE, rimboccarsi le
mettersi a lavorare con impegno ed energia Perché ogni bambino che viene in questo mondo, il mondo intero è tutto suo, e non deve pagarlo neanche un soldo, deve soltanto rimboccarsi le maniche, allungare le mani e prenderlo. (FT - A comprare la città di Stoccolma, p. 28) C’erano solo gli uomini, con due braccia per lavorare, e agli errori piú grossi si poté rimediare. Da correggere, però, ne restano ancora tanti: rimboccatevi le maniche, c’è lavoro per tutti quanti. (FT - Storia universale, p. 135)
MANGAS, arregaçar as
dispor-se a trabalhar duro
E foi então um queimar de incenso em caco de telha, que já vivia encardida a fumaçadas. Mas como também era mulher prática e se fiava em si mesma, arregaçou as mangas, e só serenou quando lhe deu um estalo pra tirar o marido do atoleiro.
(F.G.C. Dantas, Os desvalidos)
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59. MANO a q.c., prendere la diventare pratici di qualcosa, farci l’abitudine Finora, per fortuna, - dice, - non mi sono mai sbagliata. - Vedrà che ci prende la mano. Ma non creda, anch’io ho le mie difficoltà. (C’era due volte..., p. 11)
MÃO em a.c., ter saber fazer a.c O azar seduz, é sabido. Até um homem da projeção do Major Sotero, que não tem sabido ter mão na
riqueza que herdou. Não havia de ser o Tibúrcio que ia ficar inerte, como um palerma, diante das doideiras do Major.
(J.G.Rosa, Os sete pecados)
60. MANO bucata
quello che spende molto - Sciupone, mano bucata, butta via, butta via i tuoi raggi, vedrai quanti te ne rimangono.
(FT - Il sole e la nuvola, p. 66)
MÃO aberta
aquele que gasta em excesso, dissipador
- Um dia sou alegre, bonachão, mão aberta. No outro sou carrancudo, brigão e não abro a mão nem para espantar mosca.
(L.F. Veríssimo, O Analista de Bagé)
61. MANO di qc., esserci la esserci le tracce di qualcuno “Sonnifero, - pensa Anselmo, guardandosi intorno per recuperare l’ombrello che ha lasciato cadere non sa piú dove. – Qui c’è la mano di Ottavio”. (C’era due volte..., p. 67)
MÃO de a., ter a
não ter os cuidados de alguém
Era amplo, com móveis antigos já bastante gastos. Percebe-se um certo descuido na arrumação das coisas. Como se não tivesse a mão de
uma dona-de-casa. Estão reunidos ali vários homens, entre eles o deputado Silas Cabral. ( S. Resende, O homem da capa preta)
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62. MANO sul fuoco, mettere la essere assolutamente certi di qc., tanto da essere disposti a risponderne personalmente. - Ne è sicuro? - Ci metterei la mano sul fuoco. - Ci metterebbe anche un piede nell’olio bollente? (C’era due volte..., p. 56)
MÃO no fogo, botar a não ter dúvida sobre determinado assunto ou pessoa Do mais, não posso deixar ele aqui, com essa de frete com ele, porque pode soltar isso tenho certeza. Se solta ele, eu levo ela, isso pode botar a mão no
fogo, que eu levo. Mesmo porque não vi nada antes de rebentar a pamonha
(J.U. Ribeiro, Sargento Getúlio)
63. MANO, essere a portata di essere facilmente raggiungibile Non parliamo poi dei presidenti: c’erano più presidenti che mendicanti. Tutti quei nasi di lusso erano abbastanza a
portata di mano. (FT - A toccare il naso del re, p. 30)
MÃO, estar à
estar disponível, ao alcance da mão
O filho pedia atenção e picolé e uma volta de cavalinho e um balão e laranja e de tampa não e uma descida do escorregador e me carrega e quero descer e me dá água __ o pai satisfazendo-se na ação de fornecer, de estar à mão, de ser a única certeza numa cabeça loura de vontades. Sempre, nessas manhãs, voltavam sujos, vermelhos, cúmplices.
(I. Ângelo, A Festa )
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64. MANI d’oro, avere le
sapere fare bene molte cose, riferito in genere a esecuzioni manuali Allora la gente si ribellò e mandò a dire all’imperatore che se lui faceva tagliare le mani all’Apollonia loro gli avrebbero tagliato la corona con tutta la testa, perché teste per fare l’imperatore se ne trovano a tutte le cantonate, ma mani
d’oro come quelle dell’Apollonia sono ben più preziose e rare. E l’imperatore dovette far fagotto (FT - L’Apollonia della marmellata, p. 63)
Var: MANI d’oro e d’argento, avere le
MÃOS de fada, ter
possuir mãos habilidosas em trabalhos manuais Aos dezesseis anos já sabia cozinhar, costurar, fazer chapéus, flores de papel e de tecido, croché, tricô e bordados - à máquina e à mão. Não havia trabalho manual que Wanda não soubesse fazer: "mãos de fada", diziam. "Moça prendada! "
(Z. Gattai, Anarquistas, graças a Deus
65. MANI d’oro e d’argento, avere le L’Apollonia, quella donnina, aveva proprio le mani d’oro e faceva le migliori marmellate del Varesotto e... (FT - L’Apollonia della marmellata, p. 62) Perché l’Apollonia, quella donnina, aveva le mani d’oro e d’argento, e avrebbe fatto la marmellata anche con i sassi. (FT -L’Apollonia della marmellata, p. 63)
Vide MANI d’oro, avere le
Espressione modificata di Avere le mani d’oro
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66. MANI in mano, restare con le starsene in ozio Proprio in quel momento il signor Giacomini, che per non restare con le mani in mano aveva lanciato l’amo dalla finestra, tira su un pesce di otto etti. (C’era due volte..., p. 101)
SIN: NASO per aria, stare col
PAPO para o ar, viver de
estar sem fazer nada
- Isso pega Ataíde? Ataíde fechou a porta do quarto, chamou Ortegal para um canto e relatou que não andava contaminado de coisa alguma, que tudo era invencionice para viver de papo para o ar.. ..
(J.F. Santos, João Abade)
67. MANI VUOTE, a senza niente - Ti saluto Marchese Venanzio – mormorò Romoletto con un brivido. Con la mano sinistra egli reggeva sempre in equilibrio il vassoio con le consumazioni, (.....) “Almeno non arriverò tra i marziani a mani vuote” pensò Romoletto, chiudendo gli occhi. (FT - Ascensore per le stelle, p. 100) Insiste, prega, supplica. Nessuno è mai uscito dal suo negozio a mani vuote. Ma Duilio è irremovibile. Si fa per dire, perché si muove di corsa e va in cerca del sindaco. (C’era due volte..., p. 75)
MÃOS abanando, com as sem conseguir aquilo que desejava Seu Major, faz favor, me desculpe!
Demorei a vir, mas foi por causa que não queria chegar aqui com as mãos abanando. .. Mas, agora, tenho muita coisa p'ra lhe avisar, que o senhor ainda não sabe. ..
(J. G. Rosa, Sagarana)
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68. MANI, fregarsi le
manifestare grande soddisfazione
Lo Stragenerale si fregava le mani per la contentezza e diceva: - Quando il mio cannone sparerà i nemici scapperanno fin sulla luna. (FT - La guerra delle campane, p. 43)
S’insinua silenziosamente nella camera dello zio Lamberto, che russa senza sospetto alcuno, gli appoggia la bocca della canna al cuore, preme il grilletto e lascia andare sette colpi. Tornando a letto si frega le mani: “Stavolta voglio ben vedere!” (C’era due volte..., p. 22)
“Quando si alza il sipario, il dottor Balanzone sta esaminando Arlecchino, Pulcinella e Colombina. Passeggia avanti e indietro fregandosi le mani. I tre esaminandi stanno stretti stretti in gruppetto, impauriti.”
(Gli esami di Arlecchino, p.7)
MÃOS, esfregar as
mostrar-se muito satisfeito - Parece que vão trazer o negro - disse ele em dado momento, pondo a mão em pala sobre os olhos. - Estou vendo um movimento na frente da cadeia. Começou a esfregar as mãos, satisfeito, numa antecipação do espetáculo.
(E. Veríssimo, O tempo e o vento)
69. MANI, torcersi le
manifestare inquietudine, ansietà e
angoscia
Un giorno un bambino della cascina andò al bosco per raccogliere un fascio di legna e udí uscire un lamento da un cespuglio. Era un partigiano ferito a una gamba, e il bambino corse a chiamare sua madre. La donna era spaventata e si torceva le mani, ma poi disse:(...)
(FT - Il pozzo di Cascina
LÁBIOS, morder os demonstrar preocupação ou desgosto
Por que não me apresenta a ela? Vamos os três. - Tá maluco, Geraldo? Ela está com o noivo! - Me apresente ao noivo também! - Qual, Geraldo, você não se enxerga! - Não precisa ofender! Marlene mordeu os lábios. A frase "você não se enxerga" saíra sem querer, ela não queria dizer aquilo,
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Piana, p. 114) desejava dizer alguma coisa como "você é uma criança, isso é uma tolice".
(C.H. Cony, Balé Branco)
70. MORTO che vivo, più prostrato, privo di forze In questa foto il barone si appoggia a due bastoni, ha la faccia di una tartaruga, ha gli occhi sepolti sotto le palpebre, è piú
morto che vivo. (C’era due volte..., p. 54)
MORTO do que vivo, mais desprovido de vivacidade, de ânimo, de ação Samuel sobressaltou-se e, mais
morto do que vivo, lançou olhar enviesado e mau a Clemente, que tivera aquela infeliz idéia a seu respeito. (A. Suassuna, A Pedra do Reino)
71. NASO negli affari altrui, ficcare il
essere invadente, intromettersi
indebitamente nelle faccende altrui
I testimoni sono tutti concordi: il signor zio è un modello di virtù. Non beve, non fuma, non esce la sera, non gioca al totocalcio, non consuma i tacchi delle scarpe, non si asciuga i piedi nell’asciugamano delle mani, non prende il sale con le dita, non si mette le dita nel naso, non ficca il naso negli affari altrui.
(FT - Processo al nipote, p. 129)
NARIZ em a.c., meter o
intrometer-se impertinentemente no que não lhe diz respeito
- Desculpem meter o nariz no papo, mas ouvi falar em sarapatel. Como é o meu favorito, faço questão que as pessoas saibam onde achar o mais bem feito: é no Mercado, na parte de baixo. Olho a moça de biquíni rosa, em pé a meu lado. - Era o que eu ia dizer. Você quer sentar?
(S. Mendes, Chagas, o cabra.)
72. NASO per aria, stare col Ora la caravana spaziale sorvolava l’Oceano Pacifico con tutte le sue isolette, l’Australia coi canguri che spiccavano
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salti, il Polo Sud, dove milioni di pinguini stavano col naso per aria. (FT - La giostra di Cesenatico, p. 34) Vide* MANI nelle mani, stare
73. NASO, arricciare il
manifestare disapprovazione mista a disgusto
La signora arricciò il naso ma stette zitta, perché i bambini avevano ricominciato a parlare nella loro lingua.
(FT - Brif, bruf, braf, p. 25)
NARIZ, torcer o
mostrar desagrado
Geni, Orlandina, Paulete, a negra Julinha de Todos, muitas vinham atraídas pela voz do cantor. Rizoleta torcia o nariz: - Que é que vocês vêm cheirar aqui?
(M. Rebêlo, Marafa)
74. NASO, prender qc. per il
raggirare qc. in vari modi
Ma il re non aveva più tanta voglia di sorridere: il naso gli faceva male e cominciava a colare e lui non aveva nemmeno il tempo di asciugarsi la candela perché i suoi fedeli sudditi non gli davano tregua e continuavano allegramente a prenderlo per il naso. (FT - A toccare il naso del re, p. 30)
- La sola cosa veramente bella del mio volto - spiega dolcemente il barone Lamberto, - è il mio naso. .... - Sarà – conclude il capo – ma io non mi lascio prendere per il naso. (C’era due volte..., p. 54)
Nota: DESMETAFORIZAÇÃO
SARRO, tirar um
escarnecer, debochar de a. "Machões. Todo mundo dando uma de machão. Vai ser gozado. Eles vão tirar um sarro! " Marcos sorri.
(D.Trevisan, Os 18 melhores contos do Brasil)
75. NERVI, far venire i
provocare irritazione, esasperare NERVOS, dar nos
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il sistema nervoso (è cosí complicato che fa venire i nervi): (C’era due volte..., p. 16)
causar irritação
Cecília não estava preparada para Garrincha. Sua enérgica insistência em que ele não jogasse pelada de pijama ou que guardasse as meias na gaveta certa—e só ela parecia saber qual era a gaveta certa—começou a dar-lhe nos nervos. Garrincha saiu de casa, por vontade própria e para sempre.
(R. Castro, Estrela solitária)
76. OCCHI, spalancare gli
aprirli bene per osservare, per meraviglia
o per timore
Passavano e ripassavano accanto a lui turisti in estasi, con la bocca aperta per la meraviglia, e lui ridacchiava di gusto, anche se di nascosto. - Ah, come spalancherete gli occhi il giorno che non vedrete più il Colosseo.
(L’uomo che rubava il Colosseo, p. 97)
OLHOS, arregalar os
abrir muito os olhos, por espanto, admiração
- Está muito bonito, madame, está bonito mesmo. - Por que pergunto as coisas a ti? Só o que sabes dizer é que está bonito, ou então arregalar os olhos como uma macaca assustada, por causa de meu decote.
(J.U. Ribeiro, Viva o povo brasileiro)
77. OCCHIO nudo, ad si usa a proposito di cose molto evidenti
o di una differenza o errore nettamente
visibili
Chiunque, vedendo il barone Lamberto, gli darebbe, sì e no, quarant’anni e si accorgerebbe a occhio nudo che è sano in lungo e in largo.
OLHO NU, a
estar muito aparente G: Você quer dizer que Décio não é homem? /L: Para as outras, talvez. Para mim, nunca. /G: Tão másculo! /L: Você sabe a olho nu, quando o homem é másculo? /G: E, agora, o que é que você vai fazer? /L: Nada.
(N. Rodrigues, A Serpente)
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(C’era due volte..., p. 17)
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78. OCCHIO qc. o q.c., tener d’
tenere qualcuno o qualcosa sotto continua sorveglianza
Invece nessuno pensava alla cena, proprio perchè non si trovava Alice. I suoi genitori erano tornati dal lavoro e sgridavano i nonni: - Ecco come la tenete d’occhio! (FT - Alice Cascherina, p. 21)
Erano tanto preoccupati per la sua salute che si dimenticarono di tener d’occhio la capigliatura. (FT - I capelli del gigante, p. 50)
- Dov’`e stato, signor Ottavio? - Sul tetto, a vedere il panorama. Il maggiordomo non fa commenti, ma decide che sarà il caso, per il futuro, di tener d’occhio i movimenti del
signorino. (C’era due volte..., p. 26) L’isola è circondata da una stretta cintura di imbarcazioni cariche di poliziotti che tengono d’occhio i banditi. Intorno a questo primo cerchio ce n’è un secondo di barche piene zeppe di curiosi e invitati speciali che tengono d’occhio la polizia. (C’era due volte..., p. 42) Ottavio è costretto a bere l’acqua, che non gli piace, per guadagnare altro tempo. Anche Anselmo lo tiene d’occhio. (C’era due volte..., p. 61) - Lei, - dice il capobanda al signor Anselmo, - vada nella sua stanza e ci resti. Due a tenerlo d’occhio. Dov’è quel altro?
OLHO em a. ou a.c., ficar de
estar fixando firmemente ou vigiando.
Olhe, acho bom, dona Lila, a gente ligar logo de uma vez para esta freira que esteve lá no Araguaia, que viu o Jaci nascer, salvou ele de morrer, parece, batizou ele como madrinha, cuidou dele no berço e tudo mais, só deixou ele já bem grandinho, lembrando muito bem dela, e prometeu ficar de olho nele, não perde ele de vista, pois isso é que é papel de madrinha.
(A. Callado, Concerto Carioca)
116
(C’era due volte..., p. 68)
79. OCCHIO, strizzar l’ ammicare in segno di complicità - Come stai bene con i capelli corti. - Ah, la vera bellezza non sta mica nei riccioli. - Guardate quel ciuffetto che si allunga: stasera ci vorrà un colpetto di forbici. Intanto si strizzavano l’occhio, si davano allegre gomitate nei fianchi e al mercato intascavano i soldi, andavano all’osteria e lasciavano il gigante a fare la guardia al carretto. (FT - I capelli del gigante, p. 49) - Mi fa piacere, - ha commentato il barone, strizzando l’occhio al povero Anselmo, bianco come un fantasma. (C’era due volte..., p. 40)
- Un segreto, - interviene il maggiordomo Anselmo, strizzando l’occhio al suo padrone, quasi per invitarlo rispettosamente alla prudenza. (C’era due volte..., p. 12) Il barone Lamberto è calmo e sereno. Strizza l’occhio al povero Anselmo che non sviene solo perché si appoggia all’ombrello,... (C’era due volte..., p. 55) Anselmo guarda dall’altra parte per non soffrire e vede nello specchio il barone che gli strizza l’occhio.
PISCADA, dar uma
emitar sinal piscando maliciosamente
Uma vez no Rio, eu estava de férias passeando no carro da Nesita, quando parou um ônibus ao meu lado. Olhei e tinha uma menina linda me olhando. Dei
uma piscada pra ela e ela retribuiu com um beijinho. Então dei uma lambida nos meus lábios e ela me fez uma careta. Depois rimos, e, quando o ônibus partiu, ela mandou um tchauzinho bem íntimo (M.R.Paiva, Feliz ano velho)
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(C’era due volte..., p. 57)
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80. ORECCHIE, venire fuori dalle
aver mangiato o bevuto in quantità eccessiva
“ARLECCHINO - Nulla, professore Balanzone, dicevo che io ho studiato. PULCINELLA – Anch’io, professore ho studiato tanto che mi viene fuori la storia, la geografia dalle orecchie.”
(Gli esami di Arlecchino, p.7)
Nota: Espressione modificata di Uscire dagli occhi
OLHOS, sair pelos
estar empanturrado, ter comido ou bebido exageradamente Nas redondezas de um carregamento de farinha, meu raçudo depenava em guerra feroz um galo-da-terra, de mais de arroba. Janjão Caramujo, encachaçado de sair pelos olhos, procurava cai-não-cai desapartar a desavença de esporão. Não conseguiu, nem teve tempo para tanto.
(J.C. Carvalho, O coronel e o lobisomem)
81. ORECCHIO solo, ascoltare con un non essere completamente attento a quello che si dice
“... In questa cartella ci sono i disegni e le istruzioni. Anche un bambino, volendo, potrebbe rimontare il pallone in poche ore”. Io l’ho ascoltato con un orecchio solo, perché allora non m’interessava. Fortuna che me ne sono ricordato in tempo. (C’era due volte..., p. 71-72)
OUVIDO, escutar com meio não conseguir ouvir tudo que se diz O meu padrinho era um gaúcho muito sorro e acostumado na guerra, desde o tempo das Missões, e que mesmo dormindo estava com meio ouvido, escutando, e meio olho, vendo...; mesmo ressonando não desgrudava pelo menos dois dedos dos copos da serpentina...
(Lopes Neto, Contos gauchescos)
82. ORECCHIO, prestar ascoltare con attenzione Intanto presta orecchio alle chiacchiere delle signore Zanzi e Merlo, che sferruzzano in soggiorno. (C’era due volte..., p. 11)
OUVIDOS, ser todo prestar toda a atenção ao que se diz
E: Com licença. (sai à D.) / PE: Sou todo ouvidos, D.Iraneide. / DI: É um problema melindroso... O senhor é tão jovem... / PE: Idade não
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égarantia de retidão moral. Existem homens que quanto mais envelhecidos mais sem-vergonhas...
(NOD - Nó de 4 Pernas -Nazarenho Tourinho)
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83. PALMA di mano, portare in
lodare, elogiare qc. o q.c., manifestando
apertamente l’ammirazione che gli si
portano
Insomma, c’`e il cinema continuato. I commercianti portano il sindaco in palma di mano, come se fosse tutto merito suo. La banca locale ha aperto tre nuovi sportelli. (C’era due volte..., p. 46)
PÃO-DE-LÓ, tratar a tratar com muito carinho, com todo o cuidado Ora, d. Rosa, outra vez a senhora? Tratar esses loucos a pão-de-ló... Precisam é de borracha e de quarto-forte!
(L.P. Castro, O Aquário)
84. PANE, essere più buono del essere molto buono d’animo, generoso
- Lamberto era anche buono. - Chi? Lamberto? Era più buono del pane. (C’era due volte..., p. 83)
ANJO, ser um ser pessoa excelente na bondade O que é que você gosta de fazer ? Como passatempo ? - Bom, gosto de jogar damas. .. Marina e Manoel se entreolharam, enternecidos. Damas. Ela é mesmo um anjo.
(L.F. Veríssimo, O Analista de Bagé)
85. PARLANTINA, avere una magnifica
avere una buona loquela Un venerdì capitò un ometto che vendeva strane cose: il Monte Bianco, l’Oceano Indiano, i mari della Luna, e aveva
una magnifica parlantina, e dopo un’ora gli era rimasta solo la città di Stoccolma. (FT - A comprare la città di Stoccolma, p. 27)
LÁBIA boa, ser de
ter loquacidade astuciosa
De boa lábia era Justo, já se vê. Seus chistes fizeram voga nas redondezas.
(PFV – Paixão e Fim de Valério
Caluete)
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86. PASSI, fare due fare una breve passeggiata
Ottavio, dal momento che ci si trova, tenta di attaccare discorso con la signorina Delfina. Mi piacerebbe, - dice, - invitarla a fare due passi. Dove, sul tetto? (C’era due volte..., p. 64)
Vide*: GAMBE, sgranchirsi le Var: PASSI, fare quattro
87. PASSI, fare quattro
Il pulcino cosmico fece quattro passi in su e in giù per sgranchirsi le gambe e borbottava: - Che seccatura! Che brutta seccatura! (FT - Il pulcino cosmico, p.126)
Vide: PASSI, fare quattro
Vide*: GAMBE, sgranchirsi le
88. PAURA, farsi sotto dalla
Odio avere a che fare con quelli che appena vedono un’arma se la fanno sotto dalla paura. (C’era due volte..., p. 39)
Vide*: FARSELA addosso
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89. PELLE d’oca, far venire la
fare rabbrividire per la paura
Loro forse credevano di parlare, ma quando aprivano bocca si udiva una specie di “bau bau” che faceva venire
la pelle d’oca. (FT - Il paese dei cani, p. 106)
Vide*: BRIVIDI, far venire i
90. PELLE E OSSA, essere ridotto essere molto magro
Il povero mago, a furia di saltar pasti, perché non rimediava una lira, era ridotto pelle e ossa.
(FT - Il mago delle comete, p. 70)
PELE E OSSO, só
diz-se de pessoa ou animal muito magro
Devagar, apoiando-se na parede, ficou de pé. A figura magra só pele e osso, parecia ter crescido, e mostrava os olhos fundos, a barba rala cobrindo-lhe a ponta do queixo, o bigode falhado por cima dos lábios.
(J. Montello, Tambores de São Luís)
91. PENSIERO, darsi preoccuparsi
Sono ben pagati, perché ricevono uno stipendio pari a quello del Presidente della Repubblica, più vitto, alloggio e caramelle a piacere. Di che cosa dovrebbero darsi pensiero? (C’era due volte..., p. 5)
CABEÇA, esquentar a preocupar-se, inquietar-se, afligir-se
- Charutinho! Aquilo bulia com Perus. Não estava certo esquentar a cabeça de um infeliz com um apelido besta. E era um velho mais velho que Malagueta.
(J. Antônio, Malagueta, Perus e Bacanaço)
92. PESCE persico, vispo come un SALTITANTE que nunca, mais
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molto vivace, sia nel fisico che nei
modi
E chi gli dà la sveglia la mattina? Di nuovo lo zio Lamberto, vispo come un pesce persico, che canta: O come sto bene, o come sto bene, andare a nuotare mi convien. (C’era due volte..., p. 23)
Nota: Espressione modificata di vispo
come un pesce
irrequieto, agitado
Foi marcado para o dia seguinte, noite insone para ele,depois da função no pátio do colégio vieram como sempre pelas ladeiras, ruas e praças, uma certa tristeza oprimia-o sem saber por que, talvez o fim de tudo, ela mais
saltitante que nunca, quero ver esses peixes dourados voadores, nunca vi, moro na beira do rio e nunca vi, por que nunca vi? (BORBA FILHO, H. Sete dias a cavalo)
124
93. PESCI pigliare, non sapere che
non saper cosa fare
- Come ha detto che si sente? – domandò l’orso bianco a sua moglie. - Perplessa. Cioè non sa che pesci pigliare. (FT- Una viola al Polo Nord, p. 46)
RUMO tomar, sem saber que não saber para onde ir
Temendo ser perseguida, olhei para trás e divisei um cãozinho, todo aparvalhado, sem saber que rumo tomar, onde meter-se. Voltei rapidamente e agarrei-o a tempo de impedir que fosse laçado novamente pelos homens encolerizados.
(Z. Gattai, Anarquistas, graças a Deus)
94. PUNTA della lingua, avere sulla non riuscire a ricordar una cosa che
però si ha l’impressione di poter
portare a memoria da un momento
all’altro
Ogni tanto uno ha uno scatto, apre la bocca, tutti si voltano dalla sua parte, ma l’idea, sul punto di essere formulata in parole, si è dileguata. - Ce l’avevo sulla punta della lingua, - si scusa quello. (C’era due volte..., p. 69)
PONTA da língua, estar na querer dizer algo, mas não conseguir
O texto estava na ponta da
língua, eu ia falar, mas a empregada entrou com a bandeja de café, era outra empregada, cadê aquela mocinha que trabalhava aqui?, eu perguntei. (LR - P. Melo, O Matador)
95. PUNTO e basta
esclamazione usata per metter fine a
una discussione e simili
- Io non ci vedo niente di misterioso: il barone paga, noi facciamo quello che ci ordina di fare. Punto e basta. (C’era due volte..., p. 9)
PONTO final, e
expressão usada para indicar que se dá um assunto por encerrado
Quatrocentos e setenta e oito, Marquês. -Pelas minhas contas, são 578. - Trata-se de engano, Marquês burro que não sabe fazer conta. Consulte os autos. São 478 e ponto final. (D. Silva, A cidade dos padres)
125
96.
RAZZA, che
Alla signorina Delfina, ogni tanto, viene da ridere. Prima di addormentarsi, pensa: “Che razza di lavoro! A che cosa mai potrà servire? I ricchi sono matti”. (C’era due volte..., p. 5)
Vide*: DIAVOLO, che
126
97. RETTA a qc., dare
ascoltare, seguire i consigli Ma i maghi erano scappati per paura di perdere la testa. Ne era rimasto uno solo, un vecchio mago a cui nessuno dava retta, perche era piuttosto bislacco e forse anche un po’ matto. (FT- Il re che doveva morire, p. 67) - Bada che quel che è stato fatto si può disfare. Ma il pescatore rise e non gli diede retta. Anzi, prese il bambino di mare, lo rinchiuse in una grossa conchiglia e lo gettò in acqua (FT - Il pescatore di Cefalú, p. 72) Tonino si affannava invano a rincorrere questo e quello, a tirare i capelli al suo amico Roberto, a offrire un lecca-lecca al suo amico Guiscardo. Non lo vedevano, non gli davano retta per nulla, i loro sguardi lo trapassavano come se fosse stato di vetro. (FT - Tonino l’invisibile, p. 80) A una cert’ora un giornalista di sentinella sulla piazza di Orta, crede di vedere sul tetto della villa una grande ombra nera. Ma è tanto giovane che nessuno gli dà retta. (C’era due volte..., p. 76) - Signor Barone, - egli grida, - che cosa desidera per pranzo? Le andrebbero dei piccioni alla Cavour o preferisce un’anitra alla mantovana? Il barone non gli dà retta. È troppo occupato a godersi la sua festa.
BOLA, dar
dar atenção ou confiança
- Imagino. - O balconista agora solidário. – Essa gente é terrível, não respeita nada. Debocham até da própria mãe. Mas o senhor não deve dar bola.- Não dou bola. Ela é que não gosta muito. Tanto que evita sair à rua.
(M. Scliar, Cenas da vida minúscula)
127
(C’era due volte..., p. 85)
128
98. RIDERE dietro
beffarsi di qualcuno
E se andassimo a raccontarlo alla polizia? - Ma sì, andate in giro a parlare di un pulcino cosmico, e vi farete ridere dietro. (FT - Il pulcino cosmico, p. 127) VAR: SPALLE, ridere alle
CHACOTA, fazer
ridicularizar ou expor a. ao desdém
Eu não tenho dinheiro. Estou a nenhum! Atrás de mim, os colegas faziam chacota, o que me levou a responder com digna ironia: - Anda na mais lamentável pindaíba!
(Vários autores, Os dez mandamentos)
99. RISOTTO in testa, mangiare il
essere di gran lunga superiore
- Non interrompere, è cattiva educazione. Sono una semplice cifra, e qualsiasi numero di due cifre mi può mangiare il risotto in testa, ma anch’io ho la mia dignità e voglio essere rispettato. (FT – Abbasso il nove, p. 78)
Nota: Espressione modificata di
Mangiare la pappa in testa a qualcuno.
GATO-sapato, fazer de
ridicularizar, tratar com desprezo,
fazer joguete
Sou especial nessas pantomimas e ninguém, em caso do coronel querer, sabe melhor amarrar uma cara, torcer uma barba, medir assoalho em demonstração de zanga. Parado na frente de Juju eu parecia o pai das zangas. Fiz gato-sapato de Tutu Militão e no ombro do pardavasco despejei as culpas todas do mal-entendido:
(J.C. Carvalho, O Coronel e o Lobisomem)
100. SANO in lungo e in largo, essere
Chiunque, vedendo il barone Lamberto, gli darebbe, sì e no,
129
quarant’anni e si accorgerebbe a occhio nudo che è sano in lungo e in largo. (C’era due volte..., p. 17)
Vide*: GALLETTO, essere sano
come un
101. SCHIENA, voltare la manifestare l’intenzione di non voler parlare con qc.
A questo sfacciato, Duilio volta la
schiena per rispondere a un signore più gentile, che domanda:[...] (C’era due volte..., p. 30)
COSTAS, virar as
demostrar descontentamento, desprezo
E a mulher, ela verá que estou ali, mas não vai mais conseguir interromper, não vai querer interromper, e estará com os cabelos castanhos abertos como um leque no lençol, e vai me olhar de um modo que nunca me olhou. Pretenderei virar as costas, mas estarei emperrado. Expermnentarei dizer "agora chega", mas sairão outras palavras. (Hollanda, C.B., Estorvo)
102. SCOPPIARE a piangere iniziare a piangere con forza e all’improvviso
“COLOMBINA (scoppiando a piangere) – Sono stata io, signor professore, ma non lo farò mai più! Mi perdoni per questa volta. BALANZONE – Basta, basta per l’amor di Dio. Tutti bocciati! Via, via, via. Ci rivedremo l’anno venturo.” (Gli esami di Arlecchino, p.8)
DESANDAR a chorar dar início ao pranto de forma súbita e intensa
Subiu, começou a conversar com o judeu. De longe, vi ele arregalar os olhos, entrar meio tonto. Voltou com Dona Ester. Não ouvi o que disseram, mas não deve ter sido coisa boa. Dona Aracy voltou ofegante, de cabeça erguida, mas, assim que deixamos para trás a Vila, desandou a chorar que dava pena
130
(D. Borges, O Ídolo de Cedro)
103. SECCATURA!, che
esclamazione per indicare
importunità, disturbo
Il pulcino cosmico fece quattro passi in su e in giù per sgranchirsi le gambe e borbottava: - Che seccatura! Che
brutta seccatura! - Cos’è che la preoccupa? – domandò la signora Luisa. _ Avete rotto l’uovo volante e non potrò tornare su Marte Ottavo. (FT - Il pulcino cosmico, p. 126)
SACO!, que Interjeição que indica cansaço por suportar aborrecimentos.
Fico o dia todo sem fazer nada me perguntando quem sou eu. Até parei de roer as unhas de tanto que eu fico meperguntando. Que saco! Acho que estou enlouquecendo. Ele se virou e disse me encarando: - Pode ficar tranqüilo, você não é o único.
(M.R. Paiva, Blecaute)
131
104. SODO, venire al - E ora, lasciamo le chiacchiere e veniamo al dunque. - Si dice anche “veniamo al sodo”, ha corretto il barone. (C’era due volte..., p. 40)
Vide * DUNQUE, venire al
105. SOGNI d’oro formula per augurare la buonanotte, un riposo tranquillo e sereno
Vado a letto, ripete il barone, - sogni d’oro a tutti. (C’era due volte..., p. 65)
ANJOS, sonhe com os convite a dormir tranqüilamente
E assim, depois de ter me incendiado com aquele olhar cheio de intenções benignas e analgésicas, quando achou que era hora de voltar para o Olimpo ela me depositou na bochecha um pudico ósculo, murmurou "sonhe com os anjos" e me deixou plantado naquele buraco infectado, feito um montículo de cinzas depositado no assento da cadeira, fazendo cinco mil planos criminosos.
(E. Lopes, Lobos e Cordeiros)
106. SPALLE , ridere alle
Forse riderebbero alle mie
spalle e mi direbbero: Non sa che alla sua età è pericoloso andare in giostra, perché vengono le vertigini? (FT - La giostra di Cesenatico, p. 35) Vide: RIDERE dietro
132
107. TEMPO, ogni cosa a suo non avere fretta, aspettare il momento
giusto
Se non mollano i soldi, mi dispiace per lei, ma il prossimo capitolo sarà più doloroso. - Non si preoccupi – risponde il barone Lamberto, - ogni cosa a suo tempo (C’era due volte..., p. 53)
TEMPO, cada coisa em seu esperar a melhor hora
- Então vou começar, mas acabo de refletir que a ordem natural das coisas recomenda que eu responda primeiro à segunda pergunta, a saber, como foi que cheguei aqui. Só depois disso é que tem cabimento a explicação do que estou fazendo aqui. Cada coisa em seu tempo, e todo assunto, para ser bem considerado, deve ser decomposto em partes, ordenadamente.
(C.D. Andrade, Boca de Luar)
108. TENERE duro
resistere, non cedere
C’è chi sviene subito per l’emozione, c’è chi tiene duro: a svenire c’`e sempre tempo...
(C’era due volte..., p. 84)
FIRME, agüentar permanecer firme no enfrentamento de um obstáculo Aí então ele bota um olhar de gala de cinema e diz: - "Pois no ano passado o calor na era tanto.” (Raivosa) E essa agonia continua, continua, continua. .. E você tem que agüentar firme, firme, firme.
(P. Block, Irene)
133
109. TERRA, essere a versare in cattive condizioni fisicamente o moralmente Per fortuna tra i banditi c’è un ex campione regionale dei pesi medi, che accetta di allenare il barone e gliele suona ai punti in dodici riprese. Il barone è ai sette cieli. Ottavio è a terra.
(C’era due volte..., p. 62)
ARRASADO, estar estar exaurido fisica ou moralmente
- Isto que vou declarar é ordem, não permito que me contrariem: estou arrasado, carreguei oitenta e não sei quantos quilos, vou me espichar, dormitar. E até mais tarde.
(L. Jardim, Ajudante de mentiroso)
134
110. TESTA q.c., mettersi in
essere fermamente deciso a fare q.c
Una volta un uomo si mise in testa di rubare il Colosseo di Roma, voleva averlo tutto per sé perché non gli piaceva doverlo dividere con gli altri.
(FT - L’uomo che rubava il
Colosseo, p. 97)
CABEÇA, enfiar a.c. na
convencer a. ou a si mesmo de a.c.
E Antônio, meu pai, adorava lutas. Comprou-me quimono, me levou ao barbeiro que eu andava cabeludo que nem urso, me enfiou umas idéias na
cabeça de moleque me carregou para a academia de judô. Tombos tremendos. Suei feito boi ladrão.Dolorido, quebrado.
(J. Antônio. Malagueta, Perus e Bacanaço)
111. TESTA sua, fare di
fare soltanto quello che gli conviene
Il fattorino e il conducente tentavano di respingere l’assalto, dichiarando che non ne sapevano nulla, che il filobus non ubbidiva più ai comandi e faceva di testa sua. (FT - Il filobus numero 75, p. 102) Il lago d’Orta,..., è diverso dagli altri laghi piemontesi e lombardi. È un lago che fa di testa sua. (C’era due volte..., p. 102)
TELHA, fazer o que der na
seguir as inclinações de momento
T: Quer tocar, toque. /P: Posso tocar? /T: Faça o que lhe der na telha. /P: Não vou perturbar o seu sono? /T: Não. Pode tocar. /P: Tocarei em sua honra. (P. Marcos, Dois perdidos numa noite Suja)
135
112. TESTA, girare la
avere le vertigini e una confusione
mentale
- No davvero, - rispose il topo di niente, - in questo paese di niente ci sono soltanto gatti di niente, che hanno baffi di niente e artigli di niente. Inoltre, io rispetto il formaggio. Mangio solo i buchi. Non sanno di niente ma sono dolci. - Mi gira la testa, - disse l’omino di niente. - È una testa di niente: anche se la batti contro il muro non ti farà male. (FT - L’omino di niente, p. 135)
CABEÇA girar, sentir a sentir-se aturdido, zonzo
O detetive puxou do bolso a sua lupa e aproximou-se da calçada enegrecida pelas manchas de sangue. Quando abaixou-se para melhor ver aquela área sentiu a cabeça girar e a lente quase escapou-lhe das mãos. Teve de se apoiar ao muro para não cair.
(J. Soares, O Xangô de Baker Street)
113. TESTA, perdere la
non essere più in grado di controllare
i propri sentimenti
Che fanno i miei maghi? Perché non mi salvano? Ma i maghi erano scappati per paura di perdere la testa. (Il re che doveva morire, p. 67)
CABEÇA, perder a
perder o controle da razão
- Não pensem que me fazem perder a cabeça. O culpado é um só. Esquinas não faltam no Recife para eu tocaiá-lo. O sem-vergonha vai pagar-me tudinho, com muito juro.
(J.G. Araújo, Paixão e fim de Valério
Caulete)
114. TORO, tagliare la testa al adottare una soluzione netta e definitiva
- Esigiamo, - aggiunge un altro dei più arditi, - di vedere l’intero barone in
MAL pela raiz, cortar o destruir completamente o que prejudica ou molesta
Eu sou, como ensina o Livro Sagrado, contra qualquer derramamento de sangue. "Não mataras" - é um
136
persona. - Eccellente suggerimento. - Questo taglia la testa al toro. (C’era due volte..., p. 60)
mandamento de Deus que deve estar permanentemente no coração de todos os homens. Mas. .. em certos momentos, é preferível cortar o mal pela raiz. .. Sacrifica-se um em benefício de muitos
(E. Moniz, Branca de Neve)
137
115. TORTO, non fare
commettere una slealtà
- Vedi quanto ti vogliamo bene? Tu dunque non morire, non farci questo torto. (FT - I capelli del gigante, p. 50) Il sindaco, per non far torto a nessuno, fa prendere le bibite ora da un bar ora da quell’altro. (C’era due volte..., p. 40)
DESFEITA, não fazer uma
não cometer uma afronta ou desconsideração
- Muito obrigado , muito obrigado. Já que insiste, consinto que ela aceite, para não lhe fazer uma desfeita . ..
(J. Amado, Os pastores da noite)
116. VENTI, ai quattro per tutti i lati
Con la mano sinistra egli reggeva sempre in equilibrio il vassoio con le consumazioni, e la cosa era piuttosto da ridere, considerando che intorno all’ascensore si allargava ormai ai quattro venti lo spazio interplanetario, e la terra, laggiù, laggiù, in fondo all’abisso celeste, ruotava su se stessa trascinando nella sua corsa il marchese Venanzio che aspettava le quattro birre e il tè ghiacciato. (Ascensore per le stelle, p. 100)
VENTOS, aos quatro
em todas as direções
Não criei filho para assassino nem para morrer na mão de pistoleiro. - Assim tinham morrido outrora seu pai e seu irmão, de morte matada, no mesmo inútil desafio. Entre as duas, esvaziaram-lhe o ânimo, sobrou apenas a ameaça aos quatro ventos.
(J. Amado, Tocaia Grande)
117. VIA, rientrare sulla retta
ritornare su una buona strada
GIUDICE Cercherete di rintracciare l’apostrofo fuggitivo e di convincerlo a rientrare anche lui sulla retta via?
CAMINHO do bem, levar ao
conduzir a proceder bem
Sócrates: logo, quando se trata de cavalos, somente certas pessoas são capazes de ensiná-los; enquanto que, tratando-se de jovens, só eu os corrompo. oh, jovens de
138
IMPUTATO Sì, signor Giudice. (FT - Processo al nipote, p. 130)
Atenas, que felicidade contardes com tantos mestres que vos levam ao caminho do bem, e com uma só pessoa que vos conduz para o mal!
(G. Figueiredo, Um Deus Dormiu Lá Em Casa)
118. VITA, passare a miglior vita morire
Quando lo informano che lo zio Lamberto è passato a miglior vita, come si diceva una volta, si fa dare un fazzoletto e ci nasconde gli occhi, perché nessuno veda che sono asciutti. (C’era due volte..., p. 68)
DESTA para melhor, passar morrer
FAZIA pouco tempo que Cornélio havia passado desta para a melhor, mas Carmelina não vivia se lamentando, pois tinha plena convicção de que o espírito do marido continuava ali, encarnado no corpo de Felício, seu gato de estimação.
(S.E. Ignácio, Acontecências)
119. VIVO, farsi
dar notizie di sé, soprattutto dopo
molto tempo
-Potremmo dirle che ci dispiace, ma non sappiamo di che missione si trattava. - Ah, non lo so nemmeno io. Io dovevo soltanto aspettare in quella vetrina fin che il nostro agente segreto si fosse fatto vivo. (Il pulcino cosmico, p. 127)
- L’aviatore che doveva venirci a prelevare con il suo aeroplano... - Non si farà vivo, perché non c’è più niente da guadagnare nemmeno per lui. (C’era due volte..., p. 69)
AR da graça, dar o ao cabo do que parece longo tempo, aparecer
Pires de Melo é que não deu o ar de
sua graça. Ficou na varanda, na saia da prima Antônia, resmungando contra a judiaria: - Não tenho natureza para agüentar tanta malvadez.
(J.C. Carvalho, O coronel e o lobisomem)
139
120. VOLTO, essere scuro nel
- Com’è ringiovanito, osserva la signora Zanzi. - Pare proprio un altro – aggiunge il signor Armando Delfina è sempre più scura in volto. Non sorride nemmeno quando il signor barone si china a baciarle la mano... (C’era due volte..., p. 88) Vide* FACCIA lunga, con la
140
ANEXO 1
EXPRESSÕES EM ITALIANO A PARTIR DA PRIMEIRA LETRA
141
Os números referem-se aos verbetes e não às páginas a mani vuote ------------------------------------------------67
ad occhio nudo ----------------------------------------------77
ai quattro venti ---------------------------------------------116 andare all’assalto ----------------------------------------------- 06
andare d’incanto ------------------------------------------ 53
andare fino in fondo --------------------------------------------------------42
andare via liscio -------------------------------------------------03 andarsene per i fatti suoi ---------------------------------------------------38
arricciare il naso --------------------------------
ascoltare con un orecchio solo ---------------------------81 attacar l’asino dove vuole il padrone ------------------------05 avere le mani d’oro ---------------------------------------------64 avere le mani d’oro e d’argento -------------------------------65 avere sulla punta della lingua ----------------------------94
avere una lavata di capo --------------------------------
avere una magnifica parlantina --------------------------85 battere il ferro finché è caldo -----------------------------39 bianco come un fantasma --------------------------------35 che diavolo -------------------------------------------------------28
che razza -----------------------------------------------------96
che seccatura! -------------------------------------------------------------- 103
combinare di tutti i colori --------------------------------25
con la bocca aperta ---------------------------------------------08 crollare il capo ---------------------------------------------------14
da cosa nasce cosa -----------------------------------------27
dare di volta il cervello ------------------------------------19
dare retta a qc.-----------------------------------------------97
142
darsi alla macchia ----------------------------------------------------------- 57.
darsi pensiero ----------------------------------------------------91 dormire come un ghiro in letargo -----------------------49 due capelli non fanno primavera -----------------------------12 esserci la mano di qc. -------------------------------------61 esserci sotto qualcosa -------------------------------------31 essere a portata di mano ---------------------------------------63 essere a terra --------------------------------------------------- 109
essere ai sette cieli -----------------------------------------22
essere ancora in fasce -------------------------------------------------------37
essere piú buono del pane --------------------------------84 essere ridotto pelle e ossa -------------------------------------90 essere sano in lungo e in largo ------------------------------------------ 100
essere scuro nel volto ------------------------------------ 120
essere un gufo ----------------------------------------------52
faccia di bronzo --------------------------------------------32
falso come giuda -------------------------------------------51
far fagotto ----------------------------------------------------34 far venire i nervi -------------------------------------------------------------75
far venire la pelle d’oca ------------------------------------89
fare affari d’oro e d’argento -----------------------------------04 fare di testa sua ------------------------------------------------------------ 111
fare due passi -----------------------------------------------86 fare i capricci -----------------------------------------------------------------16
fare quattro passi -------------------------------------------87 fare schioccare la lingua ----------------------------------------------------55
farla finita ----------------------------------------------------41 farsela addosso ---------------------------------------------36
farsi sotto dalla paura --------------------------------------88
farsi vivo -------------------------------------------------------------------- 119
ficcare il naso negli affari altrui -------------------------------------------71
143
finire con le chacchiere ------------------------------------20 fregarsi le mani ---------------------------------------------68 girare la testa --------------------------------------------------------------- 112
in carne ed ossa --------------------------------------------------------------17
in carne, ossa e persona -----------------------------------18 in gamba ----------------------------------------------------------------------45
infischiarsene -----------------------------------------------54
inventare di tutti colori ------------------------------------26
leccarsi le dita ----------------------------------------------------29 mangiare il risotto in testa -------------------------------------------------99
mano bucata ------------------------------------------------60
mettere la mano sul fuoco --------------------------------62
mettersi in testa q.c. ------------------------------------------------------- 110
molto fumo e poco arrosto ------------------------------------------------43
non aprire la boca ------------------------------------------09
non battere ciglio -------------------------------------------23
non capire un’ acca ----------------------------------------01
non fare torto -----------------------------------------------115
non sapere che pesci pigliare ----------------------------------------------93
ogni cosa a suo tempo ---------------------------------- 107
passare a miglior vita vita -------------------------------118 per filo e per segno -----------------------------------------40 perdere la testa ------------------------------------------------ 113
perdersi in chiacchiere ------------------------------------21
più morto che vivo -----------------------------------------70
portare acqua nelle orecchie ----------------------------------02
144
portare in palma di mano --------------------------------------------------83
prender q.c. per il naso --------------------------------
prendere la mano a q.c. -----------------------------------59
prestar orecchio --------------------------------------------82
punto e basta -----------------------------------------------------------------95
qui gatta ci cova -------------------------------------------------------------47
restare con le mani in mano ------------------------------66 restare di gesso ---------------------------------------------48 ridere alle spalle ------------------------------------------ 106 ridere dietro ------------------------------------------------------------------98
rientrare sulla retta via ---------------------------------------------------- 117
rimboccarsi le maniche -----------------------------------------------------58
saltare e ballare dalla gioia -------------------------------50 sano come un galletto ------------------------------------------------------44
saperla lunga -----------------------------------------------------------------56
scaldare il banco -------------------------------------------------------------07
scoppiare a piangere ------------------------------------------ 102
senza battere ciglio ----------------------------------------24
sgranchirsi le gambe --------------------------------------------46 sogni d’oro ------------------------------------------------ 105
solitario come un cane ------------------------------------ 11
spalancare gli occhi --------------------------------------------------------- 76
stare col naso per aria -------------------------------------------------------72
strapparsi i capelli -----------------------------------------------13
strizzar l’occhio ---------------------------------------------79
tagliare la testa al toro ------------------------------------114
tener d’occhio qc. o q.c. ---------------------------------------78 tenere duro ------------------------------------------------ 108 torcersi le mani --------------------------------------------------------------69
145
tornare con la faccia lunga -------------------------------33 venire al dunque ------------------------------------------------30 venire al sodo -------------------------------------------------------------- 104
venire fuori dalle orecchie -------------------------------------80 venire i brividi ----------------------------------------------10 vispo come un pesce persico ----------------------------------------------92
voltare la schiena ------------------------------------------101
146
ANEXO 2
EXPRESSÕES EM PORTUGUÊS A PARTIR DO NÚCLEO
147
Os números referem-se aos verbetes e não às páginas ACABAR logo com isso ---------------------------------------41 ALEGRIA, pular de --------------------------------------------50 ANJO, ser um ---------------------------------------------------84 ANJOS, sonhe com os --------------------------------------- 105 AR da graça, dar o -------------------------------------------- 119 ARRASADO, estar ------------------------------------------- 109 ARREPIOS, dar ------------------------------------------------10 ATAQUE, pronto para o -------------------------------------06 BEIÇOS, lamber os --------------------------------------------29 BOCA aberta, de -----------------------------------------------08 BOCA, não abrir a ----------------------------------------------09 BOLA, dar -------------------------------------------------------97 CABEÇA girar, sentir a -------------------------------------- 112 CABEÇA, enfiar a.c. na ------------------------------------- 110 CABEÇA, esquentar a -----------------------------------------91 CABEÇA, perder a ------------------------------------------- 113 CABEÇA, perder a ---------------------------------------------19 CABEÇA, sacudir a --------------------------------------------14 CABELOS, arrancar os ----------------------------------------13 CALÇAS, mijar nas --------------------------------------------36 CAMINHO do bem, levar ao ------------------------------ 117 CARA amarrada, andar de ------------------------------------33 CARA de pau ----------------------------------------------------32 CARNE E OSSO, em -----------------------------------------17 CAROÇO da questã, ir direto ao ----------------------------30 CHACOTA, fazer ----------------------------------------------98 CHEFE falou tá falado, o --------------------------------------05 CHISPANDO, sair ---------------------------------------------34 COISA puxa a outra, uma -------------------------------------27 CONVERSA mole, deixar de --------------------------------20 COSTAS, virar as --------------------------------------------- 101 CUEIRO, estar ainda fedendo a -----------------------------37 DIABO, que -----------------------------------------------------28 DENTE de coelho, aí tem ------------------------------------31 DESANDAR a chorar --------------------------------------- 102 DESFEITA, não fazer uma --------------------------------- 115
148
DESTA para melhor, passar -------------------------------- 118 ESTÁTUA de gesso, como uma -----------------------------48 FIGA só não faz verão, uma ---------------------------------12 FIM, ir até o -----------------------------------------------------42 FIRME, agüentar --------------------------------------------- 108 FORMA, em -----------------------------------------------------45 FUMAÇA mas nenhum fogo, muita ------------------------43 FUZUÊ, aprontar o maior ------------------------------------24 GATO e sapato, fazer de --------------------------------------99 ILEGALIDADE, jogar na ------------------------------------57 JUDAS, ser ------------------------------------------------------51 LÁBIA boa, ser de ----------------------------------------------85 LÁBIOS, morder os -------------------------------------------69 LENGALENGA, repetir a ------------------------------------21 LUGAR, esquentar o ------------------------------------------07 MACACO velho, ser -------------------------------------------56 MAL pela raiz, cortar o -------------------------------------- 114 MANGAS, arregaçar as ----------------------------------------58 MANHÃ, fazer -------------------------------------------------16 MÃO aberta, ser ------------------------------------------------60 MÃO de a., ter a ------------------------------------------------61 MÃO em a.c., ter -----------------------------------------------59 MÃO no fogo, botar a -----------------------------------------62 MÃO, estar à ----------------------------------------------------63 MÃOS de fada, ter ---------------------------------------------64 MÃOS abanando, com as -------------------------------------67 MÃOS, esfregar as ---------------------------------------------68 MÍNIMA, não dar a --------------------------------------------54 MORTO do que vivo, mais -----------------------------------70 NARIZ em a.c., meter o --------------------------------------71 NARIZ, torcer o ------------------------------------------------73 NEGOCIÃO, fazer um ---------------------------------------04 NERVOS, dar nos ---------------------------------------------75 OBSTÁCULOS, prosseguir sem------------------------------03 OLHO em a. ou a.c., ficar de ---------------------------------78 OLHO NU, a ---------------------------------------------------77 OLHOS, arregalar os ------------------------------------------76 OLHOS, sair pelos ---------------------------------------------80
149
OUVIDO, escutar com meio ---------------------------------81 OUVIDOS, ser todo -------------------------------------------82 PÃO-DE-LÓ, tratar a -----------------------------------------83 PAPEL, branco como -----------------------------------------35 PAPO para o ar, viver de --------------------------------------66 PATAVINA, não entender -----------------------------------01 PEDRA, dormir como uma ----------------------------------49 PELE E OSSO, só ---------------------------------------------90 PERNAS, desenferrujar as ------------------------------------46 PESTANEJAR, sem -------------------------------------------23 PISCADA, dar um ---------------------------------------------79 POBRE, sozinho que nem um -------------------------------11 PONTA da língua, estar na -----------------------------------94 PONTO final, e -------------------------------------------------95 RUMO tomar, sem saber que --------------------------------93 SABÃO, levar um ----------------------------------------------15 SACO!, que ---------------------------------------------------- 103 SALTITANTE que nunca, mais -----------------------------92 SARRO de a., tirar um -----------------------------------------74 SAÚDE, vender ------------------------------------------------44 SÉTIMO CÉU, estar no ---------------------------------------22 SITUAÇÃO, aproveitar-se da --------------------------------39 TELHA, fazer o que der na --------------------------------- 111 TEMPO, cada coisa em seu -------------------------------- 107 TINTIM por tintim --------------------------------------------40 TRIPAS coração, fazer das ------------------------------------02 URSO, parecer um ---------------------------------------------52 VENTOS, aos quatro ---------------------------------------- 116 VIDA, ir cuidar da sua -----------------------------------------38
150
ANEXO 3
EXPRESSÕES EM PORTUGUÊS A PARTIR DA PRIMEIRA LETRA
151
Os números referem-se aos verbetes e não às páginas
a olho nu ----------------------------------------------------------------------77
acabar logo com isso --------------------------------------------------------41
agüentar firme ------------------------------------------------------------- 108
aí tem dente de coelho -----------------------------------------------------31
andar de cara amarrada -----------------------------------------------------33
aos quatro ventos --------------------------------------------------------- 116
aprontar o maior fuzuê -----------------------------------------------------24
aproveitar-se da situação ---------------------------------------------------39
arrancar os cabelos ----------------------------------------------------------13
arregaçar as mangas ---------------------------------------------------------58
arregalar os olhos ------------------------------------------------------------76
botar a mão no fogo --------------------------------------------------------62
branco como papel ----------------------------------------------------------35
cada coisa em seu tempo ------------------------------------------------- 107
cara de pau -------------------------------------------------------------------32
com as mãos abanando -----------------------------------------------------67
como uma estátua de gesso ------------------------------------------------48
cortar o mal pela raiz ----------------------------------------------------- 114
dar arrepios -------------------------------------------------------------------10
dar bola -----------------------------------------------------------------------97
dar nos nervos ---------------------------------------------------------------75
dar o ar da graça ----------------------------------------------------------- 119
dar um piscada ---------------------------------------------------------------79
de boca aberta ---------------------------------------------------------------08
deixar de conversa mole ---------------------------------------------------20
desandar a chorar ---------------------------------------------------------- 102
desenferrujar as pernas -----------------------------------------------------46
152
dormir como uma pedra ---------------------------------------------------49
e ponto final ------------------------------------------------------------------95
em carne e osso --------------------------------------------------------------17
em forma----------------------------------------------------------45
enfiar a.c. na cabeça ------------------------------------------------------- 110
escutar com meio ouvido --------------------------------------------------81
esfregar as mãos -------------------------------------------------------------68
esquentar a cabeça ----------------------------------------------------------91
esquentar o lugar ------------------------------------------------------------07
estar à mão -------------------------------------------------------------------63
estar ainda fedendo a cueiro -----------------------------------------------37
estar arrasado -------------------------------------------------------------- 109
estar na ponta da língua ----------------------------------------------------94
estar no sétimo céu ---------------------------------------------------------22
fazer chacota -----------------------------------------------------------------98
fazer das tripas coração ----------------------------------------------------02
fazer de gato e sapato -------------------------------------------------------99
fazer manhã ------------------------------------------------------------------16
fazer o que der na telha -------------------------------------------------- 111
fazer um negocião -----------------------------------------------------------04
ficar de olho em a. ou a.c. --------------------------------------------------78
ir até o fim --------------------------------------------------------------------42
ir cuidar da sua vida ---------------------------------------------------------38
ir direto ao caroço da questã ----------------------------------------------30
jogar na ilegalidade ----------------------------------------------------------57
lamber os beiços -------------------------------------------------------------29
levar ao caminho do bem ------------------------------------------------ 117
levar um sabão ---------------------------------------------------------------15
mais morto do que vivo ----------------------------------------------------70
153
mais saltitante que nunca --------------------------------------------------92
meter o nariz em a.c. --------------------------------------------------------71
mijar nas calças --------------------------------------------------------------36
morder os lábios ------------------------------------------------------------69
muita fumaça mas nenhum fogo -----------------------------------------43
não abrir a boca -------------------------------------------------------------09
não dar a mínima ------------------------------------------------------------54
não entender patavina ------------------------------------------------------01
não fazer uma desfeita ---------------------------------------------------- 115
o chefe falou tá falado-------------------------------------------05
parecer um urso --------------------------------------------------------------52
passar desta para melhor ------------------------------------------------- 118
perder a cabeça ------------------------------------------------------------ 113
perder a cabeça ---------------------------------------------------------------19
pronto para o ataque --------------------------------------------------------06
prosseguir sem obstáculos--------------------------------------03
pular de alegria ---------------------------------------------------------------50
que diabo ---------------------------------------------------------------------28
que saco! -------------------------------------------------------------------- 103
repetir a lengalenga-----------------------------------------------21
sacudir a cabeça --------------------------------------------------------------14
sair chispando ----------------------------------------------------------------34
sair pelos olhos --------------------------------------------------------------80
sem pestanejar ---------------------------------------------------------------23
sem saber que rumo tomar ------------------------------------------------93
sentir a cabeça girar ------------------------------------------------------- 112
ser de lábia boa ---------------------------------------------------------------85
ser judas -----------------------------------------------------------------------51
ser macaco velho -------------------------------------------------------------56
154
ser mão aberta ---------------------------------------------------------------60
ser todo ouvidos -------------------------------------------------------------82
ser um anjo -------------------------------------------------------------------84
só pele e osso ----------------------------------------------------------------90
sonhe com os anjos ------------------------------------------------------- 105
sozinho que nem um pobre -----------------------------------------------11
ter a mão de a. ---------------------------------------------------------------61
ter mão em a.c. --------------------------------------------------------------59
ter mãos de fada ------------------------------------------------------------64
tintim por tintim -------------------------------------------------------------40
tirar um sarro de a. ----------------------------------------------------------74
torcer o nariz -----------------------------------------------------------------73
tratar a pão-de-ló ------------------------------------------------------------83
uma coisa puxa a outra -----------------------------------------------------27
uma figa só não faz verão --------------------------------------------------12
vender saúde -----------------------------------------------------------------44
virar as costas -------------------------------------------------------------- 101
viver de papo para o ar -----------------------------------------------------66
155
Consideramos a obra lexicográfica um ótimo instrumento de pesquisa e
reflexão sobre o uso da língua. Concebemos um dicionário bilíngüe como um
instrumento capaz de prover o usuário de elementos que o ajudem na
compreensão, assim como na criação de textos. Nossa pesquisa não é
exaustiva, e sim exemplificativa do que acreditamos ser um procedimento
exeqüível para a elaboração de um dicionário bilíngue de expressões
idiomáticas.
Coletamos nas obras analisadas de Rodari 120 expressões. Em
português as expressões são 103. Esta diferença ocorre porque todas as
expressões sinônimas e variantes remetem a uma só expressão equivalente.
Optamos pela não apresentação de formas sinônimas em português. Ainda
que em um primeiro momento da pesquisa elas tenham sido coletadas,
fizemos a escolha por uma só forma equivalente mesmo quando os contextos
de uso fossem vários, ou as expressões remetessem a outras. A escolha da
“melhor” expressão equivalente obedeceu ao critério de que a forma
equivalente, sua definição e seu contexto fossem intercambiáveis em todos os
contextos de uso, definição e remissões da forma original.
Todas as expressões estão acompanhadas de definição, contexto de
uso e forma equivalente. Vinte delas estão acompanhadas por uma rede de
remissivas.
As expressões na forma equivalente tentam seguir a estrutura da
expressão na língua de partida. É o caso de MANI d’oro, avere le = MÃOS de
fada, ter (nas duas expressões, o substantivo é o núcleo da expressão)
Em algumas expressões, isso não foi possível. Então procuramos uma
expressão que melhor se adaptasse ao sentido. Ex: ANDARE via liscio =
VENTO em popa, ir de (na expressão original, o núcleo é verbo, na expressão
equivalente, é o substantivo).
156
As expressões que são indicadas pelo substantivo são 110, consituindo
pois 90% dos casos. Comprova-se a teoria do substantivo como principal
núcleo de significação da expressão idiomática.
As expressões indicadas pelo adjetivo são quatro: farla finita (41);
essere sano in lungo e in largo (100), farsi vivo (119), saperla lunga (56).
As expressões indicadas pelo verbo são seis: andare via liscio (3),
esserci sotto qualcosa (31), farsela addosso (36),ridere dietro (98), scoppiare a
piangere (102), tenere duro (108)
Nenhuma expressão é indicada pelo pronome ou pelo advérbio.
As expressões idiomáticas sinônimas (que variam o núcleo) são:
Andare via liscio (3)/ Andare via d’incanto (53)
Esserci sotto qualcosa (31)/ qui gatta ci cova (47)
Farsela addosso (36)/ farsi sotto dalla paura (88)/
Leccarsi le dita (29) / fare schioccare la lingua (55)
Restare con le mani in mano (66)/ stare col naso per aria (72)
Ridere dietro (98)/ ridere alle spalle (106)
Sgranchirsi le gambe (46)/ fare due passi (86)/ fare quattro passi (87)
Tornare con la faccia lunga (33)/ essere scuro nel volto (120)
Venire al dunque (30)/ venire al sodo (104)
Venire i brividi (10) / far venire la pelle d’oca (89)
Consideramos variantes (que mantém o mesmo núcleo) as seguintes
expressões:
Avere le mani d’oro (64)/ avere la mani d’oro e d’argento (65)
In carne e ossa (17)/ in carne, ossa e persona (18)
Senza battere ciglio (24)/ non battere ciglio (23)
Fare due passi (86)/ fare quattro passi (87)
Parece-nos um número bastante representativo no conjunto das
expressões analisadas e descritas.
157
No português também foram recolhidas muitas expressões sinôminas,
são elas: “sem pestanejar e sem piscar o olho” ou “ser macaco velho e ser
sabichão”, “não dar bola ou não botar fé”, etc, mas nossa decisão de
apresentarmos apenas uma expressão em português, obedeceu ao seguinte
critério: aquela que estivesse melhor contextualizada (mesmo nível de registro
de uso), e de onde pudesse ser retirada a melhor definição, sempre tendo em
vista, é claro, a expressão em italiano.
Embora no começo de nossa pesquisa, acreditássemos que a grande
questão que teríamos de enfrentar seria aquela pertinente às expressões
remotivadas e modificadas, no decorrer da pesquisa essa preocupação foi se
mostrando menos relevante. Na busca da expressão equivalente, pesquisando
o corpus de obras de literatura brasileira, percebemos quantas vezes os
autores utilizam-se desse recurso. Foi este o fato importante que fez com que
a nossa pesquisa mudasse de rumo. A nossa preocupação primeira era as
“saídas do trilho” (le uscite dal binario) das expressões de Rodari, quais eram
seus procedimentos e quais eram suas conseqüências para o sentido das
mesmas.
Percebemos então que estávamos “chovendo no molhado”, porque
Lapucci na premessa de seu dicionário de expressões, editado em 1969,
considerado o primeiro dicionário de expressões idiomáticas de lingua italiana,
já advertia28:
“Sono molti i modi di dire che s’incontrano leggendo e ancora più
numerosi quelli che si usano parlando. Non sempre vengono adoprati a
proposito, non sempre chi ascolta o legge li capisce nel loro giusto significato.
Poco male, dato che il contesto spesso è suficiente a far capire di cosa si tratti,
….”29
28 LAPUCCI, C. Il dizionario dei modi di dire della lingua italiana. Milão, Garzanti- Avallardi, 1993, p. 1. 29 “São muitas as expressões idiomáticas que encontramos lendo e ainda mais numerosas as que se usam falando. Não sempre são utilizadas corretamente, nem sem quem escuta ou lê, as entende no seu
158
O falante comum, consciente ou inconscientemente, utiliza-se da
expressão modificada; maior razão tem o escritor, poeta e gramático da
fantasia, Gianni Rodari para ressemantizar, recategorizar as expressões
idiomáticas do sistema. Para esclarecer seu “novo” significado, bastava o
contexto. Entretanto para verificar se o procedimento de Rodari era ou não
original, usamos como corpus parâmetro grandes autores da literatura
brasileira e os dicionários elencados em nossa bibliografia.
A investigação rumou para a busca de contextos que apresentassem o
mesmo colorido da expressão original, com o mesmo nível de registro
(coloquial ou culto, tenso ou distendido), para que deles extraíssemos a
expressão equivalente.
As expressões que destacamos como remotivadas são duas.
Consideramos remotivadas (rimpaginate, em italiano) as expressões em que o
núcleo da expressão foi alterado:CAPELLI non fanno primavera, due
(expressão normatizada RONDINE non fa primavera, una) e ORECCHIE,
venire fuori dalle (expressão normatizada OCCHI, venire fuori dagli)
Consideramos expressões modificadas aquelas que apresentam
mudanças em elementos que não o núcleo. Nos quatro casos elas foram
encompridadas, com um acréscimo de mais um substantivo ou adjetivo.
CARNE, ossa e persona, (expressão normatizada CARNE e ossa, in);
MANI d’oro e d’argento, avere (expressão normatizada MANI d’oro, avere le) e
AFFARE d’oro e d’argento, fare (expressão normatizada AFFARE d’oro, fare);
PESCE persico, vispo come um (expressão normatizada PESCE, vispo come
un)
Maria Aparecida diz quando aborda os processo neológicos mais
frequente das lexias textuais em Primeiras Estórias de Guimarães Rosa:
“Observemos que todas as lexias são polissemêmicas e apresentam no
significado exato. Não importa, já que o contexto frequentemente é suficiente para esclarecer do que se trata,….”
159
mínimo, dois designata: o da lexia textual como se acha memorizada e o
gerado na instância discursiva30”. Essa memória da expressão que o
falante da língua tem para perceber a sua alteração, o não falante da língua
não tem. Por isso a nossa opção em colocar a nota de uso no verbete.
Esperamos que os resultados obtidos com a nossa pesquisa sejam
úteis para as áreas de lexicologia, lexicografia e estudos da tradução. Cremos
ainda ter alcançado nossos objetivos ao contribuir para a análise e descrição
das expressões idiomáticas em Rodari e também para a elaboração futura de
um dicionário bilíngue de expressões idiomáticas.
30 BARBOSA, M. A. Da Neologia à neologia na literatura in As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia e terminolgia. Campo Grande, UFMS, 2001.
160
161
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