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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL EXTRATO DE BARBATIMÃO E CÉLULAS MONONUCLEARES AUTÓLOGAS NO TRATAMENTO DE FERIDAS EXCISIONAIS DE COELHOS Danilo Ferreira Rodrigues Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva GOIÂNIA 2015

EXTRATO DE BARBATIMÃO E CÉLULAS ......DANILO FERREIRA RODRIGUES EXTRATO DE BARBATIMÃO E CÉLULAS MONONUCLEARES AUTÓLOGAS NO TRATAMENTO DE FERIDAS EXCISIONAIS DE COELHOS Tese apresentada

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

EXTRATO DE BARBATIMÃO E CÉLULAS MONONUCLEARES

AUTÓLOGAS NO TRATAMENTO DE FERIDAS EXCISIONAIS DE

COELHOS

Danilo Ferreira Rodrigues

Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva

GOIÂNIA

2015

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DANILO FERREIRA RODRIGUES

EXTRATO DE BARBATIMÃO E CÉLULAS MONONUCLEARES

AUTÓLOGAS NO TRATAMENTO DE FERIDAS EXCISIONAIS DE

COELHOS

Tese apresentada para obtenção do título de

Doutor em Ciência Animal junto à Escola de

Veterinária e Zootecnia da Universidade

Federal de Goiás.

Área de concentração:

Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Orientador:

Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva –

EVZ/UFG

Comitê de Orientação:

Prof.ª Dr.ª Maria Clorinda S.Fioravanti –

EVZ/UFG

Prof.ª Dr.ª Liliana Borges de Menezes –

IPTSP/UFG

GOIÂNIA

2015

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Dedico este trabalho à minha eterna

companheira,Fernanda Figueiredo Mendes,

por seu amor e apoionos momentos fáceis e

difíceis deminha vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, o maior responsável por todas as oportunidades que me fizeram chegar

até aqui.

Ao prof. Luiz Antônio Franco da Silva, primeiramente por me aceitar como

orientando e pela sua grande amizade, convívio harmonioso, paciência, ensinamentos e

imensa contribuição com o meu desenvolvimento profissional.

Ao meu amor, Fernanda Figueiredo Mendes, pelo imenso apoio pessoal e

profissional, sem os quais seria impossível a realização deste trabalho, pois quando tudo

parecia impossível, eu sempre podia contar com a sua ajuda para deixar a situação sob

controle.

A toda a minha família, especialmente aos meus pais, Geraldo Borges Rodrigues e

Rosilene Ferreira Rodrigues, e à minha avó Felícia dos Santos Ferreira, pelo amor e apoio

nesta minha jornada.

Às minhas co-orientadoras, Prof.ªDr.ª Maria Clorinda Soares Fioravanti e

Prof.ªDr.ª Liliana Borges de Menezes, pela amizade e imensa disposição em sempre ajudar no

desenvolvimento desta pesquisa.

Aos meus amigos de Pós-graduação pelos maravilhosos momentos de estudo e

lazer, além de contribuírem direta ou indiretamente com este trabalho, especialmente a Liliane

Tanus Benatti,Antônio Dionísio Feitosa Noronha Filho,Carlos Vinícius de Miranda Faria,

Taís Andrade Dias,Giselle Bonifácio Neves Mendonça, Marina Zimmermann, Saura Nayane

de Souza, Camila França de Paula Orlando, Daniel Silva Goulart, Júlia de Miranda Moraes,

Vanessa de Sousa Cruz Pimenta, Leandro Guimarães Franco, Ana Carolina Vasques Vilela,

Thamiza Carla Costa dos Santos, Léo Lindsay Sousa Galvão, Polyanna da Silva Ferreira

eBenito Juarez Nunes Alves de Oliveira.

Aos alunos que fizeram ou fazem parte do Grupo de Pesquisa do Prof. Dr. Luiz

Antônio Franco da Silva:Damila Batista Caetano, Brenda Lee Silva Buso, Arielly Rodrigues

de Lima, Ana PaulaNunes de Paiva,Joel Phillipe Costa e Souza, Jéssica Alves da Silva,

Sabrina Lucas Ribeiro de Freitas, Paulo José Bastos Queiroz, Josyanne Rodrigues de Freitas,

Lucas Alves Rodrigues Martins, Morgana Pontes Abreu, Lucas Andrade Mendes, Daniela

Ferreira Cordeiro Gomes, João Messias Carvalhares Filho, Maria Madalena Santos

Costa,Luíza Costa Barcellos eMarina Magalhães Rezendepela imensa ajuda durante o

manejo, procedimentos cirúrgicos dos animais e processamento das amostras deste trabalho.

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À pesquisadora MSc. Maria de Fátima Lima de Assis e sua equipe do Instituto

Evandro Chagas (PA) pelos ensinamentos nas técnicas de cultivo celular.

A Prof.ª Dr.ª Elisângela de Paula Silveira Lacerda e sua equipe do Laboratório de

Genética Molecular e Citogenética, do Instituto de Ciências Biológicas-UFG, por auxiliar no

desenvolvimento das etapas de isolamento celular.

Aos Pós-graduandos da Faculdade de Farmácia-UFG, Wannessa Lenyse Rocha de

Carvalho e Stone de Sá, pelo auxílio nos procedimentos de caracterização do extrato de

barbatimão.

Aos professores da EVZ/UFG pela amizade e ensinamentos, em especial àProf.ª

Neusa Margarida Paulo, Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno, Prof. Dr. Olízio Claudino da

Silva, Prof. Dr. Paulo Henrique Jorge da Cunha, Prof. Dr. Luiz Augusto de Souza,Prof.ª Dr.ª

Aline Maria Vasconcelos Lima,Prof. Dr. Eugênio Gonçalves de Araújo, Prof.ª Dr.ª Maria

Auxiliadora Andrade e Prof. Dr. Marcos Barcellos Café.

Aos funcionários do Hospital Veterinário, em especial às técnicas Vilda Maria dos

Reis, Maria do Carmo Marques, Sheila de Almeida Souza e ao Médico Veterinário Dr.

Apóstolo Ferreira Martins, por sempre estarem com muita disposição em me ajudar nas

atividades deste trabalho e da rotina do Hospital Veterinário.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e

Zootecnia/UFG que possibilitou o desenvolvimento deste estudo.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e à

Fundação de Amparo à Pesquisa, pelo apoio financeiro. À Farmácia de Manipulação

Animalle (Goiânia – GO) e à empresa Guabi (Anápolis – GO), pelo provimento de insumos.

Aos brasileiros contribuintes que possibilitaram o financiamento desta pesquisa.

A todos os animais que possibilitaram o nosso aprendizado e crescimento pessoal.

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“Não entre em pânico.”

Douglas Adams

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................... 1

1.1. Introdução ....................................................................................................................... 1

1.2. Considerações gerais sobre a pele.................................................................................... 3

1.3. Aspectos relacionados a biologia da cicatrização cutânea ................................................ 4

1.4. Tratamento de feridas ...................................................................................................... 6

1.5. Parâmetros de avaliação da cicatrização de feridas ........................................................ 11

Referências .......................................................................................................................... 12

CAPÍTULO 2 –O EXTRATO DA CASCA DE BARBATIMÃO, Stryphnodendron

adstringens (Martius) Coville, NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS EM ANIMAIS .......... 22

Introdução ............................................................................................................................ 24

Considerações gerais acerca defitoterápicos ......................................................................... 25

Considerações Gerais sobre oBarbatimão ............................................................................. 25

Composição química do extrato da casca debarbatimão........................................................ 27

O barbatimão como auxiliar no processo cicatricial deferidas ............................................... 28

Toxicidade dobarbatimão ..................................................................................................... 34

Consideraçõesfinais ............................................................................................................. 35

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 36

CAPÍTULO 3 –TRATAMENTO DE FERIDAS EXCISIONAIS DE COELHOS COM

EXTRATO DE BARBATIMÃO (Stryphnodendron adstringens) ASSOCIADO A CÉLULAS

MONONUCLEARES AUTÓLOGAS DA MEDULA ÓSSEA ............................................ 42

Introdução ............................................................................................................................ 43

Material E Métodos.............................................................................................................. 44

Resultados ........................................................................................................................... 50

Discussão ............................................................................................................................. 59

Conclusão ............................................................................................................................ 63

Referências .......................................................................................................................... 63

CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 67

ANEXOS ............................................................................................................................. 70

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Aspectos gerais do barbatimão (Stryphnodendron adstringens): A)

Árvore;B) Folha composta por folíolos e foliólulos (seta); C) Vagens (seta);

D) Exemplode um dos extratos da casca de barbatimão (Extrato glicólico)

(Animalle - Farmácia de Manipulação Veterinária,Goiânia-Goiás). ............... 26

FIGURA 1- Procedimento de colheita e isolamento de CMMO, promoção das feridas e

administração dos tratamentos em coelhos: A, punção da medula óssea do

úmero, com agulha 40x12mm acoplada a uma seringa de 10mL contendo

solução de NaCl a 0,9% heparinizada; B, nuvem celular composta por

CMMO após o procedimento de separação celular por gradiente de

densidade (seta vermelha); C, feridas cutâneas excisionais confeccionadas

com punch metálico de 8mm; D, feridas após a colocação da membrana de

poliuretano; E, Representação esquemática da técnica de aplicação da

solução terapêutica de acordo com o grupo (barbatimão, CMMO ou solução

de NaCl a 0,9%). ........................................................................................... 47

FIGURA2- Representação esquemática dos protocolos terapêuticos empregados nas

feridas excisionais cutâneas de coelhos tratados com extrato de barbatimão

(B), CMMO associadas ao extrato de barbatimão (CB), CMMO associadas

a solução de NaCl a 0,9% (CS) e solução de NaCl a 0,9% (S). ECB: extrato

da casca de barbatimão a 10%. CMMO: células mononucleares autólogas da

medula óssea. Solução salina: solução de NaCl a 0,9%. ................................. 48

FIGURA3 - Descrição do procedimento de mensuração da ferida de coelhos pelo

programa Image J: A, captura da imagem da ferida juntamente com uma

régua para ter a referência da escala; B, ajuste do contraste para favorecer a

delimitação da área da ferida; C, área da ferida completamente isolada pelo

plugin Threshold colour que permite a contagem total de pixels e conversão

em cm2 (representada em preto)..................................................................... 48

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FIGURA4 - Mensuração da área ocupada por fibras colágenas em fotomicrografias de

feridas de coelhos pelo programa Image J: A, imagem original da ferida

capturada em microscópio de luz polarizada no aumento de 400x, as fibras

colágenas estão coradas nas graduações de laranja ao vermelho intenso; B,

área ocupada por fibras colágenas completamente isolada por meio do

plugin Threshold colour representada em preto, a área branca representa a

ausência de colágeno. .................................................................................... 49

FIGURA5- Aspectos macroscópicos das feridas cutâneas excisionais de coelhos tratadas

com barbatimão (B), CMMO com barbatimão (CB), CMMO com solução

de NaCl a 0,9% (CS) e solução de NaCl a 0,9% (S), no dia da cirurgia (dia

0) e no terceiro, sétimo, 14º e 21º dia pós-operatório. Em todos os grupos,

no dia do procedimento ciúrgico observam-se pequenos focos de

hemorragia na lesão. No terceiro dia pós-operatório não se observam

hemorragia ou hiperemia em todos os grupos. No sétimo dia pós-operatório,

evidencia-se a formação de crostas mais exuberantes nos grupos B e CB,

ultrapassando as bordas da ferida. No 14º dia, observa-se a reepitelização e

redução do tamanho das feridas, e presença da cicatriz no 21º dia pós-

operatório em todos os grupos. ...................................................................... 51

FIGURA6 - Representação gráfica da mensuração média da área e desvio padrão de

feridas cutâneas excisionais em cm2 no decorrer dos dias,pelo programa

Image J, de coelhos tratados com barbatimão (B), CMMO com barbatimão

com (CB), CMMO com solução de NaCl a 0,9% (CS) e solução de NaCl a

0,9% (S). Eixo X: dia da mensuração da ferida. Eixo Y: área da ferida em

cm2. ............................................................................................................... 51

FIGURA7 - Representação gráfica da avaliação histopatológica da presença de células

polimorfonucleares (A), células mononucleares (B), angiogênese (C),

fibroplasia (D) e reepitelização (E) em feridas cutâneas excisionais de

coelhos, em escores, tratadas com extrato da casca de barbatimão (B),

CMMO com extrato barbatimão (CB), CMMO com solução de NaCl a 0,9%

(CS) e solução de NaCl a 0,9% (S), na coloração de HE, no terceiro, sétimo,

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14º e 21º dia pós-operatório. * Para a variável reepitelização consideraram-

se os escores como ausente (0), parcial (1) e total (2). Eixo x=grupo/período

de avaliação e eixo y=nº de animais. .............................................................. 53

FIGURA 8 - Representações das fotomicrografias de feridas cutâneas excisionais de

coelhos, de acordo com o tratamento (linhas) e período de avaliação

(colunas), pela técnica de coloração hematoxilina e eosina, aumento de 100x

(retângulo maior) e 400x (retângulo menor), em microscopia de luz. Grupos:

B (extrato de barbatimão); CB (CMMO com extrato de barbatimão); CS

(CMMO com solução de NaCl 0,9%); e S (solução de NaCl a 0,9%).

Evidencia-se a presença de infiltrado inflamatório no terceiro dia pós-

operatório em todos os grupos. Com sete dias, observa-se a presença de

células mononucleares e angiogênese de moderada a acentuada em todos os

grupos, além da presença de crosta mais espessa nos grupos B e CB

(estrela). No 14º dia, evidencia-se a fibroplasia e células mononucleares em

todos os grupos. No 21º dia pós-operatório, a fibroplasia apresentou

intensidade de moderada a acentuada em todos os grupos. ............................. 54

FIGURA9 - Representações das fotomicrografias de feridas cutâneas excisionais de

coelhos, de acordo com tratamento (linhas) e período de avaliação (colunas),

pela técnica de coloração picrosirius, aumento de 400x em microscopia de

luz polarizada, demonstrando áreas ocupadas por fibras colágenas

representadas pelas cores que variam do verde ao vermelho intenso. Grupos:

B (extrato de barbatimão); CB (extrato de barbatimão com CMMO); CS

(CMMO com solução de NaCl a 0,9%); e S (solução de NaCl a 0,9%).

Evidencia-se maior quantidade de fibras colágenas nos grupos B e CB no

sétimo dia pós-operatório e organização do posicionamento das fibras

colágenas no 21º dia pós-operatório nesses grupos. ....................................... 56

FIGURA 10 - Representações gráficas da quantidade de células marcadas (%) pela técnica

de coloração AgNOR (A) e quantidade de grupamentos de proteínas

AgNOR (B) no terceiro, sétimo, 14º e 21º dia pós-operatório. Grupos: B

(extrato de barbatimão); CB (CMMO com extrato barbatimão); CS (CMMO

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com solução de NaCl a 0,9%); e S (solução de NaCl a 0,9%). Eixo X:

período de avaliação. Eixo Y: porcentagem de células marcadas (A) e

quantidade de células marcadas (B). .............................................................. 57

FIGURA 11 - Representações das fotomicrografias de feridas cutâneas excisionais de

coelhos, de acordo com tratamento (linhas) e período de avaliação (colunas),

pela técnica de coloração AgNOR, aumento de 400x em microscopia de luz

(escala de cinza), demonstrando proteínas AgNOR representadas por pontos

escuros formando os nucléolos (seta vermelha). Grupos: B (extrato de

barbatimão); CB (CMMO com extrato barbatimão); CS (CMMO com

solução de NaCl a 0,9%); e S (solução de NaCl a 0,9%). Observa-se a

presença de poucas células em proliferação no terceiro dia pós-operatório e

aumento significativo no sétimo e 14º dia. No 21º dia pós-operatório,

evidencia-se a redução da quantidade de células em proliferação. .................. 58

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RESUMO

Na Medicina Veterinária, o tratamento de lesões cutâneas pode ser dispendioso, demorado ou

ineficaz em pacientes com fatores predisponentes que desfavoreçam a cicatrização, como os

idosos, diabéticos, obesos, comatosos, desnutridos, queimados e que apresentam processos

infecciosos. Pela importância do assunto, a busca por técnicas inovadoras e eficazes que

favoreçam o processo cicatricial, impulsiona uma série de estudos científicos em todo o

mundo. Dentre esses, resultados promissores foram obtidos pelo uso do fitoterápico

barbatimão (Stryphnodendron adstringens) e de células mononucleares da medula óssea.No

entanto, não há relatos que descrevam a associação dessas terapias em feridas. Objetivou-se,

neste estudo, determinar se o tratamento feridas cutâneas excisionais de coelhos (Oryctolagus

cuniculus) é otimizado pelo extrato de barbatimão associado a células mononucleares

autólogas da medula óssea em comparação a estas terapias empregadas

isoladamente.Inicialmente, avaliaram-se clinicamente as feridas por meio da classificação da

intensidade dos parâmetros de hiperemia, hemorragia, secreção, crostas, reepitelização, área

da ferida e tempo de cicatrização, acrescida da avaliação histológica, com observação de

células polimorfonucleares, células mononucleares, angiogênese e fibroplasia, além da

quantificação de fibras colágenos. Em seguida, verificou-se se as terapias do estudo auxiliam

na proliferação celular. Foram empregados métodos de avaliação clínica, morfométrica,

histológica e histoquímica das feridas. Conclui-se que, na fase inicial da cicatrização, o

barbatimão estimula a produção de fibras colágenas e promove a formação de crostas mais

exuberantes sobre a ferida e, na fase de remodelação, favorece a orientação das fibras

colágenas, mas a associação desse fitoterápico com CMMO não estimula a cicatrização de

feridas de coelhos.

Palavras-chave: cicatrização;colágeno;fitoterapia; medula óssea; proliferação celular.

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ABSTRACT

In Veterinary Medicine treatment of skin wounds can be costly, slow and ineffective in

patients with disadvantageous factors such as the elderly, diabetics, obese, comatose,

malnourished, burned, and with infection process. The search for innovative and effective

techniques that favor the healing process, promotes a series of scientific studies around the

world. Promising results were obtained using the phytotherapy with barbatiman

(Stryphnodendron adstringens) and autologous bone marrow mononuclear cells. However,

there are no reports describing the association of these therapies in wounds. The aim of this

study was to determine if the treatment of excisional wounds in rabbits (Oryctolagus

cuniculus) is optimized by barbatiman extract associated with autologous bone marrow

mononuclear cells, and to compare these therapies used alone. Initially, the wounds were

evaluated clinically by the intensity of parameters such as hyperemia, bleeding, discharge,

crusting, epithelialization of the wound area and healing time, plus the histological evaluation,

with observation of polymorphonuclear cells, mononuclear cells, fibroplasia and

angiogenesis, in addition to quantitation of collagen fibers. Then, we evaluated whether the

therapies aided in the study of cell proliferation. This study employed clinical evaluation,

morphometric, histological and histochemical methods in the wounds. We observed that, in

the initial phase of the healing, barbatiman stimulates the production of collagen fibers and

promotes the formation of more exuberant crusts on the wounds and remodeling phase favors

the orientation of collagen fibers, but when combined with autologous bone marrow

mononuclear cells it does not stimulate the wound healing in rabbits.

Keywords:bone marrow, cell proliferation, collagen, phytotherapy, wound healing

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CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1.Introdução

A pele, o maior órgão do organismo animal tem como principal função atuar

como barreira física contra agentes externos. Quando a integridade dessa barreira é perdida,

formando feridas, o local da injúria atua como porta de entrada para inúmeros agentes

patogênicos, que podem prejudicar o processo cicatricial e, até mesmo, levar o paciente à

morte. Na prática clínica e cirúrgica veterinária, a incidência de feridas é elevada,

dispensando significativos recursos financeiros no tratamento e comprometendo a reparação

tecidual. Outro fator que pode influenciar negativamente o processo cicatricial diz respeito à

condição clínica do paciente, pois a idade avançada, obesidade, desnutrição, diabetes,

localização e extensão da ferida podem retardar ou mesmo impedir que a cicatrização ocorra

adequadamente. Portanto, é fundamental que o restabelecimento da integridade cutânea

ocorra o mais brevemente possível.

Para auxiliar o processo de cicatrização, podem-se utilizar diferentes protocolos,

como: manobras cirúrgicas, administração de medicamentos alopáticos, laserterapia,

oxigenoterapia hiperbárica, terapia celular e fitoterapia. Dentre essas, o emprego do

fitoterápico barbatimão e da terapia com células mononucleares autólogas da medula óssea

(CMMO) apresentaram resultados promissores na reparação tecidual. O barbatimão

(Stryphnodendron adstringens) é tradicionalmente utilizado no tratamento de feridas, sendo a

casca dessa árvore a base para a formulação do fitoterápico. Esse fitoterápico foi empregado

sob diferentes apresentações, como: extratos fluidos, cremes e pomadas. O extrato do

barbatimão apresenta propriedades anti-inflamatória, antimicrobiana, adstringente,

antioxidante e cicatrizante, conferidas pelo seu principal composto terapêutico, conhecido

como tanino. Além disso, ele possui baixo custo e é de fácil aquisição, o que permitiu a sua

popularização.

Fazendo uma retrospectiva sobre os estudos realizados empregando o barbatimão,

verifica-se que na experiência do grupo de pesquisa Técnicas Cirúrgicas, Diagnósticas e

Anestésicas e Seus Impactos na Saúde e Bem-Estar Animal e no Ambiente da Escola de

Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade Federal de Goiás (UFG), o barbatimão (S.

adstringens) vem sendo objeto de pesquisa desde o ano de 1996. Na ocasião, resultante da

parceria entre a UFG e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), representada pelo grupo

de pesquisa em Cirurgia Experimental, foi publicado o primeiro artigo científico sobre a ação

do fitoterápico. A partir desse momento, outros trabalhos acerca da ação do barbatimão na

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reparação tecidual foram desenvolvidos e publicados por essas instituições. Os dados foram

anunciados na forma de resumos em congressos e artigos científicos nacionais e

internacionais, além de servirem como tema de dissertações de mestrado e teses de doutorado.

Dentre os estudos desenvolvidos pelo grupo (envolvendo a reparação tecidual com o

barbatimão), destacam-se os de autoria de Eurides et al.1, Silva et al.

2, Rodrigues et al.

3,

Freitas et al.4 e Silva et al.

5.

No ano de 2010, esses dois grupos de pesquisa, publicaram o livro Manual do

barbatimão. A obra é uma boa referência para a inserção de pesquisadores no tema e

demonstra a importância do uso racional e sustentável dessa planta medicinal, que atualmente

está ameaçada de extinção. O livro fundamentou-se na experiência prática de pesquisadores e

na compilação de vários achados científicos que avaliaram o extrato de barbatimão na prática

em diferentes espécies animais. Dentre as avaliações, incluem o tratamento de feridas de

difícil cicatrização, contaminadas e extensas, diagnosticadas em animais atendidos no

Hospital Veterinário/EVZ/UFG, reforçando a importância do tema para as pesquisas

científicas. Esse conjunto de achados, decorrentes de pesquisas e fruto da experiência prática,

tem motivado estudos cada vez mais complexos, que objetivam esclarecer o mecanismo de

ação desse fitoterápico no processo de reparação tecidual.

Sob outra perspectiva, a terapia com CMMO é uma alternativa promissora no

auxílio à reparação tecidual, por ser descrita como liberadora de citocinas e de fatores de

crescimento necessários à cicatrização. Acrescente-se que sua fração composta por células-

tronco mesenquimais (CTM) possui a capacidade de diferenciação em diversas linhagens de

tecidos e foi empregada com sucesso em ensaios experimentais, pré-clínicos e clínicos.

Motivado pela importância do assunto, no ano de 2009, o mesmo grupo de pesquisa da

EVZ/UFG,em parceria com a UFU, iniciou estudos na área, apresentando projetos ao

Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. Os estudos foram direcionados para o uso

da terapia celular com CMMO e CTM na reparação tecidual de tendões e de nervos

periféricos, demonstrando o potencial dessas terapias para a Medicina Veterinária. A partir de

então, indagou-se sobre a aplicação da terapia celular em outros tipos de lesões, como nos

dígitos de bovinos e feridas em coelhos, ratos e camundongos, todas vislumbrando contribuir

para o esclarecimento de seus efeitos sobre a cicatrização.

Com base nessas informações, criou-se a hipótese de que a associação dessas

terapias possa favorecer ainda mais o processo de cicatrização de feridas, do que quando

empregadas isoladamente. Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do extrato de

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barbatimão associado àsCMMO sobre o processo de cicatrização de feridas cutâneas

excisionais de coelhos.

Primeiramente, realizou-se a revisão da literatura sobre o fitoterápico barbatimão

e a terapia celular com CMMO para servir de base teórica para o desenvolvimento do estudo

experimental com esses agentes, que representam os Capítulos 1 e 2 deste manuscrito. Na

sequência, realizou-se a descrição do processo de cicatrização de feridas cutâneas excisionais

de coelhos submetidas ao tratamento com CMMO, extrato da casca de barbatimão, com sua

caracterização físico-química, e a associação dessas terapias, por meio de avaliações clínicas,

morfométricas, histológicas e histoquímicas, apresentadas no Capítulo 3. Nas considerações

finais, que correspondem ao Capítulo 4, que apresenta perspectivas da pesquisa, podendo ser

analisadas por aqueles que pretendem desenvolver novos estudos sobre o fitoterápico

barbatimão e a terapia celular com CMMO.

1.2.Considerações gerais sobre a pele

A pele é o órgão que recobre o corpo, e sua principal função é atuar como barreira

física contra o meio externo6,7

. Nos animais, a espessura cutânea varia com a região corporal e

tende a diminuir no sentido dorso ventral do tronco e no sentido proximal-distal dos

membros. Assim, a pele que recobre o dorso do pescoço e da cabeça, fronte, região glútea e

base da cauda é mais espessa. Na região ventral, pavilhões auriculares, regiões axilar,

inguinal, perianal e escroto, a pele apresenta-se mais delgada8. Independentemente da

localização, a pele pode ser dividida em duas camadas: a epiderme e a derme. A epiderme

consiste na camada mais externa, composta por um epitélio estratificado, pavimentoso e

queratinizado que está sempre em renovação. Essa camada possui subcamadas conhecidas

como estratos basal, espinhoso, granuloso, lúcido e córneo7,9

.

O estrato basal é caracterizado por uma única fileira de células dispostas sobre a

membrana basal, que separa a epiderme da derme, onde se localizam os melanócitos, as

células de Merkel, os mecanorreceptores (de sensibilidade tátil e com evidências de atividade

neuroendócrina), e queratinócitos. Os queratinócitos proliferam de forma contínua para suprir

o restante dos estratos superiores. Já o estrato espinhoso possui camadas de queratinócitos

advindos do estrato basal e ligados por pontes intercelulares, que também possui as células de

Langerhans, captadoras e apresentadoras de antígenos, células especializadas de defesa da

pele. O estrato granuloso caracterizado por apresentar camadas de queratinócitos advindos do

estrato espinhoso e que apresentam grânulos de cerato-hialina. No estrato lúcido os

queratinócitos são anucleados e procedentes do estrato granuloso. O estrato córneo é

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4

composto de queratinócitos também anucleados procedentes do estrato lúcido que sofrem

descamação gradual e equilibrada com a proliferação de queratinócitos no estrato basal2,8,10

.

A derme é composta de tecido conjuntivo, caracterizado por matriz extracelular de

mucopolissacarídeos, fibras elásticas, colágenas e reticulares entrelaçadas, e elementos

celulares como fibroblastos, histiócitos, mastócitos e células mesenquimais indiferenciadas.

Além disso, na derme também estão presentes os folículos pilosos, glândulas anexas, vasos

sanguíneos e linfáticos, nervos e musculatura lisa, como o músculo eretor do pelo10

.

1.3.Aspectos relacionados à biologia da cicatrização cutânea

A perda da continuidade da pele é definida como ferida cutânea e possui alta

incidência na clínica veterinária de animais de companhia e de produção. Imediatamente após

o trauma,inicia-se o processo de reparo tecidual, que apresenta algumas diferenças

fisiológicas entre as espécies animais, porém, os eventos celulares e bioquímicos envolvidos

são basicamente os mesmos para todos os mamíferos11

. A cicatrização consiste em um

processo fisiológico em resposta a uma lesão, relacionada a uma complexa cascata de reações

bioquímicas distribuídas em quatro fases, que ocorrem de forma dinâmica, interativa e

simultânea: fase hemostática, fase inflamatória, fase proliferativa e fase de remodelação12-14

.

A fase hemostática inicia-se imediatamente após o estabelecimento da lesão

primária na pele, quando ocorre a ruptura de vasos e extravasamento de sangue e linfa. Esse

evento desencadeia descargas adrenérgicas e promove vasoconstrição por contração da

musculatura lisa de vasos. Em seguida, inicia-se a ativação e deposição de plaquetas que

formam o tampão plaquetário,que associado à vasoconstrição impedem temporariamente a

hemorragia. O tampão plaquetário é infiltrado por fibrina e eritrócitos que o tornam mais

firme, resultando no tamponamento mais eficiente dos vasos. A exposição de elementos

sanguíneos à matriz extracelular (MEC) estimula a liberação de fatores de coagulação, como

o fibrinogênio solúvel, que é convertido em uma rede de fibrina insolúvel,iniciando a

formação do coágulo, responsável não só pela hemostasia, mas também no provimento de

uma matriz para a migração celular da fase inflamatória. A ativação das plaquetas também

promove a liberação de fatores quimiotáticos e de crescimento que estimulam a migração de

células de defesa e a reparação tecidual15-18

.

A fase inflamatória inicia-se de forma concomitante à fase hemostática a partir de

agentes quimiotáticos liberados por plaquetas ativadas que promovem a quimiotaxia de

leucócitos e de fibroblastos. Simultaneamente, ocorre a ativação do sistema de complemento

no momento da lesão, e os produtos da sua degradação atraem neutrófilos. Essas células são a

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5

primeira linha de defesa celular e estão presentes em grande quantidade na ferida entre o

primeiro e terceiro dia,promovendo a eliminação por fagocitose de corpos estranhos, bactérias

e células mortas. Os neutrófilos também são fonte de mediadores pró-inflamatórios, como o

fator de necrose tumoral α (TFN- α) e interleucinas (IL-1β, IL-6 e IL-8) e estimulam a

produção de fator de crescimento endotelial vascular (VEGF). Em seguida, os neutrófilos

sofrem apoptose ou são fagocitados por macrófagos17-19

.

Na fase secundária da inflamação, que ocorre entre 48 a 96 horas, os monócitos

do sangue são atraídos para a ferida. Fatores como o fator de transformação do crecimento β

(TGF-β), fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e IL-1, provenientes das células

endoteliais, quimiocinas sintetizadas por neutrófilos e produtos da degradação e proteínas

inflamatórias da matriz extracelular (MEC) servem como fatores quimiotáticos para essas

células. No sítio da lesão, os monócitos se diferenciam em macrófagosque, quando ativados,

são responsáveis pela eliminação por fagocitose do restante de neutrófilos apoptóticos,

atuando também como células apresentadoras de antígeno, liberando proteases que degradam

a MEC desvitalizada e estimulam a fase proliferativa após a inflamação, mediadas por

quimiocinas e fatores de crescimento16,19,20

.

Dentre os fatores de crescimento sintetizados pelos macrófagos, destacam-se: o

fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que estimulaa angiogênese; o fator de

crescimento de fibroblastos (FGF), que estimula a fibroplasia e a formação do tecido

cicatricial; e o fator de crescimento epidermal (EGF), estimulador da reepitelização. Além

disso, os macrófagos ativados também produzem as quimiocinas IL-1 e o TFNα, importantes

para a migração de fibroblastos e de mais macrófagos16,19,20

. Mediadores quimiotáticos

liberados por plaquetas, macrófagos, mastócitos e neutrófilos, durante a fase inflamatória,

estimulam a vasodilatação, que promove o surgimento dos sinais clínicos da inflamação como

dor, rubor, calor e edema17

.

A fase proliferativa inicia-se normalmente após quatro dias da injúria tecidual e

caracteriza-se pelo aumento quantitativo de fibroblastos e neovasos, principais componentes

do tecido de granulação, e pelo processo de reepitelização de forma mais expressiva. Os

fatores de crescimento e as quimiocinas liberadas por macrófagos são os principais

estimulantes para a migração e proliferação de fibroblastos da zona periférica da ferida para o

centro da lesão. Esse processo também ocorre com células endoteliais para o desenvolvimento

da neovascularização. Além de fatores de crescimento, baixas taxas de oxigênio,

principalmente no centro da ferida, estimulam o processo de angiogênese. Os fibroblastos

ativados na ferida iniciam a produção e deposição de colágeno e a produção de fator de

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6

crescimento de queratinócitos (KGF) que estimula a migração, proliferação e diferenciação de

células epidermais para o processo de reepitelização. O processo de angiogênese ocorre de

forma concomitante, utilizando a matriz colágena como base. Com isso, desenveolve-se o

aspecto granular e avermelhado do tecido de granulação que nada mais é que um tecido de

preenchimento da zona lesionada. Quando a quantidade de colágeno se torna muito

abundante, no sítio da lesão, os fibroblastos interrompem sua produção e sofrem apoptose,

que resulta em uma matriz cicatricial acelular. De forma similar, os neovasos também sofrem

apoptose nesta matriz rica em colágeno, caracterizando a fase de remodelação6,15,18

.

A quarta fase da cicatrização (remodelação) caracteriza-se pela produção e

degradação ordenada de fibras colágenas, estabelecidas pela ativação e inibição de proteases.

Isso ocorre para realizar a orientação e deposição satisfatória das fibras colágenas, podendo

durar de dias a anos. As fibras colágenas sofrem degradação enzimática principalmente por

metaloproteinases, e são ressintetizadas e reposicionadas inúmeras vezes sob estímulo dos

fibroblastos pelo TGF-β, conforme o posicionamento das fibras do tecido conjuntivo íntegro

adjacente. Essas repetições resultam no desenvolvimento de um tecido cicatricial mais regular

e de maior resistência. Ao final dessa etapa, a cicatriz se apresenta mais pálida, pois os

melanócitos apresentam capacidade regenerativa deficiente, além de esse tecido ser avascular

normalmente e desprovido de folículos pilosos, porém, o colágeno confere resistência tênsil

satisfatória a essa cicatriz15,21

.

1.4.Tratamento de feridas

Vários protocolos terapêuticos podem otimizar a cicatrização, como o

desbridamento cirúrgico ou químico, síntese, administração de medicamentos alopáticos,

implante de enxertos ou biomateriais, oxigenoterapia hiperbárica, terapia celular22,23

e a

fitoterapia 24,25

. A escolha de um tratamento irá depender da condição clínica do paciente, do

tipo de ferida e do custo financeiro. Independentemente do tratamento escolhido, o protocolo

terapêutico inicial deve adotar os seguintes princípios: controlar infecções, remover áreas

desvitalizadase evitar danos adicionais26

. A adoção de modalidades terapêuticas de feridas

visa complementar a reparação tecidual por estimular ou favorecer o desenvolvimento da

cicatrização27,28

.

Na abordagem primária de uma ferida, a lavagem empregando grande quantidade

de fluidos é o procedimento mais importante para conduzir àcicatrização adequada, pois

permite a reidratação de tecidos desvitalizados, reduz a contaminação bacteriana e remove

corpos estranhos, toxinas, citocinas e debris associados a bactérias26

. Primeiramente,

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7

preconiza-se a realização da tricotomia para facilitar o procedimento29

. Os fluidos

empregados devem ser estéreis, isotônicos e não citotóxico, sendo a solução cristaloide de

ringer com lactato e a de NaCl a 0,9% as mais empregadas para a realização desse

procedimento14,26,30

.

Após a lavagem da ferida, deve-se inspecioná-la para a detecção de debris, avaliar

a contaminação e tecido necrótico. Com o objetivo de evitar a contaminação e favorecer a

cicatrização, esse material deve ser removido por meio do desbridamento cirúrgico ou não

cirúrgico26,29,31,32

. No desbridamento cirúrgico, considerada a técnica padrão, realiza-se a

excisão dos tecidos inviáveis ou desvitalizados, com bisturi, até alcançar tecidos viáveis.

Atenção deve ser dada aos pacientes com hipotensão e hipotermia periférica, visto que a

hemorragia, um dos principais indicadores de viabilidade tecidual, poderá estar ausente nessas

situações. No caso do desbridamento não cirúrgico, utilizam-se curativos aderentes na lesão

para removerem material necrótico, porém, em menor escala, quando comparado ao cirúrgico.

Outras soluções também podem ser empregadas para promover essa ação como hidrocoloide,

mel, açúcar, papaína, entre outros26,29

.

As medicações tópicas devem ser empregadas com cautela, visto que muitos

produtos ditos cicatrizantes ou quando utilizados em quantidades excessivas podem

desfavorecer o processo de reparação tecidual, por apresentarem citotoxicidade26,28

. O uso de

antissépticos ainda é comumente empregado no tratamento de feridas. No caso de feridas

limpas não contaminadas essa prática não apresenta benefícios à cicatrização, visto que esses

produtos podem até inibir a cicatrização devido à sua citotoxicidade26,28,29

. O uso de

antibióticos tópicos está contraindicado para o tratamento de infecção, visto que os níveis

terapêuticos não são mantidos, pois o medicamento será diluído pelo exsudato da ferida. Além

disso, existe a possibilidade do desenvolvimento de microrganismos resistentes33

. Dessa

forma, a infecção é melhor controlada por meio da lavagem e do desbridamento31

.

O curativo é o recurso que recobre a ferida objetivando protegê-la contra

agressões externas. Existe uma imensa variedade de produtos disponíveis no mercado, desde

gazes a membranas biologicamente ativas28

. Idealmente, os curativos devem possuir as

seguintes características: não ser tóxico, irritante ou alergênico; ser absorvente, estéril e de

baixo custo; permitir trocas gasosas; fornecer isolamento térmico; e manter o ambiente

úmido26,27

. Um tipo de curativo primário, que permite a troca de oxigênio, a perda controlada

de vapores e a proteção contra abrasões são as membranas adesivas semipermeáveis,

constituídas por material confortável e fino que adere às bordas da ferida22,26

. No entanto,

essas membranas são contraindicadas em feridas com alto nível de exsudação, visto que a

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8

elevada umidade desfavorece a aderência desse material. Outra característica desfavorável é

seu custo relativamente elevado. As principais membranas disponíveis no mercado são as

compostas por poliuretano28

.

a)Fitoterápicos

A utilização de plantas com finalidades terapêuticas é defendida desde os

primórdios da humanidade34

. Inúmeras plantas e seus extratos possuem imenso potencial para

o tratamento de feridas24

. Dentre essas, uma planta de grande interesse para a Medicina

Veterinária, envolvendo a cicatrização é o barbatimão (S. adstringens)1,2,35,36

. A casca do

tronco é a principal matéria-prima para a formulação dos produtos terapêuticos37

. Os efeitos

medicinais do barbatimão são atribuídos ao elevado teor de taninos em sua composição

química, podendo alcançar níveis de 20% a 50%35

. Já a Farmacopeia Brasileira38

descreve que

a quantidade mínima de taninos para sua utilização medicinal é de 8%. Esses níveis podem

variar de acordo com a espécie, localização geográfica, período sazonal de colheita e parte da

planta39-43

.

No processo cicatricial de feridas cutâneas, os taninos têm a capacidade de formar

pontes de hidrogênio ou ligações hidrofóbicas com proteínas, polissacarídeos ou ambos, que

resultam na formação do complexo tanino-proteína ou tanino-polissacarídeo. Como essa

ligação é insolúvel em água, ocorrerá a formação de uma camada protetora (crosta) sobre a

lesão e, abaixo dessa camada, ocorrerá naturalmente o processo de cicatrização. Além desse

efeito, a precipitação de proteínas também favorece a hemostasia após a injúria35,42

. Os

taninos condensados facilitam a reepitelização da ferida por estimularem a proliferação de

queratinócitos circundantes da região lesionada42

. O processo cicatricial pode ser favorecido

secundariamente pelo efeito antimicrobiano dos taninos35,42

. O barbatimão também apresenta

ação anti-inflamatória por inibir a formação de mediadores químicos da inflamação, como a

histamina, bradicinina e prostaglandina35

, além de promover a redução da permeabilidade

vascular por vasoconstrição43

.

b)Terapia celular

O conhecimento científico acumulado e a inovação das técnicas nas áreas de

biologia celular, biotecnologia e médica resultaram na concepção de terapias promissoras para

a prevenção e tratamento de inúmeras enfermidades. Os produtos medicinais de terapia

avançada refletem uma classe complexa e inovadora de produtos biofarmacêuticos,

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9

representados pela terapia gênica, terapia com células somáticas e produtos de engenharia de

tecidos44

.

A engenharia de tecidos consiste na área médica que emprega células ou tecidos

para a reparação, substituição ou regeneração, mas, em uma das seguintes condições: as

células ou tecidos foram substancialmente manipulados, resultando na alteração de suas

característicasbiológicas,funções fisiológicas oupropriedades estruturaispara alcançar

regeneração, reparação ou substituição orgânica desejada; as células ou tecidos não se

destinam à mesma função ou funções orgânicasem um mesmo sítio de aplicação45

. Dentre os

diversos tipos celulares empregados nos mais variados tratamentos, as células mononucleares

da medula óssea (CMMO) foram empregadas em vários estudos para promover a reparação

tecidual nos sistemas cardiovascular46,47

, nervoso48-50

, tegumentar51-53

, entre outros54-57

.

O termo CMMO é utilizado para denominar coletivamente as células presentes na

medula óssea com núcleos unilobulados ou arredondados e sem grânulos no citoplasma. Essas

características conferem às CMMO uma densidade e dimensões semelhantes, que as diferem

das células mieloides e progenitoras de células vermelhas, permitindo a sua fácil separação

das células mieloides por meios físicos. As CMMO podem ser divididas em duas frações: a

hematopoiética e a não-hematopoiética. A fração hematopoiética corresponde às progenitoras

dos elementos sanguíneos em diferentes estágios de maturação, incluindo linfócitos,

monócitos e macrófagos45

. Na fração não-hematopoiética existem células que apresentam

características fenotípicas e de funcionalidade de células-tronco multipotentes60

, uma pequena

quantidade de células-tronco pluripotentes59

, hemangioblastos60

, células progenitoras

endoteliais61

e células-tronco precursoras59

.

Propriedades das CMMO na reparação tecidual

Uma das propriedades das CMMO na reparação tecidual é a secreção de fatores

de crescimento62

, como fator de crescimento fibroblástico básico (bFGF), o fator de

crescimento endotelial vascular (VEGF) e o fator de crescimento de queratinócitos (KGF). O

bFGF apresenta potencial mitogênico e quimiotático para fibroblastos e células endotelias,

possuindo dessa forma elevado efeito angiogênico61,63

, fundamental para a ocorrência da

cicatrização51

, além proporcionar o aumento da resistência da cicatriz63

. O VEGF também é

descrito como potente fator angiogênico64

e também exacerba a permeabilidade vascular65

,

que resulta na migração de células necessárias à reparação tecidual18

. Na cicatrização, o KGF

estimula a migração, proliferação e diferenciação de células epidermais18

.

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10

Outra propriedade benéfica conferida às CMMO na reparação tecidual é o

potencial de diferenciação celular das células-tronco mesequimais (CTM) em diversas

linhagens celulares e teciduais, por exemplo, o epitélio hepático, pulmonar, gastrointestinal e

tegumentar66-68

. Porém, a quantidade de CTM é em torno de 0,0001-0,001% da fração de

CMMO, sendo considerada pequena69

. Em todas as fases da cicatrização as CTM

desempenham papel fundamental. Inicialmente, coordenam os efeitos de células

inflamatórias, inibem a ação de citocinas pró-inflamatórias, como o TNF e interferon (IFN),

estimulam a fagocitose e favorecem a transição da fase inflamatória para a fase proliferativa,

pela liberação de VEGF, bFGF70

e KGF71

. Na fase de remodelação, influenciam na

composição da matriz extracelular71

.

Dentre os elementos que as CTM podem se diferenciar e favorecer a cicatrização

destacam-se os miofibroblastos, que participam ativamente do processo de granulação72

e

contração da ferida73

. Outro aspecto importante, conferido às CTMdiferenciadas em

fibroblastos, é que quando comparados aos fibroblastos nativos da pele, os originários de

CTM apresentam maior potencial na cicatrização por sintetizar maior quantidade de colágeno

e liberação de VEGF e bFGF70

.

Colheita, isolamento e aplicação de CMMO

A técnica de colheita e isolamento de CMMO é descrita como simples, e quando

comparada ao uso da fração de CTM,possui a vantagem de não necessitar ser submetida à

expansão da cultura, o que requer tempo, maior recurso financeiro53

, alémda predisposição à

contaminação da cultura74

. É imprescindível que toda a colheita de medula óssea seja

realizada em ambiente cirúrgico, seguindo os padrões de assepsia e antissepsia. No caso da

colheita de grandes volumes, propõe-se a transfusão sanguínea, em decorrência da redução

dos níveis de hemoglobina75

. Em coelhos, para a colheita de CMMO pode ser empregado o

protocolo descrito por Oliveira e colaboradores76

,adaptado de Böyum77

, que apresenta

rendimento celular médio superior a 6x106 CMMO/mL (±4,18) e viabilidade superior a 90%

(±4,35).

As vias de administração para a terapia celular dependem do órgão alvo, como a

tópica78

, a subcutânea51,52

, a intramuscular54

, a intra-arterial48

e a intravenosa49,50,56,72,79

. Com

relação à cicatrização de feridas, tanto CMMO ou CTM foram empregadas por via tópica, por

meio da instilação das células sobre seu leito, colocando-se um adesivo semipermeável para a

proteção contra sujidades e manutenção das células no sítio de lesão64,78

. Outros estudos

relatam o emprego de scaffolds como substrato para as células empregadas na reparação

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11

tecidual53,67,80

. É importante ressaltar que, independentemente da via, os cuidados básicos com

assepsia e antissepsia devem ser rigorosamente seguidos, pois essas células não sobrevivem

em ambientes contaminados74

.

1.5.Parâmetros de avaliação da cicatrização de feridas

1.5.1. Avaliação clínica de feridas cutâneas

A avaliação clínica é um método subjetivo e qualitativo, que consiste na

observação direta e na descrição da aparência da lesão. Utilizam-se parâmetros para guiar o

avaliador na descrição, como a presença ou ausência de hemorragia, coágulos, hiperemia,

edema, exsudato, crosta, necrose, tecido de granulação e reepitelização81-83

. A avaliação

morfométrica por planimetria digital é um método quantitativo efetivo, realizado por meio da

aquisição de imagem da ferida no decorrer dos dias de avaliação, a uma distância

padronizada, empregando uma régua para servir de escala e com a vantagem de esse objeto

não necessitar entrar em contato com a ferida. Em seguida, a imagem é analisada em um

programa de computador, para a mensuração da área da ferida84,85

.

1.5.2. Indicadores microscópicos do processo de inflamação e reparo tecidual

A histopatologia consiste no estudo do comportamento tissular diante de alguma

lesão. Para isso, se utilizam principalmente corantes que estabelecem afinidades químicas por

tecidos e substâncias produzidas, em resposta a algum agente lesivo ou alteração celular86

. A

técnica de coloração histológica de hematoxilina e eosina (HE) é o método primário para a

avaliação e descrição morfológica e interpretação fisiopatológica do processo de cicatrização

de feridas87

, que permite avaliar e descrever tipos celulares e tissulares, respostas a diferentes

tratamentos e identificar as diferentes fases do processo de cicatrização, correlacionando-as

com tratamentos estipulados85,88

.

A quantificação da deposição colágena, pela mensuração da área ocupada por

fibras colágenas na zona de ferida, é uma técnica de interesse no estudo da cicatrização. Para

essa análise podem-se utilizar técnicas de coloração como o tricrômio de Masson88

e o

picrosirius89,90

. A técnica de coloração picrosirius é uma técnica de alta especificidade,

simples e reprodutível. Por sua alta sensibilidade, é possível captar fibras de colágeno

imaturo, além de possibilitar que o colágeno apareça com aspecto brilhante, em fundo escuro

sob a luz polarizada, impedindo qualquer possibilidade de conflito com outros elementos

presentes no tecido91

. Por meio da utilização de programas de análise de imagem, é possível a

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12

mensuração da porcentagem da área ocupada por fibras colágenas em fotomicrografias

capturadas sob luz polarizada da zona da lesão92

.

Outra possibilidade de avaliação da cicatrização diz respeito ao indicador de

proliferação celular. As regiões organizadoras de nucléolo (NORs) são segmentos de DNA

responsáveis pela síntese de RNA ribossômico (RNAr) no núcleo da célula. Associado às

NORs, existe um grupo de proteínas denominadas argirofílicas, que possuem alta afinidade

com a prata. Com base nessas informações, desenvolveu-se o método de coloração

histoquímica denominada técnica de AgNOR. Por meio de uma solução de prata coloidal,

realiza-se a marcação das proteínas argirofílicas associadas às NORs (proteínas AgNOR),

tornando essas estruturas visíveis, mensuráveis e quantificáveis sob a microscopia de luz93

.

As proteínas AgNOR estão diretamente relacionadas com a proliferação celular,

especialmente durante a interfase (G1, S, G2) do ciclo celular, pois o número de proteínas

AgNOR está estritamente relacionado a síntese de RNAr. Portanto, quanto maior a síntese,

maior o número de AgNOR e mais acelerado é o processo de proliferação celular. Em células

normais, os pontos argirofílicos intranucleares visualizados aparecem de forma redonda, de

tamanho regular e como pontos escurecidos no núcleo celular94-96

. Os métodos de avaliação

da proliferação celular pela técnica de AgNOR consistem na contagem dos grupamentos de

proteínas AgNOR93,94,95,97

.

REFERÊNCIAS

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ENCICLOPÉDIABIOSFERA, CentroCientíficoConhecer-Goiânia,v.9,N.16;p.1601 2013

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CAPÍTULO 2 - O EXTRATO DA CASCA DE BARBATIMÃO, Stryphnodendron

adstringens (Martius) Coville, NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS EM

ANIMAIS

O EXTRATO DA CASCA DE BARBATIMÃO, Stryphnodendronadstringens (Martius) Coville, NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS EMANIMAIS

Danilo Ferreira Rodrigues1*

, Fernanda Figueiredo Mendes1, Antônio DionísioFeitosa Noronha Filho

1,

Jéssica Alves da Silva2, Luiz Antônio Franco daSilva

3

1Doutorando(a) do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escolade Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Brasil(*Email:

[email protected]). 2Graduanda em Medicina Veterinária da Escola de Veterinária e Zootecniada Universidade

Federal de Goiás, Goiânia,Brasil. 3Professor Doutor da Escola de Veterinária e Zootecniada Universidade

Federal de Goiás, Goiânia,Brasil. Recebido em: 06/05/2013 – Aprovado em: 17/06/2013 – Publicado em:01/07/2013

RESUMO Ultimamente,empresas,pesquisadoresdediferentesáreasdoconhecimentoea população em geral têm demonstrado um crescente interesse no usode fitoterápicoscomoalternativaparaotratamentodediversasafecções.Estefato ocorre principalmente pelo menor custo e a possibilidade de menoresefeitos adversos dos fitoterápicos em comparação aos medicamentos alopáticos.Uma planta de grande interesse para a Medicina Veterinária, por suaspropriedades terapêuticascomdestaqueaoseupotencialcicatrizanteemferidascutâneas,éo barbatimão Stryphnodendron adstringens (Martius) Coville. O presenteestudo objetivou realizar uma revisão da literatura sobre o emprego do extrato da cascado barbatimão, Stryphnodendron adstringens (Martius) Coville, na cicatrizaçãode feridascutâneasemanimais.Aatividadecicatrizantedestefitoterápicoéconferida aos elevados níveis de taninos presentes na casca da árvore, matéria primautilizada naproduçãodoextrato.Apesardaexistênciadeváriosestudossobreoassunto, muitosdelesaindasãoconduzidoscompoucorigorcientífico,especialmentepor não caracterizarem adequadamente a substância utilizada. Portanto,recomenda-se nãoapenasprocederàcaracterizaçãodosconstituintesdoextratodobarbatimão, mas conduzir os estudos de maneira mais criteriosa, buscando estabeleceros mecanismosdeaçãoconsistentesparaavalidaçãodopotencialcicatrizantedeste fitoterápico. PALAVRAS-CHAVE:Fitoterapia, lesões de pele, Medicina Veterinária,plantas medicinais,taninos

THE BARK EXTRACT OF Stryphnodendron adstringens (MARTIUS)COVILLE IN SKIN

WOUND HEALING INANIMALS

ABSTRACT

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Thepresentstudyaimedtoreviewtheliteratureabouttheuseofthebarkextractof

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ENCICLOPÉDIABIOSFERA, CentroCientíficoConhecer-Goiânia,v.9,N.16;p.1584 2013

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barbatimão, Stryphnodendron adstringens (Martius) Coville, on cutaneouswound healinginanimals.Currently,companiesandresearchersfromdifferentkindsof studies,andthegeneralpopulationhaveshownagrowinginterestintheuseof herbal medicine as an alternative for the treatment of various disorders. Thisoccurs mainly because of the lower cost and the possibility of minor adverse effectsof herbal medicines compared to allopathic medicine. A plant of great interestfor Veterinary Medicine, because of their therapeutic properties, especially theirpotential in healing skin wounds, is barbatimão. The wound healing activity of this herbal medicineisgiventohighlevelsoftanninsinthebark,therawmaterialusedto produce the extract. Despite of the existence of several studies on the subject,many of them still are conducted with little scientific accuracy, especially because of thenot adequately characterize the substance used. Therefore, it is recommended notonly tocharacterizetheconstituentsofthebarbatimãoextract,butconductstudieswith more discerning and accuracy, to establish the real mechanisms to validatethe therapeutic potential of this herbal in woundhealing. KEYWORDS:Herbal medicine,phytotherapy, skin lesions, tannins, VeterinaryMedicine

INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da humanidade tem-se o conhecimento dautilização de plantas com finalidades terapêuticas (MACIEL et al., 2002). Apesarda importância dos fitoterápicos, o fato de sua utilização ser geralmente deforma empírica e as preparações, muitas vezes, não seguirem padrões rígidos decontrole de qualidade, alguns protocolos terapêuticos envolvendo plantas medicinaispodem resultar em efeitos adversos ao paciente (TUROLLA & NASCIMENTO,2006).

No entanto, independente dessas implicações, inúmeras plantascom poder medicinal são empregadas no tratamento de diferentes enfermidades.Dentre as plantas de interesse na Medicina Veterinária, o barbatimão ocupa posiçãode destaqueporsuaspropriedadesterapêuticas,comooefeitocicatrizantedeferidas cutâneas.Acascadessaárvoreéaprincipalmatéria-primaparaaformulaçãodo fitoterápicoeomedicamentojáfoiempregadoemváriosestudosnaapresentação farmacológica de extratos fluídos (EURIDES et al., 1996; SILVA et al.,2009; BARROSOetal.,2010),cremes(COELHOetal.,2010;LIMA,2010)epomadas (HERNANDES et al.,2010).

O barbatimão é representado por cinco espécies comdistribuição geográfica em todas as regiões do país, principalmente no Bioma doCerrado: Stryphnodendron adstringens, S. obovatum, S. polyphyllum, S. coriaceum eS. rotundifolium (OCCHIONI, 1990). Apenas a espécie S. adstringens (Martius)Coville é denominada de barbatimão verdadeiro, embora todas estas espéciessejam empregadas como fitoterápicos. Além de atuar como coadjuvante noprocesso cicatricial, o barbatimão também possui outras propriedades medicinais,como agente hemostático, anti-inflamatório (MELLO, 1997), antidiarreico,adstringente (BRANDÃO et al., 2008), antimicrobiano (BARDAL et al., 2011),estrogênico (GARCIA et al., 2010) e antiofídico (LUCENA et al.,2009).

Esse estudo objetivou descrever os aspectos gerais sobre obarbatimão verdadeiro, S. adstringens (Martius) Coville, com ênfase em seupotencial terapêutico na cicatrização de feridas cutâneas emanimais.

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CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DEFITOTERÁPICOS

O termo fitoterápico é definido como o produto obtido de umaplanta medicinal, ou de seus derivados, a exceção de substâncias isoladas, comfinalidade profilática, terapêutica ou paliativa (BRASIL, 2011). Apesar dos avanços damedicina modernanomundo,aOrganizaçãoMundialdaSaúdereconhecequeamaioriada populaçãodepaísesemdesenvolvimentodependedamedicinatradicional,jáque 80% desta população desenvolve práticas tradicionais em seus cuidados básicosna saúde,sendo85%dessaspráticasrepresentadaspelousodeplantasmedicinais (CARVALHO et al.,2007).

Devido ao fato de o Brasil ser detentor de uma vasta biodiversidadetanto faunística como florística, além de uma grande variedade étnica e cultural,a população brasileira, principalmente a residente em zonas rurais, utilizacomumente o seu conhecimento empírico acerca do potencial terapêutico de plantasmedicinais (CARVALHOetal.,2007;SILVAetal.,2010;CORRÊAetal.,2012).Ressalte-se que muitas vezes, o emprego das plantas é o único recurso terapêuticode comunidades tradicionais e grupos étnicos (SILVA et al., 2010). Entretanto,a eficiência da maioria dos tratamentos empregando fitoterápicos nãopossui comprovação científica, situação esta que pode colocar em risco a saúdeda população (CARVALHO et al., 2007; KLEIN et al.,2009).

Mesmo assim, o segmento industrial de fitoterápicos brasileirofaturou R$1.840.228.655,00 no período de novembro de 2003 a outubro de 2006(BRASIL, 2007).Muitaspesquisasqueenvolvemplantasmedicinaissãodesenvolvidasem decorrência de informações terapêuticas obtidas do conhecimento damedicina popular (MELLO, 1997). O estudo dos fitoterápicos é extremamente complexo,pois como existe uma grande variedade de plantas ditas com propriedadesterapêuticas, muito ainda se tem a descobrir sobre os seus princípios ativos, como asua determinação,oseuisolamento,seumecanismodeaçãoeseusefeitoscolaterais (MACIEL et al.,2002).

Portanto, a padronização da fabricação de produtos fitoterápicosé essencial para a garantia da qualidade e segurança ao paciente (KLEIN et al.,2009). Sobre esse assunto é importante ressaltar que a regulamentação deprodutos fitoterápicos para o uso humano é realizada pela ANVISA. Esse órgão avaliaos aspectos relacionados a qualidade, segurança e eficácia dos produtos(CARVALHO et al., 2007). Quanto a regulamentação de produtos fitoterápicos de usoveterinário nãoexisteumanormativaespecífica.Destaforma,oprodutodeveráserregistrado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) deforma similar a um medicamento alopático (BRASIL,2009).

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OBARBATIMÃO

O barbatimão (S. adstringens) pertence a família Leguminosae eestá presenteprincipalmentenoBiomadoCerradobrasileiro(OCCHIONI,1990).Esta árvore pode atingir de quatro a seis metros de altura quando adulta e o diâmetrodo troncovariaentre20a30cm(Figura1A).Aárvoreédecíduaeexigeintensaluz solar para sobreviver, suas folhas são bipinadas, com seis a oito folíoloscompostos (EURIDESetal.,2010)efoliólulosdetamanhoentre30a60mm,comamesma coloraçãoemambasasfaces(Figura2B).Nãopossuemtricomas,estruturasque atuam contra a perda de água decorrente do excesso de transpiração nas folhas.A

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peridermedaárvoreécompostaporumacascagrossaerugosa,comcoloração externa parda esverdeada e superfície interna pardo-avermelhada (SANCHES etal., 2007). É uma espécie perene e hermafrodita, que floresce de outubro a fevereiroe apresenta flores de coloração avermelhadas que são polinizadas por pequenos insetos, principalmente abelhas. Os frutos correspondem a vagens sésseise grossas, com tamanho médio de 10 cm produzido entre os meses de outubroa março (Figura 1C) (EURIDES et al.,2010).

Na medicina popular, o barbatimão, principalmente na forma de extratoda casca(Figura1D)éutilizadoparaotratamentodeleucorreia,diarreia,hemorragia, hemorroida, feridas, conjuntivite, inflamação da garganta, corrimento vaginal eúlcera gástrica (SILVA et al., 2010). Além do uso medicinal, esta espécie tambémé empregada no curtimento da pele, na fabricação de tintas, na indústria madeireirae comoplantaornamental(LIMAetal.,2010).Noentanto,entreosprincipaisefeitos medicinais atribuídos a esse fitoterápico destacam-se a sua propriedadecicatrizante (EURIDES et al., 1996; SILVA et al., 2009; HERNANDES et al., 2010; LIMA,2010),antimicrobiana(AUDIetal.,2004;COSTAetal.,2011),antiofídica(LUCENAetal., 2009; DE PAULA et al., 2010) e antioxidante (SOUZA et al.,2007).

FIGURA 1 - Aspectos gerais do barbatimão (Stryphnodendron adstringens): A)

Árvore;B) Folha composta por folíolos e foliólulos (seta); C) Vagens (seta); D) Exemplode um dos extratos da casca de barbatimão (Extrato glicólico) (Animalle- Farmácia de Manipulação Veterinária,Goiânia-Goiás).

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Oempregodepartesdaárvoredebarbatimãocomofolhas,cascase raízesparaaformulaçãodeextratosébastanteconhecidonamedicinapopular (SILVA et al., 2010). A casca do tronco é a principal matéria-prima parao desenvolvimento de produtos medicinais, porém a sua extração deforma desordenada, estimulada em grande parte por indústrias farmacêuticas, temlevado aoesgotamentodesterecurso,fatoragravadopeladegradaçãodomeioambiente, colocando esta espécie em risco de extinção. Como a colheita da casca do troncoé conduzida de forma prejudicial ao barbatimão, a árvore torna-se sensível a açãode microrganismos, insetos, clima e ao fogo. Além disso, a remoção da casca daárvore interferenalongevidadedoespécime,poisacascapossuitecidoscondutoresde seiva elaborada (GUEDES, 1993; BORGES FILHO & FELFELI,2003). COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO EXTRATO DA CASCA DEBARBATIMÃO

As árvores de barbatimão produzem metabólitos químicosprimários, responsáveis pela manutenção das funções orgânicas do vegetal emetabólitos secundários, que conferem proteção à planta contra herbívoros, microrganismose efeitos externos do ambiente. Dentre os metabólicos químicossecundários encontrados no barbatimão, citam-se os alcaloides, terpenos, estilibenos,esteroides, saponinas,inibidoresdeproteasesetaninos.Ostaninossãocompostosfenólicos solúveis em água e precipitadores de proteínas (SILVA & SILVA, 1999; LIMA etal., 2010). De acordo com a quantidade de taninos, o vegetal poderá adquirirodor desagradável, sabor adstringente, provocar intoxicações e promoverefeitos antinutricionais em predadores. Neste último, devido à ligação dos taninoscom proteínas, tornando-as insolúveis e indigestas (BATESTIN et al.,2004).

Os efeitos medicinais do barbatimão são atribuídos ao elevado teorde taninos em sua composição química, podendo atingir níveis de 20% a 50% (LIMAet al.,2010).AFarmacopeiaBrasileiradescrevequeaquantidademínimadetaninos para utilização medicinal é de 8% (BRASIL, 2010). Entretanto, estes níveisde taninospodemvariardeacordocomaespécie,localizaçãogeográficaeparteda planta empregada (BATTESTIN et al., 2004; MONTEIRO et al., 2005; LOPES etal., 2009). Os taninos possuem alto peso molecular, entre 500 e 3000 dáltons egrupos de hidroxila-fenólicos que promovem a formação de ligações cruzadascom proteínas. Quando estes compostos apresentam-se na forma não oxidada,ligam-se a proteínas por meio de pontes de hidrogênio ou ligações hidrofóbicas. Já ostaninos oxidados se transformam em quinonas e formam ligações covalentescom determinados grupos de proteínas, principalmente os grupos sulfídricos (LIMA etal., 2010).

Os taninos podem ser classificados em dois grandes grupos,taninos hidrolisáveisetaninoscondensados,tambémdenominadosdeproantocianidinas. Os taninos hidrolisáveis são constituídos por uma mistura de fenóissimples, galotaninos e elagitaninos, que após a hidrólise formam o ácido gálico eácido elágico, que possuem atividade anti-inflamatória e antioxidante. Ostaninos hidrolisáveissãoformadosporumnúcleodehidratodecarbono,geralmenteoD- glucose,cujogrupohidroxilapodeapresentarligaçõescomgruposéster,comoo ácido gálico (galotaninos) e grupos fenólicos, como ohexadihidroxifênico (elagitaninos) (BATTESTIN et al., 2004; LIMA et al.,2010).

Os taninos condensados são constituídos por unidades deflavonol: flavan-3-ols (catequina) ou flavan 3,4-diols (leucoantocianidinas). Este grupofenólicopodeconterdeduasa50unidadesflavonoidesepossuiestruturaçãocomplex

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a, com resistência a hidrólise, porém podem ser solúveis em solventesorgânicos aquosos de acordo com a estrutura química. A propriedade terapêuticado barbatimão na cicatrização é atribuída principalmente a este grupo de taninos(LIMA et al., 2010).

O BARBATIMÃO COMO AUXILIAR NO PROCESSO CICATRICIAL DEFERIDAS

FORMULAÇÕES FITOTERÁPICAS A BASE DO EXTRATO DA CASCADE BARBATIMÃO PARA ACICATRIZAÇÃO

A Farmacopeia Brasileira descreve um conjunto de análises padrõespara

assegurar a qualidade do extrato da casca de barbatimão. Asinformações estabelecemqueaquantidademínimadetaninostotaisdascascas,queserão matéria-primadoextratodeveserde8%,dosquais0,2mg/gdevemequivalerao ácido gálico e 0,3 mg/g de galocatequina, um dos monômeros dostaninos condensados.Paraaidentificaçãodapresençadetaninostotais,hidrolisáveise condensados, deve-se proceder a cromatografia líquida em camada delgada.Além desta análise também devem ser realizados ensaios de pureza doextrato pulverizado, obedecendo os seguintes limites: material estranho em até 2%;cinzas totais no máximo de 2%; água em até 14%;e cinzas sulfatadas limite máximo de3% (BRASIL,2010).

Adeterminaçãodaquantidadedetaninosefenóistotais,ácidogálicoe galocatecna é realizada por meio da cromatografia a líquido de altaeficiência (HPLC)(LOPESetal.,2009;BRASIL,2010).Outrométodoquetambémpodeser utilizado para a determinação de taninos condensados e seus constituintes éa espectometriademassa(ISHIDAetal.,2006;ISHIDAetal.,2009).Emensaiosin vitro, principalmente relacionados à atividade antimicrobiana do extrato da cascado barbatimão, a quantificação dos taninos totais são testes básicos paradeterminação de suas propriedades, como os estudos realizados por ISHIDA et al. (2006),ISHIDA et al. (2009) e BARDAL(2011).

A maioria dos estudos sobre cicatrização envolvendo obarbatimão utilizaram o fitoterápico na forma de extrato aquoso ou glicólico (SILVA et al.,2009; MOURA,2011),pomadas(MINATELetal.,2010)ecremesabasedoextratoseco (LIMA,2010).Paraapreparaçãodofitoterápicoacolheitadascascas(periderme) deve ser realizada em espécimes adultos e de preferência nas regiões mais altasda árvore, preservando o tronco principal, para melhor conservação daespécie (BORGES FILHO & FELFELI, 2003). Utiliza-se um objeto cortante para extraira casca da árvore, devendo a profundidade do corte ser suficiente para atingir olenho, região correspondente à madeira (COELHO et al.,2010).

Para fabricação do extrato aquoso, o processo de extraçãodos compostosbiologicamenteativosdacascadobarbatimãoinicia-sepelasecagem dascascasemtemperaturaambiente(LIMA,2010).Afabricaçãomaissimplesdo extratoaquosopodeserdesenvolvidapeladecocçãode20gdascascasem150 mL de água filtrada durante 50 minutos e, posterior filtração (EURIDES et al.,1996; COELHO et al., 2010). Em um processo mais elaborado, as cascas debarbatimão, previamente secas a temperatura ambiente, devem ser submetidas àdesidratação completaemestufaa70ºCpor24horasenasequênciaprocessadasemmoinho elétrico. Em seguida, 30 g do pó resultante devem ser homogeneizados em 900mLdeáguadestiladaemumbéquereposteriormenterealizadaadecocçãoporduas horas a 70 ºC (LIMA, 2010).

Paraaformulaçãodecremesepomadas,oextratoaquosodeveser filtrado e

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evaporado em pressão reduzida para ser posteriormenteliofilizado, obtendo-se o extrato seco (HERNANDES et al., 2010). Em seguida, mistura-seeste extratoaoveículodofitoterápiconaconcentraçãodesejada,nestecasoapomada oucremebase.Geralmenteaspesquisasutilizaramoextratodacascaextraídado tronco de barbatimão nas concentrações de 1%, 3%, 5% e 10%, associadoa pomadasecremes,comoosestudosrealizadosporHERNANDESetal.(2010), MINATEL et al. (2010), LIMA (2010), SILVA et al., (2009), respectivamente.A conservação do produto final deve ser realizada em recipiente fechado, ao abrigoda luz e calor (BRASIL,2010). O PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO DAPELE

A pele é o órgão que recobre o corpo e sua principal função é servircomo barreira física para o organismo contra o contato direto com o meioexterno (SINGER et al., 1999). Nos animais a espessura cutânea depende daregião corporal, e tende a diminuir no sentido dorso ventral do tronco e no sentidoproximal- distaldosmembros,ouseja,apelequerecobreodorsodopescoçoedacabeça, fronte, região glútea e base da cauda é mais espessa. Porém, na regiãoventral, pavilhõesauriculares,regiõesaxilar,inguinal,perianaleescroto,apeleapresenta- se mais delgada (SOUZA et al.,2009).

Apelepodeserdivididaemduascamadas:aepidermeeaderme.A epiderme consiste na camada mais externa, composta por um epitélioestratificado, pavimentosoequeratinizadoqueestásempreemrenovação.Estacamadapossui subcamadas conhecidas como estrato basal, estrato espinhoso, estratogranuloso, estrato lúcido e estrato córneo. O estrato basal é caracterizado por uma únicafileira decélulassobreamembranabasal,queseparaaepidermedaderme,eondese localizam os melanócitos, células de Merkel, e queratinócitos, estesúltimos proliferam de forma contínua para suprir o restante dos estratos superiores. Jáo estrato espinhoso possui camadas de queratinócitos ligados porpontes intercelulares, e são advindos do estrato basal, neste estrato também seobservam as células de Langerhans. O estrato granuloso também apresenta camadasde queratinócitos advindos do estrato espinhoso, e que apresentam grânulos decerato- hialina. O estrato lúcido possui camadas de queratinócitos anucleados advindosdo estrato granuloso. O estrato córneo é compostoqueratinócitos queratinizados, anucleados procedentes do estrato lúcido que sofremdescamação gradualeequilibradacomaproliferaçãocelulardequeratinócitosnoestratobasal (SOUZA et al.,2009).

Adermeconsisteemumacamadamaisprofundacompostadetecido conjuntivo, caracterizado por fibras elásticas, colágenas e reticularesentrelaçadas, matriz extracelular e elementos celulares como fibroblastos, macrófagose mastócitos. Além disso, na derme também estão presentes os folículospilosos, glândulas anexas, vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e musculatura lisa, comoo músculo eretor do pêlo (SOUZA et al.,2009).

A perda da continuidade da pele é chamada de ferida cutânea, sendoum dos problemas mais comuns na clínica veterinária de animais de companhia ede produção. Após o estabelecimento da ferida cutânea inicia-se o processofisiológico

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de reparo tecidual da pele, a cicatrização. Esse processo apresenta algumas diferençasfisiológicasparacadaespécieanimal,porém,oseventoscelularese bioquímicos envolvidos são basicamente os mesmos para todos osmamíferos (BOHLING & HENDERSON,2006).

O processo de cicatrização apresenta quatro fases que ocorrem deforma simultânea, interativa e dinâmica: fase hemostática, fase inflamatória,fase proliferativa e fase de remodelação (DIEGELMANN & EVANS, 2004). Afase hemostática ocorre logo após o estabelecimento da lesão primária na pele,quando há a ruptura de vasos e extravasamento de sangue e linfa. Este eventodesencadeia eativaçãodedescargasadrenérgicasepromovedegranulaçãodemastócitosque causam vasoconstrição do endotélio e deposição de plaquetas. As plaquetasativam a cascata da coagulação e formam trombos ricos em plaquetas queimpedem temporariamente o extravasamento de sangue. Em seguida, o trombo é infiltradopor fibrina e eritrócitos tornando-se mais firme, o que promove um tamponamentomais eficientedosvasos.Alémdisso,aativaçãodasplaquetastambéméresponsável pelaliberaçãodefatoresquimiotáticosparacélulasdedefesaereparaçãotecidual (BALBINO et al., 2005; BROUGHTON et al.,2006).

A fase inflamatória inicia-se com a quimiotaxia de células de defesacomo osleucócitosecélulasdereparocomoosfibroblastos.Essascélulassãoatraídas primariamente por agentes quimiotáticos liberados por plaquetas, como fatorde crescimentoderivadodeplaquetas(PDGF)efatortransformadordecrescimentoβ(TGF-β).Osneutrófilossãoaprimeiralinhadedefesacelular,sãomuitopresentes nasferidascutâneasentreoprimeiroeterceirodiadecicatrizaçãoepromovema “limpeza da ferida”, eliminando por fagocitose corpos estranhos e célulasmortas. Após seu “trabalho” os neutrófilos sofrem apoptose ou são fagocitadospor macrófagos. Somado a isso, mediadores quimiotáticos liberados pelasplaquetas, macrófagos, mastócitos e neutrófilos estimulam a vasodilatação, resultandono surgimentodealgunssinaisclínicosdainflamaçãocomoorubor,edemaeocalor (DIEGELMANN & EVANS,2004).

Os monócitos são atraídos por quimiotaxia para a ferida nafase secundária da inflamação, entre 48 e 96 horas após a lesão inicial, ocasionadapelo TGF-β, PDGF e interleucina 1 sintetizada por células endoteliais, entreoutras quimiocinas. Ao chegarem ao local da lesão os monócitos se diferenciamem macrófagos,queaoseremativados,sãoresponsáveispelaeliminaçãodorestante deneutrófilosapoptóticos,liberaçãodequimiocinasefatoresdecrescimentoque estimulam a fase proliferativa após a inflamação (BROUGHTON et al.,2006).

Os macrófagos ativados sintetizam fatores de crescimento, como: ofator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que estimula a angiogênese; o fatorde crescimentodefibroblastos,queestimulamafibroplasiaeaformaçãodotecido cicatricial; e o fator de crescimento epidermal (EGF), estimulador dare-epitelização. Além da liberação da interleucina 1 e o fator de necrose tumoral α(TFNα), quimiocinas importantes na estimulação da migração de fibroblastos emacrófagos (BROUGHTON et al.,2006).

A fase proliferativa é caracterizada pelo aumento da quantidadede fibroblastos e de vasos neoformados, determinando a formação do tecidode granulação, sendo que este processo inicia-se normalmente quatro dias apósa injúria tecidual. Os fatores de crescimento e as quimiocinas liberadaspelos macrófagos estimulam proliferação e migração de fibroblastos da zona periféricada feridacutâneaparaocentrodalesão,issoocorretambémcomcélulasendoteliais

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paraapromoçãodaangiogênese.Osfibroblastosativadosnaferidacomeçama produzir e depositar colágeno. Quando existe uma quantidade abundantedesta matriz na zona da lesão, essas células interrompem a produção de colágenoe sofrem apoptose, formando uma matriz cicatricial acelular. De forma similar,os vasosneoformadostambémsãodesintegradosporapoptosenestamatrizricaem colágeno (SINGER et al.,1999).

A fase de remodelação é caracterizada pelo processo deprodução, degradaçãoeorientaçãodasfibrascolágenas.Asfibrassofremdegradaçãoesão ressintetizadas e reposicionadas várias vezes, de acordo com o posicionamentodas fibrasdotecidoconjuntivoíntegroadjacente.Essasrepetiçõesculminamemum tecidocicatricialmaisregular,oqueproporcionamaiorresistênciaaonovotecido. Ao final desta etapa observa-se a regeneração dos anexos da pele, comoos folículos pilosos e glândulas, porém, de forma limitada. Além disso, acicatriz apresenta-se como um tecido mais pálido devido aos melanócitosapresentarem capacidade regenerativa muito deficiente (BALBINO et al.,2005). MECANISMO DE AÇÃO DO EXTRATO DA CASCA DE BARBATIMÃONA CICATRIZAÇÃO

A propriedade cicatrizante do extrato da casca do barbatimão jáfoi testada em vários experimentos e em diferentes espécies, como,camundongos (EURIDES et al., 1996), ratos (HERNANDES et al., 2010), coelhos (LIMA,2010), bovinos (SILVA et al., 2009; MOURA, 2011), equinos (MARTINS et al., 2003),ovinos (MENDONÇAetal.,2008),cães(RABELOetal.,2006),gatos(SILVA,2006)eno serhumano(MINATELetal.,2010).Somadoaisso,oprocessodecicatrizaçãode feridas cutâneas também pode ser favorecido por outras atividades biológicasdeste fitoterápico, como a antibacteriana (AUDI et al., 2004; FERREIRA et al.,2010; COSTAetal.,2011),fungicida(ISHIDAetal.,2006)anti-inflamatória(AUDIetal., 2004;LIMAetal.,2010),antioxidante(SOUZAetal.,2007)ehemostática(LIMAet al.,2010).

No processo cicatricial de feridas cutâneas, os taninos têm acapacidade de formar pontes de hidrogênio ou ligações hidrofóbicas duradouras comproteínas, polissacarídeos ou ambos. Com isso, ocorre a formação do complexotanino- proteínaoutanino-polissacarídeo,queporsereminsolúveisemáguaformamuma camada protetora, crosta, sobre a lesão. Abaixo da camada o processode cicatrização ocorre naturalmente. Esta capacidade de precipitação deproteínas também favorece a hemostasia após a injúria (HASLAM, 1996; LIMA et al.,2010).

Outra propriedade que contribui para o efeito cicatrizante do barbatimãoé oestímuloàproliferaçãodequeratinócitoscircundantesaregiãolesionada,oque poderia facilitar a reepitelização da ferida. Esta propriedade é conferidapelos elevados níveis de taninos condensados presentes no extrato do barbatimão.Além disso, essas substâncias têm capacidade de aumentar o número deligações cruzadasentreasfibrascolágenaspresentesnamatrizextracelularauxiliandona orientação destas fibras (HERNANDES et al.,2010).

O processo cicatricial pode ser favorecido pelo efeito antimicrobianodos taninos que possuem três mecanismos de ação principais: (1) inibição dasenzimas microbianas extracelulares, que comprometem a multiplicação e desenvolvimentodo microrganismo; (2) privação de substratos e íons metálicos tais como o ferro,cobre, cálcio,manganêsealumínio,osquaissãonecessáriosaosprocessosfisiológicos

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comorespiraçãomicrobiana;(3)inibiçãodafosforilaçãooxidativa,resultandona morte do microrganismo pela não formação do ATP (adenosina trifosfato)(HASLAN, 1996; LIMA et al., 2010). O extrato da casca de barbatimão também apresentaação anti-inflamatória por inibir a formação de mediadores químicos da inflamação comoa histamina, bradicinina, prostaglandina (LIMA et al., 2010). Além disso,este fitoterápico também promove a redução da permeabilidade vascularpor vasoconstrição (HERNANDES et al.,2010). BASE CIENTÍFICA PARA O USO DO BARBATIMÃO NACICATRIZAÇÃO DE FERIDAS

O uso tópico do extrato aquoso da casca de barbatimãoem camundongos para o tratamento de feridas excisionais de 10 mm dediâmetro apresentou eficiência no processo cicatricial. Pois, o estudo histológico dasamostras quereceberamobarbatimãodemonstroumaiorformaçãodetecidodegranulação desenvolvido e predomínio de fibras colágenas no sétimo e 21º diaspós-operatórios emcomparaçãoaogrupocontrole,emquenãofoiutilizadanenhumasubstância. Além disso, houve a cicatrização completa da ferida no 19ºdiapós-operatório, sendo no outro grupo apenas no 21º dia. Apesar destas diferenças nestesperíodos, o estudo histológico revelou que não houve diferenças no processo cicatricial no3º dia pós-operatório, pois ambos os grupos apresentaram na mesma intensidadeuma finacrostafibrino-leucocitária,tecidodegranulação,célulaspolimorfonuclearese ausência de fibras colágenas (EURIDES et al.,1996).

A utilização da pomada contendo o extrato aquoso do barbatimão a10% para tratamento de feridas cutâneas em ratos wistar submetidosexperimentalmente a distúrbios circulatórios, por meio da ligadura da veia femoral, apresentoua reepitelizaçãocompletadaferidano14ºdiaapósalesãocutânea,diferentemente dogrupocontrole,querecebeusoluçãosalinaa0,9%,poisapenasno30ºdiapós- operatóriodoisdeoitoanimaisapresentaramacicatrizaçãocompletadaferida.O grupoquerecebeuapomadaabasedebarbatimãoapresentou,emrelaçãoao grupo controle: menor presença de neutrófilos no 14º e 30º dia após alesão; ausência de linfócitos no 30º dia pós-cirúrgico; presença acentuada deangiogênese e fibroblastos no 7º dia após a lesão, além de maior quantidade de colágeno no30º dia (COELHO et al.,2010).

Os autores HERNANDES et al., (2010) utilizaram uma pomada a baseda fração semipurificada do extrato da casca da árvore de barbatimão(taninos condensados), na concentração de 1%, em feridas cutâneas excisionais de ratos. A pomada exerceu um efeito trófico sobre a proliferação de queratinócitos,por estimularaproliferaçãodestascélulasaolongodamargemdereepitelizaçãoem relação ao grupo controle no quarto, sétimo e décimo dia após a lesão.O mecanismodeaçãodobarbatimãoparaesteefeitoaindanãofoiesclarecido,mas acredita-se que esteja relacionado aos níveis de proantocianidinas presentesnesta fração do extrato. Apesar do efeito trófico sobre os queratinócitos apresentadona concentração de 1% da fração semipurificada do extrato de barbatimão, nãohouve diferença quanto ao processo de cicatrização da pele quando comparada aogrupo controle que recebeu a pomadabase.

Em coelhos, a pomada a base de extrato aquoso da casca debarbatimão a5%,com20%detaninostotaise50%defenóistotais,auxiliounareparação tecidual de feridas induzidas, sendo que houve retração centrípeta precoce daferida

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enãofoiobservadaintercorrênciaspós-operatórias,comoinfecções.Alémdisso, não se observou secreções a partir do sexto dia após a lesão e formação decrosta sobreaferidaapartirdosegundodia,sendoqueascrostasnãoforamremovidas previamente à aplicação dos produtos em estudo. Microscopicamente, oinfiltrado polimorfonuclear apresentou-se menor no grupo tratado com barbatimão emrelação ao grupo tratado com creme base. Apesar de não terem sido observadasdiferenças no processo de cicatrização como um todo entre o barbatimão e asolução fisiológica, o procedimento de remoção das crostas para a aplicação dofitoterápico poderiacontribuirparaaeficiênciadoproduto,jáqueacrostaprovavelmenteirá dificultar sua absorção (LIMA,2010).

Oestudomacroscópicodaevoluçãodoprocessocicatricialdeferidas incisionais da pele, em gatas submetidas aovario-salpingo-histerectomia, comparando o extrato aquoso de barbatimão com iodopovidona a 10%,não apresentou diferença estatística entre os tratamentos. No entanto, osanimais tratados com o extrato de barbatimão apresentaram aspecto estéticomelhorda feridatratada(SILVA,2006).Tambémemferidasexcisionaisdecães,apomadaa base do extrato da casca da árvore de barbatimão a 10% apresentou-semais eficiente no auxílio à cicatrização. Durante a avaliação macroscópica,100%do grupo que recebeu a pomada a base de barbatimão obteve a cicatrizaçãocompleta daferidaatéos24diasapósalesão,alémdapresençadecrostasespessasjáno sexto dia pós-operatório. Já no grupo controle (solução de cloreto de sódio a0,9%) as crostas foram evidenciadas no 12º dia e em apenas 50% dos animais, sendoque acicatrizaçãocompletadasferidasultrapassouos30dias.Aavaliaçãohistológica realizada no 12º e 24º dias pós-operatórios não apresentou diferença entreos grupos (RABELO et al.,2006).

Em ovinos, o tratamento de feridas com o extrato aquoso do barbatimãoa 10%nãoapresentouresultadossuperioresquandocomparadoàágua,líquidode Dakin a 0,5% e polivinilpirrolidona a 0,1%. No 14º dia após a lesão,estastrês últimassoluçõesresultaramnamaioráreadecontraçãodaferidaemrelaçãoao extrato do barbatimão. Neste mesmo período, os achados microscópicosrevelaram áreas ulceradas com infiltrado inflamatório moderado de polimorfonucleares,além de acentuada desorganização do tecido conjuntivo (BARROSO et al.,2010). Estudandooassunto,MENDONÇAetal.,(2008)apresentaramumcasoclínicode feridapurulentanaregiãomedialdocarpodeumovinodaraçaSantaInês,quefoi tratadopelaassociaçãodolaserAs-Ga-Aldebaixapotênciacomoextratoaquoso dacascadebarbatimão.Foramrealizadassetesessõesdelaserterapiaemdias alternados e logo após cada sessão foram realizados os curativos com o extratode barbatimão. Após 48 horas do início do tratamento foi observada a formação deuma crosta sobre a lesão e ausência de secreções. Este processo cicatricialfoi favorecido pelos efeitos da laserterapia na cicatrização, como a estimulaçãoda angiogênese, fibroplasia e atividade de macrófagos, somadaaatividade adstringente dobarbatimão.

Em bovinos SILVA et al., (2009) utilizaram o extrato aquoso e ounguento da casca de barbatimão, ambos a 10%, associados ao tratamento cirúrgico etoalete dos cascos para recuperação de bovinos da raça Nelore com dermatitedigital. Ambas as apresentações do extrato foram eficientes para o tratamento dadermatite digital, porém o extrato aquoso da casca da árvore de barbatimãoapresentou resultadossuperiores,comrecuperaçãode72,5%dosanimais,seguidode67,5% comounguentodacasca,e12,5%,comopedilúviocomágua(grupocontrole).A

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cicatrizaçãodaslesõescomoextratoaquosoocorreudeformamaisacelerada, sugerindo que o contato direto do extrato com a lesão favorece oprocesso cicatricial. Desta forma, indica-se a utilização do extrato aquoso da cascade barbatimão em pedilúvio para bovinos no tratamento e prevenção de lesõesdigitais.

Sobre o tema, MOURA (2011) descreveu a utilização do extrato glicólicoa 20% da casca do tronco de barbatimão, como solução de pedilúvio a 5%.O fitoterápico auxiliou no tratamento de lesões interdigitais induzidas, com diâmetrode

10mm,embovinos.Nãoseobservoudiferençasmacroscópicasquantoà cicatrização em comparação ao grupo que recebeu apenas água nopedilúvio. Porém, a quantidade de fibras colágenas no grupo que recebeu o barbatimãofoi maior, promovendo desta forma cicatrização qualitativamentemelhor.

Na espécie equina, o extrato aquoso da casca de barbatimãomostrou-se superior como agente cicatrizante de feridas cutâneas excisionais de 2,5cmde diâmetro, em comparação à solução hidro-alcoólica da calêndula(Calendula officinalis),confrey(Symphytumofficinale),esoluçãodecloretodesódio.Houvea formação de crostas espessas nos animais que receberam o extrato debarbatimão, alémdadeposiçãoabundantedefibrinanocentrodalesão,asquaisestimulama multiplicação e migração centrípeta de fibroblastos. Apesar do extrato debarbatimão ter se destacado no processo cicatricial, não houve diferença estatísticasignificativa entre os grupos (MARTINS et al.,2003).

Apomadadebarbatimãoa3%apresentouresultadospromissoresno tratamentodeúlcerasdedecúbito,emdiferentesgrausdelesão,emhumanos. Foram incluídos neste estudo 27 pacientes totalizando 51 lesões de decúbito. Atéo período de dois meses da aplicação do produto, mais de 70 % dospacientes apresentaramasferidascompletamentecicatrizadas,sendoqueaáreadaferida reduziu em média 30% após a primeira semana de aplicação da pomada.Atribuiu-se estapropriedadecicatrizanteaostaninospresentesnaformulaçãodapomadaa base de barbatimão (MINATEL et al.,2010). TOXICIDADE DOBARBATIMÃO

Apesar de estudos anteriores comprovarem a atuação dobarbatimão como coadjuvante na cicatrização em animais, foram poucas as pesquisasque realizaramtestesdetoxicidade,citoxicidade,genotoxicidadeemutagênese,como osdescritosporBÜRGERetal.(1999),REBECCAetal.(2002),COSTAetal. (2010).

O extrato liofilizado da casca de barbatimão administrado por via oralem camundongos possui baixa toxicidade. Doses de até 2000 mg/kg não foramcapazes de provocar sinais de toxicidade e morte, porém, a partir de 2699 mg/kg osanimais apresentaramhipoatividadeemorte.Emratos,osníveisdeglicoseeatividadeda enzima aspartato aminotransferase apresentaram-se elevados com a dose diáriade 800 mg/kg de 1600 mg/kg, respectivamente, durante 30 dias. Também foiobservado atrofia do timo com está última dose. Outro achado importante foi o menor ganhoem peso dos animais que receberam o extrato da casca do barbatimão emdoses superior a 800 mg/kg, fator determinado pela interferência na absorção deproteínas (REBECCA et al.,2002).

Afraçãodetaninoscondensados,procedentedoextratobrutodacasca de barbatimão, em concentrações acima de 2000 mg/kg provocou a mortede

camundongosquandoadministradadiariamenteporviaoral,sendoqueaDL50foi estimadaem3015mg/kg.Portanto,estafraçãodetaninosémenostóxicaquando

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comparadaaoextratobruto.Alémdisso,pormeiodoensaiodemicronúcleos,o extrato de barbatimão não apresentou efeito mutagênico em células damedula óssea de camundongos quando administrado nas doses de 750, 1500, 2250mg/kg. Pelocontrário,estefitoterápicoapresentouefeitoantimutagêniconadosede750 mg/kg, pois quando administrado na dose de 40 mg/kg juntamente coma ciclofosfamida (fármaco indutor de mutagênese), a quantidade deeritrócitos policromáticos micronucleados foi muito menor no grupo que recebeua ciclofosfamida isoladamente, e não apresentou diferença estatísticaquando comparado ao grupo controle negativo para mutagênese. Quanto à toxicidadeem larvas de Artemia salina, a fração de taninos condensados apresentoubaixa toxicidade,poisaconcentraçãode1000mg/Lnãofoicapazdeeliminarem50%a população de A. salina (COSTA et al.,2010).

Por meio dos testes in vitro, SOS cromoteste e SOS-inductest, ambosem cultura de Escherichia coli, e o teste de Ames em cultura de Salmonellatyphimurium, VILARetal.(2010)determinaramqueoextratoetanólicodacascadebarbatimão nasdosesde0.0,0.25,0.5,1.0,5.0e10mg/placaoutubodeculturapossuiefeito citotóxico e genotóxico, porém não possui atividade mutagênica. Entretanto,efeitos genotóxicos não foram observados sobre larvas de Drosophila melanogasterquando emseumeiodedesenvolvimentoforamacrescidos5mLdoextratohidroalcoólico da casca de barbatimão nas concentrações de 66%, 75% e 100%, por meio deteste demutaçãoerecombinaçãosomática,edotesteRing-xloss,quedeterminam, respectivamente, a presença de mutação e recombinação de células somáticas,e danos ao cromossomo em células germinativas (SOUSA et al.,2003).

A administração de 500 mg/kg do extrato bruto da casca debarbatimão, por via oral, do primeiro a sétimo dia de gestação em ratas, não provocoualterações nodesenvolvimentodosfetosno21ºdiadegestação.Noentanto,aadministração de100mg/mLdoextratobrutodesementesdebarbatimãoemratasgestantes, como no procedimento anterior, interferiu na gestação pela presença de fetosmortos no 21º dia de gestação, além de reduzir significativamente o peso uterino. A DL50do extratobrutodasementedebarbatimãofoide4992,8mg/kgemcamundongos quando receberam este fitoterápico por via oral e não foram observadasalterações locomotoras ou de comportamento (BÜRGER et al.,1999).

CONSIDERAÇÕESFINAIS

Muito ainda se tem a evoluir quanto à utilização do barbatimão ede fitoterápicos em geral na Medicina Veterinária. Pois a grande maioria dos estudos in vivo que utilizam esta planta como agente cicatrizante nãocaracteriza adequadamente a substância empregada nos tratamentos. Comodemonstrado nesta revisão, foram poucos os trabalhos que quantificaram os níveis detaninos presentes no extrato da casca de barbatimão, sendo na verdade, umadas avaliações fundamentais para a justificativa do efeito cicatrizante destefitoterápico, já que os níveis elevados de taninos são responsáveis por essapropriedade.

Existem poucos produtos a base de barbatimão destinados àcicatrização deferidascutâneasregistradosemórgãosoficiais.Estefatodemonstraqueouso do barbatimão na cicatrização, sem a realização de testes de controle dequalidade, pode trazer riscos para a população, pois as preparaçõesfitoterápicas, principalmente as de uso popular, podem possuir agentescontaminantes, substâncias adulterantes ou ambos e resultar na ineficiência do produto noprocesso cicatricial dalesão.

Por último, as pesquisas científicas para a validação dopotencial

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cicatrizante do barbatimão, in vivo, devem ser conduzidas de maneira maiscriteriosa quantoàcaracterizaçãodoprodutofitoterápicoutilizado,bemcomooseu mecanismo de ação. Pois só assim haverá maior interesse deindústrias farmacêuticas para o desenvolvimento de produtos fitoterápicos comqualidade comprovada, servindo como incentivo para realização de mais estudosrelacionados às plantasmedicinais.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG),ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) eà Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) peloapoio financeiro. À empresa Animalle - Farmácia de Manipulação Veterináriapelo fornecimento do extrato glicólico da casca debarbatimão.

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CAPÍTULO 3 - TRATAMENTO DE FERIDAS EXCISIONAIS DE COELHOS COM

EXTRATO DE BARBATIMÃO (Stryphnodendron adstringens)

ASSOCIADO A CÉLULAS MONONUCLEARES AUTÓLOGAS DA

MEDULA ÓSSEA

RESUMO

Este estudo objetivou avaliar o processo de cicatrização de feridas de coelhos em resposta ao

tratamento com extrato de barbatimão (S. adstringens) associado a células mononucleares autólogas

da medula óssea (CMMO). Utilizaram-se 20 coelhos, distribuídos em quatro grupos: B, extrato de barbatimão a 10% com 9,48% de taninos totais; CB, CMMO com barbatimão; CS, CMMOcom

solução de NaCl a 0,9%; S, solução de NaCl a 0,9%. Clinicamente foi avaliada a presença de crosta,

hiperemia, secreção, hemorragia, reepitelização, área da ferida e tempo de cicatrização em dias. No

terceiro, sétimo, 14º e 21º dias pós-operatórios realizou-se a biópsia das feridas para avaliação microscópica dos indicadores do processo de inflamação e reparo. Houve maior deposição de fibras

colágenas nos grupos B e CB (p=0,00003) no sétimo dia e formação de crostas mais espessas, além de

fibras colágenas mais organizadas no 21º dia nestes grupos. Conclui-se que na fase inicial da cicatrização, o barbatimão estimula a produção de fibras colágenas e promove a formação de crostas

mais exuberantes sobre a ferida e, na fase de remodelação, favorece a orientação das fibras colágenas,

mas a associação deste fitoterápico com CMMO não estimula a cicatrização de feridas de coelhos.

Palavras-chave: AgNOR, cicatrização, colágeno, fitoterapia, terapia celular

TREATMENT OF EXCISIONAL WOUND IN RABBITS WITH BARBATIMAN

EXTRACTS (Stryphnodendron adstringens) ASSOCIATED WITH AUTOLOGOUS

BONE MARROW MONONUCLEAR CELLS

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the healing process of wounds of rabbits in response to treatment with barbatiman extract (S. adstringens) associated with autologous mononuclear bone marrow cells (BM-

MNC). We used 20 rabbits, divided into four groups: B, 10% barbatiman extract with 9.48% of total

tannins; CB, BMMC with barbatiman extract; CS BMMC with NaCl 0.9% solution; S, NaCl 0.9% solution. Clinical evaluation was performed by observing the presence of crust, redness, discharge,

bleeding, re-epithelialization, the wound area and healing time in days. In the third, seventh, 14th and

21st postoperative days it was held biopsy of wounds for microscopic evaluation of inflammation and

repair process indicators. There was a greater deposition of collagen fibers in groups B and CB (p = 0.00003) on the seventh day and training thicker crusts, and more organized collagen fibers on the 21st

day these groups. In conclusion, in the initial phase of the healing barbatiman extract stimulates the

production of collagen fibers and promotes the formation of more exuberant crusts on the wounds and remodeling phase favors the orientation of collagen fibers, but when combined with BMMC does not

stimulate the wound healing in rabbits.

Keywords: AgNOR, cell therapy, collagen, wound healing, phytotherapy.

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INTRODUÇÃO

A cicatrização de feridas consiste na perfeita e coordenada cascata de eventos

moleculares, bioquímicos e celulares que resultam na restauração tecidual1. Vários protocolos

terapêuticos podem otimizar a cicatrização, incluindo o desbridamento cirúrgico, síntese,

administração de medicamentos alopáticos, implante de enxertos ou de biomateriais,

oxigenoterapia hiperbárica, terapia celular2 e a fitoterapia

3. Dentre os fitoterápicos mais

conhecidos, o extrato da casca de barbatimão (Stryphnodendron adstringens) contém

compostos fenólicos, denominados taninos, em níveis superiores a 20%5, que conferem ação

adstringente, antimicrobiana e antioxidante6. Os taninos possuem a capacidade de formar

pontes de hidrogênio ou ligações hidrofóbicas com proteínas, polissacarídeos ou ambos, que

resultam na formação do complexo tanino-proteína ou tanino-polissacarídeo, constituindo

uma camada protetora sobre a lesão (crosta) que favorece o processo de cicatrização. Os

taninos também promovem a hemostasia após a injúria7 e estimulam a reepitelização, porém o

mecanismo de ação não é conhecido8.

A terapia com células mononucleares autólogas da medula óssea (CMMO) é uma

alternativa promissora no auxílio à reparação de lesões teciduais9. As CMMO apresentam

como propriedades terapêuticas a secreção de fatores de crescimento e citocinas10

,e sua fração

composta por células-tronco mesenquimais (CTM) possui a capacidade de diferenciação em

diversas linhagens de tecidos11

. Na cicatrização de feridas, essas células foram empregadas

com sucesso em estudos experimentais, pré-clínicos e clínicos na forma de suspensão ou

associadas a scaffolds. As CTM desempenham papel fundamental em todas as fases da

cicatrização, pois coordenam efeitos de células inflamatórias, inibem os efeitos de citocinas

pró-inflamatórias como o fator de necrose tumoral (TNF) e interferon (IFN), e estimulam a

fagocitose. Também favorecem a transição da fase inflamatória para a fase proliferativa, pela

liberação de fatores de crescimento como o endotelial vascular (VEGF), fibroblástico básico

(bFGF) e de queratinócitos (KGF). Na fase de remodelação, as CTM influenciam na

composição da matriz extracelular12

.

Para a avaliação de protocolos de tratamento de feridas, técnicas básicas como a

avaliação clínica pela inspeção13

, morfometria digital14

e histológica pela técnica de coloração

de hematoxilina e eosina15

, podem ser complementadas com técnicas mais específicas, que

permitem avaliar indicadores essenciais para o reparo tecidual, como a mesuração de fibras

colágenas, pela técnica de coloração picrosirius16

e a quantificação de células em proliferação,

pela técnica de AgNOR17

. A mensuração da área ocupada por fibras colágenas da ferida é um

método viável e utilizado para descrever e avaliar a evolução cicatricial e esclarecer a

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atividade de diferentes tratamentos sobre a cicatrização18

. A técnica de coloração picrosirius

possui alta especificidade e sensibilidade para a avaliação do colágeno, sendo possível captar

fibras de colágeno imaturo, o que não é possível por técnicas menos específicas, e possibilita

que o colágeno apareça com aspecto brilhante sob a luz polarizada em fundo escuro,

impedindo qualquer possibilidade de conflito com outros elementos presentes no tecido19

.

As proteínas argirofílicas das regiões organizadoras de nucléolos (AgNOR) estão

diretamente relacionadas à proliferação celular, especialmente durante a interfase (G1, S, G2)

do ciclo celular, pois o número de proteínas AgNOR está estritamente relacionado à síntese de

RNAr. Portanto, quanto maior a síntese de RNAr, maior o número de proteínas AgNOR e

mais rápido será o processo de proliferação celular. Dessa forma, células com marcação

nucleolar apresentam-se no ciclo celular ativo, portanto, em proliferação20,21

, tornando essa

técnica interessante para a avaliação do processo cicatricial. Como estudos demonstraram o

favorecimento da cicatrização pelo uso de barbatimão22,23

e de CMMO9,24

, a associação dessas

terapias talvez possa favorecer ainda mais o processo de cicatrização de feridas, sendo

necessária a combinação de diferentes técnicas de avaliação do processo de reparo tecidual

para comprovar essa hipótese.

Este estudo objetivou avaliar o processo de cicatrização de feridas cutâneas

excisionais de coelhos em resposta ao tratamento com extrato de barbatimão (S. adstringens)

associado a células mononucleares autólogas da medula óssea, por meio de análises clínicas,

histológicas e histoquímicas.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética no Uso de Animais – UFG

(Protocolo nº 026/2012, ANEXO I). No estudo, foram utilizados 20 coelhos hígidos

(Oryctolaguscuniculus) da raça Nova Zelândia, com idade média de seis meses e peso médio

de 3kg. Os animais foram distribuídos em quatro grupos (B, CB, CS e S) com (n=5), de

acordo com os protocolos terapêuticos empregados no tratamento das feridas: B, extrato

glicólico da casca de barbatimão a 10%; CB, CMMO com extrato de barbatimão; CS, CMMO

associadas a solução de NaCl a 0,9%; e S, solução de NaCl a 0,9% (grupo controle). Os

animais foram alojados em gaiolas individuais no Biotério de Experimentação em Roedores e

Coelhos da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, com ciclo

claro e escuro de 12 horas, temperatura ambiente controlada de 22ºC±2ºC e receberam ração

específica para a espécie e água à vontade. Os animais foram submetidos ao período de

aclimatação de 15 dias, antes dos procedimentos cirúrgicos, e a sala higienizada diariamente.

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O extrato glicólico da casca de barbatimão foi adquirido de indústria farmacêutica

(Animalle Farmácia de Manipulação Veterinária, Brasil) e diluído para a concentração a 10%.

Em seguida, foi analisado o pH, densidade e teor de sólidos de acordo com a Farmacopeia

Brasileira25

, e fenóis e taninos totais, como descrito por Mole e Waterman26

, obtendo-se a

seguinte caracterização físico-química: pH=4,34, densidade=42,08g/L, teor de

sólidos=4,82%, fenóis totais=10,29% e taninos totais=9,48%.

Para a colheita de CMMO, os animais receberam 2mg/kg de cloridrato de

tramadol, por via intramuscular, como medicação pré-anestésica. Após dez minutos,

administrou-se 30mg/kg de cloridrato de cetamina e 5mg/kg de cloridrato de xilazina, ambos

por via intramuscular, associados em uma mesma seringa. Realizou-se a tricotomia e

antissepsia da região do tubérculo umeral e procedeu-se à colheita e isolamento das CMMO,

fundamentada nos trabalhos de Böyum27

e Oliveira e colaboradores28

com adaptações,

incluindo o emprego de uma agulha hipodérmica 40x12mm para a punção medular umeral

(Figura 1A e 1B), substituição do meio de cultivo MesencultTM

(Meio de cultivo celular, Stem

cell Technologies, Brasil) por DMEM (Dulbecco’s Modified Eagle’s Medium, Cultilab,

Brasil) e a não utilização da solução de lise eritrocitária. A viabilidade celular obtida foi de

90% e estabeleceu-se a quantidade de 6x105 CMMO a serem aplicadas em cada ferida, nos

grupos CB e CS, diluídas em 0,05mL de DMEM em uma seringa de 1mL. As amostras foram

mantidas refrigeradas em um isopor com gelo até o momento da aplicação, não excedendo a

2h.

Para a promoção das feridas excisionais, empregou-se o mesmo protocolo

anestésico anterior. A região dorsal, desde a nuca às asas do ílio, foi submetida a tricotomia e

antissepsia. No trans-operatório, utilizou-se um punch circular metálico de 8mm para

confeccionar quatro feridas excisionais na região dorsal do tórax, respeitando a distância

mínima de 4cm entre elas e preservando a fáscia muscular (Figura 1C). Cada ferida

representou um período para a avaliação microscópica: terceiro, sétimo, 14º e 21º dia pós-

operatório. Sobre a ferida, aplicou-se uma membrana semipermeável Tegaderm®

(poliuretano, 3MTM

, Brasil), que permaneceu por 72h, para proteção física contra sujidades.

Para melhor fixação da membrana, utilizaram-se quatro gotas do adesivo de metilcianocrilato

ao redor de cada ferida, respeitando-se distância mínima de 2cm da borda da lesão (Figura

1D).

Para a administração dos tratamentos utilizou-se uma seringa de 1mL com agulha

13x0,45mm. O uso dos protocolos iniciou-se imediatamente após a colocação da membrana

semipermeável, perfurando-a com a agulha para depositar a solução sobre a ferida (Figura

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1E): nos grupos CB e CS, as CMMO foram aplicadas uma única vez nesse momento; nos

grupos B e S, administrou-se a solução de barbatimão e de NaCl a 0,9%, respectivamente, no

volume de 0,05mL. Na sequência, após 48 horas, administrou-se de forma similar as soluções

de barbatimão nos grupos B e CB e a solução de NaCl a 0,9% nos grupos CS e S (Figura 2).

A

B

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FIGURA21 – Procedimento de colheita e isolamento de CMMO, promoção das feridas e administração dos

tratamentos em coelhos: A, punção da medula óssea do úmero, com agulha 40x12mm acoplada a

uma seringa de 10mL contendo solução de NaCl a 0,9% heparinizada; B, nuvem celular composta

por CMMO após o procedimento de separação celular por gradiente de densidade (seta vermelha);

C, feridas cutâneas excisionais confeccionadas com punch metálico de 8mm; D, feridas após a colocação da membrana de poliuretano; E, Representação esquemática da técnica de aplicação da

solução terapêutica de acordo com o grupo (barbatimão, CMMO ou solução de NaCl a 0,9%).

No terceiro dia pós-operatório, a membrana foi removida e utilizou-se uma

seringa de 10mL com agulha 13x0,45mm para instilação por jateamento da solução

terapêutica (barbatimão ou solução de NaCl a 0,9%), diariamente, até o 21º dia pós-operatório

(Figura 2). A partir desse dia, antecedendo a aplicação das soluções, gazes estéreis

umedecidas na solução de tratamento (barbatimão ou solução de NaCl a 0,9%) foram

empregadas para auxiliar na remoção de possíveis sujidades depositadas sobre as feridas.

C

D

E

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FIGURA32- Representação esquemática dos protocolos terapêuticos empregados nas feridas excisionais cutâneas

de coelhos tratados com extrato de barbatimão (B), CMMO associadas ao extrato de barbatimão (CB), CMMO associadas a solução de NaCl a 0,9% (CS) e solução de NaCl a 0,9% (S). ECB:

extrato da casca de barbatimão a 10%. CMMO: células mononucleares autólogas da medula óssea.

Solução salina: solução de NaCl a 0,9%.

Para a analgesia pós-operatória, aplicou-se nos animais 2mg/kg de cloridrato de

tramadol, via subcutânea, a cada 8h, por três dias consecutivos. O colar elizabetano foi usado

durante 21 dias. Na avaliação clínica da reparação tecidual, a cada 48h, foram registrados os

parâmetros de hiperemia, hemorragia, secreção, crostas, reepitelização e área da ferida, por

meio da captura de imagens com câmera digital Coolpix L820 (Nikon®, Japão). A área de

cada ferida foi mensurada pelo programa ImageJ (Versão 1.36b, Wayne Rasband, National

Institute of Health, USA), como descrito por Rodrigues e colaboradores29

(Figura 3).

FIGURA4 3 – Descrição do procedimento de mensuração da ferida de coelhos pelo programa Image J: A, captura

da imagem da ferida juntamente com uma régua para ter a referência da escala; B, ajuste do

contraste para favorecer a delimitação da área da ferida; C, área da ferida completamente isolada

pelo plugin Threshold colour que permite a contagem total de pixels e conversão em cm2

(representada em preto).

A

B

C

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No terceiro, sétimo, 14º e 21º dias do pós-operatório, os animais foram

submetidos a anestesia, de acordo com o protocolo anestésico anterior, para realização das

biópsias de cada ferida, sendo a ferida a ser colhida selecionada por sorteio. As amostras

foram processadas e coradas pela técnica histológica de hematoxilina e eosina (HE) e

histoquímicas de picrosirius16

e de AgNOR30

e examinadas por um único avaliador.

Nas lâminas coradas em HE utilizou-se o aumento de 100x e 400x, e cinco

campos por lâmina, para avaliar as variáveis células polimorfonucleares, células

mononucleares, angiogênese e fibroplasia, descrevendo-as por meio de escores: 0 (ausente),

não observação da variável analisada; 1 (discreto), até 25% do campo ocupado pela variável

analisada; 2,(moderado), de 26 a 50% do campo ocupado pela variável analisada; 3

(acentuado), mais de 50% do campo ocupado pela variável analisada. Para a variável

reepitelização, utilizaram-se os escores 0 (ausente), 1 (parcial), quando a lesão é recoberta

parcialmente pelo epitélio, e 2 (total), quando a lesão é recoberta completamente pelo epitélio.

Na técnica de coloração picrosirius, para mensurar a área ocupada por fibras

colágenas, empregou-se o programa Image J e a média de cinco fotomicrografias por lâmina,

no aumento de 400x, em microscópio de luz polarizada (Figura 4). Para a avaliação da

proliferação celular, pela técnica de coloração AgNOR, foram capturadas três

fotomicrografias da área de ferida e contaram-se aleatoriamente 40 células por

fotomicrografia no aumento de 400x, sob a microscopia de luz. Foi quantificado o número de

proteínas AgNOR17

, representadas pelo grupamento de pontos escuros no interior do núcleo

celular, e a porcentagem de células marcadas, representando as células em proliferação.

FIGURA54 - Mensuração da área ocupada por fibras colágenas em fotomicrografias de feridas de coelhos pelo

programa Image J: A, imagem original da ferida capturada em microscópio de luz polarizada no aumento de 400x, as fibras colágenas estão coradas nas graduações de laranja ao vermelho intenso;

B, área ocupada por fibras colágenas completamente isolada por meio do pluginThreshold

colourrepresentada em preto, a área branca representa a ausência de colágeno.

A B

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A análise da variância (ANOVA), seguida do teste de Tukey foram empregados

na determinação de diferença estatística entre os grupos para as variáveis paramétricas, como

o tempo de cicatrização em dias; a área da ferida em cm²; a área ocupada por fibras colágenas

em porcentagem; a quantidade de células marcadas em porcentagem e número de proteínas

AgNOR em unidades. Empregou-se o teste de Kruskal-Wallis para as variáveis não

paramétricas das avaliações macroscópicas (hiperemia, hemorragia, secreção, crostas,

reepitelização) e histopatológicas (células polimorfonucleares, mononucleares, angiogênese,

fibroplasia e reepitelização). Todas as análises estatísticas foram realizadas no programa

BioEstat 5.3 com p<0,05.

RESULTADOS

Na análise macroscópica das feridas, a hemorragia esteve presente até 48h após a

confecção das feridas, e a presença de hiperemia discreta foi observada até o terceiro dia pós-

operatório em todos os grupos. Não foi notada secreção purulenta em nenhum animal. A

presença de crosta foi observada a partir do quinto dia pós-operatório em todos os animais e

apresentou-se mais evidente nos animais dos grupos B e CB. No sétimo dia pós-operatório, as

crostas foram identificadas também ao redor da ferida nesses grupos. A presença de

reepitelização foi observada clinicamente a partir do nono dia pós-operatório, em todos os

grupos (Figura 5). A mensuração da área da ferida não apresentou diferenças significativas

entre os tratamentos com o avançar do processo de cicatrização. O tempo médio de

fechamento das feridas foi de 14,8 dias (±1,09) no grupo B, 13,6 dias (±0,54) no grupo CB,

14,6 dias (±1,34) no grupo CS e de 15,6 dias (±1,09) no grupo S e não houve diferença

estatística entre os grupos (Figura 6).

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FIGURA65- Aspectos macroscópicos das feridas cutâneas excisionais de coelhos tratadas com barbatimão (B),

CMMO com barbatimão(CB), CMMO com solução de NaCl a 0,9% (CS) e solução de NaCl a 0,9%

(S), no dia da cirurgia (dia 0) e no terceiro, sétimo, 14º e 21º dia pós-operatório. Em todos os grupos,

no dia do procedimento ciúrgico observam-se pequenos focos de hemorragia na lesão. No terceiro

dia pós-operatório não se observam hemorragia ou hiperemia em todos os grupos. No sétimo dia pós-operatório, evidencia-se a formação de crostas mais exuberantes nos grupos B e CB,

ultrapassando as bordas da ferida. No 14º dia, observa-se a reepitelização e redução do tamanho das

feridas, e presença da cicatriz no 21º dia pós-operatório em todos os grupos.

FIGURA 76 - Representação gráfica da mensuração média da área e desvio padrão de feridas cutâneas

excisionais em cm2 no decorrer dos dias,pelo programa Image J, de coelhos tratados com

barbatimão (B), CMMOcom barbatimão com (CB), CMMO com solução de NaCl a 0,9% (CS) e

solução de NaCl a 0,9% (S). Eixo X: dia da mensuração da ferida. Eixo Y: área da ferida em cm2.

-0,1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 3 5 7 9 11 13 14 16 18 20 21

Área da ferida em cm²

B CB CS S

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Nas avaliações histopatológicas, nos animais dos grupos B e CB, observou-se

uma camada eosinofílica espessa de aparência proteica sobre o local da lesão (crosta). Abaixo

dessa camada, no terceiro dia pós-operatório, notou-se uma concentração de células

polimorfonucleares de intensidade predominantemente discreta próximo à base da crosta, e de

células mononucleares com intensidade moderada logo abaixo das células

polimorfonucleares. Não houve diferença estatística quanto à intensidade de

polimorfonucleares entre os grupos, no terceiro e sétimo dia de avaliação. A quantidade de

polimorfonucleares decaiu com a evolução do processo cicatricial, até seu desaparecimento

completo aos 14 dias em todos os grupos. Entre o terceiro e o 14° dia, houve aumento na

quantidade de células mononucleares, que decaiu no 21° com a evolução da reparação

tecidual (Figura 7 e 8).

A angiogênese foi identificada a partir do sétimo dia do pós-operatório com

intensidade predominantemente moderada, permanecendo nesse padrão até o 14º dia,

independente do protocolo terapêutico empregado. No 21º dia, a angiogênese regrediu para

discreta em todos os grupos. A partir do sétimo dia pós-operatório, a fibroplasia apresentou-se

com intensidade, variando de moderada a acentuada no 14º e 21º dias em todos os grupos. A

reepitelização esteve presente de forma parcial no sétimo dia pós-operatório, e completa no

14º dia. Não houve diferença estatística entre variáveis histopatológicas entre os grupos

(Figuras 7 e 8).

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FIGURA87 - Representação gráfica da avaliação histopatológica da presença de células polimorfonucleares (A),

células mononucleares (B), angiogênese (C), fibroplasia (D) e reepitelização (E) em feridas

cutâneas excisionais de coelhos, em escores, tratadas com extrato da casca de barbatimão (B), CMMO com extrato barbatimão (CB), CMMO com solução de NaCl a 0,9% (CS) e solução de

NaCl a 0,9% (S), na coloração de HE, no terceiro, sétimo, 14º e 21º dia pós-operatório. * Para a

variável reepitelização consideraram-se os escores como ausente (0), parcial (1) e total (2). Eixo

x=grupo/período de avaliação e eixo y=nº de animais.

0

1

2

3

4

5

B CB CS S B CB CS S B CB CS S B CB CS S

3º DIA 7º DIA 14º DIA 21º DIA

Polimorfonucleares A

0

1

2

3

4

5

B CB CS S B CB CS S B CB CS S B CB CS S

3º DIA 7º DIA 14º DIA 21º DIA

Mononucleares B

0

1

2

3

4

5

B CB CS S B CB CS S B CB CS S B CB CS S

3º DIA 7º DIA 14º DIA 21º DIA

Angiogênese

0

1

2

3

4

5

B CB CS S B CB CS S B CB CS S B CB CS S

3º DIA 7º DIA 14º DIA 21º DIA

Fibroplasia

0

1

2

3

4

5

B CB CS S B CB CS S B CB CS S B CB CS S

3º DIA 7º DIA 14º DIA 21º DIA

Reepitelização*

0(ausente) 1(discreto) 2(moderado) 3(acentuado

C D

E

)

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FIGURA98 - Representações das fotomicrografias de feridas cutâneas excisionais de coelhos, de acordo com o tratamento (linhas) e período de avaliação (colunas), pela

técnica de coloração hematoxilina e eosina, aumento de 100x (retângulo maior) e 400x (retângulo menor), em microscopia de luz. Grupos: B (extrato de

barbatimão); CB (CMMO com extrato de barbatimão); CS (CMMO com solução de NaCl 0,9%); e S (solução de NaCl a 0,9%). Evidencia-se a presença de

infiltrado inflamatório no terceiro dia pós-operatório em todos os grupos. Com sete dias, observa-se a presença de células mononucleares e angiogênese de

moderada a acentuada em todos os grupos, além da presença de crosta mais espessa nos grupos B e CB (estrela). No 14º dia, evidencia-se a fibroplasia e células

mononucleares em todos os grupos. No 21º dia pós-operatório, a fibroplasia apresentou intensidade de moderada a acentuada em todos os grupos.

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No terceiro dia pós-operatório, não foi observada a presença de fibras colágenas

nas feridas em todos os grupos. No sétimo dia pós-operatório, os animais distribuídos nos

grupos B e CB apresentaram maior quantidade de colágeno, 21,94% e 21,06%

respectivamente, em comparação aos grupos CS (12,11%) e S (13,28%), com diferença

estatística p=0,00003. Em todos os grupos, no 14º e 21º dia pós-operatório houve um aumento

expressivo da área ocupada por fibras colágenas, mas não houve diferença significativa entre

os tratamentos. Somado a isso, foi observado que os animais alocados nos grupos B e CB

apresentaram as fibras colágenas posicionadas de forma mais organizada no 21º dia pós-

operatório em relação aos grupos CS e S (Tabela 1 e Figura 9).

TABELA 1 - Valores, em porcentagem, da mensuração da área ocupada por fibras colágenas de feridas cutâneas

excisionais de coelhos, tratadas com extrato de barbatimão (B), CMMO com extrato barbatimão

(CB), CMMO com solução de NaCl a 0,9% (CS) e solução de NaCl a 0,9% (S) no terceiro,

sétimo, 14º e 21º dia pós-operatório.

A 3º DIA 7º DIA 14º DIA 21º DIA

B CB CS S B CB CS S B CB CS S B CB CS S

M* 0 0 0 0 21,94A 21,06A 12,11B 13,28B 55,38 57,51 54,60 54,50 57,59 58,75 55,96 56,03

DP 0 0 0 0 3,72 2,24 1,09 1,78 4,35 3,63 3,45 3,35 5,85 4,79 2,55 6,53

P - 0,00003 0,533 0,865

A=animal. M=média*Letras diferentes na mesma linha equivalem a diferença entre os tratamentos. DP=desvio

padão. Teste de Tukey empregado entre os tratamentos: BxCB= p>0,05; BxCS= p<0,01; BxS= p<0,01; CBxCS=

p<0,01; CBxS= p<0,01; CSxS= p>0,05.

No terceiro dia pós-operatório, foi observada uma pequena quantidade de células

em proliferação celular em todos os grupos. No sétimo e 14º dias pós-operatórios, evidenciou-

se a maior quantidade de células em proliferação celular e de proteínas AgNOR de forma

similar em todos os grupos. No 21º dia pós-operatório, houve redução significativa nessas

variáveis em todos os grupos, mas não houve diferença entre os tratamentos (Figura 10 e 11).

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FIGURA 109 - Representações das fotomicrografias de feridas cutâneas excisionais de coelhos, de acordo com tratamento (linhas) e período de avaliação (colunas), pela

técnica de coloração picrosirius, aumento de 400x em microscopia de luz polarizada, demonstrando áreas ocupadas por fibras colágenas representadas pelas

cores que variam do verde ao vermelho intenso. Grupos: B (extrato de barbatimão); CB (extrato de barbatimão com CMMO); CS (CMMO com solução de

NaCl a 0,9%); e S (solução de NaCl a 0,9%). Evidencia-se maior quantidade de fibras colágenas nos grupos B e CB no sétimo dia pós-operatório e organização

do posicionamento das fibras colágenas no 21º dia pós-operatório nesses grupos.

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FIGURA 1110 -Representações gráficas da quantidade de células marcadas (%) pela técnica de coloração AgNOR

(A) e quantidade de grupamentos de proteínas AgNOR (B) no terceiro, sétimo, 14º e 21º dia pós-operatório. Grupos: B (extrato de barbatimão); CB (CMMO com extrato barbatimão); CS (CMMO

com solução de NaCl a 0,9%); e S (solução de NaCl a 0,9%). Eixo X: período de avaliação. Eixo

Y: porcentagem de células marcadas (A) e quantidade de células marcadas (B).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

3º DIA 7º DIA 14º DIA 21º DIA

Quantidade de células marcadas (%)

B CB

A

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

3º DIA 7º DIA 14º DIA 21º DIA

Quantidade de AgNOR (unidades)

CS S

B

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FIGURA 1211 - Representações das fotomicrografias de feridas cutâneas excisionais de coelhos, de acordo com tratamento (linhas) e período de avaliação (colunas), pela

técnica de coloração AgNOR, aumento de 400x em microscopia de luz (escala de cinza), demonstrando proteínas AgNOR representadas por pontos escuros

formando os nucléolos (seta vermelha). Grupos: B (extrato de barbatimão); CB (CMMO com extrato barbatimão); CS (CMMO com solução de NaCl a 0,9%);

e S (solução de NaCl a 0,9%). Observa-se a presença de poucas células em proliferação no terceiro dia pós-operatório e aumento significativo no sétimo e 14º

dia. No 21º dia pós-operatório, evidencia-se a redução da quantidade de células em proliferação.

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DISCUSSÃO

Neste estudo, o emprego do extrato de barbatimão com uma concentração de

taninos próxima a 8% fundamentou-se na Farmacopeia Brasileira, que recomenda a

concentração mínima de 8% de taninos do barbatimão para fins medicinais25

. Estudos sobre a

cicatrização empregando o barbatimão, comumente, descrevem apenas a concentração

empregada, sem mencionar a concentração de taninos presente. Essa conduta pode gerar

resultados conflitantes, visto que alguns trabalhos apontam o barbatimão como otimizador do

processo de cicatrização22,23

e outros não8,31

. Nesse caso, a não determinação dos níveis de

taninos, principal composto ao qual é conferida a atividade terapêutica do barbatimão5,6,7

,

pode levar a resultados insatisfatórios se os níveis de taninos não forem estabelecidos.

O extrato fluido do barbatimão na formulação empregada não se apresentou

viscoso. Nessas circunstâncias, acreditava-se que essa característica auxiliaria na preservação

e sobrevivência das células, pois ajudaria na conservação das CMMO aderidas à lesão, e não

na solução. Efeito contrário poderia ocorrer, empregando como veículo, pomada ou creme8,23

,

pois a maior densidade e viscosidade desses produtos manteriam as células aderidas ao

medicamento, e não à ferida.

O procedimento de colheita, isolamento e aplicação de CMMO em feridas

mostraram-se facilmente exequíveis, mas é importante ressaltar que o custo dos equipamentos

pode ser um fator limitante para sua popularização na prática clínica. Outros aspectos, como a

produção de fatores de crescimento e citocinas10

e o curto espaço de tempo necessário à

manipulação e aplicação32

, também são benefícios que reforçaram a decisão do uso de

CMMO no presente estudo. Acrescente-se o fato de a possibilidade de rejeição ser mínima,

visto que eram autólogas. Além disso, a preparação da CMMO não requer a expansão de

cultura, minimizando a possibilidade de contaminação33

.

Com base nas análises empregadas, neste estudo, não foi possível comprovar que

as CMMO auxiliem na reparação tecidual. Pode ser que a quantidade de 6x105 de CMMO

administrada por lesão tenha sido insuficiente para desencadear modificações teciduais dentro

do processo de reparação9. No entanto, em outro estudo, empregando quantidades maiores de

CMMO (6,92x106 a 4,91x10

7), o favorecimento do processo de cicatrização também não foi

observado32

. Assim, novos estudos sobre a quantidade mínima necessária de CMMO e até

mesmo os métodos de aplicação, para auxiliar significativamente no processo de cicatrização

de feridas cutâneas, devem ser conduzidos, possibilitando que novas propostas terapêuticas

sejam avaliadas.

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Acredita-se que o emprego da membrana semipermeável de poliuretano teve

importância fundamental no protocolo adotado, pois protegeu a ferida contra sujidades na fase

inflamatória do processo de reparação tecidual. Sua presença também pode ter auxiliado na

manutenção do extrato de barbatimão em contato com a ferida por um tempo maior. Essa

situação pode ter proporcionado um ambiente adequado para a atuação das CMMO, pois

haveria menor risco de contaminação. Igualmente, a presença da membrana pode ter auxiliado

na manutenção das CMMO no leito ferida34

. Apesar de essas possibilidades terem sido

consideradas, o efeito das CMMO não pôde ser comprovado.

Mesmo não havendo diferença entre os parâmetros clínicos avaliados é importante

ressaltar que os grupos que receberam o extrato de barbatimão apresentaram a formação de

uma crosta mais exuberante, que também foi evidenciada nas avaliações histológicas, nesses

grupos, indicando que os taninos promoveram a precipitação de proteínas7 e permitiram o

desenvolvimento da cicatrização normalmente abaixo da crosta.

Quanto aos achados microscópicos das feridas, quando se empregou a coloração

de HE, verificou-se que a cicatrização ocorreu no tempo fisiológico em todos os grupos1,35

.

Na fase inflamatória ficou evidente a presença da maior quantidade de células

polimorfoncleares. A fase de proliferação mostrou a angiogênese e a fibroplasia de forma

moderada e na fase de remodelação, ficou nítida a maior organização do tecido cicatricial. A

estimulação da reepitelização promovida pelo barbatimão, descrita por Hernandes e

colaboradores8,não foi constatada neste estudo, o que pode estar relacionado à menor

concentração de taninos do extrato utilizado.

A mensuração da área ocupada por fibras colágenas na ferida, empregando a

técnica de coloração picrosirius, mostrou-se um método simples, reprodutível e com alta

especificidade para a avaliação da evolução cicatricial. A técnica possibilitou que o colágeno

aparecesse com aspecto brilhante sob a luz polarizada com fundo escuro, impedindo qualquer

possibilidade de conflito com outros elementos presentes no tecido19

. A ausência de fibras

colágenas no terceiro dia pós-operatório está dentro da resposta fisiológica do organismo à

lesão tecidual, pois a fibroplasia ainda não está presente1,35

. Já a maior porcentagem de área

ocupada por fibras colágenas nos animais alocados nos grupos B e CB, no sétimo dia pós-

operatório, provavelmente ocorreu em virtude da utilização do barbatimão, pois não foi

observada diferença entre esses dois tratamentosnesse período de avaliação, mas sim em

relação aos outros grupos. Como essas características não foram observadas aos 14 e 21 dias

do pós-operatório, infere-se que o barbatimão atuou sobre a produção de fibras colágenas na

fase inicial da cicatrização.

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O efeito do barbatimão sobre a síntese de colágeno talvez esteja relacionado com

os fibroblastos ativados por fatores de crescimento, como o fator derivado de plaquetas

(PDGF), responsável por estimular a fibroplasia, além do fator de crescimento transformador

β (TGF- β), responsável por estimular a síntese de colágeno para formação de novo tecido

conjuntivo na lesão36

. Foi possível observar que os animais dos grupos B e CB apresentaram

as fibras colágenas mais organizadas no 21º dia pós-operatório, o que pode representar o

favorecimento do processo de cicatrização, visto que a disposição organizada das fibras

colágenas confere à cicatriz maior resistência e melhor aparência estética37

.

Sobre a avaliação da cicatrização, empregando técnicas de coloração especiais

para o colágeno, como o picrosirius, não foram encontrados estudos envolvendo o

barbatimão. Sobre esse tema, outros estudos se limitaram7,8,23,38

a descrever achados

macroscópicos ou histológicos empregando a coloração de hematoxilina e eosina. Essa

constatação dificultou a comparação dos resultados deste estudo com outras pesquisas. Ainda

dentro desse tema, a proliferação celular, avaliada durante o processo de cicatrização, foi uma

tentativa de se comprovar o efeito do extrato do barbatimão sobre a cicatrização,

fundamentando-se na descrição de que o barbatimão estimularia a proliferação de

queratinócitos8. Dessa forma, buscou-se verificar se esse fitoterápico influenciaria de alguma

forma a proliferação de outros tipos celulares, como fibroblastos e células endoteliais,

fundamentais à cicatrização39

, o que não foi observado.

A quantidade baixa de células em proliferação e de proteínas AgNOR em todos os

animais no terceiro dia pós-operatório, caracterizou a fase inflamatória da cicatrização. Já no

sétimo e 14º dia pós-operatório, a resposta tecidual representou a fase proliferativa da

cicatrização, que ocorre geralmente a partir do quarto dia e se prolonga até o 14º dia após a

lesão, e caracteriza-se pelo aumento substancial na quantidade de fibroblastos e angiogênese

que compõem o tecido de granulação1,35

. Como no 21º dia pós-operatório, a quantidade de

células em proliferação e a quantidade de proteínas AgNOR decaíram, ficou evidenciado que

a fase de remodelação da cicatrização havia se instalado, pois apresenta proliferação celular

reduzida1. Esperava-se que a terapia com CMMO pudesse estimular a proliferação celular,

nos grupos B e CB, por serem apontadas como liberadoras de fatores de crescimento que

estimulam a cicatrização10

, mas essa particularidade não ficou comprovada. Portanto, diante

desse achado conflitante, a terapia celular, utilizando CMMO ainda necessita de estudos

aprofundados para se compreender sua eficácia e mecanismos de ação, para melhorar as

técnicas de obtenção e sua aplicabilidade.

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Correlacionando os dados de produção de fibras colágenas e de proliferação

celular, supõe-se que o barbatimão atuou na estimulação da produção dessas fibras, visto que

não houve o aumento da proliferação celular no sétimo dia pós-operatório em relação aos

outros grupos. Nesse momento, a área ocupada por fibras colágenas apresentou-se em

quantidades muito superiores nos animais dos grupos B e CB. Como a resposta do processo

cicatricial, frente às substâncias naturais de uso popular com atividade biológica, pode ocorrer

em fases variadas da cicatrização40

, a maior deposição de fibras colágenas na fase inicial do

reparo pode ser favorável àcura da ferida.

Ainda que a terapia com CMMO não tenha apresentado resultados promissores no

que tange à reparação cutânea, acredita-se que novos estudos com essa modalidade

terapêutica devam ser desenvolvidos,empregando maior quantidade células. Outras pesquisas

analisando o potencial dessa terapia em feridas de difícil cicatrização também devem ser

propostas, porém, reconhece-se que este é um protocolo contraindicado no caso de feridas

contaminadas. O emprego dessa terapia em cirurgias reconstrutivas ou em feridas de pacientes

diabéticos pode ser sugerido, pois, nesse caso, o tempo de reparação tecidual deverá ser o

mais breve possível para restabelecimento estrutural, estético e funcional da pele.

Apesar da popularidade do barbatimão como coadjuvante na cicatrização,

ressalta-se que sua composição química pode variar substancialmente em decorrência de

vários fatores, como o período sazonal da colheita, a parte da planta utilizada, a técnica de

extração da matéria-primae o método de processamento. Desse modo, muito ainda se tem a

evoluir quanto ao emprego e pesquisa do barbatimão na Medicina Veterinária, pois a maioria

dos estudos in vivo que utilizam essa planta como coadjuvante na cicatrização não

caracterizam adequadamente as substâncias que participam da sua composição química.

Embora as técnicas de avaliação por inspeção, morfometria digital, histologia

(HE) e histoquímicas (coloração AgNOR e picrosirius)tenham se apresentado adequadas para

analisar a evolução do processo de cicatrização de feridas e das respostas teciduais, é preciso

utilizar técnicas mais avançadas em busca de eventos não identificados por esses exames.

Dentre os testes mais específicos e sensíveis que poderiam ser empregados, os de biologia

molecular, como Western blot,imunohistoquímica e a marcação de células-tronco

mesenquimais poderiam elucidar melhor a atuação da terapia celular e do barbatimão na

reparação tecidual.

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CONCLUSÃO

Com base na metodologia aqui adotada, na fase inicial da cicatrização, o barbatimão

estimula a produção de fibras colágenas e promove a formação de crostas mais exuberantes

sobre a ferida e, na fase de remodelação, favorece a organização das fibras colágenas. No

entanto, a associação desse fitoterápico às células mononucleares autólogas da medula óssea

não estimula a cicatrização de feridas excisionais de coelhos.

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) pelo financiamento da

pesquisa. À Farmácia de Manipulação Animalle (Goiânia - GO) e à Guabi (Anápolis-GO)

pelo provimento de insumos.

CONFLITO DE INTERESSES

Não há conflito de interesses em relação ao presente artigo.

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CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cicatrização de feridas é um tema de grande importância na prática clínica e

cirúrgica de animais de companhia e produção. A escolha do protocolo terapêutico deve se

basear nas necessidades clínicas do paciente e também no custo necessário para o tratamento.

No que tange ao processamento e isolamento de CMMO, o custo dos equipamentos ainda é

elevado, o que pode limitar seu uso prático. Diferentemente, o barbatimão é de fácil obtenção,

o processamento é simples e apresenta custo acessível, motivos que estimulam sua utilização

na rotina clínica para o tratamento de feridas, mas é preciso empregá-lo de maneira

sustentável.

Os verdadeiros mecanismos de ação, tanto dos fitoterápicos como das células

mononucleares ainda são motivos de especulação. Portanto, ao escolher o extrato de

barbatimão e as células mononucleares autólogas da medula óssea, para compor protocolos

terapêuticos experimentais envolvendo a cicatrização de feridas cutâneas, é importante a

participação de uma equipe multidisciplinar. O envolvimento de diferentes áreas do

conhecimento como clínica médica, cirurgia, patologia, farmacologia e patologia

clínicaengrandece essa modalidade de estudo, além de ser fundamental para a formulação de

protocolos terapêuticos mais elaborados e que apresentem bons resultados.

Embora as técnicas de colheita, isolamento e aplicação de CMMO se mostrem

facilmente exequíveis, o processo requer treinamento básico das pessoas envolvidas, tendo em

vista que a ocorrência de falhas metodológicas podem comprometer a efetividade dessa

terapia e causar elevados prejuízos econômicos. Assim, antes de iniciar pesquisas envolvendo

essa modalidade terapêutica, a execução de um projeto piloto, o processamento do material

colhido da medula em laboratório, a capacitação dos participantes e o treinamento de

protocolos envolvendo a terapia celular são fundamentais para a padronização dos

procedimentos experimentais empregados no estudo.

Ainda que a terapia com CMMO não apresente somente resultados promissores

na reparação tecidual, acredita-se que estudos com essa modalidade terapêutica devam ser

desenvolvidos,empregando células em maior quantidade. Outras pesquisas avaliando o

potencial dessa terapia em feridas de difícil cicatrização também devem ser propostas, à

exceção de feridas contaminadas, pois seu uso é contraindicado. O emprego dessa terapia em

cirurgias reconstrutivas e feridas isquêmicas, talvez seja um campo de pesquisa promissor,

visando à redução do tempo de reparação tecidual para restabelecimento estrutural, estético e

funcional da pele.

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Apesar da popularidade do barbatimão como auxiliar no processo de cicatrização,

é importante ressaltar que a composição química desse fitoterápico pode variar

consideravelmente em decorrência de vários fatores, como o método de extração e a parte da

planta empregada como matéria-prima, o período sazonal da colheita, localização geográfica

da planta e o método de processamento. Desta forma, muito ainda se tem a evoluir quanto ao

emprego do barbatimão na Medicina Veterinária, pois, a maioria dos estudos in vivo que

utilizam esta planta como cicatrizante não caracterizam adequadamente as substâncias que

participam da sua composição.

A quantificação de taninos no extrato de barbatimão é uma análise básica para a

determinação do efeito cicatrizante, visto que o tanino é o responsável pela propriedade

terapêutica desse fitoterápico. A não quantificação dos componentes existentes no extrato da

plantapode gerar resultados conflitantes quanto ao benefício do barbatimão, comprometendo o

seu emprego na prática clínica e sua aceitação por indústrias farmacêuticas. Portanto, estudos

empregando o barbatimão com diferentes concentrações de taninos são fundamentais para

determinar a concentração mínima necessária para a otimização no processo de cicatrização.

Apesar das técnicas de avaliação por inspeção, morfometria digital, histologia

(hematoxilina e eosina)e histoquímicas (coloração AgNOR e picrosirius), empregadas para

analisar a evolução do processo cicatricial e das respostas teciduais, de acordo com o

tratamentotenham se apresentado adequadas, é preciso utilizar técnicas mais avançadas em

busca de eventos não identificados por esses exames. Como exemplos de testes mais sensíveis

e específicos podem-se citar os testes de biologia molecular, como imunohistoquímica,

Western blot e a marcação de células-tronco mesenquimais poderiam elucidar melhor a

atuação do barbatimão e da terapia celular na reparação tecidual.

Atividades práticas e de pesquisa nas áreas de clínica e cirurgia animal, apontam

que o emprego do extrato da casca de barbatimão mostra-se eficiente para o tratamento de

alguns tipos de feridas de difícil cicatrização em diferentes espécies animais, principalmente

feridas contaminadas e extensas. Essas observações indicam que o uso desse fitoterápico no

tratamento de feridas ainda poderá ser alvo de inúmeras pesquisas, pois muitos constituintes

com propriedades medicinais desse medicamento ainda não foram caracterizados e isolados.

Na oportunidade da repetição deste tema de pesquisa, a utilização de uma maior

quantidade de CMMO e a marcação de células-tronco mesenquimais dessa fração celular,

além do emprego do extrato do barbatimão em diferentes concentrações de taninos, poderiam

demonstrar resultados mais promissores com essas terapias. No entanto, para a realização

desses procedimentos um número bem maior de animais será necessário, o que talvez

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impossibilite o emprego do coelho como modelo animal, sendo a utilização de espécies

animais menores, como roedores, mais adequada para a adoção destes procedimentos.

Por último, com o conhecimento dos constituintes terapêuticos de plantas

medicinais existentes na flora brasileira, ocorrerá a valorização de inúmeras espécies vegetais,

e, consequentemente, várias ações de desenvolvimento sustentável para a utilização dos

recursos florestais poderão ser adotadas. Acrescentem-se os registros de patentes feitos por

pesquisadores nacionais que poderão minimizar a evasão de divisas decorrentes dos registros

de princípios ativos extraídos da flora existente no Brasil, realizados por empresas

estrangeiras.

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ANEXO I

Parecer da Comissão de Ética no Uso de Animais/UFG do projeto de pesquisa intitulado

“Terapia celular associada ao extrato de barbatimão (Stryphnodendron sp) na

cicatrização de feridas cutâneas em coelhos”.