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Fábio Rakauskas

Estado x Mercado: Planejamento Urbano em São Bernardo do Campo

1964 a 2006

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arqu i te tura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito para a obtenção do tí tulo de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Profª Drª Nadia Somekh

São Paulo

2012

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R162e Rakauskas, FábioEstado x Mercado: planejamento em Săo Bernardo do

Campo - 1964 a 2006. / Fábio Rakauskas – 2012. 165 f. : il. ; 30cm.

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012. Bibliografia: f. 161-165.

1. Săo Bernardo do Campo. 2. Plano Diretor. 3. Industrializaçăo. 4. Plano de Desenvolvimento Integrado I. Título.

CDD 711.4

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FÁBIO RAKAUSKAS

ESTADO X MERCADO: PLANEJAMENTO URBANO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO 1964 A 2006

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e

Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito para a

obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovada em 13 de Fevereiro de 2012.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Profa. Dra. Nadia Somekh

Universidade Presbiteriana Mackenzie

__________________________________________

Profa. Dra. Angélica A. Tanus Benatti Alvim

Universidade Presbiteriana Mackenzie

__________________________________________

Profa. Dra. Sueli Terezinha Ramos Schiffer

Universidade de São Paulo

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AGRADECIMENTOS

À minha querida esposa, Lyhara, que dedicou grande parte do seu tempo me

apoiando e dando força para que esta pesquisa se concretizasse.

À minha orientadora, Nadia Somekh, que me incentivou a ingressar no mestrado,

me orientando com suas críticas construtivas e sugestões, sempre me direcionando

para que a pesquisa se tornasse objetiva.

Às professoras Angélica A. Tanus Benatti Alvim e Sueli Terezinha Ramos Schiffer

que contribuiram com suas críticas durante a qualificação e a defesa de mestrado.

A minha família, José Carlos, Regina, Patricia e Oswaldo que sempre me apoiaram

durante estes dois anos de pesquisa.

Ao meu amigo, Vicente, que me deu dicas preciosas no momento mais crítico do

trabalho, dicas estas que levarei para a vida toda.

Ao meu amigo, Alexandre (Xandão), que me mostrou e explicou pela primeira vez o

PDIM, abrindo novas perspectivas para minha pesquisa.

À equipe da Secretaria de Planejamento Urbano e Ação Regional da Prefeitura de

São Bernardo do Campo que contribui fornecendo informações preciosas para a

elaboração da dissertação de mestrado.

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RESUMO

Este trabalho tem como foco central analisar a evolução dos Planejamento Urbano

no município de São Bernardo do Campo a partir de um levantamento histórico das

principais legislações urbanísticas que estruturaram a cidade entre 1964 e 2006.

Esta análise é compreendida inicialmente com a da implantação da rodovia Anchieta

e, consequentemente, da chegada da nova indústria no início dos anos 1950,

quando a cidade iniciou um acelerado processo de urbanização. Neste sentido, a

administração passou criar novos instrumentos de controle urbano em vista da nova

dinâmica. Inicialmente os instrumentos eram pontuais e desarticulados, sendo

apenas no início da década de 1960 elaborado o primeiro Plano Diretor do

município. A urbanização acelerada e o impacto da indústria mostraram a

necessidade de um instrumento gestão urbana com maior agilidade. Neste sentido

foi elaborado, entre 1974 a 1977, o Plano de Desenvolvimento Integrado do

Município (PDIM), com conceitos inovadores e planos de intervenções de curto,

médio e longo prazo, articulado à recém criada Progresso São Bernardo do Campo

S.A. (PRO-S.B.C.), que atuava como empresa de economia mista, gerindo os

procedimentos de intervenções na cidade. A revogação do PDIM e as

transformações urbanas, econômicas e produtivas, durante a década de 1980, levou

São Bernardo do Campo à uma estrutura urbana desordenada. A criação do

Consórcio Intermunicipal do Grande ABC nasceu no início da década de 1990 a fim

de equalizar os problemas que atingiam tanto a cidade como a região do ABC. Em

2006 aprovou-se o primeiro Plano Diretor orientado pelo Estatuto da Cidade, porém

com índices intensivos de aproveitamento do solo, e consequentemente com

grandes problemas de saturamento da infraestrutura e do sistema viário. Com a

compreensão do planejamento urbano da cidade e o entendimento da evolução da

estrutura urbana do município, influenciado inicialmente pela industrialização, foi

possível entender o atual cenário urbano de São Bernardo do Campo. Além disso, o

repertório histórico-urbano organizado nesta pesquisa poderá contribuir nos futuros

trabalhos elaborados pela administração pública local.

PALAVRAS-CHAVE: Plano Diretor. São Bernardo do Campo. Industrialização. Plano

de Desenvolvimento Integrado. Progresso São Bernardo do Campo S.A.

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ABSTRACT

This work has as its central focus analyzing the evolution of urban planning in the

municipality of São Bernardo do Campo from a historical survey of the main urban

laws that structured the city between 1964 and 2006. This analysis is realized with an

initial deployment of the Anchieta highway and therefore the arrival of new industry in

the early 1950s, when the city began a rapid process of urbanization. In this sense,

the administration has new tools for urban control in view of the new dynamic. Initially

the instruments were off and disconnected, and only at the beginning of the 1960s

developed the first Master Plan of the municipality. Rapid urbanization and the impact

of the industry showed the need for an urban management tool with greater agility. In

this sense was developed between 1974 to 1977, the Integrated Development Plan

of the City (PDIM), with innovative concepts and plans for interventions of short,

medium and long term, linked to the newly created Progressive São Bernardo do

Campo S.A. (PRO-SBC ), which acted as a mixed economy company, managing the

procedures for interventions in the city. The repeal of PDIM and the urban, economic

and productive during the 1980s, Sao Bernardo do Campo led to a chaotic urban

structure. The creation of the Intermunicipal Consortium of the Greater ABC was born

in the early 1990s in order to equalize the problems that affected both the city and the

region of the ABC. In 2006 approved the first master plan supervised by the City

Statute, but with indices intensive land use and therefore with great saturamento

problems of infrastructure and road system. With the understanding of urban

planning and understanding of the evolution of urban structure in the city, initially

influenced by industrialization, it was possible to understand the current urban

landscape of São Bernardo do Campo. Moreover, the historical repertory-urban

organized this research may help in future works prepared by the local public

administration.

KEYWORDS: Master Plan. São Bernardo do Campo. Industrialization. Integrated

Development Plan. Progress São Bernardo S.A.

6

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SUMÁRIO

..............................................................................................INTRODUÇÃO! 14

1. CAPÍTULO 1 - O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA: A ELABORAÇÃO DO PRIMEIRO PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO DE SÃO

.............................................................BERNARDO DO CAMPO EM 1964! 18

1.1. ..........Antecedentes históricos à urbanização de São Bernardo do Campo! 19

1.2. ..................A implantação da rodovia Anchieta em 1947 e a nova indústria! 23

1.2.1. .................................Plano Geral da Cidade de 1956 e os Novos Parâmetros Urbanísticos! 35

1.2.2. ..................................................................................Comissão de Estética Urbana de 1957! 38

1.3. O Plano Diretor de 1964: o primeiro plano de desenvolvimento do município ...................................................................................e a nova centralidade! 39

1.3.1. .........................................................................................................O Plano Diretor de 1964! 42

1.3.2. ...............Convênios para Planos Urbanísticos: Avenida Marginal do Ribeirão dos Meninos! 53

1.3.3. .................................................................................Plano Geral do Sistema Viário de 1964! 54

1.3.4. ...........................................Os Planos Trienais e as Grandes Obras Públicas: 1965 a 1969! 59

1.3.5. ..............................O Plano de Urbanização da Praça Samuel Sabatini e o Paço Municipal! 62

2. CAPÍTULO 2 - A GESTÃO INOVADORA: A ELABORAÇÃO DO PLANO DE ..............DESENVOLVIMENTO INTEGRADO EM 1974 E A PROSBC S.A! 68

2.1. O Progresso São Bernardo do Campo S/A e o Plano de Desenvolvimento ......................................................................................................Integrado! 73

2.1.1. ...................................................................Progresso São Bernardo do Campo S.A. - 1973! 82

2.1.2. .................Plano de Reurbanização do Novo Centro de São Bernardo do Campo em 1974! 89

2.1.3. .......................................Plano de Urbanização do Parque Industrial dos Imigrantes - 1974! 96

2.1.4. ...................Elaboracão do Plano de Desenvolvimento Integrado do Município: 1974-1977! 98

2.2. .........................................................................................Década de 1980! 117

3. CAPíTULO 3 - O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA: ...................................................................O PLANO DIRETOR DE 2006! 123

3.1. ......................................Consórcio Intermunicipal do Grande ABC - 1990! 125

3.1.1. ............................................................................Câmara Regional do Grande ABC - 1997! 127

3.1.2. ..................................................Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC! 128

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3.2. ................................................................................Plano Diretor de 1996! 131

3.2.1. ...............................................................................Lei de Uso e Ocupação do Solo - 1996! 135

3.2.2. ........................................................Plano de Diretrizes do Sistema Viário Global de 1996! 136

3.3. ........................................................Plano de Transporte Urbano de 2002! 139

3.4. ............................................Plano Diretor de 2006 e a Saturação Urbana! 143

........................................................................CONSIDERAÇÕES FINAIS! 158

............................................................REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ! 161

Page 10: Fabio Rakauskas.pdf

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

21 Figura 1.1 Vista geral da Usina Hidrelétrica Henry Borden

21 Figura 1.2 Contrução da barragem de Pedreira no braço do Rio Grande, 1928

24 Figure 1.3 Intensidade do tráfego rodoviário entre São Paulo e as regiões vizinhas em 1950

25 Figura 1.4 Rodovia Anchieta na década de 1950

26 Figura 1.5 Ortofoto de 1957 -Rodovia Anchieta na altura do km 23

30 Figura 1.6 Manchas das Zonas Urbanizada em 1955

43 Figura 1.7 Zoneamento Conforme Lei Municipal n. 913 de 1961

55 Figura 1.8 Plano Geral do Sistema Viário de 1964

63 Figura 1.9 Maquete da proposta de implantação do Paço Muncipal

64 Figura 1.10 Ortofotos de 1957 - trecho da região central

65 Figura 1.11 Ortofoto de 1970 - trecho da região central

65 Figura 1.12 Construção do Paço Municipal e Urbanização da Praça Samuel Sabatini, 1966

66 Figura 1.13 Construção do Paço Municipal em 1967

67 Figura 1.14 Inauguração do Paço Municipal em 1968

70 Figura 2.1 Expansão Urbana do Município de São Bernardo do Campo entre 1930 e 1985

75 Figura 2.2 Zoneamento do Município conforme Lei Municipal n˚1980/72

93 Figura 2.3 Croqui esquemático da proposta de percurso do Trem Expresso Elevado

94 Figura 2.4 Croqui esquemático exemplificando o trem elevado em Wuppertal na Alemanha

95 Figura 2.5 Croqui esquemático exemplificando o bonde de San Antonio, New Town, EUA

96 Figura 2.6 Esquema de implantação do Novo Centro

98 Figura 2.7 Mapa do Perímetro do Plano de Urbanização do Parque Industrial Imigrantes

109 Figura 2.8 Mapa Rede de Centros proposta pelo PDIM

111 Figura 2.9 Mapa Sistema de Árvores proposta pelo PDIM

113 Figura 2.10 Mapa Sistema Viário Básico proposto pelo PDIM

114 Figura 2.11 Mapa do Zoneamento proposto pelo PDIM

119 Figura 2.12 Evolução do Perímetro Urbano

121 Figura 2.13 Ortofoto de 1993 - Área Central

121 Figura 2.14 Construção do Terminal Ferrazópolis

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126 Figura 3.1 Perímetro da Região do Grande ABC inserido na Região Metropolitana de São Paulo

137 Figura 3.2 Hierarquia Viária do Plano de Diretrizes do Sistema Viário Global de 1996

138 Figura 3.3 Diretrizes do Sistema Viário Global

140 Figura 3.4 Mapa do Plano de Transporte Urbano

144 Figura 3.5 Perímetro da Lei de Outorga Onerosa

146 Figura 3.6 Mapa do Macrozoneamento do Plano Diretor de 2006

149 Figura 3.7 Mapa do Zoneamento do Plano Diretor de 2006

150 Figura 3.8 Mapa de Unidade de Planejamento e Gestão do Plano Diretor de 2006

152 Figura 3.9 Mapa de Zonas Especiais de Interesse Social do Plano Diretor de 2006

153 Figura 3.10 Mapa de Zonas Especiais de Interesse Ambiental do Plano Diretor de 2006

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LISTA DE TABELAS, QUADROS E GRÁFICOS

42 Tabela 1.1. Hierarquia de Zonas

44 Tabela 1.2 Evolução da Densidade Demográfica e da Quilometragem de Ruas

45 Tabela 1.3 Classificação de Categorias de Trabalhadores

46 Tabela 1.4 Distribuição de Trabalhadores das Indústrias

47 Tabela 1.5 Numero de Prédios Residenciais

71 Tabela 2.1 Evolução da Ocupação Urbana - 1950/1974

141 Tabela 3.1 Relação de Intervenções prevista no PTU

143 Tabela 3.2 Relação de Coeficientes conforme usos no Perímetro de Outorga

155 Tabela 3.3 Instrumentos de Política Urbana

36 Quadro 1.1 Classificação de Loteamentos

36 Quadro 1.2 Categorias de Vias Públicas Implantadas nos Loteamentos

48 Quadro 1.3 Transição de Zonas entre Leis

49 Quadro 1.4 Zonas e Usos do Perímetro de Aglomeração

56 Quadro 1.5 Relação de Vias Alargadas

58 Quadro 1.6 Relação de Implantação de Novas Vias

60 Quadro 1.7 Principais Edifícios Modernistas Previstos no Plano Trienal 1965-1967

61 Quadro 1.8 Obras Previstas pelo Plano Quadrienal 1964-1967

74 Quadro 2.1 Crescimento Populacional entre Década de 1950 e 1974

76 Quadro 2.2 Zoneamento e Usos Permitidos da Lei Municipal n˚1980/72

91 Quadro 2.3 Definição de Área de Estacionamento de Acordo com Uso

101 Quadro 2.4 Quadro de Organização dos Relatórios do PDIM - 1977

104 Quadro 2.5 Objetivos Físico-Territoriais do Relatório Inicial do PDIM

106 Quadro 2.6 Diretrizes Gerais do PDIM

110 Quadro 2.7 Sistema de Árvores Verdes e Recreação

112 Quadro 2.8 Classificação e Função do Subsistema Viário

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115 Quadro 2.9 Relação de Zonas, Uso e Coeficientes

125 Quadro 3.1 Brasil: Instalações e Ampliações de Empresas Automotrizes a partir de Meados dos anos 1970

128 Quadro 3.2 Planejamento dos Programas de Acessibilidade e Infraestrutura

130 Quadro 3.3 Programas do Eixo Estruturante Ambiente Urbano de Qualidade

130 Quadro 3.4 Principais Ações Regionais - Infraestrutra/ Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (1990-2008)

132 Quadro 3.5 Politicas de Gestão e Desenvolvimento do Plano

135 Quadro 3.6 Zonas e Subzonas

138 Quadro 3.7 Hierarquia do Sistema Viário Global

147 Quadro 3.8 Relação de Zonas Vocacionais inseridas nas Macrozonas

148 Quadro 3.9 Esquema de Hierarquia de Macrozonas e Zoneamento

154 Quadro 3.10 Zonas Especiais e suas Subzonas

159 Quadro C.1 Fases do Planejamento Urbano no Município de São Bernardo do Campo

82 Grafico 2.1 Taxa Geométrica de Crescimento Anual (%)

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGESBEC Armazéns Gerais e Entrepostos Aduaneiros São Bernardo do Campo S.A.

APRM-B Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia Hidrográfica da Represa Billings

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento

CEU Comissão de Estética Urbana

COMPAHC Conselho Municipal de Patrimônio Histórico

CURA Projeto Comunidade Urbana para Recuperação Acelerada

DER Departamento de Estradas e Rodagem

DERSA Desenvolvimento Rodoviário S.A.

EMURB Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo

FDU Projeto Fundo de Desenvolvimento Urbano

FIDREN Projeto Fundo de Saneamento Básico

GCP Grupo Central de Planejamento

GEIA Grupo Executivo da Indústria Automobilística

GPS Grupos de Planejamento Setorial

IAPI Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários

PAC Plano de Aceleração do Crescimento

PCMU Plano Comunitário de Melhoramentos Urbanos

PDIM Plano de Desenvolvimento Integrado do Município

PGG Programa Global de Governo

PIT Progressividade ao Imposto Territorial

PMSBC Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo

PRODASB Processamento de Dados de São Bernardo do Campo S.A.

PRO S.B.C. Progresso São Bernardo do Campo S.A.

PROSERV Promoção de Serviços de São Bernardo do Campo S.A.

PROTUR Turismo de São Bernardo do Campo S.A.

PTU Plano de Transporte Urbano de São Bernardo do Campo

RMSP Região Metropolitana de São Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

UCPTU-SBC Unidade de Coordenação do Programa de Transporte Urbano de São Bernardo do Campo

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INTRODUÇÃO

Esta dissertação trata do processo de evolução do planejamento urbano a

partir das transformações urbanas no município de São Bernardo do Campo, entre

1947 a 2006. Por meio da descrição dos principais Planos Diretores e do

entendimento dos referentes contextos urbanos e sócio-político, a pesquisa gerou

um repertório sobre o planejamento urbano da cidade que poderá contribuir para

futuras elaborações de planos e projetos urbanísticos realizados pela administração

pública.

O levantamento e análise dos planos, como foco principal, mostrou que São

Bernardo passou por três períodos de planejamento, sendo o primeiro caracterizado

por um planejamento voltado para a “nova indústria” e os grandes investimentos em

obras públicas, que iria desde a chegada da indústria automobilística e a

implantação da rodovia Anchieta na década de 1950, até o final da década de 1960,

quando fora elaborado o primeiro Plano Diretor do município. Um segundo

momento, no início da década de 1970, caracterizado pela consolidação das

indústrias, a alta urbanização, um instrumento de gestão inovador que não chegou a

ser implantado por completo, e a estagnação do planejamento urbano até final dos

anos 1980. E finalmente, quando São Bernardo do Campo, vendo seus limites

dissolvidos na mancha urbana da Região Metropolitana de São Paulo, elaborou

planos voltados para a atualidade, tendo em vista os problemas contemporâneos.

Conforme Santos e Montandon (2011, p.27) o uso do Plano Diretor como

instrumento de planejamento

Aparece na história do urbanismo brasileiro desde a década de 1930,

quando foi elaborado o Plano Agache no Rio de Janeiro. No entanto,

primeiramente com a promulgação da Constituição de 1988 e

posteriormente com a instituição do Estatuto da Cidade, em 2001, a

abrangência dos Planos Diretores foi ampliada, e seu sentido,

alterado, estando agora vinculados à definição da função social da

cidade e da propriedade e ao plano de desenvolvimento urbano

municipal.!

14

Page 16: Fabio Rakauskas.pdf

O município de São Bernardo do Campo está localizado na Sub-região

Sudeste da Região Metropolitana de São Paulo, conhecida principalmente como

Região do Grande ABC Paulista, formada inicialmente por Santo André, São

Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, sendo posteriormente acrescida pelos

municípios de Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

Atualmente seu território possui 407,1 km², situado no alto da Serra do Mar do

planalto Atlântico, a cerca de 730 metros acima do nível do mar, com 70,8% inserido

na Área de Proteção Ambiental, e os outros 29,2% em zona urbana. Sua posição

geográfica, com característica como eixo de passagem norte-sul, entre a

aglomeração urbana do Estado de São Paulo e o Porto de Santos, levou a cidade a

ter importante suporte logístico no transporte de mercadorias e pessoas. Atualmente

o município conta com uma população de 765.203, sendo 752.417 localizada em

área urbana e 12.786 em área rural (IBGE, 2010).

A implantação de estruturas urbanas, como por exemplo a construção de

rodovias, na metrópole paulistana no final dos anos 1940 e início dos anos 1950,

levou a um alto grau de urbanização no Estado de São Paulo, tornando-se a maior

do Brasil pelas décadas posteriores.

Estes novos eixos atraíram a implantação de grandes plantas industriais. De

acordo com Baldoni (2002) “constituíram-se neste período as áreas industriais ao

longo das recém implantadas rodovias Anchieta, Dutra e Anhanguera, que passaram

a receber novas indústrias, principalmente multinacionais”.

Como consequência, a concentração industrial, em 1975, nos municípios de

São Paulo, Guarulhos, Osasco e região do ABC equivalia a 75% da produção do

Estado de São Paulo, e consequentemente, um dos maiores pesos na economia

nacional (BALDONI, 2002).

A região do Grande ABC, tornou-se uma importante região industrial da

Região Metropolitana de São Paulo. Seu produto interno bruto representa

atualmente 2,43% do PIB nacional, e sua participação na atividade industrial na

15

Page 17: Fabio Rakauskas.pdf

região metropolitana é de 22,8%, sendo no Estado de São Paulo uma atividade

equivalente a 13,8% e 7% no índice nacional (REIS, 2008).

Estas transformações, tanto urbanas quanto econômicas, trouxeram uma

nova dinâmica às cidades afetadas. No caso de São Bernardo do Campo, a

implantação da rodovia Anchieta, entre 1947 e 1953 atraiu grandes indústrias, em

especial as automobilísticas. Como consequência o município sofreu grande

expansão demográfica, pois entre o período de 1940 e 1950 o número de habitantes

saltou de 11.685 para 20.000 (LANGENBUCH, 1971). Porém, o investimento na

infraestrutura da cidade ainda era mínimo, não acompanhando o ritmo do

crescimento e impacto urbano.

A década de 1960 foi um momento de grandes investimentos em obras

públicas, dando um novo desenho urbano a cidade. Porém no decorrer das décadas

até os tempos atuais os investimentos públicos reduziram drasticamente, em

contrapartida os investimentos do mercado imobiliário e demais investimentos da

iniciativa privada contribuíram para uma saturação da infraestrutura urbana.

A metodologia adotada para a pesquisa apoiou-se na revisão histórica dos

principais Planos Diretores e instrumentos urbanísticos do município de São

Bernardo do Campo, que de certa forma contribuirão para a formação do atual

cenário urbano da cidade. Os dados organizados consideraram informações

referentes às Leis Urbanísticas Municipais, dados socioeconômicos e políticos,

mapas e aerofotolevantamentos. A análise dos dados resultou na identificação dos

principais planos que estruturam a malha urbana da cidade e a influência política e

socioeconômica na elaboração dos mesmos.

A pesquisa foi estruturada em três capítulos, além da introdução e conclusão,

numa hierarquia histórica de dados, na qual os Planos Diretores eram o principal

foco de estudo, proporcionando repertório suficiente para concluir o objetivo da

pesquisa.

O primeiro capítulo apresenta um breve histórico do período que antecedeu o

primeiro Plano Diretor de 1964, dando um panorama do impacto da implantação da

rodovia Anchieta que trouxe as grandes indústrias automobilistas, mudando a 16

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dinâmica urbana da cidade. Neste contexto o capítulo mostra a fase da elaboração

do plano e seus instrumentos de controle urbano em vista da nova indústria que

acabava de se estabelecer. Conforme Ascher (2010) a cidade da revolução industrial

levou a um grande crescimento demográfico, gerando empobrecimento de parte da

população urbana e diferenciação social através de novos elementos urbanos. A

concepção e organização das cidades eram regidas pelos princípios estabelecidos

pela lógica industrial. Neste contexto o Urbanismo moderno propunha um

zoneamento monofuncional para as cidades, influenciado pela Carta de Atenas.No

fim dos anos 1960 a produção repetitiva em massa entra em choque com a

diferenciação social e com a diversificação de novas demandas (ASCHER, 2010).

O segundo capítulo mostra, durante a década de 1970, a consolidação da

indústria no município, a implantação da rodovia Imigrantes, a constituição do

parque industrial e o impacto na estrutura urbana na cidade com o grande

crescimento demográfico, fragmentação urbana e precária mobilidade. Neste

período apresenta-se a elaboração do Plano de Desenvolvimento Integrado do

Município (PDIM) e a criação da Progresso São Bernardo do Campo S.A. (PRO-

S.B.C.), uma empresa de economia mista a qual a administração tinha o objetivo da

agilidade nas intervenções urbanas e implementação dos planos, a fim de

acompanhar o ritmo de desenvolvimento de São Bernardo do Campo. Num segundo

momento a pesquisa apresenta a estagnação econômica da década de 1980 e as

revisões dos instrumentos urbanos.

O terceiro capítulo mostra a criação do Consórcio Intermunicipal do Grande

ABC em 1990, num cenário de transformações produtivas e econômicas das

indústrias, criando instrumentos de governança regional, passando posteriormente

para a implementação do Plano Diretor de 2006, aos moldes do Estatuto da Cidade

e da Constituição Federal de 1988.

Com relação a capítulo de conclusão busca-se, a partir do repertório dos

principais planos levantados, entender o atual cenário urbano do município, e com

isso poder contribuir para futuras intervenções e elaborações dos novos

instrumentos urbanos realizados pela administração pública.

17

Page 19: Fabio Rakauskas.pdf
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1.1. Antecedentes históricos à urbanização de São Bernardo do Campo

O município de São Bernardo do Campo, antes da implantação da rodovia

Anchieta e da indústria de grande porte, no início da década de 1950, apresentava

um território característico de subúrbio rural, pouco integrado ao processo de pré-

metropolização que vinha sofrendo São Paulo e territórios vizinhos interligados por

infraestrutura de transporte. A conexão do município com São Paulo e Santos a

partir da implantação da rodovia Anchieta deu ao território um caráter integrador e

estratégico, logisticamente, a nova indústria de porte que tomava conta do mercado

nacional, levava a cidade a um processo de urbanização intenso durante as décadas

posteriores. A necessidade de novos instrumentos pela administração pública para

controle do novo cenário levou São Bernardo do Campo a desenvolver e implantar o

primeiro Plano Diretor do município.

Anterior a esta fase de urbanização, do início da década de 1950, vale citar os

primeiros elementos estruturantes da região que contribuíram para modelação do

território de caráter urbano. Na primeira metade do século XVII a região conhecida

por Santo André da Borda do Campo era formada por fazendas e mosteiros

beneditinos, e já utilizada estratégicamente como eixo de passagem pelo acesso do

“caminho do mar” . Foi fundada em 1717 a Fazenda de São Bernardo dos Monges

Beneditinos. Em 1812, a então conhecida Vila de São Bernardo, elevou-se a

Freguesia, através do alvará do Marques de Alegrete. Em 1814 foi aberta a Rua

Marechal Deodoro e suas primeiras transversais junto ao Largo da Matriz (LEVI,

1991).

Em 1847 São Bernardo, ainda como núcleo colonial, fazia parte de processo

imigratório, que atraia europeus de diferentes regiões, fugidos da crise de

abastecimento que sofria a Europa. Neste momento estabeleciam-se quatro

núcleos na periferia da capital Paulista: São Bernardo, São Caetano, Glória e

Santana. Estes faziam parte de uma reforma do espaço urbano da cidade, onde

gerava-se um “cinturão” de caráter agrícola, estruturado para atender o

abastecimento alimentício, servir de reserva de mão-de-obra, promovendo a

elevação da densidade demográfica na região. Este anel rural, intitulado de banlieu

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

19

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coloniale atuava como um filtro entre o “núcleo urbano” e o “sertão inculto” (ALVES

et al., 2001, p.54). Através da lei n˚ 23 de 1854 transferiu-se parte do território ao

município de São Paulo.

Até a década de 1890 a região era apenas um distrito de São Paulo, distante

dos focos de decisões. O crescimento populacional e o desenvolvimento das

atividades econômicas levaram o Governo Provincial a criar em 12 de março de

1889 o município de São Bernardo1 através da Lei n˚38 e sua instalação em 2 de

maio de 1890, passando a ter 817,5km² de território. Neste período, entre 1889 a

1900, juntamente com a febre da especulação, colaboradora da crise do café, foram

criados no Estado 41 novos municípios (MORSE, 1970).

Em 1901, a partir da Lei n˚804 são estabelecidas as divisas do município de

São Bernardo com os municípios de Conceição de Itanhaém, Santo Amaro, Capital,

Mogi das Cruzes, Santos e São Vicente.

Durante a década de 1920 iniciou-se o processo de modernização das

rodovias, onde foram construídas diversas estradas extra-regionais no Estado de

São Paulo, seguindo os antigos traçados dos caminhos de tropas, porém numa

escala regional. Estes eixos irradiavam-se em: São Paulo-Minas; São Paulo-Mato

Grosso; São Paulo-Paraná; São Paulo-Rio. Em 1923 a estrada Caminho do Mar foi

a primeira a ser pavimentada no Estado de São Paulo (REIS, 2010). A Estrada

Caminho do Mar, franqueada ao trânsito público, era um importante eixo de ligação

entre a capital e o litoral paulistano que cortava o território de São Bernardo

(LANGENBUCH, 1971). Isso já demostrava sua importância quanto a localização

logística estratégica, que posteriormente, na década de 1950 se tornaria mais

evidente.

Em 1927 iniciou-se o processo de inundação do que seria posteriormente a

Represa Billings2. O projeto era de responsabilidade da Companhia Light (“The São

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

20

1 O município de São Bernardo, criado em 1889 referia-se ao atual território do Grande ABC.

2 No final da década de 1940 é ampliado a represa do Rio Grande, passando a se chamar Represa Billings, e recebendo agora as águas do Alto Tietê. Neste momento a represa passava a ter a função de abastecimento a fim de atender ao expressivo crescimento populacional trazido pela industrialização na região.

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A crise mundial de 1929 e a posterior Revolução de 1930, no Brasil, trouxe

mudanças no sistema empresarial do país nas relações econômicas internas e

externas do país. O capital nacional urbano (indústrias, finanças e construção civil)

ganhou importância, em contrapartida o setor rural perdeu força com a baixa

exportação de café e outros produtos primários. Com incentivo do Estado, em quase

todos os países, iniciaram as políticas de incentivo às indústrias, a fim de substituir

as importações, dando maior autonomia ao processo de desenvolvimento. Esta nova

dinâmica atraiu empregos e reforçou o mercado interno, ampliando as perspectivas

para construção civil (REIS, 2010).

A consolidação do processo de urbanização e industrialização no Brasil

aprofundou-se a partir da década de 1930, “quando os interesses urbano-industriais

conquistam a hegemonia na orientação da política econômica, sem, entretanto,

romper com relações arcaicas de mando baseadas na propriedade

fundiária” (MARICATO, 2002, p.1). Num primeiro momento, entre a década de 1930

até o fim da Segunda Guerra Mundial, a estrutura urbana transformou-se pela

notória concentração industrial distribuídas ao longo da Estrada de Ferro Santos-

Jundiaí. Este eixo gerava certa articulação entre os municípios de São Paulo, São

Caetano do Sul e Santo André (LEVI, 1991). São Bernardo, apesar de estar fora do

eixo ferroviário em cerca de oito quilômetros, obtinha um nível de industrialização,

ainda que reduzido e restrito, na atividade moveleira, perfazendo, em 1938, um total

de 37 estabelecimentos industriais, onde trabalhavam 1.551 operários (ALVES et al.,

2001). São Bernardo permaneceu como subúrbio rural até início da década de 1940,

onde ampliou sua atividade na extração de madeira para a fabricação de dormentes

para a ferrovia, de material para construção civil e fabricação de móveis

(LANGENBUCH, 1971).

Em 1939 a cidade de São Bernardo passou a ser chamada do Santo André,

recuperando sua autonomia como município de São Bernardo “do Campo” em 1944,

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

22

Page 24: Fabio Rakauskas.pdf

dividindo o território do que seria o futuro Grande ABC3 com o município de Santo

André.

1.2. A implantação da rodovia Anchieta em 1947 e a nova indústria

A implantação da rodovia Anchieta, no final da década de 1940, pode ser

considerada um marco na história da urbanização de São Bernardo do Campo. A

viabilidade logística da via, juntamente a posição geográfica do município acarretou

na implantação de diversas industrias ao longo do eixo rodoviário, gerando grandes

bolsões industriais. Esta nova infraestrutura urbana provocava um momento de

transição quanto a perspectivas da administração pública. Neste contexto são

criados ao longo dos anos 1950 planos e instrumentos, ainda que pontuais, a fim de

integrar a estrutura urbana obsoleta às novas transformações.

A redemocratização no país, entre 1934 e 1937, traziam medidas

institucionais a fim de dar respaldo técnico e cultural às transformações urbanas que

estavam ocorrendo. Em 1934 criou-se o Departamento de Estradas e Rodagem

(DER), responsável pelas obras rodoviárias no âmbito do Estado. A implantação das

rodovias no Estado fazia parte dos programas rodoviários, dando apoio a produção

industrial. Como consequência as obras traziam a valorização das terras ao redor

das cidades, gerando o aumento de valor dos capitais fixos privados. Inicialmente as

grandes rodovias eram feitas paralelamente aos principais eixos ferroviários (REIS,

2010).

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

23

3 A Região do Grande ABC é formada pelos sete municípios da Sub-região Sudeste da Região Metropolitana de São Paulo: São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Entre as décadas de 1940 e 1970 os municípios supracitados sofreram um processo de emancipação, configurando-se na atual divisão política (LEITE, 2008).

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ao início do processo de obsolescência das linhas férreas (FELDMAN, 2005).

Dentre as obras realizadas estavam a rodovia para Santos, Campinas e Rio-São

Paulo, que deu origem a rodovia Presidente Dutra (REIS, 2010).

Durante a década de 1950 e início de 1960, São Paulo entrava em processo

de descentralização dos pavilhões industriais, que concentravam-se ao longo das

linhas férreas por intermédio da construção das rodovias Presidente Dutra (1951),

Fernão Dias (1959) e a Regis Bittencourt (1961) através de investimento federal, e a

rodovia Anchieta (1953) e rodovia Anhanguera (1953) através de investimentos do

Estado (REIS, 2010). A articulação metropolitana entre litoral e o interior paulista,

proporcionada por estes novos eixos, colocava a região como principal polo

econômico e demográfico do país, e por consequência aumentava o espraiamento

da mancha urbana (AGUILAR, 2009).

A rodovia Anchieta foi a primeira grande rodovia projetada e construída no

Estado de São Paulo. Considerada, na época, uma das obras mais complexas do

Brasil, pois exigiu grandes esforços técnicos nos trechos da Serra do Mar em função

da elevada quantidade de túneis e viadutos com grandes vãos. Sua primeira fase foi

entregue em 1947 (pista norte) e em 1953 a segunda fase (pista sul) (REIS, 2010).

Figura 1.4 - Rodovia Anchieta na década de 1950.Disponível em: http://www.estradas.com.br/ . Acesso em 10 de agosto de 2011.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

25

Page 27: Fabio Rakauskas.pdf

Este novo eixo cruzava o município de São Bernardo do Campo por toda a

sua extensão norte-sul, estabelecendo uma rota estratégica, do ponto de vista

logístico, para as novas indústrias que viriam a se instalar no seu entorno, gerando

grandes bolsões industriais, estes quase sempre localizados a oeste da rodovia

(WILHEIM, 2009). Na Figura 1.5 é possível notar a recém implantada via Anchieta e

diversas plantas industriais localizadas em sua margem. Por exemplo a Industria da

Volkswagen com apenas parte de suas instalações.

Figura 1.5 - Ortofoto de 1957 - Rodovia Anchieta na altura do km 23/ Planta da fábrica Volkswagen.

Fonte: PMSBC, 2011.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

26

Page 28: Fabio Rakauskas.pdf

Apesar dos benefícios à iniciativa privada, a cidade e os municípios vizinhos

tiveram de repensar a estrutura urbana em vista da mobilidade. O alto impacto da

rodovia e a demanda de fluxo que a indústria trazia tornavam a malha urbana

existente um tanto obsoleta. Em vista deste cenário, em 1954, a prefeitura do

Município de São Bernardo do Campo (PMSBC), juntamente com os municípios de

São Paulo, Santo André e São Caetano do Sul realizaram um Convênio de Planos

Urbanísticos4. O então prefeito Lauro Gomes, da PMSBC, promulgou o convênio

através da Lei Municipal n˚264 5, que definia áreas específicas nas divisas regionais

dos municípios envolvidos, que sofreriam intervenções.

O Convênio estabelecia planos de intervenção ao longo do Rio Tamanduateí,

Rio dos Meninos, Rio Oratório (Iguassu), avenida do Estado, avenida Pedro I e

avenida dos Meninos. Para intervenções em rios intermunicipais e vias de grande

tráfego, de interesse regional, era solicitada a colaboração do Governo do Estado.

Entre os municípios de São Paulo, Santo André e São Caetano do Sul, o

plano de construção do canal do Tamanduateí superior e a abertura das avenidas

marginais estariam incluídos em programas preferenciais de ambos os municípios,

onde as diretrizes dos arruamentos, loteamentos e edificações lindeiras ao eixo em

questão deveriam estar dentro de um plano comum entre as prefeituras. As

intervenções contemplavam o trecho do canal do Tamanduateí superior até a foz do

Rio dos Meninos, na divisa com São Caetano do Sul. Entre o município de São

Paulo e Santo André previa-se a execução da canalização do Tamanduateí e obras

das avenidas marginais.

Também ao longo do eixo do Rio dos Meninos, nas divisas entre os

municípios de São Paulo, São Caetano do Sul, Santo André e São Bernardo do

Campo definiu-se diretrizes de intervenção dentro de um plano comum entre as

prefeituras. As obras previam a canalização do Rio dos Meninos e execução das

avenidas marginais ao longo do eixo.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

27

4 Lei Municipal n˚265/1954 - Convênio para Coordenação de Planos Urbanísticos.

5 O convênio deveria ser definido através de lei municipal específica. No ano de 1954 as prefeituras eram representadas pelos seguintes prefeitos: Jânio Quadros (São Paulo), Fioravante Zampol (Santo André) e Anacleto Campanela (São Caetano do Sul).

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Numa mesma perspectiva de intervenção, as prefeituras de Santo André e

São Paulo estudavam conjuntamente a canalização do Rio Oratório, ou Iguassu, no

trecho que iria da foz do Tamanduateí até aproximadamente os bairros de Iguassu,

localizado em São Paulo, e Vila Iracema, localizado em Santo André.

A prefeitura de Santo André se responsabilizaria, também, pela canalização

do Tamanduateí entre o trecho acima da foz do Oratório até Capuava, limite com o

município de Mauá. Esta intervenção deveria ter como plano preferencial do

município o trecho que compreendia a foz do Oratório e a avenida Antônio Cardoso.

Em São Bernardo do Campo, a prefeitura se responsabilizaria pela

canalização do Rio dos Meninos no trecho que corta o município.

O convênio de desenvolvimento urbanístico estabelecia normas para

execução de obras adjacentes, dentre elas: a avenida do Estado, no trecho entre

Parque Pedro II e avenida Pedro I seria alargada para 76 ou 80 metros a calha de

leito carroçável, criando seis faixas em cada direção. Entre o trecho da avenida

Pedro I e Capuava a largura da via seria de 60 metros, e 50 metros no trecho que

pertencia a Mauá, com previsão de quatro pistas.

As avenidas dos Meninos e Oratório, entre os municípios de São Bernardo do

Campo e Santo André teriam a largura mínima do leito carroçável de 45 metros, com

previsão de três faixas em cada sentido.

A abertura do Rio dos Meninos, no trecho entre o Tamanduateí e estrada das

Lágrimas, seria previsto a passagem de ramal ferroviário com desvio para as

indústrias (área do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI)).

Com relação às edificações ao longo das marginais seria exigido recuos

mínimos de seis metros, oito metros (nos troncos principais) e quatro metros na

avenida do Estado, no trecho entre o Parque Pedro II e avenida Pedro I.

Nas quadras paralelas aos rios seria previsto o alongamento, reduzindo o

número de cruzamentos e pontes, antevendo nos cruzamentos mais importantes

espaços para futuras pontes e travessias em desnível.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

28

Page 30: Fabio Rakauskas.pdf

As intervenções nas vias marginais propostas teriam como um dos objetivos

aliviar fluxo e retardar a ampliação de mais uma faixa na rodovia Anchieta nos dois

sentidos, no trecho entre São Paulo e São Bernardo do Campo. O plano de

intervenção referente ao eixo Tamanduateí se tornaria um dos principais meios de

acesso ao Aeroporto Internacional de Santo Angelo6.

As diretrizes definidas pelo convênio, para futuras intervenções, deveriam ser

mantidas, mesmo sem início imediato das obras, a fim de garantir que futuras obras, por parte da iniciativa privada, não interferissem na execução do plano.

! Apesar dos planos de reforço para as estruturas urbanas de integração viária entre os municípios afetados, as indústrias que se estabeleciam na região geravam grande impacto. Este novo arranjo territorial provocado pelo novo eixo de transporte

urbano gerava bloqueios e descontinuidade da malha viária e isolamento de

equipamentos urbanos. Esta nova demanda, atraída em função da nova rodovia e

indústrias, sobrecarregava o município e parte dos municípios vizinhos em diversos

aspectos funcionais como infraestrutura de serviços e transporte (ORTIZ; SOMEKH

et al., 2010).

O impacto da industrialização nas regiões metropolitanas, em vista do cenário

global ao desenvolvimento do capitalismo industrial, levou as cidades a um novo

arranjo organizacional com foco na lógica do mundo industrial dominante (ASCHER,

2010, p.25). Este novo arranjo era organizado através de zoneamentos do território,

quase sempre monofuncionais, característicos do planejamento urbano modernista,

onde a questão da mobilidade entre as zonas acontecia por meio de artérias

artificiais (HARVEY, 1989, p.70). A mobilidade em diversas escalas permitiu a

recomposição e ampliação dos territórios urbanos. A produção e o consumo de

massa nos espaços urbanos destacavam o fordismo inscrito nas cidades. Isto gerou

a necessidade do poder público atuar no âmbito urbano, econômico e social, através

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

29

6 Em 1947 o Aeroporto de Congonhas, construído na década de 1930, registrava saturação de sua capacidade operacional de passageiros e cargas. Em 1951 a Secretária de Viação e Obras Públicas do Estado criou uma comissão a fim de definir uma nova área para o novo Aeroporto Metropolitano. Foram catalogadas 23 áreas, onde definiu-se que a melhor localização seria no Distrito de Santo Ângelo, atual Jundiapeba na cidade de Mogi das Cruzes. Apesar da demanda e estudo o aeroporto não foi executado.

Page 31: Fabio Rakauskas.pdf

de instrumentos de planejamento racional, ordenando os espaços, a expansão e a

renovação urbana (ASCHER, 2010, p.27).

Em dezembro de 1954 a PMSBC, administrada até então pelo Prefeito Lauro

Gomes, promulgou a Lei Municipal n˚337, onde define novos perímetros para as

áreas urbanizadas. Estes perímetros são definidos por três zonas urbanas distintas:

a primeira que seria a ampliação do perímetro da Sede do município (Centro); a

segunda definia o então Distrito do Riacho Grande como zona urbana; e por fim

definia o Distrito de Diadema 7 também como zona urbana.

A zona urbanizada em destaque na Figura 1.6 mostra um adensamento na

porção leste da via Anchieta, caracterizando-se ao longo do tempo como a região

mais infraestrutura da cidade, com alto valor de terra. Em contrapartida a porção

oeste absorve a característica de zona industrial.

Figura 1.6 - Manchas das Zonas Urbanizadas em 1954.Fonte: PMSBC, 2011.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

30

7 O Distrito de Diadema foi criado em 1948 pela Lei n˚233. Em 18 de fevereiro de 1959 adquiriu autonomia político-administrativa.

Page 32: Fabio Rakauskas.pdf

A implantação das indústrias ao longo das margens da rodovia Anchieta não

foi estimulada apenas pelas vantagens logísticas que apresentava o novo eixo. As

grandes indústrias, em sua maioria automobilísticas, atrelavam sua capacidade de

implantação impulsionadas pelo Plano de Metas de Juscelino Kubitschek8 (1956) e

pelo Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA) 9 (CORREIA, 2008, p.60).

Dentre as plantas industriais instaladas neste contexto, podemos enfatizar as

seguintes indústrias automobilísticas: Willys-Overland (1952), Mercedes-Benz

(1954), Karmann-Ghia (1960), Volkswagen (1959), Simca (1958). Ao longo deste

eixo somente o bairro Paulicéia manteve um caráter residencial, contígua à indústria

Mercedes-Benz (LANGENBUCH, 1971, p.210).

Esta nova dinâmica de transformações produtivas e de desenvolvimento

urbano, num contexto metropolitano, gerou uma grande expansão demográfica,

onde entre as décadas de 1940 a 1950 salta de 11.685 para 24.889 habitantes. Em

1960 contava-se 79.930 habitantes (LANGENBUCH, 1971, p.208). Este cenário

levou, no final dos anos 1960, à saturação da capacidade viária da via Anchieta,

exigindo a construção de pistas marginas no trecho do planalto10, em paralelo era

projetada e construída a rodovia Imigrantes (REIS, 2010).

Com a taxa de urbanização acelerada, as antigas propriedades rurais

passaram a ser loteadas, tornando-se novos bairros que abrigariam novos

moradores operários (LEITE, 2008). Neste período a maioria da população

trabalhava no próprio bairro ou em bairros vizinhos das zonas industriais. Isso

ocorria tanto na Região do Grande ABC como em cidades vizinhas da Região

Metropolitana de São Paulo - RMSP (VILLAÇA, 2001). A Região do Grande ABC,

nesta época, abrigava cerca de 8% da população da metrópole paulistana

(VILLAÇA, 2001) e começava a se desenvolver ao longo da segunda metade do

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

31

8 O Plano de Metas tinha como objetivo desenvolver o Brasil 50 anos em apenas cinco, com investimentos federal nas áreas de desenvolvimento econômico, infraestrutura (rodovias, hidrelétricas, aeroportos etc.) e indústrias.

9 O Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA) foi criado a partir do Plano de Metas e tinha como objetivo dar suporte às indústrias automobilísticas que se instalaram na Região do Grande ABC.

10 O trecho de planalto da rodovia Anchieta contempla todo trecho que cruzava o município de São Bernardo do Campo.

Page 33: Fabio Rakauskas.pdf

século XX, tornando-se um pólo industrial periférico a região Metropolitana de São

Paulo (REIS, 2006).

O processo de crescimento demográfico acelerado nas cidades

industrializadas era algo que se percebia no mundo inteiro, devido ao

desenvolvimento do capitalismo industrial. A segunda revolução industrial gerou uma

migração da mão-de-obra das áreas rurais para as cidades industrializadas, e como

consequência a este processo houve o empobrecimento das populações urbanas

(ASCHER, 2010). No Brasil não foi diferente, pois o processo de urbanização

acontecia fora do contexto das legislações urbanísticas de uso e ocupação do solo e

código de obras, sem respaldo das políticas públicas (MARICATO, 2002, p.4). Onde

a industrialização havia assumido grandes proporções, as áreas residências para

população pobre se esgotaram. Isso fazia com que esta parcela de operários

marginalizados ocupasse áreas irregulares e/ou de risco, próximas às indústrias

(DRAGHICHEVICH et al., 2001). Entre 1930 e 1970 o Brasil foi um dos países com a

maior maior crescimento taxa de urbanização do mundo, tendo sua maior

concentração na Região Sudeste. Este panorama, de herança de interesses

econômicos promovidos pelo regime militar, trazia enormes desigualdades nas

cidades urbanizadas (SOMEKH, 2010).

A formação de uma Região Metropolitana de São Paulo era percebida com

certa lentidão. A intensa urbanização no interior paulistano e as características de

formação da região metropolitana traziam problemas em uma nova escala. A

dinâmica da expansão demográfica, a produção industrial e a intensa urbanização

levaram à saturação da infraestrutura e serviços existentes. Os problemas

extrapolavam a escala dos municípios, levando o Governo do Estado investimentos

de porte e revisão dos procedimentos técnicos e administrativos (REIS, 2010).

Ao longo das transformações urbanas constatava-se a impotência dos

procedimentos administrativos e políticos tradicionais diante dos problemas, levando

a criação de novos órgãos com características inovadoras e de maior capacidade de

ação, compatível com o cenário e a dinâmica urbana que vivia aquele momento. De

acordo com Reis (2010, p. 22) neste período

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

32

Page 34: Fabio Rakauskas.pdf

Iniciava-se a época dos megaprojetos e megainvestimentos e das

mudanças na estrutura operacional da administração pública. Era a

fase da diversificação e ampliação das intervenções do Estado e,

simultaneamente, do aprofundamento de formas de organização

econômica capitalistas, inclusive no mercado imobiliário. A

duplicidade das linhas de ação confirmava, mais uma vez, a

persistência das formas de atuação de caráter patrimonialista, com

interligações evidentes entre as ações do Estado e da iniciativa

privada.

O aumento da taxa de urbanização em São Paulo vinculado ao processo de

industrialização brasileiro, durante a Segunda Guerra Mundial, deu-se de forma

extensiva na área urbana orientada pelos eixos do sistema viário existente, levando

ao extravasamento da ocupação urbana para esta área. Os novos elementos de

infraestrutura como rodovias federais e estaduais implantados na região levou os

municípios isolados a incorporar a aglomeração urbana (LEVI, 1991).

Este período marcou a dependência e pertinência do município de São

Bernardo do Campo com relação à Região Metropolitana de São Paulo. A instalação

das indústrias do setor automobilístico, atraídas pelo suporte logístico que a rodovia

Anchieta proporcionava, permitiu à cidade o desenvolvimento no setor, atingindo

elevado grau de dependência de insumos básicos, serviços e mão-de-obra (idem,

1991).

O impacto do início da industrialização trazia as primeiras consequências à

estrutura urbana da cidade. Apenas 40% da mão-de-obra residia do município. Esta

dificuldade de fixação por parte da mão-de-obra do setor industrial ao território se

dava pela valorização imobiliária resultante da industrialização. O consumo de 60%

da força de trabalho fora da cidade trazia uma evasão da renda e demonstrava,

novamente, a dependência metropolitana. Outra consequência era o fortalecimento

da estrutura viária de ligação a metrópole, que intensificava as relações de troca e

fragmentava a malha urbana da cidade. Porém, o processo de implantação industrial

trazia grande demanda de terras para uso industrial e habitacional e por

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

33

Page 35: Fabio Rakauskas.pdf

consequência uma expansão urbana, entre 1950 e 1955, onde o perímetro urbano

passava de 547 hectares para 2.200 hectares (ibdem, 1991).

Neste período os bairros Rudge Ramos e Centro absorviam as características

de ocupação habitacional de maior intensidade, criando grandes vazios interligados

por uma estrutura viária precária, ainda em formação. Neste momento, bairros como

Taboão e Paulicéia (limítrofes ao município de São Paulo) apresentavam um início

de ocupação (WILHEIM, 2010).

A ocupação urbana, de forma rarefeita, ao longo da década de 1950 se dava

por duas determinantes: a primeira pelo processo de crescimento econômico

acelerado. A segunda pelo mecanismo de abertura de novas áreas para

urbanização, através do incentivo a loteamentos de grandes dimensões. Este

cenário fazia com que a oferta de áreas fosse absorvida por um longo período,

atrelada à especulação imobiliária e estoque de áreas entorno dos perímetros já

loteados. Este processo caracterizava uma estrutura urbana nucleada, estruturada

por vias de acesso e de ligação com municípios vizinhos, o que fortalecia os núcleos

já consolidados como Rudge Ramos e Centro e os centros vicinais como Taboão,

Paulicéia e Piraporinha (este com maior densidade populacional) (idem, 2010).

Em busca de um maior controle quanto à ocupação das indústrias em áreas

próximas aos setores residenciais, a PMSBC estabeleceu Zonas Residenciais e

Comerciais a fim de proibir a instalação de qualquer espécie de indústrias nestas

áreas. A Lei Municipal n˚263, promulgada em 1954, estabelecia as Zonas Comércio-

Residenciais. Estas delimitavam os seguintes trechos do município: Chácara

Inglesa; Jardim do Mar; Casa do Estudante Harmonia do Rudge Ramos, com um

raio de 300 metros de abrangência e Jardim Nova Petrópolis. A lei definiu-se

também que o eixo referente rua Marechal Deodoro seria estritamente comercial, no

qual permitia-se apenas edifícios residenciais cujos térreos fossem destinados ao

comércio.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

34

Page 36: Fabio Rakauskas.pdf

1.2.1. Plano Geral da Cidade de 1956 e os Novos Parâmetros Urbanísticos

Apesar da atuação da administração pública em São Bernardo do Campo,

com relação ao controle urbano, em vista da nova dinâmica urbana, as intervenções

e restrições eram pontuais, enquanto a estrutura do município se transformava como

um todo.

Em vista deste cenário, o prefeito Aldino Pinotti, em novembro de 1956, criou

a “Comissão de Melhoramentos do Plano Geral da Cidade” através da Lei Municipal

n˚516. O objetivo desta comissão era identificar os anseios da população quanto ao

Plano Diretor e aos melhoramentos urbanos do município e com isso estruturar a

execução do Plano Diretor. Propunha-se também a elaboração de um novo Código

de Obras, em substituição ao Código de Obras Arthur Saboya11, vigente até hoje. O

plano seria a tentativa de um dos primeiros Planos Gerais do município.

A comissão estabelecida pela administração era formada apenas por

representantes das indústrias já estabelecidas há algum tempo na cidade, como a

indústria moveleira, têxtil e da construção civil. A comissão estruturava-se da

seguinte forma: o prefeito como presidente; dois vereadores nomeados pela Câmara

Municipal; dois funcionários escolhidos pelo prefeito; um representante do Sindicato

da Construção e do Mobiliário de São Bernardo do Campo; um representante do

Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Têxteis de São Bernardo do Campo; um

representante do Sindicato Patronal na Indústria de Móveis de Madeira de São

Bernardo do Campo; um representante da Associação Comercial e Industrial de São

Bernardo do Campo; dois cidadãos de notória competência de escolha do prefeito;

além de um urbanista externo para auxilio técnico e sem poder de voto.

Ainda em 1956 definiram-se as normas para os novos loteamentos na cidade.

A Lei Municipal de n˚ 533 era mais um instrumento de controle urbano, porém

focado em normas de regulação e aprovação dos empreendimentos residenciais. O

município seria modelado então por novos perímetros de Bairros, Parques, Jardins e

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

35

11 Código de Obras Arthur Saboya, de 1929. Lei n˚3427. Revisado e consolidado pelo Ato n˚663, de 10 de agosto de 1934.

Page 37: Fabio Rakauskas.pdf

Vilas, de acordo com a escala do Plano Geral de cada loteamento, conforme quadro

abaixo:

Quadro 1.1

Classificação de Loteamentos

Classificação Área do LoteamentoVila até 50.000 m²

Jardim entre 50.000m² e 500.000m²Parque acima de 500.000m²Bairro zona independente a critério do município

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚533 de 1956. Material disponibilizado em janeiro de 2011.

O plano geral dos loteamentos deveriam prever 30% de sua área total para

espaços públicos, onde 10% seriam espaços livres e os 20% restantes destinados a

vias públicas. Estas por sua vez, deveriam obedecer as seguintes categorias:

Quadro 1.2

Categorias de Vias Públicas Implantadas nos Loteamentos

Categorias

1˚ Categoria2˚ Categoria3˚ Categoria4˚ Categoria5˚ Categoria

6˚ Categoria

Largura da via pública (metros)Largura da via

pública (metros)Declividade máxima (%) Definições

igual ou superior a 25m 7% obrigatória arborizaçãoigual ou superior a 20m 7% obrigatória arborizaçãoigual ou superior a 16m 7% obrigatória arborizaçãoigual ou superior a 14m 8%igual ou superior a 12m 8%

mínimo de 9m 10%vias e estradas de interesse local e

na zona rural

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚533 de 1956. Material disponibilizado em janeiro de 2011.

Dentro destas categorias de vias de comunicação seria designado da 1ª a 3ª

categoria o prefixo de avenida, da 4ª a 6ª categoria o prefixo de Rua e Estradas

quando especificadas na 6ª categoria. As vias de 3ª categoria deveriam desembocar

em praças ou em vias de igual ou superior largura. As vias de 4ª categoria deveriam

desembocar em praças de retorno ou em ruas de igual ou superior largura, sendo

que as quadras de suas margens não poderiam ter um comprimento superior a 10

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

36

Page 38: Fabio Rakauskas.pdf

vezes a sua largura. As praças de retorno, já citadas, deveriam ter dimensões

mínimas de 12 metros por 20 metros.

Com relação às dimensões de quadras não poderiam ter testadas ou frentes

e não poderiam ultrapassar 350 metros. Nas quadras cujas testadas fossem

superiores a 250 metros deveria ser previsto uma viela de servidão pública de

passagem para pedestres, perpendiculares às testadas.

Os terrenos, destinados a futuros loteamentos, situados ao longo da rodovia

Anchieta, ou rodovias de 1ª categoria12, deveriam ter suas vias de acesso com

largura igual ou superior a 14 metros. Nos arruamentos marginais aos cursos d’água

deveria ser prevista uma faixa longitudinal, sendo que quando se tratasse de um rio

ou córrego, em divisa de municípios, a previsão era de 25 metros de recuo com

relação ao eixo do curso e 14 metros de recuo nos demais casos, obedecendo à

previsão de retificação, caso houvesse, por parte da prefeitura. Nos fundos de vales

era exigida pela lei em questão uma faixa longitudinal de 4m.

Com relação aos lotes, deveriam obedecer a testada mínima de 10 metros e

250m² de área, onde as edificações deveriam obedecer um recuo mínimo de 4m do

alinhamento da via pública. Os planos, após aprovados na prefeitura teriam um

prazo de 5 anos para sua implantação total ou parcial.

Ao longo de dois anos, mais precisamente em setembro de 1958, a Lei

Municipal n˚688, promulgada pelo prefeito Aldino Pinotti, estabeleceu critérios para o

aproveitamento de quadras, ou porções de terrenos, já servidos de infraestrutura

viária para construção de casas populares. Dentre os critérios determinava-se que a

lei não se aplicaria na zona central da cidade.

A lei definia o termo “casas populares” as habitações cuja implantação tivesse

o mínimo de um dormitório, cozinha e um sanitário, e no máximo duas salas, três

dormitórios, um sanitário, cozinha e dispensa, num total de área máxima construída

de 80m². A frente mínima dos lotes deveria ser de 6 metros e profundidade mínima

de 25 metros, sendo que quando previsto garagem, o máximo de 18m², a frente do

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

37

12 De acordo com a Legislação Estadual as rodovias de categoria zero, como é o caso da rodovia Imigrantes, não são permitidos acessos de loteamentos.

Page 39: Fabio Rakauskas.pdf

lote deveria ter 7 metros. A taxa de ocupação deveria ser de no máximo 60%. Os

recuos das edificações deveriam obedecer o mínimo de 4 metros de frente, 6 metros

de fundo, e um metro e meio nas laterais, ventiladas através de janelas, podendo a

edificação principal ter dois pavimentos e a edícula ter no máximo 20m² numa faixa

de 3 metros aos fundos do lote. Os elementos de vedação de divisas deveriam ter

no máximo 1,20 metros de altura. As áreas destinadas a jardins deveriam ser de

10% quando em zona urbana, ou 15% quando em zona rural, da área aproveitada

do lote.

Os projetos de implantação de conjunto de casas populares não poderiam ser

superiores a 10.000m² e nem inferiores a 1.500 m², pois nestas áreas deveriam

prever espaços destinados à áreas públicas e viário.

Ainda neste mesmo ano a Lei Municipal n˚ 726 define o perímetro da Zona

Central do bairro Rudge Ramos e estabelece parâmetros urbanísticos específicos

para esta área. Os novos índices definiam uma ocupação do lote em no máximo

dois terços para edificação principal, dispensando edificações secundárias como

edículas. O gabarito máximo seria a dimensão da rua de acesso ao lote. Os demais

parâmetros básicos eram definidos pelo Código de Obras Arthur Saboya.

1.2.2. Comissão de Estética Urbana de 1957

A Comissão de Estética Urbana (CEU) teve como objetivo avaliar

individualmente os projetos de construção, a fim de preservar a estética urbana da

cidade. A comissão fora instituída em dezembro de 1957 pelo presidente da Câmara

Municipal Natal Vertamatti, através da Lei Municipal n˚ 619. A lei previa que a

comissão avaliasse todos os projetos de construção dentro de uma zona

estabelecida, situada na área central do município.

Os critérios de análise seguiam sobretudo a relação do projeto com o caráter

da zona, setor ou local e a compatibilidade junto às construções existentes e seus

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

38

Page 40: Fabio Rakauskas.pdf

elementos e tratamentos arquitetônicos. Quando o projeto apresentasse

incompatibilidade quanto aos critérios, a comissão adotaria medidas a fim de

compatibilizar, mesmo que através de reformas das obras existentes.

A comissão era composta por: um representante da Diretoria de Obras e

Serviços Municipais nomeado presidente da comissão; um representante da Câmara

Municipal; um engenheiro ou, de preferência, um arquiteto fora do quadro de

funcionários da prefeitura e um advogado servidor público.

O CEU deliberava, juntamente com a equipe de aprovação de obras

particulares, sobre os licenciamentos de novas construções e na expedição de

Habite-se ou Visto, atuando dentro de um perímetro específico, descrito em lei, onde

para o restante da cidade o grupo teria apenas um papel consultivo (quando

solicitado pelo Diretor da Diretoria de Obras e Serviços Municipais).

1.3. O Plano Diretor de 1964: o primeiro plano de desenvolvimento do município e a nova centralidade

Não foi possível, apesar dos esforços da administração pública da PMSBC

durante a década de 1950, controlar o crescimento urbano do município, que

acontecia em função da nova indústria de porte, pois os instrumentos do

planejamento urbano não avançavam no mesmo ritmo da urbanização.

A Nova Indústria criou grandes bolsões ao longo das margens da via

Anchieta. O potencial logístico deste eixo gerava, sobretudo, a fragmentação urbana

dos principais núcleos urbanos que se desenvolviam na cidade. O aumento

populacional triplicou entre o início da década de 1950, que contava com cerca de

26.385 habitantes, e o início da década 1960, com 82.411 habitantes. Esta demanda

contribuía para sobrecarga na infraestrutura urbana que pouco havia sido reforçada.

O desenvolvimento da cidade caminhava com dois cenários distintos: o

desenvolvimento econômico e o aumento da receita do município; e o baixo

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

39

Page 41: Fabio Rakauskas.pdf

investimento e atualização da estrutura urbana existente. Esta incompatibilidade

mostrava a necessidade de obras e instrumentos de grande impacto que

atendessem aos dois cenários.

No início da década de 1960, no município de São Bernardo do Campo, o

prefeito Lauro Gomes implantou o que deveria ser o primeiro Plano Diretor de

Desenvolvimento do Município, tido como uma atitude inovadora para a época. O

plano fora elaborado por uma equipe interna da prefeitura, chefiada pelo arquiteto e

urbanista Flavio Villaça, contratado como consultor externo (ORTIZ; SOMEKH et al.,

2010). De acordo com Villaça (2005, p.10)

A idéia do Plano Diretor existe no Brasil, pelo menos desde 1930... Desde então a idéia do Plano Diretor alastrou-se entre nós com

grande intensidade... é impressionante como um instrumento que nunca existiu na prática, possa ter adquirido tamanho prestígio por

parte da elite do país.

O município de São Bernardo do Campo foi uma das primeiras cidades

brasileiras a dispor de um zoneamento global, entendido, na época, como um dos

instrumentos avançados dos princípios de Planejamento Urbano. Durante a década

de 1950 houve as primeiras tentativas de um zoneamento, porém desarticulado com

os demais instrumentos.

O zoneamento, estabelecido na década de 1960, era definido por perímetros

através da Lei de Zoneamento que regulamentava o uso, utilização e ocupação do

solo urbano para cada zona (PMSBC, 1962).

Com relação ao sistema viário da cidade, entendido como um complemento

natural do zoneamento, definiu-se, através de levantamentos, um Plano Viário

integrado ao zoneamento, articulando-se com sistema viário intermunicipal e

regional. Dentro deste contexto realizou-se alguns convênios com municípios

vizinhos (PMSBC, 1962).

A partir da década de 1960, ao longo da rodovia Anchieta, as instalações das

grandes plantas industriais, em especial a indústria automobilística, geravam o

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

40

Page 42: Fabio Rakauskas.pdf

parque industrial ao longo do seu eixo. Neste mesmo período são estabelecidos

diversos convênios entre os municípios vizinhos a fim de estabelecer uma

integração viária regional (LEVI, 1991).

Em 1961 iniciaram-se os estudos do primeiro Plano Diretor da cidade, através

da Equipe do Plano Diretor composta pelo arquiteto Hector J. Arroyo, engenheiro

Oride Gerbelli e auxiliares, todos do quadro de funcionários da administração.

Embora não tivesse vínculo oficial com a prefeitura, a equipe tinha a orientação do

arquiteto Flávio Villaça, que já acumulava experiência na área do planejamento

urbano em trabalhos anteriores. Os trabalhos da equipe foram efetivos por três

administrações sucessivas13, dando lastro orientativo até os tempos atuais (PMSBC,

1962).

Apesar dos trabalhos serem característicos de um Plano Diretor, a edição do

documento não foi considerado como tal, sendo produzido uma série de leis que

definiam e regulavam as prioridades das administrações competentes. Entre as leis

estavam: Lei Municipal n˚ 913/1961 que definia a área de Expansão Urbana, unindo

os dois núcleos iniciais em uma mancha urbana contínua ao longo do eixo do antigo

Caminho do Mar; Lei Municipal n˚ 1037/1962 que definia as taxas de ocupação

máximas permitidas; Lei Municipal 1050/1962 que previa a redução da expansão

horizontal, concentrando a ocupação nas áreas urbanas vazias e Lei de

Zoneamento n˚ 1183/1963 (LEVI, 1992).

O plano tinha como suporte atuações a curto e médio prazo através dos

Planos Trienais de Investimentos, os quais definiam as prioridades de investimentos

em infraestrutura urbana de serviços: calçamento, iluminação, rede elétrica, entre

outros e equipamentos sociais de educação, saúde e lazer. Este período ficou

marcado pela execução de grandes obras como a construção do Centro Cívico ou

Paço Municipal, entre outras obras modernistas, que levavam o nome de grandes

arquitetos da época.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

4113 Prefeitos Lauro Gomes (1960-63), Hygino de Lima (1964-68) e Aldino Pinotti (1969-72).

Page 43: Fabio Rakauskas.pdf

1.3.1. O Plano Diretor de 1964

Inicialmente o plano já contava com o zoneamento geral do território de São

Bernardo do Campo de 1961, no qual definia, através da Lei Municipal n˚ 913, duas

zonas distintas: a Zona Urbana e a Zona Rural.

A Zona Urbana, situada no Distrito da Sede era subdividida por três sub-

zonas: Sub-zona Central (1ª sub-zona), Sub-zona Urbana (2ª sub-zona) e Sub-zona

suburbana (3ª sub-zona). A Zona Rural, situada no Distrito de Riacho Grande

compreendia toda área do município que estivesse fora da Zona Urbana.

Tabela 1.1

Hierarquia de Zonas

Zonas Distrito Sub-zonas

Zona UrbanaDistrito da Sede

Central

Zona UrbanaDistrito da Sede

UrbanaZona UrbanaDistrito da Sede

Suburbana

Zona Urbana

Distrito de Riacho Grande Suburbana

Zona Rural Toda área fora da Zona Urbana

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚913 de 1961. Material disponibilizado pela Secretaria de Planejamento Urbano e Ação Regional em janeiro de 2011.

Os primeiros passos na elaboração, do que deveria ter sido o Plano Diretor,

foi o Projeto de Lei, datado de 1962, através equipe composta pelo arquiteto Flávio

Villaça e Héctor J. Arroyo. O plano tinha como objetivo combater a baixa densidade

demográfica que vinha caracterizando o desenvolvimento da cidade pelo

crescimento espraiado, que tomavam conta de áreas rurais, e adensar a área

urbana. A lei definiria Perímetros de Aglomeração, que coincidiam com as Zonas

Urbanas definidas pela Lei Municipal n˚913/61.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

42

Page 44: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 1.7 - Zoneamento conforme Lei Municipal n. 913 de 1961.

Fonte: PMSBC, 2011.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

43

Page 45: Fabio Rakauskas.pdf

O adensamento em área urbana partia do conceito de aproveitamento racional e

econômico da infraestrutura existente e prevista (rede de água, rede de esgoto,

pavimentação, limpeza pública, arborização, parques infantis, escolas, transporte

coletivo etc.). A baixa densidade urbana existente fazia com que a infraestrutura se

tornasse onerosa, o que dificultava o processo de atendimento a melhorias a

totalidade da população existente (PMSBC, 1962).

Tabela 1.2

Evolução da Densidade Demográfica e da Quilometragem de Ruas

Ano População Urbana

Área Urbana

(hectare)

Densidade Bruta

(habitantes/hectare)

Ruas Existentes

(quilometros)

Ruas por Habitantes

(1000 habitantes/

quilometros)195019551960

1980

20.075 892,8 22,5 120 km 6 km37.000 3.074 12,03 230 km 6,2 km67.000 3.547 18,9 400 km 6 km

Meta do Plano DiretorMeta do Plano DiretorMeta do Plano DiretorMeta do Plano DiretorMeta do Plano Diretor400.000 4.780 84 1.050 km 2,6 km

Fonte: PMSBC - Projeto de Lei do Plano Diretor de 1964. Material disponibilizado pela Secretaria de Planejamento Urbano e Ação Regional em junho 2010.

O levantamento de dados do uso do solo no período de 1950 mostrava que

havia uma população de 20.075 habitantes em área urbana e 29.409 habitantes em

todo o município (incluindo Diadema), e que em 1960 havia 62.000 habitantes em

área urbana e 82.000 em todo o município (PMSBC, 1962).

A elaboração do plano contou com dois relatórios importantes que mostravam

os cenários do município e seus vetores de desenvolvimento. O primeiro foi o

relatório de “Resumo da Pesquisa as Indústrias” e o segundo denominado

“Monografia sobre o Déficit Habitacional no Município”. O “Resumo da Pesquisa as

Indústrias” levava em conta dados de 22 das principais indústrias instaladas na

cidade e as que seriam instaladas nos anos seguintes, entendendo o fluxo de

operários residentes na região (idem, 1962).

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

44

Page 46: Fabio Rakauskas.pdf

Os dados apresentavam um consumo do território de 3.210.850m² e um total

de 804.250m² de área construída pelas indústrias já implantadas, dentre estas

estavam a Willys Overland do Brasil S/A, Indústrias Villares S/A, S.I.M.C.A. S/A,

Volkswagen do Brasil S/A, Mercedes Benz do Brasil S/A, Solidor Indústria de

Beneficiamento de Madeiras S/A, Chocolates Dulcora S/A etc. O levantamento

previa o aumento das instalações industriais, na qual 80% previam, ao longo de 10

anos, ampliações de 10% a 60% de área construída. Outro dado importante eram as

implantações de novas indústrias, previstas para os próximos anos, como Toyota do

Brasil S/A, Scania do Brasil S/A, Abrasivos Bom Bril S/A etc., das quais consumiriam

cerca de 710.860m² do território, num total de 95.450m² de área construída (ibdem,

1962).

Com relação ao número de pessoas, que trabalhavam nas indústrias

pesquisadas, foram classificados em três categorias, conforme tabela abaixo:

Tabela 1.3

Classificação de Categorias de Trabalhadores Industriais

Classificação por CategoriaClassificação por CategoriaQuantidade

de Funcionários

Categoria A

Categoria B

Categoria C

Total

operários braçais; não ou pouco especializado; outros de nível econômico semelhantes

17.226

operários especializados; mestres; pessoal de escritório; outros de nível econômico semelhantes

9.789

diretores; gerentes; chefes de departamentos; pessoal de nível universitário; outros de nível

econômico semelhantes1.267

28.282

Fonte: PMSBC - Relatório Resumo da Pesquisa as Indústrias de 1962. Material disponibilizado pela Secretaria de Planejamento Urbano e Ação Regional em junho 2010.

O levantamento também mostrava que das 28.282 pessoas que trabalhavam

nas indústrias pesquisadas, cerca de 60% residiam fora do município.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

45

Page 47: Fabio Rakauskas.pdf

Tabela 1.4

Distribuição de Trabalhadores das Indústrias Locais Residentes na Região

ClassificaçãoClassificaçãoQuantidade de TrabalhadoresQuantidade de TrabalhadoresQuantidade de TrabalhadoresQuantidade de TrabalhadoresQuantidade de TrabalhadoresQuantidade de Trabalhadores

SBC SP SA SCS Outros TotalCategoria ACategoria BCategoria C

Total

7.376 2.695 3.705 3.323 127 17.2263.024 3.440 2.249 1.072 4 9.789218 840 208 1 0 1267

10.618 6.975 6.162 4.396 131 28.282

Fonte: PMSBC - Relatório Resumo da Pesquisa as Indústrias de 1962. Material disponibilizado pela Secretaria de Planejamento Urbano e Ação Regional em junho 2010.

Previa-se ao longo de dez anos um aumento de 60% do número de

empregados nas indústrias, totalizando cerca 45.400 pessoas trabalhando entre

1966 e 1967.

A elaboração da “Monografia sobre o Déficit Habitacional” no município

complementava o entendimento do relatório sobre as indústrias.

A monografia levantava dados sobre o acumulo de déficit habitacional entre a

década de 1950 e início dos anos 1960, demonstrando que havia um aumento no

índice de pessoas por habitação, e que isso se dava pela falta de habitações, já que

havia na época uma tendência global, nos grandes centros urbanos, de diminuição

do tamanho das famílias. Os dados mostravam que em 1950 a área considerada

urbana no município contava com uma população de 20.075 habitantes morando em

4.000 prédios residenciais, ou seja, 4,54 pessoas por prédio. Em 1960 o município já

contava com uma população de 62.000 habitantes vivendo na área urbana em

12.500 prédio residenciais, ou 5,16 pessoas por prédio. Os edifícios com mais de

dois pavimentos existentes na cidade abrigavam, em sua maioria, atividades

comerciais como escritórios e estabelecimentos de prestação de serviços.

Acreditava-se que havia um atraso no ritmo da construção de novas

habitações que por consequência não acompanhava a demanda real, gerando um

déficit. O ritmo das construções registrados eram cerca de 700 a 800 habitações por

ano.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

46

Page 48: Fabio Rakauskas.pdf

Tabela 1.5

Número de Prédios Residenciais

Tipo de ResidênciaTipo de ResidênciaAnosAnosAnosAnosAnosAnos

1955 1956 1957 1958 1959 1960Casa Operária

Outras ResidênciasTotal

421 380 365 326 445 440104 163 178 208 210 231525 543 543 534 655 671

Fonte: PMSBC - Monografia sobre Déficit Habitacional do Município de 1962. Material disponibilizado em junho de 2010.

No período entre 1955 e 1960 houve um aumento de cerca de 35.711

habitantes e um total de 3.700 habitações construídas, sendo que neste mesmo

período seriam necessários 7.000 habitações (dentro do índice de 5,1 habitantes por

residência). Concluiu-se então, que cerca de 3.300 habitações clandestinas havia

sido construídas pelo município.

Dentro deste cenário havia dados sobre a população operária, que em sua

maioria tinham preferência em morar próxima ao estabelecimento industrial em que

trabalhavam. Isto se dava em função do baixo padrão dos serviços de transportes

coletivos públicos da época. Porém, a falta de habitações na cidade levava muitos

operários a residirem em municípios vizinhos.

Os deslocamentos de operários residentes em outras cidades duravam cerca

de duas horas cada viagem, num total de quatro horas diárias14. Os transportes se

davam através de transportes coletivos, trens de subúrbio e até por transportes

oferecidos pelas próprias indústrias. Com base nos dados da Tabela 1.4, do relatório

sobre as indústrias, concluiu-se que grande parte dos trabalhadores que moravam

fora da cidade eram da Categoria A e B e que possivelmente dariam preferência em

residir no município em que trabalhavam, no caso, São Bernardo do Campo. Assim

concluiu-se que haveria um déficit de aproximadamente 8.000 habitações que

atenderiam as famílias dos trabalhadores citados. As perspectivas de crescimento

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

47

14 Trabalhadores residentes em São Miguel Paulista e Itaquera distantes cerca de 50 quilômetros de São Bernardo do Campo.

Page 49: Fabio Rakauskas.pdf

populacional do município levavam a crer a necessidade de “um grande plano de

construções de casas populares”.

A primeira lei que integrava o Plano Diretor dividia o município, baseadas na

Lei Municipal n˚913/61, em duas grandes áreas: as internas aos Perímetros de

Aglomeração, ou Áreas de Expansão Urbana; e as áreas externas ao Perímetro de

Aglomeração. A Lei Municipal n˚ 1050 definia parâmetros para ocupação destas

áreas, onde o conceito de aproveitamento racional e econômico da infraestrutura em

áreas urbanas, através do adensamento organizado, levariam à definição e

regulação das duas áreas citadas. Estas teriam o objetivo de trazer maior

adensamento demográfico, dando maior eficiência e economia da infraestrutura

urbana (PMSBC, 1962).

Quadro 1.3

Transição de Zonas entre Leis

Lei Municipal n˚913/ 61 Lei Municipal n˚1050/62

Zona Urbana (Distrito da Sede) Perímetro de Aglomeração, ou Área de Expansão Urbana

Zona Rural (Distrito de Riacho Grande) área externa ao Perímetro de Aglomeração Urbana

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 913 de 1961. Material disponibilizado pela Secretaria de Planejamento Urbano e Ação Regional em janeiro 2011.

Os lotes situados nas área externas ao Perímetro de Aglomeração Urbana

deveriam ter a metragem mínima de 5.000m², proibindo-se através de um

desmembramento área menor que esta. No entanto os lotes, nesta mesma área,

destinados a construção de residências para fins de semana, onde o ponto mais

afastado ficasse a menos de 1.000 metros da Represa Billings, deveriam ter

metragem mínima de 500m² e testada de no mínimos 15 metros.

Após um ano da lei de zoneamento, o prefeito Lauro Gomes aprovou uma

nova Lei Municipal de n˚1183, a qual definiu o zoneamento dentro do “Perímetro de

Aglomeração”, complementando a Lei Municipal n˚ 1050/62. Esta definiria zonas e

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

48

Page 50: Fabio Rakauskas.pdf

normas para o uso e ocupação das mesmas, onde toda intervenção por meio de

construções, reformas, ampliações ou qualquer utilização dos lotes dentro deste

perímetro estariam submetidas a regulamentações desta lei.

O Perímetro de Aglomeração era subdividido em 11 subzonas que

contemplavam usos Residencial, Comercial, Misto, Industrial e Especial.

Quadro 1.4

Zonas e Usos do Perímetro de Aglomeração

Zonas Uso Permitido

Zona Residencial - R1

Edifícios residenciais; templos religiosos; escolas públicas e particulares; bibliotecas, museus, galerias de arte, entre outras instituições culturais compatíveis, sem fins lucrativos; sedes de campos de clubes sociais,

esportivos ou recreativos, praças de esportes, Jockey clubes, entre outras de uso compatível; usos rurais de cultivo de vegetais.

Zona Residencial - R2

R1; estabelecimento de comércio e varejo; prestadores de serviços; panificadores; bancos, escritórios, consultórios, sedes administrativas de

sociedade, associações, companhias, fundações, congregações, sindicatos, clubes, repartições públicas puramente burocráticas, agências

de distribuição de jornais e revistas, estúdios fotográficos, serviços de cópias heliográficas, fotostáticas; escolas que ministrassem cursos não

regulares; oficinas em geral, pequenas indústrias e artesanatos, depósitos, armazéns, estabelecimentos de comércio atacadista, garagens

em geral, agências de despachos de cargas e encomendas, estabelecimentos destinados a embalagem e acondicionamento de

materiais e produtos; postos de abastecimentos, lavagem e reparos de veículos; restaurantes, casas de chá; estação de corpo de bombeiros,

postos e delegacias policiais; comitês políticos administrativos.

Zona Residencial de Expansão - RE

R1; usos rurais; indústrias de produtos vegetais e minerais; equipamentos de saúde; equipamentos de comunicação e publicidade; hotéis.

Zona Mista - M

R1 e R2; agências funerárias e serviços de luto; cinemas, teatros, auditórios, bibliotecas, museus, sedes sociais de clubes, salão de baile, bilhares, estabelecimentos do tipo “drive-in”; comitês políticos; oficinas,

indústrias, estabelecimentos de comércio atacadista, armazéns, depósitos, garagens, coletivas, terminais de agências de transportes e

outros estabelecimentos similares com área igual ou inferior a 3.000 m²; torres e estúdios de estações de rádio e televisão; presídios; auto-escolas;

permitia-se nesta zona mista duas residências em um mesmo lote.

Zona Comercial Mista - CM

M; com exceção da permissão de construção de suas residências em um mesmo lote.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

49

Page 51: Fabio Rakauskas.pdf

Zonas Uso Permitido

Zona Comercial - C1

Templos religiosos; residências e pensões (localizados no pavimento superior); atividade econômica no lar; todos estabelecimentos de

comércio e varejo, comitês políticos; alfaitarias, lavanderias, tinturarias, barbeiros, cabelereiros, salões de beleza, estúdios fotográficos,

engraxates, copiadoras heliográficas ou fotostática; hotéis, cinemas, auditórios, teatros, clubes noturnos, boates, restaurantes dançantes,

restaurantes, casa de chá, estúdios de rádio e televisão, bilhares, galerias de arte; auto-escolas, bancos, escritórios e consultórios de profissionais

liberais, associações, grêmios, sindicatos, fundações, redações de jornais e revistas, repartições públicas, postos e delegacias de policia, agências

funerárias e serviços de luto, agências de distribuição de jornais e revistas; pequenas oficinas de reparação de aparelhos e instalações

domésticas; pequenas oficinas, artesanatos ou indústrias (com no máximo 5 funcionários) que atuassem com serviços de tipografia, encanadores,

fábrica de jóias, artefatos de metal, tecido, couro, madeira etc.; escolas de cursos não regulares; garagens ou terrenos para estacionamentos

particulares; bibliotecas, museus e instituições culturais compatíveis; escolas de cursos regulares.

Zona Comercial - C2R1, R2 e C1; indústrias, oficinas, depósitos, estabelecimentos de

comércio atacadista, garagens em geral, terminais de agências de transporte, embalagem e acondicionamento de materiais e produto com

área igual ou menor que 1.000m².

Zona Comercial - CR1 Todos os usos citados na zona R1.

Zona Comercial - CR2

R2; cinemas, teatros, auditórios, bibliotecas, museus, sedes sociais de

clubes, salões de baile, auto-escola, bilhares.

Zona Exclusivamente

Industrial - I

Indústrias e oficinas de qualquer natureza; depósitos, armazéns, estabelecimentos de comércio atacadista e usos compatíveis; garagens coletivas, terminais rodoviários, agências de transporte; torres de TV e

rádios, postos de abastecimento de veículos; agências de despachos de carga e encomendas, estabelecimentos destinados a embalagem e acondicionamento de materiais e produtos; estações de corpo de

bombeiros e pronto socorros; quando houvesse terrenos com área menor a 1.000m² nesta zona poderia ser considerado como pertencente a Zona Mista M contanto que fossem lotes originais aprovados antes desta lei.

Zona Especial - ZE

Uso residencial quando localizado apenas no pavimento superior; hotéis com estacionamento (uma vaga para cada quatro quartos); prestadores

de serviço e artesanatos como alfaiataria, barbeiro, cabeleireiro, salão de beleza, estúdios fotográficos, restaurantes, casas de chá e pastelarias;

escolas de cursos não regulares, bancos, escritórios, agências, estúdios de estação de rádio e TV, redação de jornais e revistas, sedes

administrativas de companhias, sociedades, associações, grêmios, sindicatos, fundações, repartições públicas meramente burocráticas;

bibliotecas, museus e galerias de arte; panificadoras; cinemas, teatros, auditórios e usos compatíveis, sendo que quando comportassem mais de 500 pessoas deveriam ter edifício próprio com estacionamento (uma vaga para cada 40 poltronas); supermercados, sendo que os com área superior a 250m² deveriam ter edifício próprio e estacionamento (uma vaga para

cada 50m² de área ocupada); estabelecimento de comércio e varejo; edifícios de escritórios ou lojas com mais de 16 conjuntos deveriam prever

garagem (uma vaga para cada quatro conjuntos).

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 1183 de 1963. Material disponibilzado em janeiro 2011.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

50

Page 52: Fabio Rakauskas.pdf

Os índices de ocupação dos lotes eram determinados em função da zona,

taxa de ocupação e recuos, sendo os demais índices complementares definidos pelo

Código Sanitário Arthur Saboya.

Em vista disso, todos os lotes localizados nas zonas R1, R2, RE e M

deveriam ter sua taxa de ocupação máxima em 60% da área do lote. Com relação

aos recuos, os lotes com testadas igual ou superior a 10 metros deveriam seguir um

recuo lateral mínimo de 1,5 metros, e quando houvesse mais de três residências

geminadas ou edifícios com mais de um pavimento acima do térreo deveriam ter,

nas duas laterais, um recuo mínimo de 1,5 metros. Quando o edifício tivesse mais de

três pavimentos acima do térreo deveria obedecer, nos recuos laterais, uma largura

de três metros. Todos os casos obedeceriam um recuo frontal de quatro metros.

Com relação ao recuo nos fundos dos lote para lotes igual ou menos que 24 metros

de profundidade, deveriam ter quatro metros, e quando houvesse edículas o recuo

obedeceria o mínimo de seis metros. Quando o lote tivesse profundidade maior que

24 metros deveria ter um recuo mínimo de fundo de seis metros, e se composta por

uma edícula deveria ter mínimo de oito metros.

Os lotes situados nas zonas comerciais CR1, CR2, CM e C2, quando não de

uso residencial, estariam dispensados de recuos laterais. Quando a edificação

tivesse um pavimento acima do térreo deveria ter o mínimo 1,5 metros nas duas

laterais e quando acima de três pavimentos do térreo deveriam obedecer dois

metros de recuos laterais. Todos os lotes deveriam ter seu recuo frontal de no

mínimo quatro metros e sua taxa de ocupação máxima de 80% do lote.

Para as zonas C1 e ZE os edifícios eram dispensados de qualquer recuo,

porém deveriam obedecer a taxa de ocupação de 80%.

Com relação as Zonas Mistas os edifícios ou conjuntos destinados a usos

como depósitos, armazéns, oficinas, garagens coletivas que ocupassem terrenos

superiores a 1.000m² deveriam ter recuo mínimo de quatro metros em todas as suas

divisas de lote.

No que se refere à Zona Exclusivamente Industrial, edificações que

ocupassem área menor que 3.000m² deveriam obedecer recuos, laterais e fundos,

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

51

Page 53: Fabio Rakauskas.pdf

de três metros. Já as edificações que ocupassem entre 3.000 e 5.000m² deveriam

obedecer recuos de mínimo de cinco metros, com exceção do recuo frontal, e acima

de 5.000m² um recuo mínimo de sete metros. Todas edificações situadas nesta zona

deveriam obedecer um recuo mínimo de oito metros.

Em vista do conceito de maior aproveitamento do território urbano, Villaça e

equipe elaboraram um projeto de lei no qual previam a aplicação da Progressividade

ao Imposto Territorial (PIT) dentro das Áreas de Expansão Urbana15, para lotes ou

glebas com dívidas de impostos. O instrumento seria um tanto avançado para

época, pois posteriormente foi previsto como instrumento urbanístico no Estatuto da

Cidade em 2001.

O PIT aplicaria sobre estas áreas um aumento progressivo no imposto

territorial, o qual seria multiplicado o valor original do imposto predial aos índices

definidos de acordo com o tempo, ou ano fiscal em desacordo. Os lotes localizados

na Zona Comercial, definidas na Lei Municipal n˚1183/63, sofreriam um índice a

partir do segundo ano fiscal de 1,3, no terceiro ano 1,6 e assim por diante, sempre

com acréscimo de 0,3 ao índice anterior.

Aos lotes ou glebas de áreas entre 2.000m² e 5.000m², dentro da Zona

Comercial, dotados de infraestrutura urbana e lotes ou glebas localizados na Zona

Exclusivamente Industrial I deveriam iniciar o segundo ano fiscal com índice de 1,2,

no terceiro ano 1,4 e assim por diante, sempre com 0,2 de acréscimo.

Para os lotes ou glebas acima de 5.000m², ou lotes de um mesmo proprietário

que somados teriam área superior a 5.000m², fora das Zona Comercial e Zona

Exclusivamente Industrial, sofreriam, a partir do segundo ano fiscal, uma

progressividade de 1,3, no terceiro ano fiscal 1,6 e assim por diante, com 0,3 de

acréscimo. A progressividade só cessaria quando os lotes fossem loteados e/ou

alienados. Quando os lotes, nestas características tivessem mais de dois terços de

seu limite confrontado com áreas já loteadas, deveriam seguir índices de 1,4 a partir

do segundo ano fiscal, somando-se 0,4 para posteriores anos.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

5215 As Áreas de Expansão Urbana eram definidas pela Lei Municipal n˚ 1050/62.

Page 54: Fabio Rakauskas.pdf

1.3.2. Convênios para Planos Urbanísticos: Avenida Marginal do Ribeirão dos Meninos

Em 1963 o eixo de circulação proporcionado pela avenida marginal ao

Ribeirão dos Meninos, atualmente conhecida como avenida Lauro Gomes, que já

havia sido objeto de intervenção em um convênio de 1954, era agora novamente

articulado entre os três municípios envolvidos: São Bernardo do Campo, São

Caetano do Sul e Santo André.

As intervenções seriam articuladas através de dois convênios, sendo um com

o município de Santo André, através da Lei Municipal n˚1192-A, e o outro com o

município de São Caetano do Sul através da Lei Municipal n˚1201.

Os convênios tinham como objetivo a execução de planos urbanísticos ao

longo do Ribeirão dos Meninos, eixo de divisa entre os três municípios. O plano

consistia na construção de uma avenida, marginal ao Ribeirão dos Meninos, onde a

“Comissão Executiva do Plano Diretor de Saneamento da Prefeitura Municipal de

Santo André”, o “Grupo de Planejamento da Prefeitura Municipal de São Bernardo

do Campo” e a equipe responsável de São Caetano do Sul, integrantes do convênio,

trabalhariam na produção de definições técnicas de diversos mapas do que seria a

avenida.

A avenida foi projetada com características de uma via expressa, com 60

metros de largura, composta de duas pistas de tráfego local e duas pistas para

tráfego rápido. O projeto previa elementos que proporcionassem maior eficiência do

fluxo da via como, por exemplo, evitar cruzamentos em nível através da execução

de viadutos, trevos, praças rotatórias etc., sempre mantendo o fluxo contínuo.

O plano procurava manter sua viabilidade através de acordos entre os

municípios interessados, onde cada um assumia a responsabilidade de reservar os

terrenos necessários para execução da avenida. Para isso toda e qualquer

aprovação de projeto de loteamentos, construções particulares, arruamentos que

interferissem na faixa do futuro eixo de intervenção deveria ser proibida, ou

analisadas pela comissão dentro de alguns critérios como: não aprovar arruamentos

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

53

Page 55: Fabio Rakauskas.pdf

que interceptassem a futura avenida com distâncias menores que 200 metros entre

si; não permitir construções de frente para a avenida de edifícios com usos de

cinemas, auditórios, teatros, templos religiosos, escolas primárias o secundárias;

proibir o acesso de veículos ou pedestres pela avenida quando o terreno, acima de

1.000m², tivesse usos de fábricas, oficinas, armazéns, depósitos, garagens

coletivas, estabelecimentos de comércio atacadista e agências de transportes; não

aprovar ruas que interceptassem a avenida com largura maior que 16 metros; as

edificações implantadas, após esta lei, lindeiras ao trecho de intervenção deveriam

obedecer seis metros de recuo.

As avenidas nas divisas de município, entre São Bernardo do Campo e São

Caetano Sul, deveriam ter uma largura de 60 metros entre a confluência do Córrego

Água da Grota com o Ribeirão dos Meninos e a proposta Praça Circular, situada no

cruzamento do Ribeirão dos Meninos com a estrada das Lágrimas e o trecho entre a

Praça Circular e a confluência do Córrego dos Ourives (Ribeirão dos Couros) com

Ribeirão dos Meninos deveria ter uma largura de 70 metros.

1.3.3. Plano Geral do Sistema Viário de 1964

O Plano Geral do Sistema Viário previa melhoramentos no sistema viário do

município através de obras de aberturas de novas vias ou alargamentos de vias

existentes. Em 6 de janeiro de 1964 o prefeito Hygino Baptista de Lima aprovou,

através da Lei Municipal n˚1209, a Primeira Etapa do Plano Geral do Sistema Viário

do Município.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

54

Page 56: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 1.8 - Plano Geral do Sistema Viário de 1964 - Lei Municipal n. 1209/64.

Fonte: PMSBC, 2010.

Nas novas vias propostas estavam previstas aberturas de avenidas e praças

circulares em cruzamentos estratégicos.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

55

Page 57: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 1.5

Relação de Vias Alargadas

Via Trecho Alargamento (metro)

Abertura de Nova Via/Prologamento

Estrada do Vergueiroentre Praça São João

Batista e Avenida Lucas Nogueira Garcez

20 metros

Avenida Atlântica limite com Santo André até Avenida Caminho do Mar 30 metros

Avenida Caminho do Mar

entre Rua Paulo de Favari até Avenida Atlântica 26 metros

Avenida Caminho do Marentre Avenida Atlântica e

Avenida Antártico 20 metros

Avenida Antártico toda extensão 20 metrosprolongamento da

Avenida Caminho do Mar

Avenida Evelina Cabral Tavares

entre Avenida Caminho do Mar e Estrada do Vergueiro 16 metros

Rua Continental entre Avenida Caminho do Mar e Estrada do Vergueiro 16 metros

Estrada Marginal a Oeste da Via Anchieta (Marginal

Direita)

entre Estrada do Taboão e Praça Circular 16 metros

Prolongamento até Estrada de

Piraporinha (Avenida Piraporinha), Km 18

da Via Anchieta

Avenida Álvaro Guimarães toda extensão 20 metros

Prolongamento do Km 18 da Via Anchieta até Avenida João

Firmino

Estrada Marginal a Oeste da Via Anchieta (Marginal

Direita)

entre Avenida João Firmino até trevo do Km 23 da Via

Anchieta16 metros

Rua Afonsina toda extensão 20 metros

Avenida São João Batista toda extensão 16 metros

Estrada do Taboão entre Estrada do Vergueiro até Rua Borborema 18 metros

Rua Borborema entre Estrada do Taboão e eixo do Ribeirão do Taboão 30 metros

Estrada do Camargoentre Estrada do Piraporinha

(Avenida Piraporinha) até Estrada do Alvarenga

16 metros

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

56

Page 58: Fabio Rakauskas.pdf

Via Trecho Alargamento (metro)

Abertura de Nova Via/Prologamento

Rua dos Vianas entre Praça Samuel Sabatini até limite com Santo André 16 metros

Rua Tiradentesentre Avenida Rotary até

ligação com Avenida Marginal ao Córrego Santa

Terezinha

22 metros

Rua Frei Gaspar entre Rua Joaquim Nabuco até Rua José Bonifácio 16 metros

Rua Príncipe Humberto toda extensão 20 metros

Rua Rio Claro entre Avenida Vivaldi até limite com Santo André 20 metros

Rua Padre Francisco Navarro toda extensão 16 metros

Alameda Glóriaentre Rua Marechal Deodoro

até ponte no Córrego dos Meninos

14 metros

Rua Dona Thereza Christina

entre Rua Dom Paulo Mariano até Rua Santa

Filomena14 metros

Avenida João Firmino (Trecho conhecido

atualmente por Estrada do Alvarenga)

entre Praça Circular proposta (atual Giovani Breda) até Rua Um do

Jardim Campestre

30 metros

Rua Jurubatuba entre Rua Olavo Bilac até Rua Américo Brasiliense 20 metros

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 1209 de 1964. Material disponibilizado em janeiro 2011

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

57

Page 59: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 1.6

Relação de Implantação de Novas Vias

Tipo de Via Descrição de trecho à ser aberto Dimensionamento

(metros)

Avenida

Avenida: divisa Norte do Sítio Paulicéia e prolongamento da Rua Borborema, desde o Ribeirão do Taboão até Praça

Circular poposta30 metros

Avenida

Avenida: entre Praça proposta até passagem em desnível no Km 16 da Via Anchieta e abertura de ramais a fim de

estabelecer conexão com a Avenida Marginal Oeste da Via Anchieta

25 metros

AvenidaAvenida: ao longo do Córrego da Borda do Campo, desde a Avenida Lucas Nogueira Garcez até Estrada do Vergueiro 28 metros

Avenida

Avenida: ao longo do Córrego Santa Terezinha, entre Rua João Pessoa até Rua Tiradentes 28 metros

Avenida

Avenida: prolongamento da Avenida João Firminio até Rua Cristiano Angeli, até Praça Circular (atual Giovani Breda) 24 metros

Rua

Rua: prolongamento natural da Rua Príncipe Humberto, desde a Avenida Caminho do Mar até a Rua Rio Claro 20 metros

Rua

Rua: entre Avenida Pereira Barreto e Estrada do Vergueiro, ligação entre Avenida Getúlio Vargas e Rua Tasman 20 metros

Rua

Rua: entre Rua Américo Brasiliense com Rua Joaquim Nabuco, até o trevo do Km 23 da Via Anchieta.

Prolongamento da Rua Jurubatuba20 metros

Rua

Rua: ao longo do Córrego Santa Terezinha, entre prolongamento da Rua João Pessoa até Rua Padre

Francisco Navarro16 metros

Rua Rua: entre Rua Marechal Deodoro e Rua Jurubatuba, estabelecendo ligação entre a Rua Príncipe Humberto e

Rua Padre Francisco Navarro14 metrosRua

Rua: prolongamento da Rua João Pessoa, entre Rua Rio Branco até Rua Thereza Christina 14 metros

Rua

Rua: entre Rua Marechal Deodoro e Rua Santa Filomena, estabelecendo ligação entre a Rua Alameda Glória e Rua

Dona Thereza Christina14 metros

Rua

Rua: prolongamento da Rua São Savino, desde o Córrego dos Meninos até Rua Jurubatuba 10 metros

Rua

Rua: ligação entre Rua Jurubatuba com Rua 7 de Setembro até Rua Wallace Simonsen 16 metros

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

58

Page 60: Fabio Rakauskas.pdf

Tipo de Via Descrição de trecho à ser aberto Dimensionamento

(metros)

Praça Circular

Praça Circular: entre Estrada do Piraporinha (atual Avenida Piraporinha) com Avenida Marginal Oeste da Via Anchieta e

Avenida Alvaro Guimarães50 metros de raio

Praça Circular

Praça Circular: Avenida Cezar Magnani com Ribeirão dos Couros 85 metros de raio

Praça Circular Praça Circular: Avenida Rotary com Rua Tiradentes 58 metros de raioPraça

CircularPraça Circular: ligação da Rua Wallace Simonsen com Rua

Dom Luiz 40 metros de raio

Praça Circular

Praça Circular: entre Avenida João Firmino e a Linha Camargo (atual Avenida Castelo Branco). Atual Praça

Giovani Breda105 metros de raio

Trevo

Trevo: Km 23 da Via Anchieta. Remodelagem conforme DER variável

TrevoTrevo: Km 18 da Via Anchieta. Remodelagem conforme

DER variável

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 1209 de 1964. Material disponibilizado em janeiro 2011.

Muitas das propostas previstas no plano em questão foram executadas,

porém algumas proposta ainda permanecem nos planos atuais, como veremos no

capítulo 3.3 no Plano de Transporte Urbano.

1.3.4. Os Planos Trienais e as Grandes Obras Públicas: 1965 a 1969

Os Planos Trienais elaborados em 1965 e 1967 planejavam os investimentos

públicos até 1969. Neste período o município apresentava uma grande receita em

função do grande número de indústrias, o que possibilitou a execução de grandes

obras públicas, sendo elas tanto de infraestrutura como de equipamentos públicos.

Foi nesta época que aconteceu a construção dos principais edifícios modernistas do

município, que levou sobretudo a construção do Paço Municipal. A continuidade

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

59

Page 61: Fabio Rakauskas.pdf

administrativa também foi um dos fatores que levaram ao sucesso dos planos e das

obras.

O primeiro plano foi elaborado em 1964, onde previa investimento no período

entre 1965 a 1967. Estes investimentos somariam um total de 70,22% da receita do

município, proporção considerada uma das mais altas do Brasil na época.

Os investimentos focariam, basicamente, nos serviços públicos e nas obras

públicas. Com relação aos serviços públicos previa-se a instalação de rede de água

e esgoto para 80% das ruas o município, pavimentação de 60% das ruas, onde 80%

seria asfalto e 20% paralelepípedo. Os investimentos em obras públicas focariam na

construção de 17 postos de puericultura, 13 parques infantis e três parques juvenis,

ajardinamento de diversas praças, 21 prédios escolares, abertura de 13,5

quilometros de vias públicas, alargamento de 2,8km de vias existentes16, construção

do Núcleo Esportivo, Biblioteca Municipal e Sede para o Tiro de Guerra e,

especialmente, a obra do Paço Municipal, localizado na Praça Samuel Sabatini, com

previsão de construção para o primeiro triênio.

Quadro 1.7

Principais Edifícios Modernistas Previstas no Plano Trienal 1965-1967

Ano do Projeto Equipamento Bairro Autores do Projeto

1962 Ginásio do Taboão Taboão Paulo Mendes da Rocha e João de Gennaro

1964 Paço Municipal Centro Jorge Bonfim

1966 Ginásio Ferrazópolis Ferrazópolis Ubirajara Gilioli

1966 Ginásio Jardim Ipê Dos Casa Décio Tozzi

1967EEPSG Fausto

Cardozo Figueira de Mello

Paulicéia Ubirajara Gilioli

1967 Ginásio Baeta Neves Baeta Neves Paulo Mendes da Rocha e João de

Gennaro

Fonte: LEITE (2008).

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

60

16 Os investimentos referentes às vias públicas, tanto de alargamento como de abertura, eram baseadas no Plano Geral do Sistema Viário de 1964.

Page 62: Fabio Rakauskas.pdf

A segunda fase dos Planos Trienais iniciou-se em setembro de 1966, através

dos trabalhos da equipe da Secretaria de Obras, coordenada pelo Diretor Arquiteto

Jorge O. S. Bomfim e Arquiteto Héctor Juan Arroyo. O relatório previa investimentos

novos e dava continuidade ao plano anterior, num período entre 1967 a 1969. O

Plano Trienal tinha como objetivo elevar o padrão dos serviços e equipamentos

públicos urbanos, aplicando os recursos de forma lógica, dentro de um plano geral.

Toda a elaboração baseava-se em dados sobre a eficiência dos equipamentos

públicos, infraestrutura, dados da Secretaria de Finanças com relação a

arrecadação, pendências do Plano Quadrienal de 1964 a 1967 etc. Havia a previsão

de um aumento da verba em cerca de 32,27% anual, o que levava a um programa

de metas de investimentos. Este programa previa que em 1970 fossem realizados:

pavimentação de 60% das vias; implantação de rede de água e esgoto em 80% das

vias; implantação de guias e sarjetas em 100% das vias; implantação de um posto

de puericultura para 10.000 habitantes; implantação de um parque infantil para cada

17.000 habitantes; atendimento à toda população, em idade escolar, em dois

períodos de aulas para ensino primário até final de 1969; atendimento à toda

população com escolas em três períodos de aula para o ensino médio, até o final de

1969.

Quadro 1.8

Obras Previstas pelo Plano Quadrienal 1964-1967

Tipo de Obra Equipamento/ Serviços Descrição/Quantidade de Equipamentos

Ano Previsto

Prédios Públicos e Recreação

Prédios Públicos e Recreação

Prédios Públicos e Recreação

Prédios Públicos e Recreação

Prédios Públicos e Recreação

Prédios Públicos e Recreação

Prédios Públicos e Recreação

Prédios Públicos e Recreação

Prédios Públicos e Recreação

Prédios Públicos e Recreação

Prédios Públicos e Recreação

Prédios Públicos e Recreação

Prédios Públicos e Recreação

Posto de Puericultura 11 1967-1969Parques Infantis 11 1967-1969

Grupos Escolares 18 1967-1969

Parques JuvenisEquipar parques existentes e prever desapropriações

para futuros parques1967-1969

Ginásio e Colégios 2 ginásios e 1 colégio 1967-1969Pronto Socorros 2 1969

Centros de Instrução Profissional 1 1969Paço Municipal 1 1967

Cemitério 4 1967-1968Mercados 1 1967

Destacamento do Corpo de Bombeiros 1 1968Praças Esportivas 6

Tiro de Guerra 1 1968

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

61

Page 63: Fabio Rakauskas.pdf

Tipo de Obra Equipamento/ Serviços Descrição/Quantidade de Equipamentos

Ano Previsto

Diversas Obras - Serviços Públicos

Sistema ViárioSistema ViárioSistema ViárioSistema ViárioSistema Viário

Delegacia de Polícia 1Estádios Distritais 3 1967-1969

Escolas Isoladas 10 1967-1969

Posto Salva Vidas 1 1967

Água, Esgoto e Pavimentação

Continuidade do Plano Trienal 1965-1967 - 30 km

de serviços de água, esgoto e pavimentação

1969

Abertura de novas vias

Av. de divisa ao longo do Rio dos Meninos (entre Vila

Império e Rua Afonsina)

1967Abertura de novas vias

Av. ao longo do córrego Jurubatuba (continuação até

bairro Piraporinha) 1967Abertura de novas viasAv. ao longo do córrego dos Lima (Alameda Glória até a

Rod. Anchieta)

1967Abertura de novas vias

Av. ao longo do córrego Santa Terezinha (conclusão

de obra)

1967

Alargamento de vias Principais vias do município 1967-1969

Fonte: PMSBC - Plano Trienal 1967-1969. Material disponibilizado em junho de 2010.

1.3.5. O Plano de Urbanização da Praça Samuel Sabatini e o Paço Municipal

Em 1968 o Paço Municipal de São Bernardo do Campo havia sido

inaugurado. O projeto, elaborado pelo arquiteto Jorge Bomfim (LEITE, 2008), fazia

parte do Plano de Urbanização da Praça Samuel Sabatini.

Em 1964 o arquiteto Jorge Bonfim e sua equipe 17 formada por Mauro Zuccon,

Roberto Tross Monteiro e Toru Kanazawa, elaboraram o projeto do que seria o Paço

Municipal e o Centro Cívico de São Bernardo do Campo, localizado na Praça

Samuel Sabatini. Inicialmente o projeto contemplava um Centro Cultural, porém o

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

6217 Equipe pertencente ao Departamento de Obras da Prefeitura de São Bernardo do Campo em 1964.

Page 64: Fabio Rakauskas.pdf

mesmo não foi executado. A obra se tornaria um marco referencial para toda região,

remodelando o que seria a nova centralidade do município.

Figura 1.9 - Maquete da proposta de implantação do Paço Municipal.Fonte: PMSBC, 2010.

Na Figura 1.7 mostra a maquete da proposta inicial de implantação do Paço

Municipal e o Centro Cultural, que não chegou a ser executado, ocuparia o local da

atual Praça Cittá de Marostida.

A implantação do novo centro administrativo previa a ocupação da área da

várzea do Córrego Saracantan, através da canalização do afluente do Córrego dos

Meninos. A área escolhida já possuía características de um grande “Nó” viário, onde

convergiam a estrada do Vergueiro (avenida Senador Vergueiro), Caminho do Pilar

(avenida Pereira Barreto) e avenida Lucas Nogueira Garcês, que já fazia ligação

com a rodovia Anchieta e formava também o corredor leste-oeste (sentido Diadema)

(LEITE, 2008).

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

63

Page 65: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 1.10 - Ortofoto de 1957 - trecho da região centralFonte: PMSBC, 2010.

Em setembro de 1965, o prefeito Hygino Baptista de Lima, através do Decreto

n˚1017, declarou de utilidade pública o terreno que seria implantado o Paço

Municipal, através do Plano de Urbanização da Praça Samuel Sabatini. O terreno

em questão possuía uma área de 928,48m², localizada na zona central e pertencia

ao munícipe Carlos Maranesi.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

64

Page 66: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 1.11 - Ortofoto de 1970 - trecho da região centralFonte: PMSBC, 2010.

Figura 1.12 - Construção do Paço Municipal e Urbanização da Praça Samuel Sabatini em 1966.Fonte: PMSBC, 2010.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

65

Page 67: Fabio Rakauskas.pdf

Através das imagem de datadas de 1957 (Figura 1.9, 1.10 e 1.11) é possível

notar a convergência de fluxo viário para a área onde seria construído o Paço

Municipal. Esta confluência viária caracterizou a Praça Samuel Sabatini como uma

rotatória de passagem de veículos, que atualmente é intensamente utilizada,

causando grande impacto no trânsito local e regional.

Figura 1.13 - Construção do Paço Municipal em 1967.Fonte: PMSBC, 2010.

A inauguração do novo Centro Cívico, em 1968, consolidou o novo centro da

cidade, que durante as décadas seguintes sofreu grandes intervenções no que se

refere ao sistema viário do entorno.

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

66

Page 68: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 1.14 - Inauguração do Paço Municipal em 1968.Fonte: PMSBC, 2010.

As novas demandas territoriais, influenciadas pela chegada das grandes

indústrias, estabeleceram uma nova concepção de cidade que era organizada e

regida pelos princípios estabelecidos pela lógica industrial (ASCHER, 2010). Neste

sentido, a elaboração do Plano Diretor de 1964 trouxe características de um

urbanismo moderno através do zoneamento monofuncional da cidade, definindo

zonas industriais, zonas comerciais e residenciais, entre outros instrumentos

avançados para época. Porém, a urbanização acelerada da cidade gerou a

preocupação de intervenções com maior agilidade, numa perspectiva de curto,

médio e longo prazo. Este contexto levou ao início da elaboração do Plano Diretor

de Desenvolvimento Integrado e a criação da Progresso São Bernardo do Campo,

considerado um planejamento inovador .

O PLANEJAMENTO DA NOVA INDÚSTRIA

67

Page 69: Fabio Rakauskas.pdf
Page 70: Fabio Rakauskas.pdf

A expansão urbana e o crescimento econômico do município levou a

saturação das infraestruturas urbanas. Apesar dos grandes investimentos em obras

públicas, e a implementação do Plano Diretor nos anos 1960, o ritmo de crescimento

ultrapassava os limites da administração pública. A necessidade da agilidade quanto

as intervenções urbanas fez nascer a Progresso São Bernardo do Campo S.A.

(PRO-S.B.C.), que atuava como um instrumento de gestão, nos moldes de uma

empresa de economia mista. Em paralelo é elaborado o Plano de Desenvolvimento

Integrado do Município (PDIM), que possuía projetos de intervenção a curto, médio e

longo prazo, que atuaria de maneira integrada a PRO-S.B.C.. Apesar das inovadoras

perspectivas de intervenção previstas pelo plano, o PDIM é revogado no mesmo ano

de sua aprovação, tornando-o apenas um repertório de projetos eficazes que não

iriam ser aplicados. A estagnação da indústria no anos 1980, em meio a crise global

e a pouca atuação quanto aos investimentos públicos na cidade defasavam o

potencial da estrutura urbana, gerando grandes impactos como ocupações de

moradia em larga escala de áreas irregulares, fragmentação urbana entre

centralidades municipais e precária mobilidade.

Do início da década de 1950 ao início da década de 1970 a população urbana

havia aumentado em aproximadamente 10 vezes, passando de 26.385 para 240.898

habitantes, respectivamente. A taxa geométrica de crescimento foi uma das maiores

dentro do Estado de São Paulo durante a década de 1960 e 1970 (PROSBC, 1973).

A GESTÃO INOVADORA

69

Page 71: Fabio Rakauskas.pdf
Page 72: Fabio Rakauskas.pdf

rodovia Anchieta, a qual apresentava crescente volume de tráfego, o que levou aos

primeiros estudos do que seria a rodovia Imigrantes (DERSA, 2011).

A necessidade de um reforço rodoviário entre o Planalto e o Litoral Paulista,

levou a construção, em 1976, da rodovia Imigrantes (Sul), Bandeirantes (Norte) e a

dos Trabalhadores (Leste). Estes novos modelos de rodovias apresentavam largas

faixas de domínio, grande separação entre as pistas, visibilidade e integração à

paisagem. A tecnologia na construção utilizava critérios ecológicos a fim de

reintegrar as condições originais do ambiente após a implantação, minimizando o

impacto ambiental (REIS, 2010).

No caso de São Bernardo do Campo, a implantação da rodovia Imigrantes

(1976), que cruzava a oeste do município, paralelamente a rodovia Anchieta, gerava

um novo eixo de concentração urbana e trazia novas expectativas quanto ao

crescimento industrial e desenvolvimento urbano. Neste mesmo período eram

aprovadas a Lei Estatual de Proteção de Mananciais18 (1976) e o Decreto que

definia os limites do Parque Estadual da Serra do Mar19 (1977). Estes novos

elementos criavam limites territoriais que passariam a ter grande influência na

ocupação urbana da cidade.

Tabela 2.1

Evolução da Ocupação Urbana - 1950/1974

ANOÁREA URBANIZADA

(ha.)POPULAÇÃO URBANA

DENSIDADE BRUTA (hab./ha.)

1950

1955

1960

19701974

547 20.075 36,7

2.181 37.000 16,9

2.800 67.000 23,9

5.347 189.374 35,4

5.347 265.975 49,7

Observação: excluindo o Distrito de Riacho Grande e o Parque Industrial.

Fonte: Relatório Jorge Wilheim Arquitetos Associados/ PRO-S.B.C., 1973. Disponibilizado pela Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo

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18 Lei Estadual n˚1.172 de 1976 - delimita as áreas de proteção relativas aos mananciais, cursos e reservatórios de água, e estabelece normas de restrição de uso do solo nestas áreas.

19 Decreto 10.251 de 1977 tinha a finalidade de assegurar a integral proteção à flora, à fauna, às belezas naturais, garantindo a utilização de objetivos educacionais, recreativos e científicos.

Page 73: Fabio Rakauskas.pdf

A estrutura física do município, com relação à acessibilidade viária, era

composta agora por dois grandes eixos rodoviários, norte-sul, de integração

metropolitana e poucas vias de integração leste-oeste. A rodovia Anchieta possuía

apenas cinco trevos20 de conexão com os bairros de acesso às vias leste-oeste,

como por exemplo a avenida Piraporinha (AGUILAR, 2009). Isso provocou a

fragmentação do território, desarticulando a relação entre centro principal e

subcentros (WILHEIM, 2009).

Com relação à infraestrutura de saneamento, havia certa defasagem quanto

ao abastecimento de água, tanto para a indústria como para as residências. Neste

período, a precariedade na Região Metropolitana de São Paulo com relação ao

saneamento era grande. A mortalidade infantil era de 100 para cada 1.000

habitantes (podendo ser comparado, atualmente, a região mais pobre do nordeste

brasileiro). Neste período o saneamento era de responsabilidade da Companhia de

Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP). Os lotes, característicos de

cinco metros de testada e 25 metros de profundidade, possuíam fossa séptica e

poço muito próximos, levando ao alto índice de contaminação (idem, 2009).

Neste período a mobilidade era precária, e a circulação acontecia

principalmente nas rodovias ou ferrovias. A divisão modal era bem próxima dos

índices atuais, com aproximadamente um terço a pé, um terço de automóvel e um

terço em transportes públicos (WILHEIN, 1973).

A intensa ocupação pela indústria ao longo da rodovia Anchieta colaborou

com a fragmentação urbana do município, gerando grandes ilhas ou bolsões

industriais, dificultando a acessibilidade entre diversas partes do município, levando,

também, a uma ocupação urbana desorganizada em locais estratégicos, no entorno

das indústrias (WILHEIM, 2009).

A grande expansão demográfica dos anos 1970, sem planejamento

adequado, levou à ocupações irregulares em áreas de riscos, de restrições

ambientais etc. (idem, 2009).

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7220 O conjunto de trevos da via Anchieta situavam-se no quilometro 13, 16, 18, 22.5 e 23.

Page 74: Fabio Rakauskas.pdf

A década de 1970 mostrava São Bernardo do Campo como um Centro de

Transformação Industrial, com elevado grau de especialização e alta

representatividade no setor material de transporte, totalizando 70% da produção e

absorvendo 55% da mão-de-obra do município (WILHEIN, 1973).

O crescimento da economia regional entre 1965 e 1975 era de 17,5%, na

média anual. Porém, na década de 1980, a crise do sistema “fordista“ de produção

levou a um processo de desconcentração das indústrias instaladas com quedas da

economia (REIS, 2008).

2.1. O Progresso São Bernardo do Campo S/A e o Plano de Desenvolvimento Integrado

A indústria automobilística e os grandes investimentos do Estado com a

implantação de rodovias, trouxeram grandes transformações territoriais que exigiam

soluções a curto, médio e longo prazo na cidade. O crescimento da mancha urbana

e o aumento das plantas industriais sobrecarregaram a infraestrutura da cidade, pois

os investimentos em obras públicas não acompanhavam o ritmo de desenvolvimento

real (PROSBC, 1974).

O território municipal tinha agora, além das limitações físicas, as limitações

territoriais. A Lei de Proteção aos Mananciais e a formação do Parque Estadual da

Serra do Mar levaram a grandes restrições, pelo Governo do Estado, a ocupação

das áreas definidas em lei.

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73

Page 75: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 2.1

Crescimento Populacional entre Década de 1950 e 1974

Ano Habitantes195019551960196119621964196519661968197019721974

26.38546.70082.41192.40098.543117.833140.899145.800168.479201.462240.898285.000

Fonte: Relatório Jorge Wilheim Arquitetos Associados/PRO-S.B.C., 1973. Disponibilizado pela Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo.

Em resposta as novas restrições do Estado, em junho de 1972, o prefeito

Aldino Pinotti, através da Lei Municipal n˚1980, estabeleceu um o novo Zoneamento

para o município de São Bernardo do Campo, que dividia o território em três grandes

zonas: Zona Urbana contida; de Recreio e Rural. As duas últimas situadas na área

de proteção aos mananciais.

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Page 76: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 2.2 - Zoneamento do Município conforme Lei Municipal n˚1980/72.Fonte: PMSBC, 2010.

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Page 77: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 2.2

Zoneamento e Usos Permitidos da Lei Municipal n˚1980/72

Zona Zoneamento Usos

Área Urbana

Zona Residencial - R1

Residências individuais, com no máximo duas habitações por lote; atividade econômica do lar; templos religiosos; estabelecimentos de ensino regulares; bibliotecas, museus, galerias de arte e instituições culturais semelhantes, sem fins lucrativos; clubes, locais esportivos e recreativos; prédios públicos; hospitais; hotéis com estacionamento (uma vaga para cada quatro quartos).

Área Urbana

Zona Residencial - R2

Todos os usos citados na R1; prédios residenciais com mais de uma habitação geminadas; hospitais, hospitais veterinários, sanatórios, casas de saúde, pronto-socorro, postos de puericultura, creches, asilos, orfanatos e reformatórios; hotéis, pensões e motéis; estabelecimentos de comércios varejista; prestação de serv iços; pani f icadoras; bancos, escr i tór ios, consultórios, sede administrativa de sociedade, associações, companhias, fundações, congregações, sindicadtos, clubes, repartições públicas puramente burocráticas, agências de distribuição de jornais e revistas, estúdios fotográficos e serviços de cópias heliográficas e fotostáticas; escolas de cursos não regulares; oficinas em geral, pequenas indústrias e artesanatos, depósitos, armazéns, estabelecimentos de comércio atacadista, garagens em geral, agências de despachos de cargas e encomendas, estabelecimentos destinados a embalagem e acondicionamento de materiais e produtos, com área igual ou menor que 500m²; postos de abastecimento de veículos; restaurantes e estabelecimentos similares; comitês políticos administrativos; cinemas, teatros.

Área Urbana

Zona Mista - M

Todos os usos citados na R1 e R2; agências funerárias; cinemas, teatros, auditórios, bibliotecas, museus, sedes sociais de clubes, salão de baile e bilhares; comitês políticos; oficinas, indústrias, estabelecimentos de comércio atacadista, armazéns, depósitos, garagens coletivas, terminais de agências de transportes (com área igual o menor que 3.000m²); torres de estúdios de estação de rádios e televisão; presídios; auto-escolas. Ainda dentro da Zona Mista o poder executivo, através do Depar tamen to Mun ic ipa l de P ro je tos e Planejamento, estava autorizado a criar Zonas Exclusivamente Industriais - EI com a condição de que apresentassem áreas superiores a 50.000 m².

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Page 78: Fabio Rakauskas.pdf

Zona Zoneamento Usos

Área Urbana

Zona Comercial - C1

Residências e pensões localizados apenas no pavimento superior; templos religiosos; atividade econômica no lar; estabelecimento de comércio ocasional e varejista (com exceção de postos de gasolina e lubrificantes); estabelecimento de prestação de serviços como alfaiates, lavanderias, tinturarias, barbearias, cabeleireiros, salões de beleza, estúdios fotográficos, engraxates, copiadoras heliográficas e fotostáticas; hotéis, cinemas, auditórios, teatros noturnos, “boites, restaurantes, restaurantes dançantes, estúdios de rádio e televisão, bilhares, galerias de arte e lanchonetes; auto-escolas, bancos, escritórios, consultórios, sedes administrativas de companhias, sociedades, associações, grêmios, sindicatos, fundações, redações de jornais e revistas, repartições públicas, postos de delegacia de polícia, agências funerárias e serviços de luto, agências de distribuição de jornais e revistas; pequenas oficinas em geral; artesanatos ou indústrias (com no máximo cinco pessoas trabalhando); escolas de cursos não regulares; bibliotecas, museus, instituições culturais; escolas de cursos regulares; garagens ou terrenos para estacionamentos de veículos particulares (no máximo cinco veículos).

Área Urbana

Zona Comercial - C2

Todos os usos citados na zona C1, R1 e R2; indústrias, oficinas, depósitos, estabelecimentos de comércio atacadista, garagens em geral, terminais de agências de transportes, embalagem e acondicionamento de materiais e produtos. A exigência para implantação dos usos específicos era somente permitido dento de lotes igual ou menores que 1.000m².

Área Urbana

Zona Comercial - CR1 Todos os usos citados na zona R1.

Área Urbana

Zona Comercial - CR2Todos os usos citados na zona R2; cinemas, teatros, auditórios, bibliotecas, museus, sedes sociais de clubes, salões de bailes, auto-escolas e bilhares.

Área Urbana

Zona Comercial - CM igual a Zonas Mistas M.

Área Urbana

Zona Exclusivamente Industrial - EI

Indústrias e oficinas de qualquer natureza; depósitos, armazéns, estabelecimento de comércio atacadista; garagens coletivas, terminais rodoviários, agências de transportes; torres de TV e rádios, postos de abastecimento de veículos; agências de despachos de cargas e encomendas, estabelecimentos destinados a embalagem e acondicionamento de materiais e produtos; estações de corpo de bombeiros e pronto-socorros. Para terrenos com área inferior a 1.000m², dentro da Zona EI, poderiam ser considerados como pertencentes a zona M, com a condição de que os lotes fossem originais de loteamentos aprovados antes da Lei Municipal n˚1183.

Área Urbana

Zona Especial - ZE

Residências ocupando somente no pavimento superior; hotéis; estabelecimento de prestação de serviços e artesanatos; panificadoras; cinemas, teatros, auditórios; supermercados, shopping center; estabelecimento de comércio ocasional; garagens ou terrenos para estacionamento de veículos particulares.

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Page 79: Fabio Rakauskas.pdf

Zona Zoneamento Usos

Área de Recreio

Zona as margens da Represa Billings

Interesse Turístico; residências individuais (uma h a b i t a ç ã o p o r l o t e ) ; t e m p l o s r e l i g i o s o s ; estabelecimentos de ensino de cursos regulares; bibliotecas, museus, galerias de arte e instituições culturais; Zoológicos, Aquários e Jardins Botânicos; clubes e locais de uso recreativo e esportivo; centros de campismo (Camping); hotéis e motéis; prédios públicos de uso local; usos de finalidade turística; restaurantes; comércio cotidiano; postos de equipamentos de serviço ligados a Rodovia; estaleiros e estabelecimentos compatíveis. Usos como indústrias, depósitos, oficinas e armazéns eram proibidos nesta área.

Área Rural

Zona Especial Agrícola - ZEA

Todos os usos permitidos na Área Urbana; reservas florestais e parques; usos rurais em geral. Usos como indústrias, depósitos, oficinas e armazéns, garagens coletivas eram proibidos nesta área.Área Rural

Zona Rural - ZRTodos os usos permitidos na Área Urbana; indústrias, depósitos, oficinas, armazéns, garagens coletivas; reservas florestais e parques; usos rurais em geral.

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 1980 de 1972. Material disponibilizado em fevereiro 2011.

Conforme Quadro 2.2 é possível verificar os permitidos dentro de cada uma

das três zonas. Como inicialmente proposto no Plano Diretor de 1964, este

zoneamento permitia um maior adensamento na zona urbana, em especial na região

da sede do município, preservando as zonas de mananciais com usos

compatíveis.

O novo zoneamento previa faixas de transição, que consistia em uma faixa no

limite de divisa das zonas, prevendo um equilíbrio entre as transições de usos.

Dessa forma, entre as Zonas C1 e C2 considerava-se uma faixa de 20 metros para

cada lado da divisa, onde aplicavam as regulamentações de uso previsto de

qualquer uma das zonas. Na Zona R2 previa-se uma faixa de 30 metros das divisas

com as Zonas C1 e C2, aplicando-se as regulamentações, de acordo com a zona de

divisa, de uma das duas zonas dentro dos 30 metros da R2. Na Zona R1 previa-se

uma faixa de 30 metros da divisa com a zona CR1, podendo aplicar dentro desta as

regulamentações da CR1. O mesmo previa-se para as divisas com a Zona C2.

As áreas situadas dentro das zonas de Recreio e Rural, consequentemente,

áreas de proteção aos mananciais, os índices de ocupação determinados eram bem

menores em relação a área urbana. Isto tinha como objetivo reduzir o impacto de

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Page 80: Fabio Rakauskas.pdf

ocupação destas áreas, através da preservação dos mananciais e atendendo as

perspectivas da lei estadual.

Assim, as áreas dos edifícios localizados sob o nível da via pública, em

qualquer uma das zonas, não seriam computados nos coeficientes de ocupação,

desde que não destinados à habitação, quando permitido. Para usos residenciais,

situados na Zona de Área Urbana, as construções deveriam seguir o coeficiente de

ocupação de no máximo de 50% da área do terreno. Já nas Zonas de Recreio ou

Área Rural o coeficiente de ocupação deveria ser de no máximo 15%, ficando fora

da área computável as área cobertas destinadas a recreação e esporte.

Para áreas destinadas ao uso comercial, prestação de serviços e

parcialmente residencial as construções poderiam ter o coeficiente de ocupação de

50% da área do terreno quando situados nas Zonas R1, R2 e Zona Mista M. Quando

localizados nas Zonas Comerciais CR1, CR2, CM, C2 e Zona Especial ZE deveriam

ocupar no máximo 80%. Nas Zonas de Recreio ou Área Rural o coeficiente de

ocupação deveria ser de no máximo 20%, ficando fora da área computável as área

cobertas destinadas a recreação e esporte. Os terrenos localizados nas Áreas de

Recreio e Rural, desmembrados antes desta lei em questão poderiam ocupar no

máximo 30% da área.

Os usos dedicados a indústrias, depósitos, armazéns, oficinas, garagens

coletivas, localizados nas Zona Mista M e Zona Comercial CM não poderiam ocupar

mais de 80% da área do terreno, quando este fosse igual ou inferior a 1.000m² e

tivesse largura igual ou maior que 15 metros. Quando o terreno apresentasse área

maior que 1.000m² e largura igual ou maior que 15 metros estariam liberados dos

limites do coeficiente de ocupação, devendo apenas obedecer recuos de três metros

dos fundos e laterais.

Com relação ao recuo frontal, todos os terrenos localizados na Área Urbana

deveriam obedecer um recuo mínimo de quatro metros. As construções situadas nas

Zona Comercial C1 e construções com usos comerciais e de prestação de serviços

localizadas na rua Silva Jardim, avenida Pereira Barreto, avenida Getúlio Vargas, rua

Giacinto Tognato até a rua Fiorentino Felipe, trechos da Estada do Vergueiro e

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Page 81: Fabio Rakauskas.pdf

estrada Caminho do Mar, situadas na Zona C2, no Rudge Ramos, estariam

dispensados de recuos. Permitia-se, também, que construções não destinadas a

residência localizadas na Zona Comercial C1 poderiam ser construídas no

alinhamento.

Para a Zona Exclusivamente Industrial EI o coeficiente de ocupação máximo

deveria ser de 80%. Para os edifícios ou conjuntos de edifícios implantados em área

inferior que 10.000m², deveriam obedecer recuos mínimos laterais e fundos de três

metros, e quando ocupassem entre 10.000m² e 30.000m² deveriam obedecer recuos

laterais e fundos de cinco metros. Acima de 30.000m² os recuos mínimos seriam de

sete metros. Com relação ao recuo frontal deveria ser obedecido o mínimo de oito

metros.

As construções de uso industrial, depósito, oficinas, armazéns, garagens

coletivas localizados na Zona Rural ZR deveriam ter seu coeficiente de ocupação de

no máximo 80%, onde para os edifícios ou conjuntos de edifícios implantados em

área inferior que 10.000 m², deveriam obedecer recuos mínimos laterais e fundos de

três metros, e quando ocupassem entre 10.000m² e 30.000m² deveriam obedecer

recuos laterais e fundos de cinco metros. Acima de 30.000m² os recuos mínimos

seriam de sete metros. Em relação ao recuo frontal deveria ser obedecido o mínimo

de oito metros do alinhamento e 13 metros do eixo da via pública.

Nos terrenos localizados nas Zona Rural ZR e Zona Especial Agrícola ZEA as

construções deveriam obedecer um recuo frontal de seis metros do alinhamento e

onze metros do eixo da via pública. Os terrenos que sofressem desmembramentos

deveriam obedecer um recuo mínimo de 10 metros.

As áreas destinadas terraços abertos, pavimentos sob “pilots”, casa de

máquinas, bombas e reservatórios, habitação do zelador e garagens (destinadas

aos moradores) não eram tratados como área computável no cálculo de coeficiente

de utilização.

Quando localizadas dentro da Área Urbana, as construções deveriam seguir a

regulamentação exigida dentro de cada uma das zonas para definição do gabarito e

coeficientes de utilização. As Zonas Residencial R1 e Comercial CR1 permitiam um

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Page 82: Fabio Rakauskas.pdf

coeficiente de aproveitamento máximo de duas vezes o terreno, e a altura máxima

de três pavimentos acima do térreo. Na Zona Comercial C1 era permitido um

coeficiente de até seis vezes a área do lote, com gabarito de no máximo duas vezes

e meia a largura da via pública de frente do lote. A Zona Exclusivamente Industrial EI

permitia um coeficiente de até seis vezes a área do terreno e altura de duas vezes a

largura da via pública. O coeficiente de utilização das Zonas R2, M, CR2, CM, ZE e

C2 era de no máximo oito vezes da área do lote, com um gabarito máximo de duas

vezes a largura da via pública, ou quando a largura fosse inferior a 14 metros teria

uma altura de duas vezes e meia a largura da via pública.

Os terrenos localizados na região central, ou da sede, delimitados pelo

perímetro das ruas Jurubatuba, Américo Brasiliense, Marechal Deodoro e Praça

Samuel Sabatini deveriam ter no mínimo dois pavimentos acima do térreo. Nas

Áreas de Recreio e Rural tinham um coeficiente de utilização de no máximo duas

vezes a área do terreno e altura máxima de dois pavimento acima do térreo.

Para os edifícios destinados a habitação coletiva, comércio ou prestação de

serviços, com área construída superior a 1.000m² e testada do lote igual ou maior

que 10 metros, deveria-se prever estacionamento de veículos de passeio, restrito

aos moradores ou usuários, na proporção de uma vaga para 500m² de área

construída.

As construções localizadas nas zonas C1, C2 e CR1 deveriam prever

estacionamento dentro do lote ou a no máximo 100 metros da área. No caso de

usos como cinemas, teatros, auditórios, com mais de 500 lugares deveria ser

previsto uma vaga para cada 40 espectadores. Usos como supermercados e

shopping-centers com mais de 500m² atenderiam a relação de uma vaga para cada

50m² de construção. No caso de estabelecimentos bancários o mínimo era de cinco

vagas. Hotéis seriam de uma vaga para cada quatro quartos. Os edifícios que

tivessem mais de 10 conjuntos de escritórios ou lojas atenderiam a proporção de

uma vaga para cada quatro conjuntos.

Apesar das novas restrições de uso e ocupação do solo prevista pelo

zoneamento em questão, não eram o suficiente para o controle do crescimento

A GESTÃO INOVADORA

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Page 83: Fabio Rakauskas.pdf
Page 84: Fabio Rakauskas.pdf

Dessa forma, as diretrizes a curto prazo, definidas pelo I Plano de Ação

imediata no Campo Instrumental, tinham como objetivo a implementação do

programa quadrienal (1973/1976). A médio prazo seriam as medidas implantadas

até o final de 1977 e a longo prazo medidas que excedessem os quatro anos da

administração.

Os programas envolviam a agilidade do sistema dos serviços públicos,

atualização e capacitação do quadro de funcionários, na função de concentrar

esforços para solução de problemas globais, regionais ou setoriais da comunidade,

além do estímulo à iniciativa privada com o objetivo de promover o desenvolvimento

econômico e social do município.

As prioridades previstas, a médio e longo prazo, pelo PGG eram

condicionadas a duas vertentes: essencialidade e custeio. As medidas e objetivos

do programa deveriam acontecer de forma antecipada nas seguintes áreas de

prioridades ou setores:

• Na reorganização institucional e reforma administrativa, através da melhoria

do desempenho e eficiência, auxiliando a administração pública através do

regime privado de forma indireta;

• Prestação de serviços através da administração indireta e/ou terceiros;

valorização da função pública através da atualização e aperfeiçoamento de

pessoal;

• Implantação de novos serviços de processamento de dados;

• Elaboração de Plano de Desenvolvimento Integrado do Município, com

objetivos a médio prazo (1973/76) e longo prazo (período de 30 anos);

• Obras de infraestrutura como saneamento básico, vias de comunicação

urbana ou não, obras de arte, desapropriações, entre outras que não

onerassem futuramente, através do custeio;

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Page 85: Fabio Rakauskas.pdf

• Incentivo e estímulo ao incremento de arrecadação de tributos municipais, a

fim de ter fontes próprias de recursos;

• Equilíbrio entre administradores e contribuintes no que se diz respeito a

serviços prestados pela municipalidade, anulando toda e qualquer forma de

contribuições indiretas;

• Evitar a desoneração tributária, com exceção de incentivos ao

desenvolvimento econômico e social;

• Incentivo as atividades econômicas no município para aqueles que pudessem

reverter recursos financeiros à administração;

• Intervenção social e econômica pela administração pública para as atividades

pioneiras que necessitassem de condições para entrar no mercado;

• Desapropriações de áreas, pelo governo ou pela administração indireta, de

preferência pela PRO-S.B.C., com o objetivo de atender: implantação de

novos pólos territorialistas para industrialização ou expansão econômica do

município; expansão de empresas instaladas na cidade, de preferência as

mais antigas e que trouxesse maior receita municipal; expansão do turismo,

recreação, lazer e de centros de abastecimentos e comércio e a implantação

de planos de serviços urbanos, reurbanização, habitação etc.;

• Implementação de política de atuação setorial permanente.

Os princípios fundamentais da administração municipal, de caráter

permanente, aconteceria através do Planejamento, Coordenação, Descentralização,

Delegação de Competência e Controle. O planejamento se responsabilizaria, como

uma atividade constante na administração, pela elaboração instrumentos básicos

como: PDIM, entendida como a Lei Orgânica do Município; Orçamento Plurianual de

Investimentos (Lei Federal n˚4.320/64); Orçamento-Programa (Lei Federal

n˚4.320/64); Programa Anual de Trabalho (Lei Federal n˚4.320/64); Programação

Anual da Despesa (Lei Federal n˚4.320/64) e o próprio PGG.

A GESTÃO INOVADORA

84

Page 86: Fabio Rakauskas.pdf

Diante da nova reforma administrativa que se apresentava, e a possibilidade

da criação de órgãos autônomos como autarquias, empresas públicas, sociedades

de economia mista, com o objetivo de descentralização dos serviços que

necessitavam de autonomia técnica, administrativa e financeira que a administração

direta não possuía, nascia PRO-S.B.C.22, uma empresa de economia mista que

atuava nos mesmos moldes da Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo

(EMURB).

Os moldes da PRO-S.B.C., previstos no seu estatuto23, possibilitavam a

execução de obras, instalações e a venda ou alienação de bens ao município a

dispensa de licitação. O estatuto também previa a realização de desapropriações,

para fins de execução dos planos e projetos, pela PRO-S.B.C.. Isto gerava grande

agilidade entre o processo de estudos, projetos e implantação.

Como empresa de economia mista e administração indireta, a prefeitura tinha

o controle acionário de 51% do capital representado por ações. Este era um

instrumento de execução de política global de crescimento ordenado e

desenvolvimento regional (PROSBC, 1976). Neste momento, a administração direta

municipal incumbia a PRO-S.B.C. da execução das obras e empreendimentos

determinados, nos seguintes esquemas: localizar, caracterizar e delimitar, de

maneira rigorosa, os bolsões industriais e, a partir disto determinar o local do Parque

Industrial, orientando as novas demandas de uso semelhante; recuperar e adensar

determinadas áreas do município, através de habitações de interesse social;

reorganizar do crescimento industrial; desfragmentar os efeitos da via Anchieta;

solucionar o problema de enchentes através de um plano de drenagem e

saneamento, considerando as três grandes bacias: córrego do Meninos, dos Couros

e Alvarengas; desenvolver o centro da cidade através da implantação do projeto

Novo Centro em São Bernardo do Campo; melhorar o aproveitamento do potencial

turístico e executar projetos já definidos pela administração através do PDIM.

(PROSBC, 1976).

A GESTÃO INOVADORA

85

22 Em 20 de junho de 1990 o prefeito Maurício Soares de Almeida, através da Lei Municipal n˚3508, extinguiu a PRO-S.B.C., assumindo assim a administração direta os serviços desenvolvidos pela empresa de economia mista.

23 Em 16 de outubro de 1973 o prefeito Geraldo Faria Rodrigues, através do Decreto n˚3.636, aprovou o Estatuto da PRO-S.B.C..

Page 87: Fabio Rakauskas.pdf

Esta nova estrutura administrativa tinha responsabilidade de realizar

pesquisas e estudos sócio-econômicos, orientar os trabalhos de urbanização e

reurbanização, desenvolver áreas voltadas à indústria, comércio e uso comunitário,

desenvolver a infraestrutura urbana, transporte e moradias, executar projetos de

interesse municipal de outras empresas de economia mista. Em paralelo iniciavam-

se os estudos do PDIM e do novo zoneamento e lei de uso do solo.

Como empresas de apoio, a PRO-S.B.C possuía outras empresas anexas

administrativamente. Dentre elas estavam a Turismo de São Bernardo do Campo

S.A. (PROTUR), a Promoção de Serviços de São Bernardo do Campo S.A.

(PROSERV), a Armazéns Gerais e Entrepostos Aduaneiros São Bernardo do Campo

S.A. (AGESBEC), e a Processamento de Dados de São Bernardo do Campo S.A.

(PRODASB).

A PROTUR tinha como objetivo explorar o potencial turístico da cidade. A

PROSERV era uma empresa de recursos humanos que supriria a mão-de-obra,

permanente ou temporária da administração direta e indireta. A AGESBEC tinha

como objetivo a facilitação da importação e exportação, a um custo operacional

muito inferior aos normais. Esta tinha, também, o objetivo de implantar o que seria a

primeira “Doca Seca” brasileira, localizada entra as rodovias Anchieta e Imigrantes.

A visão logística estratégica tinha como objetivos descongestionar o porto de

Santos. E por fim a PRODASB, que possibilitaria maior mobilidade operacional e

autonomia administrativa.

Os primeiros estudos de intervenção partiam de diagnósticos obtidos de

análises de pontos estratégicos relacionados ao desenvolvimento do município.

Estes trabalhos focavam a questão da indústria, questões de capacidade viária,

estruturação urbana da área central e exploração do potencial turístico da cidade.

Com relação as indústria levantou-se que as cerca de 560 fábricas,

localizadas ao longo da rodovia Anchieta geravam bolsões industriais. Estas

atividades, em geral logísticas, sobrecarregavam o sistema viário do entorno, com

veículos leves e pesados. A combinação de localização das indústrias junto a

rodovia e a grande demanda de fluxo levava a sobrecarga dos trechos de

A GESTÃO INOVADORA

86

Page 88: Fabio Rakauskas.pdf

transposição viária. Além disso, cerca de 60% da mão-de-obra nas indústrias

moravam fora da cidade, o que levava a grande demanda por transporte

intermunicipal.

As atividades na região central eram pouco desenvolvidas. Apesar do

desenvolvimento industrial de porte, o Centro ainda mantinha como principal

atividade a comercialização de móveis da tradicional indústria moveleira de São

Bernardo do Campo. Esta situação levavam os munícipes, qualificados nestas

atividades, a buscar trabalhos em cidades vizinhas como Santo André e São Paulo.

Outra característica e atividade analisada foi o grande potencial turístico à ser

explorado. Deslocavam-se aos finais de semana cerca de 30 mil pessoas, de

cidades vizinhas, para áreas como a Represa Billings, parques de recreação e em

especial para Rota do Frango com Polenta, localizado na avenida Maria Servidei

Demarchi.

Dentro deste contexto, analisado pela PRO-S.B.C., foram propostas possíveis

intervenções que pudessem dar base aos efetivos planos e projetos de intervenção.

Com relação ao impacto da indústria em solo urbano, foi proposto a caracterização e

melhor delimitação das áreas de bolsões industriais existentes, criando também um

Parque Industrial, em atendimento as industrias que chegariam. Outra proposta

eram os investimentos e incentivo ao adensamento e recuperação das áreas que

sofriam com o crescimento industrial desorganizado e com a fragmentação territorial

promovida pelas rodovias Anchieta e Imigrantes, estando esta ultima em fase de

implantação. Entre outros aspectos, melhorias do sistema viário arterial e secundário

de conexão intermunicipal e trevos de transposição das rodovias, em especial a

Anchieta. Outro ponto, um tanto atual, era a melhoria do sistema de drenagem de

águas pluviais e saneamento nas bacias dos Córrego dos Meninos, dos Couros e

Alvarengas, minimizando o impacto das enchentes em épocas de chuva. Com

relação a área central propunha-se a implantação de um Novo Centro, através de

remodelamento viário, novos usos, entre outros. Referente ao potencial turístico

havia a proposta de melhoria das áreas turísticas em questão, através da a

A GESTÃO INOVADORA

87

Page 89: Fabio Rakauskas.pdf

implantação do Parque Metropolitano Sul24, delimitado pelas rodovias Anchieta,

Imigrantes e Interligação Sul, em área de manancial. Nesta época o município já

possuía na área da Represa Billings o Parque do Estoril25.

Após os estudos preliminares foram definidos efetivamente quais seriam os

principais projetos de intervenção. Foram definidas três categorias gerais, que

englobariam todo o universo de intervenções urbanisticas, sendo estas: a de

desenvolvimento urbano, desenvolvimento industrial, sistema viário principal e

drenagem.

Com relação ao desenvolvimento urbano desenvolveram-se alguns projetos

nas áreas do Taboão e Saracantan, através do Projeto Comunidade Urbana para

Recuperação Acelerada (CURA), Reurbanização da Área Demarchi (Rota do Frango

com Polenta), Novo Centro de São Bernardo, Plano Comunitário de Melhoramentos

Urbanos (PCMU) e Parque Metropolitano Sul. Referente ao desenvolvimento

industrial previam-se a implantação do Parque Industrial dos Imigrantes e Parque

Industrial Vergueiro. Já para o sistema viário principal e drenagem previam-se o

Projeto Fundo de Desenvolvimento Urbano (FDU), direcionado ao sistema

rodoviário, e o Projeto Fundo de Saneamento Básico (FIDREN), destinado ao

tratamento de drenagem.

Dentre os projetos e investimentos referentes a infraestrutura viária podemos

destacar as seguintes intervenções: a implantação das avenidas Brigadeiro Faria

Lima, Rotary, Armando Ítalo Setti, intervenção na rotatória da Praça do Paço

Municipal, ampliação das avenidas Jurubatuba, Lucas Nogueira Garcez, Pereira

Barreto, Senador Vergueiro e Kennedy. No bairro Rudge Ramos foram ampliadas as

avenidas Caminho do Mar, Doutor Rudge Ramos, Winston Churchill e Afonsina. A

oeste da rodovia Anchieta foram implantadas as avenidas Robert Kennedy, 31 de

Março e ampliação das avenidas Taboão, Piraporinha, João Firmino, Castelo

Branco, Servidei Demarchi e Miro Vetorazzo (MOREIRA, 2009).

A GESTÃO INOVADORA

88

24 Atualmente a administração trabalha no “Plano de Manejo do Pós-Balsa”, perímetro que coincide com o que seria o Parque Metropolitano Sul, porém com novas demandas e perspectivas.

25 O Parque do Estoril foi implantado na gestão do prefeito Lauro Gomes, em 1954. A área de 60 mil m² pertencia a Light Company, empresa de eletricidade, que foi desapropriada em 1953.

Page 90: Fabio Rakauskas.pdf

Outro ponto a ser considerado era o PCMU, que funcionava com a

colaboração direta e espontânea da sociedade civil. Estes apontavam a real

necessidade de melhorias em ponto da cidade ou em setores de serviços do

município. A articulação, desenvolvimento e execução do plano era de

responsabilidade da PRO-S.B.C., porém a decisão de executar ou não as demandas

cabia a administração pública direta.

2.1.1.1. Plano de Reurbanização do Novo Centro de São Bernardo do Campo em 1974

O Plano de Reurbanização do Novo Centro de São Bernardo do Campo tinha

como objetivo desenvolver o centro sub-regional, da Região do Grande ABC,

aumentando a auto-suficiência da cidade com relação ao comércio, serviços e

recreação, dando maior identidade local para os munícipes. Outro ponto do plano

era a promoção de novas oportunidades como pontos de encontro, atividades

cívicas, culturais e recreativas, estimulando assim a vida comunitária da população.

A intervenção era definida pelo seguinte perímetro: Praça Samuel Sabatini,

avenida Pereira Barreto, divisa com município de São Bernardo do Campo (atual

avenida Lauro Gomes), rua Nove (prolongamento), rua Borda do Campo e avenida

Senador Vergueiro, contemplando toda a fábrica de tecelagem Tognato.

Em vista disso, em 1974 o prefeito Geraldo Faria Rodrigues aprovou a Lei

Municipal n˚2155, que continha os objetivos e definições das áreas de intervenção.

Todo o Plano de Reurbanização deveria ser executado pela PRO-S.B.C., dentro dos

critérios estabelecidos pela lei de empresas públicas de economia mista, já

apresentado anteriormente. Neste mesmo ano definiu-se um grupo de trabalho26

para implantação do plano de reurbanização. O grupo era composto por membros

da PRO-S.B.C. (presidente Antônio Cláudio M. L. Moreira, Bona de Villa e Osvaldo

A GESTÃO INOVADORA

8926 Grupo de Trabalho definido pela portaria n˚ 6074 de agosto de 1975.

Page 91: Fabio Rakauskas.pdf

Favero) e por funcionários da administração pública direta (Secretário de

Planejamento e Economia Fernando Ortiz, Secretário de Assuntos Jurídicos José

Bueno Lima e Secretário de Obras Djalma Cruvinel Borges), que discutiriam e

aprovariam as propostas apresentadas.

O plano tinha objetivos específicos, previstos na lei, no que se referia a

melhoria das atividades comerciais e de serviços, reduzindo o tempo de

deslocamento da população, melhoria da imagem da cidade a fim de atrair a

população de classe média e acima da média que trabalhavam nas indústrias a

residirem na cidade, e melhoria das atividades coletivas, gerando pontos de

encontros favoráveis à atividades culturais e recreativas para população.

Como garantia dos objetivos e eficiência do plano, definiu-se como prioridade

a utilização de terrenos vagos, subutilizados e pequenas áreas edificadas para

utilização das novas atividades previstas no plano. Para área central previa-se novos

usos como: comércio varejista, lojas diversas, shopping-center, hipermercados,

supermercados; edifícios de escritórios e consultórios; áreas para estacionamento

de veículos, inclusive sob forma de edifício garagem; serviços diversos de

hospedagem, diversão, salas de exposições e convenções, alimentação, serviços

pessoais, bancos, reparação de pequenos aparelhos; templos religiosos; serviços

públicos; teatros, fórum, biblioteca, museu, galeria de arte; áreas de recreação; entre

outros usos definidos pela PRO-S.B.C. e pela Lei Municipal n˚1980/72. Previa-se,

também, a reserva de 20% da área para usos de áreas livres, urbanizadas,

ajardinadas e arborizadas, preservando quando possível a arborização já existente.

Outro ponto era o incentivo e a garantia de áreas para estacionamento de

veículos, definidas pela Quadro 2.3 abaixo:

A GESTÃO INOVADORA

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Page 92: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 2.3

Definição de Área de Estacionamento de Acordo com Uso

Uso Descrição Área para Estacionamento

Edifício de Apartamento Residencial< 180m² 25m²

Edifício de Apartamento Residencial> 180m² 50m²

Hotéis cada 3 apartamentos 25m²

Edifícios de Escritórios cada 80m² de área construída 25m²

Shoppings, Hipermercados, Supermercados e Estabelecimento de Serviços ou Comércio

Varejista

área destinada a estacionamento deveria ser igual a área construída

área destinada a estacionamento deveria ser igual a área construída

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 2155 de 1975. Material disponibilizado em Janeiro de 2011.

A preocupação de acomodação de veículos estacionados na área central já

era visto como um problema, em vista do estimulo ao adensamento construtivo

proposta para região. A reurbanização do Novo Centro priorizava as vias de

pedestres como um fluxo que se sobrepunha aos eixos de vias destinados a

veículos. Com isto aumentaria a demanda de veículos estacionados neste

perímetro.

Dentro do perímetro do plano havia propostas de intervenção referentes a

readequação viária, a fim de garantir a fluidez do tráfego de veículos. O primeiro era

o alargamento da avenida Pereira Barreto, avenida Senador Vergueiro e

implantação da avenida Marginal do Córrego dos Meninos27, divisa com o município

de Santo André. Por fim, propunha-se a melhoria da circulação no entorno da Praça

Samuel Sabatini, no Paço Municipal.

Com relação a mobilidade, previa-se a implantação de um sistema de

transporte elevado, de articulação regional, compostos por terminais de ônibus

urbano e interurbano, a fim de integrar o Centro Tradicional da cidade (eixo da rua

A GESTÃO INOVADORA

91

27 A implantação de uma avenida marginal na divisa com o município de Santo André já havia sido propostas em convênios intermunicipais anteriores, como já apresentado anteriormente. Porém, propunha-se o tratamento do Córrego dos Meninos através de melhorias das condições ambientais no trecho de intervenção.

Page 93: Fabio Rakauskas.pdf

Marechal Deodoro e entorno) e o Novo Centro proposto. A possibilidade de um

sistema eficiente de transporte tinha por objetivo transferir os usuários existentes da

área central, que não estivessem compatíveis aos usos previstos na reurbanização.

Assim, as intervenções particulares inseridas nesta área deveriam submeter-se à

prefeitura, através da apresentação de diretrizes e estudos preliminares contendo

programa funcional.

A partir das diretrizes definidas pelo grupo de trabalho, o arquiteto e urbanista

Jorge Wilheim e equipe28, contratado através da PRO-S.B.C., elaborou o projeto do

Novo Centro. A proposta inicial, entendida como um remanejamento urbano,

apresentava 17 etapas que se agrupavam em quatro momentos do processo de

elaboração e conclusão do projeto. Estes momentos se dividiam em dados

conceituais, programa específico, ante-projeto e dados para implantação. Com

relação as etapas de trabalho, eram organizadas em funções urbanas de um centro,

otimização das qualidades, soluções de deficiências, identificação dos sistemas de

vida, atividades para o Novo Centro, compreensão das condições locais, elaboração

de um modelo ideal de centro efetivamente novo, elaboração de programa do Novo

Centro, elaboração de ante-projeto e por fim, a implantação do projeto propriamente

dito (WILHEIN, 1973).

O projeto tinha como entendimento que a área central de São Bernardo do

Campo deveria refletir a escala e estrutura metropolitanas de São Paulo,

compreendendo sua pertinência à aglomeração paulista, mantendo, entretanto,

características da peculiaridade local.

Como funções centrais o projeto utilizou-se do que se chamou de “Matriz

Gerada da Enumeração Regrada das Funções Centrais”, que tinha como objetivo

entender como combinavam-se as funções urbanas junto aos agrupamentos sociais.

Esta matriz permitia classificar as atribuições de responsabilidades no âmbito da

iniciativa dos órgão públicos, iniciativa privada e de interesse público.

A GESTÃO INOVADORA

92

28 Jorge Wilhein, Cláudio Gusmão, Csaba Deak, Volker Link, Claudio Buarque, Lea Lefevre, Sylvio Sawaya, Elisabeth Carvalho, Edson Ueda, Rosa G. Kliass

Page 94: Fabio Rakauskas.pdf

Outro ponto que estabelecia diretrizes para o projeto era a questão de

integração da rede de centros que formariam um centro de escala submetropolitana,

entre São Bernardo do Campo e Santo André. Estes dois centros articulariam-se

principalmente através de um sistema indutor de Trem Expresso Elevado com

percurso do centro do município de Santo André, passando pelo centro de São

Bernardo do Campo, seguindo para fábrica da Volkswagen a margem da rodovia

Anchieta.

Figura 2.3 - Croqui esquemático da proposta de percurso do Trem Expresso Elevado.Fonte: WILHEIN, 1973.

Atualmente a administração pública, juntamente com o Governo do Estado e

Federal, investem na implantação de um Metro Leve elevado de integração

metropolitana, ligando São Paulo ao bairro Alvarenga em São Bernardo do Campo.

Apesar de percursos distintos entre a proposta no Novo Centro e atual metro, é

possível notar que a proposta de 1974 era um tanto inovadora.

A GESTÃO INOVADORA

93

Page 95: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 2.4 - Croqui esquemático exemplificando o trem elevado em Wuppertal na Alemanha.Fonte: WILHEIN, 1973.

Com relação a acessibilidade interna local do Novo Centro, o pedestre seria

prioridade, onde uma série de praças (grandes, médias e pequenas) articulariam-se

em meio aos demais serviços e atividades da área central, e os veículos teriam

acessos específicos em atendimento a habitações, edifícios públicos, shopping

center etc. No caso de longas distâncias nas áreas de domínio do pedestres

pensou-se em meios de locomoção como bondinhos e passarelas móveis

(WILHEIN, 1973).

A GESTÃO INOVADORA

94

Page 96: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 2.5 - Croqui esquemático exemplificando o bonde de San Antonio, New Town, EUA.Fonte: WILHEIN, 1973.

A proposta para um Novo Centro de São Bernardo do Campo fazia do projeto

uma referência importante, já que seria a primeira intervenção no Brasil de um

centro especialmente projetado. A idéia de substituir o obsoleto centro antigo

tradicional, que já não atendia as necessidade da época, trouxe modernas

concepções urbanísticas para a cidade.

O programa básico final do projeto contemplava um shopping center integrado

com hipermercado e comércio diversificado, centro de serviços para escritórios,

consultórios, bancos, hotéis e comércio especializado, centro de lazer com cinemas,

teatros, restaurantes, bares, centro cívico, teatro, biblioteca, museu, apartamentos

para 10 mil pessoas, garagens, estacionamentos e áreas verdes.

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Page 97: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 2.6 - Esquema de implantação do Novo Centro.Fonte: PROSBC, 1975.

Atualmente esta área (Figura 2.6), da antiga fábrica Tognato, encontra-se em

fase de transformação através de grandes investimentos pela iniciativa privada

através de empreendimentos imobiliários, porém sem grandes investimentos, por

parte do poder público, em infraestrutura urbana do entorno, gerando grande

impacto para a região central.

2.1.1.2. Plano de Urbanização do Parque Industrial dos Imigrantes - 1974

A fim de estimular o desenvolvimento econômico do município, através de

ofertas de novas áreas para implantação de indústrias, antevendo o impacto da

implantação da rodovia Imigrantes (já em obras), criou-se em 1974, o Plano de

A GESTÃO INOVADORA

96

Page 98: Fabio Rakauskas.pdf

Urbanização do Parque Industrial dos Imigrantes29. O plano seria executado pela

PRO-S.B.C., a partir das diretrizes dadas pela Secretaria de Planejamento e

Economia do município.

A urbanização do Parque Industrial tinha objetivos específicos: incentivar a

implantação de novas indústrias e expansão das já estabelecidas, ofertando novas

áreas para o crescimento; orientar e ordenar a ocupação entre as rodovias Anchieta

e Imigrantes, considerando a implantação do futuro Anel Ferroviário, prevendo a

implantação de infraestrutura urbana adequada no trecho de intervenção, através de

vias de acesso, vias de circulação interna, abastecimento de água, rede de esgoto e

águas pluviais, energia elétrica e sistema de comunicação. Assim, previa-se o

incentivo a usos compatíveis de centros de serviços de apoio a indústria e

população.

O Plano de Urbanização deveria garantir seu desempenho através de

diretrizes prevista pela intervenção. Em termos de acessibilidade, o plano garantiria

o acesso ao transporte de passageiros e cargas, proporcionados pelas rodovias

Anchieta e Imigrantes, e futuramente o Anel Ferroviário, e pátio de manobras.

Reservaria áreas a fim de garantir tratamento paisagístico e ambiental de alta

qualidade nos lotes industriais, através plantio de árvores, tratamentos de cercas e

muros e áreas vazias. Previria nos lotes industriais áreas para estacionamento de

veículos e terminal de ônibus em proporções determinadas por lei. Com relação aos

trecho de intervenção que integrassem a Região Metropolitana (ligação Anchieta-

Imigrantes), previa-se a implantação de sistema viário básico de atravessamento à

área de intervenção. Toda e qualquer intervenção no perímetro do plano deveria

seguir as regulamentações da Zona Exclusivamente Industrial, dadas pela Lei

Municipal n˚1980/72.

Porém, de acordo com Levi (1991, p.19)

A permanência do processo de crescimento industrial em seus

próprios limites, o Bairro Cooperativa e adjacências foi transformado

no Parque Industrial da Imigrantes. Este fato gerou conflito com a

A GESTÃO INOVADORA

97

29 O Plano de Urbanização do Parque Industrial dos Imigrantes foi criado em 28 de agosto de 1974, pelo prefeito Geraldo Faria Rodrigues, através do Decreto n˚3985.

Page 99: Fabio Rakauskas.pdf

edição da Legislação Estadual de Proteção ao Mananciais em 1975 e

1976, conflito este que permanece ainda hoje pendente de solução e

agravado pela pressão por ocupação residencial.

Figura 2.7 - Mapa do perímetro do Plano de Urbanização do Parque Industrial ImigrantesFonte: PROSBC, 1973.

Apesar do incentivo à industria no perímetro definido a área também seria

ocupada por moradias irregulares ao redor das indústrias.

2.1.2. Elaboracão do Plano de Desenvolvimento Integrado do Município: 1974-1977

Em 1974 iniciou-se a elaboração dos estudos do que seria o Plano de

Desenvolvimento Integrado, através da assessoria do escritório Jorge Wilheim

A GESTÃO INOVADORA

98

Page 100: Fabio Rakauskas.pdf

Arquitetos Associados. O trabalho tinha como conceito principal o entendimento de

um processo de planejamento e não de um produto.

O PDIM, previsto pelo PGG e pela PRO-S.B.C., tinha como objetivo

assegurar a melhoria da qualidade de vida dos munícipes de São Bernardo do

Campo, com horizonte de 10 anos, em seus mais amplos aspectos, antecipando-se

em ações necessárias, a fim de proporcionar os meios necessários às deliberações

governamentais, oferecendo parâmetros que balizariam a administração pública em

suas políticas municipais. O plano, foi aprovado em 1977 pelo prefeito Geraldo Faria

Rodrigues, através da Lei Municipal n˚2271, porém revogado no mesmo ano, pelo

prefeito Antônio Tito Costa, através do Decreto n˚5497, alegando irregularidade no

processo de aprovação na Câmara e na própria estrutura do PDIM. No entanto,

conforme a explicação de Levi (1991, p.38) o plano

Tratava-se de um trabalho que conseguiu produzir diagnósticos

importantes sobre a vida econômica e social do município e seu

entorno metropolitano, mas um trabalho cujas finalidades de

normatização dos processos de assentamento e ocupação territorial

não foram alcançadas. Não houve, naquela época de regime militar e

de centralização autoritária de recursos públicos, um entrosamento

suficiente entre os poderes executivo e legislativo locais para permitir

uma institucionalização do plano diretor do município.

O plano, enquanto instrumento de moderna técnica administrativa, planejava

a ação do poder público de maneira permanente e contínua, retroalimentando o

processo de planejamento, onde os novos fatos sobrepunham à realidade em que

fora baseado o plano anterior. Acreditava-se que a preservação do processo de

planejamento era suficientemente ágil para sobreviver, na qual o produto final do

planejamento seria um rol de opções atualizadas, dando aos administradores

políticos alternativas de ação para uma continuidade administrativa. O PDIM tinha

dois objetivos principais: o primeiro permitia uma ação de curto prazo pelo poder

público, através de diagnósticos e conclusões do início da elaboração dos trabalhos;

o segundo era a implantação do processo de planejamento contínuo, através de

uma lei de zoneamento que estimulasse o adensamento das áreas urbanizadas

(WILHEIM, 1976).

A GESTÃO INOVADORA

99

Page 101: Fabio Rakauskas.pdf

Segundo Wilheim (2009) a dinâmica da evolução urbana metropolitana

demandava um planejamento de processo contínuo e interativo, onde o município de

São Bernardo do Campo, por consequência inserido na Região Metropolitana de

São Paulo, demandava tal necessidade. A área metropolitana da Grande São Paulo

era definida em lei por cinco principais áreas de atuação que influenciavam

diretamente o planejamento municipal: Desenvolvimento Econômico Social; Uso do

Solo; Sistema Viário; Saneamento Básico e Preservação do Meio Ambiente

(WILHEIM, 1974).

Em conjunto ao PDIM havia o PGG, já apresentado anteriormente. Com

horizonte de quatro anos, consolidava a Política Municipal nos termos estabelecidos

pelo prefeito, compatibilizando o campo de atuação prioritária junto as diretrizes do

governo com os recursos disponíveis e as alternativas de intervenções e ação

estabelecidas pelo PDIM. (WILHEIM, 1976). As diretrizes levavam em conta

perspectivas de âmbito Federal e Estadual, baseado no II Plano Nacional de

Desenvolvimento e o Plano de Desenvolvimento Integrado (WILHEIM, 1974).

O trabalho dividia-se em sete capítulos, nomeados de Tomo, sendo eles:

Legislação; Proposições Sociais; Proposições Econômicas; Proposições Físico-

Territoriais; Proposições de Investimento; Estudos Preliminares e Projetos. Este

trabalho era composto de 70 relatórios, elaborados pela Secretaria de Planejamento

e Economia da prefeitura de São Bernardo do Campo, consultorias externas e

demais empresas. Vale ressaltar que entre consultores e empresas contratadas

estavam nomes como Flávio Villaça, Jorge Wilheim entre outros (PDIM, 1977).

A GESTÃO INOVADORA

100

Page 102: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 2.4

Quadro de Organização dos Relatórios do PDIM - 1977

Capítulos Volume Parte

Tomo 1Legislação

1 1 - Projeto de Lei do PDIM

Tomo 1Legislação

2 2 - Mapas anexos ao Projeto de Lei do PDIM

Tomo 1Legislação

3 3 - Emendas ao Projeto de Lei do PDIMTomo 1Legislação 4 4 - Lei n˚ 2240/76 - Reforma Administrativa

Tomo 1Legislação

5 5 - Processo de Planejamento de São Bernardo do Campo

Tomo 1Legislação

6 6 - Lei do PDIM

Tomo 2Proposições Sociais

7 1 - Educação, Saúde, Promoção Social, Recreação e Esportes

Tomo 2Proposições Sociais

8 2 - Habitação, Áreas PrecáriasTomo 2

Proposições Sociais 9 3 - Plano de Ação Estratégica de Desenvolvimento SocialTomo 2

Proposições Sociais

10 4 - Plano de Ação Estratégica de Desenvolvimento Social

Tomo 2Proposições Sociais

11 5 - Caracterização Social - Mapas 27 a 37

Tomo 3Proposições Econômicas

12 1 - Indústria, Comércio, Serviços, Finanças MunicipaisTomo 3

Proposições Econômicas

13 2 - Análises e Perspectivas IndustriaisTomo 3

Proposições Econômicas

14 3 - Demografia e Força de Trabalho

Tomo 4Proposições Físico-

Territoriais

15 1 - Organização Territorial, Estrutura Urbana, Equipamentos

Tomo 4Proposições Físico-

Territoriais

16 2 - Caracterização Geral das Zonas Homogêneas

Tomo 4Proposições Físico-

Territoriais

17 3 - Estrutura Urbana - Mapas 38 a 50

Tomo 4Proposições Físico-

Territoriais

18 4 - Sistema de Transportes - Mapas 51 a 58Tomo 4

Proposições Físico- Territoriais

19 5 - Sistema de Transportes - Mapas 59 a 67Tomo 4

Proposições Físico- Territoriais

20 6 - Estudo de Transportes - 1974 e 1984

Tomo 4Proposições Físico-

Territoriais

21 7 - Pesquisas de Tráfego

Tomo 4Proposições Físico-

Territoriais

22 8 - Listagens do Estudo de Transportes - 1974

Tomo 4Proposições Físico-

Territoriais

23 9 - Listagens do Estudo de Transportes - 1984

Tomo 5Proposições de

Investimento

24 1 - Proposta de Programa Global de Governo - 1977 a 1980 - Prioridades de ImplantaçãoTomo 5

Proposições de Investimento 25 2 - Prioridades de Implantação - Mapas 68 a 79

26 1 - Proposições Preliminares - Área Física

27 2 - Proposições Preliminares - Área Econômica

28 3 - Pesquisa Sócio-econômica

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101

Page 103: Fabio Rakauskas.pdf

Capítulos Volume Parte

Tomo 6 Estudos Preliminares

29 4 - Dados para o Planejamento - Avaliação

Tomo 6 Estudos Preliminares

30 5 - Relatório EDAP - Educação, Habitação

Tomo 6 Estudos Preliminares

31 6 - Relatório EDAP - Saúde, Promoção Social, Recreação e EsporteTomo 6

Estudos Preliminares 32 7 - Relatório Hidrobrasileira - Indústria, Finanças MunicipaisTomo 6

Estudos Preliminares

33 8 - Relatório Hidrobrasileira - Comércio e Serviços

Tomo 6 Estudos Preliminares

34 9 - Relatório Hidrobrasileira - Demografia e Força do Trabalho

Tomo 6 Estudos Preliminares

35 10 - Relatório Jorge Wilheim

Tomo 6 Estudos Preliminares

36 11 - Relatório Jorge Wilheim - Mapas 1 a 12

Tomo 6 Estudos Preliminares

37 12 - Relatório Jorge Wilheim - Mapas 13 a 26

Tomo 7Projetos

38/41 01/04 - Plano de Distribuição de Água

Tomo 7Projetos

42/43 05/06 - Plano de Defesa contra Enchentes

Tomo 7Projetos

44/45 07/08 - Canalização do Ribeirão dos MeninosTomo 7Projetos 46/47 09/10 - Microdrenagem das Vilas Império, Helena e VivaldiTomo 7Projetos

48/51 11/14 - Sistema Viário Básico - Projeto Horizontal

Tomo 7Projetos

52/55 15/18 - Parque Industrial dos Imigrantes

Tomo 7Projetos

56/70 19/33 - Centro Tradicional Renovado

Fonte: PMSBC - Plano de Desenvolvimento Integrado, 1977. Material disponibilizado em agosto

de 2010.

A idéia inicial, de acordo com Wilheim (2009) não era um desenho de

urbanismo, e sim um plano de desenvolvimento no qual levasse em conta o

crescimento da cidade, através da integração entre secretarias. Um dos objetivos

iniciais era de que o plano tivesse ações estratégicas imediatas, atreladas num

processo de longo prazo, resolvendo os problemas urbanos da época. Outro

objetivo, sendo este central, era a ampliação de oportunidades de integração de

todos os grupos da população das comunidades locais.

No início da concepção foram determinadas algumas diretrizes estruturais

que nortearam o plano, dentre elas: grande reforço na área central, tornando-o mais

A GESTÃO INOVADORA

102

Page 104: Fabio Rakauskas.pdf

denso e verticalizado; aumento das ligações viárias no eixo leste-oeste, distribuindo

em seus cruzamentos pólos de transformação, diminuindo a importância do centro e

transformando a cidade em subcentros articulados; desenvolvimento de linearidades

ao longo dos eixos viários leste-oeste, mantendo a área central verticalizada;

escolha de pontos estratégicos, ao longo destes eixos, para reforço da área central,

através de equipamento urbanos que adensassem estrategicamente (idem, 2009).

A elaboração de um plano deve ter em vista dois sistemas: o sistema de

estrutura (cidade e seus elementos) e o sistema de vida (pessoas). Os sistemas de

vida criam oportunidades a as necessidades a serem atendidas, como por exemplo,

o trajeto de um estudante (casa, caminho, banca, escola etc). Quando há um uso

intenso de um mesmo sistema, este se torna importante (ibdem, 2009).

Como primeira etapa dos trabalhos foi elaborado um relatório, em 1974,

contendo resultados da primeira fase do PDIM. Este deu base a toda elaboração

subsequente do plano. O relatório apresentava 18 elementos significativos para

qualidade de vida urbana que o plano deveria considerar, sendo eles: a mobilidade

da população; acessibilidade ao centro principal; acessibilidade ao emprego;

equipamentos coletivos compatíveis com as faixas de população de baixa renda;

equipamentos de cultura compatíveis com todas as faixas de renda; padrões de

habitação para faixas de renda baixa; incremento de renda; centros comunitários

(ponto de referência, encontro, identificação, imagem da unidade ambiental);

adensamento; infraestrutura de água, esgoto e drenagem; poluição do ar; poluição

da água; integração leste-oeste; integração regional; área central; áreas verdes

urbanas; habitações precárias e espaços de preservação.

O relatório tratava também de objetivos físico-territoriais, que permitiam a

formulação de objetivos setoriais a serem alcançados, almejados pela população.

Os objetivos eram divididos em três categorias, sendo elas a de Integração Urbana,

Integração Metropolitana e a de Preservação e Meio Ambiente.

A GESTÃO INOVADORA

103

Page 105: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 2.5

Objetivos Físico-Territoriais do Relatório Inicial do PDIM

Objetivo Geral Objetivos de Atendimento

Integração Urbana

Melhoria da acessibilidade urbana, assegurando maior mobilidade da população, proporcionando sistemas viários e de transportes.

Integração Urbana

Hierarquizar centros, gerando pólos de atividades terciárias e equipamentos, objetivando um equilíbrio em sua distribuição, e consequentemente um

atendimento mais homogêneo da população.

Integração Urbana

Dinamizar a área central, visando sua consolidação e favorecendo o desenvolvimento das atividades econômicas e culturais, para as quais essa

localização é essencial.

Integração Urbana

Disciplinar a estrutura urbana, através da distribuição equilibrada dos usos urbanos, dinamização dos centros terciários, adensamento do uso residencial e

uma racionalização do sistema de transporte coletivo.

Integração Urbana

Atender as áreas precárias com a implantação de equipamentos básicos de uso coletivo, melhorias no atendimento em infraestrutura e definição de uma política

habitacional adequada ao quadro sócio-econômico desta população.

Integração Urbana

Resolver o problema da falta de abastecimento de água, através de um aumento da cota de fornecimento e da expansão racional da rede pública de distribuição.

Integração Urbana

Resolver o problema de coleta de esgotos, através da implantação de rede interceptora principal e secundária e de ampliação da rede coletora.

Integração Urbana

Promover obras de drenagem e controle de enchentes, de acordo com padrões estabelecidos nos termos de referência do plano global de defesa contra

enchentes da Secretaria de Planejamento do Município de São Bernardo do Campo.

Integração Urbana

Promover o aumento do índice de área verde por habitante, a fim de criar áreas de recreação ativa e preservar a paisagem natural e meio ambiente, propiciando

um melhor equilíbrio entre áreas construídas e livres.

Integração Metropolitana

Proporcionar a melhoria da acessibilidade metropolitana, através da integração dos sistemas viários e de transportes urbanos com os sistemas da Grande São

Paulo.

Integração Metropolitana

Reforçar a função, dentro do contexto metropolitano, de São Bernardo do Campo, como pólo secundário de prestação de serviços, estimulando seu

desenvolvimento com a implantação de equipamentos de nível de atendimento regional, de infra estrutura e reserva de áreas adequadas.

Integração Metropolitana

Adequar o sistema de cadastro municipal ao sistema de cadastro técnico metropolitano, através da utilização de unidades de referência padrão.

Integração Metropolitana

Eliminar enchentes através de plano de prevenção global observando seu caráter metropolitano.

Integração Metropolitana

Atuar junto à Sabesp e municípios vizinhos no sentido de efetivar a implantação metropolitana de esgotos.

Integração Metropolitana

Atuar junto à Sabesp no sentido de aumentar a cota de fornecimento de água do município.

A GESTÃO INOVADORA

104

Page 106: Fabio Rakauskas.pdf

Objetivo Geral Objetivos de Atendimento

Integração Metropolitana

Assumir a função de área de lazer e turismo da Grande São Paulo, com a utilização do potencial de seus recursos naturais.

Integração Metropolitana

Diminuir índices de poluição industrial, através de regulamentação e controle dos agentes poluidores.

Integração Metropolitana

Preservar os recursos naturais do município, observando seu carater de reserva natural da área metropolitana.

Integração Metropolitana

Reservar área adequada para implantação de equipamentos de saúde no município.

Preservação do Meio

Ambiente

Disciplinar a implantação industrial indiscriminada no município, evitando o conflito com os outros usos urbanos.

Preservação do Meio

Ambiente

Diminuir a taxa de poluição do ar a valores satisfatórios, através de programas de combate e regulamentação de agentes poluidores.

Preservação do Meio

Ambiente

Aumentar o índice de área verde por habitante objetivando a melhoria da vida urbana.Preservação

do Meio Ambiente Resolver o problema de enchentes no município a fim de evitar a deterioração do

meio ambiente.

Preservação do Meio

Ambiente

Sanear a Represa Billings, face à sua condição de manancial abastecedora da Grande São Paulo.

Preservação do Meio

Ambiente

Preservar a paisagem natural, através da proteção de seus principais elementos e ocupação por usos adequados.

Fonte: PMSBC - Plano de Desenvolvimento Integrado - Relatório da 1˚ Fase, 1974. Material disponibilizado em agosto de 2010.

Os programas estabelecidos pelo PGG dever iam or ientar-se,

obrigatoriamente, pelas diretrizes e objetivos dados pelo PDIM. O plano por sua vez

seria atualizado pela Secretaria de Planejamento e Economia e implementado pelo

Grupo Central de Planejamento30 (GCP) e pelos Grupos de Planejamento Setorial

(GPS). As diretrizes nas áreas social, de saneamento básico, físico-territorial,

econômica e financeira que dariam suporte aos objetivos já citados:

A GESTÃO INOVADORA

105

30 O Grupo Central de Planejamento era um órgão subordinado à Secretaria de Planejamento e Economia e tinha a incumbência de organizar a elaboração dos relatórios das atividades da Administração Direta e Indireta da prefeitura, em especial daria assessoria aos Grupos de Planejamento Setorial.

Page 107: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 2.6

Diretrizes Gerais do PDIM

Áreas Diretrizes

Área Social

Atendimento de 50% da população infantil (faixa etária de três a seis anos)

pertencentes a famílias de baixa renda, com reforço do Governo do Estado e incentivo da iniciativa privada no auxilio ao desenvolvimento físico, intelectual,

sensorial e integração social da criança;

Área Social

Construção de escolas, através do Estado, para ensino de 1˚ e 2˚ grau para pleno

atendimento da população;

Área Social

Gerar profissionais para o sistema produtivo através do incentivo na formação de

profissionais;

Área Social

Promover o aumento do nível cultural da população através da ampliação e implantação de centros culturais, teatros, bibliotecas, museus etc., programas e

atividades culturais, de lazer em Centros de Bairros e Centros de Setor;Área Social

Ampliação dos serviços ligados a assistência à maternidade;Área Social

Melhora no atendimento hospitalar de emergência;

Área Social

Promover o aumento de leitos hospitalares através do incentivo a ampliação da

rede privada;

Área Social

Melhora dos centros de saúde;

Área Social

Colaboração nas campanhas de vacinação, controle sanitário, entre outros;

Área Social

Dar acesso a população às áreas de lazer adequadas, integradas ao Sistema de

Áreas Verdes e Recreação e a estrutura urbana;

Área Social

Orientar tecnicamente a população na autoconstrução ou substituição gradativa

das habitações a fim de gerar melhores condições de habitabilidade;

Saneamento Básico

Plano Setorial de PDIM de Defesa contra Enchentes

Saneamento Básico

Melhoria das redes de microdrenagem em pontos específicos com problemas de

enchente, visando melhoria da macrodrenagem;

Saneamento Básico

Rede de distribuição de água potável mais eficiente, atendendo a totalidade da

área urbanizada do município, convênios com a SABESP;

Saneamento Básico

Garantir abastecimento ao complexo industrial sem prejudicar o abastecimento

da população;Saneamento

Básico

Solucionar problemas da poluição das águas superficiais (Bacias do Ribeirão dos Meninos, Ribeirão dos Couros e Represa Billings) através de convênios com o

Governo Estadual na interceptação de emissão de esgoto industrial irregular;

Saneamento Básico

Política de controle da poluição do ar

A GESTÃO INOVADORA

106

Page 108: Fabio Rakauskas.pdf

Áreas Diretrizes

Proteção da Bacia da Represa Billings

Físico-Territorial

Desenvolvimento das funções urbanas compatibilizadas aos uso industriais

dominantes, garantindo acessibilidade em diversas localidades;

Físico-Territorial

Compatibilização de programas e projetos municipais com a organização da área

metropolitana de São Paulo;

Físico-Territorial

Definir usos específicos das três grandes áreas de escoamento das águas superficiais como: Bacia Hidrográfica do Ribeirão dos Meninos e Ribeirão dos

Couros - atividades urbanas; Bacia Hidrográfica da Represa Billings - atividades de recreio de baixa densidade populacional, concentrar atividades industriais no

Parque Industrial dos Imigrantes e centralizar as atividades urbanas no Distrito do Riacho Grande e Taquacetuba em atendimento as famílias de baixa renda;

vertentes marítimas, atividades rurais e reservas florestais;

Físico-Territorial

Consideração do Sistema de Transporte Urbano: Agentes (pessoas e

mercadorias); Meios (veículos) e Sistema Viário (canais de comunicação);

Físico-Territorial

Reorganização do sistema viário das redes maiores, integrados no sistema

estadual e metropolitano, com foco principal na rodovia Imigrantes e ferrovias;

Físico-Territorial

Melhor desempenho do sistema viário em malha, através da reorganização

hierárquica das vias arteriais, coletoras e locais;

Físico-Territorial

Construção de trevos nas rodovias Anchieta e Imigrantes, a fim de melhorar a

acessibilidade do município;

Físico-Territorial

Melhor acesso ao centro urbano;

Físico-Territorial

Organização do sistema viário de pedestre (subsistema) - calçadas, passagens

protegidas e sinalizadas, espaços urbanos específicos de pedestre;Físico-

TerritorialImplantação de faixas exclusivas para transporte público com sistema eletrificado;

Físico-Territorial

Dar condições para que município tenha integração ao sistema metroviário;

Físico-Territorial

Concentrar as plantas industriais para áreas como parques ou distritos industriais;

Físico-Territorial

Implantação do Parque Industrial dos Imigrantes - centro de indústrias de alta

tecnologia;

Físico-Territorial

Prever áreas para comércio atacadista regional de fácil acesso metropolitano;

Físico-Territorial

Criar complexo rodo-ferroviário de armazéns e entrepostos regional, através da

organização do Pátio Intermodal de Cargas;

Físico-Territorial

Conter a expansão urbana, promovendo o adensamento na área já urbanizada, a fim de ocupar os espaços vazio ou subtilizados, otimizando a infraestrutura

urbana já existente;

A GESTÃO INOVADORA

107

Page 109: Fabio Rakauskas.pdf

Áreas Diretrizes

Implantação de sistema de centros constituídos (comércio, serviços, área de recreio, de lazer e institucionais) e hierarquização de centros (Centro Urbano,

Centro de Setor, Centros de Bairros, Centros de Vizinhança);

Implantação do Novo Centro Comercial e do Centro Tradicional Renovado;

Implantação de Sistema de Parques: Parque de Vizinhança (raio de 500 metros); Parque de Bairro (dois quilometros); Parque de Setor e Parque Urbano equipados

com áreas verdes lineares, constituindo o Sistema de Áreas Verdes e Recreação;

Projetos de urbanização em áreas vazias no meio urbano, a fim de aproveitar o

potencial indutor;

Área Econômica e Financeira

Entendimentos com órgãos federais e estaduais;

Área Econômica e Financeira

Desenvolvimento da função urbana industrial (condição geo-econômica de São Bernardo do Campo), a fim de reforçar as exportações de produtos

manufaturados em âmbito nacional;Área

Econômica e Financeira

Política de diversificação do parque fabril;Área

Econômica e Financeira

Promover dinamismo do centro comercial e prestação de serviços de apoio a

indústria;

Área Econômica e Financeira

Pátio Intermodal como Complexo Distribuidor de Cargas regional;

Área Econômica e Financeira

Criar centro redistribuidor de produtos hortifruti-granjeiros.

Fonte: PMSBC - Plano de Desenvolvimento Integrado - Relatório da 1˚ Fase, 1974. Material disponibilizado em agosto de 2010.

Uma das propostas físico-territoriais era a proposta dos sistema de centros

urbanos nomeadas de “Redes de Centro”. A Redes de Centro era entendida como

um conjunto de áreas destinadas a implantação de equipamentos, com o objetivo de

desenvolver as atividade de comércio e serviços, administração pública, segurança,

saúde, educação, promoção social, cultura, recreação e lazer, entre outros. Sua

hierarquização se dava em função dos tipos de serviços, intensidade e frequência de

uso, do perímetro de abrangência e acessibilidade, e eram classificados como

Centro de Vizinhança, Centro de Bairro, Centro de Setor e Centro Urbano (a

quantidade de Centros estabelecidos poderiam alterar-se em função do crescimento

urbano da cidade).

A GESTÃO INOVADORA

108

Page 110: Fabio Rakauskas.pdf

Os 75 Centros de Vizinhanças, estabelecidos no plano, seriam servidos de

atividades de comércio e serviços locais, equipamentos sociais, recreacionais e de

lazer (em especial para crianças de zero a 12 anos) atuantes num raio de 500

metros, acessados sem a necessidade de utilização de transporte. Os equipamentos

teriam como características o atendimento específico e de frequência cotidiana.

Figura 2.8 - Mapa Rede de Centros propostas pelo PDIM.Fonte: PDIM, 1977.

Os 22 Centros de Bairros, estabelecidos no plano, seriam servidos, num raio

de dois quilometros, de atividades de comércio e serviços diversificados e

equipamentos sociais. Os equipamentos diversificados seriam de frequência

ocasional. A acessibilidade e interligação dos centros daria-se através de transporte

coletivo e vias coletoras, gerando um deslocamento de curto tempo numa longa

distância.

Os Centros de Setor atenderiam uma população de 200.000 habitantes, com

atividades de comércio, serviços diversificados e equipamentos sociais,

recreacionais, de lazer e serviços urbanos, sendo que os equipamentos teriam

atendimento com frequência ocasional. A acessibilidade e interligação se daria

A GESTÃO INOVADORA

109

Page 111: Fabio Rakauskas.pdf

através de transporte coletivo e vias arteriais, com possibilidade deslocamentos

rápidos a longa distância. O plano estabelecia quatro centros, sendo eles: Rudge

Ramos, Centro Tradicional, Assunção e Riacho Grande.

O Centro Urbano atenderia todo o município e região com atividades de

comércio e serviços especializados de grande porte, equipamentos sociais,

recreacionais, lazer e serviços públicos especializados, sendo os equipamentos

especializados com atendimento de frequência ocasional. A acessibilidade

aconteceria por meio de transporte coletivo, vias arteriais e expressas, de

deslocamento rápidos e longas distâncias.

Articuladas as Redes de Centro, existia a proposta de um Sistema de Áreas

Verdes e Recreação, criada com o objetivo de preservar áreas arborizadas, garantir

condições ambientais e paisagísticas em áreas públicas e privadas e implantar

equipamentos comunitários (esportivos e culturais). Este sistema seria composto por

elementos como: praças, jardins e parques públicos, equipamentos de recreação,

cultura, esporte, espaços livres públicos e privados. Estes espaços públicos eram

classificados como: parque de vizinhança; parque de bairro; parque de setor; parque

urbano; áreas verdes especiais (praças e jardins, áreas verdes lineares, parques

lineares e espaços livres especiais); áreas de lazer metropolitano e áreas para

proteção do equilíbrio ecológico. Os espaços ou áreas verdes particulares

classificavam-se como: clubes esportivo-sociais; clubes de campo e áreas

arborizadas.

Quadro 2.7

Sistema de Áreas Verdes e Recreação

Tipo de Área Verde Conteúdo e Finalidades Equipamentos

Parque Vizinhança (PV) População de Vizinhança• Play-ground• Centro Comunitário• Tratamento Paisagístico• Arborização

Parque de Bairro (PB) População de Bairro• Equipamentos de PV• Campo de Futebol• Piscinas• Quadras Poliesportivas

A GESTÃO INOVADORA

110

Page 112: Fabio Rakauskas.pdf

Tipo de Área Verde Conteúdo e Finalidades Equipamentos

Parque de Setor (PS) População de Setor• Equipamentos de PB• Cultural• Campo de Malha e Bocha

Parque Urbano (PU) População do município• Equipamentos de PS• Áreas para Pic-nic• Área de Passeio

Áreas Verdes Especiais População do município

• Ponto de Encontro• Melhoria e Integração da

Paisagem Urbana• Tratamento Paisagístico e

Arborização

Áreas para Lazer Metropolitano População Metropolitana

• Conforme orientava o Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado

Áreas de Proteção do Equilíbrio Ecológico

Área de Preservação da Fauna e Flora, bem como preservação de Recursos Hídricos (Bacia da Billings)

Fonte: PMSBC - Plano de Desenvolvimento Integrado, 1977. Material disponibilizado em agosto

de 2010.

Figura 2.9 - Mapa Sistema de Áreas Verdes proposta pelo PDIM.Fonte: PDIM, 1977

A GESTÃO INOVADORA

111

Page 113: Fabio Rakauskas.pdf

Com o objetivo de aumentar a oferta de transporte, acessibilidade e reduzir o

tempo de deslocamento foi criado o Sistema Viário Global. Este era entendido como

um sistema de vias públicas e seus elementos de conexão e travessias,

compreendido como subsistema dentro do viário estadual e metropolitano, fazendo

parte das proposições físico-territoriais do PDIM.

O sistema basicamente era organizado em três subsistemas, conforme

quadro abaixo:

Quadro 2.8

Classificação e Função do Subsistema Viário

Subsistema Tipo de Vias Função

Sistema Viário Básico

vias expressas, arteriais de 1˚ e 2˚ categoria, coletoras de 1˚ e 2˚ categorias

Função principal de integrar com o viário regional, estadual

e metropolitano

Sistema Viário Local vias coletoras de 3˚ categoria, vias de distribuição, acesso, vivência e serviço

Função de servir o tráfego interno dos espaços definidos

pelo Sistema Viário Básico

Sistema Viário de Pedestre

vias locais especiais, ruas de pedestres, calçadas, passeios, galerias, faixas de

pedestre, travessias, escadarias, caminhos, passagens, entre outros

espaços exclusivos

Função de garantir a circulação segura do pedestre

Fonte: PMSBC - Plano de Desenvolvimento Integrado, 1977. Material disponibilizado em agosto de 2010.

Neste período algumas vias principais já estavam em fase de implantação,

em função de planos anteriores. Uma delas era a via arterial Lauro Gomes, desde a

divisa com São Paulo até a avenida Winston Churchill. Outra avenida em fase de

implantação era a Robert Kennedy, do trecho entre a avenida Piraporinha até a

praça Giovani Breda. Com relação as vias previstas pelo plano podemos citar

algumas como principais e estratégicas, sendo elas: a ligação entre via Anchieta e

Imigrantes, que seria executada pela DERSA; extensão da avenida Lauro Gomes

até a avenida Pereira Barreto; corredor ABD no eixo da avenida Lions, passando

pela marginal do Ribeirão do Curral Grande, ao longo da divisa com Diadema;

A GESTÃO INOVADORA

112

Page 114: Fabio Rakauskas.pdf

ligação da avenida 31 de Março até avenida Piraporinha, ao longo da margem do

Ribeirão dos Couros; extensão da avenida João Firmino até a rodovia Imigrantes

(estrada dos Alvarengas). Apesar da revogação do PDIM, no mesmo ano de sua

promulgação, o plano do sistema viário foi utilizado em grande parte nos planos

posteriores, como por exemplo, o Plano de Transporte Urbano de 2002, que será

explanado posteriormente.

Figura 2.10 - Mapa Sistema Viário Básico proposto pelo PDIM.Fonte: PDIM, 1977

O PDIM propunha também um zoneamento de uso e ocupação do solo, para

todo território municipal. O zoneamento proposto era entendido, pelo plano, como

um instrumento que traduzia o plano físico, norteando a nova concepção da

estrutura urbana, a fim de gerar proposições que se transformariam em normas e

regulamentações, conduzindo o crescimento urbano no sentido desejado (PDIM,

1977).

As diretrizes do uso e ocupação do solo tinham como objetivos: adensamento

das atividade de uso residencial na estrutura urbana proposta; controle do

crescimento urbano a fim de evitar ocupações em áreas irregulares ou inadequadas

para urbanização, promovendo o adensamento em áreas já infraestruturadas;

controle da ocupação industrial, visando seu pleno desenvolvimento, porém

garantindo a proteção das zonas residenciais; estimulação da relação de identidade

A GESTÃO INOVADORA

113

Page 115: Fabio Rakauskas.pdf

entre habitante e cidade, através de um ambiente urbano agradável e atrativo para o

trabalho, moradia, recreação e circulação.

Com relação a divisão territorial, o zoneamento levou em conta o

posicionamento do município no contexto metropolitano e a necessidade de

preservação de seus recursos naturais. Em vista disso definiu-se três grandes áreas:

a primeira, ao norte, delimitada pela Bacia Hidrográfica do Ribeirão dos Meninos e

Ribeirão dos Couros, destinada a Atividades Urbanas; a segunda, logo abaixo,

formada pela Bacia Hidrográfica da Represa Billings, destinada a atividades de

recreio, ou Área de Proteção dos Recursos Hídricos; a terceira, ao sul, formada

pelas Vertentes Marítimas do município, destinada a Atividades Rurais e de

Reservas Florestais.

Figura 2.11 - Mapa do Zoneamento proposto pelo PDIM.Fonte: PDIM, 1977

As zonas se caracterizavam de acordo com o uso e a ocupação do solo,

estabelecidas nos seguintes grupos: uso habitacional, uso cotidiano, uso ocasional,

uso atacadista, uso industrial, uso de recreio e uso rural.

As zonas especiais demarcavam áreas especificas, com problemas críticos

(sociais, turísticos, industriais, de lazer e atividades centrais), os quais deveriam

A GESTÃO INOVADORA

114

Page 116: Fabio Rakauskas.pdf

receber tratamento especial a fim de solucionar os problemas. Estas classificavam-

se em: Zona Especial de Interesse Social; Zona Especial de Interesse Turístico;

Zona Especial de Interesse para o Lazer; Zona Especial de Interesse Industrial; e

Zona Especial de Atividades Centrais. Neste caso seriam elaborados estudos

específicos para cada uma das zonas, nos quais seriam definidos parâmetros e

normas específicas que regulamentariam a ocupação e utilização do solo em cada

uma das zonas.

Nas zonas que se pretendia um adensamento maior do que o exposto acima,

seriam adotados mecanismos fiscais que conduzissem aos padrões de ocupação

desejado, através de cobrança de Imposto Predial em função dos valores reais de

mercado e aplicação do Imposto Progressivo sobre terrenos vazios ou ociosos em

áreas de adensamento.

Quadro 2.9

Relação de Zonas, Uso e Coeficientes

Zonas/SubzonasZonas/Subzonas Uso PermitidoUso PermitidoTaxa de

Ocupação(máxima)

Coeficiente de Aproveitamento

(máximo)

Zonas Habitacionais - ZH

Zona Habitacional Baixa Densidade - ZH1

uso habitacional

residencial isolado

50% 1Zonas Habitacionais - ZH

Zona Habitacional Baixa Densidade - ZH1

uso habitacional

residencial em série, máximo duas unidades

50% 1

Zonas Habitacionais - ZH

Zona Habitacional Baixa Densidade - ZH1

uso habitacional

apartamento 40% 1

Zonas Habitacionais - ZH

Zona Habitacional Baixa Densidade - ZH1

uso cotidianouso cotidiano 40% 1

Zonas Habitacionais - ZH

Zona Habitacional Média Densidade - ZH2

uso habitacional

residencial isolado

60% 1

Zonas Habitacionais - ZH

Zona Habitacional Média Densidade - ZH2

uso habitacional

residencial em série, máximo seis unidades

50% 1

Zonas Habitacionais - ZH

Zona Habitacional Média Densidade - ZH2

uso habitacional

apartamento 60% 2

Zonas Habitacionais - ZH

Zona Habitacional Média Densidade - ZH2

uso cotidianouso cotidiano 60% 1

Zonas Habitacionais - ZH

Zona Habitacional Média Densidade - ZH2

uso ocasionaluso ocasional 40% 2

A GESTÃO INOVADORA

115

Page 117: Fabio Rakauskas.pdf

Zonas/SubzonasZonas/Subzonas Uso PermitidoUso PermitidoTaxa de

Ocupação(máxima)

Coeficiente de Aproveitamento

(máximo)

Zona Habitacional Alta Densidade - ZH3

uso habitacional

residencial isolado

60% 1Zona Habitacional Alta Densidade - ZH3

uso habitacional

residencial em série, máximo 6 unidades

60% 1

Zona Habitacional Alta Densidade - ZH3

uso habitacional

apartamento 60% 3

Zona Habitacional Alta Densidade - ZH3

uso cotidianouso cotidiano 50% 1

Zona Habitacional Alta Densidade - ZH3

uso ocasionaluso ocasional 40% 2

Zonas de Comércio e Serviços - ZC

Zona de Comércio e Serviço de Bairro e Vizinhança - ZC1

uso cotidianouso cotidiano 60% 1,2Zonas de Comércio e Serviços - ZC

Zona de Comércio e Serviço de Bairro e Vizinhança - ZC1

uso ocasionaluso ocasional 40% 2,2

Zonas de Comércio e Serviços - ZC

Zona de Comércio e Serviço de Bairro e Vizinhança - ZC1

uso habitacional

residencial isolado

40% 1,2

Zonas de Comércio e Serviços - ZC

Zona de Comércio e Serviço de Bairro e Vizinhança - ZC1

uso habitacional

apartamento

40% 1,2

Zonas de Comércio e Serviços - ZC

Zona de Comércio e Serviço de Bairro e Vizinhança - ZC1

uso misto habitacional + cotidianouso misto habitacional + cotidiano

60% 2,2

Zonas de Comércio e Serviços - ZC

Zona de Comércio e Serviço de Setor - ZC2

uso cotidianouso cotidiano 60% 1,2

Zonas de Comércio e Serviços - ZC

Zona de Comércio e Serviço de Setor - ZC2

uso ocasionaluso ocasional 60% 2,2

Zonas de Comércio e Serviços - ZC

Zona de Comércio e Serviço de Setor - ZC2

uso habitacional

residencial isolado ou em série

40% 1,2

Zonas de Comércio e Serviços - ZC

Zona de Comércio e Serviço de Setor - ZC2

uso habitacional

apartamento 40% 1

Zonas de Comércio e Serviços - ZC

Zona de Comércio e Serviço de Setor - ZC2

uso misto habitacional + cotidianouso misto habitacional + cotidiano

60% 2,2

Zonas de Comércio e Serviços - ZC

Zona de Comércio e Serviço de Setor - ZC2

uso misto habitacional + ocasionaluso misto habitacional + ocasional

60% 2,2

Zona Industrial - ZIZona Industrial - ZI uso ocasionaluso ocasional 50% 1Zona Industrial - ZIZona Industrial - ZI

uso atacadistauso atacadista 60% 1

Zona Industrial - ZIZona Industrial - ZI

uso industrialuso industrial 60% 1

Zona de Atividades Centrais - ZACZona de Atividades Centrais - ZAC

uso ocasional e/ou cotidianouso ocasional e/ou cotidiano 80% 6Zona de Atividades Centrais - ZACZona de Atividades Centrais - ZAC

uso habitacional apartamentosuso habitacional apartamentos 40% 6

Zona de Atividades Centrais - ZACZona de Atividades Centrais - ZAC

uso misto habitacional + cotidiano/ ocasionaluso misto habitacional + cotidiano/ ocasional

80% 6

Zonas Atacadistas - ZAZonas Atacadistas - ZA uso habitacional

residencial isolado

50% 1

A GESTÃO INOVADORA

116

Page 118: Fabio Rakauskas.pdf

Zonas/SubzonasZonas/Subzonas Uso PermitidoUso PermitidoTaxa de

Ocupação(máxima)

Coeficiente de Aproveitamento

(máximo)Zonas Atacadistas - ZAZonas Atacadistas - ZA uso

habitacional

residencial em série, máximo 6 unidades

50% 1

Zonas Atacadistas - ZAZonas Atacadistas - ZA uso habitacional

apartamento 60% 2

Zonas Atacadistas - ZAZonas Atacadistas - ZA

uso cotidianouso cotidiano 60% 1

Zonas Atacadistas - ZAZonas Atacadistas - ZA

uso ocasional uso ocasional 60% 2

Zonas Atacadistas - ZAZonas Atacadistas - ZA

uso atacadistauso atacadista 80% 2

Zonas de Recreio e Reservas Especiais Zonas de Recreio e Reservas Especiais

uso habitacional

residencial isolado

10% 0,2Zonas de Recreio e Reservas Especiais Zonas de Recreio e Reservas Especiais

uso habitacional

apartamento

10% 0,2Zonas de Recreio e Reservas Especiais Zonas de Recreio e Reservas Especiais

uso de recreiouso de recreio 10% 0,2

Zonas de Recreio e Reservas Especiais Zonas de Recreio e Reservas Especiais

zona ruralzona rural - -

Fonte: PMSBC - Plano de Desenvolvimento Integrado, 1977. Material disponibilizado em agosto de 2010.

Com a revogação do PDIM o município manteve-se numa estagnação quanto

aos investimentos públicos de grande porte que atenderia a demanda urbana já

diagnosticada pela PRO-S.B.C..

2.2. Década de 1980

A década de 1980 ficou marcada pelas transformações ocorridas no cenário

político e econômico internacional, atreladas à reestruturação produtiva. Isso gerou

grande impacto negativo nas economias das regiões industrializadas do país (REIS,

2008), com ênfase na indústria automobilística, entre elas a Região Metropolitana de

Belo Horizonte, Região Metropolitana de Porto Alegre, Região Metropolitana de

Curitiba, Região Metropolitana de São Paulo, entre outras (CORREIA, 2008).

A GESTÃO INOVADORA

117

Page 119: Fabio Rakauskas.pdf

A estagnação econômica e a obsolescência do modelo nacional

desenvolvimentista sofriam após grande período de crescimento acelerado (REIS,

2008). A economia brasileira registrava uma inflexão, ou seja, um baixo dinamismo e

expansão na produção nacional próximo a evolução demográfica. Esta

desasceleração do mercado, juntamente com a desorganização das redes de

infraestruturas e serviços precários, refletia diretamente nos grandes centros

urbanos metropolitanos (SOMEKH, 2010).

Em 1981 a indústria automobilística nacional foi atingida pela recessão. Os

efeitos da crise trouxeram uma queda de 40% na produção entre 1980 e 1981. A

criação do Pró-Alcool minimizou os efeitos da crise nos setores automobilísticos,

porém não deixou de atingir sub-áreas do setor e outras fábricas do Parque

Industrial Nacional (LEVI, 1992).

A descentralização e o aumento da autonomia política dos governos locais

constituíram-se como princípios hegemônicos nos processos de reforma do setor

público. Estes princípios demonstravam a superação ao regime autoritário do

passado. Apesar da ampliação do espaço político local, a gestão da territorialidade

ultrapassava os limites físicos dos municípios, onde geralmente suas divisas eram

demarcadas e interligadas por infraestrutura de transporte, saneamento, energia etc.

(SOMEKH, ROLNIK, 2002).

Em meio a este cenário, em dezembro de 1980 o prefeito Antônio Tito Costa,

através da Lei Municipal n˚2435, alterou o Perímetro Urbano do município,

subdividido em: Perímetro Urbano do Distrito da Sede e Perímetro Urbano do Distrito

de Riacho Grande. Porém, mantinha as exigências de uso e ocupação do solo

determinadas na Lei Municipal n˚1980 de 1972.

A GESTÃO INOVADORA

118

Page 120: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 2.12 - Evolução do Perímetro Urbano.Fonte: PMSBC, 2010.

Além do perímetro urbano, em setembro de 1981 alterou-se, também, a lei de

Uso e Ocupação do Solo de 1972, levando, através da Lei Municipal n˚2461, as

A GESTÃO INOVADORA

119

Page 121: Fabio Rakauskas.pdf

alterações, que eram basicamente com relação a recuos, gabaritos, coeficiente de

utilização e ocupação, cálculo de vagas para automóveis e restrições ambientais

dadas pela lei.

Apesar do cenário de estagnação dos anos 1980 houve um importante

investimento, através de um convênio com o Estado para criação dos corredores de

transportes públicos metropolitano.

O convênio31 foi assinado em 1984, com a Companhia Metropolitana de São

Paulo. Este tinha como objetivo a implantação das linhas do Programa

Intermunicipal de Ônibus Expresso, Componentes da Rede Metropolitana de

Trólebus da Grande São Paulo, integrando o sistema de transporte público

metropolitano a Região do ABC.

As obras tiveram início em 1985, e em 1988 inaugurou-se o corredor

Metropolitano de Trólebus, entre São Mateus (zona Leste de São Paulo) e

Jabaquara (zona Sul de São Paulo). Este corredor passava a servir os municípios de

Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema.

A linha cruzava o município de São Bernardo do Campo percorrendo o

itinerário que vinha da avenida Pereira Barreto passando pela área central, onde

havia um terminal de conexão, seguindo a avenida Lucas Nogueira Garcez e

avenida Piraporinha. Na região central implantou-se posteriormente um braço, do

corredor exclusivo de Trólebus até o fim da avenida Brigadeiro Faria Lima, no atual

Terminal Ferrazópolis.

A GESTÃO INOVADORA

120

31 O Convênio era determinado pela Lei Municipal n˚2642, assinado pelo prefeito Walter José Demarchi.

Page 122: Fabio Rakauskas.pdf
Page 123: Fabio Rakauskas.pdf

No final da década, em 1988, aprovou-se a Constituição Federal levando a

descentralização política, dando maior autonomia as municipalidades e instrumentos

básicos de políticas de desenvolvimento e de expansão urbana, exigindo que

cidades com mais de 20 mil habitantes elaborassem um Plano Diretor. Esta

descentralização política fragilizou os governos locais, promovendo uma disputa

econômica entre estados e municípios (REIS, 2008). Esta disputa levou a baixa

geração de empregos de qualidade e ausência de coordenação estratégica nacional

de desenvolvimento (SOMEKH, ROLNIK, 2002). Tal cenário demonstrava a ausência

de uma política organizacional da região metropolitana do Estado de São Paulo, e

como consequência a redução de recursos financeiros na implantação de projetos

de interesses regionais. Isto levou as municipalidades buscarem novos mecanismos

de fortalecimento de poder local a partir de ações de cooperação políticas regionais,

o que levou a criação do Consórcio Intermunicipal no Grande ABC paulista no início

da década de 1990 (REIS, 2008).

A revogação do plano inovador proposto pelo PDIM causou grande atraso na

atuação do governo quanto aos instrumentos urbanísticos. A crise da indústria na

década 1980 e os baixos investimentos em obras públicas, levaram a cidade à

saturação urbana. A crescente expansão da mancha urbana metropolitana

mostravam a necessidade da articulação entre municípios, pois os problemas

urbanos das cidades extrapolavam o território municipal.

A GESTÃO INOVADORA

122

Page 124: Fabio Rakauskas.pdf
Page 125: Fabio Rakauskas.pdf

A grande aglomeração metropolitana, característica da metrópole

contemporânea, gerava problemas, como por exemplo de mobilidade, que

extrapolavam os limites do território municipal. Este adensamento urbano crescente

dos últimos 60 anos em São Bernardo do Campo, mostravam a ineficiência dos

planos diretores, sendo necessário novos modelos de intervenção.

O processo redemocratização e de descentralização política gerado pela nova

Constituição de 1988 levou a fragilidade dos governos locais. Isso colaborou para

uma guerra econômica entre estados e município. A falta de uma política de

eficiência na organização da região metropolitana do Estado de São Paulo gerava

grande redução dos recursos financeiros para implantação dos projetos estratégicos

de interesse regional (REIS, 2008).

A abertura comercial dos anos de 1990 fez com que a indústria nacional se

tornasse mais competitiva diante do mercado internacional. As novas condições do

mercado nacional de redução de tarifas de importação, altas taxas de juros e uma

política de privatizações nasceram durante os governos de Fernando Collor de Mello

e Fernando Henrique Cardoso. Este processo trouxe grandes transformações

econômicas, principalmente para a Região do ABC paulista em função da grande

concentração de indústrias. Diante deste cenário as indústrias do setor automotivo

sentiram-se obrigadas a reestruturar-se produtivamente, tecnologicamente e

organizacionalmente. Este processo, vinculado aos mecanismos de

desregulamentação e redução do papel intervencionista do Estado na economia,

acarretou na descentralização, levando muitas indústrias a migrarem para regiões

que trouxessem baixo custo na produção. Esta combinação de descentralização

produtiva e investimentos de novas tecnologias contribuíram para diminuição dos

postos de trabalho no setor industrial (REIS, 2008).

A transferência de importantes unidades produtivas do ABC para cidades do

interior paulista deu-se em função de incentivos oferecidos como: doação de

terrenos para implantação das plantas industriais; infraestrutura viária e logística

articuladas a regiões da Grande São Paulo; isenção de impostos estaduais e locais;

empréstimos com taxas abaixo do mercado concedido pelo estado; baixo custo da

mão de obra e fuga da pressão dos sindicatos mais atuantes.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

124

Page 126: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 3.1

Brasil: Instalações e Ampliações de Empresas Automotrizes a partir de meados dos anos 1970

Ano Fábrica Local das Novas Instalações19751976197819791980198219861991

1996

Ford inaugura a fábrica em Taubaté - SPFiat inicia a produção em Minas Gerais

Mercedez-Benz inaugura a fábrica em Campinas - SPVolvo inicia a produção em Curitiba - PR

Volkswagen incorpora instalação da Chyrsler em São Bernardo do CampoAgrale inicia a produção de caminhões no Rio Grande do SulEngesa inicia a produção em São José dos Campos - SPMafersa inicia a produção em São Paulo

Volkswagen inaugura a fábrica de motores em São Carlos - SP e a fábrica de caminhões em Resende - RJ

Fonte: Anuário Estatístico da Indústria Automobilística Brasileira, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (apud ANFAVEA, 1997, REIS, 2008, p. 123).

3.1. Consórcio Intermunicipal do Grande ABC - 1990

Diante do cenário da reestruturação produtiva e desarticulação regional que

vinha sofrendo a Região do ABC, nasceu, em 1990, o Consórcio Intermunicipal das

Bacias do Alto Tamanduateí e Billings, como instituição regional e tendo seu principal

idealizador, o então prefeito de Santo André, Celso Daniel. Este novo arranjo

institucional tinha a participação dos sete municípios da região: Santo André, São

Caetano do Sul, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Diadema e São

Bernardo do Campo (CONSÓRCIO, 2010) e tinha como objetivo inicial equacionar a

depositação e o tratamento dos resíduos sólidos da região (SOMEKH, 2010). A

atuação através de políticas públicas integradas e multisetoriais davam-se por

grupos temáticos formados por técnicos das municipalidades em questão.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

125

Page 127: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 3.1 - Perímetro da Região do Grande ABC inserido na Região Metropolitana de São Paulo.

Fonte: Emplasa, 2011.

A experiência dada pelo Consórcio Intermunicipal orientou a criação, no

decorrer dos anos, de outros novos mecanismos democráticos envolvendo a

participação da sociedade civil (REIS, 2008). Dentre eles estavam: a criação do

Fórum da Cidadania do ABC (1994); da Câmara do Grande ABC (1997); do

Subcomitê da Bacia Billings (1997) e a da Agência de Desenvolvimento Econômico

do Grande ABC (CONSÓRCIO, 2010).

O ingresso dos sete municípios ao consórcio foi constituído através leis

específicas. No caso de São Bernardo do Campo a Lei Municipal n˚3599 de 1990,

assinada pelo prefeito Maurício Soares de Almeida, autorizava o Poder Executivo a

constituir o Consórcio Intermunicipal. De acordo com a lei estabelecida, o Consórcio

tinha como prioridade, em parceria com a União e o Estado, em melhorar o

abastecimento de água, condições sanitárias, ambientais, qualidade das águas,

coleta e tratamento dos resíduos sólidos, drenagem das águas pluviais com o

objetivo de controle das enchentes. Além das prioridades citadas o Consórcio

incumbia-se de articular o Planejamento do Desenvolvimento Regional, gerando

mecanismos para consultas, estudos, execução, fiscalização e controle de

atividades que afetassem a área compreendida no território dos municípios

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

126

Page 128: Fabio Rakauskas.pdf

consorciados. Neste planejamento seriam incluídos questões referentes a:

integração do sistema viário de transporte; desenvolvimento urbano e controle de

uso do solo; caracterização sócio-econômica e dinâmica demográfica;

desenvolvimento econômico e social e da qualidade de vida da população e

planejamento e desenvolvimento de serviços, obras entre outras nas áreas de divisa

com municípios consorciados.

3.1.1. Câmara Regional do Grande ABC - 1997

Em 1997 criou-se a Câmara Regional do Grande ABC, composta pela

associação do poder público (governos locais, governo estadual, governo federal e

poder legislativo) e sociedade civil organizada (entidades empresariais, sindicatos de

trabalhadores e organizações não governamentais) (REIS, 2008). Este fórum de

discussão permanente articulava negociações e criações de acordos de parcerias

nas políticas públicas, entre os sete municípios (SOMEKH, 2010).

A Câmara tinha como prioridades: desenvolvimento econômico e emprego

(política industrial e política para o setor terciário, qualificação e requalificação

profissional e capacitação tecnológica); desenvolvimento urbano e meio ambiente

(uso do solo, proteção dos mananciais, controle das enchentes, destinação dos

resíduos sólidos, circulação e transporte, saneamento básico, articulação com o

Porto de Santos); desenvolvimento social (habitação, saúde, educação, segurança

pública, esporte, lazer e cultura) e aspectos administrativos e tributários (marketing

regional, recursos financeiros, aspectos tributários, coordenação institucional) (REIS,

2008, p.82).

Com relação a mobilidade regional estabeleceu-se um planejamento regional,

a fim de articular e integrar regionalmente as operações do tráfego, os planos viários

municipais (tanto no contexto regional como metropolitano), a política de transportes

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

127

Page 129: Fabio Rakauskas.pdf

e armazenamento de cargas da região e o transporte de passageiros com

integração de metrô e trens.

Quadro 3.2

Planejamento dos Programas de Acessibilidade e Infraestrutura

Programas Subprogramas

Tráfego

1. Gestão integrada2. Sistema Viário, Circulação, Transporte Coletivo, Carga

3. Transporte Coletivo, Integração dos Sete Centros Urbanos da Região

4. Sistema Viário, Comércio e Turismo5. Proteção Ambiental

DrenagemComunicações

1. Macrodrenagem2. Telecomunicações

3. Infovias4. Intranets Municipais

Energia

Água

1. Usinas Termo-Elétricas2. Reuso (Água Industrial)

3. Efluentes e Coletor Tronco

Resíduos Sólidos

1. Gestão Integrada2. Qualidade Ambiental

3. Reciclagem4. Inclusão Social; Qualidade Ambiental

Fonte: REIS (2008, p.101).

3.1.2. Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC

Em 1998 cria-se a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC,

com o objetivo de impulsionar os trabalhos da Câmara Regional, surgindo a partir

das discussões referentes ao processo de reestruturação produtiva que afetava a

economia regional (REIS, 2008). A agência foi considerada como um instrumento

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

128

Page 130: Fabio Rakauskas.pdf

operacional, onde diagnosticava-se e propunha projetos regionais de natureza

econômica, tecnológica e territorial (SOMEKH, 2010).

Durante o amadurecimento das discussões e negociações, de forma

compartilhada, mostrou-se a necessidade de um “Plano Regional Estratégico de

2000”. Este plano tinha perspectiva de 10 anos, incluindo 40 programas, 134

subprogramas e 298 ações estratégicas, num conjunto de sete Grupos Temáticos ou

Eixos Estruturantes, sendo eles: Educação e Tecnologia; Sustentabilidade das Áreas

de Mananciais; Acessibilidade e Infraestrutura; Diversificação e Fortalecimentos das

Cadeias Produtivas; Ambiente Urbano de Qualidade; Identidade Regional e

Estruturas Institucionais e Inclusão Social (REIS, 2008).

Neste período, mais precisamente em março de 2003, os prefeitos dos sete

municípios entregaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um documento

nomeado de “Carta do Grande ABC”. Esta carta continha oito reivindicações, sendo

elas: a construção do sistema de coletor para o afastamento dos afluentes hídrico

das áreas de mananciais da Bacia Billings; implantação do trecho sul do Rodoanel;

viabilização da implantação do Ferroanel; implantação do Posto Avançado do Banco

Nacional de Desenvolvimento (BNDES); ampliação da produção do Pólo

Petroquímico; implantação da Universidade Federal do ABC; criação de um sistema

regional de Segurança Pública e reconhecimento institucional das entidades

regionais (REIS, 2008).

Outro ponto discutido foi reconversão, conservação e recuperação ambiental-

urbana através de programas como a “Requalificação Urbana com Inclusão Social” e

a “Gestão Regional”, que levavam o eixo estruturante “Ambiente Urbano de

Qualidade” a uma estratégia de desenvolvimento sustentável, juntamente com o

planejamento urbano e ambiental (REIS, 2008, p.108).

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

129

Page 131: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 3.3

Programas do Eixo Estruturante Ambiente Urbano de Qualidade

Programas Subprogramas

Requalificação Urbana com Inclusão

Social

1. Consolidação de novas centralidades (Projetos e áreas estratégicas)

2. Preservação do patrimônio histórico e cultural do ABC3. Elaboração de projeto de Recuperação Ambiental

Urbana (criação de grupo de trabalho itinerante)4. Habitação e integração das intervenções habitacionais

às ações de qualificação do ambiente

Gestão Regional: Instituições e Recursos Estratégicos

1. Implementar e potencializar as ações regionais

2. Envolver novos agentes no processo de mudança3. Implementar instrumentos urbanísticos para viabilizar

as ações

Fonte: REIS (2008, p.108).

Quadro 3.4

Principais Ações Regionais - Infraestrutura/Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (1990-2008)

Programas/Projetos/ Reinvidicações Parcerias

Plano de Macrodrenagem - 25 Reservatórios de Contenção (18 Piscinões construídos)

Consórcio Intermunicipal/Governo do Estado de São Paulo

Aterro Mauá para Depositação dos Resíduos Sólidos Consórcio Intermunicipal/Prefeituras

Construção do Sistema de Coletor Tronco Câmara Regional/Governo do Estado de São Paulo/Governo Federal

Implantação do Trecho Sul do Rodoanel Câmara Regional/Governo do Estado de São Paulo

Recuperação da Rodovia SP 31 Índio Tibiriça/ Trevo km 14 e 22 da Via Anchieta/

Avenida dos Estados no trecho Santo André e São Caetano do Sul

Câmara Regional/Governo do Estado de São Paulo

Elaboração do Plano de Integração Viária Regional ABC Consórcio Intermunicipal

Plano de Desenvolvimento de Proteção Ambiental (PDPA)

Consórcio Intermunicipal/Governo do Estado de São Paulo

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

130

Page 132: Fabio Rakauskas.pdf

Programas/Projetos/ Reinvidicações Parcerias

7Cidades: uma leitura perceptiva do Grande ABC

Câmara Regional/Faculdade Fundação Santo André/IMES

FEHIDRO - Gestão Ambiental Integrada no ABC

Consórcio Intermunicipal/Governo do Estado de São Paulo

Metodologia Plano Diretor (Publicação) Consórcio Intermunicipal/IPT/CEPAM/FINEP

Fonte: REIS (2008, p.169).

3.2. Plano Diretor de 1996

Em 1996 São Bernardo do Campo teve seu primeiro Plano Diretor em

atendimento a Constituição Federal de 1988, que obrigava os municípios com mais

de 20 mil habitantes 32 a implantar um Plano Diretor, aprovado pela Câmara

Municipal, com o objetivo de ser um instrumento básico da política de

desenvolvimento e de expansão urbana (PMSBC, 2010). Neste mesmo ano foi

aprovado, como complemento ao plano, a Lei de Uso e Ocupação do Solo e o Plano

de Diretrizes do Sistema Viário Global.

O plano, promulgado pelo prefeito Walter José Demarchi e definido pela Lei

Municipal n˚ 4434, tinha como objetivos: fazer cumprir as funções sociais da cidade,

garantir à população acesso a moradia, saneamento, abastecimento de água,

transporte, emprego, lazer educação, saúde, cultura e participação política;

fortalecimento do Poder Público Municipal em relação aos entes da Federação;

trazer dinamismo e diversidade nas atividades econômicas; ampliar o mercado de

trabalho; incentivar o assentamento populacional em locais providas de

infraestrutura, a fim de reduzir o passivo habitacional; proteger e preservar áreas de

manancial, encostas, vales, entre outros elementos do meio ambiente.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

13132 Neste período o município contava com 660.396 habitantes (PMSBC, 2009).

Page 133: Fabio Rakauskas.pdf

Com relação as políticas de desenvolvimentos, estruturadas através de

programas, diretrizes e instrumentos, definiu-se cinco eixos principais, sendo eles:

Política de Desenvolvimento Econômico; Política de Desenvolvimento Urbano;

Política de Desenvolvimento Social; Política de Meio Ambiente; e por fim a Gestão

do Plano Diretor propriamente dito, através de instrumentos, previstos no capítulo de

Política Urbana da Constituição Federal.

Quadro 3.5

Políticas de Gestão e Desenvolvimento do Plano

1. Política de Desenvolvimento Econômico1. Política de Desenvolvimento Econômico

Programa de Implementação

Programa de Acompanhamento e Divulgação do Desempenho da Economia Urbana

Programa de Implementação

Programa de Tratamento Unificado para Atividades de Interesse do municípioPrograma de

Implementação Programa de Apoio ao Desenvolvimento TecnológicoPrograma de

Implementação

Programa de Implementação do Centro de Qualificação Profissional

Programa de Implementação

Programa de Reforça das Receitas Tributárias Próprias

2. Política de Desenvolvimento Urbano2. Política de Desenvolvimento Urbano

Estrutura UrbanaDivisão Territorial

Estrutura UrbanaProgramas de Implementação

Infraestrutura Programa de Conservação de Infraestrutura

Sistema de Serviços

Abastecimento Público de Água

Sistema de Serviços

Esgotamento Sanitário e Industrial

Sistema de Serviços

Drenagem

Sistema de Serviços

Resíduos Sólidos e Limpeza PúblicaSistema de Serviços Transporte e Sistema Viário

Sistema de Serviços

Energia Elétrica e Iluminação Pública

Sistema de Serviços

Gás Natural

Sistema de Serviços

Telecomunicações

Política Habitacional

habitação como unidade integrante da cidade e interdependente da infraestrutura, equipamentos e serviços urbanos

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

132

Page 134: Fabio Rakauskas.pdf

3. Política de Desenvolvimento Social3. Política de Desenvolvimento Social

Educação Educação

CulturaCultura

EsporteEsporte

SaúdeSaúde

AbastecimentoAbastecimento

4. Política de Meio Ambiente4. Política de Meio Ambiente

Política de Proteção aos MananciaisPolítica de Proteção aos Mananciais

Controle de Poluição do Ar, Água e SoloControle de Poluição do Ar, Água e Solo

Espaços Abertos, Áreas Verdes e Espaços UrbanosEspaços Abertos, Áreas Verdes e Espaços Urbanos

4. Gestão do Plano Diretor4. Gestão do Plano Diretor

Instrumentos de Política de

Desenvolvimento Urbano

Lei de Uso e Ocupação do Solo

Instrumentos de Política de

Desenvolvimento Urbano

Política Tributária

Instrumentos de Política de

Desenvolvimento Urbano

Código Municipal de ObrasInstrumentos de

Política de Desenvolvimento

Urbano

Operações UrbanasInstrumentos de Política de

Desenvolvimento Urbano Usucapião

Instrumentos de Política de

Desenvolvimento Urbano

Desafetação e Permuta

Instrumentos de Política de

Desenvolvimento Urbano

Concessão do Direito Real de Uso de Áreas Públicas desafetadas

Instrumentos de Política de

Desenvolvimento Urbano

Desapropriação para uso de Interesse Social Específico

Instrumentos de Políticas de

Desenvolvimento Econômico e

Social

Política FiscalInstrumentos de

Políticas de Desenvolvimento

Econômico e Social

Investimento em Infraestrutura e o Zoneamento UrbanoInstrumentos de Políticas de

Desenvolvimento Econômico e

SocialOperações Integradas com Setor Privado

Instrumentos de Políticas de

Desenvolvimento Econômico e

Social Parcerias com Iniciativas Privadas, Universidades e apoio ao Desenvolvimento Tecnológico

Instrumentos de Política de Meio

Ambiente

Relatório de Impacto de Vizinhança (RIV)Instrumentos de Política de Meio

Ambiente

Medidas Corretivas ou de Retenção Temporárias de Águas Pluviais nos Terrenos

Instrumentos de Política de Meio

AmbienteSistema de Administração da Qualidade Ambiental

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 4434 de 1996. Disponibilizado em janeiro de 2011.

A Política de Desenvolvimento Econômico tinha como objetivo integrar os

centros dinâmicos da economia, de forma competitiva e sustentada, prevendo

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

133

Page 135: Fabio Rakauskas.pdf

equilíbrio na oferta de empregos e geração de renda. Com base nisso, havia as

Atividades de Interesse Estratégico, as Atividades de Interesse Especial, e as

Atividades de interesse específico.

Com relação a Política de Desenvolvimento Urbano, as diretrizes tinham

como objetivo fazer cumprir a função social do município. Esta era definida pela

estruturação urbana através da lei de uso e ocupação do solo e implementação de

programas que objetivavam a: transposição da rodovia Anchieta pelo corredor leste-

oeste; prolongamento da avenida Robert Kennedy até o bairro Paulicéia, integrando-

se ao Anel Viário Metropolitano; desenvolvimento do pólo industrial e tecnologia de

ponto, através da adequação da infraestrutura em áreas de expansão urbana. Outro

ponto importante era a política habitacional que tinha como objetivo dar alternativas

as ocupações irregulares e de degradação na Área de Proteção aos Mananciais,

através do aumento de ofertas de áreas ociosas na zona urbana, estimular a

iniciativa privada na produção de HIS, reordenamento urbanístico das ocupações

irregulares, etc.

Outro eixo era a Política de Desenvolvimento Social que tinha como diretrizes

o desenvolvimento e a utilização do município, em sua totalidade, garantindo a

população o acesso a educação, cultura, esporte e lazer, saúde e abastecimento.

A Política de Meio Ambiente tinha como diretrizes a melhoria da qualidade de

vida da população, a preservação, conservação e recuperação do meio ambiente,

através da Política de Proteção aos Mananciais, ao Controle de Poluição do Ar,

Água e Solo, aos Espaços Abertos, e Áreas Verdes e Parques Urbanos.

Por último, a Gestão do Plano Diretor, que previa um planejamento da cidade

de forma integrada e participativa, através de: Instrumentos de Política de

Desenvolvimento Urbano; Instrumentos de Políticas de Desenvolvimento Econômico

e Social; Instrumentos de Política de Meio Ambiente

O Plano Diretor em questão daria suporte, com relação as diretrizes, à

elaboração do Plano Diretor de Drenagem, Plano Diretor de Transporte, Trânsito e

Sistema Viário e Plano de Ações Integrativas.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

134

Page 136: Fabio Rakauskas.pdf

3.2.1. Lei de Uso e Ocupação do Solo - 1996

Como um dos instrumentos previstos no Plano Diretor, a Lei de Uso e

Ocupação do Solo, definida pela Lei Municipal n˚ 4446, em 1996, considerava o

mesmo zoneamento definido pela Lei Municipal n˚ 2435 de 1980, já citada

anteriormente.

Este zoneamento dividia o município em três grandes áreas nomeadas de

Área Urbana, Área de Recreio e Área de Proteção Ambiental. A Área Urbana - AU

contemplava dos Distritos da Sede e do Riacho Grande; a Área de Recreio - AR era

formada pelas bacias de contribuição direta dos reservatórios do Sistema Billings,

com exceção do Distrito do Riacho Grande e área do Reservatório do Rio das

Pedras; a Área de Proteção Ambiental - APA, formada pelo restante do município.

Quadro 3.6

Zonas e Subzonas

Zonas Subzonas

Área Urbana - AU

Zona Residencial Exclusiva - ZRE

Área Urbana - AU

Zona Residencial Tipo 1 - ZR1

Área Urbana - AU

Zona Residencial Tipo 2 - ZR2

Área Urbana - AU

Zona Residencial Tipo 3 - ZR3

Área Urbana - AUZona Comercial - ZC

Área Urbana - AUZona Especial de Comércio - ZEC

Área Urbana - AU

Corredor Comercial - CC

Área Urbana - AU

Zona Mista - ZM

Área Urbana - AU

Zona Predominantemente Industrial - ZPI

Área Urbana - AU

Zona Predominantemente Industrial Restrita- ZPIR

Área de Recreio - AR

Zona Exclusiva de Recreio - ZER

Área de Recreio - ARZona de Reserva Institucional - ZRI

Área de Recreio - ARZona Controlada de Expansão - ZCE

Área de Recreio - AR

Zona de Uso Restrito - ZUR

Área de Proteção Ambiental - APA Zona de Preservação Ecológica - ZPE

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 4446 de 1996. Disponibilizado em janeiro de 2011.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

135

Page 137: Fabio Rakauskas.pdf

3.2.2. Plano de Diretrizes do Sistema Viário Global de 1996

O Plano de Diretrizes do Sistema Viário Global, previsto no Plano Diretor, foi

definido através da Lei Municipal n˚ 4431, em 1996. O plano definia a hierarquização

e caracterização do viário municipal, compreendendo como um subsistema do

arranjo viário estadual e metropolitano. Tinha como objetivo estabelecer diretrizes

para um aumento da acessibilidade e diminuir os tempos e custos nos

deslocamentos através de execução dos planos de reforço viário.

O sistema definido era organizado em dois subsistemas, sendo um o Sistema

Viário Principal e o outro o Sistema Viário Local.

O Sistema Viário Principal tinha como função a integração do município ao

sistema viário da Região Metropolitana de São Paulo, além da articulação entre os

bairros. Este era formado pelo Sistema Viário Regional, Anel Viário Periférico e o

Mini-anel Viário. Com relação ao Sistema Viário Local, era formado pelas demais

vias que permeavam o Sistema Viário Principal.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

136

Page 138: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 3.2 - Hierarquia Viária do Plano de Diretrizes do Sistema Viário Global de 1996.Fonte: PMSBC, 2010.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

137

Page 139: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 3.7

Hierarquia do Sistema Viário Global

Sistema Subsistema Definição de Vias

Sistema Viário Principal

Sistema Viário Regionalrodovias, vias expressas, vias arteriais

principais de atravessamento e

integração regional

Sistema Viário Principal Anel Viário Periférico

vias arteriais principais e secundárias de interligação entre a maioria dos

bairros, e vias do sistema viário regional que não cruzassem a área

central da cidade

Sistema Viário Principal

Mini-anéis Viáriosvias arteriais principais e secundárias

de circulação interna ao anel periférico

ou complementar

Sistema Viário Local Vias de Tráfego Local Demais vias que permeiam o Sistema Viário Principal

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 4431 de 1996. Disponibilizado em janeiro de 2011.

Figura 3.3 - Diretrizes do Sistema Viário Global.Fonte: PMSBC, 2010.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

138

Page 140: Fabio Rakauskas.pdf

3.3. Plano de Transporte Urbano de 2002

O Plano de Transporte Urbano iniciou-se em 2002, no governo do prefeito

Maurício Soares de Almeida, através da Lei Municipal n˚ 5085, autorizando o Poder

Executivo a manter tratativas junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BID), com o objetivo de obter recursos para execução do Plano de Transporte

Urbano de São Bernardo do Campo (PTU). O plano contou com quantia de US$ 272

milhões, onde US$ 165 milhões cabia ao BID e US$ 110 milhões seria a

contrapartida do município.

A fim de garantir maior agilidade nos trabalhos a prefeitura implantou a

Unidade de Coordenação do Programa de Transporte Urbano de São Bernardo do

Campo (UCPTU-SBC). Esta atendia os requisitos de ambas as partes (BID e

município), e era vinculada ao Gabinete do Prefeito, atendendo as exigências

formais do BID. Esta coordenadoria tinha como apoio o Consórcio Enger, formada

por empresas especializadas no gerenciamento de empreendimentos financiados

por organismos internacionais. (PMSBC, 2010)

O PTU tinha como objetivo integrar diversas áreas do município e reforçar a

integração regional, visando a melhoria de mobilidade da população, através de

obras de alargamentos e prolongamentos de corredores viários. O plano contava

com 24 intervenções viárias e a construção de 3 terminais de transporte público.

No mapa (Figura 3.4) abaixo é possível que parte das intervenções são

heranças de planos anteriores como por exemplo o anel viário periférico de 1996, ou

até mesmo intervenções propostas pelo PDIM.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

139

Page 141: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 3.4 - Mapa do Plano de Transporte Urbano.Fonte: PMSBC, 2011.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

140

Page 142: Fabio Rakauskas.pdf

Tabela 3.1

Relação de Intervenções previstas pelo PTU

Intervenção Localização Tipo de Intervenção

Fase Atual (2011)

Complexo Viário Mario Covas Km 20,7 da Via Anchieta Complementação Projeto

Viaduto Assunção/ Ferrazópolis Km 22,5 da Via Anchieta Interligação Obra

Anel Viário Metropolitano Avenida Lions Transposição/ Rebaixamento Obra

Duplicação da Avenida José Odorizzi

Avenida José Odorizzi Alargamento Obra (parcial)

Duplicação da Avenida Newton Monteiro de Andrade e Conexão

com Avenida Brigadeiro Faria Lima

Acesso pela região Central ao

Viaduto Mário Covas

Alargamento Projeto

Corredor Avenida Senador Vergueiro

Trecho entre Avenida Winston Churchill e Centro

Alargamento Obra

Anel Viário Metropolitano Km 16 da Via Anchieta Conexão Projeto

Conexão entre Avenida Lucas Nogueira Garcez e Via Anchieta

Km 18 da Via Anchieta Conexão Executado

Transposição sob Anchieta Km 17 da Via Anchieta

Túnel de Transposição Projeto

Sistema Viário entre Avenida Kennedy e Via Anchieta

Km 17 da Via Anchieta

Implantação de novo viário

Executado parcialmente

(obras da Universidade

Federal do ABC)

Duplicação da Avenida Winston Churchill e nova conexão com a

Via Anchieta

Toda extensão da Avenida Winston

ChurchillAlargamento Projeto

Avenida Marginal do Córrego Linha Camargo

Córrego Linha Camargo

Implantação de novo viário Obra

Duplicacão da Rua Tiradentes Rua Tiradentes Alargamento Executado

Prolongamento da Rua KaraEntre Avenida

Pereira Barreto e Avenida Senador

Vergueiro

Prolongamento Executado (parcial)

Duplicação da Estrada Samuel Aizemberg

Estrada Samuel Aizemberg Alargamento Projeto

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

141

Page 143: Fabio Rakauskas.pdf

Intervenção Localização Tipo de Intervenção

Fase Atual (2011)

Conexão das Avenidas Lauro Gomes, Dr. Rudge Ramo e Taboão

Avenida Lauro Gomes (divisa

com São Caetano do Sul)

Conexão Projeto

Conexão de Anel Periférico com Anel Viário Metropolitano

Final da Avenida Lions, na divisa

com Santo AndréViaduto Executado

Avenida Marginal ao Ribeirão dos Couros

Entre os bairros Paulicéia e

Jordanópolis

Implantação de novo viário Obra

Prolongamento da Avenida Lauro Gomes

Acesso a Avenidada Pereira

Barreto e Praça Samuel Sabatini

Prolongamento/ Implantação de

novo viárioExecutado

Alargamento da Avenida Pereira Barreto

Trecho entre Rua Kara e Rua José

VersolatoAlargamento Executado

Duplicação da Avenida Pery Ronchetti

Trecho entre Rua Praça Maria

Amélia e Praça Samuel Sabatini

Alargamento Executado

Duplicação da Estrada dos Alvarengas

Trecho entre Praça Giovanni

Breda e Rodovia Imigrantes

Alargamento Obra

Duplicação da Estrada Galvão Bueno

Estrada Galvão Bueno Alargamento Obra

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 5085 de 2002. Disponibilizado em janeiro de 2011.

Com relação as obras prevista, algumas já elaboradas em plano anteriores,

ainda se apresentam como intervenções estratégicas de reforço viário, tanto

municipal como regional. Um exemplo é a implantação da avenida Marginal ao

Ribeirão dos Couros, ligando os bairros Paulicéia e Jordanópolis, que havia sido

prevista pelo PDIM em 1977.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

142

Page 144: Fabio Rakauskas.pdf

3.4. Plano Diretor de 2006 e a Saturação Urbana

O Plano Diretor de 2006 foi o primeiro de São Bernardo do Campo que

atendia as instruções do Estatuto da Cidade, recém aprovado. Apesar dos novos

instrumentos propostos pela lei federal, o plano gerou grande abertura a

especulação imobiliária, permitindo altos índices em áreas sem investimentos de

infraestrutura. Entre 2006 e 2010 foram implantados cerca de 110 empreendimentos

residenciais, comparados aos 141 empreendimentos implantados entre 1980 e 2005

(EMBRAESP, SECOVI, PMSBC, 2010). Antes mesmo do plano ser aprovado a área

central do cidade já contava com a lei específica de outorga onerosa33, que permitia

um coeficiente de aproveitamento de até seis. Esta delimitação específica tinha

como finalidade incentivar o aproveitamento adequado dos imóveis inseridos neste

perímetro, com o objetivo de promover o desenvolvimento urbano, econômico, social

e cultural. Esta lei sobrepunha os índices tratados na lei de uso e ocupação,

potencializando a ocupação com o aumento da taxa de ocupação, coeficiente de

aproveitamento, gabarito e recuos. Além disso os proprietários dos imóveis contidos

no perímetros de outorga poderiam utilizar os índices de ocupação desta lei

mediante ao pagamento da outorga. As receitas resultantes da contrapartidas

deveriam ser aplicadas conforme previsto no Estatuto da Cidade (art. 26, incisos I a

VIII). No caso de empreendimentos de grande impacto a prefeitura poderia solicitar

ao proprietário do imóvel a realização de obras de infraestrutura que sanassem o

impacto previsto, independente do pagamento de outorga.

Tabela 3.2

Relação de Coeficientes Conforme Usos no Perímetro da Outorga

Uso Coeficiente de Utilização

Taxa de Ocupação

Edificações mistas de uso comercial, industrial de alta tecnologia, de prestação de serviços e residencial 6,00 80%

Uso exclusivamente residencial 6,00 70%

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 5555 de 2006. Disponibilizado em janeiro de 2011.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

143

33 Em 3 de agosto de 2006 o prefeito William Dib, através da Lei Municipal n ̊ 5555, concede perímetro de Outorga Onerosa na Área Central do Município.

Page 145: Fabio Rakauskas.pdf

Para usos como cinemas, teatros, anfiteatros, salas de espetáculos,

auditórios para convenções, congressos e conferências, museus, entre outros

equipamentos de cultura e educação, não seriam computados nos cálculos de

coeficientes e gabarito.

Figura 3.5 - Perímetro da lei de outorga onerosa.Fonte: PMSBC, 2011.

No mesmo ano de 2006 o prefeito William Dib, através da Lei Municipal n˚

5593, aprova o novo Plano Diretor do Município, que atendia tanto a Constituição

Federal de 1988 como o Estatuto da Cidade.

O Plano Diretor em questão era entendido como um instrumento básico da

política de desenvolvimento e expansão urbana de caráter normativo, programático

e orientativo, de forma sistêmica, aos agentes públicos e privados atuantes na

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

144

Page 146: Fabio Rakauskas.pdf

produção e gestão da cidade, além de ser um instrumento fundamental ao Sistema

de Planejamento do Município, assim como o Plano de Governo, Plano Plurianual,

Lei de Diretrizes Orçamentarias e Orçamento Anual. Além do Plano abranger todo o

território do município, as ações do Poder Público Municipal e as políticas públicas

articulariam-se junto ao governo Estadual, Federal, integrando as ações regionais no

desenvolvimento regional e metropolitano.

Aspectos como: econômico-social, estabelecendo normas e diretrizes a fim de

dinamizar e diversificar o desenvolvimento de atividades econômicas e melhor as

condições sociais da população; espacial e físico-territorial, através da adequação

do espaço e infraestrutura com o objetivo de desenvolver a estrutura urbana

harmoniosamente; ambientais, estabelecendo normas de preservação e

recuperação do meio ambiente e dos recursos naturais; administrativo-institucional,

estabeleceriam um processo contínuo de planejamento na busca da integração

Regional, Estadual e Federal.

Os objetivos do plano eram dados em nove eixos distintos, sendo eles: o

Desenvolvimento Urbano; Desenvolvimento Econômico, Desenvolvimento Social;

Desenvolvimento Ambiental; Infraestrutura; Mobilidade Urbana, Trânsito e

Transporte; Habitação; Preservação do Patrimônio Cultural; e Uso dos Imóveis

Públicos.

Com relação ao ordenamento territorial, a Lei dividia o município em quatro

Macrozonas, subdivididas em zonas vocacionais que instituíam regras gerais de uso

do solo para cada zona, sendo estas compostas pelas Unidades de Planejamento e

Gestão. O Macrozoneamento era formado pela Macrozona de Vocação Urbana,

Macrozona Urbana de Recuperação Ambiental, Macrozona de Ocupação Dirigida e

Macrozona de Restrição à Ocupação.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

145

Page 147: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 3.6 - Mapa do Macrozoneamento do Plano Diretor de 2006.Fonte: PMSBC, 2010.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

146

Page 148: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 3.8

Relação de Zonas Vocacionais inseridas nas Macrozonas

Macrozonas Zoneamento Vocacional

MVU - Macrozona de Vocação Urbana

ZDU - Zona de Desenvolvimento Urbano

MVU - Macrozona de Vocação Urbana ZRU - Zona de Recuperação UrbanaMVU - Macrozona de Vocação Urbana

ZEE - Zona Empresarial Estratégica

MURA - Macrozona Urbana de Recuperação Ambiental

ZEE - Zona Empresarial EstratégicaMURA - Macrozona Urbana de

Recuperação Ambiental ZRUA - Zona de Recuperação Urbana e AmbientalMURA - Macrozona Urbana de Recuperação Ambiental

ZRA - Zona de Recuperação Ambiental

MOD - Macrozona de Ocupação DirigidaZAOD - Zona Ambiental de Ocupação Dirigida

MOD - Macrozona de Ocupação DirigidaZOSES - Zona Sócio-Econômica Sustentável

MRO - Macrozona de Restrição a Ocupação

ZRO-1 - Zona de Restrição à Ocupação - 1MRO - Macrozona de Restrição a

Ocupação ZRO-2 - Zona de Restrição à Ocupação - 2MRO - Macrozona de Restrição a Ocupação

ZRA - Zona de Recuperação Ambiental

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 5593 de 2006. Disponibilizado em janeiro de 2011.

A Macrozona de Vocação Urbana era subdividida em Zona de

Desenvolvimento Urbano, Zona de Recuperação Urbana e Zona Empresarial

Estratégica. Esta caracterizava-se pela grande concentração de infraestrutura e

equipamentos urbanos, situada dentro da Bacia do Rio Tamanduateí, tendo como

diretrizes: abrigar maior parte da população urbana do município; promover o

adensamento da ocupação territorial; abrigar população que necessita ser

realocada; proteger e requalificar o meio ambiente urbano, promover o saneamento

ambiental, melhoria da qualidade do ar e aumento do índice de áreas verdes por

habitantes.

Com relação a Macrozona Urbana de Recuperação Ambiental, subdividia-se

em três Zona Empresarial Estratégica, Zona de Recuperação Urbana e Ambiental e

Zona de Recuperação Ambiental. Esta situava-se na Área de Proteção e

Recuperação dos Mananciais da Bacia Hidrográfica da Represa Billings (APRM-B) e

tinha diretrizes: abrigar parte da população urbana; recuperar ambientalmente o

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

147

Page 149: Fabio Rakauskas.pdf

território alterado pelos impactos ambientais; adequar-se as novas formas de

ocupação sustentável.

Também inserida em área de manancial, a Macrozona de Ocupação Dirigida,

subdividida em Zona Ambiental de Ocupação Dirigida e Zona Sócio-Econômica

Sustentável, caracterizava-se por sua importância estratégica ambiental e sócio-

econômica, com as seguintes diretrizes: manter capacidade de produção de água;

recuperar ambientalmente o território alterado pelos impactos ambientais; adensar a

área urbana correspondente ao Distrito de Riacho Grande, controlando a expansão

urbana; compatibilizar-se ao desenvolvimento estratégico do município de maneira

sustentável.

E por ultimo, a Macrozona de Restrição à Ocupação, também situada dentro

da APRM-B e parte da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São

Paulo, formada pelas Zonas de Restrição à Ocupação e Zona de Recuperação

Ambiental. Esta caracterizava-se pela sua restrição ao uso e ocupação do solo a fim

de proteger e conservar os mananciais, seguindo as seguintes diretrizes: conservar

aspectos físico-territoriais; recuperar ambientalmente o território alterado pelos

impactos ambientais; restringir ocupação urbana; atender ao acordo do Projeto do

Milênio da Organização das Nações Unidas que tem por objetivo proteger a Mata

Atlântica e conservar como Reserva da Biosfera Verde da cidade de São Paulo.

Quadro 3.9

Esquema da Hierarquia de Macrozonas e Zoneamento

MACROZONEAMENTOMACROZONEAMENTOMACROZONEAMENTOMACROZONEAMENTOMACROZONEAMENTOMACROZONEAMENTOMACROZONEAMENTOMACROZONEAMENTOMACROZONEAMENTOMACROZONEAMENTOMACROZONEAMENTO

MVUMVUMVU MURAMURAMURA MODMOD MROMROMRO

ZONEAMENTOZONEAMENTOZONEAMENTOZONEAMENTOZONEAMENTOZONEAMENTOZONEAMENTOZONEAMENTOZONEAMENTOZONEAMENTOZONEAMENTO

ZDU ZRU ZEE ZEE ZRUA ZRA ZAOD ZOSES ZRO-1 ZRO02 ZRA

UPG (residencial/ empresarial/ ambiental)

UPG (residencial/ empresarial/ ambiental)

UPG (residencial/ empresarial/ ambiental)

UPG (residencial/ empresarial/ ambiental)

UPG (residencial/ empresarial/ ambiental)

UPG (residencial/ empresarial/ ambiental)

UPG (residencial/ empresarial/ ambiental)

UPG (residencial/ empresarial/ ambiental)

UPG (residencial/ empresarial/ ambiental)

UPG (residencial/ empresarial/ ambiental)

UPG (residencial/ empresarial/ ambiental)

PERÍMETRO URBANOPERÍMETRO URBANOPERÍMETRO URBANO AREA DE MANANCIALAREA DE MANANCIALAREA DE MANANCIALAREA DE MANANCIALAREA DE MANANCIALAREA DE MANANCIALAREA DE MANANCIALAREA DE MANANCIAL

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 5593 de 2006. Disponibilizado em janeiro de 2011.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

148

Page 150: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 3.7 - Mapa do Zoneamento do Plano Diretor de 2006.Fonte: PMSBC, 2010.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

149

Page 151: Fabio Rakauskas.pdf

As Unidades de Planejamento e Gestão (UPG) situavam-se dentro das Zonas

Vocacionais do município e eram entendidas como as menores e indivisíveis

porções territoriais. As UPG’s tinham objetivo tornar o controle das ações do poder

público mais apurado e com maior precisão dentro de cada porção territorial, e

c lass i f i cavam-se UPG-R (predominantemente res idenc ia l ) , UPG-E

(predominantemente empresarial) e UPG-A (predominantemente ambiental).

Figura 3.8 - Mapa de Unidade de Planejamento e Gestão do Plano Diretor de 2006.Fonte: PMSBC, 2010.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

150

Page 152: Fabio Rakauskas.pdf

Em atendimento as demandas diferenciadas que necessitavam de

intervenções especiais, criou-se as Zonas Especiais, que sobrepunham os

parâmetros do zoneamento vocacional, quando definidos.

Estas eram classificadas em Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) e

Zona Especial de Interesse Ambiental (ZEIA). Os parâmetros reguladores de usos e

ocupação do solo seriam definidos por lei específica, aprovada um ano depois,

através da Lei Municipal n˚ 5.716, dentro das seguintes diretrizes: definição de

peculiaridades das áreas específicas; definição de planos e programas; definição do

controlo urbanístico e sócio-ambientais.

As ZEIS destinava-se a áreas com necessidade de regularização fundiária,

requalificação urbanística e sócio-ambiental, produção de habitação de interesse

social e de mercado popular, fazendo com que estes espaços se integrassem ao

território urbano do município. As ZEIA’s destinavam-se a proteção e recuperação da

paisagem e do meio ambiente, incentivar áreas verdes em espaços públicos,

proteger as nascentes e cursos d’água e recuperar áreas que sofreram impacto

ambiental.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

151

Page 153: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 3.9 - Mapa de Zonas Especiais de Interesse Social do Plano Diretor de 2006.Fonte: PMSBC, 2010.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

152

Page 154: Fabio Rakauskas.pdf

Figura 3.10 - Mapa de Zonas Especiais de Interesse Ambiental do Plano Diretor de 2006.Fonte: PMSBC, 2010.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

153

Page 155: Fabio Rakauskas.pdf

Quadro 3.10

Zonas Especiais e suas Subzonas

Zonas Especiais Subzonas

ZEIS

ZEIS 1: áreas de ocupações irregulares dentro da MVU

ZEIS

ZEIS 2: áreas vazias ou sub-utilizadas que não cumpriam sua função social da propriedade, sendo destinadas a moradia de

interesse social

ZEISZEIS 3: áreas vazias ou sub-utilizadas que não cumpriam

função social da propriedade, sendo destinadas a moradia de interesse social

ZEIS

ZEIS 4: áreas de ocupações irregulares localizadas na MURA e MOD

ZEIS

ZEIS 5: assentamentos precários em áreas de preservação permanente (APP), com necessidade de reassentamento

ZEIA

ZEIA 1: área livre de importância à qualificação urbana e ambiental (parques, praças de grande porte, faixa de

concessionárias e grandes áreas de cobertura vegetal)

ZEIA

ZEIA 2: áreas degradadas ambientalmente que necessitam de intervenções para recuperação sócio-ambiental

ZEIA

ZEIA 3: áreas destinadas a equipamentos de saneamento ambiental (usinas de compostagem, reciclagem, resíduos sólidos da construção civil, aterros sanitários, estação de

tratamento de esgoto e incineradores)ZEIA

ZEIA 4: áreas de ações estratégicas para qualidade urbano-ambiental (área de lazer e unidades de conservação)

ZEIA

ZEIA 5: APRM-B

ZEIA

ZEIA 6: área de Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da cidade de São Paulo e APRM-B

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 5593 de 2006. Disponibilizado em janeiro de 2011.

Outro ponto fixado pelo plano eram as Áreas de Intervenção Urbana e

Ambiental, consideradas áreas estratégicas destinadas a Operações Urbanas

Consorciadas. Estas tinham como objetivo transformar a estrutura urbana através da

ampliação dos espaços públicos, infraestrutura, sistema viário e equipamentos

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

154

Page 156: Fabio Rakauskas.pdf

urbanos. Intervenções estas coordenadas pelo município e participação de

proprietários e investidores.

O plano também previa áreas para Projetos Urbano, destinados a projetos

específicos, a fim de requalificar locais estratégicos para o município, através de

parcerias com a iniciativa privada, Áreas de Projetos Ambientais destinadas ao

desenvolvimento dos projetos ambientais em conjunto com a iniciativa privada, e

áreas para Projetos Habitacionais destinadas ao desenvolvimento de projetos

habitacionais em conjunto com a iniciativa privada e Governo Federal.

Como garantia de sucesso na implementação do Plano Diretor, a lei

apresentava um capítulo referente aos Instrumentos de Políticas Urbanas. Este era

definido de acordo com os instrumentos que o Estatuto da Cidade sugeria aos

planos.

Tabela 3.3

Instrumentos de Política Urbana

Instrumentos de Política Urbana Instrumentos Específicos

Instrumentos de Planejamento

Plano Diretor

Instrumentos de Planejamento

Planos Setoriais

Instrumentos de Planejamento

Códigos

Instrumentos de Planejamento

Lei de Uso e Ocupação do Solo

Instrumentos de PlanejamentoLei de Parcelamento do Solo

Instrumentos de PlanejamentoPlano de Governo

Instrumentos de Planejamento

Diretrizes Orçamentárias

Instrumentos de Planejamento

Plano Plurianual

Instrumentos de Planejamento

Orçamento Anual

Instrumentos de Planejamento

Programas e Projetos Setoriais

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

155

Page 157: Fabio Rakauskas.pdf

Instrumentos de Política Urbana Instrumentos Específicos

Instrumentos de Indução do Desenvolvimento Urbano

IPTU Progressivo no Tempo

Instrumentos de Indução do Desenvolvimento Urbano

Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios

Instrumentos de Indução do Desenvolvimento Urbano

Desapropriação para fins de Reforma Urbana com Pagamentos em Títulos

Instrumentos de Indução do Desenvolvimento Urbano Consórcio ImobiliárioInstrumentos de Indução do Desenvolvimento Urbano

Operações Urbanas Consorciadas

Instrumentos de Indução do Desenvolvimento Urbano

Direito de Superfície

Instrumentos de Indução do Desenvolvimento Urbano

Transferência do Direito de Construir

Instrumentos de Indução do Desenvolvimento Urbano

Direito de Preferência (Preempção)

Instrumentos de Financiamento da Política Urbana

Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial UrbanaInstrumentos de Financiamento da Política

Urbana Outorga Onerosa do Direito de Construir e de Alteração de Uso

Instrumentos de Regularização Fundiária

Usucapião Especial de Imóvel Urbano

Instrumentos de Regularização Fundiária

Concessão do Direito Real do Uso

Instrumentos de Regularização Fundiária Concessão de Uso Especial para fins de Moradia Instrumentos de Regularização Fundiária

ZEIS

Instrumentos de Regularização Fundiária

ZEIA

Instrumentos de Democratização da Gestão Urbana

Órgãos Colegiados de Política Urbana

Instrumentos de Democratização da Gestão Urbana

Gestão Democrática da Cidade

Instrumentos de Democratização da Gestão Urbana

Debates, Audiências e Consultas Públicas

Instrumentos de Democratização da Gestão Urbana

Conferências sobre Assuntos de Interesse Urbano

Instrumentos de Democratização da Gestão Urbana

Iniciativa Popular de Projeto de Lei e Planos, Programas e Projetos de Desenvolvimento Urbano

Instrumentos de Democratização da Gestão Urbana

Referendo Popular e Plebiscito

Instrumentos de Democratização da Gestão Urbana

Estudo de Impacto de Vizinhança

Instrumentos de Democratização da Gestão Urbana

Assistência Técnica e Jurídica Gratuita para as Comunidades e Grupos Sociais Menos

Favorecidos

Fonte: PMSBC - Lei Municipal n˚ 5593 de 2006. Disponibilizado em janeiro de 2011.

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

156

Page 158: Fabio Rakauskas.pdf

As transformações influenciadas pela globalização mostraram a necessidade

de uma reformulação na Política Nacional de Desenvolvimento (SOMEKH, 2010).

Atualmente a positiva perspectiva econômica nacional levou a administração pública

a diversas propostas de intervenção em larga escala. Com os investimentos

Federais através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi possível

abrir novas frentes de intervenções urbanas como o: PAC Moradia, PAC Mobilidade

e PAC drenagem.

Atualmente o Brasil vive cenário econômico positivo que por consequência

gera grandes investimentos da construção civil na região. Com o objetivo de manter

estes investimentos, porém de forma controlada, a administração pública aprovou

em 2011 a revisão do Plano Diretor, prevendo ainda a revisão da Lei de Uso e

Ocupação do Solo e a elaboração do novo Código de Obras. Este plano também

tem como objetivo adequar-se à nova Lei Estadual Específica da Billings e ao Plano

Municipal de Saneamento Ambiental. Entre as intervenções urbanas estão previstas

a implantação da Usina Verde de Incineração, integrada ao Plano Municipal de

Saneamento Ambiental, a Requalificação do Centro, considerando e implantação do

Metrô Elevado pelo Governo do Estado, entre outros projetos de mobilidade,

moradia etc. (PMSBC, 2011).

O PLANEJAMENTO NA METRÓPOLE CONTEMPORÂNEA

157

Page 159: Fabio Rakauskas.pdf

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa organizou e analisou a evolução do planejamento urbano em São

Bernardo do Campo, influenciado inicialmente por grandes investimentos públicos e

privados e a elaboração de instrumentos urbanísticos com o objetivo de equalizar o

processo de desenvolvimento urbano.

A análise verificou, inicialmente, que o primeiro Plano Diretor da década de

1960 foi elaborado com a intenção de propor uma nova estrutura urbana em

adequação às novas indústrias que acabavam de chegar, atraídas pela recém

implantada rodovia Anchieta. Nesta perspectiva são construídas conjuntamente ao

plano as principais obras de infraestrutura urbana que influenciariam a malha urbana

do município pelas décadas posteriores até os tempos atuais. A implantação do

Paço Municipal e a nova centralidade reforçaram a característica de um Centro

Regional, que confluía a maior parte dos principais eixos viários da cidade, tornando-

se hoje um dos maiores pontos de congestionamentos de fluxo viário.

Apesar do inovador plano de 1964, a corrida dos grandes investimentos

público afim de estruturar a cidade que sofria com os altos investimentos privados

das indústrias automobilísticas, não foram suficientes. A zona urbana da cidade

estava dividida em duas áreas pouco integradas, fragmentadas pela rodovia, no eixo

norte-sul, e com distintas atividades predominantes. À leste da via Anchieta havia

grande expansão residencial e comercial, estimuladas pelos índices do plano, e à

oeste predominavam as grandes plantas industriais, porém com baixa infraestrutura

no seu entorno.

A elaboração do PDIM e a criação da PRO-S.B.C. mostrava a preocupação

de se obter instrumentos de gestão urbana mais ágeis diante do ritmo de expansão

urbana da década de 1970. Analisando estes dois instrumentos, que atuavam

conjuntamente, foi possível notar uma perspectiva inovadora com propostas a curto,

médio e longo prazo. A não implementação do PDIM, por motivos políticos da época,

manteve o município com um crescimento desordenado. Outro ponto foi a

estagnação econômica e industrial durante a década de 1980, que trouxe altas taxas

de desemprego e um aumento do passivo habitacional.

158

Page 160: Fabio Rakauskas.pdf

Analisando a criação e atuação do Consórcio Intermunicipal do ABC,

juntamente ao cenário local, durante os anos 1990, percebeu-se a preocupação da

necessidade de uma articulação para além dos limites municipais. As

transformações econômicas e produtivas havia modificado drasticamente o ritmo de

desenvolvimento da cidade e da região.

Por último, o Plano Diretor de 2006 foi um plano que, apesar de ter sido

elaborado nos moldes do Estatuto da Cidade, apresentava altas taxas de ocupação

do solo urbano, em especial da região central, gerando grande potencial a

especulação imobiliária. A falta de investimentos em infraestrutura e o estímulo à

construção civil com altos índices levou à saturação, principalmente, do sistema

viário da cidade.

Compreendendo todo este repertório foi possível identificar três períodos do

planejamento urbano no município de São Bernardo do Campo, sendo eles:

Quadro C.1

Fases do Planejamento Urbano no Município de São Bernardo do Campo

Fase Identificada Marcos Urbanísticos Período

1˚ Fase - Planejamento da Nova Indústria

Implantação da rodovia Anchieta

1947-19531˚ Fase - Planejamento da Nova Indústria

Início da industrialização de porte

Década de 1950

1˚ Fase - Planejamento da Nova Indústria

Primeiro Plano Diretor do município

1964

2˚ Fase - Gestão Inovadora Criação da PRO-S.B.C. 19732˚ Fase - Gestão Inovadora

Elaboração do PDIM 1974-1977

3˚ Fase - Planejamento na Metrópole Contemporânea

Criação do Consórcio Intermunicipal do ABC

19903˚ Fase - Planejamento na Metrópole Contemporânea

Estatuto da Cidade 2001

3˚ Fase - Planejamento na Metrópole Contemporânea

Plano Diretor 2006

Fonte: Elaboração própria.

159

Page 161: Fabio Rakauskas.pdf

No decorrer dos períodos foi percebida a redução nos investimentos diante do

crescimento urbano da cidade, e o aumento dos investimentos privados de maneira

desarticulada a gestão pública. A valorização do solo nas áreas urbanas à leste da

via Anchieta já demonstravam grande crescimento na década de 1960. O incentivo

ao adensamento na região central estimulado pelo falta de planejamento da cidade,

sem investimentos em infraestruturas urbanas levaram a saturação urbana da

cidade.

160

Page 162: Fabio Rakauskas.pdf

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