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1 FACULDADE ASSIS GURGACZ BENEFÍCIOS DO CHOCOLATE AMARGO: UM COMPARATIVO IN VIVO Cascavel 2012

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FACULDADE ASSIS GURGACZ

BENEFÍCIOS DO CHOCOLATE AMARGO: UM COMPARATIVO IN VIVO

Cascavel

2012

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GABRIELA MACHADO

BENEFÍCIOS DO CHOCOLATE AMARGO: UM COMPARATIVO IN VIVO

Trabalho de conclusão de curso apresentado a Faculdade Assis Gurgacz, FAG, Curso de Farmácia.

Prof. Orientador: Josnei da Silva

Cascavel

2012

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GABRIELA MACHADO

BENEFÍCIOS DO CHOCOLATE AMARGO: UM COMPARATIVO IN VIVO

Trabalho apresentado no Curso de Farmácia da FAG, como requisito

parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia, sob a orientação do

Professor Especialista Josnei da Silva.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________ Prof. Esp. Josnei da Silva Faculdade Assis Gurgacz

_______________________________ Prof. Me. Maria Izabel Perreira Matos

Faculdade Assis Gurgacz

_______________________________ Prof. Esp. Giovane Douglas Zanin

Faculdade Assis Gurgaz

Cascavel, 23 de Novembro de 2012.

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais Sebastião e Sandra, todo o meu esforço e minhas

conquistas. Agradeço por terem me ensinado o valor dos estudos e por sempre

me incentivarem e apoiarem. Obrigada por ouvirem quando precisei falar e por

estarem perto quando precisei chorar. Tenho muito orgulho da família que

possuo.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela proteção e pelas graças concebidas. Agradeço pela paz

proporcionada através da oração e pela benção nessa etapa da vida, na qual

um sonho que se concretiza.

A meus pais, Sebastião e Sandra, e meu irmão, Gustavo Henrique,

grandes riquezas da minha vida. Muito obrigada pelo amparo, pela força, pelo

amor, pelo carinho e pelas sábias palavras de conforto proporcionadas nos

momentos de dificuldade. Vocês são o meu porto seguro, tudo para mim. Sou

muito feliz por fazer parte dessa família e agradeço por isso sempre.

A Diego, grande amor da minha vida, meu namorado, melhor amigo,

meu parceiro. Agradeço pela ajuda, pelo apoio, pelo amor, pelo carinho, pela

compreensão e paciência em meus “maus momentos”. Obrigada por me fazer

feliz todos os dias.

Ao meu professor orientador, Josnei, grande apreciador do chocolate

amargo, pelo incentivo e colaboração com o estudo, bem como pela atenção e

paciência diante as dificuldades encontradas. Agradeço pela amizade na qual

teve início no período do cursinho e se fortaleceu na faculdade, e pelos

ensinamentos que contribuíram para meu crescimento profissional e pessoal.

Ao Dr. Ricardo, farmacêutico do Laboratório UNILABOR, a qual

disponibilizou o laboratório para a realização dos exames bioquímicos,

contribuindo com resultados mais seguros e confiáveis.

Aos voluntários participantes da pesquisa, na qual são meus amigos e

futuros colegas de profissão, por aceitarem a participação como meus

“cobaias”. Sem vocês, nada disso seria possível.

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A todos os professores, desde os que me ensinaram as primeiras letras

até os que me ajudaram a concluir minha graduação em Farmácia.

Ao Professor Claudinei pela ajuda em momento de apuro. Agradeço

também pelos conhecimentos e ensinamentos proporcionados durante o

decorrer da faculdade.

A Thaís, técnica do Laboratório de Análises clínicas da FAG, por sempre

estar disposta e ajudar em momentos na qual precisei.

Aos Professores Emerson e Leyde, na qual ministraram disciplinas de

Análises Clínicas, despertando uma paixão referente a este universo

farmacêutico, e à Yara e Giovane, por todo o incentivo e motivação com os

estudos, mostrando que é possível vencer dificuldades. Agradeço aos “puxões

de orelha” na qual, com certeza, foram muito válidos.

Aos meus amigos, pelo companheirismo e pela amizade durante o

período da faculdade, em especial Vanessa, Renata, Patrícia, Geovane, André

e Andresa, na qual, tenho certeza que irá durar para sempre. Obrigada pela

parceria tanto em momentos felizes como difíceis, deixando os quatro anos de

graduação mais alegres.

Enfim, a todos que colaboraram em minha pesquisa de forma direta ou

indireta.

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SUMÁRIO

1.REVISÃO DA LITERATURA.........................................................................08

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................33

2 -ARTIGO........................................................................................................38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................60

ANEXO I – QUESTIONÁRIO............................................................................63 ANEXO I - NORMAS DA REVISTA CIENTÍFICA.............................................64

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1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1 DOENÇAS CARDIOVASCULARES

De um modo geral as doenças cardiovasculares (DCV) se caracterizam

por um conjunto de doenças que afetam o aparelho cardiovascular,

designadamente o coração e os vasos sanguíneos (GUS, I., et al, 2002).

Segundo o Ministério da Saúde, em 2008 as DCV lideram as causas de

morte em países desenvolvidos e em desenvolvimento em todo o mundo,

sendo responsáveis por milhares de mortes a cada ano, o que continua sendo

conforme os dados apresentados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia

(SBC, 2010).

Além de representarem importante problema de saúde pública em nível

mundial, constituem a principal causa de altos custos em assistência médica e

socioeconômicos (GUS, I. et al., 2002). São responsáveis por alta freqüência

de internações, uma vez que em 2007 foram registradas 1.157.509 internações

por DCV no Sistema Único de Saúde (SUS). Em relação aos custos, em

novembro de 2009 ocorreram 91.970 internações, resultando em um custo de

R$ 165.461.644,3 (SBC, 2010).

Dentre as principais DCV existentes se incluem infarto agudo do

miocárdio, diabetes mellitus, angina, hipertensão arterial sistêmica, morte

súbita e acidente vascular encefálico (OPAS, 2003).

A doença aterosclerótica é a principal causa de mortalidade no Brasil

conforme a III Diretrizes Brasileira Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção

da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da SBC (2001). Essa

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doença é multifatorial e a sua prevenção passa pela identificação e controle,

não só das dislipidemias, mas do conjunto dos fatores de risco.

A origem da aterosclerose é incerta, porém acredita-se que o início da

lesão seja no endotélio por mecanismo hemodinâmico. Nesta lesão há afluxo

de monócitos na qual, quando ativados, liberam radicais superóxido, peróxido

de hidrogênio e enzimas hidrolíticas. Estes produtos, além de lesar células

próximas, estimulam a proliferação de músculo liso subendotelial. A lesão pode

ser exacerbada pela fumaça do cigarro que, por ser rica em ferro, catalisa a

oxidação de lipoproteínas de baixa densidade. Tal oxidação estimula a

internalização de colesterol nos monócitos, os quais, conseqüentemente, se

convertem em células espumosas, contribuindo para a formação da placa de

ateroma (FERREIRA, et al. 1997).

Segundo Lessa (2004) as taxas reconhecidas para uma maior relevância

das DCV são: sobrepeso, inclusive obesidade, com IMC (peso/altura²) ≥

25kg/m²; obesidade central; hipertensão arterial com pressão arterial sistólica

≥140mmHg e/ou pressão arterial diastólica ≥ 90mmHg; colesterol total (CT) ≥

240mg/dL; HDL-colesterol (HDL) < 40mg/dL; triglicerídeos ≥ 200mg/dL;

glicemia ≥126mg/dL mais diagnóstico comprovado de diabetes em tratamento

e glicemia de jejum normal; tabagismo (sendo fumante atual com qualquer

número de cigarros por dia) e, por fim, consumo de álcool seja em finais de

semana com embriaguez freqüente ou consumo diário com ou sem

embriaguez.

Estes fatores de riscos para a ocorrência de tais doenças são divididos

em não-modificáveis e modificáveis. Os não-modificaveis estão relacionados à

herança genética, herança psicossocial, idade, sexo, e antecedentes familiares

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do individuo. Já, os fatores modificáveis são o tabagismo, a hipertensão arterial

sistêmica, diabetes mellitus, redução dos níveis de HDL, o LDL elevado,

sedentarismo, sobrepeso, estresse e dislipidemia, onde podem receber

intervenções preventivas (ALVES, A. et al., 2009).

Sendo um fator de risco modificável, a hipercolesterolemia se caracteriza

de acordo com a III Diretrizes Brasileira Sobre Dislipidemias e Diretriz de

Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da SBC (2001)

por uma elevação isolada do colesterol total, em geral representada por

aumento do LDL.

Ou seja, o acúmulo da LDL no compartimento plasmático resulta em

hipercolesterolemia. Este fato pode ser recorrente por defeito no gene do

receptor de LDL com conseqüente “déficit” na expressão ou função dos

receptores de LDL, diminuindo o catabolismo desta lipoproteína, especialmente

pelo fígado (SBC, 2001).

A Consulta Pública SAS/MS nº 13, de 12 de novembro de 2002 mostrou

que em um estudo conduzido em nove capitais brasileiras, envolvendo 8.045

indivíduos com idade média de 34,7 ± 9,6 anos, no ano de 1998, mostrou que o

nível sérico de colesterol total foi de 183 ± 39,8 mg/dl, dos quais 32,4% com

níveis superiores a 200 mg/dl. Esta cifra pode representar, na faixa etária de

maior risco para eventos cardiovasculares (maiores de 50 anos), cerca de 19

milhões de brasileiros.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (2003) mais de 50%

de todos os óbitos poderiam ter sido evitados se fossem estabelecidas medidas

preventivas de baixo custo como o controle da pressão arterial, diabetes

mellitus, taxa de colesterol baixa, obesidade e outros fatores.

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A diminuição do risco de eventos depende do tamanho da redução do

colesterol, que pode ser atingida por procedimentos dietéticos associados a

mudanças no estilo de vida bem como com tratamento farmacológico.

Entretanto, é a associação de dieta e a prática de exercícios físicos adequados

o mais indicado e, se não houver controle desejável dos níveis de colesterol,

adição de fármacos hipolipemiantes, como as estatinas, funcionam como

melhor estratégica para reduzir o LDL.

Além disso, mudanças de estilo de vida relacionadas ao abandono do

hábito de fumar e às medidas anti-estresse também são relevantes

(MARTINEZ, T. L.R, et al., 2005).

1.2 RADICAIS LIVRES

O termo radical livre é freqüentemente usado para designar qualquer

átomo ou molécula com existência independente, contendo um ou mais

elétrons não pareados, nos orbitais externos (NUNES, 2007).

É formado em um cenário de reações de óxido-redução, ou seja, cede o

elétron solitário, oxidando-se, ou recebe outro elétron, reduzindo-se. Portanto,

os radicais livres ou provocam ou resultam dessas reações de óxido-redução

(FERREIRA e MATSUBARA, 1997).

Segundo Queroz (2008) o organismo está sujeito a reações de

desequilíbrio que levam a formação de radicais livres, sendo que estas

substâncias podem provocar vários danos celulares. Para impedir ou equilibrar

esse tipo de dano celular, o organismo tem a proteção de enzimas endógenas

capazes de catalisar reações para inativação de radicais livres. Muitas vezes,

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ocorre desequilíbrio entre a produção e a inativação de radicais livres, seja pela

queda na capacidade do sistema enzimático ou pelo excesso de produção de

radicais livres. Nesses casos, o organismo encontra-se em situação de

estresse oxidativo.

O estresse oxidativo é o excesso dos radicais livres, um grande número

de desordens celulares provenientes de espécies reativas de oxigênio pode

ocorrer devido a sua reação com lipídeos, proteínas, carboidratos e ácidos

nucléicos (ANDRADE. et al., 2007). Este é o causador de diversas patologias,

como envelhecimento precoce, câncer, aterosclerose, doenças neurológicas,

inflamação crônica, problemas respiratórios, diabetes mellitus, aterosclerose,

doenças auto-imunes das glândulas endócrinas, carcinogênese e mutagênese

(ANDRADE, et al., 2007; BIANCHI, et al, 1999; SILVA, et al, 2011).

Todos os componentes celulares são suscetíveis à ação das espécies

reativas do metabolismo do oxigênio, porém a membrana é um dos mais

atingidos em decorrência da peroxidação lipídica, que acarreta alterações na

estrutura e na permeabilidade das membranas celulares. Conseqüentemente,

há perda da seletividade na troca iônica e liberação do conteúdo de organelas,

como as enzimas hidrolíticas dos lisossomas, e formação de produtos

citotóxicos (como o malonaldeído), culminando com a morte celular

(FERREIRA e MATSUBARA, 1997).

A lesão oxidativa dos lipídios nas paredes dos vasos sanguíneos parece

ser um fator decisivo no desenvolvimento da aterosclerose, já que a oxidação

da LDL a transforma numa partícula reativa potencialmente letal para as

artérias (GORDON, 1998).

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Observa-se que quando oxidada a molécula nociva de LDL, a mesma

tem ainda mais facilidade para se depositar nas artérias até obstruí-las,

provocando um infarto ou até mesmo um derrame cerebral (CAMPOS, 2005).

A produção excessiva desses radicais conduz diversas formas de dano

celular e sua cronicidade pode estar envolvida com a etiogênese ou com o

desenvolvimento de numerosas doenças. Porém estas lesões causadas nas

células podem ser prevenidas ou reduzidas por meio da atividade de

antioxidantes. Os antioxidantes podem agir diretamente na neutralização da

ação dos radicais livres ou participar indiretamente de sistemas enzimáticos

com essa função. Dentre os antioxidantes temos diversas vitaminas e minerais,

podendo estes também ser encontrados em alimentos com concentrações

pequenas (ARUOMA, 1996; NUNES, et al, 2007).

Em outras palavras essas substâncias são responsáveis por retardar a

velocidade da oxidação, inibindo os radicais livres e prevenindo algumas

doenças, contribuindo para uma maior longevidade da população. Desta forma,

torna-se essencial o equilíbrio entre os radicais livres e o sistema de defesa

antioxidante (FERREIRA e MATSUBARA, 1997).

1.3 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

A importância de compostos naturais com capacidade antioxidante para

a medicina preventiva vem sendo amplamente reconhecida nos últimos anos

(EFRAIN, et al, 2006). Este fato traduz-se pela oxidação ser parte fundamental

da vida aeróbica e do nosso metabolismo. Assim, os radicais livres são

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produzidos naturalmente ou por alguma disfunção biológica (NUNES, et al,

2007).

Mais de 95% do oxigênio consumido durante o metabolismo aeróbico é

utilizado nas mitocôndrias para produzir energia, o restante não é

completamente oxidado em água, produzindo espécies reativas de oxigênio,

que podem ser tóxicas para as células e tecidos (NOGUEIRA, C., BORGES, F.,

RAMALHO, A., 2010).

Portanto em sistemas aeróbicos, é essencial o equilíbrio entre agentes

oxido redutores e o sistema de defesa antioxidante (FERREIRA e

MATSUBARA, 1997). Antioxidante é qualquer substância que, quando

presente em baixa concentração comparada à do substrato oxidável, regenera

o substrato ou previne significativamente a oxidação do mesmo (HALLIWELL,

2000).

Esses compostos doam átomos de hidrogênio e assim, inibem as

reações em cadeia provocadas pelos radicais livres (HARTMAN et al.1990;

ARORA et al., 1998, BIANCHI, et al., 1999, NUNES, et al, 2007).

Os antioxidantes atuam em diferentes mecanismos de defesa contra os

radicais livres níveis na proteção dos organismos: impedindo a sua formação,

principalmente pela inibição das reações em cadeia com o ferro e o cobre, pela

intercepção de radicais livres gerados pelo metabolismo celular ou por fontes

exógenas, impedindo o ataque sobre os lipídeos, os aminoácidos das

proteínas, a dupla ligação dos ácidos graxos poliinsaturados e as bases do

DNA (BIANCHI, et al, 1999).

Estas substâncias são responsáveis pela inibição e redução das lesões

causadas pelos radicais livres nas células (BIANCHI, et al, 1999). O consumo

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de substâncias antioxidantes na dieta diária pode produzir uma ação protetora

efetiva contra os processos oxidativos que naturalmente ocorrem no organismo

(DEGÁSPARI, et al, 2004).

Populações com dietas ricas em substâncias antioxidantes apresentam

baixa incidência de aterosclerose coronária, já que os antioxidantes aumentam

a resistência da LDL à oxidação e vêm sendo associados com a redução de

risco para coronariopatias (GORDON, 1998).

Antioxidante alimentar é toda substância da dieta capaz de reduzir

significativamente os efeitos adversos produzidos pelas espécies reativas de

oxigênio, como aquelas contendo oxigênio e nitrogênio e que cumprem papel

fisiológico no organismo (NOGUEIRA, C., BORGES, F., RAMALHO, A., 2010).

Os antioxidantes obtidos da dieta, tais como as vitaminas “C”, “E” e “A”,

os Flavonóides e Carotenóides são extremamente importantes na intercepção

dos radicais livres. Outro mecanismo de proteção é o reparo das lesões

causadas pelos radicais. Esse processo está relacionado com a remoção de

danos da molécula de DNA e a reconstituição das membranas celulares

danificadas. Em algumas situações pode ocorrer uma adaptação do organismo

em resposta a geração desses radicais com o aumento da síntese de enzimas

antioxidantes (BIANCHI, et al, 1999).

Segundo Ferreira e Matsubara (1997) os antioxidantes podem ser

classificados em naturais ou sintéticos, e ambos são recomendados para o

alívio dos sinais e sintomas de doenças humanas associadas ao estresse

oxidativo e, até mesmo, para bloquear a sua evolução.

A partir do início dos anos 80, o interesse em encontrar antioxidantes

naturais para o emprego em produtos alimentícios ou para uso farmacêutico

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tem aumentado consideravelmente, com o intuito de substituir antioxidantes

sintéticos, os quais têm sido restringidos devido ao seu potencial

carcinogênico, bem como pela comprovação de diversos outros males como:

aumento do peso do fígado e significativa proliferação do retículo

endoplasmático (WANG e ZHENG, 2001).

O organismo possui também outra forma de defesa contra os danos

causados pelos radicais livres, além dos antioxidantes. Esta outra forma

consiste em um sistema de enzimas celulares, cujas concentrações são

controladas por herança genética que afetam os genes, como as enzimas

superóxido dismutase, glutationa e catalase (FERREIRA e MATSUBARA,

1997).

Em adição aos efeitos protetores dos antioxidantes endógenos, a

inclusão de antioxidantes na dieta é de grande importância sendo relacionado

com a diminuição do risco do desenvolvimento de doenças associadas ao

acúmulo de radicais livres (NUNES, et al, 2007).

1.4 COMPOSTOS FENÓLICOS: FLAVONÓIDES

O termo composto fenólico ou polifenol possui propriedades biológicas

que estão relacionadas com a atividade antioxidante que cada fenol exerce

sobre determinado meio (QUEROZ, 2008). Essas propriedades dependem da

sua biodisponibilidade, pelo motivo da absorção ser variável pela diversidade

estrutural. Diante disso, uma evidência indireta de sua absorção pelo intestino,

é o aumento da capacidade antioxidante do plasma após o consumo de

alimentos que contêm esses compostos (HORST e LAJOLO, 2007).

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Uma série de estudos epidemiológicos mostra que há associação entre

o consumo de polifenóis com a prevenção de doenças. A ação dessas, deve-se

pela reação com radicais livres, quelando metais e, assim, obtendo implicações

benéficas na saúde humana como a redução do risco. Além disso, pode causar

o retardo do desenvolvimento de doenças, principalmente as cardiovasculares,

câncer e outras relacionadas à idade (COENTRÃO, P. A. M., 2005).

Apesar de inibirem os processos da oxidação em certos sistemas, isso

não significa que os polifenóis possam proteger as células e os tecidos de

todos os tipos de danos oxidativos (BIANCHI, et al, 1999).

Os compostos fenólicos se dividem em dois grupos: os flavonóides e os

não flavonóides, sendo que ambos são considerados metabólitos secundários.

O grupo dos flavonóides também é conhecido como polifenólicos e geralmente

ocorrem em plantas na forma de glucosídios, sendo uma das substâncias

responsáveis pela atribuição do perfil sensorial de frutas, atribuindo-lhes o

corpo característico (DEGÁSPARI, et al, 2004).

Dentre os inúmeros polifenóis existentes, os flavonóides são os mais

abundantes na dieta e estão amplamente distribuídos em frutas, cereais,

hortaliças in natura, chocolate e bebidas tais como chá, café, vinho (BIANCHI,

et al, 1999; ENGLER, et al, 2004).

Os efeitos bioquímicos e farmacológicos dos flavonóides são muito

vastos. Além de ação antioxidante, também possui ação antiinflamatória,

antiplaquetária, efeitos antialergênicos e de inibição da proliferação celular.

Eles podem inibir enzimas como a prostaglandina sintetase, a lipoxigenase e a

ciclooxigenase, sendo que todas estão relacionadas diretamente com a

tumorogênise. Também tem poder de induzir enzimas do sistema

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desentoxicante, como a glutationa stransferase (DEGÁSPARI, et al, 2004;

HORST e LAJOLO, 2007).

Como já mencionado, os flavonóides inativam os radicais livres. Essa

capacidade é válida para ambos os compartimentos celulares: lipofílico e

hidrofílico (HARTMAN et al.1990). Além de protegem contra a oxidação do

colesterol LDL, atuam contra alergias, inflamações, úlceras, virose, tumores,

hepatotoxinas e inibição da agregação plaquetária. (ANJO, D. F. C., 2004).

Assim, para estes compostos, são atribuídas propriedades protetoras da

camada interna das artérias, reduzindo a oxidação do colesterol ligado às LDL

e aumentando a fração de colesterol bom, o HDL (CAMPOS, 2005). Dessa

forma, reduz cardiopatias e tromboses, além da síntese de estrógeno (ANJO,

D. F. C., 2004).

A quercetina, a miricetina, a rutina e a naringenina são os flavonoides

mais investigados. A quercetina está amplamente presente nas frutas e

vegetais. Entretanto, esse antioxidante pode reagir com ferro e tornar-se um

pró-oxidante. (BIANCHI, et al., 1999; NUNES, et al, 2007).

A utilização de flavonóides, vitaminas C e E, e o carotenóide previne ou

reduz o desenvolvimento da doença aterosclerótica (SBC, 2001). Alguns

estudos in vitro mostraram que a atividade antioxidante dos flavonóides é maior

que a das vitaminas E e C (QUEROZ, 2008) Além disso, citam que os

flavonóides agem de forma a poupar o consumo de vitamina C, evitando a

formação de radicais livres (DEGÁSPARI, et al, 2004).

Os flavonóides correspondem a aproximadamente 1/3 da ingestão

humana (HORST e LAJOLO, 2007). O estudo de Arabbi e colaboradores

(2004) mostrou que a ingestão dietética de flavonóides pela população

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brasileira é de 60 a 106 mg/dia sendo considerada baixa já que o consumo

diário de polifenóis pode atingir 1g/dia.

Estes compostos são disponíveis em várias frutas e vegetais e possuem

grande diversidade sendo que entre os cultivares resulta em alimentos com

diferentes características, tanto de sabor quanto de coloração, o que

certamente está associado com o conteúdo e o perfil dos polifenólicos

(ARABBI, et al, 2004).

Em plantas estes compostos exercem função de fotoproteção, defesa

contra microorganismos e insetos, além de serem responsáveis pela

pigmentação e por algumas características organolépticas dos alimentos. Os

polifenóis apresentam uma estrutura química comum, derivada do benzeno,

ligada a um grupo hidrofílico (HORST e LAJOLO, 2007) e constituem um grupo

heterogêneo, composto de várias classes de substâncias com propriedade

antioxidante (NUNES, et al, 2007).

Os polifenóis existem como componentes intrínsecos do cacau, e assim,

seus produtos derivados como o chocolate, podem ser considerados um

alimento funcional conferindo efeitos benéficos à saúde (COENTRÃO, P. A. M.,

2005).

1.5 O CACAUEIRO

O cacaueiro é uma planta nativa das matas equatoriais da região

amazônica. Pertence a família Esterculiaceae, gênero Theobroma, espécie

Theobroma cacao (EFRAIM, et al, 2006).

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Conhecido desde a Antiguidade, quando os primeiros colonizadores

espanhóis chegaram à América, o cacau já era cultivado pelos índios,

principalmente os Astecas, no México, e os Maias, na América Central

(COENTRÃO, P. A. M., 2005).

Existem lendas em torno do chocolate, além de episódios curiosos,

como ter sido usado pelos Astecas como moeda, provocar discussões entre os

religiosos sobre o seu uso nos conventos (devido às suas supostas

propriedades afrodisíacas) e, por muito tempo, ser uma bebida exclusiva das

cortes da Europa (VALENZUELA, A.B., 2007).

Nativo da América Central e da Amazônia, com ocorrência também na

mata Atlântica, o cacaueiro vive a 20° a norte e 20° a sul da linha do Equador,

ou seja, em toda a faixa tropical do hemisfério sul (ABICAB, 2001). Dessa

forma, produz-se cacau nos seguintes países: Belize, Brasil, Colômbia, Costa

Rica, Equador, Granada, Guatemala, Guiana, Honduras, Nicarágua, Panamá,

Peru, República Dominicana, Trinidad e Tobago e Venezuela (SALVADOR, I.,

2011).

Muito embora o cacaueiro se encontrasse vegetando naturalmente como

uma parcela significativa do revestimento florestal amazônico, as primeiras

iniciativas de exploração econômica só começaram a ganhar impacto durante o

período colonial, quando a coroa portuguesa incentivou o aumento da

produção, da exportação e os primeiros plantios experimentais. Porém a partir

da metade do século XVIII, se tornou mais evidente uma demanda expressiva

pelos atributos econômicos do cacaueiro, bem como o estabelecimento de

plantios comerciais por parte dos agricultores (MENDES, F. A. T., 2000).

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O cultivo do cacau se espalhou pelo mundo, devido que, suas sementes,

foram levadas para outras regiões e continentes, formando grandes plantações

(VALENZUELA, A.B., 2007).

No século XVI, o chocolate chegou à Europa e então, em 1875, Daniel

Peters fez o primeiro chocolate feito com leite e em 1880, Rodolphe Leindt fez

um suave chocolate derretido pela adição de manteiga de cacau à massa de

chocolate (líquor) (COENTRÃO, P. A. M., 2005).

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau,

Balas e Derivados (ABICAB), o cacaueiro, também chamado palmeira-cacau,

possui sua árvore com uma particularidade, sendo essa, formando ao mesmo

tempo brotos, flores, folhas e frutos.

O cacaueiro é uma árvore pequena 4 e 12 m., mas na América tropical

pode chegar a 15 m, possuindo sua madeira com coloração rosada, porosa e

leve. Seus frutos alongados e cheios de sulco contém entre 20 e 50 sementes

de cor marrom-avermelhado, cobertas com uma polpa branca, viscosa, doce e

comestível. Seu tamanho e conformação variam conforme a espécie,

variedade, solo, clima e qualidade da árvore. Medem, em média, de 12 a 20 cm

de comprimento. Pesam entre 300 e 600 g. O embrião é formado por dois

grandes cotilédones e as substâncias que se encontram nestes, constituem o

produto comercializado. Nos tecidos dos cotilédones se encontram os

princípios estimulantes: a teobromina e a cafeína (ABICAB, 2007).

Existem mais de 16 espécies de cacau, mas duas espécies são

consideradas principais: Forastero e Criollo. O Forastero espalhou-se pela

bacia amazônica abaixo e em direção às Guianas e o Criollo em direção ao

norte, na América Central e Sul do México (COENTRÃO, P. A. M., 2005).

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O Forastero é considerado o verdadeiro cacau brasileiro e se caracteriza

por frutos ovóides, como superfície lisa, imperceptivelmente sulcada ou

enrugada, com o interior de suas sementes com coloração violeta escuro ou,

algumas vezes, quase preto. Já, o Criollo produz frutos grandes, com superfície

enrugada, e suas sementes são grandes, com o interior branco ou violeta

pálido (SALVADOR, I., 2011).

O cacau da espécie Forastero é hoje o mais cultivado no Brasil e no

mundo (EFRAIM, et al, 2006). Representa cerca de 95% da produção mundial

proveniente dos países da África Ocidental e Brasil. Segundo ABICAB, também

é conhecido como cacau roxo mundialmente, e se subdivide nestas quatro

variedades: Comum, Pará, Maranhão e Catongo. Entretanto antigamente o tipo

de cacau mais cultivado pelos índios Astecas e Maias foi da espécie Criollo

(SALVADOR, I., 2011) além de que estes são mais raros de se encontrar. Há

também uma terceira espécie de cacau: o cacau trinitário, um cruzamento entre

o Criollo e o Forastero (CASTRO, D. 2001).

O cacau trinitário é mais resistente e produtivo de que o cacau Criollo,

mas de qualidade inferior. É produzido em Granada, Jamaica, Trinidad e

Tobago, Colômbia, Venezuela e América Central (Sorveteria Confeitaria

Brasileira, 2007). Esta espécie é essencialmente um cruzamento e não ocorre

naturalmente (SALVADOR, I., 2011).

O primeiro nome dado à árvore do cacau foi Amygdalae pecuniariae na

qual significa “amêndoa-dinheiro”, por seu significado como moeda de

intercâmbio. (VALENZUELA, A.B., 2007). Em 1937, o cacau foi descrito como

Theobroma fructus por um sueco quem realizou a primeira classificação

botânica, onde em 1753 propôs o nome Theobroma cacao, que permanece até

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hoje (CASTRO, D., 2001) onde significa “cacau, alimento dos deuses”

(VALENZUELA, A.B., 2007).

No Brasil, antes do descobrimento da república, o cacau era encontrado

em estado selvagem no Amazonas e Pará. No final do século XVIII foi levado

do Pará para a Bahia e a sua colheita é feita duas vezes por ano (CASTRO, D.,

2001). O cacaueiro exige temperatura sempre superior a 20 graus e, por isso,

sua faixa ideal para cultivo, no Brasil, fica entre os Estados do Espírito Santo,

Bahia e Rondônia. O maior produtor nacional é a Bahia, com 75% da colheita

brasileira (era de 96,9% antes do surgimento do fungo da vassoura de bruxa)

(EFRAIM, et al, 2006).

1.6 PROPRIEDADES DO CACAU

Os valores nutricionais por 100 g do cacau (fruta), segundo o Instituto

Plantarum de Estudos da Flora (2006), são 100 calorias, 3g de proteína, 0,1g

de gordura, 15g de carboidrato, 6mg de cálcio, 41 mg de fósforo, 1mg de ferro,

230 mg de potássio, 0,3 mg de vitamina A, 0,2 mg de vitamina B1, 0,1 mg de

vitamina B2, 21 mg de vitamina C e 3mg de niacina B3.

O termo alimento funcional originou-se no Japão em 1980, quando foi

utilizado pela indústria para descrever alimentos fortificados com ingredientes

específicos, inferindo-lhes benefícios à saúde (HORST, 2007). De acordo com

a Resolução número 18 de 30 de abril de 1999 da ANVISA, alimento funcional

define-se por: todo alimento ou substancias encontrados no alimento que alem

das funções nutricionais básicas, produz efeitos metabólicos e/ou fisiológicos a

saúde.

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A Associação Dietética Americana (ADA) especifica que os fitoquímicos

são componentes naturais e constituintes dos chamados alimentos funcionais,

como os polifenóis, podendo desempenhar importantes funções benéficas para

a saúde como parte de uma dieta variada (COENTRÃO, P. A. M., 2005).

O cacau consiste em uma substância funcional de grande atividade

antioxidante que pode contribuir para a manutenção da saúde cardíaca. Seus

conteúdos fitoquímicos foram sendo reconhecidos especialmente pela

metilxantina e teobromina. Essas são substâncias alcalóides com efeito

estimulante semelhante ao da cafeína (HAMMERSTONE, et al., 1999). De

Acordo com Rein e colaboradores (2000), o chocolate possui cafeína em sua

composição, na qual deixa o indivíduo mais disposto, porém em baixa

quantidade.

Em cada 100 g de chocolate contém 5mg de metilxantina e 160 mg de

teobromina (HAMMERSTONE, et al., 1999). A teobromina é normalmente

encontrada no fruto do Theobroma cacao, sendo uma substância estimulante

do miocárdio e também vasodilatadora. Assim, aumenta as batidas do coração,

contudo também dilata os vasos sanguíneos, reduzindo a pressão sanguínea

(HAMMESTONE, et al, 1999). Outros estudos sugerem que a diminuição da

pressão sanguínea, pelo chocolate, pode ser causada através de flavanols

(ALMOOSAWI, et al, 2010; GRASSI, et al, 2005; BELZ, et al, 2011).

O chocolate possui, também a cada 100g, a quantidade de 600 mg de

feniletilamina, caracterizada por um estimulante com efeito parecido com a

dopamina e a epinefrina (SCHMITZ, H. H., 2001; SHUMACHER, 2008). Possui

estrutura molecular semelhante às anfetaminas, e são substâncias

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responsáveis pela sensação de bem estar (FEIJÓ, F. M; BERTOLUCI, M. C.;

REIS, C., 2010).

O chocolate contém também uma substância denominada triptofano, na

qual é o precursor direto da serotonina. Essa desempenha um importante papel

no sistema nervoso, com diversas funções, como a liberação de alguns

hormônios, regulação do sono, temperatura corporal, apetite, humor, atividade

motora e funções cognitivas, ajudando a combater a ansiedade e depressão

(FEIJÓ, F. M; BERTOLUCI, M. C.; REIS, C., 2010)

Além de efeitos no Sistema Nervoso Central, a semente de cacau

apresenta quantidade significativa de polifenóis, com comprovados benefícios

clínicos com efeito protetor contra várias doenças e atividade antioxidante

(EFRAIM, et al, 2006; OLIVEIRA, L. P. M., et al., 2004). Nelas se encontram

grandes quantidades de flavonóides. Os flavonóides mais presentes na

semente de cacau são os monoméricos (catequina e epicatequina) e as

procianidinas oligoméricas (HAMMERSTONE, et al., 1999; SIMÕES, 1999).

As procianidinas são formadas a partir da condensação de unidades

individuais de catequinas ou epicatequinas, por isso, são também conhecidas

como proantocianidinas ou taninos condensados (EFRAIM, et al, 2006;

SIMÕES, 1999; OLIVEIRA, M. A., 2005).

Tanino é uma substância com alto peso molecular encontrado na

natureza. Os taninos são moléculas altamente hidroxiladas e podem formar

compostos insolúveis com carboidratados e proteínas (OLIVEIRA, M. A., 2005).

Os taninos são conhecidos pelo seu sabor adstringente, causado pela

precipitação das proteínas, presentes na saliva. Os taninos são divididos em

dois grupos, sendo um deles os hidrolisáveis e o outro grupo os condensados.

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Tanino condensado é a nomenclatura utilizada para definir um oligômero, uma

polimerização de cadeia média para grande, dos flanvan-3-ols ou flavan-3,4-

diols. Os taninos condensados consistem em polímeros acima de 17 unidades

de flavanols (OLIVEIRA, M. A., 2005; SIMÕES, 1999).

Cerca de 60% dos compostos fenólicos das sementes do cacau são

procianidinas, na forma de flavan-3-ols condensados, contendo entre 2 e 18

moléculas de catequina ou epicatequina (HAMMERSTONE, et al, 1999;

BRITO, 2000; OLIVEIRA, M. A., 2005). As procianidinas possuem elevada

atividade antioxidante, diminuindo a concentração de lipoproteinas de baixa

densidade (LDL), além de serem importantes também para o sistema

imunológico (EFRAIM, et al, 2006; REIN, et al., 2000).

Segundo Serafini e colaboradores (2003), as epicatequinas são

flavonóides responsáveis por evitar a trombose. As catequinas presentes em

grandes quantidades no chá verde e cacau estão entre os flavonóides

polifenólicos mais potentes como antioxidantes, de acordo com estudos in vitro

(HALLIWELL, 1997).

Em um estudo de coorte prospectivos da Europa e dos Estados Unidos,

uma redução de 50% da mortalidade, principalmente devido a uma redução de

infarto do miocárdio foi publicado, após o consumo de catequinas (BELZ, G.G.

et al, 2011).

Ao mesmo tempo de equilibrar a ingestão calórica total, os produtos que

possuem os flavonóides do cacau podem fornecer benefícios cardiovasculares,

se incluído como parte de uma dieta saudável (GRASSI, et al., 2005).

Tem sido demonstrado que o consumo de cacau promove a

vasodilatação arterial e diminui moderadamente a pressão sanguínea em seres

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humanos . No sangue, diminui a agregação de plaquetas e aumenta as células

progenitoras angiogênicas. Além disso, efeitos antiinflamatórios, melhora do

perfil lipídico e metabolismo da glicose, e aumento da produção de NO

endotelial. Em estudos em animais de reperfusão do miocárdio, uma

diminuição no tamanho do enfarte foi notado (BELZ, G.G. et al, 2011).

1.7 PRODUTO DERIVADO DO CACAU: CHOCOLATE

O chocolate tem efeito atrativo devido aos ingredientes presentes em

sua formulação e aos resultados que estes impõem ao produto final (gordura,

açúcar, textura e aroma). Ele vem ganhando cada vez mais espaço na mídia,

não só pelas suas apreciadas propriedades sensoriais, mas também pelos

benefícios potenciais à saúde. Uma análise mais profunda, baseada em

pesquisas científicas, sugere que, realmente, alguns chocolates podem ter o

potencial de contribuir beneficamente para a saúde quando consumidos com

moderação (SCHMITZ, H. H., 2001).

É o produto obtido a partir da mistura de derivados de cacau

(Theobroma cacao L.), massa, pasta ou líquor de cacau, cacau em pó e/ou

manteiga de cacau, com outros ingredientes, contendo, no mínimo, 25 %

(g/100 g) de sólidos totais de cacau. Chocolate branco é o produto obtido a

partir da mistura de manteiga de cacau com outros ingredientes, contendo, no

mínimo, 20% (g/100 g) de sólidos totais de manteiga de cacau. O produto pode

apresentar recheio, cobertura, formato e consistência variados (BRASIL, 2005;

SCHMITZ, H. H., 2001).

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O chocolate é um alimento balanceado, devido ao teor de proteínas,

carboidratos, lipídios, sais minerais e vitaminas distribuídos em seus três

ingredientes necessários para a sua produção: cacau, leite e açúcar

(CAMPOS, et al, 1994; SILVA, A. S. B).

De acordo com a expressão “Padrão de Identidade”, o chocolate amargo

deve apresentar entre 3600 μg à 8000 μg de polifenóis do cacau, por grama de

chocolate, enquanto que para o chocolate ao leite encontra-se pelo menos

1000 μg a e 5000 μg, por grama de chocolate ao leite. O padrão de identidade

do chocolate está intimamente relacionado com o teor de polifenóis

(COENTRÃO, P. A. M., 2005).

Os teores de flavonóides variam para cada chocolate, sendo que os

níveis aumentam do chocolate branco, chocolate ao leite, chocolate preto e

finalmente, o chocolate amargo. Os benefícios do chocolate do tipo amargo são

advindos, principalmente, a partir do seu teor significativo de polifenóis através

de flavonóides e do baixo índice de lipídeos (SOUZA, A. S. L., 2010).

A presença de compostos antioxidantes no chocolate, traduzida pelo

significativo conteúdo de flavonóides, indica uma relação inversa entre

problemas cardiovasculares e a presença de flavonóides, a exemplo do que já

foi comprovado também em vinho, frutas e vegetais. Os principais flavonóides

presentes no chocolate são as procianidinas, expressas em catequina e

epicatequina (MENEGALDO, J. G., 2011).

A quantidade de flavonóides presente nos produtos de cacau e no

chocolate industrializado é dependente do procedimento realizado na colheita

de grãos e condições de processos subseqüentes usados pelos fabricantes de

chocolate (MENEGALDO, J. G., 2011).

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Os mecanismos pelos quais os flavonóides presentes no chocolate e no

cacau podem melhorar a saúde cardiovascular incluem a redução de danos ao

endotélio vascular promovidos pela oxidação do colesterol LDL, assim como a

redução da tendência à agregação plaquetária (WANG, et al., 2000). O seu

consumo auxilia na redução da absorção intestinal de colesterol e aumenta sua

excreção, tendo portanto um efeito hipocolesterolêmico.

A propensão à agregação plaquetária conduz à formação de placas de

ateroma responsáveis por infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e

gangrenas, embora, os mecanismos de agregação plaquetária exerçam um

papel importante na redução de hemorragias durante ferimentos (REIN, et al.,

2000).

Além disso, certos flavonóides do chocolate podem atuar como agentes

vasoativos, o que reforça o conceito de que os flavonóides presentes no

chocolate poderiam promover um fluxo do sangue adequado e um coração

saudável (MENEGALDO, J. G., 2011; SCHMITZ, H. H., 2001). A ingestão do

chocolate amargo faz com que ocorra redução do colesterol LDL e de

triglicérides (ENGLER, et al, 2004; GRASSI, et al, 2005).

Embora se acredite que o consumo de gorduras saturadas aumenta o

nível plasmático de colesterol, o consumo regular de manteiga de cacau e

chocolate vem negando este aumento (WANG, et al., 2000).

A maior parte das pesquisas vem demonstrando que isto se deve,

provavelmente, às concentrações relativamente altas de ácido esteárico, que

tem mostrado um efeito neutro sobre o metabolismo do colesterol, e ao ácido

oléico, conhecido pelos seus efeitos na redução plasmática do colesterol

médio. Além dos carboidratos simples e da gordura presentes no chocolate, o

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componente do cacau é rico em inúmeros minerais essenciais, como

magnésio, cobre, potássio e manganês (HAMMERSTONE, et al., 1999;

SCHMITZ, H. H., 2001).

Os benefícios do chocolate amargo são provenientes da manteiga de

cacau, a principal matéria-prima do chocolate. Essa, além de ser rica em

ácidos graxos saturados que possuem efeito neutro sobre o colesterol

sanguíneo, possui também minerais que contribuem para o controle de DCV e

da hipertensão arterial. Ela contém, ainda, estilbeno resveratrol, composto

fenólico com função cardioprotetora (SALVADOR, I., 2011; SCHMITZ, H. H.,

2001).

A manteiga de cacau contém entre 30% e 37% de estearatos na sua

composição lipídica. O elevado conteúdo de estearatos da manteiga de cacau,

ingrediente essencial do chocolate, é responsável pela maneira a qual se

derrete e pela sua estabilidade. Como consequência, permanece sólida à

temperatura ambiente, porém, quando consumida, o seu conteúdo em gordura

absorve o calor da boca e derrete à temperatura corporal.

O chocolate amargo (contendo no mínimo 50% de massa de cacau) é

rico em magnésio, em concentrações de 300mg/100g, suprindo a quantidade

diária deste nutriente, que por sua vez tem ação antagônica do cálcio,

favorecendo o controle da pressão arterial (WAN, et al, 2001).

A quantidade de chocolate amargo com teor igual ou maior de que 50%

de cacau que promove benefícios a saúde com ingestão diária é de 16 a 100g

por dia (RODRIGUES, U. T. F. M., 2007). Porém, Baba e colaboradores (2007)

constataram em seu estudo que a quantidade de 13g de cacau em pó por dia

foram suficientes para promover efeito de diminuir o LDL.

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Diversos estudos têm demonstrado que o cacau in natura, alguns

produtos de cacau e o chocolate são extraordinariamente ricos num grupo de

antioxidantes conhecido como flavonóides, que pertencem a uma ampla e

diversa classe de fitoquímicos chamados polifenóis (EFRAIM, et al, 2006;

SCHMITZ, H. H., 2001). Sabe-se que as sementes do cacaueiro apresentam

elevado teor de polifenóis, entre 12 e 20% de seu peso seco e

desengordurado, considerado bastante elevado em comparação a outros

vegetais (BRITO, 2000).

Grassi e colaboradores (2005) testaram o efeito do chocolate escuro em

20 pacientes com hipertensão essencial grau I que nunca foram tratados. Estes

foram randomizados para 10 voluntários receberem 100g por dia de chocolate

escuro (contendo 88 mg de flavonóides) e 10 voluntários 90g por dia de

chocolate branco durante 15 dias, sendo que um tratamento foi cruzado para o

outro após o período de 7 dias de ingestão. Após a ingestão do chocolate

escuro houve a diminuição da pressão arterial e níveis de LDL colesterol e

melhorou a febre aftosa e a sensibilidade à insulina em hipertensos.

O estudo placebo-controlado de Engler e colaboradores (2004) foi

realizado em 22 voluntários saudáveis (11mulheres e 11homens) onde

aleatoriamente fizeram uma ingestão diária de uma alta taxa de flavonóides

(213 mg procianidinas, 46 mg epicatequina) ou de uma baixa taxa de

flavonóides em barras de chocolate escuro (46 g, 1,6 oz), durante o período de

2 semanas. Após o tratamento, o mesmo não obteve diferenças significativas

em medidas de perfil lipídico, estresse oxidativo, pressão arterial, peso corporal

e IMC entre os dois grupos.

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Baba, et al (2007) avaliaram o colesterol LDL e concentrações de LDL

oxidada no plasma após a ingestão de diferentes níveis de cacau em pó (13,

19,5 e 26 g por dia) divididos em duas frações diárias em 131 participantes

normocolesterolêmicos ou levemente hipercolesterolêmicos. A concentração de

LDL oxidado diminuiu em todos os níveis de cacais comparados com os

valores basais, além da diminuição da concentração de LDL e da elevação da

concentração de HDL.

Para Belz e colaboradores (2011) o consumo de até cerca de 25 g por

dia de chocolate escuro rico em flavonoides pode ser recomendada para a

prevenção cardiovascular. Nesta dose moderada, os efeitos potencialmente

prejudiciais devido ao ganho de peso e consumo de cádmio será mínimo.

Neste ponto, um consumo moderado de produtos de cacau ricos em

flavonoides parece ser eficaz na prevenção da doença arterial coronariana e

infarto do miocárdio.

Em uma revisão sistemática sobre a ação do chocolate, chá, vinho tinto

e café na saúde cardiovascular realizada por Rodrigues (2007), o chocolate foi

o alimento que percentualmente maior teve efeito na saúde com melhora do

perfil lipídico e menos oxidação do LDL (31,25%). Todos os estudos feitos com

o chocolate e cacau resultaram em atividade antioxidante cardioprotetora como

diminuição do LDL e TG, diminuição do risco cardíaco e da formação de placas

aterogênica.

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2. ARTIGO CIENTÍFICO

Benefícios do Chocolate Amargo: Um comparativo in vivo

Benefits of dark chocolate: a comparative in vivo

Beneficios del chocolate negro: una comparativa in vivo

Título abreviado para legenda: Benef. do choc. amargo: um comp. in vivo.

GABRIELA MACHADO1; JOSNEI DA SILVA2; RICARDO CATELAN3

1 Acadêmica do Curso de Farmácia Bacharelado da Faculdade Assis Gurgacz.

Endereço: Av. das Torres, 500, Loteamento FAG, Cascavel/PR. Email:

[email protected]

2 Professor Especialista da Faculdade Assis Gurgacz, Curso de Farmácia.

Endereço: Av. das Torres, 500, Loteamento FAG, Cascavel/PR. Email:

[email protected]

3 Farmacêutico do Laboratório UNILABOR. Endereço: Rua Souza Naves,

3205, Cascavel/PR. Email: [email protected]

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia Bacharelado)

apresentado com o título “Benefícios do Chocolate Amargo: Um Comparativo in

vivo”, da Instituição Faculdade Assis Gurgacz, da cidade de Cascavel no

estado do Paraná, no ano de 2012.

Departamento de Farmácia da Faculdade Assis Gurgacz.

Nome do autor responsável e seu respectivo endereço: Gabriela Machado, Rua

Anibal Curi, 387, Loteamento FAG. CEP: 85806097. Cascavel – PR.

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INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCV), de um modo geral, caracterizam-se

por um conjunto de doenças que afetam o aparelho cardiovascular,

designadamente o coração e os vasos sanguíneos (GUS, I., et al, 2002). Essas

são uma das principais causas de morte em países desenvolvidos e em

desenvolvimento em todo o mundo (KENEDDY, F., 2008).

A Organização Pan-Americana de Saúde (2003) relata que mais de 50%

dos óbitos poderiam ter sido evitados com medidas preventivas de baixo custo.

Entre elas destaca-se o alto nível de HDL, o baixo nível de LDL e o controle da

pressão arterial (ALVES, A. et al., 2009). Segundo a Sociedade Brasileira de

Cardiologia (2001), mudanças no estilo de vida, associado a procedimentos

dietéticos, podem atingir essas medidas preventivas.

Dentro desse contexto, o interesse por alimentos com propriedades

funcionais, como os polifenóis, vem crescendo devido associação do seu

consumo com prevenção de doenças, principalmente as cardiovasculares

(ENGLER, et al, 2004; KUSKOSKI et. al., 2006; MENEGALDO, J. G., 2011;

SILVA, A. S. B., 2008).

Os polifenóis possuem capacidade de inibir a formação de radicais livres

e/ou de os eliminarem pela doação de elétrons, conferindo ação antioxidante e

protetora contra várias doenças (EFRAIM, et al, 2006; SALVADOR, I., 2011).

Os flavonóides são compostos polifenólicos amplamente encontrados no

chocolate, chá verde, vinho tinto, entre outros alimentos (ENGLER, et al, 2004;

COENTRÃO, P. A. M., 2005). De acordo com Lee e colaboradores (2003), o

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cacau, principal ingrediente do chocolate, é uma fonte com capacidade

antioxidante maior que a de chás e vinho tinto.

O chocolate do tipo amargo (com teor de cacau acima de 50%) possui

maior quantidade de flavonóides e menor de lipídeos em sua composição

quando comparada a outros tipos de chocolates. Seus benefícios são

provenientes da manteiga de cacau, a principal matéria-prima do chocolate.

Essa, além de ser rica em ácidos graxos saturados que possuem efeito neutro

sobre o colesterol sanguíneo, possui também minerais que contribuem para o

controle de DCV e da hipertensão arterial. Ela contém, ainda, estilbeno

resveratrol, composto fenólico com função cardioprotetora (SALVADOR, I.,

2011; SCHMITZ, H. H., 2001). Por isso, o consumo de chocolate amargo é

indicado para a prevenção de DCV.

Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi determinar se o

chocolate amargo, com teor de cacau 55%, consumido moderadamente, de

forma diária, possui atividade antioxidante reduzindo os níveis de colesterol

LDL, e aumentando os níveis de HDL, avaliando o seu efeito in vivo.

MATERIAIS E MÉTODOS

POPULAÇÃO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo experimental, randomizado, paralelo, não-

controlado e não-cego, que necessitou da aprovação do Comitê de Ética de

Pesquisa com Seres Humanos (CEP) para ser iniciado.

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A população de estudo foi acadêmicos, devidamente matriculados no

curso de Farmácia, de uma faculdade particular, localizada no oeste do

Paraná. Partindo-se de um universo definido (n = 169 acadêmicos), a amostra

foi determinada pelo seguinte cálculo estatístico: √n +1. Assim, a amostra

significativa para o estudo foi de 14 indivíduos. Almoosawi e colaboradores

(2010) também utilizaram 14 indivíduos para seu estudo. Porém, como se trata

de uma pesquisa com seres humanos, na qual pode haver alguma desistência

em seu desenvolvimento, houve adaptação da amostra para 20 indivíduos.

Os 20 indivíduos foram aleatoriamente selecionados, sendo esses

necessariamente normocolesterolêmicos e normotensos. Entre eles, foram 10

do gênero feminino e 10 do gênero masculino, separados, respectivamente, em

dois grupos de estudo: GF e GM. Assim, o estudo se equivale ao de Grassi e

colaboradores (2005), quanto à quantidade de amostra e de grupo.

PARÂMETROS AVALIADOS

Os grupos GF e GM foram submetidos a análises dos seguintes

parâmetros: pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD),

peso corporal (PC), colesterol total (CT), HDL, LDL e o triglicerídeo (TG).

AVALIAÇÕES BIOQUÍMICAS

As dosagens bioquímicas foram realizadas no Laboratório de Análises

Clínicas UNILABOR, localizado na cidade de Cascavel – PR. O Laboratório

utiliza os kits da marca Labtest para determinação de CT e HDL, e o kit da

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marca Gold Analisa para TG. Sendo assim, esses foram os kits de escolha

para quantificação desses parâmetros sanguíneos. Quanto ao nível de LDL,

seu valor foi calculado através da equação de Friedewald [LDL= Colesterol

total – (VLDL=Triglicérides/5) - HDL)]. Os resultados obtidos das análises foram

expostos em mg/dL.

TRATAMENTO

A dieta chocolate (DC) foi adaptada quanto à metodologia de Baba e

colaboradores (2007), se caracterizando pela ingestão de 1 tablete de

chocolate amargo no período da manhã (9g) e 1 tablete no período da tarde

(9g), totalizando em uma amostra de 18g/dia, pelo período de 1 mês. O

chocolate amargo escolhido para o estudo foi de uma marca popular brasileira,

que continha 55% de cacau em sua composição.

Os indivíduos foram instruídos a manterem seus hábitos de vida

normalmente durante a pesquisa, sem seguir uma dieta controlada

(alimentação variável). Para obter essas informações de cada indivíduo, foi

aplicado um questionário adaptado de Vinholes e colaboradores (2009),

abordando temas referentes ao consumo de alimentos gordurosos, sal e

açúcar, fumo, prática de atividade física e antecedentes familiares com DCV.

ANÁLISES REALIZADAS

Após a finalização da DC, repetiram-se as análises dos parâmetros PC,

PA, CT, HDL, LDL e TG nos grupos, a fim de comparar os valores iniciais com

os valores após a ingestão do chocolate amargo.

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ANÁLISE ESTATÍSTICA

O Teste T de Student pareado foi utilizado para comparar

estatisticamente a diferença entre os valores iniciais com os valores finais

(após DC), com adoção do intervalo de confiança de 95%.

A análise entre os valores médios obtidos, dos parâmetros entre os

grupos e os indivíduos, foi realizada pelo Teste T de Student, a partir da

comparação da média de duas amostras. O nível de confiança escolhido para

tal foi de 95%.

O nível de significância adotado para todas as análises foi de 5%.

Além disso, os resultados foram expressos na forma de tendência

central (média), variabilidade (desvio padrão), valores medianos, mínimos e

máximos.

Para efeito de gráficos, os dados foram expressos como média.

RESULTADOS

O estudo contou com a participação de 20 indivíduos. Entretanto,

durante seu desenvolvimento, houve a desistência de um (01) indivíduo do

grupo GM, resultando em 19 indivíduos no total (10 GF e 9 GM).

A idade média (± DP) da população, constituída por adultos jovens, foi

de 21,75 ± 1,52 anos. A idade mínima verificada em ambos os grupos foi de 21

anos. O grupo GM foi composto pelo indivíduo com a maior idade, sendo esta,

26 anos, enquanto que, a idade máxima verificada no grupo GF, foi de 24 anos.

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A partir do questionário respondido no primeiro momento, vale destacar

que os resultados mais relevantes foram que, dentre os indivíduos, 36,84%

possuem antecedentes familiares com alguma DCV (n=7), 89,47% não são

tabagistas (n=17), 57,89% fazem consumo moderado de sal (n=11), 42,10%

consomem álcool 1 vez por semana (n=8), 26,31% consomem alimentos ricos

em açúcar diariamente (n=5), 31,57% consomem alimentos gordurosos 3

vezes por semana (n=6), 36,84% realizam atividade física 3 vezes por semana

(n=7) e 36,84% são sedentários (n=7).

A análise dos parâmetros analisados no estudo (PC, PAS, PAD, CT,

HDL, LDL e TG) mostrou que algumas médias dos valores iniciais e dos

valores após DC obtiveram resultados distintos, embora não diferindo

estatisticamente (p>0,05). A comparação entre essas médias estão expressas

abaixo na Figura 1, levando em consideração o número total de indivíduos

(n=19).

Figura 1 - Comparação das médias entre os parâmetros avaliados dos indivíduos, após o consumo de chocolate amargo (n=19)

PC= Peso corporal; PAS=Pressão Arterial Sistólica; PAD=Pressão Arterial Diastólica; CT=Colesterol Total; HDL=Colesterol HDL; LDL=Colesterol LDL; TG= Triglicerídeos

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Observa-se que os níveis de PC, PAS, PAD e TG, apresentaram uma

leve redução não estatística de suas médias. Os valores médios dos

parâmetros CT e LDL obtiveram aumento sérico, porém de forma também não

estatística. Entretanto, o nível elevado de HDL foi observado com diferenciação

entre seus valores, com p>0,005.

Em questão de comparação entre a média dos grupos GM e GF, a partir

dos dados iniciais coletados (Tabela 1), percebe-se que alguns valores foram

distintos entre os grupos, apresentando p>0,05. Essas diferenças estatísticas

foram analisadas nos parâmetros PC, HDL e LDL. Entretanto, PAS, PAD, CT e

TG não se diferenciaram significativamente (p>0,05).

Tabela 1 – Dados iniciais verificados entre os grupos (média ± DP).

GM GF

PC 83,55 ±13,01 a 64,30 ± 9,77 b

PAS 119 ± 5,67 a 118 ± 4,21 a

PAD 77 ± 4,83 a 76 ± 5,16 a

CT 158,63 ± 45,87 a 175,56 ± 22,72 a

HDL 42,56 ± 9,38 a 68,39 ± 13,40 b

LDL 89,98 ± 31,40 a 69,69 ± 16,05 b

TG 216,79 ± 86,85 a 177,32 ± 39,70 a

Os valores estão representados por média ± desvio padrão. Unidades: kg (PC); mmHg (PAS e PAD); mg/dL (CT, HDL, LDL e TG). Letras distintas na mesma linha indicam variação estatística pelo Teste T de Student não pareado, com nível de 95% de confiança.

A Tabela 2 contém os resultados dos valores obtidos, de antes e após o

tratamento com o chocolate amargo, de todos os parâmetros avaliados entre

os indivíduos no estudo. Esses valores estão representados na forma de

média, desvio padrão, mediana, mínimo e máximo, para melhor demonstração

dos resultados obtidos.

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Tabela 2 - Parâmetros analisados dos indivíduos (n = 19) antes e após DC

ANTES DC APÕS DC

Média±

DP

Md (Mi -

Ma)

Média ±

DP

Md (Mín –

Máx)

PC (kg) 73,42±

14,99

74 (48 –

100)

73,10

± 15,49

71 (47 –

102)

PAS

(mmHg)

116 ±

7,68

110 (100 –

130)

114,5 ±

6,06

110 (100

– 120)

PAD

(mmHg)

73 ±

5,61

70 (60 –

80)

73,5 ±

5,82

70 (60 –

80)

CT

(mg/dL)

171,32

± 34,56

174,85

(94,73 –

237,58)

174,94 ±

32,58

172,44

(118,86 –

239,68)

HDL

(mg/dL)

55,42 ±

17,01

54,17

(28,98 –

88,33)

57,84 ±

18,03

56,43

(27,63 –

91,8)

LDL

(mg/dL)

79,30

±

25,79

75,15

(36,69 –

145,25)

79,82

±

28,53

79,83

(51,31 –

148,97)

TG

(mg/dL)

196,01

±

67,19

175,94

(114,28–

373,85)

180,32 ±

47,19

190,69

(96,51 –

252,07)

DP = desvio padrão; Med = mediana; Mi = mínimo; Ma = máximo. Análise estatística pelo Teste T de Student não pareado (p>0,05).

Verifica-se que os parâmetros acima não obtiveram diferença estatística,

entre as médias de antes e após DC, através do T de Student com 95% de

confiabilidade. Entretanto, quando comparado a subtração entre os valores

inicias com finais de cada parâmetro, o Teste T de Student Pareado (p<0,05)

demonstra que no estudo houve diferença significativa do parâmetro HDL.

De acordo, então, com as diferenças entre os valores de antes e após

DC, o parâmetro PC não obteve aumento significativo (p>0,05). O peso

corporal médio obtido (± DP) das diferenças foi de 0,33 kg (± 2,95 kg) no grupo

GM e 0,3 kg (± 1,05 kg) no grupo GF. O aumento ocorreu em 31,57% dos

indivíduos (66,66% GM e 33,33% GF) e a diminuição em 47,86% (44,44% GM

e GF 55,55%). Nos outros indivíduos, os valores se mantiveram iguais,

representando 21,05%, de forma equivalente entre os grupos (50% GM e 50%

GF).

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O estudo mostrou que a pressão arterial, avaliada como PAS e PAD,

não se diferenciou estatisticamente (p>0,05). A média (± DP) de PAS foi de

3,33 mmgH (± 6,74 mmHg) e de PAD 1,11 mmHg (± 3,16 mmgH), entre seus

valores iniciais e finais. Isso demonstra que o chocolate amargo, tanto não

elevou quanto também não diminuiu, a PA dos indivíduos de forma

significativa, durante o período de estudo (1 mês).

Os parâmetros lipídicos CT, HDL, LDL e TG estão expostos na Tabela 3,

por meio dos resultados obtidos através da diferença entre os valores iniciais e

após DC. A avaliação foi realizada entre os grupos de estudo, bem como no

total de indivíduos.

Tabela 3 – Diferença entre as concentrações séricas iniciais e após DC de Colesterol Total, Colesterol HDL, Colesterol LDL e Triglicerídeos, entre os grupos de estudo

GF GM Total

Colesterol Total 0,46 ± 17,79 8,08 ± 23,34 4,07 ± 20,39 Colesterol LDL 1,07 ± 15,37 1,30 ± 16,50 0,05 ± 15,51

Colesterol HDL * 0.68 ± 14.44 1.55 ± 5.59 0,37 ± 5,17 Triglicerídeos -0,49 ± 29,85 33,52 ± 63,01 15,69 ± 50,14

Representação da média da subtração obtida entre os valores de antes e após DC ± desvio padrão Todos os valores estão expressos em mg/dL. * Variação estatisticamente diferenciada pelo Teste T de Student Pareado (p>0,05).

Verifica-se que os níveis de CT não obtiveram diferença significativa

entre os grupos (p>0,05). O aumento de seus níveis, em 57,63%, foi notado em

10 indivíduos (6 homens e 4 mulheres), partindo-se de n=19. Dentre eles, foi

notado 66,67% em GM e 40% em GF. Já, a redução de seus valores foi

observada em 42,37% dos participantes, sendo 33,33% em GM e 60% em GF.

A fração LDL sofreu redução biológica de seus valores em quase

metade dos indivíduos (47,37%), porém de maneira não significativa (p>0,05).

O grupo GM obteve redução de 44,44% e aumento de 55,56%, enquanto que o

grupo GF reduziu e aumentou seus valores de forma equivalente (50%). O

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aumento, em 52,63%, foi observado na maioria dos participantes (n=10), sendo

5 GM e 5 GF.

O efeito do chocolate amargo sob o colesterol HDL foi nitidamente

notado em 68,42% do total dos indivíduos (Figura 2), apresentando diferença

estatística após o tratamento DC (p>0,05).

Figura 2 – Porcentagem dos níveis de HDL após o término de DC

GM = Grupo Masculino; GF= Grupo Feminino.

O grupo GF obteve valores de HDL significativamente maiores,

apresentando 70% de aumento, quando comparado ao grupo GM, com

66,67%, embora esses valores estejam próximos entre si. O aumento foi

verificado no total de 13 participantes, composto por 7 mulheres e 6 homens.

O parâmetro TG, obteve resultados semelhantes ao LDL, com redução

de seus valores em 47.37%, embora não estatisticamente (p>0,05). A partir

dessa porcentagem, nota-se que 44,44% da redução ocorreu em GM e 50%

em GF. O aumento ocorreu em 52,63% dos participantes, apresentando

valores significativamente maiores em GM, com 55,56%, de que em GM, com

50% de aumento. Isso, foi notado em 10 indivíduos (5 homens e 5 mulheres),

partindo-se de n=19.

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DISCUSSÃO

Durante o estudo, em geral, notou-se a dificuldade no controle da dieta

por parte dos grupos, na qual deveria acontecer duas vezes por dia durante 1

mês. Acredita-se que a ingestão tenha ocorrido corretamente, em função dos

resultados obtidos no estudo. Entretanto, não se pode afirmar categoricamente,

uma vez que a ingestão da DC era obrigação de cada individuo.

Além disso, um dos componentes de GM não completou o estudo, no

momento da coleta dos dados finais. Assim, infelizmente não se pode observar

o resultado do chocolate amargo nesse indivíduo.

Como mencionado, a população de estudo foi constituída por indivíduos

jovens. Teoricamente, a idade entre eles é favorável ao estudo, com aquisição

de resultados mais satisfatórios de que indivíduos com idade mais elevada.

Entretanto, o chocolate mostrou resultados positivos no estudo de Grassi e

colaboradores (2005), na qual utilizaram indivíduos hipertensos com idade

entre 25 a 60 anos e, no estudo de Baba e colaboradores (2007), com

indivíduos normocolesterolêmicos ou levemente hipercolesterolêmicos com

idade entre 20 a 70 anos. Isso indica que, mesmo em indivíduos não saudáveis

e com idade superior ao do estudo em questão, o chocolate amargo

apresentou benefícios, não reservando seus efeitos apenas aos jovens.

A respeito da dose diária de chocolate amargo que confere benefícios a

saúde, segundo vários estudos, varia entre 13g e 100g/dia (BABA, et al, 2007;

BELZ, G.G. et al, 2011; GRASSI, et al, 2005; WAN, et al, 2001).

Levando em consideração o fato de que o chocolate amargo possui

como ingredientes o alto teor de cacau, e baixo teor de leite e de açúcar, isto o

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leva a ser considerado um alimento balanceado, devido ao teor de proteínas,

carboidratos, lipídios, sais minerais e vitaminas (CAMPOS, et al, 1994).

O estudo mostrou que o PC dos grupos, de antes e após 30 dias da

dieta, não obtiveram aumento significativo. O aumento médio verificado foi de

2,16 kg, tendo aumento mínimo e mediano de 1kg e aumento máximo de 6kg.

O chocolate amargo pode não ter sido o responsável por este aumento, devido

que os indivíduos não tiveram restrição alimentar durante o período do estudo.

Cerca de 66,66% dos indivíduos com PC aumentado, relataram que o

consumo de alimentos gordurosos é feito por eles em até três vezes por

semana, sendo que o recomendado é no máximo uma vez por semana

(VINHOLES, et al, 2009). Assim, alimentos gordurosos podem ter influenciado

no PC dos indivíduos. Em relação à atividade física, exatamente metade dos

indivíduos com PC elevado são sedentários (50%). Verifica-se então, a

possibilidade de existir correlação entre PC, alimentos gordurosos e

sedentarismo, porém a mesma não pode ser afirmada, necessitando de novos

estudos para verificar essa associação.

Em contrapartida, houve a perda média de 1,5kg entre os indivíduos,

tendo o valor mínimo de 1 kg, mediano de 1 kg e máximo de 4 kg. A diminuição

de PC foi observada em 47,86%, ou seja, quase metade dos indivíduos. Dentre

os indivíduos que tiveram PC diminuído, 44,44% praticam atividade física até 3

vezes por semana, 22,22% praticam 2 vezes por semana e 44,44% não

praticam nenhum tipo de atividade física. Isso indica que a maioria dos

indivíduos realiza atividade física (55,55%).

Bons hábitos alimentares e a prática de atividade física favorecem o

equilíbrio entre a ingestão alimentar e o gasto energético diário, o que previne a

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obesidade, na qual representa um forte determinante para o desenvolvimento e

a manutenção de quadros típicos de dislipidemias (VIANA, et al, 2001).

Com os valores de PC sem diferença significativa, demonstra-se que o

chocolate amargo não interferiu no PC dos indivíduos durante o período de 30

dias, considerando-o um dos pontos positivos do estudo. A quantidade de 18g

de por dia mostra ser uma amostra significativa ideal que confere efeitos

benéficos à saúde e sem excesso de calorias, açúcar e gordura ao organismo.

Porém, necessita-se de outros estudos que tenham período de ingestão do

chocolate amargo maior que 30 dias, para investigar melhor o seu efeito no

parâmetro PC.

O estudo placebo-controlado de Engler e colaboradores (2004) foi

realizado em 22 voluntários saudáveis (11mulheres e 11homens) onde

aleatoriamente fizeram uma ingestão diária de uma alta taxa de flavonóides

(213 mg procianidinas, 46 mg epicatequina) ou de uma baixa taxa de

flavonóides em barras de chocolate escuro (46 g, 1,6 oz), durante o período de

2 semanas. Após o tratamento, a dilatação fluxo-mediada da artéria braquial

aumentou estatisticamente. Entretanto, não houve diferenças significativas em

medidas de perfil lipídico, estresse oxidativo, pressão arterial, peso corporal e

IMC entre os dois grupos.

A pressão arterial, verificada a partir dos valores de PAS e PAD, também

não obteve alteração entre seus valores inicias e finais a partir de DC. De

acordo com Belz e colaboradores (2011), o consumo de cacau é capaz de

promover vasodilatação arterial e diminuição moderada da pressão sanguínea

em seres humanos.

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Grassi e colaboradores (2005) testaram o efeito do chocolate amargo

em 20 pacientes com hipertensão primária (essencial), com idade média (±DP)

de 43,65 (±7,8 anos), que nunca foram tratados. Seus resultados

demonstraram decréscimos na PA após ingestão de chocolate amargo, tanto

em PAS quanto em PAD (11,9 ± 7,7 mmHg e -8,5 ± 5,0 mmHg,

respectivamente) (P<0,0001). Outros achados do estudo foram a diminuição do

LDL colesterol, além que a febre aftosa melhorou, assim como a sensibilidade

à insulina em hipertensos.

Resultado similar encontrou-se no estudo de Almoosawi e colaboradores

(2010), na qual demonstrou que o chocolate amargo foi eficaz na redução dos

níveis da pressão arterial sistólica e diastólica, pelo período de 2 semanas,

separadas por um período de lavagem de 1 semana, utilizando 14 indivíduos

como amostra. Além disso, outro achado foi a redução dos níveis de glicose

sanguínea em jejum.

O chocolate amargo é rico em íons magnésio, em concentrações de

300mg/100g, suprindo a quantidade diária deste nutriente. Por sua vez, esse

íon possui ação antagônica ao cálcio, favorecendo o controle da pressão

arterial (WAN, et al, 2001). Esse mecanismo de ação justifica o fato de que, em

muitos estudos, o chocolate amargo ter reduzido ou mantido os níveis de PA.

Outras explicações, segundo Hammestone e colaboradores (1999), seria

que a redução da pressão sanguínea é ocasionada através da função

vasodilatadora da teobromina. Outros autores acreditam que seja devido aos

flavanols, na qual ambos estão presentes no chocolate (ALMOOSAWI, et al,

2010; GRASSI, et al, 2005; BELZ, et al, 2011).

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Tratando-se dos níveis sanguíneos, acredita-se que o consumo de

gorduras saturadas aumenta o nível plasmático de colesterol, entretanto, o

consumo regular de manteiga de cacau e chocolate vem negando este

aumento (WANG, et al., 2000).

O nível de CT, no estudo em questão, não obteve diferença significativa

entre seus valores basais e após DC, embora tenha ocorrido aumento em

57,63% dos indivíduos. Esse aumento não estatístico pode ter sido

conseqüente ao efeito positivo da elevação do HDL, na qual ocorreu em

68,42% dos participantes.

Quando os elevados valores de CT ocorrem devido à elevada taxa de

LDL, há alto risco de desenvolvimento de DCV. Porém, o que foi notado no

estudo, foi que o aumento do CT teve relação com a alta taxa de HDL.

A revisão de literatura de Tokede e colaboradores (2011), analisando 10

estudos, demonstrou que os parâmetros que obtiveram diferenças estatísticas

após o tratamento com chocolate amargo, foram o colesterol total e o LDL. A

redução observada do nível de Colesterol total sérico foi de 6.23 mg/dL,

enquanto a redução do nível de LDL foi 5,90 mg/dL. Vale ressaltar, que os

pesquisadores verificaram que estudos com duração entre 4 a 12 semanas

mostraram uma redução não significativa em LDL, HDL e TG.

Os níveis de LDL, do presente estudo, também não se diferenciaram

significativamente, não havendo aumento e nem redução estatística. O perigo

do LDL está no aumento de seus níveis, na qual há relação proporcional entre

sua concentração com surgimento de DCV. Ou seja, quanto maior o nível de

LDL, maior a probabilidade de ocorrência (KENDALL e JENKINS, 2004),

principalmente tratando-se do processo aterosclerótico. Isso devido que a

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fração LDL é uma das principais transportadoras da molécula de colesterol no

sangue, pelo fato do colesterol não ser solúvel na circulação e necessitar de

transporte especial (ARAÚJO, P. F., 2009).

Vários estudos relatam relação da ação antioxidante entre o consumo de

chocolate amargo com diminuição do LDL. Segundo Kurosawa (2005), a

ingestão de frações ricas em polifenóis derivadas do cacau em pó aumentou a

resistência à oxidação do LDL em coelhos hipercolesterolêmicos. Além disso, a

área de lesão aterosclerótica da aorta foi significantemente menor no grupo

que ingeriu chocolate (30,87%) de que o grupo controle (52,39%).

Em uma revisão sistemática sobre a ação do chocolate, chá, vinho tinto

e café na saúde cardiovascular realizada por Rodrigues (2007), o chocolate foi

o alimento que percentualmente maior teve efeito na saúde com melhora do

perfil lipídico e menos oxidação do LDL (31,25%). Todos os estudos feitos com

o chocolate e cacau resultaram em atividade antioxidante cardioprotetora como

diminuição do LDL e TG, diminuição do risco cardíaco e da formação de placas

aterogênica.

O estudo de Baba e colaboradores (2007) avaliou o colesterol LDL e

concentrações de LDL oxidada após a ingestão de diferentes níveis de cacau

em pó (13, 19,5 e 26 g/dia) em 131 participantes normocolesterolêmicos ou

levemente hipercolesterolêmicos. A concentração de LDL oxidado diminuiu em

todos os níveis de cacais comparados com os valores basais, além da

diminuição da concentração de LDL e da elevação da concentração de HDL.

Como já evidenciado anteriormente, o estudo de Grassi e colaboradores

(2005), além de redução de PA, demonstrou diminuição dos níveis de LDL

estatisticamente (de 3,4 ± 0,5 para 3,0 ± 0,6 mmol/L).

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Pimentel, F. A (2007) utilizou 36 roedores separados nos seguintes

grupos de ingestão: chocolate 71% cacau, chocolate 40% cacau, vinho tinto,

chocolate e vinho tinto e grupo controle, por 45 dias. Os resultados obtidos

demonstraram que as taxas de LDL oxidado nos ratos que consumiram vinho

tinto puro ou combinado com chocolate foram superiores aos que consumiram

somente chocolate. O efeito sinérgico das duas fontes antioxidantes (vinho e

chocolate) mostrou interação negativa, com níveis de LDL oxidado ainda mais

elevado. Assim, o chocolate amargo quando ingerido na ausência do vinho

tinto, apresentou maior atividade antioxidante.

O estudo realizado por Araújo, P. F. (2009) avaliou o efeito do néctar de

amora-preta, pela presença de flavonóides, sobre os lipídios séricos em

hamsters. Os animais foram submetidos a diferentes dietas (grupo controle,

grupo bebida, grupo colesterol e grupo colesterol+bebida). Houve resultado

hipocolesterolêmico ao reduzir as concentrações de CT, LDL e TG nos grupos

que ingeriram o produto, tanto no grupo com adição do colesterol como no

grupo que não foi induzido ao colesterol. As concentrações de HDL não foram

influenciadas.

Levando em consideração os índices de HDL, houve elevação em seus

valores em ambos os grupos estudados quando comparados aos valores

basais (p>0,05), contradizendo o estudo citado anteriormente. Outros estudos

relatam resultados similares com aumento dos níveis do colesterol HDL (BABA,

et al, 2007; DALLABRIDA, 2008; MURSU, et al,2004; WAN, et al, 2001).

Para os flavonóides presentes no chocolate amargo, como já citado, são

atribuídas propriedades protetoras da camada interna das artérias, atuando

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como antiagregante plaquetário, reduzindo a oxidação do colesterol ligado às

LDL e aumentando a fração de colesterol bom, o HDL (CAMPOS, 2005).

Segundo Magalhães Andrade (2006), o resveratrol é o componente

responsável pela elevação da concentração de HDL sanguíneo e por diminuir o

LDL. Em seu estudo, realizou a administração de vinho tinto pelo período de 15

dias em seres humanos. Como resultado, verificou que o HDL aumentou de

forma significativa após o consumo do vinho tinto.

De acordo com Vilela (2009) as lipoproteínas HDL são responsáveis

pelo transporte do colesterol endógeno novamente para o fígado, retirando-o

das paredes das artérias. Para Lima e Couto (2006) o HDL possui diversos

efeitos antiaterogênicos, como efeitos antioxidantes, inibição da agregação

plaquetária e da migração de monócitos. Assim níveis elevados de HDL no

sangue indicam baixa probabilidade de desenvolvimento de DCV.

O estudo de Mursu e colaboradores (2004) avaliou os efeitos da

ingestão de chocolate em 45 indivíduos não fumantes, pelo período de 3

semanas. Os grupos foram divididos pelo consumo de 75 g/dia de chocolate

branco (WC), chocolate amargo (DC) ou chocolate amargo enriquecido com

polifenóis de cacau (HPC). Nos grupos DC e HPC, um aumento do colesterol

HDL no soro foi observado (11,4% e 13,7%, respectivamente), enquanto que

no grupo WC houve uma diminuição pequena (-2,9%, p<0,001). A

concentração sérica de um marcador de peroxidação lipídica in vivo, obteve

redução de 11,9% nos três grupos de estudo.

Outro resultado favorável foi do estudo de Wan e colaboradores (2001),

devido os efeitos positivos do cacau em pó e o chocolate na suscetibilidade da

oxidação do LDL e nas concentrações do HDL, em comparação com uma dieta

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que foi controlada por gordura, proteína, carboidrato, colesterol, fibra, cafeína,

e teobromina. O caso do nível do colesterol HDL sérico, houve aumento em 4%

após o consumo de cacau.

A pesquisa realizada por Dallabrida (2008) induziu diferentes grupos de

roedores a se alimentarem com diferentes combinações de chocolate (71% e

40% de cacau) e vinho tinto. Como resultado, o LDL oxidado apresentou

valores significativamente maiores no grupo que ingeriu vinho tinto + chocolate

amargo do que os grupos que ingeriram chocolate puro, seja com 40% ou 71%

de cacau. Também relataram que os chocolates com teores de cacau acima de

40% de cacau promoveram aumento de colesterol HDL, contradizendo outros

estudos, na qual sugerem chocolates com teores de cacau maior que 50%.

Biologicamente, os níveis de triglicerídeos diminuíram, porém de forma

não significativa (p>0,05). Segundo alguns pesquisadores, a ingestão do

chocolate amargo faz com que ocorra diminuição sérica de triglicérides

(ENGLER, et al, 2004; GRASSI, et al, 2005).

O estudo de Silva e colaboradores (2001) relata que os flavonóides,

além de reduzir o colesterol total, LDL colesterol e aumentar HDL colesterol,

possuem a capacidade de estimular a atividade da lipase, promovendo uma

redução nos níveis de TG. Isso indica um meio explicável de redução de

triglicerídeos.

Diante do exposto, o chocolate amargo demonstra diminuição do risco

para DCV, a partir do controle da obesidade, hipertensão arterial e

dislipidemias, por não alterar significativamente PC, PA, CT, LDL e TG, e

elevar estatisticamente os níveis de HDL séricos.

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CONCLUSÃO

A dieta chocolate, mesmo não tendo reduzido estatisticamente os níveis

de colesterol total, triglicerídeos e colesterol LDL, contribuiu positivamente com

elevação estatística dos níveis de colesterol HDL (P<0,05). Isso tudo sem

alterar o peso corporal e a pressão arterial dos indivíduos ao término do

estudo.

Dessa forma, o estudo indica que o chocolate amargo, consumido

moderadamente, confere efeitos benéficos ao organismo pela alta quantidade

de polifenóis presente em sua composição, diminuindo, dessa forma, o risco de

doenças cardiovasculares.

RESUMO

O chocolate amargo é rico em flavonóides em sua composição, na qual possui capacidade de inibir a oxidação do LDL, prevenindo doenças cardiovasculares (DCV). O objetivo do estudo foi determinar se o chocolate amargo, consumido moderadamente, de forma diária, possui atividade antioxidante, reduzindo os níveis de LDL in vivo. Foram selecionados aleatoriamente 20 indivíduos normocolesterolêmicos e normotensos, sendo 10 do gênero feminino e 10 do gênero masculino. Esses foram separados, respectivamente, em dois grupos: GF e GM. Em seguida, verificou-se a pressão arterial (PA), peso corporal (PC), colesterol total (CT), HDL, LDL e triglicerídeo (TG) dos grupos. Foi iniciada a dieta chocolate (DC), caracterizada pela ingestão diária de 2 tabletes de chocolate amargo, pelo período de 1 mês. Foi aplicado um questionário referente aos hábitos diários dos indivíduos, sendo que foram instruídos a os manterem normalmente. Após DC, repetiram-se análises de PC, PA, CT, HDL, LDL e TG, para comparar os valores iniciais com os valores finais. O Teste T de Student pareado (p<0,05) foi usado para determinação estatística, além de média e desvio padrão. O principal achado do estudo foi o aumento estatístico dos níveis de HDL em GF (0,68±14,44mg/dL) e GM (1,55 ± 5,59 mg/dL). Os outros parâmetros não se diferenciaram estatisticamente. Sendo assim, embora DC não tenha reduzido os níveis de LDL, elevou os níveis de HDL, diminuindo, dessa forma, o risco para DCV. Palavras-chaves: Doenças cardiovasculares, antioxidantes, flavonóides.

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ABSTRACT

Dark chocolate is rich in flavonoids in its composition, which has the capacity to inhibit LDL oxidation, preventing cardiovascular disease (DCV). The study objective was to determine if the dark chocolate, consumed moderately, on a daily basis, has antioxidant activity, reducing levels of LDL in vivo. We randomly selected 20 normotensive and normocholesterolemic, 10 females and 10 males. These were separated, respectively, into two groups: GF, and GS. Then there was the blood pressure (PA), body weight (PC), total cholesterol (CT), HDL, LDL and triglyceride (TG) groups. It started the diet chocolate (DC), characterized by daily intake of 2 tablets of dark chocolate for a period of 1 month. We used a questionnaire regarding the daily habits of the subjects, who were instructed to maintain the normal. After DC, analyzes were repeated for PC, PA, CT, HDL, LDL and TG, to compare the baseline with the final values. The paired Student t test (p <0.05) was used to determine statistical, and mean and standard deviation. The main finding of the study was the statistical increase HDL levels in GF (0.68 ± 14.44 mg / dL) and GM (1.55 ± 5.59 mg / dL). The other parameters did not differ statistically. Thus, although DC has not reduced levels of LDL, increased HDL levels, reducing thus the risk for DCV. Word-key: Cardiovascular disease, antioxidant flavonoids.

RESUMEN El chocolate negro es rico en flavonoides en su composición, que tiene la capacidad de inhibir la oxidación de LDL, la prevención de la enfermedad cardiovascular (DCV). El objetivo del estudio fue determinar si el chocolate oscuro, consume moderadamente, sobre una base diaria, tiene actividad antioxidante, reducción de los niveles de LDL in vivo. Se seleccionaron al azar 20 normotensos y normocolesterólemico, hembras 10 machos y 10. Estos fueron separados, respectivamente, en dos grupos: GF, y GS. Luego estaba la presión arterial (PA), peso corporal (PC), colesterol total (CT), HDL, LDL y triglicéridos (TG) grupos. Se inició el chocolate dieta (DC), que se caracteriza por la ingesta diaria de 2 tabletas de chocolate negro durante un periodo de 1 mes. Se utilizó un cuestionario sobre los hábitos de vida de los sujetos, que fueron instruidos para mantener el normal. Después de DC, los análisis se repitieron para PC, PA, CT, HDL, LDL y TG, para comparar la línea base con los valores finales. La prueba de la t de Student no pareada (p <0,05) se utilizó para determinar la desviación estadística, y media y estándar. El principal hallazgo de este estudio fue el aumento de los niveles de HDL en estadísticas GF (0,68 ± 14,44 mg / dL) y GM (1,55 ± 5,59 mg / dL). Los otros parámetros no difieren estadísticamente. Así, aunque DC no ha reducido los niveles de LDL, el aumento de los niveles de HDL, reduciendo así el riesgo de enfermedad cardiovascular. Palabra-importante: Enfermedad cardiovascular, antioxidante, flavonóides.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelas conquistas, aos meus pais pelo amor e apoio, ao

meu orientador pela ajuda e incentivo, aos voluntários do estudo pela

colaboração, ao meu namorado pelo carinho e aos meus amigos pela parceria.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMOOSAWI, S.; FYFE, L.; HO, C.; AL-DUJAILI, E. The effect of polyphenol-rich dark chocolate on fasting capillary blood glucose, total cholesterol, blood pressure and glucocorticoids in healthy overweight and obese subjects. Br J Nutr 103, 842–850, 2010.

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ANEXO I – QUESTIONÁRIO ADAPTADO VINHOLES E COLABORADORES (2009)

O questionário abaixo necessita ser respondido para o desenvolvimento da pesquisa que possui como titulo: Benefícios do Chocolate Amargo: Um comparativo in vivo. São perguntas referentes ao seu dia-a-dia e vai servir de base para comparação dos resultados da pesquisa que você fará parte. Nome completo: ___________________________________________________ Gênero: ( ) Feminino ( ) Masculino Idade: __ anos Telefone: __ ____-____ 1- Qual o seu consumo de frutas, legumes e verduras? ( ) Nenhum ( ) Uma vez ao dia ( ) Até três vezes/dia ( ) Até cinco vezes/dia ( ) Outros _________________________________________________________ 2- Qual o seu consumo de alimentos gordurosos como carnes com gordura aparente, salsicha, mortadela, frituras e salgadinhos? ( ) Nenhum ( ) Uma vez/dia ( ) Três vezes/semana ( ) Uma vez por semana ( ) Outros _________________________________________________________ 3- Quantas refeições você faz por dia? ( ) Três refeições + 1 lanche ( ) Três refeições + 3 lanches ( ) Duas refeições + 1 lanche ( ) Duas refeições + Até 3 Lanches ( ) Outros ______________________ 4- Qual seu consumo de doces, bolos, biscoitos e alimentos ricos em açúcar? ( ) Todo dia ( ) Cinco vezes/semana ( ) Três vezes/semana ( ) Duas vezes por semana ( ) Outros __________________________________________________ 5- Qual o seu consumo de álcool e refrigerantes? ( ) Todo dia ( ) Três vezes/semana ( ) Duas vezes/semana ( ) Uma vez/semana ( ) Outros _________________________________________________________ 6- Como você considera o seu consumo de sal? ( ) Moderado ( ) Baixo ( ) Alto 7- Qual o tempo você faz atividade física? ( ) Não faço atividade física ( ) Trinta minutos/dia ( ) Duas vezes/semana ( ) Três vezes/semana ( ) Outros _____________________________________________ 8- Possui antecedentes familiares com doenças cardiovasculares ou diabetes? ( ) Sim. O quê? Quem?_______________________________________________ ( ) Não. Outras doenças?Quem?________________________________________ 9- Você é fumante? ( ) Não ( ) Sim. Fuma a quanto tempo? E com que freqüência?_______________ __________________________________________________________________ 10- Faz uso de algum medicamento ou suplemento alimentar? ( ) Não ( ) Sim. Qual? Faz quanto tempo

Obrigada!

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ANEXO II – NORMAS DA REVISTA CIENTÍFICA: SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO (SBAN)

INSTRUÇÕES AOS AUTORES

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Os artigos devem ser redigidos (em Word) na ortografia oficial e em espaço duplo, em folhas tamanho ofício (A4), com letras corpo 12, com margens de 3 cm em cada um dos lados e enumeradas em algarismos arábicos no ângulo inferior direito. Não devem ser cortadas as palavras no final das linhas. O envio deverá ser feito, exclusivamente, pelo e-mail [email protected].

No item assunto deverá ser colocado: artigo NUTRIRE. O mesmo deverá ser anexado em um único arquivo. Os artigos podem ser: originais, de revisão, atualização ou notas e informações: a) originais: divulgam resultados de pesquisas que possam ser replicados ou generalizados b) revisão: avaliação crítica da literatura sobre determinados assuntos. Devem conter conclusões ou comentários c) atualização: baseada na literatura recente, descritos e interpretativos da situação em que se encontra determinado assunto d) notas e informações: relatos curtos e notas prévias e) são aceitos artigos em inglês e espanhol

QUANTIDADE DE PÁGINAS

Artigo de revisão: no máximo 30 laudas (cada lauda = 1.250 caracteres sem espaço), incluindo-se as referências– seguir normas de publicação. Artigo original: não tem limite - seguir normas de publicação. FOLHA DE ROSTO (IDENTIFICAÇÃO)

a) título e subtítulo; versão em inglês e espanhol b) indicar título abreviado para legenda c) nome e sobrenome de cada autor; filiação à instituição e respectivo

endereço d) nome do departamento onde o trabalho foi realizado e) nome e endereço do autor responsável f) se foi baseado em Tese, indicar o título, ano e instituição onde foi

apresentada g) se foi apresentado em reunião científica, indicar o evento, local e data de

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realização h) se foi subvencionado indicar o tipo de auxílio, nome do agente financeiro e o número do processo i) agradecimentos

1. contribuições (assessoria científica, coleta e dados, revisão crítica da pesquisa) 2. instituições (apoio econômico, material e outros)

Introdução: deve ser curta, definindo o problema estudado sintetizando sua importância Métodos e materiais empregados, a população estudada, a fonte dos dados e critérios de seleção, dentre outros Resultados: deve se limitar a descrever os resultados encontrados sem incluir interpretações/comparações Discussão: deve começar apreciando as limitações do estudo, seguida da comparação com a literatura e a interpretação dos autores, extraindo conclusões, indicando novos caminhos para pesquisa Conclusão: para os artigos originais

RESUMO E PALAVRAS-CHAVE

a) português, inglês e espanhol (até 250 palavras)

b) descritores (usar o vocabulário) português e espanhol: Descritores em

Ciências da Saúde, da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde-LILACS inglês: Medical Subject Headings-MESH, da National Library of Medicine FIGURAS (FOTOGRAFIAS, DESENHOS, GRÁFICOS) As figuras deverão vir logo após as referências (enumeradas em ordem consecutiva, na ordem do texto); Legendas à parte. TABELAS E QUADROS

As tabelas também devem ser incluídas no mesmo arquivo, logo após as referências (enumeradas em ordem consecutiva, na ordem do texto) devem ter título breve. OBS: não usar traços horizontais ou verticais internos. UNIDADES Seguir as normas do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial-INMETRO, Homepage: www.inmetro.gov.br

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ABREVIATURAS E SIGLAS

a) forma padrão da língua portuguesa e inglesa b) não usar no título e no resumo AGRADECIMENTOS VER FOLHA DE ROSTO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (ABNT NBR-6023, 2000) a) ordem alfabética b) abreviatura dos periódicos (Index Medicus) c) todos os autores são citados, separados por ponto e vírgula (;) CORDEIRO, J.M.; GALVES, R.S.; TORQUATO, C.M. d) indicação do autor e data no texto: citar entre parênteses o nome do autor e data (BRIAN, 1929) e) substituir & por e no texto e, por ponto e virgula (;) nas referências bibliográficas (BRITTO e PASSOS, 1930) f) a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores