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FACULDADE BOA VIAGEM DEVRY BRASIL CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CPPA MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL MPGE . FLÁVIA SILVA CASTRO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS: UM ESTUDO DE CASO DAS AÇÕES DO SEBRAE/EMPRETEC JUNTO A EMPRESÁRIOS/ EMPREENDEDORES DO MUNICÍPIO DE RECIFE-PERNAMBUCO. RECIFE, 2013

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FACULDADE BOA VIAGEM – DEVRY BRASIL

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – CPPA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL – MPGE

.

FLÁVIA SILVA CASTRO

DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS: UM ESTUDO

DE CASO DAS AÇÕES DO SEBRAE/EMPRETEC JUNTO A EMPRESÁRIOS/

EMPREENDEDORES DO MUNICÍPIO DE RECIFE-PERNAMBUCO.

RECIFE, 2013

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FLÁVIA SILVA CASTRO

DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS: UM ESTUDO

DE CASO DAS AÇÕES DO SEBRAE/EMPRETEC JUNTO AOS EMPRESÁRIOS/

EMPREENDEDORES DO MUNICÍPIO DE RECIFE.

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre

em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa

e Pós-Graduação em Administração – CPPA

da Faculdade Boa Viagem – Der Brasil, sob a

orientação da Prof.ª Lúcia Maria Barbosa de

Oliveira, Ph,D.

RECIFE, 2013

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FBV - FACULDADE BOA VIAGEM

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS: UM ESTUDO

DE CASO DAS AÇÕES DO SEBRAE/EMPRETEC JUNTO A EMPRESÁRIOS/

EMPREENDEDORES DO MUNICÍPIO DE RECIFE-PERNAMBUCO.

FLÁVIA SILVA CASTRO

Dissertação submetida ao corpo docente do Mestrado Profissional em Gestão

Empresarial do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA da

Faculdade Boa Viagem – Der Brasil e aprovada em ____ de ____ de _____.

Prof.ª Lúcia Maria Barbosa de Oliveira, Ph,D., Faculdade Boa Viagem (Orientadora)

Prof.ª __________________________________ (Examinador Interno)

Prof.ª __________________________________ (Examinador Externo)

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AGRADECIMENTOS

A todos os meus amigos que contribuíram efetivamente para a realização deste trabalho.

À minha família, especialmente minha mãe, Iris Bezerra da Silva e minha irmã Sandra Silva

de Castro, que sempre torceram pelo meu sucesso profissional, me acompanhando todos os

dias em busca desta vitória.

À minha grande amiga Márcia Cristina de Aquino Passos e companheira de todos os

momentos difíceis na construção deste trabalho, com sua paciência e dedicação, acreditando

no meu potencial e me encorajando para a realização de mais um projeto em minha vida.

À minha amiga/irmã, mestra em educação, a professora Lúcia Damásio, que me apoiou

diretamente, incentivando e acompanhando todos os momentos na elaboração deste trabalho

de pesquisa.

À minha professora do mestrado Maria Auxiliadora Diniz, que me ajudou nos primeiros

passos desta pesquisa com sua forma humana e simples de ser, acreditando sempre no meu

potencial. Obrigada, Dorinha.

À minha orientadora, Lúcia Maria Barbosa Oliveira, que colaborou significativamente com

suas orientações demonstrando competência profissional, além do apoio recebido diante

dificuldades surgidas, fazendo com que a concretização deste trabalho se tornasse possível.

Estou imensamente agradecida. Obrigada, professora e que DEUS esteja sempre presente no

dia a dia de sua atuação profissional.

Ao meu DEUS, que me deu inteligência e capacidade de aproveitar as oportunidades que

surgiram no transcorrer de minha existência. Pois bem sei que tudo podes, e que nenhum dos

teus propósitos pode ser impedido.

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“Muitas coisas não ousamos empreender por

parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não

ousamos empreendê-las.”

Sêneca

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RESUMO

O referido estudo tem como objetivo analisar de que maneira o SEBRAE/EMPRETEC

auxiliou os empresários/empreendedores, do município de Recife, a desenvolverem

competências empreendedoras, descrevendo a instrumentação oferecida pelo EMPRETEC

para desenvolver essas competências. A percepção desses empreendedores com relação às

principais razões de se abrir um negócio e a forma pela qual se deu a evolução de seu

comportamento empreendedor, como também os fatores que os auxiliaram na aquisição de

conhecimentos e desenvolvimento de suas competências empreendedoras também são objeto

central da pesquisa. Os procedimentos metodológicos adotados foram a abordagem

qualitativa, a estratégia de pesquisa descritiva e estudo de caso. Os instrumentos de coletas

de dados usados foram entrevista, questionário, observação e documentos. Os principais

resultados percebem que os empreendedores pesquisados possuíam algumas características

do comportamento empreendedor mesmo antes do seminário EMPRETEC, que por sua vez

foram reforçados e adquiridos, além de confirmar a pesquisa da Global Entrepreneurship

Monitor (GEM2012) na qual relata que os empreendedores brasileiros abrem negócio por

identificação de oportunidade. Considerando esta amostra e o fato de que as instrumentações

utilizadas no seminário EMPRETEC para o desenvolvimento de competências

empreendedoras estão interligadas à concepção de Man & Lau (2000), foi possível concluir

que de acordo com a teoria analisada, acredita-se que o seminário EMPRETEC/SEBRAE,

através de uma metodologia interativa, com utilização de jogos e atividades voltadas para

uma educação andragógica onde teoria e prática caminham juntas, contribuiu para a

formação de competências empreendedoras dos empresários pesquisados.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Empreendedor. Competência. Competência

Empreendedora.

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ABSCTRAT

This study aims to analyze the manner how SEBRAE/EMPRETEC helped business

owners/entrepreneurs,, in the city of Recife, to develop entrepreneurial skills, describing the

instrumentation offered by EMPRETEC to develop these competences. The perception of

these entrepreneurs concerning to the main reasons to open a business the way in which

developed the evolution of their entrepreneurial behavior, as well as the factors that help in

the achievement of knowledge and the deveopment of their entrepreneurial competences are

also central object disappears search. The adopted methodological procedures were the

qualitative approach and the descripitive research strategy and case study. The data

collection instruments used were: interview, questionnaire, observation and documents. The

main results was to realize that entrepreneurs possessed some features of the entrepreneurial

behaviour even before the EMPRETEC Seminar, which were strengthened and acquired

new, besides confirming the research Of the Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2012)

which relates that Brazilian entrepreneurs open their business by the identification of

oportunity. Considering this sample and the fact that the instrumentation used in the

EMPRETEC Seminar to the development of entrepreneurial competences and the

conception of Man and Lau (2000), it was possible to conclude that according to the

analyzed theory, it is believed that the EMPRETEC/SEBRAE seminar, through na

interactive methodology, using games and activities for an andragogical education where

practice and theory go together, contributed to the formation of entrepreneurial skills of

surveyed entrepreneurs .

Key words: Entrepreneurship. Entrepreneur. Competence. Entrepreneurial Competence.

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Desenvolvimento dos Conceitos e dos Termos Empreendedor .........................22

QUADRO 2: Características do Perfil Empreendedor na Visão de Leite (2000) .....................32

QUADRO 3: Características X traços marcantes de um empreendedor de sucesso ................34

QUADRO 4: Características X traços marcantes de um empreendedor de sucesso ................36

QUADRO 5: Competências para o Profissional .......................................................................40

QUADRO 6: Características dos tipos de aprendizagem propostos por Argyris e Schön .......50

QUADRO 7: Modelo para investigação e análise do processo de aprendizagem

empreendedora ..........................................................................................................................52

QUADRO 8: Competências analisadas ..................................................................................111

QUADRO 9: Roteiro de entrevista com os participantes do EMPRETEC considerando as

categorias ................................................................................................................................112

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: América latina .......................................................................................................27

FIGURA 2: C.H.A. (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes). ...............................................39

FIGURA 3: Competência pela formação pessoal, educacional e profissional. ........................41

FIGURA 4: Modelo de Avaliação da Manifestação Comportamental Empreendedora ...........46

FIGURA 5: Desenho Metodológico da Pesquisa .....................................................................60

FIGURA 6: Seminário EMPRETEC no Mundo. ...................................................................117

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Evolução de Empreendedores Necessidade X Oportunidade Brasil-2012 ..........28

TABELA 2: Característica dos Empreendedores – Faixa Etária ..............................................69

TABELA 3: Característica dos Empreendedores – Sexo .........................................................69

TABELA 4: Característica dos Empreendedores – Nível de Escolaridade .............................69

TABELA 5: Característica dos Empreendedores – Atividade Profissional .............................70

TABELA 6: Característica das Empresas – Setor de Atividade ...............................................70

TABELA 7: Característica das Empresas – Enquadramento ...................................................70

TABELA 8: Característica das Empresas – Atuação no Mercado ...........................................70

TABELA 9 - Características do Comportamento Empreendedor (CCE‟s) ............................120

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ADI Agência para o Desenvolvimento Internacional

CCE Características do Comportamento Empreendedor

E Empreendedor

EMPRETEC Empreendedores y Tecnologia (sigla de um programa da ONU para a

promoção de habilidades empreendedoras e de pequenos negócios)

F Facilitador

GEM Global Entrepreneurship Monitor

MPE Micro e Pequena Empresa

MSI Management Systems International

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

SEBRAE Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SENAC Serviço Social de Aprendizagem Comercial

SENAI Serviço Social de Aprendizagem Industrial

SIMPI Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo

TMR Treinamento de Motivação para Realização

UNICTAD United Nations Conference on Trade and Development (Conferência das

Nações Unidas sobre comércio e desenvolvimento)

USAID United States Agency for International Development

IBQP Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade

TIC Tecnologias de Informação e Comunicação

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12

1.1 Objetivos da pesquisa ................................................................................................. 15

1.1.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 15

1.1.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 15

1.2 Justificativas ................................................................................................................ 16

1.3 Estruturação da dissertação ....................................................................................... 18

2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................. 19

2.1 Empreendedorismo e o empreendedor ..................................................................... 19

2.1.1 O empreendedorismo: sua origem e concepções .................................................... 19

2.1.2 Motivos para empreender: necessidade x oportunidade ......................................... 25

2.1.3 Comportamento empreendedor .............................................................................. 29

2.2 Algumas concepções sobre competência organizacional ......................................... 36

2.2.1 Competência empreendedora ................................................................................. 42

2.2.2 Aprendizagem organizacional ................................................................................ 47

2.2.3 Aprendizagem empreendedora ............................................................................... 51

2.2.4 Empreendedorismo, competências empreendedoras e aprendizagem. ................... 54

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................. 58

3.1 Caracterização da pesquisa ....................................................................................... 58

3.2 Desenho metodológico da pesquisa ........................................................................... 59

3.3 Lócus da pesquisa ........................................................................................................ 60

3.4 Sujeitos da pesquisa .................................................................................................... 62

3.5 Instrumentos de coleta dos dados .............................................................................. 63

3.6 Pré-teste ........................................................................................................................ 64

3.7 Técnica de análise dos dados ...................................................................................... 65

3.8 Limites e limitações da pesquisa ................................................................................ 66

3.8.1 Limites da pesquisa ................................................................................................ 66

3.8.2 Limitações da pesquisa ........................................................................................... 66

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ........................................................................ 67

4.1 Características dos facilitadores, empresários e suas respectivas empresas ......... 66

4.2 Instrumentação oferecida pelo EMPRETEC para desenvolver competências ..... 71

4.3 Razões para se tornar empreendedor: necessidade x oportunidade ...................... 75

4.4 Evolução do comportamento empreendedor ............................................................ 77

4.5 Trajetória dos empreendedores e fatores que auxiliaram ....................................... 80

4.6 Trajetória empreendedora x aquisição de conhecimento ........................................ 94

5 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 96

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 96

APÊNDICE(S) ..................................................................................................................... 107

Apêndice A: Entrevista com facilitadores do EMPRETEC/PERNAMBUCO ......... 108

Apêndice B: Questionário com os participantes do EMPRETEC .............................. 109

Apêndice C: Roteiro de entrevista com os participantes do EMPRETEC ................ 111

ANEXO(S) ........................................................................................................................... 116

ANEXO 1: EMPRETEC ................................................................................................ 116

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1 INTRODUÇÃO

O empreendedorismo está em todos os países do mundo e é considerado um fenômeno

global, que se define na capacidade de empreender, no processo de iniciar e gerir negócios e

no movimento social de desenvolvimento do espírito empreendedor, trabalhando como uma

válvula propulsora, que cria valores e riquezas para os povos. É um acontecimento que tem

sido considerado como ferramenta de transformação na economia de um país; suscita grandes

impactos na sociedade a partir do momento em que gera empregos e consequentemente novas

fontes de rendas, proporcionando crescimento e desenvolvimento econômico (ESPEJO;

PREVIDELLI, 2006).

De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor - GEM 2008, a população

brasileira é classificada como uma das mais empreendedoras do mundo, ocupando o 13º

lugar. Porém, deve-se ter em vista que a maioria dos empreendimentos no Brasil é realizada

por necessidade, enquanto em outros países se identifica um predomínio de empreendimentos

por oportunidade, fato este, que vem sendo modificado a cada ano, pois o número de

empreendedores que identificam oportunidades tem crescido consideravelmente segundo

pesquisa realizada pela própria GEM (2012).

No que diz respeito a permanência dessas empresas no mercado, o estudo da “Taxa de

Sobrevivência das Empresas no Brasil”, feito pelo SEBRAE, 2011, relata que a cada 100

micro e pequenas empresas (MPEs) abertas no Brasil, 73 permanecem em atividade após os

primeiros dois anos de existência, considerados como anos mais críticos para uma empresa. A

taxa de sobrevivência de 73,1% das micro e pequenas empresas se refere àquelas que

nasceram em 2006 e estão há pelo menos dois anos completos em atividade. Segundo o

presidente do SEBRAE Nacional, Luiz Barretto (2011), a maior sobrevivência das empresas

brasileiras deve-se principalmente ao avanço da legislação, o aumento na escolaridade dos

empreendedores e o forte crescimento do mercado consumidor interno.

Pesquisas acerca da sobrevivência de novas empresas convergem para uma conclusão:

as menores empresas são mais vulneráveis (TIMMONS & SPINELLI JR., 2009). O Serviço

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Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) realizou levantamento junto às

micro e pequenas empresas (MPEs), correspondente a 41,4% do total de empresas no Brasil

em 2009, e constatou que, das MPEs fundadas em 2000, somente 64,1% sobreviveu até

quatro anos (SEBRAE, 2007). Fazendo uma análise desses dados, a pesquisa do SEBRAE

(2009) revelou, todavia, que a expectativa de vida de novas empresas tem aumentado nos

últimos anos. A pesquisa relata que, em 2005, 78% das MPEs sobreviveram até dois anos,

contra 50,6%, em 2002. Em 2003, 64,1% das MPEs duraram até quatro anos, contra 40,1%

em 2000.

Segundo McClelland (1961), o sucesso ou insucesso de um empreendimento está

muito mais voltado ao que ele chama de comportamento empreendedor do seu gestor, ou seja,

quando esse desenvolve características comportamentais que influenciam na gestão do seu

negócio e que estão presentes em sua conduta desde a abertura, bem como durante toda a sua

atuação no mercado; nesses casos, a possibilidade de sucesso se faz muito mais presente.

Desta forma, entidades voltadas às Micro, Pequenas e Médias empresas como SEBRAE,

SENAC, SENAI e SIMPI (CAVALCANTI, 2001), têm apresentado interesse em oferecer

subsídios básicos e necessários para a formação destes empreendedores. Assim, torna-se

necessário desenvolver e ampliar as competências empreendedoras desses indivíduos.

Mediante citação, Bitencourt (2005), Freitas e Brandão (2006) focalizam a importância do

processo de aprendizagem no qual está inserido a formação do empreendedor, afinal de

contas, não existe desenvolvimento sem aprendizagem, e esta se constitui numa evolução

necessária para a aquisição de competências. Portanto, o conhecimento torna-se o bem mais

importante dentro de uma organização; mas conhecimento por si só não basta. É preciso por

em prática e fazer (O saber fazer), que decorre muitas vezes do espírito empreendedor.

Empresas de sucesso estão reconhecendo e privilegiando profissionais com

características empreendedoras. Para Dolabela (1999), os empreendedores criam um novo

modelo de sistemas de valores na sociedade, onde os comportamentos individuais dos seus

participantes são fundamentais, pois a ação do empreendedor é a base do desenvolvimento

econômico, fazendo com que, num mercado cada vez mais competitivo, as empresas passem a

exigir de seus profissionais características empreendedoras.

Procurando atender as necessidades deste mercado, onde a figura do empreendedor se

torna cada vez mais presente, o SEBRAE realiza um programa da UNCTAD (Conferência das

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Nações Unidades para o Comércio e Desenvolvimento), intitulado EMPRETEC, que surgiu a

partir das pesquisas de McClelland; promovido em 33 países e solicitado por outros 27 que

desejam aplicá-lo (SEBRAE, 2010). O seminário é uma metodologia comportamentalista que

trabalha 10 características do comportamento empreendedor e 30 comportamentos ou

definições operacionais associadas aos „empreendedores de sucesso‟. O programa visa

propiciar no participante uma análise pessoal, no sentido de identificar seu perfil

empreendedor, segundo o meta-modelo proposto, e a fortalecer estes comportamentos

empreendedores (SEBRAE NACIONAL, 2002a).

Neste contexto, faz-se necessário compreender de que forma se dá o processo de

ensino e aprendizagem destes empreendedores. Dentre tantos modelos de aprendizagem e

formação de competências encontradas na literatura; optou-se neste trabalho de pesquisa

estudar a teoria da aprendizagem de Argyris & Schön (1996), que está subdividida em dois

tipos de aprendizagem classificadas como single-loop e a double-loop. A single-loop é

considerada um tipo de aprendizagem instrumental que busca a manutenção do conhecimento,

e a teoria double-loop busca questionar o que se aprende. No que se relaciona a competência,

a pesquisa realizada por Man & Lau (2000) está voltada para a formação de competências

empreendedoras como fator diferencial no sucesso de micro e pequenas empresas (MPE).

Buscando respostas a esses questionamentos, tornou-se possível estudar o perfil desse

profissional, através do seminário EMPRETEC e sua relação com a formação de

competências empreendedoras.

Com base nesses aspectos, foi definida a seguinte pergunta de pesquisa: De que

maneira o SEBRAE, através do seminário EMPRETEC contribui no desenvolvimento de

competências empreendedoras dos empresários/empreendedores, do município de Recife?

Para tanto, foram estabelecidos os objetivos geral e específicos e as justificativas

teóricas e práticas de pesquisa, a seguir:

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1.1 Objetivos da pesquisa

1.1.1 Objetivo Geral

Analisar de que maneira o SEBRAE/EMPRETEC contribui para o desenvolvimento de

competências empreendedoras dos empresários/empreendedores, do município de Recife.

1.1.2 Objetivos Específicos

Identificar a instrumentação oferecida pelo EMPRETEC, para desenvolver competências

empreendedoras;

Identificar na percepção dos empreendedores que realizaram o seminário EMPRETEC,

quais foram as principais razões sobre as quais eles tornaram-se empreendedores;

Descrever de acordo com a percepção dos empreendedores que realizaram o seminário

EMPRETEC, como se deu a evolução do seu comportamento empreendedor.

Analisar de acordo com a trajetória dos empreendedores os fatores que contribuíram para

a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de suas competências

empreendedoras;

Relacionar razões de empreender, evolução empreendedora, aquisição de conhecimento

e desenvolvimento de competências empreendedoras com a instrumentação ao

empreendedorismo oferecida pelo EMPRETEC.

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16

1.2 Justificativas

Para Timmons (1999), o empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para

o século 21 mais do que a revolução industrial foi para o século 20. É um fenômeno que tem

sido considerado como ferramenta de transformação na economia de um país.

De acordo com Dolabela (1999):

A década de 1990 tem sido marcada pelo aumento da opção pelo

autoemprego e pelo surgimento de empreendedores involuntários,

representados principalmente por recém–formados e por trabalhadores

demitidos de corporações e órgãos públicos em virtude de reestruturação,

fechamento, privatizações, fusões, ou seja: pessoas que, não conseguindo

colocação ou recolocação no mercado, se veem forçadas a criar seu

emprego como única alternativa de sobrevivência.

Conforme mencionado acima, torna-se imprescindível refletir sobre a contribuição

desse empreendedor para o mercado e a economia do país; pois são inúmeras as empresas que

estão surgindo neste novo cenário econômico.

O interesse pelo tema empreendedorismo tem crescido substancialmente, nos últimos

anos, em todo o mundo (KANTIS, 2002), através de estudos e treinamentos em busca do

desenvolvimento de competências empreendedoras, tanto por parte de empresas privadas

como agentes governamentais e dos próprios empreendedores.

O grande interesse despertado pelo empreendedorismo está em grande parte ligado ao

desenvolvimento econômico e ao papel que o empreendedor exerce nesse processo. Ele é um

introdutor de inovações e mudanças nos mercados (SCHUMPETER, 1961), criador de

organizações (GARTNER, 1988 apud PAIVA & CORDEIRO, 2001) e de novos negócios,

que geram empregos e intensificam a competição (ACS, 2004).

O empreendedorismo vem sendo considerado como estratégia para a inclusão social e

tem sido fator essencial de debates em fóruns que dizem respeito ao futuro socioeconômico de

países em desenvolvimento (BOAVA; MACEDO, 2006).

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Portanto, muito desses interesses se justifica pelo fato de que o empreendedorismo tem

contribuído de forma significativa para a geração de novos empregos e consequentemente

para o desenvolvimento econômico, acarretando fatores positivos para o campo social,

fazendo com que economistas, políticos e grande parcela da sociedade busquem desenvolver

ações em favor da atividade empreendedora (AUDRETSCH & THURIK, 2001; REYNOLDS

2000; 2002).

Na década de 1990, o tema empreendedorismo passou a ser difundido mais

especificamente no Brasil através do SEBRAE, que atua como representante das micro e

pequenas empresas e é referência no que diz respeito ao desenvolvimento de competências

empreendedoras, através do Programa EMPRETEC, produto internacionalmente validado e

teoricamente referenciado no âmbito das capacitações empreendedoras.

A formação empreendedora praticada pelo Programa EMPRETEC é fundamental para

compreensão da massificação do tema no Brasil e do papel que o SEBRAE desempenha na

construção de uma cultura empreendedora nacional.

Diante deste contexto, esta pesquisa visa oferecer subsídios para um estudo mais

aprofundado sobre as competências empreendedoras desenvolvidas no seminário

EMPRETEC para a criação de novos negócios.

Pesquisar sobre este tema é uma forma de contribuir para os estudos teóricos

relacionados a empreendedorismo e o seu comportamento empreendedor, além de discorrer

sobre aspectos que dizem respeito ao desenvolvimento de competências empreendedoras.

Pretende-se contribuir também:

Com empreendedores, principalmente de Recife, sobre a validade ou não de buscar

desenvolver competências empreendedoras;

Com pesquisadores em estudos sobre as competências empreendedoras desenvolvidas

pelo EMPRETEC, oferecendo a equipe de facilitadores do programa uma visão mais

aprofundada a respeito da formação empreendedora dos brasileiros e a viabilidade de

novos negócios;

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18

Com a instituição SEBRAE, na medida em que assuma um olhar crítico sobre sua

estratégia e processos para o direcionamento de empreendedores.

1.3 Estruturação da dissertação

Este trabalho está estruturado da seguinte forma:

O primeiro capítulo apresenta a introdução dividida em objetivos da pesquisa geral e

especificos, justificativas teóricas e práticas.

O segundo capítulo está relacionado ao referencial teórico da pesquisa , obedecendo a

seguinte ordem: Empreendedorismo e empreendedor, motivos para empreender: necessidade

x oportunidade, comportamento empreendedor, algumas concepções sobre competência

organizacional, competência empreendedora, aprendizagem organizacional, aprendizagem

empreendedora, empreendedorismo, competências empreendedoras e aprendizagem.

O terceiro capítulo conta com a descrição da metodologia da pesquisa dividida em

caracterização da pesquisa, desenho metodológico da pesquisa, locus da pesquisa, sujeito da

pesquisa, instrumentos de coleta de dados, pré-teste, técnica de análise de dados, limites e

limitações da pesquisa.

O quarto capítulo relata análise dos resultados referentes à entrevista com os

facilitadores e participantes do seminário EMPRETEC.

No quinto capítulo, as conclusões.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo serão abordados os itens referentes ao empreendedorismo e o

empreendedor desde a sua origem, suas concepções e perfil que caracterizam o

comportamento empreendedor, como também competência, aprendizagem organizacional e

aprendizagem empreendedora, fazendo um paralelo entre ambas.

2.1 Empreendedorismo e o empreendedor

2.1.1 O empreendedorismo: sua origem e concepções

O Tema empreendedorismo tem sido alvo de debates e discussões no mundo inteiro e

não se tem ainda uma definição própria, que determine seu real significado.

Uma das primeiras definições a respeito do conceito de empreendedorismo foi citada

por Dornelas (2005), que diz respeito a Marco Pólo, (explorador, viajante em busca de

descobertas) que na Idade Média tentou estabelecer uma rota comercial para o Oriente. Em

sua façanha como empreendedor, assinou um contrato com um homem que possuía dinheiro

para vender as mercadorias dele, demonstrando assim, com esta atitude, correr riscos, pois

não sabia ao certo o que viria pela frente, esta atitude, no entanto, se diferenciava do homem

considerado como capitalista, tido como alguém que assumia risco de forma passiva,

enquanto o aventureiro empreendedor assumia papel ativo, correndo todos os riscos físicos e

emocionais.

A expressão empreendedorismo foi traduzida da palavra inglesa entrepreneurship,

que, por sua vez, foi derivada do latim imprehendere, tendo seu correspondente

empreender, surgido na língua portuguesa no século XV. Vários autores buscaram definir

etimologicamente o verdadeiro significado para a palavra empreendedorismo. Segundo

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Drucker (1999), a palavra Entreneurship era derivada de Entreprendre e apresentava

dificuldades em sua tradução em vários idiomas a partir de sua origem francesa, inclusive

para o português.

Entrepreneur, na visão de Leite (2002, p. 44):

Poderia ser traduzido como empresário, empreendedor, ou seja, aquele que

empreende a criação por conta própria, em seu beneficio e a seus riscos, de

um produto qualquer, ou aquele que lança à realização (entre significa estar

sob e preneur é derivado do verbo francês prender, conduzir).

Já, Dolabela traduz a origem da palavra empreendedorismo como sendo: “um

neologismo derivado da livre tradução da palavra entrepreneurship e utilizado para designar

os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu

universo de atuação.” (DOLABELA, 1999, p. 43).

No que se refere a “Entreneurship”, existe uma forte corrente a favor da adoção, em

português da tradução espírito empreendedor, pois é o que melhor se adapta aos casos em que

é empregado. Neste sentido, partindo do pressuposto de que empreendedorismo é uma

tradução da palavra entrepreneurship, que significa, entre tantas outras, geração do

autoemprego, o empregado empreendedor nos faz refletir sobre o real significado do que seja

empreendedor.

Entretanto, o conceito de empreendedorismo ainda é muito complexo e confuso ao

mesmo tempo, pois existem várias concepções a respeito do tema e correntes de pensamentos

distintas, porém complementares. As Correntes dos economistas associam o

empreendedorismo à inovação, os comportamentalistas, enfatizam aspectos atitudinais, como

a criatividade e a intuição, e a visão administrativa associa empreendedorismo à gestão de

negócios.

A primeira vertente, a dos economistas, teve três nomes que recebem destaque nesta

linha teórica, Richard Cantillon, Jean Baptiste Say e Joseph Schumpeter, interessados em

entender o papel do empreendedor na inovação no mercado, e o impacto da sua atuação e

suas decisões na economia, além dos trabalhos desenvolvidos por Smith (1776, 1985), Mill

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(1848, 1986) e Marshall (1890, 1982). Já, a vertente comportamentalista foi impulsionada

por Max Weber (1930), mas quem deu início definitivo ao estudo das ciências do

comportamento nesse âmbito foi David C. McClelland (1961), numa visão psicológica,

através de sua teoria de necessidades (afiliação, poder e realização), além dos estudos de

Miner (1998), Timmons (1989), Filion (1991) e a vertente administrativa na visão de

Drucker (1986).

Foi por volta dos séculos XVII e XVIII, que Richard Cantillon, escritor e economista,

foi considerado por muitos como um dos criadores do termo empreendedorismo, que

diferenciou o empreendedor (aquele que assume riscos) do capitalista (aquele que fornecia o

capital). De acordo com Gerber (1996), o século XVIII foi um período marcado por grandes

modificações nos processos industriais. A revolução industrial teve início no século XVII, se

caracterizando pela mudança dos processos produtivos que eram feitos manualmente e

passaram a ser feitos por máquinas. Essa época modificou ou transformou os meios de

produção, as relações econômicas, as relações sociais e as relações culturais. Como

consequência, aconteceu a divisão do trabalho, a produção em série e a urbanização. Neste

período, segundo Leite (2002), o homem passou a ser visto como uma máquina produtiva e

não como gente.

Mas, foi no início do século XIX, que Jean-Baptiste Say, economista francês,

descreveu o empreendedor como o indivíduo capaz de mover a economia, ou ainda, pessoas

ousadas que de certa forma estimulavam o crescimento econômico do país. Já no final do

século XIX e início do século XX, os empreendedores foram frequentemente confundidos

com os gerentes ou administradores, sendo analisados meramente de um ponto de vista

econômico, como aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planejam,

dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do

capitalista. Ainda no século XX, Joseph Schumpeter, um dos mais influentes economistas da

época, definiu o empreendedor como alguém que aperfeiçoa ou revoluciona o processo

“criativo-destrutivo” do capitalismo, por meio do desenvolvimento de nova tecnologia ou do

aprimoramento de uma antiga – o real papel da inovação.

Neste contexto, existem várias concepções a respeito do empreendedor; as quais estão

relacionadas no quadro 1, seguindo uma ordem cronológica.

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QUADRO 1: Desenvolvimento dos Conceitos e dos Termos Empreendedor

Data Autor Conceitos

1730 Richard Cantillon O Empreendedor é definido como uma pessoa com atividade

autônoma.

1810 Jean-Baptiste Say Muitos talentos gerenciais são requeridos, necessários, para ser um

empreendedor de sucesso.

1890 Alfred Marshall As Habilidades para ser um empreendedor, são diferentes, ainda que

complementares às exigidas para um gestor.

1934 Schumpeter O empreendedor é o homem que realiza coisas novas e não,

necessariamente, aquele que inventa.

1961 David

McClelland

Alguém dinâmico que corre riscos moderados.

1964 Peter Drucker O empreendedor maximiza oportunidades.

1973 Kirzner O empreendedor é aquele que diante das dificuldades consegue

identificar oportunidades de crescimento.

1974 Drucker O empreendedor é alguém que aplica dinheiro com nova capacidade

de produzir riqueza.

1975 Albert Shapero O empreendedor toma iniciativa, organiza alguns mecanismos sociais

e econômicos, e aceita riscos ao fracasso.

1978 Timmons O empreendedor é alguém autoconfiante, orientado para resultado,

tomador de risco moderado, criativo e inovador.

1980 Karl Vesper O empreendedor é visto de forma diferente pelos economistas,

psicólogos, negociantes e políticos.

1983 Gifford Pinchot O intraempreendedor é um empreendedor que atua dentro de uma

organização já estabelecida.

1985 Robert Hisrich

O empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com

valor, dedicando o tempo e esforços necessários, assumindo os riscos

financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as

consequentes recompensas da satisfação econômica e social.

1991 Filion

Afirma que o empreendedor é uma pessoa imaginativa, caracterizada

por uma capacidade de fixar alvos e objetivos, manifesta-se pela

perspicácia, ou seja, pela sua capacidade de perceber e detectar as

oportunidades.

1999 Bulgacov

Descreve que o empreendedor é aquele que destrói a ordem

econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços,

pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de

novos recursos e materiais.

2002 Leite Diz que empreendedores são cidadãos que utilizam sua capacidade de

trabalho e obstinação para criar valor, riqueza e postos de trabalho.

2005

Dornelas

Define os empreendedores como aquelas pessoas que fazem a

diferença, que não se contentam com a mesmice e procuram deixar

sua marca, criando oportunidades e inovando em seus negócios.

Fonte: Adaptado e ampliado de Kuratko e Hodgetts (1995), Hisrich e Peters (2004) e Leite

(2012)

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Analisando as concepções acima, percebe-se que o empreendedor está voltado não só

para a criação de negócios como fonte de renda, mas também está em busca de sua realização

pessoal. Tem como pontos marcantes criar, inovar e aproveitar oportunidades, onde o risco se

faz presente colocando em prática suas visões.

O empreendedorismo, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas (SEBRAE, 2008 p. 8):

É a arte de fazer acontecer com criatividade e motivação. Consiste no

prazer de realizar com sinergismo e inovação qualquer projeto pessoal ou

organizacional, em desafio permanente às oportunidades e riscos. É

assumir um comportamento proativo diante de questões que precisam ser

resolvidas.

O empreendedorismo é o despertar do indivíduo para o aproveitamento

integral de suas potencialidades racionais e intuitivas. É a busca do

autoconhecimento em processo de aprendizado permanente, em atitude de

abertura para novas experiências e novos paradigmas.

O Global Entrepreneurship Monitor (GEM) que é considerado o maior projeto de

investigação sobre a atividade empreendedora, realiza pesquisas em mais de 60 países do

mundo com o objetivo de avaliar o comportamento das variáveis relacionadas ao

empreendedorismo, levantando informações sobre os indicadores, com objetivo de gerar

elementos para orientar e influenciar programas, políticas e ações institucionais, de natureza

pública ou privada.

No Brasil, o GEM é realizado há nove anos consecutivos, construindo um rico banco

de dados e informações que revelam detalhes sobre o comportamento do empreendedor

brasileiro. Analisando a pesquisa do projeto GEM, o Brasil é visto como um país de alta

capacidade empreendedora quando comparado a outros países. A cada 100 brasileiros em

idade adulta (18 a 64 anos), 12 realizavam alguma atividade empreendedora até o momento

da pesquisa, deixando assim os brasileiros com uma taxa de 12% de TEA (taxa de

empreendedores em estagio inicial). Analisando as taxas dos demais países pode-se concluir

que o Brasil é um país 75,6% mais empreendedor que os demais países. (GEM, 2008).

Empreender o que já existe não é o suficiente, também é necessário criar novos

produtos e nesse ponto o Brasil se destaca pelo baixo desenvolvimento: “somente 3,3% dos

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empreendedores afirmam que seus produtos serão considerados novos ou desconhecidos por

todos aqueles que serão seus consumidores, evidenciando assim um traço marcante nos

empreendimentos iniciais nos mercados em que atuam, e não oferecem aos consumidores algo

diferenciado.” (GEM, 2008, p. 7)

É neste contexto que a busca pela inovação nas empresas está cada vez mais presente e

não só o empreendedor, dono do negócio, mas o intraempreendedor (tradução do Inglês -

intrapreneur) que foi citado por Gifford Pinchot III (1989) para designar o “empreendedor

interno”, se faz presente. São aqueles que, apesar de trabalhar em uma empresa, buscam

inovar, criar. A partir do momento em que recebem incentivo e recursos desta empresa em

que trabalham, colocam em prática suas ideias e fazem com que a empresa cresça. Tornam-se

um diferencial enquanto funcionários e se dedicam à busca de vivenciar emoções, riscos e

reconhecimento que possam transformar uma ideia em realidade.

Para Pinchot III:

O intraempreendedorismo é um sistema revolucionário para acelerar as

inovações dentro de grandes empresas, através de um uso melhor dos seus

talentos empreendedores. Os intraempreendedores são os integradores que

combinam os talentos dos técnicos e dos elementos de marketing,

estabelecendo novos produtos, processos e serviços. (Pinchot III, 1989

p.78).

Mencionando ainda Pinchot III (1989), estes são os motivos que movem os

intraempreendedores:

Querem liberdade e acesso aos recursos da corporação;

São orientados por metas e automotivados;

Gostam de recompensas de reconhecimento;

Estabelecem metas de 5 a 15 anos;

Estabelecem cronogramas corporativos ou autoimpostos;

Sabem delegar, mas põem a mão na massa;

Possuem habilidades semelhantes aos empreendedores;

São autoconfiantes e corajosos;

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São cínicos a respeito do sistema, mas otimistas quanto a sua capacidade de

superá-lo;

Gostam de riscos moderados, não temem ser demitidos;

Focalizam os clientes;

Gostam de liberdade para criar;

Fazem a sua própria avaliação intuitiva do mercado.

Nestas perspectivas, o intraempreendedor, por possuir características distintas das

demais pessoas se torna um diferencial, vencendo a concorrência em busca de colocação no

mercado de trabalho. No entanto, sentem grandes dificuldades com relação às empresas

quando não recebem incentivos para colocar suas ideias em prática, e na maioria das vezes,

deixam a corporação não porque consideram insuficientes seus salários e benefícios, mas,

sim, porque se sentem frustrados em suas tentativas de inovar.

2.1.2 Motivos para empreender: necessidade x oportunidade

O que de certa forma leva uma pessoa a abrir um negócio e se tornar empreendedor?

Duas questões são fundamentais: Necessidade ou Identificação de Oportunidade.

Analisar de forma clara e objetiva em que momento se encontra uma população com

relação ao tema do empreendedorismo, favorece para uma melhor compreensão da maneira

pela qual os indivíduos se encontram com relação ao entendimento do tema e ao mesmo

tempo com relação a seu potencial para empreender, pois na medida em que os indivíduos

reconhecem que são capazes de agir quanto empreendedores, identificando oportunidades de

negócios no ambiente em que atuam e de perceber que possuem capacidade para explorá-las,

toda a sociedade é beneficiada e sai ganhando com isto, ou seja, surge o aumento da criação

de negócios e consequentemente de ocupações, seja com o aumento da riqueza do país como

também sua distribuição.

Foi nesta perspectiva que o GEM (Global Entrepreneurship Monitor), considerado o

maior estudo contínuo sobre a dinâmica empreendedora do mundo desde 1999, por duas

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instituições (Babson College e London Business School), diz respeito aos motivos que levam

os indivíduos a abrirem negócios. No Brasil, a pesquisa é conduzida pelo Instituto Brasileiro

da Qualidade e Produtividade (IBQP) e conta com a parceria técnica e financeira do

SEBRAE. A partir de 2011 começou a contar também com o apoio técnico do Centro de

Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getúlio Vargas.

Em 2012, a pesquisa realizada pelo GEM (Global Entrepreneurship Monitor) deu

ênfase na observação da motivação de iniciar uma atividade empreendedora, resultando a

definição de empreender por necessidade ou por oportunidade, que tem o seguinte conceito:

Por necessidade, significa abrir uma empresa por falta de melhores alternativas

profissionais, ou ainda, pela falta de emprego ou o salário oferecido no mercado não

corresponde a sua necessidade de renda. Muitas pessoas buscam abrir uma empresa como

uma grande alternativa de sobreviver financeiramente.

Por oportunidade, significa, como próprio nome já diz, iniciaram sua empresa por

visualizarem uma oportunidade de mercado e geração de melhoria de vida.

Segundo Filion (2000), a questão da identificação de oportunidade faz toda a diferença

no que se refere a abertura de negócios. Para o referido autor:

Descobrir oportunidades de negócio é o cerne da atividade do

empreendedor. É preciso definir muito claro o que seja ideia e o que seja

oportunidade, pois ideia não é sinônimo de oportunidade de negócio.

Portanto, as ideias são frequentemente gerais e abstratas, enquanto as

oportunidades de negócio representam uma possibilidade concreta, voltada

a sua realização na prática. (FILION, 2000, p. 30).

Certamente, a identificação de uma oportunidade de negócio bem definida e

contextualizada irá garantir ao empreendedor uma certa credibilidade quanto ao sucesso ou

insucesso do negócio, pois este é o passo inicial para se pensar na viabilidade de uma empresa

onde várias são as pessoas que têm muitas ideias, mas poucas conseguem identificar uma

oportunidade de negócio; por outro lado, outras têm poucas ideias e conseguem descobrir

oportunidades valiosas.

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Portanto, ainda segundo Filion (2000), para que uma ideia seja considerada uma

oportunidade de negócio e possa dar nascimento a uma empresa, ela deve representar algo

diferente; não necessariamente novo, pode ser algo já preexistente e que gere alguma ideia de

melhoramento; mas que seja algo no qual irá satisfazer a necessidade do consumidor.

Mediante pesquisa realizada pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM) em 2004,

conforme demonstração na figura 1, a situação dos países latino americanos, com relação ao

que realmente leva um indivíduo a abrir um negócio, não são muito diferenciadas entre elas,

onde oportunidade e necessidade parecem caminhar muito juntas. O que move realmente os

empreendedores latinos americanos a abrir um negócio? Necessidade ou Oportunidade?

FIGURA 1: América latina

PERU

Oportunidade

Necessidade

Outros

BRASIL

Oportunidade

Necessidade

Outros

AMERICA LATINA

Oportunidade

Necessidade

Outros

EQUADOR

Oportunidade

Necessidade

Outros

ARGENTINA

Oportunidade

Necessidade

Outros

Fonte: Global Entrepreneurship Monitor (GEM-2004), adaptado pela autora

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De acordo ainda com a figura 1, fica exposto que todos os países empreendem muito

mais por oportunidade do que por necessidade, apesar do Brasil se mostrar ainda muito tímido

como demonstra o resultado, pois a diferença entre as duas situações ainda é mínima.

Com relação ao GEM (2012), entender a motivação que está por trás do

empreendedorismo (por oportunidade ou necessidade) tem sido um dos maiores desafios da

área. No Brasil, a cada ano, aumenta o número de empreendedores iniciais que decidem abrir

um negócio por oportunidade. A tabela 1 descreve esta evolução:

TABELA 1: Evolução de Empreendedores Necessidade X Oportunidade Brasil-2012

Situação

Taxas/%

Anos 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Oportunidade

% 6,0 6,0 7,2 8,0 9,4 11,9 10,2 10,7

Necessidade % 5,3 5,6 5,3 4,0 5,9 5,4 4,6 4,7

Razão

oportunidade/

necessidade

1,1 1,1 1,4 2,0 1,6 2,2 2,2 2,3

Fonte: GEM – Brasil -2002/2012 – Adaptado pela autora

A tabela 1 demostra que as taxas de percentuais significam empreendedores iniciais

identificados em relação à população de 18 a 64 anos no Brasil. As proporções significam o

percentual de empreendedores iniciais que empreenderam por oportunidade, em relação ao

total de empreendedores iniciais no Brasil. As razões significam quantos empreendedores por

oportunidade temos para cada um por necessidade.

Segundo o GEM (2012), a maior proporção atual de empreendedores por

oportunidades em relação ao do início da pesquisa GEM, no final dos anos 90, é também

compatível com o dinamismo da economia brasileira após 2002. Mercados mais dinâmicos,

inclusive com expressiva capacidade de gerar empregos formais, tendem a induzir ao

empreendedorismo por oportunidade vis a vis ao de necessidade.

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É neste contexto que a busca de oportunidade no Brasil, se faz muito mais presente

hoje, considerando que o povo brasileiro está muito mais consciente da importância da

abertura de negócio, tanto para a realização pessoal como para a economia do país, gerando

emprego e renda.

2.1.3 Comportamento empreendedor

De acordo com Drucker (1992), o empreendedorismo é um fenômeno cultural, ou seja,

é fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas; segundo o referido autor, no contexto geral

existem famílias que são consideradas mais empreendedoras do que outras, assim como

lugares onde o empreendedorismo se faz mais presente.

O mesmo autor afirma que pode-se aprender a ser empreendedor através da

convivência com outros empreendedores, que de certa forma são influenciados por pessoas

que consideram como modelo a ser seguido; nesse sentido, para entender o comportamento

dos empreendedores faz-se necessário, inicialmente, recorrer à ciência da psicologia, que

estuda o comportamento humano, com a finalidade de buscar um entendimento das variáveis

que originam a relação entre o homem e mundo que o cerca.

Segundo Kornijezuk (2004), um dos precursores sobre o estudo do comportamento

empreendedor, destaca-se McClelland, que define os empreendedores relacionando-os à sua

necessidade de sucesso, de reconhecimento, e ao desejo de poder e de controle. As primeiras

pesquisas realizadas por esse autor definem o que ele denominou de “necessidade de

realização” do indivíduo como a principal força motivadora do comportamento

empreendedor.

De acordo ainda com McClelland (1961), o sucesso empresarial não consiste apenas

no desenvolvimento de habilidades específicas, tais como finanças, marketing, produção, etc.;

e nem apenas de incentivos creditícios e/ou fiscais, mas também das habilidades atitudinais

empreendedoras, através do aperfeiçoamento de tais características. Fomentado por inúmeros

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experimentos, o indivíduo empreendedor tem uma estrutura motivacional diferenciada pela

presença marcante de uma necessidade específica: a de realização, que é o ponto chave para o

desenvolvimento de suas demais características que o tornam empreendedor.

Na teoria de McClelland (1961), a motivação humana responde, pelo menos em parte,

pelo crescimento econômico de uma nação. Em sua teoria, a motivação humana compreende

três necessidades dominantes:

1. Necessidade de realização

2. Necessidade de poder

3. Necessidade de afiliação

No que diz respeito à necessidade de realização, garante que é a necessidade que o

indivíduo tem de realizar um bom trabalho e ser reconhecido; são pessoas que gostam de

assumir responsabilidades, e correm riscos calculados na busca do sucesso e do

reconhecimento pelo grupo no qual se encontram ou ainda os indivíduos com alta necessidade

de realização “[...] parecem preocupar-se bastante com a boa execução da sua tarefa, com o

intuito de aprender como executá-la melhor à medida que avançam”. (MCCLELLAND, 1972,

p.72).

[...] poderíamos legitimamente esperar que pessoas com fortes motivos de

realização buscassem situações em que lhes fossem possíveis obter a

satisfação da realização [...] fixam pra si próprias os padrões de realização, e

tendem procurar mais arduamente e com maior êxito alcançar os padrões que

estabeleceram para si próprias. (idem).

Gordon (1993, p.129) descreve a necessidade de realização como a necessidade de

realizar e demonstrar a competência profissional, de cada vez mais assumir tarefas difíceis

que se caracterizem como desafios, pois a resolução destes desafios traz o reconhecimento.

Já a necessidade de poder se define como “[...] uma preocupação com o controle dos

meios de influenciar uma pessoa”. Conforme Gouveia e Batista (2007, p.4), esta necessidade

exprime o desejo de influenciar ou controlar, ser responsável e ter autoridade sobre outros.

Uma elevada tendência para o poder está associada a pessoas que procuram por posições de

liderança, bem como ao interesse de obter e manter posições de prestígio e reputação.

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A necessidade de afiliação é relacionada ao desejo de estabelecer relacionamentos

pessoais próximos, de procurar evitar conflitos e constituir amizades fortes, com confiança e

compreensão mútua; é uma necessidade social, de companheirismo e apoio, para

desenvolvimento de relacionamentos significativos com pessoas (GOUVEIA; BATISTA,

2007, p.3).

Por sua vez, Bowditch e Buono (2002, p.43) relatam que a necessidade de afiliação

traz certa influência na tomada de decisões pelo empreendedor, na medida em que a

necessidade de aceitação pessoal influenciará o nível de agressividade (cordialidade), de

objetividade e de competição com que conduzirá seus negócios.

Sobre afiliação e poder, Bowditch e Buono (2002, p.43) destacam que alguns

indivíduos são motivados pelas necessidades sociais, enquanto outros serão motivados pela

necessidade de atingir metas e conquistar poder e influência sobre outras pessoas, portanto,

“[...] as necessidades de afiliação e poder governam as relações interpessoais do indivíduo”.

No entanto, vários são os autores que descrevem sobre o perfil do empreendedor; entre

eles, pode-se citar Leite (2002), que reflete a formação de um perfil profissional baseado no

empreendedorismo e enfatiza, sobretudo, algumas características peculiares: são

multifuncionais com domínio de informática, fazem o que gostam, possuem amplo

conhecimento das diretrizes e princípios básicos de administração, de modo a desenvolver

habilidades específicas à gestão de negócios e resultados, transparecem competência para

trabalhar em equipe.

Ainda mencionando Leite (2000):

Algumas características marcantes, como autoconfiança e otimismo;

capacidade de assumir riscos calculados e responder positivamente aos

desafios; adaptabilidade e flexibilidade diante das mudanças; conhecimento

dos mercados e do ramo de negócio em que atua; desejo de ser independente

criativo e com forte necessidade de realização; é líder dinâmico, com forte

senso de iniciativa; é perseverante e dotado de excelente percepção, com

grande visão para o aproveitamento de oportunidade. (LEITE, 2000 p.67).

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Nesta perspectiva, Leite (2000) descreve que para avaliar o perfil das características do

comportamento empreendedor é importante analisar os fatores apresentados no quadro 2.

QUADRO 2: Características do Perfil Empreendedor na Visão de Leite (2000)

Características Empreendedores

Alta Necessidade de Realização Trabalham com a expectativa de alcançar os mais

elevados níveis de realização.

Assumir Riscos Não se amedrontam com a possibilidade de correr

riscos, embora optem por riscos calculados e não

excessivos.

Saber Resolver Problemas São lideres inatos e geralmente os primeiros a

identificar possíveis problemas e a arranjar possíveis

soluções

Necessidade de Status Encontram satisfação em símbolos de sucesso

exteriores a si mesmos. Gostam que os negócios que

construíram sejam admirados, mas ficam sem jeito

quando o elogio lhes é dirigido diretamente. Não

permitem que as necessidades ligadas ao status

interfiram na missão empresarial.

Elevados Níveis de Energia Empreendedores são, na maioria, dedicados, dispostos

e prontos a trabalhar. Podem trabalhar por períodos

longos e contínuos de tempo enquanto constroem seus

negócios.

Possuir Autoconfiança São indivíduos extremamente autoconfiantes,

acreditando nas suas competências e capacidades.

Acreditam ser capazes de mudar a ordem dos

acontecimentos e ser mestres da própria vida.

Desapego Emocional Não permitem que seu relacionamento emocional

atrapalhe o sucesso do empreendimento.

Necessidade de Satisfação Pessoal Devido ao fato de serem motivados por uma

necessidade extrema de satisfação pessoal, possuem,

na maioria das vezes, pouco interesse em qualquer

forma de estrutura organizacional. Encaram a maioria

das atividades organizacionais com desdém e têm

dificuldades de trabalhar em grandes empresas.

Fonte: Leite (2012, p. 135)

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Para Filion (1999), dentre as características peculiares do indivíduo empreendedor, a

criatividade, a capacidade de estabelecer objetivos e persegui-los, a busca de identificar

oportunidades, tomada de decisões moderadamente arriscadas e a busca pela inovação são

marcantes no comportamento do empreendedor. O referido autor acredita que o indivíduo

empreendedor consegue detectar ambientes favoráveis a negócios, pela facilidade de

identificação de oportunidades de negócio e cria caminhos para a implantação do plano e sua

possível execução; mas, para detectar oportunidades de negócios: “é preciso ter intuição,

intuição requer entendimento, e entendimento requer um nível mínimo de conhecimento”.

(FILION, 1999, p.58).

Segundo Timmos (1994) e Hornaday (1982), citados por Dolabela (1999, p. 45), vinte

e sete são as características típicas de um empreendedor: ter um “modelo”, uma pessoa que o

influencia; ter iniciativa, autoconfiança, autonomia, otimismo, necessidade de realização;

trabalhar sozinho (o processo visionário é individual); ter perseverança e tenacidade para

vencer obstáculos; considerar o fracasso um resultado como outro qualquer, pois pode

aprender com os próprios erros; ser capaz de dedicar-se intensamente ao trabalho e concentrar

esforços para alcançar resultados; saber fixar metas e alcançá-las; lutar contra padrões

impostos; diferenciar-se; ter a capacidade de descobrir nichos; ter forte intuição; ter alto

comprometimento, crendo no que faz; criar situações para obter feedback sobre seu

comportamento e saber utilizar tais informações para seu aprimoramento; saber buscar,

utilizar e controlar recursos; ser um sonhador racional; criar um sistema próprio de relações

com empregados; ser orientado para resultados, para o futuro, o longo prazo; aceitar o

dinheiro como uma das medidas de seu desempenho; tecer “rede de relações” (contatos,

amizades) utilizando-a intensamente como suporte para alcançar os seus objetivos e

considerar a rede de relações internas (sócios, colaboradores) mais importante que a externa;

conhecer muito bem o ramo de atuação; cultivar a imaginação e aprender a definir visões;

saber traduzir pensamentos em ações; ser proativo: definir o que quer e aonde quer chegar,

buscando o conhecimento que permitirá o alcance de seus objetivos; criar um método próprio

de aprendizagem: aprender a partir do que se faz; ter capacidade de influenciar as pessoas

com as quais lida; assumir riscos moderados; ser inovador e criativo; ter alta tolerância à

ambiguidade e à incerteza; manter um alto nível de consciência do ambiente em que vive.

Para Dornelas (2001), além dos atributos encontrados em administradores, os

empreendedores são visionários, indivíduos que fazem a diferença, sabem explorar as

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oportunidades, são determinados e dinâmicos, dedicados ao trabalho, otimistas e apaixonados

pelo que fazem, independentes e construtores do próprio destino, acreditam que o dinheiro é

consequência do sucesso nos negócios, possuem liderança incomum, sabem construir uma

rede de relacionamentos externos à empresa, planejam cada passo do negócio, possuem

conhecimento, assumem riscos calculados e criam valor para a sociedade pela qual o

empreendimento encontra-se inserido, em busca de soluções para melhorar a vida das

pessoas.

Diante do contexto sobre o perfil do empreendedor vale ressaltar a afirmação de

Drucker (2003, p.31), de que a inovação é o eixo central do espírito empreendedor; não existe

espírito empreendedor sem a inovação, pois ela é o seu instrumento específico. Os

empreendedores inovam continuamente e a inovação, de fato, cria uma série de recursos para

os empreendedores. Além da inovação, outro aspecto do espírito empreendedor é o

conhecimento – o que permite ampliar a inovação. Ainda segundo o mesmo autor, a inovação

baseada no conhecimento é a “superestrela” do espírito empreendedor, e se difere das demais

inovações em suas características básicas: “duração, taxa de perdas e nos desafios que

apresentam para o empreendedor”.

Segundo Leite (2012), para conferir o potencial empreendedor de um indivíduo que

almeja ser empreendedor faz-se necessário conhecer as características e traços marcantes de

um empreendedor de sucesso, conforme demonstrado no quadro 3.

QUADRO 3: Características X traços marcantes de um empreendedor de sucesso

Características Traços Marcantes

Autocontrole Gostam de ter controle sobre todas as atividades que executam

Procura de resultados Procuram atividades que demonstrem progressos orientados por

objetivos. Possuem um sentido para o desenvolvimento das suas

ideias.

Auto direção São auto motivados e possuem um desejo extraordinário de

sucesso.

Gestão por Objetivos Compreendem as tarefas necessárias para atingir os seus objetivos.

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Análise de

Oportunidades

Analisam todas as opções por forma a assegurar o seu sucesso e

minimizar os riscos

Pensamento Criativo Não são rígidos em termos de pensamento e irritam-se com

pessoas que digam “fazemos isto desta forma, porque sempre se

fez assim”.

Resolução de

Problemas

Sabem como vão avaliar e selecionar alternativas, mesmo que

ocasione novos problemas, reduzindo a magnitude do problema

inicial.

Pensamento Objetivo Quando os empreendedores encontram solução para um problema,

irão executá-lo com a maior quantidade de pessoas qualificadas

que encontrarem para evitar pôr em causa os seus próprios juízos.

Valorizam Equipe Reconhecem a importância da equipe para o alcance dos objetivos

do empreendimento

Fonte: Leite (2012, p.137)

Portanto, pode-se dizer que o espírito empreendedor é o conjunto de aspectos e

características que formam a personalidade de um empreendedor e é também a chave para um

caminho de sucesso. Apesar da diferença de abordagem dos autores, pode-se notar que todos

concordam que as características que formam o empreendedor baseiam-se nos conceitos de

iniciativa, inovação, criatividade, oportunidade e disposição para assumir riscos, podendo ser

classificadas em 10 grupos: busca de oportunidade e iniciativa; persistência;

comprometimento; exigência de qualidade e eficiência; riscos calculados; estabelecimento de

metas; busca de informações; planejamento e monitoramento sistemático; persuasão e rede de

contatos; independência e autoconfiança.

Diante de estudos realizados sobre conceitos e comportamento empreendedor, pode-se

levar em consideração alguns aspectos em comum citados por diversos autores a respeito do

tema em questão, conforme quadro 4 resumido abaixo:

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QUADRO 4: Características X traços marcantes de um empreendedor de sucesso

Características

AUTORES

Schumpeter

(1934)

McClelland

(1961)

Drucker

(1974)

Timmos

(1978)

Filion

(1991)

Dolabela

(1999)

Leite

(2002)

Dornelas

(2005)

Pró-ativo X X X X X X

Inovador X X X X X X X X

Visionário X X X X

Criativo X X X X X X

Tolerante ao

risco X X X X

Motivado X X X X X

Perseverante X X X

Autoconfiante X X X

Líder X X X

Necessidade de

realização X X X

Determinado X X X X X

Independência X X X X

Comprometido X X X X

Fonte: Kuratko, D. F. & Hodgetts, R. M. (1995, p.58), adaptado pela autora.

2.2 Algumas concepções sobre competência organizacional

Segundo o Dicionário Aurélio (2004 p.249), competência é a “qualidade de quem é

capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa; capacidade, habilidade,

aptidão”.

A palavra competência é utilizada no senso comum para definir a capacidade de uma

pessoa para exercer uma atividade com eficiência, atingindo-se os objetivos propostos. Por

outro lado, o oposto da competência significa algo negativo, depreciador, chegando mesmo a

sinalizar que a pessoa se encontra ou se encontrará brevemente marginalizada dos circuitos de

trabalho e de reconhecimento social (FLEURY & FLEURY, 2002).

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Ainda segundo Fleury & Fleury (2001), o significado de competência no contexto

organizacional não é recente, pois constitui um novo conceito e uma nova valorização

apresentada no presente, em consequência de fatores como os métodos de reestruturação

produtiva em curso, como a intensificação das descontinuidades e imprevisibilidades das

conjunturas econômicas, organizacionais e de mercado e as sensíveis mudanças nas

características do mercado de trabalho, resultantes, em especial, dos processos de

globalização.

Neste contexto, percebe-se que competência significa o indivíduo demonstrar ser

eficiente em alguma área de atuação e que no âmbito organizacional cada vez mais a

exigência por este profissional torna-se presente.

Competência pode ainda ser entendida como a capacidade de um indivíduo de

movimentar o todo ou parte de seus recursos cognitivos e afetivos para enfrentar uma família

de situações complexas, o que exige a conceituação precisa desses recursos, das relações que

devem ser estabelecidas entre eles e da natureza do “saber mobilizar”. Pensar em termos de

competência significaria, portanto, pensar a sinergia, a orquestração de recursos cognitivos e

afetivos diversos para enfrentar um conjunto de situações que apresentam analogia de

estrutura (PERRENOUD, 2001).

Neste sentido, o indivíduo precisa demonstrar capacidade de resolver ou enfrentar

problemas utilizando-se dos recursos disponíveis de forma que a relação entre o saber e o

saber fazer se complementem.

Em meados de 1973, McClelland publicou o paper Testing for Competence rather

than Intelligence, que iniciou a discussão sobre competência entre os psicólogos e os

administradores nos Estados Unidos, onde relata que a competência, segundo ele, é uma

característica subjacente a uma pessoa que é casualmente relacionada com desempenho

superior na realização de uma tarefa ou em determinada situação. Desta forma, distinguia

competência de aptidões: habilidade natural que a pessoa possui, na qual pode vir a ser

aperfeiçoada de habilidades, demonstração de um talento particular na prática e

conhecimentos: ou ainda, o que as pessoas precisam saber para realizar uma tarefa

(MIRABILE, 1997).

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As diversas definições para competência individual têm causado muitas divergências e

não há um consenso, a discussão enriquece o tema, a partir da análise de diversas definições.

Sant‟anna (2005) destaca alguns pontos comuns à competência individual, como: um

conjunto de característica ou requisitos – saberes, conhecimentos aptidões habilidades e uma

condição capaz de produzir efeitos e resultados e ou soluções para problemas.

Já a definição de Dutra (2001), remete à qualidade das relações de trabalho a partir do

momento em que relata que competência é uma entrega e que essa entrega agrega valor

econômico à empresa, ao indivíduo e ao meio em que vive. Esta forma de perceber o conceito

de competências é fundamental para determinadas situações e estruturas de gestão já

organizadas de forma a levar em consideração não só os processos, mas principalmente

resultados como base para avaliação de desempenhos e competências. Neste contexto,

associar o conceito de competências aos resultados permite ao trabalhador maiores condições

de autogestão e desenvolvimento de carreiras e competências.

Várias são as concepções a respeito do termo de competência relacionadas ao

profissional e sua atuação no mercado de trabalho onde as atitudes determinam seu

desempenho caracterizando-o assim como diferencial em sua área de atuação.

Durand (1998), seguindo as chaves do aprendizado individual de Pestalozzi head,

hand and heart (cabeça, mão e coração) construiu um conceito de competência, baseado em

três dimensões - Knowledge, Know-How and Attitudes ou C.H.A. (conhecimento, habilidade e

atitude), apresentado na figura 2 – onde são abordadas além de questões técnicas, atitudes

relacionadas ao trabalho, comportamentais e cognitivas.

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FIGURA 2: C.H.A. (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes).

Fonte: Durant (1998), adaptado pela autora.

Outra definição bastante apropriada para competência é dada por Fleury & Fleury

(2000): competência é um saber agir (saber o que e por que fazer, saber julgar, escolher,

decidir) responsável, e que é reconhecido por todos. Implica saber mobilizar recursos de

pessoas, financeiros, materiais, criando sinergia entre eles; integrar e transferir os

conhecimentos, recursos e habilidades, num contexto profissional determinado; comunicar-se

(compreender, processar, transmitir informações e conhecimentos); aprender (trabalhar o

conhecimento e a experiência, de forma a desenvolver-se e propiciar o desenvolvimento dos

outros); engajar-se (comprometer-se com os objetivos da organização), e assumir

responsabilidades, riscos e consequências de suas ações. Pode-se dizer ainda que competência

significa ter visão estratégica, ou seja, conhecer e entender o negócio da organização, seu

ambiente, identificando oportunidades e alternativas, de forma a agregar valor social para o

indivíduo e valor econômico para a organização.

Define-se assim competência: um saber agir responsável e reconhecido, que implica

mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor

econômico à organização e valor social ao indivíduo. O que significam os verbos expressos

Informações

Saber o quê

Saber o porquê

Técnica

Capacidade

Saber como

Querer fazer

Identidade

Determinação

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neste conceito? O quadro a seguir inspirado na obra de Le Boterf, (1995, p.55) propõe

algumas definições, apresentadas no quadro 5.

QUADRO 5: Competências para o Profissional

Saber agir

Saber o que e por que faz.

Saber julgar

Escolher, decidir

Saber mobilizar recursos

Criar sinergia e mobilizar recursos e competências.

Saber comunicar Compreender, trabalhar, transmitir informações,

conhecimentos.

Saber aprender Trabalhar o conhecimento e a experiência, rever

modelos mentais; saber desenvolver-se.

Saber engajar-se e comprometer-se

Saber empreender, assumir riscos. Comprometer-se.

Saber assumir responsabilidades Ser responsável, assumindo os riscos e

consequências de suas ações e sendo por isso

reconhecido.

Ter visão estratégica

Conhecer e entender o negócio da organização, o

seu ambiente, identificando oportunidades e

alternativas.

Fonte: Le Boterf (1995, p.55).

No entendimento de Bitencourt (2002), Le Boterf destaca competência pela formação

pessoal, educacional e profissional da pessoa, onde os aspectos que se referem à

responsabilidade e legitimidade são imprescindíveis na construção da noção de competências.

A autora traz as propostas de Sandberg (1994) e de Le Boterf (1997), onde os mesmos

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traduzem, através da figura 3, a seguir, aspectos importantes que contribuem para a reflexão

do tema:

FIGURA 3: Competência pela formação pessoal, educacional e profissional.

Fonte: Bitencourt & Claudius (2010, p.188), adaptado de Sandberg (1994) e de Le Boterf (1997)

Dentro dessa perspectiva, Bitencourt (2010) relata o entendimento da figura 3,

chamando a atenção para os aspectos que enfatizam a visão de Sabdberg (interação entre as

pessoas, significado da competência e experiência) e, em conjunto, a de Le Boterf

(articulação, legitimação e formação).

Articulação entre

diretrizes e níveis

Interação entre

As pessoas

Significado de

Competência

Legitimação de

Competência

Experiência Formação

Pessoal

Educação

Profissão

COMPETÊNCIA

CONCEPÇÃO

RECURSOS DE

COMPETÊNCIA REDES DE

TRABALHO

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Complementa o entendimento da seguinte forma:

A interação entre as pessoas propicia uma melhor articulação referente às

diretrizes e aos níveis organizacionais; a identificação do significado da

competência permite a sua legitimação; a experiência relaciona-se

diretamente à formação, no sentido de capacitação, que implica visão

pessoal, educacional e profissional. (BITENCOURT, 2010 p.188).

Neste sentido, Bitencourt (2010) descreve que uma maior interação entre as pessoas

colabora para uma articulação mais favorável no que diz respeito às diretrizes e níveis

organizacionais e a assimilação do que realmente significa competência, favorece uma melhor

compreensão de seu significado, e o fato de colocar em prática o conhecimento, diz respeito à

formação do indivíduo nos âmbitos pessoal, educacional e profissional.

2.2.1 Competência empreendedora

Ao descrever sobre competência empreendedora pode-se dizer que, segundo Mamede

e Moreira (2005), a competência empreendedora pode ser tratada tanto como competência do

indivíduo, quanto relacionada à prática administrativa, devido às diferentes tarefas que

desempenham. Neste sentido, cada dia mais se torna visível que no campo de estudos

voltados para áreas do âmbito organizacional, como também no que diz respeito a

treinamentos e ao incremento da postura vocacional, a ênfase na necessidade de se aperfeiçoar

as habilidades e capacidades que gerem reflexões sobre as práticas profissionais está presente.

A crítica mais corriqueira para tal preocupação está relacionada na necessidade de apoio para

dirigentes e equipes enfrentarem, de forma efetiva, os crescentes índices de mudança social,

em particular aqueles que colaboram para aumentar a incerteza nos negócios e,

consequentemente, no mercado de trabalho (SCHÖN, 1991; GIBB, 1999).

Neste aspecto, existem competências que são associadas às posturas empreendedoras

que favorecem na compreensão de atributos geradores de respostas de valor, na interação com

grupos internos e externos à organização; que na concepção de Mello, Leão e Paiva (2006).

estão de certas formas atreladas a vários aspectos; são eles:

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Senso de identificação de oportunidades;

Capacidade de relacionamento em rede;

Habilidades conceituais;

Capacidade de gestão;

Facilidade de leitura no que diz respeito ao posicionamento em cenários conjunturais e

ao comprometimento com interesses individuais e da organização.

Esses elementos são básicos no desenvolvimento de artefatos representativos como

expressão de crescimento pessoal e profissional do dirigente, de êxito socialmente

reconhecido (MAN; LAU, 2000; PINTO, 2000; BIRLEY; MUZUKA, 2001; MAN, et al.,

2002).

De acordo com Robbins (2005), muitas vezes a desordem e o caos podem ser

transformados em oportunidade, porque demonstram que os gerentes que conseguirem

adaptar-se, terão, de certa forma, uma maior vantagem competitiva. No contexto da atual

composição, da qual faz parte a conjuntura organizacional, o potencial humano e intelectual

tornou-se cada vez mais exigido pelas organizações e neste sentido os profissionais precisam

estar preparados, porque as mudanças estão cada vez mais presentes no mundo onde a

globalização é fator preponderante.

Segundo Demo (1994), Este profissional deverá estar pronto para atuar e agir diante

do mundo globalizado, que exige comportamentos tanto do saber fazer, como saber ser, que

são indispensáveis para a sobrevivência baseada no aprender a empreender que podem ser

expostos na prática diária para o desenvolvimento do empreendimento, através de estruturas

periódicas para a formação de competências.

No entanto, nota-se que a aprendizagem deve acompanhar sistematicamente as

mudanças do mercado; uma questão que está cada vez mais visível e constante, exigindo

assim, uma postura das organizações empresariais de buscarem a todo o momento

desenvolverem e adquirir novas competências que atendam as exigências do mercado de

atuação. Neste sentido, é fundamental que para gerenciar seu conhecimento faz-se necessário

que as organizações estabeleçam um mapeamento de suas competências.

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A gestão por competência não é algo que possa ser considerado inovador; já no início

deste século, Taylor descrevia sobre a importância das empresas contarem com indivíduos

eficientes, confirmando que a procura por profissionais competentes extrapolava a oferta.

Segundo Fernandes (2001), é de fundamental importância buscar estratégias para o

desenvolvimento de aptidões coletivas quando define que num ambiente competitivo, a cara

da organização é o reconhecimento de sua competência na visão do cliente. O indispensável

para uma organização é, portanto, instituir um sistema adequado que seja capaz de monitorar

e acrescentar novas aptidões, habilidades ou competências necessárias à força de trabalho.

Desta forma, a empresa que se mostrar capaz de compreender e enxergar a necessidade do

mercado e atendê-la de forma proativa, em termos de competências, teoricamente será muito

mais competitiva.

De acordo com Man & Lau (2000), no que diz respeito à questão da competitividade da

micro e pequena empresa (MPE), o fator competência empreendedora é preponderante como

diferencial da atuação da empresa no mercado; e baseando-se nesta percepção os referidos

autores realizaram estudos entre 1993 e 1999, que classificaram as competências em áreas

distintas; são elas:

Competências de Oportunidade, que está relacionada com a identificação, avaliação e

busca de oportunidade de negócios no mercado, que, de acordo com Paiva Jr., Leão e

Mello (2003): “um empreendedor deve estar apto a identificar os cenários favoráveis

aos objetivos organizacionais e atuar sobre as potenciais chances de negócios por meio

da sua avaliação de modo a transformá-las em situações positivas”.

Competências de relacionamento, que está ligada aos relacionamentos pessoais do

empreendedor, que, de certa forma, acaba influenciando no percurso de um

determinado negócio; segundo Filion (1991), podem ser classificadas em três níveis;

primários (relacionado a contatos com familiares e pessoas mais próximas);

secundários (relacionados a grupos sociais) e terciários (relacionados a grupos de

interesses comuns).

Competências conceituais, que estão ligadas a percepção que o empreendedor possui

com relação à avaliação do ambiente, levando-o a correr riscos calculados, além da

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aptidão para observar o ambiente em ângulos diferenciados, que permite inovar em

busca de um diferencial no mercado (DORNELAS, 2008).

Competências administrativas, estão relacionadas à eficiência do empreendedor para

identificar pessoas com aptidões especificas para a área de atuação.

Competências estratégicas, que se referem à opção do empreendedor por estratégias de

curto, médio e longo prazo, e envolvem a viabilidade econômica e financeira do

empreendimento.

Competências de comprometimento, que estão voltadas à aptidão que o empreendedor

possui, relacionando à dedicação, o empreendimento de forma ativa e constante,

superando as dificuldades diante as adversidades do negócio.

Segundo Leite (2012), o empreendedor do século XXI tem competências diferentes

dos seus antepassados. Para Farrel (1993, apud LEITE 2012, p.133), o empreendedor

competente apresenta as seguintes características:

a) simplicidade ao fazer as coisas básicas;

b) senso de missão;

c) visão voltada para clientes/produtos;

c) criar uma empresa com uma visão;

d) ação inovadora;

e) domínio de seu destino.

Diante dos estudos expostos, torna-se imprescindível compreender a relação que existe

entre atitude e comportamento empreendedor, no que diz respeito ao processo de criação de

empresas. Existem estudos de vários autores com o objetivo de demonstrar a concepção da

construção de atitudes que conduzem a determinados comportamentos; um dos objetivos

desses estudiosos é detectar respostas às diversas dúvidas no que diz respeito ao

comportamento empreendedor, que tem como respostas fatores cognitivos, afetivos ou ainda

de nível comportamental. Entre eles, pode-se citar Filion (2000), que descreve sobre a relação

entre atitude e comportamento empreendedor, afirmando que tanto um como outro podem ser

aprendidos, como também Souza (2008), que admite a atitude empreendedora como a

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predisposição apreendida para agir de forma inovadora, autônoma, planejada e criativa,

estabelecendo redes sociais; nesta mesma visão, segue o modelo, Leite (2012), no que diz

respeito da manifestação do comportamento empreendedor, como ilustra a figura 4 :

FIGURA 4: Modelo de Avaliação da Manifestação Comportamental Empreendedora

ENTRADAS

Características de personalidade Fatores situacionais do empreendedor

Resposta comportamental

Componentes de personalidade Fatores situacionais do empreendedor

ESTÁGIO COGNITIVO

Percepção dos seus atributos de

empreendedor

Tomada de Consciência

Conhecimento

ESTÁGIO AFETIVO

Sentimentos positivos de em relação à

livre-iniciativa

Ligação

Preferência / Opção – desejo de ser um

empreendedor

Estágio comportamental

Decisão de criação empresa

Vontade – Propósito / intenção de agir:

Criar empresa

Criação da empresa

SAÍDAS

RESULTADOS/MENSURAÇÃO

FEEDBACK

Fonte: Leite, 2012, p.65

Este modelo mencionado acima, segundo Leite (2012), supõe que o empreendedor, ao

passar pelo processo de criação de sua empresa, está envolto por um processo de tomada de

consciência, de que sua vida passará por um estágio de mudança altamente radical; onde

deixará de ser empregado, subordinando-se às ordens de terceiros, e passará a ser dono do

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próprio negócio. No modelo exposto, no que concerne ao componente cognitivo, pode-se

dizer que está relacionado às crenças, relativas ao objeto de atitude (o conhecimento); já o

componente afetivo, é o sentimento que o indivíduo possui com relação ao objeto (bom ou

mal); por outro lado, o componente comportamental, refere-se às cognições e afetos em

relação a um objeto que levarão um pessoa a agir ou se comportar de uma determinada

maneira.

Desta forma, fica visível a importância de compreender a relação entre atitude e

comportamento para desenvolvimento do espírito empreendedor dos indivíduos.

2.2.2 Aprendizagem organizacional

Impulsionada pela globalização da economia e pelas tecnologias de informação e

comunicação - TIC, a sociedade atual está impondo uma competição entre as organizações

sem precedentes no mundo dos negócios.

Para Fleury & Oliveira Júnior (2002), o cenário é de incerteza, ambiente em mudanças

e de intensa competitividade. No entanto, para fazer frente a essas ameaças e manter a sua

sustentabilidade no atual contexto, as organizações devem ser capazes de aprender e ao fazê-

lo, desenvolver novos conhecimentos.

Segundo Pozo (2002), a aprendizagem pode ser classificada como: implícita, quando

não existe o propósito deliberado de aprender e nem a consciência de que se aprende; ou

explícita, quando for decorrente de uma atividade deliberada e consciente. Nas organizações,

por sua vez, as atividades de aprendizagem explícita podem ser: formais, quando forem

estruturadas e constituírem iniciativa realizada ou apoiada pela organização; ou informais,

quando não forem estruturadas e constituírem iniciativa do próprio empregado, com ou sem o

apoio da organização (SONNENTAG, 2004).

Como a aprendizagem implica mudanças, pode, por conseguinte, promover o

desenvolvimento de competências. Uma nova competência revela, inexoravelmente, que a

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pessoa aprendeu algo novo, porque mudou sua forma de atuar (FREITAS & BRANDÃO,

2005). Sob esta ótica, os conteúdos aprendidos pelo indivíduo (conhecimentos, habilidades e

atitudes) revelam-se elementos constitutivos da sua competência.

Visto que o desenvolvimento de competências ocorre por meio da aprendizagem, criar

novas formas de prover oportunidades e experiências de aprendizagem constitui um grande

desafio para as organizações (CASEY, 1999), sobretudo porque as complexidades do

ambiente organizacional fazem surgir diversificadas demandas de competências, aumentando

a distância entre o que as pessoas sabem e o que elas precisam aprender (POZO, 2002).

Parece importante às organizações, então, a execução de ações de treinamento e

desenvolvimento não apenas alinhadas à sua estratégia, mas também adequadas às

necessidades de aprendizagem de seus funcionários. Isso, segundo Le Boterf (1999), constitui

elemento fundamental para conferir efetividade ao processo de desenvolvimento de

competências.

A aprendizagem organizacional é um processo de natureza comportamental que se

estabelece tanto no subsistema técnico, como também no subsistema social (GARVIN, 1998).

Deve-se, no entanto, destacar que o „produto‟ deste processo representa a inter-relação entre

estes dois subsistemas. Na perspectiva da visão técnica, a aprendizagem organizacional

refere-se ao processamento eficaz, interpretação e resposta de informações internas e externas

à organização, e a discussão principal está relacionada às quais formas de mudança estão

associadas à aprendizagem.

Complementarmente, a perspectiva social trata de estudar, como as pessoas atribuem

significado às suas experiências de trabalho, sendo que estas experiências podem ser de fontes

explícitas, como as informações financeiras, ou tácitas, pela percepção ou “sensibilidade”;

logo, segundo esta visão a aprendizagem origina-se das relações sociais.

Para Fernandes (1998):

Na compreensão da aprendizagem organizacional deve-se explorar a forma

pela qual as empresas constroem, incrementam e organizam conhecimento e

rotinas, e as suas relações com resultados e processos que ocorrem no

interior das organizações. Tal estudo deve incorporar o seguinte conjunto de

premissas:

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• A aprendizagem geralmente tem consequências positivas, mesmo quando

os resultados são negativos, pois o produto deste processo está na

compreensão das relações de causa-efeito;

• Mesmo que o aprendizado centre-se no indivíduo, as empresas também

podem aprender, pois se pode estabelecer uma representação social ao

processo de aprendizagem organizacional;

• A aprendizagem ocorre através de todas as atividades da empresa, em

diferentes processos e em diferentes níveis. (FERNANDES, 1998, p. 22).

Empresas que desenvolvem estratégias para gerir o conhecimento são definidas como

“organizações que aprendem”, e caracterizam-se pelo estímulo ao aprendizado individual das

pessoas, pela disseminação da cultura de aprendizagem entre clientes e fornecedores, pelo

desenvolvimento de uma estratégia centrada no desenvolvimento de recursos humanos e pela

busca da transformação contínua (PEDLER; BOYDELL; BURGOYNE, 1989)

Argyris & Schön (1996) propõem a existência de dois tipos de aprendizagem, a tipo

single-loop e a do tipo double-loop. A aprendizagem do tipo single-loop busca a manutenção

do conhecimento, é uma aprendizagem instrumental, que muda estratégias de ação ou

suposições acerca desta estratégia, de tal forma a deixar que os valores de uma teoria de ação

permaneçam inalterados, ou seja, detecta e corrige o erro, mas não altera o modelo vigente.

Este tipo de aprendizagem é mediado pela investigação organizacional, busca detectar erros

nas estratégias organizacionais e suas suposições, que podem ser modificadas para sustentar o

desempenho organizacional dentro de uma escala de valores e normas da organização.

As normas e valores continuam imutáveis neste tipo de aprendizagem, podem

transformar-se em uma rotina que prejudica a adaptabilidade e a flexibilidade. Há dificuldades

em aprender focando somente na reflexão sobre o problema, ou seja, não revendo a sua

especificação.

A aprendizagem do tipo double-loop tem por princípio questionar o que se aprende e

revisar princípios, e é indicada para mudanças na cultura organizacional, uma vez que resulta

em uma mudança de valores da teoria em uso, bem como da estratégia e suas suposições. Este

tipo de aprendizagem foca na correção do erro depois da revisão dos valores inerentes ao

modelo, e é o mais adequado para transformações. Refere-se a dois laços de realimentação

(double-loop feedback) que se conectam aos efeitos observados da ação junto com a estratégia

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e os valores que sustentam tal estratégia, assim, as estratégias e suas suposições podem ser

alteradas em função de uma mudança de valores. (ARGYRIS; SCHÖN, 1996) conforme o

quadro 6.

QUADRO 6: Características dos tipos de aprendizagem propostos por Argyris e Schön

Single-Loop Double-Loop

Valores preponderantes dos adeptos:

• Ter controle unilateral das situações

• Esforçar-se para ganhar e para não perder

• Suprimir os sentimentos negativos próprios

e alheios.

• Ser o mais racional possível.

Valores preponderantes dos adeptos:

• Utilizar informações válidas.

• Dar às pessoas o direito de optar livremente

e com informação.

• Assumir responsabilidade pessoal no

monitoramento da eficácia.

Ações:

• Defender sua posição.

• Avaliar os pensamentos e as ações dos

outros (e seus pensamentos e ações).

• Atribuir causas ao que quer que esteja

tentando entender.

Ações:

• Criar situações ou ambientes em que os

participantes possam ser originais e sintam

um alto nível de gratificação pessoal

(sucesso psicológico, afirmação, sensação de

ser essencial)

• Proteger-se passa a ser um empreendimento

conjunto e orientado para o crescimento

(tenta-se reduzir a cegueira em relação à

própria inconsistência e incongruência)

• Proteger os outros é algo feito em paralelo

Resultados de aprendizado:

• Os resultados são limitados ou inibidos

• Há consequências que encorajam os males

entendidos.

•Surgem processos de erro auto alimentáveis.

Resultados de aprendizado:

• O aprendizado é facilitado

• Há uma redução gradual e constante dos

mecanismos de defesa organizacionais.

Fonte: Argyris; Schön, (1996 p.305)

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Na concepção de Argyris & Schön (1996), a mudança do modelo de aprendizagem

segundo os autores do Single-Loop – Modelo 1 – para Double-Loop – Modelo 2 – requer

muita prática e é guiado por seis regras:

1. É necessário que as pessoas tomem consciência de seus Modelos 1;

2. Deve-se ajudá-las a perceber a inconsciência habilidosa e a incompetência

habilidosa;

3. Aumentar a conscientização sobre as consequências para a organização;

4. Deixar que as pessoas relacionem esse tipo de conhecimento às decisões

empresariais do dia a dia;

5. Praticar e fazer com que os outros pratiquem bastante, focalizando problemas que as

pessoas consideram importantes;

6. Não passar ao próximo nível hierárquico de uma organização enquanto não

comprovar que os altos escalões começam a comportar-se em consonância com o

Modelo 2;

7. A aprendizagem passa a ser um processo central para que se desenvolva um

processo maior de mudança organizacional e também para que se possam desenvolver

as competências necessárias para tal mudança.

Portanto, passar do tipo single-loop para double-loop torna-se possível na medida em

que o indivíduo tome consciência dos modelos existentes, além de que é necessário

desenvolver competências básicas, para que a mudança se concretize.

2.2.3 Aprendizagem empreendedora

A aprendizagem empreendedora é considerada um processo social continuado da

aprendizagem individual, na qual se aprende através da própria experiência, como também

através de outras pessoas, desenvolvendo sua própria teoria, nas quais são reproduzidas por

outros, em função do sucesso que proporcionam (RAE & CARSWELL, 2000).

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Na visão de Rae (2005), o termo „aprendizagem empreendedora‟ significa reconhecer

oportunidades e agir em função de iniciar um novo empreendimento. Já para Politis (2005),

trata-se de “um processo contínuo que facilita o desenvolvimento do conhecimento necessário

para ter eficácia na criação e gestão de novos negócios”, grande parte deste aprendizado é

fruto da atuação prática, de forma experiencial (MORRISON & BERGIN-SEERS, 2002) e

advém das experiências passadas de sucesso e insucesso, da observação de outros

empreendedores e de outras fontes de relacionamentos (RAE, 2005; MAN, 2006;

LÉVESQUE; MINNITI; SHEPHERD, 2009). Esta aprendizagem “representa o meio pelo

qual se adquire a competência, enquanto a competência representa a manifestação do que o

indivíduo aprendeu” (FREITAS; BRANDÃO, 2006).

Neste sentido, questiona-se: de que forma se dá a aprendizagem empreendedora?

Moraes & Hoeltgebaum (2003) descrevem que no processo de formação do

empreendedor, é fundamental levar em consideração a etapa do ciclo de vida da organização,

pois para entender como o empreendedor aprende é necessário compreender como ele se torna

empreendedor, de que forma ele gerencia seu próprio negócio e como age estrategicamente.

O quadro 7 traz um modelo de Moraes e Hoeltgebaum (2003), no qual se procura

compreender de que forma o empreendedor aprende.

QUADRO 7: Modelo para investigação e análise do processo de aprendizagem

empreendedora

Fonte: Moraes & Hoeltgebaum (2003, p.16 )

Etapas da Aprendizagem do

Empreendedor

Aspectos Explorados em cada Etapa

Aprendizagem para o empreender

Como o empreendedor adquiriu as

habilidades que lhe possibilitaram tornar-se

um empreendedor, ou seja, abrir um negócio

Aprendizagem Gerencial Como o empreendedor aprendeu a gerenciar

seu próprio negócio

Aprendizagem Estratégica

Como o empreendedor adquiriu

conhecimentos, habilidades, e atitudes que

lhe possibilitaram agir estrategicamente no

seu negócio

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Baseando-se neste modelo, os referidos autores leva em consideração que a

aprendizagem empreendedora deve ser pensada em etapas, em função do ciclo de vida da

organização.

Um segundo modelo para a análise da aprendizagem empreendedora, foi descrito por

Era (2004), que leva em consideração o próprio sujeito no contexto social em que ele se

encontra, levando em consideração os parâmetros:

Formação pessoal e social,

Aprendizagem contextual,

Empreendimento negociado.

No que diz respeito à formação pessoal e social; o indivíduo desenvolve sua

identidade empreendedora que é influenciada pela sua própria experiência de vida e de seus

familiares, como também das relações sociais. Já relacionado à aprendizagem contextual,

pode-se dizer que ela se faz presente quando o indivíduo relata e compara as suas experiências

individuais com as de outras pessoas, compartilhando aprendizados, através de sua área de

atuação e rede de relacionamentos, desenvolvendo habilidades para identificação de

oportunidades. No que se refere ao empreendimento negociado, se dá a partir do momento em

que ideias e aspirações dos indivíduos são realizadas mediante um processo negociado de

trocas interativas com outras pessoas em relação ao empreendimento, incluindo

consumidores, fornecedores, investidores, empregados ou sócios.

Um terceiro modelo, que se refere à aprendizagem empreendedora é o de Politis

(2005), que leva em consideração que a experiência anterior em criação de negócios é de

fundamental importância para a aprendizagem empreendedora, pois as experiências

determinam e influenciam nas escolhas de estratégias vivenciadas pelo empreendedor na

realização de novos negócios.

Estes três modelos apresentados (MORAES & HOELTGEBAUM, 2003; RAE, 2004;

POLITIS, 2005), de certa forma, parecem evidenciar aspectos relevantes para pesquisas em

aprendizagem empreendedora, como o processo de identificação de oportunidades e o

processo de gestão da organização.

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2.2.4 Empreendedorismo, competências empreendedoras e aprendizagem

A questão sobre o empreendedorismo tem gerado impactos em todas as áreas da

sociedade, passando pela economia e até mesmo na política, visto que tem gerado

empregos, que, por sua vez, aumentam a renda da população e consequentemente

proporcionam crescimento e desenvolvimento. O número de pessoas que buscam abrir

negócios tem crescido amplamente, segundo o GEM (2009), o Brasil ocupou o 13º lugar de

empreendedores na pesquisa realizada em 43 países do mundo.

No entanto, não significa apenas abrir um negócio, o fundamental é saber agir, para

obter sucesso. Neste sentido, na visão de Dias, Nardelli e Vilas Boas (2008), é indispensável

que estes empreendedores possuam habilidades e competências necessárias que os auxiliem

na relação interpessoal e convivência em conjunto.

As empresas estão cada vez mais exigindo pessoas com competências para assumirem

cargos de liderança/gerência, cujas características são consideradas diferenciais no mercado

cada vez mais competitivo.

Para Echeveste (1999), estes profissionais se destacam por apresentarem:

conhecimentos dos cenários internos e externos e das mudanças no âmbito econômico e

cultural, dos procedimentos internos da empresa em todos os setores, desde a gestão

mercadológica e financeira, como na gestão de pessoas; além de apresentarem habilidades de

se adaptar ao novo, de saber trabalhar em equipe e contribuir com o trabalho de seus

colaboradores; e, ao mesmo tempo, demonstrar poder de persuasão; conhecer e aplicar

técnicas de negociação, saber administrar conflitos; delegar poder e tomar decisões de

forma rápida; ser criativo e inovador; saber correr riscos e lidar com fortes conflitos,

como demonstrar atitudes de bom relacionamento interpessoal.

Neste sentido, pode-se dizer que o gerente no mundo de hoje deve possuir

competências que atendam as necessidades da empresa e de seus funcionários.

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Segundo Motta (2002): o trabalho das lideranças é atípico, não se parecendo com

nenhuma outra função ou profissão, sendo ambíguo e repleto de dualidades, cujo exercício se

dá de forma fragmentada e intermitente. Conforme o autor, ocorre um grande número de

trabalhos inusitados que requer um grau de responsabilidade muito intensa para gerenciar

diversas tarefas que surgem ao mesmo tempo de forma ininterrupta, exigindo deste

profissional uma estrutura psicológica para suportar alto grau de pressão.

Para Echeveste (1999), neste novo ambiente organizacional, as empresas passam a ter

uma melhor compreensão no que diz respeito às divergências culturais e desta forma

entendem que precisam recrutar, treinar e desenvolver líderes capazes de atender as novas

demandas do mercado globalizado.

No entender de Katz (1986), não são apenas as características pessoais que irão

determinar que o indivíduo seja um bom gerente e sim que ele esteja atrelado a essas

caraterísticas e as habilidades para desempenhar uma função; ou seja: o saber fazer. O autor

ainda afirma que habilitação é a capacidade de desenvolvimento não só em potencial, mas

também em desempenho como principal critério, uma ação excelente em várias situações.

Portanto, administração eficaz fundamenta-se em três habilitações básicas: técnica, humana e

conceitual.

Em relação à habilidade técnica, o autor ressalta que o conhecimento é a aptidão

especializada. Das três habilidades citadas pelo autor, esta é a mais conhecida, por exigir uma

qualificação de quase todas as pessoas. À medida que o gerente evolui, avança em suas

funções, e tendo apoio de executivos habilitados e aptos em resoluções de seus próprios

problemas, a habilitação técnica vai perdendo importância.

A habilidade humana trata-se da qualidade, segundo Katz , do gerente fazer parte da

equipe como membro fundamental do grupo que sabe ouvir e aceitar opiniões, percepções e

convicções diferentes das suas. É aquele que tem a capacidade de compreender o outro,

fazendo do ambiente um lugar propício para o desenvolvimento das atividades e que passe

segurança para os funcionários. Esta habilitação é muito importante em qualquer nível

administrativo.

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Por sua vez, a habilidade conceitual consiste, de acordo com Katz, no gerente agir em

favor da organização, da empresa como um todo; compreendendo que as diversas funções da

empresa estão interligadas entre si.

Neste aspecto, Bittencourt (2005) descreve o quanto é importante o desenvolvimento

de competências que sejam direcionadas a gestão de negócios, oferecendo uma maior

capacidade do empreendedor de competitividade no mercado.

E como desenvolver essas competências?

Ainda segundo Bitencourt (2005) e Freitas & Brandão (2006), não é possível existir

desenvolvimento sem aprendizagem, fator pelo qual se torna altamente necessário

compreender a importância do processo de aprendizagem para se adquirir competências; neste

sentido, a aprendizagem empreendedora se faz presente.

Aprender empreendedorismo, segundo Timmons (apud BATEMAN; SNELL, 1998), é

possível por meio do desenvolvimento de suas competências. Filion (apud SALIM, 2004)

considera que o treinamento para atividades ditas empreendedoras é possível, pois podem

oferecer ao empreendedor, o desenvolvimento de habilidades capazes de colocar em prática

sonhos possíveis de serem realizados.

Na percepção de Minniti e Bygrave (2001) considera-se a aprendizagem

empreendedora “um processo que envolve repetição e experimentação que aumentam a

confiança do empreendedor em certas ações e desenvolvem o conteúdo de seu estoque de

conhecimentos”.

Para Rae (2005), o termo „aprendizagem empreendedora‟ denota identificar

oportunidades e colocá-la em prática sabendo interagir socialmente e utilizar conhecimentos

de gestão para conduzir novos negócios.

No entanto, Cope (2005) diz que aprendizagem empreendedora é mutação da

experiência e conhecimento em aprendizagem funcional, ou seja, é o conhecimento através da

teoria sendo vivenciado na prática. Ou ainda, segundo Zarifian (2001), é possível identificar a

competência de um indivíduo, a partir do momento da observação de suas atitudes e ações,

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assim como a forma pela qual ele articula os recursos que possui para resolver situações tanto

da área profissional como pessoal.

Neste sentido, é preciso aprender a ser empreendedor e buscar desenvolver

competências que atendam as exigências do mercado, numa sociedade cada vez mais

competitiva, onde o empreendedorismo se faz presente.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 Caracterização da pesquisa

A pesquisa caracteriza-se como descritiva, pois, segundo Almeida (1996) ela observa,

registra, analisa e ordena dados, sem manipulá-los, isto é, sem interferência do pesquisador.

Neste sentido, a pequisa tem como objetivo analisar de que maneira o SEBRAE/EMPRETEC

contribui para o desenvolvimento de competências empreendedoras dos

empresários/empreendedores, do município de Recife, e que estão presentes no dia a dia em

sua atuação profissional. A descrição desta relação se faz necessária na medida em que nos

traz subsídios de análise para especificar se os resultados da pesquisa foram pertinentes

(VERGARA, 2005).

A referida pesquisa caracteriza-se ainda como qualitativa, pois, segundo Minayo

(2001), trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e

atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos

fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

Na visão de Godoy (1995), a pesquisa qualitativa é descritiva por natureza, pois dados

coletados aparecem em forma de transcrições de entrevistas, anotações de campo, fotografias,

vídeos e outros tipos de documentos visando à compreensão ampla do fenômeno estudado.

Esta pesquisa caracteriza-se também como estudo de caso, pois, segundo Gil (1994):

Fundamenta-se na ideia de que a análise de uma unidade de determinado

universo possibilita a compreensão da generalidade do mesmo ou, pelo

menos, o estabelecimento de bases para uma investigação posterior, mais

sistemática e precisa. (GIL, 1994, p. 79)

Para o mesmo autor, o estudo de caso possui as seguintes potencialidades:

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A proximidade que permite entre o pesquisador e os fenômenos estudados;

A possibilidade de aprofundamento das questões levantadas, do próprio

problema e da obtenção de novas e úteis hipóteses;

A investigação do fenômeno dentro de seu contexto real;

A grande capacidade de levantar informações e proposições para serem

estudadas à luz de métodos mais rigorosos de experimentação.

Neste caso, a pesquisadora, além de fazer parte do quadro de credenciados do

SEBRAE/PE, participou do seminário EMPRETEC, atuando na instituição, ministrando

cursos e palestras voltadas ao empreendedorismo e desenvolvimento de comportamento

empreendedor aproximadamente há 13 anos consecutivos; fator pelo qual foi possível realizar

as entrevistas com os empreendedores de forma tranquila sem nenhum empecilho por parte

dos empreendedores e da instituição, facilitando assim os contatos e realização do trabalho. A

obtenção de resultados será possível na medida em que os dados pesquisados entre várias

fontes científicas forem confrontados e analisados mediante experiência vivenciada do

pesquisador, através de treinamentos voltados a formação empreendedora e visão crítica sobre

o desenvolvimento de competências empreendedoras, vivenciadas pelos participantes do

curso EMPRETEC/SEBRAE da cidade do Recife.

3.2 Desenho metodológico da pesquisa

Nesta seção será demonstrada uma visão global da pesquisa.

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Redação da Dissertação

FIGURA 5: Desenho Metodológico da Pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de Gil (2002).

3.3 Lócus da pesquisa

Esta pesquisa foi realizada na cidade do Recife, no estado de Pernambuco, com

empreendedores que realizaram seminário EMPRETEC, no SEBRAE/PE, de 2006 a 2009,

cujas empresas estão enquadradas como micro e pequena empresa.

Foi considerada como parâmetro de enquadramento da MPE, a Lei Geral das Micro e

Pequenas Empresas que delimita essa categoria como as que faturam até R$ 3,6 milhões

anuais, ficando assim divididas: Microempresa - pessoa jurídica que fatura até R$ 360 mil ao

ano e Pequena empresa - pessoa jurídica que fatura de R$ 360.000,01 até R$ 3,6 milhões ao

ano.

As empresas que participaram da pesquisa estão relacionadas abaixo, obedecendo aos

seguintes códigos de identificação: E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7.

Objetivo Geral: Analisar de que maneira o SEBRAE/EMPRETEC contribui para o desenvolvimento de

competências empreendedoras dos empresários/empreendedores, do município de Recife.

Objetivos Específicos: Identificar a instrumentação oferecida pelo EMPRETEC, para desenvolver competências

empreendedoras; identificar na percepção dos empreendedores que realizaram o seminário EMPRETEC, quais são as

principais razões sobre as quais eles tornam-se empreendedores; descrever de acordo com a percepção dos

empreendedores que realizaram o seminário EMPRETEC, como se deu a evolução do seu comportamento

empreendedor; analisar de acordo com a trajetória dos empreendedores os fatores que contribuíram para a aquisição

de conhecimentos e o desenvolvimento de suas competências empreendedoras; relacionar, razões de empreender,

evolução empreendedora, aquisição de conhecimento e desenvolvimento de competências empreendedoras com a

instrumentação ao empreendedorismo oferecida pelo EMPRETEC.

Determinação da Natureza da Pesquisa: Pesquisa qualitativa, descritiva e estudo de caso.

Coleta de Dados: Utilização de entrevista, questionário, observação e documentos.

Análise e Interpretação dos Dados: Análise de Conteúdo e de documentos Bardin (2009)

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A empresa E1 - Está enquadrada como micro empresa e atua na área de comércio,

especializada em moda feminina.

A empresa E2 – Está enquadrada como pequena empresa e atua na área de serviços,

especializada em consultoria na área de tecnologia da comunicação e TI.

A empresa E3 – Está enquadrada como micro empresa e atua na área de serviços,

especializada em treinamento e consultoria na área de gestão de pessoas.

A empresa E4 – Está enquadrada como micro empresa e atua na área de indústria,

especializada em artes em vidros.

A empresa E5 – Está enquadrada como micro empresa e atua na área de serviços,

especializada em Turismo.

A empresa E6 – Está enquadrada como pequena empresa e atua na área de serviços,

especializada em treinamento de formação profissional.

A empresa E7 – Está enquadrada como pequena empresa e atua na área de serviços,

especializada em entretenimento e acampamentos de férias e pedagógicos, treinamento

motivacional para Empresas.

Faz-se necessário neste momento descrever sobre o seminário EMPRETEC:

O EMPRETEC é uma solução que faz parte do Catálogo de Soluções do SEBRAE e

está estrategicamente alocado no universo dimensionado para empresas que têm mais de dois

anos de atuação no mercado. O que não impossibilita que quaisquer outros empresários ou

candidatos participem do seminário desde que classificados no processo de entrevista. A

indicação foi feita pelo entendimento de que estas empresas estejam basicamente

consolidadas e que fosse indispensável a participação de seus gestores no seminário, tendo em

vista os importantes resultados que esta solução proporciona para seus participantes e seus

respectivos negócios, fato que repercute positivamente, a médio e longo prazo, na sociedade

em geral (SEBRAE NACIONAL, 2002). Visa-se desenvolver e potencializar os

comportamentos empreendedores de seus participantes, objetivando contribuir para o sucesso

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profissional dos mesmos, das empresas que estes representam e, consequentemente, da região

onde estas estão inseridas, uma vez que o seminário tem como base metodológica trabalhar

comportamentos que podem influenciar diretamente nas atitudes e na tomada de decisão

destes profissionais frente ao mundo dos negócios. (SEBRAE NACIONAL, 2011).

3.4 Sujeitos da pesquisa

Os sujeitos desta pesquisa são constituídos por três facilitadores do curso EMPRETEC

e sete empreendedores de micro e pequena empresa, que realizaram o seminário EMPRETEC,

no período de 2006 a 2009, na cidade do Recife.

A escolha dos sujeitos deu-se por acessibilidade (GIL, 2008; BAUER; GASKELL,

2004). Este tipo de amostra é destituído de qualquer rigor estatístico, uma vez que o

pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que esses possam representar

o universo populacional da pesquisa.

Critérios para seleção dos sujeitos:

Ter participado do seminário EMPRETEC, no período de 2006 a 2009;

Possuir empresa que esteja no mercado pelo menos no prazo de três anos

consecutivos;

Que a empresa esteja enquadrada como Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte;

Fazer parte da rede de contatos da pesquisadora; assim como aqueles que mostraram

disponibilidade para participar da pesquisa.

Foram pesquisados todos os facilitadores e empreendedores até que as respostas

fossem se repetindo, demonstrando saturação; ou seja, quando as respostas começaram a se

repetir, de maneira a tornarem-se redundantes, o que não traria acréscimos para o

entendimento daquele fenômeno, não sendo necessário continuar a coleta de dados

(FONTANELLA; RICAS & TURATO, 2008).

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3.5 Instrumentos de coleta dos dados

Dentre os diversos métodos de coletas de dados optou-se pela técnica da entrevista

que, segundo Gil (2002), possibilita ao investigador se apresentar frente ao entrevistado e

formular perguntas, com o objetivo de obter dados que interessam a uma investigação. Para

tanto, foi utilizada a entrevista semiestruturada que, de acordo com May (2004), tem como

diferença central “ser de caráter aberto”, ou seja, o entrevistado responde as perguntas dentro

de sua concepção, mas, não se trata de deixá-lo falar livremente. O pesquisador não deve

perder de vista o seu foco.

Neste sentido Gil (1999 p. 182), explica que “o entrevistador permite ao entrevistado

falar livremente sobre o assunto, mas, quando este se desvia do tema original, esforça-se para

a sua retomada”. Percebe-se que nesta técnica, o pesquisador não pode se utilizar de outros

entrevistadores para realizar a entrevista, mesmo porque, faz-se necessário um bom

conhecimento do assunto.

Além da técnica da entrevista, foi utilizada a técnica da observação que, segundo

Lakatos & Marconi (1992), é um tipo de observação que "[...] utiliza os sentidos na obtenção

de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também

examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar". A observação constitui elemento

fundamental para a pesquisa, principalmente com enfoque qualitativo, porque está presente

desde a formulação do problema, passando pela construção de coleta, análise e interpretação

dos dados, ou seja, ela desempenha papel imprescindível no processo de pesquisa

(LAKATOS & MARCONI 1992). Outro instrumento utilizado foi o questionário que,

segundo Gil (1999, p.128), pode ser definido “como a técnica de investigação composta por

um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por

objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações

vivenciadas, etc.”.

As entrevistas, assim como o questionário, que se encontram nos apêndices 1 e 2

respectivamente, aconteceram paralelamente, ou seja, na medida em que o questionário era

respondido surgiam questões relacionadas as entrevistas. Todas as entrevistas foram marcadas

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anteriormente com cada empreendedor, individualmente, e aconteceu na própria empresa do

empreendedor E6, na sede do SEBRAE de Recife com os empreendedores E1, E3, E4, E5, na

residência do empreendedor E7 e também através do programa de comunicação via web

“skype” realizada com o empreendedor E2. Todas as entrevistas foram gravadas com a

permissão de cada empreendedor.

Os pontos que foram considerados para a elaboração do roteiro da entrevista se

referem às questões fechadas de cunho demográficos, faixa etária, sexo, tempo de atuação da

empresa no mercado, enquadramento da empresa, entre outros; relacionando-se às questões

abertas, teve-se como foco a descrição da trajetória empreendedora, motivos pelo qual o

entrevistado abriu um negócio, competências empreendedoras desenvolvidas no seminário

EMPRETEC.

Foram utilizadas também a análise de documentos, neste caso específico, os manuais

do facilitador e do participante do seminário EMPRETEC, documentos estes que não podem

ser divulgados, pois fazem parte da metodologia e só os participantes e facilitadores tem

acesso ao seu manual específico.

Para Bardin (2009, p. 132), a análise documental é definida como “uma operação ou

um conjunto de operações visando representar o conteúdo de um documento sob uma forma

diferente da original, a fim de facilitar num estado ulterior a sua consulta e referenciação”. O

objetivo da análise documental é “dar forma conveniente e representar a informação, por

intermédio de procedimentos de transformação”. Portanto, a análise documental tem como

finalidade armazenar informações de modo a facilitar o seu acesso para obtenção do máximo

de informação (aspecto quantitativo), com o máximo de pertinência (aspecto qualitativo).

3.6 Pré-teste

Para validar o roteiro da entrevista e o questionário que se encontram no apêndices 1 e

2, respectivamente, e que foram desenvolvidos pela pesquisadora, foi realizado um pré-teste,

uma prática estabelecida para descobrir se existem erros nas perguntas elaboradas para uma

pesquisa (COOPER; SHINDLER, 2003). Responderam ao pré-teste 02 empreendedores

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contatados pela pesquisadora de forma aleatória, mas que participaram do seminário

EMPRETEC e que foram validados visto que as respostas contemplaram os objetivos da

pesquisa

3.7 Técnica de análise dos dados

O método de análise utilizado nesta pesquisa foi à análise de conteúdo que, segundo

Bardin (2006), é empregada quando se quer ir além dos significados, da leitura simples do

real. Aplica-se a tudo que é dito em entrevistas ou depoimentos ou escrito em jornais, livros,

textos ou panfletos, como também as imagens de filmes, desenhos, pinturas, cartazes,

televisão e toda comunicação não verbal: gestos, posturas, comportamentos e outras

expressões culturais.

A análise de conteúdo pode ser uma análise dos „significados‟, como na análise

temática, ou uma análise de „significantes‟, como na análise léxica. No referido estudo optou-

se pela análise temática que, segundo Bardin (2009), é uma das formas que melhor se

adequou a investigações qualitativas. Como propõe o mesmo autor, três etapas constituem a

aplicação desta técnica de análise: (1) Pré-análise; (2) Exploração do material; (3) Tratamento

dos resultados e interpretação.

O pesquisador que trabalha seus dados a partir da perspectiva da análise de conteúdo

está sempre procurando um texto atrás de outro texto, um texto que não está aparente já na

primeira leitura e que precisa de uma metodologia para ser desvendado. Há na análise de

conteúdo, dois polos: a rigorosidade e a necessidade de ir além das aparências.

Metodologicamente, existem duas orientações que ao mesmo tempo em que se confronta

também se complementam: a verificação prudente ou a interpretação brilhante

.

Na prática, essas duas funções se complementam. Bardin (1977, p 208) afirma que:

A análise de conteúdo (seria melhor falar de análises de conteúdo) é um

método muito empírico, dependente do tipo de „fala‟ a que se dedica e do

tipo de interpretação que se pretende como objetivo. Não existe o pronto a

vestir em análise de conteúdo, mas somente algumas regras de base, por

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vezes, dificilmente transponíveis. A técnica de análise de conteúdo adequada

ao domínio e ao objetivo pretendidos tem que ser reinventada a cada

momento, exceto para usos simples e generalizados, como é o caso do

escrutínio próximo da decodificação e de respostas a perguntas abertas de

questionários cujo conteúdo é avaliado rapidamente por temas.

As categorias analíticas foram definidas com base nas seis áreas de competências

propostas por Man & Lau (2000), conforme mencionado anteriormente no referencial teórico.

A análise dos dados baseou-se na transcrição de entrevistas, divididas em categorias de

análise, utilizando a técnica de análise de conteúdo. Através dos discursos dos

empreendedores, de perguntas que lhes forma dirigidas, no que diz respeito ao

desenvolvimento de competências empreendedoras ao participar do seminário EMPRETEC.

3.8 Limites e limitações da pesquisa

3.8.1 Limites da pesquisa

Por se tratar de uma pesquisa cujo objetivo é analisar as competências empreendedoras

desenvolvidas com empreendedores de micro e pequena empresa, foram definidos os

participantes do seminário EMPRETEC - SEBRAE do período de 2006 a 2009 da cidade do

Recife/PE.

3.8.2 Limitações da pesquisa

O referido trabalho de pesquisa possui limitações que necessitam de um maior

aprimoramento, entre elas pode-se mencionar o universo restrito da pesquisa; a aplicação em

uma pequena amostra no município do Recife poderia ter sido ampliada para outras regiões de

outros estados da federação para obter um dado mais significativo com relação aos resultados,

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além do pequeno número de empreendedores pesquisados que realizaram o EMPRETEC e

que possuem negócio.

A população de empreendedores brasileiros que estão dentro dos critérios da pesquisa,

seria o ideal; no entanto isto não invalida a pesquisa, pois cria um desafio para outros

pesquisadores que poderão buscar aperfeiçoamentos dos conhecimentos a respeito do tema

competências empreendedores num parâmetro mais representativo.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Neste momento, serão apresentados os resultados, as análises e as discussões no que

diz respeito aos objetivos que fazem parte deste referido estudo e, em seguida, a discussão

sobre os resultados alcançados.

4.1 Características dos facilitadores, empresários e suas respectivas empresas

O seminário EMPRETEC é dirigido por três instrutores com funções distintas –

instrutor líder, segundo instrutor e trainee – conduzindo um conjunto de atividades inter-

relacionadas, individual e em grupos, sendo realizado em regime de imersão e tempo integral.

A escolha dos facilitadores se deu pelo fato dos três terem realizados os seminários juntos nas

turmas dos empreendedores pesquisados.

Neste caso, fizeram parte da pesquisa três facilitadores com as seguintes

características:

Com relação ao sexo – 2 do sexo feminino e 1 do sexo masculino;

Com relação ao nível de escolaridade – 1 possui graduação e 2 especialização;

Quanto ao tempo que ministra o seminário EMPRETEC – todos atuam em média de

12 a 18 anos como facilitadores do seminário.

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As empresas que atenderam aos critérios pré-estabelecidos para participarem da

pesquisa e seus respectivos empreendedores estão relacionados abaixo, obedecendo aos

seguintes códigos de identificação: E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7.

A empresa E1 - Está enquadrada como micro empresa e atua na área de comércio

especializada em moda feminina. A empreendedora participou do EMPRETEC no ano de

2006, tem nível superior em psicologia e especialização em Moda e Varejo, é do sexo

feminino, tem mais de 46 anos de idade e a empresa encontra-se no mercado há 17 anos

consecutivos.

A empresa E2 - Está enquadrada como pequena empresa e atua na área de serviços,

especializada em consultoria na área de tecnologia da comunicação e TI. O empreendedor

participou do EMPPRETEC em 2009, tem MBA em gestão de negócios, é do sexo masculino,

tem mais de 46 anos de idade e a empresa encontra-se no mercado há 4 anos consecutivos.

A empresa E3 - Está enquadrada como micro empresa e atua na área de serviços,

especializada em treinamento e consultoria na área de gestão de pessoas. A empreendedora

participou do EMPRETEC em 2006, tem mestrado em gestão de pessoas, é do sexo feminino,

tem 40 anos de idade e a empresa encontra-se no mercado há 8 anos consecutivos.

A empresa E4 - Está enquadrada como micro empresa e atua na área de indústria,

especializada em artes em vidros. A empreendedora participou do EMPRETEC em 2010, tem

graduação em administração e cursos em designer, é do sexo feminino, tem 25 anos de idade

e a empresa encontra-se no mercado há 3 anos consecutivos.

A empresa E5 - Está enquadrada como micro empresa e atua na área de serviços,

especializada em Turismo. O empreendedor participou do EMPRETEC em 2006, tem

mestrado em Turismo, é do sexo masculino, tem mais de 46 anos de idade e a empresa

encontra-se no mercado há 14 anos consecutivos.

A empresa E6 - Está enquadrada como pequena empresa e atua na área de serviços,

especializada em treinamento de formação profissional. O empreendedor participou do

EMPRETEC em 2006, tem graduação em administração, é do sexo masculino, tem mais de

46 anos de idade e a empresa encontra-se no mercado há 20 anos.

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A empresa E7 - Está enquadrada como pequena empresa e atua na área de serviços,

especializada em entretenimento e acampamentos de férias e pedagógicos, treinamento

motivacional para Empresas. A empreendedora participou do EMPRETEC em 2006,,, tem

mestrado em gestão empresarial é do sexo feminino tem mais de 46 anos de idade e a empresa

encontra-se no mercado há 24 anos consecutivos.

As características das empresas e dos empreendedores pesquisados foram:

TABELA 2: Característica dos Empreendedores – Faixa Etária

Faixa Etária Empreendedores

25-35 Anos 1

36-46 Anos 1

Mais de 47 Anos 5

Fonte: Elaborado pela Autora

TABELA 3: Característica dos Empreendedores – Sexo

Sexo Empreendedores

Masculino 3

Feminino 4

Fonte: Elaborado pela Autora

TABELA 4: Característica dos Empreendedores – Nível de Escolaridade

Escolaridade Empreendedores

Graduação 2

MBA/Especialização 2

Mestrado 3

Fonte: Elaborado pela Autora

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TABELA 5: Característica dos Empreendedores – Atividade Profissional

Atividade Profissional Empreendedores

Tem seu próprio negócio 5

Trabalha e tem seu próprio negócio 2

Fonte: Elaborado pela Autora

TABELA 6: Característica das Empresas – Setor de Atividade

Setor de Atividade Empreendedores

Comércio 1

Indústria 1

Serviços 5

Fonte: Elaborado pela Autora

TABELA 7: Característica das Empresas – Enquadramento

Enquadramento Empreendedores

Micro Empresa 4

Pequena Empresa 3

Fonte: Elaborado pela Autora

TABELA 8: Característica das Empresas – Atuação no Mercado

Tempo de atuação Empreendedores

3 anos 1

4 anos 1

Acima de 4 Anos 5

Fonte: Elaborado pela Autora

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Os empreendedores que fizeram parte da pesquisa são ex-alunos do seminário

EMPRETEC, uma metodologia desenvolvida pela ONU (Organização das Nações Unidas), a

partir de pesquisas feitas por David McCLelland (1961) com o intuito de identificar maneiras

de promover o desenvolvimento de regiões do mundo todo e que demonstram que pessoas

bem-sucedidas profissionalmente apresentam comportamentos específicos que podem ser

desenvolvidos.

4.2 Instrumentação oferecida pelo EMPRETEC para desenvolver competências

empreendedoras dos empresários-empreendedores

Neste momento, foi questionado aos facilitadores e participantes do seminário

EMPRETEC, quais instrumentos utilizados pelo seminário EMPRETEC para desenvolver

competências empreendedoras obtendo os seguintes depoimentos:

O facilitador F1 relata: “O seminário é trabalhado com base nos comportamentos

empreendedores de McClelland, através de uma atividade prática chamada EMPRESA CRIA,

onde o participante coloca em prática estes comportamentos e avalia sua atuação e leva este

aprendizado para o seu dia a dia e ainda enfoca o meta modelo que deu início ao

EMPRETEC baseado na pesquisa de David Mcclelland, encontre detalhes no site do

SEBRAE/PE”

O facilitador F2 diz: “Os principais instrumentos são as características do

comportamento empreendedor – CCEs. A estratégia do programa para mudanças

comportamentais está no ciclo de seis estágios: Ensinar aos participantes a reconhecer a

CCE implicada; entender sua importância para um empreendimento bem-sucedido;

diagnosticar seus atuais pontos fortes e fracos com relação à mesma CCE; experimentar o

seu uso maximal; praticar com ela em uma variedade de situações controladas e finalmente,

aplicá-la no trabalho. Isto tudo utilizando jogos e dinâmicas de grupo e o desenvolvimento

das 10 características e 30 comportamentos (podem ser vistos no anexo 1).

O Facilitador F3 diz: “Utilizamos como instrumentos, jogos”, atividades de dinâmica

de grupo, mas o foco está nas dez características do comportamento empreendedor

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desenvolvidos durante o seminário com a atividade de criação de uma empresa na

comercialização de produto; o participante coloca em prática esses comportamentos e faz

uma relação como sua atividade diária. O método foi desenvolvido para repassar

Características de Comportamento Empreendedor, a saber: Buscar Oportunidades,

Iniciativa, Cálculo de Riscos, Persistência, Comprometimento, Qualidade, Eficiência, Metas,

Planejamento, Buscar Informações, Persuasão, Rede de Contatos, Independência,

Autoconfiança.

Observa-se que os facilitadores enfocaram como instrumentação trabalhada no

seminário EMPRETEC, atividades dinâmicas onde a teoria é vivenciada na prática em busca

do desenvolvimento das características do comportamento empreendedor baseados na

pesquisa de Mcclelland (1961).

Com relação à metodologia utilizada no seminário foi questionado: Qual é

a metodologia trabalhada no EMPRETEC?

O facilitador F1 relata: A metodologia utilizada está baseada na Teoria Atribucional,

tem base Rogeriana, o modelo é andragógico, que é o método voltado para educação de

adultos, já que os participantes do EMPRETEC são adultos e utilizam ciclos de

aprendizagem que é o circuito de Kolb e o ciclo de Pfeiffer e Jones.

O facilitador F2 afirma: “Utilizamos uma metodologia baseada na teoria da

motivação de David McClelland, ciclos de aprendizagem com dinâmicas de grupo, jogos e

utilizamos também fundamentos da teoria Rogeriana, isto tudo claro numa metodologia

andragógica”.

O facilitador F3 diz: A metodologia contempla técnicas de diversas escolas de

pensamento, como: - Teoria Atribucional – Rotter, - Teoria Motivacional – McClelland, -

Behaviorismo e reforçadores, - Teoria Rogeriana, - Teoria de Aprendizagem Social –

Bandura, - Ciclos de aprendizagem, - Andragogia, - Dinâmica de grupo.

Mediante depoimentos dos facilitadores F1,F2 3 F3 foi possível perceber que a

metodologia utilizada no seminário EMPRETEC é fundamentada em teorias de aprendizagem

onde o processo pelo qual se deu a aprendizagem está ligada a teoria da aprendizagem de

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Argyris & Schön (1996), e a instrumentação utilizada pelo seminário EMPRETEC oferece

um ambiente favorável à reflexão e possíveis mudanças de atitude condizente ao tipo de

aprendizagem double-loop caracterizado por Argyris & Schön (1996).

Segundo manual de operacionalização do seminário EMPRETEC (2004), o circuito de

David A. Kolb (1978) refere-se à dinâmica da aprendizagem através de um modelo

apresentado por um circuito que passa por quatro estágios sem ponto final. O modelo mostra

uma experiência vivencial concreta, isto é, fazendo algo (estágio I) pode-se chegar a uma

etapa de observação e reflexão (II). Essa atitude de refletir sobre o já vivido, por sua vez,

permitirá uma elaboração de conceitos adquiridos (III) e, desta maneira, poderão ser testados

através de uma experimentação ativa ou aplicabilidade concreta (IV). No entanto, o circuito

não se encerra nestes quatro estágios; ao contrário, é através da experimentação, do teste de

conceitos adquiridos, que se gera uma nova experiência vivencial, concreta, capaz de

estimular um novo percurso de todos os estágios. Desta maneira poderá ser testado através de

uma experimentação o modelo de quatro estágios de Kolb que foi desmembrado em cinco

etapas por Pfeiffer e Jones (1982), que são: vivência, relato, processamento, generalização e

aplicação. Esta tem sido a configuração mais utilizada por programas de treinamento

empresarial em todo o mundo.

Depoimentos dos participantes do Seminário EMPRETEC com relação à metodologia

utilizada pelo seminário:

E1 - “[...] muito boa, os instrutores vão lhe mostrando que para você... Não adianta

ter todas as características se não tem organização que você vai se perder adiante e que isto

é um conjunto”

E2 - “As ferramentas são adequadas,... me atenderam perfeitamente, são excelentes,

visto que atenderam aos objetivos propostos”.

E7 – “Tudo pode melhorar; são ferramentas boas, próximas do excelente; foi

colocado agora inovação e outras coisas para atender as tendências... Existem coisas que

precisam ser melhoradas [...]”.

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Diante dos depoimentos observa-se que os empreendedores E1, E2 concordam quando

afirmam que a metodologia utilizada no seminário EMPRETEC, atendeu as expectativas e

que pode ser classificada como boa e excelente.

Já o empreendedor E7, considera a metodologia boa, mas acredita que precisa sem

melhorada quando se refere a empreendedores que participam do seminário, mas que já

possuem as características do comportamento empreendedor, precisando assim utilização de

uma abordagem mais forte, mais concisa.

Considerando os depoimentos dos facilitadores e participantes no que diz respeito aos

instrumentos utilizados pelo seminário EMPRETEC, pode-se afirmar que: O seminário é

baseado na teoria de David McClelland, no desenvolvimento das 10 características e 30

comportamentos do empreendedor são elas: Busca de Oportunidade e Iniciativa, Exigência de

Qualidade e Eficiência, Persistência, Independência e Autoconfiança, Correr Riscos

Calculados, Busca de Informações, Estabelecimento de Metas, Planejamento e

Monitoramento Sistemáticos, Comprometimento, Persuasão e Redes de Contatos. É realizada

no seminário uma atividade prática chamada EMPRESA CRIA que, segundo manual e

operacionalização do projeto EMPRETEC (2004), é um teste de realidade que pode ser

utilizado nos negócios formais dos participantes ou no exercício e essa testagem depende

fundamentalmente da capacidade do participante em assumir riscos pela experimentação do

conceito recém-apreendido assim como da habilidade do aplicador em reforçar o participante,

oferecendo um ambiente confiável e relativamente seguro para a nova experiência; o tempo

todo o seminário oferece instrumentos que remetem ao participante uma postura para

autoavaliação de seus comportamentos e atitudes.

Segundo a tradução do material original da MSI (EMPRETEC), o seminário está

organizado com base nas seis etapas seguintes:

1. Reconhecimento: É o momento de identificação das CCE‟s e é oferecida uma

descrição do comportamento geral que ela reúne.

2. Compreensão: Explora-se a CCE em relação as seu contexto local e sua importância

para o empreendedor de sucesso.

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3. Autoavaliação: Os participantes determinam a força ou fraqueza de uma CCE em

relação a eles mesmos e decidem em nível pessoal se desejam reforçar ou não esta

CCE.

4. Experimentação: Os participantes praticam a CCE num conjunto de situações,

desenvolvem habilidades e alteram atitudes.

5. Reforço, Integração e Refinamento: Os participantes praticam a CCE em situações

comerciais reais ou simuladas.

6. Aplicação aos Negócios: Os participantes praticam a CCE em uma situação

empresarial real ou se preparam para usar seu novo conhecimento quando regressarem

a direção de seus negócios.

Diante das atividades desenvolvidas pelo EMPRETEC, com utilização de jogos, palestras,

seminário, exercícios em sala e externas o participante aprende a observar as ameaças no

mercado de atuação, a atuar de forma que possam encarrar os desafios e assumir riscos

calculados, a tomada de decisões e a comprometer-se com seu negócio, além de estar sempre

atento as inovações, criando metas para ocupar um lugar de destaque no mercado e utilizar-se

de sua rede de relacionamento de forma eficaz.

Levando em consideração relatos dos facilitadores, como também dos empreendedores,

percebe-se que são vários os instrumentos utilizados no seminário EMPRETEC para

desenvolver competências empreendedoras, a partir de atividades lúdicas, dinâmicas de

grupo, seminários e jogos interativos que facilitam no desenvolvimento de comportamentos e

competências empreendedoras onde teoria e prática caminham juntas.

4.3 Razões para se tornar empreendedor: necessidade x oportunidade

Respondendo ao segundo objetivo desse estudo, buscou-se identificar na percepção

dos empreendedores que realizaram o seminário EMPRETEC, quais razões pelas quais eles

tornaram-se empreendedores.

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Segundo a pesquisa da GEM (2012), o povo brasileiro abre negócio por identificação

de oportunidade no mercado. Neste sentido, foi questionado aos participantes do seminário

EMPRETEC que fizeram parte da pesquisa, o motivo pelo qual abriram negócio; obtendo os

seguintes depoimentos:

E2 – “Abri pela idade e experiência. Esgotado de trabalhar como empregado, e fui

trabalhar por conta própria porque conseguia fazer mais e melhor do que a empresa que

trabalhava fazia... conhecia o mercado”.

E5 - “Por oportunidade de mercado, vi que esta área de consultoria em turismo

ficava muito a desejar e como falei antes, as pessoas sempre diziam que eu era bom nisto, por

isto decidi abrir um negócio”.

E7- “Identifiquei uma oportunidade”. Necessidade de ter uma coisa minha e

identifiquei a necessidade do mercado. “Identifiquei uma oportunidade com relação a

entretenimento, lazer”.

Estas colocações vêm confirmar a pesquisa realizada pelo GEM (2012), onde pessoas

abrem negócio por oportunidade são aquelas que iniciaram sua empresa por visualizarem uma

oportunidade de mercado e geração de melhoria de vida e, neste caso, percebe-se que os

empreendedores E2, E5 e E7 foram movidos pela identificação de oportunidade no mercado,

pois optaram abrir negócios que, segundo eles, eram inovadores e tinham mercado.

E1 - “Por necessidade. Meu pai faleceu na semana de minha formatura (psicologia),

ele era um dos grandes comerciantes na cidade do paulista (estivas e ferragens) e como era

filha única tinha tudo; com a situação tive que correr atrás, então minhas características

empreendedoras afloraram e vi a oportunidade no mercado, porque não existia aqui, um

negócio que trabalhasse com moda feminina, e então decidi arriscar”.

Neste caso, a E1 abriu um negócio porque se viu numa situação em busca da

sobrevivência e optou seguir este caminho que, segundo a pesquisa da GEM (2012), pessoas

que buscam abrir uma empresa como uma grande alternativa de sobreviver financeiramente

são consideradas como pessoas que abrem negócio por necessidade pessoal.

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E3 -“Por me considerar ousada e achar que posso fazer a diferença nas empresas, ou

seja, já tinha trabalhado em outros locais e percebi que tinha potencial para gerenciar meu

próprio negócio e como tinha conhecimento na área e conhecia muita gente, decidi me

dedicar a meu próprio negócio”.

E4 - “Queria mudar de área; meus pais são empresários e isto me influenciou”.

Já com relação aos empreendedores E3 e E4 pode-se dizer que não estão enquadrados

na pesquisa realizada pela GEM (2012), pois afirmam que abriram negócio, por se

considerarem com perfil para empreender e por influência da família respectivamente.

A análise das entrevistas sobre o porquê dos empreendedores abrirem um negócio

baseou-se na pesquisa da GEM (Global Entrepreneurship Monitor) que é um projeto de

pesquisa sobre empreendedorismo no mundo. Sua pesquisa de 2012 deu ênfase em conhecer

se os empreendedores abrem negócio por oportunidade ou por necessidade; podemos observar

que os empreendedores pesquisados abriram negócio por identificação de oportunidade.

4.4 Evolução do comportamento empreendedor

Neste momento, procurou-se conhecer a trajetória dos empreendedores pesquisados no

que diz respeito ao desenvolvimento de seu comportamento empreendedor, obtendo-se os

seguintes depoimentos.

O empreendedor E1 diz que “eu já tinha isto na veia, sempre tive iniciativa, não tinha

medo de enfrentar situações de riscos e acreditava no que eu estava desenvolvendo. Veja,

desde criança já possuía algumas características, gostava de vender coisas e como tínhamos

uma casa de praia, nas férias ia com minha família e lá ficava no portão vendendo picolé

para meus amigos e vizinhos. Também meu pai foi um grande empreendedor, era

considerado um dos maiores vendedores de estivas e ferragens na cidade do Paulista, eu via

isso tudo e quando ele faleceu, exatamente na semana da minha formatura... sou formada em

Psicologia, mas nunca exerci a função bem! Com o falecimento do meu pai tive que me virar

sozinha e aí esse comportamento empreendedor aflorou, percebi que podia colocar um

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negócio de moda feminina neste local aqui, pois não tinha nada neste sentido. Depois ainda

abri outra loja e fechei porque preferi investir em outro negócio que daria mais certo, uma

loja de artigos de decoração, foi assim.”

Observa-se que, considerando o depoimento do empreendedor E1 e os conceitos

trabalhados neste trabalho de pesquisa, ele possui características empreendedoras como

autoconfiança, iniciativa, independência determinação. Considerando a concepção de Leite

(2012) a respeito de traços marcantes do empreendedor de sucesso, pode-se dizer que o

mesmo apresenta auto-controle, auto-direção, análise de oportunidade assumindo os possíveis

erros do negócio.

O Empreendedor E3 relata que “comecei a trabalhar com 15 anos, o meu dentista

estava procurando uma secretária e me perguntou se eu e conhecia alguém para trabalhar

com ele. Na mesma hora eu disse conheço: EU! Na verdade, nem estava procurando

emprego, mas já que ele me encontrou eu fui trabalhar como secretária; depois fui trabalhar

em várias empresas fazendo exatamente o que faço hoje na minha empresa e comecei a ver

que sempre conseguia as melhores soluções para os clientes; por isso que no nome da minha

empresa tem a palavra solução, e ai deixava as pessoas felizes com isso, então decidi que

poderia fazer a mesma coisa numa empresa só minha, pois sempre fui ousada e não tenho

medo de correr riscos e hoje trabalho pra mim”.

Uma das características marcantes no empreendedor E3 é sem dúvida sua

autoconfiança e determinação; ele possui uma característica marcante como autodireção, pois,

segundo Leite (2012), estas são pessoas auto motivadas e possuem um desejo extraordinário

de sucesso, além de possuir pensamentos críticos que não são rígidos em termos de

pensamento e irritam-se com pessoas que digam “fazemos isto desta forma, porque sempre se

fez assim”.

O empreendedor E7 afirma: “eu trabalha numa academia famosa, lugar onde muita

gente de minha área gostaria de trabalhar e estava no auge; essa academia fazia um

trabalho muito bom, dava treinamentos e outras coisas mais e chegou o momento em que

tinha que ir para empresa mesmo que não tivesse trabalho naquele dia só para marcar

presença e aí comecei a perceber que estava travada, tinha que bater ponto na empresa e

isso começou a me incomodar e decidi abrir um negócio, pedi demissão e disse quero ser

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dona; não quero ser mais empregada de ninguém. Minha família é toda de empreendedores e

o fato de vir de uma família de empreendedores contribui muito, eu me via todos os dias

diferente, era assim: eu dormia rica e acordava pobre, dormia pobre e acordava e

milionária, meu pai era assim um grande empreendedor todo dia era uma novidade, ele

estava sempre recomeçando algo, quando dava errado ele começava outra coisa, tinha dia

que tínhamos treze carros na garagem e no outro dia eu ia de ônibus para a escola, se meu

pai estivesse vivo ele deveria passar pela pesquisa do David, ele era franco empreendedor.

Ver isso do meu pai e da minha mãe me levou a ter ousadia e a buscar por um lugar ao sol.

Lembro que meu pai dizia: segura no pincel que eu estou tirando a escada, eu entendia,

queria dizer se vira, vá buscar seus caminhos e minha mãe, quando eu pedia dinheiro, dizia:

você tá pedindo ou é emprestado? Na minha casa sempre foi assim e isso foi fundamental

para que eu buscasse ter meu próprio negócio que também foi uma história de amor, pois

colocamos essa empresa juntos, eu e meu marido; e às vezes digo brincando para abrirmos

um negócio para ficarmos juntos; e temos esse negócio até hoje e minha família é cheia de

empreendedores de todas as áreas”.

A respeito das características do comportamento empreendedor descritas nesta

dissertação, percebe-se que algumas delas estão presentes no comportamento dos

empreendedores pesquisados. Observa-se que o E7, apesar de fazer parte de um contexto

familiar onde prevalece o empreendedorismo no qual acredita ter sofrido influências,

demonstrou em seu comportamento atitudes consideradas empreendedoras segundo Kuratko,

D. F., & Hodgetts, R. M. (1995), como independência e busca pela inovação. Os

comportamentos de iniciativa, tolerância ao risco, proatividade, visionarismo, autoconfiança,

necessidade de realização, determinação, motivação e perfil de liderança, estão presentes nas

características de todos empreendedores pesquisados. Segundo Leite (2012), em seu modelo

de avaliação da manifestação comportamental empreendedora, percebe-se que os

empreendedores passaram pelos estágios cognitivo, afetivo e comportamental, na medida em

que afirmam que houve um momento de tomada de consciência no momento em que

decidiram abrir um negócio, pois sua vida iria sofrer uma mudança brusca (seja por mudança

de área, por se considerar com conhecimentos necessários para tal atividade ou mesmo pela

vontade de empreender), que levou a uma ação empreendedora, ou seja, a uma tomada de

decisão: criar uma empresa.

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4.5 Trajetória dos empreendedores e fatores que auxiliaram a aquisição de

conhecimentos e o desenvolvimento de competências empreendedoras

Esta subseção aponta os achados referentes ao objetivo 4, no que diz respeito a

trajetória dos empreendedores e fatores que auxiliaram os empreendedores na construção de

conhecimentos e desenvolvimento de competências empreendedoras, considerando a pesquisa

de Man & Lau (2000), que estão classificadas em : Competências de Oportunidade, de

Relacionamento, Conceituais, Administrativas, Estratégias e Comprometimento.

Competências de Oportunidade

No primeiro momento, a análise relacionou-se a competências para identificar

oportunidades de mercado (Man & Lau, 2000), levando em consideração as seguintes

categorias analíticas:

Identificação de Oportunidade para o negócio

Avaliação o Mercado

Para tanto, foram realizados os seguintes questionamentos:

Antes de realizar o EMPRETEC você procurava observar no mercado oportunidades

existentes? De que forma?

Você acredita que após a realização do EMPRETEC você está mais atento às

oportunidades de mercado?

Neste sentido, tentar compreender de que forma o empreendedor ao abrir um negócio,

identificou uma oportunidade no mercado e se mesmo após a abertura, buscou novas formas

de agregar valor ao empreendimento estudando o mercado de atuação, considerando o

desenvolvimento desta competência antes e depois da realização do seminário EMPRETEC.

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Se referindo a esta competência, o empreendedor E1 relata: “Mesmo antes do

EMPRETEC sempre busquei observar o mercado, mas depois do EMPRETEC fiquei mais

atenta às oportunidades de agregar coisas no negócio e abri até outra loja”.

No entanto, o empreendedor E2 diz: “só depois do seminário EMPRETEC encontrei

mais facilidade de buscar ferramentas para avaliar as oportunidades, parar para pensar, ser

mais eficaz, pois perdia muitas oportunidades antes do EMPRETEC e outras que abracei que

não devia e o não eram adequadas. O EMPRETEC me ajudou nisto; A selecionar”.

O mesmo se diz com relação ao empreendedor E4, que assegura: “Comecei a enxergar

as oportunidades depois do EMPRETEC com outros olhos, me despertou”.

O empreendedor E3 afirma categoricamente que “Antes sempre fui muito ousada, mas

precavida em todas as coisas pessoal e profissional e sempre estava atenta as oportunidades,

o EMPRETEC apenas reforçou”.

Relacionado à competência de oportunidade na concepção de Man & Lau (2000), que

diz respeito à identificação, avaliação e busca de oportunidade no mercado; pode-se dizer que

estão interligadas a competência de oportunidade trabalhada no EMPRETEC, pois segundo

depoimentos dos Empreendedores E1, E2, E4, afirmou-se que só após o seminário

EMPRETEC se pode enxergar de forma mais concreta oportunidades no mercado, salvo o

empreendedor E3, que diz agir desta forma mesmo antes do seminário.

Competência de Relacionamento

Nesta competência buscou-se identificar de que forma se dava a rede de

relacionamento dos empreendedores, antes e depois do seminário EMPRETEC, considerando

as seguintes categorias analíticas, segundo Man & Lau (2000).

Construir Rede de Relacionamento

Utilizar-se da Rede de relacionamento

Neste sentido, foi realizado o seguinte questionamento:

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Antes de realizar o EMPRETEC você utilizava sua rede de contatos em prol de seu

negócio? De que forma você construía sua rede de relacionamento?

Após a realização do EMPRETEC você acredita que utiliza melhor sua rede de

contatos em prol do seu negócio?

Com relação a esta competência, os empreendedores E1 e E7 respectivamente

descrevem: Tudo que faço hoje é voltado para a rede de contatos e foi no EMPRETEC, que vi

a importância disto para o crescimento do negócio e a “Rede de contatos uso na cara dura,

passo e-mail, articulo e não perco uma oportunidade porque sei que é importante, tem o sim

ou o não, mas faço. Isto aprendi no EMPRETEC, mas ainda tenho dificuldade de manter essa

rede de contatos, hoje sem tanta culpa de estar pedindo favor...”

No entanto, os empreendedores E2 e E3 afirmam respectivamente: “Sempre fui

articulada, sempre fui enxerida, converso com todo mundo, distribuo cartão para todo

mundo, o EMPRETEC não influenciou.” E “Minha Rede antes era muito grande, não mudou

e para o dia a dia não influenciou muito...”

Na concepção de Man & Lau (2000), o que se refere às Competências de

relacionamento são aquelas que estão ligadas aos relacionamentos pessoais do empreendedor,

que de certa forma acabam influenciando no percurso de um determinado negócio. Neste

sentido, fazendo um paralelo com a competência de relacionamento desenvolvida no

seminário EMPRETEC e em depoimentos expostos pelos participantes; diz-se que esta

competência já estava latente mesmo antes do seminário EMPRETEC; o seminário apenas

ajudou ou ainda reforçou, com exceção dos empreendedores E1 e E7, pois afirmam que só

após o EMPRETEC aprenderam a utilizar de rede de contatos em beneficio de seu

empreendimento.

Competências Conceituais

Esta competência está relacionada à forma pela qual o empreendedor procura atuar em

seu negócio baseado em informações e como se deu a formação desta competência antes e

depois do seminário EMPRETEC; para tanto foram determinadas as seguintes categorias

analíticas, segundo Man & Lau (2000).

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Avaliar e assumir riscos

Buscar Inovação

Para tanto, foi questionado:

Antes do EMPRETEC, como você reagia diante os riscos no negócio?

Depois do EMPRETEC você acredita que está muito mais preparado para avaliar os

possíveis riscos do negócio?

Antes de participar do seminário EMPRETEC que estratégias você utilizava para

motivar sua equipe?

Após o seminário EMPRETEC você criou novas estratégias de motivação para a

equipe?

Com relação ao desenvolvimento desta competência e no que diz respeito a avaliar

riscos, os depoimentos dos empreendedores foram os seguintes:

O E4 relata: “depois do EMPRETEC ficou mais visível que eu avalio muito mais se

algo vale a pena”

E7: “era muito frágil... corria riscos... era muito obscuro eu trocar seis por meia

dúzia, o EMPRETEC me ajudou quando identifiquei isso, pois eu pensava que era ousadia

fazer as coisas sem analisar, no entanto era uma fraqueza e não ousadia; isto é estupidez;

você pega dinheiro sadio e coloca no lugar que está podre...”

E3: “não avalio muito os riscos, teoricamente o EMPRETEC mostrou que é

importante, mais se avaliar muito os riscos acaba-se não fazendo, por isso ainda não avalio

muito”.

Percebe-se, no entanto, que avaliar e assumir riscos são comportamentos que estão

presentes no dia a dia dos empreendedores pesquisados e que o EMPRETEC auxiliou no

sentido de se calcular os riscos antes de qualquer atitude, ou seja, não tomar atitudes

impensadas, mas baseadas em dados concretos.

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Considerando depoimentos no que diz respeito a inovação, os relatos foram os

seguintes:

O empreendedor E1 diz que “Inovação pra mim é primordial no negócio, procuro

inovar toda hora, todo instante isto faz o diferencial no negócio; com o EMPRETEC isto

aflorou muito mais em mim”.

Neste sentido, os empreendedores E5 e E6 respectivamente relatam que “eu sempre

acreditei na cultura popular; na inovação da empresa antes do EMPRETEC eu já fazia isso,

mas depois do EMPRETEC enxerguei que eu podia aproveitar oportunidades e atrelar a

cultura popular em outro segmento, criar expectativa para buscar clientes que antes não

enxergava” e “estou sempre buscando informações e me atualizando para buscar o novo;

fico atento às novidades do mercado”.

As Competências conceituais na visão de Man & Lau (2000) estão relacionadas à

percepção de que o empreendedor possui em relação a avaliação do ambiente, levando-o a

correr riscos calculados, além de buscar inovações no mercado. No que diz respeito a esta

competência, desenvolvida no seminário EMPRETEC, e sua relação à concepção de Man &

Lau (2000), pode-se dizer que estão integradas, já que os depoimentos dos empreendedores

citados acima dizem possuir esta competência mesmo antes do EMPRETEC; mesmo assim

era uma competência não muito expressiva no dia a dia e que só depois do EMPREREC foi

possível o favorecimento para uma melhor atuação e compreensão da mesma.

Competências Administrativas

Relacionando-se as competências administrativas buscou-se compreender de que

forma o empreendedor utiliza da ferramenta do planejamento e que estratégias utiliza para

conduzir seu negócio diante das atitudes de seus clientes internos; neste sentido, foram

consideradas as seguintes categorias analíticas, segundo Man & Lau (2000).

Planejamento

Gerenciamento de conflitos dos colaboradores

Motivação da equipe

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Para buscar respostas relacionadas ao desenvolvimento desta competência, foi

questionado:

Antes de realizar o EMPRETEC, você possuía o hábito de planejar?

Após o EMPRETEC você mudou com relação à atitude de planejar?

Antes de participar do seminário EMPRETEC de que forma você gerenciava os

conflitos na sua empresa?

Após o seminário EMPRETEC você modificou sua forma de lidar com os conflitos na

empresa? Como?

Antes de participar do seminário EMPRETEC que estratégias você utilizava para

motivar sua equipe?

Após o seminário EMPRETEC você criou novas estratégias de motivação para a

equipe?

Com relação à competência „planejamento‟, os empreendedores E1, E2, E3 e E4

relataram respectivamente: “Aprendi com o EMPRETEC a importância do planejamento e o

acompanhamento desse planejamento”; “Melhorei muito depois do EMPRETEC”; “Esse foi

um ponto fundamental do EMPRETEC, aprendi a planejar”; e “aprendi a importância de

planejar e fazer, colocar em prática o planejamento”. Como também o empreendedor E6

afirma: “No planejamento era um comportamento muito baixo, só depois do EMPRETEC

comecei a desenvolver as competência para planejamento , e hoje organizo minha agenda

diária, semanal, mensal, eu pensava que sabia planejar... mas só depois do EMPRETEC vi

que precisava melhorar muito” e o empreendedor E5 afirma que “planejamento e

monitoramento sistemático foi algo que após o EMPRETEC tive uma visão mais ampla. Do

processo, coisa que não tinha antes agia com emoção e não com a razão”.

Por outro lado, o empreendedor E7 diz que “Planejamento e definição da meta eu

sempre tive claros; o EMPRETEC apenas me deu mais clareza com relação a isto”.

Neste sentido, pode-se observar que a competência planejamento foi muito ausente no

comportamento dos empreendedores e só depois do EMPRETEC ela se fez presente e o

EMPRETEC foi fundamental para colocá-la em prática.

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No que diz respeito a gerenciar conflitos e motivar equipe, o empreendedor E1 diz que

“Antes do EMPRETEC tinha dificuldade de trabalhar os conflitos com meus colaboradores e

como motivar a equipe; após o EMPRETEC as minhas atitudes mudaram. Hoje consigo

gerenciar melhor os conflitos”.

O empreendedor E3 relata que “Com relação a conflitos e motivação tudo mudou

muito, comecei a ver consequências de meus atos impulsivos, mas não foi por interferência

do EMPRETEC mas pela própria experiência e amadurecimento”.

O empreendedor E5 afirma: “Motivo demais minha equipe, eles adoram fazer viagens

e dou gratificações quando conseguem clientes”.

O empreendedor E7 também considera a importância do EMPRETEC ao se referir a

sua equipe, quando diz: “O seminário me trouxe clareza, o que move as pessoas, o poder que

a pessoa têm em poder identificar isto; consegui perceber que cada funcionário era diferente

e cada um tem uma motivação diferente, sempre tive relação de parceira e o que percebo é

que depois do EMPRETEC tem sido uma coisa mais transparente. Sou movida a realização”.

Já o empreendedor E4 diz que para motivar a equipe: “eu compartilho os resultados

bons de todas as formas, não só financeiros; mas coisas que fazem parte do crescimento do

negócio já faziam parte antes do EMPRETEC”.

Considerando a pesquisa de Man & Lau (2000), as Competências administrativas

estão relacionadas à eficiência do empreendedor para identificar pessoas com aptidões

especificas para a área de atuação, além da forma pela qual se utilizam do planejamento para

administrar seu empreendimento; estão de acordo com o desenvolvimento desta competência

no seminário EMPRETEC, pois esta competência, segundo depoimentos dos empreendedores

pesquisados, pode-se afirmar que o fator planejamento foi uma das competências totalmente

desenvolvida após o seminário EMPRETEC, salvo o empreendedor E7, que afirma utilizar da

ferramenta do planejamento mesmo antes do EMPRETEC. No que se refere a gerenciamento

de conflitos e motivação dos colaboradores internos, pode-se dizer também que esta

competência foi desenvolvida no seminário durante o seminário EMPRETEC.

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Competências Estratégicas

Esta competência esta voltada à compreensão da atitude empreendedora com relação a

escolha e implementação das estratégias da empresa; para tanto foram consideradas as

seguintes categorias analíticas, segundo Man & Lau (2000).

Estabelecer Metas

Definir estratégias de posicionamento

Neste sentido, foram utilizados os seguintes questionamentos:

Antes do EMPRETEC você definia metas para seu empreendimento? De que forma?

Após o EMPRETEC de que forma você define as metas para seu negócio?

Você acredita que após o EMPRETEC começou a definir metas mais realistas para seu

negócio? Por quê?

No que diz respeito à competência de estabelecimento de metas da empresa e

definição de estratégias para um posicionamento eficaz no mercado:

Os empreendedores E1 e E2 colocam que “Hoje estabeleço metas mais reais e

procuro sempre inovar para ser um diferencial no mercado, antes do EMPRETEC não tinha

muito o habito de definir metas e tentar conseguir”. “Busco estabelecer metas de forma mais

concreta, não aquela coisa doida que fazia antes, sem planejar”.

Os empreendedores E4 e E5 afirmam “não fazia; era muito solto, e com EMPRETEC

mudou e acrescentou, pois era meu ponto mais fraco planejar metas” e “Metas eu não sabia

fazer, pois trabalhava em banco e tudo já era determinado, nem entendia direito, hoje sei

fazer e esse foi um aprendizado no EMPRETEC, no exercício da empresa CRIA, onde temos

que estabelecer metas para a comercialização de um produto”.

Por outro lado, o empreendedor E3 diz “sempre planejei metas pessoais e

profissionais, sempre fui à busca; a minha falha é planejamento”. O Empreendedor E6 diz

“metas já fazia; isto o EMPRETEC reforçou” e o Empreendedor E7 relata: “Planejamento da

meta eu sempre tive claro... Tive grandes ganhos com EMPRETEC... meta é fundamental

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hoje, e faz diferença” e ainda “já fazia , mas era meta solta, hoje já monitoro e corro para

conseguir onde quero chegar, e analiso onde falhou, e as coisas fluem de forma mais precisa

e você gasta menos energia porque existe uma organização”.

Referindo-se as Competências estratégicas que fazem parte da pesquisa de Man & Lau

(2000), com relação à opção do empreendedor por estratégias de curto, médio e longo prazo,

que envolvam a viabilidade econômica e financeira do empreendimento, pode-se afirmar que

os empreendedores pesquisados relatam que desenvolveram esta competência durante o

seminário EMPRETEC e que a competência de estabelecimento de metas só foi realmente

colocada em prática depois da participação do EMPRETEC, onde ficou clara a importância

deste comportamento para um bom andamento do empreendimento. No entanto, nota-se certa

contradição na afirmação do empreendedor E3 que diz: “sempre estabeleci metas, mas tenho

dificuldades em planejamento, onde no desenvolvimento da competência o estabelecimento de

metas está atrelado ao planejamento.”

Competência de Comprometimento

Com relação a esta competência o objetivo é identificar o grau de comprometimento

do empreendedor com seu negócio e sua equipe, além de conhecer a forma pela qual ele

encara, ou seja, enfrenta os fracassos no dia a dia da empresa. Neste contexto foram definidas

as seguintes categorias, segundo Man & Lau (2000).

Comprometimento com o Negócio e com a equipe

Enfrentamento dos Fracassos

No que diz respeito a essa competência, foi questionado:

Antes do EMPRETEC, você se considerava uma pessoa comprometida com relação a

seu empreendimento e a sua equipe? Que atitudes você demonstrava com relação a

isto?

Após participação no EMPRETEC você acredita que houve uma maior preocupação

de sua parte com relação a forma de comprometimento com seu negócio e com sua

equipe? Por quê?

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Antes do EMPRETEC como você reagia frente aos insucessos de sua atuação em seu

negócio?

Após o seminário EMPRETEC sua reação em situações de fracasso em seu negócio

sofreu alguma mudança? Qual?

As colocações dos empreendedores, neste sentido, foram:

O empreendedor E3 relata: “Comprometimento, sempre fui comprometida demais”

como também o empreendedor E4, que diz: “sim sempre fui muito comprometida e o

EMPRETEC só me deu mais vontade de continuar meu negocio”; já o empreendedor E6

relata: “já tinha um bom nível de comprometimento; eu já tinha este direcionamento; o

conhecimento da importância de estar engajado no trabalho”.

O empreendedor E5 afirma: “Antes era um hobby porque as pessoas diziam que fazia

bem, depois do EMPRETEC eu passei a ter mais comprometimento; me sentia um

empreendedor animador”.

Com relação a enfrentar fracassos os empreendedores afirmam:

E1 - Fracasso? Consigo sempre reverter, nem que seja na ultima hora, ao apagar das

luzes. “Até hoje o EMPRETEC só fez reforçar esta minha determinação”

E3 - Vejo o fracasso como oportunidade de aprendizado; não deixo me abater; levo

uma queda, limpo a areia e começo de novo feito criança quando cai”.

E4 - “Fracassos? Fico mal, mas tento ver o lado bom”.

E5 - “Fracassos? oportunidade de crescer de novo. Depois do EMPRETEC a

estrutura do pensamento para você sair do quadrado é real . Hoje digo: fracassei, isso é

apenas um começo”. Assim como os empreendedores E2 e E6, respectivamente, relatam:

“Vejo como uma forma de buscar onde errei e crescer profissionalmente com isso e os

fracassos só me levam a um novo aprendizado”.

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No entanto, o E7 conta que “fico p da vida, mas hoje não fico muito estressada; o que

tem que fazer se faz, precisamos ficar atentos para não ter prejuízo... me incomoda porque

não fiz certo, não fui atrás... mas hoje se não conseguir o que preciso para o evento, se não

tiver lucro, não faço... tem coisas que às vezes assumimos por compromisso mesmo tendo

prejuízo, pelo nome da empresa, pela credibilidade, por comprometimento com cliente e que

vai valer a pena mais na frente, e que vou ter algo maior mais na frente, por

responsabilidade pessoal”.

Com relação à competência de comprometimento, segundo Man & Lau (2000), está

voltada à aptidão que o empreendedor possui, relacionada à dedicação ao empreendimento de

forma ativa e constante, superando as dificuldades diante das adversidades do negócio. Neste

contexto, os empreendedores pesquisados afirmam que já era um comportamento presente em

todos eles antes do EMPRETEC e que o EMPRETEC reforçou esta atitude, salvo o E5, que

garante que só após o EMPRETEC é que começou a ver o negócio como “Um negócio de

verdade”, pois antes o negócio era apenas considerado um divertimento; e com relação à

forma pela qual os empreendedores pesquisados enfrentam os fracassos, foi unânime dizer

que mesmo antes do EMPRETEC consideravam como um momento de aprendizagem e

crescimento, apesar de incomodar, procuram ver o lado bom e procuram analisar onde

erraram; o que já era um comportamento presente antes do EMPRETEC.

Com relação à aquisição de conhecimentos, foi questionado aos participantes da

pesquisa:

Você acredita que após o seminário EMPRRETEC, houve alguma mudança em suas

atitudes com relação ao seu negócio?

As respostas foram as seguintes:

E3 - “Sim. Houve um aprendizado; comecei a parar para planejar sou muito elétrica

eu não planejo... parei uma semana, para avaliar, ver o que todo empresário precisava

fazer”.

E4 - “Acredito que o EMPRETEC faz você perceber coisas que antes não dava

atenção ou não sabia nomear; às vezes você tem e não reconhece o comportamento

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empreendedor e o seminário ensina de forma clara que você acaba identificando isto em

você”.

E7 - “Tive como maior aprendizado a relação com as pessoas; marcou, eu melhorei;

era muito difícil; hoje me percebo melhor; era estourada, falava na hora, hoje tenho mais

cuidado. Procuro falar de forma diferente e só quem ganhou com isso fui eu; e claro, a

empresa e o EMPRETEC trabalharam isso em mim”.

Observa-se que diante de depoimentos dos empreendedores pesquisados, o

aprendizado durante o seminário EMPRETEC foi bastante significativo, e as atitudes diárias

desses empreendedores com relação ao empreendimento sofreu mudanças de forma positiva,

e após o seminário estão mais atuantes com relação as suas atitudes empreendedoras.

Com relação aos facilitadores, foi questionado:

Como se dá o processo de ensino e aprendizagem no EMPRETEC?

O facilitador F1 diz: “É através do ciclo de aprendizagem, considerando o método

andragógico, como já falei antes. O importante é que a metodologia é voltada para que o

participante aprenda fazendo; não é só a teoria, mas é colocar em prática o aprendizado”.

O facilitador F2 afirma: “É utilizada uma adaptação do Ciclo de Kolb, com foco na

Andragogia, no qual o participante aprende fazendo. O instrutor exerce o papel de

facilitador no processo e o foco é sempre o participante”.

O facilitador F3 relata: “Neste sentido podemos dizer que o participante aprende

fazendo, pois o seminário é totalmente com atividades práticas e nós instrutores fazemos o

papel de facilitador do processo, orientando as atividades a isso”.

Baseando-se no relato dos facilitadores e empreendedores e levando em consideração

a concepção de Argyris & Schön (1996), no que diz respeito ao processo de aprendizagem,

classificando-os em dois tipos, single-loop ou double-loop. O processo de aprendizagem

single-loop busca a manutenção do conhecimento, é uma aprendizagem considerada

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instrumental, já o tipo de aprendizagem double-loop tem por princípio questionar o que se

aprende e revisar princípios.

Portanto, percebe-se que no seminário EMPRETEC está relacionado o tipo de

aprendizagem double-loop, que apresenta na sua forma de atuação as características definidas

por Argyris & Schön (1996); são elas: Dar às pessoas o direito de optar livremente e com

informação, utilizar informações válidas, faz com que as pessoas assumam responsabilidade

pessoal no monitoramento de suas ações; criar durante o seminário situações ou ambientes

em que os participantes possam ser originais e sintam um alto nível de gratificação pessoal

(sucesso psicológico, afirmação, sensação de ser essencial). Proteger-se passa a ser um

empreendimento conjunto e orientado para o crescimento (tenta-se reduzir a cegueira em

relação à própria inconsistência e incongruência e isto é feito através de um ambiente propício

criado pelo facilitador para que o processo de ensino e aprendizagem aconteça).

Levando ainda em consideração os depoimentos dos facilitadores e empreendedores

que participaram do seminário EMPRETEC e fazendo um paralelo com a pesquisa realizada

por Man & Lau (2000), no desenvolvimento de competências empreendedoras realizado no

seminário EMPRETEC, nota-se que o seminário EMPRETEC esteve presente na trajetória

dos empreendedores como um elemento importante no que diz respeito à aquisição de

conhecimentos e o desenvolvimento de competências empreendedoras, que refletiu na

aprendizagem dos empresários.

Neste sentido, considerando as competências trabalhadas no seminário EMPRETEC,

fundamentadas na pesquisa de McClelland (1961) e adaptadas para o seminário através da

classificação de características do comportamento empreendedor com as categorias de

competências definidas por Man & Lau (2000), pode-se observar a inter-relação entre elas,

que se dá na seguinte forma:

Relação das Características do Comportamento Empreendedor trabalhados no

seminário EMPRETEC/SEBRAE com as Competências Empreendedoras de Man & Lau

(2000), conforme descrição abaixo:

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EMPRETEC/SEBRAE COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS

Baseado em McClelland (1961) Man & Lau ( 2000)

Busca Oportunidade e Iniciativa Competências de Oportunidade

Exigência de Qualidade e Eficiência Competências de Comprometimento

Persistência Competências Estratégica

Independência e Autoconfiança Competências de Comprometimento

Correr Riscos Calculados Competências Conceituais

Busca de Informações Competências de Oportunidade

Estabelecimento de Metas Competências Estratégicas

Planejamento e Monitoramento Sistemáticos Competências Administrativas

Comprometimento Competências de Comprometimento

Persuasão e Redes de Contatos Competência de Relacionamento

Pode-se dizer então que a trajetória dos empreendedores foi amplamente auxiliada

pela aquisição de conhecimento, aprimoramento de habilidades e uma nova atitude, entre elas:

Na Identificação de oportunidade em busca de lacunas não atendidas no mercado.

Uso da rede de contatos para aprimorar os negócios, com objetivo de manter

relacionamentos de confiança e credibilidade junto a clientes, fornecedores e

concorrentes.

A importância de sempre buscar inovações, para se tornar um diferencial no mercado

de atuação.

Observar que o aspecto relacionado a avaliar os riscos do negócio é fundamental e

devem estar presentes em todos os momentos antes de qualquer tomada de decisão.

O planejamento que é fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento.

Assumir um papel de liderança frente à equipe colaboradora, motivando a equipe e

descentralizando responsabilidades, aprendendo a delegar tarefas.

Possuir visão estratégica e estabelecer objetivos realistas para o empreendimento.

Estabelecer metas e saber executá-las coerentemente.

Mostrar-se comprometido com o negócio e com a equipe interna.

Ter capacidade de sempre recomeçar mesmo após situação de insucesso.

Manter uma dedicação ao negócio de forma prazerosa em busca de dar vazão ao

estresse.

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4.6 Trajetória empreendedora x aquisição de conhecimento e desenvolvimento de

competências empreendedoras com a instrumentação ao empreendedorismo oferecida

pelo EMPRETEC

Fazendo análise a respeito das razões de empreender, trajetória empreendedora,

aquisição de conhecimento e desenvolvimento de competências empreendedoras com a

instrumentação ao empreendedorismo oferecida pelo EMPRETEC, pode-se dizer que:

Os empreendedores pesquisados relataram que sua trajetória de vida em busca de

empreender está atrelada a procura da realização pessoal; isto foi possível na medida em que

identificaram uma oportunidade de negócio. Ao participarem do seminário EMPRETEC,

ficou visível que alguns comportamentos já faziam parte de sua atuação empreendedora, mas

que através da metodologia aplicada no seminário desenvolvida pelo SEBRAE de forma

bastante interativa e dinâmica, com diversos jogos, seminários e atividades práticas, foram

fatores preponderantes para reforçar os comportamentos existentes e desenvolver novas

competências empreendedoras.

Pode-se dizer, ainda, que houve uma relação no que diz respeito à identificação de

oportunidade de negócio, demonstrando um maior número dos empreendedores pesquisado.

A oportunidade é considerada como uma das competências caracterizadas na pesquisa

realizada por Man & Lau (2000), atitude que levou os empreendedores pesquisados a abrirem

um negócio, além de ser também considerada como uma das características do

comportamento empreendedor trabalhadas no seminário EMPRETEC, baseado na pesquisa de

McClelland (1961), confirmando assim os dados da pesquisa realizada pela GEM (2012).

Outro fator preponderante diz respeito ao processo de aprendizagem que faz parte da

metodologia do seminário EMPRETEC, que busca oferecer, ao participante, a oportunidade

de atuar de forma criativa, colocando em prática os comportamentos empreendedores

trabalhados no seminário de forma que condiz a teoria da aprendizagem de Argyris & Schön

(1996).

Observa-se também que existe uma relação entre as características do comportamento

empreendedor trabalhadas no seminário EMPRETEC, são elas: Busca de Oportunidade e

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Iniciativa, Exigência de Qualidade e Eficiência, Persistência, Independência e Autoconfiança,

Correr Riscos Calculados, Busca de Informações, Estabelecimento de Metas, Planejamento e

Monitoramento Sistemáticos, Comprometimento, Persuasão e Redes de Contatos. E as

competências de oportunidade, relacionamento, conceituais, administrativa, estratégicas, de

comprometimento relacionadas na pesquisa de Man & Lau (2000).

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5 CONCLUSÕES

O objetivo deste trabalho de pesquisa foi analisar de que maneira o

SEBRAE/EMPRETEC contribui para o desenvolvimento de competências empreendedoras

dos empresários/empreendedores, do município de Recife, partindo da discussão sobre razões

de empreender, trajetória empreendedora, aquisição de conhecimento e desenvolvimento de

competências empreendedoras com a instrumentação ao empreendedorismo oferecida pelo

EMPRETEC.

Buscando responder ao objetivo geral proposto, foi necessário atender a cada um dos

objetivos específicos. O primeiro propôs descrever a instrumentação oferecida pelo

EMPRETEC, para desenvolver competências empreendedoras. Neste sentido percebe-se que

diante de relatos dos facilitadores, como também dos empreendedores, vários são os recursos

e instrumentos utilizados no seminário EMPRETEC em busca de desenvolver competências

empreendedoras onde teoria e prática se fazem presentes. Portanto, observa-se que o

SEBRAE, instituição voltada para a formação empreendedora, vem, através do seminário

EMPRETEC, em sua metodologia, buscar desenvolver competências empreendedoras em

empresários/empreendedores.

O segundo objetivo específico diz respeito a identificar na percepção dos

empreendedores, auxiliados pelo EMPRETEC, quais são as principais pelas quais eles

tornaram-se empreendedores, ou seja, porque abriram negócio. Considerando a pesquisa da

GEM 2012, que tem afirmado que os empreendedores brasileiros estão cada vez mais

buscando identificação de oportunidade na abertura de negócios, percebe-se que os

empreendedores pesquisados confirmaram que a identificação de oportunidade foi o fator

preponderante para a abertura de seu empreendimento.

Neste sentido, pode-se dizer que o crescimento de empresas que abrem no Brasil em

consequência da identificação de oportunidade por parte do empreendedor tem sido bastante

significativo, visto que as empresas estão muito mais consolidadas no mercado, diminuindo

assim o fechamento precoce das empresas e sua falência caracterizada pela abertura por

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necessidade pessoal; com isto, oportunizando também um crescente número de ofertas de

emprego e auxiliando para o crescimento econômico.

O terceiro objetivo específico propõe descrever, de acordo com a percepção dos

empreendedores, auxiliados pelo EMPRETEC, como se deu a evolução do comportamento

empreendedor. Considerando que a metodologia aplicada pelo SEBRAE é andragógica,

demonstrou-se um processo de aprendizagem classificado como double-loop, que segundo

Argyris & Schön(1996), está mais voltado às transformações, fato que foi observado pelo

depoimento dos empreendedores pesquisados durante e após o seminário EMPRETEC.

Diante da consideração acima, pode-se dizer que a metodologia aplicada pelo

SEBRAE no seminário EMPRETEC, segundo depoimentos dos participantes da pesquisa, foi

a de reforçar comportamentos empreendedores considerados já existentes, pois todos

afirmaram que mesmo antes do seminário, já possuíam comportamentos considerados

empreendedores, e naqueles que precisavam ser colocados em prática à ênfase se deu pelo

comportamento intitulado como planejamento e monitoramento sistemático.

No que diz respeito ao quarto objetivo, buscou-se analisar de acordo com a trajetória

dos empreendedores, os fatores que auxiliaram a aquisição de conhecimentos e o

desenvolvimento de suas competências empreendedoras; com base nos estudos realizados por

Man & Lau (2000), referindo-se às seis áreas de competências analisadas, são elas: de

oportunidade, relacionamento, conceituais, administrativas, estratégicas, comprometimento e

considerando, ainda, as competências classificadas como categorias analíticas no referido

estudo, demonstrou-se fazer parte do comportamento dos empreendedores pesquisados e que

a competência administrativa no que se refere ao planejamento foi muito mais expressiva no

aprendizado do seminário, já que era uma atitude que ficava a desejar, ou seja, o fator

planejamento não era muito presente no dia a dia dos empreendedores.

Quanto ao quinto objetivo cuja proposta foi relacionar razões de empreender, trajetória

empreendedora, aquisição de conhecimento e desenvolvimento de competências

empreendedoras com a instrumentação ao empreendedorismo oferecida pelo EMPRETEC, foi

considerado como relevante, visto que durante o seminário EMPRETEC os empreendedores

pesquisados desenvolveram competências empreendedoras.

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Diante do exposto, foi possível perceber que existe uma relação das competências

trabalhadas no seminário EMPRETEC, baseadas na pesquisa de McClleland(1961) e aquelas

consideradas como competências empreendedoras na pesquisa de Man & Lau (2000). As

ferramentas utilizadas nesta pesquisa como material didático utilizado pelo seminário

EMPRETEC, mostraram passo a passo os caminhos pelos quais os

empresários/empreendedores discorrem em busca de desenvolver competências

empreendedoras, vivenciando um processo de ensino e aprendizagem, que o faz enxergar que

ele é dono de sua própria história, confrontando a teoria com a realidade do dia a dia do

empreendedor; no entanto, a formação de competências empreendedoras não está apenas

atrelada a treinamentos voltados para tal fim, mas também por uma gama de experiências,

atitudes e comportamentos cotidianos, que fazem do empreendedor alguém capaz de ser um

diferencial em sua área de atuação.

O tema „competências no âmbito empresarial‟ é bastante amplo e existem várias outras

percepções no que diz respeito à formação de competências empreendedoras. O mercado de

trabalho tem exigido cada vez mais profissionais com competências empreendedoras, pois a

concorrência acirrada no mundo dos negócios faz com que as empresas invistam em seus

profissionais, para que sua permanência no mercado se torne sólida.

Mediante os estudos realizados, sugere-se:

Que o SEBRAE, com base na autoavaliação realizada antes do seminário,

selecionasse turmas diferenciadas para aqueles que já demonstrassem perfil

empreendedor e aqueles que ainda estão em busca de formação empreendedora.

Que o seminário EMPRETEC fosse específico para aqueles que já possuem negócio e

outra proposta fosse criada para aqueles que pretendem abrir um negócio.

Que o SEBRAE realize um novo seminário pós EMPRETEC no sentido de avaliar a

prática dos comportamentos empreendedores pelos participantes e assim poder

averiguar se o aprendizado trouxe algum diferencial da empresa no mercado de

atuação.

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Considerando a amostra utilizada neste trabalho de pesquisa, que se limita a

configuração de sete empreendedores no âmbito da cidade do Recife, sugere-se ainda a

continuação da pesquisa junto a novos empreendedores e até mesmo expandindo para outras

localidades do país, ampliando assim o tamanho da amostra e da amplitude do universo da

pesquisa, oferecendo uma maior possibilidade de identificação de formação de competências

empreendedoras daqueles que realizam o seminário EMPRETEC.

.

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APÊNDICE(S)

APÊNDICE A: Entrevista com facilitadores do EMPRETEC/PERNAMBUCO

1. Qual sua faixa etária?

a- ( ) 25 a 30 anos

b- ( ) 31 a 45 anos

c- ( ) 46 a 60 anos

d- ( ) Mais de 60 anos

2. Sexo ( ) Masculino ( ) feminino

3. Qual sua Formação profissional?

4. Há quanto tempo você é facilitador do EMPRETEC?

5. Porque decidiu se tornar facilitador do EMPRETEC?

6. Qual é a metodologia trabalhada no EMPRETEC?

7. Como se dá o processo de ensino e aprendizagem no EMPRETEC?

8. Quais são as competências empreendedoras trabalhadas no EMPRETEC?

9. Quais são os instrumentos trabalhados no EMPRETEC para desenvolver competências

empreendedoras?

10. Qual o perfil dos empreendedores que participam do EMPRETEC?

11. Você acredita que ao participar do EMPRETEC o empreendedor desenvolve

competências empreendedoras? Por quê?

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APÊNDICE B: Questionário com os participantes do EMPRETEC

CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA

Data do Questionário:................................................. Município: .............................. UF:

................

Ano de Abertura da Empresa: ..............................Ano de realização do EMRETEC

...................

QUAL A SUA IDADE?

( )menos de 25 anos

( )de 25 a 30 anos

( )de 31 a 46 anos

( )> 46 anos

SEXO?

A ( ) MASCULINO B ( ) FEMININO

NÍVEL DE ESTUDO?

( )MBA/especialização

( )Pós-doutorado

( )Doutorado

( )Mestrado

( )Graduação

QUAL A ATIVIDADE QUE DESENVOLVE?

( )Só estuda

( )Trabalha na empresa da família

( )Tem seu próprio negócio

( )Tem um negócio familiar

( )Trabalha e tem seu próprio negócio

( )Trabalha e tem um negócio familiar

Qual a classificação da empresa que empreendeu?

( )Comércio

( )Serviços

( )Indústria

( )Cooperativa

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( )Associação

Sua empresa esta enquadrada como:

( )Empreendedor individual

( )Micro empresa

( )Pequena empresa

Média empresa

( )Grande empresa

Quanto tempo ela existe?

( )Tem até 3 meses de vida

( )Tem de 4 a 42 meses de vida

( )Tem mais de 42 meses de vida

Antes de realizar o seminário EMPRETEC, quantos funcionários tinham na sua empresa? E

agora quantos têm?

( ) Até 9 Funcionários

( )De 10 à 49 Funcionários

( ) Outros

PARA VOCÊ, QUEM É O EMPREENDEDOR?

( )Aquele que cria um novo negócio

( )Uma pessoa que arrisca muito em tempos de crise

( )Uma pessoa com características de liderança

( )Aquele que sabe administrar uma empresa

( )Um bom gerente

Outros. _________________________________________________________

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APÊNDICE C: Roteiro de entrevista com os participantes do EMPRETEC

Antes de iniciar o seminário EMPRETEC, você conhecia o programa que seria desenvolvido?

Como você tomou conhecimento do seminário EMPRETEC?

Porque você decidiu participar do seminário EMPRETEC?

Você se considerava um empreendedor antes de participar do EMPRETEC?

Acredita que abriu um negócio, por quê?

Porque você decidiu tornar-se Empreendedor? O que o motivou?

Como se deu a evolução do seu comportamento empreendedor?

Discorra sobre sua trajetória empreendedora e os fatores que auxiliaram a aquisição de

conhecimentos e o desenvolvimento de suas competências empreendedoras ?

Você acredita que o Seminário EMPRETEC, auxilia no desenvolvimento de competências

empreendedoras?

Quais características empreendedoras se mostraram presentes e quais precisavam de uma

maior atenção ao realizar auto avaliação antes do seminário EMPRETEC ?

Que competências empreendedoras você acredita que desenvolveu ao participar do

EMPRETEC?

QUADRO 8: Competências analisadas

Competências de Oportunidade

Identificação de Oportunidade para o negócio

Avaliar o Mercado

Competências Administrativas

Planejar

Gerenciamento de conflitos dos

colaboradores

Motivação da equipe

Competência de Relacionamento

Construir Rede de Relacionamento

Utilizar-se da Rede de relacionamento

Competências Estratégicas

Estabelecer Metas

Definir estratégias de posicionamento

Competências Conceituais

Avaliar e assumir riscos

Buscar Inovação

Competência de Comprometimento

Comprometimento com o Negócio e com a

equipe

Enfrentar Fracassos

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112

Você acredita que após o seminário EMPRETEC houve maior atuação de sua empresa no

mercado?

Você acredita que após o seminário EMPRETEC houve um aumento de faturamento em sua

empresa?

De que forma você classifica a instrumentação usada pelo Empretec para desenvolver

competências empreendedoras?

Você recomendaria o seminário EMPRETEC para outros empreendedores?

Você acredita que após o seminário EMPRRETEC , houve alguma mudança em suas atitudes

com relação ao seu negócio? De que tipo.

QUADRO 9: Roteiro de entrevista com os participantes do EMPRETEC considerando as

categorias

CATEGORIAS PERGUNTAS

Competências de Oportunidade

Identificação de Oportunidade para o

negócio

Avaliar o Mercado

Antes de realizar o EMPRETEC você

procurava observar no mercado

oportunidade existentes? De que forma?

Você acredita que após a realização do

EMPRETEC você estar mais atenta às

oportunidades de mercado?

Antes de participar do seminário

EMPRETEC você fez pesquisa de mercado

para avaliar a viabilidade do negócio?

Após o seminário EMPRETEC você

procura realizar pesquisas e acompanhar as

tendências de marcado para obter mais

atuação de sua empresa ? De que forma?

Competência de Relacionamento

Construir Rede de Relacionamento

Utilizar-se da Rede de relacionamento

Antes de realizar o EMPRETEC como se

dava sua rede de contatos? Seus contatos

eram meramente pessoais ou

profissionais?

Antes de realizar o EMPRETEC , que

estratégias você utilizava para aumentar

sua rede de contatos?

Antes de realizar o EMPRETEC, você

utilizava sua rede de contatos em prol de

seu negócio?

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CATEGORIAS PERGUNTAS

Após a realização do EMPRETEC , você

acredita que utiliza melhor sua rede de

contatos em prol do seu negócio?

Antes do EMPRETEC, como era sua

relação com colaboradores, clientes,

fornecedores e concorrentes?

Você acredita que após o EMPRETEC

houve uma mudança no que diz respeito

as suas relações interpessoais com seus

colaboradores, clientes, fornecedores e

concorrentes

Após o seminário EMPRETEC você

acredita que houve um aumento em sua

rede de contatos?

Competências Conceituais

Avaliar e assumir riscos

Buscar Inovação

Perfil

Antes do EMPRETEC, como você reagia

diante os riscos no negócio?

Depois do EMPRETEC você acredita que

está muito mais preparado para avaliar os

possíveis riscos do negócio?

Antes de realizar o EMPRETEC que

estratégias que estratégias você utilizava

para ser um diferencial no mercado?

Buscava Inovar?

Após a realização do EMPRETEC você

acredita que mudou a forma de criar

novas estratégias de inovação para seu

negócio?

Antes do EMPRETEC , você acreditava

que possuía perfil empreendedor?

Após o EMPRETEC você acredita que

desenvolveu um perfil empreendedor?

Antes do seminário EMPRETEC você

recorria a outras pessoas para tomar

decisões sobre seu negócio?

Após o EMPRETEC você acredita que

que se tornou mais independente para a

tomada de decisões?

Competências Administrativas

Planejar

Antes de realizar o e EMPRETEC, você

possuía o hábito de planejar?

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CATEGORIAS PERGUNTAS

Gerenciamento de conflitos dos

colaboradores

Motivação da equipe

Após o e EMPRETEC você mudou com

relação a atitude de planejar?

Antes de participar do seminário

EMPRETEC de que forma você

gerenciava os conflitos na sua empresa?

Após o seminário EMPRETEC você

modificou sua forma de lidar com os

conflitos na empresa? Como?

Antes de participar do seminário

EMPRETEC que estratégias você

utilizava para motivar sua equipe?

Após o seminário EMPRETEC você

criou novas estratégias de motivação para

a equipe?

Competências Estratégicas

Estabelecer Metas

Definir estratégias de posicionamento

Antes do EMPRETEC você definia

metas para seu empreendimento? De que

forma?

Após o EMPRETEC de que forma você

define as metas para seu negócio?

Você acredita que após o EMPRETEC

você começou a definir metas mais

realistas para seu negócio? Por quê?

Antes do EMPRETEC você avaliava o

mercado de atuação no qual seu

empreendimento esta inserido?

Após participação no EMPRETEC você

acredita que mudou sua forma de avaliar

o posicionamento de sua empresa no

mercado? De que forma?

Competência de Comprometimento

Comprometimento com o Negócio e com

a equipe

Enfrentar Fracassos

Antes do EMPRETEC , você se

considerava uma pessoa comprometida

com relação a seu empreendimento? Que

atitudes você demonstrava com relação a

isto?

Após participação no EMPRETEC você

acredita que houve uma maior

preocupação de sua parte com relação a

forma de comprometimento com seu

negócio? Por quê?

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CATEGORIAS PERGUNTAS

Antes de participar do seminário

EMPRETEC de que forma você

demonstrava comprometimento perante o

trabalho da equipe?

Após a participação do seminário

EMPRETEC sua forma de comprometer-

se com o desenvolvimento do trabalho da

equipe mudou? Em que sentido?

Antes do EMPRETEC como você reagia

frente aos insucessos de sua atuação em

seu negócio?

Após o seminário EMPRETEC sua

reação em situações de fracasso em seu

negócio sofreu alguma mudança? Qual?

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116

ANEXO(S)

ANEXO A: EMPRETEC

HISTÓRICO

Durante a década de 1960, constituiu-se, no âmbito do PNUD (Programa das Nações

Unidas para o Desenvolvimento) um grupo de trabalho que tinha como objetivo buscar

maneiras de fortalecer as economias dos países em desenvolvimento. Neste estudo chegou-se

a conclusão que o melhor caminho para a realização da proposta do grupo era o fomento às

pequenas empresas, dado que, nelas, é baixo o custo por emprego gerado.

Para fomentar o nascimento de pequenos negócios, foram implementados três ações:

O acesso ao crédito com juros atraentes, a melhoria da capacitação técnica dos candidatos e a

identificação de comportamentos e iniciativas presentes nos empreendedores de sucesso, indo

ao encontro das propostas de Joseph A. Schumpeter e David C.McClelland.

A primeira das ações obteve os resultados menos expressivos, à medida que se

verificou um baixo retorno de capitais. A ação mais bem sucedida foi à última.

A partir da constatação acima, a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o

Desenvolvimento (UNCTAD) decide prospectar experiências bem sucedidas, encontrando, no

Treinamento de Motivação para a Realização (TMR) formulado a partir de observações

sistemáticas das ações de cerca de 400 casos de empreendedores de sucesso, realizadas pelo já

mencionado McClelland (1961) – uma metodologia apropriada à capacitação de empresários

e empreendedores.

A Agência para o Desenvolvimento Internacional - ADI, dos Estados Unidos, através

do envolvimento das empresas McBer & Company e a Management Systems International

(MSI) realizaram levantamentos em diversos países do mundo, os quais indicaram não apenas

a existência de fatores comuns aos empresários bem sucedidos, mas também quais seriam

esses fatores, chegando a 10 Características do Comportamento Empreendedor (CCEs)

(FORNER et al., 2002). Foi à fusão desses dois estudos que acabou dando origem à

metodologia EMPRETEC.

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117

Este foi o ponto de partida para a constituição dos Seminários EMPRETEC. A

observação inicial ampliou-se para 16 países e cerca de 4 mil self-made men, inclusive no

Brasil, com o Isolamento das CCEs ( Características do Comportamento Empreendedores). A

mexicana naturalizada americana Marina Fanning, vice-presidente da Management Systems

International (MSI) foi a responsável pela pesquisa e pela implementação do EMPRETEC em

vários países do mundo.

FIGURA 6: Seminário EMPRETEC no Mundo.

Fonte: EMPRETEC (2011)

Em 1988, o seminário foi lançado na Argentina, onde a surgiu o nome EMPRETEC

por se tratar de um seminário que era direcionado às empresas de base tecnológica, ou seja,

voltado para „empreendedores em tecnologia‟. Embora hoje, não seja mais dirigido

especificamente a essas empresas, o nome ficou concretizado e continua até os dias de hoje.

Atualmente o programa está implantado em 33 países e tem no Brasil a maior base

operacional instalada, graças à atuação do SEBRAE (UNCTAD, 2008).

O EMPRETEC chega ao Brasil, em 1989, trazido pelo Banrisul (Banco do Estado do

Rio Grande do Sul), que licencia a metodologia aplicando-a na seleção de candidatos a

programas de crédito voltados a projetos de base tecnológica. Em 1993, a metodologia passa a

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118

ser aplicada pelo SEBRAE, que a estende para todo o país, atingindo todas as unidades da

Federação em 2000.

A eficácia do EMPRETEC pode ser demonstrada por alguns indicadores de impacto, a

saber, (PNUD, 2006):

A mortalidade das empresas, no 1º ano de operação, cai de 46% (média brasileira

medida pelo IBGE) para 7%;

Entre os empreendedores que fazem o EMPRETEC, 83% empreendem por detectar

uma oportunidade de mercado, contra 17% que o fazem por necessidade. Na média

brasileira, 43% empreendem por perceber uma oportunidade e 57% o fazem por

necessidade;

A geração de postos de trabalho aumenta, em média, 31% em 71% das empresas;

O crescimento médio entre os empresários que fazem o EMPRETEC foi de 63% em

75% dos pesquisados;

Entre as empresas pesquisadas cujos empreendedores fizeram o EMPRETEC, houve

um aumento de 51% no lucro líquido;

Antes de fazer o EMPRETEC, apenas 7% dos empreendedores tinham plano de

negócios. Após o seminário esta média sobe para 31%.

A participação no programa EMPRETEC, está ligada ao interesse do candidato que já

possua um negócio ou que tenha intenção de empreender e que esteja disposto a participar de

uma entrevista para elaboração de seu perfil empreendedor. Esta entrevista é utilizada como

um dos recursos para a formação das turmas, e faz parte de uma etapa do processo de seleção

que privilegia aqueles candidatos que apresentam maior potencial empreendedor, o que torna

os participantes do EMPRETEC um grupo potencialmente distinto (BÚRIGO FILHO, 2004).

O seminário é dirigido por três instrutores com funções distintas - instrutor líder,

segundo instrutor e trainee – conduzindo um conjunto de atividades inter-relacionadas,

individual e em grupos, sendo realizado em regime de imersão e tempo integral. No Brasil, a

carga horária total do trabalho possui o formato de 48 horas, modalidade de seis dias, ou no

formato de 80 horas na modalidade de nove dias. A modalidade original do programa

consistia em dez dias de atividades também com 80 horas de sala e, baseada neste formato, a

equipe Brasil de facilitadores realizou as demais adequações (SEBRAE NACIONAL, 2002a).

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A partir de 2008 o seminário no Brasil começou a ser desenvolvido durante seis dias em

busca de atender as necessidades do empreendedor no que diz respeito à questão de

disponibilidade de tempo para participar; Segundo Carla Virginia Costa, coordenadora

Nacional do EMPRETEC, afirma que "O conteúdo do curso não foi reduzido, mas alguns

exercícios foram suprimidos, para que o seminário não perdesse qualidade", O novo modelo

foi divulgado no Encontro Internacional de Empreendedores, realizado em São Paulo, entre

20 e 22 de novembro de 2008.

O seminário está embasado, segundo Cooley (1991), em três princípios utilizados na

andragogia de Malcom Knowles, os quais apontam para que os adultos aprendam melhor

fazendo, aprendem unicamente o que desejam aprender e o aprendizado dependerá da relação

do novo com aquilo que já é conhecido.

A metodologia é altamente interativa, através de jogos, exercícios, palestras,

atividades em sala e externas, o participante irá aprender na prática a:

Se antecipar aos fatos e criar novas oportunidades de negócio,

Enfrentar obstáculos decididamente,

Assumir desafios e riscos calculados,

Tomar decisões rápidas respeitando prazos e padrões de qualidade,

Se comprometer consigo mesmo e com as pessoas à sua volta,

Buscar informações, pessoalmente ou com ajuda,

Estabelecer metas claras e objetivas,

Planejar e garantir que as metas sejam atingidas,

Persuadir e utilizar sua rede de contatos,

Buscar autonomia para alcançar seu próprio sucesso

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Os comportamentos empreendedores trabalhados no EMPRETEC são:

TABELA 9 - Características do Comportamento Empreendedor (CCE‟s)

Categoria: Realização

Busca de Oportunidade e Iniciativa

Exigência de Qualidade e Eficiência

Persistência

Independência e Autoconfiança

Categoria: Planejamento e Resolução de Problemas

Correr Riscos Calculados

Busca de Informações

Estabelecimento de Metas

Planejamento e Monitoramento Sistemáticos

Categoria: Influência (Relação com as Pessoas)

Comprometimento

Persuasão e Redes de Contatos

Fonte: Manual do participante do curso EMPRETEC – 2010

CONJUNTO DE REALIZAÇÃO

Busca de Oportunidade e Iniciativa

Faz as coisas antes de solicitado, ou antes, de forçado pelas circunstâncias;

Age para expandir o negócio a novas áreas produtos ou serviços;

Aproveita oportunidades fora do comum para começar um negócio, obter financiamentos,

equipamentos, terrenos, local de trabalho ou assistência;

O empreendedor é aquele que esta sempre buscando novas oportunidades de negócio, além do

que é um indivíduo que não espera muito os fatos ou as coisas acontecerem por si só, ele toma

sempre iniciativa em prol do favorecimento de seu empreendimento.

Correr Riscos Calculados

Avaliam alternativas e calcula riscos deliberadamente;

Age para reduzir os riscos ou controlar os resultados;

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Colocam-se em situações que implicam desafios os riscos moderados;

O empreendedor esta sempre correndo riscos em favor do sucesso do negócio, mas sempre

analisando as possíveis dificuldades que poderão surgir no caminho.

Exigência de Qualidade e Eficiência

Encontra maneiras de fazer as coisas melhor, mais rápidas ou mais barato;

Age de maneira a fazer coisas que satisfaçam ou excedam padrões de excelência;

Desenvolve ou utiliza procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado a tempo ou

que atenda padrões de qualidade previamente combinados;

O empreendedor é altamente exigente na qualidade de seus serviços/produtos, procurando

sempre demonstra o máximo de eficiência naquilo que realiza.

Persistência

Age diante de um obstáculo significativo;

Age repetidamente ou muda de estratégia a fim de enfrentar um desafio ou superar um

obstáculo;

Faz um sacrifício pessoal ou despende um esforço extraordinário para completar uma tarefa;

Característica forte e predominante na personalidade do empreendedor. Indivíduo que não

desiste fácil de seus objetivos, enfrentando dificuldades e adversidades em busca de conseguir

o que se deseja.

Comprometimento

Atribui a si mesmo e a seu comportamento as causas de seus sucessos e fracassos e assume a

responsabilidade pessoal pelos resultados obtidos;

Colabora com os empregados ou coloca-se no lugar deles, se necessário, para terminar uma

tarefa;

Esforça-se para manter os clientes satisfeitos e coloca a boa vontade em longo prazo acima do

lucro em curto prazo;

O empreendedor está sempre empenhado naquilo que faz, em busca do crescimento do seu

empreendimento.

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CONJUNTO DE PLANEJAMENTO

Busca de Informações

Dedica-se pessoalmente a obter informações de clientes, fornecedores ou concorrentes;

Investiga pessoalmente como fabricar um produto ou proporcionar um serviço;

Consultas especialistas para obter assessoria técnica ou comercial;

Determina que o empreendedor é aquele que esta sempre bem informado com relação ao tipo

de negócio que atua, isto é, procura sempre se atualizar.

Estabelecimento de Metas

Estabelece metas e objetivos que são desafiantes e que tem significado pessoal;

Tem visão de longo prazo clara e específica;

Estabelece objetivos de curto prazo, mensuráveis.

Momento em que o empreendedor define metas pré-estabelecidas em busca de alcançar

determinados objetivos

Planejamento e Monitoramento Sistemático

Planeja dividindo tarefas de grande porte em sub-tarefas com prazos definidos;

Constantemente revisa seus planos levando em conta os resultados obtidos e mudanças

circunstanciais;

Mantém registros financeiros e utiliza-os para tomar decisões.

O empreendedor é capaz de planejar o tipo de negócio no qual vai desenvolver, além de fazer

um acompanhamento constante de todos os passos definidos no planejamento.

CONJUNTO DE PODER

Persuasão e Rede de Contatos

Utiliza estratégias deliberadas para influenciar ou persuadir os outros;

Utiliza pessoas chaves como agentes para atingir seus próprios objetivos;

Age para desenvolver e manter relações comerciais;

O empreendedor tem a capacidade de convencimento no que se refere a estabelecer critérios

em favor de seu negócio, além do que desenvolve com muita facilidade uma rede de contatos

em benefício de expandir e agregar valor ao seu empreendimento.

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Independência e Autoconfiança

Busca autonomia em relação as normas e controles de outros;

Mantém seu ponto de vista, mesmo diante da oposição ou de resultados inicialmente

desanimadores;

Expressa confiança na sua própria capacidade de completar uma tarefa difícil ou de enfrentar

um desafio;

O empreendedor é altamente confiante no seu potencial, além de possuir um grau de

independência muito grande, no qual facilita o seu poder na tomada de decisão.