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1 FACULDADE CAPIVARI FUCAP TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS EVIDENCIAÇÃO DO PONTO DE EQUILÍBRIO: PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES DO PONTO DE EQUILÍBRIO PARA DECISÕES DE CURTO PRAZO Roseli Pirroncelli Rovarotto Maurício Dobiez RESUMO A contabilidade, desde sua origem, produz informações para supriras necessidades de seus usuários, direcionando planejamentos, investimentos, reestruturações e demais tomadas de decisões com maior segurança. O artigo possui por objetivo evidenciar o ponto de equilíbrio e suas principais utilizações para as decisões de curto prazo, para tanto, foi realizada pesquisa exploratória, com estudo de caso, em microempresa do ramo alimentício, coletando os custos fixos e variáveis, assim como, as despesas fixas e variáveis do período de janeiro a junho de 2017, permitindo o cálculo dos valores mensais e diários do ponto de equilíbrio do empreendimento. A avaliação dos resultados gerados, apontou a aplicabilidade do conhecimento do ponto de equilíbrio, para as tomadas de decisões de curto prazo, proporcionando ao gestor embasamento para estratégias mais imediatistas, como alavancagem nas vendas, revisão de custos e provisões, apoiando a relevância das informações geradas pela contabilidade para a continuidade e consolidação do empreendimento. Palavras-chave: Contabilidade. Ponto de equilíbrio. Tomada de decisão. 1 INTRODUÇÃO Desde que o homem iniciou a aquisição de pertences, surgiu a necessidade de sua mensuração, assim, mesmo que de maneira rudimentar, a contabilidade veio ao encontro dessa precisão. Com o passar do tempo, a adaptação e evolução da contabilidade é notória, demonstrando sua capacidade em determinar a medida de um patrimônio, permitindo um melhor controle sobre os bens adquiridos. O sistema capitalista, dominante no atual cenário econômico, determina que o sucesso de um empreendimento seja reconhecido através de seu lucro e tornar-se competitivo é essencial, assim, ferramentas disponíveis e eficazes, que facilitem a análise da organização e auxiliem os gestores no processo de tomada de decisão podem ser de grande valia. Neste contexto, a aplicabilidade de um sistema de custos pode aumentar os pontos passíveis de

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FACULDADE CAPIVARI – FUCAP

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

EVIDENCIAÇÃO DO PONTO DE EQUILÍBRIO: PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES DO

PONTO DE EQUILÍBRIO PARA DECISÕES DE CURTO PRAZO

Roseli Pirroncelli Rovarotto

Maurício Dobiez

RESUMO

A contabilidade, desde sua origem, produz informações para supriras necessidades de seus

usuários, direcionando planejamentos, investimentos, reestruturações e demais tomadas de

decisões com maior segurança. O artigo possui por objetivo evidenciar o ponto de equilíbrio e

suas principais utilizações para as decisões de curto prazo, para tanto, foi realizada pesquisa

exploratória, com estudo de caso, em microempresa do ramo alimentício, coletando os custos

fixos e variáveis, assim como, as despesas fixas e variáveis do período de janeiro a junho de

2017, permitindo o cálculo dos valores mensais e diários do ponto de equilíbrio do

empreendimento. A avaliação dos resultados gerados, apontou a aplicabilidade do

conhecimento do ponto de equilíbrio, para as tomadas de decisões de curto prazo,

proporcionando ao gestor embasamento para estratégias mais imediatistas, como alavancagem

nas vendas, revisão de custos e provisões, apoiando a relevância das informações geradas pela

contabilidade para a continuidade e consolidação do empreendimento.

Palavras-chave: Contabilidade. Ponto de equilíbrio. Tomada de decisão.

1 INTRODUÇÃO

Desde que o homem iniciou a aquisição de pertences, surgiu a necessidade de sua

mensuração, assim, mesmo que de maneira rudimentar, a contabilidade veio ao encontro

dessa precisão. Com o passar do tempo, a adaptação e evolução da contabilidade é notória,

demonstrando sua capacidade em determinar a medida de um patrimônio, permitindo um

melhor controle sobre os bens adquiridos.

O sistema capitalista, dominante no atual cenário econômico, determina que o sucesso

de um empreendimento seja reconhecido através de seu lucro e tornar-se competitivo é

essencial, assim, ferramentas disponíveis e eficazes, que facilitem a análise da organização e

auxiliem os gestores no processo de tomada de decisão podem ser de grande valia. Neste

contexto, a aplicabilidade de um sistema de custos pode aumentar os pontos passíveis de

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análises, e que auxiliem o processo decisório do gestor, como a análise do

custo/volume/lucro, que possibilita o conhecimento de três conceitos pertinentes: a margem

de contribuição, ponto de equilíbrio e alavancagem operacional.

O ponto de equilíbrio, por exemplo, é um índice capaz de informar qual a receita

mínima necessária para que os custos e despesas sejam liquidados, evidenciando o ponto em

que o lucro, assim como o prejuízo, é nulo. Essa evidenciação é obtida através das

informações fornecidas pela contabilidade, em especial a contabilidade de custos, assim, os

vários tipos de ponto de equilíbrio podem ser demonstrados, revelando em qual ponto do

faturamento o empreendimento começa a ser lucrativo.

Para Padoveze (2010), o ponto de equilíbrio evidencia de forma quantitativa, ou seja,

demonstra o quanto é necessário produzir ou vender, para que os gastos da entidade sejam

pagos, essa informação advinda do ponto de equilíbrio é relevante para que seja identificado o

nível mínimo de atividade em que a empresa deve operar como um todo, ou em cada setor.

O objeto de estudo é uma microempresa do ramo alimentício, localizada na cidade de

Capivari de Baixo, Santa Catarina, com a instabilidade econômica apontando para a

necessidade de uma gestão atenta e dinâmica, e sendo o ponto de equilíbrio um índice que

auxilia nas tomadas de decisões de curto prazo, formulou-se a seguinte pergunta de pesquisa:

Quais as principais utilizações do ponto de equilíbrio para as tomadas de decisão de curto

prazo?

Essa necessidade de adequação ao mercado requer do gestor, agilidade e

fundamentação para um eficaz processo decisório, dessa forma o objetivo geral do estudo é:

Evidenciar as principais utilizações do ponto de equilíbrio para a tomada de decisão de curto

prazo.

Com o intuito de alcançar o objetivo geral desse estudo, propõem-se como objetivos

específicos:

I) Verificar bibliograficamente as fórmulas para o cálculo do ponto de equilíbrio;

II) Levantar dados do objeto de estudo em período específico;

III) Calcular o ponto de equilíbrio do objeto a partir dos dados coletados;

IV) Analisar a aplicabilidade do índice na realidade do objeto;

A justificativa acadêmica para a realização do estudo é a possibilidade em demonstrar

a utilização das informações contábeis, por meio da união da teoria acadêmica e sua aplicação

na prática.

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Em relação a justificativa profissional, o estudo vem corroborar para a relevância dos

dados obtidos através da contabilidade, assim como do profissional contabilista, para um

melhor desempenho da gestão organizacional.

No cenário social a justificativa é que uma organização com conhecimento de seus

números consegue permanecer estável no mercado e planejar seu desenvolvimento,

consequentemente, proporcionando oportunidades de crescimento do capital humano e da

comunidade em que está inserida.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para um melhor direcionamento e entendimento, será utilizada a fundamentação

bibliográfica dos pontos relevantes ao estudo proposto. Para tanto, essa seção aborda as

premissas da contabilidade, as ramificações da contabilidade, contabilidade tributária e

legislação, contabilidade gerencial e processo decisório, contabilidade de custos e tomada de

decisão e ponto de equilíbrio.

2.1 PREMISSAS DA CONTABILIDADE

Tão antiga quanto a existência humana, a contabilidade já era utilizada pelos homens

primitivos que, inventariavam seus instrumentos de caça e pesca, assim como seus rebanhos.

Historiadores determinam sinais objetivos de registros contábeis por volta de 2000 A.C, e

registros com maior complexidade são encontrados nas civilizações da Suméria, Babilônia,

Egito e China. Com o crescimento das atividades comerciais e o surgimento da moeda, fez-se

com que aumentasse o sentido de propriedade, inerente ao ser humano, surgindo a

necessidade de organizar, classificar e mensurar os bens produzidos e comercializados, assim,

a contabilidade, anteriormente utilizada de maneira rudimentar, evolui e acompanha o

desenvolvimento comercial, tornando-se parte essencial na atividade econômica

(IUDÍCIBUS, 2010).

A efetividade contábil foi potencializada com o capitalismo, através da necessidade de

acompanhamento do patrimônio, fazendo uso da forma quantitativa de mensuração dos

investimentos em variados ramos econômicos. O aperfeiçoamento da técnica das partidas

dobradas, fortaleceu ainda mais a contabilidade, que serve de instrumento de controle

econômico até os dias atuais, onde qualquer entidade que exerça atividade econômica, seja

esta lucrativa ou não, faz uso de sua aplicabilidade (IUDÍCIBUS et al., 2010).

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Conforme afirmação de Sá (2011) foram encontradas no Brasil, em diferentes Estados

do país, ilustrações que demonstram o controle das riquezas do homem, mas foi a chegada da

Família Real Portuguesa que, fomentando as atividades comerciais, agrícolas e industriais do

período colonial, exigiu maior estruturação e ampliação do sistema administrativo e fiscal.

Nesse período as composições das Tesourarias da Fazenda já contavam com a figura de um

contador, chamado na época de guarda-livros.

A primeira escola de contabilidade do país foi fundada em 1902, Escola de Comércio

Álvares Penteado em São Paulo, estudando a teoria da escola contábil italiana. Em 1920 é

fundada a primeira escola com a utilização contábil norte americano, que promove o

desenvolvimento profissional e a abertura de seus conhecimentos a população, elevando a

evolução entre a teoria e a prática contábil (IUDÍCIBUS, 1999).

O primeiro congresso brasileiro de contabilidade em setembro de 1924, traz a

definição de contabilidade como a ciência que analisa as funções de controle e registros

relativos aos atos e fatos da entidade econômica, trazendo assim, o primeiro indício de

conceito de contabilidade (D’AURIA, 1957 apud FABRETTI,2015).

O desenvolvimento, abrangência e utilização da contabilidade nos trouxeram variados

autores e diversificados conceitos de contabilidade, mas com o consenso de que se trata de

uma ciência social com enfoque no controle patrimonial de determinada entidade.

A contabilidade, para Oliveira (2013), é definida como ciência social capaz de

articular processos próprios, buscando estudar e controlar fatos que possam promover

alterações na situação patrimonial, econômica e financeira de determinada entidade.

Já conforme Iudícibus et al. (2010), a contabilidade pode ser compreendida como a

ciência social aplicada, que possui metodologia própria e capacidade de registrar, captar,

acumular, resumir e interpretar os fenômenos que modifiquem as situações patrimoniais,

econômicas e financeiras de qualquer entidade.

Segundo Marion (2008), a contabilidade registra todas as movimentações de

mensuração monetária, sintetizando os dados em relatórios, que são utilizados como

parâmetros na tomada de decisão pela parte interessada, tornando a contabilidade um

instrumento de informações decisórias.

Oliveira (2009), também conceitua a contabilidade como ciência que controla e

registra os atos e fatos de uma administração econômica e auxilia na evolução do patrimônio

da entidade, servindo como instrumento de prestação de contas aos usuários, em destaque os

sócios e o Fisco.

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As informações contábeis são de interesse de grupos diversificados de usuários mas

comumente pode-se mencionar os sócios, acionistas, administradores, bancos, empresários,

investidores, governo. Economistas, etc. (IUDÍCIBUS et al., 2010).

O objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio, que corresponde ao conjunto de

bens direitos e obrigações de uma entidade (OLIVEIRA, 2013). O objetivo da contabilidade,

segundo Iudícibus et al. (2010), é fornecer o maior número de informações sobre a disposição

e mutações do patrimônio da entidade aos usuários em geral.

Para que a contabilidade cumpra sua finalidade de maneira fidedigna, é necessário que

siga as normas e técnicas regulamentadas pela legislação e pelo Conselho Federal de

Contabilidade - CFC, assim como, utilizar os princípios que norteiam sua conduta, seriam

eles: entidade (afirma a necessidade de diferenciação entre a entidade e o particular);

continuidade (presume a continuação da entidade); oportunidade (as informações devem ser

completas e realizadas no tempo devido); registro pelo valor original (os registros devem ser

realizados pelo valor original das transações); competência ( os fatos devem ser registrados

no período de sua ocorrência ); prudência ( deve-se adotar o menor valor para os

componentes do ativo e maior valor para os do passivo) (CFC,2016).

A revogação da Resolução 750/93, em 2016, visa evitar as divergências doutrinárias

no processo de convergência das normas contábeis brasileiras aos padrões internacionais, isso

não exime a aplicação dos princípios da contabilidade, uma vez que, os mesmos são previstos

ao longo da nova norma de estrutura conceitual, respectivamente, a NBC TG Estrutura

Conceitual (Resolução nº1. 374/2011) e NBCTSP EC (CFC,2016).

2.2 RAMIFICAÇÕES DA CONTABILIDADE

A contabilidade, ao longo da história, vem evoluindo e se adaptando às necessidades

impostas pela economia vigente, sendo assim, o surgimento de ramificações em que as

informações são voltadas a contextos específicos e aos interesses da entidade e seus usuários,

tornou-se imperativo.

Para a proposta do estudo, serão abordadas algumas dessas ramificações, como a

contabilidade tributária, a contabilidade gerencial e a contabilidade de custos.

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2.2.1 Contabilidade Tributária e a Legislação

A legislação brasileira, em sua questão tributária, pode ser considerada complexa e

atuante visto o grande número de impostos vigentes no país, assim conforme Fabretti (2015),

a contabilidade tributária aplica de maneira prática, adequada e concomitante, as normas e

princípios da contabilidade e a legislação tributária, porém os resultados econômicos são, com

frequência, preteridos por determinação legal, sendo adaptadas as exigências legislativas, que

não condizem com o resultado contábil.

Segundo Pohlmann (2012), a contabilidade tributária dedica-se ao estudo dos

princípios, conceitos, técnicas, métodos e procedimentos aplicados na apuração dos tributos a

serem recolhidos pelas entidades, para cumprir as obrigações acessórias do Fisco, e também

buscar e analisar alternativas que viabilizem uma redução dessa carga tributária.

A contabilidade tributária para Oliveira (2009) é a especialidade da contabilidade que

objetiva o estudo e aplicação dos princípios e normas da legislação tributária, gerenciando os

tributos devidos pelas empresas com a finalidade de evitar possíveis sanções legais e fiscais,

buscando adaptar as rotinas empresariais com as obrigações tributárias.

O objeto da contabilidade tributária, para Fabretti (2014), é a apuração exata do

resultado econômico do exercício social, com uma demonstração clara e sintética que atenda

as exigências legislativas, determinando a base de cálculo fiscal que compõem provisões para

os pagamentos dos impostos e tributos, e devem ser abatidos do resultado contábil, para isso,

é necessário estudar, registrar e controlar os atos e fatos administrativos que modifiquem o

patrimônio e o resultado econômico (lucro ou prejuízo), através da escrituração contábil.

A Constituição Federal e o Código Tributário Nacional instituem, legalmente, quais os

impostos e tributos a serem recolhidos pelas empresas pelo exercício de suas atividades.

Conforme Pohlmann (2012), os tributos empresariais recolhidos de forma recorrente

são o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Imposto sobre Produtos Industrializados

(IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviço

de Qualquer Natureza (ISSQN), Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), Programa

de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social,

Contribuições previdenciárias e Simples Nacional.

O planejamento tributário, segundo Ribeiro (2014), define estratégias que tornam

possível gerenciar o cumprimento das obrigações principais e acessórias entre a entidade e o

governo.

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Ribeiro (2014) ainda relata que, o prévio conhecimento dos montantes dos tributos e

as datas de seus recolhimentos possibilitam o aproveitamento de permissões e lacunas

existentes na legislação, reduzindo, mitigando ou, até mesmo, eliminando a obrigação do

recolhimento do tributo sem, contudo, transgredir a disposição legal.

2.2.2 Contabilidade Gerencial e Processo Decisório

A relevância da informação contábil no âmbito econômico e administrativo de um

empreendimento é indiscutível, pois através da visualização de relatórios e demonstrações de

resultados pode-se perceber se um empreendimento é estável, está em ascensão ou se

atravessa um período de retração.

A contabilidade gerencial é o segmento da ciência contábil que abastece o ambiente

interno do empreendimento com informações utilizadas em sua gestão, para Anthony (1971),

a contabilidade gerencial está particularmente ligada com o controle gerencial, que é o

processo relacionado ao operacional da empresa, assegurando que os recursos sejam obtidos e

aplicados efetivamente e com eficiência para que objetivo da empresa seja realizado.

A Contabilidade Gerencial, conforme Iudícibus (1987) tem como característica o

enfoque de várias técnicas e procedimentos contábeis, tratados na contabilidade de custos,

contabilidade financeira e análises de balanços, com uma perspectiva diferente, sendo

apresentada de forma mais analítica e classificada de maneira que venha a auxiliar o processo

decisório.

No entendimento de Padoveze (2010), uma entidade possui contabilidade gerencial se

existir capital humano que consiga transpor os conceitos contábeis em atuação prática,

gerenciando essas informações e utilizando como instrumento administrativo, sendo assim,

possuir a informação contábil e não empregá-la no processo administrativo demonstra a

ausência de gerenciamento contábil e, consequentemente, a inexistência da contabilidade

gerencial.

Bazzi (2015), conceitua a contabilidade gerencial como a ramificação da contabilidade

que emprega dados históricos e estimados, com foco no usuário interno, visando operações

futuras, enfatizando a gestão, decisão, mensuração e informação de um empreendimento,

utilizando um sistema de informação gerencial (SIG), no auxílio do processo decisório,

contribuindo para a otimização dos recursos econômicos, proporcionando maior controle

gerencial e governança empresarial.

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As funções da contabilidade gerencial, conforme Marion e Ribeiro (2011), são

divididas em operacional (informações de curto prazo para a operação da empresa); gerencial

(informações de curto e médio prazo para os gerentes); estratégica (informações de longo

prazo para os executivos), que devem ser aplicadas conforme as decisões a serem tomadas.

A contabilidade gerencial, para Crepaldi (2008), possui a responsabilidade de emitir

relatórios relacionados com o controle de custos, gestão financeira, análises de processos e

orçamentos, utilizando técnicas e procedimentos contábeis, fornecendo informações

relevantes para as tomadas de decisões administrativas.

Os relatórios e informações da contabilidade gerencial podem identificar problemas

existentes ou indicar maneiras de otimizar os resultados, apontando alternativas que

viabilizem soluções para os problemas existentes (HAUSSMANN, 2001).

Crepaldi (2008) destaca a relação existente entre as informações emitidas pela

contabilidade financeira que, elaboram demonstrativos visando propósitos externos,

geralmente do interesse de acionistas, credores e governo e emite relatórios relevantes para a

contabilidade gerencial que objetiva fornecer informações para propósitos internos,

auxiliando no processo de tomada de decisões.

As diferenças entre os elementos básicos da contabilidade financeira e a contabilidade

gerencial, foram listadas por Crepaldi (2008), conforme Quadro 1.

Quadro 1 – Diferenças entre os elementos básicos da contabilidade financeira e gerencial

Elementos básicos Contabilidade financeira Contabilidade gerencial

Público-alvo Externo: acionistas, credores e

autoridades fiscais.

Interno: funcionários, gerentes e

executivos.

Objetivo

Reportar o desempenho passado

com finalidades externas;

contratos com proprietários e

credores.

Informar para tomada de decisões

internas feita por empregados,

gestores e executivos; feedback e

controle do desempenho das

operações.

Temporalidade Histórica; passada. Corrente; orientada para o futuro.

Restrições

Reguladas: regras direcionadas

por princípios fundamentais de

contabilidade e por autoridades

governamentais.

Sem regras estabelecidas: sistemas

e informações determinados por

gerentes para encontro de

necessidades estratégicas e

operacionais.

Tipo de informação Medidas financeiras somente. Financeiras mais medidas

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Elementos básicos Contabilidade financeira Contabilidade gerencial

operacionais e físicas sobre

processos, tecnologias,

fornecedores, clientes e

competidores.

Natureza da informação Objetiva, auditável, confiável,

consistente, precisa.

Mais subjetiva e de juízos, válidas,

relevantes, acuradas

Escopo Altamente agregado; relatórios

sobre a organização inteira.

Desagregado, de informações a

ações e decisões locais.

Fonte: Crepaldi (2008, p.08)

2.2.3 Contabilidade de Custos e Tomada de Decisão

Uma economia globalizada e suas mudanças exigem dos gestores uma atuação com

maior dinamismo e competitividade, além de um maior gerenciamento dos custos

operacionais, zelando pela sobrevivência e crescimento do empreendimento, visto que os

limites econômicos e financeiros foram expandidos com a globalização.

A função primordial da contabilidade de custos, conforme Viceconti (2003) era a

avaliação dos estoques das empresas industriais, empregando para isso, uma apuração similar

utilizada para as empresas comerciais, apesar da maior complexidade existente nas empresas

industriais.

Para Martins (2010), a distância entre administrador, ativos e pessoas administradas

fez com que a contabilidade de custos fosse vista como uma maneira de auxiliar no controle e

gerenciamento, através de informações que estabelecem padrões, orçamentos e outras formas

de previsões, ajudando nas tomadas de decisões.

Segundo Crepaldi (2010), a contabilidade de custos identifica, mensura e informa os

custos de produtos e serviços, assim como, planeja, aloca, organiza, analisa e interpreta os

custos dos produtos fabricados e vendidos.

Implementar e manter um sistema que contabiliza e apura os custos, conforme

Oliveira (2012), advém da necessidade em atender a área gerencial, assim como, a fiscal e

societária, cumprindo as exigências previstas pela legislação.

Crepaldi (2010) relata ainda que, a contabilidade de custos possui como fonte

principal a contabilidade financeira e, ainda que faça parte da contabilidade gerencial, dispõe

de técnicas que podem ser aplicadas em diversas atividades, sem se restringir as formalidades

da contabilidade geral.

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A finalidade básica de um sistema de custeio, conforme afirmação de Silva (2014) é

de oferecer informações relevantes, confiáveis e oportunas para a tomada de decisões, seja

através da avaliação do estoque e controle de desempenho, assim como, nas demais decisões

diárias que, a partir de informações precisas, tornam-se mais confiáveis e seguras.

As terminologias comumente aplicadas à contabilidade de custos são descritas por

Martins (2000), conforme Quadro 2.

Quadro 2– Terminologias de custos

TERMINOLOGIA DE CUSTOS

GASTO

Entrega ou promessa de entrega de ativos através da renúncia financeira para se obter um

produto ou serviço; equivale a expressão genérica e ampla, que requer o reconhecimento da

dívida ou redução do ativo dado em pagamento.

INVESTIMENTO Gasto efetuado para que ocorra a continuidade da empresa; aquisição de bens com a

finalidade em contribuir nas atividades empresariais.

CUSTO É o gasto inerente ao bem ou serviço aplicado no processo de produção de outros bens ou

serviços.

DESPESA É o sacrifício efetuado para a obtenção de receita, que integram o processo produtivo

DESEMBOLSO É um termo com foco no fluxo de caixa; o momento da efetiva retirada das disponibilidades

da empresa.

PERDA É quando o bem ou serviço foram consumidos de forma anormal e/ou involuntária, sendo

vinculado diretamente à redução do resultado da empresa no período.

Fonte: Martins (2000).

O ato de se apropriar dos custos dos insumos de produção é chamado de custeio, e o

chamado critério de custeio é a forma desenvolvida pela contabilidade para essa apropriação

(CARIOCA, 2014),

Crepaldi (2010) divide a apropriação entre: custos diretos, como sendo aqueles

diretamente relacionados com os produtos e possuem alguma variação, geralmente, associada

com a quantidade produzida e os custos indiretos que necessitam de rateio para ser alocado ao

produto, uma vez que, não estão diretamente relacionados ao mesmo.

Já Wernke (2005) diz que, os custos diretos são os que facilmente podem ser

atribuídos diretamente a cada produto fabricado no período e os custos indiretos englobam

itens com difícil identificação nas unidades fabricadas, necessitando utilizar o rateio para

serem atribuídos ao produto.

Quanto à relação de volume de produção, Silva (2014), apresenta os custos fixos como

aqueles que independente do volume produzido permanecem constantes, seu peso será menor

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quanto maior a capacidade produtiva e os custos variáveis estão relacionados diretamente ao

volume de produção, quanto maior a quantidade produzida, maior o montante dos custos.

Wernke (2005), afirma que os gastos totais do período relacionados

proporcionalmente com o volume de produção, são classificados como custos variáveis,

enquanto os valores que possuem a tendência a permanecerem constantes, apesar das

alterações na produção, classificam-se como custos fixos.

Ressalta Schier (2011) que, o sistema de custeio variável ou direto é coibido pela

legislação e, também, não atende aos princípios da contabilidade, sendo recomendado sua

utilização somente para análises internas decorrentes da contabilidade gerencial.

2.2.4 Custo –Volume- Lucro

Diversas ferramentas gerenciais da área de custos podem ser utilizadas, habitualmente,

por administradores que lidam com preços, para auxilio nas tomadas de decisões, previsão ou

planejamento do lucro.

Conforme Bornia (2010), a análise de custo-volume-lucro, é um conjunto de

procedimentos que determina qual a influência provocada no lucro, através das alterações

ocorridas nas quantidades vendidas e nos custos, estas análises estão relacionadas ao sistema

de custos e servem para auxiliar nas tomadas de decisões de curto prazo.

A análise de custo-volume-lucro, para Crepaldi (2010), permite o estudo das relações

entre custo, nível de atividades e receitas, medindo sua extensão sobre o lucro e apoia a

tomada de decisões relacionadas com a fabricação ou compras, introdução de produtos,

determinação do preço de venda, facilitando a elaboração, controle e flexibilidade dos

orçamentos, permitindo a projeção dos lucros e induzindo a redução de gastos.

Essa consideração da análise de custo-volume-lucro é salientada por Jiambalvo

(2002), como sendo a exploração das relações entre os custos, volumes ou níveis de

atividades e lucro, definindo a forma como os lucros e custos se alteram com a mudança do

volume, estimando os custos fixos e variáveis.

2.2.4.1 Margem de Contribuição

A margem de contribuição é definida por Carioca (2014), como o valor gerado por

cada produto, que auxiliam a cobertura das despesas fixas, levando em consideração os

efetivos custos pertencentes ao produto (custos variáveis), representando o lucro variável.

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Crepaldi (2010)salienta a relevância da margem de contribuição para o custeio

variável e decisões gerenciais, em especial as de curto prazo, podendo indicar uma melhor

utilização da capacidade produtiva da empresa e da formulação de preço de venda. A fórmula

para o cálculo, conforme Crepaldi (2010), é descrita no Quadro 3.

Quadro 3 – Fórmula Margem Contribuição

Fórmula Descrição

MC = PV-CV-DV

MC= Margem Contribuição; PV= Preço Venda; CV=

Soma Custos Variáveis; DV= Soma Despesas

Varáveis;

Fonte: Crepaldi (2010).

2.3 PONTO DE EQUILÍBRIO

O ponto de equilíbrio busca o percentual, receita ou produção em que as receitas

cubram as despesas, o conhecimento desse ponto faz com que a empresa, e sua administração,

tenham condições de esboçar planejamentos e estratégias para uma melhor rentabilidade e

lucratividade.

Segundo Padoveze (2010) o ponto de equilíbrio evidencia, quantitativamente, o

volume que a empresa necessita produzir ou vender, para igualar seus gastos totais, uma vez

que, o ponto de equilíbrio representa o nível de venda onde inexiste lucro ou prejuízo. Sendo

assim, os volumes encontrados acima do ponto de equilíbrio representam o lucro obtido e os

localizados abaixo o prejuízo sofrido, auxiliando a gestão de curto prazo.

O ponto de equilíbrio é indicado por Wernke (2004), como ponto de partida ou ponto

de nivelamento, para o gestor é necessário conhecer qual volume de atividade é suficiente

para que a empresa não tenha prejuízo, ou ainda, qual o nível de produção (ou vendas) que

deve ser alcançado para se obter o lucro desejado, através do conhecimento desse ponto o

gestor possuirá maior segurança para as tomadas de decisões.

2.3.1Tipos de Ponto de Equilíbrio

Segundo Bornia (2009), a diferença entre os tipos de ponto de equilíbrio está na

relação entre os custos e despesas fixas a serem considerados em cada caso, assim, são

conceitualmente apresentados três tipos de ponto de equilíbrio: Contábil, Econômico e

Financeiro.

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O ponto de equilíbrio contábil, conforme Ribeiro (2009), é referente ao nível atingido

pela empresa onde a receita total se iguala aos custos e despesas totais, assim, não existe

contabilmente, nem lucro nem prejuízo.

Já para Bruni (2008), o ponto de equilíbrio contábil indica a quantia das vendas ou

faturamento que o empreendimento necessita para cobrir todos os seus gastos.

O conceito desenvolvido por Bornia (2009) diz que, todos os custos e despesas para o

funcionamento da empresa são levados em consideração para o cálculo do ponto de

equilíbrio.

Bornia (2009) ainda afirma que, o ponto de equilíbrio econômico é aquele em que é

adicionado aos custos e despesas fixas, os custos relativos ao lucro almejado (ou de

oportunidade), referentes ao capital investido.

Mencionando esse conceito, Ribeiro (2009), diz que o ponto de equilíbrio é o estágio

em que a receita total obtida pelas vendas dos produtos é suficiente para cobrir os custos e

despesas totais e, ainda, oferece uma margem de lucro pelo capital investido na empresa.

O ponto de equilíbrio financeiro determina o nível em que as atividades operacionais

cobrem todos os custos e despesas variáveis, excluindo do montante os custos que não

representam saídas de recursos da organização (WERNKE,2005).

As fórmulas utilizadas para os cálculos dos diversos ponto de equilíbrio, são descritas

por Ribeiro (2009), conforme Quadro 4.

Quadro 4- Fórmulas Ponto de Equilíbrio

Tipo Fórmula Descrição

Contábil PEC=CDFT/MCU

PEC=Ponto Equilíbrio Contábil

CDFT= Custos e Despesas Fixas Totais

MCU= Margem de Contribuição

Unitária

Econômico PEE=CDFT+ML/MCU

PEE= Ponto Equilíbrio Econômico

CDFT=Custos e Despesas Fixas Totais

ML= Margem de Lucro

MCU= Margem de Contribuição

Unitária

Financeiro PEF=CDFT-CDNF/MCU

PEF= Ponto Equilíbrio Financeiro

CDFT= Custos e Despesas Fixas Totais

CDNF= Custos e Despesas não

Financeiras

MCU= Margem Contribuição Unitária

Fonte: Ribeiro (2009).

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2.3.1.2 Benefícios e Limitações do Ponto de Equilíbrio

Os benefícios do ponto de equilíbrio quando utilizado como ferramenta auxiliar na

contabilidade gerencial, possui diversos enfoques.

Para Wernke (2004), calcular e analisar o ponto de equilíbrio proporciona informações

relevantes referentes a produção, vendas e política empresarial servindo de referências quanto

ao comportamento do mercado, oportunidades de marketing entre outros, que ajudam no

desenvolvimento empresarial.

Em contra partida aos benefícios promovidos pela evidenciação do ponto de

equilíbrio, o mesmo oferece limitações, conforme Wernke (2008) é necessário o gestor

considerar o período de análise, uma vez que sua eficiência se dá para as tomadas de decisões

de curto prazo.

Outro ponto dessa limitação é apresentado por Santos (1987), relatando que possíveis

variações de preços, sem a alteração dos custos devem ser consideradas, assim como, a

atenção quanto a análise dos custos fixos e variáveis, pois custos fixos analisados

unitariamente podem aparentar serem variáveis e os custos variáveis analisados em seu total,

entendidos como fixos.

Desse modo ao utilizar e / ou aplicar o ponto de equilíbrio, os fatos sobre sua limitação

devem ser levados em consideração, visto que sua eficácia limita-se as tomadas de decisões

de curto prazo.

3 MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA

Essa seção trata do enquadramento e procedimento metodológico da pesquisa que,

segundo Marconi e Lakatos (2010) é o conjunto sistêmico de atividades que permite atingir o

objetivo proposto, norteando o caminho a ser seguido para que os conhecimentos obtidos

sejam válidos e verdadeiros.

Nesse contexto, serão utilizadas as informações adquiridas através do estágio

vivenciado no objeto de estudo.

3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

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Referente ao enquadramento metodológico, a natureza do objetivo da pesquisa se

enquadra como exploratória, que segundo Andrade (2002), permite maiores informações

acerca de determinado fato.

Quanto à natureza da pesquisa, trata-se de um estudo teórico e prático, sendo que os

aspectos teóricos ficam a cargo da busca de conceitos e teorias em livros, revistas e demais

publicações que tratam do tema que, conforme Gil (2010) fornece fundamentação ao estudo.

Já em seu aspecto prático, ainda segundo Gil (2010), o estudo investiga um único

objeto em profundidade, no caso, a empresa Restaurante Frigideira, preservando o caráter

único do objeto.

A lógica da pesquisa dá-se de forma dedutiva uma vez que, segundo Gil (2008), parte

de princípios gerais reconhecidos, possibilitando chegar a uma conclusão formal particular.

A coleta de dados parte da utilização de dados secundários, obtidos através de

relatórios internos e contábeis de um período de seis meses, mas precisamente, de janeiro de

2017 a junho de 2017, para Duarte (2002), a conclusão do estudo é possível devido aos

instrumentos utilizados para a coleta de dados e a interpretação de sua análise.

Em relação a abordagem da pesquisa, o estudo classifica-se como qualitativo, uma vez

que, não são utilizados cálculos de alta complexidade estatística para que o resultado seja

alcançado, conforme Godoy (1995), a pesquisa qualitativa procura compreender os dados sob

a perspectiva do ambiente, destaca-se, porém, que alguns aspectos quantitativos devem ser

considerados, pois serão necessários cálculos que possibilitem a análise dos dados coletados.

Quanto ao resultado da pesquisa pode se afirmar que se trata de um estudo aplicado,

pois gera conhecimento em resposta a solução da pergunta: “Quais as principais utilizações do

ponto de equilíbrio para decisões de curto prazo?”, de acordo com Barros e Lehfeld (2000), o

conhecimento produzido possui o objetivo de contribuir para a solução das necessidades reais.

O procedimento técnico utilizado foi o estudo de caso onde, segundo Beuren (2008), o

pesquisador possui a oportunidade de verificar os fenômenos no ambiente em que ocorrem,

com acesso a informações detalhadas do objeto em estudo.

3.2 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

Para a coleta de dados foi utilizado o procedimento documental, uma vez que, as

informações foram obtidas através de relatórios e documentos internos, tais como:

Demonstração de Resultados, notas fiscais de fornecedores, folha de pagamentos, impostos

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recolhidos, extratos financeiros e demais informações disponibilizadas durante o estágio de

312 horas, realizado no empreendimento.

4 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

O objeto de estudo é uma microempresa do ramo alimentício, localizada na região

central do município de Capivari de Baixo – SC, registrada sob a razão social de J.A Moura

Restaurante Ltda. ME, e optante pelo Simples Nacional.

Com o nome fantasia de Restaurante Frigideira, a ME foi fundada por quatro sócios

em novembro de 2010, nessa época as principais funções operacionais como a cozinha,

churrasqueira, atendimento e caixa eram exercidas por cada um dos sócios, auxiliados por

colaboradores. No ano de 2015, o quadro societário foi modificado e hoje possui dois sócios,

sendo que, a responsabilidade da administração recai para apenas um.

O quadro funcional do restaurante possui oito colaboradores, distribuídos entre a área

de manipulação de alimentos, com duas cozinheiras, uma saladeira e dois ajudantes de

cozinha e a área de atendimento, com um churrasqueiro e dois atendentes, utilizando também

colaboradores extras, quando necessário.

Com funcionamento diário para almoço e capacidade máxima de 150 lugares, oferece

diversificado Buffet quente e frio, incluindo churrasco e sobremesas, assim como refeições

para viagem, através de marmitas.

A maior parte de seus clientes são trabalhadores e moradores das imediações,

principalmente de segunda a sexta-feira; aos finais de semana o público é, em sua maioria,

formado por famílias da cidade e adjacências.

Os ingredientes utilizados possuem procedência registrada nos órgãos competentes, e

são fornecidos através de distribuidores como OESA, BRF, BestBeef entre outros, assim

como, por agricultores da região através dos ingredientes de hortifrúti.

A contabilidade do restaurante é terceirizada e realizada pela ETSUL Contabilidade,

localizada na cidade de Tubarão, utilizando o sistema de malotes para o envio da

documentação através de funcionário autorizado e arquivos eletrônicos.

Ainda que a localização do restaurante se encontre fora da área litorânea, a

proximidade das praias da região faz com que a sazonalidade no período de férias de verão

seja observada em seu faturamento, desse modo, o conhecimento das informações contábeis e

sua aplicação no âmbito gerencial podem auxiliar no planejamento operacional e de gestão do

empreendimento.

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4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

As informações coletadas foram agrupadas e demonstradas por meio dos quadros

denominados: receitas, custos fixos, custos variáveis, despesas fixas, despesas variáveis, com

totais mensurados mensalmente.

Quadro 5 – Totalizador de receitas do período

Receitas

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho TOTAL

Total de

Receita R$ 51.831,86 R$ 40.445,47 R$ 52.742,05 R$ 51.907,69 R$ 55.901,99 R$ 56.685,41 R$ 309.514,47

Fonte: Elaborado pela autora

Os totais das receitas demonstrados no quadro 5, referem-se aos valores apurados com

as vendas das refeições nos meses em que os dados foram coletados.

Quadro 6 – Totalizador de custos fixos

Custos Fixos

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho

Salário/Encargos

R$ 12.655,36 R$ 17.218,84 R$ 15.371,36 R$ 12.813,30 R$ 12.838,46 R$ 13.219,95

Aluguel R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00

Água/Luz/Tel. R$ 2.856,22 R$ 3.243,64 R$ 3.524,64 R$ 3.396,85 R$ 3.012,96 R$ 2.591,09

Material Limpeza

R$ 352,50 R$ 343,80 R$ 344,20 R$ 350,60 R$ 356,80 R$ 355,60

Impostos R$ 3.009,92 R$ 2.648,14 R$ 3.442,41 R$ 3.254,06 R$ 3.556,84 R$ 3.593,16

Total R$ 20.874,00 R$ 25.454,42 R$ 24.682,61 R$ 21.814,81 R$ 21.765,06 R$ 21.759,80

Fonte: Elaborado pela autora

Para a elaboração do Quadro 6, custos fixos, foram utilizados os valores coletados

através das folhas de pagamentos, DAS, contas de água, luz e telefone e materiais utilizados

para a limpeza.

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Quadro 7 – Totalizador de custos variáveis

Custos Variáveis

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho

Ingredientes R$ 2.427,30 R$ 2.027,13 R$ 2.097,46 R$ 2.268,72 R$ 2.588,85 R$ 2.682,70

Carnes R$ 7.544,48 R$ 8.963,97 R$ 10.850,40 R$ 11.215,47 R$ 13.646,11 R$ 11.419,04

Hortifruti R$ 1.381,90 R$ 1.358,80 R$ 1.468,00 R$ 1.400,70 R$ 1.466,00 R$ 1.471,00

Gás R$ 880,60 R$ 780,00 R$ 985,00 R$ 980,00 R$ 980,00 R$ 985,00

Embalagens R$ 323,75 R$ 359,60 R$ 376,13 R$ 368,11 R$ 441,38 R$ 426,54

Total R$ 12.558,03 R$ 13.489,50 R$ 15.776,99 R$ 16.233,00 R$ 19.122,34 R$ 16.984,28

Fonte: Elaborado pela autora

Os valores evidenciados através do Quadro7, custos variáveis, levam em consideração

a matéria prima, ingredientes, para a produção das refeições, assim como, o gás para seu

preparo e as embalagens utilizadas para opção de refeições para viagem.

Quadro 8 – Totalizador de despesas fixas

Despesas Fixas

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho

Vigilância R$ 180,00 R$ 180,00 R$ 180,00 R$ 180,00 R$ 180,00 R$ 180,00

Sistema R$ 125,00 R$ 125,00 R$ 125,00 R$ 125,00 R$ 125,00 R$ 125,00

Outras R$ 265,00 R$ 300,00 R$ 297,77 R$ 300,00 R$ 360,00 R$ 309,00

Total R$ 570,00 R$ 605,00 R$ 602,77 R$ 605,00 R$ 665,00 R$ 614,00

Fonte: Elaborado pela autora

As despesas fixas do período apurado demonstradas no Quadro 8, são referentes ao sistema

operacional utilizado para a emissão de cupom fiscal, registro de bebidas, estoque e demais

itens vendidos, o sistema de alarme e vigilância, contabilidade, entre outras.

Quadro 9 – Totalizador de despesas variáveis

Despesas Variáveis

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho

Financeiras R$ 527,40 R$ 466,82 R$ 670,73 R$ 615,91 R$ 574,87 R$ 537,70

Manutenção R$ 280,00 R$ 250,00 R$ 280,00 R$ 200,00 R$ 285,00 R$ 300,00

Total R$ 807,40 R$ 716,82 R$ 950,73 R$ 815,91 R$ 859,87 R$ 837,70

Fonte: Elaborado pela autora

O Quadro 9, despesas variáveis, demonstra os totais encontrados no período referentes as

despesas financeiras com vendas a credito e com manutenção de equipamentos.

Foi realizada, também, uma estimativa dos custos médios para a realização de 150

refeições diárias, apresentada por meio do Quadro 10.

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Quadro 10 – Estimativo dos custos para produção das refeições

Média 150 refeições dia

Arroz R$ 7,99

Feijão R$ 8,37

Macarrão R$ 8,45

Óleo R$ 2,69

Temperos R$ 2,65

Fritas R$ 23,95

Frango R$ 62,50

Linguiça R$ 35,80

Churrasco R$ 325,80

Saladas R$ 75,80

Verduras R$ 42,50

Sobremesas R$ 55,80

Total R$ 652,30 Fonte: Elaborado pela autora

Todas as informações referentes aos custos diretos e indiretos, assim como as despesas

fixas e variáveis, foram compiladas em planilha para efeito de cálculo, objetivando encontrar

o ponto de equilíbrio relativo à produção das refeições.

Cabe ressaltar que, somente os custos intrínsecos na produção das refeições foram

utilizados para o cálculo do ponto de equilíbrio, uma vez que são as responsáveis pela

sustentabilidade do empreendimento.

Para a obtenção dos resultados, foram mensurados os totais dos custos fixos e variáveis e das

despesas fixas e variáveis, resultando no total dos gastos, assim como, o total das receitas,

demonstrados através do Quadro 11 e Quadro 12.

Quadro 11 – Totalizador de gastos

Total de Gastos

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho TOTAL

Custos Fixos R$ 20.874,00 R$ 25.454,42 R$ 24.682,61 R$ 21.814,81 R$ 21.765,06 R$ 21.759,80 R$ 136.350,70

Custos Variáveis R$ 12.558,03 R$ 13.489,50 R$ 15.776,99 R$ 16.233,00 R$ 19.122,34 R$ 16.984,28 R$ 94.164,14

Despesas Fixas R$ 570,00 R$ 605,00 R$ 602,77 R$ 605,00 R$ 665,00 R$ 614,00 R$ 3.661,77

Despesas Variáveis R$ 807,40 R$ 716,82 R$ 950,73 R$ 815,91 R$ 859,87 R$ 837,70 R$ 4.988,43

TOTAL GASTOS R$ 34.809,43 R$ 40.265,74 R$ 42.013,10 R$ 39.468,72 R$ 42.412,27 R$ 40.195,78 R$ 239.165,04

Fonte: Elaborado pela autora

Para a elaboração do Quadro 11, Total de Gastos, foram somados os custos fixos e

variáveis dos dados coletados, assim como, a soma das despesas fixas e variáveis, resultando

no total dos gastos do período apurado.

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O Quadro 12, Total de Receita, demonstra os totais apurados com as vendas das

refeições nos meses de janeiro a junho de 2017.

Quadro 12 – Totalizador de receita do período

Total de Receita

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho TOTAL

Total de

Receita R$ 51.831,86 R$ 40.445,47 R$ 52.742,05 R$ 51.907,69 R$ 55.901,99 R$ 56.685,41 R$ 309.514,47

Fonte: Elaborado pela autora

Partindo das informações dispostas nos quadros 11 e 12, foi elaborada a planilha para

localizar a margem de contribuição, conforme demonstra o Quadro 13.

Quadro 13 – Margem de contribuição

Margem de Contribuição

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho TOTAL

(+ )Receita R$ 51.831,86 R$ 40.445,47 R$ 52.742,05 R$ 51.907,69 R$ 55.901,99 R$ 56.685,41 R$ 309.514,47

( - ) Custos Variáveis R$ 12.558,03 R$ 13.489,50 R$ 15.776,99 R$ 16.233,00 R$ 19.122,34 R$ 16.984,28 R$ 94.164,14

( - ) Despesas Variáveis R$ 807,40 R$ 716,82 R$ 950,73 R$ 815,91 R$ 859,87 R$ 837,70 R$ 4.988,43

( = )Margem de Contribuição

R$ 38.466,43

R$

26.239,15

R$

36.014,33

R$

34.858,78

R$

35.919,78

R$

38.863,43

R$

210.361,90

74,21% 64,88% 68,28% 67,16% 64,25% 68,56% 67,97%

( - ) Custos Fixos R$ 20.874,00 R$ 25.454,42 R$ 24.682,61 R$ 21.814,81 R$ 21.765,06 R$ 21.759,80 R$ 136.350,70

( - ) Despesas Fixas R$ 570,00 R$ 605,00 R$ 602,77 R$ 605,00 R$ 665,00 R$ 614,00 R$ 3.661,77

( = ) Lucro R$ 17.022,43 R$ 179,73

R$

10.728,95

R$

12.438,97

R$

13.489,72

R$

16.489,63 R$ 70.349,43

32,84% 0,44% 20,34% 23,96% 24,13% 29,09% 22,73%

Fonte: Elaborado pela autora

Para o cálculo da margem de contribuição, foram subtraídos do total da receita, os totais dos

custos variáveis, juntamente com os totais das despesas variáveis, resultando nos valores e

percentuais da margem de contribuição dos períodos apurados.

Foram reduzidos dos valores da margem de contribuição encontrados, os custos e

despesas fixas do período, possibilitando evidenciar, assim, os valores e percentuais de lucro

obtido nos períodos.

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Quadro 14 – Ponto de Equilíbrio

Ponto de Equilíbrio

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho TOTAL

Custos Fixos R$ 20.874,00 R$ 25.454,42 R$ 24.682,61 R$ 21.814,81 R$ 21.765,06 R$ 21.759,80 R$ 136.350,70

Despesas Fixas R$ 570,00 R$ 605,00 R$ 602,77 R$ 605,00 R$ 665,00 R$ 614,00 R$ 3.661,77

Margem de Contribuição 74,21% 64,88% 68,28% 67,16% 64,25% 68,56% 67,97%

Ponto de Equilíbrio (MÊS) R$ 28.894,87 R$ 40.168,43 R$ 37.029,78 R$ 33.385,01 R$ 34.907,93 R$ 32.633,97 R$ 206.006,34

Ponto de Equilíbrio (DIA) R$ 963,16 R$ 1.434,59 R$ 1.234,33 R$ 1.112,83 R$ 1.163,60 R$ 1.087,80 R$ 1.157,34

Fonte: Elaborado pela autora

Para o cálculo do ponto de equilíbrio contábil, utilizaram-se os totais dos custos fixos

somados aos totais das despesas fixas, divididos pela margem de contribuição, resultando no

valor do ponto de equilíbrio contábil mensal.

Dividindo o valor do ponto de equilíbrio mensal pelo número de dias do mês (30),

obtém-se o valor do ponto de equilíbrio diário do período.

4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

As fórmulas descritas, no Quadro 3 e 4, do referencial teórico,foram aplicadas aos

dados coletados no período de janeiro a junho de 2017, proporcionando a apuração da

margem de contribuição que, consequentemente, permitiu a evidenciação do ponto de

equilíbrio contábil mensal e diário.

Por meio das informações obtidas na apuração da margem de contribuição, Quadro 3, pode-se

observar a sazonalidade referida anteriormente na caracterização do objeto, demonstrada pela

redução de R$ 11.386,39 (-21.98%) da receita em fevereiro proporcionando, dessa forma, o

menor percentual de lucro do período apurado, apenas 0,44%.

Ainda no período de fevereiro, nota-se o aumento de R$ 4.607,42 (21,94%) dos custos

fixos, ocasionado pelo aumento na folha de pagamento, referente a efetivação do dissídio da

categoria laboral.

Os custos variáveis, também, apresentaram aumento no mês de abril, (29,26%), e mais

acentuadamente em maio, com um acréscimo de R$ 6.564,31, (52,27%), em relação ao mês

de janeiro, gerado pela sazonalidade das matérias prima utilizadas para a elaboração das

refeições.

Pode- se observar certa homogeneidade nos percentuais da margem de contribuição e lucro,

com pequenas variações, exceto pelo maior percentual atingido no período de janeiro e pelo

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baixo índice de lucro no período de fevereiro, essa semelhança pode ser observada,

igualmente, nos resultados do ponto de equilíbrio diário, salvo nas exceções já mencionadas.

4.3 VISÃO SISTÊMICA APLICADA AO CASO

A contabilidade como uma ciência social, se adapta as necessidades de seus usuários

tornando-se parte essencial de qualquer empreendimento, primordialmente utilizada para a

mensuração de pertences, seu desenvolvimento e adequação acontecem de maneira

concomitante ao crescimento comercial da sociedade capitalista.

Através de sua contínua adaptação, a contabilidade é capaz de produzir informações para os

mais diferentes usuários e aplicações, como as geradas pela contabilidade gerencial,

adequadas para a gestão do empreendimento como um todo.

As informações originadas pela contabilidade de custos tornam possível o cálculo de diversos

índices relevantes para a sustentabilidade dos empreendimentos, entre esses índices encontra-

se o do ponto de equilíbrio contábil, que conforme Wernke (2004) permite ao gestor maior

segurança nas tomadas de decisões.

No estudo de caso realizado, a evidenciação do ponto de equilíbrio oferece uma visão

da situação do empreendimento em seu momento atual, amparando as decisões operacionais

para o melhoramento de seu desempenho em curto prazo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma gestão empreendedora e dinâmica, que venha a utilizar as informações geradas

pela contabilidade, pode criar um diferencial e, com isso, destacar-se em seu segmento,

obtendo consolidação e crescimento no mercado.

Os objetivos específicos foram efetivados por meio da verificação bibliográfica das

fórmulas empregadas para encontrar a margem de contribuição e o ponto de equilíbrio

dispostas nos Quadros 3 e 4, a realização da coleta de dados referentes ao período de janeiro a

junho de 2017 demonstrados nos Quadros 5,6,7,8 e 9, assim como, o cálculo do ponto de

equilíbrio contábil mensal e diário evidenciados no Quadro 14.

Os resultados obtidos através dos cálculos da margem de contribuição, percentual de

lucro e ponto de nivelamento ou equilíbrio, que representam o posicionamento atual do

empreendimento, figuram para a aplicabilidade da informação gerada, já que permite

visualizar o ponto em que o empreendimento inicia sua lucratividade, dessa forma, a

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evidenciação do ponto de equilíbrio vem auxiliar o gestor em decisões imediatas e de curto

prazo

O objetivo geral foi alcançado uma vez que, as informações advindas da evidenciação

do ponto de equilíbrio possuem relevância para as tomadas de decisões de curto prazo, no

estudo de caso, sua utilização pode contribuir para uma estimativa mais eficaz na provisão da

folha de pagamento, assim como, para direcionar um planejamento de reservas visando o

período de sazonalidade.

A evidenciação do ponto de equilíbrio pode ser aplicada para promover a revisão dos

processos produtivos abalizando a redução dos custos e, ainda, oportunizar o conhecimento

do ponto de equilíbrio diário, como forma de controlar a lucratividade, promovendo a

alavancagem de vendas, por meio de estratégias de marketing, promoções e fidelizações

especiais, caso o índice diário estimado não seja alcançado até o final da primeira quinzena.

Ressaltando que o ponto de equilíbrio deve ser revisto com periodicidade, para que se

obtenha um melhor aproveitamento do resultado encontrado, visto que, as mudanças no

cenário mercantil são frequentes, e exige clareza e dinamismo da parte administrativa do

empreendimento.

O estudo visa corroborar para a relevância das informações contábeis nos

empreendimentos comerciais de qualquer natureza, demonstrando que o conhecimento dos

índices que a contabilidade propicia, assim como, suas aplicações no processo de tomada de

decisão, cooperam para uma gestão mais ativa e eficaz, contribuindo para a continuidade,

desenvolvimento e consolidação das atividades do empreendimento.

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