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FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO DE GESTÃO DE SAUDE PÚBLICA. APROVADA NOTA: 9,5 O ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL DE IDOSOS PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL – UM PROJETO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE OLIVALDO MORAES SOUSA JUINA/MT Outubro/2014

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FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO

JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO DE GESTÃO DE SAUDE PÚBLICA.

APROVADA

NOTA: 9,5

O ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL DE IDOSOS PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL – UM PROJETO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE

OLIVALDO MORAES SOUSA

JUINA/MT

Outubro/2014

FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO

JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO DE GESTÃO DE SAUDE PUBLICA.

O ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL DE IDOSOS PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL – UM PROJETO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE

OLIVALDO MORAES SOUSA

Trabalho de Conclusão do Curso apresentado pelo discente Olivaldo Moraes Sousa da Especialização de Gestão em Saúde Pública, sob a orientação da prof. Dra. Leda Maria de Souza Villaça

JUINA/MT

Outubro/2014

AGRADECIMENTO

À Deus por estar presente em minha vida e de minha família.

À valiosa contribuição da minha esposa Jucelia para a finalização deste trabalho.

Ao meu irmão Ságuas por todas as vezes que contribuiu e me incentivou durante

toda esta caminhada.

Aos meus pais Waldomiro e Olivia, por terem acreditado em mim, por terem me

apoiado em algumas decisões importantes no decorrer deste percurso.

À todos os docentes por fazerem parte desta longa caminhada e por estarem

sempre contribuindo com o meu enriquecimento profissional.

À todos os meus colegas do curso que sempre juntos enfrentamos grandes

obstáculos.

Ao grupo de idosos pela imensa contribuição para a conclusão deste trabalho.

Enfim, a todos que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização deste

trabalho.

RESUMO

Introdução: O presente estudo qualitativo, através de pesquisa participativa retrata

a educação em saúde, como instrumento de trabalho do enfermeiro a fim de

potencializar o envelhecimento saudável para idosos portadores de hipertensão

arterial numa unidade de saúde de Juina. Método: Os dados da pesquisa foram

coletados através da observação de atividades realizadas com o grupo dos idosos

na unidade básica de saúde e na realização de entrevistas com a aplicação de

questionário com perguntas abertas. Conclusão: Para atuar com esse grupo é

importante o comprometimento de toda equipe de saúde no desenvolvimento das

ações educativas que vise a prevenção, promoção e recuperação da saúde.

Palavras-Chave: Enfermagem, Envelhecimento, Idoso.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6

I REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 10

II MATERIAL E MÉTODO ......................................................................................... 18

2.1 Tipo de Estudo ................................................................................................................ 18

2.2 Universo do estudo e amostra ......................................................................................... 18

2.3 Coleta de dados ............................................................................................................... 18

2.4 Análise de Dados ............................................................................................................ 19

III RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 20

3.1 Rodas de Conversas ......................................................................................... 20

3.2 Observação das rotinas da Unidade de Saúde frente à Hipertensão arterial em idosos. ............................................................................................................................. 21

3.3 Relato dos idosos ............................................................................................. 22

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 26

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 28

6

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a população idosa no Brasil tem aumentado

consideravelmente e este aumento é consequência da diminuição da mortalidade,

da fecundidade, do aumento da expectativa de vida e das melhorias das condições

de vida.

Silva (2005) salienta que a reflexão sobre o envelhecimento de uma

população não pode e nem deve se resumir a uma mera análise demográfica, mas,

sobretudo incluir os aspectos sócio-econômicos e culturais de um povo, a fim de que

se possa perceber de forma mais nítida as consequências, mudanças, desafios e

perspectivas que esse processo traz consigo e quais as medidas e as políticas

sociais que devem ser adotadas diante desse novo fenômeno, que se apresenta á

sociedade brasileira.

A educação em saúde é um dos mais importantes elos entre os desejos e

expectativas da população por uma vida melhor e as projeções e estimativas dos

governantes ao oferecer programas de saúde mais eficientes.

Nesse contexto, o profissional da equipe de saúde precisa ser capaz de atuar

com criatividade e senso crítico, mediante uma prática competente e resolutiva,

articulando os diversos setores envolvidos na promoção da saúde. Para que isto

aconteça, é preciso uma interação com a comunidade, no sentido de mobilizá-la e

estimular sua participação.

O aumento dessa população vem sendo observado no mundo inteiro, o que

ocorre em função da melhoria na qualidade de vida, somado ao avanço da ciência e

tecnologia aplicadas na área da saúde.

A aprovação da Política Nacional de Saúde, Lei nº 8.842/1994 do Idoso

definiu nas suas diretrizes a assistencial integral a pessoas idosa garantindo ação de

promoção, prevenção e reabilitação em unidade de saúde da comunidade com

equipe multiprofissional que tenha qualificação voltada para atenção básica com

abordagem adequada ao atendimento dessa demanda.

A unidade de saúde tem que propor aos profissionais uma intervenção

adequada a esse grupo etário, visando assistência a saúde do idoso a partir de suas

necessidades, não perdendo de vista o contexto familiar e social no qual o mesmo

esta inserido.

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Vale ressaltar também a importância da aprovação do Estatuto do Idoso, Lei

nº 10.741/2003, que estabeleceu os direitos sociais dos idosos e também as

obrigações do Estado, garantindo proteção à vida e à saúde da pessoa idosa.

A gerontologia como área de estudo do envelhecimento humano, onde a

enfermagem se insere, torna-se um grande desafio para todos os profissionais de

saúde implicando na necessidade de adotarem conhecimentos teóricos e

metodológicos que favoreçam está clientela.

Neste sentido enfatizamos que o papel e a importância do cuidar de idosos

hipertensos estão ligados ao processo de educação em saúde, motivando o portador

de hipertensão arterial a realizar o auto cuidado, utilizando estratégias de ensino-

aprendizagem, implementando a comunicação do paciente e a verbalização dos

seus problemas. Os esforços devem ser direcionados para a adesão do hipertenso

ao tratamento e controle da doença.

A educação em saúde é o primeiro passo a ser dado na tentativa de

desenvolver e estimular o processo de mudança de hábitos e transformação no

modo de viver desse grupo. Porém, isso não é uma tarefa fácil diante de vários

fatores que influenciam o comportamento e determinam as mudanças necessárias

para o controle efetivo da doença. O conhecimento da doença e do seu tratamento,

apesar de ser o primeiro passo, não implica necessariamente adesão, pois requer

mudanças de comportamentos que muitas vezes só são conseguidos a médio ou

longo prazo.

Toda atividade educacional deve estar voltado para a autocuidado é o

trabalho em grupos de pacientes e equipe de saúde pode ser útil por propiciar troca

de informações, favorecerem esclarecimento de duvidas e atenuar ansiedades, pela

convivência com problema semelhante.

A abordagem multiprofissional é particularmente útil no atendimento

ambulatorial, ampliando o sucesso do tratamento anti-hipertensivo e do controle dos

demais fatores de risco cardiovascular. O trabalho da equipe multiprofissional

poderá dar aos pacientes e á comunidade motivação suficiente para vencer o

desafio de adotar atitudes que tornem as ações anti-hipertensivas efetivas e

permanentes.

A prevenção é a forma mais eficaz, barata e gratificante de tratar esses

agravos. É de suma importância e engloba, além da educação para a saúde, a

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reorganização das comunidades e da rede básica.

Qualidade de vida e saúde são dois temas estreitamente relacionados, fato

que podemos reconhecer no nosso cotidiano, como pesquisador. Isto é, a saúde

constitui para melhorar a qualidade de vida e está é fundamental para que um

indivíduo ou comunidade tenha saúde.

Portanto, sabemos que é necessário que o profissional enfermeiro tenha um

olhar diferenciado e o compromisso com a população idosa hipertensa que

necessita de acompanhamento e orientações sobre a alimentação e exercícios

físicos nessa nova etapa de suas vidas, encorajando-os a persistirem nesse

processo que com certeza será desafiador e contínuo.

Considerando que a população de idosos está aumentando em todos os

países, e este aumento é consequência da diminuição da mortalidade e fertilidade,

esta transição demográfica faz com que a população brasileira envelheça

rapidamente. Entendemos que o Enfermeiro tem um papel fundamental na saúde da

população idosa. Promovendo ações educativas e interventoras contribuindo para

uma sociedade mais digna.

Neste contexto, a educação em saúde é um caminhar educativo, um processo

construído passo a passo, que vai levar os idosos a refletir e buscar o prazer de

viver bem. Cabe ao Enfermeiro o comprometimento de realizar um trabalho

educativo à promoção junto à família, ao idoso e à sociedade, este estudo ancora

nesta idéia.

Este estudo abordará questões que necessitam ser discutidas com os demais

profissionais da saúde, assim como, a sociedade em geral. Visto que trata-se de

uma população idosa que vem crescendo significadamente.

Sabe-se que, com no processo de envelhecimento, ocorrem mudanças

cronológicas e multidimensionais nas pessoas, para tanto, as questões de vida em

sociedade destes idosos serão significativas neste estudo.

As condições de vida da maioria da população de idosos encontram-se num

contexto marcado por uma alta incidência de pobreza, desigualdade social , com um

desenvolvimento político institucional caracterizado pela falta de sintonia entre aquilo

que é vivenciado e aquilo que oferecido e experiências havendo nesse sentido uma

lacuna no que tange a esse aspecto.

Há a necessidade de estudos que permeiam esta temática, as abordagens

devem vir focadas nas necessidades de saúde dos idosos, assim como nos

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princípios norteadores do Sistema Único de Saúde do Brasil, possibilitando a

melhor idade um envelhecimento saudável.

O objetivo Geral deste estudo é analisar as ações desenvolvidas com um

grupo de idosos portadores de hipertensão arterial da Estratégia Saúde da Família,

no município de Juina, no Bairro Padre Duílio.

10

I REVISÃO DA LITERATURA

1.1 A promoção do envelhecimento saudável

O envelhecimento e um processo normal de alteração relacionado com o tempo,

assim começa com o nascimento e prossegue toda vida (BRUNNER e SUDDARTH,

2006). A ciência que descreve e explica as mudanças típicas do processo de

envelhecimento e seus determinantes biológicos, psicológicos e socioculturais é a

Gerontologia.

Com o envelhecimento da população predominam as enfermidades crônicas,

destacando-se a hipertensão arterial sistêmica que por sua vez a prevalência cresce

em diversos grupos etários, incluindo os idosos (MARQUES et all.., 2007).

Em anos recentes, a promoção do envelhecimento saudável foi assumido como

propósito basilar da Política Nacional de Saúde do Idoso no Brasil, o sentido

promoção da saúde é, principalmente, comportamental e compreende o

desenvolvimento de ações que orientem os idosos e os indivíduos em processo de

envelhecimento quanto à importância da melhoria constante de suas habilidade

funcionais, mediante a adoção precoce de hábitos saudáveis de vida e a eliminação

de comportamentos nocivos à saúde (ALVES, 2008).

Tendo em vista o grande aumento do número de idosos, o grande desafio deste

século será cuidar de uma população envelhecida, em sua maioria com níveis sócio-

econômico e educacional baixo e com alta prevalência de doenças crônicas e

incapacitantes. No cuidado com os segmentos mais envelhecidos, vale destacar a

urgência na reestruturação dos espaços sociais no acolhimento adequado à pessoa

idosa, incluindo os serviços de saúde e a formação de profissionais devidamente

qualificados para promoção, proteção e recuperação da saúde daqueles que,

superando as adversidades ao longo da vida, conseguiram envelhecer (MARQUES,

2007).

Contudo, pode-se partir do princípio de que a pobreza numa sociedade desigual

como a brasileira ocasionará, consequentemente, a reprodução da pobreza na

velhice, sobretudo quando se consideram alguns aspectos, muitas vezes, peculiares

a essa faixa etária, ou seja, a morbidade (SILVA, 2005).

Apesar de todo o contexto do envelhecimento da população brasileira é somente

11

a partir da década de setenta que percebe-se um “interesse” e maior preocupação

com e pelo tema, nota-se então um estrondoso crescimento de programas, eventos

e projetos destinados aos idosos, com destaque para as Universidades da Terceira

Idade, Grupos de Convivência, Programas de Saúde, Conselhos Nacional, Estadual

e Municipal, Delegacias do Idoso, Associações, campanhas, dentre muitos outros

(SILVA, 2005).

Por isso é de suma importância a realização de pesquisas sobre temáticas

referentes ao idoso, envolvendo suas condições de vida, hábitos alimentares, saúde,

educação, para que as intervenções sejam pertinentes e eficazes na melhoria da

qualidade de vida do ser idoso em nosso país, já que neste possuímos a grande

desigualdade social, influenciando em diversos aspectos na vida do idoso, dentre

eles a questão alimentícia.

O envelhecimento ativo e saudável compreende ações que promovam modos de

viver favoráveis a saúde e a qualidade de vida com mudanças de hábitos, dentre

eles uma alimentação adequada e balanceada de acordo com as necessidades de

cada idoso, prática de exercícios físicos, busca de atividades prazerosas e uma

interação social estimulante (AMBROSE, 2007).

Ainda para esse autor, a enfermagem possui um papel importante neste

contexto, pois devem estar capacitados e sensibilizados a identificarem e atenderem

às necessidades de saúde desta determinada população, promovendo ações

educativas, voltadas principalmente para as mudanças dos hábitos alimentares,

desta forma evitando-se principalmente a obesidade em idosos, visto que esta

contribui para o aparecimento de inúmeras doenças crônicas (AMBROSE, 2007).

A saúde é um direito fundamental de toda população, sendo reconhecida

como o maior e o melhor recurso para o desenvolvimento social, econômico e

pessoal, como também uma das mais importantes dimensões da qualidade de vida.

O bem estar na velhice e/ou uma velhice saudável seria o resultado do

equilíbrio entre as varias dimensões da capacidade funcional do idoso, sem

necessariamente significar ausência de problemas em todas as ou trás dimensões

que representam o idoso em sua totalidade (LIMA, 2008).

1.1 A saúde do idoso na Saúde Pública

12

Carvalho (2006) afirma que em relação à saúde pública, em geral, os serviços

de saúde são direcionados principalmente para a saúde materno-infantil e

reprodutiva e para lidar com as doenças infecciosas. Com o progresso da transição

epidemiológica no Brasil, este enfoque está mudando e a saúde pública deve

privilegiar políticas de prevenção, centralizando-se, por exemplo, nas doenças

crônicas que, sem atenção médica, muito freqüentemente geram incapacidade.

Conforme a Constituição Federal Brasileia a saúde é direito de todo cidadão e

dever do Estado, sabe-se que a saúde e qualidade de vida permeia vários setores,

como educação, moradia, saneamento básico, alimentação, sendo assim deve ser

oferecida à todo cidadão independente de classe social, e no contexto do ser idoso,

o profissional enfermeiro exerce papel fundamental no ato do cuidar, devendo este

respeitar toda as suas peculiaridades do processo do envelhecimento.

Verifica-se que o atendimento das necessidades de saúde remete ao

atendimento das necessidades humanas elementares, dentre as quais se destacam

a alimentação, a habitação, o acesso à água potável e saudável, aos cuidados

primários de saúde e à educação. Atender as necessidades de saúde da população

requer saltos qualitativos nas condições de vida que não é automático e nem

garantido ao longo dos anos, mas depende da interlocução de um conjunto de

fatores, dentre os quais a educação para a saúde associada à integralidade tem

merecido destaque.

Para assegurar os direitos sociais do idoso, em janeiro de 1994, o Presidente

da Republica sancionou Lei nº 8.842 que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e

cria Conselho Nacional do Idoso, entre os princípios destacamos:

Art. 3º (...) I – à família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; (...). E a Política Nacional do Idoso estabelece competência dos órgãos e entidades públicas em todas as áreas: assistência social; saúde; educação; trabalho e previdência social; habitação e urbanismo; cultura, esporte e lazer. E especificamente na área de saúde o art. 10º dispõem: (...), a) garantir ao idoso a assistência á saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde; b) prevenir promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e medidas profiláticas; (...) (COLETÂNIA DE LEIS, 2009, p.14).

A aprovação do Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, garantiu em lei os

direitos fundamentais da pessoa idosa. Dos direitos à saúde destacamos o capítulo

IV, art. 15º. É assegurada a atenção integral á saúde do idoso, por intermédio do

Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em

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conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção,

proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que

afetam preferencialmente os idosos (MDS, 2010).

Carvalho (2006) afirma que em relação à saúde pública, em geral, os serviços

de saúde são direcionados principalmente para a saúde materno-infantil e

reprodutiva e para lidar com as doenças infecciosas. Com o progresso da transição

epidemiológica no Brasil, este enfoque está mudando e a saúde pública deve

privilegiar políticas de prevenção, centralizando-se, por exemplo, nas doenças

crônicas que, sem atenção médica, muito freqüentemente geram incapacidade.

A unidade de saúde tem que propor aos profissionais uma intervenção

adequada a esse grupo etário, visando assistência à saúde do idoso a partir de suas

necessidades, não perdendo vista o contexto familiar e social no qual o mesmo esta

inserido.

Destaca, ainda, a importância de se alertar a comunidade sobre os fatores de

risco a que as pessoas idosas estão expostas, no domicílio e fora dele, bem como

de serem identificadas formas de intervenção, sempre em parceria com o próprio

grupo de idosos e os membros de sua família. Os profissionais que atuam na

atenção básica devem ter de modo claro a importância da manutenção do idoso na

rotina familiar e na vida em comunidade como fatores fundamentais para a

manutenção de seu equilíbrio físico e mental (SILVESTRE et all.., 2003).

A intervenção da equipe de saúde através de ações de educação em saúde

com a população devem encorajar as pessoas a adotar e manter padrões de vida

sadias, a usar de forma judiciosa e cuidadosa os serviços de saúde colocados à sua

disposição, e tomar suas próprias decisões, tanto individual como coletivamente,

visando melhorar suas condições de saúde e as condições do meio ambiente.

Portanto é importante ressaltar que ‘os objetivos da educação em saúde são

de desenvolver nas pessoas o senso de responsabilidade pela sua própria saúde e

pela saúde da comunidade a qual pertençam e a capacidade de participar da vida

comunitária de uma maneira construtiva (DATASUS, 2009).

Segundo Marsiglia (2004) as atribuições dessas equipes são bastante ampla

e visam proporcionar uma atenção integral ás famílias que estão sob sua

responsabilidade, identificar os problemas de saúde prevalentes, desenvolver

processos educativos em saúde, dar ênfase ás ações de prevenção e promoção da

saúde, incentivar ações comunitárias e intersetoriais, bem como fomentar a

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participação da população local na solução de seus problemas e no exercício do

controle social sobre os serviços que recebe.

Verifica-se que o atendimento das necessidades de saúde remete ao

atendimento das necessidades humanas elementares, dentre as quais se destacam

a alimentação, a habitação, o acesso à água potável e saudável, aos cuidados

primários de saúde e à educação.

Atender as necessidades de saúde da população requer saltos qualitativos

nas condições de vida que não é automático e nem garantido ao longo dos anos,

mas depende da interlocução de um conjunto de fatores, dentre os quais a

educação para a saúde associada à integralidade tem merecido destaque.

Destaque por permitir a articulação das equipes profissionais e dos serviços,

dentro de uma rede complexa, favorecendo a consciência do direito à saúde e

instrumentalizando para intervenção individual e coletiva sobre os determinantes do

processo saúde/doença, ao reconhecer a pessoa como um todo indivisível que vive

em um espaço local, em um Estado Nacional e em um mundo pretensamente

globalizado (MOTA et all.., 2008).

Relacionar as ações de enfermagem com o cliente e a sociedade é

significativo, ao considerarmos as influências dos valores negativos ou positivos que

são atribuídos a diferentes grupos que compõe a sociedade.

Merece destaque que o cuidar envolve um agir, uma atitude do

enfermeiro integrado por duas formações: a pessoal e a profissional. As possíveis

repercussões destes valores, com reflexos na prática dos enfermeiros, podem ser

percebidas no cotidiano, no relacionamento entre clientes-profissionais de

enfermagem. Este relacionamento perpassa pela subjetividade do profissional que

assiste, intervindo no cuidar, no agir humano.

Estudos recentes demonstram que as atitudes dos profissionais de

enfermagem e estudantes em relação ao idoso são em sua maioria atitudes

negativas, pois reina profunda atitude negativa em nossa sociedade frente aos

envelhecidos (BRUM, 2005).

O enfermeiro integra uma sociedade que relacionando-se com outras

pessoas, dentre os quais a clientela. Este profissional encontra-se "impregnado" dos

valores da sociedade onde se insere, e isto se reflete em sua prática profissional, no

modo de seu cuidar. As modificações que o homem sofre no decorrer da sua

existência com destaque para vida e morte remete a atitude e a significação do

15

idoso como corpo físico.

Com este entendimento o cuidar é a verdadeira atenção à saúde da

pessoa humana, enquanto conceituada como estado de bem-estar físico, psíquico e

social, compreende não apenas a busca da cura das doenças, mas apoio e a

paliação quando a cura já não é possível, e, finalmente, o apoio para um fim de vida

sem dores e sem sofrimentos desnecessários, preservadas a dignidade da pessoa

humana, derivada de sua condição de ser biológico e biográfico (BRUM, 2005).

Com o envelhecimento da população predominam as enfermidades

crônicas e, nesse conjunto, destaca-se a obesidade, por sua prevalência sempre

crescente nos diversos grupos etários, incluindo os idosos, e por suas complicações,

quer de forma isolada ou associada a outros eventos mórbidos, como: hipertensão

arterial e doenças cardiovasculares, enfermidades com prevalências já elevadas

entre pessoas idosas, tendo em vista o grande aumento do número de idosos, o

grande desafio deste século será cuidar de uma população envelhecida, em sua

maioria com níveis socioeconômicos e educacionais baixos e com alta prevalência

de doenças crônicas e incapacitantes (MARQUES, 2007).

Para prevenção de doenças cardiovasculares e acidente vascular

cerebral (AVC), é conveniente, fazer atividade física regular e adequada á idade e

ao estado de saúde da pessoa idosa; dar atenção a alimentação, evitando o

consumo excessivo de sal, de gorduras, açúcar e aumentando a ingestão de frutas e

vegetais; tentar diminuir o excesso de peso; diminuir ou cessar os hábitos tabágicos;

fazer o controle médico da pressão arterial, dos níveis de glicose e colesterol do

sangue.

Segundo Campos (2000) na literatura especializada, os estudos sobre

consumo alimentar em sua maioria estão focalizados na análise dos nutrientes.

Consideram-se fundamentais as abordagens que levem em conta os alimentos e

não só os nutrientes, porque as pessoas consomem os alimentos e não os

nutrientes, especificamente, o envelhecimento, apesar de ser um processo natural,

submete o organismo a diversas alterações anatômicas e funcionais, com

repercussões nas condições de saúde e nutrição do idoso.

Muitas dessas mudanças são progressivas, ocasionando efetivas reduções

na capacidade funcional, desde a sensibilidade para os gostos primários até os

processos metabólicos do organismo, a elevada prevalência de desvio nutricional na

população idosa vem sendo demonstrada por meio de diferentes estudos, em vários

16

países, onde, a desnutrição, o sobrepeso e a obesidade predominam sobre os

indivíduos eutróficos.

Esses resultados são decorrentes das condições peculiares em que os idosos

se encontram, seja no ambiente familiar, vivendo sozinho, ou em residência de

Terceira Idade, agravadas pelas condições socioeconômicas, pelas alterações

fisiológicas inerentes à idade e pela progressiva incapacidade para realizar sozinho

as suas atividades cotidianas.

Aumento de pessoas idosas é um processo irreversível e que não pode ser

negligenciado pela Ciência da Nutrição. Nesse sentido, estudos sobre o consumo

alimentar do idoso não devem se restringir à análise qualitativa e quantitativa. Na

realização do planejamento dietético alimentar, é imprescindível a compreensão de

todas as peculiaridades inerentes às mudanças fisiológicas naturais do

envelhecimento, da análise dos fatores econômicos, psicossociais e de

intercorrências farmacológicas associadas às múltiplas doenças que interferem no

consumo alimentar e, sobretudo, na necessidade de nutrientes (SANTOS et all..,

2005).

Reconhece-se que o envelhecimento populacional traz novos desafios. As

demandas de saúde se modificam com maior peso nas doenças crônicas não

transmissíveis – DCNT, como obesidade, hipertensão e outras, que estão em

constante ascensão. As DCNT estão intimamente associadas ao padrão alimentar e

ao estilo de vida, e este grupo etário nem sempre recebe informações que

favoreçam práticas de boa alimentação, e que, consequentemente, propiciem uma

melhoria na qualidade devida (ROMEIRO, 2004).

O envelhecimento saudável depende do equilíbrio entre o declínio natural das

diversas capacidades individuais, mentais e físicas e a obtenção dos objetivos que

se desejam. A satisfação pessoal está relacionada com a aptidão para selecionar

objetivos apropriados à realidade circundante e à sua possibilidade de

concretização. A pessoa idosa precisa fazer a adequação entre o que deseja e o

que devido aos recursos individuais e coletivos acessíveis e disponíveis é possível

alcançar e querer (SOUSA et all.., 2003).

A promoção do envelhecimento saudável tem como uma das suas principais

vertentes a prevenção do isolamento social e da solidão das pessoas idosas. A

qualidade de vida, o bem-estar, a manutenção das qualidades mentais estão

diretamente relacionadas com as atividades sociais, o convívio, o sentir-se útil a

17

familiares e/ou à comunidade. As pessoas idosas devem participar em atividades de

grupo, de preferência intergeracionais, atividades de aprendizagem e de

conhecimento de novos lugares (BRASIL, 2000).

18

II MATERIAL E MÉTODO

2.1 Tipo de Estudo

Optou-se pela pesquisa qualitativa para o presente estudo, porque ela

proporciona uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. Buscando

compreender as diferenças entre essas relações com o problema pesquisado.

O método de estudo usado foi a pesquisa participante, que se

caracteriza pela aproximação entre o pesquisador e pesquisado; e entrevista com os

participantes, utilizando um questionário com perguntas abertas. Essa composição

de métodos possibilitou ao pesquisador um maior envolvimento com a população

estudada. E será apresentada na forma de um relato de experiência.

De acordo com Gil (2007), a pesquisa participante envolve a distinção

entre ciência popular e ciência dominante, que permite ao homem criar, trabalhar e

interpretar a realidade sobre tudo a partir dos recursos que a natureza lhe oferece.

Segundo Minayo et all.., (1994), a pesquisa qualitativa se preocupa

com as questões sociais, onde a realidade não pode ser quantificado. Pois trabalha

com o universo de significados, motivos, crenças e valores, que corresponde a um

espaço mais profundo das relações que não podem ser reduzidos.

2.2 Universo do estudo e amostra

A população do estudo foi composta por um universo de 26 idosos

hipertensos de uma micro área da Estratégia Saúde da Família (ESF), do Município

de Juina-MT, configurando o universo e amostra do estudo observacional. Desse

universo foram entrevistados 05 idosos.

2.3 Coleta de dados

A coleta de dados se deu em um período de 7 meses na Unidade do

Programa de Saúde da Família, no município de Juina-MT.

19

Foi utilizado para coleta um roteiro para entrevista, com perguntas abertas,

utilizando-se o uso de pseudônimos para resguardar os anonimatos dos sujeitos da

pesquisa.

2.4 Análise de Dados

Após as entrevistas, as opiniões os dados foram agrupados e categorizados

de acordo com o roteiro de entrevista, e posteriormente analisados a luz do Marco

Conceitual, Estatuto do Idoso.

2.5 Considerações Éticas

Ao aceitarem participar desta pesquisa, os participantes assinaram um Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido e o pesquisador comprometeu-se com a

utilização dos resultados, exclusivamente, para fins da pesquisa.

20

III RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Rodas de Conversas

Foram trabalhadas rodas de conversas com pequenos grupos de idosos

abordando o tema hipertensão arterial; nesses encontros os temas mais recorrentes

entre eles foram: a solidão, falta de uma atenção mais qualificada, tanto por parte da

família e também pelas políticas de saúde publica.

Na abordagem dos pacientes idosos buscou-se entender quais seus

problemas e procuramos propor soluções possíveis às diferentes demandas

apresentada por esse grupo, dando assim a maior atenção para que eles se

sentissem bem.

Considerando que a população brasileira está envelhecendo, a sociedade

precisa se adequar às necessidades dessa população, principalmente no que se

refere à sua qualidade de vida.

A definição de políticas claras e abrangentes para o enfrentamento das

características dessa população, pode determinar o acesso a bens e serviços que

possibilitem a promoção da saúde e a prevenção de doenças e/ou suas

complicações, bem como os tratamentos adequados.

No processo de envelhecimento, o idoso sofre modificações biológicas,

fisiológicas, cognitivas, patológicas e sócio-econômicas necessitando, portanto, de

atenção especial. No entanto, as particularidades da idade não podem determinar

que o idoso seja um ser doente e sim que tais modificações podem ser adaptáveis a

uma vida ativa e saudável. Torna-se essencial que os profissionais de saúde tomem

consciência dos fatores determinantes desse processo, compreendendo sua

complexidade e magnitude, atuando em prol da promoção da saúde desses idosos

(ERDMANN et all.., 2007).

O Ministério da Saúde escolheu a Estratégia Saúde da Família (ESF) para

reorientar o modelo assistencial do Sistema Único de Saúde a partir da atenção

básica, com a execução das políticas públicas de Saúde. A unidade de saúde da

família se destina a realizar atenção continua nas especialidades básicas, com uma

equipe multiprofissional habilitada para desenvolver as atividades de promoção,

proteção e recuperação da saúde características do nível primário de atenção

(SILVESTRE et all, 2003).

21

Com o atendimento nas residências e na mobilização da comunidade, a ESF

fica caracterizada como porta de entrada de um sistema hierarquizado e

regionalizado de saúde, por intervir sofre fatores de risco, aos quais as comunidades

estão expostas; por prestar assistência integral, permanente e de qualidade, realiza

atividade de educação e promoção da saúde.

O Programa de Saúde da Família tem que interagir com a comunidade,

buscando a mobilização estimulando a participação das famílias da área de

abrangência.

3.2 Observação das rotinas da Unidade de Saúde frente à Hipertensão arterial em idosos.

Na observação participante, o pesquisador se propôs a identificar o

funcionamento da unidade e conhecer os usuários, seus problemas e percepções.

A unidade básica de saúde do estudo, atende os grupos de idosos uma vez

por semana no Programa Hiperdia; por falta de funcionários este atendimento não

estende durante a semana.

Nas atividades realizadas com os idosos na unidade destacamos:

alongamentos, danças, caminhadas, ginásticas e entre outras atividades.

Na unidade o pesquisador desenvolveu atividades educativas de promoção

de saúde com todas as pessoas da comunidade, essas atividades educativas foram

individuais ou em grupo com os pacientes idosos hipertensos. Foram realizadas

consultas de enfermagem, abordando fatores de risco, tratamento não

medicamentoso, adesão e possíveis intercorrências ao tratamento, encaminhando o

indivíduo ao médico quando necessário.

O desenvolvimento das atividades da Enfermagem junto aos idosos é

diferenciado devido às especificidade dessa população, a intervenção é realizada

através de atendimento individual e atividade em grupo como rodas de conversas e

caminhadas. Através dessa abordagem o profissional procura se relacionar com os

idosos e conquistar sua confiança para aderir às atividades oferecidas pela unidade.

É importante que a enfermagem na assistência ao idoso atue na prevenção,

promoção, manutenção e recuperação da saúde dessas pessoas.

Na unidade básica de saúde do estudo foram realizadas reuniões semanais

com os técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem e demais servidores da

22

unidade para discussão dos trabalhos, os aspectos positivos e negativos, onde eram

propostas soluções para reorganização dos serviços e para melhora da qualidade.

Foi salientado que toda a equipe de saúde deveria primar pela prestação de

bom atendimento à comunidade, dando respostas aos questionamentos e prestando

assistência com qualidade.. O profissional de enfermagem tem que estar

constantemente monitorando/supervisionando o trabalho da equipe para avaliar as

ações desenvolvidas e garantir um serviço de qualidade junto comunidade.

Nas atividades de educação em saúde a enfermagem procurou estimular os

idosos a participação nos grupos para se relacionarem com outras pessoas e

melhorar o convívio social e a auto-estima.

Para ampliar a qualidade dos serviços oferecidos na unidade de saúde é

importante a reestruturação desses serviços: ampliando o atendimento diário para

os idosos pela equipe de saúde; melhorar a sala de espera com moveis mais

confortáveis; adequação da unidade para acessibilidade de pessoas idosa e

portadora de deficiência. Quanto as visitas domiciliares seria importante que toda

equipe (médico, enfermeiro, agentes comunitário de saúde/ACS) dessa prioridade a

essa ação na unidade, cumprindo uma das relevantes atribuições da ESF, não

realizar de forma esporádica e somente pelos ACS.

Na proposta de trabalhar a educação em saúde com o(a) idoso(a) visamos

promover o conhecimento para melhorar a condições de vida dessa pessoas e

garantir uma velhice saudável, através de mudanças de hábitos e incorporação de

novos comportamento para ter um vida sadia.

Segundo Gonçalves (1996) caracteriza o Enfermeiro como facilitador na

identificação dos indicadores sustentável do viver saudável, profissional de saúde

que a partir da formação permite a compreensão de novos paradigmas.

3.3 Relato dos idosos

Nessa etapa apresentaremos as entrevistas realizadas com os idosos da

comunidade, os sujeitos foram representados por flores para caracterizar cada

entrevistado, desse modo foram definidos como: cravo, rosa, roseira, margarida,

tulipas. Essa caracterização dos entrevistados garantiu o sigilo.

23

Sobre o tempo de convívio com a hipertensão arterial, os idosos responderam

um tempo entre 05 meses e 06 anos.

A hipertensão arterial é caracterizada como doença crônica o que

significa tempos prolongados de exposição e tratamento. Na unidade de saúde está

implantado o programa de controle dos hipertenso, com acompanhamento semanal.

Margarida – “Há mais ou menos 6 (seis) anos”. Roseira – “Há 2 (dois) anos”. Tulipa – “Tem 5 (cinco) meses”. Cravo – “Há 2(anos) anos e 9(nove) meses”. Rosa – “Há 3 (três) anos”.

No estatuto do idoso é assegurada a atenção integral à saúde do

idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso

universal e igualitário, em conjunto articulado e continuo das ações e serviços, para

a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção

especial ás doenças que afetam preferencialmente os idosos (BRASIL, 2010).

A política nacional do idoso reconhece o idoso como sujeito portador de

direito, define princípios e diretrizes que asseguram os direitos sociais e as

condições para promover sua autonomia, integração e participação dentro da

sociedade, na perspectiva da intersetorialidade e compromisso entre o poder público

e a sociedade civil. O estatuto, além de ratificar os direitos demarcados pela Política

Nacional do idoso, acrescenta novos dispositivos e cria mecanismos para coibir a

discriminação contra os sujeitos idosos (BRASIL, 2006).

Sobre o uso de algum medicamento para hipertensão arterial, todos os idosos

responderam que sim.

Os medicamentos de hipertensão arterial da farmácia básica são

fornecidos gratuitamente aos idosos cadastrados na unidade através do programa

nacional do Hiperdia.

Com relação a essa questão o estatuto do idoso responsabiliza o

poder público fornecer aos idosos, gratuitamente medicamentos, especialmente os

de uso continuado. E outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou

reabilitação. É assegurando a atenção integral à saúde – SUS, garantindo-lhe o

24

acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações de

serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluído a

atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos (BRASIL,

2010).

Sobre o uso de alguma dieta alimentar para controlar a hipertensão arterial, a

adesão depende dos recursos financeiros disponíveis, mas de forma geral há muita

resistência dos idosos para promoverem mudanças nos hábitos alimentares.

Margarida- “Sim às vezes quando tenho dinheiro para comprar verduras e frutas”. Roseira - “Às vezes”. Tulipa - “Olha minha fia estava começando a comer umas comidas sem sal, mais não agüentei, achei muito sem gosto de nada então voltei a comer como antes”. Cravo- “Não, esse negócio de fazer dieta não gosto não em minha comida é bem

temperada”.

Rosa - “De vez em quando”.

Com relação a essa questão o estatuto estabelece que o idoso ou seus

familiares não possuírem condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se

ao Poder Público esse provimento, no âmbito da assistência social.

A alimentação adequada é um dos fatores que tem maior influência na saúde

e no bem estar dos idosos. Contudo a pirâmide alimentar visa complementar a

orientação nutricional, baseada em uma dieta saudável.

Tendo em vista que a alimentação saudável garante uma melhor qualidade de

vida aos idosos, devemos orientar sobre os guias alimentares onde são

instrumentos de orientação e informação à população visando promover saúde e

hábitos alimentares saudáveis.

Observou-se uma melhor compreensão por parte da população em realizar o

consumo de vários alimentos e em quantidade suficiente para que juntos

componham uma dieta adequada, porém fatores sócio-econômicos devem ser

levados em consideração no momento de orientar cardápios e atividades para essa

população. O profissional deve contextualizar alternativas com as condições que o

indivíduo possui, bem como buscar alternativas junto a família e comunidade.

Somente assim, será possível que o paciente possa ter qualidade de vida

(ROMEIRO, 2005).

Sobre a prática de alguma atividade física, os idosos afirmaram fazer

25

atividades físicas, rotineiramente. Diante do que foi vivenciado nota-se a importância

da realização da atividade física como um fator de proteção das principais doenças

crônicas degenerativas que freqüentemente acometem aos idosos. A importância do

auto-cuidado em saúde está diretamente relacionado com a prática de atividades

iniciadas e executadas pelos próprios indivíduos, em seu próprio beneficio, para a

manutenção da vida da saúde e do bem estar.

Rosa- “Eu faço caminhada, de vez enquanto”. Cravo- “Só ando de bicicleta aqui no bairro mesmo”. Tulipa- “Faço caminhada di manha”. Roseira- “Sim ando de bicicleta”. Margarida - “Não”.

Foi garantido no estatuto a participação dos idosos em atividades culturais e de

lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50%, nos ingressos

para eventos artísticos, culturais, esportes e de lazer, bem como o acesso

preferencial aos respectivos locais (BRASIL, 2010).

Quanto ao entendimento sobre qualidade de vida, os idosos revelam opiniões

diferentes, porém com conhecimento conceitual, e dificuldades de colocar em

prática.

Margarida- “Não entendo muito o que é mais já ouvi falar”.. Roseira- “Sei lá talvez seja fazer exercícios físicos e uma alimentação que não tenha sal nem gordura”. Tulipa-“É comer uma comida sem sal e com bastante fruta e verdura”. Cravo- “É comida sem sal e sem gordura e faze exercícios mais eu não faço nada disso em meu filho”. Rosa- “Há diz que é comer bem e viver bem mais eu não faço isso não porque não tenho muitas condições financeiras pra isso”.

No estatuto foi garantido ao idoso direito a educação, cultura, esporte,

lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços a que respeitem sua peculiar

condições de idade:

A prática regular de atividade física tem sido apontada como

importante estratégia para o envelhecimento saudável e o aumento da qualidade de

vida. Exercícios físicos praticados inibem alterações orgânicas que se associam ao

processo degenerativo, contribuem para a reabilitação de determinadas patologias

que podem aumentar os índices de morbidade e morbidade, agindo também sobre a

saúde mental e a eficácia cognitiva. As atividades físicas diárias são importantes

26

para que os idosos permaneçam com uma melhor aptidão física, pois requerem um

nível mínimo de força muscular, flexibilidade, coordenação e equilíbrio e com isto,

mantêm suas capacidades funcionais ativas por mais tempo e com melhor

qualidade. Por esta razão estratégias devem ser criadas a fim de estimular os idosos

a aderirem à prática regular de exercícios físicos (BRASIL, 2010).

A partir desse estudo percebemos que a Política Nacional do idoso,

bem como o estatuto do idoso objetivaram principalmente, dentre tantas outras

ações, criar condições para promover a longevidade com qualidade de vida,

colocando em prática ações voltadas não apenas para os que estão velhos, mas

também para os que vão envelhecer, bem como lista as competências das várias

áreas e respectivas órgãos.

Neste sentido, faz-se necessária e urgente a implementação das

políticas públicas para os idosos, no sentido de atender às suas necessidades

básicas e garantir melhores condições gerais de vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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O presente estudo propôs ações de educação em saúde no trabalho com os

grupos de idosos acometidos por hipertensão arterial, foram realizadas varias

oficinas de educação em saúde (alimentação, atividade física, tabagismo e

alcoolismo), oportunizando aos participantes discussões dos temas e

enriquecimento pessoal sobre as mudanças que ocorre nesta etapa da vida.

O trabalho da educação em saúde procurou estimular o grupo de idosos a

conhecer, entender e participar do seu processo saúde doença, buscando o controle

da hipertensão arterial para um envelhecimento saudável. O grupo de idosos

participaram ativamente das atividades, foram muitos receptivo e abertos para novos

conhecimento o que contribui para o alto-cuidado e tomada de decisões na busca de

uma melhor qualidade de vida.

Durante o desenvolvimento desse trabalho selecionamos os temas que foram

discutidos pela equipe de enfermagem para serem apresentados na oficina, mas no

decorrer do processo percebemos que essa construção tem que ser coletiva com a

participação efetiva dos idosos para que eles apontem as suas necessidades de

educação em saúde para identificação e seleção dos temas a serem abordados nas

atividades na unidade de saúde.

A realização desse estudo possibilitou conhecer as necessidades de saúde

do grupo de idosos e quais os caminhos para intervenção do profissional de

enfermagem com atividade da educação em saúde, também contribui para o

planejamento das ações de prevenção e promoção em saúde aos idosos residentes

na área de abrangência do PSF, por conseguinte a melhoria na qualidade de vida

dessa faixa etária da população Juinense.

A Política Nacional do idoso e o Estatuto do idoso constituem um grande

avanço dos direitos sociais e políticos da pessoa idosa, mais é fundamental que a

sociedade e os movimentos da terceira idade acompanhem e exige do governo a

implementação na prática desses fundamentos legais para a real garantia de

melhores condições de vida dessa população, que tanto contribuiu e vem

contribuindo para o desenvolvimento do nosso país.

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