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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA- FESP CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO CARLIANE MAIA DE MEDEIROS RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL DA PESSOA JURÍDICA EM MATÉRIA AMBIENTAL JOÃO PESSOA 2014

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA- FESP CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

CARLIANE MAIA DE MEDEIROS

RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL DA PESSOA

JURÍDICA EM MATÉRIA AMBIENTAL

JOÃO PESSOA 2014

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CARLIANE MAIA DE MEDEIROS

RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL DA PESSOA

JURÍDICA EM MATÉRIA AMBIENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso em forma de Artigo científico apresentado à Coordenação do Curso de Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Área: Direito Ambiental Orientadora: Profa. Ms. Maria do Socorro

JOÃO PESSOA 2014

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CARLIANE MAIA DE MEDEIROS

RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL DA PESSOA JURÍDICA EM MATÉRIA AMBIENTAL

Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.

APROVADO EM _____/_______2014

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Profa. Ms. Maria do Socorro da Silva Menezes

ORIENTADOR – FESP

___________________________________________ Prof. .

MEMBRO- FESP

___________________________________________ Prof. .

MEMBRO- FESP

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Dedico este trabalho a DEUS em primeiro lugar, as minhas

filhas, e ao meu marido.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por tornar meu sonho possível, e por estar presente na minha vida

em todos os momentos.

Ao meu pai, José Carlos “ In memoriam” , por ter acreditado nessa conquista,

e nunca ter me deixado desistir.

A minhas filhas Tainá e Mel, pela compreensão, amor e paciência que

tiveram comigo ao longo dessa caminhada.

Ao meu esposo, meu grande incentivador, muito obrigado também pelo

carinho e pela compreensão.

A minha orientadora Profª Socorro Menezes, por quem tenho grande

admiração, muito obrigado pela confiança em mim depositada.

A minha irmã Maria de Fátima, por todo apoio que tem me dado, pelo carinho,

paciência e compreensão.

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SUMÁRIO 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................... 05

2 DESDOBRAMENTO DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA DO CONCEITO

DE MEIO AMBIENTE ...................................................................................... 07

2.1 CONCEITO JURÍDICO DE MEIO AMBIENTE ................................................ 07

2.2 CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL ........................................................... 09

2.3 FONTES E ATUAÇÃO DO DIREITO AMBIENTAL ......................................... 09

2.4 A SUNTENTABILIDADE COMO PARADGIMA DA RESPONSABILIZAÇÃO

PELOS DANOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE ...................................... 10

3 RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA JURÍDICA EM

MATÉRIA AMBIENTAL .................................................................................. 11

3.1 SOBRE O INSTITUTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL ............................... 12

3.1.1 Conceitos, princípios e pressupostos ......................................................... 13

3.1.2 Os excludentes de Responsabilidade ......................................................... 14

3.2 TEORIA DO RISCO CRIADO COMO FUNDAMENTO DA

RESPONSABILIDADE PELO DANO AMBIENTAL ......................................... 15

3.2.1 Princípio do Poluidor Pagador ..................................................................... 16

3.3 MODALIDADES DE DANO AMBIENTAL ........................................................ 17

3.3.1 Modalidade quanto à pessoa ....................................................................... 17

3.3.2 Modalidade quanto à espécie ....................................................................... 17

4 RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA EM

MATÉRIA AMBIENTAL .................................................................................. 18

4.1 O DIREITO PENAL E ACRIMINALIZAÇÃO DO DANO AMBIENTAL ............. 18

4.2 PREVISÃO CONSTITUCIONAL ..................................................................... 19

4.3 ÂMBITO INFRACONSTITUCIONAL ............................................................... 19

4.4 REQUISITOS PARA A RESPONSABILIZAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA EM

FACE DA PRÉTICA DE CRIME AMBIENTAL ................................................. 20

4.5 MODALIDADES DE PENAS E CRITÉRIOS ESPECÍFICOS APLICADOS

A PESSOA JURÍDICA EM RAZÃO DE ILÍCITO AMBIENTAL ........................ 21

4.6 CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E ATENUANTES .................................... 23

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 24

ABSTRACT ............................................................................................................... 24

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 25

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RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL DA PESSOA JURÍDICA EM MATÉRIA AMBIENTAL

CARLIANE MAIA DE MEDEIROS*

MARIA DO SOCORRO DA SILVA MENEZES**

RESUMO

Estudos jurídicos sobre a responsabilidade civil e penal da pessoa jurídica em matéria ambiental são de suma importância para que haja a conservação do mesmo, pois cada vez mais as pessoas físicas, formalizadas ou não, poluem o meio ambiente na busca incessante pelos lucros, uma vez que só as práticas preventivas não bastam, é necessário que se utilize da indenização e da reparação civil por danos causados ao meio ambiente, e em última ratio as sanções descritas no âmbito penal como forma de garantir a sua conservação. Tendo por base essas considerações, o presente trabalho tem como tema a necessidade da responsabilização civil e penal da pessoa jurídica causadora de dano ambiental, cujo conteúdo desenvolvido encontra inspiração na norma Constitucional e nas normas infraconstitucionais como a lei 6.938/81(Lei de Politica Nacional do Meio Ambiente) e a Lei 6.905/98 (Lei de Crimes Ambientais), as quais atuam na prevenção, repressão e punição dos causadores de danos ambientais. O objetivo do estudo é de estudar a responsabilidade civil e penal da pessoa jurídica, baseado na teoria do risco criado. Analisa-se também a desconsideração da pessoa jurídica, quando esta for obstáculo ao ressarcimento pelos danos causados ao meio ambiente.

Palavras-chave: Pessoa Jurídica. Dano Ambiental. Responsabilidade Civil e Penal.

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Empiricamente é possível constatar que, o processo de crescimento

econômico e populacional acarreta o crescimento do ramo empresarial, embora o

crescimento econômico seja considerado um fator indispensável para o

desenvolvimento econômico, que contribui com alterações quantitativas na vida da

população com melhorias na educação e infraestrutura, por exemplo; entretanto,

necessário se faz que este seja feito sem que sejam causados danos ao meio

ambiente, que é indispensável para a vida humana.

* Graduanda do curso de bacharel em direito pela Fesp faculdades. [email protected]

** Mestre em economia, Especialista em Direito Ambiental, Chefiou a Divisão de Fiscalização da

SEMAM/PMJP. Atualmente exerce a função de Fiscal Ambiental da SEMAM/PMJP, Professora das disciplinas Metodologia Científica, Economia Política, Filosofia Geral e TCC do Curso de Direito da Fesp Faculdades. Coordenadora de Pesquisa e Extensão na Fesp Faculdades, Coordenadora de TCC na Fesp Faculdades. Editora da Revista Fesp de Periódicos Científicos, edição online. Coautora do Livro Sinopse de Direito Ambiental, publicado pela EDIJUR em 2012 na sua 1ª ed., em 2014 publicou sua 2ª edição. Autora de diversos artigos publicados em revistas cientificas. [email protected].

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Sabe-se que, o aumento no consumo, gera o aumento na produção industrial,

que remete a uma preocupante e alarmante situação atual em relação a poluição

ambiental, seja ela de rios, solo, do ar atmosférico, dentre outras. Acrescente-se que

muitas empresas são responsáveis por grande parte das áreas degradadas e

poluídas em face da falta de um processo de manejo adequado dos rejeitos gerados

por seu sistema produtivo, isto é, por conta da falta de um sistema de gestão

ambiental que atenda a essa finalidade.

A responsabilidade pelo dano em matéria ambiental é fundada na teoria do

risco criado, ou seja, somente se imputa a responsabilidade a alguém, pessoa física

ou jurídica, por danos ambientais se restar comprovada a ação efetiva, isto é, que a

atividade desse alguém, direta ou indiretamente, na causação do dano. Assim

sendo, esse estudo se propõe a buscar o entendimento para a seguinte questão-

problema: qual a dificuldade na aplicação dos conceitos penais de conduta e de

responsabilidade, em matéria ambiental sobre a pessoa jurídica?

Frise-se que a dificuldade na responsabilização pelos danos causados ao

meio ambiente hoje, consiste em saber quem realmente os causou, uma vez que a

conduta da pessoa jurídica sempre dependerá da pessoa física, dificultando por

diversas vezes a aplicação da responsabilidade ao causador do dano, e é sobre

esse aspecto que esse estudo se debruçará.

Assim sendo, o objetivo deste trabalho é compreender a aplicação do instituto

da responsabilidade civil e penal da pessoa jurídica em matéria ambiental,

averiguando as formas de penalização e responsabilização da pessoa jurídica

causadora de dano ambiental, baseando-se numa abordagem constitucional e

infraconstitucional à cerca do tema.

Sua concepção metodológica baseia-se na pesquisa bibliográfica e

documental para a coleta de dados, e no método dedutivo e na abordagem

qualitativa para sua análise, tomando como marco a Constituição Federal de 1988, a

Lei de Politica Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81 e a Lei de Crimes

Ambientais, Lei 9.605/98, todas indispensáveis quando se trata da responsabilização

da pessoa jurídica pelos danos que essas por ventura venha a causar ao meio

ambiente.

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2 DESDOBRAMENTOS DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA DO CONCEITO DE MEIO AMBIENTE

A finalidade dessa abordagem é de convergir para uma linha de raciocínio

que permita situar o conceito jurídico de meio ambiente, o conceito direito ambiental

e suas respectivas fontes, bem como adentar no conceito de desenvolvimento

sustentável por ser esse último um espectro cujo desrespeito resulta na

responsabilização penal dos responsáveis pela infração ou crime ambiental que

venha a ser praticado.

2.1 CONCEITO JURÍDICO DE MEIO AMBIENTE

O conceito de meio ambiente é bastante amplo, conforme descrito no art. 3º

da Lei n. 6.938/81 que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente, in verbis:

Art. 3º. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; [...] (BRASIL, 1981).

Pode-se dizer que o meio ambiente é tudo que esta a nossa volta, o lugar

onde vivemos, e que dependemos para sobreviver. De acordo com Farias ( 2007) e

Fiorillo (2013), o conceito legal de meio ambiente faz menção aos conceitos de meio

ambiente natural, meio ambiente artificial, meio ambiente cultural e meio ambiente

do trabalho, sendo que:

A) O meio ambiente natural ou físico engloba os recursos naturais como as da

fauna e flora, e também é composto pelo solo e subsolo, incluindo os recursos

minerais, o ar e os recursos hídricos. O meio ambiente natural vem previsto no art.

225 da Constituição Federal que determina:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; [...] III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a

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supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; [...] VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade (BRASIL, 1988).

Importante ressaltar que quando se trata de meio ambiente natural, é

relevante que sejam observadas questões como, a contaminação dos recursos

hídricos, a substituição de florestas por campos de pastagens, a ocupação de áreas

de mananciais, as queimadas desordenadas, dentre outros.

B) O meio ambiente artificial, trata-se do espaço construído pelo homem,

sendo espaço o urbano fechado (casas, edifícios, colégios, etc.), e o espaço urbano

aberto (praças, áreas públicas, ruas, etc.), formando-se as cidades, que é onde

vivemos, por isso a importância do art. 182 da Constituição Federal em relação ao

meio ambiente artificial, para que seja feito ordenamento do desenvolvimento social

e para que sejam garantidas o bem-estar de seus habitantes.

C) O meio ambiente cultural tem seu conceito previsto no art. 216 da

Constituição Federal, que estabelece o seguinte:

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (BRASIL, 1988).

Em complemento ao dispositivo supracitado, pode-se dizer, portanto, que o

meio ambiente cultural é todo o conjunto artístico, paisagístico, turístico, dentre

outros, que se achem protegidos por servirem de identidade de um povo

(FIGUEREDO FILHO; MENEZES, 2014).

D) O meio ambiente do trabalho, por sua vez, abrange tudo que esta

relacionado às condições de trabalho, como o local em que o trabalhador labora, e

sob que condições, ou seja:

Constitui meio ambiente do trabalho o local onde as pessoas desempenham suas atividades relacionadas à saúde, sejam remuneradas ou não, cujo

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equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade físico- psíquica dos trabalhadores independente da condição que ostentem( homens ou mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos, etc., (FIORILLO, 2013,p.65).

Ainda sobre o meio ambiente do trabalho, cumpre destacar que este se

encontra previsto no art. 7º, XXII e XXIII, e também no art. 200, VIII, ambos da

Constituição Federal, onde o primeiro faz menção à promoção da salubridade e da

incolumidade do trabalhador, e o segundo está relacionado com a saúde do

trabalhador em relação ao meio ambiente que a que este se exponha.

2.2 CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL

O direito ambiental por ser difuso e transindividual, é um direito constitucional

de todos, que tem por finalidade a proteção do meio em que vivemos sendo,

portanto, responsável pela regulamentação das condutas humanas em relação ao

meio ambiente.

De modo mais objetivo pode-se afirmar que o direito ambiental é:

O direito ambiental é um direito sistematizador, que faz a articulação da legislação, da doutrina e da jurisprudência concernentes aos elementos que integram o meio ambiente. Trata-se de um ramo do direito que regulamenta as condutas humanas sobre o meio ambiente, mediante manejo da legislação, interpretação doutrinária e jurisprudencial, sendo formado por regras e princípios constitucionais, legais e regulamentadores (FIGUEIREDO FILHO; MENEZES, 2014, p.23).

Tomando por base essa argumentação, pode-se dizer que o direito ambiental

visa a proteção do meio ambiente, para que sejam garantidas as futuras gerações

um ambiente sustentável , sem que haja um uso exagerado dos recursos naturais,

para assim impedir a destruição ou degradação do meio em que vivemos.

2.3 FONTES E ATUAÇÃO DO DIREITO AMBIENTAL

O direito ambiental tem como principal fonte a Constituição Federal, no diz

respeito à preservação e defesa do meio ambiente para as futuras gerações,

elencados no art. 255 da C.F/88, seguido pelas constituições estaduais que também

prezam pela defesa e conservação do meio ambiente, bem como pelas leis

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infraconstitucionais por conterem elementos que integram o conceito de meio

ambiente; e, ainda pode-se dizer que tanto a doutrina e os costumes, quanto o

direito comparado, a jurisprudência e os tratados também são fontes do direito

ambiental.

O direito ambiental possui atuação preventiva, reparadora e punitiva. A

atuação preventiva é a que baseia-se no risco do dano ambiental, prevista no art.

225, § 1º, V e VII, da CF/88, cabendo ao Poder Público possibilitar os mecanismos

de prevenção quanto aos problemas de poluição e degradação do meio ambiente

(FIGUEREDO FILHO; MENEZES; 2014).

A atuação reparadora baseia-se nos princípios da restauração, recuperação e

reparação do meio ambiente. Ou seja, uma vez que o meio ambiente venha a ser

afetado pela ação de um terceiro, este deverá ser responsabilizado, e deverá

também arcar com todos os custos para a prevenção e reparação do dano causado

ao meio ambiente.

Por sua vez, a atuação punitiva vem descrita na lei 9.605/98 (do art. 70 ao art.

76), onde pode o terceiro ter sua atividade suspensa ou até mesmo cassada; sendo

que a lei trata também da aplicação de multas, da interdição das atividades, dentre

outros, dependendo da situação para que seja aplicada a sanção a observância do

dolo, culpa ou omissão (FIGUEREDO FILHO; MENEZES; 2014).

2.4 A SUSTENTABILIDADE COMO PARADIGMA DA RESPONSABILIZAÇÃO PELOS DANOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE

É fato inconteste que, com o crescimento populacional, aumenta também a

busca desenfreada pelo consumo. A sociedade atual baseia-se no sistema

capitalista, onde as pessoas são impulsionadas a consumir cada vez mais, e as

empresas a produzirem em grande escala, sempre com inovações, e muitas vezes

fabricando produtos de curta durabilidade, tendo assim a necessidade da busca

desenfreada pelos recursos naturais para a fabricação de produtos.

O cerne da questão a envolver a sustentabilidade com paradigma da

responsabilização pelos danos causados ao meio ambiente, segundo destacam

Figueiredo Filho e Menezes (2014) reside no fato de que a exploração econômica

não pode ser predatória, devendo ser realizada de modo eficiente sem que haja

comprometimento dos recursos ambientais.

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Diante desse contexto, ponto essencial é a compreensão de que, de acordo

com esse cenário da modernidade, a sustentabilidade surge como uma maneira de

tentar equilibrar o consumo ao meio ambiente, para que não haja, portanto, um

esgotamento dos recursos naturais que são indispensáveis para a vida humana.

Daí a partir da necessidade de se aplicar o instituto da responsabilidade em

matéria ambiental, onde os causadores dos danos ambientais serão responsáveis

pela preservação, reparação ou indenização a quaisquer atos danosos ao meio

ambiente, como por exemplo: poluição ou degradação.

3 RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA JURÍDICA EM MATÉRIA AMBIENTAL

Tendo como certo que o crescimento populacional e econômico gera um

consumo excessivo de produtos por parte da população como já mencionado no

tópico anterior, porém, fazendo uma análise de todo um contexto social

consumerista, ambiental e industrial, percebe-se um grande crescimento da indústria

para a fabricação desses produtos sem que os cuidados com o sistema de gestão

ambiental sejam implementados de modo eficaz, portanto, daí surge à necessidade

da responsabilização das empresas pelos danos que essas atividades venham a

causar danos ao meio ambiente1.

Como já mencionado, uma vez que se aumenta o consumo,

consequentemente ocorre um aumento na produção dos produtos de natureza

diversa, porém, muitas dessas empresas visando apenas à obtenção de lucros,

deixam de cumprir certos preceitos legais e não se adequam as normas de

prevenção do meio ambiente, que por sua vez, acabam por poluírem nossos rios,

lagos, mares, o solo, dentre outros, ocasionando diversos danos a fauna e a flora,

que por inúmeras vezes tem sido noticiado na mídia que indústrias prejudicam a

qualidade de vida da população2.

1 Foge ao escopo desse estudo aprofundar conceitos e elementos sobre o sistema de gestão

ambiental. Entretanto, dada a sua importância recomenda-se consultar o trabalho de MOREIRA, Mª Suely. Estratégia e implantação do sistema de gestão ambiental: modelo ISO 14000. 4.ed. Belo Horizonte: INGD, 2013, que aborda noções básicas de legislação e gestão ambiental enfatizando a adoção da sustentabilidade como modelo de gestão. 2 BARROS (2008, apud, FIGUEIREDO FILHO; MENEZES, 2014, p. 4-6 citam alguns casos de

repercussão nacional e internacional os quais mostram os danos, os riscos envolvidos e as questões legais pertinentes, os quais sugere-se sejam consultados para formalizar melhor posicionamento a esse respeito.

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Se por um lado, é difícil mensurar as vítimas do dano ambiental; por outro

lado, também é muito complicado encontrar o responsável por danos ambientais

quando se envolve muitas indústrias ou indivíduos, portanto o direito ambiental,

utiliza-se do principio da solidariedade passiva, onde uma vez que haja mais de um

causador, todos responderão de maneira solidária (SIRVINKAS, 2010).

3.1 SOBRE O INSTITUTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL

A responsabilidade é um dever jurídico de responder pelos próprios atos e os

de outrem sempre que esses atos violem direitos de terceiros, protegidos por lei, e

de reparar o dano; ao passo que responsabilidade civil é o dever de reparar ou

indenizar alguém, por conduta lesiva, seja em decorrência de obrigação assumida,

seja por inobservância de norma jurídica, aspecto muito comum em se tratando de

questões ambientais.

A doutrina civilista divide a responsabilidade civil em: subjetiva e objetiva. No

que diz respeito à teoria da responsabilidade civil subjetiva, é necessário que o

causador do dano aja com culpa, para que mediante a comprovação da mesma, a

vítima tenha direito a uma posterior reparação.

Já na teoria da responsabilidade civil objetiva, que é a que importa para o

Direito Ambiental, esta é fundamentada na teoria do risco, pois à partir do momento

que se exerce uma atividade, o executor cria um suposto risco a terceiros, portanto

essa teoria se baseia na responsabilidade sem culpa, sendo necessário

simplesmente o dano e o nexo de causalidade, conforme disposto no art. 927,

parágrafo único do CC de 2002, que diz:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem (BRASIL, 2002).

Pode-se perceber através da interpretação desse artigo, que o causador do

dano vai ser obrigado a reparar ou indenizar independente da existência de culpa,

pelos riscos criados em decorrência de sua atividade. A questão que se apresenta é,

portanto, complexa haja vista sua dependência na identificação risco e/ou impacto

que possa vir a ser causado pelo empreendimento em questão.

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3.1.1 Conceitos, Princípios e Pressupostos

No que refere ao conceito de responsabilidade civil, deve-se considerar o

argumento que segue:

A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesmo praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma que a ela pertence ou de simples imposição legal (DINIZ, 2011,p. 51).

A responsabilidade civil nada mais é do que a obrigação de indenizar,

consequente à violação ao direito de outrem, através de ações, ou omissões que

geram prejuízos a terceiros, portanto sendo o causador do dano, obrigado a repara-

lo. Em outras palavras:

A responsabilidade civil independe, pois, da existência de culpa e se funda na ideia de que a pessoa que cria o risco deve reparar os danos advindos de seu empreendimento. Basta, portanto, a prova da ação ou omissão do réu, do dano e da relação de causalidade (GONÇALVES, 2010, p. 87).

Outro ponto relevante a cerca da responsabilidade civil, são os princípios

constitucionais que lhes regram, como por exemplo, o principio da prevenção, que

baseia-se na atuação preventiva para evitar que ocorra o dano ambiental, este

principio encontra-se disposto no caput do art. 225 da Constituição Federal, que

busca a prevenção e defesa do meio ambiente. Outro princípio relevante para o

direito ambiental é o princípio do poluidor-pagador, que é intolerante no que diz

respeito a poluição e degradação ambiental, que será tratado mais adiante.

Outro importante princípio, é o do desenvolvimento sustentável, que também

encontra-se no caput do art. 225 da Constituição Federal, que preza pela defesa e

proteção do meio ambiente para as presentes e futuras gerações. Este princípio

também encontra amparo no art. 170, VII da Carta Magna, que dispõe:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...] VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; [....] (BRASIL, 1988).

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Não cabe dúvida, ser necessário uma conservação e preservação coletiva do

meio ambiente, para que se faça um bom uso dos recursos ambientais, e para que

não haja uma degradação ao ambiente, que por muitas vezes é impossível a sua

reparação, e que as indústrias atuem na desenvoltura de suas atividades sempre

observando os requisitos de prevenção, para que a crescimento econômico seja um

aliado da qualidade de vida da população.

Os pressupostos da responsabilidade civil encontram-se descritos no art. 186

do Código Civil, que seque a ideia que se causou dano a terceiro, é obrigado que

se haja uma reparação. Pode-se dizer que os pressupostos se dividem em: ação,

culpa, nexo de causalidade e dano.

A ação, tem por elemento a responsabilidade que pode vir tanto do agente

próprio, quanto de ato praticado por terceiro, por animais ou coisas que estejam sob

a guarda ou que pertençam ao agente (GONÇALVES, 2010).

A culpa, vem da negligência, imprudência ou imperícia do agente, que é o

causador do dano, mas que não tinha a intenção de provoca-lo. O nexo de

causalidade é a presença do nexo causal entre o ato ilícito praticado e a que

resultado chegou, ou seja, o que liga a conduta do agente ao resultado.

O dano é o elemento necessário para que se haja uma reparação. No

momento que comprovado, caberá ao causador o dever de reparar, ou o dever de

indenizar, o terceiro prejudicado. Portanto, é necessário que se faça uma análise

desses elementos, para que a vítima seja reparada se comprovado o dano, e

consequentemente, o poluidor seja obrigado a executar tal reparação.

3.1.2 Os Excludentes de Responsabilidade

Independente de ser pessoa física ou jurídica, ambas responderão por

quaisquer danos que por ventura venha causar ao meio ambiente. De acordo com a

teoria do risco, a responsabilidade civil por culpa, dar lugar a responsabilidade por

risco, bastando apenas que haja uma relação entre o dano e o nexo causal, e entre

o poluidor e o fato causador do dano ambiental, independente de culpa.

Portanto, de acordo com o entendimento da maioria dos doutrinadores

ambientalistas, as causas de caso fortuito e de força maior, que excluem a

responsabilidade no âmbito civilista, não se aplicam a matéria ambiental.

Terremotos, enchentes, poderiam afastar a responsabilidade do devedor por

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exemplo, todavia a de se fazer uma análise do caso concreto, para saber se o dano

poderia ser evitado ou até mesmo impedido (MACHADO, 2009).

Sobre uma usina nuclear que por ventura é atingida por um terremoto, a

situação a considerar envolve os seguintes aspectos:

Não é de se aplicar a isenção de responsabilidade de forma automática. Deverá ser analisada a forma de escolha do local, constatando se houve estudo sísmico da área. Se a área esta sujeita, com maior probabilidade que as outras áreas, a abalos sísmicos, ao se instalar nessa área o empreendedor não poderá beneficiar-se da excludente de responsabilidade (MACHADO, 2009, p. 369).

Percebe-se, portanto, a necessidade da análise do caso concreto, e ainda

deve ser dito que, o causador de dano ambiental que alegar caso fortuito ou de força

maior, terá que provar que era impossível ou inevitável impedir tal ato. Portanto, não

importa se o ato foi causado por terceiro, por culpa, ou por caso fortuito ou de força

maior, para o direito ambiental, é necessária uma reparação ou indenização

mediante caso concreto.

3.2 TEORIA DO RISCO CRIADO COMO FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE PELO DANO AMBIENTAL

A teoria do risco criado é baseada na responsabilidade sem culpa, pouco

importando se o causador do dano ao meio ambiente agiu ou não com culpa, tem o

dever jurídico de reparação. Quando se fala da responsabilidade civil pelo dano

ambiental do poluidor, tanto pessoa física como jurídica, vale ressaltar o que traz o

art. 225, § 3° da Constituição Federal que está assim fundamentado:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. [...] § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (BRASIL, 1988).

Quem exerce qualquer tipo de atividade empreendedora deverá se

responsabilizar por todos os ricos que esta venha a causar, e demonstrado o dano,

o causador tem também o dever consequente de reparação, independentemente de

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culpa. Ainda em se tratando da responsabilidade objetiva ambiental, podemos

mencionar o art. 14, § 1° da Lei nº 6.938/81, que traz a seguinte redação:

Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: [...] § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente (BRASIL, 1981).

O artigo supramencionado reforça o que já foi dito sobre a irrelevância do

elemento culposo, bastando apenas a configuração do prejuízo causado ao meio

ambiente e terceiros, para que haja portanto uma possível indenização ou

reparação.

3.2.1 Princípio do Poluidor Pagador

Sabe-se que o poluidor é aquele que agride o meio ambiente, não se limita a

um autor apenas, podendo haver vários autores, inclusive o Poder Público

(BARROS, 2008). Esse princípio veio para tentar diminuir os danos causados ao

meio ambiente, e para demonstrar ao poluidor que não é nem um pouco lucrativo

poluir, que a partir dessa violação, o mesmo será obrigado a reparação do dano.

Esse também é um princípio que encontra-se previsto no art. 225, § 3° da

Constituição Federal:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente [...] § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (BRASIL, 1988, grifo nosso).

Tem caráter preventivo e repressivo, pois é imposto ao poluidor o dever de

arcar com todas as despesas relativas a prevenção dos danos que sua atividade

possa vir causar, como também acontecendo o dano o poluidor será obrigado a

repara-lo (FIORILLO,2013).

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3.3 MODALIDADES DE DANO AMBIENTAL

A definição sobre as modalidades de dano ambiental afigura-se como sendo

importante porque cada uma possui suas respectivas peculiaridades conforme pode

ser visto na descrição que segue.

3.3.1 Modalidade Quanto à Pessoa

Sobre a modalidade quanto à pessoa, cumpre ressaltar com base na

argumentação desenvolvida por Farias (2007), que essa classificação baseia-se no

meio ambiente como um bem difuso, que afetam a toda coletividade, portanto assim,

uma vez causado um dano ao meio ambiente será afetado a saúde e o bem estar de

toda uma população.

Assim, para ser coerente com essa linha de raciocínio, pode-se destacar que

os instrumentos que serão utilizados na defesa ambiental coletiva são: a ação civil

publica ( Lei 7347/85), a ação popular ( Lei 4717/65), e o mandado de segurança

coletivo (art. 5º , LXX, alíneas a e b, da CF).

Podendo atingir também a uma singular parcela da sociedade, do individual a

um pequeno grupo, como por exemplo, uma fábrica que polui um rio e deixa a

alguns pescadores sem o seu sustento familiar. É importante esclarecer que quando

o dano atinge a coletividade a ação de reparação é interposta pelo Ministério Público

ou por alguma entidade ambientalista. Enquanto que na ação individual cabe ao

prejudicado buscar a reparação do dano.

3.3.2 Modalidade Quanto à Espécie

A modalidade quanto à espécie envolve o aspecto material e moral. Isso,

conforme destaca Farias (2007) envolve, no caso do dano material, a reparação do

bem degradado; e no caso do dano moral uma indenização pecuniária na forma de

multa, como forma de compensação pelo dano causado.

Para a aferição do dano material é necessário que seja elaborado laudo

técnico que vai servir também para o arbitramento do quantum a ser definido como

valor de multa seja pelo Ministério Público, seja pelo órgão ambiental competente

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para realizar a fiscalização, conforme previsto na legislação que trata dos crimes

ambientais, Lei 9.605/98.

Importa ainda acrescentar que se trata de um aspecto difícil de aferir; isso se

torna mais compreensível quando se tem claro que houve captura e morte de

espécimes da fauna ameaçada de extinção, ou que o manancial que abastece a

cidade foi contaminado por metais pesados, sendo necessário suspender o

abastecimento d’água.

4 RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA EM MATÉRIA AMBIENTAL

São inúmeros os casos com suas condicionantes agravantes e atenuantes

que ensejam responsabilidade penal da pessoa jurídica. Entretanto, como se verá

nas linhas que seguem, sua definição envolve elementos complexos que necessitam

ser aprofundados nesse estudo.

4.1 O DIREITO PENAL E A CRIMINALIZAÇÃO DO DANO AMBIENTAL

A responsabilidade penal decorre da prática de uma infração penal, que pode

ser dividida em: responsabilidade penal individual, que é a pessoa física, onde via de

regra o infrator ambiental não age sozinho, mas sim atuando em nome de pessoa

jurídica, e a responsabilidade penal da pessoa jurídica, sendo esse o foco do tema

do presente trabalho.

O instituto jurídico responsabilidade penal da pessoa jurídica é de suma

importância para o direito ambiental, pois são as empresas (fabricas, indústrias), que

na buscam incansável pelos lucros, infringem as normas ambientais, e acabam por

poluírem, causando por exemplo, problemas de saúde a população.

Vale ressaltar que o direito penal e a responsabilidade ambiental só serão

utilizadas como última ratio, pois o direito penal ambiental atua no auxilio da tutela

do meio ambiente, na medida que se mostrem ineficientes as normas gerais de

regulação do meio ambiente, sendo portanto a garantia de efetivação na aplicação

das Leis.

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4.2 PREVISÃO CONSTITUCIONAL

A responsabilidade da pessoa jurídica em matéria ambiental, vem prevista no

art. 225, § 3° da Constituição Federal, já mencionado que ressalta:

Art. 225 [...] § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (BRASIL, 1988, grifo nosso).

Portanto a partir deste dispositivo, o legislador abriu à possibilidade de se

responsabilizar a pessoa jurídica, tornando mais severa a tutela do meio ambiente

(FIORILLO, 2013). Também possui previsão constitucional descrita no artigo 173, §

5°, da Constituição Federal, que está assim fundamentado:

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. [...] § 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. (BRASIL, 1988).

Esse dispositivo revela preocupação do legislador com a exploração

econômica, a defesa do meio ambiente e a sustentabilidade, a exemplo do ar e da

areia que são historicamente degradados por empresas que as utilizam sem levar

em conta os prejuízos causados ao meio ambiente, mas tendo em vista a busca de

alcançar lucros cada vez mais altos.

4.3 ÂMBITO INFRACONSTITUCIONAL

Quando fala-se da responsabilidade penal da pessoa jurídica no âmbito

infraconstitucional, faz menção ao art. § 3° da lei 9.605/98, que diz:

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

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Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato (BRASIL, 1998).

De acordo com o artigo supramencionado, as pessoas jurídicas vão ser

responsabilizadas pela pratica de crime contra o meio ambiente. Ficando clara a

legalidade da condenação da pessoa jurídica que vier a cometer ato donoso contra o

meio ambiente. Desde que esta infração seja cometida por decisão de seu

representante legal, ou de órgão colegiado, no interesse ou beneficio de sua

entidade, como descrito no artigo citado.

Figueiredo Filho e Menezes (2014, p. 106), a respeito do art. 3° da Lei de

Crimes Ambientais, trazem um apontamento pertinente em sua obra que cito:

Observa-se que o referido artigo estabelece como requisito para a responsabilização da pessoa jurídica a constatação da vinculação existente entre a conduta do executor material da conduta proibitiva e a deliberação institucional. Importa notar que tal disposição não estabelece que a pessoa jurídica seja autora do crime, mas apenas responsável.

Do exposto, depreende-se que, independe, portanto, se a pessoa jurídica é

direito publico ou privado, comprovada a infringência à norma haverá

responsabilidade, administrativa, civil ou penal.

4.4 REQUISITOS PARA RESPONSABILIZAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA EM FACE DA PRÁTICA DE CRIME AMBIENTAL

Os requisitos para responsabilização da pessoa jurídica encontram-se

elencados nos art. 2°, 3° e 4º, da Lei 9.0605, a que faremos uma breve análise a

respeito de cada um deles. Primeiramente far-se-á uma apreciação sucinta do art.

2°, que diz:

Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la (BRASIL, 1988).

O referido artigo mostra que o sujeito ativo, tem sua culpabilidade

caraterizada pela omissão, pois o mesmo teria que atuar de tal maneira que

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pudesse vir a impedir a prática do ato danoso, ou pelo menos atuar para que o

evento danoso fosse evitado.

Já no art. 3°da referida Lei, já mencionado no presente estudo, faz menção de

que o ato ilícito, seja em beneficio ou interesse da entidade, devendo ser praticada

pelo diretor, por exemplo, onde o mesmo deixa de tomar o cuidado necessário para

a prevenção do ato, causando, portanto o dano, onde nessa hipótese, a pessoa

jurídica será responsabilizada, pois, foi cometida pelo seu representante, atuando

em interesse da empresa, portanto fica claro que a conduta da pessoa jurídica,

depende sempre da conduta da pessoa física.

Já o art. 4° estabelece o seguinte: “Art. 4º Poderá ser desconsiderada a

pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de

prejuízos causados à qualidade do meio ambiente” (BRASIL, 1998), trata da

desconsideração da pessoa jurídica, para que a mesma não seja um obstáculo

quanto a pessoa física que realmente cometeu o crime ambiental.

4.5 MODALIDADES DE PENAS E CRITÉRIOS ESPECÍFICOS APLICADOS À PESSOA JURÍDICA EM MATÉRIA DE ÍLICITO AMBIENTAL

Para a aplicação da pena, a autoridade competente deverá observar alguns

critérios específicos, descritos nos artigos a seguir:

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará: I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; III - a situação econômica do infrator, no caso de multa (BRASIL, 1998, grifo nosso).

É de extrema importância que seja verificada a condição econômica da

pessoa que infringiu a norma, para que a lei possa ser aplicada da maneira

adequada, tratando de maneira desigual a pessoa física que buscou na casca de

uma árvore uma solução para um problema de saúde, de um infrator que busca o

lucro na exploração clandestina (FIGUEREDO FILHO; MENEZES, 2014).

As penas restritivas de direitos tem o condão de substituir as penas privativas

de direitos, que por sua vez custam menos para a sociedade. Encontra-se descrita

no art. 7º da lei em comento, dispondo de:

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Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando: I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída (BRASIL, 1988).

As penas restritivas de direito são autônomas, portanto não podem ser

somadas as privativas de liberdade, além de enfatizarem o caráter pedagógico, no

sentido de educar a pessoa que comete a infração. Primeiramente se aplica a pena

privativa de liberdade e depois a substitui pela pena restritiva de direitos, que como

menciona o art. 7°, ela possuirá a mesma duração da pena privativa de liberdade

quando for substituída.

No que diz respeito a subdivisão das penas elencadas no art. 7°, temos o art.

8° da referida lei que as subdividem em:

Art. 8º As penas restritivas de direito são: I - prestação de serviços à comunidade; II - interdição temporária de direitos; III - suspensão parcial ou total de atividades; IV - prestação pecuniária; V - recolhimento domiciliar (BRASIL, 1988).

Os art. 9°, 10, 11,12 e 13, estabelecem o regramento especifico para cada

tipo de pena descrita no artigo acima, da seguinte forma:

Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível. Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos. Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais. Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator. Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido

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nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória (BRASIL, 1988).

Fazendo uma leitura destes dispositivos percebe-se que no art. 9°, a pena

mesmo possuindo teor criminal é executada em liberdade, sem vinculo com o

estabelecimento prisional, já no art. 10, a condenação tem caráter de interdição

provisória, podendo portanto, depois de sanada a sanção imposta ao condenado, o

mesmo poderá contratar com o poder público, podendo participar até de licitações,

no que dispõe o art. 11, o condenado poderá restabelecer suas atividades, dependo

do dano causado e se fato que gerou a suspensão já fora sanado, o art. 12 fala

sobre a prestação pecuniária, que será fixada pelo juiz, mediante a avaliação do

impacto que o dano causou ao meio ambiente, fixando seu limite mínimo e máximo,

e o art. 13, que trata do recolhimento domiciliar do condenado, na pratica do crime

doloso.

4.6 CIRCUSTÂNCIAS AGRAVANTES E ATENUANTES

Em matéria ambiental, caberá ao juiz mencionar quantum da atenuante será

aplicada sobre a pena-base, o art. 14 da Lei 9.605/98, trata das circunstâncias

atenuantes que são:

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental (BRASIL, 1988).

O art. 15°, com redação dada pela Lei de Crimes Ambientais, trata das

circunstâncias que podem agravar a pena nos seguintes aspectos:

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; II - ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;

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d) concorrendo para danos à propriedade alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções (BRASIL, 1988).

O artigo em comento, nos mostra a relação das circunstâncias que agravam a

pena, uma vez que não constituam ou qualifiquem o crime, mesmo que a

circunstância elementar ou qualificadora constituir elemento do tipo, o magistrado

não poderá tornar a pena mais grave, pelo princípio do non bis in idem, que fala

sobre a vedação da aplicação de duas penas sobre a mesma infração.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através desse estudo foi possível comprovar a necessidade do instituto da

responsabilidade civil e penal, para a responsabilização das pessoas jurídicas em

matéria ambiental, para que estas não venham a cometer graves danos ao meio

ambiente, na busca exorbitante pelos lucros, e para que sejam protegidos os

recursos naturais, e para que não haja uma degradação ambiental sem controle.

É importante ressaltar que o grande crescimento populacional e econômico é

um sério problema quando o assunto é o meio ambiente, pois a população é

impulsionada pelo sistema capitalista consumerista, enquanto que as industrias são

obrigadas a grande produção para atender tais demandas, por isso a necessidade

das normas, para que as empresas se adequem as mesma para que seja evitado ao

máximo essa poluição- degradação.

Outra conclusão importante é a da desconsideração da pessoa jurídica, afim

de se buscar na pessoa física, o verdadeiro responsável pela pratica ilícita contra o

meio ambiente. Assim sendo, é correto afirmar que sempre que a pessoa jurídica for

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um empecilho na apuração do prejuízo causado ao meio ambiente, esta deverá ser

desconsiderada.

Em observância a poluição feita pela principalmente pelo setor industrial, uma

vez que lançam detritos nas águas de rios, mares, no solo, no ar, surge a

necessidade do instituto da responsabilidade civil e penal das pessoas jurídicas,

uma vez que o dano causado ao meio ambiente é de difícil reparação, e em alguns

casos impossíveis de serem reparados. Portanto a necessidade do caráter

educativo, preventivo e punitivo das Leis, visando a proteção do meio ambiente, um

bem precioso para a coletividade.

CIVIL AND CRIMINAL LIABILITY OF LEGAL ENTITY IN ENVIRONMENTAL MATTERS

ABSTRACT

Legal studies on civil and criminal liability of legal entities in the environment are extremely important for there to be the conservation of the same, as more and more individuals, formalized or not pollute the environment in the incessant search for profit, since that only preventive practices are not sufficient, it is necessary to use the compensation and civil redress for environmental damage, and in last resort sanctions described in criminal law in order to ensure their conservation. Based on these considerations, this paper has as its theme the need for civil and criminal liability of legal person causing environmental damage, the content developed finds inspiration in the Constitutional norm and the infra-constitutional norms as the Law 6.938 / 81 (National Policy Law Environment) and the Law 6,905 / 98 (the Environmental Crimes Law), which act to prevent, suppress and punish those causing environmental damage. The objective is to study the civil and criminal liability of legal entities, based on the theory of the risk created. Also analyzes the disregard of the legal entity when it is obstacle to compensation for environmental damage. Keyword: Corporations. Environmental Damage. Civil and Criminal Liability.

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_____. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm>. Acesso em 15 out. 2014. _____. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm>. Acesso em 15 out. 2014. SANTOS, Darci Caetano. A responsabilidade civil nos crimes ambientais. Disponível em<http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12729>Acesso em 13 out. 2014.

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M488r Medeiros, Carliane Maia de.

Responsabilidade civil e penal da pessoa jurídica em matéria ambiental. / Carliane Maia de Medeiros. – Joao Pessoa, 2014.

28F

Orientadora: Profª . Maria do Socorro da Silva Menezes.

ARTIGO CIENTÍFICO (GRADUAÇÃO EM DIREITO) FACULDADE DE

ENSINO SUPERIOR DA PARAIBA.

1. Pessoa Jurídica. 2. Dano Ambiental. 3. Responsabilidade Civil e Penal. I. Título.

BC/FESP CDU:347(043)