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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO DANIEL DANTAS DA SILVA ABORDAGEM JURÍDICA DAS RELAÇÕES DE CONSUMO NA INTERNET CABEDELO - PB 2015

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

DANIEL DANTAS DA SILVA

ABORDAGEM JURÍDICA DAS RELAÇÕES DE CONSUMO NA INTERNET

CABEDELO - PB 2015

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DANIEL DANTAS DA SILVA

ABORDAGEM JURÍDICA DAS RELAÇÕES DE CONSUMO NA INTERNET Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como requisito para fins de conclusão do curso de Graduação em Direito e obtenção de título de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Esp. Pablo Juan Nóbrega de Souza da Silveira

CABEDELO - PB 2015

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DANIEL DANTAS DA SILVA

ABORDAGEM JURÍDICA DAS RELAÇÕES DE CONSUMO NA INTERNET

Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Aprovado em ____/________/2015.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Prof. Esp. Pablo Juan Nóbrega de Souza da Silveira

ORIENTADOR-FESP

________________________________________________ Prof. Esp. Ricardo Sérvulo Fonseca da Costa

MEMBRO-FESP

________________________________________________ Prof. Esp. Alexandre Cavalcanti Andrade de Araújo

MEMBRO-FESP

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Dedico à minha mãe, Nancy Amaro (In

Memorian), que hoje estando ausente entre nós, pôde acompanhar o início deste sonho e vivê-lo em grande parte comigo.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 06

2 A POPULARIZAÇÃO E MASSIFICAÇÃO DA INTERNET NO MUNDO ............ 07

3 AS RELAÇÕES DE CONSUMO ENTRE O MUNDO REAL E VIRTUAL ........... 09

4 DA CARACTERIZAÇÃO DAS RELAÇÕES JURÍDICAS VIRTUAIS ................. 11

4.1 BUSINESS TO BUSINESS (B2B) ....................................................................... 14

4.2 BUSINESS TO CONSUMER (B2C) .................................................................... 14

5 A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO VIRTUAIS . 15

6 O MERCADO VIRTUAL E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ......... 17

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 19

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 21

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ABORDAGEM JURÍDICA DAS RELAÇÕES DE CONSUMO NA INTERNET

DANIEL DANTAS DA SILVA∗ PABLO JUAN NÓBREGA DE SOUZA DA SILVEIRA∗∗

RESUMO

O intuito do presente artigo é demonstrar com sua natureza teórica, que a partir do crescimento e do desenvolvimento de novas práticas societárias, deve o Estado regular as relações de consumo existentes, a fim de evitar o conflito de interesses. Procurando sempre estar alinhado com o progresso científico, e tendo como objeto de estudo, o uso de inovações tecnológicas para incentivo ao consumo de bens ou serviços. E quando isso não ocorre, cabe ao cidadão que se sentiu lesado, buscar no sistema judiciário o amparo legal para a resolução de cada caso concreto, devendo este estar preparado e respaldado para tomar a melhor decisão. Isto pode se tornar um grande problema, se efetuarmos uma comparação entre o paralelo de crescimento de novas tecnologias e o grau de acompanhamento e controle das mesmas. Nota-se que apesar das práticas e esforços feitos pelos responsáveis de nosso judiciário, ainda há muito trabalho a ser feito. Elaborado com base na metodologia aplicada à pesquisa bibliográfica e documental, este estudo trata da intervenção do estado neste tipo de relação consumerista, aplicando efetivamente um direito justo, sem o uso de analogias frente à falta de uma legislação totalmente específica para este tipo de questão. PALAVRAS-CHAVE: Consumidor. Direito. Internet. Relações de Consumo.

1 INTRODUÇÃO

Com o aumento incessante do consumismo e a publicidade cada vez mais

feroz, temos assistido à criação e ao desenvolvimento de novas ferramentas que

incentivam e facilitam o acesso do público consumidor aos produtos oferecidos pelo

mercado não só presencial, mas também o virtual, trazendo desta forma, a

propagação de um novo estilo de vida que virou tendência abrangendo o Brasil e o

mundo inteiro.

Notoriamente temos assistido os avanços e o progresso que a internet nos

tem proporcionado. Como a possibilidade da prática consumerista através desta

ferramenta, que antes era feita somente pela via presencial, mas hoje pode ser

efetuada com toda a facilidade que esta tecnologia proporciona a toda sociedade,

∗Graduado em Administração. Concluinte do Curso de Direito da FESP Faculdades. Email: [email protected] ∗∗ Advogado. Professor da FESP Faculdades. Atuou como orientador desse Trabalho de Conclusão de Curso.

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sem distinção de raça, cor ou idade. O que favorece a propagação deste tipo de

conexão entre mercado e cliente.

Encontramos na aplicação efetiva do direito frente ao mercado virtual, uma

grande problemática, onde precisamos da aplicação de uma legislação específica,

especialmente no que tange às formas de regulamentação e controle da sua prática.

Ressaltando a importância que essa ferramenta tem, especialmente no que refere-

se ao seu alcance frente o consumidor, sua forma rápida e massiva de atingir o

objetivo final, que é o consumo de bens e serviços oferecidos.

O mundo real e o mundo virtual andam cada vez mais interligados, e junto

com o aumento do consumo, surgem novos questionamentos e necessidades

trazidas por estas novas práticas, onde buscou-se através deste trabalho, analisar

esta relação tão presente em nossas vidas, mas que ainda é tratada de maneira tão

arcaica, principalmente no que tange ao direito do consumidor deste tipo de

mercado.

Portanto, não obstante, nesse estudo de natureza bibliográfica e documental,

ancorado no método dedutivo de análise, discute-se sobre como o judiciário tem se

posicionado acerca do tema escolhido, e busca-se esclarecer alguns

questionamentos causados por esta relação virtual, para que possamos indicar

formas de oferecer ao nosso ordenamento jurídico, mais celeridade no quesito de

tratamento destas questões, e garantir ao consumidor (considerado hipossuficiente),

o seu direito contra atos abusivos perante esta relação de consumo.

2 A POPULARIZAÇÃO E MASSIFICAÇÃO DA INTERNET NO MUNDO

As transformações das novas tecnologias da informação não são apenas

tecnológicas, mas também econômicas, sociais e culturais que abrangem todo o

planeta, fenômeno conhecido como globalização, e que tem como resultado uma

sociedade em rede, através da mídia e da internet.

Entre os efeitos da internet no dia a dia das pessoas, temos o aumento

significante do consumo virtual. De acordo com estudo realizado pela ONU onde

mostra que cerca de 51,6% dos brasileiros usam a internet e mais de 3 bilhões de

pessoas usam a internet no mundo atualmente. No entanto, cerca de 4,3 bilhões de

pessoas ainda não têm acesso a este serviço e 90% deste total vivem nos países

em desenvolvimento, principalmente nas áreas rurais. O uso da internet continua

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crescendo de forma constante no mundo, subindo 6,6% de 2013 para 2014, com

enfoque nos países em desenvolvimento onde o número de usuários de Internet

duplicou, entre 2009 e 2014 (ONU, 2014).

O Brasil, subiu da 67° posição, em 2012, para 65ª, em 2013, alcançando o

índice de 5,5. Segundo a publicação, em nível continental, o IDI do Brasil está acima

da média dos países em desenvolvimento e ocupa a 10° posição. Segundo o

estudo, em 2013, cerca de 51,6% de todos os brasileiros usavam a Internet; 48,8%

das casas do Brasil possuíam um computador e, deste total, 42,4% tinha acesso à

Internet (ONU, 2014).

No geral, estima-se que 40 milhões de novas assinaturas de internet banda

larga sem fio foram constatadas em 2013. O acesso à banda larga fixa nas

empresas brasileiras subiu de 10% em 2005 para 72% em 2012. Já nas escolas do

Brasil, menos de 50% não estão conectadas, índice muito abaixo em comparação

com o Uruguai onde 96% oferecem acesso à internet (ONU, 2014).

A cada 100 brasileiros, 22 pessoas usam telefone fixo e 135 pessoas usam

telefone móvel, evidenciando que uma pessoa pode ter mais de uma assinatura em

operadoras distintas. Além disso, a cada 100 habitantes do país, 10 pessoas têm

assinatura de banda larga fixa e 52 pessoas têm assinatura de banda larga sem fio;

Cerca de 50% da população brasileira gasta o equivalente a 5% dos seus

rendimentos com internet, seja móvel ou banda larga (ONU, 2014).

Através destes dados, vemos como o comércio eletrônico torna-se uma das

principais atividades econômicas do mercado, por ser uma ferramenta pautada em

informação, conhecimento e tecnologia, como também pelas expectativas de lucro

superior que suas operações podem gerar.

O comércio eletrônico tem o mesmo objetivo do comércio tradicional, e se

diferencia apenas no meio onde o negócio é realizado. E para este tipo de

transação, que também é uma relação jurídica de consumo, independente de não

termos no Brasil ainda uma norma específica versando sobre o assunto, cabe a

aplicação do Código de Proteção e Defesa do Consumidor – CDC, pois vemos nos

termos do seu artigo 1º: “O presente Código estabelece normas de proteção e

defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°,

inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições

Transitórias” (BRASIL, 1990).

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Desta forma, não podemos afastar a aplicação do CDC a toda e qualquer

relação de consumo que venha a ser estabelecida, pois se trata de matéria com

função social. Vemos assim, que algumas regras diferem nas relações de consumo

eletrônicas das relações de consumo tradicionais, onde no meio eletrônico, existe

maior dificuldade de aplicação de mecanismos de segurança, e constatamos

frequentes casos de fraudes e abusos neste tipo de relação.

3 AS RELAÇÕES DE CONSUMO ENTRE O MUNDO REAL E VIRTUAL

Através do amplo acesso da sociedade à internet, se promoveu uma maior

interatividade com o encurtamento de distâncias utilizando-se de várias ferramentas

para a troca de informações contribuindo para o desenvolvimento da sociedade,

tornando-a cada vez mais globalizada. Os avanços tecnológicos e o

desenvolvimento das comunicações tornaram a Internet um instrumento cada vez

mais simples e de fácil acesso, passando a ser ferramenta indispensável para a

sociedade.

Várias atividades são realizadas com o auxílio da Internet, principalmente a

interação entre os usuários e a compra e venda de produtos ou serviços. Porém,

com a expansão dessas relações entre pessoas através desse veículo social,

passam a surgir, quase que inevitavelmente, a prática de abusos contra o

consumidor deste segmento.

Com o avanço das tecnologias e crescimento acelerado do mercado virtual,

surgiu um novo espaço de conflitos até então inexistentes. Sendo característico

nesse tipo de relação, a violação aos direitos previstos no art.5, X CF/88. Para

Sifuentes (2014):

As transações realizadas em estabelecimentos virtuais, e não em estabelecimentos físicos, não alteram os direitos garantidos aos consumidores pelo Código de Defesa do Consumidor – CDC, Lei nº 8.078/90, estando o comércio eletrônico de bens e serviços sujeitos a esse diploma legal, aplicando-se, portanto, a estas relações todas as suas disposições.

Nas transações eletrônicas formalizadas via Internet, existe no processo, um

consumidor, um fornecedor, e um contrato eletrônico (bilateral). Este tipo de contrato

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é feito à distância, acarretando assim, maiores índices de problemas para o

consumidor, devida a fragilidade em torno da segurança desta operação.

Assim Santos e Rossi (2014, p. 123), dizem que: “além do preço e qualidade

do produto, o consumidor busca, através da contratação via Internet um modo

menos burocrático e mais rápido, almejando privacidade, confiabilidade e

segurança”.

Ao usuário que utiliza este tipo de serviço, considera-se uma maior dificuldade

de identificação do grau de qualidade e comprometimento do fornecedor do produto

ou serviço. Devido a falta de contato pessoal, de comprovação de entrega ou

prestação do produto ou serviço contratado, há também a tarefa árdua de se

conseguir provar se o negócio jurídico foi realizado realmente. Pois tudo acontece

diretamente pelo computador, de maneira fácil e rápida, sem que exista um contrato

legal.

Alega Claudia Lima Marques (2013, p. 378), que: “A fragilidade do

consumidor manifesta-se com maior destaque em três momentos principais de sua

existência no mercado: antes, durante e após a contratação. É, portanto, com os

olhos voltados para o iter contratual do consumidor que o legislador e os órgãos de

implementação atuam. Em outras palavras: toda a vulnerabilidade do Consumidor

decorre, direta ou indiretamente, do empreendimento contratual e toda a proteção é

ofertada na direção do contrato. Daí a importância que assume a matéria contratual

no amplo círculo de proteção do consumidor”.

Buscando amenizar o desequilíbrio neste pacto, e resguardar a conformidade

entre as partes que vieram a celebrar o mesmo, o Direito do Consumidor aplica seus

princípios, entre eles: confiança, boa fé e vulnerabilidade, aos contratos celebrados

eletrônicamente.

No princípio da vulnerabilidade, expresso no art. 4º, I do CDC e art. 927

parágrafo único do Código Civil, considerado como um princípio básico, denomina

como ente frágil, o consumidor, para que sejam estabelecidas as devidas relações

de consumo de maneira justa.

A princípio, considera-se o consumidor como um leigo sobre os serviços ou

produtos adquiridos, devendo-se assim, possibilitar o mesmo checar sobre as

informações que lhe foram passadas, se são verídicas ou não. Geralmente, o

usuário não possui conhecimentos amplos em relação às partes jurídicas do negócio

celebrado e suas consequências, como também não possui a mesma condição

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econômica do fornecedor que oferece o negócio. No caso do fornecedor, ele sempre

é considerado o elo mais forte desta relação, pois julga-se o mesmo estar mais

preparado as transações do mercado.

Tido como o mais importante do CDC, o princípio da boa-fé é o que baseia

todo o procedimento contratual gerando confiança, fidelidade e respeito nos vínculos

contratuais. Este é o tipo de conduta esperada entre as partes, tendo como base a

sinceridade, de uma forma que se alguma cláusula vier a infringir esse princípio,

será considerada abusiva.

É de suma importância também, a lealdade entre as partes, para que as

expectativas de ambas sejam atingidas. E como a maioria dos negócios eletrônicos

são baseados em acordos aceitos em apenas um clique num espaço disponibilizado

de forma online pelo fornecedor, a conquista da confiança de quem virá a adquirir tal

serviço ou produto é crucial para o sucesso da negociação.

Devemos lembrar que mesmo buscando a aplicação destes princípios, ainda

existe a liberdade do consumidor em contratar e adquirir (ou não), produtos e

serviços disponíveis no meio eletrônico, de acordo com sua vontade, de forma que o

mesmo venha a adquirir o serviço ou produto que melhor atenda suas necessidades

de interesse ou preço. Onde no meio virtual, é crescente o número de empresas

ofertantes e disponíveis para escolha, de maneira fácil e rápida.

Contudo, há vários pontos a serem observados neste tipo de contratação, e

tudo isso traz novos desafios ao direito e seu julgador, onde surgem a cada dia

novos tipos de relações jurídicas.

4 DA CARACTERIZAÇÃO DAS RELAÇÕES JURÍDICAS VIRTUAIS

As relações jurídicas virtuais são estabelecidas pelo contexto Fornecedor

versus Consumidor, e tem como finalidade um serviço ou produto, conforme

entendimento e análise dos artigos 2º e 3º do CDC. O fornecedor tem seu conceito

claramente estabelecido no artigo 3º do CDC:

Art.3°: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços (BRASIL, 1990).

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Percebe-se assim, que o fornecedor não necessita ter personalidade jurídica,

tanto como capacidade civil. Basta apenas ao mesmo, fazer parte do ciclo de

produção ou distribuição. Estando dentro desta definição todos os tipos de pessoa

jurídica como: sociedade de empresa com ou sem fim lucrativo, fundação pública ou

privada, sociedade de economia mista, empresa pública, dentre outros.

O que vem a caracterizar o fornecedor de produtos é o desenvolvimento de

atividades tipicamente profissionais. Já no tocante ao prestador de serviços,

caracteriza-se pela habitualidade ou reiteração da atividade, mesmo que o prestador

não seja um profissional da área (MARQUES, 2014).

Mas deve-se notar também, que nem todo profissional é empresário, assim

como o profissional liberal, que não se encaixa neste conceito, mas pode ser tratado

como fornecedor. Basta que venha a atuar como agente econômico ou prestador de

serviços, mediante remuneração direta. Já o conceito de consumidor demonstra-se

no artigo 2° do CDC:

Art.2°: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo (BRASIL, 1990).

Acerca da vulnerabilidade do consumidor, é imperioso destacarmos que a

mesma é reconhecida no artigo 4º, caput, I, do CDC:

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo (BRASIL, 1990).

As informações dos serviços e produtos encontram-se sob responsabilidade

de quem fornecer, desta forma, é fator de desproporcionalidade na relação

estabelecida com um consumidor que busca esses serviços e produtos, e que, ao

adquiri-los fora do estabelecimento comercial, via internet, entendemos que a

vulnerabilidade tende a agravar-se, pois havendo ampliação da oferta e da

informação, as características de distanciamento econômico e de conhecimento,

presentes no mundo real, são acompanhadas das tecnológicas.

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A vulnerabilidade do consumidor neste tipo de relação eletrônica, é agravada

por diversos fatores, especialmente nas áreas técnica e de informação, onde o

consumidor está sujeito a outros elementos do ambiente virtual, e que podem de

alguma forma afetar o processo de contratação eletrônica, como softwares1 e

pessoas mal intencionadas2.

Contudo, os elementos objetivos deste tipo de relação, compostos pelos

serviços e produtos, postos à disposição para o mercado consumidor são definidos

no artigo 3º, parágrafos 1º e 2º do CDC:

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista (BRASIL, 1990).

Concluímos desta forma que existem vários tipos de relações jurídicas, e as

mesmas merecem uma atenção especial no sentido da compreensão e estudo nas

relações virtuais. Existe também uma ampla abrangência da lei no que se refere ao

que sejam serviços e produtos no âmbito das relações de aquisição, principalmente

no âmbito das relações virtuais de consumo.

O ambiente virtual vem quebrando vários padrões pré-definidos pela

sociedade e mercado, e que estão diretamente ligados ao nosso cotidiano. As

ferramentas que surgem oferecem várias vantagens com muito mais rapidez e

facilidade de alcance. E por conseqüência, nascem alguns termos para a “nova

economia” que tem uma necessidade especial de estudo.

Neste estudo iremos mencionar as que, nas relações do mundo virtual, são

chamadas de: Business to Business (B2B), Business to Consumer (B2C),

conceituando-as e demonstrando sua importância dentro deste processo.

1 Malware é um nome abreviado para “software malicioso” Malware é qualquer tipo de software indesejado, instalado sem o seu devido consentimento. Vírus , worms e cavalos de troia são exemplos de software mal-intencionado que com frequência são agrupados e chamados, coletivamente, de malware. 2 Hacker é um criminoso que usa suas habilidades com computadores para seu próprio proveito. O roubo de senhas, contas bancárias e criação e disseminação de vírus seriam atividades hacker, realizadas por pessoas que violam a segurança de sistemas ilegalmente.

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4.1 BUSINESS TO BUSINESS (B2B)

Emprega-se a expressão Business to Business nas relações eletrônicas

comerciais que acontecem entre pessoas jurídicas ou físicas comerciantes que não

envolvem relação de consumo. Para Jones e George (2013, p. 655) “O comércio

empresa-empresa (B2B) é aquele que acontece entre empresas que utilizam a TI e

a Internet para conectar as cadeias de valor de diferentes empresas”.

O mercado oferece cada vez mais oportunidades devido ao crescimento de

processos de negócios para toda a cadeia de produção, de acordo com a área de

atuação. As relações Business to Business possuem algumas peculiaridades em

relação às que são voltadas diretamente para os consumidores finais (B2C), pois

deve-se existir um relacionamento mais formal, com a responsabilidade de um

comprador profissional, e se preciso, oferecer um serviço ou produto diferenciado

para atender tal demanda.

Assim, ao tratarmos de responsabilidade civil aplicada a este ramo das

relações comerciais utilizaremos a responsabilidade civil subjetiva, pois não se

configura a hipossuficiência das relações de consumo, tampouco a teoria do risco do

empreendimento (artigo 927, parágrafo único do Código Civil). Neste caso a

responsabilização civil somente ocorrerá mediante a comprovação do dano, do nexo

causal e da culpa, pressupostos presentes em qualquer ação de indenização cível.

Atuam neste caso as excludentes de responsabilidade do Código Civil (SIFUENTES,

2014).

4.2 BUSINESS TO CONSUMER (B2C)

No caso das relações chamadas Business to Consumer, as mesmas

baseiam-se nas relações de consumo criadas entre o consumidor e seu devido

fornecedor. O consumidor, como rege o CDC, é "toda pessoa física ou jurídica que

adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final". Assemelha-se ao

consumidor "a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja

intervindo nas relações de consumo", ou, também, todo aquele que sofrer dano em

razão de acidente ocorrido pelo uso de produto defeituoso (SIFUENTES, 2014).

Ainda segundo Jones e George (2013, p. 655) “O comércio empresa-cliente

(B2C) é aquele que acontece entre uma empresa e clientes individuais utilizando TI

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e a internet”. Desta forma, as empresas podem estar diretamente conectadas aos

clientes, evitando intermediários que possam vir a captar parte significativa dos

recursos que estão sendo criados na cadeia de valor. Com a utilização de websites

e lojas on-line, as empresas podem oferecer frequentemente produtos e serviços

aos seus clientes gerando cada vez mais receitas.

Sendo as atividades Business to Consumer, surgem várias implicações

legais, e afetam além do tipo de responsabilidade civil, deixando de ser subjetiva e

passando a ser objetiva, como também todos os integrantes deste processo de

consumo. Segundo a Lei 8.078/90 do CDC, está prevista a possibilidade de inversão

do ônus da prova, derivada de eventual hipossuficiência do consumidor, ficando

assim, o prestador de serviço ou fornecedor com a responsabilidade de provar que

não existe obrigação de reparar tal dano indenizável.

Devemos analisar também nas relações de consumo, as suas excludentes de

responsabilidade civil, respeitando a teoria do risco empresarial, onde não é

perdoável o tipo de comportamento do consumidor básico ao do usuário com

conhecimento médio.

5 A RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO VIRTUAIS

Primeiramente, para que seja caracterizada a responsabilidade civil nas

transações eletrônicas deverá ser identificada a ocorrência da relação. O Código

Civil Brasileiro fala que as obrigações serão, sobretudo, fazer, não fazer e de dar.

Estas obrigações vêm a ocorrer em caso de possível descumprimento, ou seja,

havendo uma falha em um serviço ou a não entrega de determinado bem.

A responsabilidade é dividida em duas partes pela doutrina: objetiva e

subjetiva. A subjetiva é aquela onde verifica-se a culpa como item desencadeador,

sendo imoral ter de responsabilizar alguém sem se verificar este item. Há uma

relação direta entre a conduta culposa e o dano, sendo isto primordial para

adentrarmos na responsabilidade civil.

Antes, inexistindo o Código de Defesa do Consumidor, tinha o fornecedor sua

responsabilidade civil como subjetiva, firmando-se na verificação da existência de

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conduta culposa, e nexo de causalidade entre a culpa e o dano, sendo regida até

então, pelo artigo 159 do Código Civil de 19163.

A culpa é o mais importante requisito da responsabilidade subjetiva,

resultante de conduta negligente, imprudente ou de imperícia do agente. A aplicação

da culpabilidade do agente abrange não só a culpa em si, mas também, o dolo.

Tudo depende da intenção do agente para que seja determinado o dever de

reparação do mesmo.

Na aplicação prática, a culpa é diferenciada em graus, desde o mais leve até

o mais grave. Tendo como ponto norteador a conduta do agente que veio a resultar

no dano à vítima. Cabendo ao julgador reduzir ou aumentar a compensação

financeira devido a gravidade do dano em cada caso concreto.

No caso da responsabilidade objetiva, o responsável responderá mesmo que

não exista a culpa. Este tipo de responsabilidade foi adotada pelo CDC como regra,

tendo a exceção prevista no Art. 14 § 4º do CDC onde versa sobre a

responsabilidade dos profissionais liberais, sendo esta subjetiva. Foi para assegurar

o equilíbrio nesta relação que começou com desequilíbrio, que surgiu a

responsabilidade objetiva.

A responsabilidade civil objetiva também é prevista na Constituição Federal

de 1988, em seu artigo 37, § 6º: "As pessoas jurídicas de direito público e as de

direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus

agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso

contra o responsável nos casos de dolo ou culpa" (BRASIL, 1998).

Marques (2013, p. 378), argumenta que quando se trata da responsabilidade

do fornecedor por fato de produto ou serviço:

Responsabilidade do fornecedor: Realmente, a responsabilidade do fornecedor em seus aspectos contratuais e extracontratuais, presente nas normas do CDC (arts. 12 a 17), está objetivada, isto é, concentrada no produto ou no serviço prestado, concentrada na existência de um defeito (falha na segurança) ou na existência de um vício (falha na adequação, na prestabilidade).

3 Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano. A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se pelo disposto neste Código, arts. 1.518 a 1.532 e 1.537 a 1.553 (BRASIL, 1916).

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O CDC tem a responsabilidade objetiva como um instrumento de tratamento

particular. Ele também reconhece a responsabilidade objetiva pela Teoria do Risco,

onde o risco do empreendimento é do empresário.

Na internet encontramos diversas lojas virtuais que oferecem os mais

variados tipos de serviços e produtos, facilitando a busca destes pelo consumidor.

Por isso, no caso de contratações eletrônicas (feitas via internet), se justifica ainda

mais a utilização da responsabilidade objetiva, pois os usuários contratantes estão

em uma situação considerada como portadores de uma maior vulnerabilidade que a

maioria dos consumidores.

6 O MERCADO VIRTUAL E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O Código de Proteção e Defesa do Consumidor - CDC, conhecido também

como Lei nº 8.078/90, que busca resguardar e proteger o consumidor no Brasil, foi

sancionada pouco tempo depois da promulgação da Constituição Federal de 1988.

Foi preciso efetuar a criação do CDC, devido necessidade da alteração de padrões

do mundo capitalista, onde no plano das relações de consumo busca-se compensar

a desigualdade técnica e econômica do consumidor frente ao fornecedor de serviços

e produtos.

Vemos assim que mesmo não versando especificamente sobre o mercado

virtual, a Lei nº 8.078/90, Código de Proteção e Defesa do Consumidor, pode ser

aplicada nas relações jurídicas de consumo que forem neste ambiente, percebendo-

se sempre que deve o consumidor ter uma devida cautela no momento desta

transação para contratação de determinado serviço ou produto.

O interesse social na defesa do consumidor é explícito no art. 1º do CDC,

tanto quanto no inciso III, do art. 4º do mesmo código que prevê a “compatibilização

da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e

tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem

econômica” (BRASIL, 1990). Precisamos desta forma, analisar de maneira

aprofundada os direitos e garantias contidos na legislação do consumidor que

deverão direcionar a proteção das partes contratantes.

Sobre as relações que venham a ser estabelecidas nesta área, faz-se

necessária, a criação de ferramentas e dispositivos capazes de municiar e auxiliar o

Poder Judiciário com o conhecimento técnico conforme as inovações tecnológicas já

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desenvolvidas e futuras, sendo interessante, primeiramente, que houvesse um

treinamento de pessoas especializadas em transações virtuais, visando

compreender e constatar as fraudes que possam vir a ocorrer no ambiente

eletrônico e tentar responsabilizar os causadores de tais atos ilícitos, evitando ações

de pessoas mal intencionadas, sendo elas consumidores ou comerciantes, e até

ambas as partes. Dessa forma, se evitaria que os elos desta relação venham a ser

prejudicados pela ação de usuários maldosos, que se aproveitam do mundo virtual

para praticar crimes e causar danos a outrem.

Podemos constatar que estes usuários em sua maior parte estão vulneráveis,

não de forma jurídica, mas na maneira prática da contratação, devido a maneira que

a tecnologia tem modificado suas vidas, sem que os mesmos possam se defender

pela falta de segurança nas transações eletrônicas estabelecidas, é imprescindível a

criação de um ambiente resguardado para que as partes celebrantes deste tipo de

contrato estabeleçam uma relação baseada na confiança antes fora uma marca do

comércio e no universo das obrigações independente do tipo: de consumo, civis ou

mercantis.

Como tentativa de preencher as lacunas deixadas pelo CDC, em 15 de Março

de 2013 foi sancionado o decreto 7.962, dispondo normas específicas sobre a

contratação no comércio eletrônico. Mas a tentativa tornou-se ineficiente, visto que o

decreto mostrou-se altamente genérico, necessitando de especificidade em diversos

pontos.

Mesmo com a criação desta nova legislação que deve ser aplicada às

relações de consumo, ainda ocorrem muitos debates acerca da normatização

prevista no CDC e da necessidade de uma regulamentação aplicada diretamente ao

mundo virtual. Tudo isso ocorre devido a velocidade de crescimento deste mercado

de consumo, pois as regras criadas devem estar em permanente vigilância para que

seja avaliada a sua devida aplicabilidade, cuidando para que a mesma não fique

obsoleta.

Segundo estudo do Instituto Ibero-Brasileiro de Relacionamento com o Cliente

(IBRC), após avaliação de 30 lojas virtuais, apenas duas cumprem entre 90% e

100% das normas estabelecidas pelo Decreto 7.962 que regulamenta o Código de

Defesa do Consumidor (CDC) no que se refere ao comércio eletrônico. Outras dez

cumprem de 80% e 89%. Dezoito cumprem de 43% a 79% e são consideradas “não

conformes” (O GLOBO).

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O mundo jurídico necessita adaptar-se urgentemente às transformações

advindas da utilização da informática como facilitadora das atividades dos juristas,

bem como, das atividades mercantis que tão bem absorveram a forma tecnológica

de atuação no mercado, devido ao caráter progressista desta atividade que sempre

sensível às inovações apresentadas, e mesmo não possuindo o Brasil uma

Legislação especifica que regule as transações efetuadas no ambiente virtual é

necessário uma adaptação no primeiro momento das legislações existentes e um

estudo sobre a sua aplicabilidade ou não nas relações jurídicas estabelecidas no

mundo virtual, de modo ser de grande importância o estudo dos dispositivos da Lei

nº 8.078/90, Código de Defesa do Consumidor, para uma melhor definição dos seus

dispositivos (SANTOS, 2014).

De toda forma, as pessoas possuem diversas formas de acessar a

informação, tendo vários meios e ferramentas disponíveis no próprio mundo virtual

para que possam escolher bem que tipo de produto ou serviço devem adquirir. Por

isso, deve-se ter o máximo de cautela na busca por determinado produto ou serviço

para que não haja nenhum tipo de transtorno posterior, até mesmo no sentido da

busca pelo seu direito, devido a atualização contínua dos tipos de relação do

mercado virtual.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não há como se negar que a tecnologia vem invadindo com uma velocidade

absurda, diversas áreas de nosso cotidiano. Dentre elas a comercial e por

conseqüência de suas operações, a jurídica. Principalmente por sua popularização e

massificação, tomando como base a população brasileira, ela vem transformando a

vida de mais da metade do país, que segue uma tendência mundial no que tange

esse aspecto.

Atitudes e processos tradicionais que antes eram praticados por toda

integralidade da população, vêm dando espaço para a rapidez, facilidade e

desburocratização do meio eletrônico. E até os mais reticentes começam a se

render às novas tecnologias para terem suas necessidades atendidas.

É aí que mora o perigo, pois o mundo se torna cada vez mais imediatista, e

com sua globalização desenfreada, só aumenta o consumismo. Desta forma, o

mundo virtual oferece diversas formas para que sejam facilitadas tarefas que antes

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só eram possíveis por meio presencial. Mas juntamente com toda a facilidade e

desburocratização, surgem os transtornos e o aumento de casos envolvendo o

desrespeito às relações de consumo estabelecidas através deste meio e ao

consumidor em si.

Envolto a todo esse processo de desenvolvimento, o legislativo procurou

através do CDC regular as relações comerciais, buscando a proteção dos direitos do

consumidor e estabelecendo condutas, prazos e penalidades para que o fornecedor

de serviços ou produtos possa ser penalizado por possível insucesso nesta relação.

É imperioso ressaltar que apesar de vários esforços do legislativo, as leis

aplicadas não atingem todas as situações que geram os litígios oriundos das

relações de consumo na internet. É claro que o CDC busca preencher esta lacuna,

tentando garantir o cumprimento da função social nos moldes da nossa Constituição

Federal, mas é nítido que há várias peculiaridades e situações onde o mesmo não

alcança ou é impreciso.

Assim fica claro que o judiciário deve se modernizar na mesma velocidade em

que as novas tecnologias e práticas de mercado vêm evoluindo, e também, o

julgador deve buscar compreender o ambiente virtual com mais clareza, para que

seja aplicada de maneira eficaz uma legislação específica.

As transações virtuais já se tornaram indispensáveis à grande maioria da

população, pois oferecem além da comodidade, a facilidade de acesso, a qualquer

hora e qualquer lugar. Portanto o judiciário do país deve estar atento, e buscar

através da modernização e qualificação, meios para que a legislação aplicada a

esse tipo de relação virtual não fique obsoleta.

ENFOQUE JURÍDICO DE LAS RELACIONES DE CONSUMO EN INTERNET

RESUMEN

El propósito de este estudio es exponer a su naturaliza teórica, que desde el crecimiento y el desarrollo de nuevas práticas de las empresas, el Estado debe regular las relaciones de consumo existente, com el fin de evitar conflitos de interesses. Siempre tratando de alinearse con el progreso científico, y que tiene como objeto de estudio, la utilización de innovaciones tecnológicas para fomentar el consumo de bienes o servicios. Y cuando eso no ocurre, el ciudadano que se sintió agraviado debe buscar el apoyo legal del sistema judicial para la resolución de cada caso, que debe estar preparado y asegurado para tomar la mejor decisión. Esto puede convertirse en un gran problema si hacemos una comparación entre el

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crecimiento paralelo de las nuevas tecnologías y el grado de supervisión y control de las mismas. Tenga en cuenta que a pesar de los esfuerzos realizados y las prácticas de los jefes de nuestro poder judicial, aún hay mucho trabajo por hacer. Elaborado en base a la metodología aplicada a la investigación bibliográfica y documental, este estudio trata de la intervención del Estado en este tipo de relación de consumo, aplicando efectivamente una ley justa, sin el uso de analogías por falta de una legislación totalmente específica para este tipo de cuestión. PALABRAS CLAVE: Consumidor. Derecho. Internet. Las Relaciones de Consumo.

REFERÊNCIAS

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S586aSilva, Daniel Dantas da. Abordagem jurídica das relações de consumo na internet./Daniel Dantas

da Silva. – Cabedelo, 2015.

22f. Orientador: Prof. Esp. Pablo Juan Nóbrega. Artigo Científico (Graduação em Direito).Faculdades de Ensino Superior

da Paraíba – FESP

1. Consumidor. 2. Direito. 3. Internet. 4. Relações de Consumo. Título

BC/Fesp CDU: 343(043)