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FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
FERNANDA OLIVEIRA DE ALMEIDA
JOSÉ EDUARDO BONINI
PAMELA CRISTINA CAZAROTO
PRISCILA GASPAR ROMUALDO
RELATÓRIO DE TRABALHO DE CAMPO - VALE DO PARAÍBA:
Municípios de Jacareí, São José dos Campos e Tremembé - SP
SÃO PAULO
2016
FERNANDA OLIVEIRA DE ALMEIDA
JOSÉ EDUARDO BONINI
PAMELA CRISTINA CAZAROTO
Comentado [A1]: NOTAS: INTRODUÇÃO: 1,0 DESENVOLVIMENTO: 7,0 CONSIDERAÇOES E BIBLIOGRAFIA: 0,5 FIGURAS E MAPAS: 1,0 NOTA FINAL: 9,5 O texto está bem escrito e elaborado. Com uma estrutura boa do trabalho. Apresenta ótimo referencial bibliográfico e citado de forma correta conforme as normas e padrões da ABNT RELATÓRIO MUITO BOM!
PRISCILA GASPAR ROMUALDO
RELATÓRIO DE TRABALHO DE CAMPO - VALE DO PARAÍBA:
Municípios de Jacareí, São José dos Campos e Tremembé - SP
Trabalho acadêmico apresentado
como exigência parcial para
aprovação na disciplina
“Geomorfologia II” da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São
Paulo.
Orientadora: Profª Drª. Bianca
Carvalho Vieira.
SÃO PAULO
2016
INTRODUÇÃO
Como atividade de campo proposta para a disciplina “Geomorfologia II”, em
19 de maio de 2016, saímos da Universidade de São Paulo em direção ao Vale do
Paraíba. Realizamos 3 paradas: A 1ª no município de Jacareí, no Médio Vale do
Parateí, próximo ao Km 8 da Rodovia Dom Pedro I, a 2ª no município de São José
dos Campos em estrada vicinal à Rodovia Presidente Dutra e a 3ª na Mineração
Santa Fé, no município de Tremembé.
Nos pontos de parada supracitados, pudemos observaroservamos as
formas de relevo que compõem a paisagem e relacioná-las às informações
obtidas em aula sobre os processos geomorfológicos dos quais essas formas são
resultantes.
1. Primeira Parada: Município de Jacareí.
Nossa primeira parada (Figura 1) é o município de Jacareí - SP, na região
do Médio Vale do Rio Parateí1. Uma primeira visão da paisagem já mostra as
diferenciações mais locais, reflexos de diferenciações em escalas regionais e ao
longo do tempo geológico. Moldadas em diferentes paleoclimas, podemos
classificar três unidades de relevo2 distintas, que apresentam diferentes
modelados3, sendo elas: O Platô de Santa Isabel, o Gráben Marginal do Parateí e
as Colinas Sedimentares. Trataremos de cada unidade de relevo desta parada
mais adiante neste tópico.
1 Coordenadas UTM (x: 389900; y: 7423900). 2 “Entende-se por relevo o conjunto das grandes unidades que se distinguem na paisagem (serras,
maciços, planaltos, escarpas), cuja origem deve-se a deformações da crosta terrestre provocadas por forças internas. Elas são responsáveis, tanto pelo arranjo dos grandes conjuntos estruturais, criado pela tectônica, quanto pelos tipos de rocha que os sustentam (litologia).” (COLTRINARI, 1980, p.55). 3 “O modelado é o conjunto de formas devidas à atuação direta ou indireta do clima sobre o relevo
(vales, terraços, anfiteatros). Essas formas variam de acordo com o tipo e a intensidade dos processos que as originaram. Por esse motivo, pode-se dize que a cada grande zona climática (tropical, fria, árida), corresponde um modelado característico.” (p.55).
Comentado [A2]: Mas quais foram os objetivos? Motivos para o roteiro proposto? etc
Comentado [A3]: Todas as figuras, fotos, mapas etc devem ser indicados no texto. A função das figuras é tentar melhorar a explicação do texto por meio de uma imagem.
Comentado [A4]: As informações do rodapé são muito importantes. Assim não cabem em formato de rodapé e sim dentro do texto. O rodapé serve apenas para indicações mesmo importantes
:
Figura 1: Localização da Primeira Parada. Fonte?
O Platô de Santa Isabel é o ponto mais elevado da área (780-800m), tendo
se desenvolvido sobre rochas pré-cambrianas densamente diaclasadas e
fraturadas, o que tem reflexo na organização da rede de drenagem local. As
formas atuais têm topos e interflúvios com perfil convexo, encostas com altas
declividades, de perfil reto a convexo. Os interflúvios estão cobertos por colúvios
espessos que serviram para formar os horizontes B latossólicos. Os solos da
região são argilo-arenosos a argilosos avermelhados. A areia é predominante no
horizonte A, reduzindo sua participação nos Horizontes B1 e B2.
“Também ocorrem nesta superfície vales colmatados, que aparentemente
correspondem a uma fase pretérita de evolução fluvial, durante a qual a rede de
drenagem era tributária de um nível de base mais elevado que o atual. Nesses
vales secundários é frequente encontrar colúvios correspondentes a diversas
etapas de agradação, separadas por fases de pedogênese, testemunhadas por
horizontes orgânicos enterrados.” (COLTRINARI et. al., 1982, p.11).
Existe certa controvérsia quanto à formação precisa do Platô de Santa
Isabel. Coltrinari e Coutard (1978) apontam que o platô seria uma superfície de
Comentado [A5]: FONTE?
erosão oligocênica, deformada pela tectônica que fez o gráben subsidir. Titarelli
(1975) discorda, dizendo que tal formação seria contemporânea dos
aplainamentos pliocênicos.
“Observações mais recentes levam a pensar que a evolução do platô de Santa
Isabel parece ter sido contemporânea, pelo menos pró-parte, do preenchimento do
gráben pelos sedimentos da Formação Caçapava. Com efeito, do Oligoceno ao
Plioceno teriam ocorrido condições favoráveis à ocorrência de processos de
intensa erosão sob clima seco, em todo o Brasil de Sudeste, culminando em uma
fase de pediplanação mais acentuada no Plioceno (Stanowski, Herz, Dias Ferreira
e Queiroz Neto, 1982)” (COLTRINARI et al, 1982, p.16).
As Colinas do espigão Parateí-Paraíba, separadas do platô de Santa Isabel
pela várzea, possuem uma rede de drenagem menos densa, com vales largos de
fundo chato. O divisor de águas se encontra a SE, separando os rios afluentes do
Parateí e do Paraíba. Tais colinas são formadas a partir do entalhe da Formação
Caçapava4, com as direções dos interflúvios e dos vales afluentes indicando
condicionamento estrutural do entalhe fluvial, com um mergulho geral das
camadas para NW e um sistema de fraturas que acompanha a direção tectônica
regional. Nos interflúvios podem ser encontrados diversos tipos de materiais:
fragmentos e blocos de couraças, cascalheiras e formações argilo-arenosas nas
partes mais superiores, além de stone-lines e formações areno-argilosas nas
encostas.
“As colinas da bacia do Parateí foram modeladas a partir do entalhe dos materiais
sedimentares da Formação Caçapava. Na porção sul da área os divisores atingem
650-670m, diminuindo progressivamente para N até alcançarem 630-640m de
altitude na parte terminal, próxima ao vale principal. Os interflúvios mais elevados,
próximos às cabeceiras dos afluentes do Parateí, são estreitos e alongados; sua
configuração muda em direção ao coletor principal, cujos tributários ocupam vales
assimétricos de fundo chato, separados por divisores de topos largos. Neste vales,
as vertentes mostram patamares restritos, relacionados à ocorrência de argilito e
4 “A Formação Caçapava constitui a totalidade dos afloramentos da Bacia do Parateí. Apresenta
sequência faciológica bem diferenciada e com numerosas variações verticais e horizontais, representadas por sedimentos imaturos de todas as classes granulométricas. Para Hasuii et alii (1978), as estruturas sedimentares reconhecidas identificariam um ambiente de acumulação fluvial, não excluindo localmente condições lacustrinas. Segundo Tricart e Silva (1958) e Ab’Sáber (1969), os materiais teriam sido depositados numa série de lagos rasos, de contornos variáveis, sujeitos a uma dinâmica sub-árida e a um espessamento estimulado por subsidência tectônica persistente e moderada.” (COLTRINARI et al, 1982, p.8).
arenito silicificado, presentes na coluna estratigráfica da Formação Caçapava.”
(COLTRINARI et al, 1982, p.11).
As couraças tendem a ter maior diâmetro quanto mais próximo do vale.
Constituem camadas cascalhentas de alguns centímetros, com textura arenosa,
que repousam quase sempre sobre camadas alteradas da Formação Caçapava.
Na altitude de 650-660m, nos interflúvios, é possível encontrar horizontes
latossólicos areno-argilosos, muito alterados, sem minerais primários e com sua
fração argila composta de caulinita e óxidos e hidróxidos de ferro. Encontram-se
em diferentes pontos da Formação Caçapava, em contatos irregulares, com linhas
de seixos ou diferenças texturais nítidas e abruptas.
É observável no modelado desta unidade de relevo a presença de
estratificação cruzada, visível nos perfis de solo. Tal forma sedimentar é
característica de climas semiáridos, já que ela traduz os ângulos de repouso das
faces de avalanche das dunas de material arenoso, ficando preservada devido ao
soterramento da sequência sedimentar (PRESS et al, 2008).
Portanto, é durante o Pleistoceno Inferior, que o clima semiárido permite a
elaboração da superfície do Parateí, com um pediplano embutido a NW, cortando
as camadas sedimentares da Formação Caçapava.
“Posteriormente, ainda no Pleistoceno Inferior, o clima torna-se mais úmido. Inicia-
se o entalhe fluvial da Superfície do Parateí, a alteração das formações superficiais
que originaram os latossolos, e o desmantelamento das couraças. Ao contrário do
que ocorria nas partes mais continentais, as alternâncias climáticas para maior
aridez que se sucederam ao longo do Quaternário nesta área parecem ter sido
pouco expressivas, fato atestado pela pequena importância dos depósitos de
cascalho ao longo do vale do Parateí.” (COLTRINARI et al, 1982, p.17).
Ainda de acordo com os autores acima, a ausência dos testemunhos de
climas mais secos no Vale do rio Parateí pode ter sido consequência da posição
deste em relação às áreas-refúgio de maior umidade, representadas pela Serra do
Mar e a da Mantiqueira (COLTRINARI et al, 1982 apud AB’SÁBER, 1977). Deste
modo, os autores continuam a respeito do vale:
“Desta fase [mais árida] seriam testemunhos os depósitos grosseiros do fundo de
várzea do Parateí, a partir do início do preenchimento da planície aluvial durante o
Holoceno. [...] De acordo com as interpretações propostas por diferentes autores,
correspondem a recorrências de climas mais secos durante o Holoceno. [...] Na
base dos depósitos, a estrutura maciça associada aos troncos parece relacionar-
se a contribuições laterais em períodos de fortes enchentes. As estratificações
cruzadas e os nódulos de argila do pacote superior estariam indicando depósitos
de corrente em canais fluviais meandrantes da planície aluvial, com zonas laterais
de fluxo de baixa energia. Nestas áreas teria ocorrido sedimentação de materiais
finos e de detritos orgânicos de menor dimensão.” (COLTRINARI et al, 1982, p.18).
Finalmente, é possível afirmar o seguinte:
“São reconhecíveis na área testemunhos de duas fases de clima seco, uma que se
estendeu durante grande parte do Plioceno e outra, no começo do Pleistoceno.
Esses testemunhos estão representados por duas superfícies de aplainamento: a
Superfície de Santa Isabel e a Superfície do Parateí, a primeira desenvolvida nas
rochas pré-cambrianas do platô de Santa Isabel, e a mais recente, preservada nos
topos dos interflúvios das colinas sedimentares da bacia do Parateí.”
(COLTRINARI et al, 1982, p.18).
A reexumação da falha do Parateí se inicia a partir da subsidência
moderada da bacia que permiti o reentalhe da superfície pliocênica pela rede de
drenagem, com o curso principal se instalando encostado na falha do Parateí, no
contato da bacia sedimentar com as rochas Pré-Cambrianas.
A Formação Resende, constitui um sistema de leques aluviais proximais e
distais, sendo que no primeiro ocorre uma deposição de materiais em suspensão
que são mais finos em comparação ao que se depositam no setor distal. Esta
diferença diz respeito à perda da capacidade de descarga, que ocasiona a
deposição dos sedimentos em suspensão ou que antes eram transportadas como
carga de fundo. Tal sistema de leques aluviais, com formação de canais
entrelaçados, parte de um sistema de deposição deltaico, que ocorre no Eoceno -
Oligoceno Superior
Por fim, o Gráben Marginal do Parateí desenvolve-se ao longo de uma escarpa
de falha exumada, que separa “dois compartimentos distintos tanto do ponto
geológico quanto geomorfológico: o Platô de Santa Isabel a NW, que constitui o
conjunto de maior altitude, sustentado por rochas do Pré-Cambriano, e os relevos
colinosos modelados nas formações sedimentares do Terciário Superior, que se
estendem até as faldas da Serra do Itapeti a SE.” (COLTRINARI, 1982, p.8).
Sua evolução está ligada aos processos tectônicos da porção Atlântica da
Plataforma Brasileira, com o soerguimento da Serra do Mar, fortes vulcanismos e
abundância de falhamentos. Num momento posterior, um sistema de rifts dá
origem às bacias sedimentares do Planalto Atlântico, como a Bacia de Taubaté,
que tem como um prolongamento a Bacia do Rio Parateí.
A várzea do Parateí divide-se em três segmentos, separados por passagens
epigênicas sobre gnaisses. Existem depósitos de cascalho descontínuos e de
pequena extensão nas encostas. As várzeas estão preenchidas por 8-10m de
sedimentos. Há uma sucessão de camadas de seixos, areias, argilas e matéria
orgânica. “A grande variação lateral e vertical destes depósitos indica a existência
de diversas fases de sedimentação, com modificações muito frequentes da
posição do leito do rio na planície aluvial.” (COLTRINARI et al, 1982, p.15). O
segmento restante é descrito no trecho, transcrito do artigo dos mesmo autores
citados:
“Nas bases, apresentam geralmente uma camada de seixos não alterados, de
quartzo e quartzito, em matriz arenosa grosseira, com espessura aproximada de
1m. A partir desta camada, a deposição foi predominantemente arenosa, com
intercalações pouco espessas de argilas e siltes, contendo restos orgânicos. De
modo geral, é possível distinguir duas fases maiores de deposição contendo restos
orgânicos (COLTRINARI, COUTARD e NAKASHIMAet al, 1978): a primeira,
situada em torno de 5 a 6m de profundidade, está constituída por areia grossa,
sem estratificação aparente, contendo na base grande quantidade de troncos de
árvores de até 60cm de diâmetro. Passa progressivamente a areias mais finas,
contendo folhas e outros detritos orgânicos de menor dimensão; a segunda,
situada a cerca de 2m de profundidade, corresponde a areias, geralmente com
estratificação cruzada, contendo nódulos de argila e também troncos similares aos
anteriores. Na parte mais superficial, é comum a presença de areias, siltes e
argilas, estas últimas muitas vezes associadas a presença de folhas.”
(COLTRINARI et al, 1982, p.16).
No vale do Parateí são observáveis soleiras rochosas compartimentando a
planície de inundação, o que mostra as variações de espessura dos sedimentos
cenozoicos que preenchem o gráben. Tais soleiras são sustentadas por rochas
pré-cambrianas.
·
Figura 2: Vista do Vale na primeira parada.
Figura 3: croqui do perfil geológico da primeira parada
2. Segunda Parada: Município de São José dos Campos/SP
Figura 4: Localização da segunda parada
A segunda parada foi no município de São José dos Campos, com as tais
coordenadas UTM: X - 416.905 e Y - 7.438.012. O local corresponde ao
depocentro - parte central - da Bacia de Taubaté, assim, está entre o Alto
Estrutural de Caçapava e o Alto Estrutural de Pindamonhangaba, no
compartimento Taubaté.
O relevo mostra-se mais rebaixado devido a processos geoquímicos que
atuam sobre a área, sendo que estes são favorecidos pelas descontinuidades
geológicas presentes. A Bacia Sedimentar de Taubaté está presente sobre as
rochas ígneas e metamórficas do Embasamento Cristalino e dentro de sua
formação possui discordâncias provindas de paleoclimas.
A primeira deposição de sedimentos - Grupo Taubaté - origina-se a partir
do reativamento de falhas. Neste grupo estão presentes três formações:
Formação Resende, Formação Tremembé e Formação São Paulo, do qual
colocaremos aqui apenas a primeira por tratar o embate entre formações em
questão. Assim, na Formação Resende, correspondente ao período do Eoceno ao
Oligoceno, é possível encontrar a sedimentação de diversos tipos de rochas e
minerais concordantes com a planície fluvial de rios entrelaçados com a presença
de arenitos e lamitos intercalados em seus leques aluviais medianos e distais.
Na Formação Pindamonhangaba, do Neógeno, a deposição de sedimentos
deu-se provavelmente em condições de clima mais úmido do que a Formação
Resende e de maior calmaria tectônica. Esses depósitos são correlacionados à
sistema fluvial meandrante (linhas de seixos observadas no perfil desta parada
podem estar associadas a paleocanais meândricos) e não possuem lamitos e
arenitos intercalados, mas possuem lamitos arenosos, conglomerados, arenitos
argilosos mal selecionados, além de siltitos maciços, estratificados ou laminados,
entre outras deposições que como exposto no Boletim do IG-USP (1991)
caracteriza
sistema fluvial meandrante. A presença generalizada de caulinita detrítica
nos sedimentos da Formação Pindamonhangaba sugere condições
climáticas úmidas, em concordância com o ambiente de sedimentação
postulado (RICCOMINI, 1989).
Ainda no mesmo artigo:
A Formação Pindamonhangaba assenta-se em discordância sobre
sedimentos oligocênicos (Grupo Taubaté). Por outro lado, a formação é
recoberta por sedimentos coluviais e aluviais de idade pleistocênica
(RICCOMINI et al., 1989).
A última regressão marinha da região, anterior ao Pleistoceno Superior,
foi a responsável pela deposição da Formação Cananéia, de idade
Sangamoniana, há cerca de 120.000 anos A.P. (SUGUIO & MARTIN,
1978). Esta regressão testemunharia rebaixamento global do nível do
mar e esfriamento, sendo precedida por transgressão cujo máximo
ocorreu há 0,8-1,3 Ma (HAQ et al., 1987), esta provavelmente em
condições mais úmidas, compatíveis com a deposição do sistema em
questão. Dessa forma, esse intervalo pleistocênico poderia representar a
idade mínima da Formação Pindamonhangaba.
Evidencia com isso a discordância geológica supracitada e a confirmação
de diferentes paleoclimas que atuaram sobre a região e modificaram a paisagem
como um todo.
A partir dessas diferenças litológicas - geológicas há o confinamento de
água nas discordâncias estratigráficas, tanto entre o Embasamento Cristalino e a
Bacia Sedimentar, como dentro das formações da própria bacia. Doravante a essa
situação, processos geoquímicos passam a atuar com maior intensidade,
transformando minerais a partir da lixiviação das bases mais solúveis,
permanecendo apenas os que possuem maior resistência. Com isso, os materiais
que sustentam o relevo perdem volume e este é rebaixado, deste modo, há a
dissecação maior em uma parte do relevo e seu rebaixamento progressivo, como
pôde ser visto nesta segunda parada.
Figura 5: perfil do corte na estrada
3. Terceira Parada: Mineração de argila Santa Fé, Município de Tremembé/SP
Nossa terceira parada foi no município de Tremembé, na Mineradora da
Sociedade Extrativa Santa Fé LTDA. Lá ocorre a extração a céu aberto da
bentonita - mineral do tipo Ilita-Montmorilonita, do grupo das argilas esmectíticas.
As bentonitas apresentam partículas muito finas, elevada carga superficial e alta
capacidade de troca catiônica. Por conta de suas características estruturais, a
bentonita é extremamente interessante para o mercado industrial, especialmente o
de fundição e aciaria.
Figura 6: coordenadas da terceira parada
Coordenadas UTM:
Y: 7.461.981
X: 444.732
Estrutura da bentonita:
Figura 7: esquema estrutural da bentonita fonte?
A bentonita extraída na Mineração Santa Fé é produto da decomposição de
rochas em contato com água de lixiviação, rica em cálcio, ferro, magnésio e
potássio. Rochas nessas condições, com presença também de matéria orgânica,
transformaram sedimentos cauliníticos em argila Ilita-Montmorilonita. Esses
materiais são provenientes da Bacia de Taubaté, encravada entre as serras do
Mar e da Mantiqueira e preenchida por sedimentos originários da erosão dessas
serras.
No local, pudemos observar a principal vertente de extração da mineradora
sendo preenchida por sedimentos finos como calcário e marva (calcita com argila),
e sendo possível detecção de folhelhos - lama que sofreu diagênese.
Em relação ao passado, é possível inferir, pela presença de manchas
esbranquiçadas nas rochas, a presença de animais fossilizados que datam do
oligoceno superior.
Pudemos observar também características de morfologia fluvial no local,
apontando para uma atual disposição de solo e relevo resultante de um
paleoambiente fluviolacustre mais úmido. Nessa reconstituição é possível ver
inflexão meândrica na margem sentido Paraíba do Sul. Observamos também
indícios de influência humana, que gerou alterações: o feno alterando a forma dos
meandros e atividade agrícola alterando foz do rio Paraíba do Sul.
“A mineração e o garimpo são atividades que também exercem forte
interferência no ambiente natural e contribuem para a sua deterioração. Trata-se
da extração de recursos naturais do solo e do subsolo, dos mais variados tipos e
usos. ” Jurandyr Ross em Geografia do Brasil (pág 231). Ross (ano)
No caso da mineração Santa Fé, a extração que hoje se faz pode e irá
afetar o ambiente que acima descrevemos, podendo ele ser modificado e se,
daqui algumas décadas voltássemos lá, encontraríamos uma paisagem diferente
da que vimos no ano de 2016, devido as lentas mudanças estruturais, mas
sobretudo pela ação antrópica no meio.
➔ base do perfil: argila esmectita
➔ face distal da área fonte: preenchida principalmente por sedimentos finos
➔ formação de dolomito (calcita com magnésio)
➔ formação de marga (argila e calcita)
➔ folhelho - lama que sofreu diagênese: escamação muito fina/laminação
◆ ambiente mais úmido
◆ canais meândricos e lagos
➔ animais fossilizados: oligoceno superior
◆ manchas esbranquiçadas na rocha → fósseis
◆ preenchimento de canais com seixos → migração lateral dos meandros para
a esquerda
◆ morfologia fluvial:
● influenciado pelas falhas geológicas
● convergência para a fossa do Paraíba
Figura 8: perfil geológico da terceira parada
Figura 9: foto retirada do perfil da terceira parada
Figura 10: perfil do corte na mina, terceira parada.
CONCLUSOES???????????????????
Referências bibliográficas
COIMBRA, A. M.; MATURAMA, E. C.; MIHÁLY, P.; SUGUIO, K.; RICCOMINI, C.,
Boletim IG-USP, Nova unidade litoestratigráfica cenozóica da bacia de Taubaté,
SP: formação Pindamonhangaba. São Paulo: Instituto de Geociências da USP,
publicação especial, n.º 9, nov. 1991.
COLTRINARI, L. Um exemplo de carta geomorfológica de detalhe: A carta do
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São Paulo, n.1, Separata, p.56-61, 1961.
COLTRINARI, Lylian; NAKASHIMA, Paulo; QUEIROZ NETO, José Pereira de.
EVOLUÇÃO QUATERNÁRIA DO VALE MÉDIO DO RIO PARATEI, ESTADO DE
SÃO PAULO - BRASIL - DOI: 10.7154/RDG.1984.0003.0001. Revista do
Departamento de Geografia, [S.l.], v. 3, p. 7-19, nov. 2011. ISSN 2236-2878.
Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rdg/article/view/47083>. Acesso em: 13
june 2016. doi:http://dx.doi.org/10.7154/RDG.1984.0003.0001.
VIDAL, A. C.; FERNANDES, F. L.; CHANG, H. K., Geociências, Distribuição dos
arenitos na Bacia de Taubaté. São Paulo, UNESP, v. 23, n. 1/2, p. 55-66, 2004
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ROSS, JURANDYR L. SANCHEZ. Geografia do Brasil. São Paulo:Edusp. 2001
TITARELLI, A. H. V. O Vale do Parateí. Estudo Geomorfológico. Série teses e
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