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FACULDADE REDENTOR CURSO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS REGINALDO CARARINE BATISTA MONOGENEAS DE Hoplias malabaricus NO LAGO DO JOÃO BEDIM EM ITAPERUNA - RJ. Itaperuna 2016

FACULDADE REDENTOR CURSO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS · Estas modificações são importantes na biologia energética das populações de peixes, pois, os peixes jovens concentram sua captura

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FACULDADE REDENTOR

CURSO CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

REGINALDO CARARINE BATISTA

MONOGENEAS DE Hoplias malabaricus NO LAGO DO JOÃO BEDIM EM ITAPERUNA - RJ.

Itaperuna

2016

REGINALDO CARARINE BATISTA

MONOGENEAS DE Hoplias malabaricus NO LAGO DO JOÃO BEDIM EM ITAPERUNA - RJ.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Ciências Biológicas como parte dos requisitos a obtenção do Grau de Bacharel em Ciências Biológicas.

Orientador: Marcos Paulo Machado Thomé

Itaperuna

2016

SUMÁRIO

SEÇÃO I

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 5

2 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 7

2.1 OBJETIVOS..................................................................................................... 8

2.2 OBJETIVO GERAL......................................................................................... 8

2.3 OBJETIVO ESPECÍFICO................................................................................ 8

4 RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO ............................................................. 9

5 BIOLOGIA DE Hoplias malabaricus................................................................. 11

6 PARASITOFAUNA DE Hoplias malabaricus................................................... 13

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 17

SEÇÃO II

RESUMO................................................................................................................ 24

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 25

MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................... 26

ÁREA DE ESTUDO............................................................................................... 26

COLETA DOS EXEMPLARES.............................................................................. 27

ANÁLISE PARASITOLOGICA............................................................................ 27

RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................. 27

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 32

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 33

SEÇÃO I

REVISÃO DE LITERATURA

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1- INTRODUÇÃO

Em um cenário de desenvolvimento urbano e, ao mesmo tempo, de uma

expansão preocupação com a qualidade do ambiente urbano, os parques urbanos

agem como atenuantes dos problemas ambientais e de saúde, favorecendo o bem

estar (CARBONE, 2014).

Esses espaços verdes nas áreas urbanas apresentam temperatura mais baixa

que os seus arredores (MINELLA et al., 2011), desempenhando papel significativo

na regulação do clima. A cobertura vegetal e os corpos hídricos presentes nessas

áreas atuam no controle da temperatura e umidade relativa do ar (ALMEIDA, et al.,

2013).

No entanto, a existência de lagos geralmente promove a proliferação de insetos

e uma das soluções de controle é a introdução de peixes de pequeno e médio porte,

tanto para predação de larvas dos insetos quanto para ornamentação.

Porém outros problemas surgem em relação a população de peixes

introduzidos, uma vez que a alteração, os fatores físico-químicos, nos ambientes

aquáticos tais como: a luminosidade, a composição química, a disponibilidade de

espaço e de alimentos e, principalmente, a temperatura e o termos de oxigênio,

influenciam de forma relevante no desenvolvimento e bem-estar das espécies

presentes nos lagos (GRAÇA & MACHADO, 2007).

Em relação aos peixes, observa-se que geralmente as espécies adotadas são

exóticas como a carpa colorida Cyprinus carpio e a tilápia Oreochromis niloticus. A

primeira costuma ser utilizada com apelo ornamental, já a tilápia por ser bastante

resistente a variações da qualidade da água, e atuar no controle de larvas de insetos

(SILVA et al., 2012).

Outra espécie muito encontrada em quase todos os corpos de águas

continentais do Brasil é a traíra, Hoplias malabaricus (Bloch, 1794), que além de ser

uma adaptada a ambientes lênticos pode ser encontrada em rios de pequeno a

grande porte. Ela Apresenta alta resistência podendo sobreviver em ambientes

pouco oxigenados e suportar grandes períodos de jejum, o que contribui para sua

ampla dispersão e adaptação (BARBIERI et al., 1989).

Mesmo uma espécie de alta resistência ainda está sujeita a intempéries do

ambiente, especialmente em lagos urbanos que sofre a interferência diária de

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fatores estressantes, com a entrada de resíduos na água, vibração e barulho

constantes, situações inerentes do meio urbano.

As condições de confinamento especialmente em período de estiagem podem

facilitar a disseminação de parasitas elevando a taxa de parasito por hospedeiro,

contribuindo desta forma para um aumento na taxa de mortalidade (SOBRINHO et.

al ., 2014).

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2 - JUSTIFICATIVA

Conhecer a fauna parasitária dos peixes em ambientes lênticos como os lagos

urbanos é de grande importância, pois as mudanças nos fatores ambientais tendem

a alterar a situação de equilíbrio parasita-hospedeiro, levando ao crescimento

populacional do parasita e resultando na morte de hospedeiros. As espécies de

peixes que permanecem em corpos hídricos com baixa qualidade ambiental são

consideradas bioindicadoras destes hábitats e podem atuar como hospedeiros

intermediário-definitivos de diversos parasitas.

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3 - OBJETIVOS

3.1 - OBJETIVO GERAL

Realizar o levantamento de parasitas da classe monogênea nas brânquias de

Hoplias malabaricus coletadas em um lago urbano localizado no município de

Itaperuna – RJ.

2.3 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar os espécimes de parasitos coletados quanto ao menor nível

taxonômico possível;

Determinar os índices parasitários por espécie identificada;

Verificar se há variação sazonal desses parasitas em relação aos índices

parasitários;

Verificar a variação índice parasitários por classe de tamanho do hospedeiro.

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4 - RELAÇÃO PARASITO - HOSPEDEIRO

O parasitismo desempenha um papel fundamental na biologia dos peixes. As

infecções parasitáriaspodem afetar o comportamento do hospedeiro,alterando sua

sobrevivência e seus padrões de migração e reprodução. Estas alterações podem

ainda influenciar na regulação das populações e afetar a estrutura das comunidades

de peixes (LUQUE & POULIN, 2008). De acordo com ZUBEN (1997), as estruturas

de comunidades parasitárias podem ser determinadas por vários fatores como

idade, hábitos alimentares e habitat utilizados por seus hospedeiros, bem como sua

fisiologia.

A diversidade de parasitas de peixes também estáassociadoà diversidade de

hospedeiros tanto intermediários como definitivos, uma vez que muitos dos

endoparasitos dependem de outros organismos para completar seu ciclo, estando a

riqueza das espécies de parasitas relacionadas ao tamanho do hospedeiro

(ZUBEN,1997).

As espécies de parasitas estão divididas em diversos grupos

taxonômicos:protozoários, trematódeos, cestoides, nematoides, crustáceos

(TAKAMOTO & PAVANELLI 1996; LUQUE, 2004), anelídeos, moluscos (Gloquidias)

(EIRAS, 2002), além de bactérias e vírus.

A gravidade das lesões provocadas pelos parasitas dependem de vários

fatores como o grupo do parasita em questão, a sua localização e o modo particular

como atuam sobre o hospedeiro (ZANOLO & YAMAMURA, 2006). No entanto, as

lesões branquiais são particularmente importantes uma vez que esse órgão reage

fortemente à presença de parasitas, provocando assim, uma proeminente

proliferação celular que acarreta a diminuição ou perda da respectiva atividade

respiratória. Nos casos mais graves, pode provocar a morte do hospedeiro por

asfixia (PAVANELLI et al.,1998).

As monogênicas são os principais parasitos encontrados nas brânquias de

peixes. Caracterizam-se por apresentarem o haptor, órgão de fixação composto de

ganchos e âncoras (UEDA et al., 2013). Os ovos protegido no útero do parasita

atravessa pelo poro genital, se fixam no hospedeiro por um filamento e neste a larva

se desenvolve. Após um período de tempo a larva ciliada, conhecida como

oncomiracídeo, consegue nada livremente a buscando um novo hospedeiro no qual

possa se fixa e gradualmente se progride até a fase adulta (CHENG,1986).

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As lesões branquiais causadas por monogenéticos podem dificultar o

funcionamento das lâminas branquiais econsequentemente ocasionar problemas

nas trocas de gases.Uma infestação severa nas brânquias resulta em inflamação do

epitélio branquial e ruptura dos capilares sanguíneos, prejudicando a respiração e

levando os peixes à morte (THATCHER, 2006).

As parasitoses são as maiores causas de prejuízos na aquicultura comercial,

por que os peixes são animais altamente sensíveis ao estresse, o que é um fator

inevitável no cultivo intensivo. Diante desta condiçãoos peixes têm seu desempenho

zootécnico acometido e se tornam suscetíveis ao ataque de patógenos, trazendo

prejuízos irreparáveis ao produtor. Nas pisciculturas, para manter as doenças fora

do sistema, a melhor tática é adotar programas de prevenção e controle. Os

prejuízos causados fazem com que os produtores busquem conhecer as doenças

manifestadas nos peixes para desta forma estarão mais preparados para buscarem

e tomarem soluções diante das infestações (DIAS, et al., 2009).

De acordo com os relatórios da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio

de Janeiro - FIPERJ (2015), o estado do Rio de Janeiro possui a piscicultura de

água doce como principal representante do pescado, apresentando um elevado

número de espécies produzidas, com predomínio das criações de tilápia

Oreochromis niloticus); de peixes redondos como o tambaqui (Colossoma

macropomum), o pacu (Piaractus mesopotamicus), a pirapitinga (Piaractus

brachypomus) e seus híbridos; e da truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss).

Ainda de acordo com a FIPERJ (2015), em 2014 a produção das espécies

mencionadas representou 86% da produção aquícola estadual. Dentre as espécies

nativas destaca-se a traíra (Hoplias malabaricus), considerada um peixe magro e de

alto valor nutricional principalmente em relação à proteína (SANTOS et al. 2001).

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5 - BIOLOGIA DE Hoplias malabaricus

Hoplias malabaricus é um peixe neotropical pertencente ao gênero Hoplias,

popularmente conhecido como traíra ou trairão, apresenta ampla distribuição

geográfica, ocorrendo desde a Costa Rica até a Argentina (CARVALHO et al., 2002).

Apresenta a seguinte classificação taxonômica:

Filo: Chordata

Classe: Osteichthyes

Ordem: Characiforme

Família: Erithirinidae

Gênero: Hoplias (Gill,1903)

Espécie: Hoplias malabaricus (Bloch,1794)

O gênero Hoplias diferencia-se dos outros dois gêneros da família, Erythrinus e

Hoplerythrinus (Gill, 1896), por apresentar dentes caninos no maxilar e na porção

superior e inferior do dentário. Possuem nadadeira ventral com 8 raios e nadadeira

anal com 10 a 12 raios (BRITSKI et al., 1988).

Segundo Oyakawa (2009), o gênero é composto por doze espécies sendo que

sete delas ocorrem no Brasil: H. aimara, H. curupira, H. australis, H. brasiliensis, H.

lacerdae, H. malabaricuse H. microcephalus. Das quais H. lacerdae e H. malabaricus

são amplamente distribuídas e distinguem-se pela aparência da região gular, em H.

malabaricus, a linha dentária converge em forma de “V” com o vértice apontando

para a sínfise mandibular, enquanto em H. lacerdae essas linhas são

aproximadamente paralelas e não se encontram na região sinfisiana

(BRITSKI,1972).

Hoplias malabaricus habita ambientes preferencialmente lênticos e não

apresenta hábitos migratórios, sendoencontrada em rios e lagoas, principalmente

em ambientes de águas rasas e próxima à vegetação submersa ou marginal

(BARBIERI et al., 1989). H. malabaricus possui grande importância para a pesca

comercial e de subsistência, podendo alcançar, aproximadamente, 50 cm e pouco

mais de 1 kg (RESENDE et al.,1996; OYAKAWA & MATTOX, 2009).

Sua dieta é composta por insetos, peixes e fragmentos vegetais que são

engolidos de forma acidental, dado o caráter voraz desta espécie que ao abocanhar

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a presa ingere fragmentos da vegetação próxima (MORAES et al.,1995). Segundo

Caramashi (1979), esta espécie é ictiófaga na fase adulta, insetívora na fase jovem

e planctônica na fase larval, apresentando, desta forma, diversos nichos alimentares

que resultam em um maior aproveitamento de itens alimentares disponíveis no

ambiente, capacitando a espécie a explorar uma ampla variedade de alimentos.

A mudança no regime alimentar de acordo com o desenvolvimento é uma

adaptação para aproveitar uma maior variedade de itens alimentares e também pela

necessidade alimentar que acompanha o desenvolvimento do organismo, devido ao

crescimento do aparelho bucal. Estas modificações são importantes na biologia

energética das populações de peixes, pois, os peixes jovens concentram sua

captura em alimentos pouco ou não explorados pelos adultos, não competindo com

estes por alimento (NIKOLSKI, 1963; KEAST & WELSH, 1968).

Figura 1:

Figura 1: Exemplar de Hoplias malabaricus coletado num lago urbano no município de Itaperuna-RJ.

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5.1- PARASITOFAUNA ASSOCIADA A Hoplias malabaricus

Principalmente pelo hábito piscívoro na fase adulta Hoplias malabaricus

destaca-se por apresentar grande fauna parasitária, sendo exposta tanto na fase

larval e juvenil quanto na fase adulta atuando como hospedeiro intermediário e

paratênico, devido a dificuldade de serem predadas por aves piscívoras, uma vez

que esta espécie, em ecossistemas aquáticos como açudes e barreiros, atua como

carnívoro de maior porte, realizando o controle das populações de peixes menores

(PAIVA, 1974). Segundo Machado et al., (1994), o nível trófico é um dos fatores

chaves para determinação da diversidade da fauna helmintológica em um dado

grupo hospedeiro.

A fauna de parasitas de água doce pode ter diferentes composições

dependendo das espécies de hospedeiros, nível trófico ocupado pelo hospedeiro,

idade, tamanho, sexo e outros fatores bióticos e abióticos. Além disso, os peixes

podem abrigar tanto vermes adultos quanto suas larvas (TAKEMOTO et al., 2009).

Especialistas têm fornecido evidências de que os parasitos são bons

indicadores de contaminação ambiental (MACKENZIE et al., 1995; WILLIAMS &

MACKENZIE, 2003; SURES, 2004; MARCOGLIESE, 2005) uma vez que geralmente

a transmissão de algumas espécies de parasita é alterada em ambientes poluídos

(MACKENZIE et al., 1995, WILLIAMS & MACKENZIE, 2003).

Em muitos dos casos, a transmissão de endoparasitos com ciclos de vida

complexos, pode ser moderada no ambiente através de efeitos da poluição em

ambos os estágios de vida, dos hospedeiros intermediários quer nos definitivos

(POULIN, 1992).

Dentre os protozoários associados à infestação parasitária em H. malabaricus,

destacam-se do hospedeiro Henneguya malabarica (Myxozoa) que infesta as

brânquias (AZEVEDO & MATOS, 1996), totalizam 146, as espécies de Henneguya

que parasitam peixes em diversas regiões do mundo (Erias et al., 2006), no

entretanto a uma grande listagem na America do Sul cerca de 32 espécies em

peixes de água doce (BARASSA et al ., 2003)

Os acantocéfalos estão entre os helmintos que possuem menos importância no

que se refere aos danos causados em seus hospedeiros (PAVANELLI et al., 1998).

Segundo Santos et al., (2008), os acantocéfalos parasitas de peixes são

encontrados em forma adulta no intestino e larval nos tecidos. Esses últimos são,

geralmente, membros da família Polymorphidae e utilizam os peixes como segundo

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hospedeiro intermediário no seu ciclo de vida. Segundo Rosim et al., (2005) ao

estudarem H. malabaricus de uma lagoa do estado de São Paulo, relataram

infestação deste helminto.

Os nematóides são parasitos bastante comuns em peixes de água doce,

apresentando um ciclo bastante complexo, podendo se caracterizar por ciclos

diretos ou indiretos. A grande maioria das espécies necessita de um hospedeiro

intermediário para completar seu ciclo. De modo geral, não causam danos em

peixes, pois sua importância maior está nofato de que algumas espécies podem ser

transmitidas ao homem, causando doenças (PAVANELLI et al., 1998).

A parasitofauna em H. malabaricus, segundo Vicente & Pinto (1999) e Carvalho

et al., (2002) caracteriza-se pela presença de três espécies de nematoides

(Eustrongylide signotuse Contracaecum sp. em estágios larvais e Procamallanus

(Spirocamallanus) hilariem fase adulta) e, que de acordo com a prevalência

apresentada, Contracaecum sp. apresenta-se como a espécie mais abundante com

contribuição parasitária elevada e alta concentração de dominância. Larvas de

Eustrongylides, são comumente encontradas em traíras (Hoplias malabaricus) sendo

a forma adulta encontrada em aves ciconiformes. Além da patologia provocada nas

aves (SPALDING et al., 1993; BARROS, 2001), nos peixes as larvas de

Eustrongylides podem provocar fibrose ao redor dos cistos contendo as larvas e

aparentemente há baixo crescimento do hospedeiro (EIRAS; REGO, 1989).

Em estudo realizado por Paraguassú & Luque (2007), em quantificação de

metazoários parasitos de seis espécies de peixes do reservatório de Lajes,

Contracaecum sp. (em estado larval) foi a espécie mais prevalente e abundante em

H. malabaricus apresentando os maiores valores de dominância relativa média e

frequência de dominância.

Os crustáceos parasitas são organismos altamente modificados cujos

apêndices orais e natatórios transformaram-se em excelentes órgãos de fixação ao

hospedeiro. Dentre os crustáceos parasitos em H. malabaricus destacam-se

Dolopsstriata, Argulus amazonicus, A. carteri, A. spinulosus (MALTA, 1984).

Madi & Silva (2005) registraram larvas de Contracaecum sp. (L3) em G.

brasiliensis e ressaltaram que esse peixe faz parte da dieta alimentar de H.

malabaricus.

Este peixe é carnívoro, sedentário e ocorre em vários tipos de ambientes

fluviais e lacustres (NAKATANI et al., 2001), especialmente em ambientes de águas

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rasas e ou próximo a vegetação marginal. Este peixe é facilmente encontrado em

lagos urbanos.

Tabela 1: Diversidade de Platelmintos citada na literatura científica com indicação do nicho, local de coleta e citação.

GRUPO/ESPÉCIE NICHO LOCAL CITAÇÃO

DIGENIA

Ithyoclinostomum dimorphum Pirassununga – SP Corrêa et al., 2009

Metacercária

Ithyoclinostomum dimorphum

Cavidade celomática

Pelotas – RS Rodrigues et al., 2010 Musculatura

Brânquias

Coração

Ithyoclinostomum dimorphum

Lajes – RJ Paraguassú & Luque,2007

MONOGENEA Hysterothylacium sp Fígado Cana Verde – MG Pereira, 2010

Urocleidoides malabaricusi

Brânquias Paraná – MS Graça et al., 2013

Urocleidoides eremitus

Urocleidoides cuiabai

Urocleidoides brasiliensis

Anacanthorus sp .

Vancleaveus janauacaensis

Cosmetocleithrum bulbocirrus

Dactylogyridae gen. 1 sp.

Dactylogyridae gen. 2 sp.

Monogenea Brânquias Mirante da Serra – RO Malacarne & Godoi, 2012

Monogenea

Pirassununga – SP Corrêa et al., 2009

16 Tabela 2: Diversidade de Nematoda, Crustácea e Hirudínea citada na literatura científica com indicação do nicho, local de coleta e citação.

GRUPO/ESPÉCIE NICHO LOCAL CITAÇÃO

NEMATODA

Contracaecum sp1

Cavidade ovaria Cana Verde – MG Pereira, 2010 Contracaecum sp2

Hysterothylacium sp

Contracaecum sp1 Cecos pilóricos Cana Verde – MG Pereira, 2010

Hysterothylacium sp

Contracaecum sp1 Estômago Cana Verde – MG Pereira, 2010

Goezia sp

Contracaecum sp

Pirassununga – SP Corrêa et al., 2009 Eustrongylides sp

Spirocamallanus hilarii

Goezia sp

Eustrongylides sp Musculatura Buritis – RO Meneguetti et al., 2013

Contracaecum sp. Tecido adiposo

Pelotas – RS Rodrigues et al., 2010 Contracaecum sp. Mesentério

Eustrongylides sp. Musculatura

Phylodistomum rhamdiae Nadadeiras

Contracaecum sp

Lajes – RJ Paraguassú & Luque,2007

Contracaecum sp

Mesentério

Ilha do Marajó – PA Benigno et al., 2012 Fígado

Estômago

Eustrongylides sp.

Mesentério

Ilha do Marajó – PA Benigno et al., 2012 Fígado

Musculatura

Procamallanus sp. Mesentério Ilha do Marajó – PA Benigno et al., 2012

CRUSTACEA

Copepoda / Ergasilus sp Tegumento Lajes – RJ Paraguassú & Luque, 2007

Hirudinea / Glossiphonídeo

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23

SEÇÃO II

ARTIGO

Este manuscrito foi redigido de acordo com as normas do periódico: Revista

Inova Ciência e Tecnologia. Disponível em:

http://revistas.iftm.edu.br/index.php/inova

Acesso em: 18/06/2016.

24

PREVALÊNCIA DE Urocleidoides spp. EM Hoplias malabaricus NUM LAGO

URBANO NO MUNICÍPIO DE ITAPERUNA-RJ

Reginaldo Cararine Batista¹ Carla Moura da Silva² Marcos Paulo Machado Thomé³

RESUMO: Os parasitas monogenéticos frequentemente causam danos severos aos

hospedeiros, especialmente em ambientes confinados. Portanto o objetivo do estudo

foi identificar os parasitos monogenéticos de brânquias de Hoplias malabaricus

(traíra) num lago urbano município de Itaperuna. As coletas foram realizadas entre

os meses de Outubro/2014 e Setembro/2015 ao todo foram coletados 12

exemplares de H. malabaricus em um lago urbano no município de Itaperuna – RJ.

Foram identificadas duas espécies de monogêneas: Urocleidoides naris e

Urocleidoides malabaricusi. Todos os peixes analisados estavam parasitados por

uma destas espécies de monogêneas. A prevalência encontrada de U. naris foi de

25% com uma intensidade media de 53 parasitos por indivíduo e para U.

malabaricusi foi observada uma prevalência de 75% com intensidade média de 54

monogenéticos.

PALAVRAS CHAVE: Monogênea, Águas lênticas, Peixes

PREVALENCE OF Urocleidoides spp. IN Hoplias malabaricus IN URBAN LAKE

IN THE MUNICIPALITY OF ITAPERUNA-RJ

ABSTRACT: The monogenetic parasites often cause severe damage to the hosts,

especially in confined environments. Therefore the aim of this study was to identify

the monogenetic parasites gill Hoplias malabaricus (traíra) in an urban lake city of

Itaperuna. Samples were collected between the months of October / 2014 and

September / 2015 in all were collected 12 specimens of H. malabaricus in an urban

lake in the city of Itaperuna - RJ. We identified two species of monogêneas:

Urocleidoides naris and Urocleidoides malabaricusi. All fish analyzed were

parasitized by one of these species monogêneas. The prevalence of U. naris was

25% with an average intensity of 53 parasites per individual eto U. malabaricusifoi

observed a prevalence of 75% with an average intensity of 54 monogeneans.

KEYWORDS: monogenea, lentic water, fish

¹ Graduando em Ciências Biológicas Faculdade Redentor, Itaperuna, RJ, Brasil. [email protected] ² Bacharel em Ciências Biológicas Faculdade Redentor, Itaperuna, RJ. Brasil. [email protected] ³ Professor-pesquisador, faculdade Redentor, Itaperuna, RJ, Brasil. [email protected]

25

INTRODUÇÃO

A Traíra, Hoplias malabaricus (Bloch,1794) é um peixe neotropical encontrado

em rios e lagoas, principalmente em ambientes de águas rasas e próxima à

vegetação submersa ou marginal (BISTONI et al., 1995).

Na região Sudeste, esta espécie possui grande importância para a pesca

comercial e de subsistência, podendo alcançar, aproximadamente, 50 cm e pouco

mais de 1 kg (RESENDE et al., 1996; OYAKAWA & MATTOX, 2009). Dentre as

espécies nativas, ela se destaca por ser considerada um peixe magro e de alto valor

nutricional principalmente em relação à proteína (SANTOS et al., 2001).

Sua dieta é composta por insetos, peixes e fragmentos vegetais que são

engolidos de forma acidental, dado o caráter voraz desta espécie que ao abocanhar

a presa ingere fragmentos da vegetação próxima (MORAES et al., 1995). Porém,

seu hábito piscívoro na fase adulta permite a infestação de uma variada fauna

parasitária, sendo exposta tanto na fase larval e juvenil quanto na fase adulta

atuando como hospedeiro intermediário e paratênico (RESENDE et al., 1996).

Este peixe é carnívoro, sedentário e ocorre em vários tipos de ambientes

fluviais e lacustres (NAKATANI et al., 2001), especialmente em águas pouco

profundas e submerso ou na vegetação marginal (RESENDE et al., 1996).

Porém, o hábito de colonizar água lênticas pode favorecer a infestação de

parasitas de ciclo de vida direto, a exemplos das monogeneas, que se alojam nas

brânquias dos hospedeiros (RESENDE et al., 1996).

As lesões branquiais causadas por estes parasitos podem dificultar o

funcionamento das lâminas branquiais e consequentemente ocasionar problemas

nas trocas de gases. Uma infestação severa nas brânquias resulta em inflamação do

epitélio branquial e ruptura dos capilares sanguíneos, prejudicando a respiração e

levando os peixes à morte (THATCHER, 2006).

Por ser um predador piscívoro e se alimentar de vários outros tipos de

invertebrados aquáticos, H. malabaricus é uma espécie importante no controle

populacional de suas presas. Por tanto fazem-se necessários estudos sobre as

relações de equilíbrio parasita-hospedeiro para monitoramento e manutenção das

populações desta espécie.

26

Dessa forma o objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de monogêneas

nas brânquias de Hoplias malabaricus coletados no lago João Bedim, situado no

Município de Itaperuna, Estado do Rio de Janeiro uma vez que a Secretaria de Meio

Ambiente deste solicitou o trabalho de pesquisa para verificar a saúde de peixes no

lago artificial.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

O Município de Itaperuna que está localizado a 21° 12′ 18″S e 41° 53′ 16′ W e

altitude de 108 metros, possui uma extensão de 1.109 Km², sendo equivalente a

20,6% da região do Noroeste-Fluminense (EMBRAPA, Online).

O lago situa-se na zona urbana do Município de Itaperuna – RJ e possui

aproximadamente 10.197 m2 de área de águas totalmente lênticas, o qual apresenta

cerca de 75% das margens de vegetação nativa em regeneração inicial e 25%

circunda por calçadão.

Figura 1: Vista parcial do lago urbano no local de acesso ao espelho d’água.

27

COLETA DOS EXEMPLARES

As coletas foram realizadas durante os meses de Outubro/2014 e

Setembro/2015, com intervalo de 30 dias entre elas, totalizando 12 amostragens.

Para a captura dos indivíduos foram utilizados instrumentos comuns de pesca como

varas com anzóis, iscas artificiais e tarrafa.

Após a captura, os exemplares foram armazenados em sacos plásticos e

conduzidos até o laboratório da Faculdade Redentor, onde foram sacrificados

através de perfuração craniana e em seguida medidos com auxílio de régua (cm) e

pesados em balança digital (0.5 g). Os dados obtidos foram inseridos em fichas de

necropsia devidamente preenchidas. Após estes procedimentos as brânquias foram

removidas para uma observação macroscópica e posteriormente os arcos foram

individualizados e examinados com lupa e microscópio em placa de Petri com

solução conservante (álcool 70%).

ANÁLISE PARASITOLÓGICA

Os parasitos foram identificados com base em COHEN et al., (2013) e a partir

de literatura especializada.

Para análise dos índices parasitários foram utilizados os índices de Intensidade

Mínima (Imin) que se refere ao número mínimo de um determinado parasita

encontrado num hospedeiro; Intensidade Máxima (Imax) que se refere ao número

máximo de um determinado parasita encontrado num hospedeiro; Intensidade Média

(IM) calculada sob a fórmula IM = (TPi/HP), onde TPi é número Total do Parasita da

espécie i e HP é o número de Hospedeiros Parasitados e; Prevalência (Prev)

calculado sob a fórmula Prev = (Pi/Pe)x100, onde Pi é o numero de peixes

parasitados por determinado parasita e Pe é o número de hospedeiros examinados.

Todos os conceitos destes índices parasitários foram adotados segundo Zuben

(1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao todo foram capturados e analisados 12 exemplares de H. malabaricus e em

todos eles foram encontrados pelo menos uma das espécies de monogêneas

28

identificadas, ou seja, todos os hospedeiros analisados encontravam-se parasitados.

O comprimento padrão médio dos peixes amostrados foi de 180mm, com

exemplares H. malabaricus variando entre 120mm e 280mm. Tamanhos similares

foram encontrados por Shibatta et al. (2007) no rio Tibagi, onde provavelmente a

base alimentar é mais diversificada. Porém os tamanhos encontrados neste estudo

indicam que os exemplares de H. malabaricus estão crescendo dentro da média

padrão para esta espécie, mesmo em ambientes fechados.

Com base nas diferenças morfológicas observadas nos parasitos encontrados

neste trabalho foi possível a identificação de duas espécies pertencentes ao gênero

Urocleidoides: U. naris e U. malabaricusi (fig. 2 e 3).

As espécies supracitadas, foram originalmente descritas por Rosim et al.,

(2011), através de exemplares coletados nos rios Paraguai e Paraná, cujos

hospedeiros analisados apresentaram até seis espécies de monogeneas, das quais

cinco pertenciam ao gênero Urocleidoides. Nesta mesma bacia hidrográfica, Graça

et al. (2013) observaram até nove espécies de monogeneas em H. malabaricus, das

quais quatro pertenciam ao gênero Urocleidoides, sendo que alguns hospedeiros

foram infestados por até sete espécies de parasitos por indivíduo.

Esta redução na riquesa de monogeneas observadas em nosso trabalho se

deve provavelmente ao fato do lago estudado, além de ter dimensões reduzidas,

mantem uma população relativamente isolada de hospedeiros.

No presente estudo U. malabaricusi apresentou prevalência de 75%, com uma

intensidade média de 40 indivíduos por hospedeiro, sendo desta forma o parasito

mais abundante encontrado. Já U. naris foi encontrada em apenas três exemplares

H. malabaricus, perfazendo 25% de prevalência com uma intensidade média de 12

parasitos por hospedeiro (Tab.1).

Embora Graça et al. (2013) tenham encontrado mais espécies, as U. cuiabai e

U. malabaricusi destacaram-se por apresentarem prevalências de 96,29% e 92,59%

respectivamente, apresentando um padrão de distribuição/dispersão agregado.

No entanto, vale notar que em nosso estudo nenhum exemplar de hospedeiro

estava parasitado pelas duas espécies de simultaneamente (tab. 2). Neste sentido,

Sobrinho (2014) evidenciou um padrão semelhante distribuição de monogenéticos

em ciclídeos, destacando uma possível competição entre as espécies de parasitas.

29 Tabela 1. Dados biométricos e Índices parasitários em todas as coletas. Onde N é o número de peixes coletados, CP é o comprimento padrão mínimo (Min), máximo (Máx) e médio (Méd.) em mm; Imín é a Intensidade Mínima, Imáx a intensidade máxima e Imed é a intensidade média; Prev é a Prevalência.

(N) CP Min-Max

Méd. Parasito

Imin- ImaxImed

Prev.(%)

12 12 - 28

18

U. naris 09 - 111

53 25%

U. malabaricusi 04- 289

54 75%

O número de hospedeiros parasitados por U. malabaricusi permitiu verificar

uma correlação positiva (rp = 0,892549)(Fig. 4) entre a intensidade de parasitismo

por monogenéticos e o comprimento padrão dos hospedeiros, já U. naris apresentou

uma correlação positiva de (rp = 0,999889)(Fig. 5) para o mesmo parâmetro. O

mesmo padrão foi observado por Graça et al (2013) para U. malabaricusi, porém os

mesmos autores não encontraram U. naris

O que pode ser consequência do fato de que os peixes maiores apresentam

maior superfície das brânquias expostas monogêneas. Com relação aos arcos

branquiais, pode se observar uma elevada infestação parasitária nos arcos maiores.

De fato Luque & Paulin (2008) destacam o tamanho do hospedeiro como um dos

fatores que influenciam a dinâmica populacional e na diversidade de parasitas

Com relação a sazonalidade, houve uma comparação entre o período mais

quente o mais frio, onde foi possível perceber uma diferença na proliferação das

diferentes espécies das espécies monogêneas identificadas. U. naris e U.

malabaricusi foram observadas nestes dois períodos, porém foi nos meses de

Fevereiro e Março (período mais quente) que U. naris foi o parasito mais prevalente,

onde a temperatura da água alcançou os 30°C. No mês de temperatura mais

amena (Agosto), U. malabaricusi foi o parasito mais encontrado.

Vale notar que o período amostrado estava sob forte influência seca em virtude

do fenômeno climático el niño, fator que, segundo Luque & Paulin (2008) influenciam

significativamente na dinâmica e diversidade de parasitos de peixes em regiões

neotropicais ao logo do ano.

30 Tabela 2: Dados biométricos e Índices parasitários separados por coleta. Onde NH é o número de peixes coletados, CPH é o comprimento padrão do Hospedeiro, Parasitas e Intensidade máxima.

DATA N H C P H PARASITAS INTENSIDADE

out/14 1 280 mm U. malabaricusi 289

fev/15 2 140 mm U. malabaricusi 4

250 mm U. naris 111

mar/15 3

170 mm U. malabaricusi 24

150 mm U. malabaricusi 21

120 mm U. naris 9

mai/15 1 160 mm U. malabaricusi 26

ago/15 4

160 mm U. malabaricusi 25

140 mm U. malabaricusi 40

210 mm U. malabaricusi 33

160 mm U. naris 39

set/15 1 170 mm U. malabaricusi 23

Figura 2: Exemplar de Urocleidoides malabaricusi (A);

haptor (B); e órgão copulador (C)

A B

C

31

Figura 3: Exemplar de Urocleidoides naris (A); haptor (B); e

órgão copulador (C)

Figura 4: Distribuição de Intensidade Máxima de U. malabaricusis em relação ao Comprimento Padrão do Hospedeiro Hoplias malabaricus, demonstrando uma correlação de Pearson positiva rp = 0,892549

-50

0

50

100

150

200

250

300

350

0 50 100 150 200 250 300

Inte

nsi

dad

e M

áxim

a

Comprimento Padrão do Hospedeiro

A B

C

32

Figura 5: Distribuição de Intensidade Máxima de U. naris em relação ao Comprimento Padrão do Hospedeiro Hoplias malabaricus, demonstrando uma correlação de Pearson positiva rp = 0,999889

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível observar que os hospedeiros estudados não apresentaram os dois

parasitas simultaneamente e que U. malabaricusi destacou-se por apresentar maior

prevalência.

Esses parasitas tendem a apresentar uma flutuação na intensidade máxima

entre as estações de seca (agosto e setembro) e cheia (fevereiro e março). No

entanto, outros estudos, com maior intervalo de tempo e incluindo outros parâmetros

ambientais, serão necessários para compreensão das associações entre as

comunidades de parasitos/hospedeiros e os aspectos bióticos e abióticos do

ambiente, para que se possa confirmar ou não, as tendências de sazonalidade e

possível competição entre dessas duas espécies de monogeneas.

0

20

40

60

80

100

120

0 50 100 150 200 250 300

inte

nci

dad

e

comprimento padrão

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