33
FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUTO CHADDAD DE ENSINO FISIOTERAPIA GISLENE DE JESUS BARRA TERAPIA MANUAL MANIPULATIVA NA DOR LOMBAR CRÔNICA PERSISTENTE: REVISÃO LITERÁRIA ITAPETININGA-SP 2018

FACULDADE SUDOESTE PAULISTA INSTITUTO CHADDAD …unifsp.edu.br/.../03/...JESUS-BARRA-TCC-Barra-J.-Gislene-Fisioterapia.pdf · / Gislene de Jesus Barra – Itapetininga, 2018, 30

Embed Size (px)

Citation preview

FACULDADE SUDOESTE PAULISTA

INSTITUTO CHADDAD DE ENSINO

FISIOTERAPIA

GISLENE DE JESUS BARRA

TERAPIA MANUAL MANIPULATIVA NA DOR LOMBAR CRÔNICA

PERSISTENTE: REVISÃO LITERÁRIA

ITAPETININGA-SP

2018

1

GISLENE DE JESUS BARRA

TERAPIA MANUAL MANIPULATIVA NA DOR LOMBAR CRÔNICA

PERSISTENTE: REVISÃO LITERÁRIA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Sudoeste Paulista de Itapetininga – FSP – ao curso de graduação em Fisioterapia como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Fisioterapia. Orientador(a): Prof. Me. Leonardo Luiz Barretti Secchi.

ITAPETININGA – SP 2018

2

BARRA, Gislene de Jesus

Terapia Manual Manipulativa na dor lombar crônica persistente: Revisão literária

/ Gislene de Jesus Barra – Itapetininga, 2018, 30.

Trabalho de Curso – FSP – Faculdade Sudoeste Paulista – Fisioterapia

Orientador: Prof. Me. Leonardo Luiz Barretti Secchi.

1. Manipulative therapy 2. Pain persistent 3. Low back pain

3

GISLENE DE JESUS BARRA

TERAPIA MANUAL MANIPULATIVA NA DOR LOMBAR CRÔNICA

PERSISTENTE: REVISÃO LITERÁRIA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Sudoeste Paulista de

Itapetininga – FSP – ao curso de graduação em Fisioterapia como requisito parcial

para a obtenção do título de bacharel.

Orientador(a): Prof. Me. Leonardo Luiz Barretti Secchi.

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________

Prof. Orientador(a): Prof. Me. Leonardo Luiz Barretti Secchi.

_______________________________

Prof. Me. Bruno Grüninger

________________________________

Prof. Me. Herverson Carneiro

Itapetininga, ___ de ____________ de 2018.

Dedicatória

Em memória de minha mãe, ao meu pai e aos meus filhos.

Agradecimentos

A minha mãe e ao meu pai, que me tornaram a mulher que sou hoje, pelo apoio

e incentivo; aos meus filhos, Guilherme Sabrina e Victor, que abdicaram da presença

materna quando necessário; aos amigos particulares e aos que conheci durante essa

caminhada; pelo companheirismo e por estarem presente quando precisei de um

ombro amigo.

Ao meu orientador, Prof. Me. Leonardo Luiz Barretti Secchi pela orientação e

dedicação dispensada, e pelo exemplo de profissional no qual me espelho.

Aos demais professores por toda dedicação, paciência que tiveram ao longo

dessa jornada.

6

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso teve como objetivo realizar uma revisão de estudos publicados nas últimas duas décadas sobre a eficácia da terapia manual manipulativa na melhora da dor e da função em pacientes com dor lombar crônica persistente. A busca se deu no Pubmed, motor de busca de banco de dados eletrônicos com publicações cientificas nas áreas biológicas e biomédicas, tendo como critério de inclusão revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados com acesso livre ao texto completo, utilizando-se os descritores Manipulative therapy, Pain persistent, HVLA, Pain chronic, Low back pain, sem restrições de idioma e resultados qualitativos terapia manual manipulativa no tratamento da dor lombar crônica. Inicialmente encontraram-se 1439 estudos relacionados com o tema, e após aplicarem-se os filtros e critérios de exclusão: dor lombar aguda; somente tratamento medicamentoso; somente exercícios; acupuntura; protocolos de estudo; ou ainda por não avaliarem os impactos na dor e funcionalidade; permaneceram cinco revisões sistemáticas e treze ensaios clínicos randomizados com leitura de texto completo, dos quais três revisões sistemáticas e dez ensaios clínicos mostraram que a terapia manual pode proporcionar melhora da dor a curto prazo, porém a melhora funcional parece não apresentar resultados significativos quando a terapia manual é aplicada isoladamente. Pode concluir-se que a aplicação de terapia manual no tratamento da dor lombar crônica, proporciona melhora da dor e aparenta diminuir a cinesiofobia, contribuindo para o retorno do paciente a prática de exercícios ativos.

Palavras-chave: Manipulative therapy. Pain persistent. HVLA. Pain chronic. Low back

pain.

7

ABSTRACT

This course completion work was to review studies published in the last two decades on the efficacy of manipulative manual therapy in improving pain and function in patients with persistent chronic low back pain. The search was conducted in Pubmed, a search engine for electronic databases with scientific publications in the biological and biomedical areas. Inclusion criteria included systematic reviews and randomized clinical trials with free access to the full text using the descriptors Manipulative therapy, Pain persistent, HVLA, Pain chronic, Low back pain, unrestricted language and qualitative results manual manipulative therapy in the treatment of chronic low back pain. 1439 studies were initially related to the topic, and after applying the filters and exclusion criteria: acute low back pain; only drug treatment; only exercises; acupuncture; study protocols; or because they do not evaluate the impacts on pain and functionality; five systematic reviews and thirteen randomized full-text readings of which three systematic reviews and ten clinical trials have shown that manual therapy may provide short-term improvement of pain, but the functional improvement does not seem to present significant results when manual therapy is applied alone. It can be concluded that the application of manual therapy in the treatment of chronic low back pain, improves pain and appears to reduce kinesiophobia, contributing to the return of the patient to practice active exercises. Keywords: Manipulative therapy. Pain persistent. HVLA. Pain chronic. Low back pain.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Metodologia da Pesquisa.............................................................14

Quadro 2 – Síntese da 5 Revisões Sistemáticas (N=5)..................................17

Quadro 3 – Ensaios Clínicos Randomizados (N=13)......................................17

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Captura da tela da busca Pubmed.................................................15

Figura 2 – Captura da tela da busca Pubmed.................................................15

Figura 3 – Captura da tela da busca Pubmed.................................................16

Figura 4 – Captura da tela da busca Pubmed.................................................16

Figura 5 – Escava Visual de Dor.....................................................................19

Figura 6 – Teste de Schober...........................................................................20

Figura 7 – Teste de Time Up And Go..............................................................21

Figura 8 – Teste de Sorensen.........................................................................22

Figura 9 – Manipulação de Alta velocidade e Baixa amplitude.......................23

LISTA DE SIGLAS

AINEs - Anti-inflamatório não-esteroidais

ECEM - Exercícios de controle específico do movimento

ECR - Ensaios Clínicos Controlados Randomizados

EMG - Eletromiográfica

EVA - Escala Visual Analógica

HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana

HVLA - High-velocity low-amplitude

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IASP - Internacional Association of Study of the Pain

LBP - Low Back Pain

NRS - Numeric Rating Scale

OMS - Organização Mundial da Saúde

QIRM - Questionário de Incapacidade Roland Morris

RS - Revisões Sistemáticas

SNC - Sistema Nervoso Central

TMM - Terapia Manual Manipulativa

TUG - Time Up and Go

UST - Ultrassom Terapêutico

10

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 11

2. METODOLOGIA .......................................................................................................... 14

3. RESULTADOS ............................................................................................................ 15

4. DISCUSSÃO ................................................................................................................ 23

5. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 28

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 29

ANEXOS .................................................................................................................................. 32

11

1. INTRODUÇÃO

A dor, em geral, é um estímulo enviado ao Sistema Nervoso Central (SNC)

pelos nociceptores: neurônios periféricos responsáveis por essa condução nervosa,

após uma lesão tecidual concreta ou potencial, sendo assim uma experiência

desagradável e multissensorial. Quando é originada na pele, órgãos ou vísceras é

chamada de dor nociceptiva, e dor neuropática quando resultar de disfunção ou lesão

do sistema nervoso periférico ou central (MARTELLI, ZAVARIZE, 2013). Atualmente

a Internacional Association of Study of the Pain (IASP) define o sintoma dor como uma

experiência somática mutualmente reconhecível que reflete a apreensão de uma

pessoa à integridade corporal ou existencial (IASP, 2018).

Sempre que um tecido é lesionado, a dor ocorre como mecanismo de proteção

para que o indivíduo reaja para remoção do estímulo doloroso, que pode ser

mecânico, térmico ou químico. O sintoma é classificado em dor rápida, que ocorre em

0,1 segundo, e dor lenta que ocorre após 1 segundo aumentando gradativamente até

minutos. A dor rápida é sentida somente na pele e tecidos superficiais, não sendo

sentida em tecidos mais profundos, desencadeada por estímulos dolorosos

mecânicos e térmicos, e descrita pelo individuo como dor pontual, em agulhada,

aguda ou elétrica. Já a dor lenta, pode ser sentida tanto na pele quanto em órgãos e

tecidos profundos, descrita como em queimação, pulsátil, persistente, nauseante e

crônica, e desencadeada pelos três tipos de estímulos (GUYTON, 2006).

O autor também descreve que há duas vias de transmissão desses estímulos

ao SNC por dois diferentes tipos de fibras periféricas até a medula espinhal e dois

tratos da medula até o encéfalo:

✓ Fibras da dor “rápida” – fibras A delta (δ), que seguem pelo trato

Neoespinotalâmico através dos cornos dorsais cruzando para o lado

oposto da medula espinal e ascendendo para o encéfalo pelas colunas

antero-laterais.

✓ Fibras da dor “lenta” – fibras C, que terminam nos cornos dorsais,

passando então para neurônios de fibras curtas e seguindo pelo trato

Paleoespinotalâmico até o encéfalo também pelas colunas antero-

laterais.

Por causa deste sistema duplo de inervação para a dor, um estímulo doloroso súbito em geral causa uma sensação dolorosa “dupla”: uma dor pontual-

rápida que é transmitida para o cérebro pela via de fibras A δ, seguida em um segundo ou mais por uma dor lenta que é transmitida pela via da fibra C. A dor pontual avisa a pessoa rapidamente sobre o perigo e, portanto,

12

desempenha um importante papel na reação imediata do indivíduo para se afastar do estímulo doloroso. A dor lenta tende a aumentar com o passar do tempo. Esta sensação eventualmente produz um sofrimento intolerável de dor continuada e faz com que a pessoa continue tentando aliviar a causa de dor. (GUYTON, 2006, p. 600).

Os estímulos químicos se dão por substâncias como: bradicinina, serotonina,

histamina, íons de potássio, ácidos, acetilcolina, prostaglandinas e substâncias P.

(GUYTON, 2006).

A dor crônica, segundo Portaria SAS/MS nº1083/2012 retificada em Nov/2015,

é definida como dor de duração superior a 30 dias, podendo ser nociceptiva,

neuropática ou, segundo definição recentemente publicada pela IASP (2018),

nociplástica, quando provem de função nociceptiva alterada. A primeira quando

tratada com analgésicos ou anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), apresentam

em geral uma boa resposta, ao contrário da outra definição. A terceira é a mais referida

como dor crônica, sendo muito comum na prática clínica, dentre elas a fibromialgia,

dor miofascial, dores na coluna (MALTA et al., 2017). A dor crônica está codificada na

Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a

Saúde (CID-10) com código R52.1 Dor crônica intratável, e R52.2 Outra dor crônica;

R52.9 Dor não especificada (Organização Mundial Saúde, 2008).

A dor crônica na coluna pode ser considerada um problema de saúde pública

devida sua alta prevalência a nível mundial. Dados revelados pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE) em 2008 mostraram que 13,5% das patologias

crônicas diagnosticadas por um médico correspondem à dor na coluna, o que lhe

outorga o segundo posto nas condições crônicas mais prevalentes, sendo que em

primeiro lugar está a hipertensão arterial.

Em torno de um quinto da população brasileira refere dor crônica na coluna,

trazendo impacto negativo na qualidade de vida das pessoas por ela afligidos, pois o

bem-estar físico, mental e social tende a perder-se. A dor crônica não se limita

somente ao nível individual, devido ao fato de atingir também o mercado de trabalho,

já que por ser uma condição de alta morbidade, auto limitante e que pode levar a

invalidez, o que termina tirando dos postos de trabalho temporariamente ou

permanentemente das pessoas com idade economicamente ativas, trazendo

consequências não só para o empregador como também para o sistema

previdenciário e de saúde em termos de custos. Reduz a produtividade no trabalho e

aumenta o absenteísmo. (MALTA et al., 2017).

13

A causa de dor crônica engloba fatores mecânicos, psicológicos,

neurofisiológicos. Seu diagnóstico inclui componentes de avalição clínica e por

imagem e o tratamento terapêutico vai desde tratamento conservador, com

analgésicos e anti-inflamatórios (Ministério da Saúde, 2012), e até cirúrgicos, e

engloba também a reabilitação. Embora seja cada vez mais comum a adoção de

estratégias multicomponentes, associando distintas abordagens e o trabalho

interdisciplinar, onde o fisioterapeuta é muito requerido, não existe consenso sobre a

eficácia dos tratamentos conservadores nesse tipo de síndrome; dessa forma, é onde

as técnicas alternativas e ou complementares como a terapia manual manipulativa

(TMM) vem se destacando. (MARCONDES, LODOVICHI, CERA, 2010).

Conceitualmente a TMM é um método fisioterápico que oferece técnicas para

avaliação e tratamento da dor e outros sintomas relacionados a disfunção neuro-

músculo-articular, quer seja da coluna vertebral como das extremidades. Dentre elas,

mais especificamente a técnica de manipulação espinhal de alta velocidade e baixa

amplitude, em inglês high-velocity low-amplitude (HVLA), é frequentemente utilizada

para tratar a lombalgia, visando restaurar o movimento articular das vertebras

lombares com restrição da amplitude de movimento (CHANNELL, 2016).

Recomenda-se que seja realizada por profissionais fisioterapêuticos com

formação osteopática, por possuírem treinamento para avaliar a disfunção somática

utilizando como critérios diagnósticos: alterações na textura do tecido, assimetria,

restrição do movimento e sensibilidade dolorosa á palpação. Bem como é fundamental

sustentar o uso da TMM ou HVLA com base em evidências científicas, e que a meta

terapêutica vai além da diminuição da sintomatologia da dor, deve almejar a melhora

funcional e prevenir o absenteísmo (CHANNELL, 2016; SLATTENGREN et al., 2017).

O objetivo do estudo é identificar através de uma revisão da literatura, se há

melhora sintomatológica e funcional pela terapia manual manipulativa em pacientes

com dor lombar crônica.

14

2. METODOLOGIA

A pesquisa constitui-se numa revisão sistemática de literatura, de artigos

publicados na fonte eletrônica Pubmed. A busca bibliográfica foi estruturada utilizando

as palavras chaves: Manipulative therapy, Pain persistent, HVLA, Pain chronic, Low

back pain e os operadores booleanos AND e OR; e filtros que delimitaram a pesquisa

sendo: estudos primários em seres humanos, ano de publicação de 2000 a 2018, tipos

de estudo Meta Análises, Revisões Sistemáticas e Ensaios Clínicos Randomizados

como mostra o Quadro 1.

O método de abordagem foi somente resultados qualitativos sobre a Terapia

Manual Manipulativa no tratamento da dor lombar crônica, e artigos de texto completo

com acesso gratuito.

Quadro 1: Metodologia da Pesquisa

Fonte eletrônica consultada Pubmed

Palavras chave

Manipulative therapy

Pain persistent

HVLA

Pain chronic

Low back pain

Filtros

Unidade de análise Estudos primários em seres

humanos

Ano de publicação Entre 2000 a 2018

Idioma Português ou Inglês

Texto completo Artigos cujos textos completos são

de acesso gratuito

Tipo de Estudo Meta análise

Revisão Sistemática

Ensaio Clínico Controlado

Randomizado

15

3. RESULTADOS

Inicialmente foram encontrados 1439 artigos, conforme figura 1.

Figura 1: Captura da tela da busca Pubmed.

Após aplicarem os filtros: estudos primários em seres humanos, período de

publicação de 01/01/2000 a 31/03/2018, sem restrição de idiomas, artigos de texto

completo com acesso gratuito; encontraram-se 196 artigos como mostra a figura 2.

Figura 2: Captura da tela da busca Pubmed.

Foi aplicado a seguir o filtro de busca por tipo de estudo, reduzindo a

quantidade de artigos a 105, sendo 28 Revisões Sistemáticas (RS) e 77 Ensaios

Clínicos Controlados Randomizados (ECR) conforme figura 3 e 4.

16

Figura 3: Captura da tela da busca Pubmed.

Figura 4: Captura da tela da busca Pubmed.

Após revisar os títulos para identificar quais se relacionavam com o tema

“Terapia Manual Manipulativa na Dor Lombar Crônica Persistente”, resultaram 55

artigos para realização da leitura do resumo, sendo 17 revisões sistemáticas e 38

ensaios clínicos controlados randomizados.

Após a leitura do resumo dos 55 artigos, eliminaram-se 12 revisões

sistemáticas e 25 ensaios clínicos randomizados, por serem estudos que abordavam

outros temas como: dor lombar aguda; somente tratamento medicamentoso; somente

exercícios; acupuntura; protocolos de estudo; ou ainda por não avaliarem os impactos

na dor e funcionalidade.

Seguiu-se então a leitura de texto completo de 5 revisões sistemáticas (RS) e

13 Ensaio Clínicos Randomizados (ECRs), como resumido nos Quadros 2 e 3.

17

Quadro 2: Síntese da 5 Revisões Sistemáticas (N=5)

1º. Autor Ano Tempo de Dor

Instrumento de Avaliação

Técnica

Resultado ou conclusão

Franke H et al.

2014 14 a 210 dias

• EVA • McGuill

• Roland Morris • Oswestry

• TMM • Melhora da dor ou da função utilizando a TMM

Orrock P.J. & Myers

S.P

2013 90 dias • SF-36 • Oswestry

• TMM x Sham • TMM x

Exercícios

• Não houve melhora da dor utilizando a TMM

Rubinstein S.M et al.

2010 ≥84 dias • EVA • Roland Morris

• Oswestry

• TMM x Acupuntura x

Fitoterapia

• Sem efeito clinicamente mais benéfico

Chou R. 2010 ≥84 dias • EVA • Roland Morris

• Oswestry

• TMM x Outras

intervenções

• Melhora da dor, sem claridade sobre melhora

da função.

Licciardone J.C. et al.

2005 >21 dias - • TMM x Outras

intervenções

• Melhora da dor utilizando TMM

Fonte: Próprio Autor. Quadro 3: Ensaios Clínicos Randomizados (N=13)

1º. Autor Ano Tempo Dor / Qtde

Avaliaçoes

Instrumento de Avaliação

Amostra / Idade Max

Técnica

Resultado

obtido

Goertz et al. 2017 ≥ 30 dias / 3 • NRS • Roland Morris • FABQ • TUG

131 / 65 • TMM • Cuidados Médicos

• Melhora

lombalgia

e QV

Lehtola et al. 2016 >42 dias / 2 • Roland Morris

221 / 65 • TMM + Exercício x Exercícios

• Redução

Incapacidade funcional

Goertz et al. 2016 >84 dias / 2 • NRS • QUEBEC

221 / 65 • HVLA x LVVA x controle simulado

• Nenhuma

diferença

Vavrek et al. 2015 >30 dias / 6 • Von Korff • SF-12 • EuroQol-5D • FAB-Q • Schober • Algometro

400 / 55 • HVLA + US pulsado o,5W/cm²

• Nenhuma diferença

Petersen, Christensen, Juhl.

2015 >42 dias / 2 • Roland Morris

259 / 60 • McKenzie x Manipulação espinhal

• McKenzie melhor resultado

Licciardorne, Aryal.

2014 365 dias / 7 • EVA • Roland Morris • SF-36

186 / 43 • HVLA x Sham • TM eficaz redução dor,

Licciardone, Kearns, Crow.

2014

90 dias / 7 • EVA • Roland Morris • SF-36

230 / 69 • TMM (HLVA e outras) +US ativa x

TMM+US Sham

• Melhora dor

(Cont.)

18

(Cont.)

Licciardone, Kearns, Minotti.

2013 90 dias / 6 • EVA • Roland Morris • SF-36 • Escala Likert

455 / 69 • TMM (HLVA e outras) x TMM (HLVA

Sham e outras)

• Melhora dor

• Melhora função

Licciardone et al.

2013

90 dias / 7 • EVA • Roland Morris • SF-36 • Escala Likert

455 / 69 • TMM (HLVA e outras) x TMM Sham

• UST x UST Sham

• Melhora dor

• Melhora função

Harvey, Descarreaux et al.,

2013 CNSLBP / 3 • EVA • Oswestry • FAB-Q

60 / 60 • HLVA x Sham • Melhora dor

com TMM

Balthazard et al.,

2012 90 a 182 dias / 5

• EVA • Oswestry • FAB-Q • Testes Sorensen e Shirado

42 / 65 • TMM (HLVA e outras) +Exerc.

Ativos x US simulado – Exerc. Ativos

• Redução fadiga muscular.

Bialosky et al.,

2009 1550 dias / 2

• NRS • FPQ • CSQ-R • TSK • IDATE • ASI

36 / 60 • HLVA x Exercícios • Nenhuma diferença

Gudavalli et al.,

2006 >90 dias / 2 • EVA • Roland Morris • SF-36

235/ >18 Flexo-distração x Exercícios

• Melhora dor

Fonte: Próprio Autor.

Legenda: ASI - Anxiety Sensitivity Index (Índice de Sensibilidade à Ansiedade); CSQ-R - Coping Strategies Questionnaire - Revised (Questionario de Estrategias de Enfrentamento); Escala de Likert – Grau de Satisfação de Atendimento; EuroQol-5D – Questionário Europeu Qualidade Vida em 5 Dimensões; EVA – Escala Visual Analógica; FABQ – Fear-Avoidance Beliefs Questionnaire (Questionario de Crenças Medo e Evitação); FPQ - Family Pain Questionnaire ( Questionario de Dor Familiar); HVLA - High-Velocity Low-Amplitude; IDATE - Inventário de Ansiedade Traço-Estado; LVVA - Low-Velocity Variable Amplitude; NRS – Numeric Rating Scale (escala numérica de dor); Oswestry – Questionário Oswestry de Incapacidade Lombar; Quebec – Questionario de Incapacidade Lombar de Quebec; Roland Morris – Questionario de Incapacidade Roland Morris; Schober – Teste de Schober mobilidade lombar; SF12 - 12-Item Short-Form Health Survey (Questionario de Qualidade de Vida 12 itens); SF36 - 36-Item Short-Form Health Survey (Questionario de Qualidade de Vida 36 itens); Sham – Simulação; TMM – Terapia Manual Manipulativa; TSK - Tampa Scale for Kinesiophobia (Questionario Tampa de Cinesiofobia); TUG- TesteTime Up and Go; US – Ultrassom; Von Korff – Escala de Dor Von Korff.

A média do número de participantes nos Ensaios Clínicos Randomizados

revisados foi de 224,66; média de dor superior a 100 dias; média de idade de 53,38

anos; e em média foram realizadas quatro medições para reavaliação.

Objetivando uma melhor comprovação dos resultados almejados e obtidos com

um tratamento para melhora de dor e funcionalidade, algumas ferramentas

19

proporcionam respostas quantitativas a fim de se comparar o pré e pós tratamento.

Destacaram-se: para avaliação de dor a Escala Visual Analógica (EVA) e a Numeric

Rating Scale (NRS); o Questionário de Incapacidade Roland-Morris (QIRM); os testes

funcionais Schober, Time Up and Go (TUG) e Sorensen.

Dos 13 ECR, sete estudos utilizaram para medição da dor a Escala Visual

Analógica (EVA) que mede a dor de 0 a 10; três estudos utilizaram a Numeric Rating

Scale (NRS) de 0 a 10; apenas um estudo utilizou um algômetro, dois não utilizaram

nenhuma escala de avaliação de dor.

A EVA e NRS (imagem 1) são instrumentos objetivos ao se avaliar o grau de

dor reportada pelo paciente, pois ele próprio pode descrever e acompanhar

visivelmente sua evolução no tratamento. Ambas foram os instrumentos para

avaliação da dor mais frequentemente utilizados nos estudos analisados, e medem a

dor sentida pelo paciente onde 0 é nenhuma dor e 10 a pior dor possível. A EVA trata-

se de uma linha reta com 10 centímetros de comprimento, onde tem assinalada numa

extremidade a classificação “Sem Dor” e, na outra, a classificação “Dor Máxima”, e a

NRS uma régua dividida em 11 partes numeradas de 0 a 10.

Figura 5 - Escala Visual de Dor.

20

Quanto à melhora da capacidade funcional dos pacientes participantes, oito

estudos utilizaram o Questionário de Incapacidade Roland-Morris; dois estudos o

Índice de Incapacidade Oswestry; um estudo o Questionário de Incapacidade Lombar

de Quebec; um estudo utilizou questionários diversos não validados no Brasil; e outro

estudo não utilizou nenhum recurso para avaliar a funcionalidade.

O Questionário de Incapacidade Roland-Morris (QIRM), conforme Anexo A,

assim como as escalas de dor anteriormente mencionadas, constitui um método fácil

e prático para acompanhamento da melhora funcional dos pacientes com dor lombar.

Composto de 24 itens com questões objetivas sobre o quanto a dor atual é

incapacitante ao paciente, onde cada item é pontuado com zero ou 1 (sim ou não),

sendo que o total zero sugere nenhuma incapacidade e 24 incapacidade grave. O

QIRM é validado em 12 línguas, sendo considerado de confiabilidade e

responsividade para a medida de incapacidade física em pacientes com dor crônica

(SARDÁ JR et al., 2010).

De todos os ECRs somente três aplicaram testes funcionais, que foram: Teste

de Schober, que avalia o grau de flexibilidade lombar medida em cm; o Time Up and

Go (TUG), avalia a mobilidade e equilíbrio de marcha do paciente; teste de Sorensen,

que avalia a capacidade do paciente manter isometricamente os extensores de tronco.

Da mesma maneira que as escalas de avaliação de dor, os testes funcionais

mais utilizados nos estudos, Schober, TUG e Sorensen, proporcionam uma avaliação

objetiva, fácil e prática, pois permitem aos pacientes comprovarem sua melhora

funcional e, portanto, a eficácia do tratamento.

No teste de Schober é realizada uma marcação, utilizando-se uma fita métrica,

entre as espinhas ilíacas póstero superiores ao nível da vertebra S1, com o paciente

em pé em posição neutra, e outra 10 cm acima (imagem 2). Solicita-se então que

realize uma flexão anterior de tronco sem flexão de joelho, e mantendo-se nessa

posição mede-se novamente a distância entre os dois pontos. O aumento da distância

entre as marcas fornece uma estimativa da amplitude da flexão da coluna lombar,

onde a diferença menor ou igual a 14cm pode-se considerar hipomobilidade lombar

(MACEDO et al., 2009).

21

Figura 6 - Teste de Schober.

Fonte: https://periodicosalud.com/prueba-de-schober/ Acesso em 17/11/2018.

Na avaliação do teste TUG é solicitado ao paciente que se levante de uma

cadeira sem encosto sem apoiar as mãos, ande por três metros, dê a volta, e retorne

novamente para sentar-se sem apoiar-se (imagem 3). O tempo é cronometrado a

partir do comando verbal para levantar-se e finalizado quando o paciente retorna à

posição sentada inicial. São considerados como valores de referência: funcionalidade

normal até 10 segundos; 11 a 20 segundos indica deficiência ou fragilidade; e mais

de 20 segundos indica importante déficit de mobilidade e risco de quedas (KEAR,

GUCK, McGAHA, 2017).

Figura 7 -Teste de Time Up and Go (TUG).

Fonte: http://www.toutsurlasarcopenie.fr/depistage/test-get-up-and-go/ Acesso em 18/11/2018.

22

A resistência dos músculos extensores de tronco pode ser avaliada pelo Teste

de Sorensen, realizado com o paciente deitado em decúbito ventral na mesa de

exame, com o quadril e dos membros inferiores apoiados, podendo estar a pelve,

joelho e tornozelos presos por uma tira ou o terapeuta exercendo uma fixação; e

estando o tronco e membros superiores sem apoio (livres) (imagem 4). Solicita-se ao

paciente que mantenha a parte superior do corpo em posição horizontal, em contração

isométrica dos extensores de tronco, para segurança pode ser colocada uma cadeira

em frente para a hipótese de incapacidade em manter a posição. É cronometrado o

tempo durante o qual o paciente é capaz de permanecer na posição (BARATI et al.,

2013).

Figura 8 - Teste de Sorensen.

Fonte: (BARATI et al., 2013).

A análise das revisões sistemáticas mostrou que três reportaram melhora da

dor e/ou estado funcional relacionadas à técnica manual manipulativa e duas

relataram efeito similar/ou sem efeito quando comparada a outras técnicas.

Dos artigos revisados, 10 apresentaram resultados positivos com a Terapia

Manual Manipulativa (TMM) para melhora da dor e da funcionalidade e somente três

revelaram resultados iguais quando comparando a TMM com outras técnicas e ou

exercícios. Não foram encontrados estudos apresentando resultados negativos

relacionados com a utilização de terapia manual aplicada ao tratamento da dor lombar

crônica.

23

4. DISCUSSÃO

Os estudos encontrados nesta revisão mostraram que a terapia manual

manipulativa proporciona melhora sintomatológica da dor lombar crônica, porem a

melhora da capacidade funcional demonstrou ser alcançada quando associada a

outros tratamentos fisioterapêuticos.

A manipulação de alta velocidade e baixa amplitude (HLVA) é caracterizada

por um pulso rápido e curto que é aplicado ao final da amplitude das articulações

sinoviais do movimento passivo, onde no final se ouve um som característico

denominado de “thrust”, que em inglês significa impulso (imagem 5). Essa técnica

geralmente é utilizada na prática para aliviar a dor, aumentar a amplitude de

movimento da coluna, facilitando seu movimento ativo (CERQUEIRA et al., 2017).

Figura 9 - Manipulação de alta velocidade e baixa amplitude

Fonte: http://makallsremedyplan.review/lower-back-pain-gone-after-huge-cracking-adjustment-

your-west-new-york-chiropractor/ Acesso em 11/11/2018.

A dor lombar crônica pode ter como origem as mais variadas causas, podendo

ser especificas (comprometimento da raiz nervosa, inflamação, infecção, osteoporose,

artrite, fratura, tumor) ou inespecíficas, atingido em média 90% dos pacientes com dor

lombar, quando se exclui as causas especificas. Em seu diagnóstico se deve afastar

os indícios de patologias graves, denominadas “Red flags” ou bandeira vermelha, que

24

são: idade inferior a 20 anos ou acima de 55 anos, história recente de trauma, febre,

dor constante e progressiva que não melhora com repouso, dor torácica, histórico de

tumor maligno, uso prolongado de corticoides, abuso de drogas, HIV, perda de peso

sem causa explicada e sintomas neurológicos (síndrome da cauda equina). Dentre os

tratamentos conservadores de dor lombar o tratamento medicamentoso com

antiinflamatorios não-esteroidais (AINEs) e relaxantes musculares são os tratamentos

mais buscados pelos pacientes para uma analgesia a curto prazo, porém não trazem

uma resolução definitiva do problema.

Observou-se nessa revisão que algumas técnicas manuais proporcionam

melhora da dor a curto prazo, mas não da funcionalidade com a terapia manual no

tratamento da dor lombar crônica. Destacam-se entre essas: massagem leve,

compressa quente (BIALOSKY et al., 2009); (VAVREK et al., 2015); (GOERTZ et al.,

2016).

Um estudo comparou os efeitos do exercício geral versus exercícios de controle

específico do movimento (ECEM) com aplicação de terapia manual na incapacidade

e função de pacientes com LBP recorrente, avaliada pelo Questionario de

Incapacidade Roland Morris (QIRM). As medidas foram tomadas no início do estudo,

imediatamente após a intervenção de três meses e no seguimento de doze meses.

Os pacientes de ambos os grupos relataram uma incapacidade significativamente

menor aos doze meses de acompanhamento. No entanto, a mudança média no QIRM

entre a linha de base e a medição de 12 meses mostrou melhora estatisticamente

superior no grupo ECEM (LEHTOLA et al., 2016).

Outro estudo com 131 idosos com dor lombar subaguda ou crônica alocados

aleatoriamente para 12 semanas de somente cuidados médicos primários

individualizados, e cuidados médicos e osteopáticos (mobilização, manipulação

assistida por instrumento e / ou terapia manipulativa espinhal) simultâneos, não

observou diferenças estatisticamente significativas entre os grupos nas medidas

primárias, porém os participantes do grupo que incluia osteopatia relataram

significativamente melhora na dor lombar, saúde global e qualidade de vida (GOERTZ

et al., 2016).

Um estudo muito significativo foi realizado por Harvey e Descarreaux (2013),

aplicando HLVA seguidos de movimentos de flexo-extensão em um grupo

experimental (N=30) e no grupo controle (N=30) HLVA Sham também seguidos de

movimentos de flexo-extensão. A atividade eletromiográfica (EMG) dos músculos

25

paravertebrais foi registrada no nível L2 e L5 e dados cinemáticos foram coletados

para avaliar a cinemática lombo-pélvica. Os participantes do grupo de controle

mostraram um aumento significativo na atividade EMG, aumento nos escores EVA e

sem nenhuma diferença significativa observada na cinemática lombo-pélvica,

concluíram que alterações no controle neuromuscular do tronco após manipulação

espinhal com HVLA podem reduzir os efeitos de sensibilização ou fadiga muscular

relacionados a movimentos repetitivos. Sugerem que estudos futuros devem

investigar mudanças de curto prazo em componentes neuromusculares, propriedades

teciduais e desfechos clínicos.

Há uma diversidade de mecanismos geradores de dor lombar e muitos deles

são inespecíficos. Destacou-se, entre os estudos revisados, a lombalgia ocasionada

por compressão do disco intervertebral e a síndrome do músculo psoas.

Entre os artigos revisados, quatro foram realizados por Licciardone e

colaboradores (2014; 2013), todos randomizados, duplo-cego, sham-controlado,

utilizando o QIRM para avaliar a melhora de função, e a EVA para avaliar a melhora

da dor. O protocolo de terapia manual que consistia em HVLA; alongamento,

amassamento e pressão dos tecidos moles; alongamento e liberação miofascial;

tratamento posicional de tender points miofasciais; e técnicas de energia muscular

versus protocolo Sham simulando essas técnicas. Dois deles publicados em 2014,

com N=455 (HLVA x Sham) e N=230 (HLVA mais Ultrassom x Sham), destacaram

melhora mais significativa para síndrome do psoas correspondendo a 51% dos

pacientes em ambos os estudos.

Os outros dois artigos do mesmo autor, publicados em 2013, um (N=455)

mostrou que o tratamento manual osteopático, em 59% dos pacientes, proporcionou

redução substancial da dor lombar crônica de alta gravidade associado à melhora

clinicamente importante no funcionamento específico das costas, sugerindo que pode

ser uma boa opção nesses pacientes antes de prosseguirem para tratamentos mais

invasivos e dispendiosos; já o outro com mesmo tamanho amostral, associando

técnicas manuais e ultrassom terapêutico (UST) versus técnicas Sham e UST sham,

demonstrou não ter havido interação estatística entre os grupos, no entanto os

pacientes do grupo técnicas manuais estavam mais propensos a ficarem muito

satisfeitos com o tratamento de costas durante o estudo, e usaram medicamentos

prescritos para lombalgia com menos frequência durante as 12 semanas de

acompanhamento do que os pacientes do grupo Sham.

26

Com o objetivo de comprovar se um efeito positivo da terapia manual a curto

prazo sobre a dor pode melhorar a funcionalidade e melhorar os resultados na dor

lombar crônica não especifica, Balthazard e colaboradores (2012), realizaram um

estudo entre dois grupos onde um recebeu terapia manual manipulativa e o outro

aplicação de ultrassom terapêutico inativado. Apresentou como resultado que a

intervenção de terapia manual induziu um efeito analgésico imediato pela EVA, menor

incapacidade pelo teste de Sorensen, em comparação com um grupo controle, porem

seus mecanismos neurofisiológicos no nível cortical devem ser investigados mais

detalhadamente.

Um grande impedimento à prática de exercícios ativos nos episódios de

lombalgia deve-se a cinesiofobia (medo da dor ao movimento). Estudo realizado por

Meier e colaboradores (2017), indicou haver relação psicobiológica mal-adaptativa

caracterizada por diminuição ou interrupção na via modulatória entre substância

cinzenta periaquedutal (modulação descendente da dor) e as amígdalas cerebrais

(estrutura anatomofuncional do sistema límbico que responde bioquimicamente

perante uma situação de perigo), ao estudarem pacientes com lombalgia crônica que

assistiram a vídeos mostrando atividades potencialmente prejudiciais e neutras.

Estudo publicado recentemente, utilizando ressonância magnética funcional e

tomografia por emissão de pósitrons, demonstrou haver relação entre a dor lombar

crônica e a diminuição da ativação do córtex pré-frontal e córtex cingulado (sistema

inibitório descendente), que atua no sistema dopaminérgico para liberação de opioides

os quais atuam no alívio da dor. Os pacientes foram submetidos a diversas situações

que gerassem prazer, dentre elas a terapia manual com massagem, onde foi

observado um aumento da ativação do sistema inibitório descendente (KONNO,

SEKIGUCHI, 2018).

As técnicas manuais manipulativas podem reduzir a sensibilidade nervosa ao

estímulo doloroso ou fadiga muscular relacionadas a movimentos repetitivos

(HARVEY, DESCARREAUX; 2013); o que pode justificar alguns achados desta

revisão, pois com a melhora da dor os pacientes se sentem mais seguros para

retornarem as suas atividades, e consequentemente melhorarem a função motora.

Deve-se ressaltar também que estudos com resultados positivos são mais

susceptíveis de serem publicados do que estudos com resultados negativos, isso

porque os pesquisadores engajados em um estudo são mais propensos a relatar os

resultados positivos do que os resultados negativos. Contribuindo para que os dados

27

que confirmam uma hipótese podem ser percebidos como algo mais positivo e

receberem mais citações do que os dados que geram mais dúvidas e

questionamentos. Resultados negativos não publicados nutrem principalmente os

interesses daqueles que se beneficiam com a ocultação desses resultados, como as

empresas farmacêuticas (MLINARIĆ, HORVAT, ŠUPAK SMOLČIĆ, 2017).

Os achados dessa revisão de literatura basearam-se em revisões sistemáticas

e em ensaios clínicos, e mesmo se tratando de estudos com alta qualidade

metodológica vale ressaltar que algumas limitações possam estar presentes, como

por exemplo, viés de publicação, já que estudos com resultados negativos quase

nunca são publicados.

Pode-se observar nessa revisão que a maior parte dos estudos objetivaram

avaliar a melhora da dor com a aplicação de terapias manuais. Dentre as revisões

sistemáticas analisadas nenhuma reporta a utilização de testes funcionais como

método de avaliação funcional, mas somente a aplicação de escalas de dor e

questionários de incapacidade.

Como dentre os treze ensaios clínicos randomizados estudados somente três

utilizaram testes funcionais, sugere-se que mais estudos sejam realizados aplicando-

se a terapia manual manipulativa com avaliação da melhora funcional através de

testes funcionais, já que esses são métodos objetivos e palpáveis para uma melhor

comprovação de resultados.

28

5. CONCLUSÃO

A terapia manual manipulativa, em síntese mostrou ser efetiva a curto prazo

para tratamento da dor, mas não totalmente significativa para a melhora da

capacidade funcional relacionada a dor lombar crônica quando aplicada isoladamente.

Notou-se ainda a necessidade de mais estudos para sustentar esses achados a longo

prazo, sobre qual técnica manual é mais eficaz e em qual origem de dor lombar.

29

REFERÊNCIAS

BALTHAZARD, P. et al. Manual therapy followed by specific active exercises versus a placebo followed by specific active exercises on the improvement of functional disability in patients with chronic non-specific low back pain: a randomized controlled trial. BMC Musculoskelet Disord. v. 13, p. 162, Aug 2012.

BARATI A. et al. Evaluation of Relationship between Trunk Muscle Endurance and Static Balance in Male Students. Asian J Sports Med. v. 4, n. 4, p. 289-294. 2013.

BIALOSKY, J. E. et al. Spinal manipulative therapy has an immediate effect on thermal pain sensitivity in people with low back pain: a randomized controlled trial. Phys Ther. v. 89, n. 12, p. 1292-303, Dec 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Dor Crônica. Portaria SAS/MS nº1083, Out/2012.

CERQUEIRA, M. S. et al., High-velocity low-amplitude manipulation (thrust) and athletic performance: a systematic review. Fisioter. mov., Curitiba, v. 30, n. 2, p. 413-422, Apr/2017.

CHANNELL M.K. Teaching and Assessment of High-Velocity, Low-Amplitude Techniques for the Spine in Predoctoral Medical Education.J Am Osteopath Assoc. v. 116, n. 9, p. 610-618. Sep/2016.

CHOU R. Low back pain (chronic). BMJ Clin Evid. Oct 2010.

COHENA M., QUINTNER J., VAN RYSEWYK S. Reconsidering the International Association for the Study of Pain definition of pain. PAIN Reports. v. 3, n. 2, Mar/Apr. 2018.

FRANKE H., FRANKE JD, FRYER G. Osteopathic manipulative treatment for nonspecific low back pain: a systematic review and meta-analysis. BMC Musculoskelet Disord. v. 15, 2014.

FRANKE, H.; FRANKE, J. D.; FRYER, G. Osteopathic manipulative treatment for nonspecific low back pain: a systematic review and meta-analysis. BMC Musculoskelet Disord. v. 15, p. 286, Aug 2014.

FRASSON V.B. Uso Racional de Medicamentos: fundamentação em condutas terapêuticas e nos macroprocessos da Assistência Farmacêutica. OPAS/OMS – Representação Brasil. v. 1, n. 9, Brasília, Jun/2016.

GOERTZ, C. M. et al. Patient-centered professional practice models for managing low back pain in older adults: a pilot randomized controlled trial. BMC Geriatr. v.17, 2017.

GOERTZ, C. M. et al. Effects of spinal manipulation on sensorimotor function in low back pain patients--A randomised controlled trial. Man Ther. v. 21, p. 183-90, Feb 2016.

GUDAVALLI M.R. et al. A randomized clinical trial and subgroup analysis to compare flexion-distraction with active exercise for chronic low back pain. Eur Spine J. v. 15, n. 7, p. 1070-82, 2006.

GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Sensações Somáticas II: Dor, Cefaleia e Sensações Térmicas. In: . Tratado de Fisiologia Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. p. 598-601

30

HARVEY, M. P.; DESCARREAUX, M. Short term modulation of trunk neuromuscular responses following spinal manipulation: a control group study. BMC Musculoskelet Disord. v. 14, p. 92, Mar 2013.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Um panorama da saúde no Brasil: acesso e utilização dos serviços, condições de saúde e fatores de risco e proteção à saúde. 2008. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; Disponivel para download em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv44356.pdf> Acesso em: 30 mar 2018.

KEAR B.M., GUCK T.P., MCGAHA A.L. Timed Up and Go (TUG) Test: Normative Reference Values for Ages 20 to 59 Years and Relationships With Physical and Mental Health Risk Factors. J Prim Care. v. 8, n. 1, p. 9-13. 2017.

KONNO S., SEKIGUCHI M. Association between brain and low back pain. Journal of Orthopaedic Science 23ed., p. 3-7. 2018.

LEHTOLA, V. et al. Sub-classification based specific movement control exercises are superior to general exercise in sub-acute low back pain when both are combined with manual therapy: A randomized controlled trial. BMC Musculoskelet Disord. v. 17, p. 135, Mar 2016.

LICCIARDONE J.C., BRIMHALL A.K. KING L.N. Osteopathic manipulative treatment for low back pain: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. BMC Musculoskeletal Disorders. v.6, n.43. 2005.

LICCIARDONE, J. C. et al. Osteopathic manual treatment and ultrasound therapy for chronic low back pain: a randomized controlled trial. Ann Fam Med. v. 11, n. 2, p. 122-9, 2013a.

LICCIARDONE, J. C.; ARYAL, S. Clinical response and relapse in patients with chronic low back pain following osteopathic manual treatment: results from the OSTEOPATHIC Trial. Man Ther. v. 19, n. 6, p. 541-8, Dec 2014a.

LICCIARDONE, J. C.; BRIMHALL, A. K.; KING, L. N. Osteopathic manipulative treatment for low back pain: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. BMC Musculoskelet Disord. v.6, p. 43, 2005.

LICCIARDONE, J. C.; KEARNS, C. M.; CROW, W. T. Changes in biomechanical dysfunction and low back pain reduction with osteopathic manual treatment: results from the OSTEOPATHIC Trial. Man Ther. v. 19, n. 4, p. 324-30, Aug 2014b.

LICCIARDONE, J. C.; KEARNS, C. M.; MINOTTI, D. E. Outcomes of osteopathic manual treatment for chronic low back pain according to baseline pain severity: results from the OSTEOPATHIC Trial. Man Ther. v. 18, n. 6, p. 533-40, Dec 2013b.

MACEDO C.S.G. et al. Estudo da validade e confiabilidade intra e interobservador da versão modificada do teste de Schober modificado em indivíduos com lombalgia. Fisioterapia e Pesquisa. São Paulo. v.16, n.3, p.233-238, jul./set. 2009.

MALTA D.C. et al. Fatores Associados à Dor Crônica na Coluna em Adultos no Brasil. Rev Saúde Publica. 2017: 51 Supl 1:9s.

MARCONDES F.B., LODOVICHI S.S., CERA M. Terapia Manipulativa Ortopédica na Dor Vertebral Crónica: uma revisão sistemática. Acta Fisiatr. v. 17, n. 4, p. 180-187.

31

2010.

MARTELLI A., ZAVARIZE S.F. Vias Nociceptivas da Dor e seus Impactos nas Atividades da Vida Diária. Uniciências, V.17, nº1, p. 47-51, Dez.2013.

MEIER M. L. et al. The impact of pain-related fear on neural pathways of pain modulation in chronic low back pain. Pain reports. v. 2, n. 3, Apr. 2017.

MLINARIĆ A., HORVAT M., ŠUPAK SMOLČIĆ V. Dealing with the positive publication bias: Why you should really publish your negative results. Biochem Med. V. 27, n. 3, Out/2017.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. Universidade de São Paulo; São Paulo vol.1, 2008. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/cid10.htm.> Acesso em: 16 nov 2018.

ORROCK P.J, MYERS S.P. Osteopathic intervention in chronic non-specific low back pain: a systematic review. BMC Musculoskelet Disord. v. 14, p. 129. 2013.

PETERSEN, T.; CHRISTENSEN, R.; JUHL, C. Predicting a clinically important outcome in patients with low back pain following McKenzie therapy or spinal manipulation: a stratified analysis in a randomized controlled trial. BMC Musculoskelet Disord. v. 16, p. 74, Apr 2015.

RUBINSTEIN S.M. et al. A systematic review on the effectiveness of complementary and alternative medicine for chronic non-specific low-back pain. Eur Spine J v.19, n. 8, p. 1213-1228, 2010.

SARDÁ JUNIOR J.J et al. Validação do Questionário de Incapacidade Roland Morris para dor em geral. Rev Dor. V. 11, n. 1, p. 28-36. 2010.

SLATTENGREN A.H. et al. Best Uses of Osteopathic Manipulation. THE JOURNAL OF FAMILY PRACTICE. 2017; V.66, Nº 12;743-747.

SNODGRASS S.J., RIVETT D.A., ROBERTSON V.J. Manual Forces Applied During Posterior-To-Anterior Spinal Mobilization: A Review Of The Evidence. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. v. 29, n. 4, p. 316-329. May/2006.

VAVREK, D. et al. Prediction of pain outcomes in a randomized controlled trial of dose–response of spinal manipulation for the care of chronic low back pain. BMC Musculoskelet Disord. v.16, 2015.

32

ANEXOS

ANEXO A: Questionário de Incapacidade Roland-Morris (QIRM)

Fonte: (SARDÁ JR et al., 2010).