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FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL Unibrasil ANA CLARA BAPTISTELLA SIQUEIRA CLARISA DE PAULA SILVA DAR VOZ A QUEM NÃO É OUVIDO: VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE AS BARREIRAS ENFRENTADAS PELO SURDO NO ACESSO À INFORMAÇÃO TELEVISIVA. CURITIBA 2013

FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL Unibrasil …£o do meu viver, que chorou e riu comigo dedico este diploma. Ao meu pai Claudeomiro, que me deu apoio e me socorreu sempre que necessário

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FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL – Unibrasil

ANA CLARA BAPTISTELLA SIQUEIRA

CLARISA DE PAULA SILVA

DAR VOZ A QUEM NÃO É OUVIDO:

VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE AS BARREIRAS ENFRENTADAS PELO

SURDO NO ACESSO À INFORMAÇÃO TELEVISIVA.

CURITIBA

2013

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TERMO DE APROVAÇÃO

ANA CLARA BAPTISTELLA SIQUEIRA

CLARISA DE PAULA SILVA

DAR VOZ A QUEM NÃO É OUVIDO: VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE AS BARREIRAS

ENFRENTADAS PELO SURDO NO ACESSO À INFORMAÇÃO TELEVISIVA.

Trabalho de conclusão de curso aprovado com nota 8,5 como requisito parcial

para a obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pelas

Faculdades Integradas do Brasil – Unibrasil, mediante banca examinadora composta

por:

Prof.(a) Orientador(a) Elaine Javorski e Presidente

Prof. Hendryo André

Prof. Rodolfo Stancki

Curitiba, 05 de dezembro de 2013.

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FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL – UNIBRASIL

ANA CLARA BAPTISTELLA SIQUEIRA

CLARISA DE PAULA SILVA

DAR VOZ A QUEM NÃO É OUVIDO:

VIDEODOCUMENTÁRIO SOBRE AS BARREIRAS ENFRENTADAS PELO

SURDO NO ACESSO À INFORMAÇÃO TELEVISIVA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo, Escola de Comunicação Social das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil.

Orientadora Ms. Elaine Javorski

CURITIBA

2013

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Este trabalho é dedicado a todos os Surdos Curitibanos, que nunca deixaram de lutar por seus direitos.

“Democracia não é só o direito de ser igual, é também o igual direito de ser diferente.”

(Simon Peres)

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Agradecimentos: Ana Clara e Clarisa

Primeiramente, agradecemos a Deus que proporcionou este encontro que se

transformou em amizade e em uma parceria que deu certo e que já tem colhido frutos.

Foi ele (Deus) que nos abençoou e nos capacitou para chegarmos até aqui.

Também ao nosso amigo e colega Lucas Fermin que através de uma conversa

informou trouxe a luz a ideia que resultou neste trabalho. Não podemos deixar de

agradecer nossa professora e orientadora Elaine Javorski.

Queremos também agradecer aos nossos professores Hendryo e Rodolfo que desde

a pré-banca nos animaram e nos incentivaram a dar continuidade a este projeto. A

nossa amiga e Intérprete de Libras Roberta Meira que muitas se sacrificou, para que

este projeto fosse concluído com êxito.

Ao nosso amigo Guto Pimentel, que se dedicou na finalização do produto aqui

apresentado.

Agradecemos também a Mário Sérgio Siqueira (pai da Ana Clara), que mesmo

ausente, sempre esteve presente, e que também financiou toda a produção deste

produto.

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Agradecimento: Ana Clara Baptistella Siqueira

Primeiramente, a Deus que me amparou em todos os momentos desta caminhada.

As minhas avós Jacira e Celina que com palavras de afeto e carinho acalentaram meu

coração e sempre acreditaram que eu conseguiria, em especial meu avô José Maria

Batistella (in memorian), minha eterna gratidão por ter sido como um pai para mim e

ter sentido tanto orgulho de ter neta jornalista.

Ao meu pai e minha mãe que mesmo estando distantes fisicamente, estiveram ao meu

lado, me incentivando de todas as formas e fizeram toda a diferença nestes quatro

anos de faculdade. Meu amado noivo que sempre me ajudou com ideias, amparo e

cuidado. A minha parceira de trabalho que mesmo em meio a tantos desafios

permaneceu ao meu lado. E a todos os mestres que fizeram parte desta jornada,

auxiliando no meu crescimento e desenvolvimento intelectual.

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Agradecimentos: Clarisa de Paula Silva

Agradeço em primeiro lugar ao Deus que eu creio e procuro servir, pois foi ele quem

me esforçou até aqui e me capacitou para superar os meus próprios limites.

A minha mãe Isabel que suportou durante todos estes anos, as minhas crises, os

meus medos, as minhas loucuras. Que me bancou, que orou por mim sem cansar e

que nunca desistiu ou deixou de acreditar no meu potencial. A esta mulher que é a

razão do meu viver, que chorou e riu comigo dedico este diploma.

Ao meu pai Claudeomiro, que me deu apoio e me socorreu sempre que necessário.

Não posso deixar de agradecer a Graciele Biano, que foi uma das minhas maiores

incentivadoras e encorajadoras. A Edna Santos que também sempre me apoiou em

todos os sentidos.

Aos meus amigos que souberam entender a minha ausência muitas vezes em

momentos especiais de suas vidas. A todos os meus professores e mestres, em

especial ao Victor Emanoel Folquening (in memorian), que foi o primeiro professor a

acreditar em mim e também a investir em mim, enquanto estudante de Jornalismo.

A todos os meus colegas de classe que em algum momento, me ajudaram,

trabalhando em conjunto comigo ou apenas me apoiando em momentos difíceis.

Mas em especial e não poderia deixar de ser a minha, amiga, companheira e parceira

Ana Clara Baptistella Siqueira, que foi muitas vezes o motivo de eu não ter desistido.

Esta pequena grande mulher merece metade do meu diploma, pois com seu amor e

paciência me ajudou em todos os sentidos a chegar até aqui. Amiga, obrigada por me

aguentar, tarefa árdua eu sei, obrigado por ter abraçado a minha ideia para este

projeto e por ter dado o melhor de si. Com certeza sem você nada disso seria possível.

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RESUMO

Este trabalho pretende ser um apoio teórico para a produção de um

videodocumentário jornalístico, sobre as barreiras enfrentadas pelo surdo no

recebimento da informação noticiosa televisiva. Expõe uma pesquisa realizada sobre

as barreiras enfrentadas pelo surdo curitibano no recebimento da informação noticiosa

televisiva. O objetivo é entender as reais barreiras vivenciadas por esses cidadãos,

que representam 4,52% da população curitibana. Esta porcentagem é significativa se

comparado ao total da população curitibana. Para entender como esse grupo tem

acesso/barreira à mídia televisiva, foi realizada uma enquete com 38 surdos entre 16

e 50 anos. As conclusões do estudo de caso apontam que a totalidade dos

entrevistados entendem ser imprescindível a inserção de um intérprete de Libras,

além de ser um direito, é a única maneira para terem acesso à informação de forma

integral. 92,10% responderam que um intérprete nos telejornais é a porta de entrada

para a verdadeira inclusão do surdo na sociedade. Apontam, assim, para os

problemas enfrentados pelo surdo no acesso a informação televisiva.

Palavras-chave: surdo, videodocumentário, mídia cidadã, televisão, cidadania.

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SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO 10

2.0 DELIMTAÇÃO DO TEMA/PROBLEMA 11

2.1 Dados estatísticos sobre os deficientes auditivos/tipos de surdez 11

2.2 Formas de comunicação do surdo 12

2.2.1 Oralismo 12

2.2.2 Libras 13

2.2.3 Surdos e a televisão 15

2.2.4 Análise da programação jornalística 17

3.0 OBJETIVOS 19

3.1 Objetivo Geral 19

3.1.1 Objetivo Específico 19

4.0 JUSTIFICATIVA 20

4.1 Escolha do Produto 24

5.0 REFERENCIAL TEÓRICO 26

5.1 Mídia Cidadã 26

5.1.1 Videodocumentário como Meio de Mobilização Social 29

6.0 METOLOGIA 37

6.1 Relação entre surdos e mídia 40

7.0 DELINEAMENTO DO PRODUTO 43

7.1 Formato 44

7.1.1 Duração 44

7.1.2 Personagens 44

7.1.3 Processo de gravação 45

7.1.4 Sinopse 45

8.0 Considerações Finais 46

9.0 Referenciais 47

Cronograma 53

Apêndice A 54

Apêndice B 56

Anexo A

Anexo B

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1.0 INTRODUÇÃO

Este trabalho resultou em um videodocumentário sobre as barreiras

vivenciadas pelo surdo curitibano no recebimento da informação televisiva. Para

demonstrar a importância do tema proposto discutiremos dados estatísticos sobre a

população com deficiência auditiva, os graus de surdez existentes, as formas de

comunicação utilizadas pelos surdos e a relação do surdo com a televisão. Para

entender como os canais locais trabalham a acessibilidade, as grades de suas

programações foram observadas e com isso, foi possível perceber que não existe a

utilização de intérprete de Libras em nenhuma emissora de canal aberto.

O objetivo deste trabalho é analisar, por meio de um videodocumentário

jornalístico, as barreiras enfrentadas pelos surdos no acesso à informação televisiva.

O trabalho justifica-se, pois os deficientes auditivos fazem parte da sociedade e

existem leis que os amparam na questão da acessibilidade à informação clara e

precisa.

O não cumprimento dessas leis motiva a invisibilidade desses deficientes e

impede o acesso à informação televisiva de forma integral, senda está uma condição

básica para a cidadania. O referencial teórico baseia-se em conceitos de jornalismo,

leis, mídia cidadã e videodocumentário como meio de mobilização social.

Para entender como esse grupo tem acesso à informação televisiva, foi

realizado um questionário com 38 surdos, que resultou em um estudo de caso.

Constatou-se que 90% desta população realmente têm barreiras no acesso à

informação televisiva de forma integral.

O resultado deste trabalho é um produto de videodocumentário, com a duração

de 20 minutos. Participaram como fonte/personagens cinco surdos com idade entre

20 e 52 anos, que participaram do questionário base utilizado para o estudo de caso.

Foram utilizadas como fontes oficiais, o diretor técnico da E-Paraná, Danilo

Locks, o ex-deputado do Paraná (1995 a 1998) Emerson José Nerone, o intérprete de

Libras e educador especial, Célio Vichoski. E ainda Sandra Narazaki, mãe da surda

Bruna Narazaki, Simone da Rocha, mãe do surdo Bruno e Atercília Tavares, mãe da

surda Leandra.

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2.0 DELIMITAÇÃO DO TEMA/PROBLEMA

2.1 Dados dos deficientes auditivos

Existem 5,7 milhões de brasileiros com deficiência auditiva. Destes, 176.067

são incapazes de ouvir, segundo censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística(IBGE). Curitiba possui uma população de 1.751.907

habitantes (IBGE) em 2010, destes, 79.184 têm algum grau de deficiência auditiva e

3.621 são totalmente surdos(IBGE). Assim,4,52% da população curitibana apresenta

algum grau de deficiência auditiva, porcentagem significativa.

Surdez é a perda total ou parcial da audição, que pode ser causada por diversos

fatores, entre eles, acúmulo de cera no ouvido, perfuração no tímpano, infecção no

ouvido médio, lesão ou fixação dos pequenos ossos (martelo, bigorna e estribo) e

hereditarismo (REGIZ, 2003). Segundo a portaria do MEC/SEESP, na qual são

especificadas Leis sobre educação e direitos das pessoas com deficiência, a

classificação da surdez é considerada desta forma:

Indivíduo parcialmente surdo:

a) Surdez leve– Pessoa que apresenta dificuldade auditiva de até quarenta decibéis.

Esse grau de surdez não interfere na aprendizagem da linguagem verbal, porém, pode

ter alguma dificuldade na escrita ou leitura.

b) Surdez moderada –Pessoa com perda na audição entre quarenta e setenta decibéis.

Esse grau de surdez provoca no indivíduo um atraso de linguagem e alterações

articulatórias, tendo dificuldade apenas em compreender algumas palavras. Se

necessário, poderá utilizar o método do oralismo (leitura labial) para melhor

compreensão.

Indivíduo totalmente surdo:

a) Surdez severa – Pessoa com perda auditiva entre setenta e noventa decibéis.

Podendo identificar apenas alguns sons, sendo estes em alto volume. A

aprendizagem verbal pode não ocorrer, dependendo da sua habilidade observação.

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b) Surdez profunda – Pessoa com perda auditiva superior a noventa decibéis. Que não

ouve nenhum tipo de som, sendo assim não desenvolve a aprendizagem da

linguagem oral. Por exemplo: um bebê surdo pode emitir sons como um bebê ouvinte,

mas por não ouvir. Com o tempo perde sua referência de oralidade.

Assim como existem diferentes graus de surdez, também há variadas formas de

comunicação dos surdos, como o oralismo (leitura labial),Libras e a comunicação total,

ou seja, o bilinguismo (indivíduo que domina o português escrito, oralismo e a Libras).

2.2 Formas de comunicação dos surdos

Até o surdo ser educado e socializado, ele sofreu várias formas de abuso,

preconceito e rejeição. Os primeiros relatos encontrados sobre os surdos mostram

que eles eram considerados pessoas com deficiência mental que nasceram com esta

aberração em forma de um castigo e, por isso, muitas vezes eram punidos. Muitos

nasceram e morreram na exclusão e anonimato, pois eram escondidos por suas

famílias, que tinham vergonha de ter crianças marcadas por esta deficiência. Não

podiam se casar, nem receber a herança que lhe cabia.

Na antiguidade, diversos povos tiveram atitudes abusivas contra indivíduos surdos. Foram registradas em Esparta, na China, em Gália, em Roma, apenas para citarmos alguns lugares, diversas atrocidades contra os surdos, que envolviam o sacrifício humano a deuses, a execução no mar ou no fogo, e a total desconsideração dos direitos humanos quando não se optava pelo assassinato incondicional. (CASTRO; CARVALHO, 2009, p. 15).

Foi só a partir de meados do século XVI que começou a se falar em educar e

instruir o surdo (REIS, 1992) para que assim ele pudesse ter acesso a uma vida digna

e ter seus direitos de cidadão assegurados. Atualmente, a luta por seus direitos ainda

não terminou, mas houve grandes avanços. O povo surdo hoje já é bilíngue.

2.2.1 Oralismo

O oralismo, método alemão (HASE,1990), foi a primeira tentativa de educação

para os surdos. Por volta de 1880 este método tornou-se único na educação do surdo,

banindo a língua de sinais das escolas especiais (VOLTERRA,1990).

O oralismo consiste no desenvolvimento das habilidades de observação. Concentração e imitação por parte da criança surda, utilizando recursos visuais, tácteis, auditivos e cinéticos, de tal forma que a resposta verbal, resultante do conceito mental de som, se manifeste na dicção de palavras completas e significativas para criança (DÓRIA, 1986, p.13).

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Com a utilização do oralismo como único meio de aprendizagem, a decadência

do ensino e socialização do surdo foi crescente, os professores surdos foram expulsos

das escolas e o desenvolvimento desses indivíduos regrediu. O sujeito surdo voltou a

ser visto como um deficiente, um ser incapaz de exercer seus direitos e deveres

(SACKS, 1989, p.37).

2.2.2 Libras

Segundo Moura (2000), o primeiro educador de surdos foi frei Pedro Ponce de Leon

(1520-1584), que vivia na Europa. O frei ensinava os filhos de famílias nobres a ler os

lábios (hoje conhecido como oralismo). Outros educadores de surdos profundos

também se tornaram conhecidos ao longo da história como: Jacob Rodrigues Pereire

(1715-1780), Samuel Heinicke (1727- 1790), Thomas Gallaudet (1787-1851).

Entre eles, somente o último era adepto e aceitava a língua de sinais. Os outros

dois eram partidários do oralismo, um método que foi usado por anos na educação do

surdo e que teve poucos avanços na socialização dos mesmos, atrasando assim o

desenvolvimento e a criação de uma identidade cultural do deficiente auditivo.

Segundo Goldfeld (1997), em meados de 1750, um advogado chamado Charles-

Michel de L'Épée abriu em Paris a primeira escola do mundo para educação de surdo

se ficou conhecido como o “Pai dos Surdos”.

Ele foi o pioneiro a introduzir a língua de sinais que hoje é utilizada

mundialmente. Os sinais em forma de comunicação que ele desenvolveu sofreram

alterações ao longo do tempo e também adaptações que variam de país para país.

No percurso deste caminho, a língua de sinais passou por muitas dificuldades e

preconceitos até ser aceita como a língua universal do surdo. No Brasil, a educação

dos surdos teve seu início no ano de 1857, quando o professor francês Hernest

Huetfundou o Instituto Nacional de Surdos-Mudos na cidade do Rio de Janeiro

(MOURA, 2000). Hoje é o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), que é

referência no que se refere à surdez (está transição ocorreu no ano de 1957). A Língua

Brasileira de Sinais (Libras) teve fortíssima influência da Língua de Sinais Francesa

(LSF) e também da Língua de Sinais Americana (ASL).

As línguas de sinais apresentam as propriedades específicas das línguas naturais, sendo, portanto, reconhecidas enquanto línguas pela Linguística. As de sinais são visuais-especiais captando as experiências visuais das pessoas surdas (QUADROS, 2004, p.8).

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Somente em 1954 foi formada a primeira turma de professores do Instituto

Nacional de Surdos e Mudos. Ainda na década de 1950, o movimento em prol dos

surdos teve uma série de ações importantes, como a criação de um curso para

professores e a implantação do jardim de infância. Criou-se também, um curso de

Artes Plásticas para deficientes auditivos, com supervisão da faculdade Belas Artes

da cidade do Rio de Janeiro.

Nas décadas seguintes foi criado o serviço de estimulação precoce para bebês

de zero a três anos, e também houve um significativo investimento em recursos

humanos dentro do Ines. Ainda neste período foi fundada a Federação Nacional de

Educação e Integração dos Deficientes Auditivos (Feneida), na qual a diretoria da

federação era composta somente por ouvintes e os surdos eram tratados e

reabilitados para o convívio com a sociedade.

Em 1987, a Feneida passou a se chamar Federação Nacional de Educação e

Integração dos Surdos (Feneis) que hoje tem como principal objetivo lutar pelos

direitos dos surdos. A federação passou a ser dirigida pelos próprios surdos, que

começaram a lutar para que a Libras fosse oficializada. Em 1990 foi criado o

informativo “Técnico Científico Espaço”, com informações voltadas para o ensino do

aluno surdo. Em 1993, o Ines passa ser uma referência na área de surdez (Moura,

2000).

Em 2002, a Libras passa a ser reconhecida oficialmente como a língua dos

surdos, através da lei Federal nº 10.436/2002 1 , pelo decreto 5626. Uma das

exigências deste decreto era que dentro de um prazo máximo de 10 anos a Libras

deveria estar inserida nos cursos de licenciatura como Pedagogia, Letras e

Fonoaudiologia e que houvesse professores bilíngues em todas as classes regulares.

Regulamentou-se também a profissão de intérprete (porém só passou a valer

como profissão a partir de01/09/2010). No Paraná, a Linguagem Gestual Codificada

na Língua Brasileira de Sinais (Libras) e outros recursos de expressão a ela

associados, como meio de comunicação objetiva e de uso corrente, foi reconhecido

oficialmente por intermédio da lei de nº 12.095/19982. Porém, atualmente está lei não

é totalmente cumprida em Curitiba. Segundo Prateano (2010), nem mesmo os órgãos

públicos como postos de saúde e colégios possuem intérpretes de Libras suficientes

1 Lei Federal nº 10.436/2002 (Anexo A, p.67). 2 Lei12.095/1998 (Anexo A, p.68).

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para atender a população surda. Pela lei federal, os órgãos públicos têm obrigação de

capacitar funcionários para atender os surdos.

2.2.3 Surdos e a Televisão

Existem duas maneiras propostas de acessibilidade à informação televisiva

para os surdos atualmente no Brasil. A interpretação em Libras (Língua Brasileira de

Sinais) e o Closed Caption (legenda oculta). Embora não tenha ampla divulgação, o

Ministério das Comunicações prevê o acesso à informação as pessoas com

necessidades especiais nas programações diárias de televisão de sinal aberto e de

rádio difusão, por meio da lei 12.527, parágrafo II, art. 8 º, cap. VIII3.Para observar

como esta regulamentação é utilizada nas emissoras de canal aberto na cidade de

Curitiba, foram analisados os seguintes canais: RPC-TV, RIC-TV, Band, Rede Massa-

SBT, E-Paraná (TV Educativa) e CNT. Excepcionalmente foi analisada a emissora de

canal fechado TV Brasil, que é a única em Curitiba que possui um jornal exclusivo

para surdos, utilizando o método Libras. Diante desta análise foi possível comprovar

que pode ser feito um jornal voltado para surdos.

Todas as emissoras analisadas não apresentam intérprete de Libras, a não ser

na mudança de um programa para outro, onde é obrigatório o indicativo de faixa etária

para assistir a programação (noticiosa ou não). O tradutor não está presente dentro

da programação, sendo assim, o recurso disponível para o telespectador surdo é o

Closed Caption, mecanismo que está presente na maioria dos televisores e que pode

ser acionado por comando eletrônico. De acordo com Curado (2002), para os

jornalistas que atuam em todos os meios de comunicação, impressos, televisivos ou

radiofônicos, as normas nem sempre são as mesmas. A única norma unânime é “(...)

o respeito pelas Leis do idioma, que vale para todos” (CURADO, 2002, p.18).

O Closed Caption foi criado com o intuito de auxiliar a pessoa surda no acesso

à informação. Esse sistema foi desenvolvido nos EUA em meados de 1970 e

implantado no Brasil em 1997. Nesse mesmo ano, o Jornal Nacional da Rede Globo

fez uso desta tecnologia, que desde então, passou a ser utilizado pelas principais

emissoras de televisão aberta do país. Existem duas formas de produção do recurso

Closed Caption: off-line que é pós-produzido e está presente em filmes e programas

3Lei 12.527/2011, parágrafo II, art. 8 º, cap. VIII (Anexo A, p.70).

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gravados, e o online, que acontece em tempo real e em sua maioria é utilizado em

programas esportivos e jornalísticos (produzido por software de reconhecimento de

voz).

Segundo revista Mundo Estranho (Ed. Abril, 2012), o método utilizado para

produzir a legenda oculta é chamado estenotipia. Neste sistema, a fala é registrada

em um teclado especial, cujos botões são baseados em fonemas ao invés de letras.

Assim, em um programa ao vivo, são passadas mais de 200 palavras por minuto.

Outro método é o reconhecimento de voz, que é mais usado no Brasil. Neste

modelo, um operador repete tudo o que é dito pelo apresentador, e um computador

converte a voz do operador em texto. A dificuldade deste método é que o grau de

precisão do sistema é inferior, e o programa pode confundir as palavras e traduzi-las

de forma errada. Esta limitação do sistema é o que dificulta o entendimento para quem

está usando o closed caption como forma de compreender o conteúdo apresentado.

Além de que o sistema só recebe o comando de uma única voz, na falta desta o

sistema fica inoperante.

Segundo Lima (2006), a escrita e leitura do surdo apresenta problemas como

omissão de artigos, conjunções e preposições, escreve verbos no infinitivo e não os

conjuga.

Isso ocorre porque a escrita é um desdobramento da linguagem interior, ou fala interna. A linguagem que o surdo internaliza é a linguagem de sinais, bastante diferente do português falado e escrito. Sem a linguagem de sinais, por outro lado, ele tem maiores dificuldades para construir a linguagem interior, as representações mentais e, consequentemente, a escrita. (LIMA, 2006, p.69)

Assim, a tradução feita pelo closed caption além de ter algumas falhas em sua

estrutura, também não é voltada de forma total para o surdo, já que este em sua

linguagem não faz uso de conjugações verbais e plurais.

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2.2.4 Análise da programação Jornalística das emissoras locais

Para levantar dados e/ou números sobre os telejornais veiculados em

emissoras de sinal aberto em Curitiba, e a presença ou falta de um tradutor de Libras,

foram analisadas seis emissoras de rede aberta e uma de sinal fechado; RPC-TV

(Afiliada da rede Globo), RIC-TV (Afiliada da Rede Record), Band, (Rede

Bandeirantes), Rede Massa-SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), TV Educativa,

CNT e TV Brasil (sinal fechado).

RPC TV- afiliada Rede Globo no Paraná (Canal 12- Sinal Aberto)

Possui transmissão de sua programação televisiva 24 horas. Entre os 27

programas diários, 11 são jornalísticos. São eles: Jornal Nacional, Bom Dia Brasil,

Bom Dia Paraná, Paraná TV 1ª Edição, Paraná TV 2ª Edição, Jornal Hoje, Jornal da

Globo, Profissão Repórter, Fantástico, Globo Repórter e Globo Notícias. Nenhum dos

programas transmitidos apresenta intérprete de Libras e todos possuem o sistema

closed caption.

RIC TV- afiliada da Rede Record no Paraná (Canal 7-Sinal Aberto)

Sua programação é disponível 24 horas. Possui sete programas jornalísticos

transmitidos diariamente na programação local. São eles: Paraná no Ar, Balanço

Geral, RIC Notícias, Record Notícias (nacional) Balanço Geral Especial de Sábado,

RIC Rural, e Fala Brasil (nacional). Nenhum dos programas transmitidos apresenta

intérprete de Libras, e todos possuem o sistema closed caption.

Band - Bandeirantes (Canal 2- Sinal Aberto)

Sua programação é disponível 24 horas. Possui 26 programas transmitidos

diariamente, destes oito são jornalísticos. São eles: 1º Jornal, Brasil Urgente, Boa

tarde Paraná, Band Cidade, Jornal da Band, Jornal da Noite, Polícia 24 Horas e Canal

Livre. Nenhum dos programas transmitidos apresenta tradutor de Libras, e todos

possuem o sistema closed caption.

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Tribuna da Massa – afiliada do SBT (Canal 4- Sinal Aberto)

Sua programação é disponível 24 horas. Possui 24 programas diários, destes

dez são jornalísticos. São eles: Negócios da Terra, Jornal da Massa, SBT Paraná,

Tribuna da Massa, Conexão Repórter, SBT Manhã, SBT Brasil, SBT Notícias, SBT

Repórter e Jornal do SBT Noite. Nenhum dos programas transmitidos apresenta

intérprete de Libras, e todos possuem o sistema closed caption.

E-Paraná RTVE (Canal 9 – Sinal Aberto)

A grade de programação é composta por 15 programas, sendo três

jornalísticos. São estes: E-Manhã, Telejornal E-Paraná e Boletim E-Paraná. A

emissora não possui intérprete de Libras durante a programação, mas durante a maior

parte dela é composta pelo sistema closed caption.

CNT (Central Nacional de Televisão - canal 6)

Possui programação é disponível 24 horas, com um total de 19 programas,

sendo sete jornalísticos. São eles: 190 Paraná, Cidade na TV, CNT Jornal, CNT News,

Jogo de Poder Nacional, Jogo de Poder Paraná e Notícias & Mais. Nenhum dos

programas transmitidos apresenta intérprete de Libras e todos possuem a

disponibilidade do uso de closedcaption.

TV Brasil / Jornal Visual (Canal 3 NET/ 234 GVT)

O Jornal Visual da TV Brasil foi o único programa jornalístico encontrado que

leva a informação televisiva ao surdo com o uso de Libras. Os apresentadores do

Jornal Visual são ouvintes e intercalam a apresentação entre fala da língua

portuguesa e a interpretação em Libras. O jornal é exibido de segunda a sexta-feira,

às 08h00 e sua média de duração fica entre dez e 15 minutos.

Visto que as programações jornalísticas das emissoras de canal aberto não

possuem total acessibilidade aos surdos, como um videodocumentário jornalístico

pode auxiliar na discussão dessa problemática?

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3.0 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Revelar, por meio de um videodocumentário jornalístico, as barreiras

enfrentadas pelos surdos curitibanos ao acesso à informação televisiva.

3.1.1 Objetivo Específico

- Expor de que maneira o surdo recebe à informação jornalística televisiva.

- Levantar discussão em torno das dificuldades e barreiras enfrentadas pelo surdo no

recebimento da informação televisiva, que consequentemente ajuda na inserção do

cidadão na sociedade.

- Mostrar as dificuldades no acesso à informação televisiva, transmitida por meio do

closed caption, e como a falta de um intérprete de Libras pode dificultar o recebimento

da notícia.

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4.0 JUSTIFICATIVA

O trabalho justifica-se pelo fato de que, os surdos, têm os mesmos deveres e

direitos que os ouvintes (estão inseridos na sociedade, consequentemente são

cidadãos). Sendo assim, o povo surdo tem o direito ao acesso da informação

televisiva, da mesma maneira que os ouvintes, ou seja, de forma integral. A escolha

deste tema deu-se pela preocupação em levar a notícia, as minoras de certa forma

excluídas da nossa sociedade. Ao procurar teóricos e trabalhos para embasar esta

temática, deparou-se com a realidade já percebida, de que as minorias não têm vez e

voz, visto que foi encontrado um número insignificante de trabalhos sobre a questão

abordada. Para apoiar o trabalho teórico, foi escolhido um produto em forma de

videodocumentário, que abrange de forma completa, todas as plataformas de

acessibilidade necessárias, para se transmitir o conteúdo desejado.

O documentarista se propõe a explicar aspectos do mundo, revelando

problemas e propondo soluções. Desta forma a escolha do videodocumentário como

produto é coerente e pertinente a este trabalho. Por meio das representações

individuais e coletivas do povo surdo e suas dificuldades, será possível

mobilizar/conscientizar a sociedade para o apoio em busca da defesa da posição e

direitos garantidos a eles.

O veículo de comunicação mais utilizado para transmitir informação é a

televisão. No Brasil,95,1% da população possui televisão em casa (segundo

levantamento do censo de 2010realizado pelo IBGE). Ainda, segundo censo realizado

pelo IBGE, existem 576.190 domicílios permanentes 4em Curitiba, destes, 565.681

possuem aparelho de televisão, totalizando 98,17%. Sendo assim, apenas 1,83% dos

curitibanos não possuem televisão em casa.

Desta forma, acredita-se que as emissoras de TV têm o dever de transmitir a

informação corretamente, de forma que a mesma se propague a todos os indivíduos

com ou sem algum tipo de deficiência. Ter acesso à informação é um direito universal.

É imprescindível à inclusão de todos os indivíduos, pois esse direito é fundamental à

vida e cotidiano das pessoas. Aplica-se esse direito inclusive às pessoas com

deficiência auditiva, que tanto quanto um indivíduo ouvinte necessita da informação

televisiva e também de entretenimento. A relação sensorial de um indivíduo abrange

4Domicílios permanentes são domicílios que possuem cozinha individual, ficam de fora cortiços, flats, pensões.

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audição e visão. No acontecimento da perda ou falta de uma destas, o mesmo perde

parte do conteúdo que está sendo transmitido, dificultando assim a compreensão do

produto audiovisual.

Já existem no Brasil iniciativas para que seja implantado um canal na internet

com material audiovisual totalmente voltado a essa parcela da população (surdos).

Em abril de 2013, foi lançada a primeira TV online para surdos5 (com a integração da

legenda e de um intérprete de Libras). Criada pelo Instituto Nacional de Educação de

Surdos (Ines), a TV Ines tem uma programação diária de 12 horas, das 8h às 20h,

com acesso através do site www.tvines.com.br.

A proposta desse trabalho é saber qual a dificuldade de acesso à informação

televisiva desse público-alvo. Por esse motivo foi realizado um estudo de caso com

38 surdos curitibanos. Por intermédio do questionário aplicado foi possível descobrir

que é significativa a parcela destes indivíduos que consideram ruim o acesso à

informação pelo sistema closed caption.

Os surdos de nascença, por aprenderem a se comunicar em Libras, têm grande

dificuldade para aprender a língua portuguesa escrita. Desta forma ao receber a

informação através do closed caption (língua portuguesa escrita), enfrentam

dificuldades no entendimento do que está lendo. Visto que em sua linguagem habitual

(Libras) não se conjuga verbo, por exemplo: ouvinte diz – “Hoje eu vou para a minha

casa”; já, a comunicação do surdo ocorre da seguinte maneira – “Hoje casa ir”. O fato

da pessoa com deficiência auditiva não compreender a informação da mesma forma

que o ouvinte, que desde pequeno desenvolveu seu aprendizado dentro da língua

portuguesa, é possível afirmar que este (sujeito surdo) necessita de um meio

específico para o recebimento integral da notícia. Podemos confirmar que o surdo não

possui a interação audiovisual ampla suficiente como a de um indivíduo ouvinte.

Partindo deste princípio, a inclusão da Libras se torna irrefutável para o cotidiano

vivencial normal do surdo em meio à sociedade.

O surdo faz parte da sociedade e possui os mesmos direitos de um ouvinte

garantidos por Lei. Porém, uma das diferenças existentes entre o surdo e o ouvinte é

a barreira encontrada para que o mesmo obtenha informação transmitida pelos

5 Notícia retirada do Blog “Vencer Limites”, do Jornal Estado de São Paulo. Através do link<http://blogs.estadao.com.br/vencer-limites/tv-ines-esta-no-ar-com-12-horas-de-programacao-para-surdos/>

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telejornais de emissoras abertas em Curitiba. O acesso à informação é garantido no

Brasil pela lei Federal n° 10.0986, de 19 de dezembro de 2000, que exige que não

deve haver barreira nas comunicações, para que todos as pessoas com deficiência

tenham acesso facilitado por intermédio de meios/sistemas de comunicação.

Há também a lei Federal nº 10.4367, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre

a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e outros recursos de expressão a ela

associados. Alei Estadual nº 12.0958, de 11 de março de 1998, também reconhece

oficialmente pelo estado do Paraná a linguagem gestual codificada a Língua Brasileira

de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados, como meio de

comunicação objetiva e de uso corrente.

Todo cidadão tem direitos e deveres desde o momento que nasce e

consequentemente está inserido em uma sociedade. Sendo assim, o sujeito surdo

também deveria ter seus direitos e deveres assegurados. Para o surdo estar inserido

na sociedade, a mesma precisa saber como se comunicar com ele, visto que sua

língua materna/oficial é a Libras.

Pela legislação, o surdo já tem sua linguagem assegurada.9Após 11 anos de

vigor da Lei, a inserção do surdo na sociedade tem sido um problema que é cada dia

mais discutido por profissionais ligados ao assunto (MOURA, 2000). A falta de um

intérprete de Libras nos telejornais contribui para que a sociedade não tome

conhecimento do isolamento que o surdo vive. Estamos em uma era de inclusão

social, na qual a diversidade tem ganhado seu espaço. Neste contexto cabe à

sociedade fazer desta inclusão uma realidade.

Os povos surdos não são obrigados a ter normalidade. A máscara não esconde o ser que é surdo, o ser surdo que é humano... Quando a sociedade deixa o surdo ser ele mesmo, carece tirar as máscaras e assim chega o momento de o povo surdo enfrentar a prática ouvintista, resgatar-se e transformar-se no que é de direito: partes de nós mesmos, de termos orgulho de ser surdo (STROBEL, 2008, p.33).

Dentro de uma sociedade pode haver várias costumes e hábito se a cultura

surda é uma delas. Formada pela língua de sinais, experiência visual e uma primeira

linguagem familiar. É a construção e a soma de toda esta bagagem que dá origem à

identidade surda. Porém, a sociedade de cultura ouvinte pouco se interessa pela

6Lei n° 10.0986, de 19 de dezembro de 2000 (Anexo A, p.74). 7Lei Federal nº 10.4367, de 24 de abril de 2002 (Anexo A, p.67) 8A Lei Estadual nº 12.0958, de 11 de março de 1998 (Anexo A, p.68) 9A Lei Estadual nº 12.0959, de 11 de março de 1998 (Anexo A, p.68).

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cultura surda e os que se interessam têm pouco acesso, visto que nem mesmo dentro

do maior meio de comunicação (a televisão) esta cultura está inserida (STROBEL,

2008). De acordo com Machado (2008), o surdo sofre com a imposição da cultura

ouvinte, que não abre espaço para a inserção de sua cultura.

Historicamente o surdo tem sofrido uma imposição linguística dos ouvintes. Na maioria das vezes não tem escolha quanto a qual grupo pertencer. Essa compreensão não implica dizer que os surdos devam ignorar os ouvintes, mas sim que eles podem e devem ter acesso às duas realidades linguísticas. Entretanto, eles devem possuir uma identidade em um dos grupos. (MACHADO, 2008, p. 53).

A partir do momento em que a sociedade tiver contato com o povo surdo, a

realidade de muitos surdos irá mudar, visto que a falta de conhecimento de sua cultura

é o que mais atrapalha o dia a dia em questões simples, como fazer compras e

consultar um médico. Assim, alguém que tem em sua família um surdo, saberá que

não é algo tão diferente, se a sociedade viver familiarizada com esta realidade, e que

este surdo tem uma identidade que pode ser inserida dentro da sociedade ouvinte.

No Brasil, o telejornalismo é o meio mais utilizado para a aquisição de

informação televisiva. Assim, o jornalismo com o seu papel fundamental de transmitir

informação, peca ao deixar, a desejar quanto à falta de um intérprete de Libras nas

transmissões de programas jornalísticos. “No caso brasileiro, a TV (...) desfruta de um

prestígio tão considerável que assume a condição de única via de acesso às notícias

e ao entretenimento para grande parte da população” (REZENDE, 2000, p.23).

Segundo Bahia (1990), o veículo de comunicação tem a obrigação de ser os olhos da

sociedade, sendo um porta voz da cidadania.

Um veículo de comunicação precisa ter a visão da sociedade, saber ser a sua voz e o seu ouvido, os seus olhos e a sua mente. (...) o jornalismo aspira ser o porta-voz da cidadania, forjando uma delegação de confiança que embora frágil não é abstrata e se renova automaticamente toda vez que os cidadãos acentuam a sua preferência (BAHIA, 1990, p.18).

Assim, a linguagem (Libras) do surdo dentro do telejornalismo só tem a

contribuir com a eficácia do trabalho jornalístico, partindo do princípio que a notícia

deve ser acessível a todos, já que retrata a sociedade. A comunidade surda é

composta pelos surdos e aqueles que convivem e se comunicam com eles (familiares,

amigos e intérpretes). Já, o chamado povo surdo é composta apenas por surdos;

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4.1 Escolha do produto

A escolha do videodocumentário como produto partiu do princípio de que o

documentarista se torna representante do público, transmitindo a informação a favor

dos interesses e necessidade da população. Através do documentário é possível fazer

um recorte da realidade, revelando com clareza e profundidade aquilo que é proposto.

A utilização de atores sociais (personagens) e a fidelização com que as

imagens reais e vivenciadas do cotidiano são retratadas fornecem ao

telespectador/emissor experiências visuais e auditivas intensas, proporcionando a

compreensão e conscientização de valores e práticas, pois os meios de comunicação

tem o poder de conscientizar os telespectadores.

Os documentários podem representar o mundo da mesma forma que um advogado representa os interesses de um cliente: colocam diante de nós a defesa de um determinado ponto de vista ou uma determinada interpretação das provas. Nesse sentindo, os documentários não defendem simplesmente os outros, representando-os de maneira que eles próprios não poderiam; os documentários intervêm mais ativamente, afirma qual é natureza de um assunto, para conquistar consentimento ou influenciar opiniões (NICHOLS, 2012, p. 30).

Dessa forma é possível realçar a percepção estética do telespectador e ativar

a consciência social do mesmo. Quando se fala em realidade, só é possível afirmar

algo, se está próximo daquele determinado contexto. O presente trabalho aborda as

barreiras encontradas na vida dos surdos curitibanos, no momento de obter a

informação televisiva. Portanto, a utilização do videodocumentário é a de documentar

as experiências, dificuldades e a realidade da cultura surda.

O documentário, enquanto gênero é produzido com objetivos bem claros de evidenciar recortes da realidade. Partindo de um fato, procura mapear outros fatos correlacionados, acontecimentos interligados, causas e consequências. Traz consigo o tom de explicação, apresenta imagens e depoimentos que comprovam o que é dito e também funcionam como registro, como mecanismo de resgate da memória humana (MELO, GOMES, MORAIS, 2001, p.8).

O documentarista ao longo do processo de produção direciona as cenas de

acordo com a sua visão sobre o caso estudado, revelando o seu olhar sobre o fato e

a opinião do indivíduo que pertence ao contexto. O videodocumentário é uma

representação da realidade e aproxima o telespectador das questões sociais do

cotidiano. De acordo com Penafria, “o espectador poderá interpretar o filme através

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do olhar do documentarista e perceber-se de que determinada realidade pode ser

vista de modo diferente” (PENAFRIA, 2001, p.6).

Outro fator relevante que justifica a escolha do produto é o poder de integrar os

indivíduos de uma mesma sociedade representada, enriquecendo o conhecimento

coletivo e contribuindo para uma mobilização social. De acordo com Zandonade e

Fagundes(2003), o videodocumentário estimula a integração das pessoas de um

mesmo país ou comunidade.

Apesar de se tratar de um videodocumentário público com suporte em DVD,

uma versão também será disponibilizada de forma on-line, no canal YouTube.

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5.0 Referencial Teórico

5.1 Mídia cidadã

O Brasil é um país democrático e deve formar cidadãos instruídos e

esclarecidos, que possam usufruir e exercer sua cidadania em prol do crescimento e

desenvolvimento do país. O direito à informação é um dos principais meios para se

construir uma sociedade solidificada e inteirada do que se passa ao seu redor.

Segundo a lei n° 12.527/201110, todo cidadão tem direito ao acesso à informação

televisiva. Além de um direito, é uma necessidade do ser humano. Segundo Kovach,

Rosenstiel (2003), a informação nos ajuda a criar uma opinião, uma identidade e nos

auxilia a ter uma linguagem, a definir com base na realidade dos fatos quem são

nossos heróis e nossos vilões.

As pessoas precisam de informação por causa de um instinto básico do ser humano que chamamos de instinto de percepção. Elas precisam saber o que acontece do outro lado do país e do mundo, precisam estar a par de fatos que vão além da própria experiência. O conhecimento do desconhecido lhes dá segurança, permite-lhes planejar e administrar as próprias vidas. Trocar figurinhas com essa informação se converte na base para criação da comunidade, propiciando as ligações entre as pessoas (KOVACH & ROSENSTIEL 2003, p. 36).

A história da humanidade nos mostra que a informação tem seu papel

destacado na mídia e no acesso à informação e isso fortalece uma sociedade. No

Brasil não é diferente. Prova disso é que durante a ditadura militar (1964-1985) as

principais medidas foram à censura noticiosa11, o fechamento de muitos jornais e

inúmeros assassinatos de jornalistas. Com a ditadura já no seu fim, em 1988 foi criada

a atual Constituição Federal Brasileira, também chamada de Constituição Cidadã.

Nela, vários direitos são garantidos aos brasileiros, inclusive à liberdade de expressão

e consequentemente, o acesso à informação. De acordo com Barreto (1994), a

informação coloca o mundo em sintonia e permite que todos falem a mesma língua,

participando da evolução e revolução da humanidade.

A informação referência o homem ao seu destino; mesmo antes do seu nascimento, através de sua identidade genética, e durante sua existência pela sua competência em elaborar a informação para estabelecer a sua odisseia individual no espaço e no tempo (BARRETO, 1994, p.1).

10Lei n° 12.527/2011 (Anexo A, p.70) 11 Decreto Lei n° 314 de 1967 (Anexo A, p.82)

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Segundo Peruzzo (2006), o tema “Direito à Comunicação” vem sendo

amplamente discutido e debatido em conferências ao redor do mundo, mas está longe

de ser respeitado e ainda não recebeu a notoriedade e o devido valor. Para ela, o

direito à comunicação não diz respeito apenas ao acesso à informação, mas também

aos canais de difusão de conteúdo.

Para que este direito seja usufruído de forma clara e correta é preciso também contar

com a conscientização do profissional da notícia. Neste contexto, o jornalista é o

intermediário entre os leitores e os fatos, sendo papel dele disseminar tudo que é de

interesse público.

O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros se baseia no direito fundamental

que todo cidadão tem em relação ao acesso à informação. O capítulo II, artigo 6°

inciso XI diz que é dever do jornalista “Defender os direitos do cidadão, contribuindo

para a promoção das garantias individuais e coletivas, em especial das crianças,

adolescentes, mulheres, idosos, negros e minorias”. Porém, há exemplos de minorias

não alcançadas. Este é o caso população surda. Para Takara (2013), nem todos os

cidadãos têm a mesma oportunidade que os jornalistas têm que é de conviver com

diferentes realidades e ter uma visão privilegiada da sociedade. Então os que não têm

esta oportunidade de se aprofundar no conhecimento e convivência como próximo de

forma tão peculiar, vive em um silêncio velado.

O preconceito e o descaso da mídia atual continuam por amordaçar as minorias. Grupos que por não possuírem todos os pré-requisitos definidos pela moral ou até mesmo por uma condição pré-julgada como necessária são agredidos todos os dias por grupos que se julgam majoritários e capazes de definir quem pode ou não viver em sociedade. Desse modo, a comunicação, agindo no ato de tornar comum, de apresentar aos que não conhecem a realidade de diversos grupos de maneira simples, respaldada e clara, pode garantir que a sociabilidade possa ser uma tentativa menos carregada de preconceitos, que são visões medíocres formadas pela estereotipagem de um indivíduo ou grupo social. (TAKARA, 2013, p. 8 e 9).

A língua de uso corrente dos surdos é a Libras (Língua Brasileira de Sinais), a

comunicação é visual e gestual. Franco (2006) afirmou em um debate(Comunicação

Audiovisual Global, Diversidade Cultural e Regulamentação), do fórum de Barcelona

realizado em 2004,o seguinte enunciado: “Se o direito à comunicação e à informação

também é um direito universal, a mídia pública e privada também deveria cumprir com

a obrigação de fortalecer valores democráticos, elevar a diversidade e qualidade de

seu conteúdo (especialmente no que se refere às crianças), ajudar as pessoas com

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deficiências físicas a ganhar acesso ao conteúdo, e garantir a normalidade nas suas

descrições de minorias sociais”.

A mídia cidadã tem como proposta viabilizar o acesso à informação, a todas as

pessoas possuindo algum tipo de deficiência ou não. Portanto a mídia cidadã, como

o próprio nome reflete, deseja transmitir a informação para todos os cidadãos,

independentemente de suas condições sociais, intelectuais ou físicas. Para Peruzzo

(2006), a mídia cidadã é a inclusão do cidadão nos meios de comunicação. Ou seja,

uma mídia comunitária é onde o cidadão é o protagonista deste meio. Desta forma,

ocorre a garantia do acesso à informação de interesse público.

Direito à comunicação não diz respeito apenas ao direito básico do cidadão em ter acesso à informação livre e abundante ao conhecimento produzido pela humanidade. Isso é essencial nas sociedades democráticas. Nem se cogita a possibilidade de restrições à liberdade de informação e de expressão. Porém, direito à comunicação na sociedade contemporânea requer a negação da concentração da mídia nas mãos de grandes grupos econômicos e políticos; pressupõe o direito a mensagens fidedignas e livres de preconceitos; e inclui o direito ao acesso ao poder de comunicar. (PERUZZO, 2006, p.40)

Na Constituição Brasileira 12 , onde se encontram os “Direitos e Garantias

Fundamentais”, não existe exclusão na questão de cidadania. Ao nascer o sujeito já

se torna um cidadão (Título II, Cap. I Art. 5). Então o surdo faz parte desta realidade,

porém o seu acesso à informação é limitado. A declaração da Organização das

Nações Unidas (ONU), de 1975, item oito, diz que: “As pessoas deficientes têm direito

de ter suas necessidades especiais levadas em consideração em todos os estágios

de planejamento econômico e social”. Portanto, o presente trabalho mostra que o

surdo tem o direito de ter um intérprete de Libras, para que assim seja incluído no

meio social.

Conforme Gentilli (1995), a informação é de extrema necessidade para se viver

nos dias atuais, o acesso à informação mediada é a abertura para fazer valer seus

direitos e obter outros direitos. Da mesma maneira pode-se entender que o indivíduo

que não consegue entender o conteúdo que assiste de forma clara e precisa também

cria uma consciência errada do seu papel como cidadão. Com seus direitos e deveres

12 Declaração Universal dos Direitos Humanos (Anexo A, p.91).

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distorcidos, ele não obtém acesso à informação que lhe cabe: a informação de

interesse público.

Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU); “Todos têm o

direito à liberdade de opinião e de se expressar; este direito inclui a liberdade de

sustentar opiniões sem interferência, e procurar, receber, e transmitir informações e

ideias mediante a quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

Para Kovach, Rosentiel (2003), a imprensa funciona como uma espécie de

guardião que é capaz de tirar as pessoas da letargia e dar voz aos esquecidos. Este

conceito já é tão enraizado que fica difícil separar o jornalismo da criação de uma

sociedade e posteriormente de uma democracia. A informação é de tal importância na

sustentação e na ordem da comunidade, que a sociedade que deseja limitar a

liberdade deve primeiramente limitar a imprensa. Dentro da democracia, a informação

é algo tão necessário que deve ser manuseada com todo cuidado, responsabilidade

e impessoalidade, por profissionais que entendem esta verdade (KOVALCH &

ROSENTIEL, 2003).

Até mesmo os que não são inseridos dentro da área jornalística são capazes

de compreender e entender o papel do comunicólogo para sociedade. O Papa João

Paulo II em junho de 2000 declarou a um grupo de donos de meios de comunicação

de todo mundo.

Aqueles fora da área jornalística também entendem existir na profissão uma obrigação moral e social mais ampla. É só ler o que disse o Papa João Paulo II em junho de 2000 a um grupo de donos de meios de comunicação de todo o mundo: Com sua influência vasta e direta sobre a opinião pública, o jornalismo não pode só ser guiado por forças econômicas, lucros e interesses especiais. Deve, ao contrário, ser encarado como uma missão, até certo ponto sagrada, realizada com o entendimento de que poderosos meios de comunicação foram confiados aos senhores para o bem geral (KOVACH, ROSENSTIEL, 2003 p.35).

A mídia cidadã é uma esperança de fazer valer de forma definitiva os direitos

da sociedade. É um meio de trazer para dentro da realidade democrática brasileira os

que ainda não foram inseridos de forma absoluta, as minorias e os excluídos, que por

falta de acessibilidade social, física e cultural não possuem o acesso de forma clara,

ampla e objetiva à informação de interesse público.

5.1.1 Videodocumentário jornalístico como meio de mobilização social

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Em um videodocumentário de representação social, o documentarista se torna

o representante do público (o mediador dos fatos), pois transmite a história a favor do

interesse de determinado público. Esse tipo específico de documentário realça a visão

do telespectador para uma realidade de mundo que raramente é vista. Desta forma, a

realidade representada pode ser explorada e compreendida por quem assiste. Nichols

(2012) ressalta “Que os documentários dão-nos a capacidade de ver questões

oportunas que necessitam de atenção. Vemos visões (fílmicas) do mundo. Essas

visões colocam diante de nós questões sociais e atualidades, problemas recorrentes

e soluções possíveis” (2012, p.27).

No videodocumentário, os personagens não são tratados como atores, pois os

mesmos na frente da câmera precisam agir normalmente, como em seu cotidiano,

sendo assim, são chamados de atores sociais. Em um videodocumentário, o ideal é

mostrar a personalidade real do personagem, não a fictícia. Ao transmitirmos a vida

social e pessoal de um indivíduo, temos a responsabilidade de não deturpar ou

desrespeitar sua realidade e principalmente não alterá-la. O documentário não é

uma reprodução da vida real, mas uma representação da realidade.

No caso desse produto audiovisual, que irá retratar a realidade do povo surdo,

o objetivo é dar voz a esse grupo que poderá expor de forma mais profunda, suas

barreiras e dificuldades. A escolha do documentário é a forma mais coerente para dar

voz as outras vozes que não podem ser ouvidas. O documentarista se torna o

mediador no momento em que utiliza a câmera para registrar o real, de maneira que

a realidade do ator social não seja reproduzida com interferências exteriores e

opinativas. “O documentarista chega bem perto da neutralidade jornalística, pois ao

narrar um acontecimento é possível dar voz a outras vozes, deixando que elas

mesmas travem um diálogo no interior do documentário” (MELO, GOMES, MORAIS,

2001, p.7).

A relação entre o conteúdo (comunidade) e a forma (vídeo), nesse determinado

contexto, faz com que ambos não possam ser imaginados, um sem o outro. As várias

vozes (dos atores sociais) constituem comprovadamente sua realidade, por meio do

entrelaçamento do ator e da câmera. Por intermédio do produto audiovisual, qualquer

indivíduo do Brasil, seja ele, ouvinte, surdo, cego ou com qualquer deficiência; pode

ter a possibilidade de compreensão e assimilação do conteúdo, vendo, ouvindo o

produto em forma de vídeo. “O cineasta representa outras pessoas, a ideia de falar

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sobre um tópico ou assunto, um grupo ou indivíduo, empresta um ar de importância

cívica a esse trabalho”. (NICHOLS, 2012, p.41).

Segundo Watts (1990), as emissoras de televisão pouco se preocupam com a

forma em que transmitem as informações mais detalhadas, os detalhes nas matérias

jornalísticas normalmente são passados com imagens e gráficos. Porém, as

informações são transmitidas de forma rápida, sem tempo para que os

telespectadores assimilem com coerência a informação.

A televisão é surpreendentemente ruim na comunicação de informações detalhadas. (...). Para tornar as coisas piores, os espectadores de TV têm todos de receber a informação na mesma velocidade (isso pode dar a sensação de demora para quem é mais rápido e confundir quem precisa receber a informação devagar para entendê-las) e ninguém pode voltar a ler o parágrafos que não compreendeu a primeira vez (WATTS, 1990, p.22).

Dessa forma, Watts (1990) afirma que a emissora tem a necessidade de

informar o telespectador de forma que no final da exibição do programa, ele

(telespectador) saiba mais sobre o tema relatado, já que a transmissão televisiva é

uma forma de educar e disseminar informação. Para Machado (2008), a televisão tem

caráter coletivo e deveria agir como meio de mobilização social, pois consegue atingir

todas as camadas da sociedade. Dessa maneira, poderia mobilizar a sociedade a

participar ativamente de interesses em comum. “É preciso valorizar a produção de

programas e fluxos televisuais que valorizem as diferenças, as individualidades, as

minorias, os excluídos”. (MACHADO, 2008, p.25).

Segundo Zandonade e Fagundes (2003), o jornalismo e o videodocumentário

são instrumentos de grande importância e relevância para sociedade. Por se tratar de

uma alternativa audiovisual, tem a capacidade de elucidar as experiências e a

realidade de um determinado grupo esquecido pela sociedade. Portanto, ambos os

meios de comunicação empregados paralelamente se transformam em um

disseminador eficaz de informação. O gênero documentário valoriza os fatos do

cotidiano e passa a ser um objeto de mobilização social, tornando-se um reprodutor

da realidade, unindo cidadania e ideologia, contribuindo para o desenvolvimento

crítico individual e coletivo dos cidadãos.

Segundo Nichols (2012), alguns documentaristas da década de 1930 tinham

uma visão romântica sobre as questões sociais. Porém, essa visão era retratada de

forma errônea, pois os produtores representavam aquele determinado grupo da

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sociedade como indivíduos “patéticos e anônimos”, transformando atores sociais em

vítimas. O teórico afirma ainda que não se pode continuar com essa “tradição”, na

qual tratamos as classes sociais com tanto preconceito. “No entanto, podemos

concordar que a política de representação coloca os documentários numa arena de

debate e contestação social. O respeito pela ética acarreta o respeito pelas

consequências políticas e ideológicas também”. (NICHOLS, 2012, p.180).

De acordo com Cicilia Peruzzo (1998), o respeito às individualidades da

sociedade possibilita a prática participativa dos direitos e deveres do cidadão, que

atua de forma livre na construção consciente da sociedade.

A participação e a comunicação representam uma necessidade no processo de constituição de uma cultura democrática, de ampliação dos direitos de cidadania e da conquista da hegemonia, na construção de uma sociedade que veja o ser humano como força motivadora, propulsora e receptora dos benefícios do desenvolvimento histórico. (PERUZZO,1998, p. 296).

O documentário foi realizado com intuito de revelar e representar a opinião,

experiências, dificuldades e barreiras do cotidiano de indivíduos surdos. De acordo

com Zandonade e Fagundes (2003), o gênero audiovisual é um meio de maximizar a

apropriação de conhecimento por parte do telespectador, ao contrário das redes

comerciais de televisão que visam apenas divulgar e transmitir aquilo que gera

somente lucro financeiro. O videodocumentário jornalístico é produzido de acordo com

os interesses da sociedade e/ou minorias, com a pretensão de desenvolver o papel

de propulsor da sociedade sem visar os lucros.

Possibilita ao jornalista especializado no gênero, a oportunidade de dedicar-se aos fatos do cotidiano, os quais envolvem todos os tipos de pessoas, independente da raça, cor, religião, ou posição social que exercem e não considerar os “furos” de reportagem como prioridade de produção (ZANDONADE, FAGUNDES 2003, p.41).

Através de filmagens reais do cotidiano é possível fornecer ao telespectador

experiências sensitivas, visuais e auditivas que ajudam a compreender os valores e

práticas sociais. Para Nichols (2012), os documentários proporcionam uma orientação

sobre a experiência de outros indivíduos e práticas sociais que compartilhamos com

os mesmos. O vídeo pode ilustrar visualmente as características e reivindicações de

conhecimento social, além de atribuir valores aos conceitos sociais de determinados

grupos. Ele afirma que o intercalar do áudio e visual e a escolha de determinadas

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cenas reais proporcionam de forma imediata a experiência e constatação de um fato

na sociedade histórica.

Os documentários dão-nos a sensação de que podemos entender o que os outros atores sociais experimentam sensações e acontecimentos que se encaixam em categorias familiares (vida familiar, assistência médica, orientação sexual, justiça social, morte e assim por diante). (NICHOLS, 2012, p.108).

Para Penafria (2001), um videodocumentário jornalístico é uma relação entre

conteúdo e forma. Ambos necessitam ser abordados como um todo, de maneira

coerente, e é de extrema importância que conteúdo e forma não estejam separados.

“Os melhores documentários serão aqueles cuja forma se interliga de tal modo com o

conteúdo, que é quase impossível pensar em um sem o outro”, (PENAFRIA, 2001,

p.5).

A autora afirma que o documentário difere de forma absoluta de um filme

cinematográfico, pois estes são feitos em estúdio e incentivam demasiadamente a

imaginação aflorada e a fantasia. Já o documentário se difere por incentivar a

propagação das experiências humanas e sociais, registrando a história de

determinado grupo de forma clara, simples, criativa e/ou de maneira dramática, para

assim elucidar problemas sociais, econômicos, propondo soluções viáveis.

Para os teóricos Lins e Mesquita (2008), os documentários buscam em seus

temas um recorte mínimo, revelando expressões e vivências estritamente individuais,

valorizando o homem comum, registrando sua vida sem ensaio. Dessa forma o

telespectador pode tirar suas próprias conclusões e pontos de vista sem interferências

externas. O cidadão comum precisa ser visto e retratado sem generalizações ou

banalizações, pois cada experiência e vivência individual acontecem de forma única.

O valor, aparentemente está no “registro” e no trato respeitoso com elas, expondo suas particularidades – e não no olho que vê mais longe, relacionando-as à conjuntura e a outras experiências, ou à estrutura social, com suas potencialidades e problemas (LINS, MESQUITA, 2008, p.50).

Os documentários que visam à questão social, como no caso deste produto,

têm a intenção de relatar questões coletivas a partir da perspectiva social. Os atores

sociais dão sua opinião fatídica sobre sua “luta”. Desta forma é possível apoiar-se no

testemunho e argumentos reais, relatados por esses indivíduos. Com auxílio de

imagens, sons, recortes coerentes e entrevistas explícitas, desenvolve-se uma

perspectiva crítica do telespectador sobre as questões políticas, sociais e intelectuais

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vividas por outros grupos, e até mesmo retratos biográficos, relatando intimamente os

anseios e desejos de determinados indivíduos (NICHOLS, 2012).

O videodocumentário e o jornalismo contribuem de forma significativa para a

construção da identidade nacional e o nacionalismo, todos os grupos sociais, com

ideologias e crenças diferentes, se entrelaçam e se relacionam. Suas necessidades e

impulsos assumem uma forma concreta e sucessível para a construção social, ao

contrário das ideologias, que se divergem e partem para a construção de novas

histórias e vivências, desenvolvendo novos valores. O produto audiovisual colabora

para a representação tangível de grupos e culturas, abordando e relatando suas

histórias de modo que outros grupos sociais possam conhecer e desenvolver senso

de igualdade.

A construção de identidades nacionais envolve a construção de um senso de comunidade. A ‘comunidade’ evoca sentimentos de interesse comum e respeito mútuo, de relações recíprocas mais próximas de laços familiares do que obrigações contratuais. Valores e crenças compartilhados são vitais para o senso de comunidade, ao passo que relações contratuais podem ser cumpridas a despeito das diferenças de valores e crenças. O senso de comunidade muitas vezes se parece com uma característica ‘orgânica’ que une as pessoas quando elas compartilham uma tradição, uma cultura ou um objetivo comum. Como tal, pode parecer muito distante das questões de ideologia, em que crenças rivais lutam para ganhar nossos corações e nossas mentes. (NICHOLS, 2012, p. 181).

Ainda de acordo com Nichols (2012), a pertinência do videodocumentário é

relatar e trazer à tona questões que geram debates e possíveis soluções. Elucidando

questões sociais, de grande proximidade com os cidadãos, é possível afirmar a

semelhança existente entre comunidades e determinados grupos culturais. Essas

relações se entrelaçam e as questões éticas e sociais caminham lado a lado.

A principal função do Jornalismo é informar, para formar opiniões (NICHOLS,

2012). Essas informações devem ser transmitidas com qualidade e clareza, para que

o telespectador e/ou leitor, consiga desenvolver uma opinião crítica, positiva ou

negativa sobre o tema, mas que influencie e faça diferença de alguma forma à

sociedade e seu meio de convívio. O desenvolvimento opinativo entre os cidadãos

têm o poder de causar mudanças e revoluções na sociedade.

O jornalista tem uma de função de natureza social para com os cidadãos. O

Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros 13- capítulo II - Da conduta profissional do

13Código de Ética dos Jornalistas (Anexo A, p.87).

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jornalista. Afirma, “Artigo 3º - O exercício da profissão de jornalista é uma atividade de

natureza social, estando sempre subordinado ao presente Código de Ética”. O dever

do jornalista é disseminar informações de qualidade e de cunho primeiramente

público, sem visar o bem econômico. Para Santos (2008), o Jornalismo tem que ter

qualidade e responsabilidade social.

O objetivo de disseminação de informação por meio do jornalista é levar

informações úteis que tenham relevância para sociedade. Não apenas divulgar

“coisas ruins sem que o leitor e/ou espectador possa fazer algo para ajudar”

(SANTOS, 2008). A interação do cidadão para com a sociedade é de extrema

importância para a criação e disseminação de uma comunidade consciente dos

direitos e deveres da população.

Hoje, o jornalismo funciona da seguinte forma: se alguém cair bêbado em alguma calçada merece apenas um olhar, mas se esse alguém for uma figura pública (...) esse fato vira notícia (...). É a onde nasce o conflito entre o público e o privado, informação de qualidade e interesse particular. Existe uma confusão (SANTOS, 2008, ed. 516).

A autora afirma que, “a cobertura de movimentos sociais é insuficiente e que o

cidadão não dispõe de veículos que o informem com qualidade sobre esses

acontecimentos” (SANTOS, 2008, edição 516). Dessa forma é possível afirmar que o

jornalista tem uma responsabilidade social muito maior, pois sua função é formar

cidadãos conscientes, sem preconceitos, com parâmetros e conhecimento dos grupos

culturais. O cidadão deve conhecer a realidade à sua volta, os problemas sociais e de

interesse público, de forma a incentivar a busca de soluções para as dificuldades

existentes na comunidade.

Como está estabelecido no artigo, XIX Da resolução 217 A (III) da Assembleia

Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948- Na Declaração Universal

dos Direitos Humanos 14 , “Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e

expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de

procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e

independentemente de fronteiras”.

Assim, é possível afirmar que todos os cidadãos precisam receber informações

de qualidade e de forma clara para que sua construção de nacionalidade e

14 Declaração Universal dos Direitos Humanos (Anexo A, p.91).

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comunidade seja formada, podendo dessa forma criar interesses em comum e

respeito mútuo.

Sendo assim, o videodocumentário jornalístico pode, de forma concreta,

representar e disseminar as histórias de determinados grupos e culturas. Para Nichols

(2012), as escolhas das ações para a criação de um produto audiovisual abordam de

forma exata aquilo que se pretende transmitir. Pois através da pesquisa de campo

exploratória é possível afirmar e retratar os valores, conceitos e perspectivas de vida

de determinado grupo de atores sociais (como os surdos).

A comunidade surda precisa de um “porta voz”, que retrate sua realidade e os

seus esforços em busca da efetivação de seus direitos. Esses direitos precisam ser

reconhecidos no presente e no futuro, assim todos os cidadãos com

problemas/dificuldades possam ajudar a estabelecer uma sociedade sem

preconceitos, culturalmente educada e preocupada com a minoria.

As ações baseiam-se em valores, e valores são suscetíveis de questionamento. Vidas, bem como conceitos e categorias, estão em risco. A compreensão, como a perspectiva crítica, transforma explicações, políticas e soluções. Atores sociais não são joguetes, mas pessoas. (NICHOLS, 2012, p. 209).

Peruzzo (1998) afirma que, o produto audiovisual enquanto mobilizador social

desenvolve-se a partir da elucidação do indivíduo e/ou minoria como aspecto pessoal

íntimo. “O homem tem como essência, a potencialidade de ser sujeito da história.

Alienando-se, ele perverte os seus valores próprios, transformando-se em objeto.

Nessas condições, ele se deforma se embrutece, se desumaniza” (PERUZZO, 1998,

p.26).

Portanto, a função do documentário como produto é ressaltar e revelar as

barreiras e dificuldades enfrentadas pelo povo surdo curitibano. Por meio do

audiovisual é possível despertar a conscientização popular sobre as questões sociais,

contribuindo assim para a efetivação de uma formação cidadã.

Dessa forma pode-se afirmar que através de um videodocumentário é possível

entrelaçar assuntos de interesse comum à sociedade, valorizando o indivíduo como

membro igualitário e detentor dos mesmos deveres e direitos que os outros na

comunidade, integrando assim a sociedade, de maneira que participem unidos em

busca de um bem comum.

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6.0 Metodologia

Para dar embasamento a este trabalho primeiramente foi realizada uma

pesquisa bibliográfica e consultados teóricos de todas as questões envolvidas neste

projeto (como: artigos sobre saúde, educação de pessoas com necessidades

especiais, artigos sobre tratamentos psicológicos, inclusão social, cidadania, artigos

com foco em tecnologias, Leis e livros de Comunicação Social em geral). Em um

segundo momento, foi realizada uma pesquisa documental, para Gil (2012), este tipo

de pesquisa é muito parecido com a pesquisa bibliográfica. A diferença é que o

material da pesquisa documental ainda não recebeu um tratamento analítico. Para a

conclusão e defesa de todo este material foi utilizado um estudo de caso, através de

uma sondagem com 38 surdos de Curitiba. (Apêndice A).

Ainda, de acordo com Gil, (2012) “O estudo de caso é caracterizado pelo estudo

profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu

conhecimento amplo e detalhado”. O estudo de caso é um estudo empírico que

investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade, quando as

fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são

utilizadas várias fontes de evidência. (YIN, 2005, p.32).

Gil (2012) apresenta dois grupos de amostragem, a probabilística e a não

probabilística. No referido trabalho foi utilizado a não probabilística, já que não é

necessária fundamentação matemática ou estatística. Para levantar esta

amostragem, foi necessária a colaboração da Intérprete de Libras, Roberta Meira, que

atua como intérprete de Libras, Roberta encaminhou a pesquisa para um grupo de

surdos. Sua atuação foi imprescindível neste trabalho, porque mesmo o indivíduo

surdo que conhece a língua portuguesa, (sabe ler e escrever) tem grandes

dificuldades de entender o que é escrito, visto que eles não usam conjunção de

verbos. Com a interpretação em Libras, realizada por Roberta, eles puderam

compreender a importância do trabalho e assim responder o questionário de uma

forma mais concisa.

O método que melhor se encaixou neste projeto foi o da amostragem por

conglomerados, que segundo Gil, é indicada em casos que é bastante difícil a

identificação de seus elementos. Conglomerados típicos são: quarteirões, famílias,

organizações, edifícios, fazendas etc. (GIL, 2012 p. 93). O questionário foi elaborado

de forma simples, clara e precisa, levando em consideração a dificuldade que o sujeito

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surdo tem de entender a escrita portuguesa. Esta foi a melhor forma de saber sobre

as necessidades da pessoa com deficiência auditiva e explorar de maneira satisfatória

e respeitosa o ponto chave da problemática em questão.

(...) questionário como a técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado. (GIL, 2012, p.121).

O questionário (Apêndice A) usado foi composto por 12 perguntas fechadas,

uma pergunta aberta e seis perguntas dependentes. Gil, (2012), coloca que as

questões fechadas são mais utilizadas porque assim as respostas podem ser

processadas de maneira mais fácil, e o resultado fica mais coeso. Já nas questões

abertas, propõe-se que o respondente coloque suas respostas como preferir. Porém,

neste caso, o processo de codificação é mais trabalhoso e também o resultado pode

ficar espesso. As perguntas dependentes por sua vez, são uma complementação de

outra pergunta, seja ela aberta ou fechada, por exemplo: - Você fuma? ( ) sim ( ) não.

Se fuma, quantos cigarros fuma por dia? (Esta última é a pergunta dependente).

Na construção do questionário foi utilizado o modelo tradicional, “Funil”, que

relaciona uma questão a outra, discorrendo de forma prática e sequencial as

perguntas. O questionário começa com as perguntas básicas: endereço, idade, sexo,

grau de escolaridade, renda familiar e renda pessoal. Estas perguntas são a

introdução, para poder avaliar o respondente, e saber qual a classe que ele

representa. Tratando-se de um estudo sobre surdos, foi levantado o tipo de surdez e

na primeira questão aberta qual foi à idade em que a audição parou de funcionar. Nas

questões seguintes, é tratada a forma de comunicação deste indivíduo.

Sabe-se que o surdo pode ser bilíngue, usar a Libras e o oralismo. Dentro deste

universo, o surdo geralmente tem preferência por um tipo de comunicação e também

usa mais uma do que a outra. Em seguida foi abordado o ponto chave deste trabalho

que são os meios de comunicação, ou seja, como este sujeito faz para ter acesso à

informação televisiva. A pergunta é fechada e foi composta por quatro opções:

Televisão, Jornal Impresso, Revista e Internet. Aqui entra a primeira pergunta

dependente: se o entrevistado usa a TV, para o trabalho, interessou saber como o

público-alvo faz para entender o conteúdo. A intenção foi levantar o quanto o closed

caption auxilia o surdo, e em contrapartida como o intérprete de Libras faz falta.

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Depois destes dados foi necessário saber como o closed caption é avaliado por

seus principais usuários. Em uma pergunta dependente para aqueles que assinalaram

ruim ou péssimo foi levantado o motivo desta avaliação, procurando saber o que falta

neste sistema. A próxima pergunta é o tema e o foco de todo este estudo quanto à

inserção de um intérprete de Libras nos telejornais locais e se este faria diferença na

vida do sujeito surdo. Para confirmar esta tese foi perguntado ainda se o entrevistado

tinha acesso a algum telejornal com intérprete de Libras e se o mesmo conhecia a Lei

sobre o reconhecimento da Libras no Brasil.

A análise televisiva foi realizada através do site de cada emissora, onde é

possível acessar toda sua programação diária, contendo o horário, o apresentador e

o gênero do programa.

Por meio das respostas obtidas nos questionários, foi possível entender as

reais necessidades enfrentadas pelo cidadão surdo para obter acesso à informação

televisiva de forma inalterada. Em muitas questões, as respostas foram

demasiadamente parecidas, o que se justifica pelo fato de coincidir as barreiras: falta

de um intérprete de Libras, o reconhecimento de seus direitos, sua cultura e a inclusão

social.

Com base em todo o material levantado, estudado e analisado, ficou claro que

a falta de um intérprete de Libras fixo na grade de programação das emissoras

regionais contribui para um isolamento do sujeito surdo. Conclui-se também que se a

mídia cumprisse integralmente com seu papel, que é o de levar informação de

interesse público aos cidadãos, a cultura surda seria reconhecida e respeitada.

Consequentemente a sociedade ouvinte poderia incluir o surdo em sua realidade,

fazendo valer de forma absoluta os direitos de todos os cidadãos, independentemente

de sua condição física, social, econômica, religiosa ou sexual.

As Leis citadas neste projeto foram recortadas somente naquilo que

desrespeito ao tema abordado.

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6.1 A relação entre surdos e mídia

Dos38entrevistados, cinco estão na faixa dos 16 a 24 anos, 16 estão na faixa

dos 25 e 34anos, 13 estão na faixa dos 36 a44 e quatro estão na faixa de 44a 59 anos.

Destes, quatro tem pós-graduação, quatro tem ensino superior completo, um superior

incompleto, 15 ensino médio completo, três ensino médio incompleto, dois ginásio

completo, dois ginásio incompleto, quatro primário completo e três o primário

incompleto. Apuramos também o grau de surdez de cada entrevistado. Vinte e cinco

deles têm surdez profunda (não ouvem nada), nove têm surdez severa (ouvem ruídos

em alguns casos sons acima de 85 decibéis) e quatro possuem surdez moderada

(ouvem sons acima de 50 decibéis). Apenas um não utiliza Libras como forma de

comunicação (utiliza oralismo). Os outros 37 usam Libras para se comunicar e dentre

estes, 13 dominam a Libras e o oralismo, entre tanto 32 dão preferência à utilização

da Libras.

Sobre os meios de comunicação utilizados para obter informação televisiva, 35

responderam que utilizam a TV. Com exceção de um, que afirmou necessitar

totalmente de alguém que interprete em Libras a programação que está sendo

transmitida. Todos os outros utilizam o closed caption, entre esses, seis assinalaram

que muitas vezes precisam da ajuda de algum familiar que os auxiliem no

entendimento da notícia.

Em relação à satisfação do sistema closed caption, 16 avaliaram como ruim,

sete como péssimo, sete como regular, seis como bom e apenas dois como ótimo.

Observa-se que os entrevistados que avaliaram como bom ou ótimo estão entre os

que possuem ensino médio completo à pós-graduação, ou seja, tem maior interação

com a língua portuguesa escrita.

Para os que avaliaram como ruim ou péssimo, foi aplicada uma pergunta

dependente para saber os motivos pelo qual o sistema closed caption não é o

suficiente para traduzir a informação falada. A maioria das respostas da pesquisa

trouxe como principal problema a velocidade (rápida demais) em que é passada a

legenda. Alguns também apontaram que não conseguem entender o que está escrito.

Isto se dá pelo fato de que o surdo não conjuga verbo.

Quando perguntado sobre a inclusão de um intérprete nos telejornais, a

resposta foi unânime:100% dos entrevistados responderam que além de ser um direito

deles, é a única maneira que conhecem para ter acesso à informação com qualidade,

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ou seja, com total compreensão do que se passa. Na questão da inclusão social, 35

(92,10%) responderam que um intérprete nos telejornais é a porta de entrada para a

verdadeira inclusão do surdo na sociedade, que é composta pela maioria de cidadãos

ouvintes. Na questão sobre o acesso a um telejornal que possua um intérprete,

somente três dos entrevistados responderam ter acesso, os três, por meio do canal

TV Brasil. Sendo assim, mais de 90% dos entrevistados não têm acesso a um

telejornal com intérprete.

Sobre o conhecimento da lei n° 10.436/2002, que dispõe sobre a Língua

Brasileira de Sinais e também sobre o artigo 18 da lei n° 10.098/2000, que traz o direito

à acessibilidade de pessoas com deficiência auditiva, 35 deles afirmaram que

conhecem a Lei. Isso significa que quase 93% dos entrevistados têm conhecimento

sobre os seus direitos.

Comprovou-se, por intermédio deste estudo de caso, as dificuldades do surdo

para ter acesso à informação televisiva de forma total. Nenhuma das emissoras de

televisão sondadas possuem um intérprete de Libras fixo na grade de programação,

ainda que todas utilizem o recurso closed caption. Assim, a falta de um facilitador para

o auxílio na tradução das notícias faladas impede o desenvolvimento intelectual do

sujeito e interfere principalmente na inclusão social desse cidadão. Ficou comprovado

também que o sistema que foi desenvolvido para atender a necessidade de quem não

é capaz de ouvir, o closed caption, não apresenta a eficácia esperada e desta forma

não cumpre sua proposta. A realidade do surdo é uma só e ela só pode ser mudada

através da inclusão de um intérprete de Libras nos telejornais, visto que a

comunicação é uma necessidade básica para a sobrevivência do ser humano. Segue

abaixo tabela com os dados descritos acima:

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Quantidade de Entrevistados = 38

Sexo Quantidade Faixa Etária Quantidade Grau de Escolaridade Quantidade

feminino 18 16 a 24 5 Sem instrução 0

masculino 20 25 a 34 16 Primário Inc. 3

36 a 44 13 Primário Comp. 4

44 a 59 4 Ginásio Inc. 2

Acima de 60 0 Ginásio Comp. 2

Ensino Médio Inc. 3

Ensino Médio Comp. 15

Superior Inc. 1

Superior Comp./Pós/Mest./Dout. 8

Uso de Meios de Comum. Quantidade

Satisfação Closed Cap.

Quantidade Inclusão Intérprete de Libras

Quantidade

Televisão 35 Bom 6 Acha necessário 38

Outro 3 Ótimo 2 Acha desnecessário 0

Regular 7

Ruim 16

Péssimo 7

Grau de Surdez Quantidade Formas de

Comum. Quantidade

Sudez Leve 0 Libras 37 Surdez Moderada 4 Oralismo 1

Sudez Severa 9 Surdez Profunda 25

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7.0 DELINEAMENTO DO PRODUTO

Abaixo serão colocadas as considerações que explicam as escolhas feitas no

desenvolvimento do videodocumentário jornalístico “Dar voz a quem não é ouvido:

Barreiras enfrentadas pelo surdo no acesso a informação televisiva”, 15 O nome

destinado ao documentário reflete justamente o tema central exposto. Para o

desenvolvimento deste produto foi realizado um estudo de caso que faz referência a

essas barreiras no acesso à informação.

As escolhas dos personagens se deram a partir da ideia inicial de mostrar a

realidade dos surdos, cada qual, em sua condição social e de comunicação. O off foi

utilizado para dar base ao tema de forma narrativa (estrutura disponível a análise) e

introdutória, que por si só carrega o drama e o peso da exclusão desta minoria. Os

enquadramentos foram definidos pensando na inserção da intérprete de Libras na

parte inferior da tela, para que deste modo o surdo possa ter acesso de forma ampla

ao conteúdo proposto.

É notável a diferença de tempo entre a comunicação em Libras e tradução em

áudio, mais especificamente no caso da personagem Bruna. Isto se justifica, pelo fato,

que na língua portuguesa nós temos a questão do verbo, presente, passado, futuro,

tem o infinitivo, gerúndio. Na Língua de Sinais, são expressões ou movimentos que

irão dar o sentido de presente passado ou futuro. O verbo em Libras, sempre é no

infinitivo (exemplo: vender, andar) dessa forma, é um sinal expressado, que estará

dizendo qual é a ação do verbo, se é presente, se é passado ou se é futuro. E a

elaboração desta comunicação e mais lenta do que a comunicação falada na Língua

Portuguesa.

As autorizações de uso de imagem foram fornecidas pela maioria dos

entrevistados em forma de vídeo, apenas a família de Leandra forneceu sua

autorização por escrito.

15 O roteiro do videodocumentário encontra-se no apêndice B p. 56

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7.1 Formato

Para dar embasamento à estrutura do videodocumentário foi utilizado o modo

expositivo como modelo de representação documental. A escolha do modelo a ser

utilizado para o produto baseou-se na teoria de Nichols (2012). Ele afirma que o modo

escolhido para produção do vídeo precisa dar estrutura ao produto em relação aos

aspectos e organizações propostas, porém, com margem suficiente para que haja

liberdade para que outros modos se caracterizem, se necessário. Para o teórico, o

videodocumentário possibilita a interação de encontros sociais por meio de entrevistas

e experiências.

As entrevistas (..) se diferem da conversa corriqueira e do processo mais coercitivo de interrogação (..). A entrevista torna-se o processo prévio de “colher meios de prova” (..). Os cineastas usam a entrevista para juntar relatos diferentes numa única história. A voz do cineasta emerge da tecedura das vozes dos participantes e do material que trazem para sustentar o que dizem. (NICHOLS, 2012, p.160).

Dessa forma, a escolha do videodocumentário como produto é adaptada com uma

voz própria, como uma assinatura do “povo surdo”, sendo que foi realizada a inserção

da intérprete de Libras e a narração em off no final produto audiovisual. O objetivo é

que todo e qualquer indivíduo que possua ou não algum tipo de deficiência possa ter

acesso de forma integral ao conteúdo proposto.

7.1.1 Duração

A duração do videodocumentário é de 20 minutos, tempo que se julga

necessário para explanar as opiniões dos entrevistados.

7.1.2 Personagens

A produção do produto audiovisual contou com a participação de 12

entrevistados. Roberta Meira atuou como intérprete durante as gravações. Os

personagens são: Bruna Tatsumi Narazaki. Ela nasceu com surdez profunda no

ouvido direito e severa no esquerdo, tem 23 anos. Sandra Narazaki, 44 anos, mãe da

surda Bruna. Charlotte Dorigon, 26 anos. Bruno Habinoski tem 25 anos, nasceu com

surdez profunda. Simone da Rocha, 43 anos, mãe do surdo Bruno. Leandra Aparecida

Trindade, 34 anos, mãe de Fabyelle Juliane dos Santos, cinco anos, esposa de

Cláudio Roberto dos Santos, 52 anos e filha de Atercilia Trindade, 57 anos, toda a

família participou das gravações. Também participaram fontes como: o diretor técnico

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45

da E Paraná, Danilo Locks, o ex. Deputado (1995/1998) Emerson José Nerone e o

intérprete e educador especial, Célio Aparecido Vichoski.

7.1.3 Processo de Gravação

Uma pré-entrevista foi realizada com os personagens oficiais e principais. Os

personagens principais foram entrevistados individualmente para obtermos os seus

relatos com profundidade. As gravações foram realizadas entre os meses de julho e

outubro de 2013.As gravações oficiais foram realizadas nas casas dos personagens,

com exceção do diretor da E-Paraná, que foi gravado na sede da emissora.

7.1.4 Sinopse

O videodocumentário “Dar voz a quem não é ouvido” relata a história de cinco

surdos, Bruno, Charllote, Cláudio, Bruna e Leandra que vivem em Curitiba. O enredo

expõe a realidade vivida pelos personagens surdos e familiares. Retrata desde

momentos marcantes na infância até a vida dentro de uma universidade. Mas revela

de forma enfatizada como o surdo se sente, por não ter um acesso digno à informação

televisiva noticiosa. Mostra como a falta deste acesso pode excluí-los do convívio com

a parcela majoritária da sociedade os ouvintes. Traz também em seu conteúdo a visão

daqueles que de alguma forma se interessam pelo povo e pela comunidade surda.

Portanto “Dar voz a quem não é ouvido” é um documentário sobre barreiras, lutas e

superações.

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8.0 Considerações Finais

Este trabalho de conclusão de curso teve por objetivo revelar, com a exposição

de um videodocumentário jornalístico, as barreiras enfrentadas pelos surdos

curitibanos ao acesso à informação televisiva. O trabalho teórico buscou analisar o

povo surdo e as dificuldades do surdo para ter acesso à informação televisiva de forma

integral, a importância de uma mídia cidadã, que é capaz de incluir na sociedade a

pessoa com deficiência auditiva.

Como problema, o trabalho teve como abordagem as programações

jornalísticas das emissoras de canal aberto que não possuem total acessibilidade aos

surdos. Primeiramente foi realizado um estudo de caso com 38 surdos curitibanos, em

que foi possível avaliar as necessidades/barreiras vivenciadas pelos mesmos durante

o acesso à informação televisiva.

Também foram analisadas as emissoras de televisão aberta de Curitiba e suas

grades, nenhuma das emissoras estudadas possui um intérprete de Libras fixo na

grade de programação, ainda que todas utilizem o recurso do closed caption.

Assim, foi comprovada que a falta de um facilitador para o auxílio na tradução

das notícias faladas impede o desenvolvimento intelectual do sujeito e interfere

principalmente na inclusão social desse cidadão. Ficou comprovado também que o

sistema desenvolvido para atender a necessidade de quem não é capaz de ouvir, o

closed caption, não tem a eficácia esperada e desta forma não cumpre seu devido

papel. Isso fez com que o trabalho aplicasse estudos (de caso) que viabilizassem

todos os objetivos propostos. A realidade do surdo é uma só, e ela só pode ser

mudada por meio da inclusão de um intérprete de Libras nos telejornais, visto que a

comunicação é uma necessidade básica para a sobrevivência do ser humano.

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CRONOGRAMA

PERÍODO DE EXECUÇÃO – 2013

ATIVIDADES

FE

V

MA

R

AB

R

MA

IO

JU

N

JU

L

AG

O

SE

T

OU

T

NO

V

DE

Z

Definição Problema X

Elaboração do TCC X X

Pesquisa de Campo X

Tabulação dos dados X

Coleta de Fontes X

Processo de produção do trabalho X X X

Pré-Banca X

Gravação do Produto X

Gravação do Produto X

Edição do Documentário X X

Revisão TCC X X X

Apresentação Final X

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Apêndice A

Nome:

Idade:

Trabalha:

Sim ( ) Não ( )

Somente para classificação socioeconômica em qual destas faixas se encaixa a sua renda familiar:

Até 1 salário mínimo ( ) De 2 a 5 salários mínimos ( )

De 6 a 9 salários mínimos ( ) Mais de 10 salários mínimos ( )

E a sua renda pessoal:

Até 1 salário mínimo ( ) De 2 a 5 salários mínimos ( )

De 5 a 9 salários mínimos ( ) Mais de 10 salários mínimos ( )

Qual é o seu grau de escolaridade:

Primário ( ) Primário incompleto ( ) Primário completo ( )

Fundamental incompleto ( ) Fundamental completo ( ) Ensino médio incompleto ( )

Ensino médio completo ( ) Superior incompleto ( ) Superior completo ( )

Pós\ Doutorado\ Mestrado ( )

Você se encaixa em qual tipo de deficiência auditiva:

Profunda ( ) Severa ( ) Moderada ( )

Com que idade você ficou surdo:

R:

Qual método você usa para se comunicar:

LIBRAS ( ) Oralismo ( )

Se usar os dois qual usa com mais frequência:

LIBRAS ( ) Oralismo ( )

Se usar os dois qual é o método de sua preferência:

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LIBRAS ( ) Oralismo ( )

Qual é o meio que você utiliza para ter acesso à informação:

Televisão ( ) Jornal impresso ( ) Revista ( ) Internet ( ) Nenhum ( )

(Para quem utiliza televisão) Como você faz para entender o que está se passando no telejornal:

Closed Capition( ) Alguém em casa que intérprete ( )

(Para quem usa o Closed Caption) O que você acha das legendas ocultas:

Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima ( )

Se assinalou ruim ou péssima por quê?

R:

Se houvesse um intérprete de LIBRAS nos telejornais iria facilitar:

Sim ( ) Não ( )

Você acha que o intérprete nos telejornais seria um passo para melhorar a questão da inclusão social:

Sim ( ) Não ( )

Você tem algum acesso há um jornal que tenha intérprete de LIBRAS:

Sim ( ) Não ( )

Se sim qual:

R:

Você tem conhecimento da Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000?

Sim ( ) Não ( )

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Apêndice B

VIDEO

AUDIO

COMEÇA O DOCUMENTÁRIO COM A

IMAGEM DA RUA XV LOTADA EM

SILÊNCIO APENAS O OFF. -

NARRAÇÃO

CONTINUA A MESMA IMAGEM +

ENTRA O SOM DO BARULHO DAS

PESSOAS. - NARRAÇÃO

O SOM COMEÇA A BAIXAR E FICA

TOTALMENTE SEM SOM IMAGENS EM

SILÊNCIO. - NARRAÇÃO

OFF PERSONAGEM SIMONE MÃE

BRUNO

-EXISTEM 5,7 MILHÕES DE BRASILEIROS

COM

DEFICIÊNCIA AUDITIVA, DESTES

176.067

SÃO INCAPAZES DE OUVIR. CURITIBA

POSSUI UMA POPULAÇÃO DE 1.751.907

HABITANTES, DESTES, 79.184 TÊM

ALGUM

GRAU DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA E

3.621

SÃO INTEGRALMENTE SURDOS. ASSIM

4,52%DA POPULAÇÃO CURITIBANA

APRESENTA ALGUM

GRAU DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA.

- A VIDA É UM CONJUNTO DAS NOSSAS

EMOÇÕES, A SOMA DE TODAS AS

SENSAÇÕES

QUE PODEMOS TER NESTE ESPAÇO DE

TEMPO

EM QUE HABITAMOS A TERRA. NOSSAS

SENSAÇÕES SE DÃO ATRAVÉS DOS NOSSOS

SENTIDOS, AUDIÇÃO, OLFATO, PALADAR,

TATO E VISÃO.

QUEM NUNCA SE EMOCIONOU ASSISTINDO À

UMA PEÇA DE TEATRO OU MESMO CHOROU

AO VER OS PRIMEIROS PASSOS DO

FILHO.

AQUELA SENSAÇÃO MARAVILHOSA DO

CHEIRO

DE CAFÉ FRESQUINHO, A SENSAÇÃO DE

TOCAR A PESSOA AMADA. OU ESCUTAR

AQUELA

MÚSICA LINDA QUE NOS FAZ LEMBRAR

BONS

MOMENTOS.MAS AGORA IMAGINE SUA VIDA

SEM

NENHUM TIPO DE SOM.

-ASSIM É VIDA DE BRUNO, CHARLLOTE,

CLÁUDIO, BRUNA, LEANDRA E DE MUITOS

SURDOS.

-NO INÍCIO É UM DESESPERO, TUDO O

QUE

VOCÊ QUER PARA UM FILHO É QUE TUDO

SEJA PERFEITO. QUANDO VOCÊ DESCOBRE

QUE

TEU FILHO É SURDO, PARECE QUE O

MUNDO

CAIU. MAS QUANDO VOCÊ COMEÇA A

VIVER

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NESTE MEIO, VOCÊ COMEÇA IR EM

ESCOLAS

ESPECIAIS, MÉDICOS ESPECIALIZADOS.

AI VOCÊ QUE ELE NÃO É, ELE SÓ É

DIFERENTE.

VIDEO

AUDIO

NARRAÇÃO

OFF PERSONAGEM BRUNO

SURDO

NARRAÇÃO

OFF PERSONAGEM CÉLIO

INTERPRETE

MAS VOCÊ JÁ PAROU PARA PENSAR QUE

EXISTEM PESSOAS QUE NUNCA OUVIRAM

E JAMAIS OUVIRAM? IMAGINE-SE POR UM

MINUTO SEM OUVIR NADA, PODER VER, MAS

NÃO PODER OUVIR AS PESSOAS CONVERSANDO

E VOCÊ NEM SEQUER IMAGINAR DO QUE SE

TRATA. MESMO SIMONE PODENDO OUVIR AS

MAIS BELAS CANÇÕES E TODOS OS TIPOS

DE SONS, COM O DESCOBERTA DA SURDEZ DE

SEU FILHO BRUNO SUA VIDA DE CERTA FORMA

SILENCIOU.

EU COMO CIDADÃO VEJO A IGUALDADE, O SURDO

E O OUVINTE SÃO IGUAIS, SÃO TODOS IGUAIS,

SÃO TODOS INTELIGENTES, NÃO HÁ NENHUMA

DIFERENÇA. NA TELEVISÃO ANTIGAMENTE EU

OLHAVA, PARECIA INDIFERENTE, OLHAVA NÃO

ENTENDIA NADA, EU QUERO ME ESFORÇAR, EU

QUERO ENTENDER, QUERIA A LEGENDA, NADA

TINHA, NÃO TINHA INTÉRPRETE EU TINHA QUE

OLHAR NA INTERNET, BUSCAR AS INFORMAÇÕES

PELA INTERNET.

-TODOS SABEMOS O QUE É UMA PESSOA COM

DEFICIÊNCIA, PORÉM, O QUE REALMENTE

SABEMOS SOBRE BARREIRAS ENFRENTADAS

PELO SURDO?

SE NÃO TEM UMA BASE, SE NÃO TEM UMA

EDUCAÇÃO PARA QUE O SURDO SEJA INSERIDO

DESDE PEQUENO, SE O SURDO NASCE, E É

DESCOBERTO ANTES DA GRAVIDEZ E A

FAMÍLIA TEM CONDIÇÕES E JÁ SABE ENTÃO

HÁ ESSA POSSIBILIDADE DE INSERIR DESDE

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OFF PERSONAGEM BRUNA

SURDA

OFF PERSONAGEM SIMONE

OFF PERSONAGEM CHARLLOTE

SURDA

OFF PERSONAGEM SANRA MÃE

BRUNA

PEQUENO, O SURDO VAI TER CONTATO COM OS

OUTROS SURDOS E ELE, E SE ADQUIRE A

PRIMEIRA LÍNGUA, QUE A LÍNGUA MATERNA

DELE, DESDE QUE NASCEU SURDO 100% VAI

SER A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

LIBRAS.

EU ACHO MELHOR USAR LIBRAS, POIS É

MELHOR A COMUNICAÇÃO, PORQUE NO

PORTUGUÊS É DIFÍCIL DESCOBRIR O

SIGNIFICADO DAS PALAVRAS, EU PREFIRO

LIBRAS. MINHA OPINIÃO SOBRE OS

TELEJORNAIS, É BOM QUE TEM LEGENDA, MAS

DEMORA AS PALAVRAS, COM ERROS, NA MINHA

OPINIÃO SERIA MELHOR SE TIVESSE A

INTÉRPRETE JUNTO, EU ENTENDERIA MAIS

CLARO.

ACHO BEM INTERESSANTE TER ESSE

INTERPRETE POR QUE COM CERTEZA EM

ALGUNS MOMENTOS ELE FICOU, ELE DEIXOU

DE ENTENDER ALGUMA COISA FICOU

DEFICIENTE DA INFORMAÇÃO PRA ELE, QUE

PODERIA TER AJUDADO MAIS. EU ACHO QUE

FICOU DEFICIENTE E REALMENTE

PREJUDICOU. EU ACHO QUE É UMA FALTA DE

RESPEITO LITERALMENTE, ACHO QUE TINHA

QUE TER POR QUE OS MEIOS ESTÃO AI E É

FALTA DE INTERESSE PURO E SIMPLES. E

ATÉ A PRÓPRIA IMPUNIDADE DIGAMOS OS

NOSSOS GOVERNANTES EM RELAÇÃO, POIS

ELES ESTÃO VENDO, A LEI EXISTE E NÃO

ACONTECE NADA.

EU NÃO ASSISTO MUITO TELEVISÃO, MAS

VEJO EU PERCEBO O CLOSED CAPTION, A

LEGENDA É RUIM, TRAVA, AS PALAVRAS SÃO

ERRADAS.PORQUE PRA MIM, EU ENTENDO O

PORTUGUÊS MAIS CLARO E A INTÉRPRETE

TAMBÉM. MAS MUITOS SURDOS NÃO ENTENDEM

MUITO BEM O PORTUGUÊS, E MAIS DIFÍCIL

FICAR LENDOELE NÃO CONHECE MUITO AS

PALAVRAS, ELE PRECISA DE AJUDA.

QUANDO AS TORRES GÊMEAS, HOUVE AQUELE

ATAQUE NOS ESTADOS UNIDOS, QUE ELA

PENSOU QUE FOSSE, QUE TINHA SIDO ASSIM

UM ACIDENTE, TER CAÍDO, NÃO UM ATAQUE

ISSO DAI ELA FICOU MEIO ASSIM, SABE ELA

NÃO ENTENDEU QUE ESTAVA SENDO ATACADO.

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VIDEO

AUDIO

OFF PERSONAGEM CÉLIO

INTERPRETE

OFF PERSONAGEM NERONE

OFF PERSONAGEM CÉLIO

OFF PERSONAGEM BRUNA SURDA

SE FALA TANTO DE INCLUSÃO, MAS É UMA

INCLUSÃO NA EXCLUSÃO, PORQUE SÓ

COLOCA LÁ O SURDO NA ESCOLA PRA

DIZER QUE ELE ESTA INCLUINDO, MAS AO

MESMO TEMPO ELE NÃO TA INCLUINDO EM

NADA. PORQUE VOCÊ NÃO TEM ACESSO

COMO NÓS SABEMOS AINDA HÁ FALTA DE

TRADUTORES E INTÉRPRETES NÃO SÓ AQUI

NO PARANÁ, EM CURITIBA MAS EM TODO O

BRASIL PORQUE É UMA FORMAÇÃO AINDA

INICIAL QUE ESTÁ AI, DE PROFISSÃO

ENQUANTO RECONHECIMENTO TEM AI SEUS

TRÊS ANOS.

O FATO DE VOCÊ TER UMA PESSOA NUM

ESPAÇO DA TELEVISÃO FALANDO EM

LIBRAS JÁ COMEÇA A TRAZER ESSE MUNDO

PRA DENTRO DA NOSSA REALIDADE. TODA

VEZ QUE VOCÊ VAI A ALGUM LUGAR QUE

TEM UM INTERPRETE DE LIBRAS, VOCÊ

PERCEBE QUE VOCÊ É SURDO E NÃO

ENTENDE NADA DAQUILO, OBVIAMENTE

VOCÊ ENTENDE QUE DE LÁ PRA CÁ ELES

TAMBÉM SÃO SURDOS SEM ENTENDER VOCÊ

E ENTÃO PRIMEIRO ESSE ESPAÇO DE

INCLUSÃO. SEGUNDO OS TELEJORNAIS TEM

UMA AUDIÊNCIA MUITO GRANDE NÃO

PRECISA DIZER, MAS NA DÉCADA DE 80

ÍNDICES DE QUE O JORNAL NACIONAL

CHEGAVA A 90% DE AUDIÊNCIA. QUANDO

VOCÊ TEM OS TELEJORNAIS COM

INTERPRETE DE LIBRAS, VOCÊ PASSA A

TER DENTRO DAS CASAS TODAS UM ESPAÇO

DE DISCUSSÃO DESSA INSERÇÃO.

COMO O SURDO NÉ, NÃO TEM ESSE

APROFUNDAMENTO DIGAMOS QUE NA LÍNGUA

PORTUGUESA, ELE VAI ENCONTRAR ESSAS

BARREIRAS AI, QUANDO ELE FOR FAZER A

LEITURA NAS LEGENDAS, SEJA EM QUALQUER

TIPO DE CONTEÚDO, PORQUE: ISSO DAÍ É

UM

POUCO DA QUESTÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA,

DA MODALIDADE ESCRITA, SE ELE NÃO TEM

ESSE EMBASAMENTO, NÃO FOI PODE-SE

DIZER, SE ELE NÃO APRENDEU NA SERIES

INICIAIS.

NO COMEÇO OS OUVINTES NÃO

ACEITAVAMFAZER

TRABALHO OU PROVA JUNTO COMIGO. EU

SOU SURDA EU TENHO O PENSAMENTO

TOTALMENTE DIFERENTE, ELES TINHAM

MUITO

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NARRAÇÃO

OFF PERSONAGEM EMERSON NERONE

OFF PERSONAGEM CHARLOTTE

SURDA

PRECONCEITO COMIGO, MAS EU CONSEGUI

MOSTRAR QUE O SURDO É ESFORÇADO QUE

ELE

É IGUAL AO OUVINTE ELE É IGUAL A

TODOS.

- A SURDEZ É UMA DEFICIÊNCIA QUE

DIFICULTA O APRENDIZADO DA LÍNGUA

PORTUGUESA NOS PRIMEIROS ANOS DA

ESCOLA

SE NÃO HOUVER O AUXÍLIO DA FAMÍLIA E

DE PESSOAS ESPECIALIZADAS EM EDUCAÇÃO

ESPECIAL.

NÓS VIVEMOS EM UMA REALIDADE DE DOIS

MUNDO DISTINTOS, PRA QUEM É OUVINTE

SE VOCÊ VER DOIS SURDOS CONVERSANDO

NA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS VOCÊ

VAI VER QUE DESCONHECE COMPLETAMENTE

AQUELE MUNDO, VOCÊ É SURDO PARA

LIBRAS.

QUANDO SE VÊ DOIS OUVINTES CONVERSANDO

EU TENHO ABSOLUTA CERTEZA QUE ASSIM

COMO NOS QUANDO VEMOS A LIBRAS ELES

TAMBÉM NÃO CONSEGUEM PERCEBER A

LEITURA

LABIAL, ELES PODEM ATÉ EM ALGUNS CASOS

PRATICADOS MAS VOCÊ PRECISA ESTAR

FALANDO OLHANDO PRA PESSOA UMA PESSOA

COM MUITO TREINO, VOCÊ NEM IMAGINA

DOIS

OUVINTES QUE A LEITURA LABIAL SEJA UMA

SAÍDA VIÁVEL PARA QUE O SURDO SEJA

INCLUÍDO, MAS NÃO É, MAS A LIBRAS É

UMA LINGUAGEM QUE CONSEGUE ATINGIR A

REALIDADE DELES.

QUANDO EU ERA PEQUENA E ASSISTIA

DESENHO, ERA MAIS FÁCIL ASSISTIR O

PIU PIU, TOM & JERRY, PERNALONGA, QUE

ERA MAIS VISUAL E ERA MAIS FÁCIL DE

EU PERCEBER PRA EU ENTENDER MELHOR.EU

PERGUNTAVA PRA MINHA MÃE, PRA MINHA

IRMÃ E ELES ME EXPLICAVAM OS FILMES

TAMBÉM, EU ASSISTIA O REI LEÃO

ASSISTIA E PERGUNTAVA PRA MINHA IRMA

E PRA ENTENDER MELHOR EU ASSISTIA DE

NOVO, MAS ERA MELHOR QUANDO TINHA A

LEGENDA.

AUDIO

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61

VIDEO

OFF PERSONAGEM CÉLIO

NARRAÇÃO

OFF PERSONAGEM ATERSILHA

MÃE LEANDRA SURDA

OFF PERSONAGEM DANILO LOCS

LUCIANO (GERENTE TÉCNICO E

PARANÁ)

OFF PERSONAGEM ARTECILHA

MÃE LEANDRA

SE NÃO TEVE UM INSTRUTOR, PARA

INSTRUIR, ISSO VAI REFLETIR NA HORA

QUE ELE FOR VER, E ENVOLVE SEMPRE

AQUELA QUESTÃO VIU A INFORMAÇÃO, ELE

TEM A IMAGEM, PORQUE O SURDO É 100%

VISUAL, ELE VAI TER A IMAGEM

TELEVISIVA, POR MAIS QUE TENHA A

LEGENDA LÁ, A VAI TER UM CONCEITO,

UMA PALAVRA ELE NÃO ENTENDEU, MAS

ELE VAI QUERER SABER, AI ENVOLVE UM

POUCO O PAPEL DA FAMÍLIA,AONDE VAI

TA PASSANDO AQUELA INFORMAÇÃO DO

JEITO QUE O SURDO VENHA COMPREENDER,

POR ISSO, DAI VOLTA NESTA QUESTÃO,

SERIA IMPORTANTE NÉ A PRESENÇA DO

INTERPRETE NOS TELEJORNAIS,

MUITOS SURDOS AINDA VIVEM EM TOTAL

EXCLUSÃO, VOCÊ CONSEGUE IMAGINAR A

SUA VIDA HOJE SEM A TELEVISÃO? O

CASAL

CLÁUDIO E LEANDRA É UM TRISTE EXEMPLO

QUE AINDA EXISTEM SURDOS QUE VIVEM

PRATICAMENTE FORA DA REALIDADE POR

FALTA DE ACESSO A INFORMAÇÃO.

MAS A UM MÊS ANTES, QUANDO ELES NÃO

TINHAM CONDIÇÃO NENHUMA, NÃO TINHAM

COMO ENTENDER NADA, ERA SÓ AS

IMAGENS?

– ERA SÓ AS IMAGENS, AS VEZES ELA

(NETA) SE REVOLTAVA E DIZIA, A MÃE E

O PAI NÃO ESCUTA E NÃO QUER DEIXAR A

GENTE ESCUTAR, MAS NÃO É QUE ELES NÃO

QUEIRAM, É QUE NÃO OUVIAM MESMO,

ENTÃO

DAI ELA MESMO LEVANTAVA O VOLUME.

E TAMBÉM COM A INCLUSÃO DO INTERPRETE

DE LIBRAS A GENTE ATINGIRIA ESSA

PORCENTUAL DE PESSOAS COM

NECESSIDADES

AGREGADOSDEEINFORMAÇÃO. UEUVACHO QUES

SIM ATÉ POR QUE A GENTE É UMA

TELEVISÃO

PUBLICA, O NOSSO OBJETIVO É ATINGIR O

MÁXIMO DE PESSOAS POSSÍVEL E ATÉ POR

SER UM PERCENTUAL RAZOÁVEL DA

POPULAÇÃO

QUE TENHA NECESSIDADES ESPECIAIS ACHO

MUITO IMPORTANTE SIM, A GENTE DA ESSA

CONDIÇÃO PARA AS PESSOAS PODEREM TER

ACESSO AO CONTEÚDO DA TV.

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OFF PERSONAGEM SIMONE MÃE

BRUNO

DONA ATERSILHA COM QUANTOS ANOS A

SUA FILHA APRENDEU A FALAR EM

LIBRAS? – ELA ESTAVA COM 9 ANOS.

NOVE ANOS. E A SENHORA FALA EM

LIBRAS PARA SE COMUNICAR COM ELA? –

NÃO, NÃO FALO. QUANDO A SUA FILHA

ASSISTE TV E QUER ENTENDER O QUE

ESTÁ PASSANDO, COMO VOCÊS FAZEM

ESSA TRADUÇÃO PRA ELA? – OLHA A

GENTE NÃO FAZ A TRADUÇÃO PRA ELA AS

VEZES ELA VEM ATÉ A GENTE PRA GENTE

VER O QUE ESTÁ ACONTECENDO, DAÍ ELA

AUMENTA O VOLUME DA TELEVISÃO PRA

GENTE VER, E ELA FICA DESESPERADA

POR QUE NÃO ESCUTA, ELA FAZ ASSIM

PRA GENTE, PODE VIR O VOLUME QUE

FOR. ELA TEM APARELHO O MARIDO TEM

APARELHO MAS ELES NÃO ESCUTAM.

EU ACHO QUE O CLOSE CAPTION É AJUDOU

BASTANTE REALMENTE, PRO BRUNO MAIS

ESPECIFICAMENTE EU ACHO QUE NÃO FOI

TÃO DIFÍCIL POR QUE A GENTE SEMPRE

TENTOU DESENVOLVER A LEITURA A

ESCRITA

O PORTUGUÊS NA VIDA DELE. MAS É MUITO

DEFICIENTE POR QUE A FORMA COMO É

ESCRITO, A FORMA ERRADA QUE VEM

ESCRITO, INCLUSIVE AS JUNÇÕES DE

VERBO

QUE ELES JÁ NÃO FAZEM, VEM ERRADO NA

FORMA QUE ESCREVE. ENTÃO POR ISSO QUE

EU ACHO QUE A LIBRAS É IMPRESCINDÍVEL

NAS MÍDIAS E NOS TELEJORNAIS.

VIDEO

AUDIO

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63

OFF PERSONAGEM BRUNA

NARRAÇÃO

OFF PERSONAGEM FAMÍLIA

LEANDRA. VÍDEO

COM FABIELE.

OFF PERSONAGEM SANDRA

MÃE BRUNA

OFF PERSONAGEM BRUNO SURDO

OFF PERSONAGEM BRUNA

SURDA

NA TELEVISÃO NÃO TINHA LEGENDA EU VIAAS

IMAGENS SE MEXENDO, EU NÃO ENTENDIA,

ENTÃO EU PERGUNTAVA PRA MINHA MÃE O QUE

ESTAVAM FALANDO, COM O DESENVOLVIMENTO

CONSEGUI COLOCAR LEGENDA, MAS AS PALAVRAS

ESTAVAM ERRADAS, COM ERROS ORTOGRÁFICOS,

DEMORAVA PRA APARECER ASPALAVRAS, EU

TAMBÉM NÃO ENTENDIA.

MAS QUEM REALMENTE SE IMPORTA, SE O

POVO SURDO ESTÁ RECEBENDO A INFORMAÇÃO

DE MANEIRA INTEGRAL?

É EU QUERO SER PROFESSORA

DE SURDOS E MUDOS. RA FAZER SINAIS PARA

OS SURDOS. E QUE EU QUERO AJUDAR MAIS

PESSOAS.

EU ACHO QUE TEM QUE TER UM INTÉRPRETE VAI

AJUDAR MUITO, EM

TELEJORNAIS, VAI AJUDAR MUITO ELES,

ELES VÃO CONSEGUIR ENTENDER, ELES VÃO

CONSEGUIR SE COMUNICAR, VÃO ENTENDER O

QUE ESTA ACONTECENDO NO MUNDO EM VOLTA

DELES. NOSSA PRA ELES ASSIM VAI SER UM

RESCIMENTO MUITO GRANDE, VAI AJUDAR

ASTANTE

EU ANTIGAMENTE TINHA ALGUNS AMIGOS

OUVINTES, AMINHA DIFICULDADE PRIMEIRO

ERA DE ME ENCONTRAR COM ELES, ME

COMUNICAR, CONVERSAR. CONFORME OS

DIAS FORAM PASSANDO ELES FORAM

DESENVOLVENDO A MESMA LINGUAGEM QUE A

MINHA, AS VEZES ÍAMOS JOGAR FUTEBOL

TODOS GOSTAVAM E SE DIVERTIAM

CONFORME ELES IAM CRESCENDO

DESENVOLVIAM UMA COMUNICAÇÃO PRÓPRIA

DELES.

ACHO QUE NÃO TEM INTÉRPRETE POR FALTA DE

PESQUISA SOBRE A CULTURA DO SURDO,

PESQUISAR COMO É O ENTENDIMENTO DOSURDO,

POIS O SURDO É DIFERENTE DOOUVINTE.

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OFF PERSONAGEM SIMONE

OFF PERSONAGEM EMERSON

NERONE(POLÍTICO)

NARRAÇÃO

OFF PERSONGEM CÉLIO

NÃO, NUNCA FOI DIVULGADO EU NUNCA

VI NA MÍDIA NO JORNAL FALANDO

DESSES DIREITOS, É MUITO POUCO,

TEM MAS SÃO CASOS ISOLADOS POR QUE

A GENTE FOI ATRÁS. POR QUE QUANDO

VOCÊ ESTÁ NO MEIO TODA HORA VOCÊ

FICA BUSCANDO INFORMAÇÃO E NA

INTERNET, É NO JORNAL, NUMA

REVISTA OU NUM CONTATO COM AS

PESSOAS QUE ACABAM TE CONTANDO E

VOCÊ VAI ATRÁS, MAS NUNCA MUITO

CLARO PELA MÍDIAS.

ENTÃO A INSERÇÃO DO INTERPRETE

DALÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

NOSTELEJORNAIS POSSIBILITARIA QUE OS

SURDOS COMEÇASSEM A TER UM ACESSO

REALAO MESMO MUNDO DE INFORMAÇÃO. O

MUNDODA INFORMAÇÃO É O MUNDO QUE CONSTRÓI

AS TUAS, É, PRIMEIRO CONSTRÓI O TEU

UNIVERSO QUE DEPOIS VAI PASSAR A PARTE DA

SUA DISCUSSÃO DA SUA CONSTRUÇÃOIDEOLOGIA,

A TUA CONSTRUÇÃO POLÍTICA, A SUA

CONSTRUÇÃO E DIVISÃO DE MUNDO NA ECONOMIA

NA CULTURA E NAS MAIS VARIADAS

FORMAS.

PARA O CASAL CLAUDIO E LEANDRA, A

VIDA NÃO TEM SIDO FÁCIL, DEVIDO HÁ

DIFICULDADES FINANCEIRAS, ATÉ HÁ UM MÊS

ATRÁS ELES NÃO POSSUÍAM UMA TELEVISÃO COM

O RECURSO CLOSED CAPTION.

ENTRA VÍDEO FAMÍLIA LEANDRA VENDO

TV

EU ACREDITO, QUE A INSERÇÃO DO

INTÉRPRETE DE LIBRAS DENTRO DOS

TELEJORNAIS, SERIA UM VIÉS A MAIS

PARA O SURDO COMPREENDER AQUILO QUE

ESTÁ ACONTECENDO AO NOSSO REDOR, EU

SOU A FAVOR, SE É UM SURDO QUE NÃO

TEM TANTO CONHECIMENTO NA LÍNGUA

PORTUGUESA, MAS DOMINE A LÍNGUA DE

SINAIS SE O INTERPRETE ESTÁ

SINALIZANDO ELE VAI ESTAR PRESTANDO

ATENÇÃO NO INTÉRPRETE TODA A

INFORMAÇÃO VAI ESTAR SENDO PASSADA

FIELMENTE A AQUILO, DANDO

CREDIBILIDADE ATÉ PARA OS

TELEJORNAIS.

ENTÃO A INSERÇÃO DO INTERPRETE DA

LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NOS

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OFF PERSONAGEM EMERSON

NERONE

TELEJORNAIS POSSIBILITARIA QUE OS

SURDOS COMEÇASSEM A TER UM ACESSO REAL

AO MESMO MUNDO DE INFORMAÇÃO. O MUNDODA

INFORMAÇÃO É O MUNDO QUE CONSTRÓIAS TUAS,

É, PRIMEIRO CONSTRÓI O TEU UNIVERSO QUE

DEPOIS VAI PASSAR A PARTE DA SUA

DISCUSSÃO DA SUA CONSTRUÇÃO IDEOLOGIA, A

TUA CONSTRUÇÃO POLÍTICA, A SUA CONSTRUÇÃO

E DIVISÃO DE MUNDO NA ECONOMIA NA CULTURA

E NAS MAIS VARIADAS

FORMAS.

VIDEO

AUDIO

OFF PERSONAGEM SANDRA MÃE

BRUNA SURDA

OFF PERSONAGEM BRUNO SURDO

EU ACHO QUE TEM QUE TER UM

INTÉRPRETE VAI AJUDAR MUITO, EM

TELEJORNAIS, VAI AJUDAR MUITO ELES,

ELES VÃO CONSEGUIR ENTENDER, ELES VÃO

CONSEGUIR SE COMUNICAR, VÃO ENTENDER

O QUE ESTA CONTECENDO NO MUNDO EM

VOLTA DELES. NOSSA PRA ELES ASSIM VAI

SER UM CRESCIMENTO MUITO GRANDE, VAI

AJUDAR BASTANTE

EU COMO CIDADÃO VEJO A IGUALDADE, O

SURDO E O OUVINTE SÃO IGUAIS, SÃO

TODOSIGUAIS, SÃO TODOS INTELIGENTES,

NÃO HÁ NENHUMA DIFERENÇA. NA

TELEVISÃO

ANTIGAMENTE EU OLHAVA, PARECIA

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OFF PERSONAGEM BRUNA SURDA

OFF PERSONAGEM EMERSON NERONE

(POLÍTICO)

OFF PERSONAGEM CHARLLOTE

SURDA

(FINAL DO DOCUMENTÁRIO) OFF E

VÍDEO INTEIRO DA ROBERTA

INDIFERENTE, OLHAVA E NÃO ENTENDIA

NADA. EU QUERIA ME ESFORÇAR, EU

QUERIA ENTENDER, QUERIA A LEGENDA E

NADATINHA. NÃO TINHA INTÉRPRETE EU

TINHA QUE OLHAR NA INTERNET, BUSCAR

AS

INFORMAÇÕES PELA INTERNET.

ACHO QUE NÃO TEM INTÉRPRETE POR FALTA

DE PESQUISA SOBRE A CULTURA DO SURDO,

PESQUISAR COMO É O ENTENDIMENTO DO

SURDO, POIS O SURDO É DIFERENTE DO

OUVINTE.

ENTÃO A INSERÇÃO DO INTERPRETE DA

LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NOS

TELEJORNAIS POSSIBILITARIA QUE OS

SURDOS COMEÇASSEM A TER UM ACESSO

REAL AO MESMO MUNDO DE INFORMAÇÃO. O

MUNDO DA INFORMAÇÃO É O MUNDO QUE

CONSTRÓI AS TUAS, É, PRIMEIRO

CONSTRÓI O TEU UNIVERSO QUE DEPOIS

VAI PASSAR A PARTE

DA SUA DISCUSSÃO DA SUA CONSTRUÇÃO

IDEOLOGIA, A TUA CONSTRUÇÃO POLÍTICA,

A SUA CONSTRUÇÃO E DIVISÃO DE MUNDO

NA

ECONOMIA NA CULTURA E NAS MAIS

VARIADASFORMAS.

MAS O SURDO VAI LUTAR, EU ACHO QUE

FUTURAMENTE VAI EXISTIR, DEMORA UM

POUCO MAS ACHO QUE VAI ACONTECER.

POEMA “MEU ABRAÇO” DE ALINE LIRA

O QUE CABE DENTRO DA POESIA,

TUDO CABE, NÃO HÁ ESPAÇO VAZIO,

HÁ PREENCHIMENTO, ACOLHIMENTO,

ABRAÇOS... HÁ O ABRAÇO É A COISA

MAIS

UNIVERSAL,

CABE O PASSO O LAÇO CABE O SINAL, A

COMUNICAÇÃO,

O GESTO, A GRAMATICA, A EXPRESSÃO,

A

SINALIZAÇÃO.

E TUDO CABE DENTRO DA POESIA, OS

SONHOS, OS SONS

DOS PÁSSAROS, A CHUVA E TUDO CABE E

TUDO VOA PELAS MÃOS.

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Anexo A

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002.

Regulamento

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais

- Libras e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua

Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma

de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-

motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de

transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do

Brasil.

Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas

concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e

difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e

de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.

Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos

de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos

portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.

Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais,

municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação

de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e

superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante

dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.

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Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a

modalidade escrita da língua portuguesa.

Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Paulo Renato Souza

Lei 12095 - 11 de Março de 1998

Publicado no Diário Oficial no. 5219 de 27 de Março de 1998

Súmula: Reconhece oficialmente, pelo Estado do Paraná, a linguagem gestual

codificada na Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS e outros recursos de expressão a

ela associados, como meio de comunicação objetiva e de uso corrente.

A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a seguinte

lei:

Art. 1º. Fica reconhecida oficialmente, pelo Estado do Paraná, a linguagem gestual

codificada na Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS - e outros recursos de expressão

a ela associados, como meio de comunicação objetiva e de uso corrente.

Parágrafo único. Compreende-se como Língua Brasileira de Sinais o meio de

comunicação de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, oriunda

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de comunidades de pessoas surdas. É a forma de expressão do surdo e sua língua

natural.

Art. 2º. A rede pública de ensino, através da Secretaria de Estado da Educação,

deverá garantir acesso à educação bilingüe (libras e Língua Portuguesa) no

processo ensino-aprendizagem, desde a educação infantil até os níveis mais

elevados do sistema educacional, a todos os alunos portadores de deficiência

auditiva.

Art. 3º. A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, deverá ser incluída como conteúdo

obrigatório nos cursos de formação na área de surdez, em nível de 2º e 3º graus.

Parágrafo único. Fica incluída a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, no currículo

da rede pública de ensino e dos cursos de magistério de formação superior nas

áreas das ciências humanas, médicas e educacionais.

Art. 4º. A Administração Pública, direta, indireta e fundacional através da Secretaria

de Estado da Educação manterá em seus quadros funcionais profissionais surdos,

bem como intérpretes da Língua Brasileira de Sinais, no processo ensino-

aprendizagem, desde a educação infantil até os níveis mais elevados de ensino em

suas instituições.

Art. 5º. A Administração Pública do Estado do Paraná, através da Secretaria de

Estado da Educação e seus órgãos, a esta Secretaria ligados, oferecerá através das

entidades públicas, diretas, indiretas e fundacionais, cursos para formação de

intérpretes da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.

Art. 6º. A Administração Pública do Estado do Paraná, através da Secretaria de

Estado da Educação e seus órgãos, a esta Secretaria ligados, oferecerá cursos

periódicos de Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, em diferentes níveis, para

surdos e seus familiares, professores, professores de ensino regular e comunidades

em geral.

Art. 7º. A Administração Pública, direta, indireta e fundacional, manterá em suas

repartições públicas estaduais e municipais do Estado do Paraná, bem como nos

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estabelecimentos bancários e hospitalares públicos, o atendimento aos surdos,

utilizando profissionais intérpretes da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.

Art. 8º. Para os propósitos desta lei e da Linguagem Brasileira de Sinais, os

intérpretes serão preferencialmente ouvintes e os instrutores, preferencialmente

surdos.

Art. 9º. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as

disposições em contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO EM CURITIBA, em 11 de março de 1998.

Jaime Lerner

Governador do Estado

Ramiro Wahrhaftig

Secretário de Estado da Educação

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011.

Regula o acesso a informações previsto

no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do

§ 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da

Constituição Federal; altera a Lei no

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8.112, de 11 de dezembro de 1990;

revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de

2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8

de janeiro de 1991; e dá outras

providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela

União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a

informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do art. 37 e no §

2º do art. 216 da Constituição Federal.

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:

I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes

Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério

Público;

II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades

de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela

União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às entidades

privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse

público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções

sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros

instrumentos congêneres.

Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as entidades citadas

no caput refere-se à parcela dos recursos públicos recebidos e à sua destinação,

sem prejuízo das prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas.

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Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito

fundamental de acesso à informação e devem ser executados em conformidade com

os princípios básicos da administração pública e com as seguintes diretrizes:

I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;

II - divulgação de informações de interesse público, independentemente de

solicitações;

III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da

informação;

IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração

pública;

V - desenvolvimento do controle social da administração pública.

Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente

de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas

competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou

custodiadas.

§ 1o Na divulgação das informações a que se refere o caput, deverão constar,

no mínimo:

I - registro das competências e estrutura organizacional, endereços e telefones

das respectivas unidades e horários de atendimento ao público;

II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recursos financeiros;

III - registros das despesas;

IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive os

respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos celebrados;

V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, projetos e

obras de órgãos e entidades; e

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VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.

§ 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e entidades públicas

deverão utilizar todos os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem, sendo

obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores

(internet).

§ 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de regulamento, atender,

entre outros, aos seguintes requisitos:

I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à

informação de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem de fácil

compreensão;

II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos eletrônicos,

inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto, de modo a facilitar

a análise das informações;

III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em formatos

abertos, estruturados e legíveis por máquina;

IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da

informação;

V - garantir a autenticidade e a integridade das informações disponíveis para

acesso;

VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;

VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado comunicar-se, por

via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade detentora do sítio; e

VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de conteúdo

para pessoas com deficiência, nos termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de

dezembro de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008.

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Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da Independência e 123o da

República.

DILMA ROUSSEFF

José Eduardo Cardoso

Celso Luiz Nunes Amorim

Antonio de Aguiar Patriota

Miriam Belchior

Paulo Bernardo Silva

Gleisi Hoffmann

José Elito Carvalho Siqueira

Helena Chagas

Luís Inácio Lucena Adams

Jorge Hage Sobrinho

Maria do Rosário Nunes

Este texto não substitui o publicado no DOU de 18.11.2011 - Edição extra

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000.

Estabelece normas gerais e critérios básicos

para a promoção da acessibilidade das

pessoas portadoras de deficiência ou com

mobilidade reduzida, e dá outras

providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

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CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da

acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida,

mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no

mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e

de comunicação.

Art. 2o Para os fins desta Lei são estabelecidas as seguintes definições:

I – acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com

segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das

edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa

portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;

II – barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a

liberdade de movimento e a circulação com segurança das pessoas, classificadas

em:

a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos

espaços de uso público;

b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no interior dos edifícios

públicos e privados;

c) barreiras arquitetônicas nos transportes: as existentes nos meios de

transportes;

d) barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstáculo que

dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por

intermédio dos meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa;

III – pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida: a que

temporária ou permanentemente tem limitada sua capacidade de relacionar-se com

o meio e de utilizá-lo;

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IV – elemento da urbanização: qualquer componente das obras de urbanização,

tais como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamentos para esgotos,

distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e distribuição de

água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico;

V – mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços

públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da

edificação, de forma que sua modificação ou traslado não provoque alterações

substanciais nestes elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e

similares, cabines telefônicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques

e quaisquer outros de natureza análoga;

VI – ajuda técnica: qualquer elemento que facilite a autonomia pessoal ou

possibilite o acesso e o uso de meio físico.

CAPÍTULO II

DOS ELEMENTOS DA URBANIZAÇÃO

Art. 3o O planejamento e a urbanização das vias públicas, dos parques e dos

demais espaços de uso público deverão ser concebidos e executados de forma a

torná-los acessíveis para as pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade

reduzida.

Art. 4o As vias públicas, os parques e os demais espaços de uso público

existentes, assim como as respectivas instalações de serviços e mobiliários urbanos

deverão ser adaptados, obedecendo-se ordem de prioridade que vise à maior

eficiência das modificações, no sentido de promover mais ampla acessibilidade às

pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Parágrafo único. Os parques de diversões, públicos e privados, devem adaptar,

no mínimo, 5% (cinco por cento) de cada brinquedo e equipamento e identificá-lo

para possibilitar sua utilização por pessoas com deficiência ou com mobilidade

reduzida, tanto quanto tecnicamente possível. (Incluído pela Lei nº 11.982, de 2009)

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Art. 5o O projeto e o traçado dos elementos de urbanização públicos e privados

de uso comunitário, nestes compreendidos os itinerários e as passagens de

pedestres, os percursos de entrada e de saída de veículos, as escadas e rampas,

deverão observar os parâmetros estabelecidos pelas normas técnicas de

acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

Art. 6o Os banheiros de uso público existentes ou a construir em parques,

praças, jardins e espaços livres públicos deverão ser acessíveis e dispor, pelo

menos, de um sanitário e um lavatório que atendam às especificações das normas

técnicas da ABNT.

Art. 7o Em todas as áreas de estacionamento de veículos, localizadas em vias

ou em espaços públicos, deverão ser reservadas vagas próximas dos acessos de

circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem

pessoas portadoras de deficiência com dificuldade de locomoção.

Parágrafo único. As vagas a que se refere o caput deste artigo deverão ser em

número equivalente a dois por cento do total, garantida, no mínimo, uma vaga,

devidamente sinalizada e com as especificações técnicas de desenho e traçado de

acordo com as normas técnicas vigentes.

CAPÍTULO III

DO DESENHO E DA LOCALIZAÇÃO DO MOBILIÁRIO URBANO

Art. 8o Os sinais de tráfego, semáforos, postes de iluminação ou quaisquer

outros elementos verticais de sinalização que devam ser instalados em itinerário ou

espaço de acesso para pedestres deverão ser dispostos de forma a não dificultar ou

impedir a circulação, e de modo que possam ser utilizados com a máxima

comodidade.

Art. 9o Os semáforos para pedestres instalados nas vias públicas deverão estar

equipados com mecanismo que emita sinal sonoro suave, intermitente e sem

estridência, ou com mecanismo alternativo, que sirva de guia ou orientação para a

travessia de pessoas portadoras de deficiência visual, se a intensidade do fluxo de

veículos e a periculosidade da via assim determinarem.

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Art. 10. Os elementos do mobiliário urbano deverão ser projetados e instalados

em locais que permitam sejam eles utilizados pelas pessoas portadoras de

deficiência ou com mobilidade reduzida.

CAPÍTULO IV

DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS OU DE USO COLETIVO

Art. 11. A construção, ampliação ou reforma de edifícios públicos ou privados

destinados ao uso coletivo deverão ser executadas de modo que sejam ou se

tornem acessíveis às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade

reduzida.

Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, na construção, ampliação

ou reforma de edifícios públicos ou privados destinados ao uso coletivo deverão ser

observados, pelo menos, os seguintes requisitos de acessibilidade:

I – nas áreas externas ou internas da edificação, destinadas a garagem e a

estacionamento de uso público, deverão ser reservadas vagas próximas dos

acessos de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que

transportem pessoas portadoras de deficiência com dificuldade de locomoção

permanente;

II – pelo menos um dos acessos ao interior da edificação deverá estar livre de

barreiras arquitetônicas e de obstáculos que impeçam ou dificultem a acessibilidade

de pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;

III – pelo menos um dos itinerários que comuniquem horizontal e verticalmente

todas as dependências e serviços do edifício, entre si e com o exterior, deverá

cumprir os requisitos de acessibilidade de que trata esta Lei; e

IV – os edifícios deverão dispor, pelo menos, de um banheiro acessível,

distribuindo-se seus equipamentos e acessórios de maneira que possam ser

utilizados por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Art. 12. Os locais de espetáculos, conferências, aulas e outros de natureza

similar deverão dispor de espaços reservados para pessoas que utilizam cadeira de

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rodas, e de lugares específicos para pessoas com deficiência auditiva e visual,

inclusive acompanhante, de acordo com a ABNT, de modo a facilitar-lhes as

condições de acesso, circulação e comunicação.

CAPÍTULO V

DA ACESSIBILIDADE NOS EDIFÍCIOS DE USO PRIVADO

Art. 13. Os edifícios de uso privado em que seja obrigatória a instalação de

elevadores deverão ser construídos atendendo aos seguintes requisitos mínimos de

acessibilidade:

I – percurso acessível que una as unidades habitacionais com o exterior e com

as dependências de uso comum;

II – percurso acessível que una a edificação à via pública, às edificações e aos

serviços anexos de uso comum e aos edifícios vizinhos;

III – cabine do elevador e respectiva porta de entrada acessíveis para pessoas

portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Art. 14. Os edifícios a serem construídos com mais de um pavimento além do

pavimento de acesso, à exceção das habitações unifamiliares, e que não estejam

obrigados à instalação de elevador, deverão dispor de especificações técnicas e de

projeto que facilitem a instalação de um elevador adaptado, devendo os demais

elementos de uso comum destes edifícios atender aos requisitos de acessibilidade.

Art. 15. Caberá ao órgão federal responsável pela coordenação da política

habitacional regulamentar a reserva de um percentual mínimo do total das

habitações, conforme a característica da população local, para o atendimento da

demanda de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.

CAPÍTULO VI

DA ACESSIBILIDADE NOS VEÍCULOS DE TRANSPORTE COLETIVO

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Art. 16. Os veículos de transporte coletivo deverão cumprir os requisitos de

acessibilidade estabelecidos nas normas técnicas específicas.

CAPÍTULO VII

DA ACESSIBILIDADE NOS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO E SINALIZAÇÃO

Art. 17. O Poder Público promoverá a eliminação de barreiras na comunicação e

estabelecerá mecanismos e alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas

de comunicação e sinalização às pessoas portadoras de deficiência sensorial e com

dificuldade de comunicação, para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à

comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura, ao esporte e ao

lazer.

Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais intérpretes

de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar

qualquer tipo de comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e

com dificuldade de comunicação. Regulamento

Art. 19. Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens adotarão plano

de medidas técnicas com o objetivo de permitir o uso da linguagem de sinais ou

outra subtitulação, para garantir o direito de acesso à informação às pessoas

portadoras de deficiência auditiva, na forma e no prazo previstos em regulamento.

CAPÍTULO VIII

DISPOSIÇÕES SOBRE AJUDAS TÉCNICAS

Art. 20. O Poder Público promoverá a supressão de barreiras urbanísticas,

arquitetônicas, de transporte e de comunicação, mediante ajudas técnicas.

Art. 21. O Poder Público, por meio dos organismos de apoio à pesquisa e das

agências de financiamento, fomentará programas destinados:

I – à promoção de pesquisas científicas voltadas ao tratamento e prevenção de

deficiências;

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II – ao desenvolvimento tecnológico orientado à produção de ajudas técnicas

para as pessoas portadoras de deficiência;

III – à especialização de recursos humanos em acessibilidade.

CAPÍTULO IX

DAS MEDIDAS DE FOMENTO À ELIMINAÇÃO DE BARREIRAS

Art. 22. É instituído, no âmbito da Secretaria de Estado de Direitos Humanos do

Ministério da Justiça, o Programa Nacional de Acessibilidade, com dotação

orçamentária específica, cuja execução será disciplinada em regulamento.

CAPÍTULO X

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 23. A Administração Pública federal direta e indireta destinará, anualmente,

dotação orçamentária para as adaptações, eliminações e supressões de barreiras

arquitetônicas existentes nos edifícios de uso público de sua propriedade e naqueles

que estejam sob sua administração ou uso.

Parágrafo único. A implementação das adaptações, eliminações e supressões

de barreiras arquitetônicas referidas no caput deste artigo deverá ser iniciada a partir

do primeiro ano de vigência desta Lei.

Art. 24. O Poder Público promoverá campanhas informativas e educativas

dirigidas à população em geral, com a finalidade de conscientizá-la e sensibilizá-la

quanto à acessibilidade e à integração social da pessoa portadora de deficiência ou

com mobilidade reduzida.

Art. 25. As disposições desta Lei aplicam-se aos edifícios ou imóveis declarados

bens de interesse cultural ou de valor histórico-artístico, desde que as modificações

necessárias observem as normas específicas reguladoras destes bens.

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Art. 26. As organizações representativas de pessoas portadoras de deficiência

terão legitimidade para acompanhar o cumprimento dos requisitos de acessibilidade

estabelecidos nesta Lei.

Art. 27. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 19 de dezembro de 2000; 179o da Independência e 112o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

José Gregori

Este texto não substitui o publicado no DOU de 20.12.2000

Decreto-Lei nº 314, de 13 de Março de 1967.

Define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social e dá outras

providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe confere o art. 30

do Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, combinado com o art. 9º do Ato

Institucional nº 4, de 7 de dezembro de 1966,

DECRETA: CAPÍTULO I

Disposições Preliminares

Art. 1º Toda pessoa natural ou jurídica é responsável pela segurança nacional,

nos limites definidos em lei.

Art. 2º A segurança nacional é a garantia da consecução dos objetivos nacionais

contra antagonismos, tanto internos como externos.

Art. 3º A segurança nacional compreende, essencialmente, medidas destinadas à

preservação da segurança externa e interna, inclusive a prevenção e repressão da

guerra psicológica adversa e da guerra revolucionária ou subversiva.

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§ 1º A segurança interna, integrada na segurança nacional, diz respeito às

ameaças ou pressões antagônicas, de qualquer origem, forma ou natureza, que se

manifestem ou produzam efeito no âmbito interno do país.

§ 2º A guerra psicológica adversa é o emprego da propaganda, da

contrapropaganda e de ações nos campos político, econômico, psicossocial e

militar, com a finalidade de influenciar ou provocar opiniões, emoções, atitudes e

comportamentos de grupos estrangeiros, inimigos, neutros ou amigos, contra a

consecução dos objetivos nacionais.

§ 3º A guerra revolucionária é o conflito interno, geralmente inspirado em uma

ideologia ou auxiliado do exterior, que visa à conquista subversiva do poder pelo

controle progressivo da Nação.

Art. 4º Na aplicação deste decreto-lei o juiz, ou Tribunal, deverá inspirar-se nos

conceitos básicos da segurança nacional definidos nos artigos anteriores.

Capitulo II: § 1º Obter ou procurar obter, para, o fim de espionagem, notícia de

fatos ou coisas que, no interesse do Estado, devam permanecer secretas: Pena -

reclusão, de 1 a 5 anos.

§ 4º Fazer ou reproduzir, para o fim de espionagem, fotografias, gravuras ou

desenhos de instalações ou zonas militares e engenhos de guerra, de qualquer tipo;

ingressar para o mesmo fim, clandestina ou fraudulentamente, nos referidos lugares;

desenvolver atividades aero fotográficas, em qualquer parte do território nacional

sem autorização da autoridade competente: Pena - detenção, de 1 a 2 anos.

§ 5º Dar asilo ou proteção a espiões, sabendo que o sejam; Pena - reclusão, de 1

a 3 anos.

§ 6º O funcionário público que culposamente facilitar o conhecimento de segredo

concernente à segurança nacional: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano.

Art. 14. Divulgar, por qualquer meio de publicidade, notícias falsas, tendenciosas

ou deturpadas, de modo a pôr em perigo o bom nome, a autoridade o crédito ou o

prestígio do Brasil: pena - detenção, de 6 meses a 2 anos.

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Art. 15. Falsificar, suprimir, tornar irreconhecível, subtrair ou desviar de seu

destino ou uso normal algum meio de prova relativo a fato de importância para o

interesse nacional. Pena - reclusão, de 1 a 5 anos.

Art. 16. Violar imunidades diplomáticas, pessoais ou reais, ou de Chefe ou

representante de Nação estrangeira, ainda que de passagem pelo território nacional:

Pena - reclusão, de 6 meses a 2 anos.

Art. 17. Violar neutralidade assumida pelo Brasil em face de países beligerantes:

Pena - reclusão, de 1 a 2 anos.

Art. 21. Tentar subverter a ordem ou estrutura político-social vigente no Brasil,

com o fim de estabelecer ditadura de classe, de partido político, de grupo ou de

indivíduo: Pena - reclusão, de 4 a 12 anos.

Art. 22. Promover insurreição armada; ou tentar mudar, por meio violento, a

Constituição, no todo ou em parte, ou a forma de governo por ela adotada: Pena -

reclusão, de 4 a 12 anos.

Art. 23. Praticar atos destinados a provocar guerra revolucionária ou subversiva:

Pena - reclusão, de 2 a 4 anos.

Parágrafo único. Se a guerra sobrevém em virtude deles: Pena - reclusão, de 4 a

12 anos.

Art. 24. Impedir ou tentar impedir, por meio de violência ou ameaça de violência,

o livre exercício de qualquer, dos Poderes na União ou nos Estados: Pena -

reclusão, de 2 a 6 anos.

Art. 25. Praticar massacre, devastação, saque, roubo, sequestro, incêndio ou

depredação, atentado pessoal, ato de sabotagem ou terrorismo; impedir ou dificultar

o funcionamento de serviços essenciais administrados pelo Estado ou mediante

concessão ou autorização: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos.

Art. 27. Revelar segredo obtido em razão de cargo ou função pública que

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exerça, relativamente a ações ou operações militares ou qualquer plano contra

revolucionários, insurrectos ou rebeldes: Pena - reclusão, de 1 a 5 anos.

Art. 28. Matar ou tentar matar quem exerça autoridade pública, por motivo de

facciosismo ou inconformismo político-social: Pena - reclusão, de 3 a 30 anos.

Art. 29. Ofender física ou moralmente quem exerça autoridade, por motivo de

facciosismo ou inconformismo político-social; Pena - reclusão, de 6 meses a 3 anos.

Art. 30. Atentar contra a liberdade pessoal do Presidente ou do Vice-Presidente

da República, dos Presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados ou do

Supremo Tribunal Federal: Pena - reclusão, de 4 a 12 anos.

Art. 31. Ofender a honra ou a dignidade do Presidente ou do Vice-Presidente da

República, dos Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado, ou do Superior

Tribunal Federal: Pena - detenção, de 1 a 3 anos.

Parágrafo único. Se o crime for cometido por meio de imprensa, radiodifusão ou

televisão, a pena é aumentada de metade.

Art. 32. Promover greve ou lock-out, acarretando a paralisação de serviços

públicos ou atividades essenciais, com o fim de coagir qualquer dos Poderes da

República: Pena - reclusão, de 2 a 6 anos.

Art. 33. Incitar publicamente:

I - à guerra ou à subversão da ordem político-social;

II - à desobediência coletiva às leis;

III - à animosidade entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes

sociais ou as instituições civis;

IV - à luta pela violência entre as classes sociais;

V - à paralisação de serviços públicos ou atividades essenciais;

VI - ao ódio ou a discriminação racial: Pena - detenção, de 1 a 3 anos.

Parágrafo único. Se o crime for praticado por meio de imprensa, panfletos, ou

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escritos e de qualquer natureza, radiodifusão ou televisão, a pena, será aumentada

de metade.

Art. 34. Cessarem funcionários públicos, coletivamente, no todo ou em parte, os

serviços a seu cargo: Pena - detenção, de 3 meses a 1 ano.

Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas o funcionário público que, direta

ou indiretamente, se solidarizar aos atos de cessação ou paralisação de serviço

público ou que contribua para a não execução ou retardamento do mesmo.

Art. 36. Fundar ou manter, sem permissão legal, organizações de tipo militar, seja

qual for o motivo ou pretexto, assim como tentar reorganizar partido político cujo

registro tenha sido cassado ou fazer funcionar partido sem o respectivo registro ou,

ainda associação dissolvida legalmente, ou cujo funcionamento tenha sido

suspenso: Pena - detenção, de 1 a 2 anos.

Art. 37. Destruir ou ultrajar a bandeira, emblemas ou símbolos nacionais, quando

expostos em lugar público: Pena - detenção, de 1 a 3 anos.

Art. 38. Constitui, também, propaganda subversiva, quando importe em ameaça

ou atentado à segurança nacional:

I - a publicação ou divulgação de notícias ou declaração;

II - a distribuição de jornal, boletim ou panfleto;

III - o aliciamento de pessoas nos locais de trabalho ou de ensino;

IV - cômico, reunião pública, desfile ou passeata;

V - a greve proibida;

VI - a injúria, calúnia ou difamação, quando o ofendido fôr órgão ou entidade

que exerça autoridade pública, ou funcionário em razão de suas atribuições;

VII - a manifestação de solidariedade a qualquer dos atos previstos nos itens

anteriores; Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos.

Art. 39. Se a responsabilidade pela propaganda subversiva couber a diretor ou a

responsável de jornal ou periódico, o Juiz poderá impor, ao receber a denúncia, a

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suspensão da circulação deste até trinta dias, sem prejuízo de outras comunicações

previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de estação de radiodifusão ou televisão, a

suspensão será imposta, nas mesmas condições, pelo Presidente do Conselho

Nacional de Telecomunicações.

Art. 40. A responsabilidade penal ou civil pela propaganda subversiva é

autônoma e não exclui a dos autores ou responsáveis por outros crimes, na forma

deste decreto-lei ou de outras leis.

Parágrafo único. A pena será aumentada de metade, se o incitamento,

publicidade ou apologia é feito por meio de imprensa, radiodifusão ou televisão.

Art. 58. Este decreto-lei entrará em vigor a 15 de março de 1967, revogadas as

disposições em contrário.

Brasília, 13 de março de 1967; 146º da Independência e 79º da República.

H.CASTELLO BRANCO

Carlos Medeiros Silva

Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União - Seção 1 de

13/03/1967

Publicação:

Diário Oficial da União - Seção 1 - 13/3/1967, Página 2993 (Publicação

Original)

Coleção de Leis do Brasil - 1967, Página 563 Vol. 1 (Publicação Original).

Capítulo II - Da conduta profissional do jornalista

Art. 3º O exercício da profissão de jornalista é uma atividade de natureza social,

estando sempre subordinado ao presente Código de Ética.

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Art. 4º O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos

fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua

correta divulgação.

Art. 5º É direito do jornalista resguardar o sigilo da fonte.

Art. 6º É dever do jornalista:

I - opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os

princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos;

II - divulgar os fatos e as informações de interesse público;

III - lutar pela liberdade de pensamento e de expressão;

IV - defender o livre exercício da profissão;

V - valorizar, honrar e dignificar a profissão;

VI - não colocar em risco a integridade das fontes e dos profissionais com quem

trabalha;

VII - combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando

exercidas com o objetivo de controlar a informação;

VIII - respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão;

IX - respeitar o direito autoral e intelectual do jornalista em todas as suas formas;

X - defender os princípios constitucionais e legais, base do estado democrático de

direito;

XI - defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das

garantias individuais e coletivas, em especial as das crianças, adolescentes,

mulheres, idosos, negros e minorias;

XII - respeitar as entidades representativas e democráticas da categoria;

XIII - denunciar as práticas de assédio moral no trabalho às autoridades e, quando

for o caso, à comissão de ética competente;

XIV - combater a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais,

econômicos, políticos, religiosos, de gênero, raciais, de orientação sexual, condição

física ou mental, ou de qualquer outra natureza.

Art. 7º O jornalista não pode:

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I - aceitar ou oferecer trabalho remunerado em desacordo com o piso salarial, a

carga horária legal ou tabela fixada por sua entidade de classe, nem contribuir ativa

ou passivamente para a precarização das condições de trabalho;

II - submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à

correta divulgação da informação;

III - impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de idéias;

IV - expor pessoas ameaçadas, exploradas ou sob risco de vida, sendo vedada a

sua identificação, mesmo que parcial, pela voz, traços físicos, indicação de locais de

trabalho ou residência, ou quaisquer outros sinais;

V - usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime;

VI - realizar cobertura jornalística para o meio de comunicação em que trabalha

sobre organizações públicas, privadas ou não-governamentais, da qual seja

assessor, empregado, prestador de serviço ou proprietário, nem utilizar o referido

veículo para defender os interesses dessas instituições ou de autoridades a elas

relacionadas;

VII - permitir o exercício da profissão por pessoas não-habilitadas;

VIII - assumir a responsabilidade por publicações, imagens e textos de cuja

produção não tenha participado;

IX - valer-se da condição de jornalista para obter vantagens pessoais.

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

Atos decorrentes do disposto no § 3º do art. 5º

ÍNDICE TEMÁTICO

Texto compilado

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PREÂMBULO

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional

Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o

exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-

estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de

uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia

social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica

das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

TÍTULO II

Dos Direitos e Garantias Fundamentais

CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta

Constituição;

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude

de lei;

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização

por dano material, moral ou à imagem;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre

exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de

culto e a suas liturgias;

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VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas

entidades civis e militares de internação coletiva;

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de

convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal

a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de

comunicação, independentemente de censura ou licença;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,

assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua

violação;

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem

consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para

prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de

dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas

hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou

instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996)

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as

qualificações profissionais que a lei estabelecer;

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da

fonte, quando necessário ao exercício profissional;

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III)

da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948

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Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os

membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento

da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos

resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o

advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença

e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a

mais alta aspiração do homem comum,

Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado

de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião

contra tirania e a opressão,

Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas

entre as nações,

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé

nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na

igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o

progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em

cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e

liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da

mis alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

A Assembleia Geral proclama

A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a

ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada

indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se

esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos

e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e

internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e

efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos

dos territórios sob sua jurisdição.

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Artigo XIX

Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a

liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir

informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

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Anexo B

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