Fala Sobre as Aborgagens

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    A influncia das idiaspedaggicas

    nas abordagens da EducaoFsica

    *Especialista em Educao e Reeducao Psicomotora, pela UERJ

    Professor de Educao Fsica do Estado do Rio de Janeiro eMunicpio de Itabora, formado pela UFRRJ.

    **Mestrando do curso de Epidemiologia em Sade Pblica.sub-rea: mtodos quantitativos em epidemiolog ia pela

    Escola Nacional de Sade Pblica Srgio Arouca ENSP/FIOCRUZ.Professor de Educao F sica formado pela UFRRJ.

    *** Or ientadora. Doutora em C incias Sociais: Desenvolvimento, Agriculturae Sociedade

    pela Universidade Federal Rural do Rio de JaneiroProfessora do curso de Licenciatura em Educao F sica da UFRRJ

    Jeimis Nogueira de [email protected]

    Srgio Henrique Almeida da Silva

    [email protected]

    Ndia Maria Pereira de Souza(Brasil)

    Resumo Este artigo tem como objetivo investigar as princ ipais tendncias pedaggicas da educao brasileira juntamente com asabordagens da Educao Fsica, procurando identificar quais foram as possveis influncias dessas correntes pedaggicas nasabordagens da Educao F sica. Unitermos: Histria. Educao Fsica. Pedagogia. Educao.

    http://www.efdeportes.com/Rev ista Digital - Buenos Aires - Ao 13 - N 123 - Agosto de 2008

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    Introduo

    A educao existe desde os tempos primitivos, onde existem indcios de formas elementares deinstruo e aprendizagem. De acordo com Libneo (1994) na chamada antiguidade clssica (gregose romanos) e no perodo medieval tambm se desenvolveu formas de aes pedaggicas, em

    escolas, mosteiros, igrejas, universidades. A formao da teoria didtica para investigar as ligaes entre ensino e aprendizagem e suas leisocorre no sculo XVII, quando Joo Ams Comnio (1592 1670), um pastor protestante, escreve aprimeira obra clssica sobre didtica, a didtica magna. Ele foi o primeiro educador a formular aidia da difuso dos conhecimentos a todos e criar princpios e regras de ensino. (LIBNEO, 1994).

    Tem-se relato que a Educao Fsica tambm aparece em tempos primitivos, segundo Oliveira(1983) todas as atividades humanas durante o perodo que se convencionou denominar pr-histricodependem do movimento, do ato fsico. Ao analisar a cultura primitiva em qualquer das suasdimenses (econmicas, polticas e sociais), vemos, desde logo, a importncia das atividades fsicas

    para os nossos irmos das cavernas.

    Este artigo teve o objetivo de analisar as tendncias pedaggicas da educao brasileira e asabordagens da educao fsica e as relaes que existem entre elas.

    Um pouco da histria da Educao e da Educao Fsica

    A Educao Fsica teve grande influncia dos modelos europeus e j no sculo XVIII teve-se apreocupao de sua incluso nos currculos escolares com Guths Muths (1712 1838), J. B Basedow(1723 1790), J. J Rousseau (1712 1778) e Pestalozzi (1746 1827).

    Rousseau no acreditava que a educao tivesse como objetivo principal instruir, reprimir oumodelar o ser humano. Emlio Rousseau, afirma que, ao final ele no seria um soldado, umsacerdote, nem um magistrado: seria antes de tudo um homem. Ele deu destaque educao comoelemento da Educao Fsica (Oliveira, 1983).

    http://www.efdeportes.com/mailto:[email protected]:[email protected]://www.efdeportes.com/mailto:[email protected]:[email protected]
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    Rousseau o percussor da escola nova que se inicia no sculo XIX e que ser tratada com maisdetalhe nos prximos captulos.

    A Educao Fsica sofreu grande influncia do renascimento, a corrente alem representou umnotvel impulso pedaggico aos exerccios fsicos, atravs dos ideais da educao helnica. SegundoOliveira (2006), por influncia de Rousseau, a ginstica passou a ser includa entre os deveres davida humana, e sob este aspecto, muito lembrava os princpios da educao grega.

    De acordo com Gadotti (1999), o sculo XVIII poltico-pedaggico por excelncia. As camadaspopulares reivindicam ostensivamente mais saber e educao pblica. Pela primeira vez um Estadoinstitui a obrigatoriedade escolar (PRSSIA, 1917).

    A Educao Fsica sofreu grande influncia do modelo higienista, onde, no desenvolvimento docontedo escolar, o mdico e mais especificamente o mdico higienista, tem um papel destacado.Esse conhecimento orientou a funo da Educao Fsica na escola para o desenvolvimento daaptido fsica dos alunos.

    Segundo o Coletivo de Autores (1992), no Brasil, especificamente nas quatro primeiras dcadasdo sculo XX, foi marcante no sistema educacional a influncia dos Mtodos Ginsticos e daInstituio Militar. Ressalta-se que o auge da militarizao da escola corresponde execuo doprojeto de sociedade idealizado pela ditadura do Estado Novo.

    Na forma de associaes livres, essas Escolas de Ginsticas difundem-se para outros pases daEuropa e da Amrica e pressionam a incluso da ginstica, considerada como Educao Fsica, noensino formal de todos os pases que j dispunham daquela forma de difuso do saber, ou seja,sistemas nacionais de ensino e escolas. (Coletivo de Autores, 1992).

    Quanto questo do mtodo, inseriu-se a ABE (Associao Brasileira de Educao), no corpo deum debate, acirrado por um anteprojeto de lei, originrio do ministrio de guerra no ano de 1929,

    que alm de determinar a prtica da Educao Fsica para todos os residentes no Brasil, definindocarter obrigatrio em estabelecimento de ensino, a partir dos seis anos de idade, criar o conselhosuperior de Educao Fsica com sede no ministrio da guerra, o qual exercer a funo decentralizar, coordenar e fiscalizar todas as atividades referentes aos deportes e a Educao Fsicano pas deliberava que enquanto no fosse criado o mtodo nacional de Educao Fsica ficariaadotado em todo territrio brasileiro, o denominado mtodo francs (CASTELANI FILHO, 1988).

    Nas dcadas de 70 e 80 surgem os primeiros movimentos de ruptura com o modelo vigente ataquele momento. O retorno dos primeiros profissionais titulados nos principais centros de pesquisado mundo e a abertura de programas de mestrado na rea contriburam para esse movimento.

    As tendncias pedagogias

    As idias pedaggicas de Comnio, Rousseau, Pestalozzi e Hebart, entre outros, foram a base dopensamento pedaggico europeu, propagando-se para todo o mundo, essas concepes sodetalhadas abaixo em teorias liberais no-crticas e teorias crticas da educao.

    Pedagogias liberais

    A pedagogia tradicional

    A constituio dos "sistemas nacionais de ensino" tem incio no sculo XIX. Suaorganizao inspirou-se no princpio de que a educao direito de todos e dever doEstado.

    De acordo com Saviani (1987), a escola surge como um antdoto ignorncia, logo,

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    um instrumento para equacionar o problema da marginalidade.

    Em suas vrias correntes, caracteriza as concepes de educao onde preponderaa ao de agentes externos na formao do aluno, o primado do objeto deconhecimento, a transmisso do saber constitudo na tradio e nas grandes verdadesacumuladas pela humanidade e uma concepo de ensino como impresso deimagens propiciadas, ora pela palavra do professor, ora pela observao sensorial.(LIBNEO, op cit).

    A atuao da escola consiste na preparao intelectual e moral dos alunos paraassumir sua posio na sociedade. O compromisso da escola com a cultura, osproblemas sociais pertencem sociedade.

    Os mtodos dessa tendncia baseiam-se na exposio verbal da matria e/oudemonstrao. A nfase nos exerccios, na repetio de conceitos ou frmulas namemorizao visa disciplinar a mente e formar hbitos. Predomina a autoridade doprofessor que exige atitude receptiva dos alunos e impede qualquer comunicaoentre eles no decorrer da aula. O professor transmite o contedo na forma de

    verdade a ser absorvida; em conseqncia, a disciplina imposta o meio mais eficazpara assegurar a ateno e o silncio.

    A avaliao se d por verificaes de curto prazo (interrogatrios orais, exercciode casa) e de prazo mais longo (provas escritas, trabalhos de casa). O esforo , emgeral, negativo (punio, notas baixas, apelos aos pais); s vezes, positivo(emulao, classificaes).

    Pedagogia renovada

    Essa tendncia inclui vrias correntes: a progressivista (que se baseia na teoria educacional de

    John Dewey), a no-diretiva (inspirada em Carl Rogers), a ativista-espiritualista (de orientaocatlica), a culturalista, a piagetiana, a montessoriana entre outras.

    Todas essas surgem em contraposio Pedagogia Tradicional e est diretamente ligada aomovimento de pedagogia ativa.

    A Pedagogia Nova (Progressivista)

    A Pedagogia Nova agrupa correntes que advogam a renovao escolar, opondo-se pedagogia tradicional. Esta teoria mantinha a crena que a escola tinha a funo deequalizao social. Este movimento era inspirado nas idias de Rousseau, e recebeudiversas denominaes, como escola nova, educao nova, pedagogia ativa, escolatrabalho.

    As caractersticas desse movimento destacam-se: a valorizao da criana, sujeitoda sua aprendizagem e agente de seu prprio desenvolvimento: tratamento cientficodo processo educacional, considerando o desenvolvimento biolgico e psicolgico;respeito s capacidades e aptides individuais, individualizao do ensino conforme osritmos prprios de aprendizagem; rejeio de modelos adultos em favor da atividadee da liberdade de expresso da criana.

    Segundo Saviani (1987) o iderio escolanovista, tendo sido amplamente difundido,penetrou nas cabeas dos educadores acabando por gerar conseqncias tambmnas amplas redes escolares oficiais organizadas na forma tradicional. Cumpreassinalar que tais conseqncias foram mais negativas que positivas uma vez que,provocando o afrouxamento da disciplina e a despreocupao com a transmisso de

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    conhecimentos, acabou por rebaixar o nvel do ensino destinado s camadaspopulares as quais muito freqentemente tm na escola o nico meio de acesso aoconhecimento elaborado. Em contrapartida, a "Escola Nova" aprimorou a qualidade doensino destinado s elites.

    Para funcionar de acordo com a concepo acima, a organizao escolar, teria quepassar por uma reformulao. O professor deveria agir como um estimulador eorientador da aprendizagem cuja iniciativa caberia aos prprios alunos. Para tanto,

    cada professor teria de trabalhar com pequenos grupos de alunos, sem o que arelao inter-pessoal, essncia da atividade educativa, ficaria dificultada; e numambiente estimulante, portanto, dotado de materiais didtico ricos, biblioteca declasse, entre outros.

    Dentro do movimento escolanovista, desenvolveu-se nos Estados Unidos uma desuas mais destacadas correntes, a Pedagogia Pragmtica Progressivista, cujo principalrepresentante John Dewey (1859-1952). As idias desse educador exerceram umasignificativa influncia no movimento da Escola Nova na Amrica Latina e,particularmente, no Brasil. Com a liderana de Ansio Teixeira e outros educadores, no

    incio da dcada de 30 o Movimento dos Pioneiros da Escola Nova, cuja atuao foidecisiva na formulao da poltica educacional, na investigao acadmica e na prticaescolar. (LIBNEO, op cit).

    De acordo com Darido (2003), aps as grandes guerras, o modelo americano daescola nova fixou razes, notadamente no discurso da educao e especificamente daEducao Fsica, influenciado por Dewey em oposio escola tradicional.

    Quando faz referncias a este perodo da histria da Educao Fsica, Ghiraldelli Jr.(1988) lembra que, apesar da adoo da concepo pedagogicista, no houve o

    abandono na prtica de uma Educao Fsica comprometida com uma organizaodidtica ainda sobre parmetros militaristas. Contudo, a proposta escolanovistaexplicita formas de pensamento que, aos poucos, alteram a prtica da Educao Fsicae a postura do professor.

    A Pedagogia Tecnicista

    A partir do pressuposto da neutralidade cientfica e inspirada nos princpios deracionalidade, eficincia e produtividade, essa pedagogia advoga a reordenao doprocesso educativo de maneira a torn-lo objetivo e operacional. Nessas condies, otrabalhador ocupa seu posto na linha de montagem e executa determinada parcela do

    trabalho necessrio para produzir determinados objetos. O produto , pois, umadecorrncia da forma como organizado o processo.

    A partir dessa teoria tem-se a proliferao de propostas pedaggicas tais como oenfoque sistmico, o micro-ensino, o tele-ensino, a instruo programada, asmquinas de ensinar entre outros.

    Na pedagogia tecnicista, o elemento principal passa a ser a organizao racionaldos meios, ocupando professor e aluno posio secundria, relegados que so condio de executores de um processo cuja concepo, planejamento, coordenao

    e controle ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados, neutros, objetivos,imparciais. A organizao do processo converte-se na garantia da eficincia,compensando e corrigindo as deficincias do professor e maximizando os efeitos desua interveno.

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    A funo primordial da escola, nesse modelo, transmitir conhecimentosdisciplinares para a formao geral do aluno, formao esta que o levar, ao inserir-se futuramente na sociedade, a optar por uma profisso valorizada.

    Nesta tendncia pedaggica, as aes de ensino esto centradas na exposio dosconhecimentos pelo professor. O professor assume funes como vigiar e aconselharos alunos, corrigir e ensinar a matria. visto como a autoridade mxima, umorganizador dos contedos e estratgias de ensino e, portanto, o nico responsvel e

    condutor do processo educativo.

    H predominncia da exposio oral dos contedos, seguindo uma seqnciapredeterminada e fixa, independentemente do contexto escolar; enfatiza-se anecessidade de exerccios repetidos para garantir a memorizao dos contedos. Oscontedos e procedimentos didticos no esto relacionados ao cotidiano do aluno emuito menos s realidades sociais. Na relao professor-aluno, prevalece aautoridade.

    Pedagogias progressistas

    Pedagogia Libertadora

    Na pedagogia libertadora no se fala em ensino escolar, j que sua marca aatuao "no-formal".

    Assim, quando se fala na educao em geral, diz-se que ela uma atividade ondeprofessores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual extraemo contedo de aprendizagem, atingem um nvel de conscincia dessa mesmarealidade, a fim de nela atuarem, num sentido de transformao social.

    Tanto a educao tradicional, denominada "bancria" - que visa apenas depositarinformaes sobre o aluno -, quanto educao renovada - que pretenderia umalibertao psicolgica individual - so domesticadoras, pois em nada contribuem paradesvelar a realidade social de opresso. A educao libertadora, ao contrrio,questiona concretamente a realidade das relaes do homem com a natureza e comos outros homens, visando a uma transformao - da ser uma educao crtica.(LUCKESI, 1994).

    Os contedos de ensino so denominados "temas geradores" e so extrados daproblematizao da prtica de vida dos educandos. O importante no a transmisso

    de contedos especficos, mas despertar uma nova forma da relao com aexperincia vivida. A transmisso de contedos estruturados a partir de fora considerada como "invaso cultural" ou "depsito de informao", porque no emergedo saber popular.

    De acordo com Luckesi (1994), em nenhum momento o inspirador e mentor dapedagogia libertadora, Paulo Freire, deixa de mencionar o carter essencialmentepoltico de sua pedagogia, o que, segundo suas prprias palavras, impedem que elaseja posta em prtica em termos sistemticos, nas instituies oficiais, antes datransformao da sociedade. Da porque sua atuao se d mais em nvel da

    educao extra-escolar. A prpria designao de "educao problematizadora" como correlata de educaolibertadora revela a fora motivadora da aprendizagem. A motivao se d a partir dacodificao de uma situao-problema, da qual se toma distncia para analis-la

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    criticamente. Esta anlise envolve o exerccio da abstrao, atravs da qual se procuraalcanar, por meio de representaes da realidade concreta, a razo de ser dos fatos.

    Aprender um ato de conhecimento da realidade concreta, isto , da situao realvivida pelo educando, e s tem sentido se resulta de uma aproximao crtica dessarealidade. O que aprendido no decorre de uma imposio ou memorizao, mas donvel crtico de conhecimento, ao qual se chega pelo processo de compreenso,reflexo e crtica. O que o educando transfere, em termos de conhecimento, o que

    foi incorporado como resposta s situaes de opresso ou seja, seu engajamentona militncia poltica.

    A Pedagogia Cultural

    A pedagogia cultural pouco estudada e conhecida dentro do meio cientficobrasileiro ela faz parte da corrente da Pedagogia Renovada e no tem nenhum vnculocom a pedagogia da Escola Nova.

    Segundo Libneo (1994), sua caracterstica principal focalizar a educao comofato da cultura, atribuindo ao trabalho docente tarefa de dirigir e encaminhar aformao do educando pela apropriao de valores culturais.

    A pedagogia cultural tem sua base terica na pedagogia cientfico-espiritualdesenvolvida por Guilherme Dilthey e seguidores como Theodor Litt, Eduard Sprangere Hermann Nohl. Tendo-se firmado na Alemanha como uma slida correntepedaggica, alm da Alemanha ela difundiu-se em outros pases da Europa, e dapara Amrica Latina, influenciando autores como: Lorenzo Luzuriaga, FranciscoLarroyo, J. Roura-Parella, Ricardo Nassif e, no Brasil essa pedagogia foi influenciadapelos autores, Luis Alves de Mattos e Onofre de Arruda Penteado Junior.

    Esses autores se preocupam em superar as oposies entre a cultura subjetiva e acultura objetiva, entre o individual e o social, entre o psicolgico e o cultural. De umlado, concebem a educao como atividade do prprio sujeito, a partir de umatendncia interna de desenvolvimento espiritual; de outro, consideram que osindivduos vivem num mundo scio-cultural, produto do prprio desenvolvimentohistrico da sociedade. A educao seria, assim, um processo de subjetivao dacultura, tendo em vista a formao da vida interior, a edificao da personalidade. Apedagogia da cultura quer unir as condies externas da vida real, isto , o mundoobjetivo da cultura, liberdade individual, cuja fonte a espiritualidade, a vida interior(LIBNEO, op cit).

    Pedagogia Crtico-Social dos Contedos

    Essa pedagogia surge no final dos anos 70 e incio dos 80 e se pe como umareao de alguns educadores que no aceitam a pouca relevncia que a "pedagogialibertadora" d ao aprendizado do chamado "saber elaborado", historicamenteacumulado, e que constitui parte do acervo cultural da humanidade.

    A pedagogia crtico-social dos contedos assegura a funo social e poltica daescola atravs do trabalho com conhecimentos sistematizados, a fim de colocar as

    classes populares em condies de uma efetiva participao nas lutas sociais.(BRASIL, 1998).

    Entende que no basta ter como contedo escolar as questes sociais atuais, masque necessrio que se tenha domnio de conhecimentos, habilidades e capacidades

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    mais amplas para que os alunos possam interpretar suas experincias de vida edefender seus interesses de classe.

    A tendncia da pedagogia crtico-social dos contedos prope uma sntesesuperadora das pedagogias tradicional e renovada, valorizando a ao pedaggicaenquanto inserida na prtica social concreta (LIBNEO, 1990). Esta valorizaoconsiste na preparao do educando para o mundo adulto, por meio da aquisio decontedos culturais universais, mas reavaliados frente s realidades sociais. Essa

    maneira de apreender os contedos, que esto ligados realidade, passa daexperincia imediata e desorganizada para o conhecimento sistematizado, permitindoao educando elementos de anlise crtica que o ajude a romper com a ideologiadominante.

    Para que esta ruptura se d, vai-se da ao compreenso e da compreenso ao, at a sntese. O professor o mediador e o aluno participa na busca da verdadecom sua experincia, relacionando-a ao contedo estudado. Aprender, nestaperspectiva, ser capaz de processar informaes e trabalhar com estmulosadvindos do ambiente. A transferncia da aprendizagem se d a partir do momento

    que o aluno supera sua viso parcial e confusa e adquire uma viso mais clara eunificada. A educao na pedagogia dos contedos visa promover a transformaodas relaes de produo, onde o educador deve possuir competncia tcnica paraministrar contedos de sua matria, e poltica, capaz de compreender a relao desua prxis com a prtica social global.

    A difuso de contedos a tarefa primordial. No contedos abstratos, mas vivos,concretos e, portanto, indissociveis das realidades sociais. A valorizao da escolacomo instrumento de apropriao do saber o melhor servio que se presta aosinteresses populares, j que a prpria escola pode contribuir para eliminar a

    seletividade social e torn-la democrtica. Se a escola parte integrante do todosocial, agir dentro dela tambm agir no rumo da transformao da sociedade. Se oque define uma pedagogia crtica a conscincia de seus condicionantes histrico-sociais, a funo da pedagogia "dos contedos" dar um passo frente no papeltransformador da escola, mas a partir das condies existentes. Assim, a condiopara que a escola sirva aos interesses populares garantir a todos um bom ensino,isto , a apropriao dos contedos escolares bsicos que tenham ressonncia na vidados alunos. Entendida nesse sentido, a educao "uma atividade mediadora no seioda prtica social global", ou seja, uma das mediaes pela qual o aluno, pelainterveno do professor pr sua prpria participao ativa, passa de uma

    experincia inicialmente confusa e fragmentada (sincrtica) a uma viso sinttica,mais organizada e unificada. Em sntese, a atuao da escola consiste na preparaodo aluno para o mundo adulto e suas contradies, fornecendo-lhe um instrumental,por meio da aquisio de contedos e da socializao, para uma participaoorganizada e ativa na democratizao da sociedade.

    Os contedos so culturais universais que se constituram em domnios deconhecimento relativamente autnomos, incorporados pela humanidade, maspermanentemente reavaliados face s realidades sociais. Embora se aceite que oscontedos so realidades exteriores ao aluno, que devem ser assimilados e no

    simplesmente reinventados, eles no so fechados e refratrios s realidades sociais.No basta que os contedos sejam apenas ensinados, ainda que bem ensinados; preciso que se liguem, de forma indissocivel, sua significao humana e social.

    Essa maneira de conceber os contedos do saber no estabelece oposio entre

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    cultura erudita e cultura popular, ou espontnea, mas uma relao de continuidadeem que, progressivamente, passa-se da experincia imediata e desorganizada aoconhecimento sistematizado. No que a primeira apreenso da realidade seja errada,mas necessria a ascenso a uma forma de elaborao superior, conseguida peloprprio educando, com a interveno do educador.

    A questo dos mtodos se subordina a dos contedos: se o objetivo privilegiar aaquisio do saber, e de um saber vinculado s realidades sociais, preciso que os

    mtodos favoream a correspondncia dos contedos com os interesses doseducandos, e que estes possam reconhecer nos contedos o auxlio ao seu esforo decompreenso da realidade (prtica social). Assim, nem se trata dos mtodosdogmticos de transmisso do saber da pedagogia tradicional, nem da suasubstituio pela descoberta, investigao ou livre expresso das opinies, como se osaber pudesse ser inventado pela criana, na concepo da pedagogia renovada.

    Os mtodos de uma pedagogia crtico-social dos contedos no partem, ento, deum saber artificial, depositado a partir de fora, nem do saber espontneo, mas deuma relao direta com a experincia do aluno, confrontada com o saber trazido de

    fora. O trabalho docente relaciona prtica vivida pelos educandos com os contedospropostos pelo educador, momento em que se dar a "ruptura" em relao experincia pouco elaborada. Tal ruptura apenas possvel com a introduoexplcita, pelo professor, dos elementos novos de anlise a serem aplicadoscriticamente prtica do educando. Em outras palavras, uma aula comea pelaconstatao da prtica real, havendo, em seguida, a conscincia dessa prtica nosentido de referi-la aos termos do contedo proposto, na forma de um confronto entrea experincia e a explicao do professor. Vale dizer: vai-se da ao compreenso eda compreenso ao, at a sntese, o que no outra coisa seno a unidade entrea teoria e a prtica.

    As abordagens pedaggicas da Educao Fsica escolar

    O modelo esportivista muito criticado pelos meios acadmicos, principalmente a partir dadcada de 80, embora esta concepo esteja presente na sociedade de maneira quase hegemnica. nesse momento que a Educao Fsica passa por um perodo de valorizao dos conhecimentosEm oposio vertente mais tecnicista, esportivista e biologista surgem novos movimentos naEducao Fsica escolar a partir, especialmente, do final da dcada de 70, inspirados no novomomento histrico social que passou o pas, a educao de uma maneira geral e a Educao Fsicaespecificamente (DARIDO, op cit).

    Abordagem Desenvolvimentista

    As idias pedaggicas da abordagem desenvolvimentista so explicitadas no Brasil,nos trabalhos de Go Tani e colaboradores (1988) e Manoel (1994). A obra maisexpressiva dessa idia pedaggica o livro: Educao Fsica Escolar: Fundamentospara uma abordagem desenvolvimentista (Tani e colaboradores, 1988).

    Para Tani e colaboradores (1998), a proposta uma abordagem dirigidaespecificamente para crianas de quatro a quatorze anos que busca nos processos deaprendizagem e desenvolvimento uma fundamentao para a Educao Fsica Escolar.

    Segundo eles uma tentativa de caracterizar a progresso normal do crescimentofsico, do desenvolvimento fisiolgico, motor, cognitivo e afetivo-social, naaprendizagem motora e, em funo destas caractersticas, sugerir aspectos ouelementos relevantes para a estruturao da Educao Fsica Escolar.

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    Os autores desta abordagem defendem a idia de que o movimento o principalmeio e fim da Educao Fsica, propugnando a especificidade do seu objeto. Suafuno no desenvolver capacidades que auxiliem a alfabetizao e o pensamentolgico-matemtico, embora tal possa ocorrer como um subproduto da prtica motora.(DARIDO, op cit).

    A proposta dos defensores dessa abordagem no buscar na Educao Fsicasoluo para os problemas sociais do pas, a aula de Educao Fsica deve privilegiar

    a aprendizagem do movimento, embora possam ocorrer outras aprendizagens emdecorrncia da prtica das habilidades motoras.

    Segunda Darido (2003), Para a abordagem desenvolvimentista, a Educao Fsicadeve proporcionar ao aluno condies para que seu comportamento motor sejadesenvolvido atravs da interao entre o aumento da diversificao e a complexidadedos movimentos. Assim, o principal objetivo da Educao Fsica oferecerexperincias de movimento adequadas ao seu nvel de crescimento edesenvolvimento, a fim de que a aprendizagem das habilidades motoras sejaalcanada. A criana deve aprender a se movimentar para adaptar-se s demandas e

    exigncias do cotidiano em termos de desafios motores.

    A opo dos autores suposio que para a Educao Fsica atender as reaisnecessidades e expectativas das crianas, ela precisa compreender aspectos docrescimento, do desenvolvimento e da aprendizagem. Dessa forma, os autoresdefinem como objetivo inicial para a Educao Fsica Escolar a aquisio posterior dashabilidades motoras bsicas, a fim de que seja facilitada a ela a aquisio posteriordas habilidades consideradas complexas (DAOLIO, 2002).

    Uma das limitaes desta abordagem refere-se a pouca importncia, ou a uma

    limitada discusso, sobre a influncia do contexto scio-cultural que est por trs daaquisio das habilidades motoras. A questo que se coloca a seguinte: ser quetodas as habilidades apresentam o mesmo nvel de complexidade? (DARIDO, op. cit.)

    Abordagem Construtivista-Interacionista

    No Brasil e mais especificamente, no Estado de So Paulo, a propostaconstrutivista-interacionista vem ganhando espao. apresentada principalmente naspropostas de Educao Fsica da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedaggicas(CENP), que tem como colaborador o professor Joo Batista Freire. Seu livro Educaode Corpo Inteiro, publicado em 1989, teve papel determinante na divulgao das

    idias construtivistas da Educao Fsica. Esta abordagem tem-se infiltrado no interiorda escola e o seu discurso est presente nos diferentes segmentos do contextoescolar. A proposta denominada interacionista-construtivista apresentada como umaopo metodolgica, em oposio s linhas anteriores da Educao Fsica na escola,especificamente proposta mecanicista, caracterizada pela busca do desempenhomximo de padres de comportamento sem considerar as diferenas individuais, semlevar em conta as experincias vividas pelos alunos, com o objetivo de selecionar osmais habilidosos para competies e esporte de alto nvel (DARIDO, 2003).

    Resende (1995) considera os trabalhos de Joo Batista Freire como vertentes da

    pedagogia humanista, relacionando as proposies do autor com a crtica cientificizao do mundo e exacerbao racionalista da educao e da EducaoFsica. Bracht (1999) entende que a obra de Freire se constitui em variante daabordagem desenvolvimentista, cuja base terica seria oriunda da psicologia da

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    aprendizagem e do desenvolvimento. A discusso de Go Tani daria nfase aodesenvolvimento motor e a de Freire ao desenvolvimento cognitivo.

    Joo Batista Freire declara a diferena de sua proposta em relao abordagemdesenvolvimentista afirmando no ser partidrio de linhas da Educao Fsica que seidentificam com a aprendizagem motora. Tambm afirma que no acredita naexistncia de padres de movimento - termo utilizado pela abordagemdesenvolvimentista -, pois as diferenas sociais, tnicas e culturais das diversas

    populaes do mundo tornariam impossvel qualquer padronizao. Prefere autilizao da expresso "esquemas motores", de origem piagetiana, que seriam,segundo o autor,

    [...] organizaes de movimentos construdos pelos sujeitos, em cada

    situao, construes essas que dependem, tanto dos recursos

    biolgicos e psicolgicos de cada pessoa, quanto das condies do meio

    ambiente em que ela vive [FREIRE, 1989, p. 22].

    Segundo Daolio (2004), Joo Baptista Freire insiste que a Educao Fsica deve ser

    valorizada na dinmica escolar, no devendo servir como complementar ou auxiliar soutras disciplinas. Segundo ele, o objetivo da rea seria promover atividades quepudessem auxiliar ou facilitar o desenvolvimento da criana, tanto em sua vidaescolar, como em toda sua vida aps a escola.

    Alm de procurar valorizar as experincias dos alunos e a sua cultura, a propostaconstrutivista tambm tem o mrito de propor uma alternativa aos mtodos diretivos,to impregnados na prtica da Educao Fsica. O aluno constri o seu conhecimentoa partir da interao com o meio, resolvendo problemas (DARIDO, op cit).

    Na proposta construtivista o jogo, enquanto contedo/estratgia tem papelprivilegiado. considerado o principal modo de ensinar, um instrumentopedaggico, um meio de ensino, pois enquanto joga ou brinca a criana aprende.Sendo que este aprender deve

    ocorrer em um ambiente ldico e prazeroso para a criana. Afirma

    Freire que a criana especialista em brinquedo. Por isso, o autor

    prope uma educao de corpo inteiro, ttulo de seu livro, educao

    esta, que pressupe corpo e mente indissociados, valorizando

    sobremaneira a prtica de Educao Fsica (DARIDO, op cit).

    As propostas de avaliao caminham no sentido do uso da avaliao no-punitiva,vinculada ao processo, e com nfase no processo de auto-avaliao.

    Abordagem Critico-superadora

    A abordagem crtico-superadora tem como defensores os professores: CarmenLcia Soares, Celi Nelza Zlke Taffarel, Elizabeth Varjal, Lino Castellani Filho, MicheliOrtega Escobar e Valter Bracht, tambm conhecido como Coletivo de Autores. Otrabalho mais importante dessa obra foi o livro Metodologia do Ensino da EducaoFsica,publicado em 1992.

    Outras obras tambm foram publicas como, Educao Fsica Cuida do Corpo...Mente (Medina, 1983), Prtica da Educao Fsica no Primeiro Grau: Modelo deReproduo ou Perspectiva de Transformao? (Costa, 1984), Educao FsicaProgressista: a Pedagogia Crtico-Social dos Contedos e a Educao Fsica Brasileira

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    (Guiraldelli Jr., 1988) e Educao Fsica e Aprendizagem Social (Bracht, 1992).

    Esta pedagogia levanta questes de poder, interesse, esforo e contestao.Acredita que qualquer considerao sobre a pedagogia mais apropriada deve versarno somente sobre questes de como ensinar, mas tambm sobre como adquirimosesses conhecimentos, valorizando a questo da contextualizao dos fatos e doresgate histrico. Esta percepo fundamental na medida em que possibilitaria acompreenso, por parte do aluno, de que a produo da humanidade expressa uma

    determinada fase e que houve mudanas ao longo do tempo (COLETIVO DEAUTORES, 1992).

    Deve, tambm, evitar o ensino por etapas e adotar a simultaneidade natransmisso dos contedos, ou seja, os mesmos contedos devem ser trabalhados demaneira mais aprofundada ao longo das sries, sem a viso de pr-requisitos. Naspalavras dos autores, a Educao Fsica entendida como uma disciplina que trata deum tipo de conhecimento denominado de cultura corporal, que tem como temas o

    jogo, a ginstica, o esporte e a capoeira (COLETIVO DE AUTORES, op. cit.).

    Quanto seleo de contedos para as aulas de Educao Fsica propem que seconsidere a relevncia social dos contedos, sua contemporaneidade e sua adequaos caractersticas scio-cognitivas dos alunos. Enquanto organizao do currculoressaltam que preciso fazer com que o aluno confronte os conhecimentos do sensocomum com o conhecimento cientfico, para ampliar o seu acervo de conhecimento.

    Alm disso, sugerem que os contedos selecionados para as aulas de Educao Fsicadevem propiciar a leitura da realidade do ponto de vista da classe trabalhadora(DARIDO, 2001).

    Abordagem Sistmica

    Esta concepo de Educao Fsica escolar vem sendo ainda elaborada pelostrabalhos do professor Mauro Betti, que, em seus primeiros textos e em seu clssicolivro Educao Fsica e sociedade, de 1991, onde define sua perspectiva comosistmica, utilizando para isso um modelo sociolgico. Nos textos mais recentes, oautor parece no se interessar por definir uma abordagem, embora tragacontribuies importantes para a rea.

    Betti considera a teoria de sistemas, defendida em grande medida por Bertalanffy eKoestler (citados por Betti, 1991), como um instrumento conceitual e um modo depensar a questo do currculo de Educao Fsica. Como na teoria de sistemas

    proposta por Bertalanffy, o autor trabalha com os conceitos de hierarquia, tendnciasauto-afirmativas e auto-integrativas (1991).

    Betti (1994b) entende a Educao Fsica como um sistema hierrquico aberto, umavez que os nveis superiores, como, por exemplo, as Secretarias de Educao,exercem algum controle sobre os sistemas inferiores, como, por exemplo, a direoda escola, o corpo docente e outros. um sistema hierrquico aberto porque sofreinfluncias da sociedade como um todo e ao mesmo tempo a influncia.

    Para a abordagem sistmica existe a preocupao de garantir a especificidade, na

    medida em que considera o binmio corpo/movimento como meio e fim da EducaoFsica Escolar. O alcance da especificidade se d atravs da finalidade da EducaoFsica na escola, que , segundo Betti (1992), "integrar e introduzir o aluno de 1. e2. graus no mundo da cultura fsica, formando o cidado que vai usufruir, partilhar,produzir, reproduzir e transformar as formas culturais da atividade fsica (o jogo, o

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    esporte, a dana, a ginstica...)" (p.285).

    O autor utiliza o termo vivncias do esporte, jogo, dana, ginstica, e pretendeenfatizar a importncia da experimentao dos movimentos em situao prtica, almdo conhecimento cognitivo e da experincia afetiva advindos da prtica de movimentos(DARIDO, op. cit.).

    Alguns princpios derivados desta abordagem foram apresentados por Betti (1991).

    O mais importante denominado princpio da no-excluso, segundo o qual nenhumaatividade pode excluir qualquer aluno das aulas da Educao Fsica. Este princpiotenta garantir o acesso de todos os alunos s atividades da Educao Fsica. Oprincpio da diversidade prope que a Educao Fsica na escola proporcioneatividades diferenciadas e no privilegie apenas um tipo, por exemplo, futebol oubasquete. Alm disso, pretende que a Educao Fsica escolar no trabalhe apenascom um tipo de contedo esportivo. Garantir a diversidade como um princpio proporcionar vivncias nas atividades esportivas, atividades rtmicas e expressivasvinculadas dana e atividades da ginstica. A importncia da aprendizagem decontedos diversos est vinculada ao uso do tempo livre de lazer, oportunizando o

    alcance da cidadania (idem).

    Abordagem Critico-Emancipatria

    A abordagem crtico-emancipatria tem como o seu defensor o professor ElenorKunz que publicou os livros:Educao Fsica: Ensino &mudanas (1991),Transformao Didtico-pedaggica do Esporte (1994). Essaabordagem considera a Educao Fsica como parte de um sistema maior, scio-educacional e scio-poltico-econmico.

    Para o autor, o ensino na concepo crtico-emancipatria deve ser um ensino delibertao de falsas iluses, de falsos interesses e desejos, criados e construdos nosalunos pela viso de mundo que apresentam a partir do conhecimento. O ensinoescolar necessita, desta forma, basear-se numa concepo crtica, pois peloquestionamento crtico que chega a compreender a estrutura autoritria dosprocessos institucionalizados da sociedade que formam as convices, interesses edesejos (DARIDO, op cit).

    De acordo com Daolio (2002), o autor aprofunda discusses sobre o movimentohumano, criticando a viso que o considera apenas como fenmeno fsico que podeser reconhecido e esclarecido de forma muito simples e objetiva, independente do

    prprio ser humano que o realiza. Segundo ele, essas anlises que tratam omovimento como acontecimento espao-temporal no do conta da complexidade queenvolve o ser humano em movimento, sendo necessria uma anlise integral.

    Segundo Darido (2003), do ponto de vista das orientaes didticas, o papel doprofessor na concepo crtico-emancipatria confronta, num primeiro momento, oaluno com a realidade do ensino, o que o autor denominou de transcendncia delimites. Concretamente a forma de ensinar pela transparncia de limites pressupetrs fases. Na primeira os alunos descobrem, pela prpria experincia manipulativa,as formas e meios para uma participao bem-sucedida em atividades de movimentos

    e jogos. Devem tambm manifestar, pela linguagem ou representao cnica, o queexperimentaram e o que aprenderam numa forma de exposio, e por ltimo, osalunos devem aprender a perguntar e questionar sobre suas aprendizagens edescobertas, com a finalidade de entender o significado cultural da aprendizagem.

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    Abordagem Cultural

    A abordagem cultural proposta por Jocimar Daolio com a publicao do livro: Dacultura do corpo (1995), ele buscou em sua obra uma perspectiva antropolgica, umcontraponto nfase biolgica. Jocimar Daolio apia seus estudos na Antropologia deClinford Geertz e Marcel Mauss.

    Segundo Daolio (2004), "cultura" o principal conceito para a Educao Fsica,

    porque todas as manifestaes corporais humanas so geradas na dinmica cultural,desde os primrdios da evoluo at hoje, expressando-se diversificadamente e comsignificados prprios no contexto de grupos culturais especficos. O profissional deEducao Fsica no atua sobre o corpo ou com o movimento em si, no trabalha como esporte em si, no lida com a ginstica em si. Ele trata do ser humano nas suasmanifestaes culturais relacionadas ao corpo e ao movimento humano,historicamente definido como jogo, esporte, dana, luta e ginstica. O que ir definirse uma ao corporal digna de trato pedaggico pela Educao Fsica a prpriaconsiderao e anlise desta expresso na dinmica cultural especfica do contextoonde se realiza.

    O autor afirma ainda que: somente a partir da dcada de 1980, com o incrementodo debate acadmico na Educao Fsica, o predomnio biolgico passou a serquestionado, realando a questo sociocultural na Educao Fsica. Os profissionaisformados at essa poca - e, infelizmente, ainda hoje, em alguns cursos - notiveram acesso discusso da rea e dos seus temas nas dimenses socioculturais. Ocorpo era somente visto como conjunto de ossos e msculos e no expresso dacultura; o esporte era apenas passa-tempo ou atividade que visava ao rendimentoatltico e no fenmeno poltico; a Educao Fsica era vista como reaexclusivamente biolgica e no como uma rea que pode ser explicada pelas cincias

    humanas. (DAOLIO, 1995, p. 9)

    Abordagem dos jogos cooperativos

    As idias pedaggicas dos jogos cooperativos tm como defensor o professor FbioBrotto que se baseia nos estudos antropolgicos de Margaret Mead. Brotto publica em1995 o livro intitulado: Jogos Cooperativos - Se o importante competir, ofundamental e cooperar: CEPEUSP, 1995.

    O autor entende que h um condicionamento, um treinamento na escola, famlia,mdia, para fazer acreditar que as pessoas no tm escolhas e tm que aceitar a

    competio como opo natural (DARIDO, op cit).

    Brotto (1995), inspirado em Terry Orlick sugere que os jogos cooperativos sejamusados como uma fora transformadora como alternativa aos jogos competitivos, queso divertidos para todos e todos tm um sentido de vitria.

    Abordagem Psicomotricidade

    Esta concepo inaugura uma nova fase de preocupaes para o professor deEducao Fsica que extrapola os limites biolgicos e de rendimento corporal,

    passando a incluir e a valorizar o conhecimento de origem psicolgica. O autor que mais influenciou o pensamento psicomotricista no pas foi, sem dvida,o francs Jean Le Bouch, atravs da publicao de seus livros, como Educao peloMovimento, publicado em francs no ano de 1966 e no Brasil em 1981.

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    Para a construo das suas idias, Le Bouch inspirou-se em autores que j tinhamcerta penetrao, seno na Educao Fsica, em outros campos de estudos. Entreeles, podem ser citados os trabalhos de J. Ajuriaguerra, Jean Piaget, P. Vayer,H.Wallon e Winnicott.

    importante salientar que a Psicomotricidade foi e indicada no apenas para area da Educao Fsica, mas tambm para psiclogos, psiquiatras, neurologistas,reeducadores, orientadores educacionais, professores e outros profissionais que

    trabalham junto s crianas.

    A Psicomotricidade advoga por uma ao educativa que deva ocorrer a partir dosmovimentos espontneos da criana e das atitudes corporais, favorecendo a gneseda imagem do corpo, ncleo central da personalidade (LE BOUCH, 1986). A educaopsicomotora na opinio do autor refere-se formao de base indispensvel a todacriana, seja ela normal ou com problemas, e responde a uma dupla finalidade;assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta a possibilidade da crianatrabalhar a sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se atravs do intercmbio como ambiente humano.

    Para Resende (1995), a perspectiva renovadora da Psicomotricidade est naproposio de um modelo pedaggico fundamentado na interdependncia dodesenvolvimento motor, cognitivo e afetivo dos indivduos, bem como na tentativa de

    justific-la como um componente curricular imprescindvel formao das estruturasde base para as tarefas instrucionais da escola.

    O discurso e prtica da Educao Fsica sob a influncia da Psicomotricidade conduz necessidade do professor de Educao Fsica sentir-se um professor comresponsabilidades escolares e pedaggicas, utilizando a atividade ldica como

    impulsionadora dos processos de desenvolvimento e aprendizagem. Buscando, dessaforma, desatrelar sua atuao na escola dos pressupostos da instituio desportiva,valorizando o processo de aprendizagem e no mais a execuo de um gesto tcnicoisolado.

    Abordagem Sade Renovada

    Esta abordagem tem como autores principais Nahas e Guedes & Guedes quepassam a advogar em prol de uma Educao Fsica escolar dentro da matriz biolgica,embora no tenham se afastado das temticas da sade e da qualidade de vida(DARIDO, 2003).

    O autor busca a conscientizao da populao escolar para as pesquisas quemostram os benefcios da atividade fsica. Considera importante a adoo pedaggicados professores de assumirem um novo papel frente estrutura educacional,procurando adotar em suas aulas, no mais uma viso de exclusividade da prticadesportiva, mas, fundamentalmente, alcanarem metas em termos de promoo dasade, atravs da seleo, organizao e desenvolvimento de experincias quepossam propiciar aos educandos, no apenas situaes que os tornem crianas e

    jovens mais ativos fisicamente, mas, sobretudo, que os levem a optarem por um estilode vida ativo tambm quando adultos (Guedes & Guedes, 1993, p.4).

    Considera de fundamental importncia a promoo da prtica prazerosa deatividades para proporcionar a eles o aperfeioamento das reas funcionais deresistncia orgnica ou cardiovascular; flexibilidade; resistncia muscular e acomposio corporal como fatores coadjuvantes na busca de uma melhor qualidade

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    de vida por meio da sade. Ainda conforme Guedes & Guedes (1993), a aptido fsicarelacionada sade abriga aqueles aspectos da funo fisiolgica, que oferecemalguma proteo aos distrbios orgnicos provocados por um estilo de vidasedentrio. Considera que a conquista por melhores momentos de satisfao pessoale coletiva esteja na busca da Qualidade de Vida da populao e tambm na adaptaos condies vivenciadas, como fatores colaboradores para estes fins: a sade; olazer; os hbitos do cotidiano, o estilo de vida, hbitos alimentares.

    Nahas (1998) afirma que: no contexto das sociedades industrializadas e emdesenvolvimento, o estilo de vida e, em particular, a atividade fsica, tem, cada vezmais, representado um fator de qualidade de vida tanto quanto relacionada sadedas pessoas de todas as idades e condies scio-econmicas, estando associada maior capacidade de trabalho fsico e mental, mais entusiasmo para a vida e sensaode bem-estar, menores gastos com a sade, menores riscos de doenas crnicasdegenerativas e mortalidades precoces.

    Embora haja uma preocupao com os problemas da sociedade relacionados aobem-estar fsico e mental das pessoas, esta abordagem no pode ser classificada de

    carter progressista, porque no apresenta em sua essncia, uma proposta quebusque a superao das contradies e injustias sociais, estando atrelada stransformaes sociais, econmicas e polticas tendo em vista a superao dasdesigualdades sociais.

    Abordagem dos Parmetros Curriculares Nacionais

    O Ministrio da Educao e do Desporto, atravs da Secretaria de EnsinoFundamental, inspirado no modelo educacional espanhol, mobilizou a partir de 1994um grupo de pesquisadores e professores no sentido de elaborar os Parmetros

    Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998).

    Os elaboradores dos PCNs de quinta a oitava srie, publicados em 1998, foram osprofessores Marcelo Jabu e Caio Costa.

    De acordo com o grupo que organizou os Parmetros Curriculares Nacionais(1998), estes documentos tm como funo primordial subsidiar a elaborao ou averso curricular dos Estados e Municpios, dialogando com as propostas eexperincias j existentes, incentivando a discusso pedaggica interna s escolas e aelaborao de projetos educativos, assim como servir de material de reflexo para aprtica de professores.

    Os PCNs so compostos pelos seguintes documentos: documento introdutrio,temas transversais (Sade, Meio Ambiente, tica, Pluralidade Cultural, OrientaoSexual e Trabalho e Consumo) e documentos que abordam o tratamento a seroferecido em cada um dos diferentes componentes curriculares. (DARIDO, 2003)

    De acordo com os PCNs, eleger a cidadania como eixo norteador significa entenderque a Educao Fsica na escola responsvel pela formao de alunos que sejamcapazes de: participar de atividades corporais, adotando atitudes de respeito mtuo,dignidade e solidariedade; conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de

    manifestaes da cultura corporal; reconhecer-se como elemento integrante doambiente, adotando hbitos saudveis e relacionando-os com os efeitos sobre aprpria sade e de melhoria da sade coletiva; conhecer a diversidade de padres desade, beleza e desempenho que existem nos diferentes grupos sociais,compreendendo sua insero dentro da cultura em que so produzidos, analisando

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    criticamente os padres divulgados pela mdia; reivindicar, organizar e interferir noespao de forma autnoma, bem como reivindicar locais adequados para promoveratividades corporais de lazer (BRASIL, 1998).

    Na anlise dos objetivos descritos para a Educao Fsica fica evidenciada aamplitude de abordagens abarcadas, pois incluem a dimenso da crtica (aos padresde beleza, por exemplo), ao mesmo tempo em que referenciam a busca dacompreenso dos benefcios da atividade fsica para a sade. Uma leitura mais atenta

    mostra tambm uma perspectiva da compreenso dos processos de aprendizagem apartir da tica do construtivismo. Embora a finalidade seja a integrao do aluno naesfera da cultura corporal de movimento (PCNs, 1998), existe certo ecletismo nosmeios considerados para alcanar essas finalidades.

    Trs aspectos da proposta dos PCNs rea Educao Fsica representamaspectos relevantes a serem buscados dentro de um projeto de melhoria da qualidadedas aulas, quais sejam: princpio da incluso, as dimenses dos contedos(atitudinais, conceituais e procedimentais) e os temas transversais. Quanto primeiraconsiderao (princpio da incluso), a proposta destaca uma Educao Fsica na

    escola dirigida a todos os alunos, sem discriminao. Ressalta tambm a importnciada articulao entre aprender a fazer e a saber por que est fazendo e comorelacionar-se neste fazer, explicitando as dimenses dos contedos procedimental,conceitual e atitudinal, respectivamente (DARIDO, op cit)

    Alm disso, prope um relacionamento das atividades da Educao Fsica com osgrandes problemas da sociedade brasileira, sem, no entanto, perder de vista o seupapel de integrar o cidado na esfera da cultura corporal, atravs do que denominamde temas transversais. Assim, a Educao e a Educao Fsica requerem que questessociais emergentes sejam includas e problematizadas no cotidiano da escola

    buscando um tratamento didtico que contemple sua complexidade e sua dinmica, nosentido de contribuir com a aprendizagem, a reflexo e a formao do cidado crtico(idem).

    A relao entre as tendncias pedaggicas e as abordagens da Educao Fsica

    Neste momento temos como objetivo, fazer uma relao entre as tendncias pedaggicas e asabordagens da Educao Fsica.

    As tendncias pedaggicas se subdividem em Pedagogias Liberais (no-crticas) e Progressistas(crticas) e as abordagens crticas da Educao Fsica se basearam nas Pedagogias Progressistas,

    uma vez que buscam a transformao da escola e do contedo escolar.

    Psicomotricidade x Pedagogia Renovada

    A Psicomotricidade embora tenha sido um movimento mais articulado e avanado nocompromisso pedaggico dos professores de Educao Fsica que s tinham como preocupao oensino dos esportes de forma mecnica, no pode ser enquadra no grupo das pedagogias crticasda Educao Fsica. A sua proposta de carter bio-psicologizante, que busca uma educao ereeducao na escola atravs de movimentos espontneos das crianas e das atitudes corporais,favorecendo a gnese da imagem do corpo, ncleo central da personalidade.

    Acreditamos que ela pode ser relacionada com a pedagogia renovada porque esta pedagogiabusca contribuir para a constituio de uma sociedade cujos membros, no se importam com asdiferenas de quaisquer tipos, aceitam-se mutuamente e se respeitam na sua individualidadeespecfica.

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    Nas duas abordagens o foco pedaggico se direciona do intelecto para o sentimento; do aspectolgico para o psicolgico; dos contedos cognitivos para os mtodos ou processos pedaggicos; doprofessor para o aluno; do esforo para o interesse; da disciplina para a espontaneidade; dodiretivismo para o no-diretivismo; da quantidade para a qualidade; de uma pedagogia deinspirao filosfica centrada na cincia da lgica para uma pedagogia de inspirao experimentalbaseada principalmente nas contribuies da biologia e da psicologia.

    Desenvolvimentista x Pedagogia Tecnicista

    A abordagem desenvolvimentista se assemelha muito com a tendncia pedaggica tecnicista, issono quer dizer que os que defendem a abordagem desenvolvimentista se fundamentamteoricamente na tendncia tecnicista, mas os objetivos so semelhantes.

    A tendncia tecnicista como dissemos anteriormente defende como elemento principal daeducao a exposio de conhecimentos pelo professor e que a funo escolar criar mo-de-obratrabalhadora sem que estes reflitam o seu papel na sociedade.

    A abordagem desenvolvimentista defende que o papel da Educao Fsica na escola a aquisioe padronizao de movimentos e como j abordado, essa proposta d pouca importncia, ou dlimitada discusso, sobre a influncia do contexto scio-cultural que est por trs das habilidadesmotoras.

    Por esses aspectos, a abordagem desenvolvimentista se assemelha muito com a tendnciatecnicista.

    Construtivista x Pedagogia Renovada

    A abordagem construtivista apresenta algumas relaes com a tendncia renovadaprogressivista, pois a renovada diz que o aluno constri e reconstri seu conhecimento em uma

    interao entre estruturas cognitivas do indivduo e estruturas do ambiente, atravs de experinciasvivenciadas pelos alunos frente aos desafios cognitivos e situaes problemticas, como ocorre noconstrutivismo.

    H tambm relao na questo da condio bsica do desenvolvimento mental, que ocorre noapenas como tcnica, mas com um trabalho em grupo, de interao, socializao e integrao.

    O aluno disciplinado tanto na tendncia renovada quanto na abordagem construtivista aqueleque solidrio, participativo e respeitador das regras do grupo.

    Cultural x Pedagogia Cultural

    Apesar de Daolio, principal defensor da abordagem cultural no se fundamentar nas teorias datendncia cultural, as duas propostas se assemelham muito em suas bases tericas.

    A pedagogia cultural atribui ao docente tarefa de dirigir e encaminhar na formao doeducando pela apropriao de valores culturais. Os defensores da pedagogia cultural defendem queos indivduos vivem no mundo scio-cultural, produto do prprio desenvolvimento histrico dasociedade. A educao seria, assim, um processo de subjetivao da cultura, tendo em vista aformao da vida anterior; j a abordagem cultural, o principal conceito da Educao Fsica amanifestao corporal humana, que gerada na dinmica cultural, desde os primrdios da evoluo

    at hoje, expressando-se diversificadamente, com significados prprios no contexto de gruposculturais especficos. O professor de Educao Fsica no atua sobre o corpo ou com o movimentoem si, no trabalha com o esporte em si, no lida com a ginstica em si.

    Crtico-Superadora x Critico Social dos Contedos

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    A proposta do coletivo de autores baseia-se fundamentalmente na pedagogia histrico-crticadesenvolvida por Dermeval Saviani. Entende essa proposta que o objeto da rea de conhecimentoEducao Fsica a cultura corporal que se concretiza nos seus diferentes temas, que so: oesporte, a ginstica, o jogo, as lutas, a dana e a mmica. Sistematizando o conhecimento daEducao Fsica em ciclos (1 - da organizao da identidade dos dados da realidade; 2 - dainiciao sistematizao do conhecimento; 3 - da ampliao da sistematizao do conhecimento;4 - do aprofundamento da sistematizao do conhecimento), prope que este seja tratado de

    forma historicizada, de maneira a ser apreendido em seus movimentos contraditrios. (BRACHT,1999).

    Sistmica x Pedagogia Libertadora

    A abordagem sistmica pode ser relacionada com a tendncia libertadora no que diz respeito educao, sendo uma atividade onde professores e alunos, mediatizados pela realidade queapreendem, atingem um nvel de conscincia, num sentido de transformao social, sendo esteobjetivo o mesmo dessas duas concepes de educao.

    Tanto a sistmica, como a libertadora questionam concretamente a realidade das relaes do

    homem com a natureza e com os outros homens, buscando uma transformao.

    As duas buscam desenvolver o aprendizado atravs da experincia vivida no cotidiano doseducandos, com uma problematizao de suas prticas de vida, utilizando o dilogo do grupo parase chegar conscientizao e reflexo crtica, a fim de atingirem os seus objetivos, que chegar auma transformao social.

    Crtico-Emancipatria x Pedagogia Libertadora

    De acordo com Bracht (1999), as primeiras elaboraes do professor Kunz foram fortementeinfluenciadas pela pedagogia de Paulo Freire. Outra forte influncia so as anlises fenomenolgicas

    do movimento humano com base, em parte, em Merleau-Ponty, tomadas de estudiosos holandesescomo Gordjin, Tamboer, e tambm Trebels, este seu orientador no doutorado em Hannover(Alemanha). A proposta de Kunz parte de uma concepo de movimento que ele denomina dedialgica. O movimentar-se humano entendido a como uma forma de comunicao com o mundo.Outro princpio importante em sua pedagogia a noo de sujeito tomado em uma perspectivailuminista de sujeito capaz de crtica e de atuao autnoma, perspectiva esta influenciada pelosestudiosos da Escola de Frankfurt. A proposta aponta para a tematizao dos elementos da culturado movimento, de forma a desenvolver nos alunos a capacidade de analisar e agir criticamentenessa esfera.

    Sade Renovada x Pedagogia Tecnicista

    Acreditamos que a abordagem da sade renovada apresenta relaes com a tendncia tecnicista,pelo fato da escola tecnicista funcionar como uma instituio modificadora do comportamentohumano, organizando o processo de aquisio de habilidades, atitudes e conhecimentos especficos,como ocorre na sade renovada, que tem como objetivo construir um estilo de vida ativo naspessoas, desenvolvendo atitudes, habilidades e hbitos, como ocorre na escola tecnicista. Aplicandoassim a cincia da mudana de comportamento, produzindo dessa forma indivduos competentes,no caso da tecnicista, e saudveis, no caso da sade renovada.

    Para a tendncia tecnicista um bom ensino depende da organizao eficiente das condiesestimuladoras para que o aluno saia da situao de aprendizagem diferente de como entrou, ouseja, modificado. Como mencionado anteriormente, a sade renovada tambm tem como objetivomudar o comportamento dos alunos para uma vida mais saudvel, sem levar em conta as condiesindividuais de cada um.

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    Concluso

    Acreditamos que toda ao educativa necessita ter uma fundamentao baseada em umaconcepo terica que a direcione; por isso, a prtica pedaggica de qualquer professor, deve serarticulada com uma pedagogia.

    Atravs de um pensamento filosfico sobre a educao brasileira, procuramos mostrar asprincipais tendncias da educao e as principais abordagens da Educao Fsica Escolar tambm,

    buscando contribuir para a construo de uma Educao Fsica que no se preocupe apenas com oensino de esportes coletivos ou com a formao de atletas, mas que tenha compromissospedaggicos sustentados teoricamente pelas pedagogias progressistas, tendo como objetivo finalconstruir pessoas crticas, autnomas e conscientes de seus atos.

    Bibliografia

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