8

Fanzine - Funk Ostentação: Um movimento cultural

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Trabalho desenvolvido na disciplina Produção em Comunicação do curso de Comunicacão Social da Universidade Católica Dom Bosco pelos alunos Bruna Ojeda, Fernanda Santa Rosa, Gabriella Sandim, João Vinícius e Pedro Anzoatégui.

Citation preview

Page 1: Fanzine - Funk Ostentação: Um movimento cultural
Page 2: Fanzine - Funk Ostentação: Um movimento cultural

HISTÓRIA Por Gabriella Sandim

Seu surgimento foi em meados de 2009 em São Paulo. O funk ostentação veio para tomar o lugar do famoso funk proibidão das periferias do Rio de Janeiro. Deixan-do de lado os palavrões e abordagem da criminalidade, o novo estilo paulistano se destaca pelas letras cheia de riquezas, literalmente. O movimento aborda o luxo, marcas de grife, carros e mulheres. MC Guime, um dos maiores nomes do funk ostentação, ficou conhecido pelo seu hit "Plaquê de 100" . Outra referência foi o cantor MC Daleste, falecido em julho de 2013, e ficou conhecido pelo sucesso "Mulher de Vermelho". “Kondzilla” também foi responsável pelo cresci-mento do estilo, produzin-do diversos clipes de funk ostentação.

MC GUIMEFatura cerca de R$ 400 mil

por mês com shows

Page 3: Fanzine - Funk Ostentação: Um movimento cultural

INFL

UÊN

CIAS

Por Pedro Anzoatégui

A fórmula de sucesso do funk ostentação não poderia ter dado mais certo. Conqui-stando seu espaço, esse estilo agora é predominante em várias regiões e se tornou tendência, mostrando que veio pra ficar. O movimento do funk ostentação continua multiplicando artistas de sucesso e atraindo fãs, que muitas vezes sonham com o estilo de vida cantado pelos MCs. “Muitas pessoas que acompanham o trabalho dos MCs passaram a se inspirar no estilo deles, que hoje é bem próximo ao estilo do hip hop e do rap”, analisa o MC Guime. Mas afinal, em quem os MCs se inspiraram para criar essa marca de ostentação que o funk abrangiu? 50 Cent: O rapper americano, que começou a ganhar popularidade no ano de 2000 faz imenso sucesso até hoje. E o hip-hop americano, estilo adotado pelo rapper, é um dos vários estilos que foram adotados pelos MCs do funk ostentação. O astro é exemplo máximo de sucesso com letras de ostentação, seja sobre dinheiro, carros ou mulheres. 50 Cent tem discos como “Power of the dollar” (O poder do dólar) e “Get rich or die tryin” (Fique rico ou morra tentando). “O sucesso do funk de ostentação em São Paulo casa com a tradição da cidade de escutar hip-hop americano”, diz Essinger. Músicas influentes: “Power Of The Dollar”; “I Get Money”; “ Window Shopper”; “ In Da Club”; “Candy Shop”; Soulja Boy: Considerado ídolo dos MCs do funk ostentação, menos pelo som e mais pelas roupas, jóias, carros e mulheres, exibidos nos clipes no hip hop bling. Soulja Boy possui um estilo despojado que caiu na graça dos mestres de cerimônias do funk ostentação, mas ainda sim o rapper e cantor ainda tem algumas músicas que refletem

bem a mesma linha de ostentação seguida pelo funk daqui. Músicas influentes: “Successful”; “Swag”; “Turn My Swag On”; “Crank That”; NOTA: Há inúmeros artistas que represen-tam o hip-hop da ostentação nos Estados Unidos que são influentes para os MCs do funk daqui. Outros exemplos são: Jay-Z, Lil’ Wayne, Wiz Khalifa, Kanye West, Snoopy Dog, Drake, Dr. Dre, Ludacris, entre tantos outros.

MC Bola: Nomes novos para o funk ostentação, como o MC Lon, afirma que MC Bola, embora das antigas, é uma influência para ele como MC, e isso ele pode dizer em nome de tantos outros MCs, pois MC Bola é uma referência clara e fácil para quem quer seguir no ramo do mais atual estilo de funk que é sucesso não só em São Paulo, de onde surgiu, como em todo o Brasil. Músicas influentes: “Ela não anda ela desfila”; “Me Tira Dessa”; “Abre Alas”; “E o chefe”;

O funk ostentação nada mais faz do que refletir a sociedade em que viemos hoje em dia, e isso é algo que vai além dos MCs, pois diversos artistas, não só rappers america-nos, mas como estrelas do mundo pop conhecidas como Britney Spears e Rihanna, entre outras, fazem letras que encaixam perfeitamente nesse novo estilo que ostenta as riquezas e o poder(como diz a recente música de Britney, “Work Bitch”). O mundo hoje é dominado por esse poder, um poder que é muito buscado, e quem tem exibe e mostra para o mundo admirar e desejar esse estilo de vida que muitos tanto querem.

MCBOLA, 50 CENT e SOULJA BOYInfluências para o Funk Ostentação

Page 4: Fanzine - Funk Ostentação: Um movimento cultural

O CUSTO DAOSTENTAÇÃOSaiba qual é o custo para fazer parte deste movimento

Por Bruna Ojeda

Artistas da produtora “Nois por Nois”especializada em Funk Ostentaçãoe liderada pelo empresário e MC Bio G3

ÓculosMarca: OakleyModelo: JulietPreço: R$ 1450,00

BonéMarca: New EraPreço: R$ 250,00

JoalheriaAnéis, pulseiras, correntesPreço: R$ 50 mil

BebidaChandon, Absolute e Red LabelPreço: R$ 500,00

CarroMarca: ChevroletModelo: Camaro SSPreço: R$ 210 mil

MotocicletaMarca: HondaModelo: CBR 1000RRPreço: R$ 62 mil

TênisMarca: AdidasModelo: By Jeremy ScottPreço: R$ 1500,00

Page 5: Fanzine - Funk Ostentação: Um movimento cultural

A cultura desse estilo vem fazendo a cabeça não somente da classe C. Quem tem muito dinheiro faz questão de ostentar nas baladas acessórios e roupas, e quem é de outra classe talvez menos favorecida, socialmente falando, acaba dando mais atenção mais ao “ter” do que ao “ser”. Não é necessário ser rico mas aparentar ser rico. Possuir carrões (naves) e roupas de grife (kit) torna-se um objetivo. O impacto cultural é apenas um manifesto do movimento em si, uma expressão do estilo. Um estilo que inspira uma melhora.

Meninos que antes não ousavam sonhar com mais do que a realidade mostrava começaram a desejar o que escutavam. Ver que o sucesso do funk proporcionou a concretização daquilo que era cantado aos MCs instigou neles ambição e vontade de ostentar. Logicamente existe quem procura atalhos para conseguir chegar até onde muitos chegaram com esforço, muitas vezes sem medir consequências. A falta de argu-mento dos cantores desse estilo é contraditória em relação ao “ter” sem condições para possuir. A resposta dos MCs é quase unânime ao dizer que não concordam com meios “ruins” de conseguir o que pos-suem e nem incentivam esses meios. Segundo eles a música não forma caráter, ela inspira e ressuscita sonhos, desperta a vontade de uma vida melhor.

No que diz respeito ao estilo Funk Ostentação, assim como em qualquer outro gênero musical, é fundamental se despir de precon-ceitos. Afinal o ritmo juntamente com a cultura vem para somar na sociedade.

TER OU NÃO TER? EIS O CIFRÃO

Por Fernanda Santa Rosa e Gabriella Sandim

Page 6: Fanzine - Funk Ostentação: Um movimento cultural

POR UMA CONTRACULTURADE OSTENTAÇÃO

Por João Vinícius

Ao observar o movimento de ostentação can-tado nas letras de funk pela classe C, perce-be-se que por trás de marcas, grifes, bebidas, mansões e carros importados existe uma crítica social própria dos movimentos carac-terísticos da periferia. Ainda que esta seja implícita e não intencional.

O que esta crítica afirma é a denúncia de uma sociedade que se orienta pela vanglória daqui-lo que tem, ou do que aparenta ter. Esta orientação que dita os rumos de comporta-mentos de consumo e criação de esteriótipos que ressaltam as diferenças entre as classes sociais. Relacionando o pensamento de Marx referente à materialismo histórico, perce-be-se que a ostentação é o símbolo de supremacia na constante luta de classes que propulsiona a evolução da sociedade.

A construção simbólica dos objetos de desejo cantados pelo movimento de funk é uma referência ao tipo ideal de sucesso e realidade que a classe C almeja (e hoje até tem). Esse tipo ideal nem sempre é o máximo que se pode ostentar, até porque isso é muito relati-vo, porém, para aquela realidade são símbolos que representam o troféu de uma conquista que vence os esteriótipos de periferia da

classe dominante e afirma: - Eu tenho, eu ostento e não tenho vergonha nenhuma disso.

O termo contracultura tem seu auge nos anos 60 e se define como um questionamento aos valores e instituições imperativos na socie-dade. O que se percebe aqui é justamente isso, uma resposta aos valores que oprimiram uma classe e que se materializam no discurso de "você vale o que você tem".

Porém, é interessante observar que em meio a tanto status quo de ostentação há uma ideia de que não é pelo dinheiro ou pela marca, mas sim pela aceitação. Apresentados a uma sociedade que só insere em seu meio aqueles que tem, este movimento vê através da osten-tação uma forma de serem aceitos e conecta-dos à sociedade que os classificou como "per-iféricos" ou fora do centro. Dinheiro e osten-tação pela ostentação começam a ser poucos, como diz o rapper paulistano Emicida, na música Gueto, "ganha grana só pra mostrar que grana não é p***a nenhuma", ou MC Guime, em entrevista para o programa Altas Horas da Rede Globo, "O funk ostentação para nós é um grito de liberdade". A representação de tudo isso está em cada letra, beats descompassados e rimas que ecoam o grito de liberdade de vozes jovens, desafinadas e que valem muito dinheiro. O que isso tem feito com a cabeça de todo mundo talvez seja difícil de precisar, mas o recado está dado: Eles estão contando os plaquês de 100, e não são poucos.

“O FUNK OSTENTAÇÃO

PARA NÓS É COMO UM GRITO DE

LIBERDADE”MC Guime

Page 7: Fanzine - Funk Ostentação: Um movimento cultural

Ao observar o movimento de ostentação can-tado nas letras de funk pela classe C, perce-be-se que por trás de marcas, grifes, bebidas, mansões e carros importados existe uma crítica social própria dos movimentos carac-terísticos da periferia. Ainda que esta seja implícita e não intencional.

O que esta crítica afirma é a denúncia de uma sociedade que se orienta pela vanglória daqui-lo que tem, ou do que aparenta ter. Esta orientação que dita os rumos de comporta-mentos de consumo e criação de esteriótipos que ressaltam as diferenças entre as classes sociais. Relacionando o pensamento de Marx referente à materialismo histórico, perce-be-se que a ostentação é o símbolo de supremacia na constante luta de classes que propulsiona a evolução da sociedade.

A construção simbólica dos objetos de desejo cantados pelo movimento de funk é uma referência ao tipo ideal de sucesso e realidade que a classe C almeja (e hoje até tem). Esse tipo ideal nem sempre é o máximo que se pode ostentar, até porque isso é muito relati-vo, porém, para aquela realidade são símbolos que representam o troféu de uma conquista que vence os esteriótipos de periferia da

classe dominante e afirma: - Eu tenho, eu ostento e não tenho vergonha nenhuma disso.

O termo contracultura tem seu auge nos anos 60 e se define como um questionamento aos valores e instituições imperativos na socie-dade. O que se percebe aqui é justamente isso, uma resposta aos valores que oprimiram uma classe e que se materializam no discurso de "você vale o que você tem".

Porém, é interessante observar que em meio a tanto status quo de ostentação há uma ideia de que não é pelo dinheiro ou pela marca, mas sim pela aceitação. Apresentados a uma sociedade que só insere em seu meio aqueles que tem, este movimento vê através da osten-tação uma forma de serem aceitos e conecta-dos à sociedade que os classificou como "per-iféricos" ou fora do centro. Dinheiro e osten-tação pela ostentação começam a ser poucos, como diz o rapper paulistano Emicida, na música Gueto, "ganha grana só pra mostrar que grana não é p***a nenhuma", ou MC Guime, em entrevista para o programa Altas Horas da Rede Globo, "O funk ostentação para nós é um grito de liberdade". A representação de tudo isso está em cada letra, beats descompassados e rimas que ecoam o grito de liberdade de vozes jovens, desafinadas e que valem muito dinheiro. O que isso tem feito com a cabeça de todo mundo talvez seja difícil de precisar, mas o recado está dado: Eles estão contando os plaquês de 100, e não são poucos.

“GANHA GRANA SÓ PRA MOSTRARQUE GRANA NÃO É P***A NENHUMA”Emicida

Page 8: Fanzine - Funk Ostentação: Um movimento cultural

REFERÊNCIAS

FUNK OSTENTAÇÃO - O FILMETipo: Vídeo DocumentárioDireção: Konrad Dantas (Kondzilla)Duração: 31’52Clique aqui para assistir

FUNK OSTENTAÇÃO (A LIGA)Tipo: Reportagem para TelevisãoProdução: A Liga - TV BandeirantesDuração: 59’Clique aqui para assistir

CANAL KONDZILLA (YOUTUBE)Tipo: Canal online de vídeosProdução: Konrad Dantas (Kondzilla)Clique aqui para assistir

TEXTOSBruna Ojeda, Fernanda Santa Rosa,Gabriella Sandim, João Viníciuse Pedro Anzoatégui

PROJETO VISUALJoão Vinícius

Trabalho desenvolvido para a disciplina de Produção em Comunicaçãodo curso de Comunicação Social da Universidade Católica Dom Boscoem Outubro de 2013

Links externos com mais informações sobre o funk ostentação