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[Adiron Marcos] HAIKAI Rua Gonçalves Dias chuva chama prum chá: se colá, Colombo. [Silvia Castro] No Público Passeio A moça Feia e a Pecadora Caminham no mesmo passo Atrás dos sapatos Que toctoctoctoc Marcam um nemaí pra ninguém [Carol Leal] Avenida Beira Mar Beiro a brisa do asfalto Uma onda de carros molha o mar aterrado. [Luís Turiba] ESTÁTUAS Carlos Gomes João Caetano Tiradentes Pixinguinha Quando será que a prefeitura vai inaugurar a minha EXPEDIENTE: faranzine nº4/ano1 - set/2011 farani cinco três - poesia + performance OfiCEP na biblioteca municipal de botafogo, rua farani, 53 Quinta às 19h. Gratuita. ABERTA A TODOS OS INTERESSADOS. coordenação e orientação: ricardo chacal www.faranicincotres.blogspot.com editoração e projeto gráfico: www.estudiopv.com realização: www.cepvintemil.wordpress.com [Ana Schlimovich] O QUE É, O QUE É Enfeites no teto da rua montanhas de roupas íntimas flores plásticas lanternas de leds Varias casas Pedro uma charutaria rádio própria o resto é chinês [Thadeu C. Santos] Instituto de filosofia e ciências sociais igreja de são franscisco de paula rua do teatro ciência e religião ficam a arte é via [Chacal] A LATA a lata no fundo da madrugada no silêncio na calada de repente foi chutada na batida começou a batucada e o som seco dessa lata era um funk lá na lapa era wailers na jamaica um pagode na nigéria era o morro em pé de guerra na lata nego diz e não entala: demorou sangue bom é o bonde é o trem do estácio ao pavão não tem pra ninguém do boréu ao tabajaras na mangueira na cruzada lá no morro dona marta da lata sai o gênio da fumaça que do mar veio pra areia coisa boa deu na praia pra fazer a cabeleira da galera que incendeia na panela no vapor frigideira agogô grumari arpoador da macumba mambucaba na restinga marambaia diz na lata chuta lata vira lata diz na mão diz no pé diz que diz todo poder vira lata todo poder chuta lata todo poder para lata [Manoel Bandeira] Poema do Beco Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte? — O que eu vejo é o beco. A Palavra no Centro [César Campos] CENTRAL DO BRASIL olhos no relógio no alto da torre procuram as horas três da manhã olhos na pista um espera o ônibus dois espreitam a vítima

Farani Cinco Tres - Numero 4 / 2011

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Setembro de 2011 - tema: Centro do Rio; espetáculo A Palavra no Centro, com CEP 2000 - coordenação Ricardo Chacal

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Page 1: Farani Cinco Tres  - Numero 4 / 2011

[Adiron Marcos]

HAIKAI

Rua Gonçalves Diaschuva chama prum chá:se colá, Colombo.

[Silvia Castro]

No Público PasseioA moça Feia e a PecadoraCaminham no mesmo passoAtrás dos sapatosQue toctoctoctocMarcam um nemaí pra ninguém

[Carol Leal]

Avenida Beira MarBeiro a brisa do asfaltoUma onda de carrosmolha o mar aterrado.

[Luís Turiba]

ESTÁTUAS

Carlos GomesJoão CaetanoTiradentesPixinguinha

Quando será que a prefeituravai inaugurar a minha

EXPEDIENTE: faranzine nº4/ano1 - set/2011farani cinco três - poesia + performanceOfiCEP na biblioteca municipal de botafogo, rua farani, 53Quinta às 19h. Gratuita. ABERTA A TODOS OS INTERESSADOS.coordenação e orientação: ricardo chacalwww.faranicincotres.blogspot.comeditoração e projeto gráfico: www.estudiopv.com

realização:www.cepvintemil.wordpress.com

[Ana Schlimovich]

O QUE É, O QUE É

Enfeites no teto da ruamontanhas de roupas íntimasflores plásticaslanternas de leds

Varias casas Pedrouma charutariarádio própriao resto é chinês

[Thadeu C. Santos]

Instituto de filosofia e ciências sociaisigreja de são franscisco de paularua do teatrociência e religião ficama arte é via

[Chacal]

A LATA

a latano fundo da madrugadano silêncio na caladade repente foi chutadana batidacomeçou a batucadae o som seco dessa lataera um funk lá na lapaera wailers na jamaicaum pagode na nigériaera o morro em pé de guerra

na latanego dize não entala:demorou sangue bomé o bonde é o tremdo estácio ao pavãonão tem pra ninguémdo boréu ao tabajarasna mangueira na cruzadalá no morro dona marta

da latasai o gênio da fumaçaque do mar veio pra areiacoisa boa deu na praiapra fazer a cabeleirada galera que incendeiana panela no vaporfrigideira agogôgrumari arpoadorda macumba mambucabana restinga marambaia

diz na lata chuta lata vira latadiz na mão diz no pé diz que diz

todo poder vira latatodo poder chuta latatodo poder para lata

[Manoel Bandeira]

Poema do Beco

Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?— O que eu vejo é o beco.

A Palavra no Centro

[César Campos]

CENTRAL DO BRASIL

olhos no relógiono alto da torreprocuram as horas

três da manhãolhos na pista

um espera o ônibusdois espreitam a vítima

Page 2: Farani Cinco Tres  - Numero 4 / 2011

[Romã Neptune]

ESTAÇÃO PRAÇA XV

Depois de cruzar a Baía de Guanabara,atravessar o mar. De gente.

[Douglas Pedra]

Santos DumontCentral do BrasilEstação das Barcas

Pode entrar!

[Alice Souto]

A rua que a moça atravessaCarro que em freia em cimaDai graças ao Senhor dos PassosSalva pela buzina!

[Danilo Rodrigues de Melo]

Na Rua do Lavradioantiguidade é postoe feira

[Fabricio Tampa]

Na cruz

O

Cristo no cristal da Catedral

abençoa

os

bêbados

da Lapa.

[Bruno Borja]

RUA-RIO-BANCO

Na CinelândiaNa CariocaMais um artista de ruaPelé desde criançaMata todas no peitoChuta tudo pro altoE equilibraa vidana testa

Rio Maravilha!Senta o pau na UPP!

7 de SetembroOuvidorCandeláriaDescendo a Rio Branco em contramãoRumo ao marDesaguar no portoDespejado do povoExpropriado do lar

Pereira Passos vive!

Rio Maravilha!Senta o pau na UPP!

Porto Maravilha!Faz mais um pra gente ver!

[Nina Adlin]

Um, dois, três...cansei de contar arco!melhor parar e ver...a hora que o bonde passa.Que não é mais hora nenhuma.a hora que os carros parame que só tem gente na ruacirco, fundição, odisséia...tem muito mais para os outrosmas pra mim...um, dois, três...Cadê o bonde outra vez?

[Lucia Helena Ramos]

RUA DA CARIOCA

Da gema e tão decenteSai do Largo e vai dar lá na Tiradentes.

[FelizPE InFERREIRA]

CINELÂNDIA

A Marilyn Monroe morreuO Palácio Monroe desapareceuE a travesti na Cinelândia se perdeu.

[José Henrique Calazans]

OUTRA VIA

Da Cidade Nova à Candeláriaquantos séculos suspensosna pressa diária?

[Carol Brunelli]

e essa rua dos invalidoscom tao perfeito nome?aqui ainda se vive do cinzado sujo, do rotoda pressa que cega e angustiae mesmo nos dias de solas doses de preto e brancohomeopaticamente sugam o sanguenuma mumificaçao inevitavele os corpos, eles se fundem aos predioscomo se ali sempre pertencessemnao ha mais nada de humano aqui