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Fármacos com atuação no sistema nervoso central e autônomo CIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS DOS SISTEMAS NERVOSO E CARDIORRESPIRATÓRIO Profa. MSc. Ângela Cristina Ito

Fármacos com atuação no sistema nervoso central e autônomo · antidepressivos e quais são os seus mecanismos de atuação? PRINCIPAIS FÁRMACOS Sistema Nervoso Central Sistema

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Fármacos com atuação no sistema nervoso central e autônomoCIÊNCIAS MORFOFUNCIONAIS DOS SISTEMAS NERVOSO E CARDIORRESPIRATÓRIO

Profa. MSc. Ângela Cristina Ito

Diálogo aberto• Thiago, Lucas e Gustavo estavam assistindo ao programa Fantástico quando apareceu umareportagem sobre ator e humorista americano Robin Williams, que fez muito sucesso emvários filmes, como Sociedade dos Poetas Mortos, Uma Babá Quase Perfeita, Jumanji,Tempo de Despertar, Gênio Indomável, entre tantos outros títulos, com um destaqueespecial para o filme Patch Adams – O Amor é Contagioso, onde foi o principal ator,interpretando no filme o médico Patch, sendo, considerado o homem mais engraçado doplaneta após esse filme.

• Depois de todas essas informações sobre o ator, o programa noticiou a sua morte porsuicídio. Os três alunos ficaram perplexos. Como uma pessoa tão alegre como ele poderiaestar com depressão profunda cometendo suicídio por enforcamento? Na reportagem,falava ainda que o ator há vários anos sofria de depressão, alcoolismo, além do vício emcocaína, e que já tinha sido internado algumas vezes em clínicas para tratamento.

• Com base nessa história do ator Robin Williams, justifique a importância dos fármacosantidepressivos e quais são os seus mecanismos de atuação?

PRINCIPAIS FÁRMACOS

Sistema Nervoso Central

Sistema Nervoso Autônomo

Ansiolíticos Anticonvulsivantes

Sedativos hipnóticos

Antidepressivos

Agonistas e antagonistas colinérgicos

Agonistas e antagonistas adrenérgicos

Importante!• A farmacologia é considerada uma ciência muitojovem, porém existem registros que comprovamque o homem pré-histórico já conhecia os efeitosbenéficos ou tóxicos de substâncias de origemvegetal e animal, descritos na China e no Egito.

• Fármaco: é uma palavra originada do grego,phárn, que significa veneno ou remédio.

• Monoterapia: tratamento de uma doença pormeio de um único medicamento específico.

Fármacos com atuação no sistema nervoso central• Primeiros fármacos a serem descobertos.

• São os mais utilizados pelo homem.

• Fármacos: aplicação como terapia.

• Fármacos utilizados sem prescrição atingir o bem-estar.

• Grande maioria de fármacos que atuam no sistema nervoso central altera algumaetapa no processo de neurotransmissão.

• Alguns fármacos atuam pré-sinapticamente e vão influenciar a produção,armazenamento, liberação ou término da ação dos neurotransmissores, enquantooutros fármacos podem ativar ou bloquear os receptores pós-sinápticos.

Fármacos com atuação no sistema nervoso central

ANSIOLÍTICOS

• A ansiedade é considerada como um estado detensão, apreensão e inquietação, e os distúrbiosque a envolvem são considerados como osdistúrbios mentais mais comuns.

• Os sintomas físicos de ansiedade grave são:taquicardia, sudorese, tremores e palpitaçõesenvolvendo a atividade do sistema simpático, jáos episódios de ansiedade leve são consideradoscomuns para o dia a dia e não necessitam detratamento.

Fármacos com atuação no sistema nervoso central ANSIOLÍTICOS

• Um agente sedativo eficaz (ansiolítico) deve reduzir a ansiedade e exercer um efeitocalmante. Os medicamentos mais utilizados atualmente para o tratamento são asbenzodiazepinas em substituição aos antigos barbitúricos.

• A ação das benzodiazepinas é realizada através dos receptores do ácido αaminobutírico (principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central),dependendo do tipo, número de subunidades e da localização cerebral, a ativaçãodesses receptores pode resultar em diferentes efeitos farmacológicos.

• Os principais fármacos utilizados são: alprazolam, diazepam, flurazepam e lorazepam.

Fármacos com atuação no sistema nervoso central SEDATIVOS HIPNÓTICOS

• Os sedativos hipnóticos têm como finalidade: provocar a sedação, aliviando aansiedade e estimulando o sono, ou seja, devem estimular o início e a manutençãodo sono.

• No tratamento da insônia, é importante existir um equilíbrio entre o efeito sedativonecessário na hora de dormir e uma sedação residual apenas para a hora dedespertar.

• Os fármacos dessa classe são: álcoois, barbituratos, carbamatos e vários hipnóticos,como a eszopiclona, zaleplona e zolpidem.

Fármacos com atuação no sistema nervoso central ANTICONVULSIVANTES

• A epilepsia pode ser classificada em idiopática e sintomática. A idiopática é quandonão existe uma evidência de uma causa anatômica específica como um traumatismoou neoplasia. Esses pacientes são tratados cronicamente e a grande maioria dos casospertence a esse grupo. Já a sintomática pode ocorrer em função da utilização defármacos ilícitos, tumores, traumatismo encefálico, infecção meníngea ou ainda aretirada rápida de álcool em alcoólatras.

• É fundamental classificar corretamente as crises para conseguir, então, escolher qualserá o melhor tratamento. A classificação das crises é realizada através do local daorigem, etiologia, correlação eletrofisiológica e apresentação clínica. As crises podemser classificadas em dois grupos que são: parciais ou focais e generalizadas.

Fármacos com atuação no sistema nervoso central CRISES EPILÉPTICAS

• Parciais ou focais: nesse caso, ocorre em apenas uma porção do cérebro, geralmenteuma parte de um lobo do hemisfério. Esse tipo pode ainda ser subdividido em:simples e complexas. As simples são causadas por um grupo de neurônios hiperativosque apresentam atividade elétrica anormal. Localizada em um local do cérebro, essadescarga elétrica não se altera e o paciente não perde a consciência. Já as complexasprovocam alucinações sensoriais complexas, distorções mentais e perda daconsciência.

• Generalizadas: essas crises podem iniciar localmente, através da produção dedescargas elétricas anormais em ambos os hemisférios cerebrais. Nessas crises,geralmente o paciente tem perda imediata da consciência.

Fármacos com atuação no sistema nervoso central ANTICONVULSIVANTES

• A escolha do fármaco deve ser baseada no tipo específico da crise, devendo serlevadas em conta algumas variáveis do paciente, como a idade, condições mórbidas,estilo de vida, entre outras considerações, e muitos fármacos podem ser eficientesnos dois tipos. Nos pacientes recém-diagnosticados, o tratamento é realizado apenascom um único fármaco até que as crises sejam controladas ou que ocorram os sinaisde toxidade. Nos casos em que a monoterapia não é eficiente, é acrescentado umanticonvulsivante alternativo.

Fármacos com atuação no sistema nervoso central ANTICONVULSIVANTES

• Os fármacos atuais, como a gabapentina, topiramato, oxcarbazepina, entre outros,apresentam grandes vantagens com relação à tolerabilidade e o menor risco deinterações com mais de um fármaco em comparação com os anticonvulsivantes maisantigos, como a carbamazepina e ácido valpróico, uma vez que ambos apresentammuitos efeitos colaterais, como, por exemplo, a maior prevalência de más formaçõesde bebês filhos de mães que foram tratadas como esses medicamentos durante agravidez.

Fármacos com atuação no sistema nervoso central ANTIDEPRESSIVOS

• Os principais sintomas da depressão sãosensações de melancolia, desespero,dificuldade em sentir prazer nas atividadescomuns, alterações no sono e no apetite eperda do vigor.

• A maioria dos fármacos utilizados, nessescasos, vai potencializar, direta ouindiretamente, as ações da norepinefrinae/ou serotonina no cérebro.

Fármacos com atuação no sistema nervoso central ANTIDEPRESSIVOS

• Existe um grupo de fármacos antidepressivos chamados de inibidores seletivos decaptação da serotonina que vão inibir a captação de serotonina, levando a umaumento da concentração desse neurotransmissor na fenda sináptica e,posteriormente, proporcionando uma maior atividade neuronal pós-sináptica. Osseus efeitos já podem ser observados após duas semanas, produzindo uma alteraçãono humor e um maior resultado pode ser encontrado após doze semanas. Todosesses medicamentos inibidores seletivos de captação da serotonina são bemabsorvidos, tendo como picos de atuação em média entre 2 a 8 horas.

Fármacos com atuação no sistema nervoso central

ANTIDEPRESSIVOS

• Esses fármacos antidepressivos, além de serem indicados para o tratamento dadepressão, podem ser utilizados em outros tratamentos, como para: distúrbioobsessivo compulsivo, pânico, distúrbios de ansiedade generalizada, estresse pós-traumático, ansiedade social e bulimia. O medicamento mais utilizado é afluoxetina e também a paroxetina.

Fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo

• Os fármacos que atuam no sistema nervosoautônomo são divididos em dois grupos deacordo com o tipo de neurônio que estáenvolvido nos mecanismos de ação, sendoum dos grupos chamados de colinérgicos,pois atuam nos receptores de acetilcolina, eos adrenérgicos, que atuam nos receptoresque são estimulados pela norepinefrina eepinefrina ou adrenalina.

• Esses fármacos colinérgicos e adrenérgicospodem atuar estimulando ou bloqueando osreceptores do sistema nervoso autônomo.

Fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo AGONISTAS COLINÉRGICOS

• Esses fármacos são divididos em dois tipos: agonistas colinérgicos de ação direitae agonistas colinérgicos de ação indireta, sendo ainda divididos em reversíveis eirreversíveis.

• Os agonistas de ação direta também são chamados de parassimpaticomiméticose vão mimetizar ou imitar os efeitos da acetilcolina, ligando-se diretamente aoscolinoceptores. Esses fármacos são classificados em dois grupos: ésteres dacolina que incluem a acetilcolina e os ésteres sintéticos de colina, como ocarbacol e o betanecol.

Fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo AGONISTAS COLINÉRGICOS

• Todos esses fármacos de ação direta têm efeitos por maior tempo do que aacetilcolina, porém esse grupo de ação direta apresenta uma pequenaespecificidade na sua ação, o que acaba limitando a sua utilidade clínica.

• Nos agonistas de ação indireta reversíveis, o tempo de sobrevida da acetilcolinaproduzida de forma endógena nos terminais nervosos colinérgicos vai resultarno acúmulo de acetilcolina na fenda sináptica. Esses fármacos provocam umaresposta em todos os colinoceptores do organismo, incluindo, então, osreceptores muscarínicos e nicotínicos do sistema nervoso autônomo e tambémnas junções neuromusculares e no cérebro.

Fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo

AGONISTAS COLINÉRGICOS

• Os agonistas de ação indireta irreversíveis provocam um aumento de longaduração nos níveis de acetilcolina em todos os locais onde ela é liberada. Amaioria desses fármacos é extremamente tóxica e foi desenvolvida comfinalidade militar, como uma forma de tortura para os presos.

Fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS

• Os antagonistas colinérgicos também podem ser chamados de bloqueadorescolinérgicos, parassimpaticolíticos ou ainda fármacos anticolinérgicos. Eles vãoligar-se aos colinorreceptores, mas não irão causar os efeitos intracelulares, quesão mediados pelos receptores. Esses fármacos vão bloquear seletivamente assinapses muscarínicas dos nervos parassimpáticos, interrompendo, então, osefeitos da inervação parassimpática, e consequentemente, a estimulaçãosimpática vai ficar sem oposição.

Fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo

ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS

• Um segundo grupo são os bloqueadores ganglionares, apresentandopreferência pelos receptores nicotínicos dos gânglios simpáticos eparassimpáticos, e um terceiro grupo são os compostos neuromusculares queinterferem na transmissão dos impulsos eferentes aos músculos esqueléticos.

• Esses últimos são empregados como um auxiliar aos anestésicos durante umacirurgia.

Fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS

• Os fármacos antimuscarínicos vão bloquear os receptores muscarínicos,causando, então, a inibição nas junções neuromusculares e nos gângliosautonômicos, enquanto vários anti-histamínicos inibição de todas as funçõesmuscarínicas. Esses fármacos têm pouca ou nenhuma ação nas junçõesneuromusculares e nos gânglios autonômicos, enquanto vários anti-histamínicose antidepressivos têm atividade antimuscarínica.

Fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS

• Os bloqueadores ganglionares atuam especificamente nos receptoresnicotínicos dos gânglios autônomo parassimpático e simpático. Esses fármacosbloqueiam completamente os impulsos do sistema nervoso autônomo nosreceptores nicotínicos. Esse bloqueio ganglionar é usado raramente de formaterapêutica, uma vez que as respostas observadas são complexas e imprevisíveis,e seu uso acaba sendo, portanto, na farmacologia experimental.

Fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo

ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS

• Os fármacos bloqueadoresneuromusculares vão bloquear atransmissão colinérgica entre o terminalnervoso motor e o receptor nicotínico naplaca motora neuromuscular do músculoesquelético. Esses fármacos são muito úteisdurante uma cirurgia, com a finalidade deproduzir relaxamento muscular completosem o emprego de altas dosagens.

Fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo AGONISTAS ADRENÉRGICOS

• Esses fármacos vão atuar nos receptores que sãoestimulados pela norepinefrina e epinefrina, sendochamados de simpaticomiméticos. No sistema nervososimpático, existem, principalmente, duas classes dereceptores α e β, sendo subdivididos em: α1, α2, β1 eβ2.

• Os órgãos e os tecidos tendem a ter predominância deum tipo de receptor, enquanto outros tecidos podem tera exclusividade de um tipo de receptor.

• Os principais fármacos utilizados são: albutero,clonidina, isoproterenol, entre outros.

Fármacos que atuam no sistema nervoso autônomo ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS

• Chamados também de bloqueadores adrenérgicos ou simpaticolíticos, essesfármacos vão se ligar reversível ou irreversivelmente ao receptor, evitando, assim, asua ativação.

• Os fármacos que bloqueiam os receptores α vão afetar a pressão arterial, reduzindo otônus simpático dos vasos sanguíneos, resultando, então, em menor resistênciavascular periférica, enquanto os receptores β reduzem também a pressão arterial nahipertensão, mas não causam a hipotensão postural. Esses fármacos são tambémeficazes no tratamento da angina, arritmias cardíacas, infarto do miocárdio einsuficiência cardíaca congestiva.

• Os principais fármacos utilizados são: atenolol, fentolamina, metoprolol, prazosina,propranolol, timolol, entre outros.

Retomando a situação-problema

• O ator Robin Williams utilizava os fármacos antidepressivos com a finalidade de tratar osvários sintomas da depressão que ele apresentava, como: sensações de melancolia,desespero, dificuldade em sentir prazer nas atividades comuns, alterações no sono e noapetite e perda do vigor.

• Os mecanismos de atuação desses fármacos vão potencializar, direta ou indiretamente,as ações principalmente da serotonina no cérebro, inibindo a captação de serotonina,levando a um aumento da concentração desse neurotransmissor na fenda sináptica e,posteriormente, proporcionando uma maior atividade neuronal pós-sináptica.

• Os efeitos desses medicamentos no humor já são observados após duas semanas detratamento, porém um maior resultado é encontrado após 12 semanas. Esses fármacosinibidores seletivos da captação de serotonina são bem absorvidos pelo organismo,apresentando picos de atuação em média entre 2 a 8 horas. O principal medicamentoutilizado é a paroxetina.

Atenção!

• De acordo com o médico Anthony Wong, osantidepressivos são remédios largamente utilizadosno Brasil. Segundo ele, as pessoas que fazem uso deantidepressivos precisam ter cuidado ao tomarfármacos para o resfriado, pois existe uma substânciaque é comum a muitos fármacos para a tosse, que é odextrometorfano, que pode interagir comantidepressivos como fluoxetina, provocando umproblema sério, chamado de síndrome da serotonina.

Lembre-se!

• Todo fármaco deve sempre ser utilizado com prescriçãomédica, pois existem muitos riscos na automedicação.

Bibliografia recomendada• JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José. Histologia básica. 12 ed. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan, 2013.

• SCHMIDT, A. G.; PROSDÓCIMI, F.C. Manual de neuroanatomia humana: guia prático. SãoPaulo: Roca, 2014.

• SOBOTTA, James. Atlas de Anatomia Humana. 22 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2006, v2.

• TORTORA, G.J. Princípios de anatomia humana. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2013.

• MACHADO, A.; HAERTEL, L.M. Neuroanatomia funcional. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2014.

• DANGELO, J.G.; FATTINI, C. A. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar. 3 ed. São Paulo:Atheneu, 2008.