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FATEG FACULDADE TEOLÓGICA DE GUARAPARI Página | 1 INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO 1 Preparado por Robson Santos 2 INTRODUÇÃO Estudar o Antigo Testamento (AT) é sempre muito gratificante. Lembramo-nos aqui das palavras do apóstolo Paulo que diz: Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4 ARC). Paulo, em Romanos 15.4, abre um parêntesis para incentivar seus leitores a estudar sempre o AT, pois ele é fonte de consolação e, consequentemente, de esperança para os crentes. Esta é a atitude que eu e você devemos ter em relação ao AT. Geralmente, nota-se um descaso para com o AT entre os crentes, dando-se mais valor ao NT. Nossa atitude para com o AT deve ser de cuidado e amor assim como para com o NT. Devemos amar a Bíblia por inteiro, embora tenhamos o NT como norma doutrinária para nossa vivência diária. Fica firme a verdade de que os princípios expostos no AT e suas narrativas históricas são para nós fonte de rico ensinamento e instrução para caminharmos na presença de Deus. Isaltino Gomes explica melhor este fato: “Há um silêncio muito grande em nossas igrejas sobre o Velho Testamento... em boa parte das vezes, o seu uso é fragmentário, ou seja, citam-se versículos isolados, versículos que trazem verdades expressivas, como as promessas de conforto e de segurança. Não bastasse o conhecimento fragmentário... o que do Velho Testamento se divulga em nosso meio pode ser resumido a poucas passagens. Um Salmo que é lido numa devocional, alguma passagem 1 Texto estraído e adaptado de: RICARDO, Roney. Introdução ao Antigo Testamento. Cariacica: 2012. 2 Bacharel em teologia, graduado em gestão... graduando em pedagogia pela Faculdade... pós-graduado em... Palestrante nas áreas de... Contato: [email protected] / Site: ...

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INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO1

Preparado por Robson Santos2

INTRODUÇÃO Estudar o Antigo Testamento (AT) é sempre muito gratificante. Lembramo-nos aqui das palavras do apóstolo Paulo que diz: “Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4 – ARC). Paulo, em Romanos 15.4, abre um parêntesis para incentivar seus leitores a estudar sempre o AT, pois ele é fonte de consolação e, consequentemente, de esperança para os crentes. Esta é a atitude que eu e você devemos ter em relação ao AT. Geralmente, nota-se um descaso para com o AT entre os crentes, dando-se mais valor ao NT. Nossa atitude para com o AT deve ser de cuidado e amor assim como para com o NT. Devemos amar a Bíblia por inteiro, embora tenhamos o NT como norma doutrinária para nossa vivência diária. Fica firme a verdade de que os princípios expostos no AT e suas narrativas históricas são para nós fonte de rico ensinamento e instrução para caminharmos na presença de Deus. Isaltino Gomes explica melhor este fato:

“Há um silêncio muito grande em nossas igrejas sobre o Velho Testamento... em boa parte das vezes, o seu uso é fragmentário, ou seja, citam-se versículos isolados, versículos que trazem verdades expressivas, como as promessas de conforto e de segurança. Não bastasse o conhecimento fragmentário... o que do Velho Testamento se divulga em nosso meio pode ser resumido a poucas passagens. Um Salmo que é lido numa devocional, alguma passagem

1 Texto estraído e adaptado de: RICARDO, Roney. Introdução ao Antigo

Testamento. Cariacica: 2012. 2 Bacharel em teologia, graduado em gestão... graduando em pedagogia pela

Faculdade... pós-graduado em... Palestrante nas áreas de... Contato: [email protected] / Site: ...

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messiânica em Isaías 11, 2 Crônicas 7.14, o nascimento de Moisés, as chamadas de Samuel e de Isaías, Daniel na cova dos leões, é quase tudo que se divulga sobre o Velho Testamento em nossas igrejas. A razão do pouco uso pode ser explicada. Afinal, é no Novo Testamento que nos descobrimos como Igreja de Cristo que somos. É nele que embasamos nossas doutrinas e posturas. Há muita coisa no Velho Testamento que não nos diz respeito e nem mesmo nos faz qualquer sentido. Algumas de suas prescrições são inadequadas para nós, prendendo-se a uma cultura perdida no tempo e no espaço. Por exemplo, o que significa para nossas igrejas e para nossas vidas toda a regulamentação sobre as vestes sacerdotais? É muito mais proveitoso debruçar-se sobre uma das cartas de Paulo e descobrir ali princípios para a igreja. Mas, como bem observa Wright ao discutir o assunto: ‘A Necessidade Que a Igreja tem do Antigo Testamento’: ‘Que espécie de Cristo podemos apresentar sem o Antigo Testamento?’”

3.

O Antigo Testamento com seus 39 livros é geralmente dividido em quatro grandes seções; são elas:

1. O Pentateuco – inclui os livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

2. Os Livros Históricos – inclui os livros de Josué a Ester, sendo 12 livros ao todo.

3. Os Livros Poéticos – compõe-se dos livros de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão, sendo cinco livros ao todo.

4. Os Livros Proféticos – compõe-se de 17 livros ao todo, de Isaías a Malaquias. Esta seção por sua vez está subdividida em duas partes: 4.1 – Profetas Maiores – é constituída dos livros de Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel e Daniel, sendo cinco livros ao todo.

3 FILHO, Isaltino Gomes C. Malaquias, Nosso Contemporâneo. 2ª ed. JUERP. pp.

13,14.

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4.2 – Profetas Menores – compõe-se de 12 livros: de Oséias a Malaquias.

Nosso estudo do AT neste livro segue este esquema. Optamos sempre por “Antigo Testamento” ao invés de “Velho Testamento” pois entendemos que algo pode ser “antigo”, mas não velho! Isso se aplica muito bem ao Antigo Testamento, que embora escrito séculos atrás, continua sempre atual para nós como Palavra inspirada de Deus. Concluindo, desejo a você uma ótima Introdução ao Antigo Testamento! 1. INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO E O PENTATEUCO

“Hoje em dia a tendência é valorizar mais o NT do que o AT. Creio que há concordância geral de que o conhecimento do AT é necessário para a compreensão do NT... Ele registra a preparação para o evangelho, é o relato do que aconteceu antes, sem o que o evangelho não pode ser compreendido adequadamente. Além disso, o NT está de tal modo repleto de citações do AT que o conhecimento deste é tão essencial para

a sua apreciação...”. F. F. Bruce

INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO

Nesta lição, estudaremos a estrutura do AT, a primeira das duas grandes seções da Bíblia Sagrada, que abrange maior número de livros que o Novo Testamento. É no AT que temos os cinco livros que compõem o Pentateuco, que narram o começo de todas as coisas e o início da história do povo hebreu após sair do Egito, depois de um período de 430 anos como escravo. Depois, temos os livros históricos, em seguida os poéticos e, por fim, os livros proféticos. O conhecido teólogo F.F. Bruce fala sobre a importância do Testamento Antigo:

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“...nas primeiras gerações da sua existência a única Bíblia da igreja cristã era o AT, e ela se deu muito bem tendo somente o AT. Quando nosso Senhor afirma que “são as Escrituras que testemunham a meu respeito” (Jo 5.39), ele está se referindo às Escrituras do AT. Quando é dito a Timóteo que “toda Escritura é inspirada por Deus”, a referência é àqueles escritos sagrados com que Timóteo estava familiarizado desde a infância – ou seja, os escritos do AT (a propósito, na versão LXX). Tomóteo é lembrado que esses são os escritos “que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” e que proporcionam uma instrução abrangente e completa “para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (2 Tm 3.15-17). Era do AT que os primeiros pregadores cristãos, seguindo o exemplo do seu Mestre, extraíam seus textos; e o faziam de maneira formal e expressa quando se dirigiam a audiências judaicas e de maneira implícita quando pregavam aos gentios. Assim como Jesus afirmou que não viera aboliar a Lei os Profetas, mas para cumpri-los (Mt 5.17), Paulo também afirma que a Lei e os Profetas testemunham do evangelho da Justificação pela fé (Rm 3.21,22)” (BRUCE, F.F. Comentário Bíblico NVI. 1ª ed. Vida, pp. 3,4).

É importante que se saliente aqui dois fatos relativos à estrutura do AT. Primeiro, que essa classificação dos livros do AT em grupos de assuntos deriva da Septuaginta (representada pelos algarismos romanos LXX), a tradução do AT para o grego, feita entre os séculos II e III a.C., aproximadamente. A ordem em que os livros se encontram em nossas bíblias vem dessa tradução, não levando em conta a ordem cronológica. Segundo, que a Bíblia Hebraica é o mesmo AT que consta em nossas bíblias – o NT não aparece. Porém, a quantidade, ordem e classificação dos livros na Bíblia Hebraica é diferente do nosso AT. A quantidade de livros é de apenas 24, pois os judeus consideram um só livro os dois de Samuel, os dois de Reis, os dois de Crônicas, os de Esdras e Neemias e os doze profetas menores. A sequência também é diferente. A classificação dos livros na Bíblia Hebraica (ou Tanack) é dada da seguinte maneira: Lei, Profetas e Escritos. Jesus citou

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essa classificação em Lucas 24.44, só que ao invés de dizer Escritos Ele citou o livro dos Salmos, que é o primeiro dos Escritos. A palavra testamento vem do idioma grego (διαθηκη diatheke), e tem dois significados: 1) é um documento que contém a última vontade de alguém quanto à distribuição de seus bens materiais, só sendo válido após a sua morte; e, 2) pacto, acordo, aliança, concerto. Segundo a versão bíblica que estiver sendo usada pelo leitor, poderá ser encontrada a palavra aliança em lugar de testamento, como, por exemplo, o texto de Mateus 26.28, onde a ARC usa a expressão “o sangue do novo testamento”, enquanto a ARA diz “o sangue da nova aliança” – “aliança” é melhor tradução. Então, no AT temos a velha aliança, com seus ritos e sacrifícios, mas no NT temos a nova aliança, efetuada no perfeito sacrifício de Cristo, que substitui a velha aliança (cf. Hb 9.11-22).

O ANTIGO TESTAMENTO E A SUA ESTRUTURA

O AT tem 39 livros e é classificado em quatro partes, como veremos a seguir. Tem um total de 929 capítulos e 23.214 versículos. Um renomado teólogo afirma que a expressão “Antigo Testamento” foi aplicada pela primeira vez aos 39 livros por Tertuliano e Orígenes. Vejamos a partir daqui as quatro classificações do AT: 1. O Pentateuco. A palavra “Pentateuco” também é de origem grega e significa “cinco livros”. Compõe-se dos cinco primeiros livros do AT: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Na Bíblia hebraica, eles são chamados de Torah (“instrução” em hebraico) e em manuscritos antigos, os cinco livros eram escritos num só rolo, de forma contínua. Essa divisão do Pentateuco em cinco livros vem da Septuaginta, bem como os nomes de cada um deles. Na Bíblia Hebraica, esses livros foram nomeados de acordo com as primeiras palavras que aparecem em seus textos, como por exemplo, Gênesis, que é intitulado de bereshit, que significa “no princípio” – de fato, é assim que começa o livro de Gênesis. Quanto à autoria desses livros, o comentarista dessa revista é de posição conservadora, que baseada em evidências bíblicas seguras afirma ser Moisés o escritor desses livros (cf. Mt 12.26; Lc 24.27; Rm

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10.19 – nesta última referência, temos Paulo citando Deuteronômio 32.21 e atribuindo a autoria a Moisés). O Pentateuco trata do princípio de todas as coisas, da criação do Céu e da terra, bem como do ser humano e de toda a vida (animal e vegetal). Já nos primeiros capítulos de Gênesis temos a promessa do Redentor (cf. Gn 3.15). Vemos como Deus livrou os hebreus do cativeiro egípcio, que durou 430 anos, conduzindo-os para a terra de Canaã. No Pentateuco também vemos o perigo de negligenciarmos os preceitos do Senhor, caminhando pela desobediência. No Pentateuco, Deus prescreve como deveria ser preparado o Tabernáculo, o templo móvel onde Deus manifestaria sua glória. Também encontramos a consagração de Arão e seus filhos, bem como dos levitas para o ministério sacerdotal. O Pentateuco termina com a segunda geração de hebreus saídos do Egito às portas de Canaã, quando Moisés renova a aliança entre Deus e seu povo. 2. Livros Históricos. São os livros que tratam da entrada de Israel em Canaã e as conquistas feitas nesse território. Abrange um período que vai desde a conquista, em 1.451 a.C., até o retorno do exílio babilônico, em 445 a.C. – um período aproximado de 1000 anos! Os livros históricos compreendem 12 livros, sendo eles: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. 3. Livros Poéticos. São cinco os livros poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Recebem o nome de poéticos pois o seu gênero literário é poesia. Isso não significa que eles sejam livros mitológicos, ou que sua inspiração não seja a mesma dos demais livros do AT, bem como do NT – eles são igualmente inspirados. No século um da nossa era, a Era Cristã, uma escola judaica chamada Shammai levantou dúvidas sobre a inspiração divina do livro poético de Cantares de Salomão. Mas a posição do Rabi Akiba ben Joseph (cerca de 50 – 132 a.D.) prevaleceu, quando declarou: “Deus nos livre! – Ninguém em Israel jamais contestou o Cântico dos Cânticos... pois todas as eras não valem o dia em que o Cântico dos Cânticos foi dado a Israel; pois

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todos os escritos são santos, mas o Cântico dos Cânticos é o mais Santo dos Santos”. 4. Livros Proféticos. São 17 livros ao todo; é a seção da profecia bíblica no AT. Os livros proféticos estão subdivididos em duas partes: Profetas Maiores e Profetas Menores. Usa-se as expressões Maiores e Menores para referir-se ao tamanho do livro e à extensão do ministério do profeta; essas expressões não tem nada que ver com o mérito ou a notoriedade do profeta. Veja a seguir os livros classificados dessa forma:

PROFETAS MAIORES PROFETAS MENORES

Cinco livros Doze livros

Isaías Oséias

Jeremias Joel

Lamentações de Jeremias Amós

Ezequiel Obadias

Daniel Jonas

Miquéias

Naum

Habacuque

Sofonias

Ageu

Zacarias

Malaquias

A IMPORTÂNCIA DE SE ESTUDAR

O ANTIGO TESTAMENTO Infelizmente, em nossos cultos, fazemos pouca (ou nenhuma!) menção do AT. Geralmente, só nos reportamos à ele quando lemos um verso no livro dos Salmos, ou outros trechos conhecidos como 2 Crônicas 7.14 e etc. Mas a leitura e o estudo do AT é de fundamental importância na compreensão de toda a Bíblia. Não

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devemos jamais menosprezar o estudo sistemático da primeira seção da Bíblia que é, inclusive, a maior parte das Escrituras.

Jesus e o Antigo Testamento.

Muitos se esquecem que a “Bíblia” que Jesus usou foi, na verdade, o Antigo Testamento, haja vista que o NT começaria a ser escrito anos mais tarde, após a sua ascenção aos Céus. Algumas ações de Jesus com relação ao AT mostram o quanto Ele o valorizava. Ele leu o AT e era íntimo dele, como depreendemos de Lucas 4.16-20, quando a Bíblia diz que Jesus “... achou o lugar onde estava escrito...” (v. 17). Ora, em nossas bíblias modernas é muito fácil encontrar qualquer passagem, mas nos dias de Jesus não havia o nosso sistema atual de referências bíblicas e com certeza era dificílimo “achar o lugar onde estava escrito”. O Senhor Jesus também cumpriu todo o AT em seu viver e proceder, como lemos em Lucas 24.44. Ele também ensinou o AT (Mt 21.23; Lc 24.27); Ele citou o AT (Mt 4.4,7,10; 21.23); Ele também se referiu ao AT como “Palavra de Deus”, como vemos em Marcos 7.13. Sigamos, pois, o exemplo do Mestre Supremo, dedicando-nos com todo zelo a estudar as Escrituras Sagradas no AT. Que riqueza fluirá para nossas vidas dali!

A Igreja primitiva, os apóstolos e o Antigo Testamento.

É digno de nota que a Igreja primitiva e os apóstolos fizeram uso do AT como padrão de conduta e viver. É o que verificamos logo na primeira mensagem pregada, no dia de Pentecostes, por Pedro, quando ele informa aos seus ouvintes que o que havia acontecido ali era o início do cumprimento de uma das mais belas promessas contidas no AT – o derramar do Espírito Santo – como descrito em Joel 2.28-32 (cf. At 2.16-21). Eles tinham o AT como Palavra de Deus! A mesma atitude devemos ter nós também, hoje. Muitas são as citações do AT feitas pelos escritores do NT. Paulo, por exemplo, refere-se ao AT como “Escritura” (1 Tm 5.18) e declara que “...Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil ...” (2 Tm 3.16). Tiago e Pedro, em suas epístolas, assim como Paulo, também se referem ao AT como Escritura (cf. Tg 2.8,23; 4.5; 1 Pe

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2.6; 2 Pe 1.20; 3.16). Vemos nesses exemplos o valor que os apóstolos davam ao AT. Façamos o mesmo!

2. O PENTATEUCO

Considerações Iniciais

Na Bíblia Hebraica, o Pentateuco é chamado de Torah, que significa “instrução”. O Pentateuco é referido nas Escrituras como a “Lei de Moisés”, uma designação dada aos cinco primeiros livros do AT que é antiga e já era dada pelos judeus desde os tempos de Josué, como vemos em Josué 23.6 e também nos dias de Malaquias, 400 anos antes de Cristo (cf. Ml 4.4). É importante ressaltar que o termo hebraico Torah, de fato, inclui o conceito de "lei" e, até com maior propriedade, os conceitos de "guiar", "dirigir", "instruir" ou "ensinar" (cf. Dt 31.9). A palavra “Pentateuco” vem de duas palavras gregas: penta, que significa “cinco” e teuchos, “estojo” ou “instrumento”. Pode ser traduzida, portanto, por "cinco estojos", fazendo referência aos estojos (caixas ou vasilhas) onde, na Antigüidade, se guardavam e protegiam da deterioração os rolos de papiro ou de pergaminho utilizados como material de escrita.

A Autoria do Pentateuco

É grande a variedade de opiniões em relação à autoria do Pentateuco. Reconhecemos que houve sim o trabalho de um editor posterior a Moisés no Pentateuco (isso é até óbvio), mas cremos, com base no testemunho interno do próprio Pentateuco, no testemunho de Jesus e também dos apóstolos, que foi de fato Moisés quem compôs a Torah originalmente. Digamos que o conteúdo principal foi escrito por Moisés recebendo complementações de um editor posterior. O texto de Deuteronômio 34, que narra a morte de Moisés, é uma indicação do trabalho de um editor posterior. Como Moisés poderia relatar eventos subsequentes à sua própria morte!? No Pentateuco, encontramos evidências da autoria mosaica. Deus disse a Moisés: “Então, disse o Senhor a Moisés: Escreve isto

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para memória num livro e repete-o a Josué” (Êx 17.14). Também em Êxodo, lemos que “Moisés escreveu todas as palavras do Senhor...” (24.4). Há ainda outras referências que fazem alusão à autoria mosaica – cf. também Nm 33.1-4; Dt 31.9,24,25 e 31.24-26. Mas as referências não páram por aí, elas prosseguem por outros livros do AT que fazem alusão ao “livro da lei de Moisés”, o “livro de Moisés” e a “lei de Moisés”.

CONCLUSÃO

O Antigo Testamento é de suma importância para nossas vidas no estudo e na compreensão de toda a Bíblia. Não devemos jamais deixar de nos debruçar sobre as páginas veterotestamentárias, “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4). Como é glorioso lermos no Gênesis da criação de Deus! No Êxodo vemos o nosso Deus como o Grande Libertador e em Levítico contemplamos a precisa ordem no culto levítico e a Sua santidade manifesta. Nos livros históricos aprendemos muito com os erros e acertos dos reis de Israel e Judá e é ali que encontramos grandes avivamentos entre o povo, como nos dias de Josias (cf. 2 Re 22 e 23). E o que dizer dos poéticos!? Quem já não se maravilhou ante as belíssimas palavras de Davi no célebre Salmo 23? Como não reconhecer que a nossa vida é “como um conto ligeiro” quando lemos o salmo de Moisés, o Salmo 90? Faltam a mim as palavras adequadas para expressar tamanha profundidade encontrada nos livros do AT! Nos livros proféticos, quem não se espanta das profecias de Zacarias 14, ou da precisão com que Daniel descreve os grandes impérios mundiais (Dn 2)? Quão maravilhoso é “viajar”, guiado pelo Espírito, nas páginas do AT. Você já “descobriu” o AT, amado(a) leitor(a)?

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2. OS LIVROS HISTÓRICOS

“E que mais direi? Certamente, me faltará o tempo necessário para referir o que há a respeito de Gideão, de Baraque, de

Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas”.

Hebreus 11.32

INTRODUÇÃO

O Antigo Testamento é riquíssimo em suas narrativas históricas. Muito temos a aprender delas. Ocuparemos agora algumas páginas de nosso livro para discorrer sobre os livros de Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester, perfazendo um total de 12 livros que compõem a seção histórica do Antigo Testamento. É claro que encontramos relatos históricos em outras partes do AT, inclusive nos livros proféticos, mas esses livros em especial ocupam-se de narrativas históricas relacionadas ao povo de Israel. Isso não significa que a Igreja de Cristo hoje, em pleno século 21, não deva ocupar-se do estudo e meditação desses livros pelo fato deles tratarem de assuntos históricos relacionados com Israel, numa cultura muito distante da nossa. Lembremo-nos que o NT desenvolve sua teologia a partir do AT, tendo-o como base. Digamos que o NT completa o AT. Daí a importância de se conhecer tanto um como o outro!

Em Hebreus 11, o escritor inspirado lança mão de personagens bíblicos descritos justamente nos livros históricos do AT tais como Gideão, Baraque, Sansão e Jefté, juízes de Israel que realizaram grandes feitos entre Israel pelo poder de Deus. Também Davi, Samuel e os profetas que o escritor de Hebreus cita, tem suas vidas marcantes registradas nos livros históricos, os quais, inclusive, registram o ministério de grandes profetas do Altíssimo cujas palavras só são ali encontradas, pois eles não nos deixaram livros escritos como fizeram os profetas literários Isaías, Jeremias e outros. Enfim, grande é a riqueza desses livros. Aprofundemo-nos pois, neles.

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A ABRANGÊNCIA DE TEMPO DOS LIVROS HISTÓRICOS

Os livros históricos abrangem um período de tempo que vai desde a conquista da Terra de Canaã pelos israelitas e seu estabelecimento ali até o retorno do exílio babilônico. Muita discussão existe entre os estudiosos sobre a data da conquista de Canaã por Israel. Várias datas são propostas. Mas há duas principais: uns apontam uma data mais antiga, no 14º século a.C., outros uma data mais recente, no 12º século a.C. Sobre a questão da data do êxodo e da conquista, comenta o biblicista Norman Geisler:

“Conquanto muitos eruditos da atualidade tenham proposto uma data posterior para o evento do êxodo, de 1.270 a 1.260 a.C, há evidências suficientes para se dizer que não é necessário aceitar essa data. Uma explicação alternativa nos fornece um melhor relato de todos os dados históricos, e coloca o êxodo por volta de 1.447 a.C. Primeiro, as datas bíblicas para o êxodo o colocam nos anos em torno de 1.400 a.C, já que 1 Reis 6.1 declara que ele ocorreu 480 anos antes do quarto ano do reinado de Salomão (o que foi por volta de 967 a.C). Isso colocaria o êxodo por volta de 1.447 a.C, de acordo com Juízes 11.26, que afirma que Israel passou 300 anos na terra, até o tempo de Jefté (o que foi cerca de 1000 a.C). De igual modo, Atos 13.20 diz ter havido 450 anos de juízes, de Moisés a Samuel, sendo que este último viveu por volta de 1000 a.C. O mesmo ocorre com respeito aos 430 anos mencionados em Gálatas 3.17... abrangendo o período de 1.800 a 1.450 a.C. (de Jacó a Moisés). O mesmo número é usado em Êxodo 12.40. Todas essas passagens indicam uma data em torno de 1.400 a.C, não em torno de 1.200 a.C, como os críticos afirmam. Segundo, John Bimson e David Livingston propuseram uma revisão da data tradicionalmente atribuída ao fim da Idade do Bronze Média e início da Idade do Bronze Avançada, de 1.550 para um pouco antes de 1.400 a.C. A Idade do Bronze Média caracterizava-se por cidades grandemente fortificadas, cuja descrição se enquadra muito bem com o

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relato que os espias trouxeram a Moisés (Dt 1.28). Isso significa que a conquista de Canaã se deu por volta de 1.400 a.C. Como as Escrituras afirmam que Israel vagueou pelo deserto por cerca de 40 anos, isso dataria o êxodo por volta de 1.440 a.C., totalmente de acordo com a cronologia bíblica. Se aceitarmos os registros tradicionais dos reinos dos Faraós, isso significaria que o Faraó do livro de Êxodo foi Amenotep II, que reinou de cerca de 1.450 a 1.425 a.C. Terceiro, outra possível solução, conhecida como a revisão de Velikovsky-Courville, propõe uma revisão na cronologia tradicional dos reinados dos Faraós. Velikovsky e Courville afirmam que há 600 anos a mais na cronologia dos reis do Egito. Evidências arqueológicas podem ser juntadas para substanciar esta proposta que de novo data o êxodo em 1.440 a.C. De acordo com este ponto de vista, o Faraó nesse tempo era o rei Tom. Isto se harmoniza com a afirmação de Êxodo 1.11, de que os israelitas foram escravizados para construírem a cidade chamada Pitom (residência de Tom). Quando a cronologia bíblica é tomada como padrão, todas as evidências arqueológicas e históricas se encaixam direitinho”

4.

O retorno do exílio babilônico se deu no ano de 445 a.C., i.e., a terceira leva de repatriados que voltaram da Babilônia. É que assim como o exílio deu-se em três levas de cativos, o retorno também se deu em três levas de repatriados. Em 445 a.C., foi Neemias quem comandou o retorno à Jerusalém e a retomada das obras de restauração dos muros de Jerusalém. Essa data marca, inclusive, o início da contagem das setenta semanas proféticas mencionadas em Daniel 9.24-27. Desse modo, os livros históricos, de Josué até Ester (os eventos mencionados em Ester ocorreram por volta dos anos 485-465 a.C.), abrangem um período de 1000 anos aproximadamente. A conquista de Canaã relatada em Josué abrange um período de apenas sete anos. Calebe relata que havia 45 anos que ele fora enviado a espionar Cades-Barnéia (cf. Js 14.7 e Nm 13), e considerando que os israelitas passaram 38 anos vagando no deserto (cf. Dt 2.14), da época em que eles atravessaram o rio Jordão até a data em que Calebe faz esta declaração, o intervalo é de sete anos. Concluímos que a maioria

4 – GEISLER, Norman. HOWE, Tomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e

“Contradições” da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1999. pp. 73,4.

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dos eventos descritos em Josué ocorreu dentro deste período de sete anos, haja vista o escritor do livro indicar que ele mesmo faz parte destes eventos.

A POSIÇÃO DOS LIVROS HISTÓRICOS NA BÍBLIA HEBRAICA

Como sabemos, a Bíblia Hebraica constitui-se dos mesmos 39 livros que compõem nosso Antigo Testamento. Todavia, na Bíblia Hebraica, eles variam em quantidade (são em número de 24 apenas) e na forma como estão agrupados. A tabela a seguir nos ajuda a entender melhor essa classificação:

A DIVISÃO DO CÂNON NA BÍBLICA HEBRAICA

Lei Profetas Escritos Gênesis Profetas anteriores Livros poéticos

Êxodo Josué Salmos

Levítico Juízes Provérbios

Números Samuel5 Jó

Deuteronômio Reis6 Os cinco rolos

Profetas posteriores

Cantares

Isaías Rute

Jeremias Lamentações

Ezequiel Eclesiastes

Os Doze7 Ester

Livros históricos

Daniel

Esdras-Neemias8

Crônicas9

5 Os dois livros juntos.

6 Os dois livros juntos.

7 Os doze livros dos profetas menores reunidos em um só livro: de Oséias a

Malaquias. 8 Os dois livros juntos.

9 Os dois livros juntos.

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Como podemos ver, seis dos livros históricos estão situados na categoria de “profetas anteriores” no cânon judaico. A designação de “profetas anteriores” vem de uma antiga tradição, segundo a qual esses livros foram compostos por alguns dos profetas de Israel (Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil, 1999; 2005). É interessante notar que estes livros, que nas Bíblias protestantes sejam classificados apenas como históricos, apareçam no cânon hebraico como livros proféticos. De fato, os livros históricos tem um caráter profético, pois mostram o agir constante de Deus no sentido de corrigir e abençoar o seu povo, Israel, num ciclo constante. Profetas do Reino do Norte. Pela ordem cronológica. Não literários: • Os dois anônimos mencionados em 1 Rs 13 • Elias (1 Rs 18.1,22) • Um outro anônimo (1 Rs 20.13) • Micaías (1 Rs 22.8) • Eliseu (2 Rs caps. 2-7) • Obede (2 Cr 28.9) Profetas literários do Reino do Norte: • Jonas, com mensagem especial para Nínive • Oséias • Amos. Este foi profeta de Judá, mas com mensagem para Israel • Miquéias. Caso idêntico ao de Amós. Profetas do Reino do Sul antes do exílio: Não literários: • Semaías (2 Cr 12.5) • Ido (2 Cr 12.15) • Azarias (2 Cr 15.1)

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• Eliézer (2 Cr 20.37) • Um anônimo (2 Cr 25.15) • Hulda (mulher - 2 Rs 22.14) • Profetas anônimos (2 Rs 23.2) • Urias (Jr 26.20-23) • Hanani (2 Cr 16.7-10) • Jaaziel (2 Cr 20.14-18).

CONCLUSÃO

Os livros históricos muito servem para enriquecer nossa vida espiritual hoje, em pleno século 21. As narrativas históricas servem como lições que podemos extrair para nossa vivência e convivência diante dos desafios que a pós-modernidade oferece a uma vida de santidade na presença santa do Senhor!

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3. OS LIVROS POÉTICOS

“Considerando que esses livros (os poéticos – grifo meu) descrevem experiências do povo de Deus, seu alcance é tão amplo quanto a própria vida. Neles a inspiração envolve a experiência humana com uma qualidade universal que tem trazido conforto, força e orientação a incontáveis crentes ao

longo do tempo”.

C. I. Scofield

INTRODUÇÃO

Como vamos estudar agora cinco livros do AT que são classificados como “poéticos”, devemos considerar seis elementos fundamentais que são pertinentes à poesia. Embora a poesia hebraica não siga a rigor estes elementos, o estudante precisa conhecê-los, pois são princípios fundamentais no campo da poesia; são eles:

1. A própria poesia (i.e., o que é poesia?) – “arte de escrever em versos”.

2. O poema – “produção verbal e literária em versos”. 3. O poeta – “aquele que compõe, escreve e recita os

poemas”. 4. A rima – “a harmonia de sons, especialmente na repetição

de uma sílaba no fim de uma linha”. 5. O ritmo – “é a cadência ou a regularidade de repetição de

sons – é o compasso”. 6. As expressões figurativas – “são geralmente feitas na

poesia por intermédio de comparações e analogias, de modo que o poeta “pinta um quadro” com palavras”.

A poesia é distinta da “prosa”, que é a maneira natural de se falar ou escrever. No ramo do saber poético, os livros poéticos de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão são o que de melhor já foi produzido no mundo.

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A poesia hebraica é singular, bem distinta da poesia como conhecemos hoje. Com relação à este fato, explica C. I. Scofield:

“O ritmo não é obtido pela semelhança de sons, como nos versos com rima, nem pela métrica ou cadência, como no verso livre (embora a poesia hebraica ocasionalmente use cadência), mas principalmente pela repetição, pelo contraste e pela elaboração de idéias”

10.

A poesia hebraica segue ou está baseada principalmente no paralelismo de idéias e o seu objetivo principal é comunicar a sabedoria divina aos homens. Estes cinco livros classificados como poéticos são também chamados de livros sapienciais do AT. A palavra “sapiencial” vem do latim sapientia, e significa, “sabedoria”. Desse modo, esses livros procuram comunicar aos leitores a melhor forma para se viver e isto do ponto de vista divino, é claro. Isto os torna livros didáticos – que ensinam – e práticos, não são apenas teóricos. Eles de fato, nos ensinam a viver! Quando falamos em “livros poéticos” não deve o estudante da Bíblia pensar que por serem poéticos são menos inspirados ou mesmo desprovidos da inspiração divina, sendo por isso diferente dos demais livros da Bíblia. Quando falamos destes livros como “livros poéticos” estamos falando de um gênero literário da literatura hebraica. Desse modo, é corretíssimo pensar nos livros poéticos como sendo igualmente inspirados por Deus, como acontece com os demais livros do cânon bíblico.

O QUE É PARALELISMO NOS LIVROS POÉTICOS?

O paralelismo de idéias é sem dúvida a característica mais singular da poesia hebraica. No contexto do nosso estudo, o paralelismo é a relação entre cada dois ou mais versos da poesia sem qualquer preocupação com a rima, com palavras e sons. Diferente do verso moderno que é reconhecido como poesia por causa de rima ou da métrica, a poesia hebraica não depende de

10

SCOFIELD, C. I. Bíblia de Estudo Scofield. Holy Bible, 2009. p. 481.

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nenhum deles. Em vez disso, a poesia hebraica emprega o paralelismo. Há três tipos comuns de paralelismo:

1. Sinonímico (por quê vem de sinônimo) - a segunda linha do dístico (grupo de dois versos) repete o pensamento da primeira linha (por exemplo, Jó 4.7; este é o tipo mais comum de paralelismo no livro de Jó). Esta categoria de paralelismo indica similaridade (semelhança) entre versos. Consiste em expressar duas vezes a mesma idéia com palavras diferentes, como em Sl 113.7:

Ele levanta do pó o necessitado E ergue do lixo o pobre. (NVI).

2. Antitético (por quê vem de antítese) - a segunda linha do dístico forma um contraste com a primeira linha (por exemplo, Sl 1.6). Indica contraste mesmo, oposição, diferença de pensamento entre um verso e outro, mas com a finalidade de dar ênfase à verdade exposta. É formado pela oposição ou pelo contraste entre duas idéias ou imagens poéticas, como em Sl 37.21:

Os ímpios tomam emprestado e não devolvem, Mas os justos dão com generosidade. (NVI).

3. Sintético - a segunda linha completa ou aumenta o pensamento da primeira (por exemplo, Jó 4.9; 19.21). As duas linhas do verso não dizem a mesma coisa, mas antes, a declaração da primeira linha serve como base sobre a qual a segunda declaração se fundamenta. A relação é a de causa e efeito, como em Sl 19.7-8:

A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são dignos de confiança, E tornam sábios os inexperientes.

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Os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao coração. Os mandamentos do Senhor são límpidos,

e trazem luz aos olhos. (NVI)”.

OUTROS RECURSOS DA POESIA HEBRAICA

Outros recursos literários também são usados na poesia hebraica. Podemos citar a metáfora, que consiste no emprego de uma palavra fora de seu sentido habitual ou literal, como vemos, por exemplo, em Provérbios 6.20: “Porque o mandamento é lâmpada...”. Lâmpada, aqui, evidentemente, é usada figuradamente como símbolo de iluminação, entendimento ou aquilo que dá luz, que orienta – é uma metáfora. Há também a símile que é, na verdade, uma modalidade de metáfora. Ela ocorre quando uma metáfora vem acompanhada das expressões “como”, “qual”, “tal”, “assim como”, etc. Exemplo: “Como dente quebrado e pé sem firmeza...” (Pv 25.19). Outro recurso magnífico que é usado na poesia hebraica são os chamados acrósticos alfabéticos. Trata-se de um artifício literário encontrado em algumas poesias do AT para ajudar a memória ou propiciar a divisão das estrofes. O tipo de acróstico empregado no AT é de caráter alfabético. O melhor exemplo pode ser observado no Salmo 119. Este salmo forma um acróstico alfabético. Suas vinte e duas seções de oito versos cada correspondem às vinte e duas letras do alfabeto hebraico. Cada versículo começa com a letra da sua respectiva seção. Isso pode ser verificado na versão ARC. É lógico que na tradução do hebraico para outras línguas, o efeito do acróstico se perde e as letras iniciais de cada versículo não são todas as mesmas para cada divisão do salmo. Há outros Salmos acrósticos como o 9, 25, 34, etc. Também em Lamentações ocorrem vários acrósticos alfabéticos. Os capítulos 1,2 e 4 contêm 22 versos com acrósticos, que nem sempre seguem uma ordem precisa. O capítulo 3 tem três versos para cada letra do alfabeto. Acredita-se que Naum 1.2-10 seja parcialmente alfabético, mas isso não está claro no texto hebraico. Alguns afirmam que os poemas acrósticos sejam de um período posterior, mas essa opinião não está baseada em fatos. A seguir,

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você tem o texto hebraico dos oito primeiros versos do Salmo 119 dispostos em dois gráficos, onde o gráfico da direito dispõe os oito versos com todas as letras álefes marcadas. O álefe é a primeira letra do alfabeto hebraico. Repare que esta é a primeira seção, i.e., a seção Álefe, onde todos os versos iniciam justamente com esta letra. Lembre-se ainda de que no hebraico a leitura é feita da direita para a esquerda:

CONCLUSÃO

Meditação profunda, reflexões da alma, comunhão profunda com Deus, anseio pelo Criador Eterno, antevisão do Messias Sofredor, do Messias Crucificado, do Messias Ressuscitado e do Messias que adentra aos portões eternos – é essa a riqueza que encontramos nos livros poéticos. Nesses cinco livros, encontramos lenitivo para nossas almas, consolo em meio às tristezas da vida, fonte abundante de renovação espiritual, correção para nossa caminhada. Por que então não nos dedicar a estudá-los com sede profunda? Ali, encontraremos pão cotidiano para nossos momentos devocionais, para nossos momentos a sós com Deus. Busquemos sempre nessa mina inesgotável de riquezas eternas que nos conduzem à eternidade!

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4. PROFETAS MAIORES “Assim, temos ainda mais firme a palavra dos profetas, e vocês farão bem se a ela prestarem atenção, como a uma candeia que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça no coração de vocês”.

2 Pedro 1.19

INTRODUÇÃO

Chegamos então a esta seção do Antigo Testamento rica daquilo que Deus desejava e deseja para seu povo: a seção profética. Esta seção inteira compreende ao todo 17 livros, chamados proféticos por causa do seu conteúdo e porque as suas respectivas autorias são de profetas, homens que viveram durante o período monárquico de Israel, ao longo de mais de quatro séculos! É importante ressaltar aqui que o que foi dito e escrito por estes homens de Deus do passado, os profetas de Israel, não é apenas material literário restrito àquele período, mas as verdades espirituais que encontramos nestes livros são também para nosso tempo, de modo que muito podemos aprender e apreender para nossa vida de devoção a Deus, relacionamento com e na Igreja e também na vivência social. Os profetas bíblicos ainda falam, depois de mais de 2.400 anos! Você consegue ouvi-los? Peça ao Espírito Santo que possa guiá-lo na compreensão da mensagem profética contida no AT. As profecias que foram transmitidas por estes homens de Deus formam a base teológica e cristológica do próprio Novo Testamento. São, portanto, a base para assuntos teológicos, desenvolvidos no NT, da mais alta importância, tais como Soteriologia, Antropologia, Hamartiologia, as Dispensações, Escatologia, etc. Mas o que acontece é que esses livros, apesar de serem tão vitais para nossa compreensão teológica do NT e da Bíblia como um todo, são muitas vezes ignorados por nós, Igreja de Cristo. Que este livro de Introdução ao Antigo Testamento

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possa ajudá-lo a reconhecer a importância dos livros proféticos do AT e dedicar-se a lê-los e estudá-los.

QUEM ERA O “PROFETA” NO AT?

Evidentemente precisamos começar entendendo o que a Bíblia nos revela sobre “o ser profeta”. A palavra “profeta” aparece no AT na palavra hebraica Nabi e o sentido dela em toda a extensão do AT aplicado aos profetas de Deus é “aquele que fala ou declara uma mensagem em nome do Senhor”. Ele era o porta-voz de Iavé, comunicando aos seus ouvintes (e leitores) a vontade DEle. É claro que nem sempre isto acontecia, pois o AT cita também os falsos profetas, como vemos no caso de Jeremias em seu embate com o falso profeta Hananias (Jr 28), por exemplo. A palavra grega para profeta é prophetes que significa “aquele que fala sobre aquilo que está por vir ou adiante”. O prophetes é aquele que conhece o futuro porque Deus lhe revelou e assim ele comunica o que recebeu de Deus por inspiração. Uma parcela significativa do profetismo bíblico dedicou-se a anunciar o futuro. Isto é visto nas profecias messiânicas, por exemplo. As profecias messiânicas são aquelas profecias contidas no Antigo Testamento que dizem respeito ao Messias.

Já foi feita uma estimativa de que várias centenas de profecias relacionadas a Cristo já se cumpriram em seu primeiro advento. Arthur T. Pierson (1837-1911) afirmou que há 332 referências a Cristo no AT que foram expressamente citadas no NT como profecias cumpridas durante a sua vida e ministério, ou como previsões de seu caráter...

11 No AT, o profeta é também chamado em alguns momentos de “vidente”. Não deve o estudante da Bíblia confundir o conceito bíblico de “vidente” com o conceito do espiritismo sobre esta palavra. Na Bíblia, o profeta do Altíssimo era assim chamado porque “via as mensagens que recebia de Deus”, em alguns casos. De fato, livros como o de Ezequiel, Daniel, Zacarias e

11

Dicionário Bíblico Wycliffe, 2ª ed., CPAD, pág. 1605.

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outros são ricos em visões. A palavra “vidente” significa “aquele que vê”. Mas além de ser o porta-voz de Deus, o profeta no AT era aquele que sentia o que o próprio Deus estava sentindo. Deus comunicava o Seu próprio coração ao coração do profeta! Vemos isso claramente nas Lamentações de Jeremias! O profeta chora ao ver a devastação de Judá. Também o profeta Oséias, igualmente sentiu o que Deus estava sentindo em relação à Sua infiel esposa – Israel. Dura missão recebeu aquele profeta de Deus: “Vai, toma uma mulher de prostituições e terás filhos de prostituição, porque a terra se prostituiu, desviando-se do Senhor” (Os 1.2). O seu próprio casamento seria um símbolo vivo da infidelidade de Israel! O profeta nestes casos se tornava, muitas vezes, uma mensagem ambulante! Enfim, vemos que os profetas veterotestamentários tornavam-se assim os recipientes dos sentimentos do próprio Senhor. É claro que em um coração humano não caberia todo o amor de Deus pelo povo. O amor divino é incomensurável! Mas aqueles homens (e mulheres também, em alguns poucos casos citados no AT) eram impactados pelo zelo do Senhor.

O PROFETISMO EM ISRAEL

Afinal, o ministério profético no AT existiu como uma instituição organizada, como a dos sacerdotes? Houve de fato uma escola de profetas? Com base no que lemos em Números 11.16-30, entendemos que a atividade profética inicia-se já nos tempos de Moisés. Aliás, o próprio Moisés é chamado nas Escrituras de profeta (cf. Dt 34.10). Mas é interessante observar que esta atividade já era conhecida no tempo do patriarca Abraão. Veja que Abimeleque ouve o próprio Deus dizer que Abraão era profeta! (Gn 20.6,7). Mas certamente essa atividade profética só veio a ser mais amplamente desenvolvida no tempo de Moisés mesmo. Acreditamos que o profetismo como movimento surgiu mesmo no oitavo século antes de Cristo e que “tinha por objetivo restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar as injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já não podia esperar contra a esperança. Tendo sido iniciado por Amós, foi encerrado por

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Malaquias. João Batista é visto como o último representante deste movimento"12.

CLASSIFICAÇÃO DOS PROFETAS

Veremos a seguir quatro tipos de classificação para os profetas do AT:

1. Profetas “literários”, também chamados de “profetas clássicos”. São os profetas que nos legaram os livros que levam os seus nomes. Deixaram-nos uma mensagem escrita.

2. Profetas “não literários”, também chamados de “profetas orais”. São aqueles cujas profecias não chegaram até nós na forma de livros, embora encontremos as suas palavras registradas nos livros bíblicos, mas esse registro era sempre feito por outro escritor.

3. Profetas Maiores – refere-se aos livros de Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel e Daniel. São assim chamados por causa da grande quantidade de volume literário de seus livros e também por causa da extensão dos seus ministérios.

4. Profetas Menores – são assim chamados por causa do pequeno volume literário de seus livros.

Poderíamos ainda classificar os profetas em “profetas do pré-exílio” e “profetas do pós-exílio”. Conhecer e entender essa classificação ajuda muito na compreensão da mensagem dos livros proféticos. De fato, o exílio babilônico foi um marco na história do povo judeu, delimitando um “antes” e um “depois” na vida daquela nação.

CONCLUSÃO

Os livros dos profetas maiores revelam-nos uma riqueza muito grande. Neles, vemos o quanto o Senhor requer do seu povo a

12

ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD, p. 244

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justiça, a retidão, a pureza e também percebemos que somente Ele é soberano sobre os eventos da História. A Bíblia toda é muito rica em profecias e o cumprimento dessas profecias vêm somente comprovar a origem divina da Palavra de Deus, até porque, o Senhor é Soberano sobre a História e conhece o futuro ainda no passado. Aleluia! É impressionante o fiel cumprimento de muitas profecias contidas nos livros dos profetas maiores, como por exemplo, “em Ezequiel 37 está uma das mais claras profecias sobre o despertamento nacional e espiritual do povo israelita. O cumprimento dessas profecias está em marcha perante nossos olhos. Há inúmeros outros casos de famosas profecias bíblicas. Ciro, o monarca persa, Deus chamou-o pelo nome através do profeta Isaías, 150 anos antes do seu nascimento! (Is 44.28). Josias, rei de Judá, também foi chamado pelo nome 300 anos antes do seu nascimento (Ver 1 Reis 13.2 com 2 Reis 23.15-18)...”13.

13

GILBERTO, Antonio. A Bíblia Através dos Séculos. 19 ed. Rio de Janeiro: CPAD, pág. 42.

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5 – PROFETAS MAIORES

“... Jesus Cristo... o qual foi por Deus, outrora, prometido por intermédio dos seus profetas nas Sagradas Escrituras”.

Romanos 1.1,2

Como discordar do “doutor dos gentios” nesta afirmação categórica? De fato, foi Jesus Cristo já prometido por Deus através do ministério profético no AT. Passamos agora a considerar os livros dos profetas menores, homens poderosamente usados por Deus, a despeito do volume literário de seus livros serem pequenos e de termos poucas informações sobre alguns deles. Não houve outro povo ao longo da História que tenha tido o privilégio de ser instruído, exortado, corrigido e consolado pelo ministério profético como foi o povo de Israel. Graças a Deus, contudo, que a mensagem destes homens que falaram inspirados por Deus ficou registrada por escrito e chegou até nós. O profetismo em Israel foi mais do que prever o futuro – tratou da conduta individual e social, rompeu com o formalismo religioso que havia tomado o ministério sacerdotal em alguns momentos e comunicou ao povo, aos líderes políticos e religiosos a vontade de Deus. Este ministério profético foi por vezes impactante e também muito difícil de ser exercido por esses porta-vozes de Deus. Quão difícil foi a missão de Oséias! Malaquias combate o culto formal e sem vida que acontecia em seu tempo e condena os pecados do sacerdócio e do povo. Ageu convida o povo a voltar às obras do Templo e Jonas precisa encontrar-se com um grande peixe para cumprir a ordem divina. Muito temos a aprender com estas histórias ricas de conteúdo espiritual edificante para nossas vidas, hoje, em pleno século 21. Meditemos, pois, nestes livros.

À semelhança do Novo Testamento, o Antigo termina com uma profecia: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor” (Ml 4.5). Esta profecia era referente a João Batista, e nele se cumpriu. Jesus mesmo o disse:

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“Eu, porém, vos digo que Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a seu respeito está escrito” (Mc 9.13). Esta profecia dizia respeito ao trabalho de João Batista de preparar o caminho para o Senhor Jesus. Podemos dizer então que o AT termina apresentando um vislumbre do Salvador, Jesus Cristo. Já o NT conclui com as palavras do próprio Cristo: “Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora” (Ap 22.20a). Que possamos estar sempre prontos a dizer: “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20b).

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Pesquisa On-Line:

Fonte: Vivos, O Site da Fé Cristã – Link: <http://www.vivos.com.br/249.htm> Acesso em 13/04/2012.

Fonte: Artigo publicado na internet pelo Pastor Isaías Lobão Pereira Júnior - http://www.monergismo.com/textos/comentarios/exegese_%20da_poesia_hebraica.pdf.