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Fatores associados à prevalência de obesidade infantil em escolares Factors associated to the prevalence of overweight in a schoolchildren Marcella Martins Xavier Rogério Martins Xavier Médicos, ex-alunos do Curso de Medicina da Universidade de Uberaba. [email protected] Fernanda Oliveira Magalhães Doutora, professora do Curso de Medicina da Universidade de Uberaba. [email protected] Altacílio Aparecido Nunes Professor do Curso de Medicina da Universidade de Uberaba. Professor adjunto, doutor do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. [email protected] Vitorino Modesto dos Santos Doutor, ex-professor do Curso de Medicina da Universidade de Uberaba. Preceptor de Clínica Médica do HFA, Brasília - DF. [email protected] Endereço para correspondência: Prof. Dr. Altacílio Nunes - Alameda Vereador Júlio César Rezende, 25 - Boa Vista - Uberaba - MG - Tel.: (34) 9151-2515 - E-mail: [email protected] © Copyright Moreira Jr. Editora. Todos os direitos reservados. Indexado na Lilacs Virtual sob nº LLXP: S0031-39202009002400003 Unitermos: criança, obesidade, epidemiologia, estudos transversais Unterms: child, obesity, epidemiology, cross-sectional studies. Sumário Objetivos: Determinar os fatores associados à prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças em idade escolar em escola vinculada a uma Universidade. Métodos: Estudo transversal, onde foram selecionadas 229 crianças entre 5 e 15 anos de idade, alunos de uma escola de ensino fundamental, vinculada à Universidade de Uberaba, durante o ano de 2004. Sobrepeso foi definido como IMC, situando-se entre os percentis 85 e 95 e obesidade, como IMC ³ ao percentil 95, para idade e sexo. Na avaliação das variáveis explicativas foi utilizado um questionário complementar e para associação entre estas e a variável resposta foi empregada a razão de prevalência (RP) e seu intervalo de confiança a 95% (IC 95%). Resultados: A prevalência de sobrepeso foi de 11,79% e a de obesidade, 13,53%. Não houve diferença significativa entre os sexos e faixas etárias. Das crianças que referiam atividade física, 16,66% eram obesas e 18,18% tinham sobrepeso. Quanto ao tempo que assistiam televisão por dia, a maioria das crianças relatou de 2 a 4 horas. Cerca de 94% das crianças com sobrepeso e 85% dos obesos foram amamentados com leite materno. A maioria dos alunos com sobrepeso e obesos teve peso e estatura normais ao nascer, com parto a termo e por cesariana. Conclusão: A prevalência de sobrepeso e obesidade infantil mostrou-se elevada em relação a outros estudos. Não houve associação estatisticamente significativa entre obesidade e hábito de assistir televisão, falta de aleitamento materno e inatividade física.

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Fatores associados à prevalência de obesidadeinfantil em escolares

Factors associated to the prevalence of overweight in a schoolchildren

Marcella Martins XavierRogério Martins Xavier

Médicos, ex-alunos do Curso de Medicina da Universidade de Uberaba. [email protected]

Fernanda Oliveira Magalhães

Doutora, professora do Curso de Medicina da Universidade de Uberaba. [email protected]

Altacílio Aparecido Nunes

Professor do Curso de Medicina da Universidade de Uberaba. Professor adjunto, doutor do Departamento deMedicina Social da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. [email protected]

Vitorino Modesto dos Santos

Doutor, ex-professor do Curso de Medicina da Universidade de Uberaba. Preceptor de Clínica Médica doHFA, Brasília - DF. [email protected]

Endereço para correspondência: Prof. Dr. Altacílio Nunes - Alameda Vereador Júlio César Rezende, 25 - BoaVista - Uberaba - MG - Tel.: (34) 9151-2515 - E-mail: [email protected]

© Copyright Moreira Jr. Editora.Todos os direitos reservados.

Indexado na Lilacs Virtual sob nº LLXP: S0031-39202009002400003

Unitermos: criança, obesidade, epidemiologia, estudos transversais

Unterms: child, obesity, epidemiology, cross-sectional studies.

SumárioObjetivos: Determinar os fatores associados à prevalência de sobrepeso eobesidade em crianças em idade escolar em escola vinculada a uma Universidade.Métodos: Estudo transversal, onde foram selecionadas 229 crianças entre 5 e 15anos de idade, alunos de uma escola de ensino fundamental, vinculada àUniversidade de Uberaba, durante o ano de 2004. Sobrepeso foi definido comoIMC, situando-se entre os percentis 85 e 95 e obesidade, como IMC ³ ao percentil95, para idade e sexo. Na avaliação das variáveis explicativas foi utilizado umquestionário complementar e para associação entre estas e a variável resposta foiempregada a razão de prevalência (RP) e seu intervalo de confiança a 95% (IC95%). Resultados: A prevalência de sobrepeso foi de 11,79% e a de obesidade,13,53%. Não houve diferença significativa entre os sexos e faixas etárias. Dascrianças que referiam atividade física, 16,66% eram obesas e 18,18% tinhamsobrepeso. Quanto ao tempo que assistiam televisão por dia, a maioria dascrianças relatou de 2 a 4 horas. Cerca de 94% das crianças com sobrepeso e 85%dos obesos foram amamentados com leite materno. A maioria dos alunos comsobrepeso e obesos teve peso e estatura normais ao nascer, com parto a termo epor cesariana. Conclusão: A prevalência de sobrepeso e obesidade infantilmostrou-se elevada em relação a outros estudos. Não houve associaçãoestatisticamente significativa entre obesidade e hábito de assistir televisão, faltade aleitamento materno e inatividade física.

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SumaryObjective: To determine the association between some variables and theprevalence of overweight and obesity in schoolchildren.

Methods: A cross-sectional study with 229 scholars between five and 15 years,ed from a School linked to the Uberaba University (Minas Gerais, Brazil) in 2004.Overweight was defined when BMI was ³ the percentile 85 and under 95 andobesity, when BMI was ³ the percentile 95 of the references for age and sex. Forevaluation of the independent variables, a complementary questionnaire was usedand the Prevalence Ratio (PR) with its confidence interval at 95% was employedto evaluate associations.

Results: The prevalence of overweight was 11.79% and of obesity, 13.53%. Therewas no significant difference between gender and age groups. Among the childrenthat reported physical activity, 16.66% were obese and 18.18% overweight. Asfor the daily television viewing time, most of the children reported two to fourhours. As regards breastfeeding, 94.44% of the children with overweight and 85%of the obese ones reported it. Most of the overweight and obese students hadnormal weight and stature at birth, which occurred at term and by cesarean.

Conclusion: The prevalence of childhood overweight and obesity was high ascompared to other studies. There was no statistical relationship between obesityand the habit of viewing television, lack of maternal breastfeeding and physicalinactivity.

Numeração de páginas na revista impressa: 105 à 108

Resumo

Objetivos: Determinar os fatores associados à prevalência de sobrepeso eobesidade em crianças em idade escolar em escola vinculada a uma Universidade.Métodos: Estudo transversal, onde foram selecionadas 229 crianças entre 5 e 15anos de idade, alunos de uma escola de ensino fundamental, vinculada àUniversidade de Uberaba, durante o ano de 2004. Sobrepeso foi definido comoIMC, situando-se entre os percentis 85 e 95 e obesidade, como IMC ³ ao percentil95, para idade e sexo. Na avaliação das variáveis explicativas foi utilizado umquestionário complementar e para associação entre estas e a variável resposta foiempregada a razão de prevalência (RP) e seu intervalo de confiança a 95% (IC95%). Resultados: A prevalência de sobrepeso foi de 11,79% e a de obesidade,13,53%. Não houve diferença significativa entre os sexos e faixas etárias. Dascrianças que referiam atividade física, 16,66% eram obesas e 18,18% tinhamsobrepeso. Quanto ao tempo que assistiam televisão por dia, a maioria dascrianças relatou de 2 a 4 horas. Cerca de 94% das crianças com sobrepeso e 85%dos obesos foram amamentados com leite materno. A maioria dos alunos comsobrepeso e obesos teve peso e estatura normais ao nascer, com parto a termo epor cesariana. Conclusão: A prevalência de sobrepeso e obesidade infantilmostrou-se elevada em relação a outros estudos. Não houve associaçãoestatisticamente significativa entre obesidade e hábito de assistir televisão, faltade aleitamento materno e inatividade física.

Introdução

A obesidade é um distúrbio crônico, com prevalência crescente em todas as faixasetárias, tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento,sendo considerada uma condição epidêmica nos EUA. O número de crianças comsobrepeso quase duplicou naquele país nas últimas três décadas, o mesmoacontecendo em regiões onde a subnutrição ainda constitui importante problemade Saúde Pública(1).

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É importante enfatizar que não só a incidência de obesidade está crescendo, comotambém sua magnitude, porque crianças obesas apresentam risco duas vezesmaior que as não obesas de se tornarem adultos obesos. Dados de uma revisãoindicam que um terço dos obesos em idade pré-escolar e metade dos obesos naescola primária serão obesos na idade adulta(2). Além disso, cerca de 50% dascrianças obesas aos seis meses de idade e 80% das obesas aos cinco anospermanecerão obesas quando adultos(3).

Parece claro, então, que a idade de início da obesidade pode influir na tendência àsua persistência. Aproximadamente 80% dos adolescentes obesos serão adultosobesos(4-6). Uma vez instalada a obesidade na infância, dificilmente se conseguea redução do peso ou sua normalização.

A etiopatogenia da obesidade abrange fatores ainda não bem elucidados porém, ésabido que o ganho de peso resulta de uma ingestão calórica maior que o gastoenergético, podendo estar associado a hiperplasia e hipertrofia das célulasgordurosas(7). Diferenças no metabolismo também aumentam a suscetibilidadepara ganhar peso, assim como o nível de atividade física. A inatividade física éconsiderada importante fator causal de obesidade infantil, como se observa emcrianças que assistem televisão (TV) por períodos prolongados, diariamente(8).Síndromes endócrinas podem constituir eventuais causas de obesidade, mas umdos fatores de risco mais importantes para sua ocorrência na criança é a presençado distúrbio em seus pais, pela soma de fatores ambientais e genéticos(9-12).

A televisão também pode ser prejudicial para o crescimento e desenvolvimentonormais da criança, devido à inatividade constante nos períodos de lazer. O fatode assistir TV pode associar-se a sugestões da mídia para o consumo de alimentosinadequados, favorecendo ganho de peso excessivo entre indivíduos de 6 e 17anos(4-6). Entretanto, um estudo longitudinal e de perfil de um grande número dealunas do ensino intermediário não encontrou associação significativa entre ohábito de assistir TV, inatividade física e obesidade(13).

O presente estudo teve como objetivo estimar a prevalência de obesidade infantil,através do índice de massa corporal (IMC), segundo sexo e idade, em amostra decrianças de uma escola ligada à Universidade de Uberaba e associá-la a algumasvariáveis: atividade física, aleitamento materno, via de parto, peso e estatura aonascer, prematuridade e tempo de TV por dia.

Métodos

Trata-se de estudo epidemiológico transversal, no qual foi avaliada a prevalênciade obesidade infantil. O estudo foi realizado na Escola Ricardo Misson, instituiçãovinculada à Universidade de Uberaba. A amostra analisada incluiu crianças na faixaetária de 5 a 15 anos, no ano letivo de 2004.

As crianças foram submetidas a medidas de altura e peso no mês de novembro de2004, durante o horário de aula (matutino ou vespertino), em balançaantropométrica (digital, do tipo plataforma), sem sapatos e com o mínimo de roupa(camiseta e bermuda, saia ou calça). A balança foi calibrada e colocada em nívelplano, desencostada da parede. A estatura foi aferida utilizando-se uma fitamétrica afixada verticalmente em uma parede sem rodapé. As crianças estavamdescalças e encostando a cabeça, o dorso, os glúteos e os calcanhares naparede, junto da fita métrica. Os braços permaneceram estendidos ao longo docorpo, os calcanhares unidos e as plantas dos pés apoiados totalmente no chão.Um esquadro foi encostado no ponto mais alto da cabeça, formando um ânguloreto com a fita métrica. Com os dados coletados, foi calculado o IMC. Foramconsiderados com sobrepeso os alunos que apresentaram IMC entre os percentis85 e 95 e obesos, aqueles com IMC ³ ao percentil 95, ambos para a idade e osexo, de acordo com National Center for Health Statistcs (NCHS).

Analisando o questionário complementar, classificamos os fatores predisponentes

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em: 1) atividade física (presente ou ausente) 2) aleitamento materno (presente ouausente) 3) via de parto (normal, cesariana ou fórceps) 4) peso ao nascer [<2.500 g, de 2.500 g a < 4.000 g (normal) e ³ 4.000 g] 5) estatura ao nascer [< 45cm, de 45 cm a <55 cm (normal) e ³ 55 cm] 6) prematuridade (presente ouausente) e 7) tempo de TV por dia (0-2 horas, 2-4 horas, 4-6 horas e 6-8 horas).

Análise estatística

Para cálculo de diferença entre as proporções se empregou o teste doquiquadrado ou o teste exato de Fischer e para diferença entre médias, o teste tde Student. Na verificação de associação entre obesidade, sobrepeso e as demaisvariáveis utilizou-se a Razão de Prevalência e seu intervalo de confiança a 95%(IC 95%). O nível de significância adotado foi de 5% (p < 0,05). Paraarmazenamento e análise dos dados foram utilizados os softwares Epi info 6.04 e oSPSS 10.0.

Considerações éticas

O trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade deUberaba. Após consentimento livre e esclarecido se realizou uma reunião naescola, incluindo pais, responsáveis e professores, para esclarecer o objetivo doprojeto e dirimir outras eventuais dúvidas. Em outra fase do trabalho enviamos,através das crianças, um Termo de Consentimento para colher assinatura dos paisou responsáveis e uma Carta Explicativa sobre a pesquisa, colocando-nos àdisposição para esclarecimentos adicionais. Além disso, cada criança recebeu umquestionário complementar bastante simplificado, permitindo abranger oentendimento de populações com diferentes graus de escolaridade.

Resultados

Foram avaliados 229 indivíduos dos 233 alunos da escola analisada, sendo 111(48,47%) do sexo masculino e 118 (51,53%) do feminino. De acordo com a faixaetária, a maioria (65,93%) encontrava-se entre sete e nove anos, com média de8,04 (± 1,68) anos.

As prevalências de sobrepeso e obesidade infantil observadas foram de 11,79% e13,53%, respectivamente, não havendo diferença estatisticamente significativa (p> 0,05) entre os sexos e as faixas etárias.

Atividade física

Dos alunos com sobrepeso, a maioria 66,66% (12) referiu essa atividade e 33,33%(6) a negaram enquanto entre os obesos 52,39% (11) a relataram e 47,61%(10/21) a negaram. Não se encontrou relação significativa entre inatividade físicae obesidade.

Aleitamento materno

Do grupo com sobrepeso, 94,44% (17) o afirmaram e um (5,55%) negou dosobesos, 85,00% (17) o relataram e 15,00% (3) negaram, comprovando-se que amaioria das crianças teve aleitamento materno.

Tempo de TV por dia

A maioria assistia à TV por até 4 horas. Daqueles com sobrepeso, dois (11,11%)assistiam de 0-2 horas, 12 (66,66%) de 2-4 horas, três (16,66%) de 4-6 horas eum (5,55%) de 6-8 horas. Entre os obesos, cinco (23,81%) assistiam de 0-2horas, oito (38,09%) de 2-4 horas, seis (28,57%) de 4-6 horas e dois (9,52%) de6-8 horas. Não se encontrou relação entre um maior tempo assistindo à TV eobesidade.

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Via de parto

A via predominante foi cesariana. Do grupo de obesos, 14 (66,66%) a referiram,cinco (23,80%) nasceram de parto normal e dois (29,52%) tiveram parto afórceps. Dentre os com sobrepeso, dez (55,55%) referiram cesariana, sete(38,88%) parto normal e um (5,55%) parto por fórceps.

Peso e estatura ao nascer

A maioria apresentou peso e estatura normais ao nascer. Quanto ao peso, 16(76,19%) dos obesos nasceram com peso normal, quatro (19,04%) com 4.000 gou mais e somente um (4,76%) com menos de 2.500 g. Daqueles com sobrepeso,15 (88,23%) nasceram com peso normal, um (5,88%) com 4.000 g ou mais e um(5,88%) com menos de 2500g. Em relação à estatura, 19 (95,00%) dos obesosnasceram com 45 a <55cm, somente um (5,00%) nasceu com 55cm ou mais, enenhuma criança obesa nasceu com menos de 45 cm. No grupo com sobrepeso, 14(87,50%) nasceram com 45 a <55 cm, um (6,25%) menor que 45 cm e apenas um(6,25%) nasceu com 55 cm ou mais.

Prematuridade

Dos obesos analisados, somente um (4,76%) foi prematuro enquanto aprematuridade não foi relatada entre as crianças com sobrepeso.

Na Tabela 1 podem-se observar as análises univariadas, nas quais se buscouavaliar a existência de associação entre as diversas variáveis estudadas e oachado de obesidade. Notou-se que o fato de assistir à televisão por temposuperior a duas horas diárias pode estar associado à obesidade, apesar doresultado não ter sido estatisticamente significativo.

Discussão

No Brasil o panorama de prevalência de obesidade crescente não é diferente doresto do mundo. No inquérito Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS),realizado em 1996, foi encontrada prevalência de 4,9% e os inquéritos nacionaisrealizados nas décadas de 70, 80 e 90 demonstraram crescimento de 3,6% para7,6% no sexo feminino, na população de 4 a 5 anos de idade. Em São Paulo foirelatada prevalência de 2,5% de obesidade em crianças maiores de 10 anos, entreas classes econômicas menos favorecidas, e de 10,6%, no grupo maisfavorecido(14). Estudo realizado em escola de classe média alta em Recife revelou26,2% de sobrepeso e 8,5% de obesidade(15).

A avaliação do estado nutricional e do consumo alimentar de meninos de 7 a 10anos praticantes de futebol, mostrou que a prevalência do excesso de peso emcrianças é elevada, mesmo entre aquelas que praticam esporte regularmente. Issoporque, mesmo com a porcentagem de macronutrientes equilibrada, o consumocalórico é alto, com excesso de açúcares e gorduras saturadas na dieta(16).

Conclusões

Os achados do presente estudo revelam prevalências de sobrepeso e obesidadeinfantil elevadas, em relação a estudos semelhantes realizados no Brasil. Alémdisso, o fato de assistir à televisão por um tempo superior a duas horas por dia,apesar de estatisticamente não significativo, pode estar associado à obesidade. Orelato de aleitamento materno e inatividade física não estiveram associados àobesidade ou ao sobrepeso. A maioria das crianças com sobrepeso e obesas

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apresentava peso e estatura normais ao nascer, com nascimento a termo e via departo cesariana.

Nossos dados sobre excesso de peso infantil enfatizam a necessidade de maioratenção dos familiares e de profissionais da área de saúde, no sentido defavorecer a prevenção e a identificação precoce desse crescente problemanacional.

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