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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO
FATORES DE RISCO EM PACIENTES COM INFARTO
AGUDO DO MIOCÁRDIO EM UM HOSPITAL PRIVADO
DE RIBEIRÃO PRETO-SP
Kelli Cristina Silva de Oliveira
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem Fundamental do
Departamento de Enfermagem Geral e
Especializada da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, na
linha de investigação intitulada Processo de cuidar
do adulto com doenças agudas e crônico-
degenerativas, para obtenção do título de Mestre
em Enfermagem.
RIBEIRÃO PRETO
2004
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO
FATORES DE RISCO EM PACIENTES COM INFARTO
AGUDO DO MIOCÁRDIO EM UM HOSPITAL PRIVADO
DE RIBEIRÃO PRETO-SP
Kelli Cristina Silva de Oliveira
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem Fundamental do
Departamento de Enfermagem Geral e
Especializada da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, na
linha de investigação intitulada Processo de cuidar
do adulto com doenças agudas e crônico-
degenerativas, para obtenção do título de Mestre
em Enfermagem.
Orientadora: Profª. Drª. Maria Lúcia Zanetti
RIBEIRÃO PRETO
2004
Autorizo a reprodução total ou parcial deste trabalho, para qualquer meioconvencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada afonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
Oliveira, Kelli Cristina Silva de Fatores de risco em pacientes com infarto agudo domiocárdio em um hospital privado de Ribeirão Preto-SP.Ribeirão Preto, 2004. 100 p. : il.
Dissertação apresentada à Escola de Enfermagem deRibeirão Preto/USP – Área de concentração: EnfermagemFundamental. Orientadora: Zanetti, Maria Lúcia.
1. Fatores de Risco. 2. Infarto do Miocárdio. 3.Enfermagem.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Kelli Cristina Silva de Oliveira
Fatores de risco em pacientes com infarto agudo do miocárdio em um hospital privado de
Ribeirão Preto-SP
Dissertação apresentada à Escola de Enfermagem
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Enfermagem Fundamental
Aprovado em: 27/04/2004
Banca Examinadora
Profa Dra Maria Lúcia Zanetti
Professora Associada do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Orientadora
Julgamento:___________________Assinatura:______________________________
Prof. Dr. Evandro José Cesarino
Professor Doutor do Departamento de Análises Clínicas, Bromatológicas e Toxicológicas
da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
Julgamento:___________________Assinatura:______________________________
Profa Dra Rosana Aparecida Spadoti Dantas
Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
Julgamento:___________________Assinatura:______________________________
“Só reconhecendo a situação humana, as
dicotomias inerentes a sua existência e sua
capacidade para ampliar suas forças serão
capazes de ter êxito nessa missão: a de ser
ele próprio e por si próprio, e de conseguir a
felicidade por meio da concretização total das
faculdades que lhe são peculiares: a razão, o
amor e o trabalho produtivo”.
ERIC FROMM (1978)
Dedicatória
Aos meus pais Francisco Roberto e Maria Helena,
pelo exemplo de vida, dedicação, aprovação,
compreensão, incentivo, e me ajudaram no meu
crescimento pessoal e profissional. Meu muito
obrigado.
Ao meu esposo Mauro,
amigo e companheiro, pela paciência, estímulo em
abrir mão de seus próprios sonhos para partilhar os
meus. Você estará para sempre na minha vida. Minha
eterna gratidão.
Aos meus queridos filhos, Karolina e Leonardo,
na ausência da mamãe, uniram-se, não se permitindo
destruir, oferecendo carinho, alegria e cooperação,
e me ensinaram a lutar, e crescer como mãe, esposa
e enfermeira. Vocês são a minha luz e vida. Obrigado
por vocês existirem.
À minha irmã Sandra,
por compartilhar em toda trajetória da minha vida,
incentivando e valorizando cada ato de esforço e
conquista, para tornar possível a conclusão deste
estudo. Meu muito obrigado.
Meu cunhado Sandro e sobrinho Raphael,
pela colaboração e apoio durante esta trajetória.
Aos meus sogros Shirley e Wanderley,
pelo carinho e atenção que tiveram com meus filhos
durante minha ausência para realização deste
estudo. Meu muito obrigado.
Agradeço a Deus
pela existência, alegria, saúde, pela
oportunidade que me proporcionou, por
atender as minhas orações, por me
proteger nesta caminhada e me
fortalecer na fé, foram elementos
necessários para superar todas as
dificuldades encontradas durante este
trabalho.
A Profª Drª Maria Lúcia Zanetti,amiga e orientadora,
pela competência, dedicação e incentivo
constante no transcorrer destes anos,
que tornaram possíveis a conclusão
deste estudo.
Obrigado por ter acreditado no meu
profissional e com seus exemplos me
ensinaram a lutar e realizar meu sonho
de docência.
Agradecimentos
Agradeço aos que, explícita ou implicitamentecontribuíram para que esta pesquisa chegasse ao final
Ao Profº Dr. Evandro José Cesarino e Profª Drª Rosana Aparecida
Spadoti Dantas, pelo empenho, colaboração e sugestões dadas para o
aprimoramento do estudo.
A Profª Drª Ana Emilia Pace, pelas sugestões na fase de qualificação.
A Profª Drª Maria Helena Pessini de Oliveira, por acreditar em mim,
proporcionando-me a oportunidade de crescer e alcançar a docência.
Ao Profº Dr. José Ivan de Andrade, por ter autorizado a investigação
deste estudo.
Aos Enfermeiros e Amigos Divani, Silvana, Silvia, Mara Rúbia, Roberta,
Érika, Cristina, Sebastiana, Daniela e Maria Ivone, pela colaboração e
apoio para concretização deste estudo. Meu muito obrigado.
Á Maria Goreti e Edna, pelo carinho, dedicação que tiveram com meus filhos,
cuidando e educando-os durante minha ausência para realização deste estudo.
Aos amigos do Hospital São Francisco e Hospital do Coração, pela
colaboração e incentivo constante, que tornaram possível a conclusão desta
pesquisa.
Ao Drº Francisco F. Moreira Neto, pelo empenho, sugestões dadas para o
aprimoramento do estudo.
Aos enfermeiros, funcionários e médicos da Unidade Coronariana, pela
colaboração fornecida na fase de coleta de dados.
Ao Jorge, pela paciência, dedicação e auxílio na digitação.
À Ludmila, pelo auxílio nas análises estatísticas.
À Maria Bernadete, pela pronta disposição na correção bibliográfica e na
edição final da dissertação.
À Deolinda e Lurdes, sala de leitura Glete de Alcântara, pela paciência e
carinho prestado a minha pessoa.
Aos meus alunos do Curso de Enfermagem da Unaerp e Fafibe, pelo
carinho, compreensão e incentivadores para o meu aprimoramento. Minha
eterna gratidão
Aos meus pacientes pelo consentimento em participar do estudo, pois sem
eles, não seria possível a concretização deste estudo.
SUMÁRIO
Apresentação AbreviaturasLista de QuadrosLista de TabelasResumoAbstractResumen
1 INTRODUÇÃO 011.1 Doenças crônicas não transmissíveis: doenças cardiovasculares 011.2 Infarto agudo do miocárdio 081.3 Fatores de risco relacionados às doenças cardiovasculares 121.4 O modelo de Campo de Saúde, proposto por Lalonde (1974) 19
2 OBJETIVOS 26
3 METODOLOGIA 273.1 Tipo de estudo 273.2 Local do estudo 273.3 Período do estudo 283.4 População do estudo 283.5 Critérios de inclusão e exclusão 293.6 Amostra do estudo 293.7 Variáveis estudadas 293.8 Definição das variáveis 30
3.8.1 Variáveis relacionadas à identificação 303.8.2 Variáveis relacionadas ao meio ambiente 303.8.3 Variáveis relacionadas à biologia humana 313.8.4 Variáveis relacionadas ao estilo de vida 323.8.5 Variáveis relacionados ao sistema de saúde 33
3.9 Elaboração e validação do instrumento de coleta de dados 333.10 Coleta de dados 343.11 Organização dos dados para análise 353.12 Aspectos éticos 35
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 364.1 Análise das variáveis relacionadas a identificação 364.2 Análise das variáveis relacionadas ao meio ambiente 364.3 Análise das variáveis relacionadas a biologia humana 444.4 Análise das variáveis relacionadas ao estilo de vida 534.5 Análise das variáveis relacionadas ao sistema de saúde 64
5 CONCLUSÕES 725.1 Variáveis relacionadas ao meio ambiente 725.2 Variáveis relacionadas a biologia humana 73
5.3 Variáveis relacionadas ao estilo de vida 735.4 Variáveis relacionadas ao sistema de saúde 73
6 REFERÊNCIAS 75
APÊNDICESAPÊNDICE AAPÊNDICE B
ANEXO
APRESENTAÇÃO
Após o término do Curso de Graduação em Enfermagem na Escola de Enfermagem
de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (USP), em 1992, já tínhamos grande
interesse pela assistência de enfermagem a pacientes que necessitavam de cuidados
intensivos. Esse interesse ocorreu após a realização de estágio voluntário no Centro de
Terapia Intensiva da Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto-SP, durante o quarto
ano do Curso de Graduação em Enfermagem.
Nesse estágio, com duração aproximada de um mês, tivemos a oportunidade de
conhecer, de forma mais próxima, a complexidade tecnológica, a importância da
racionalidade das ações de enfermagem, a necessidade de competência técnico-científica e
do desenvolvimento de habilidades no relacionamento interpessoal, dentre outras
características necessárias que envolvem o cuidado prestado a pacientes em estado crítico.
A partir desse momento, percebemos a necessidade iminente de adquirir e
aprofundar nossos conhecimentos sobre a assistência de enfermagem a pacientes críticos,
que requeriam cuidado qualificado, individualizado, pautado pela precisão das
intervenções, dinamismo das ações, habilidade no manuseio de diferentes equipamentos de
elevada complexidade e fundamentalmente, respaldados pela competência técnico-
científica.
Apresentação
No final de 1992, fui admitida no Hospital São Francisco e Hospital do Coração de
Ribeirão Preto-SP, na função de enfermeira assistencial para atuação no Centro de Terapia
Intensiva, onde tivemos a oportunidade de observar que a assistência a pacientes críticos
com coronariopatias centrava-se, predominantemente, nos aspectos biológicos. Todo um
aparato tecnológico era utilizado para se chegar com precisão ao diagnóstico da doença
isquêmica cardíaca, tais como o estudo hemodinâmico, como a angioplastia transluminal
coronaria e a cirurgia de revascularização do miocárdio em pacientes submetidos a
tratamento invasivos.
Nossa vivência profissional com pessoas portadoras de doença isquêmica cardíaca
foi e continua sendo fonte de inquietação e de rico aprendizado. Essas pessoas, em sua
grande maioria, tiveram suas vidas alteradas abruptamente pela manifestação da doença,
mediante o surgimento de crises de angina e ocorrência do infarto agudo do miocárdio.
Essa condição leva as pessoas a terem necessidade de cuidados de saúde integral,
envolvendo os aspectos biológicos, culturais, sociais, econômicos e psicológicos.
Por outro lado, os aspectos biológicos eram priorizados na determinação do
diagnóstico, tratamento e prognóstico em detrimento dos aspectos culturais e psicológicos
considerados nesse processo.
Inerente a esse contexto era freqüente o retorno dos pacientes com recidivas
decorrentes da não adesão ao tratamento proposto, devido a necessidade da ocorrência de
mudanças comportamentais, tais como alterações dos hábitos alimentares, eliminação do
tabagismo, prática regular de exercícios físicos, além da necessidade de manutenção do
tratamento medicamentoso, alterando o estilo de vida dessas pessoas.
Desde então, pude observar poucas mudanças no atendimento do Centro de Terapia
Intensiva onde estava atuando profissionalmente. As rotinas estabelecidas para a
assistência de enfermagem a pessoas com coronariopatias, ainda, continuam sendo feitas de
forma mecanicista e impessoal, envolvendo, predominantemente, a assistência voltada aos
seus aspectos biológicos. As justificativas para tal procedimento pautavam-se em: falta de
recursos humanos para um atendimento mais global à demanda da clientela, capacitação e
motivação dos profissionais envolvidos para abordar o paciente de maneira integral e
resistência a implantação de um protocolo de atendimento por uma equipe
multiprofissional devido elevação de custos para a entidade mantenedora da instituição.
Havia uma certa insatisfação pela forma como os pacientes com doença isquêmica
cardíaca eram cuidados, o que acarretou o nosso interesse em investigar os diversos
problemas das pessoas acometidas por infarto agudo do miocárdio, incentivando-nos a
buscar conhecimentos técnico–científicos no Curso de Pós-Graduação em Enfermagem da
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, com a finalidade
específica de proporcionar melhor assistência a esses pacientes.
O Curso de Pós-Graduação proporcionou uma melhor reflexão acerca do
conhecimento de enfermagem, contribuindo para a fundamentação teórica, metodológica e
tecnológica do processo de cuidar em enfermagem. Acreditamos que a formação - Nível
Mestrado - contribuiu, também, para uma melhor compreensão dos problemas vivenciados
pela pessoa com infarto agudo do miocárdio, possibilitando-nos conhecer os fatores
preponderantes para o alcance e manutenção da qualidade de vida dessas pessoas.
Reconhecemos que dentre os fatores vivenciados, aqueles que predispõem as pessoas ao
infarto agudo do miocárdio, estão relacionados principalmente ao estilo de vida e a história
familiar da doença. Portanto, a identificação precoce desses fatores poderá fornecer aos
profissionais de saúde, elementos importantes para traçar estratégias efetivas para
prevenção do infarto agudo do miocárdio e/ou melhorar a qualidade de vida dos pacientes
acometidos por esta doença.
Apresentação
Desta forma, este trabalho teve por objetivo identificar os principais fatores de risco
presentes em pacientes com infarto agudo do miocárdio de um hospital privado de Ribeirão
Preto-SP. Para tanto, utilizamos o referencial de Lalonde (1974), que permite a
compreensão não só de aspectos biológicos, mas também do estilo de vida, do ambiente
social, desses pacientes, além da organização do sistema de saúde, que podem estar
relacionados direta ou indiretamente ao surgimento do infarto agudo do miocárdio,
possibilitando-nos fornecer subsídios para implementação de uma assistência de
enfermagem mais qualificada a estes pacientes e seus familiares.
Lista de Abreviaturas e Siglas
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
USP Universidade de São PauloOMS Organização Mundial da SaúdeOPAS Organização Pan Americana de Saúdesm Salário mínimo
Lista de Quadros
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Fatores de risco para as doenças não transmissíveis, segundo a
Organização Pan-Americana de Saúde (2003)................................. 13
Quadro 2. Aspectos relacionados aos elementos do meio ambiente, biologia
humana, estilo de vida, e organização do sistema de saúde, a partir
do modelo proposto por Lalonde (1974), Colombo (1995) e
Dantas (1996)..................................................................................... 21
Quadro 3. Classificação de obesidade, segundo a Organização Mundial de
Saúde OMS, 1998............................................................................. 32
Quadro 4. Caracterização de pacientes infartados em hospital público
(DANTAS, 1996) e em hospital privado (OLIVEIRA, 2003)
segundo os fatores de risco para o infarto agudo do miocárdio.
Ribeirão Preto-SP, 2003.................................................................... 69
Lista de Tabelas
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto
agudo do miocárdio, internados em um hospital privado, segundo
nível de instrução. Ribeirão Preto - SP, 2003.................................. 37
Tabela 2 – Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto
agudo do miocárdio, internados em um hospital privado, segundo
ocupação. Ribeirão Preto - SP, 2003................................................ 38
Tabela 3 – Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto
agudo do miocárdio, internados em um hospital privado, segundo
o número de empregos. Ribeirão Preto - SP, 2003.......................... 40
Tabela 4 – Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto
agudo do miocárdio, internados em um hospital privado, segundo
a renda familiar em salários-mínimos (sm). Ribeirão Preto-SP,
2003.................................................................................................. 41
Tabela 5 - Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto agudo
do miocárdio, internados em um hospital privado, segundo o
estado civil. Ribeirão Preto-SP, 2003............................................... 42
Tabela 6 - Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto agudo
do miocárdio, internados em um hospital privado, segundo sexo e
faixa etária. Ribeirão Preto - SP, 2003............................................ 44
Tabela 7 - Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto agudo
do miocárdio, internados em um hospital privado, segundo sexo
e índice de massa corporal. Ribeirão Preto-SP, 2003................... 46
Lista de Tabelas
Tabela 8 - Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto agudo
do miocárdio, Internados em um hospital privado, segundo os
antecedentes familiares de Hipertensão Arterial. Ribeirão Preto-
SP, 2003........................................................................................... 48
Tabela 9 – Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto
agudo do.miocárdio, internados em um hospital privado, segundo
antecedentes familiares de Diabetes Mellitus. Ribeirão Preto-SP,
2003.................................................................................................. 49
Tabela 10 – Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto
agudo do miocárdio, internados em um hospital privado,
segundo antecedentes familiares de infarto agudo do miocárdio.
Ribeirão Preto-SP, 2003................................................................... 51
Tabela 11 – Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto
agudo do miocárdio, internados em um hospitalprivado, segundo
tabagismo e sexo. Ribeirão Preto-SP, 2003.................................... 59
Tabela 12- Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto
agudo do miocárdio, internados em um hospital privado, segundo
tipo de bebida alcoólica. Ribeirão Preto-SP, 2003........................... 62
Tabela 13 – Distribuição numérica e percentual de pacientes com infarto
agudo do miocárdio, internados em um hospital privado, segundo
o tratamento médico para outras doenças. Ribeirão Preto-SP,
2003.................................................................................................. 66
RESUMO
OLIVEIRA, K.C.S. Fatores de risco em pacientes com infarto agudo do miocárdio emum hospital privado de Ribeirão Preto-SP 2004. Dissertação (Mestrado) – Escola deEnfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2004.
No Brasil, as doenças cardiovasculares constituem-se nas principais causas demortalidade, sendo o infarto agudo do miocárdio a entidade nosológica mais freqüentedentre as doenças isquêmicas do coração. Os fatores de risco que predispõem as pessoas aessa doença estão relacionados a hábitos do estilo de vida e história familiar. Assim, estainvestigação, de natureza descritiva, pretende identificar os fatores de risco relacionados aomeio ambiente, à biologia humana, estilo de vida, e sistema de saúde de pacientesinternados em um hospital privado, até 48 horas após a ocorrência de infarto agudo domiocárdio, identificar o conhecimento quanto aos fatores de risco para o desenvolvimentode novos problemas de saúde e verificar se algumas variáveis, relacionadas aos fatores derisco de pacientes infartados em hospital público e privado, são semelhantes. O referencialteórico foi o Modelo de Campo de Saúde que compõe elementos relacionados ao meioambiente, biologia humana, estilo de vida e sistema de saúde. Foram entrevistados 31pacientes internados, em um hospital privado de uma cidade do interior do Estado de SãoPaulo, no período de janeiro a julho de 2003, após assinatura do termo de consentimentoinformado. Os resultados revelam que, quanto ao meio ambiente, a maioria dos pacientesera alfabetizada, 11 (35,5%) tinha o primeiro grau completo, 10 (32,2%) eram aposentadose donas-de-casa, 24 (77,4%) trabalhavam em torno de 8 a 10 horas por dia e tinhamsomente um emprego, e a renda familiar mensal, para 19 (61,3%), encontrava-se na faixade 5 a 15 ou mais salários-mínimos, 22 (70,9%) eram casados e 15 (48,3%) tinham três oumais filhos, 21 (67,7%) eram procedentes de Ribeirão Preto e região e todos residiam emzona urbana. Em relação à biologia humana, 19 (61,3%) eram do sexo masculino,aproximadamente metade 17 (54,8%) encontrava-se na faixa etária de 40 a 59 anos, 18(58,1%) encontravam-se com sobrepeso ou obesidade classes I e II. Quanto aosantecedentes familiares, os dados mais expressivos apontam que 23 (74,2%) apresentavamhipertensão arterial sistêmica, 15 (48,3%) diabetes melittus, 17 (54,8%) infarto agudo domiocárdio e 6 (19,3%) acidente vascular cerebral. Das mulheres entrevistadas, 7 (22,6%)faziam uso algum tipo de terapia de reposição hormonal. No tocante ao estilo de vidarelacionado aos hábitos alimentares, 29 (93,6%) utilizavam frituras nas refeições, 14(45,2%) ingeriam doces e refrigerantes diariamente e 13 (41,9%) tomavam três xícaras oumais de café ao dia, 18 (58,1%) faziam uso de bebidas alcoólicas, 10 (32,2%) eramfumantes, 9 (29,0%) ex-fumantes e 18 (58,1%) sedentários. Quanto ao estresse, 12 (38,7%)sentiam-se estressados no local de trabalho e 19 (61,3%) dormiam menos que oito horaspor noite. Em relação ao sistema de saúde, 16 (51,6%) conheciam o diagnóstico, 12(38,7%) apresentaram dúvidas acerca da doença, 21 (67,7%) utilizavam os serviços desaúde oferecidos pelo plano de saúde e 17 (54,8%) realizavam tratamento de hipertensãoarterial sistêmica e diabetes melittus. Os dados revelam que os pacientes infartados estãoexpostos a hábitos autocriados que são passiveis de modificação havendo a necessidade deiniciar este processo educativo inclusive no período de internação hospitalar.
Unitermos: fatores de risco, infarto do miocárdio, enfermagem.
ABSTRACT
OLIVEIRA, K.C.S. Risk factors in patients with myocardial infarction in a RibeirãoPreto’s private hospital 2004. Dissertation (masters) - School of Nursing of RibeirãoPreto, University of São Paulo, Ribeirão Preto, 2004.
The cardiovascular diseases in Brazil, constitute nowadays death’s first cause and
myocardial infarction is the most frequent nosological entity amonmg heart isquemicaldiseases. Among risk factors which predispose people committed by this disease are theirlife style’s and familiar history’s habits. This descriptive investigation intended to identifythe risk factors related to the environment, human biology, life style and health systems ofpatients admitted in a private hospital, until 48 hours after the myocardial infarction;identify the knowledge’s blanket concerning to the risk factors related to new healthproblems’ development and verify if some variables are related to the risk factors which aresimilar to those of admitted patients in private and public hospitals. The theoreticalreferential used was the Health Model Field which constitutes the elements linked to theenvironment, human biology, life style an health system. We interviewed 31 interneepatients in a private hospital in São Paulo’s interior, from January through July, 2003.Concerning to the environment 93,5% of the patients were literate; among them 11(35,5%) had completed high school; related to their occupation 10 (32,2%) were retiredand housewives; concerning to their working hours and job numbers, 24 (77,4%) workaround 8 or 10 hours a day and have only one job; when referring to their familiar monthlyincome, 19 (61,3%) obtained from 5 to or more minimum salaries; 22 (70,9%) weremarried and 15 (48,3%) had three or more children; 21 (67,7%) were from Ribeirão Pretoand its region and all of them lived in urban areas. When referring to the human biology,19 (61,3%) were masculine and their ages varied between 40 and 59 years old; 18 (58,1%)were over weighted or fat, belonging to classes I and II; concerned to the familiarpreceding, the most expressive data showed that 23 (74,2%) presented systemic arterialhypertension; 15 (48,3%) mellitus diabetes; 17 (54,8%) myocardial infarction and 6(19,3%) cerebral vascular accident; 7 (22,6%) were feminine and were using hormones.Concerned to their life style, related to the feeding habits, 29 (93,6%) were accustomed toeat fried food; 14 (45,2%) used to eat sweeties and drink soft drinks daily; 13 (41,9%)used to drink 3 or more cups of coffee a day. When referring to the use of alcoholic drinks,18 (58,1%) used to drink it; 10 (32,2%) were smokers and 9 (29,0%) were ex-smokers; 18(58,1%) were sedentary. When referring to the stressing environment and sleeping patterns,12 (38,7%) mention the work place and 19 (61,3%) sleep less than 8 hours a day.Concerning to the health system, 16 (51,6%) knew their diagnosis; 12 (38,7%) presenteddoubts about their diseases; 21 (67,7%) used the health services offered by their healthinsurance and 17 (54,8%) were under arterial hypertension and mellitus diabetes treatment.The data showed the patients who suffered by myocardial infarction are exposed to“selfcreated” habits, which may be modified and it is important to mention the necessity ofraising educative programs including the patient’s permanence at the hospital.
Uniterms: risk factors, myocardial infarction, nursing.
RESUMEN
OLIVEIRA, K.C.S. Factores de riesgo en pacientes con infarto agudo del miocardio,en un hospital privado de Riberao Preto-SP 2004. Disertación (Maestría) – Escuela deEnfermería de Ribeirao Preto, Universidad de San Pablo, Ribeirao Preto, 2004.
En Brasil, las enfermedades cardiovasculares constituyen, las primeras causas demortalidad, siendo el infarto agudo del miocardio la entidad nosológica más frecuente entrelas enfermedades isquémicas del corazón. Los factores de riesgo que predisponen laspersonas a esa enfermedad están relacionados con los hábitos, estilo de vida e historiafamiliar. Así, esta investigación de naturaleza descriptiva pretende identificar los factoresde riesgo relacionados al medio ambiente, a la biología humana, al estilo de vida, y alsistema de salud de los pacientes internados en un hospital privado, hasta las 48 horasdespués del infarto agudo del miocardio, identificar el conocimiento acerca de los factoresde riesgo para el desarrollo de nuevos problemas de salud y verificar si algunas variablesrelacionadas con los factores de riesgo de pacientes infartados internados en un hospitalpúblico son semejantes a las de pacientes infartados internados en hospital privado. Elreferencial teórico utilizado fue el Modelo de Campo de Salud que compone elementosrelacionados al medio ambiente, a la biología humana, al estilo de vida y al sistema desalud. Fueron entrevistados 31 pacientes internados, en un hospital privado, de una ciudaddel interior del Estado de San Pablo, en el período de enero a julio de 2003, después de lafirma del consentimiento informado. Los resultados mostraron que, con relación al medioambiente, la mayoría de los pacientes eran alfabetizados, 11 (35,5%) tenían nivel primariocompleto, 10 (32,2%) eran jubilados y amas de casa, 24 (77,4%) trabajaban alrededor de 8a 10 horas por día, solamente en un empleo, el ingreso familiar mensual para 19 (61,3%)era de 5 a 15 salarios mínimos o más, 22 (70,9%) eran casados y 15 (48,3%) tenían tres omás hijos, 21 (67,7%) eran procedentes de Ribeirao Preto y región, todos residentes enzona urbana. Al analizar los aspectos relacionados a la biología humana encontramos que19 (61,3%) eran del sexo masculino, aproximadamente la mitad, 17 (54,8%) se encontrabaen las edades entre 40 y 59 años, 18 (58,1%) presentaban sobrepeso u obesidad clase I y II.Entre los antecedentes familiares, los datos más expresivos apuntaron que 23 (74,2%)presentaban hipertensión arterial sistémica; 15 (48,3%) diabetes mellitus, 17 (54,8%)infarto agudo del miocardio y 6 (19,3%) accidente vascular cerebral, de las mujeresestudiadas 7 (22,6%) hacían uso de algún tipo de tratamiento de reposición hormonal. Conrelación al estilo de vida relacionado con los hábitos alimentarios, 29 (93,6%) consumíanalimentos fritos, 14 (45,2%) ingerían dulces y refrescos diariamente y 13 (41,9%) refirierontomar tres tasas de café al día o más, 18 (58,1%) hacían uso de bebidas alcohólicas, 10(32,2%) eran fumantes, 9 (29,0%) ex-fumantes y 18 (58,1%) sedentarios. En cuanto alestrés, 12 (38,7%) refirieron sentirse estresados en su local de trabajo y 19 (61,3%) dormirmenos de ocho horas por noche. Al analizar el sistema de salud obtuvimos que, 16 (51,6%)conocían el diagnóstico, 12 (38,7%) presentaron dudas con relación a la enfermedad, 21(67,7%) utilizaban los servicios de salud ofrecidos por el seguro médico y 17 (54,8%)realizaban tratamiento de hipertensión arterial sistémica y diabetes mellitus. Los datosrebelan que los pacientes infartados crean sus propios hábitos, los cuales pueden sermodificados, siendo necesario iniciar este proceso educativo inclusive en el período deinternación en el hospital.
Uní términos: factores de riesgo, infarto del miocardio, enfermería
1 Introdução
1. Introdução 2
1. Introdução
1.1 Doenças crônicas não transmissíveis: doenças cardiovasculares
As doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis pelas principais causas de
morte e incapacidade no mundo e representam um grande desafio para o setor saúde no que
se refere ao seu desenvolvimento global (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE-
OMS, 2003; ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE, OPAS, 2003).
Na América Latina e Caribe as doenças crônicas não transmissíveis de maior
importância para a saúde pública são as doenças cardiovasculares, câncer e diabetes
mellitus. As principais doenças cardiovasculares compreendem a doença isquêmica
cardíaca, doença cérebro-vascular, hipertensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca
congestiva e doença cardíaca reumática (SMELTZER; BARE, 2000; OMS, 2003;
OPAS, 2003).
A contribuição das doenças cardiovasculares em relação à mortalidade é
reconhecida, pois 16,6 milhões de pessoas, ou seja, um terço do total de óbitos no mundo,
resultam de várias formas de doenças cardiovasculares. Desses, 16,6 milhões de mortes por
doenças cardiovasculares, 7,2 milhões são por doença isquêmica cardíaca, 5,5 milhões por
doenças cérebro-vasculares e 3, 9 milhões por hipertensão arterial sistêmica e outras
doenças cardíacas (OMS, 2003; OPAS, 2003).
Alguns estudos têm revelado uma diminuição na mortalidade decorrente da doença
isquêmica cardíaca e da doença cérebro-vascular, nos últimos anos (REGO et al., 1990).
No entanto, verifica-se que a doença isquêmica cardíaca, ainda, acarreta elevada
mortalidade na maior parte dos países industrializados do mundo (NOGUEIRA, 2003).
1
1. Introdução
Nesta direção, as doenças isquêmicas, associadas ao acidente vascular cerebral,
representam as causas mais freqüentes de morte nos paises industrializados, tendo como
substrato etiopatogênico, a aterosclerose (MANFROI et al., 1998; BRAUNWALD et al.,
2000; TIMERMAN; SOUZA; SERRANO, 2001).
Por outro lado, sabe-se que muitos desses óbitos poderiam ter sido evitados quando
se interfere precocemente em alguns fatores de risco, tais como, alimentação não saudável,
inatividade física e tabagismo.
O incremento das doenças cardiovasculares, no mundo, atualmente é uma
conseqüência da mudança significativa nos hábitos alimentares, nível de atividade física e
tabagismo, como resultado da industrialização, urbanização, desenvolvimento econômico e
globalização do padrão alimentar. Verifica-se que as pessoas, de um modo geral, estão
consumindo mais carboidratos de absorção rápida, alimentação pobre em nutrientes e estão
menos ativas fisicamente. Assim, o resultado da alimentação pouco saudável, redução da
atividade física e o tabagismo constituem fatores chaves, que caracterizam o que
chamamos de estilo de vida. Compreende-se por alimentação pouco saudável, aquela que
inclui alto consumo de gorduras saturadas, sal e carboidratos de absorção rápida, bem
como baixo consumo de alimentos reguladores, tais como frutas e vegetais (OPAS, 2003).
Por outro lado, a hipertensão arterial sistêmica, o aumento do nível de colesterol no
sangue, sobrepeso ou obesidade e os diabetes mellitus, constituem os principais fatores de
risco cardiovasculares denominados biológicos (OPAS, 2003).
Importa ressaltar que os efeitos dos fatores de risco para as doenças
cardiovasculares envolvem toda a exposição ocorrida no passado, decorrente do estilo de
vida, especialmente em crianças, efeitos que somente serão percebidos no futuro.
2
1. Introdução
Apesar das pessoas estarem expostas, aos fatores de risco ao longo da sua vida, as
doenças cardiovasculares afetam as pessoas na sua idade adulta independente de sua
condição econômica.
Cabe mencionar que em países desenvolvidos os grupos de indivíduos de classe
econômica mais baixa, geralmente, têm maior prevalência de fatores de risco, doenças e
mortalidade por doenças cardiovasculares (OMS, 2003).
No Brasil, nas últimas décadas, com o crescimento da produção industrial e
diminuição da oferta da mão-de-obra na agricultura; o processo de migração interna
tornou-se intenso, aumentando a proporção da população das áreas urbanas, de um para
dois terços, entre 1960 e 1980. O processo de industrialização e urbanização modificou os
hábitos dos indivíduos, com relação aos riscos à sua saúde, refletindo na diminuição do
número de óbitos associados a doenças transmissíveis e no aumento desses por algumas
doenças crônicas não transmissíveis (BANCO MUNDIAL, 1991).
As doenças cardiovasculares, no Brasil, são responsáveis por cerca de 300 mil
óbitos anuais, pois, além de acometer os idosos, apresentam-se, também, como a principal
causa de morte entre a população adulta em idade produtiva. Cabe ressaltar, também, que
cerca de 30% dessa população será acometida pelas doenças cardiovasculares entre 15 e 65
anos de idade (BANCO MUNDIAL, 1991; BRASIL. MS, 1993 a).
Ocorreram 946392 óbitos no Brasil, no ano de 2000, sendo que 260555 (27,5%)
foram decorrentes das doenças cardiovasculares, dos quais 78442 (30,10%) foram por
doença isquêmica do coração (DATASUS, 2000).
Estima-se que haja 12900000 de indivíduos com doença arterial coronariana nos
Estados Unidos (BRASIL. MS, 2000).
A mortalidade nas cidades brasileiras, na segunda metade da década de 80, quando
comparada à de países desenvolvidos, demonstra que tanto a doença cérebro-vascular,
3
1. Introdução
como a doença arterial coronariana ou as doenças isquêmicas do coração apresentaram
taxas maiores entre as mulheres brasileiras do que aquelas de outros países, na faixa etária
dos 45 aos 64 anos (LOTUFO, 1996).
Estudo realizado em Framingham, EUA, demonstrou que na população masculina
a doença isquêmica cardíaca predomina na meia-idade, enquanto na feminina, predomina
após a menopausa, passando a ser a principal causa de morte acima de 50 anos (LERNER;
KANNEL, 1986).
A explicação para a proteção das mulheres em relação à doença isquêmica cardíaca,
antes da ocorrência da menopausa, parece estar relacionada a alguns mecanismos da
fisiologia reprodutiva, responsáveis por menor tendência trombolítica e proteção hormonal
(KANNEL, 1987).
A doença isquêmica cardíaca, está intimamente ligada ao processo de
aterosclerose, e sua ocorrência tem se elevado devido ao aumento da vida média e ao
envelhecimento da população. Esse fenômeno foi observado, principalmente, nos países
desenvolvidos, e atualmente vem ocorrendo, também, nas áreas mais desenvolvidas dos
chamados países de terceiro mundo (LAURENTI, 1982; LUEPKER, 1997).
Com relação aos aspectos fisiopatológicos, a doença isquêmica cardíaca tem como
principais manifestações clínicas a angina pectoris, o infarto agudo do miocárdio,
miocardiopatias isquêmicas e morte súbita (BATLOUNI, 1993; SMELTZER; BARE,
2000). Essas condições surgem como resultado da falência das coronárias em satisfazer às
necessidades metabólicas do trabalho cardíaco. Essa falência, ocorre em cerca de 90% dos
casos, e se deve à aterosclerose, que é responsável pela oclusão das artérias associada a
fenômenos trombolíticos (WHIPPLE; HAINES; McKINNON, 1980).
A importância das artérias coronárias direita e esquerda e seus ramos para o
suprimento sangüíneo do coração, é evidente porque pacientes com doença destas artérias
4
1. Introdução
desenvolvem isquemia miocárdica devido ao suprimento inadequado de oxigênio quando
ocorre aumento da freqüência cardíaca (SMELTZER; BARE, 2000).
Os fatores de risco que predispõem as pessoas a tais doenças estão relacionados aos
hábitos do estilo de vida, tais como aumento da ingesta de gordura saturada, colesterol,
sedentarismo, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemias, intolerância à
glicose, resistência à insulina - história familiar de doença cardiovascular prematura -
obesidade, alcoolismo e estresse (KANNEL, 1995).
Assim, quando as pessoas se expõem aos fatores de risco acima mencionados,
ficam sujeitas à essas doenças. No entanto, há de se considerar que a exposição aos fatores
de risco, também, são decorrentes da pobreza, baixos níveis de escolaridade, alimentação
inadequada, falta de saneamento básico e qualidade do ambiente em que se vive, que levam
à maior exposição de agentes patológicos (OMS, 2003).
Por outro lado, estudos epidemiológicos, realizados de forma sistemática,
identificaram vários fatores relacionados à gravidade da doença, destacando-se, entre eles,
a hipertensão arterial sistêmica, o tabagismo, a idade, sexo, diabetes mellitus, o número de
artérias comprometidas e o comportamento funcional do ventrículo esquerdo (KANNEL,
1961).
Desse modo, a dislipidemias, a hipertensão arterial sistêmica e o diabetes mellitus
são considerados as principais entidades mórbidas com implicações nos maiores índices de
morbidade e mortalidade cardiovascular. Tal fato acontece porque os fatores de risco
cardiovasculares determinam acelerado processo de envelhecimento dos vasos, fazendo
com que mais precocemente ocorra resposta endotelial alterada, acarretando disfunção
(AMODEO; LIMA, 1996).
As doenças cardíacas levam com freqüência a pessoa ao afastamento temporário do
trabalho e, conseqüentemente, à perda de sua produtividade (OMS, 2003).
5
1. Introdução
Os pacientes com doença cardiovascular, portanto, necessitam de um programa
permanente de acompanhamento por equipe multidisciplinar com o propósito de melhorar
o autocuidado quanto à alimentação, medicação, atividade física e retornos médicos, a fim
de reduzir a reincidência de internação hospitalar tais como a insuficiência cardíaca (RICH;
BECKHAM; WITTENBERG, 1995).
Reconhecendo a importância dos benefícios da atividade física para a prevenção das
doenças cardiovasculares, no final da década de 80 e início de 90, os programas de
condicionamento físico começaram a ser implantados para modificação de fatores de risco
tais como hiperlipidemia, hipertensão arterial sistêmica, tabagismo, obesidade e vida
sedentária (MILLER; DEIDRE; MEYERS, 1996).
Uma revisão da literatura através de estudos com pacientes com aterosclerose
coronária, revelou que, quando estes pacientes foram submetidos a intervenções
comportamentais e/ou psicossociais, reduziram o risco de morrer ou de terem um ataque
cardíaco não fatal. Também se observou redução de 41% na mortalidade cardíaca e 46%
nos eventos cardíacos não fatais (LINDEN; STOSSEL, 1996).
Apesar das doenças cardiovasculares serem passíveis de prevenção, poucos
programas têm sido implementados, no Brasil (CARVALHO, 1988). Essa situação pode
estar relacionada à escassez de recursos humanos na área da saúde, qualificados para
atenção à saúde, com enfoque para os fatores de risco relacionados ao estilo de vida ou
falta de incentivo dos organismos governamentais para manutenção de programas
preventivos no âmbito de saúde pública.
A Organização Mundial da Saúde, preocupada com o aumento assustador das
condições crônicas de saúde, as quais incluem as doenças cardiovasculares, recomenda que
devem ser envidados esforços coordenados e sustentados pelo governo e profissionais da
6
1. Introdução
área da saúde, utilizando-se de estratégias que envolvam, além do indivíduo, a família e a
comunidade em todos níveis (micro, meso e macro) do Sistema de Saúde (OMS , 2003).
Assim, várias estratégias são recomendadas para lidar com as condições crônicas de
saúde. No nível micro do Sistema de Saúde, é preciso que os profissionais da saúde
enfoquem o comportamento dos pacientes e aumentem as suas habilidades comunicativas
para viabilizar os cuidados para as condições crônicas. No nível meso, destaca-se que a
atenção aos problemas crônicos deve ser conduzida por meio de evidências científicas para
orientar a prática. Outro elemento importante é estabelecer parceria com a comunidade
para a obtenção de resultados efetivos. Também, a racionalização dos serviços, capacitação
dos trabalhadores da saúde e ênfase na prevenção são recomendados. O estabelecimento de
um sistema de seguimento e informação dos pacientes atendidos, também, facilitará a
atenção planejada para as complicações previsíveis. No nível macro, as tomadas de
decisão pelos governantes precisam ser baseadas nas necessidades das populações com
estabelecimento de padrões de qualidade e incentivo para a saúde. Por fim, cabe ressaltar
que o financiamento deve ser coordenado e os vínculos intersetoriais fortalecidos (OMS,
2003).
Cuidar de pacientes com condições crônicas, portanto, exige mudança de
paradigma, pois essas condições crônicas persistem e necessitam de certo nível de cuidados
permanentes, requerendo gerenciamento contínuo por período de vários anos ou décadas.
Desse modo, cabe aos profissionais de saúde, em particular aos enfermeiros,
desenvolver habilidades e ferramentas que orientem as ações de enfermagem para esses
pacientes, com vistas a incentivá-los na manutenção de estilo de vida mais saudável,
evitando exposição a novos fatores de risco para a doença isquêmica do coração.
7
1. Introdução
Dentre as doenças cardiovasculares, neste estudo, em particular é enfocado o infarto
agudo do miocárdio, considerando a sua prevalência e as repercussões sociais e
econômicas para o individuo, as famílias e as instituições de saúde.
1.2 Infarto agudo do miocárdio
Infarto agudo do miocárdio é uma afecção isquêmica do miocárdio, acarretando
necrose geralmente secundária à redução do fluxo sanguíneo coronário de um segmento do
miocárdio. Apresenta-se, geralmente, sintomas tais como uma dor visceral profunda
subesternal intensa com uma sensação de pressão ou desconforto, irradiando-se para as
costas, mandíbula ou membro superior esquerdo, acrescida de dispnéia, fadiga, entre
outros. Ao exame clínico, o paciente mostra-se inquieto, apreensivo, pálido, cianose
periférica e pele fria. Pode ocorrer arritmia cardíaca (SMELTZER; BARE, 2000).
O diagnóstico é realizado obtendo-se a história clínica do paciente e confirmado
pelo eletrocardiograma e alterações enzimáticas. A evolução do infarto agudo do miocárdio
é acompanhada pelas alterações dos exames laboratoriais de creatina fosfoquinase-CPK,
com as suas isoenzimas e a desidrogenase lática-DHL. Existem três isoenzimas CK
utilizadas para acompanhar a evolução do infarto agudo do miocárdio, ou seja, a enzima
CK-MM no músculo esquelético, CK-MB no músculo cardíaco, CK-BB no tecido cerebral.
No entanto, a mais utilizada para a evolução diagnóstica são as isoenzimas CK-MB no
músculo cardíaco (SMELTZER; BARE, 2000). Atualmente utiliza-se a dosagem de CK-
MB massa mioglobina e tropomina como marcadores de necrose (ANTMAN;
BRAUNWALD, 2001).
O infarto agudo do miocárdio é caracterizado como emergência médica,
necessitando de diagnóstico correto e tratamento rápido e preciso. Para tanto, na tentativa
de preservar o miocárdio e diminuir a área em risco, administra-se uma substância
8
1. Introdução
trombolitica como a estreptoquinase. A estreptoquinase é uma proteína não enzimática,
produzida por várias cepas de estreptococos hemolíticos, com peso molecular de 47000 a
50000. Esse medicamento também é utilizado em pacientes que apresentam trombose
venosa profunda, embolia pulmonar maciça aguda, ou subaguda, e doença arterial oclusiva
crônica, pois aumenta a quantidade de ativador do plasminogênio.
Em 1987, nos Estados Unidos foi aprovada a utilização de estreptoquinase, dentro
das seis primeiras horas após o infarto agudo do miocárdio, a fim de dissolver o trombo,
prevenir a necrose miocárdica e, conseqüentemente, reduzir a mortalidade (SMELTZER;
BARE, 2000).
No entanto, existem algumas contra-indicações absolutas para o uso de
estreptoquinase, tais como a predisposição ao sangramento por traumas - cirurgias recentes,
compressão cardíaca externa, entubação orotraqueal – acidente vascular cerebral, úlcera
péptica ativa, gravidez e dissecção aguda da aorta.
A indicação do estreptoquinase à dor sugestiva de infarto agudo do miocárdio, com
duração mínima de vinte minutos não responsiva ao nitrato sublingual, deve ser
administrada no máximo até doze horas. Porém, os melhores resultados são demonstrados
quando é administrada até seis horas do início da dor, em unidade de tratamento intensivo
coronariano. A administração dessa droga deve ser realizada por profissionais
especializados e treinados, pois o paciente pode apresentar reações ao medicamento, tais
como hipotensão, náuseas e parada cardiorrespiratória. Para tanto, o suporte de aparelhos e
materiais, tais como ventiladores mecânicos, desfibriladores, marcapasso cardíaco e
carrinho de urgência, contendo material de intubação e medicações de urgências, devem
sempre acompanhar esse procedimento. O ambiente onde se realiza o tratamento deve ser
tranqüilo, arejado e livre de ruídos, com o objetivo de diminuir o estresse do paciente.
9
1. Introdução
Na pré-infusão da estreptoquinase, o pulso do paciente é verificado para controle da
freqüência cardíaca, amostras de sangue são coletadas para exame de enzimas e realiza-se o
eletrocardiograma. Durante a infusão, verifica-se a pressão arterial e o pulso de 10 em 10
minutos, até o término da administração da droga.
Deve-se tomar cuidado com o extravasamento da droga para o tecido subcutâneo,
evitando, assim, a formação de hematomas, os quais também podem surgir ao se verificar a
pressão arterial ou durante a coleta de amostra de sangue no membro superior esquerdo do
paciente. Além de hematomas e eritemas, que podem levar à inflamação e necrose do
membro, o paciente poderá apresentar náuseas ou vômitos com a administração do
medicamento. Devem ser observados, ainda, o aparecimento de hematúria, epistaxe,
hipotensão arterial, alergia, hemorragias intracranianas e menstruação precoce em mulheres
(SMELTZER; BARE, 2000).
Em contrapartida, a administração de estreptoquinase possibilita a diminuição da
intensidade da dor torácica ou seu desaparecimento, redução do supradesnivelamento do
segmento ST e melhora da curva enzimática.
As condutas terapêuticas, frente ao infarto agudo do miocárdio, dependem dos
protocolos estabelecidos pela instituição de saúde. Geralmente, após três dias de evolução
do infarto agudo do miocárdio, dependendo da estabilidade do quadro clínico do paciente,
poderá ser encaminhado ao estudo hemodinâmico. Esse exame tem como objetivo estudar
a anatomia coronária, avaliar o grau de obstrução das artérias coronarianas e o estudo da
contratibilidade segmentar e da função ventricular. A conduta preferencial no infarto agudo
do miocárdio refere-se à angioplastia primária, indicada também nas situações em que o
paciente apresenta choque cardiogênico e contra-indicações para o uso de agente
trombolítico por via venosa, entretanto, nem sempre é possível termos um serviço de
hemodinâmica disponível 24 horas por dia.
10
1. Introdução
A cirurgia cardíaca é indicada nos casos em que ocorreram resultados
insatisfatórios da terapêutica, com medicação trombolítica, angioplastia primária e com
deterioração clínica do paciente.
A doença coronariana é progressiva e a abordagem realizada, durante a reabilitação
cardíaca, visa restabelecer a capacidade funcional comprometida pelo evento coronário, ou
seja, infarto agudo do miocárdio ou após angioplastia coronariana ou revascularização do
miocárdio. Essa abordagem tem como objetivo evitar a progressão da doença e sua
recorrência através dos benefícios dos exercícios e modificações nos fatores de risco
(PASHKOW,1993).
Atualmente, a reabilitação cardíaca é definida como um processo de
desenvolvimento e manutenção de níveis desejáveis de atividade física, social e
psicológica, após o início da doença cardiovascular (SQUIRES et al., 1990).
Especificamente, envolve a combinação de programa de condicionamento físico e de
propostas educacionais voltadas para a modificação de fatores de risco, através de
mudanças de comportamento, de aconselhamento dietético, manejo do estresse, além da
otimização da terapia medicamentosa (GULANICK, 1991; CUNDEY; FRANK, 1995;
MILLER; DEIDRE; MEYERS, 1996; COLLINS; RICE, 1997).
Vários estudos referem os benefícios da reabilitação cardíaca após a cirurgia de
revascularização do miocárdio, pois, durante a cirurgia cardíaca, vários fatores contribuem
para a incapacidade física, além do trauma cirúrgico e de suas conseqüências psicológicas
para o paciente (PASHKOW, 1993; BUCHLER; FERRAZ; MENEGHELO, 1996). A
inatividade física prévia e o repouso prolongado, após a cirurgia, podem predispor às
complicações pulmonares e tromboembólicas. Assim, o condicionamento físico, na
primeira fase da reabilitação, visa promover o desenvolvimento da capacidade respiratória
e é importante na prevenção dos processos vasculares venosos e das tromboflebites.
11
1. Introdução
A reabilitação cardíaca, portanto, inclui a estratificação de risco, a limitação das
conseqüências fisiológicas, psicológicas e sociais impostas pela doença, a modificação de
fatores de risco, o alívio dos sintomas, a melhora da função cardiovascular e,
conseqüentemente, a redução da morbi-mortalidade .
Diante do exposto, pode-se observar a complexidade que envolve o trabalho da
equipe de saúde na assistência ao paciente com infarto agudo do miocárdio.
1.3 Fatores de risco relacionados às doenças cardiovasculares
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, os conhecimentos atuais
derrubaram um mito quanto à prevenção das doenças não transmissíveis, e demonstraram
que a maioria delas pode ser prevenida ou retardada pela prevenção primária. No entanto,
para que isso ocorra, é preciso identificar e controlar os principais fatores de risco
envolvidos no desencadeamento dessas doenças (OPAS, 2003).
Assim, torna-se necessário que o profissional de saúde e os tomadores de decisão
na área da saúde compreendam o conceito de risco. O termo risco surgiu em 1961 e é
definido como a probabilidade de um resultado adverso, ou fator, que aumenta essa
probabilidade (KANNEL, 1961; OMS, 2003).
Dessa forma, fatores de risco referem a qualquer atributo de exposição do
indivíduo, que aumenta a probabilidade de que ele padeça de enfermidade não
transmissível. No contexto da Saúde Pública, as verificações desses fatores são utilizadas
para descrever a distribuição de uma enfermidade futura em uma população, e não para
predizer a saúde de uma pessoa em particular (OPAS, 2003).
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (2003), os riscos podem ser
classificados em fatores individuais e fatores comunitários ou contextuais (Quadro 1).
Quadro 1 – Fatores de risco para as doenças não transmissíveis, segundo aOrganização Pan-Americana de Saúde (2003)
12
1. Introdução
FATORES INDIVIDUAIS
FATORES DE RISCO NÃO MODIFICÁVEIS:idade, sexo, nível de instrução,composição genética;
FATORES DE RISCOS COMPORTAMENTAIS:tabagismo, má alimentação e inatividadefísica;
FATORES DE RISCO INTERMEDIÁRIOS:níveis séricos de colesterol, diabetesmellitus, hipertensão arterial e obesidade.
FATORES COMUNITÁRIOS(CONTEXTUAIS)
SITUAÇÃO SÓCIOECONÔMICA: pobreza,emprego, composição familiar;
MEIO AMBIENTE: clima, poluição do ar;
CULTURA: práticas, normas e valores;
URBANIZAÇÃO: que influencia ahabitação, o acesso a produtos e serviços.
Fonte: Organização Pan-Americana da Saúde, 2003
Cabe ressaltar que a construção do risco tem caráter coletivo e, portanto, a
associação de condições de risco faz parte do processo de geração de doenças. Outro ponto
a considerar é que a concepção de risco difere de pessoa para pessoa, pois a percepção de
risco é influenciada pela cultura, meio ambiente, mídia, grupos de interesse e acesso aos
produtos devido ao processo de globalização, ocorrido nas últimas décadas (OPAS, 2003).
Mesmo considerando que não é possível modificar muitos dos fatores de risco
associados com as doenças, os pesquisadores têm procurado identificar e quantificar os
riscos para a saúde.
Em relação, à doença cardíaca, doenças cérebro-vasculares e hipertensão arterial
sistêmica, oito fatores de risco foram selecionados, ou seja, tabagismo, consumo de álcool,
nutrição, inatividade física, obesidade, pressão arterial elevada, glicemia elevada e níveis
elevados dos lipídios sangüíneos, que são passíveis de intervenção (OPAS, 2003).
13
1. Introdução
Isso se justifica, pois alimentação inadequada e inatividade física acompanhada de
elevado índice de massa corporal, hipertensão arterial sistêmica e alterações dos valores
dos lipídios sangüíneos, e o tabagismo, tem sido responsável pelo surgimento de 75% das
doenças cardiovasculares.
Tem sido observado atualmente que a classificação dos fatores de risco para as
doenças cardiovasculares, em particular o infarto agudo do miocárdio, tem sido revista e
ampliada.
A Organização Pan-Americana de Saúde (1984) considera como fatores de risco
para o desenvolvimento do infarto agudo do miocárdio, a hipertensão arterial, o diabetes
mellitus, a hipercolesterolemia, o hábito de fumar, o uso de anticoncepcionais e a história
familiar positiva para esta patologia.
Além dos fatores de risco acima mencionados, diversos autores referem que os
fatores de risco de maior prevalência para a doença coronariana e infarto agudo do
miocárdio são a dislipidemia, sedentarismo, estilo de vida, tabagismo, estresse e história
familiar (KOCH; SALERNO DE MINA, 1992; KANNEL, 1995; BODANESE, 1999;
PASSOS et al., 1999; BERTUZZI et al., 2003).
Outros fatores de risco têm sido considerados como responsáveis pelo
desenvolvimento de doenças isquêmicas cardíacas, o atendimento médico inadequado, a
dificuldade financeira para escolher um estilo de vida saudável e o meio ambiente
estressante e desfavorável (BANCO MUNDIAL,1991; BITTAR ,1992).
O estudo de Framingham, EUA, tem identificado os fatores de risco que
predispõem as pessoas às doenças cardiovasculares sendo classificados em: hábitos do
estilo de vida - aumento da ingesta de gordura saturada, colesterol elevado, sedentarismo e
tabagismo; hipertensão arterial sistêmica, intolerância à glicose, resistência à insulina;
14
1. Introdução
história familiar de doença cardiovascular, obesidade, alcoolismo e estresse (KANNEL,
1995).
A alimentação, o nível sócioeconômico e a intolerância à glicose, além do
tabagismo, o álcool, diabetes mellitus, a intolerância à glicose também tem sido
considerados fatores de risco para o infarto agudo do miocárdio (PAIS et al., 1996).
Estudo realizado, no Brasil, revelou também associação de fatores de risco como
hipercolesterolemia, tabagismo, hipertensão arterial, diabetes mellitus, história familiar,
situação econômica, atividade física, hábitos alimentares e o risco de desenvolver o infarto
agudo do miocárdio (SILVA; SOUSA; SCHARGODSKY ,1998; PIEGAS et al., 2003).
A história familiar prematura de doença isquêmica cardíaca ou seja homens abaixo
de 55 anos e mulheres abaixo de 65 anos tem sido considerada como um importante fator
de risco para desenvolvimento do infarto agudo do miocárdio (BERTUZZI et al., 2003).
O tabagismo é uma das principais ameaças à saúde, e suas conseqüências negativas
são reconhecidas há mais de 40 anos. O hábito de fumar leva a ocorrência de diversas
condições crônicas, tais como, por exemplo, as cardiopatias e os acidentes vasculares
cerebrais (OMS, 2003). Também há evidências que o hábito de fumar está associado à
morte prematura, à incapacidade física e ao desenvolvimento de doenças respiratórias,
cardiovasculares e neoplasicas (MOREIRA et al., 1995).
Apesar da existência de muitos programas de controle ao tabagismo, os mesmos
têm-se mostrado inadequados na maior parte do mundo, revelando que o consumo de
cigarro diminuiu nos países desenvolvidos, entretanto, está aumentando nos países em
desenvolvimento. Acresce-se que o tabagismo tem sido muito prevalente em indivíduos
jovens, sobretudo em menores de 40 anos (ROSENBERG et al., 1983). Nos Estados
Unidos 25% da população com idade superior a 18 anos são fumantes (BRAUNWALD,
1999).
15
1. Introdução
Os dados do Ministério da Saúde (BRASIL. MS, 1993 a), no Brasil, revelam que
cerca de 63% dos homens e 33% das mulheres adultas são fumantes.
Além do tabagismo, tem sido identificada a relação do consumo do álcool com o
surgimento da doença coronariana (JOMINI et al., 2002). Há também evidencias da relação
da ingestão de bebida alcoólica com o incremento dos níveis pressóricos (ROSITO, 1998).
Já foi demonstrado que o álcool pode causar lesão no músculo cardíaco. Entretanto
existem estudos que tem sugerido que pequenas doses de bebida alcoólica podem prevenir
a ocorrência de infarto agudo do miocárdio (YAZBEK; BATTISTELLA,1996).
Quanto à classe social, estudos realizados na Índia, no período de 1995 a 1996,
demonstraram que o fumo e o abuso de bebidas alcoólicas são 20% mais prevalentes nos
grupos de pessoas de baixa renda (OMS, 2003).
Tem sido verificado que o uso de anticoncepcionais associado ao hábito de fumar
aceleram o desenvolvimento de infarto agudo do miocárdio em mulheres (JICK et al.,
1978; SHAPIRO et al., 1979).
Maior índice de mortalidade por infarto agudo do miocárdio tem sido encontrado
em mulheres do que em homens com o incremento da idade. Esse fato deve-se à influência
de fatores hormonais, associados a maior ocorrência de hipotiroidismo, doença pulmonar
obstrutiva crônica, anemia ou coagulopatia nas mulheres (PASSOS et al., 1999).
A intervenção nos fatores de risco relacionados à nutrição, ingestão de álcool e
obesidade consiste na redução de açúcares, consumo de álcool e perda de peso, através de
dieta e exercício físico determinando reduções significativas, também, da trigliceridemia.
As mudanças de estilo de vida devem ser implementadas de maneira gradual, pois somente
assim podem ser duradouras (FERNANDES et al., 2000).
16
1. Introdução
A atividade física programada é muito importante para a prevenção das doenças
cardiovasculares, pois estimula a retomada de alguns hábitos de vida e constitui-se na
principal forma de combate ao sedentarismo (HALPERN; MANCINI, 2000).
O sedentarismo tem sido freqüentemente associado à obesidade, sendo assim a
atividade física regular contribui para a perda do peso corporal, especialmente quando
associada a dieta hipocalórica (GALVÃO; KOHLMAN, 2002).
A obesidade constitui-se num fator de risco independente para as doenças
cardiovasculares, onde o excesso de adiposidade corporal e a resistência a insulina
constituem-se nos fatores predisponentes para o desenvolvimento de hipertensão arterial
sistêmica e da síndrome metabólica. Assim, modificação nos hábitos de vida são
imprescindíveis para o tratamento da obesidade e a conseqüente redução da pressão arterial
(GALVÃO; KOHLMAN, 2002).
A hipertensão arterial é mais prevalente na população obesa (CHIANG;
PERLMAN; EPSTEIN, 1969). A ocorrência de sobrepeso e obesidade têm se elevado de
maneira contínua nas últimas décadas em quase todo mundo e em todas as faixas etárias
(WHO EXPERT COMMITTEE, 1996).
A hipertensão arterial é um fator de risco importante para o desenvolvimento do
infarto agudo do miocárdio, com evidentes implicações diagnósticas e terapêutica, levando
à piora prognóstica, tanto a curto como a longo prazo após o infarto agudo do miocárdio
(NICOLAU et al., 1999).
Tem sido relacionado a ocorrência de depressão e ansiedade com os fatores de risco
para as doenças cardiovasculares, sendo que o tratamento da depressão e ansiedade podem
acarretar uma possível redução das doenças do coração (CARNEY,1998).
17
1. Introdução
Por outro lado, há de se considerar o estresse emocional como um dos fatores que
estão afetando a qualidade de vida das pessoas e o seu papel contribuinte para o surgimento
das doenças cardiovasculares (LIPP, 1996).
Desse modo, a hipertensão arterial, idade, sexo, tabagismo, dislipidemias, diabetes
mellitus, sedentarismo, obesidade e história familiar prematura para as doenças cardíacas
são os principais fatores para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares
(TAVARES, 2000).
O estudo de Framingham, EUA, demonstrou que os indivíduos com hipertensão
arterial sistêmica têm maior risco para o desenvolvimento da doença arterial coronariana
quando comparados com aqueles com pressão arterial normal, tanto para o sexo masculino
como para o sexo feminino (KANNEL, 2000).
Alguns fatores de risco modificáveis e não modificáveis foram identificados entre
os pacientes infartados de um hospital público, tais como baixo nível educacional,
tabagismo, sedentarismo, falta de recreação e relaxamento das tensões diárias (DANTAS;
AGUILLAR, 1998).
Outro estudo, identificou, além dos fatores de risco modificáveis – hipertensão
arterial, diabetes mellitus, dislipidemia e os não modificáveis - sexo, idade e história
familiar positiva para doença cardiovascular; o nível social e educacional baixo, tabagismo,
sedentarismo, falta de recreação e relaxamento das tensões diárias como elementos
desencadeantes do infarto agudo do miocárdio (DANTAS; COLOMBO; AGUILLAR,
1999).
Elevada prevalência de fatores de risco como a hipertensão arterial, tabagismo,
sedentarismo, obesidade e estilo de vida, foram observados em pacientes infartados, de um
hospital público (COLOMBO; AGUILLAR, 1997).
18
1. Introdução
Outro importante fator de risco é a glicemia alterada, cuja principal manifestação
clínica é o diabetes mellitus, constituindo-se em patologia que afeta em proporção
crescente as populações de regiões, que estão se tornando progressivamente mais
industrializadas (FERNANDES et al., 2000).
A relação socioeconômica com a morbi–mortalidade da doença cardíaca isquêmica
do coração tem revelado que a renda e a educação estão inversamente correlacionadas com
a doença. Há indícios que a renda adequada possibilita um estilo de vida mais saudável,
ambiente físico mais seguro e melhores condições de atendimento médico. Por outro lado,
os autores referem que a presença de um ou de vários fatores de risco é maior entre
indivíduos com menor escolaridade (DEVER,1988; BANCO MUNDIAL,1991;
BITTAR,1992).
Partindo dessas considerações, procurou-se identificar mais detalhadamente,
através deste estudo, os fatores de risco de pacientes com infarto agudo do miocárdio,
tendo em vista os avanços tecnológicos e terapêuticos que auxiliam no tratamento da
doença isquêmica do coração, proporcionando, assim, o prolongamento da vida do
paciente.
1.4 O modelo de CAMPO DE SAÚDE, proposto por LALONDE (1974)
Diante da abrangência dos fatores de risco que envolve os pacientes com infarto
agudo do miocárdio, ou seja, os fatores biológicos, sociais, culturais e o sistema de saúde,
optou-se por utilizar o referencial teórico de Campo de Saúde (LALONDE, 1974). Essa
escolha irá possibilitar a análise de aspectos que abrangem o processo de doença dos
pacientes que apresentam essa condição crônica sob, diferentes formas, ou seja, meio
ambiente, biologia humana, estilo de vida e organização do sistema de saúde.
19
1. Introdução
Esse modelo teve sua estrutura conceitual descrita inicialmente por Laframboise,
1973, como modelo de causas de doença, tornando-se reconhecido pela comunidade
científica quando utilizado para traçar políticas de Saúde no Canadá (DEVER, 1988).
O conceito de Campo de Saúde é composto por quatro elementos principais: meio
ambiente, biologia humana, estilo de vida e organização do sistema de saúde. Esses
elementos foram construídos a partir da identificação das causas e dos fatores que
desencadeavam as doenças e mortes no Canadá. Esse estudo, posteriormente, possibilitou
estabelecer o nível de saúde da população, naquele país (DANTAS, 1999).
Serão apresentados, a seguir, as definições dos quatro conceitos de Campo de
Saúde, proposto por Lalonde (1974).
O conceito de meio ambiente inclui todos os aspectos relacionados à saúde e que
estão externos ao corpo humano, relacionados ao ambiente físico e social que envolvem os
indivíduos.
A biologia humana inclui aqueles aspectos da saúde, física e mental, no que se
refere ao corpo humano, e à constituição orgânica do individuo. Relaciona-se à herança
genética do individuo e aos processos de maturidade e envelhecimento e aos diferentes
sistemas internos do organismo. Estes aspectos são considerados para compreendermos
que o corpo humano é complexo e que as repercussões das alterações são variadas, sérias e
podem contribuir para a morbi-mortalidade.
O estilo de vida consiste no conjunto de decisões tomadas pelo individuo, e sobre as
quais ele possui maior ou menor controle, que afetam sua saúde. Do ponto de vista da
saúde, decisões e hábitos pessoais insatisfatórios criam os riscos autocriados.
20
1. Introdução
Por fim, a organização do sistema de saúde é definido quanto à qualidade,
quantidade, administração, natureza e relações de pessoas e recursos no oferecimento do
cuidado de saúde. Inclui a equipe de saúde e instituições de saúde.
No Quadro 2 estão relacionados os elementos do meio ambiente, biologia humana,
estilo de vida, e organização do sistema de saúde, proposto por Lalonde (1974) e adaptado
por Colombo (1995) e Dantas (1996).
Quadro 2 - Aspectos relacionados aos elementos do meio ambiente, biologia humana,estilo de vida, e organização do sistema de saúde, a partir do modeloproposto por Lalonde (1974), Colombo (1995) e Dantas (1996)
BIOLOGIA HUMANA
Sexo, idadeÍndice de Massa Corporal (IMC) História clínica (doenças associadas, históriafamiliar positiva para doença isquêmica cardíaca)História familiar para doença cardiovascularUso de hormônio feminino
ESTILO DE VIDA
Causas atribuídas pelo paciente para ocorrência doinfarto agudo do miocárdioHábitos alimentaresBebidas alcoólicas e cafeína TabagismoAtividade físicaEstressePadrão do sono
MEIO AMBIENTE
Nível de instruçãoOcupaçãoTurno de trabalhoNúmero de empregosRenda familiarEstado civilNúmero de filhosProcedência e local de residência
SISTEMA DE SAÚDE
(atendimento de saúde)
Informações referentes à patologia atual Conhecimento do diagnósticoDúvidas quanto à doençaTratamentos médicos realizadosUtilização de outros sistemas de saúde
Dentre os conceitos de Campo de Saúde, proposto por Lalonde (1974), é de
interesse, neste estudo, em particular, os riscos autocriados, decorrentes do conjunto de
21
1. Introdução
decisões adotadas pelo individuo que influenciam o seu estado de saúde, ou seja, o seu
estilo de vida.
Os efeitos dos riscos autocriados relacionados às doenças cardiovasculares e outros
grupos de enfermidades estão refletidos nos hábitos destrutivos presentes no estilo de vida
(LALONDE, 1974). Esses hábitos relacionam-se a: 1) drogas: a) ingestão excessiva de
bebidas alcoólicas, levando à cirrose, encefalopatias, obesidade e má nutrição; b)
tabagismo: causando bronquite crônica, enfisema e câncer pulmonar, e agravando a
doença arterial coronariana; c) abuso de medicamentos: levando à dependência e ao
surgimento de efeitos colaterais e 2) dieta e exercício: a) super-alimentação: resultando
em obesidade e suas conseqüências; b) alta ingestão de gordura: possivelmente
contribuindo para a aterosclerose e doença arterial coronariana; c) alta ingestão de
carboidratos: contribuindo para a obesidade e cáries dentárias; d) falta de exercícios:
agravando doença arterial coronariana, levando à obesidade e causando falta de
condicionamento físico; e) falta de recreação e de relaxamento de tensões diárias:
associadas com doenças ligadas ao estresse como a hipertensão arterial, doença arterial
coronariana e úlceras pépticas.
Para compreender os diferentes aspectos que envolvem o processo de doença dos
pacientes que sofreram de infarto agudo do miocárdio é necessário que a equipe de saúde e
o enfermeiro, em particular, desenvolvam ações educativas visando ajudar o paciente a
modificar os seus hábitos destrutivos.
Assim, a educação de pacientes tem sido identificada como função do enfermeiro
ao longo desses anos. O papel educativo do enfermeiro, em hospital privado, também,
pauta-se por educar e proporcionar um grau maior no aprendizado do paciente, atendendo
aquilo que ele necessita aprender.
22
1. Introdução
Com relação ao papel do paciente no processo ensino-aprendizagem, identificou a
importância da sua motivação em aprender, para que ele seja capaz de praticar ações
voltadas à sua saúde. Cabe ressaltar que o paciente precisa acreditar que é susceptível à
doença em questão, que a doença acarretará sérias conseqüências sobre sua vida, caso ele
venha a adoecer, estar consciente que certas ações possam ser tomadas, que essas ações
podem reduzir sua probabilidade de adquirir a doença ou reduzir a gravidade da mesma e
que a ameaça de praticar a ação proposta não é maior que a ameaça da doença em si
(BILLE, 1981).
O objetivo final no processo de educação é capacitar o indivíduo ao
desenvolvimento de habilidades que visam a promoção, manutenção e modificações de
comportamentos relacionados à saúde (MOYNINHAM, 1984). Nas doenças
cardiovasculares, em particular, no infarto agudo do miocárdio, temos como objetivo
assistir o paciente para obtenção de comportamentos ajustados, no que se refere ao seu
estilo de vida, os quais são necessários para atingir e manter o seu estado de saúde.
Nessa direção, a reabilitação cardíaca consiste em um conjunto de atividades
necessárias para assegurar as condições físicas, mentais e sociais do paciente,
possibilitando seu retorno à sociedade de forma ativa e produtiva (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE SAÚDE , 1995).
A Organização Pan-Americana da Saúde (1984), reconhecendo a importância dos
conceitos propostos por Lalonde (1974), acrescida à transição demográfica e as mudanças
nos padrões de consumo e estilo de vida, relata que as doenças cardiovasculares surgem
como um dos componentes importantes do perfil de saúde de vários países latino-
americanos. Foi descrito que o elemento mais importante na ocorrência das doenças
cardiovasculares é o estilo de vida (DEVER, 1988). Essa situação levou a OPAS (1984) a
recomendar que cada país implemente programas preventivos de atenção à saúde que
23
1. Introdução
impliquem na eliminação e/ou redução dos comportamentos prejudiciais à saúde e
aumento e/ou manutenção de hábitos saudáveis para a população. Nesta direção, o Centro
de Pesquisa da Petrobrás-RJ, investigou a prevalência de fatores de risco para doenças
cardiovasculares e desenvolveu um programa de saúde preventiva enfocando medidas para
adoção de mudanças no estilo de vida de seus funcionários. (MATOS et al., 2004).
A qualidade de vida de pacientes coronarianos tem motivado pesquisadores a
buscarem, incessantemente, estratégias que levem à redução da mortalidade por doença
isquêmica cardíaca e suas principais formas de manifestações clínicas. Estudos recentes
têm revelado redução da incidência, bem como da mortalidade relacionada à doença
isquêmica cardíaca, mediante emprego permanente de medidas preventivas em nível
primário e secundário e interesse no desenvolvimento de ações que efetivamente levem à
redução e/ou controle de fatores de risco, intimamente relacionados ao desenvolvimento da
doença (BITTAR, 1992; COLOMBO, 1995; CUNDEY; FRANK, 1995; OMS, 1995;
DANTAS, 1996; MCGOVERN et al., 1996; MILLER; DEIDRE; MEYERS, 1996;
COLLINS; RICE, 1997; DANTAS, 1999).
Os estudos realizados por Colombo (1995) e Dantas (1996) com pacientes que
sofreram primeiro infarto agudo do miocárdio, utilizaram o Modelo de Campo de Saúde
para traçar o perfil desses pacientes, em hospitais públicos do Estado de São Paulo. É
sabido que a caracterização sócio econômica dos pacientes, atendidos em instituições
públicas de saúde, é marcada por precárias condições de renda e escolaridade. Uma vez que
já conhecemos a relação encontrada entre doenças cardiovasculares, educação e condições
sociais em um hospital público, inquietou-nos investigar qual seria a caracterização dos
indivíduos infartados, atendidos em uma instituição privada, utilizando, também, modelo
conceitual proposto por Lalonde (1974).
24
1. Introdução
Para tanto, pretende-se identificar os fatores de risco presentes em pacientes com
infarto agudo do miocárdio atendido em rede privada, analisando os aspectos relacionados
aos elementos do meio ambiente, biologia humana, estilo de vida e serviço de saúde.
Dentre os quatro elementos que compõem o Modelo de Campo de Saúde,
concordamos com outros autores (DEVER, 1988; COLOMBO, 1995; DANTAS, 1996;
DANTAS, 1999) quando afirmam que no elemento estilo de vida há a presença de fatores
de risco modificáveis para as doenças cardiovasculares e que são passiveis de intervenção
por parte dos profissionais de saúde.
Diante do exposto nos propomos a traçar o perfil de pacientes infartados,
internados num hospital privado para posteriormente, elaborarmos um protocolo de
assistência de enfermagem.
Isso se justifica, pois o paciente, na maioria das vezes, apresenta dificuldade em
aceitar o tratamento por desconhecer seu quadro clínico e o seu real significado. Entende-
se que mudar o comportamento de um indivíduo é um processo longo e tampouco
corresponde à simples aquisição de informações, mas se relaciona, de modo desafiador, ao
desenvolvimento de estratégias que o auxiliem a compreender a necessidade de mudança,
passando por processo modificador da intenção, que irá ajudá-lo na concretização da
mudança desejada. Portanto, o desafio consiste em conseguir que o paciente infartado
incorpore alterações no seu estilo de vida e consiga realizar o tratamento de maneira
apropriada. Desse modo, cumpre ressaltar que o enfermeiro assistencial deve buscar
fundamentação teórica que auxilie o paciente na sua trajetória, para que ele consiga
modificar seus hábitos de vida, evitando, assim, os riscos para o desenvolvimento de novos
problemas de saúde.
25
2 Objetivos
2. Objetivos
1. Identificar os fatores de risco relacionados ao meio ambiente, à biologia humana, ao
estilo de vida e à organização do serviço de saúde de pacientes internados, após o
infarto agudo do miocárdio, num hospital privado, de uma cidade do interior do Estado
de São Paulo.
2. Identificar o conhecimento dos pacientes com infarto agudo do miocárdio quanto aos
fatores de risco para o desenvolvimento de novos problemas de saúde.
3. Comparar se algumas variáveis, relacionadas aos fatores de risco para o infarto agudo
do miocárdio são semelhantes ou diferentes, em pacientes internados em hospital
público e privado de uma cidade do interior do Estado de São Paulo.
26
3 Metodologia
3. Metodologia
3.1 Tipo de estudo
Trata-se de um estudo descritivo exploratório. O estudo exploratório é
caracterizado por sua natureza rica em dados descritivos, por ter um plano aberto e flexível
e por focalizar a realidade de forma aberta, complexa e contextualizada (LUDKE;
ANDRÉ, 1986).
3.2 Local do estudo
O presente estudo foi realizado no Hospital São Francisco e Hospital do Coração de
Ribeirão Preto-SP, que atende uma clientela de pacientes clínicos, cirúrgicos e
ambulatoriais. Também são atendidos pacientes que necessitam de internação e/ou
procedimento cirúrgico de pequeno porte, em atendimento denominado hospital dia.
O hospital é composto por sete unidades de internação e tem 166 leitos para
internação de pacientes clínicos e cirúrgicos com infecções agudas e crônicas, de média e
grande complexidade; Unidade Coronariana responsável pelo atendimento de pacientes
com problemas cardíacos; Centro de Terapia Intensiva para atendimento de pacientes em
situação crítica de alta complexidade e cirurgia torácica; ambulatório para pacientes com
problemas cardíacos, em seguimento na cardiologia ou em outras especialidades, tais como
pneumologia, proctologia, urologia, entre outras, e, também, pelo atendimento de urgências
e emergências e Hospital Dia onde se realizam pequenas cirurgias com alta dos pacientes
no mesmo dia.
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3. Metodologia
O local eleito no hospital para realizar este estudo foi a Unidade Coronariana,
justificado pelas características de atendimento especializado a pacientes com problemas
cardiovasculares num hospital privado.
A Unidade Coronariana atende pacientes com problemas cardiovasculares, de
ambos os sexos, sem descriminação de faixa etária, que sofreram infarto agudo do
miocárdio, e outros problemas cardíacos e também aqueles que foram submetidos a
tratamento clínico e cirúrgico, tais como estudo hemodinâmico ou angioplastia
transluminal coronaria. Conta com equipe de saúde altamente especializada em cardiologia
constituída por médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.
Atualm