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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA YUNIEL TREMOLS CABRERA PREVENÇÃO E CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA E OS FATORES DE RISCOS TUCURUÍ- PARÁ 2018

FATORES DE RISCOS PREVENÇÃO E CONTROLE DA PRESSÃO … · A prevenção desta doença e a promoção da saúde são temas de alta prioridade para as políticas públicas e ações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PARÁCURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA

YUNIEL TREMOLS CABRERA

PREVENÇÃO E CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA E OS FATORES DE RISCOS

TUCURUÍ- PARÁ2018

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YUNIEL TREMOLS CABRERA

PREVENÇÃO E CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA E OS FATORES DE RISCOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização Gestão do Cuidado em Saúde da Família, Universidade Federal do Pará, para obtenção do Certificado de Especialista.

Orientadora: Drª. Maria Tereza Sanches Figueiredo

TUCURUÍ-PARÁ2018

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YUNIEL TREMOLS CABRERA

PREVENÇÃO E CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA E OS FATORES DE RISCOS

Banca examinadora

Profª. Drª. Maria Tereza Sanches Figueiredo - UFPA

Professor (a). Ana Julia Pantoja de Moraes – USP

Aprovado em Tucuruí, em – de ------ de 2018.

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivo elaborar um plano de ação para o enfrentamento de um problema, considerado prioritário na área de abrangência do Programa Saúde da Família de Pista da Ciex: elevada prevalência de hipertensão arterial sistêmica e seus fatores de riscos. Para a elaboração da proposta de intervenção para a prevenção e controle da hipertensão arterial sistêmica e seus fatores de riscos foram executadas três etapas: diagnóstico situacional, revisão bibliográfica e elaboração do plano de ação; utilizando-se o Planejamento Estratégico Simplificado. As causas do problema, selecionados como “nós críticos”, foram: desconhecimento dos cuidados de saúde; acolhimento inadequado de pacientes com pressão arterial elevada e fatores de riscos e pouca utilização da modalidade de atenção domiciliar. As quatro operações propostas para o enfrentamento dos “nós críticos”, foram à implantação de: sistema de atividades de promoção e prevenção de saúde; sistema de acolhimento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e fatores de riscos dela; sistema de busca ativa de pacientes com pressão arterial elevada e fatores de riscos nas comunidades e assentamentos e utilizar o protocolo da modalidade de atenção domiciliar. Além disso, foram feitas análises de viabilidade das operações e uma proposta de acompanhamento e avaliação do plano de ação. A elaboração deste plano de ação possibilitou a Equipe de Saúde da Família de “Pista da Ciex” perceber a importância de utilizar um método de planejamento como ferramenta para a organização do processo de trabalho e com sua implementação observou-se efetividade da prevenção e controle da hipertensão arterial sistêmica e seus fatores de riscos.

Palavras-chave: Hipertensão Arterial. Fatores de Riscos. Educação em Saúde. Novo Repartimento.

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ABSTRACT

This study aimed to develop an action plan for dealing with a problem, given priority in the area covered by the Family Health Program “Pista da Ciex”: high prevalence of hypertension and its risk factors. For the preparation of the proposed intervention for the prevention and control of hypertension and its modifiable risk factors were performed three steps: situational diagnosis, literature review and drafting of the action plan; using the Simplified Strategic Planning. The causes of the problem, selected as “critical nodes” were: lack of health care; inadequate care of patients with high blood pressure and the risk factors and low use of home care modality. The four operations proposed for confronting the “critical nodes” were deploying: system of health promotion and prevention activities; host system users with hypertension and her risk factors; active surveillance of patients with high blood pressure and risk factors in communities and settlements system is using O protocol type of home care. Furthermore, a feasibility analysis of operations and a proposed monitoring and evaluation of the action plan were made. The preparation of this action plan enabled the Health Team Family “ Pista da Ciex ” realize the importance of using a planning method as a tool for the organization of the work process and its implementation is expected to achieve greater effectiveness in the prevention and control of systemic hypertension and its risk factors.

Keywords: Hypertension. Risk Factors. Health Education. New Repartimento.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

ESF Estratégia Saúde da Família

AVC Acidente Vascular Cerebral

ABS Atenção Básica à Saúde

DM Diabetes milito (Diabetes mellitus)

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MS Ministério da Saúde

PSF Programa Saúde da Família

UBS Unidade Básica de Saúde

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Fluxograma diagnóstico de HAS 31

Figura 1. Fluxograma tratamento medicamentoso de HAS 33

Quadro 1. Classificação de prioridade para os problemas identificados no

diagnóstico da comunidade adstrita à equipe de Saúde da Família, Baltazar

Claudino Silva, município de Novo Repartimento, Estado de Pará. 15

Quadro 2. Desenho das operações para os “nos” críticos do problema Elevada

prevalência de HAS e seus fatores de risco. PSF de Pista da Ciex. Novo

Repartimento. PA. 2018 38

Quadro 3. Recursos críticos para o problema “Elevada prevalência de HAS e seus

fatores de risco”. PSF Pista da Ciex. Novo Repartimento. PA. 2018. 39

Quadro 4. Propostas de ações para a motivação dos atores. PSF Pista da Ciex,

Novo Repartimento, PA, 2018 40

Quadro 5. Plano Operativo. PSF Pista da Ciex, Novo Repartimento, PA, 2018. 41

Quadro 6. Acompanhamento do Plano de Ações. PSF Pista da Ciex,Novo

Repartimento, PA, 2018. 42

Tabela 1. Recomendações para prescrição de tratamento não medicamentoso 32

Tabela 2. Descritores do problema selecionado. PSF P Pista da Ciex. Novo

Repartimento. PA. 2018. 35

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 91.1 Aspectos Gerais do Município 101.2. Aspectos da Comunidade 111.3 O Sistema Municipal de Saúde 121.4 A Equipe de Saúde da Família Baltazar Claudino Silva 131.5 A Equipe de Saúde da Família do PSF Baltazar Claudino Silva. 131.6 O Funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe de Saúde Baltazar Claudino Silva 141.7 O dia a dia da Equipe Saúde da Família Baltazar Claudino Silva. 141.8 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade (primeiro passo) 141.9 Priorização dos problemas 15

2 JUSTIFICATIVA 163 OBJETIVOS 17

3.1 Objetivo Geral 173.2 Específicos 17

4 METODOLOGIA 185 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 20

5.1 Fatores de risco da hipertensão arterial 215.2 Tratamento da hipertensão 245.3 Adesão terapêutica em pacientes com hipertensão arterial 255.4 Implicações da Transição Epidemiológica no Atendimento ao Hipertenso

276 PLANO DE INTERVENÇÃO 346.1 Passo 1. Identificação dos principais problemas 346.2 Passo 2. Priorização dos problemas 346.3 Passo 3. Descrição do problema selecionado 356.4 Passo 4. Identificação das causas do problema selecionado 356.5 Passo 5. Desenho das operações 376.6 Identificação dos recursos críticos 386.7 Passo 7. Análise de viabilidade 396.8 Elaboração do plano Operativo 406.9 Passo 9. Gestão do plano 417. CONSIDERAÇÕES FINAIS 43REFERÊNCIAS 44APÊNDICE 46

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1 INTRODUÇÃO

A Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é atualmente definida pela média de pressão

arterial (PA) maior ou igual a 140/90 mmHg em ao menos duas aferições realizadas

em duas ou mais consultas. É conhecido fator de risco para doença cardiovascular,

causando cerca da metade dos casos de acidente vascular encefálico e de doença

arterial coronariana. (PICON, 2012)

É uma doença crônica insidiosa, a HAS evolui de forma silenciosa, contribuindo para

o surgimento de doença cerebrovascular, Insuficiência Cardíaca (IC) e Doença

Arterial Coronariana (DAC). Há, portanto, necessidade de tratamento adequado com

mudanças dietéticas e comportamentais, além da manutenção rigorosa da

terapêutica medicamentosa, pois com esses cuidados é possível prevenir

consequências em longo prazo como lesão de órgãos alvo e mortalidade. Por ser na

maior parte do seu curso assintomática, sua prevenção, diagnóstico e tratamento

são frequentemente negligenciados (PUCCI et al., 2012).

Estimativas internacionais revelam o aumento na prevalência de HAS no mundo,

apesar de, paradoxalmente, ter ocorrido aparente redução na média de PA sistólica

nas últimas décadas. Segundo projeções publicadas, até 2025, 1,17 bilhão de

pessoas serão portadoras de HAS, sendo que três quartos delas viverão em países

em desenvolvimento (PICON, 2012). A literatura científica tem destacado que a

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é a morbidade mais prevalente entre idosos,

superior a 50%, sendo uma das principais causas de óbito.

Assim, estima-se que a HAS atinge em torno de 22 a 25 % da população brasileira

adulta, (acima de 20 anos), chegando a mais de um 50% após os 60 anos, e está

presente em 5% das crianças e adolescentes no Brasil. É responsável por 40% dos

infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal; além de

que ocasiona o 40% das aposentadorias precoces. As graves consequências da

pressão alta podem ser evitadas, desde que os hipertensos conheçam sua condição

e mantenham-se em tratamento com adequado controle da pressão (BRASIL, 2010).

Diversos fatores têm sido associados à baixa adesão ao tratamento medicamentoso

da doença, cinco grupos de fatores interferem na adesão ao tratamento entre idosos

hipertensos, sendo: regime terapêutico; aspectos socioeconômicos e demográficos;

relação com os serviços e profissionais de saúde; aspectos psicossociais e culturais;

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e apoio familiar e social. Destaca-se que o sexo masculino e os idosos com baixa

renda constituem as populações mais vulneráveis (TAVARES, 2016).

Existem fatores de caráter genético que predispõem a hipertensão, aqueles

indivíduos com antecedentes familiares de hipertensão, e outros fatores

cardiovasculares de risco como: dislipidemia, tabagismo, consumo de bebidas

alcoólicas, obesidade, sedentarismo ou Diabetes Mellitus, deve realizar uma

investigação, mais intensa e frequente das cifras de pressão arterial e dos demais

fatores de riscos permanentes. No Brasil se conhece que mais dos 90% é hereditária

(BRASIL, 2010).

Como a hipertensão é reconhecida como um dos principais fatores de riscos das

Doenças Cardiovasculares (DCV) e primeira causa de morte nos países

industrializados e no Brasil, a prevenção de suas complicações deve realizar-se

através de programas de intervenção educativa, orientando a difundir informação

sobre a enfermidade e da prevenção dos fatores de riscos modificáveis, mediante

uma educação nutricional, atividade física, eliminação do consumo de substâncias

tóxicas e controle do estresse. A prevenção desta doença e a promoção da saúde

são temas de alta prioridade para as políticas públicas e ações de saúde pública

para o Município Novo Repartimento.

Diante disso, considera-se a importância do conhecimento mais amplo sobre a

pressão arterial, seus fatores de riscos e complicações; não só da população

hipertensa exposta a risco, mas também dos profissionais integrantes da Equipe de

Saúde da Família (ESF), permitindo a eles, a melhor identificação de pessoas com

alto risco de adquirir pressão arterial elevada, o que consequentemente apresentará

melhoria do trabalho e uma melhor execução de ações educativas, de promoção e

prevenção de saúde para a população em geral.

1.1Aspectos Gerais do Município

A origem do município de Novo Repartimento está relacionada à tribo indígena

Parakanã, à construção da Rodovia Transamazônica e à construção da Usina

Hidrelétrica de Tucuruí. O nome Repartimento, segundo os historiadores, teve

origem com os índios Parakanãs, os quais denominaram de Repartimento, um rio

que fazia a divisão de suas terras. A vila de Repartimento foi à denominação dada

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ao local onde se fixou o povoado oriundo do acampamento da empresa que

construiu a Rodovia Transamazônica.

O município surgiu a partir da mudança obrigatória da vila de Repartimento Velho,

em decorrência da inundação daquela área pelas águas da represa da barragem da

Usina Hidrelétrica de Tucuruí, que foi criado pela Lei 5.702, de 13 de dezembro de

1991. Na época foi desmembrado dos municípios de Tucuruí, Jacundá e Pacajá.

O Novo Repartimento é um município do estado do Pará, localizado no oeste do

estado. Sua população estimada em 2017 era de 73.802 habitantes (IBGE). O

município possui uma área de 15.398,716 km², para uma densidade demográfica

aproximada em 2010 de 4.03 hab/ km², (IBGE).

As principais fontes da economia é a produção de cacau e a pecuária sendo o maior

exportador do estado. Quanto à religião predominante é a evangélica. O município

tem 148 colégios entre eles, três (03) são privados. E na área da saúde o município

conta com um (01) hospital municipal, uma (01) UBS, onze (11) ESF, onze (11)

postos básicos e um (01) laboratório do-SUS.

1.2. Aspectos da Comunidade

A unidade da ESF deste estudo intitulada ESF Baltazar Claudino Zona Rural está

localizada no Bairro Pista da Ciex, abrangendo o Tueré 2, que consiste em um

assentamento de pessoas do município de Novo Repartimento, com uma população

de 2.897 habitantes com predomínio do sexo masculino.

O sustento econômico da maioria das pessoas é agricultura e a pecuária, com um

elevado índice de desemprego, verificando-se junto à Secretaria de Turismo

(SETUR) (2014) como principais atividades econômicas: Serviços (58,9%);

Agropecuária (31,4%); e Indústria (9,8%). E uma população humilde com um baixo

nível de escolaridade e a maioria das pessoas são analfabetas.

As condições de vida são mínimas e vivem em péssimo estado no que se relaciona

aos serviços básicos como habitação, água adequada, esgoto e remoção de lixo,

sendo determinantes para doenças. De acordo com SETUR (2014) a população

conta com água canalizada de poço e para esgoto utiliza sistema de fossa

rudimentar. A energia elétrica é distribuída pelas Centrais Elétricas do Pará

(CELPA). Quanto à coleta do lixo, destaca-se que não é realizada, restando aos

moradores queimar o lixo.

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O acesso das pessoas a instituição de saúde é com muitas dificuldades devidas

morarem longe e o transporte é de péssima qualidade, as estradas no inverno

tornam-se difíceis devido à lama e no verão pela grande quantidade de buracos que

a estrada apresenta. Assim, os moradores precisam se descolar para ter acesso à

assistência social, à saúde e à educação.

1.3 O Sistema Municipal de Saúde

A Atenção Primária do município conta com uma (01) UBS, onze (11) ESF, sendo

quatro (04) urbanos, entre esses, três (03) tem equipe completa, e sete (07) rurais,

de eles 5 com a equipe completa. O município conta com 8 médicos cubanos do

Programa Mais Médicos.

Na Atenção Especializada tem-se uma UBS com inter consulta regular de

cardiologista, psiquiatra e fisioterapia, pediatria, ortopedia, ginecologia e obstetrícia,

nutricionista. E as demais especialidades as pessoa tem que procurar em outros

municípios como Tucuruí e Marabá. O paciente precisa ter o encaminhamento

médico do posto de saúde, para ser agendado na secretaria de saúde e assim obter

o atendimento médico especializado.

O hospital tem serviço de urgências e emergência com pessoal capacitado e plantão

24 horas. Além de dispor para os serviços de encaminhamentos duas (02)

ambulâncias básicas e existe para os casos mais graves uma base do SAMU. Na

atenção hospitalar: há poucas especialidades e a maioria dos pacientes são

internados nos municípios de Tucuruí ou Marabá. Quanto o apoio diagnóstico tem-se

um (01) laboratório que faz coleta e analises dos resultados de hemograma,

bioquímica, hormonais.

O posto de saúde tem farmácia embora ainda com baixa cobertura de

medicamentos para o tratamento da população e um dos problemas do município é

de não ter farmácias populares. Há no município o serviço de vigilância em Saúde e

as pessoas são capacitadas para o monitoramento dos problemas de saúde da

comunidade, e realizar a vigilância com o propósito de orientar as intervenções

necessárias quanto agravos, fatores de riscos e a própria vigilância da situação da

saúde, fazendo uma relação de comunicação entre o pessoal de saúde e a

comunidade. As relações com outros municípios acontecem com a integração de

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Tucuruí e Marabá para as inter consultas e internação de pacientes quando

necessitam. Vale ressaltar que o município tem Atenção Primária e Secundária.

1.4 A Equipe de Saúde da Família Baltazar Claudino Silva

Foi inaugurado em 2010, construído na rua principal da vila Pista da Ciex com ajuda

da população. A unidade tem uma sala de recepção e espera, um consultório

médico, uma sala que é compartilhada com a enfermeira, técnica de enfermagem,

técnica de malária e as demais salas funciona a farmácia, uma sala de curativo, um

banheiro e uma cozinha pequena improvisada que serve de refeitório para os

servidores.

O posto de Saúde não tem uma boa infraestrutura, tem grandes problemas

relacionados à energia e água. Ressalta-se que não tem sala de observação e nem

sala de vacina, além de não termos medicamentos para tratar as urgências ou

emergências e só contamos com pouca hidratação e material de curativos para a

realização de suturas simples. Não contamos com ambulância nem ninguém médio

de transporte para encaminhar a os pacientes graves.

1.5 A Equipe de Saúde da Família do PSF Baltazar Claudino Silva.

A equipe esta formado pelos seguintes profissionais: cinco (05) agentes

Comunitários de Saúde, uma (01) técnica em enfermagem, uma (01) enfermeira e

um (01) médico geral.

Ressalta-se a importância da informação quanto aos determinantes e sua magnitude

para a promoção da saúde de forma a minimizar os riscos e agravos que

predominam principalmente a classe social de baixa escolaridade, comportamento

alimentares inadequados e sedentarismos.

De acordo com o Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde (2018, p.

1) a Estratégia Saúde da Família visa:[...]à reorganização da atenção básica no País, de acordo com os preceitos do

Sistema Único de Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e

municipais como estratégia de expansão, qualificação e consolidação da atenção

básica por favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior potencial

de aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção básica, de ampliar

a resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades, além de

propiciar uma importante relação custo-efetivida

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1.6 O Funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe de Saúde Baltazar Claudino Silva

O horário de trabalho da Unidade é de 7:30 às 11:30h, com intervalo e reiniciando ás

14h até ás 17h. Tem-se um planejamento para atender o processo de trabalho que é

agendado; mas o dia a dia da demanda espontânea é maior que o atendimento

agendado.

De segunda a sexta feira tem muita demanda, principalmente no que se relaciona as

doenças infecciosas. É importante mencionar que se faz uma vez na semana

palestras sobre Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus, Obesidade, que é de suma

importância pelos agravos apresentados pela população.

A equipe de saúde realiza visitas domiciliarias que são organizadas na primeira

semana de cada mês, onde se reúne todo o pessoal da equipe para planejar as

ações de saúde a ser desenvolvida no mês.

1.7 O dia a dia da Equipe Saúde da Família Baltazar Claudino Silva.

O maior atendimento se dá aos pacientes pela demanda espontânea, e esses

atendimentos estão relacionados as grávidas, crianças, pacientes hipertensos,

diabéticos e os casos de urgências e emergências. Há uma escala de plantão que é

planejada no mês e participam desse plantão a técnica de enfermagem e a

enfermeira, caso o paciente precise de uma avaliação médica, o plantonista procura

o médico.

A educação permanente se torna imprescindível para ampliar o conhecimento e

deixar os profissionais atualizados por meio de eventos de saúde que acontecem na

Unidade como estudo de casos clínicos, seminários e á distância como o Curso de

Especialização em Saúde da Família.

1.8 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade (primeiro passo)

Alta incidência de Hipertensão Arterial Sistólica e seus fatores de riscos;

Complicações por Hipertensão Arterial Sistêmica e Acidente Vascular

Cerebral;

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15

Pouco conhecimento da população sobre prevenção da Hipertensão Arterial

Sistólica, fatores de riscos e suas complicações;

Alto nível de parasitismo Intestinal por má qualidade da água;

Baixa condição higiênica e dietética da população;

Baixo nível cultural e econômico da população.

1.9 Priorização dos problemas1. Alta incidência de Hipertensão Arterial Sistólica e seus fatores de risco;

2. Pouco conhecimento da população sobre prevenção da Hipertensão Arterial

Sistólica, fatores de riscos e suas complicações;

3. Complicações por Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Acidente Vascular

Cerebral (AVC);

4. Baixa cultura higiênica dietética;

5. Alto nível de parasitismo Intestinal por má qualidade da água.

No Quadro 1 descreve-se os problemas prioritários da comunidade identificados pela

equipe saúde da família, por grau de importância e critério da necessidade de

urgência.

Quadro 1. Classificação de prioridade para os problemas identificados no diagnóstico da comunidade adstrita à equipe de Saúde da Família, Baltazar Claudino Silva, município de Novo Repartimento, Estado de Pará.

Principais Problemas. Importância Urgência Capacidade de

enfrentamento Seleção

Elevada prevalência de HAS e seus fatores de riscos.

ALTA 8 PARCIAL 1

Pouco conhecimento da população sobre prevenção da HAS, fatores de riscos e suas complicações.

ALTA 7 TOTAL 2

Complicações por HAS e AVE MÉDIA 5 PARCIAL 3

Baixa cultura higiênica dietética da população.

ALTA 7 PARCIAL 4

Alto nível de parasitismo Intestinal por má qualidade da água

MÉDIA 3 FORA 5

Fonte: Instrumento do pesquisador*Alta, média ou baixa** Total dos pontos distribuídos até o máximo de 30***Total, parcial ou fora****Ordenar considerando os três itens

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2 JUSTIFICATIVA

A área de saúde consta de 2.897 habitantes, desses 343 são hipertensos e

diagnosticados, o que representa 11.8 % da população geral, o mais preocupante é

que aproximadamente 70 % da população hipertensa fica sem controle, é por isso a

importância de fazer um projeto de intervenção para o controle dos pacientes,

conduzindo informações sobre sua doença, os fatores de riscos e as medidas

preventivas que possam evitar agravos e minimizar as complicações que podem

levar à morte.

O impacto deste problema de saúde foi avaliado por obter indicadores com alta

incidência de afecções cardiovasculares que se apresentam na comunidade,

associada a Hipertensão Arterial Sistêmica, e a principal causa de óbitos do território

está relacionada a complicações da HAS.

Nesse sentido, os problemas de saúde influenciam muito os fatores que vão desde a

não-adesão ao tratamento, a forma de estilos de vida inadequados, insuficiente

disponibilidade de medicamentos nas redes públicas e das farmácias populares,

além do pouco ou quase nada de conhecimento por parte do paciente sobre sua

doença e as formas de prevenir as complicações ocasionadas.

Para alcançar o adequado controle da Hipertensão Arterial Sistêmica, foi preciso

fazer um árduo trabalho educativo com a população e a família dos usuários da ESF,

no sentido de estimular a consciência crítica da importância de aderir ao tratamento

e haver transformação com mudança do estilo de vida, para evitar complicações e

melhorar a qualidade de vida, o que foi um desafio por parte da equipe, o que trouxe

impacto favorável tanto para economia da família, como do setor saúde.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Elaborar estratégias de prevenção e controle da hipertensão arterial sistêmica e

seus fatores de risco na comunidade Pista da Ciex, no município de Novo

Repartimento, Pará.

3.2 Específicos

Orientar os usuários hipertensos quanto às ações de controle de HAS;

Divulgar nas escolas e comunidade campanha de prevenção da pressão arterial

entre crianças, adolescentes e usuários da ESF;

Elaborar panfletos educativos especificando os fatores de riscos e complicações

para melhorar o entendimento dos usuários sobre a prevenção da HAS;

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4 METODOLOGIA

Para elaboração da proposta de intervenção para a prevenção e controle da pressão

arterial e seus fatores de risco da população atendida pela Equipe de Saúde da

Pista da Ciex foram executadas duas etapas: diagnóstico situacional; revisão de

literatura; e elaboração do plano de ação.

O método foi utilizado, tendo como base as diretrizes de Campo, Faria e Santos

(2017), a partir do método da estimativa rápida, que constitui um modo de obter

informações sobre um conjunto de problemas e dos recursos potenciais para o

enfrentamento, num curto período de tempo e sem altos gastos, o qual é uma

ferramenta para apoiar um processo de planejamento participativo.

O diagnostico situacional foi realizado em colaboração com os ACS, no período de

Dezembro de 2017 a Março de 2018. As fontes de coleta em relação aos registros

existentes foram os cadastros populacionais, os prontuários e o Sistema de

Informações da Atenção Básica (SIAB. )

No período de Dezembro de 2017 a Março de 2018, realizou-se observação ativa

das residências pertencentes à área de abrangência pelos ACS sob a supervisão da

enfermeira. Foram visitadas 628 residências (83.18%), sendo excluídas 127

residências (16.82%) que se encontravam fechadas o que por condições do terreno

foram inacessíveis no momento da atividade.

Observou-se a maior atenção quanto aos riscos ambientais, infraestrutura, meios de

transporte usados, atividades de lazer, acesso à água tratada, disposição finais dos

lixos, presença de esgotos, energia elétrica, escolas, igrejas, ou outras formas de

congregação, hábitos tóxicos, alimentação, entre outros.

Para embasamento da pesquisa foi realizada uma revisão não sistemática da

literatura, que se configura como aquela que busca embasamento em livros, revistas

e artigos, sendo analisados de acordo com a interpretação e crítica pessoal do autor

(ROTHER, 2007). No que diz respeito à classificação desta pesquisa afirma-se que

se caracteriza como básica ou fundamental quanto aos fins, de natureza

observacional e qualitativa quanto à forma de abordagem, caracterizando-se, ainda,

como exploratória e descritiva e prospectiva quanto à relação temporal.

O processo de coleta de dados foi feito na base de dados SCIELO a partir dos

descritores selecionados para esta pesquisa no mês de setembro de 2018, os quais:

“Atenção Primária à Saúde”, “Hipertensão Arterial Sistêmica” e “Fatores de risco”.

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Como critérios de inclusão dos artigos foram considerados: estar disponível

eletronicamente; e condizer com os objetivos desta pesquisa. Ressalta-se que os

artigos encontrados nas bases de dados com os descritores foram lidos

individualmente com fim de verificar se de fato atendiam aos objetivos desta

pesquisa.

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5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A HAS tem se apresentado como uma doença que apesar de ser prevenida por

hábitos alimentares e de vida adequados, apresenta fatores de risco que a tornam

um problema de saúde pública. De acordo com o Ministério da Saúde (MS) o

diagnóstico de HAS aumentou 14,2% no país nos últimos 10 (dez) anos, podendo

ser considerada como um mal da vida moderna. Conclui-se, portanto, que conforme

os números apresentados pelos autores, essa doença faz parte do cotidiano dos

brasileiros e por ser uma patologia crônica contribui para a formação das placas de

ateroma e processos de hipertrofia no sistema vascular, destacando-se entre os

fatores de risco, podendo desencadear várias complicações no organismo do

indivíduo, tais como: doença cerebrovascular, doença renal crônica, doença arterial

coronariana, insuficiência cardíaca e doença vascular de extremidades.

Bloch et al (2008), alerta para o fato de que a hipertensão arterial por ser uma

doença crônica, de natureza prolongada e possui uma multiplicidade de fatores

associados, de curso assintomático, com evolução clínica lenta, prolongada e

permanente, podendo o indivíduo doente, ter diversas complicações. Ainda segundo

o autor, a hipertensão arterial pode tornar-se resistente, quando a pressão arterial

(PA) é maior ou igual a 140/90 mmHg e o paciente está em uso de três ou mais anti-

hipertensivos em doses apropriadas, incluindo um diurético. Persistindo níveis

elevados da PA, é possível que os órgãos-alvo sejam lesionados, aumentando

assim o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares.

Entende-se assim que um indivíduo está com a pressão arterial normal quando está

abaixo de 140/90. Para que um indivíduo possa ser considerado hipertenso é

preciso que seja feito um acompanhamento, ou seja, um mapeamento de diversas

verificações de PA, sendo esta maior ou igual a 140/90. Portanto deve-se ter muita

cautela em diagnosticar uma pessoa como sendo hipertensa.

Mion Junior et al. (2007), classifica a pressão arterial como ótima, normal, limítrofe,

hipertensão em estágio 1, 2 e 3 e hipertensão sistólica isolada. Ainda de acordo com

o autor, o primeiro passo para detectar se o indivíduo é hipertenso é medir a pressão

arterial e para que esta seja correta, sem margem de erros, ou seja, fidedigna, deve-

se obedecer os seguintes critérios e procedimentos: o indivíduo deve repousar por

pelo menos cinco minutos, a bexiga deve estar vazia, não deve ter realizado

atividade física 60 a 90 minutos antes, não deve ter ingerido bebidas alcoólicas, café

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e nem fumo. As pernas devem está descruzadas, o manguito será colocado no

braço que estará posicionado na altura do coração. O autor adverte ainda que a

pressão arterial do indivíduo, obrigatoriamente deve ser verificada em no mínimo

três vezes e em ocasiões diferentes. Na primeira avaliação a PA deve ser obtida em

ambos os braços e em caso de diferença, prevalece a de maior valor.

Cabe aos multiprofissionais de saúde ao diagnosticar um indivíduo com hipertensão

arterial, agir com cautela e coerência na orientação, considerando a PA, o estilo de

vida e outros fatores como as condições socioeconômicas e culturais. Segundo

Mion Junior et al. (2007), para cada valor de PA sistólica e ou diastólica, o indivíduo

pode precisar ser reavaliado com 1, 2 ,3 meses e 1 ano, mudar estilo de vida e

realizar um mapeamento de pressão arterial.

A hipertensão arterial é a mais comum das doenças cardiovasculares que, sem

saber o indivíduo já está doente por se tratar de uma doença que em sua fase inicial

não apresenta sintomas, sendo, portanto, silenciosa. Devido à falta de prevenção, a

hipertensão é diagnosticada em atendimentos de emergência. Assim a doença já se

encontra avançada, exigindo do paciente total adesão ao tratamento (COELHO et

al.,2005; JARDIM et al., 2007; SANCHEZ; PIERIN; MION JÚNIOR, 2004). Entende

assim que a descoberta da hipertensão tardiamente compromete a qualidade de

vida do doente, bem como aumenta as estatísticas nas taxas de morbidade e

mortalidade.

A aferição da PA – pressão arterial costumeira, mesmo sem o indivíduo apresentar

sintomas, é uma medida importante na prevenção da hipertensão. O rastreamento

da pressão arterial alta deve ser feita por profissionais de saúde para o controle e

prevenção. Conclui-se, portanto, que a maneira mais viável para prevenir

complicações das doenças crônicas, as quais ocasionam morbidades e mortalidade

precoce é sem dúvida o controle adequado.

5.1 Fatores de risco da hipertensão arterial

Os estilos de vida saudável no que se refere à alimentação e a prática de exercícios

físicos como caminhada, natação e outros, bem como o tratamento adequado

através de medicamentos, são meios eficientes de controle e redução da

hipertensão arterial sistêmica, que apesar de ser um importante fator de risco

cardiovascular, porém modificável. Strelec et al. (2013) afirma que a hipertensão

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juntamente com o tabagismo, diabetes e dislipidemias, constitui-se um importante

fator de risco para doenças cardiovasculares, acarretando aproximadamente 30%

das mortes no Brasil.

Os diversos fatores de risco, os quais são os próprios da natureza humana (alheios

à vontade) e os adquiridos por maus hábitos, são responsáveis por desencadear ou

intensificar a hipertensão arterial que é uma doença crônica que pode ser

controlada. Vale ressaltar que esses fatores de risco contribuem certamente para

desencadear e complicar a hipertensão e ainda das doenças cardiovasculares.

Vale ressaltar que os fatores mutáveis tão nocivos à saúde, na verdade são

provocados pelos maus hábitos e vontade própria do ser humano e por isso podem

ser evitados e prevenidos através da consciência do que lhe é prejudicial como os

maus hábitos alimentares, uso de drogas lícitas ou ilícitas, o sedentarismo e outros.

A ajuda de profissionais médicos para tratamento do estresse e depressão muda

contribui para melhora da doença.

Um indivíduo pode adquirir ou agravar a hipertensão arterial através dos fatores

mutáveis e imutáveis, conforme foi mencionado acima. Porém existem outros fatores

que interferem na prevenção, controle e redução da doença. Tais fatores são as

condições socioeconômicas e culturais. Nesse sentido, Mion Junior et al. (2007)

afirma que as pessoas que possuem um nível socioeconômico mais baixo, estão

passivos de uma maior prevalência de hipertensão e de fatores risco, para a

elevação da PA (pressão arterial), além de maior risco de lesão de órgãos-alvo e

complicações cardiovasculares. No que se refere a cultura, associa-se aos hábitos

dietéticos inadequados, índice de massa corpórea aumentada, alcoolismo,

tabagismo, uso de drogas ilícitas, menor acesso aos cuidados de saúde para

prevenção de doenças e nível educacional.

A agregação dos mais diversos fatores de risco que englobam os imutáveis,

mutáveis, socioeconômico e cultural, age de forma geralmente combinadas. Essa

combinação de fatores de riscos, segundo Mion Junior et al. (2007), varia com a

idade, predominando o sedentarismo, a obesidade, a hiperglicemia (elevado nível de

glicose),e a dislipidemia (altos níveis de gorduras circulando no seu sangue,incluindo

colesterol e triglicérides). De acordo com os estudos do autor, a pressão arterial

tende a aumentar proporcionalmente à idade, uma vez nos indivíduos jovens a

hipertensão decorre mais frequentemente do aumento na pressão diastólica,

enquanto que nos idosos, ocorre em geral a elevação da pressão sistólica. Vale

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ressaltar que a pressão arterial diastólica (PAD) e a pressão arterial sistólica (PAC) é

o menor e maior valor verificado durante a aferição de pressão arterial.

O sexo pode predispor o indivíduo a desenvolver hipertensão ou doenças

cardiovasculares, porém essa predisposição pode divergir dependendo da raça,

idade e outras patologias. O fator hereditariedade indica a predisposição de um

indivíduo em desenvolver a doença.

O hábito de fumar que ocorre há muitos anos, ou seja, aquele indivíduo viciado tem

grande dificuldade em abandonar esse hábito, causando conflitos com o

aconselhamento médico para parar de fumar. Neste sentido, o choque entre a

posição do profissional de saúde e o viciado em cigarro é complexo. Porém existem

técnicas que auxiliam a um indivíduo a parar de fumar a partir das orientações sobre

os malefícios do cigarro, mensagens de motivação, grupos de apoio, medicamentos,

terapias complementares como acupuntura e hipnose. De acordo com Suzanne e

Brenda (2012), os indivíduos que param de fumar reduzem seus riscos de

cardiopatia em 30 a 50% dentro do primeiro anos e o risco continua a declinar

enquanto se abstiverem do tabagismo. Portanto acontece de forma lenta e gradativa

Os hábitos alimentares estão diretamente relacionados com o estilo de vida

constituindo-se em fator determinante de maior ou menor intensidade de

predisposição para um indivíduo desenvolver alguma doença como hipertensão,

diabetes, doenças cardíacas e renais. Mion Junior (2007) alerta que uma dieta que

apresenta excesso de sal (cloreto de sódio) é uma grande aliada para o surgimento

da hipertensão. O autor relata ainda que a ingestão excessiva de sal aumenta a PA

se eleva ainda mais com o avanço da idade. Ao contrário disso, uma dieta com baixo

teor de sal tem menor prevalência de hipertensão e a pressão não se eleva com a

idade.

Os bons hábitos alimentares a partir de uma dieta diária saudável, na qual é

estabelecida uma quantidade adequada diária de carboidratos, proteínas, gorduras,

vitaminas, sais minerais e fibras, contribui decididamente para o controle da pressão,

diabetes, hipercolesterolêmica, diminuir a obesidade.

No que se refere ao sedentarismo, Nery (2007), alerta que esse fator de risco é um

grande aliado para o aumento de peso e do colesterol provocando doenças

cardiovasculares. Mion Junior (2007) ressalta que a prática de exercícios físicos

como o aeróbico por exemplo, apresenta efeito hipotensor maior em hipertensos, do

que em normotensos (indivíduo que apresenta PA normal).

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O sedentarismo e os maus hábitos alimentares, além da hereditariedade, são os

principais fatores que causam a obesidade a qual se caracteriza pelo excesso de

peso, podendo causar alterações no colesterol. Os distúrbios metabólicos e

principalmente as alterações no nível de açúcar no sangue causado pelo diabetes,

provocam alterações macrovasculares, microvasculares e neuropáticas. A

hipercolesterolemia (taxa elevada de colesterol) gera formação de coágulos e

trombos que tem como fator preponderante os padrões de exercício e níveis de

glicose do indivíduo (OLIVEIRA et al., 2017).

As situações de correria, agitação, problemas no trabalho, em casa e eventuais do

dia-a-dia como no trânsito caótico, causam estresse no indivíduo e este causa

modificações hormonais no organismo, que passam a ser maléficas à saúde das

pessoas a partir do momento que o estresse passa a ser diário. Assim vai se

tornando um processo crônico fazendo com que o indivíduo se torne predisposto a

várias patologias cardíacas. Para Bernik (2005), o estresse é uma reação normal às

exigências do mundo moderno e que o indivíduo tende a adaptar-se

fisiologicamente. Porém o excesso desse estresse faz com o organismo responde

patologicamente, gerando distúrbios transitórios e doenças graves e no mínimo,

agrava as já existentes. A Depressão causa alterações na vida do indivíduo, onde o

mesmo apresenta dificuldades de relacionamento, recolhe-se ao seu mundo, não se

alimenta regularmente, adere ao sedentarismo, tabagismo e alcoolismo.

5.2 Tratamento da hipertensão

O controle e a redução da pressão arterial devem ser feito por uma equipe de

multiprofissionais, ou seja, de especialidades diferentes, considerando o fato de que

a hipertensão é uma doença multifatorial, que pode ser desencadeada por diversos

fatores de riscos. Entende-se que o hipertenso tem que ser acompanhando por uma

equipe médica capacitada e especializada no cuidado, tratamento e prevenção de

cada um desses fatores. Para Gus et al (2004) a morbimortalidade associadas a

doenças cardiovasculares,são reduzidas com as ações preventivas e terapêuticas.

Para Suzanne e Brenda (2002), a pressão arterial alta descoberta a tempo e a

aderência ao tratamento adequado e disciplinado evitam problemas agravantes à

saúde.

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O comprometimento da equipe médica, bem como a disciplina do doente em relação

às propostas de tratamento e controle da hipertensão é fundamental. O paciente tem

que ter consciência de que está doente e que precisa ser tratado e que o sucesso do

trabalho dos multiprofissionais só terá resultado positivo a partir dessa relação, onde

da equipe médica exige-se dedicação e do paciente aceitar as recomendações

médicas que podem mudar seu estilo de vida, como praticar exercícios físicos, bons

hábitos alimentares e o abandono de vícios como fumo e alcool.

Entende assim que o tratamento da hipertensão por ser através do processo

medicamentoso e não medicamentoso. Porém ambos exigem do paciente muita

disciplina e consciência de que precisa ser tratado e que leva tempo. Mion Junior et

al (2007) ressalta que a associação desses dois tratamentos objetiva uma PA ideal

que corresponde a valores inferiores à 140/90 mmHg, observando as

particularidades de cada indivíduo como a presença de doenças pré-existentes, a

qualidade de vida e as condições socioeconômicas dos pacientes.

O tratamento e controle da hipertensão sem uso de medicamentos (não

medicamentoso) consistem na reeducação alimentar (redução de sal, gorduras,

frituras e massas, aumento do consumo de frutas, verduras e legumes), controle do

peso, redução ou abandono do tabagismo (fumar) e etilismo (bebida alcoólica),

prática de atividades físicas (caminhada, corridas, aeróbica, natação, etc.).

5.3 Adesão terapêutica em pacientes com hipertensão arterial

A adesão terapêutica define-se basicamente no comportamento do hipertenso, o

qual é avaliado pelo profissional de saúde no que se refere ao comparecimento às

consultas, às tomadas dos medicamentos conforme prescrição e às mudanças no

estilo de vida conforme recomendação da equipe médica (alimentação, prática de

esportes, abandono do álcool e fumo, etc.). A não obediência aos aconselhamentos

da equipe multiprofissional no que se refere ás mudanças de estilo de vida, tomada

de medicamentos em desacordo com o que foi prescrito, o desconhecimento da

doença e suas consequências, custo da visita e procedimentos, custo do

medicamento, efeitos colaterais, tempo de espera da consulta e marcação

inadequada dos horários das consultas, são fatores que interferem no tratamento da

hipertensão, fazendo com que o doente tenha baixa adesão ao tratamento e muitas

vezes a desistência por completo (OIGMAN, 2006). Ainda de acordo com o autor a

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não aderência ao tratamento começa a partir do momento quando o paciente é

diagnosticado como hipertenso e após seis meses constata-se a descontinuação do

tratamento, principalmente o medicamentoso, quando mais de 50% não tomam

medicamento conforme prescrição médica e em muitos casos, nenhum. Em relação

ao tratamento não medicamentoso, dispensa comentários.

A não aderência ao tratamento da hipertensão representa para a equipe médica um

fracasso terapêutico e muito mais um desafio em conscientizar o paciente das

consequências do não tratamento. Nesse momento percebem-se as barreiras na

comunicação médico/paciente. Nesse sentido, conclui-se que a adesão terapêutica

é de suma importância para o hipertenso, pois é através da relação

médico/paciente/médico que se cria uma afinidade e consequentemente o

tratamento tem um resultado positivo. Uma equipe médica formada por

multiprofissionais como médicos, enfermeiros, psicólogos entre outros, e a

hipertensão por envolver outros fatores de risco, justifica o fato de que não existe

uma abordagem terapêutica isolada para a doença. Nesse sentido Castro e Fuchs

(2008) afirmam ser necessário que sejam traçadas estratégias nas quais estejam

envolvidos os diversos especialistas para que seja possível controlar e reduzir a

pressão arterial em pacientes hipertensos considerados resistentes.

O paciente ao ser diagnosticado como hipertenso e ao mesmo que recebe as

orientações médicas no que se refere ao uso de medicamentos e a mudança de

estilo de vida com relação aos hábitos alimentares e para muitos o abandono do

cigarro e do álcool entre outros, o doente costuma não aceitar de imediato tantas

mudanças e demora a se adaptar ao tratamento e com isso causa problemas de

relacionamento com familiares, amigos e colegas de trabalho. Enfim, acarreta

problemas sociais e financeiros e consequentemente diminuição dificuldade da

adesão ao tratamento. A não adesão ao tratamento medicamentoso é responsável

pelas baixas taxas de controle da hipertensão (BLOCH et al, 2008).

A existência do paciente com hipertensão resistente acontece devido a dificuldade

de adesão terapêutica por diversos fatores. A não adesão causada por esses fatores

reduzem a resposta esperada ao tratamento anti-hipertensivo, se constituído em um

grande desafio para a equipe de multiprofissionais de saúde. Bloch et al (2008)

afirma que a não adesão terapêutica cria um obstáculo tanto para o diagnóstico da

hipertensão arterial resistente, quanto para o seu controle. Importante ressaltar que

os doentes que não dão continuidade ao tratamento estão muito mais propícios a ter

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um infarto. Aqueles que aderem ao tratamento seguindo à risca as ordens e

orientações médicas, não estão livres de problemas cardiovasculares, porém com

risco bem menor, no mínimo três vezes menos.

Outro fator que deve registrado como obstáculo na adesão ao tratamento da

hipertensão é o fato da maioria dos pacientes ter que mudar seu estilo de vida,

fazendo com que mude radicalmente seu modo de viver e de se alimentar e isso lhe

causa transtornos. Portanto são mudanças de vida que devem ser feitas aos poucos,

considerando suas manias e costumes.

O hipertenso deve ser orientado de que tais mudanças são necessárias para que

seja reduzida e controlada a pressão arterial, diminuindo também

consequentemente a probabilidade de ter uma doença cardíaca ou neurológica e

outras doenças.

5.4 Implicações da Transição Epidemiológica no Atendimento ao Hipertenso

O avanço tecnológico, o processo de urbanização, o crescimento populacional

associado ao seu envelhecimento ocasionaram mudanças no modo de viver da

população. Tais fatores foram decisivos para que ocorresse a “transição

epidemiológica” percebida a partir da década de 1980 (BRASIL, 2016).

Os fatores relacionados ao progresso e o aumento da população de certa forma

fizeram que as pessoas adquirissem maus hábitos alimentares, acompanhando a

correria dos grandes centros e assim seguindo um estilo de vida prejudicial à saúde.

Muitas doenças são adquiridas pela falta de tempo do indivíduo em ter uma

alimentação saudável, comendo na rua, almoçando sanduíche com refrigerante e

ainda sem tempo para praticar atividades físicas, pois o tempo que sobra para

muitos, é só para descansar. Esses motivos, aliados ao envelhecimento são as

causas principais do acometimento das doenças cardiovasculares, com caráter

crônico, progressivo e silencioso. Tal característica da doença obriga ao paciente

comparecer periodicamente ao serviço de saúde, muitas vezes de difícil acesso,

mudar seus hábitos de vida e tomar medicações diariamente por toda a vida,

embora esteja assintomático e pareça estar saudável. Portanto o tratamento é feito

em longo prazo e que apesar de uma aparência saudável, o paciente pode ainda

não estar curado. Os profissionais de saúde se empenham no controle e redução

da doença, a partir do diagnóstico, seguido pelas ações terapêuticas e

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acompanhamento do paciente, para que este possa ter uma melhor qualidade de

vida.

Vale ressaltar que o doente geralmente procura um atendimento médico quando

“está mal”, ou seja, quando a doença já atingiu um estágio que de convalescência.

Isso ocorre na população de poder socioeconômico mais baixo, que não tem um

plano de saúde e que devido às dificuldades, só procuram um médico quando estão

realmente se sentido muito doente. Conclui-se assim que uma visita médica para

consulta e realização de exames como forma preventiva, certamente evitará que

uma doença chegue a um estado crítico. Esse é um desafio dos multiprofissionais

envolvidos nas ações de saúde pública que é garantir o diagnóstico precoce e

implementar as medidas educativas.

As baixas taxas de adesão ao tratamento da hipertensão, a qual está inserida no

âmbito das doenças crônicas cardiovasculares, é o principal motivo do agravamento

da doença e mortes. A falta de adesão às ações terapêuticas acorre em decorrência

das implicações que o tratamento acarreta na vida do paciente. A necessidade da

modificação de hábitos de vida altera o convívio do paciente em seu ambiente

familiar, restringindo-o de compartilhar o que era de costume com os demais

membros, ou seja, da sua própria cultura. Porém cabe equipe de saúde orientar e

sensibilizar o paciente sobre a importância da adesão às medidas terapêuticas

indicadas, para que possam viver melhor. Também estes profissionais devem deixar

claro para o doente que a não adesão ao tratamento lhe trará consequências, como

o agravamento, riscos de outras doenças e a morte. O paciente deve ter a

consciência de que a doença muitas vezes causa mais dor em que os acompanha.

Conforme determinação do Ministério da Saúde (MS) o controle da hipertensão

arterial é responsabilidade dos serviços de atenção básica à saúde, estabelecendo

como ações estratégicas o diagnóstico dos casos de hipertensos, tratamento,

diagnóstico, ações educativas de controle de condições de risco, entre outros

(Norma Operacional de Assistência à Saúde/SUS, BRASIL, 2002).

Com base nas ações básicas de saúde foi implantado em 1994 o Programa de

Saúde da Família (PSF) com o objetivo de acompanhar o paciente hipertenso com

visão integral para tratamento medicamentoso e não medicamentoso e assim

contribuir para o aumento da adesão terapêutica desses pacientes e para o controle

e redução das complicações decorrentes da doença.

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Apesar dos esforços do governo através dos programas de assistência e o trabalho

comprometido dos multiprofissionais da saúde, existem fatores socioeconômicos,

culturais e políticos que influenciam na abordagem clínica, na redução e no controle

da hipertensão. Mesmo com os obstáculos que limitam o sucesso da adesão à

terapêutica, as políticas de saúde advindas do Ministério as Saúde tendem a

melhorar esse quadro preocupante. Médicos e hipertensos devem estar cientes que

o tratamento acontece em longo prazo. Porém, a morbimortalidade tende a mudar a

partir da transição de uma medicina curativa para preventiva. Essa é uma questão

que envolve principalmente o indivíduo doente que só procura tratamento quando se

sente debilitado e nesse caso a doença já está em um estágio avançado.

É nesse momento que vem à tona a questão da cultura do povo. Debitar essa

questão em maior proporção ao fator econômico, pode até contribuir, mas na

verdade não procede, uma vez que as políticas públicas favorecem ao tratamento

gratuito através dos serviços dos multiprofissionais em posto de saúde, programa

médico da família e outros, além de medicamentos distribuídos de graça ou a preço

acessível adquiridos nas farmácias populares. Portanto o agravamento da doença

não é motivado pelo baixo poder aquisitivo, mais sim, cultural. Periodicamente deve

ser feito um chek-up o que permite a descoberta de doenças pré-existentes e/ou

outras em potencial (BRASIL, 2016).

As atividades básicas desenvolvidas pelas equipes de saúde da família para o

tratamento da hipertensão arterial consistem em: aferição da pressão arterial;

seguimento dos critérios de diagnóstico de classificação, buscando sua precoce

detecção; avaliação clínica inicial segundo protocolos estabelecidos, mas

respeitando as individualidades de cada situação clínica; considerações sobre a

hipertensão arterial secundária; estratificação do Risco Cardiovascular, com o

propósito de guiar a equipe sobre as complicações a serem prevenidas junto aos

portadores de HAS; orientações sobre o processo decisório da terapêutica da

hipertensão pela equipe multiprofissional.

O tratamento não farmacológico como primeira escolha nas situações sem a

presença de fatores de riscos e nas demais situações como forma de manutenção

da saúde (controle do peso, adoção de hábitos alimentares saudáveis, abandono de

tabagismo, prática de atividade física regular, redução de uso de bebidas alcoólicas);

o tratamento farmacológico, sua garantia e disponibilidade; a Hipertensão e sua

repercussão em populações especiais (afrodescendentes e miscigenados, idosos,

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gestantes, crianças e adolescentes, mulheres em uso de anticoncepcionais ou

terapia hormonal por estrógenos, obesidade, associação com Diabetes Mellitus,

dislipidemia, entre outras); as emergências e urgências hipertensivas; atribuições

dos membros da equipe mínima de saúde (médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico de

enfermagem e os agentes comunitários de saúde); e critérios de encaminhamento

para referência e contra-referência (BRASIL, 2016).

Vale salientar que a aferição da pressão arterial deve ser feita por um profissional

treinado para que o mesmo além da execução técnica seja capaz de avaliar as

condições de uso do aparelho quanto à manutenção e calibragem correta. A equipe

multiprofissional é que deve definir a terapêutica a ser utilizada no tratamento de

pessoas hipertensas, pois é a forma de trabalho que dará suporte para assistir à

pessoa com hipertensão arterial em suas múltiplas dimensões, não apenas no

aspecto biológico. O fluxograma a seguir serve de parâmetro para orientação de

médicos e enfermeiros durante o acompanhamento do hipertenso.

Para que seja feito o diagnóstico de HAS, as Diretrizes Brasileiras (2016)

recomendam que seja seguindo um fluxograma diagnóstico, acreditando-se que o

conhecimento do mesmo pode auxiliar ao profissional médico a chegar ao

diagnóstico, bem como dar sequência na definição da melhor opção para

intervenção no quadro que apresenta o paciente. O fluxograma diagnóstico está

apresentado na Figura 1.

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Figura 1. Fluxograma diagnóstico de HAS

Fonte: Brasil (2016).

Após diagnóstico, considerando que os casos de hipertensão arterial poderiam ser

prevenidos e podem ser melhorados com alimentação e hábitos de vida adequados,

tem-se o tratamento não medicamentoso como fator fundamental para intervenção e

melhoria do quadro do paciente. De acordo com as Diretrizes Brasileiras de

Hipertensão Arterial (2016) devem ser seguidas as seguintes recomendações para

prescrição:

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Tabela 1. Recomendações para prescrição de tratamento não medicamentoso

Medida Recomendação

Controle do peso

Manter IMC < 25 kg/m2 até 65 anosManter IMC < 27 kg/m2 após 65 anosManter CA < 88 cm nas mulheres e < 102 cm nos homens

Padrão alimentar

Adotar dieta rica em frutas, vegetais e com baixo teor de gorduras saturadasA dieta DASH (Dietary Approach to Stop Hypertension), com 2100 kcal/dia conforme proposta original, é a mais empregadaFrutas (porções/dia) 4-5Vegetais (porções/dia) 4-5Leite e derivados <1% gordura (porções/dia) 2-3Carnes magras, peixe e frango (g/dia) < 180Óleos e gorduras (porções/dia) 2-3Sementes e oleaginosas (porções/semana) 4-5Açúcares (porções/semana) < 5Sal (porção/dia) ~ 6 g (3000 mg de sódio)Grãos integrais (porções/dia) 6-8

Moderação no consumo de álcool

Limitar o consumo diário de álcool a 1 dose (mulheres e pessoas com baixo peso) e a 2 doses para os homens

Atividade física

Para todos os hipertensos – recomendação populacional – prática de atividade físicaFazer, no mínimo, 30 min/dia de atividade física moderada (semelhante a caminhada), de forma contínua (1 x 30 min) ou acumulada (2 x 15 min ou 3 x 10 min) em 5 a 7 dias da semanaTreinamento AeróbicoPelo menos 3 vezes/semana (ideal 5 vezes/semana). Pelo menos 30 min (ideal entre 40 e 50 min)Modalidades diversas: andar, correr, dançar, nadar Intensidade moderada definida por: maior intensidade conseguindo conversar (sem ficar ofegante), sentir-se entre ligeiramente cansado e cansado Manter a frequência cardíaca (FC) de treino (FT) na margem entre a FT inferior e superior calculada por: FT inferior = (FC máxima – FC repouso) x 0,5 + FC repouso*; FT superior = (FC máxima – FC repouso) x 0,7+ FC repouso* Idealmente as FC utilizadas para calcular a intensidade do treino aeróbio devem ser determinadas em teste de exercício máximo, realizado sob a medicação habitual do doente. * FC máxima: obtida em teste ergométrico máximo com medicamentos regulares, ou pelo cálculo da FC máxima prevista pela idade (220 - idade; não usar em cardiopatas ou hipertensos em uso de betabloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio não di-idropiridínicos).FC repouso: deve ser medida após 5 min de repouso deitado.Treinamento resistido2 a 3 vezes/semana, 8 a 10 exercícios para os principais grupos musculares, dando prioridade para execução unilateral, quando possível.1 a 3 séries com 10 a 15 repetições até a fadiga moderada (redução da velocidade de movimento e impedir a apneia, expirando na contração e inspirando no retorno à posição inicial) Pausas longas passivas - 90 a 120 s

Fonte: Brasil (2016).

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Para Almeida (2009) os multiprofissionais de saúde atendendo determinação do

SUS trabalham em equipe desenvolvendo ações voltadas para a redução e controle

da hipertensão arterial. Porém estas ações precisam ser planejadas para que os

objetivos sejam alcançados, como por exemplo, a adesão ao tratamento, de forma

que haja redução dos agravos e complicações decorrentes da cronicidade da

doença.

Os medicamentos prescritos pelos médicos da saúde pública para o tratamento da

hipertensão estão disponíveis em toda a rede de serviços primários de saúde,

conforme garante o SUS. A escolha terapêutica segue o fluxograma apresentado na

Figura 2 (BRASIL, 2016).

Figura 2. Fluxograma tratamento medicamentoso de HAS

Fonte: Brasil (2016).

Diante da complexidade que envolve a hipertensão arterial, por ser uma doença que

envolve serviços intersetoriais exigindo um trabalho de equipe multiprofissional, fica

evidente que o Brasil optou por um sistema público que visa assegurar atendimento

aos cidadãos, sem que ocorram limitações nos serviços de saúde.

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6 PLANO DE INTERVENÇÃO

Para a elaboração do plano de intervenção o plano de ações utilizou-se o método do

Planejamento Estratégico Situacional (PES) simplificado, de acordo com (CAMPOS;

FARIA; SANTOS, 2010).

Na elaboração do diagnostico por meio da estimativa rápida, procurou-se envolver

outros atores sociais, que pudessem contribuir com outros pontos de vista como o

mediador da comunidade de Pista da Ciex e alguns lideres desta comunidade

(presidentes da associação de povoados, líderes religiosos e antigos moradores).

6.1 Passo 1. Identificação dos principais problemas A população residente na área de abrangência é de 2.897 usuários da ESF da Pista

da Ciex, donde as DCNT são as entidades que predominam (984 que corresponde a

34%) e dentro delas a HAS (343 pacientes para 11,8 %) seguidas de Colesterolemia

(260 pacientes para 9%) e a Diabetes Mellitus (144 casos para 5%). Dentro dos

fatores de risco encontrados na população maior de 15 anos tiveram predomínio o

sedentarismo (26.6%), o habito de fumar (22%), a obesidade (17.1%), o alcoolismo

(7.6%) e os problemas relacionados a hipertensão(26,7%) A população da área de

abrangência é 100% rural com inacessibilidade em muitas comunidades a os

serviços de saúde, principalmente por acidentes geográficos. Isso junto com equipe

de saúde anteriormente incompleto e instabilidade em o funcionamento dos agentes

comunitários, provoca-se pobre atendimento por o PSF e pobre utilização dos

serviços de saúde disponíveis. Além disso, estas comunidades tem pouco nível

socioeconômico e cultural pelo qual contam com pouco conhecimento sobre a saúde

em geral, especificamente sobre as doenças crônicas como HAS, seus fatores de

risco, complicações e sequelas.

6.2 Passo 2. Priorização dos problemas

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Após identificação dos problemas existentes na área de abrangência, tornou-se

necessário à seleção de priorização dos problemas que seriam enfrentados, dado

que dificilmente todos poderão ser resolvidos ao mesmo tempo, principalmente pela

falta de recursos (financeiros, humanos, materiais, etc.). Como critérios para seleção

dos problemas, A ESF considerou a importância do problema e capacidade para

enfrentá-lo descrito no Quadro 1.

6.3 Passo 3. Descrição do problema selecionado

Foram definidos descritores e indicadores epidemiológicos (Taxa de Prevalência e

Porcentagem) que descrevem o problema selecionado.

Tabela 3. Descritores de hipertensos e problemas selecionados. ESF P Pista da Ciex. Novo Repartimento. PA. 2018.Descritores Valores Fontes

Hipertensos cadastrados 343 Registro da Equipe Hipertensos confirmados 343 Registros da Equipe (Cadastro) Hipertensos acompanhados 102,9 Registros da Equipe (Cadastro) Internação por causas

cardiovasculares12 Vigilância Epidemiológica

Óbitos por causas cardiovasculares

3 Vigilância Epidemiológica

Colesterolemia confirmada 260 Registros da Equipe (Cadastro) Obesidade confirmada 423 Registros da Equipe (Cadastro) Sedentarismo confirmado 746 Registros da Equipe (Cadastro) Alcoolismo confirmado 192 Registros da Equipe (Cadastro) Habito de fumar confirmado 543 Registros da Equipe (Cadastro)

Fonte: Dados primários da pesquisa.

A área de abrangência da ESF de Pista da Ciex tem uma prevalência de HAS de

11,8% por cada 100 habitantes no período de dezembro 2017 a março 2018.

6.4 Passo 4. Identificação das causas do problema selecionado

Depois de identificado o principal problema é necessário entender sua origem a

partir da identificação de suas causas.

Causas relacionadas aos pacientes:

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Baixa adesão aos serviços de saúde tanto dos hipertensos

como pessoas com fatores de riscos. Pode ser devido a

inacessibilidade de muitos assentamentos aos serviços de

saúde, insuficiente atendimento por ESF, baixo nível

educacional e pela evolução assintomática da doença.

Ausência da cultura em saúde, pois a população desconhece

sobre promoção e prevenção das doenças entre elas HAS e

inclui os pacientes que acreditam ser melhor acompanhado por

cardiologista e não por clínico ou demais integrantes da ESF.

Causas relacionadas a ESF:o Fatores estruturais:

Agentes Comunitários com pobre comprometimento na criação

de vínculo equipe-paciente.o Integrantes da ESF com pobre informação sobre promoção e

prevenção da HAS.

o Fatores relacionados ao processo do trabalho:o Programação não eficiente das atividades da assistência (não

gestão de agendas e atrasos em atendimentos tanto pela ESF

como por outras especialidades) o Não classificação adequada do risco dos usuários.o Acolhimento inadequado de pacientes com PA elevada ou

fatores de riscos.o Pouca utilização da modalidade de Atenção Domiciliar.

Causas relacionadas à gestão em saúde.

Sistema de saúde ainda mais curativo que preventivo.

Falta de incentivo para atividades de promoção e prevenção da

saúde.

Demora na autorização para realização de examines de

laboratório ou de altas complexidades, assim como de

encaminhamentos a outras especialidades.

Pouco acesso gratuito aos medicamentos e insumos.

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Consequências:

Incremento dos usuários com pressão arterial elevada.

Agravamento dos quadros clínicos dos pacientes hipertensos.

Aparição de sequelas irreversíveis e óbitos de pacientes.

Dificuldades da ESF para fazer acolhimento da demanda e

classificação de risco.

6.5 Passo 5. Desenho das operações Foram objetivos da realização do desenho das operações (Quadro 2):

Descrever as operações para o enfrentamento das causas selecionadas;

Identificar os produtos e respostas para cada operação definida;

Identificar os recursos necessários para a concretização das operações;

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Quadro 2. Desenho das operações para os “nos” críticos do problema Elevada prevalência de HAS e seus fatores de risco. PSF de Pista da Ciex. Novo Repartimento. PA. 2018

No critico Operação/projeto Resultado esperado

Produto esperado Recursos necessários

Incultura em saúde. (desconhecimento tanto da população como de os agentes comunitários de saúde sobre a HAS, fatores de riscos, controle adequado e complicações; assim como não utilização dos espaçs e ferramentas para educação em saúde devido a não percepção do risco)

Implantar um sistema de atividades de promoção e prevenção de saúde.Atividades que abarquem a todos os niveles e setores das comunidades (escolas, igrejas, comércios, outros).

Controle dos fatores de riscos da HAS.Diagnostico precoce da HAS.Controle adequado dos pacientes portadores de HAS.Diminuição das sequelas irreversíveis e óbitos por HAS.

Programa mensal das atividades de promoção e prevenção de saúde (palestra em escola, igreja e assentamentos populacional).

Cognitivo: informação sobre os temas a serem presenteados aos pacientes hipertensos, portadores de risco e população em geral é a os integrantes da ESF, especialmente a os ACS.Financeiro: para aquisição de recursos audiovisuais, folhetos, Folders.

Acolhimento inadequado de pacientes com PA elevada ou fatores de riscos. (agendas lotadas, não programadas adequadamente, atrasos nos atendimentos, condutas divergentes, falta de equidade em na distribuição das consultas)

Implementar um sistema de acolhimento dos usuários com HAS e fatores de riscos; Organizar a agenda de acordo com as orientações o plano diretor da atenção primária à saúde e adotar a linha guia: Saúde do Adulto- hipertensão e diabetes como referência

Agendas organizadas.Satisfação dos usuários e melhor adesão.Condutas padronizadas e processo de trabalho organizado.Consulta medica melhor distribuída e com diminuição da demanda espontânea.

Acolhimento implantado: acolher os usuários que solicitarem atendimento na ESF, o qual será avaliado pelo técnico de enfermagem ou enfermeira; Os agendados serão de acordo com a gravidade do caso.Programação mensal das atividades (consulta medica, consulta de enfermagem, grupos operativos, etc.)

Organização das atividades da equipe e implementação da agenda programada com o adequado acolhimento a os pacientes com PA elevada ou fatores de riscos.Financeiro: para aquisição de cadernos para confecção de novas agendas e ficheiros.

Pouca utilização da modalidade de Atenção Domiciliar. (Pobre atendimento domiciliar por os AC e pobre programação de visitas a os pacientes portadores de HAS e fatores de risco por o PSF)

Implantar um sistema de busca ativa de pacientes com PA elevada e fatores de risco em as comunidades e assentamentos.

Utilizar protocolo da modalidade de Atenção Domiciliar.

Diagnostico precoce da HAS e controle adequado. Controle precoce dos fatores de risco da HAS.Diminuição das complicações e sequelas da HAS

Usuários portadores de HAS e fatores de risco acompanhados satisfatoriamente com aumento do vinculo Professional - paciente.Melhor adesão aos serviços de saúde tanto dos hipertensos como pessoas com fatores de risco.Maior satisfação dos usuários.

Sistema de busca ativa implantada: fazer acompanhamento dos pacientes com HTA ou usuários portadores de fatores de risco por os ACS e demais integrantes do PSF se fosse necessário.

Sistema de acompanhamento dos pacientes com HAS, sequelas e complicações por os ACS e demais integrantes do PSF.

Organizacional: organização da equipe para fazer o acompanhamento adequado dos hipertensos e pacientes com fatores de risco.Financeiro: recursos para a confecção de ficheiros ou carpetas do controle é para o traslado às comunidades distantes do posto de saúde e ou de difícil acesso.

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6.6 Identificação dos recursos críticosO objetivo deste passo é identificar os recursos críticos que devem ser consumidos

em cada operação do Quadro 3.

Quadro 3. Recursos críticos para o problema “Elevada prevalência de HAS e seus fatores de risco”. PSF Pista da Ciex. Novo Repartimento. PA. 2018.Operação/projeto Recursos CríticosImplantar um sistema de atividades de promoção e prevenção de saúde.Atividades que abarquem a todos os níveis e setores das comunidades (escolas, igrejas, comércios, outros).

Financeiro: para aquisição de recursos audiovisuais, folhetos, cartazes, etc.Político: aprovação do projeto pelo Secretario de Saúde do Município.Adesão do mediador das comunidades e diretores das escolas e lideres religiosos.

Implantar um sistema de acolhimento dos usuários com hipertensão arterial e fatores de risco dela.Organizar a agenda de acordo com as orientações o plano diretor da atenção primaria à saúde e adotar a linha guia: Saúde do Adulto- hipertensão e diabetes como referencia.

Financeiro: para aquisição de cadernos para confecção de novas agendas e ficheiros.Político: Aprovação do projeto pelo coordenador da atenção primária.Adesão dos profissionais de saúde para a agenda programada.

Implantar um sistema de busca ativa de pacientes com HAS e seus fatores de risco.

Financeiro: recursos para a confecção de ficheiros ou carteiras de controle.

Utilizar protocolo da modalidade de Atenção Domiciliar.

Financeiro: recursos para o translado às comunidades distantes do posto de saúde e ou de difícil acesso.

Fonte: PSF Novo Repartimento (2018)

6.7 Passo 7. Análise de viabilidade

A ideia central deste passo é que o ator que esta planejando não controla todos os

recursos que são necessários para a execução do seu plano, pelo qual ele precisa

identificar os atores que controlam recursos críticos, tendo em conta seu provável

posicionamento em relação ao problema (motivar o ator que controla os recursos),

para assim poder definir ações estratégicas capazes de construir viabilidade para o

plano (Quadro 4).

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Quadro 4. Propostas de ações para a motivação dos atores. ESF Pista da Ciex, Novo Repartimento, PA, 2018Operação/projeto Recurso Crítico Ator que controla Motivação Ação EstratégicaImplantar um sistema de atividades de promoção e prevenção de saúde.Atividades que envolvam a todos os níveis e setores das comunidades (escolas, igrejas, comércios, outros).

Financeiro: para aquisição de recursos audiovisuais, folhetos, ....

Político: aprovação do projeto pelo Secretario de Saúde do Município.Adesão do mediador das comunidades e diretores das escolas e lideres religiosos.

Secretário de Saúde do Município éCoordenador da Atenção Primária de Saúde.

Secretário de Saúde do Município

Mediador das Comunidades

Lideranças locais

Favorável

Favorável

Indiferente

Indiferente

Apresentar o projeto para a Secretaria Municipal de Saúde, funcionários da Atenção Primaria de Saúde é Mediador das comunidades rurais da área de abrangência.

Implantar um sistema de acolhimento dos usuários com HAS e fatores de risco dela.Organizar a agenda de acordo com as orientações o plano diretor da atenção primaria à saúde e adotar a linha guia: Saúde do Adulto- hipertensão e diabetes como referencia.

Financeiro: para aquisição de caderneta para confecção de novas agendas e ficheiros.Político: Aprovação do projeto pelo coordenador da atenção primaria.Adesão dos profissionais de saúde para a agenda programada.

Secretario de Saúde do Município éCoordenador da Atenção Primaria de Saúde.

Profissionais de saúde

Favorável

Favorável

Não é necessária

Implantar um sistema de busca ativa de pacientes com PA elevada e fatores de riscos.

Financeiro: recursos para a confecção de ficheiros ou carpetas do controle.

Secretario de Saúde do Município éCoordenador da Atenção Primaria de Saúde.

Profissionais de saúde

Favorável

Favorável

Não é necessária

Utilizar protocolo da modalidade de Atenção Domiciliar.

Financeiro: recursos para o traslado às comunidades distantes do posto de saúde e ou de difícil acesso.

Secretario de Saúde do Município éCoordenador da Atenção Primaria de Saúde. Profissionais de saúde

Favorável

Favorável

Apresentar o projeto para a Secretaria Municipal de Saúde e Prefeitura do Município.

6.8 Elaboração do plano Operativo

Neste passo se designam os responsáveis por cada operação, denominados

gerente de operação (Quadro 5) e se definem os prazos para a execução das

operações.

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Quadro 5. Plano Operativo. PSF Pista da Ciex, Novo Repartimento, PA, 2018.Operações Resultados Produtos Ações

EstratégicasResponsável Prazo

Implantar um sistema de atividades de promoção e prevenção de saúde.Atividades que envolvam a todos os níveis e setores das comunidades (escolas, igrejas, comércios, outros).

Controle dos fatores de riscos da HAS.Diagnóstico precoce da HAS.Controle adequado dos pacientes portadores de HAS.Diminuição das sequelas irreversíveis e óbitos por HAS.

Programa mensal das atividades de promoção e prevenção de saúde (palestras em escola, igreja e assentamentos populacionais).

Apresentar o projeto para a Secretaria Municipal de Saúde, funcionários da Atenção Primária de Saúde e Mediador das comunidades rurais da área de abrangência.

Médico e Enfermagem da ESF

Apresentação do projeto: Novembro 2018

Atividades: desde Novembro/2018 a Dezembro/2018 (mensais)

Implantar um sistema de acolhimento dos usuários com HAS e fatores de riscos;.Organizar a agenda de acordo com as orientações do plano diretor da atenção primária à saúde e adotar a linha guia: Saúde do Adulto- hipertensão e diabetes como referência.

Agendas organizadas.Satisfação dos usuários e melhor adesão.Condutas padronizadas e processo de trabalho organizado.Consulta medica melhor distribuída e com diminuição da demanda espontânea.

Acolhimento implantado: acolher a todos os usuários que solicitarem atendimento n ESF, os quais serão avaliados pelos técnico de enfermagem ou enfermeira e agendado de acordo com a gravidade do caso.Programação mensal das atividades (consulta medica, consulta de enfermagem, grupos operativos, etc.)

Equipe de saúde Pista da Ciex, Novo Repartimento

Novembro/2018 a Dezembro/2018

Implantar um sistema de busca ativa de pacientes com PA elevada e fatores de risco.

Diagnóstico precoce da HAS e controle adequado. Controle precoce dos fatores de risco da HAS.Diminuição das complicações e sequelas da HAS

Sistema de busca ativa implantada: fazer acompanhamento dos pacientes com HAS ou usuários portadores de fatores de riscos por os ACS e demais integrantes da ESF..

??? ???? Novembro/2018 a Dezembro/2018

Utilizar protocolo da modalidade de Atenção Domiciliar.

Usuários portadores de HAS e fatores de riscos acompanhados satisfatoriamente com aumento do vínculo Profissional - paciente.Melhor adesão aos serviços de saúde tanto dos hipertensos como pessoas com fatores de risco.Maior satisfação dos usuários.

Sistema de acompanhamento dos pacientes com HAS, sequelas e complicações por os ACS e demais integrantes da ESF.

Apresentar o projeto para a Secretaria Municipal de Saúde e Prefeitura do Município.

Medico e Enfermagem da ESF

Novembro/2018 a Dezembro/2018

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6.9 Passo 9. Gestão do plano Os objetivos deste passo são: desenhar um modelo de gestão de plano de ação,

discutir e definir o processo de acompanhamento do plano e seus respectivos

instrumentos. Durante a fase de implementação do plano serão realizadas reuniões

mensais com o PSF para avaliação da marcha das atividades programadas (Quadro

6).

Quadro 6. Acompanhamento do Plano de Ações. ESF Pista da Ciex,Novo Repartimento, PA, 2018..

Operação Produtos Responsável Prazo Situação Atual

Justificativa

Novo Prazo

1. Apresentação do projeto

Socialização Médico Novembro2018

2. Implantar sistema de atividades de promoção e prevenção de saúde.

Atividades de promoção e prevenção mensais.

Médico Novembro/ 2018 a abril/ 2019

3. Implantar acolhimento dos usuários com HAS e fatores de riscos.

Acolhimento implantado.

Médico Janeiro-abril/2019

4. Implantar sistema de busca ativa de pacientes com PA elevada e fatores de risco.

Sistema de busca ativa implantado.

Médico Janeiro- Março/2019

Fonte: ESF Novo Repartimento (2018)

Após a implementação da proposta serão realizadas avaliações trimestrais do plano

e avaliação será pautada no cálculo dos indicadores, sendo considerada a meta de

25% de cumprimento para cada atividade programada, conseguindo ao ano alcançar

os 80% de cumprimento das atividades, de modo a atingir as metas traçadas.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAISA participação no Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da

Família contribuiu para melhorar a qualidade da assistência prestada aos usuários

da ESF de Pista da Ciex, permitindo não só a reorganização do processo de

trabalho, mas também a implementação de um atendimento mais humanizado.

Ao elaborar um plano de ações para a prevenção e controle da HAS e fatores de

riscos, buscou-se elaborar estratégias de prevenção e controle da HAS e fatores de

riscos, bem como orientar os usuários quanto às ações de controle de HAS; divulgar

nas escolas e comunidade campanha de prevenção e elaborar panfletos educativos

diante desta proposta, se percebeu a importância do trabalho em equipe na

elaboração do diagnóstico situacional para conhecer os problemas da área de

abrangência e a identificação por sua vez de quais são possíveis de resolução. A

utilização de um método não tradicional como é o PES para a elaboração da

proposta de intervenção, permitiu também a PSF, trabalhar em conjunto para

formular propostas baseadas em evidências e com grande probabilidade de serem

resolutivas.

Com a realização deste plano de ações, foi possível alcançar, incremento na cultura

sanitária de nossa população; não só aquela exposta a risco de HAS, mas também

aquela que pode atuar na promoção e prevenção de saúde. Além disso, também foi

garantido uma redução considerável da morbidade e mortalidade por HAS,

melhorias no acompanhamento dos pacientes com risco ou portadores de PA

elevada e um melhor uso da modalidade do atendimento domiciliar em equipe.

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REFERÊNCIAS

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PICON, R. C. Prevalencia de hipertensão arterial sistêmica no Brasil e manejo na atenção primaria. 2012(Tese). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina, 2012.

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APÊNDICE

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL

1. Qual a incidência de entrada no PSF de pessoas com HAS?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Como se dá a abordagem nas comunidades no PSF?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Qual a prevalência de diagnóstico preciso na ABS quanto a HAS?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Quais são as informações que a população mais carece quanto ao controle da HAS?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. O que tem sido realizado eoque falta fazer para conscientização da

população em relação aos riscos da HAS?

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