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Os edifícios da Justiça Federal do Rio de Janeiro e Vista Guanabara (indicados na imagem ao lado em amarelo e laranja, respectivamente), localizam-se no trecho nal do percurso feito na visita, na altura da Rua Barão de Tefé, próximo ao Boulevard Olímpico. Em um primeiro momento é impossível não notar a imponência do Edifício Vista Guanabara. Com uma localização privilegiada na Avenida Barão de Tefé, 34, um dos locais que recebem maior investimento da cidade atualmente, o edifício marca presença com sua geometria diferenciada. Projetado para um público-alvo de altíssimo padrão, o edifício Vista Guanabara pleiteia, atualmente, a certicação LEED Gold, umos diversos critérios para a classicação como edifício Triple A ou AAA. Imediatamente em frente ao Edifício Vista Guanabara, encontra-se em fase de nalização o Edifício da L’Oreal, o qual, curiosamente, também terá fachadas envidraçadas com vidros reetivos. Diante deste cenário, é impossível não se questionar sobre os possíveis efeitos de ofuscamento e até mesmo ganhos de calor que a interação entre esses dois edifícios provocará no entorno. Tudo isto guiado por uma cultura de valorização estética de um acabamento importado de outros países, mas que não cabe em nossa realidade tropical. Ao lado do futuro Edifício da L’Oreal, localiza- se o Edifício da Justiça Federal do Rio de Janeiro, na Avenida Venzuela,134. Este edifício, construído em meados dos anos 60 ou 70 em estilo modernista, possui pestanas de alvenaria que ajudar a reduzir a incidência de radiação solar no interior do edifício. Apesar disso, utiliza também uma grande quantidade de vidros (comuns em cor fumê). Essa imensa diferença em relação à proteção contra o sol é instigante, uma vez que sabemos que não é necessário modicar a natureza dos materiais para obter um conforto ambiental satisfatório que caiba dentro de uma estética padronizada, mas aprender a escolher os materiais com maior consciência de suas propriedades e utilizá-los com sabedoria. Neste exercício foram observados a incidência de radiação no interior dos edifícios, as interações que a radiação solar provoca entre os edifícios e entre estes e o entorno imediato. Ÿ USO – corporativo Ÿ ANO – 2016 Ÿ PROPRIEDADE – Autonomy & GTIS Ÿ ENVOLTÓRIA – Fachada cortina unitizada Strunor 120 (vidros insulados: 6 mm ST de controle solar + Câmara de 12 mm / vidros laminados: 12 mm) Ÿ ÁREA DE FACHADA – 14.684m² Ÿ CERTIFICAÇÃO – requisitado LEED Gold Ÿ USO – instituição pública Ÿ ANO – meados da década de 1970 Ÿ PROPRIEDADE – Governo Federal Ÿ ENVOLTÓRIA – Vidro fumê comum; proteções horizontais e verticais de alvenaria revestida com pastilhas cerâmicas Acima, a planta de localização do entorno analisado. O Edifício Vista Guanabara (A), na Avenida Barão de Tefé, com sua fachada envidraçada e geometria diferenciada, localiza-se exatamente em frente ao futuro Edifício da L’Oreal, (atualmente em fase de nalização), que também possuirá fachadas envidraçadas com vidros reetivos. Logo adiante, na Rua Venezuela, encontra-se o Edifício da Justiça Federal do Rio de Janeiro (B e B’). Por ser uma construção modernista, de muitas décadas atrás, em um outro contexto urbano no Porto do Rio, este edifício é completamente diferente dos outros. Foi construído em uma época que o uso extensivo de refrigeradores de ar em instituições públicas ainda não era uma realidade, portanto suas diferenças estão no partido, no uso de pestanas para proteção contra o sol e na compacidade baixa. FACHADAS ENVIDRAÇADAS Impacto no entorno imediato e contraposição com sistemas de proteção verticais e horizontais Aluna: Alline Miller Profs.: Adriana, Alice, Cláudia, Claudio e Maria TECAS 2016.2 FAU/UFRJ A B B’ N 67º 2 4 3 5 1 Os números representam os pontos de observação das imagens na prancha 4. As letras identicam os edifícios.

FAU/UFRJ FACHADAS ENVIDRAÇADAS · sobre o outro, em muitos momentos acontecerá a re-exão, que conseguirá afetar o outro edifício mesmo que ocorra em pequenos trechos ... anunciado

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Os edifícios da Justiça Federal do Rio de Janeiro e Vista Guanabara (indicados na imagem ao lado em amarelo e laranja, respectivamente), localizam-se no trecho �nal do percurso feito na visita, na altura da Rua Barão de Tefé, próximo ao Boulevard Olímpico.

Em um primeiro momento é impossível não notar a imponência do Edifício Vista Guanabara. Com uma localização privilegiada na Avenida Barão de Tefé, 34, um dos locais que recebem maior investimento da cidade atualmente, o edifício marca presença com sua geometria diferenciada. Projetado para um público-alvo de altíssimo padrão, o edifício Vista Guanabara pleiteia, atualmente, a certi�cação LEED Gold, umos diversos critérios para a classi�cação

como edifício Triple A ou AAA.Imediatamente em frente ao Edifício Vista

Guanabara, encontra-se em fase de �nalização o Edifício da L’Oreal, o qual, curiosamente, também terá fachadas envidraçadas com vidros re�etivos. Diante deste cenário, é impossível não se questionar sobre os possíveis efeitos de ofuscamento e até mesmo ganhos de calor que a interação entre esses dois edifícios provocará no entorno. Tudo isto guiado por uma cultura de valorização estética de um acabamento importado de outros países, mas que não cabe em nossa realidade tropical.

Ao lado do futuro Edifício da L’Oreal, localiza-se o Edifício da Justiça Federal do Rio de Janeiro, na Avenida Venzuela,134. Este edifício, construído em

meados dos anos 60 ou 70 em estilo modernista, possui pestanas de alvenaria que ajudar a reduzir a incidência de radiação solar no interior do edifício. Apesar disso, uti l iza também uma grande quantidade de vidros (comuns em cor fumê). Essa imensa diferença em relação à proteção contra o sol é instigante, uma vez que sabemos que não é necessário modi�car a natureza dos materiais para obter um conforto ambiental satisfatório que caiba dentro de uma estética padronizada, mas aprender a escolher os materiais com maior consciência de suas propriedades e utilizá-los com sabedoria.Neste exercício foram observados a incidência de radiação no interior dos edifícios, as interações que a radiação solar provoca entre os edifícios e entre estes e o entorno imediato.

Ÿ USO – corporativoŸ ANO – 2016Ÿ PROPRIEDADE – Autonomy & GTISŸ ENVOLTÓRIA – Fachada cortina unitizada Strunor

120 (vidros insulados: 6 mm ST de controle solar + Câmara de 12 mm / vidros laminados: 12 mm)

Ÿ ÁREA DE FACHADA – 14.684m²Ÿ CERTIFICAÇÃO – requisitado LEED Gold

Ÿ USO – instituição públicaŸ ANO – meados da década de 1970Ÿ PROPRIEDADE – Governo FederalŸ ENVOLTÓRIA – Vidro fumê comum; proteções

horizontais e verticais de alvenaria revestida com pastilhas cerâmicas

Acima, a planta de localização do entorno analisado. O Edifício Vista Guanabara (A), na Avenida Barão de Tefé, com sua fachada envidraçada e geometria diferenciada, localiza-se exatamente em frente ao futuro Edifício da L’Oreal, (atualmente em fase de �nalização), que também possuirá fachadas envidraçadas com vidros re�etivos. Logo adiante, na Rua Venezuela, encontra-se o Edifício da Justiça Federal do Rio de Janeiro (B e B’). Por ser uma construção modernista, de muitas décadas atrás, em um outro contexto urbano no Porto do Rio, este edifício é completamente diferente dos outros. Foi construído em uma época que o uso extensivo de refrigeradores de ar em instituições públicas ainda não era uma realidade, portanto suas diferenças estão no partido, no uso de pestanas para proteção contra o sol e na compacidade baixa.

FACHADAS ENVIDRAÇADASImpacto no entorno imediato e contraposição

com sistemas de proteção verticais e horizontais

Aluna: Alline Miller Profs.: Adriana, Alice, Cláudia, Claudio e Maria TECAS 2016.2

FAU/UFRJ

A

B

B’

N67º

2

4

3

5

1

Os números representam os pontos de observação das imagens na prancha 4. As letras identi�cam os edifícios.

Análise da insolação no solstício de verãoV

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Aqui temos a comparação da radiação solar que penetra nos interiores dos edifícios durante o solstício de verão. As pestanas de alvenaria utilizadas no Edifício da Justiça Federal são tão e�cientes que só há penetração direta de luz após as 14 horas durante o solstício de verão.

Como o Edifício Vista Guanabara possui vidros Low-E e não investiu em nenhum outro sistema de

proteção contra a radiação solar direta. Ainda que Esse tipo de vidro reduza o ganho de calor e a intensidade da luz, ela penetra em todas as horas do dia em diferentes pontos. Isto signi�ca, possivelmente, haja a necessidade de utilizar persianas e cortinas.

Podemos observar também as sombras que os edifícios projetam no entorno.

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Aqui temos a comparação da radiação solar que penetra nos interiores dos edifícios durante o solstício de inverno. Apesar de menos e�ciente durante o inverno, as pestanas de alvenaria do Edifício da Justiça Federal mais uma vez se mostram naturalmente mais e�cazes do que nenhuma proteção. Podemos observar também as sombras que os edifícios projetam no entorno.

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Análise da insolação no solstício de inverno

lâmina facilita a ventilação natural. Hoje o edifício conta com refrigeração arti�cial, mas as esquadrias móveis tipo maxim-air possibilitam a ventilação natural, caso haja neessidade.

O mesmo não acontece com o Vista Guanabara. Com sistema de ar-condicionado central, a alta compacidade do edi f íc io propic ia maior e�ciência aos apare lhos refrigeradores. No entanto, a impossibilidade de abertura de janelas é um grande desperdício. Ainda que tenha sido projetado para uso contínuo de ar-condicionado, possibilitar a ventilação natural sempre será um ganho, até no caso de haver alguma �exibilização do uso deste edifício no futuro.

A localização destes edifícios é muito privilegiada pela proximidade com o mar e com o Boulevard Olímpico, que é uma iniciativa de devolução da cidade aos pedestres e redução do trânsito de automóveis no Centro. A redução de trânsito também signi�ca redução da poluição sonora e do ar, que são mais um motivo para incentivar a ventilação natural.

Interações com o entornoAnálise sobre o impacto do ofuscamento causado

pela re�exão dos raios solares nas fachadas e oportunidades oferecidas pelo ambiente

175

75

A o l a d o , d i a g r a m a s ilustrando os efeitos da radiação solar nas fachadas inclinadas do Edifício Vista Guanabara e a interação da re�exão com o Edif íc io L’Oreal, que também possui vidros re�etivos.

Mesmo que du ran te algumas horas do dia um edifício projete sua sombra sobre o outro, em muitos momentos acontecerá a re-�exão, que conseguirá afetar o outro edifício mesmo que ocorra em pequenos trechos pequenos das fachadas. É importante ressaltar que, além do ofuscamento, essa interação entre fachadas também pode gerar ganhos de calor consideráveis.

Como se tratam de dois edifícios corporativos, ocor-rerá que, mesmo utilizando vidros Low-E, em boa parte do dia o uso de cortinas e persianas será fundamental para propiciar as condições de iluminação necessárias ao trabalho, evitar o incômodo causado pelo re�exo e até mesmo danos a visão dos trabalhadores afetados.

Detalhe sobre a loca-l i zação pr iv i leg iada dos edifícios. A 175 metros de distância do mar e 75 metros de do Boulevard Olímpico.

Os ventos predominantes na região são um pouco prejudicados pela barreira formada pelo morro, no entanto, entre oeste e nor-deste, estão completa-mentes a b e r t o s a o m a r, o q u e possibilitaria a ventilação.

As diferenças entre os edifícios da Justiça Federal do Rio de Janeiro e Vista Guanabara não se resumem apenas à solução de fachadas: o partido e a compacidade também falam muito sobre as decisões que orientaram cada projeto.

Construído há muitas décadas, quando a legislação edilícia ainda não permitia gabaritos tão altos naquela região, o Edifício da Justiça Federal do Rio de Janeiro adota um partido horizontalizado, com baixa compacidade, privilegiando a orientação em relação à insolação e ventilação natural. Em parte, isto foi facilitado pela própria orientação da quadra, mas a escolha pela maneira como os dois blocos foram implantados certamente foi a ideal. A radiação a norte é facilmente controlada com elementos verticais e a sul é quase inexistente.

A baixa compacidade também fala muito sobre o projeto. Naquela época o uso extensivo de refrigeração arti�cial ainda não era uma realidade, então o formato em

Re�exos e Ofuscamento no Entorno

SE

Proximidade entre os edifícios da Justiça Federal do Rio de Janeiro e o Vista Guanabara. No centro, Edifício L’Oreal. Fachada Sul.

Localização de uma das torres do futuro empreendimento residencial Lumina Rio, anunciado pelo Jornal O Globo 02/2016

Proximidade entre os edifícios da Justiça Federal do Rio de Janeiro e o Vista Guanabara. No centro, Edifício L’Oreal. Fachada Norte.

Perspectiva de vista do pedestre na Avenida Venezuela. A direita o Edifício da Justiça Federal, seguido pelo L’Oreal e Vista Guanabara.

Solstício de Verão 7:00h

Solstício de Verão 9:3 0h

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