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F&C11

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Fórum & Cidadania nº 11

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Princípio I - À igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.

A criança desfrutará de todos os direitos enunciados nesta Declaração. Estes direitos serão outorgados a todas as crianças, sem qualquer excepção, distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idio-ma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza, nacionalidade ou origem social, posição económica, nascimento ou outra condição, seja inerente à própria criança ou à sua família.

Princípio II - Direito a especial proteção para o seu de-senvolvimento físico, mental e social.

A criança gozará de protecção especial e disporá de oportunidade e serviços a serem estabelecidos em lei e por outros meios, de modo que possa desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da criança.

Princípio III - Direito a um nome e a uma nacionalidade.A criança tem direito, desde o seu nascimento, a um nome e a uma nacionalidade.

Princípio IV - Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a criança e a mãe.

A criança deve gozar dos benefícios da previdência social. Terá direito a crescer e desenvolver-se em boa saúde; para essa finalidade deverão ser proporcionados, tanto a ela, quanto à sua mãe, cuidados especiais, incluindo-se a alimentação pré e pós-natal. A criança terá direito a desfrutar de alimentação, moradia, lazer e serviços médicos adequados.

Princípio V - Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente.

A criança física ou mentalmente deficiente ou aquela que sofre de algum impedimento social deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que requeira o seu caso particular.

Princípio VI - Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.A criança necessita de amor e compreensão, para o desenvolvimento pleno e harmonioso de sua personalidade; sempre que possível, deverá crescer com o amparo e sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um ambiente de afecto e segurança moral e material; salvo circunstâncias excepcionais, não se deverá separar a criança de tenra idade de sua mãe. A socie-dade e as autoridades públicas terão a obrigação de cuidar especialmente do menor abandonado ou daqueles que careçam de meios adequados de subsistência. Convém que se concedam subsí-dios governamentais, ou de outra espécie, para a manutenção dos filhos de famílias numerosas.

Princípio VII - Direito á educação gratuita e ao lazer infantil.O interesse superior da criança deverá ser o interesse director daqueles que têm a responsabilidade por sua educação e orientação; tal responsabilidade incumbe, em primeira instância, a seus pais. A criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício deste direito. A criança tem direito a receber educação escolar, a qual será gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares. Dar-se-á à criança uma educação que favoreça sua cultura geral e lhe permita - em condições de igualdade de oportunidades - desenvolver suas aptidões e sua individualidade, seu senso de responsabilidade social e moral. Chegando a ser um membro útil à sociedade.

Princípio VIII - Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes.A criança deve - em todas as circunstâncias - figurar entre os primeiros a receber protecção e auxílio.

Princípio IX - Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho.A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e exploração. Não será objecto de nenhum tipo de tráfico. Não se deverá permitir que a criança trabalhe antes de uma idade mínima adequada; em caso al-gum será permitido que a criança dedique-se, ou a ela se imponha, qualquer ocupação ou emprego que possa prejudicar sua saúde ou sua educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou moral.

Princípio X - Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, re-ligiosa, ou de qualquer outra índole. Deve ser educada dentro de um espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universais e com plena consciência de que deve consagrar suas energias e aptidões ao serviço de seus semelhantes.

Sérgio Oliveira

Ficha Técnica

Propriedade, Redacção e Direcção: NewsCoop - Informação

e Comunicação CRL Rua António Ramalho 600E

Apartado 60244461-801 Senhora da Hora Matosinhos

Publicação periódica mensal registada na E.R.C.

com o número 125 565Tiragem: 12 000 exemplares

Contactos: Tel./Fax: 22 9537144www.newscoop.pt

Director: Sérgio OliveiraEditor: António Sérgio

Jornalistas: Elda Lopes FerreiraAntónio Sérgio

Produção Gráfica: Ana Oliveira Impressão: Ginocar - Produções, S.A.

Editorial .................................................3

Anafre ...................................................4

Especial Penafiel

JF Bustelo ............................................6

JF Paço de Sousa .................................7

JF Irivo ..................................................8

JF Santa Marta ...................................10

Especial Marco de Canaveses

JF Freixo .............................................13

JF Ariz ................................................14

JF Sobretâmega .................................16

JF Rio de Galinhas ..............................18

JF Maureles ........................................20

JF Favões ...........................................22

CNAF .................................................24

CIG .....................................................26

Especial Viana do Castelo

JF Barroselas .....................................36

JF Punhe ............................................38

JF Santa Maria Maior ..........................40

JF Darque ...........................................41

Benéfica e Previdente .........................42

Índice Toda a criança tem direitos...será que os tem? Para que se saiba,

e não se esqueça publicamos “a declaração universal dos direitos das crianças”

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Anafre

“Muitos autarcas de freguesia andam completamente alheados”

Alguns presidentes de junta de freguesia sentem-se tristes, por-que estão a fazer deles aquilo que não dignifica um órgão político. Eles estão a trabalhar literalmente no terreno, quando não foram eleitos para andar a limpar as ruas. O que se está a passar com os presidentes e respectivas juntas de freguesia?Armando Vieira (AV) – Essa é uma situação que é de livre acesso, isto é, as câmaras municipais delegam competências próprias nas fregue-sias. As freguesias, por sua vez, dada a proximidade aceitam essas competências. Por exemplo no conjunto das competências da junta de freguesia que represento, está a da limpeza das valetas, que nós, por uma questão de proximidade, uma gestão em cima do aconteci-mento, uma acção directa com os problemas conseguimos enfrentar com maior facilidade e com mais eficácia e portanto, só aceita essa tarefa quem quer, não é obrigatório, mas devo salientar que essa deve ser uma das competências directas das freguesias. E os recursos de-vem existir para esse fim.

Mas o que acontece é que são os próprios elementos do executi-vo da junta, quem está a fazer isso...AV – Não têm obrigação disso, isso é inadmissível. Não é que não tenha já em dias de eventos, agarrado numa enxada e numa vassou-ra, para ajudar, pois somos bastante polivalentes. Mas ninguém (n)os pode obrigar. Se eles exercem a tarefa que é competência do municí-pio, o município tem que fazer um protocolo, colocando os recursos necessários para o desenvolvimento da tarefa. Normalmente os valo-

res atribuídos resultam num ganho de recursos financeiros para a fre-guesia, porque as freguesias conseguem sempre fazer mais barato!

Em alguns casos, também se nos coloca uma questão que é uma má informação da Anafre relativamente às freguesias, porque nem todas têm competências para trabalhar em informática, portanto não conhecem a intervenção da Anafre na vida do país…AV – Essa é uma afirmação frequente, mas isso é um reflexo do alhe-amento dos eleitos das freguesias. A Anafre, para quem quiser, tem toda a informação disponível, através do site, do portal, dos telefones, fax, correio, brochuras temáticas (sendo que as 3 últimas produzidas,

Armando Vieira

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apenas o envio pelo correio custou cerca de 15 mil euros), podem participar nas acções de formação que promovemos… Agora há pessoas que recebem os documentos, e lembro-me de quando foi o nosso congresso, e é com tristeza que o digo, que houve um senhor que disse não ter recebido os documentos, quando nós repetimos 3 vezes a documentação. Só que compreendo que as pes-soas têm a sua vida, põem os papéis num monte e não olham para a informação que lhes chega às próprias mãos… E essa é uma situação terrível do país. Outro exemplo, foi uma questão que nos chegou de “bradar aos céus”, de uma junta de freguesia alentejana, que por acaso é de uma lista de independentes. A guerra que foi estabelecida, se o relato que nos é feito corresponde à verdade, é demonstrativa de uma total irrespon-sabilidade das pessoas que foram eleitas e, portanto, há que haver uma maior procura da aquisição de conhecimentos e do saber. Agora, admito que por vezes, num ou outro ponto sejamos insuficientes, o que não quer dizer que se as pessoas nos procurarem, não tenhamos respostas para eles!

Esta segunda formação, na sua essência, o que é que pretende?AV – Pretende precisamente dotar e consciencializar os autarcas de freguesia, no primeiro dia tivemos a sala cheia com as pessoas das assembleias de freguesia do concelho, o segundo dirige-se aos elei-tos das freguesias, aos executivos. Esta é uma formação mais técnica, mais profundo e pretende-se dotar estas pessoas de conhecimentos suficientes, evitando e ajudando-os a não cometer irregularidades, que para as freguesias associadas da Anafre, não há necessidade ne-nhuma de cometer irregularidades pois têm todos os meios para que

isso não aconteça. Inclusive estiveram presentes as nossas técnicas, duas juristas que esclareceram todas as dúvidas que possam existir. Portanto, as freguesias associadas da Anafre têm formação suficiente, aliás, o “Anafre informa” acabou de ser produzido e enviado, e trata-se dum boletim mensal que disponibilizamos e onde se colocam diversas questões técnicas…Mas é preciso querer saber, é preciso querer saber conhecer, e muitas pessoas, muitos autarcas de freguesias e, com muita tristeza o digo, andam completamente alheados, estão lá por estar…

A Anafre é um parceiro do Governo ignorado?AV – Desconsiderado. Ignorado não é, porque a Anafre tem um peso hoje grande na sociedade portuguesa, só que é suportado mal e desconsiderado na sua dignidade, isso sim e, especialmente pelo sr. Primeiro-Ministro. O sr. Primeiro-Ministro, do ponto de vista da Anafre, não merece nenhuma consideração por parte da Anafre e estamos a falar designadamente da Associação Nacional de Freguesias e não, do presidente Armando Vieira. Não merece qualquer consideração porque teve sempre uma atitude de desconsideração em relação à Anafre, obviamente pensando que somos os coitados do sistema… mas quando viu que a Anafre, tem direitos, vamos até ao fim da linha. Por exemplo, na acção que temos nos tribunais contra a assembleia da república, ou a república resolve o problema internamente ou va-mos para o tribunal europeu. Ficará bem vista a república portuguesa, se um dos órgãos dos Estado português tiver que recorrer ao tribunal europeu uma acção contra o Estado? É uma vergonha. Portanto, isso demonstra a enorme sensatez dum senhor que, com o devido respei-to, é o Primeiro-Ministro do país.

A ANAFRE na vanguarda do poder local Europeu

A Associação de Autarcas de origem Portuguesa e Franco-Portuguesa (CIVICA) realizou o seu 18º Congresso dos Poderes Locais e Regionais da Europa, que contou com a presença da delegação do Conselho da Anafre: o presidente, Armando Vieira e o vice-presidente, Cândido Moreira.O 18º Congresso decorreu na Île de France, pulmão da economia francesa e local onde residem 12 milhões de habitantes.Durante a visita foi delineado um projecto de parceria, propondo a reali-zação em Portugal de um fórum mundial de eleitos de origem portuguesa (luso-descendentes), espalhados pelos cinco continentes.A Associação festejou ainda o seu 10º aniversário, muito embora tenha sido no primeiro aniversário da CIVICA que os representantes da Anafre estabeleceram relações e contactos com os autarcas e empresários lo-cais de origem portuguesa.De 6 em 6 meses, na sede do Conselho da Europa, em Estrasburgo, Fran-ça, a associação reúne-se em Congresso para avaliar os poderes locais e regionais europeus.

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Junta de Freguesia

Bustelo

“Aqueles que nunca estiveram sujeitos ao julgamento do povo

continuam imunes à lei”Como caracteriza a Freguesia de Bustelo?Joaquim Fernando Pedroso (JFP) – A freguesia de Bustelo situa-se no extremo norte do concelho de Penafiel, tem como limites as fre-guesias de Meinedo, Lodares e Boim (concelho de Lousada), Novelas, Milhundos, Croca, Santa Marta e Penafiel (concelho de Penafiel).É uma freguesia rural com a área de 6,500 Km2 com uma população com cerca de 2500 pessoas. Actualmente com 1500 eleitores.

O que é que se pode esperar deste executivo? Quais as priori-dades e projectos desta junta de freguesia para este mandato? Pretende dar continuidade ao trabalho que foi feito no anterior mandato (s)?JFP – Deste executivo pode esperar-se muito trabalho e dedicação em prol do desenvolvimento da nossa freguesia.

Com que dificuldades se debate a freguesia, quais as carências mais preocupantes?JFP – As principais dificuldades desta freguesia prendem-se com as carências sociais, pois trata-se de uma freguesia rural com uma popu-lação de idade avançada e com poucos recursos económicos.

Poder-se-á falar de uma maior delegação de competências da Câmara da autarquia para com as juntas de freguesia do conce-lho? Como são as relações entre ambos? Esta Junta é uma Junta autónoma?JFP – Sim, podemos falar em delegação de competências da Câmara para com as juntas de freguesia, pois ainda recentemente foi assinado um protocolo entre ambas as partes. No entanto, reconheço que de-veriam ser dadas mais condições para que fosse possível desenvolver melhor as tarefas que nos são atribuídas.

Em matéria de acção social, o que prevê fazer ao nível de jovens, idosos, dos mais carenciados e dos desempregados? JFP – Este executivo apesar das limitações financeiras que possui, efectuou a compra de um terreno para a construção de um centro de dia. Neste espaço também poderão vir a ser criadas outras valências relacionadas com a acção social, tais como: o apoio domiciliário, o apoio aos jovens em risco, etc.

A nova lei da limitação dos mandatos faz temer pelo futuro das freguesias em Portugal?JFP – Sim. Esta lei só atingiu aqueles que trabalham arduamente pró-ximo das populações com um comportamento desinteressado. La-mento que esta lei só atinja aqueles que conhecem a realidade do país e das populações, pois aqueles que nunca estiveram sujeitos ao julgamento do povo e que ocupam determinados lugares só para exercerem as suas influências e continuam imunes à lei e aos verda-deiros problemas dos mais desfavorecidos.

Qual a sua opinião acerca da regionalização. Será uma resposta aos sucessivos governos, que têm sido incapazes de dar respos-tas ao país, ou concorda com uma reforma administrativa do país ou até com a fusão das freguesias pequenas?JFP – A minha opinião é favorável à regionalização, pois as áreas mais pobres iriam beneficiar com esta reestruturação. Actualmente algumas zo-nas do País são prejudicadas em prejuízo de outras, como é o caso actual do Norte em relação ao Sul. A fusão de algumas freguesias é um assunto que tem de ser bem analisado por pessoas que conheçam a realidade do país e não por alguns que só estão dentro de gabinetes, se isso vier a acontecer têm de ser dadas outras condições, tanto no aspecto humano como financeiro. O que é que mais atrai a curiosidade dos visitantes? Ao nível cultural entre associações e colectividades, as tradições ainda se mantém vi-vas?JFP – O que mais atrai os visitantes à ‘minha terra’ é conhecer o rico pa-trimónio que nós possuímos, desde o convento beneditino, o pelourinho, os claustros junto ao convento, solares, capelas religiosas etc.. Também mantemos tradições vivas que arrastam milhares de visitantes à nossa fre-guesia como é o caso da festa da N. Sra. da Saúde que tradicionalmente se realiza na segunda-feira de Páscoa.

É um Presidente presente e disponível? Sente-se recompensado en-quanto Homem e cidadão pelo seu trabalho e dedicação à freguesia? JFP – Sou um Presidente presente e disponível vinte e quatro horas por dia ao serviço da minha população, porque só assim me sinto realizado, senão não valeria a pena ter-me candidatado. Detesto aqueles que aparecem só alguns meses antes de cada eleição. Em relação a sentir-me recompen-sado enquanto homem e cidadão pelo meu trabalho sinto-me feliz pelo reconhecimento e carinho dos meus eleitores, senão não teria cerca de 85 por cento dos votos nas últimas eleições.

Joaquim Fernando Pedroso, presidente da JF Bustelo

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Junta de Freguesia

Paço de Sousa

“Servir esta grande

comunidade de Paço de Sousa, é o meu trabalho!”

Estando no último mandato à frente da Junde Freguesia, é com mágoa que cumpre o último mandato? Considera a nova lei de limitação dos mandatos restritiva?Manuel Ferreira (MF) – Não saio com mágoa, mas orgulhoso, satisfeito e de consciência tranquila por tudo o que fiz ao longo destes anos para o progres-so e desenvolvimento da Vila de Paço de Sousa. Embora reconheça que há sempre muito mais a fazer.Quanto à nova lei, considero-a equilibrada. Na minha óptica, faz todo o senti-do planear e definir prioridades e, na situação económica que atravessamos, o caminho a seguir é fazer um planeamento, seleccionando as prioridades.

Fazendo uma retrospectiva ao trabalho efectuado ao longo dos anterio-res mandatos, que ‘sonhos’ e que obra teve a oportunidade de realizar?MF – Os últimos 3 mandatos foram contemplados com várias obras sociais e infra-estruturas tais como: construção de 2 jardins-de-infância, um em Vale Formoso e um em S. Lourenço; construção do Novo Centro de Saúde; uma nova sede da junta de freguesia; requalificação das escolas EB1 de Mosteiro, e S. Lourenço com construção de refeitórios e bibliotecas; construção das piscinas municipais e requalificação da zona envolvente (Rua de Agueiros até às Escolas S. Lourenço); requalificação da zona envolvente ao Mosteiro Milenar, passando pela requalificação da Fonte da Renda, Rua Monges Be-neditinos; nova rotunda do Sabedão; requalificação da Avenida Egas Moniz até à sede da junta; construção de uma nova rotunda na Ermida limite com Irivo; construção de uma ETAR; colocação de saneamento que cobre cerca de 60% da freguesia; abastecimento de água ao domicílio com uma cober-tura de aproximadamente 85% e, ao nível da rede viária foram feitos vários melhoramentos em toda a freguesia.

Poder-se-á falar de uma maior delegação de competências da Câmara nas juntas de freguesia do concelho?MF – Para as freguesias seria importante a delegação de competências, além das já existentes sendo estas acompanhadas dos meios e verbas adequados à realidade e às necessidades de cada freguesia.

Quais as prioridades e projectos desta junta de freguesia para este man-dato: o Centro Comunitário com a Casa de Cultura e da Juventude, a construção do segundo piso do edifício da sede da junta? Para quando a conclusão desta obra?MF – A nossa grande aposta para o mandato e o maior investimento da junta é de facto a construção do segundo piso da sede da junta, onde irá funcionar o centro comunitário (centro de actividades) com sala da cultura e sala da juventude. A sua conclusão está para breve. Ainda que equipar o espaço para que entre rapidamente em funcionamento irá demorar algum tempo.

Com que dificuldades e quais as principais carências com que se debate a freguesia de Paço de Sousa, o que mais o preocupa?MF – Actualmente, a freguesia em termos de equipamentos sociais está no bom caminho. Não sendo tutelado pela junta, a Associação de Desenvol-vimento de Paço de Sousa tem em construção um Centro de Dia e Lar de Idosos que irá colmatar mais uma carência desta freguesia. A junta sempre

apoiou esta obra e, embora financeiramente não tenha tido possibilidade de o fazer em virtude de termos em simultâneo o centro comunitário em cons-trução, asseguro que não está esquecido. Outra carência que existe e vamos ainda ao longo deste mandato aferir quais as possibilidades entre câmara e junta, é a construção de um infantário / creche dos 0 aos 3 anos. Seria o cul-minar de todos os equipamentos que Paço de Sousa precisa. Desta feita fica-ríamos auto-suficientes e bem servidos ao nível de equipamentos sociais.Uma das minhas grandes preocupações é o desemprego, pois infelizmente não fugimos à regra. Há falta de alternativa de emprego. É certo que na última revisão do PDM foi contemplada uma zona industrial para Paço de Sousa, por isso iremos continuar a trabalhar em parceria com a câmara para que a tão esperada zona industrial seja finalmente uma realidade na freguesia.

Em matéria de acção social, o que prevê fazer ao nível de jovens, idosos, dos mais carenciados e dos desempregados? A reconhecida Casa do Gaiato é uma mais-valia para a freguesia?MF – Em 2005, criámos um gabinete de apoio social que está a funcionar nas instalações da junta de freguesia e que tem feito um trabalho meritório, dando apoio em algumas áreas à população. Esta realiza a distribuição do cabaz de Natal, a Festa do Doente anualmente em Fevereiro junto dos mais carencia-dos, noutros casos faz o encaminhamento junto das entidades competentes que são parceiros do gabinete e que apresentam as melhores condições de resposta, como a Segurança Social, centros de recuperação de toxicodepen-dência, violência doméstica, entre outros casos. Paço de Sousa é uma terra muito solidária. Tem duas conferências Vicentinas, a Masculina e a Feminina que apoiam os pobres e os Idosos mais carenciados. Na freguesia temos ainda reconhecida Casa do Gaiato, cuja vocação natural, partiu de um grande homem, o Padre Américo, que sempre desempenhou um papel determinante junto da comunidade, apoiando muitos pobres, idosos e jovens casais a viver em dificuldade.

Situando-se no Vale do Sousa, sendo um lugar de passagem na Rota do Românico, tendo o belíssimo Mosteiro de Paço de Sousa, o que é que mais atrai a curiosidade dos visitantes?MF – Com a criação da Rota do Românico, Paço de Sousa se já era conhe-cida e visitada passou a ser ainda mais. O nosso belíssimo Mosteiro Milenar é visitado praticamente todo o ano, quer por turistas, quer por alunos das escolas e outras instituições ligadas à cultura. E, o que mais atrai os visitan-tes, além do Mosteiro, é a sua zona envolvente com a sua beleza natural, pois como a requalificação foi feita recentemente, ainda mais beleza lhe é conferida. A Casa do Gaiato, pelo trabalho social que desenvolve é também um grande ícone da nossa freguesia.

É um Presidente presente e disponível? Sente-se recompensado en-quanto Homem e cidadão pelo seu trabalho e dedicação à freguesia? MF – Sim, sinto-me. E estou de consciência tranquila, pois procurei fazer o melhor que sabia para que Paço de Sousa conseguisse os equipamentos, infra-estruturas básicas e outros melhoramentos que estão à vista de todos.

Manuel Ferreira,presidente da JF Paço de Sousa

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Junta de Freguesia

Irivo

“Deixem-nos trabalhar”

Delimitar os mandatos é um acto democrático?Belmiro Sousa (BS) – Vamos ver! A atitude de delimitação foi infeliz, quer na ideia, quer na forma, pois visa uma classe política que é aque-la que está mais próxima do cidadão e deixa de fora todos os outros agentes políticos, designadamente os deputados. Nós achamos que esta lei até poderia ser objecto de algum sentido, se o fim em vista fosse devidamente explicado e a sua aplicação generalizada, como aliás é o caso das presidenciais. Todavia, parece-nos uma lei, pro-fundamente anti-democrática, porque realmente visa um destinatário específico, o Autarca. Como tal, seria muito importante ter-se em linha de conta que estamos a falar de autarcas eleitos por sufrágio directo e universal que, em muitos casos, como é o nosso, trabalham sem con-dições, sem direitos, que vão para a Junta de Freguesia depois de ho-ras de execução da sua legítima profissão, aos fins-de-semana, pegar nas ferramentas e desbravar terrenos e ruas, limpar canteiros, para no fim quase nada receberem por isso. Vimos, há dias, um colega nos-so, na comunicação social, dizer que estava a transportar as crianças para a escola porque não tinha verbas para contratar um motorista. E nós aqui não o fazemos todos os dias?! É verdade que fizemos forma-ção para tal e fazemo-lo em defesa da nossa população. Trabalhamos e ninguém nos paga, mas não vamos para a rua dizer o que fazemos e nos lamentar por isso. Nós aqui não fazemos inaugurações, mas a obra está aí… O que lamentamos é que nos tratem tão mal, que não entendam que somos as primeiras pessoas a quem o povo recorre e que, lamentavelmente, nem sempre temos recursos ou competências para ajudar a resolver os seus problemas.

Qual é a relação com a câmara?BS – É institucional, umas palmadinhas nas costas e até amanhã (risos), mas entendo que é inconcebível que as Juntas de Freguesia ainda tenham que estar dependentes das Câmaras Municipais. As verbas deveriam ser determinadas pelo poder central e, já agora deixe que lhe diga, è urgente clarificar e definir as atribuições e competên-cias das freguesias, pondo fim claro e inequívoco à sobreposição das actualmente existententes entre as freguesias e municípios. É preciso que as freguesias tenham competências próprias, independentemen-te de serem mais pequenas ou maiores. É preciso garantir novas com-petências, os respectivos meios financeiros e proceder à revisão do regime do exercício dos cargos dos membros das Juntas de Fregue-sia, de forma a estes melhor poderem responder aos anseios e aspira-ções das pessoas. Estas são algumas das questões que entendemos pertinentes e que, confesso, não temos visto serem defendidas pela Anafre, mas pode ser erro ou desatenção nossa e, se for, pedimos desculpa. Estamos muito desiludidos por, ao fim de tantos anos de democracia, ainda estarmos a depender da vontade da Câmara. Apesar de não fazer inaugurações tem obra feita?BS – Sim, temos. Contudo, mais importante que as inaugurações é termos a obra a funcionar. Assim, podemos começar por referir as acessibilidades, no que a freguesia deu um grande salto, estando agora dotada de melhores vias de comunicação. Salienta-se também a Casa Mortuária, os jardins-de-infância, o transporte escolar, entre outros.

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Não obstante a obra feita, muito ainda gostaríamos de fazer e não nos deixam…Esta sim é uma grande frustração de quem quer trabalhar e não pode.

Noto uma grande amargura nos vossos rostos. Porquê?BS – Estamos amargurados e a nossa mágoa é muito profunda por-que a cada dia que passa as Juntas de Freguesia sentem cortes no seu poder. Não temos verbas nem condições para trabalhar e não vemos nenhuma solidariedade entre todas as freguesias perante o desrespeito a que nos estão a votar.

Mas mesmo assim vocês continuam a frente da freguesia. Por-quê?BS – É uma boa pergunta! Porque somos idealistas e porque quere-mos lutar pelos nossos fregueses! Apesar de todo este sofrimento, queremos contrariar o poder central e mostrar que somos mais ca-pazes do que eles, porque nos candidatamos e fomos eleitos para trabalhar em defesa de uma causa, a qual se chama Irivo. Seja em que circunstância for, seja ao sábado ou domingo, arrega-çamos as mangas e lá vamos resolver os problemas. Esta é a nossa bandeira: trabalhar! Contudo, é muito triste não termos nem verbas nem condições para desenvolver o nosso trabalho. É realmente isto o que nos deixa amargurados.

Ou seja políticos de base…para ouvir as reclamações do povo?BS – É verdade. Ver um povo a pedir ajuda e nós sem capacidade para resolver os seus problemas é muito triste. E mais triste ainda é ver que aqueles que podiam dar uma ajuda não o fazem. Bastaria dotar a freguesia de recursos financeiros que nós continuaríamos a dar o trabalho e, desta forma, a poder contribuir para a resolução dos seus problemas. Sabe, até me dá a ideia que anda aí a “Nossa Senhora da mão poderosa”…

Isso não seria motivo para bater com a porta e fechar a sede da freguesia?BS – Não, nem pense nisso! Estes políticos, com as atitudes que to-mam, até nos dão muita mais força para continuarmos com o nosso trabalho. Assim eles sabem que nós somos muito mais competentes,

mais capazes, pois mesmo sem recursos fazemos e temos obra para mostrar. Já eles, com tantos recursos, com tanta capacidade financei-ra, o que fizeram? E o que fazem? Nada!

Qual é a sua relação com as colectividades?BS – É excelente. Só temos pena de não termos mais meios para apoiar mais as suas iniciativas. Todavia, continuamos a dizer que as colectividades não podem estar à espera dos subsídios da Junta ou da Câmara para funcionarem, devem criar condições para serem au-to-suficientes. Mesmo assim continuamos a apoiar todas as colectivi-dades, até pela importância recreativa, cultural e desportiva que elas têm para a freguesia de Irivo.

Junta e paróquia estão assim tão próximas?BS – De certa forma sim, mas poderíamos colaborar um pouco mais, na medida em que a união é que faz a força, mesmo que caiba a cada um a sua missão e a todos a colaboração.

Democracia de proximidade, como se faz?BS – Sem ovos não se fazem omeletas mas, uma coisa lhe digo, as Juntas de Freguesia fariam muito mais se dependessem menos das Câmaras Municipais e tivessem mais competências e mais verbas do orçamento de Estado. Nós conhecemos as necessidades das popu-lações, nós sabemos o que é melhor e mais importante, e sabemos fazer com menos custos… Apesar disto, ninguém quer saber de nada, é o “vai-se fazendo”… Por isso, a democracia de proximidade é um slogan muito bonito, mas pouco mais. Deixe-me dar um exemplo: em Janeiro mandamos fazer duas obras e, no final desse mês, recebemos uma carta a dizer que não íamos receber os duodécimos de Janeiro e Fevereiro…Como é que nós podemos trabalhar? Só por isto se de-monstra a necessidade de mudar toda esta situação que nos impede de trabalhar.

Já falamos do trabalho feito. Falemos agora do que falta fazer?BS – Quando nos candidatamos, prometemos aos nossos fregueses que o nosso lema seria “Estamos aqui como cidadãos para fazer o melhor que pudermos e soubemos pela freguesia de Irivo”. E assim aqui continuamos. Sobre a obra feita, falta-nos ainda fazer muita coisa, ainda há grandes carências na população de Irivo e, por isso, temos que manifestar a nossa revolta, sobretudo em relação aos acessos à igreja, os quais são a maior vergonha da nossa freguesia, assim como relativamente às promessas de concluir o saneamento básico. Tudo isto não depende do executivo da junta.

E a regionalização pode trazer alguns benefícios?BS – Nós achamos que sim e só lamentamos que quando nos foi dada a oportunidade de mudar, não o fizéssemos e aqueles que antes disseram que não, venham agora dizer que sim. Isto para o povo é complicado, foi partidarizar o que nada tem a ver com os partidos, mas antes com o interesse de cada região naquilo que é a sua riqueza histórica e cultural, foi adiar o inadiável. Esperemos, finalmente, que para o futuro estas questões sejam elevadas e que o povo possa es-colher com sabedoria. Parafraseando uma frase simbólica de Abril: “O povo é quem mais ordena”.

Seja em que circunstância for, seja ao sábado ou domingo, ar-

regaçamos as mangas e lá vamos re-solver os problemas. Esta é a nossa bandeira: trabalhar! Contudo, é mui-to triste não termos nem verbas nem condições para desenvolver o nosso trabalho. É realmente isto o que nos deixa amargurados.

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Junta de Freguesia

Santa Marta

Rede de saneamentoainda muito reduzida

Carteiro de profissão e com um sentido de partilha e entreajuda para com a freguesia e a paróquia de Santa Marta, freguesia que conhece por casa, o presidente José Bessa aceitou o desafio de se candidatar à casa da democracia. Sufrágio após sufrágio, encontra-se no tercei-ro e último mandato a gerir os destinos da freguesia… Mais infra-estruturas traduzidas num maior desenvolvimento de San-ta Marta, o trabalho ao serviço da freguesia não se esgota. Há apenas que dar-lhe continuidade, refere. Do passado ao presente, Santa Marta é detentora de uma das me-lhores e mais belas provas da antiguidade, que acabou por deixar marcas sugestivas acerca dos primeiros povoamentos destas terras: a Anta de Santa Marta ou Dólmen da Portela ou Forno dos Mouros que alberga, tem mais de 4000 mil anos, um legado neolítico que ainda hoje é passível contemplar... Bem perto deste monumento parte-se à descoberta das sepulturas antropomórficas e de uma ponte medieval. Várias são, portanto, as razões para que a freguesia seja revisitada…

Sabendo que vocês são pessoas eleitas pelo povo, para trabalhar, o que é que motiva o executivo da junta a candidatar-se para trabalhar em favor da população, uma vez que a lei de limitação dos mandatos é já uma realidade?José Bessa (JB) – O que me levou a candidatar à junta de freguesia foi ter sempre estado ligado à paróquia e à freguesia, como estava ligado à freguesia na minha profissão que era carteiro e fiz distribuição durante 17 anos, e também ligado à paróquia. Sou um presidente que conhece todos os fregueses, também pela profissão que desempenho. O esquema aqui estava saturado, era apenas o PS que ficava, eram sempre os mesmos, então fizeram-me o convite da lista para candidatar-me à junta de fre-guesia, que acabei por aceitar, porque estive sempre a trabalhar para a freguesia, e para paróquia e tudo o que envolve a igreja. Fizeram-me um convite para estar à frente dos destinos da freguesia. Portanto, aceitei, as pessoas confiaram em mim, e estou no terceiro e último mandato. A minha postura nesta junta é fazer o melhor por Santa Marta. Quero fazer a Capela Mortuária, quero terminar as obras iniciadas, só que ainda não houve oportunidade.

Falamos de um papel em que vocês são políticos, eleitos pelo povo, o povo confia em vós para os representar, acontece é que por norma as freguesias não têm competências para intervir na defesa e interesse dos seus fregueses. O que sente um executivo de junta perante esta incapacidade para poder intervir na defesa deles?JB – Sente-se impotente. Estamos limitados e nesse caso vamos procu-rar recorrer à autarquia, vamos pressionando, porque podemos não ter meios, mas vamos tentando obtê-los.

Como é a relação com a Câmara Municipal?JB – É positiva. Eles recebem-nos, estão atentos aos nossos problemas e tentam solucioná-los.

Aqui na freguesia têm várias escolas, em 8 anos o que fizeram ao ser-viço da freguesia sobre a vossa bandeira e o que pensam fazer no pró-ximo?JB – Fizemos a ampliação do sintético, estamos a tratar do cemitério e de construir uma capela no mesmo para a celebração das cerimónias fúne-bres; fizemos arruamentos, calcetamos a rua do hipódromo, arranjamos os fontanários da freguesia, requalificamos urbanisticamente o largo da igreja e da sede da junta, ampliamos as instalações do edifício da sede da junta com casas de banho públicas que não tínhamos, foi feita uma pavimenta-ção da Rua do Sal, abrimos a ligação da Rua de Agra à Rua Nova de Pala; adquirimos uma viatura de apoio às escolas e à cultura, adquirimos um ter-reno para a abertura da Travessa da Bela Vista; na escola fizemos parques de estacionamento e um parque infantil que não existia na escola. Contudo, a nossa principal prioridade continua a ser no âmbito das acessibilidades. Pretendemos construir passeios na rua da Estrada Nacional 15, colocar si-nalização, entre outras. Reveste-se também de enorme importância, termi-nar a rede de saneamento básico na freguesia, construir a Casa Mortuária, restaurar os moinhos existentes na freguesia em parceria com a “Penafiel Verde”, bem como efectuar o arranjo urbanístico da Anta de Santa Marta, entre outros projectos.

Quais as carências mais prementes a combater?JB – A maior carência na freguesia de Santa Marta é a falta de estruturas de apoio ao nível social. O objectivo é, num futuro próximo, conseguir para a freguesia um Centro de Dia, de forma a garantir um maior apoio aos mais idosos. Santa Marta possui a Escola Primária do Souto, cumprido este nível de aprendizagem, os jovens alunos terão a oportunidade de continuar o

Um pouco de história…

“A Anta de Santa Marta ou Dólmen da Portela ou Forno dos Mouros, é um monumento megalítico português localizado em Santa Marta, Penafiel, no

distrito do Porto. Está representado no brasão da freguesia. Os arqueólogos calculam que esta anta, formada por sete esteios e com uma laje superior com cerca de 3,3 metros por 2,1 metros, tenha sido construída no Terceiro milénio a.C.. Possuiu um corredor com cerca de 6 metros de comprimento

por 2,5 metros de largura, do qual só já existem dez esteios. Foi-lhe atribuí-do o estatuto de Monumento Nacional em 1910 pelo IPPAR.”

José Bessa, presidente da JF Santa Marta

Amândio Babo, Tesoureiro da JF Santa Marta

Deolinda Costa, Secretária da JF Santa Marta

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ensino ao dirigirem-se para a cidade, que fica a 3 km. Todavia, penso que esta freguesia está a necessitar de um Centro Escolar que ofereça melhores condições de ensino aos nossos jovens. Em termos de abastecimento de água pública a freguesia está praticamente coberta, falta apenas a coloca-ção no lugar do Bairral. No caso do saneamento básico temos ainda uma percentagem muito reduzida de rede de saneamento, sendo que grande parte das pessoas também não aderiu à ligação do saneamento básico.

O que proporcionaria, na sua óptica, um maior desenvolvimento à fre-guesia de Santa Marta?JB – A construção, pois contribuiria para um maior desenvolvimento da freguesia e para a fixação da população, isto é, o alargamento desta área. Nesta altura de crise que o país atravessa espero que o nível de empregabi-lidade continue elevado como se tem verificado.

Há alguma obra que figure nos seus sonhos que gostaria de ver con-cretizado?JB – A construção do parque de lazer junto ao rio, na zona envolvente aos moinhos.

A população da freguesia de Santa Marta é uma população envelheci-da, uma população jovem?JB – Não temos uma população muito envelhecida. Aliás, está bem longe daquilo que se assiste em aldeias de Trás-os-Montes…

É à junta que compete apoiar as escolas ou à câmara municipal?JB – É a câmara municipal em conjunto com a junta de freguesia. Temos alguns poderes delegados pela câmara, competindo-nos fazer alguns ar-ranjos, mas os de maior envergadura competem naturalmente à autarquia.

O que é que mudou na vida do carteiro para o presidente da junta?JB – (risos) eu sou o mesmo. Mas tenho mais responsabilidades. Sempre desempenhei a minha tarefa. Presentemente não estou a distribuir o correio na freguesia, uma vez que os CTT deram a distribuição da parte norte do concelho a outra empresa. E apenas parei de distribuir o correio na fregue-sia por esse motivo. Contudo, sempre fiz a distribuição porta-a-porta na freguesia sem problemas.

E escutava com mais veemência as preocupações dos seus fregue-ses?JB – (risos) Demorava mais, porque fazia as duas coisas ao mesmo tempo! Ouvia os problemas e facilitava a deslocação à junta das pessoas, porque estavam a falar não apenas para o carteiro, mas para o presidente da junta. Resolvi muitos problemas na hora.

As colectividades têm um papel importante na freguesia?JB – Sim. Na área desportiva temos uma colectividade que tem levado o nome da freguesia lá fora. Depois faz com que alguns jovens da freguesia se mantenham ocupados. Pena é que a equipa não seja formada por atletas apenas de Santa Marta. Na área social e cultural temos uma colectividade ainda recente, a Associação para o Desenvolvimento da freguesia de Santa Marta.

No brasão da junta aparecem vários símbolos: uma anta, uma zona in-dustrial e a agricultura… o que pesa mais na economia da freguesia? JB – A indústria tem um grande peso, quanto à agricultura é pena que não haja mais. Infelizmente, a agricultura, na minha perspectiva é uma minoria que há em Santa Marta. A indústria é boa, mas também precisamos da agricultura. Estão muitos campos dispersos pelo monte que era bom que estivessem cultiva-dos… No entanto, somos uma freguesia junto da cidade de Penafiel, com bas-tantes empresas e com uma taxa alta de empregabilidade. A nossa população é muito unida, sendo essa (a união) a nossa principal característica.

A população da freguesia é a mesma que trabalha nos pólos industrial ou estes recebem mais gente de fora?JB – Acho que recebe mais trabalhadores de fora. Inicialmente eram mais a população da freguesia, agora temos pessoas de Santa Marta, Croca, Bustelo, Santiago, Fonte Arcada, Lagares, Pragal entre outras que vêm tra-balhar para cá.

Sentem aqui o problema do desemprego?JB – Para já não. Aliás só não trabalha quem quer. Preocupar-me-ia se encer-rasse uma ou duas empresas pois sentiríamos uma crise social terrível…

Uma das grandes reivindicações junto dos presidentes de junta é re-clamar maior tipo de dignidade nas funções que desempenham, mais competências e mais verbas para poder responder às necessidades das suas populações, o que é que acha disto?JB – Gostaria de poder decidir, mas para o fazermos alguma coisa, isso impli-caria outros meios que não temos, e tudo isso implica verbas. E entendo que para certas freguesias terem certos meios, tudo ficaria muito mais caro.

Não acha que se justificaria que pelo menos um elemento da junta de freguesia estivesse a tempo inteiro na junta de freguesia para respon-der às necessidades da população?JB – Seria bom, mas a meio tempo, não a tempo inteiro. A freguesia é pequena. E conseguimos suprir as necessidades, dada a proximidade e abertura da nossa secretária que mora junto da junta de freguesia, depois facilmente as pessoas entram em contacto connosco.

Coloca-se a velha questão da dedicação, porque no fundo ser presi-dente de junta não traz nenhum estatuto de privilégio. Vocês passam a vida a trabalhar para os outros. O que é que vos motiva neste traba-lho? Disse que desde sempre esteve envolvido no associativismo. O tesoureiro começou agora, o que o trouxe para a política, para a Junta de freguesia?Amândio Babo – Aceitei o convite do presidente, porque acredito que jun-tamente com o executivo teremos uma melhor Santa Marta. Ajudar a popu-lação, dinamizar determinadas áreas e essencialmente proporcionar melhor qualidade de vida são as minhas principais intenções, senão não aceitava sequer o convite.

Anta de Santa Marta

Junta de Freguesia

Santa Marta

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Junta de Freguesia

Freixo

Escola Profissional de Arqueologia,

para quando?

Luísa Sousa: uma Mulher à frente de uma das mais pequenas freguesias de Marco de Canaveses“Provavelmente é mais difícil ser presidente duma freguesia pequena de interior, porque ainda há poucas mulheres na política o que constitui um entrave na can-didatura duma mulher. Uma coisa é ir enquanto secretária como estive durante 8 anos no anterior mandato, outra bastante diferente é liderar a batalha, como acabou por acontecer, mas não tenho medo de enfrentar o futuro e acho que vai correr tudo bem, a própria população acreditou em mim e aderiu bem à ideia de ter uma mulher a gerir os destinos da freguesia. Vamos trabalhar no sentido de não desapontar ninguém.”

Projectos e prioridades do Mandato“Gostaríamos de alargar a rede de abastecimento de água e saneamento, pois te-mos zonas onde ainda não existe. Sabemos que este ano vai ser difícil concretizar o que quer que seja neste âmbito, pois são obras camarárias que dependem da resolução de um problema existente com as Águas do Marco, e portanto iremos um pouco a reboque do que acontecer. Temos os nossos pedidos feitos na câmara, agora há que aguardar. Além disso, temos alguns caminhos que necessitam ser compostos, por essa razão, estamos a submeter uma candidatura a nível europeu para tentar fazer um caminho, que faz a ligação à parte mais distante da freguesia, uma vez que actualmente pela falta de acessibilidade temos que sair da freguesia e entrar por outro lado novamente. Acreditamos que desta vez o projecto vai ser aprovado, uma vez que há seis anos foi chumbado. A ligação da freguesia toda em paralelo era uma obra muito importante. A casa mortuária também está por cons-truir, estamos com alguns condicionamentos, uma vez que junto da igreja não há espaço e os terrenos disponíveis não estão à venda, se bem que ainda estamos a tentar interceder junto dos respectivos proprietários. Em último recurso faremos jun-to do cemitério, será uma obra maior, com maior investimento para que seja possível a realização de uma celebração no caso das cerimónias religiosas. O projecto já está a ser ultimado na câmara e gostaríamos que fosse uma realidade durante este man-dato. Pretendemos reactivar a nossa Associação Desportiva que está desactivada há mais dum ano, estamos a tentar arranjar alguém para a direcção e, esperamos criar um espaço público com jardins, dar mais utilidade ao campo de futebol, gos-taríamos de reactivar o espaço com outras valências, com circuitos pedestres, de manutenção, de bicicleta… Se não conseguirmos arranjar um dirigente para a asso-ciação, a junta avançará com o projecto. Para dinamizar a nossa economia temos ainda um projecto intitulado: Núcleo do Pão. O objectivo é recuperar um moinho an-tigo para trazer as crianças das escolas a conhecer o ciclo tradicional do pão e para incentivar o turismo, mexendo um pouco com a nossa pequena economia! Temos bons artesãos, duas senhoras que fazem umas delícias de pão, broas e compotas, assim sendo estarão todas as condições reunidas.”

Freixo uma freguesia jovem“A nossa freguesia não se pode dizer que seja envelhecida, temos muitos jovens. E, grande parte da população está a concentrar-se na Quinta da Povoação, que é uma urbanização grande. As pessoas que vêm são de fora da freguesia, mas são todos casais jovens. Assim, no geral somos uma freguesia jovem. A Escola de Arqueologia traz também muita gente, há alguns estudantes desta região, mas a maior parte são alunos que vêm de fora. Temos vários estudantes alojados por aqui, mas só conse-guimos dar resposta porque as pessoas da freguesia já começam a alugar quartos e casas com essa finalidade, o que tem sido uma grande ajuda.”

Fatias do Freixo e Ruínas de Tongobriga convidam à visita“Ao nível da doçaria, as nossas fatias do Freixo e as cavacas são muito concei-tuadas a nível nacional. A Estação Arqueológica do Freixo comemora 30 anos este ano e é a responsável administrativa pela investigação e manutenção das ruínas da Cidade de Tongobriga. Cada vez vai tendo mais visitantes. Porque esta é uma área classificada com 50ha, o que inviabiliza a construção, à par-tida há que pessoas vêem isto como um entrave ao desenvolvimento. Neste momento, estamos a promover visitas às ruínas da própria população. Uma vez por mês vamos tentar envolver a população oferecendo as entradas para desmistificar e esclarecer o que são estas ruínas e o que representaram para o povo romano. A Associação dos Amigos de Tongobriga está a desenvolver uma série de actividades das quais somos parceiros. Realizar-se-ão conferên-cias de leituras contemporâneas que Tongobriga propicia com a presença de grandes nomes em diversas actividades a nível nacional, que virão reflectir e no fundo chamar à atenção para o que representa Tongobriga actualmente, o que foi preservado do tempo da ocupação romana e todas as interpretações que dai advêm nas mais variadas áreas. É um tentar desenvolver a freguesia lentamente porque o dinheiro é escasso e às vezes a própria mentalidade das pessoas também tem que ser moldada devagar, para se tentar levar este barco a bom porto.”

Tempo de “arrumar a casa”“Já começamos algumas obras, colocamos os móveis e o que faltava para terminar a requalificação do interior da sede da junta de freguesia; Iniciamos uma obra muito necessária, que não foi possível começar no anterior mandato, que se trata da conclusão dos passeios na Quinta da Povoação, pois foi uma urbanização aprovada há 10 anos sem as estruturas necessárias. Tivemos o apoio da Câmara fazendo um protocolo em que nos cedeu uma ajuda de 5 mil euros, não é o valor suficiente, mas já foi uma grande ajuda.”

A favor da Reforma Administrativa“A reforma administrativa seria a opção mais necessária e vantajosa, porque mesmo estando perto do Porto, acabamos por estar muito distantes. Para certas coisas consideram-nos litoral e para o restante consideram-nos interior. Ou seja, acabamos por estar num meio-termo em que somos bastante prejudicados. Por exemplo, a Escola Profissional de Arqueologia, que é única no país, esteve agen-dada num PIDDAC já há muito tempo, mas como é interior, nada veio. O Marco de Canaveses está praticamente esquecido pelos governantes de Lisboa, nesse aspecto, obviamente que queremos a regionalização para termos alguém mais perto a lutar por aquilo que é nosso e que merecemos, mas há que aguardar. É frustrante ver que se fazem obras por todo o lado, e para o Marco não sai nem um euro, e não saindo, o Freixo é logo prejudicado. A Escola conta com 100 alunos e é muito necessária. Alunos e professores vão-se tentando adaptar com o que têm, mas não têm as instalações necessárias e, consequentemente não podem receber mais alunos… Neste cantinho, acabamos por nos sentir isolados.”

Futurologia ‘aplicada’ à freguesia“Gostava de ver o Freixo com saneamento, com a água, com a Escola Profissio-nal construída e com a Estação Arqueológica a funcionar a cem por cento, com muitos turistas, com o povo do Freixo a recepcioná-los muito bem. Eram estes os meus desejos para a freguesia de Freixo.”

Membros do Executivo: Albertina Pinto, Luísa Sousa e António Mendes

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Junta de Freguesia

Ariz

Ariz: perfeita harmonia entre a natureza, a hospitalidade

e o desenvolvimento

“Estou ao serviço desta freguesia desde 1993, altura em que entrei como secretário. Passado cerca de um ano e meio, fiquei interinamen-te como presidente. Nas eleições seguintes, concorri como candidato a presidente e aqui estou no meu quarto e último mandato, de acordo com a lei…”

Sendo este o último mandato que exercerá, devido ao impositivo legal, que freguesia de Ariz gostaria de ver daqui por quatro anos?Joaquim Oliveira (JO) – Apesar de a freguesia já apresentar alguns índices de desenvolvimento, sobretudo se a enquadrarmos no contexto geográfico e socioeconómico envolvente, estou convicto de que, no final do presente mandato, todos concordarão que teremos uma freguesia de Ariz melhor. No meu programa eleitoral, figuravam três eixos fundamentais: a implantação de um banco, o que já se concretizou, indo ao encontro a uma pretensão da população, que há 20 anos vinha reclamando uma dependência bancá-ria mais próxima. Nesse sentido, encetámos várias demarches no sentido de o assegurar e, fruto da nossa insistência e da colaboração do actual presidente da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, aproveitámos o facto de o Banif estar a celebrar parcerias com as juntas de freguesia. E de um edifício, ainda em tijolo, destinado a constituir a actual sede da Junta de Freguesia de Ariz, conseguimos em 20 dias inaugurar a Sede da Junta (12 de Setembro de 2010) e a dependência bancária no dia 26 de Abril de 2010. O outro grande objectivo consiste em transformar o actual centro de saúde numa Unidade de Saúde Familiar (USF). Fruto da solidariedade do grupo de proprietários do edifício que tiveram a generosidade de o doar

Pontos de interesse

“Em termos históricos, apesar da conotação negativa, temos uma forca, parcialmente destruída pelo vandalismo de certas pessoas e que parece nunca ter sido utilizada, tendo constituído mais um factor de dissuasão para determinados comportamentos desviantes. Fomos sede de conce-lho judicial de Bem-Viver. Como argumentos justificadores de uma visi-ta, devo frisar que esta é uma freguesia muito acolhedora, temos feiras quinzenais, realizamos no segundo fim-de-semana de Setembro uma fei-ra de artesanato, com expositores de todo o país, que chama aqui muita gente. Temos em Maio, a Festa do Maio, em honra de Santa Eulália, que também anima e cativa muita gente. Paralelamente, gostaríamos de ver restaurados alguns focos de interesse dispersos pela freguesia, sendo que nos deparamos com o problema de estarem em propriedade privada. Refiro-me nomeadamente ao mini castelo e à casa senhorial do Conde de Ariz, dotada de 24 quartos, entre outros pontos de particular interesse que, com uma câmara municipal dotada de melhores condições financei-ras, seria interessante reabilitar e constituir como parte itinerante de um roteiro turístico.”

Joaquim Oliveira, Presidente da JF Ariz

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à ARS, faltando realizar alguns reajustamentos para que o mesmo possa albergar uma infra-estrutura desse tipo. Trata-se de um serviço que também constitui um antigo anseio da população, uma vez que o actual posto mé-dico dispõe de parcos recursos humanos e funciona com poucos médicos para um universo de cerca de 10 mil utentes, servindo cinco freguesias mais duas parcialmente. Fico muito contente por saber que, brevemente, entrará em obras, entrando em funcionamento lá para o final do Verão como USF, possibilitando que toda a gente disponha de um médico de família. Dos três eixos, aquele que acredito irá revolucionar a vida da freguesia corres-ponde à construção de uma Escola Básica Integrada, já aprovada na Carta Educativa do município e pelo Ministério da Educação. Temos terrenos na confluência de três freguesias e falta apenas o capital…

Daqui por quatro anos, apesar de ver reconhecido o seu trabalho, terá que deixar o cargo… Como avalia o facto de terem sido deputados da Assembleia da República a votarem uma lei que não se aplica a eles próprios?JO – Antes de mais, devo dizer que não estou nem pretendo estar agarrado ao poder. E, face à obra realizada, já teria saído tranquilo no final do último

mandato. Agora, não me parece legítimo limitar a decisão, que deve ser verdadeiramente livre, do povo. E temos exemplos até de presidentes de câmara que, com alguma surpresa, nas últimas eleições, apesar de ocupa-rem os cargos há vários mandatos, perderam… O povo é que decide onde pretende colocar a cruzinha… Embora considere que ninguém deve estar agarrado ao poder, sou contra esse tipo de limitações.

Quais são as maiores limitações com que se depara ao gerir uma au-tarquia como esta?JO – Creio que devíamos poder candidatar-nos directamente a determina-das obras cuja adjudicação depende do Governo. Não podendo fazê-lo, temos que recorrer às câmaras municipais. No caso particular do Marco de Canaveses, devido à má gestão que fixou do ex-presidente, Avelino Ferreira Torres, existe actualmente um enorme buraco financeiro e vão aparecendo sucessivamente novas coisas, entre as quais contas de juntas de freguesia que ninguém consegue perceber muito bem de onde vêm nem que obras as justificam… Uma câmara municipal que tem que pagar, devido a essas dívidas, 400 mil euros por mês… é complicado. Isso dava para fazer aqui um pavilhão gimnodesportivo para a juventude…

No entanto, é junto do presidente de junta que a população reclama…JO – Exactamente! Qualquer obra, qualquer metro de saneamento, qual-quer pavimentação, é junto do presidente da junta e não do da câmara que reclamam. Nós é que “damos o peito às balas”… Mas vamos tentando, junto da câmara, resolver esse tipo de situações e a verdade é que temos conseguido fazer alguma obra.

Quais são os mecanismos de financiamento que esta Junta de Fregue-sia dispõe para a elaboração do seu orçamento?JO – Através dos FFF, temos um orçamento que ronda os 30 mil euros. As receitas dos mercados e feiras garantem-nos mais 5 a 6 mil euros anuais e a isso poderá ou não somar-se alguma receita proveniente do cemitério.

Para o munícipe ter uma ideia, o que dá para fazer com esse orça-mento?JO – Se não for através de ajudas da Câmara, não dá para fazer nada… Nós temos a manutenção das escolas, temos pequenas obras, recuperações e reabilitações e o dinheiro esgota-se muito rapidamente. Posso dizer-lhe que o executivo abdica normalmente das devidas compensações que lhe assistem por direito e que para mais não contribuiriam senão para fazer face a ajudas de custo…

O presidente reclama a criação de uma figura jurídica que permitisse à junta de freguesia candidatar-se a financiamentos do Poder Central para a realização de determinadas obras… Em que medida poderia uma nova divisão administrativa do território, através de um processo de regionalização, aproximar os centros de decisão do Poder Local?JO – Uma medida como essa seria certamente muito benéfica para as jun-tas de freguesia. Através da criação de regiões e da correspondente delega-ção de uma maior autonomia, os centros de decisão seriam mais próximos, muito menos centralizados e permitiria um aproveitamento mais eficaz e pragmático dos recursos do Estado, que assim seriam investidos mais de acordo com as necessidades de cada território.

Para quem não conhece Ariz, como caracteriza a freguesia cujos des-tinos políticos lidera?JO – Ariz é uma freguesia que cativa quem vem para cá. Posso dizer-lhe que quem o faz não sai mais… Tem quase tudo. Garante qualidade de vida, tem uma vasta área natural, tem comércio e serviços.

Actividades promovidas

“Aproveitando esta nova sede da Junta de Freguesia, que está aberta à po-pulação para todo o tipo de eventos que pretenda promover, realizámos re-centemente uma Feira do Livro, que durou uma semana e teve uma adesão muito significativa. Por isso, pretendemos dar continuidade e desenvolver nos próximos anos. Ao nível da juventude, com a construção da EBI, irá ser construído um pavilhão, que será aberto à utilização da população e que aproveitaremos para promovermos diversas actividades que temos em men-te. Anualmente, organizamos uma festa de Carnaval que é talvez a melhor do concelho, tal como a Feira do Artesanato. Paralelamente, colaboramos com as instituições locais, nomeadamente a Cruz Vermelha e o Clube Desportivo da Feira Nova.”

Acção Social

“ A acção social representa para este executivo uma prioridade. Apesar das nossas limitações no que concerne a recursos técnicos e financeiros, sem-pre que detectamos algum problema, referenciamos e encaminhamos para os serviços competentes da Câmara. Se for necessário auxiliar algum idoso, contamos com o precioso serviço da Cruz Vermelha que presta apoio domi-ciliário.”

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Junta de Freguesia

Sobretâmega

Políticas centradas no cidadão

“A nossa prioridade foi e será, sempre, as pessoas: instituciona-lizámos o Passeio Sénior e Actividades de Tempos Livres (ATL), auxiliamos as actividades das escolas, nomeadamente os pas-seios escolares, equipámos com material didáctico e de apoio as nossas escolas … Mas também inovamos ao concebermos candi-daturas que beneficiem a freguesia e as suas pessoas…” Trata-se do seu segundo mandato na liderança da Junta de Fre-guesia de Sobretâmega… Enquanto autarca no feminino, que ba-lanço faz destes quatro anos e meio exercício?Gorete Babo (GB) – No que concerne ao mandato anterior, analiso-o positivamente… Conseguimos executar as propostas que tínhamos apresentado para o primeiro mandato, à excepção da abertura do centro de dia, algo em que ainda se está a trabalhar, mas a verda-de é que também conseguimos fazer outras coisas que não estavam previstas, nomeadamente a construção de 2 parques infantis, a to-ponímia da freguesia, as obras de beneficiação do parque escolar, entre outras. Relativamente ao início do actual mandato, confesso que ainda é muito cedo para falar…

Que legado considera ter deixado no mandato anterior?GB – A principal obra que aconteceu na freguesia de Sobretâmega e que é visível aos olhos de todos não foi propriamente da responsa-bilidade da Junta de Freguesia mas da Câmara Municipal. Trata-se do Parque Fluvial do Tâmega, em que a Junta de Freguesia interveio no sentido em que, desde que o executivo da Câmara tomou posse, pressionou para que esta infra-estrutura fosse uma realidade, falan-do constantemente com o Sr. presidente da Câmara sobre o assunto e acompanhando o processo, nomeadamente em reuniões junto do Poder Central que visavam a recuperação de uma candidatura que estava na gaveta desde o Verão de 2003. Foi preciso recuperar essa

candidatura, entre outras que o presidente Manuel Moreira conseguiu recuperar, no âmbito da Associação de Municípios do Baixo Tâmega. Depois, fomos pressionando para que o Parque de Merendas, o Par-que Infantil e o circuito de manutenção fossem igualmente realidades. Quanto a obras da Junta de Freguesia, salientaria a capela mortuária, a construção dos parques infantis, as obras de beneficiação do cemi-tério e do Centro Escolar, bem como alguns calcetamentos… mas a nossa prioridade foram as pessoas e a este nível institucionalizámos o passeio sénior, temos auxiliado as escolas ao nível de equipamen-tos, pagámos vários passeios escolares, organizámos actividades de tempos livres orientadas, colocámos recuperadores de calor nos jar-dins-de-infância… Relativamente à vertente de intervenção de índole mais social, saliento o apoio que temos concedido ao Centro Esco-lar de Sobretâmega, quer ao jardim-de-infância quer à escola básica do primeiro ciclo. Neste momento, estamos a trabalhar no sentido de colmatar a lacuna ditada pela inexistência do centro de dia, que con-tamos tornar uma realidade durante o actual mandato.

Quais são os principais projectos que mediarão o presente man-dato?GB – Pretendemos alargar as instalações que servem a Junta de Fre-guesia, para que passem a albergar o centro de dia e o salão paroquial. Com a subida da água do Tâmega, apesar de termos actividades náu-ticas, não temos muita qualidade na água. Como tal, propomo-nos criar uma zona de lazer no afluente do rio Tâmega. Gostaríamos que as pessoas pudessem voltar a usufruir das nossas linhas de água. Temos ainda duas grandes propostas, cuja viabilidade temos vindo a abordar junto da câmara municipal: a possibilidade de abertura de uma creche, em cooperação com uma IPSS, e a classificação da Rua Direita como património de interesse público ou concelhio. Para isso estamos a trabalhar em duas candidaturas, uma que visa a classi-ficação de Sobretâmega como “Aldeia de Portugal” e outra para a abertura de uma creche. O objectivo da primeira é potenciar a fre-guesia como destino turístico e da segunda é apoiar as necessidades das famílias. De resto, pretendemos conferir continuidade ao projecto anterior, desde a continuação das actividades de ATL para as crian-ças, ao apoio às escolas, passando pelo passeio sénior. Digamos que as nossas ambições não são, de forma alguma, inatingíveis. O nosso projecto é perfeitamente realizável, assim nos permitam alguns apoios financeiros, nomeadamente os fundos comunitários.

Gorete Babo, presidente da JF Sobretâmega

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Junta de Freguesia

Rio de Galinhas

“A mulher tem hoje mais participação em todos

os sectores”

“Há mais participação das mulheres na vida política. Diria mesmo que a mulher tem hoje muito mais participação em todos os sectores do que jamais lhe foi consagrado. No caso da política, a imposição legal para a constituição das listas a isso obrigou e entendo que tal acabou por se revelar benéfico”.

A Presidente integra uma minoria, cuja obrigatoriedade de representa-tividade se encontra actualmente consagrada em lei quanto à compo-sição das listas, que é a das mulheres autarcas de Portugal. Como se sente nesse papel?Piedade Moreira (PM) – Não vejo qualquer problema ou diferença apenas devido ao género. Quando me candidatei, nem sequer pensei nisso como eventual foco de conflito, até porque já desempenhei cargos de liderança noutro tipo de instituições, como a escola onde trabalho e sempre fui bem sucedida. A par disso, não me sinto um caso isolado porque, no Marco de Canaveses, existem várias mulheres a presidir juntas de freguesia.

É comum afirmar-se que as mulheres são melhores gestoras… É uma vantagem?PM – Concordo… (risos). Reconheço que, pelo menos neste início de man-dato, não será fácil promover grandes alterações mas constato que exis-tem áreas que urgem mudar radicalmente. No entanto, apesar de situações pontuais, sinto que já mudei algumas coisas e o facto de ser mulher e de constatar que determinados rumos não poderiam continuar ajudou.

Parece-lhe que está a mudar o paradigma até há bem pouco tempo reinante em Portugal?PM – Creio que sim. Há mais participação das mulheres na vida política. Diria mesmo que a mulher tem hoje muito mais participação em todos os sectores do que jamais lhe foi consagrado. No caso da política, a imposição legal para a constituição das listas a isso obrigou e entendo que tal acabou por se revelar benéfico. Tomando como exemplo a minha lista, obtive mais rapidamente respostas positivas aos convites que enderecei a mulheres do que a homens, que se revelavam numa primeira fase mais indecisos… E se mais mulheres quiséssemos ter para compor a lista, mais teríamos…

De que forma pretende marcar a diferença ao longo dos quatro anos de mandato?PM – Quando nos candidatámos, mostrámos à população de Rio de Gali-nhas que éramos uma equipa com vontade de servir. Eu já tinha estado cá e sei que demonstrei atributos como a vontade de trabalhar, a humildade e a honestidade. Sabemos que este tipo de trabalho encontra inúmeras barrei-ras face à escassez de recursos. A autarquia vai ajudando mas não é fácil. Neste primeiro ano, entendemos como primordial equilibrar as contas. Pelo que vou vendo e ouvindo a partir das outras juntas do concelho, a nossa situação até nem é das piores a esse nível mas sabemos que devemos ter cautela este ano, pelo menos não nos lançando em grandes projectos por-que é realmente necessário equilibrar as contas, sobretudo numa altura em

Piedade Moreira, presidente da JF Rio de Galinhas

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que é previsível a redução das transferências de verbas para as autarquias. De qualquer forma, estaremos bastante atentos às necessárias requalifica-ções e reabilitações.

No entanto, a população exige…PM – As pessoas são naturalmente queixosas. Por vezes, até reclamam perante coisas que não têm muito a ver com as competências da Junta. Mas tentamos ajudar e, mesmo que não seja da nossa competência, procu-ramos soluções, encaminhando-as para os locais próprios. É para isso que aqui estamos, para ajudar e servir a população. Aliás, durante a campanha, não fizemos promessas…

E por que terá o povo manifestado um voto de confiança, traduzido mesmo numa alteração da cor política da Junta de Freguesia de Rio de Galinhas, algo que não acontecia há já alguns mandatos?PM – Creio que o facto de ser conhecida no seio da população local prestou um grande contributo. Vivo cá há 59 anos, apenas estive ausente durante o meu tempo de estudante e participo na vida comunitária. Não apareci só para as eleições nem apenas para pedir votos…

Esse passado ligado à freguesia coloca-a então numa situação privi-legiada para nos traçar um diagnóstico das carências que a mesma apresenta…PM – Neste momento de grande contenção económica e financeira, pen-so que não temos condições para pedirmos para a freguesia mais do que aquilo que está previsto em sede de magro orçamento e, por isso, seria uma grande satisfação conseguirmos pelo menos a construção de um parque desportivo. É claro que a concretização do sonho de edificação de uma nova Escola Básica Integrada, consagrada na Carta Educativa, capaz de albergar um pavilhão gimnodesportivo, resolveria esta questão. Mas infe-lizmente, tenho que colocar um grande ponto de interrogação sobre essa promessa, apesar de a Escola EB 2/3 do Agrupamento do Marco de Cana-veses estar sobrelotada. Face à situação em que se encontra o país vejo essa possibilidade muito remota. Ficaríamos para já satisfeitos com um recinto desportivo ao ar livre. A centralidade a alguns equipamentos que servem o concelho, nomeadamente no sector da saúde, dá-nos alguma vantagem face a freguesias mais periféricas, o que não nos pode prejudicar na distribuição dos recursos que queremos equitativa e feita em função das necessidades das populações.

Esta freguesia tem muitos jovens?PM – Sim, tem muitos jovens, que não têm qualquer recinto para praticarem actividades físicas saudáveis. Já tivemos um recinto, que se encontra com-pletamente degradado e que pertence à Câmara. Vendê-lo ou reabilitá-lo poderiam ser soluções. Espaços temos… O aumento e o envelhecimento da nossa população, como acontece um pouco por todo o país, obrigar-me-á a equacionar uma solução para o cemitério que tem que ser ampliado.

Com essas duas obras já se sentiria satisfeita no final do mandato?PM – Sim, parcialmente satisfeita. Sei bem que outras ambições guiarão a acção da Junta. Estou muito atenta às lacunas que temos em matéria

de educação e tenho em mente a implementação de projectos no plano cultural.

Com que orçamento vive anualmente esta Junta?PM – Orçamentado, neste momento, temos 159 mil euros, mas a verdade é que as receitas nunca chegam… Temos 1648 recenseados, as escolas, os jardins-de-infância e a EB 1 estão dependentes da Junta… Felizmente, te-mos feito tudo o que as escolas nos têm pedido e isso é um esforço grande para qual, também é certo, a Câmara Municipal contribui com uma verba de 400 euros anuais por sala de aula.

A presidente esteve na Junta durante o mandato do anterior executi-vo da Câmara Municipal do Marco de Canaveses, liderada por Avelino Ferreira Torres, sendo que, actualmente, é Manuel Moreira que gere a autarquia. Que grandes diferenças encontra entre o passado e o pre-sente da autarquia?PM – São sobretudo diferenças que se reportam a estilos de governação e a tempos de exercício de poder. Vivemos hoje, estou consciente, num novo paradigma de exercício de poder, em qualquer plano hierárquico. Basta para tanto que se tenha em conta que, de momento, os mandatos dos autarcas estão limitados. E é por isso que não é linear nem objectivo fazermos qualquer comparação. À parte disso, o actual presidente demonstra uma grande aber-tura com todas as juntas de freguesia, não colocando qualquer entrave, seja ela de uma cor política ou de outra. E o antigo presidente, com o seu estilo muito próprio, foi sempre determinado. Mas para mim, neste desiderato temporal, o que importa é salvaguardar os interesses de Rio de Galinhas. E nessa matéria, entre o anterior e o actual presidente, temos “contas a ajustar” que se reportam à aplicação, para nós injusta, da tributação sobre os resíduos sólidos urbanos. Recebemos apenas uma pequena parte do que deveríamos receber em con-sequência de uma decisão tomada pela gestão do anterior presidente. Espero agora que o Dr. Manuel Moreira seja sensível a este problema e que o corrija.

Estamos no Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social e, numa altura de crise, quem “dá o peito às balas” são os presidentes de junta. Que posição ocupa a acção na lista de prioridades do executivo que lidera?PM – Na área da acção social, temos um parceiro de eleição, que é o centro de saúde, que conta com uma assistente social. Por norma, sinalizamos e identificamos casos que carecem de auxílio e tentamos procurar soluções em rede com os parceiros sociais existentes no município. Felizmente, te-mos encontrado respostas muito positivas. Temos também contado com o apoio da CPCJ – Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, organismo tutelado pela Câmara Municipal.

Actividades

“A Junta de Freguesia de Rio de Galinhas promove anualmente um passeio com os idosos. Existe aqui uma associação ligada à paróquia, a Associação Alegria de Crescer, que está empenhada na concretização de um projecto relacionado com a construção de uma biblioteca, de um centro para idosos e de um ATL. Paralelamente, vamos auxiliando na promoção de algumas festas de convívio para a população.”

A Freguesia daqui por quatro anos“Como afirmei, não fizemos qualquer promessa durante a campanha. Apenas nos comprometemos a acompanhar os projectos que a Câmara Municipal tinha para a freguesia, entre os quais um projecto cultural que consiste na instalação do Centro Cultural do Marco de Canaveses na Casa dos Arcos, dotado do Museu Cármen Miranda, de um auditório, de um espaço da juven-tude e de um anfiteatro ao ar livre. Pretendemos igualmente acompanhar o projecto de construção da Escola EB 2/3 e a electrificação da linha ferroviária Caíde / Marco, a par da requalificação do lugar da estação, onde está prevista a construção de um terminal de camionagem. Sublinho que muita da acção da Junta é de difícil visibilidade, embora tradutora de muito trabalho. Em par-ceria com a Câmara Municipal, construímos já as paragens dos autocarros, o que é visível, mas sobretudo mantivemos as infra-estruturas de base em funcionamento, muitas delas reabilitadas.”

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Junta de Freguesia

Maureles

Maureles: a pequenacapital da união

“Por mais que se defenda a regionalização, não creio que o pro-cesso se faça algum dia em toda a sua plenitude. Haverá sempre Lisboa primeiro e Porto depois…”

Sendo um jovem com 32 anos, o que o moveu para este desafio de liderar uma junta de freguesia?Vítor Pinto (VP) – É curioso… Eu nasci em França e apenas vivo cá há

oito anos, pelo que nunca me tinha passado pela cabeça candidatar-

me à presidência da Junta de Freguesia de Maureles. Lançaram-me o apelo e o desafio e, depois de ponderar, acabei por abraçar o projecto. Correu tudo bem e acabei por ganhar as eleições, também porque considerava que, apesar de pequena, a freguesia merecia outro tipo de rumo e de desenvolvimento que não aquele que marcara o seu passado. O que me move neste momento é a vontade de trabalhar para melhorar as condições de vida dos habitantes de Maureles.

E como avalia a herança legada do anterior executivo?VP - Foi simpática… Mesmo a nível financeiro estava tudo equilibrado. Numa freguesia onde toda a gente é amiga, o anterior presidente não foge à regra e disponibilizou-se de imediato para me ajudar no que fosse preciso, o que fiz até porque estas lides eram novas para mim. Com a ajuda dos anteriores presidentes e dos próprios habitantes va-mos tentando fazer as coisas da melhor maneira.

Que obras se propõe concretizar ao longo do actual mandato?VP – Depois de já termos construído duas paragens de autocarro, te-mos mais duas para finalizar. Temos uma estrada, cujo alargamento foi projectado pelo anterior executivo, que provisoriamente reabilitámos, colocando materiais no sentido de evitar que durante o Inverno seja afectada pela lama e durante o Verão pelo pó mas cuja pavimentação gostaria de ver definitivamente resolvida com o auxílio da Câmara Mu-nicipal do Marco de Canaveses. Junto à igreja, que foi recentemente

A limitação de mandatos dos autarcas

“Entendo que a limitação de mandatos dos autarcas, por um lado, acabará por gerar efeitos negativos, uma vez que não confere liberdade nem à popu-lação nem à pessoa que poderia pretender legitimamente recandidatar-se. E se a população vota durante anos no mesmo candidato é porque enten-de que o trabalho que este realiza o merece. Agora, também entendo que demasiados anos à frente de qualquer cargo são, por vezes, factores que inibem o dinamismo e a vontade de mostrar trabalho, características que normalmente associamos às pessoas mais jovens ou novas nos cargos. De qualquer modo, este é o meu primeiro ano e creio que ao fim de 12 anos, que pretendo que traduzam um trabalho de equipa, e as expectativas e neces-sidades da população, estarei disponível para aceitar uma mudança. Mas a verdade é que a população poderá, nessa altura, considerar que deveria ser eu a continuar…”

Vítor Pinto, presidente da JF Maureles

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renovada, gostaríamos de ajudar a Comissão Fabriqueira a construir um parque infantil. Um projecto que gostaria especialmente de con-cretizar – mas que se afigura complicado face à inexistência de terre-nos pertença da junta - era a construção de uma sala de convívio para as pessoas e colectividades da freguesia. Depois, existem aquelas situações do dia-a-dia a que vamos tentando responder. É a sina de uma freguesia pequena: solicitação após solicitação, procuramos res-ponder para ajudar e melhorar o dia-a-dia dos fregueses… Quanto a projectos de grande envergadura, tomara eu mas… só com a co-laboração da Câmara… Toda a gente fala na água e no saneamento mas não é nada fácil. A cobertura de água é nula na freguesia, o sa-neamento é quase inexistente… Por isso, continuo a dizer que o mais importante é o que está ao alcance do executivo que lidero, ou seja, tentar ajudar as pessoas no dia-a-dia, sempre que cheguem a nós com um problema em mãos.

Como caracteriza a população de Maureles?VP – Antes de mais, diria que a população de Maureles é muito unida. Tem vindo a aumentar e a freguesia só não é ainda mais habitada porque o PDM não permite mais construção em determinadas zonas e porque algumas famílias não pretendem vender os seus terrenos. Temos uma escola e jardim-de-infância com cerca de 60 crianças, temos o Rancho Folclórico de Maureles que recentemente festejou os 50 anos de existência, temos futebol, vai ser criada uma associação de jovens… Apesar de pequena, é uma freguesia com vida e, sempre que acontece algo, toda a gente participa… Orgulho-me por pertencer a uma freguesia assim, tão unida e solidária!

Como caracteriza as relações institucionais com uma câmara

municipal como a do Marco, tão endividada e que tem, no entan-

to, que delegar competências nas juntas?

VP – Muito sinceramente, mesmo conhecendo as dificuldades que

atravessa a Câmara, o que posso dizer é que todas as solicitações

que tenho feito têm sido correspondidas. Quanto a delegações de

competências, recebemos 400 euros anuais por cada sala de aulas da

escola, o que se torna algo complicado uma vez que temos que acar-

retar com todas as despesas da mesma. Trata-se da infra-estrutura de

gestão mais complicada… Mas fruto do empenho dos encarregados

de educação e dos professores, que vão organizando eventos, vamos

conseguindo fazer face às situações mais prementes.

Regionalização

“Por mais que se defenda a regionalização, não creio que o processo se faça algum dia em toda a sua plenitude. Haverá sempre Lisboa primeiro e Porto depois… As pessoas que estão no Poder deviam mas acabam por nunca dar grande importância às freguesias… A freguesia dá à câmara, esta dá ao distrito… vai-se afunilando até chegarmos ao país e ao Poder Central… Uma reforma devia aproximar mais as decisões dos territórios e das popu-lações. Pessoas como eu, presidente de uma junta de freguesia, ainda por cima pequena, como hão-de chegar até um Primeiro-Ministro e reivindicar seja o que for?”

Mensagem do Presidente

“Durante o período de campanha eleitoral, fui claro ao afirmar perante a população que não faria qualquer tipo de promessas. Sabia que não teria capacidade financeira para grandes voos. O que posso prometer é ajudar as pessoas, no limite das minhas capacidades, no seu dia-a-dia e potenciar as sinergias resultantes da parceria da Câmara Municipal do Marco de Canave-ses com a Junta de Freguesia de Maureles em benefício do desenvolvimento da nossa freguesia e da qualidade de vida da população”.

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Junta de Freguesia

Favões

“Temos um défice no

acolhimento dos nossos idosos”

“Cada vez estamos mais limitados em contratar, porque temos que cumprir determinados requisitos legais que só por base de contratação é que o pode-mos fazer. Quando fazemos conta ao FFF para meio ano, ficamos sem verbas para efectuar o que quer que seja. Esta é uma junta de freguesia não tem condições para pagar um único vencimento mensal.”

O Hino Nacional canta “Nobre povo, Nação Valente, Imortal”. É preciso ser valente para estar à frente de uma freguesia onde não existem competências, poderes e verbas? Como é ser presidente de freguesia em Favões?Joaquim Sousa (JS) – É muito difícil porque cada vez mais as pessoas são mais exigentes e como estamos mais limitados a nível financeiro, não podemos satisfa-zer todos os pedidos que nos fazem, uma vez que as pessoas procuram-nos para todos os assuntos. É por isso que cada vez mais as juntas têm que estar abertas o dia todo, independentemente da dimensão da freguesia. As pessoas habituaram-se a ter a freguesia como o elo mais próximo, quando pretendem reivindicar as suas necessidades para interceder junto da câmara municipal, vêm junto do exe-cutivo da junta para que a voz deles possa estar mais próxima do poder local. Portanto, é complicado. Sentimo-nos com muitas dificuldades para satisfazer os pedidos dos fregueses. Na freguesia, não temos condições para estarmos a tem-po inteiro, por isso eu e o secretário, abdicamos da compensação para que diaria-mente esteja uma funcionária no atendimento ao público, a meio tempo.

Ou seja, é o lugar da democracia pela proximidade ao cidadão, mas o FFF, não se traduz em Fado, Fátima e Futebol, mas em Fundo de Financiamento das Freguesias. Isto é um fundo de financiamento ou uma esmola que se dá às freguesias?JS – É uma esmola, porque com 25/26 mil euros ano, quando temos de reparar uma calçada, substituir uns depósitos de água, porque temos vários fontanários na freguesia, que são abastecidos por duas captações de água – um furo e um poço fica tudo mais difícil. Recentemente, tivemos que fazer a aquisição de dois depósitos em aço inoxidável para não haver desperdício de água no Verão e, é com o FFF que temos que fazer essa obra, assim como a limpeza das ruas e caminhos da freguesia, que têm de ter uma dignidade máxima.

É portanto um executivo que também pega na enxada e na vassoura e, que anda a limpar e a resolver os problemas que competiriam não aos órgãos eleitos, mas aos funcionários que não têm hipótese de contratar…?JS – Exactamente. E cada vez estamos mais limitados em contratar, porque temos que cumprir determinados requisitos legais que só por base de contratação é que o podemos fazer. Quando fazemos conta ao FFF para meio ano, ficamos sem verbas para efectuar o que quer que seja. Antigamente, ainda podíamos recorrer a ordens de pagamento, recibos verdes, agora não, pois o Governo não nos autoriza este tipo de trabalho. Uma junta de freguesia não tem condições para pagar um único vencimento mensal.

Afinal isto é uma Junta de Freguesia ou uma Loja do Cidadão?JS – Provavelmente será mais uma Loja do Cidadão, porque a nossa porta está sempre aberta para tudo.

O que leva um homem da terra a dedicar-se à função de presidente de junta, que abdica da sua compensação para contratar alguém que ajude a fregue-sia? No fundo, o que leva um cidadão a dedicar-se a uma causa não remu-nerada?

JS – É o amor à terra, à causa e ao povo! Quando estamos fora, achamos que fa-ríamos melhor do que quem está no poder. Entretanto quando somos submetidos a esta responsabilidade, a este teste… é diferente. Devemos trabalhar por amor à terra, à causa e ao povo. Para valorizarmos ao máximo o nosso povo de Favões. Para que haja igualdade no comparativo às outras freguesias.

Esta democracia de proximidade leva o presidente a passear na rua de cara levantada?JS – Sem dúvida nenhuma. Antes, agora e depois de ser presidente da junta de freguesia, com a mesma cara, com o mesmo respeito pelas pessoas, sem qual-quer problema.

Na defesa dos seus cidadãos faz-se ouvir na Câmara Municipal? Como são as relações?JS – Temos um bom relacionamento, mas quando tenho que me exaltar, exalto. Há um bom relacionamento, mas a minha voz tem que se fazer ouvir quando há necessidade. Nas aprovações de orçamentos o meu voto tem que igualmente ser ouvido, tal como o das freguesias maiores. Por isso, temos os mesmos direitos.

Mais de 30 anos passados sobre o 25 de Abril, que restituiu ao povo a pos-sibilidade de eleger o seu representante de junta de freguesia e de câmara Municipal. Como comenta a ideia dos presidentes de junta não se poderem recandidatar, apesar do povo querer que sejam eles os seus eleitos?JS – Vejo como uma limitação de vontade dos fregueses por parte do poder cen-tral, pois se a população está satisfeita, fica sujeita a uma lei restritiva na hora de premiar os seus representantes. Os fregueses não podem escolher quem efecti-vamente desejam.

Entre passado, presente e futuro, o que é e o que vai ser Favões, como pre-sidente que análise faz?JS – Houve algumas pavimentações. A Casa Mortuária foi um equipamento fun-damental para a freguesia. Para que o poder local possa vir a ter mais dignidade estamos a construir a futura sede da junta de freguesia, que era um equipamento antigo que estava abandonado e que estamos a recuperar. Criamos a heráldica, pois não existia sequer o brasão. Enquanto necessidade faltam-nos equipamentos de apoio à terceira idade: um centro de convívio ou um centro social e paroquial, que considero fundamental para os nossos idosos. Na freguesia, há uma tendência para o envelhecimento e, como os filhos obrigatoriamente trabalham, não têm condições para tomar conta dos seus idosos, por isso estes recorreriam a um centro de dia. Portanto, temos um défice de acolhimento dos nossos idosos. O Governo deveria olhar para nós da mesma forma que olha para os grandes centros, porque senão os nossos idosos começam a conviver cada vez mais com a solidão, dado que não são criados os equipamentos devidos. Em termos sociais seria esta a nossa prioridade, um centro de dia com dignidade para acolher bem os idosos. Há que tentar tirá-los ao máximo da solidão. Como na freguesia temos um parque industrial de transformação de granitos e, considero que o nosso Governo deveria analisar melhor a questão das nossas acessibilidades para que a economia local e também a nacional não fossem afectadas. Ou seja, a deslocação da nossa transformação do granito tem que ter uma via mais rápida. Desta feita, considero que a ligação ao IC35 não deveria estar a ser pensada agora, peca pela demora. Para que a nossa indústria tivesse um escoamento mais fácil, temos necessidade de um acesso mais rápido às vias viárias mais rápidas para ligação à A4, por via do IC35. Portanto, o nosso Governo não pode ficar indiferente às nossas necessidades!

Joaquim Sousa, presidente da JF Favões

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CNAF - Confederação Nacional das

Associações de FamíliaApesar de alguns senãos…

“A nova cultura da comunicação trouxe benefícios evidentes

para a família”Como está a família nos dias que correm?Daniel Serrão (DS) – Seja qual for a perspectiva ou a estrutura que atri-buamos à família, esta deve ser observada na sua estrutura mais nuclear e difícil, que é o homem ou a mulher e filhos. Isto nunca será destruído pois, se assim fosse, acabava a humanidade. A ligação de um homem a uma mulher, da qual podem resultar filhos, constitui a base da família desde o Neolítico. Depois, a estrutura da família foi-se complicando com as diferentes culturas e é legítimo afirmar que há crise de alguns modelos culturais de família mas não da família ela própria. Então, o que temos que fazer é analisar a família hoje, que modelo cultural está a enfrentar, que dificuldades ou ameaças esse modelo chamado pós-modernidade acrescenta à estrutura familiar e que respostas podemos dar. É pois no entendimento cultural da família que podemos encontrar soluções. E a cultura mostra hoje muitos tipos de famílias. Antigamente, a família era só o homem, a mulher e os filhos. Se o homem e a mulher fossem infiéis o casamento até era monogâmico. Hoje, as separações acontecem com muita facilidade ou frequência, por vezes existem filhos de um primeiro e de um segundo casal e, face à recomposição da família, tem que se fazer sempre outra família, o que usualmente acarreta dificuldades e problemas. Mas destruir as famílias corresponderá a destruir as próprias condições para a vida em sociedade.

Mas existe efectivamente uma crise de valores na família?DS – Sim, existe uma crise dos valores que sustentaram a família até ao fim desta cultura moderna, em que se entendeu que a família deixou de ser uma estrutura de poder e passou a ser uma estrutura de serviço pres-tado reciprocamente entre os membros da família. Hoje, porque duramos mais tempo, nota-se por exemplo uma importância acrescida da tercei-ra geração, uma vez que a família é muitas vezes constituída por estas três gerações. Agora… há também benefícios inerentes à modernidade! A título de exemplo, a facilidade de podermos contactar com todos os membros da família, com todos os meios, riquíssimos, de comunicação que hoje existem, sem precisamos de estar à mesa. Eu tenho 10 netos e falo com todos eles através da internet e das mensagens. A nova cultura da comunicação trouxe benefícios evidentes para a família. Antigamente, tinha-se um pai em Lisboa, estava-se lá pelo Natal… Agora o pai está em Lisboa e estamos com ele quando queremos… Falamos, telefonamos, vemo-lo no computador, existe uma quase presença física… E isso redo-brou a força da família!

Existe um sentido democrático na família?DS – Claro que tem que existir um sentido democrático. Os membros têm que se respeitar entre si, os filhos, os pais, os irmãos e radicar comple-tamente a violência no seu seio. O maior inimigo da família é a violência inter-familiar. O homem que bate na mulher, os pais que batem nos filhos, os irmãos que batem uns nos outros e que depois vão para a escola fazer bulling. Também temos que lutar contra esse aspecto. A violência física, que gera mortes. Mas também a psicológica.

Em que medida estarão os pais divorciados dos filhos, sobretudo no que concerne à sua vertente educativa?DS – Alguns sim. A vida complicou-se muito. E não é uma questão de pobreza, até porque, por vezes, os pobres educam melhor os filhos do que os ricos. Os ricos têm muito que fazer, o pai vai ter que ir para um lado, a mãe para outro, os filhos para um colégio… E esses jovens chegam aos 15

ou 16 anos e não têm sequer a percepção de que fazem parte de uma fa-mília. E quando não a têm negam a família, “dão cabo de tudo”, vão para a droga, vão para as coisas horríveis. É indispensáveis que, mesmo quando existem meios financeiros, os mesmos sejam utilizados para o benefício da vida intra-familiar, que é o elemento mais importante da educação. Se não há vida intra-familiar, a educação na família faz-se pelos exemplos, gestos, atitudes. Os filhos têm a tendência de tentarem ser iguais aos pais. Esta ligação entre pais e filhos tem que ser hoje reforçada para que a família persista e seja boa.

Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres em Bruxelas reúne-se com a NATO

O dia 24 de Maio foi o escolhido pela Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM) para celebrar o Dia Internacional das Mulheres pela Paz e pelo Desarmamento. No ano em que se assinala o 10º Aniversário da Reso-lução nº 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre “Mulhe-res, Paz e Segurança”, a PpDM, enquanto organização de Direitos Humanos das Mulheres e de promoção da igualdade de género, tem desenvolvido um acompanhamento específico nas questões das mulheres na Paz e na Segu-rança. Portugal é um dos 16 países do mundo que tem um Plano Nacional de Acção para aplicar a Resolução, sobre o qual a PpDM já tomou uma primeira posição, encontrando-se a acompanhar enquanto organização da sociedade civil organizada. Assim, em Bruxelas, a convite da NATO está uma delegação da PpDM para um conjunto de reuniões que terão lugar a 25 de Maio, no quartel-general da Aliança. No período em que a delegação da PpDM vai estar em Bruxelas, vai também participar em vários briefings, especificadamente sobre o novo conceito estratégico da NATO, que deverá ser objecto da Cimeira de Lisboa e, particularmente, sobre o modo como a Aliança vem aplicando a Resolução nº 1325. Haverá, ainda, uma reunião com o Representante Per-manente de Portugal junto da NATO, o Embaixador Manuel Tomás Fernandes Pereira.

Mais informações em www.plataformamulheres.org.pt

Daniel Serrão

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A Família do futuro…

“Uma Família em que o amor e a relação interpessoal

não se vão perder”

Falando-se aqui sobre A Família Hoje considera-se que a família é um conceito com mais passado do que presente?Teresa Costa Macedo (TCM) – Considero que a família é o conceito do futuro… A Família Hoje consiste em configurarmos todas as realidades que a definem, rodeadas por contextos sociais, económicos, culturais e políti-cos e a reacção da própria família a essas realidades. Em suma, a evolução que as famílias vão patenteando mas nunca perdendo, no quadro das mais jovens famílias, este sentido da necessidade de uma relação de afectivida-de. Este apelo das jovens famílias é uma perenidade que tinham perdido e que sentiram que os seus pais deixaram de ter, relativamente ao amor e à fidelidade. São as novas realidades, cientificamente provadas depois dos inquéritos feitos em 2005. Esta família encontra-se hoje em evolução, é verdade, mas é uma família que recupera valores.

Face à anterior perda de valores, que família poderemos esperar no futuro?TCM – Creio que vai ser uma família a recuperar esses valores. Isto está a sentir-se nas sociedades ditas mais evoluídas e progressistas, onde a família começou a perder sentido, onde o próprio Estado atacou a família com ata-ques à defesa da liberdade, aos direitos fundamentais e não descriminação. E foram aqueles que sofreram essa não família que hoje são jovens, ficaram sozinhos, passaram a ser só um, os pais deixaram de ter tempo para eles ou porque trabalham ou porque as suas condições de vida não permitiram

o aprofundamento da relação interpessoal. Porque perderam tudo aquilo que afinal faz parte de um crescimento equilibrado são eles próprios que querem para as suas famílias um sentido de família. Que é o de hoje, com as novas tecnologias, beneficiando das mesmas mas apelando em simultâneo a uma afectividade que os seus pais tinham perdido. Acho que vai ser uma família, diferente com certeza das nossas, mas em que o amor e a relação interpessoal não se vai perder.

Por isso apelou a uma luta militante pela família… Isso passa então pela procura da afectividade, do amor e da solidariedade?TCM – É esse o apelo e também do diálogo família / Estado. De famílias capazes de participarem nas decisões do Estado. Nós não temos ainda em Portugal este hábito de fomentar democracias participativas. Temos uma democracia muito juvenil e penso que também faz parte das nossas obriga-ções de famílias, esta organização, esta capacidade de intervir, de prevenir as ameaças e disfuncionalidades. E prevenir estados interventores, isso é verdade. Mas reitero a minha convicção de que, em termos europeus, aque-les que mais sofreram não terem famílias são os que vão ser melhor família. É curioso que nas sociedades onde não há pão, este parece maior. Partilha-se. Nas sociedades onde há pão mas não há valores a fome ainda é maior. Mas a fome torna as pessoas profundamente egoístas e violentas.

A família é um conceito cristão?TCM – Não. Considero-o um conceito da humanidade, que a funda e a gera. O Cristianismo vai buscar nessa humanidade e nessa geração de humani-dade aquilo que é o grande conceito da relação.

Ainda é precisa coragem para alertar a sociedade para estas crianças que pedem unicamente amor dos pais?TCM – Sim, é precisa coragem. A maior parte das sociedades, dos estados e fundamentalmente dos decisores políticos perderam este grande senti-do de que o amor é fundamental para o crescimento das crianças. Estas não podem crescer sem afectividades, seja na família, seja na escola, seja na sociedade. Essas são sociedades profundamente violentas e laicizadas pela falta do outro, dos valores de caridade e de solidariedade. Essas são realmente sociedades onde as crianças não podem ser felizes.

Por outro lado, ouve-se falar hoje em crianças e jovens em risco…TCM – Exactamente! Desde logo, sociedade é família e se a sociedade não está organizada para prevenir o risco – e o foco deveria incidir precisamente sobre as diferentes prevenções a realizar – não pode assegurar o futuro. Logo, a criança sofre logo uma primeira ameaça, traduzida na própria fa-mília.

Que contribuições poderão ser dadas pelo Poder Local para se inverte-rem algumas dessas ameaças e as transformar em oportunidades?TCM – Penso que é no Poder Local que reside hoje a grande resposta. São os municípios que vão ser capazes de reorganizar, de recuperar os valores e as respostas necessárias da boa governação e da boa intervenção. Se Portugal não tiver essa capacidade, não existirá outra resposta. O Governo Central tem, neste momento, uma incompetência cuja razão não entendo nem explico. Devia ser mais consciente, de maior responsabilidade. Mas não é capaz hoje de responder às expectativas nem às necessidades. Por-tanto, caberá ao Poder Local essa grande missão.

Teresa Costa Macedo

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Comissão para a Cidadania

e Igualdade de Género

Liberdade assegurada com a Assinatura de Protocolo

de CooperaçãoObjectivos das entidades outorgantes do protocolo:

- divulgar e promover o microcrédito de acordo com a metodologia e as pro-postas pela Associação Nacional de Direito ao Crédito; - contribuir de forma equilibrada para um processo de formação contínua das reclusas contendo a formação e a ajuda na elaboração de um plano de negócio; - desenvolver esforços de formação e partilha de boas práticas;- avaliar as ideias e estudar os projectos apresentados pelas reclusas e, quando reúnam condições para financiamento, proceder à respectiva prepa-ração e apresentação ao banco e acompanhar a implementação dos projec-tos financiados e respectivo desenvolvimento.

O protocolo compreende o III Plano Nacio-nal para a Igualdade de Cidadania e Género

2007|2010, que aponta para:

- a necessidade de incrementar o empreendedorismo como elemento de mobilização das mulheres para a vida económica activa, promovendo o auto-emprego; - desenvolver um empreendedorismo feminino qualificado como instrumento inovador e regenerador dos tecidos económicos; - reforçar a informação e sensibilização sobre as vantagens e potencialida-des do microcrédito associado à criação de emprego a ao financiamento das pequenas e médias empresas; - promover o associativismo empresarial de mulheres nomeadamente atra-vés do desenvolvimento de redes de produtos e serviços.

O acordado no pacto de estruturação para a reinserção social de ex-reclusos entre a

CIG e a DGSP prevê:

- a promoção da inserção no mercado de trabalho das ex-reclusas do EPS-CB; - a criação de medidas activas para o reforço da capacidade empreendedora e o espírito de iniciativa das reclusas; - a promoção de uma melhor transição entre a vida prisional e a liberdade; - o fomento da aprendizagem ao longo da vida através da formação contínua das reclusas;- estimular a capacidade de autonomia laboral e aprofundamento da cidada-nia e, promover a possibilidade de acesso ao empréstimo bancário por parte das reclusas em conformidade com as regras dos programas de apoio ao microcrédito.

As mulheres detidas nos estabelecimentos prisionais confrontam-se com a privação da liberdade pelo período determinado pela pena a cumprir. Quando o termo deste se aproxima, uma questão se levanta: como reintegrar e reinserir estas mulheres na sociedade, sendo que o estigma dos antecedentes criminosos as persegue enquanto sombra?Prevendo essa situação, no Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo (EPSCB), a 29 de Abril de 2010, foi assinado um protocolo de cooperação no intuito de auxiliar estas mulheres aquando da liberdade. O documento envolveu várias instituições e entidades, designadamen-te, a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), Direcção Geral dos Serviços Prisionais (DGSP), Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC) e a Associação Nacional das Empresárias (ANE). Este protocolo enquadra-se nas designações da UE para a implementação de medidas de aumento e melhoria de empregabilida-de das mulheres e apoio ao seu empreendedorismo, elementos essen-ciais de uma independência económica, que conduz ao exercício de uma cidadania livre e autónoma. O protocolo tem ainda como objectivo, a verificação de que as reclu-sas integram outros grupos sociais mais vulneráveis, com dificuldades acrescidas ao nível da inserção no mercado de trabalho. Ou seja, fo-mentar a inserção na vida social e profissional, através da formação contínua das ex-reclusas, para permitir o acesso destas ao crédito.Numa espécie de cooperação entre vidas, o que se pretende com a assinatura deste protocolo é o recurso ao microcrédito, para que as mulheres do EPSCB, no momento da sua liberdade, possam ter acesso a uma integração plena. Esta medida apoiada pela Secretaria de Esta-do da Igualdade, visa sobretudo acreditar nestas mulheres e dar-lhes suporte nesta nova fase da vida. O protocolo terá a duração de um ano, prazo em que serão avaliadas as condições de implementação e os respectivos resultados.

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Sara Falcão Casaca – Presidente da CIG“É com satisfação que firmamos este protocolo com as entidades parcei-ras, um protocolo que é inovador e pioneiro quer do ponto de vista dos propósitos, quer da forma. Desde logo pelo reconhecimento que ao pro-mover o empreendedorismo da mulher, estamos todos juntos a promover a cidadania.Mulheres livres são as que têm a possibilidade de ultrapassar as discrimina-ções da sociedade. São mulheres que conseguem construir um projecto de vida coerente, se bem que este é um projecto de empenhamento, porque queremos promover o empreendedorismo qualificado, onde possam adqui-rir as competências fundamentais no domínio da gestão que lhes permita posteriormente consolidar a sustentabilidade do negócio que venham a criar, nas competências sociais e pessoais que foram aqui interiorizadas no domínio das relações interpessoais e no domínio da liderança.Estas competências potenciarão a integração plena na sociedade, a par-ticipação activa e contribuirá para o desenvolvimento económico local e nacional.Quanto ao apoio financeiro no financiamento por via do microcrédito é sem dúvida um apoio fundamental e precioso.”

Luís Maurício Sande Wemans – Dirigente da ANDC“A ANDC foi criada há 11 anos com o objectivo de criar um capital de con-fiança para ajudar as pessoas que quisessem abrir o seu próprio negócio e que não conseguiam.Funcionamos como intermediários entre as entidades bancárias e as pesso-as que nos pedem auxílio, para que se possa facilitar o crédito sem que se apresente à partida um largo conjunto de entraves. Introduzir e incluir essas pessoas é reconhecer as suas capacidades. É com muito contentamento que apoiamos esta causa!”

Rui Sá Gomes – Director Geral da DGSP “É uma honra celebrar a assinatura deste protocolo, que constitui um marco histórico na socialização das cidadãs reclusas que dele vão beneficiar, no sentido da promoção do auto-emprego. Este protocolo surge duma conju-gação de esforços que tem como objectivo consolidar a inserção social dos reclusos, para que no fundo saiam mais qualificados, mais preparados, com novas competências, com novos valores e novas preferências. Considera-mos que este processo deve ter início dentro da própria cadeia, através do Plano Individual de Reabilitação e é isso que estamos a concretizar com a assinatura deste protocolo. Ou seja, reinserir significa incluir na sociedade novamente. Logo, se nos limitássemos a fechar e a abrir portões, estaría-mos a prestar um mau serviço público a todos aqueles que entraram no EPSCB. Acredito num serviço nacional exigente, responsabilizador, que dê oportunidades de mudança, que contribua para a educação, para a for-mação profissional, o empreendedorismo, no intuito de uma diminuição da reincidência. Queremos multiplicar os protocolos com empresas privadas que podem exercer a sua actividade dentro dos serviços prisionais, pois temos áreas, pessoas e instalações. Queremos desempenhar um serviço público e dizer bem alto: Eu acredito! Aliás, a prática tem vindo a demonstrar que a reinserção social efectiva aumenta a segurança e diminui os índices de criminalidade e reincidência. É com a adopção de uma política activa de inserção, que diminuirá a insegurança, o crime e a violência. Acredito no trabalho desenvolvido e acredito que é possível fazer mais e melhor, porque acredito nas pessoas e na sua capacidade de regeneração.”

Júlia Cunha, em representação das formandas“É com muita honra e respeito que apresentamos os nossos agradeci-mentos a todos que tornaram possível este projecto. Orgulhamo-nos de ser pioneiras nesta formação inovadora e por terem acreditado em nós. Os nossos especiais agradecimentos à Dra. Elza Pais, Secretária de Estado da Igualdade pela receptividade com que abraçou este projecto, à ANE pelo empenho em torná-lo viável, ao EPSCB, justamente ao Dr. Paulo Carvalho, pela criação das condições necessárias à sua realização e, a todas as res-tantes entidades intervenientes.”

Sara Falcão Casaca

Luís Maurício Sande Wemans

Rui Sá Gomes

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Ana Isabel Martins da Conceição – Presidente da ANE

O projecto“É uma candidatura à tipologia 7.6 do POPH, que tem como organismo in-termédio a CIG. Portanto, este projecto tem 3 fases, numa primeira fase é a fase da formação que já se iniciou no início de Abril e conta com 192 horas. Este projecto foi direccionado aquando da candidatura para as reclusas do EPSCB, uma vez que no âmbito de outras formações elas tinham mostra-do receios na sua reinserção profissional, aquando da sua saída. Dirige-se a reclusas em final de cumprimento de pena em que a primeira fase tem que ser feita na cadeia e a segunda fase, que é a da consultoria, é feita já fora do Estabelecimento Prisional aquando da sua liberdade. É um pro-jecto pioneiro em Estabelecimentos Prisionais, importado do estrangeiro.”

Formação e escolaridade“As reclusas têm que ter formação nível II de mulheres inactivas, e têm en-tre o 9º ano e o 12º ano incompleto. Neste momento temos 15 formandas a frequentar o curso. Relativamente à formação para o empreendedorismo têm 192 horas, estas constam de 4 módulos: Igualdade de Género; as TIC; Gestão e Relações Interpessoais ou Liderança. Numa fase posterior, que é a correspondente à consultoria que consta de 80 horas, é feita por um técnico em que elas põem os conhecimentos adquiridos ao longo da formação em prática, e é também efectuado o plano de negócios. Quem conseguir criar o auto-emprego, quer através da constituição de uma so-ciedade, quer através de profissional liberal. Tem um prémio de arranque de 12 meses o indexante correspondente a 5 mil euros. A consultoria pode ser feita antes da criação da empresa e pode perdurar para além da cria-ção da empresa. Neste momento, as áreas de negócio escolhidas têm a ver com os aspectos profissionais que desenvolveram dentro do Esta-belecimento Prisional, nomeadamente temos reclusas que querem criar lavandarias, engomadarias, porque no EPSCB trabalham numa lavandaria. As restantes formandas pretendem dedicar-se às mais diversas áreas: em-presas de artes gráficas, lojas de comercialização e produção de bijutaria, artigos de artesanato, cafés, entre outros.”

Não à auto-exclusão e discriminação das empresárias ex-reclusas“O maior receio destas mulheres é sofrerem de discriminação por parte

da sociedade. Foi este aspecto que me levou a comunicar à secretária de estado. Por isso mesmo ela achou por bem intervir e interferir no recurso ao microcrédito, porque temos consciência que 5 mil euros não chegam. O recurso ao microcrédito foi ideia da Secretária de Estado da Igualdade, afim de poder ajudar na criação de um protocolo no sentido de não lhes ser vedado o acesso ao crédito, pelo facto delas terem antecedentes cri-minosos.”

Empresárias integradas“Para nós serão sempre mulheres sem qualquer obstáculo, sem qualquer discriminação. São mulheres como outras quaisquer e que certamente têm qualidades. Sou formadora na área da igualdade e dos aspectos jurídicos uma vez que sou advogada, e é minha vontade reintegrá-las na socieda-de.”

Mulheres Empresárias“Há 20 anos atrás a Associação Nacional das Empresárias foi criada por mulheres, atendendo às dificuldades que há 20 anos vinham a ser senti-das, as mulheres são discriminadas pelo facto de serem mulheres, as mu-lheres não conseguem atingir lugares de topo como os homens, por isso há que lutar para que elas consigam o que os homens conseguem!”

Ana Isabel Martins da Conceição

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Elza Pais – Secretária de Estado da Igualdade

Este é seguramente um 25 de Abril diferente, com o reconhecimento da igualdade das mulheres através da nova Secretaria de Estado da Igualdade?Elza Pais (EP) – Tivemos uma Secretaria de Estado da Igualdade este ano no 25 Abril e é também este ano que se comemora o centenário da república. Portanto é um ano forte para podermos avivar a memória do percurso que fizemos até chegar aqui e sobretudo para tornar este desenvolvimento que queremos imprimir à igualdade de género para o podermos tornar mais sustentável. Portanto, é um ano forte, porque os compromissos para a igualdade estão definidos e estão a consolidar-se com passos sólidos. Só que este caminho não se faz de forma solitária, faz-se em conjunto com o Governo, com as autarquias, as pessoas, as associações e por isso todos têm a ganhar ninguém perde ao promover a igualdade de género. É um jogo que só tem vencedores e é importante que as pessoas percebam os ganhos que podem ter com a construção destas novas atitudes de cidadania activa. Queremos aproveitar todos os recursos humanos, sem os desperdiçar, como não raras vezes aconteceu ao longo da humanidade.

É uma lutadora pela liberdade, pela igualdade, que balanço faz a 36 anos de democracia?EP – Já era nascida no 25 de Abril de 1974, mas era muito jovem, e de facto a conquista da liberdade, é uma conquista absolutamente extraor-dinária. E, a igualdade vem associada à liberdade, pois as mulheres era tuteladas pela existência de um homem, pai ou marido, para poderem inclusive exercer as suas profissões. Assim, a liberdade trouxe a gran-de conquista da igualdade de direitos perante a lei, mas 36 anos depois, os direitos perante a lei estão conquistados, mas as oportunidades ainda não são as mesmas para homens e mulheres, por isso, é importante esta secretaria de estado. É importante que os autarcas integrem as políticas de igualdade nas políticas locais, porque ainda há muito para fazer. E só terminará o caminho para a igualdade quando tivermos uma sociedade verdadeiramente igualitária e essa ainda não foi alcançada, e por isso estamos aqui com força, porque a nossa meta é esta, seguramente não chegaremos lá no meu tempo de vida, mas é um caminho do qual não devemos desistir.

Há projectos, vontade, mas qual a receptividade da sociedade de ex-reclusas?EP – A sociedade não aceita nem a integração dos reclusos homens e das reclusas mulheres. É difícil. O que pretendemos com o protocolo de cooperação assinado, foi dotar com mais um apoio as mulheres, que por motivos diversos tiveram que passar algum tempo da sua vida em reclu-são. Portanto, apoiar o empreendedorismo feminino, que já é uma reali-dade através do projecto QREN que está em curso, se bem que o recurso ao microcrédito possa tornar o apoio ao empreendedorismo mais sólido e ampliá-lo. Foi um projecto lançado e seguramente aquelas mulheres com quem estive a conversar irão agarrar nesse projecto, no sentido de poderem também construir a sua reintegração profissional a partir deste apoio.

Qual a meta a atingir neste projecto, 308 Cartões Vermelhos emiti-dos?EP – Estou na expectativa que poderei emitir 308 cartões vermelhos. A

adesão está a ser muito forte, por isso espero podermos ter esse número de cartões nas autarquias nos próximos meses. Será negativo para as autarquias que não aderirem, sobretudo para os seus munícipes, é sinal que ainda não perceberam a vantagem desta política. Mas acredito que os nossos autarcas são pessoas informadas que irão aderir em massa a este cartão vermelho, que não passa de um gesto simbólico, mas um gesto que pretende mudar mentalidades. Até porque não tem preço e num momento de crise, temos que ser criativos na definição de estratégias que sejam financeiramente acessíveis e com sustentabilidade e mostrar auto-maticamente o cartão vermelho quer à violência doméstica, quer seguida-mente a todas as outras discriminações. Portanto, só criando esta onda colectiva é que depois através da mudança das mentalidades, também as práticas se alteram.

Cidadania e igualdade serão sinónimos de Felicidade?EP – O tema da Cidadania entra em tudo. Quando estamos a reforçar as competências ou a proporcionar o reforço de competências das pessoas, para que tenham uma procura activa de trabalho mais activa, estamos a promover a cidadania. A cidadania está presente em todas as atitudes que integramos, e deixará de estar quando a estigmatizamos ou marginaliza-mos outras pessoas por serem diferentes. Esta cidadania tem que ser glo-bal e ser promovida pela igualdade e não apenas de género. A cidadania significa felicidade, indiscutivelmente, e a igualdade também, porque ao promovermos igualdade estamos a promover justiça. E ninguém conse-gue ser feliz se estiver a ser injustiçado.

Elza Pais

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Comissão para a Cidadania

e Igualdade de Género

Coimbra “tem mais encanto”, quando jovens e adultos tem a frontalidade de debater sem estigmas o problema da violência entre pares. Foi o que aconteceu durante 3 dias no Congresso Internacional “Violência nas relações de intimidade: (O)Usar caminhos na saúde” desenvolvido pela Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, no âmbito do projecto (O)Usar & Ser Laço Branco. Segundo Maria Neto Leitão, este é um projecto de cidadania e uma oportunidade de encontro de profissionais para construirmos redes formais e informais capazes de potenciar respostas em diferentes contextos.

Em que consiste este projecto?Maria Neto Leitão (MNL) - O (O)Usar & Ser Laço Branco é um projecto de voluntariado da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra que procura informar, sensibilizar e educar jovens através dos seus pares, para prevenirem e combaterem a violência sobre as mulheres, especialmente no contexto das relações de intimidade, sejam elas conjugais ou equiparadas, a começar no namoro. Esse é o grande objectivo. É evidente que também queremos que os jovens digam não à violência, que salvaguardem os direitos fundamentais das pessoas, que ajudem a construir relações de igualdade onde não haja violência, concretamente relações saudáveis, promotoras do desenvolvimento humano. Estes também são objectivos que perseguimos com este projecto.Como desejamos um mundo onde mulheres e homens possam construir as suas relações de intimidade livres de estereótipos de género e de qualquer outra forma de violência, definimos como missão a promoção de relações de intimidade saudáveis e a prevenção da violência entre pares, a começar no namoro. Os nossos valores são promover o fortalecimento da liberdade, a igualdade de género, o humanismo, a cidadania, a cooperação e o empowerment. Neste momento o projecto integra 75 estudantes e recém-licenciados em enfermagem, 16 professores e 3 colaboradores não docentes.

A investigação está associada?MNL – A investigação é um dos três eixos do projecto - os outros eixos são o da formação e da intervenção - e é desenvolvida na Unidade de Investigação em Saúde: Domínio de Enfermagem, acolhida pela nossa Escola. Aguardamos o resultado do financiamento de uma candidatura à Fundação para a Ciência e Tecnologia. Temos várias áreas de investigação: o fenómeno da violência no namoro, a educação pelos pares, o teatro do oprimido e as competências transversais desenvolvidas com a participação no projecto. Investigamos também o impacto das nossas intervenções.Ainda não dispomos de investigação feita no projecto que nos permita tirar conclusões. No entanto, temos resultados de estudos portugueses, concretamente desenvolvidos pela Universidade do Minho na população universitária, em que se verificou que um em cada quatro ou cinco jovens, já tinham sido vítimas de violência nas suas relações de namoro. E o que sabemos através desses estudos, é que não há diferença de percentagem entre rapazes e raparigas, ou seja, quer os rapazes quer as raparigas tinham sido agressores e vítimas, ainda que de formas diferentes. Sabendo que a violência no namoro é preditor da violência após o casamento / união de facto, isto é um indicador muito negativo. É também mau indicador não porque os homens estejam a ser menos violentos, mas porque as raparigas estão a ser, ao que parece, mais violentas. E à semelhança doutros comportamentos menos saudáveis, por exemplo relacionados com o consumo de álcool em que as mulheres estão a aumentar, não sabemos se com a violência o fenómeno também seguirá o mesmo rumo, o que em termos de saúde pública é muito preocupante.Estes estudos desenvolvidos em Portugal pela Universidade do Minho são convergentes com vários estudos internacionais. Ainda que não sejam representativos da população portuguesa, pois foram realizados em populações universitárias, não sabemos se com os outros jovens, se verificam os mesmos valores.

Quais são os modelos de intervenção?MNL – As intervenções do nosso projecto são sustentadas na metodologia de Paulo Freire, desenvolvendo a consciência crítica e o empowerment e as estratégias que utilizamos são a educação pelos pares e o teatro do oprimido, especificamente o teatro fórum. Após sensibilização dos/as estudantes da Escola para o fenómeno, é desenvolvido um processo de formação com os voluntárias/os, capacitando-as/os para serem educadores dos seus pares, através de intervenções formais e informais, essencialmente com estudantes do ensino secundário e superior. Acreditamos que com estas metodologias promovemos o fortalecimento de práticas auto-protectoras, de protagonismo feminino, e em simultâneo, a promoção de práticas não violentas por parte dos jovens rapazes. Com tudo isto propomo-nos implementar um modelo integrado na prevenção da violência, com efeito multiplicador entre pares.Iniciamos as intervenções no final de 2008, após a formação dos nossos primeiros 25 estudantes voluntários. Até finais de 2009 tínhamos feito sensibilização a cerca de 3500 jovens. Hoje temos um contracto com a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, onde nos propomos desenvolver 360 workshops de sensibilização em Escolas Secundárias dos distritos de Coimbra, Aveiro, Viseu e Leiria, envolvendo cerca de 18 000 estudantes. Como Escola de Ensino Superior temos a função de investigar, mas

A coragem de (O)Usar & Ser Laço Branco

Maria Neto Leitão

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também temos a função formativa e de prestação de serviços á comunidade. Por isso, procuramos que este projecto dê resposta a estas três funções da Escola. Também acreditamos que a maioria dos projectos devem incluir estas três vertentes, porque são dimensões que se retro alimentam.É preciso continuar a investigação, mas entendemos que já há conhecimento suficiente que sustente novas práticas de intervenção. Por isso, enquanto vamos investigando, vamos também intervindo com planos e programas sustentados em conhecimento científico.

Associados aos mitos do ciúme e do amor…MNL - Os mitos associados às relações de amor mantêm-se. Isto é, pensávamos que por exemplo as questões relacionadas com o ciúme só existiriam nos níveis etários mais elevados, mas no contacto e no trabalho quotidiano nas escolas, verificamos que os jovens acreditam que o ciúme é uma prova de amor. E mantêm este mito entre muitos outros. Acreditam que com o casamento tudo vai passar; Acreditam que se fizerem tudo o que o agressor(a) deseja, ele(a) mudará; Entendem que uma bofetada não faz mal a ninguém; Não identificam algumas formas de violência, como a manipulação, a coação ou o controle. Muitas das formas de violência sexual também não são identificados como violência nos nossos adolescentes e jovens.

Este é um fenómeno silenciado?MNL – Penso que para além de ser silenciado, por vergonha, culpa, medo ou “o amor”, é também um fenómeno que ainda não é devidamente identificado, concretamente as formas de violência psicológica e sexual. E mais do que isso, os nossos jovens têm tendência a reproduzir os modelos que conhecem e como sabemos muitos modelos são sustentados em estereótipos de género e em relações de poder desigual, onde a violência têm óptimas oportunidades para emergir. Também com o nosso projecto gostaríamos de ajudar os adolescentes e jovens a pensar que há outras formas de construir as relações afectivas, construindo relações saudáveis que sejam promotoras do desenvolvimento e nas quais não há espaço para a violência. Isto levará a que se aprenda a ser assertivo, se aprenda a resolver os conflitos sem agressão e sem violência, se aprenda a não ter de deixar de ser a pessoa que se é - e diferente da outra - mas negociar a relação, em paridade, onde ninguém tem mais poder ou mais valor que o outro. E estas noções têm que ser trabalhadas junto dos nossos jovens e adolescentes. Porque se não forem, eles aprendem a identificar as situações de violência, mas não sabem como podem fazer diferente. Eles têm que desenvolver e ter competências nestes domínios.

Qual é o papel do enfermeiro nesta relação?MNL – Como sabe desde 1998 a violência é considerada um grave problema de saúde, uma verdadeira epidemia mundial e por isso precisa de intervenções idênticas a qualquer outro problema de saúde pública. O papel do enfermeiro é muito importante, porque como refere a OMS é um profissional de primeira linha que faz o primeiro contacto

com as pessoas em todos os serviços de saúde. Esta proximidade oferece-lhe condições para, em todas as unidades de saúde, poder ajudar a criar uma cultura de não-violência e a desenvolver o empowerment nas mulheres, como refere o Conselho Internacional de Enfermeiras. Enquanto disciplina a enfermagem estuda as respostas humanas aos processos de vida e às situações de saúde/ doença e enquanto profissão deve actuar com as pessoas, ajudando-as nos seus projectos de saúde aos 3 níveis de prevenção: promover relações saudáveis, prevenir relações de violência, identificar precocemente as situações de violência, evitar a revitimização, ajudar a recuperar / sair da relação de violência e ajudar a reconstruir o reequilíbrio em projectos de vida sem violência. Claro que os enfermeiros precisam de ter competências para intervirem nesta área, precisam de trabalhar em equipa e em rede com as outras estruturas da comunidade.

Serão as vítimas tolerantes?MNL – Aparentemente são tolerantes, mas devemos fazer uma análise mais profunda. As vítimas / sobreviventes acreditam que o seu agressor vai mudar, tal como muitas vezes ele lhe promete e ela deseja. Mas a violência continua e ela consome muitas das suas energias a tentar sobreviver nestas relações. Ela mantém a relação por várias razões: pelos filhos, porque tem vergonha, porque é ameaçada e tem medo, porque não tem condições socioeconómicas e habitacionais, porque não tem suficientes suportes sociais, porque duvida que acreditem nela, porque não tem coragem suficiente para recomeçar uma nova vida, etc, etc. Não é fácil recomeçar tudo de novo, muitas vezes sem o apoio necessário e ainda com mais violência por parte do seu agressor! Muitos estudos indicam que estas mulheres têm mais problemas após a saída da relação do que tinham antes da saída. Quando pensamos que não fazem nada, elas desenvolvem um grande esforço diário para tentar sobreviver e tentar viver com o mínimo de qualidade, diminuindo a violência e protegendo os filhos.Elas desempenham o papel que socialmente pensam que é o papel da mulher: fazer tudo para manter a relação e manter o pai próximo dos filhos. Isto leva-as a tolerarem ainda mais tempo. É por isso que é necessário identificar precocemente, merecer a sua confiança, escutá-las, acreditar nelas e ajudar a que tomem consciência que estão numa situação que não é a mais favorável para a sua saúde e o seu desenvolvimento, que não estão condenadas a viver aquela situação e que podem reconstruir outros projectos de vida e encontrar outros caminhos. Mas para fazermos isto, temos que as ajudar a preparar a saída, para que esta seja bem sucedida, ainda que tenha avanços e recuos, o que é considerado normal nestes processos.Não podemos esquecer que muitas mulheres sofrem mais violência após terminarem a relação, ou seja, sair da relação não é sinónimo de terminar a violência. E as mulheres têm que sair com todo o cuidado, pois 30 a 70% das mulheres que morrem por homicídio conjugal, morrem depois de ter comunicado que querem terminar a sua relação. Portanto, não basta incentivarmo-las a saírem. Elas têm que ser preparadas e ajudadas a construírem todo um plano de segurança para que efectivamente não passem a ser alvo de mais violência ou não corram riscos de vida.

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O Congresso Internacional vai propor melhores respostas nos serviços de saúde face à violência?MNL – Nós acreditamos que este Congresso é um momento significativo para a enfermagem e para a saúde em Portugal. Conseguimos reunir um conjunto de pessoas muito significativas neste domínio. Refiro-me à ONU, mais concretamente do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNFPA), à OMS - Departamento da Europa para a Violência, à direcção da Campanha Mundial do Laço Branco do Canadá, de ONGs de impacto mundial como o Instituto Promundo do Brasil que procura envolver os homens e os rapazes na igualdade de género e especificamente no combate à violência, e também, com grandes teóricas de enfermagem a nível internacional – EUA e Brasil - que há mais de 30 anos têm desenvolvido investigação, praticas e modelos de intervenção com estas realidades. E não quero minimizar todos os peritos nacionais que tivemos connosco, que considero dos melhores a nível nacional. Claro que nunca podem estar todos, mas tivemos dos melhores a trabalhar connosco, para além de muitos colegas que já tem boas práticas de intervenção no terreno, às quais quisemos dar visibilidade. Tivemos também políticos responsáveis por esta temática. Refiro-me à Senhora Secretária de Estado da Igualdade, Drª Elza Pais e ao Dr. Mendes Bota, deputado da Assembleia da República e actual Presidente da Comissão para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens do Conselho da Europa, ambos grandes defensores, conceptores e coordenadores de muito trabalho nas temáticas da igualdade e da violência contra as mulheres. Por razões de alteração urgente da sua agenda não pode estar presente fisicamente o Senhor Ministro dos Assuntos Parlamentares, Dr. Jorge Lacão, mas enviou-nos uma mensagem. Não poderia deixar de referir o Governador Civil de Coimbra e o Presidente da Câmara de Coimbra, grandes apoiantes e militantes desta causa. Por último, quero salientar a presença da nossa madrinha, a cantora Rita Guerra que connosco quer levar a mensagem ainda mais longe. Com tudo isto quisemos sensibilizar para o fenómeno da violência nas relações de intimidade como um problema de saúde; conhecer a dimensão do fenómeno da violência em função do género; reflectir sobre os custos da violência doméstica na saúde as mulheres, das crianças da família e da comunidade em geral; tornar visível a violência doméstica como foco de intervenção em enfermagem; conhecer boas práticas de intervenção no domínio da violência nas relações de intimidade; abrir espaços de intercâmbio entre investigadores, clínicos e outros profissionais, de forma as facilitar acções comuns relevantes na promoção de uma cultura de não violência e de equidade de género. Esperamos consegui-lo! Por tudo isto, acreditamos que após estes 3 dias as pessoas que participaram no Congresso não vão ser iguais. De certo que houve alguma (trans)formação que as vai levar a que nos seus contextos de trabalho construam ou ajudem a construir novas práticas, no sentido de desenvolverem um trabalho que possa oferecer melhores respostas para estas mulheres, para as suas famílias e para a comunidade em geral.

HINO

(O)USAR & SER LAÇO BRANCOAmor e Paixão,Uma vida ideal!

Bate forte o coraçãoMuito mais que o normal…

Pré-Refrão

Palavras e mensagensDitas, escritas dia-a-dia!

Criámos imagens,Sonhámos viagens

Um mundo cheio de magia!

Basta outra vozQue o outro não espera…

P´ra abalar qualquer um de nós Numa história que já era…

Pré-Refrão

Refrão

Não à Violência… Sim à Paz!Quem não é capaz

De ter um coração franco,De “(O)usar e Ser Laço Branco”?...

Um Namoro puroQue sonha em crescer!

E que quer ter um futuro P´ra ser feliz e viver…

Pré-Refrão

Refrão

Olhares, sorrisos trocados

Tantas vezes sinceros,Tantas vezes forçados…Sentimentos misturados,Turbilhões de emoções

Tremem corações,Vacilam namorados!

Refrão

Letra de Ângela Maria Sousa FigueiredoMúsica de João Tavares e João Gonçalves

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Rita Guerra é madrinha do projecto (O)Usar & Ser Laço Branco. A cantora, que acaba de lançar o álbum Luar, aceitou abraçar o projecto de sensibilização para o fenómeno da violência nas relações de intimidade por conhecer casos que lhe são próximos e por entender que importa denunciar e informar para que situações dessas não se repitam.

Porquê madrinha dum projecto destes? Uma madrinha que não dá presentes, mas que os recebe…Rita Guerra (RG) – Pois, neste caso recebi um ramo de flores lindíssimo! Estas causas, estes problemas da sociedade, estão a precisar de ser divulgados, e nós enquanto artistas e figuras públicas, usando do tempo de antena que temos, e do quanto temos a possibilidade de chegar a um público, nomeadamente através do site, entre outros…Acho que temos a obrigação de ajudar a divulgar este tipo de iniciativas, principalmente quando são assuntos, tão sérios como este e sendo que conheço casos específicos um de violência masculina e um de violência feminina muito grave e portanto, não posso de maneira nenhuma passar ao lado de um pedido por parte da associação. Todos temos que ser sempre cúmplices nesta luta, e o pioneirismo da iniciativa impressionou-me desde o primeiro dia. Foi por isso que aceitei ser madrinha desta ideia

que neste congresso reconhece uma etapa internacional de partilha de conhecimentos. E estou muito atenta e confiante nos resultados que vão sair deste nosso vosso esforço. O verdadeiro amor deve ser a base deste trabalho. Tenho que dar a todas estas pessoas os meus parabéns e de facto o meu aplauso enquanto mulher, mãe e cidadã.

Mais artista ou mais cidadã?RG – Mais cidadã.

A violência de género é um fenómeno cultural ou é uma crise de valores que as sociedades estão a passar?RG – Acho que é uma crise de valores muito grande. É um problema que considero, que apesar de haver indícios de que está a melhorar, acho que o nível de gravidade daquilo que é agressão e violência é cada vez mais assustador. Ou seja, acho que hoje em dia, por exemplo a televisão tem uma grande responsabilidade nisso, pois as crianças e jovens têm acesso a um tipo de violência que desconheciam. Actualmente também é cada vez mais fácil ter acesso ao álcool, ter uma atitude social de maior rebeldia perante algumas famílias. O facto das famílias por vezes não terem estrutura, para fazer frente a essa rebeldia, também é uma das culpas. Conheço algumas famílias que lidam com esse problema da rebeldia dos filhos e que não sabem como lidar com a situação, e por vezes a violência doméstica é de filhos para pais. É muito grave. E, o acesso às armas então…

Amália dizia: “cantarei até que a voz me doa”… Por analogia até quando a sua luta?RG – Quem me dera… mas Deus queira que nunca me doa!!! Vou cantar (e lutar por estas causas) até não ter fio de voz…

Dar voz ao silêncio da violência!

“O Amor quer mãos que se tocam, quer abraços apaixonados, quer actos e palavras que nos fazem sentir pessoas ainda melhores. Pessoas que se

querem, que se respeitam, que se protegem e que caminham a dois para a felicidade. O Amor é sempre ternura, nunca é violência. Quem agride o outro, nas relações de intimidade, precisa de ajuda: Não precisa da nossa cumpli-

cidade… nem do nosso silêncio.”

Festas Multiculturais 2010Vale da Amoreira

de 23 a 27 de Junho

23 QUARTA21:00 /01:00 – Palco Principal

ABERTURA OFICIALTOCÁ RUFAR | Percussão TradicionalCEA VA | Danças africanas & KuduroBENY PASCOAL | Música PortuguesaPATCHI DI RIMA | Música AfricanaCHULLAGE |Hip HopDJ SIXTY NINEDJ SECRET

24 QUINTA

18:30 / 20:00 – Auditório da Biblioteca Municipal

X – PERAR | Teatro Fórum VALART 21:15 / 01:00 – Palco Principal

CEA VA | Dança Cigana & Hip HopGABRIEL | Musica Popular PortuguesaAMAAKAMKA | ReggaePASCOAL SILVA | ReggaeDJ SIXTY NINEDJ PRADO MIX

25 SEXTA 18:30 / 20:00 – Auditório da Biblioteca Municipal

X – PERAR | Teatro Fórum VALART 21:15 / 21:30 – Palco principal

CEA VA | Dança ContemporâneaCRAZZY COLORS CREW | Dança JerkSTAFF STRAGGA | Dança Kuduro DAMAIKE | Hip HopKEY MONEY | Hip HopJUKA | Musica Africana (S. Tomé)PRIMERO G | Hip HopDJ SIXTY NINEDJ SECRET

26 SÁB 18:30 / 20:00 – Auditório da Biblioteca Municipal

X – PERAR | Teatro Fórum VALART21:15 / 21:30 – Palco Principal

SHILLA PONGUE | Dança Tradicional / Hip Hop GRINGAS| Dança Tradicional STAFF DA HUÍLA| Dança Tradicional / KuduroTIPOIA | FadoDON KIKAS | Música Africana (Angola)AFRODANCERS | Dança Tradicional / Hip Hop DJ SIXTY NINEDJ PRADO MIX

27 DOMINGO

17:30 - Palco principalMISSA CAMPALPROCISSÃO | Em Honra de S. João Baptista

20:30 /00:30 - Palco principalHOMENAGEM AO GDRP | Equipas Campeões 2009/2010ESTRELAS DE S. TIAGO | Batucadeiras (Cabo Verde)FANDO SULAY | Música Africana (Guiné) JORGE NETO | Música Africana (Cabo Verde)

00:30 – Av. José Almada Negreiros FOGO DE ARTIFICIO

Promotor: Junta da Freguesia do Vale da Amoreira; Apoios : Câmara Municipal da Moita; Movimento AssociativoCo-Financiamento: POR LISBOA - Programa Operacional Regional; QREN - Quadro de Referência Estratégico Nacio-

nal; União Europeia - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional

1 a 6 de Agosto 2010

5 de Agosto 2010

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Junta de Freguesia

Barroselas

“Primeiro as pessoas!”

“Vejo as juntas como uma espécie de entidades que por um lado são, e que por outro lado não são. Muitas vezes não são, quando o deve-riam ser. Mas também percebo porque o são, porque o devem ser, e, naturalmente, quando o devem ser. Porque as equipas das freguesias são quase sempre extensões da equipa municipal, nunca serão equipas isoladas e autónomas! Temos o constrangimento: enquanto a equipa municipal está instalada e vive para a causa no dia-a-dia, tem disponibilidade e funciona em de-dicação exclusiva. É, assim, perfeitamente capaz de planear e desenca-dear todas as tarefas. A junta de freguesia, por sua vez, é uma equipa de três elementos de funções principais não dedicados, que tem o seu trabalho, que, na maior parte das vezes, impede a dedicação ao executi-vo da freguesia, para trabalhar em prol da autarquia, mesmo durante as horas previstas na Lei.

O Rio Neiva desperta paixões em Barroselas. Tendo crescido com ‘os pés’ nas águas do rio, este será sempre um local de excelência para este executivo?Vasco Lima (VL) – Desde da infância que me conheço com ‘os pés’ nas águas do Rio Neiva. Barroselas que tem uma grande frente de margem do Rio e é ele uma paixão deste executivo. Além do presidente, há outros elementos na equipa que nasceram também à sombra dos amieiros do Neiva e que nutrem pelo Neiva um amor especial. É por estas razões que o rio é a mola impulsionadora e de suporte de um sem número de iniciativas que estamos a concretizar, mas que, no seu todo, são de tal modo volumosas que preenchem o início da nossa acção. Pode-ríamos dizer que gostaríamos de orientar a nossa acção a partir da margem do Neiva, a Sul, e percorrendo o território de Barroselas nas restantes direc-ções. Começar pelas margens do Neiva, na medida em que são longas e não faltam aí importantes pontos de incidência de trabalho, começando pela limpeza e manutenção dos acessos às azenhas, e das próprias azenhas que estão abandonadas, num acto de preservação do património e do ambiente. Pensamos também no restauro das mesmas, pelo menos de algumas mais emblemáticas e pitorescas, em conjugação de esforços com os proprietários, no sentido de as tornar como áreas de lazer. Porque geralmente há sempre um pequeno espaço, que vamos designando de “praias fluviais” porque as-sim vão sendo utilizadas. A operação “Limpar Portugal”, por exemplo, teve incidência numa dessas azenhas, a de Vale, e na sua área envolvente, que estava completamente obstruída pela vegetação. Esta acção foi concretizada em apoio directo à iniciativa de uma associação, das muitas que existem em Barroselas, o Agrupamento 85 de Escuteiros, que pela sua juventude e cariz, está mais directamente vocacionado para estas questões da natureza e do ambiente. É esta a nossa forma de pensar no Rio Neiva. É assim que gostamos dele, porque o gostaríamos de ver preservado no seu estado mais saudável e natural. Por isso levaremos o nosso esforço até onde a nossa vontade nos pretende levar.

Que caracterização faz da sua freguesia? Certamente terá mais motivos de interesse que apenas o Rio Neiva…VL – Barroselas perdeu a sua característica rural já há muitos anos, mo-mento em que a freguesia foi palco de uma industrialização em que o sector têxtil atingiu maiores proporções, estando mesmo na génese da grande expansão do ramo. Não esquecendo outro tipo de actividade in-dustrial que, hoje como sempre, se afirmam em Barroselas, como, por exemplo, a madeira. Contudo, esta indústria actualmente encontra-se um pouco decadente, acompanhando a tendência geral, mantendo, mesmo assim, algumas unidades de relevo. O comércio é outra actividade com forte implementação na área da freguesia, bem como os serviços. Bar-roselas é uma vila relativamente recente, tem 22 anos de existência, e é uma vila urbana ainda em construção. Sente as dificuldades próprias de afirmação dadas as suas actuais características urbanas, factor que tem trazido também dificuldades acrescidas aos sucessivos executivos. Mas o objectivo primordial continua a ser o de dotar Barroselas de uma estru-tura realmente urbana, capaz de servir as suas gentes nos vários escalões etários e tendências de emprego, ocupacionais, culturais e recreativas. Precisamos de satisfazer as pessoas e ir ao encontro das suas necessida-des e anseios legítimos.

Mas já dispõe de saneamento, de água ao domicílio? VL – A rede de água ao domicílio existe, e a de saneamento básico tam-bém, embora estas não cubram satisfatoriamente o território da freguesia. Falta uma parte significativa e preocupante, mesmo grave, nos tempos modernos, tanto que seria já tempo de não termos de fazer deste tema conversa principal. Esta é sempre uma questão delicada, porque as infra-estruturas têm custos muito elevados, e nalguns locais são de muito difícil implantação, particularmente nas zonas mais rochosas. Não falando, é evidente, da oportunidade e do enquadramento, tanto do passado como do presente. Esperemos melhor do futuro.

É o seu primeiro mandato, o que é que a comunidade pode esperar do presidente Vasco Lima? A herança deixada pelo anterior executivo foi pesada?VL – A minha candidatura é uma candidatura de continuidade. Não tenho quaisquer pruridos em falar do assunto. Herdei uma dívida significativa, e herdei também as obras que a geraram e que foi necessário executar. Quero com isto dizer que isto não representa qualquer crítica menos abo-natória ao(s) meu(s) antecessor(es), pois entendo, que nesta perspectiva e nesta premência de implantação de estruturas urbanas, que sirvam efec-tivamente a população neste afastamento da ruralidade a que antes nos referimos, criaram-se novas necessidades, o que natural e evidentemente acarreta muitos gastos. Neste dilema, os executivos são colocados peran-te duas hipóteses: ou estagnam perante as dificuldades, ou efectivamente arriscam e tentam fazer obra. Este mandato terá como tónica a normaliza-ção das contas, isto é, não pretendo aventurar-me em grandes obras sem o necessário suporte e compromisso. É evidente, sem transformar isso no objectivo principal do mandato. Quem me suceder, mesmo que possa vir a ser eu próprio, espero que se sinta mais confortável neste pormenor.

Com que obras, portanto, se comprometem efectivamente a levar a cabo durante o próximo mandato?VL – Há duas obras emblemáticas: uma delas é o Quartel das Forças de Segurança, que é um compromisso firmado e uma vontade forte, e a ou-tra é um pavilhão polivalente, com instalações capazes de dar resposta à necessidade de cultura e recreio. Essas duas obras são importantíssimas, porque são necessidades que se vêm sentindo e de que se vem falando há imenso tempo. A GNR tem inadequadas e péssimas instalações, e a construção do seu quartel está desde que sou autarca (há 20 anos) na ordem do dia. Mante-nho a convicção de que a oportunidade ainda está presente, apesar dos reveses mais recentes ditados pelas medidas extraordinárias de equilíbrio das contas públicas.

Vasco Lima, Presidente JF Barroselas

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A outra necessidade que destaco acresce directamente e agrava-se face à permanente evolução no sentido da transformação do tecido urbano da Vila. A necessidade de um pavilhão multi-usos ganha cada vez mais expressão e torna-se mais premente e urgente, sob risco de ficarem cer-ceadas as iniciativas e vontades de cariz cultural e recreativo, que abun-dam em Barroselas e que muito precisamos de acolher. Acredito e penso que esta realidade estará num horizonte próximo, e espero que esteja tão próxima como a sua necessidade.

Teme que na sua freguesia possa haver pobreza encoberta?VL – A sociedade tem tendência a ser muito vaidosa. Há pobreza enco-berta, sim, há aumento de desemprego que não encaixa na forma de viver que as pessoas foram construindo. No início do meu mandato, presenciei, a pedido junto da assistente social do centro de saúde Barroselas, uma forma de vida sem luz eléctrica, sem qualquer aquecimento, de uma pes-soa cólon-customizada, a viver sozinha, em condições que pensava já não existirem. A par dessas, existem outras situações que são mais de fraque-za / debilidade mental, do que propriamente de pobreza efectiva. Evidentemente que temos alguns casos em Barroselas que estão sinali-zados pela acção social da câmara e das CIFS. São casos de pessoas a quem se oferece ajuda que (às vezes) é rejeitada. Pessoas que preferem viver na rua; pessoa a quem se leva comida e que a deitam fora para irem comer / mendigar ao café ou ao restaurante; pessoas que se recusam aceitar casa com condições mínimas de habitabilidade, para terem me-lhores condições de vida, que não têm dinheiro para fazer melhoramentos, mas que não conseguem vencer algumas questões afectivas que as pren-dem aos sítios... Naturalmente que compreendo as razões de afectivida-de, e valorizo. Mas chega uma hora em que as questões de racionalidade devem falar mais alto, para o bem objectivo das próprias pessoas. Há casos em que pouco ou nada se consegue fazer. Estes são os casos mais graves. Ao nível da terceira idade têm respostas e infra-estruturas de apoio? VL – Temos o centro paroquial, que tem agregado o lar de idosos, centro de dia e o apoio domiciliário, mas não é suficiente. As famílias vão procu-rando outras alternativas nas freguesias vizinhas. De facto, não responde totalmente à procura. Mas também nem todas as pessoas aceitam a ideia de, quando precisam de apoio, procurarem o lar ou o centro de dia. Algu-mas delas rejeitam-no até ao limite da força e até da vida…

Quanto a delegações de competências da Câmara Municipal de Viana do Castelo nesta junta de freguesia, as transferências de verbas são as suficientes?VL – Isto funciona muito por protocolos. Vejo as juntas como uma espécie de entidades que por um lado são, e que por outro lado não o são com-pletamente. Muitas vezes não são, quando o deveriam ser. Mas também percebo porque o são, porque o devem ser, e, naturalmente, quando o de-vem ser. Porque as equipas das freguesias são quase apenas extensões da equipa municipal, nunca são equipas isoladas e autónomas! Embora a lei nos cometa a obrigação de estabelecer um plano de actividades e um orçamento, estes são uma forma de reclamar à câmara o compromisso de manutenção da rede viária, dos espaços verdes, etc. Aí há protocolos firmados, sendo que há uma relação directa entre as despesas, os custos e a comparticipação da câmara. E os compromissos são cumpridos É nesse sentido que eu considero que a junta ‘não é’… na medida em que funciona apenas como ponte... Sem esquecer também o constrangimento

existente que consiste no facto de a junta de freguesia é uma equipa de três elementos de funções principais não dedicados, que tem o seu traba-lho, que, na maior parte das vezes, impede a dedicação ao executivo da freguesia, para trabalhar em prol da autarquia, mesmo durante as horas previstas na Lei.

Com esse pequeno grande “constrangimento” que uma grande maio-ria dos autarcas de freguesia, se vê a braços, teme pelo futuro das freguesias? VL – Acho que não. Não será caso para isso…

Existirá alguma mais-valia com a divisão do país em regiões?VL – A regionalização é uma ideia irreversível. Todos estamos habituados a essa ideia. O povo minhoto está habituado a que tudo vá parar a Lisboa, ou que Portugal é Lisboa e que o resto é paisagem. Então, só a regionali-zação poderá dar resposta a esta questão. Bem sei que a regionalização pode ser uma fonte de vício, mas se vamos embarcar e condicionar as coisas por essas conclusões antecipadas, efectivamente iremos continuar a marcar passo. E a vida não se faz de marcar passo, faz-se de marchar! Porque o caminho faz-se caminhando.

Que mensagem lhe oferece deixar ao eleitorado?VL – Para mim a grande prioridade é a valorização das pessoas, para mim as pessoas valem tudo, e se houver uma frase síntese em que resuma o meu sentido de serviço desde sempre é: primeiro as pessoas! A partir daí, tudo virá por acréscimo. Só quero que as pessoas acreditem tanto na von-tade de servir do executivo, como o executivo acredita nelas, só assim é possível gerar consenso e empatia. E, se, como parece ninguém duvidar, o exercício nas juntas de freguesia são um perder família, um perder tempo, um perder sono, um perder dinheiro, o que restaria? Se não for para ga-nhar a confiança das pessoas, o que é que se ganhará então? Seria uma perda de tempo. E não quero concluir por aí!

A nobre Filatelia e o Coleccionismo vivo dos fragmentos da memória.

«A FILAPEX2010, iniciativa louvável da Associação de Filatelia e Coleccionismo do Vale do Neiva, é um evento que assume a firmeza de um passo importante no cumprimento do dever de preservação das memórias e dos aspectos culturais do povo do Neiva. São as nossas gerações a cumprir o seu dever de registar, para a memória futura e enquanto é tempo, pormenores da vida dos nossos antepassados, do maior interesse histórico e cultural. Acolhemos, assim, de braços abertos esta realização, para a qual tivemos oportu-nidade de sugerir o motivo gráfico comemorativo. O selo postal, o carimbo e o bilhete-postal serão os seus instrumentos de registo, perpetuação e divulgação, numa publicação a preceito. Têm como motivo uma azenha do Neiva, escolhida segundo um critério que pretendeu ir ao encontro do mais típico e emblemático da nossa história. É apenas um exemplar de entre os seus vários tipos, bem como entre outros e diversificados tipos de mecanismos e engenhos que povoaram e povoam ainda, aqui e ali, as margens do nosso muito querido Rio Neiva e que serviram o povo de forma engenhosa e exaustiva, num desafio constante entre a necessidade e o engenho humano, que sempre viveram e viverão auto-acompanhados, numa relação directa de causa e efeito. Fazemo-lo com uma certa paixão, própria de quem nasceu e cresceu nas suas margens. De quem o viu subir ou quase secar, no seu círculo estacional. De quem com ele construiu ao longo da vida uma “cumplicidade” apenas compreensível para quem o sente…»

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Junta de Freguesia

Punhe

“Espero que no futuro a freguesia acompanhe o progresso e a modernidade”

António da Silva Moreira: um presidente dedicado à freguesia“Estou na junta desde 1998 e, quando fiz parte pela primeira vez do executivo tinha 30 anos, não tinha como objectivo ser autarca, mas as circunstâncias e a conjuntura política da localidade nesse momen-to, assim o determinou. Depois há algo muito importante que é fun-damental para qualquer presidente de junta e que é essencial para exercer esta função, que é gostar de trabalhar em prol dos outros e com os outros. Por acaso tenho essa virtude que é a “mola” que nos anima quando as coisas nos correm menos bem. Mas é, sobretudo, a vontade e o gosto de trabalhar com os outros que leva um presidente da junta a candidatar-se.”

Obras passadas que se reflectem no presente“Em 1998, Vila de Punhe era ainda uma freguesia bastante rural, a exemplificá-lo, tínhamos os principais aglomerados populacionais da freguesia aos quais não era possível chegar um camião dos bombei-ros ou de recolha dos resíduos domésticos. Logo, a nossa aposta fundamental, foi melhorar a rede viária, transformando os caminhos de terra batida por ruas modernas, dotando a freguesia com rede de abastecimento de água pública e saneamento básico. Aliás, o sanea-mento era um sonho antigo, mas de difícil de concretização, devido ao alto custo financeiro que uma obra destas exige mas, neste momento, a freguesia está coberta a 40%. Quanto à água pública ou água ao domicílio fornecida pelos serviços municipalizados temos cerca de 95% da freguesia coberta por esse serviço, a iluminação pública tam-bém atinge esse valor e hoje posso dizer com orgulho que a qualquer ponto da freguesia é possível chegar um carro dos bombeiros ou um camião de recolha de resíduos sólidos, o que se traduziu na melhoria de qualidade de vida das pessoas. Outra das nossas apostas foi a parte cultural da freguesia, desde os 14 anos que estou envolvido em associações culturais e desportivas por isso acaba por ser natural que tenha trazido esse bichinho para a actividade autárquica. Promovendo

diversas actividades, aproveitando os valores existentes e apoiando os que iam nascendo. Por exemplo, na área da literatura, tenho muito prazer ao verificar que já publicamos mais de uma dezena de obras, das quais destaco as principais: A Monografia de Vila de Punhe (“Das Origens à Actualidade”, da Autoria do Dr. Alípio Torres), o livro sobre a toponímia da Freguesia, No Espólio de Juvenal e Noutros, O Auto da Floripes e o Imaginário Minhoto, Crenças e tradições do Vale do Neiva e vários livros de poesia, em que demos apoio aos próprios autores para que lançassem os seus livros. Em forma de homenagem aos 50 anos de vida literária e do jubileu sacerdotal de um dos vilapunhenses mais ilustres de Vila de Punhe, o Doutor Amadeu Torres (poeta Castro Gil), que é também um dos maiores estudiosos da Língua Portuguesa e humanista, reunimos numa obra, toda a sua poesia, sobre Vila de Punhe. Foi criada na sede da Junta, uma biblioteca, à qual foi dado o seu nome, sendo ele um grande benemérito da freguesia, tendo cedi-do muitas obras literárias para a freguesia. Temos a funcionar também neste local, um posto público de Internet que tem tido muita procura e muito sucesso. Fizemos também, várias exposições de pintura, ac-tividade musical, literária e fomos pioneiros ao promovermos, com o apoio da Associação de Filatelia e Coleccionismo do Vale do Neiva, uma actividade nova, a filatelia, sendo realizadas pela primeira vez, várias Filapex e várias exposições, inclusive, em 2005, as comemo-rações do Dia do Selo a nível nacional, realizaram-se em Vila de Pu-nhe. E este ano, segundo já nos confirmou o Presidente da Federação Portuguesa de Filatelia, Pedro Vaz Pereira, iremos ter novamente o privilégio de, no dia 1 de Dezembro, voltarmos a comemorar o Dia do Selo. Este evento enche-nos de orgulho pela sua importância porque, nesse dia, a freguesia de Vila de Punhe, é a Capital da filatelia a nível nacional. Acredito que as associações culturais se tiverem o apoio das juntas e das câmaras, podem ter um papel muito importante no desenvolvi-mento das nossas comunidades. Em Vila de Punhe, temos exemplos disso: o Neves Futebol Clube que comemorará em 2013, 75 anos de existência, tem cerca de 100 miúdos diariamente a praticar despor-to; o Grupo Juvenil, que é outra associação mais vocacionada para atletismo, treina diariamente cerca de trinta jovens atletas; o Centro Recreativo e Cultural das Neves, que tem o jornal “Amanhecer das Neves” disponibiliza a prática do ténis de mesa federado a nível na-cional e regional, a mais de trinta jovens, sem esquecer as Cantadeiras do Vale do Neiva, que desempenham uma actividade de recolha de património cultural importantíssima.Para além de tudo isto, como é lógico, ajudámos diariamente a popu-lação a resolver as suas necessidades e problemas.”

Último mandato com muito trabalho pela frente“Apesar de ser o meu último mandato, vou estar sempre disponível para atender e ajudar a minha freguesia. Quanto ao trabalho para este último mandato quer eu quer os meus colegas de executivo ficaríamos muito satisfeitos se conseguíssemos deixar a freguesia toda com saneamento básico, porque é uma obra custosa em todos os aspectos mas, nos dias de hoje, é uma priori-dade para as pessoas e para o ambiente. Portanto, em conjunto com a Câmara Municipal, já temos os projectos das futuras intervenções,

António da Silva Moreira, presidente da JF Punhe

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cimento de ensino, assim como a toda a população. Fizemos também um grande investimento nesta escola, pois já tinha mais de vinte anos, faltando-lhe muitas condições físicas, de modo a proporcionar aos alunos uma aprendizagem condizente com os tempos modernos, por isso apostámos na modernização das instalações e respectivos equi-pamentos. A junta de Vila de Punhe tem ao seu serviço a tempo inteiro dois fun-cionários operacionais, recorrendo-se muitas vezes a tarefeiros, e um administrativo. Recentemente, adquirimos um novo tractor e uma car-rinha para apoio ao transporte escolar e associativo. Ao pormos a secretaria da junta a funcionar a tempo inteiro prestámos um serviço essencial a toda a população que, todos os dias, recorre a estes serviços para resolver os seus problemas.”

Apoio incondicional da Autarquia Vianense“Se não fosse o apoio da Câmara Municipal de Viana do Castelo, pou-co ou nada tínhamos feito, porque o Fundo de Financiamento das Fre-guesias que recebemos do Estado, não chegaria para pagar aos fun-cionários que diariamente se dedicam à freguesia. É graças à Câmara Municipal de Viana do Castelo, que se tem feito todo o progresso e os melhoramentos de Vila de Punhe e, naturalmente, que isto se traduz numa melhor qualidade de vida para toda a sua população.Para terminar quero aqui registar uma palavra de apreço à revista FÓ-RUM & CIDADANIA pela oportunidade que dá às freguesias de po-derem mostrar um pouco das necessidades e dos sonhos das suas populações.”

assim como as candidaturas para apoio de verbas apresentadas, quando estas estiverem disponíveis avançaremos com esta obra. Continuaremos a apostar na área cultural e social, se bem que por não sermos já uma freguesia rural, faltam-nos as estruturas de índole social, como por exemplo: um lar de idosos, um centro de dia, um espaço polivalente para realizações culturais e sociais. Temos candi-datado e já estamos a preparar com a Câmara Municipal, o projecto para dotar o Neves Futebol Clube com um segundo campo com piso sintético, que facilitará a prática de desporto. Também gostaríamos de criar alguns espaços verdes na freguesia, para que as famílias pu-dessem ter locais para desfrutar de momentos de lazer. Temos um grande projecto de requalificação da Avenida Júlio Cândido da Costa, que é a zona envolvente da igreja paroquial e cemitério. É um projecto de uns largos milhares de euros, mas acho que Vila de Punhe merece e vamos fazê-lo. Junto desta área social, ao nível de infra-estruturas há também duas necessidades importantes, uma na área desportiva, onde falta um recinto coberto para a prática desportiva e, mais uma das nossas apostas, em parceria com o Centro Recreativo e Cultural das Neves, já cedemos um terreno, onde irão construir a sua sede social. No mesmo terreno faremos uma parceria no sentido de termos um pavilhão adequado às necessidades da freguesia para facilitar a prática desportiva em recintos fechados. Quanto ao Grupo Juvenil, que ocupa um espaço da autarquia, está numa sede, onde eram os antigos pré-fabricados da telescola, com muito poucas condições, também vai candidatar-se à construção de uma sede social, no qual pretendemos que haja um espaço polivalente para eventos culturais. Por isso seria muito bom, se com o apoio de todos estas associações, que muito têm trabalhado para a Freguesia, conseguissem construir as suas sedes sócias.Uma das obras que me deu grande gosto inaugurar, foi a passagem aérea sobre o caminho-de-ferro que nos permitiu acabar com duas passagens de nível sem guarda, onde já haviam sido vitimas várias pessoas da freguesia. Era, de facto, um anseio antigo que consegui-mos concretizar, uma obra de grande envergadura que envolveu 750 mil euros suportados pela Câmara Municipal. Outra obra de grande importância para a freguesia foi a implantação de semáforos no cru-zamento das Neves. Quer uma quer outra deram muita segurança e qualidade de vida a todos. Construímos ainda no recinto da escola EB1 de Vila de Punhe um polidesportivo, permitindo este equipamen-to a prática desportiva aos 120 alunos que frequentam este estabele-

Inauguração da Passagem Superior ao Caminho de Ferro

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Junta de Freguesia

Santa Maria Maior

“O meu objectivo como autarca é trabalhar e passar despercebido”

O trabalho de um presidente de Junta por vezes acaba por ser desvalorizado, as palavras são suas. O que o leva a dedicar-se há mais de duas décadas a Santa Maria Maior?Amadeu Bizarro (AB) – Trabalhei nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, pas-sei pela Comissão de Trabalhadores, pelo Grupo Desportivo dos Estaleiros e pela Associação Cultural e Desportiva Capitães de Abril, entretanto surgiu um convite de um camarada meu para integrar a lista para a Assembleia de Freguesia e eu aceitei. No primeiro mandato fui vogal e só depois concorri como cabeça de lista. Nunca ambicionei ser Presidente de coisa alguma, no entanto, com o tempo vai-se ficando com o “bichinho” e cá estamos. Para se estar numa Junta é preciso ter gosto e tem-po para se dedicar às pessoas e atender todas as suas necessidades, por isso, e uma vez que estou reformado, dedico-me à causa a tempo inteiro, quando o regime de permanência é apenas a meio tempo. O atendimento das pessoas, acompa-nhamento e encaminhamento dos seus assuntos é um factor determinante, não é só com obras que se ganham as eleições, principalmente numa Junta da área urbana em que o trabalho realizado muitas vezes se reflecte mais no Município. Ora, hoje em dia a Junta de Freguesia realiza muitas das obras que anteriormente eram da alçada da Câmara, e muitas vezes por directa solicitação desta. Desde que cá estou muitas foram levadas a cabo, desde o saneamento básico ao escoa-mento de águas pluviais, á reparação de arruamentos e montagem e manutenção de equipamentos da freguesia, nomeadamente parques infantis e zonas verdes. Tendo a filiação partidária que tenho, sendo esta a única junta da CDU no concelho e olhando para os resultados em que obtivemos maioria nas duas últimas eleições, apercebemo-nos que este lugar nem sempre tem a ver com o partido mas com as pessoas.

O que acha desta nova Lei de limitação de mandatos?AB – Acho que deveria abarcar todos os órgãos políticos e não apenas as autar-quias. Acho que três, quatro mandatos servem perfeitamente os propósitos, senão corre-se o risco de se tornar cansativo e cair na monotonia. Essa foi uma das razões que me levou a integrar mais gente jovem na nossa lista à Assembleia de Freguesia; quero que as pessoas continuem a apostar no trabalho que vem sendo desenvolvi-do pela CDU. Temos também a preocupação de cumprir as quotas, por isso, a lista era composta por onze homens e nove mulheres, sendo que, actualmente, num executivo composto por cinco elementos, três são homens e dois são mulheres.

Com tantos anos ao serviço desta população, poder-se-á dizer que Santa Ma-ria Maior mudou muito?AB – Mudou muito, principalmente o outrora denominado “Lugar da Abelheira”. Esta era uma zona essencialmente rural que possibilitou o crescimento e desenvol-

vimento desta freguesia a nível habitacional e estrutural, levando a Junta de Fregue-sia a intervir nas infra-estruturas de escoamento de águas pluviais, de saneamento, de pavimentação, entre outras, e o centro histórico tem vindo a ser requalificado pela Câmara Municipal, ao abrigo do Programa Pólis. Os quase cerca de 13000 habitantes que integram esta freguesia têm ao seu dispor um pouco de tudo: Uni-dade Local de Saúde, Centro de Saúde, clínicas especializadas, escolas do ensino pré - primário ao superior, Governo Civil, Município de Viana do Castelo, Bombeiros Voluntários, PSP e Tribunal Judicial e de Trabalho, só nos falta a GNR e os Bom-beiros Municipais para sermos quase um concelho! Para além de que esta é uma freguesia essencialmente de comércio e serviços.

Com tanta oferta há ainda alguma (s) obra (s) que gostaria de ver realizada? AB – Sim. É o caso dos parques infantis, que ao abrigo da nova Lei, irão ser com-pletamente remodelados, quer o piso quer os equipamentos de lazer. Isto é um pouco complicado. Apesar de já ser nossa intenção substituir alguns dos pisos e fazer alguns melhoramentos, substituir todos os equipamentos já existentes em sete parques infantis, leva a pensar em desperdício tanto dos próprios equipa-mentos como das verbas já investidas. Gostaria ainda de ver o Município delibe-rar a transformação da antiga escola primária da Abelheira em Jardim de Infância público e, pelo seu crescimento populacional, de ver erigido um novo centro de saúde na parte oriental da freguesia que servisse Santa Maria Maior e Meadela, Um projecto que me enche de orgulho é o “Monumento ao Carreteiro”. Uma vez que o Lugar da Abelheira desapareceu da toponímia da freguesia, este executivo entendeu que deveria prestar uma homenagem a uma das artes que aqui existiu. Depois de cinco anos, desde a aprovação pelo executivo à sua inauguração, e de alguma polémica, finalmente a escultura colocada na Praça Dr. António Feio Ribeiro da Silva homenageia a freguesia.

E a nível de acção social, de que forma tratam os idosos?AB – Esta era uma freguesia com população maioritariamente idosa, mas que tem vindo a rejuvenescer. As actividades para jovens e idosos são realizadas pela Câmara Municipal, através do gabinete “Cidade Saudável”. Estamos inseridos na Rede Social através da criação da Comissão Social de Freguesia de Santa Maria Maior. O nosso primeiro projecto foi realizar um inquérito à população para avaliar as suas necessidades mais prementes e cujos resultados conduziram à elaboração do Diagnóstico Social da Freguesia (disponível para consulta no nosso site). Com base neste, e em parceria com o Município, está a ser criado um Banco de Volunta-riado com o objectivo de apoiar os idosos nas mais variadas valências, por exem-plo: acompanhamento às compras ou ao Centro de Saúde, mudar uma lâmpada ou simplesmente fazer companhia aos idosos mais solitários. Uma vez que todo este projecto depende de voluntariado, obviamente, está a crescer lentamente. A nível social, distribuímos cabazes alimentares pelos mais necessitados.

Num país em crise, acha que a solução seria a regionalização ou, em alterna-tiva, uma reforma administrativa do país?AB - No PCP sempre fomos a favor da regionalização. O mal deste país são os “ta-chos” que se criam e isto começa a ficar pesado, porque o Orçamento de Estado não é pesado pelos vencimentos dos funcionários públicos, é pesado na estrutura central. Não pode haver cortes sempre nos mesmos desgraçados.

É um presidente realizado?AB – Sou. A esta Junta concorrem todos os partidos e, contrariamente ao que circulou durante a campanha eleitoral, fomos eleitos com maioria absoluta, apesar das caras novas incluídas na lista. Foi o maior resultado eleitoral que tive com a par-ticularidade de haver menos gente a votar. É um reflexo do trabalho. Ainda assim, pensava que ia perder a maioria e como não aconteceu fiquei surpreendido. Há que ter em conta que na política não vale tudo. Ajudo toda a gente, vou com os idosos onde eles necessitam, trato-lhes de todo o tipo de assuntos, levo-lhes alimentos a casa no meu carro, não tenho problemas nenhuns. Mais não posso fazer. Agora, o que eu espero sinceramente é que na hora da minha saída a população continue a apostar na mesma força política – CDU, que ao longo destes anos tem vindo a desenvolver todos os esforços por esta freguesia. Caso contrário, será para mim uma grande desilusão.

Amadeu Bizarro, presidente da JF Santa Maria Maior

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Junta de Freguesia

Darque

“Somos a caixa de ressonância da população”

Do passado ao presente “É o terceiro mandato, se bem que o primeiro mandato foi de 18 meses. Logo, estou a iniciar o segundo mandato completo. Foi feita uma grande requalifi-cação nada comparável ao que era a freguesia há dez anos atrás. O impacto visual e a realidade actualmente não é a mesma. Temos uma grande zona industrial a nascente da freguesia. Essa foi uma obra que veio revolucionar a nossa freguesia, e que trouxe algumas mais-valias. É óbvio que estas grandes obras também têm os seus malefícios, dado que afectou o pequeno comér-cio. Contudo, é inegável que esta parte comercial no seu global e na sua es-trutura grandiosa trouxe mais qualidade de vida, no que diz respeito às infra-estruturas, foram criadas acessibilidades, uma maior limpeza e uma maior dignidade visual de entrada na nossa vila. Uma também grande obra deste executivo foi o encerramento de 7 passagens de nível e a construção de 3 viadutos. Esta, trouxe a garantia de uma maior segurança à população.”

“É bom viver em Darque” “Viver em Darque é bom. É uma freguesia estrategicamente e geograficamen-te bem colocada. Tem mar, rio, monte… É uma freguesia enorme, diversifi-cada, apresentando uma população heterogénea. Sou suspeito, mas como darquense de gema, defenderei com unhas e dentes Darque. Não posso fazer outra coisa se não dizer bem de Darque. Darque é maravilhoso, quem vem e quem conhece gosta de viver aqui. Há aqui um elevado e invejável grau de qualidade de vida. Temos CTT, comércio, boas acessibilidades, água potável, saneamento, não há problemas de electrificação, grandes restaurantes, e en-tre outros, temos o Santoinho que tem levado o nome de Darque bem longe com o seu Arraial Minhoto, que é procurado por milhares de pessoas ao longo do ano e que traz notoriedade à freguesia.”

Homem do Rio homenageado“A estátua surge de um grupo de pessoas beneméritas da freguesia, que resolveram homenagear o homem do rio, o pescador, porque Darque efecti-vamente tem muitos pescadores, pessoas que viveram e alguns ainda vivem da pesca da lampreia, se bem que este ano não tenha sido fértil na iguaria. Assim um grupo de pessoas com algum poder económico resolveu fazer este monumento em homenagem a Darque e ao homem do rio, pois a maior base piscatória de rio está em Darque e, claro, a lampreia recomenda-se!Este ano não houve peixe suficiente para fazer o tradicional festival de lam-preia, mas fizemo-lo durante dois anos seguidos e correu muito bem e veio muita gente. Depois, nada melhor do que comer um prato confeccionado pelos pescadores, que sabem melhor que ninguém lidar com o peixe. Espe-remos que no próximo ano se reúnam condições para o festival voltar, porque para além de ser uma mais-valia, as pessoas têm a possibilidade de satisfazer um desejo a baixo custo, preparado por quem sabe, que lhe dá outro sabor (tal como nos restaurantes darquenses). É um festival importantíssimo. Gos-taríamos que não acabasse porque dinamiza, publicita e traz vários benefícios à freguesia.”

A Junta de Freguesia é a casa da democracia! “É a casa da democracia mais próxima do cidadão do eleitor comum, e maior facilidade há para nos contactar. Há uma interligação enorme. Naturalmente que as competências delegadas são as previstas por lei. Deviam ser mais, pois acho que deveríamos poder servir mais rapidamente, mas isso é uma estrutura que obedece às leis. Devia haver alteração de algumas situações, para que pudéssemos, enquanto órgãos administrativos, dar com maior efi-cácia resposta e estar mais próximos das pessoas, para que estas vissem os seus problemas rapidamente resolvidos. Isso não é possível, porque as verbas que nos são atribuídas são-no em função do eleitorado. Acaba por ser uma luta constante para a apresentação de projectos, e neste aspecto a câ-mara municipal tem connosco um bom relacionamento, activo, comunicativo, e dentro das possibilidades, que também eles são limitados, vão colaborando e contribuindo para o desenvolvimento, porque também é essa a sua função dinamizar os concelhos da melhor maneira. Acho que estamos no bom ca-minho. Não se pode fazer tudo, mas com alguma serenidade é possível levar as nossas reivindicações a bom porto e lutar por aquilo que é mais urgente para a população. Sendo nós a caixa de ressonância por estarmos mais pró-ximos, vamos ouvindo o pulsar da população e das necessidades, vamos transpondo e alertando para situações que vão tendo algum feedback para que possamos dar respostas para o bem comum. Isso dá-nos alento para trabalhar. Quando nos candidatamos, naturalmente que trazemos ideias, um programa, mas vamos complementando-o com o que nos vai chegando no dia-a-dia e, no enquadramento da nossa estrutura, englobamos as preten-sões da população. Este executivo tem correspondido ao máximo, a prova disso é o voto de confiança sucessivo. A nossa vontade e determinação é a mesma, assim como o entusiasmo, o empenho, o querer servir, mas há sempre alguns entraves…”

Presidente “sempre presente”!“Podem contar com o que sempre contaram: honestidade e trabalho. Sou um presidente presente, aliás desde que tomei as rédeas desta casa, estive sem-pre presente. E outra coisa não seria de esperar, porque quem vem para aqui não é obrigado a vir, vem por que quer, porque gosta, e para prestar um servi-ço de cidadania. Nesse sentido acho que as pessoas ficam bem servidas.O que me fez candidatar foi apagar as más imagens infundadas sobre Dar-que. Passarei a imagem de que Darque é maravilhoso! Muitos ilustres da nos-sa sociedade, com cargos públicos de relevo vivem nesta freguesia. E, se escolheram Darque é por alguma razão…”

Esquadra da Polícia para quando?“Há uma infra-estrutura a ser feita, nomeadamente a esquadra da polícia, que estava anunciada e esteve quase a ser realizada, mas na altura o governo de então entendeu que as mega-esquadras seriam uma melhor medida de con-trolo. É uma situação discutível, mas o mais importante é que haja controlo e segurança e felizmente os casos que se passam na freguesia não são casos alarmantes. Darque é uma freguesia segura, convido qualquer pessoa a andar à vontade de dia ou à noite!”

Para um maior equilíbrio económico: Apertar o cinto precisa-se!“Talvez seja necessário fundir as freguesias mais pequenas. Compreendo que as pessoas destas freguesias sintam que estão a perder um pouco a sua iden-tidade, contudo, para haver uma reestruturação e um equilíbrio económico há que haver restrições e se calhar há coisas que não se justificam. Há que ir ao encontro do equilíbrio financeiro para evitar uma maior despesa pública. Infe-lizmente, hoje estamos a atravessar uma grande crise. Penso que se houvesse um maior racionamento no acto administrativo, era bom para o país e depressa sairíamos do défice, mais valia apertarmos agora o cinto um bocado.”

Joaquim Peres, presidente da JF Darque

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Benéfica e

Previdente

“Recomeçar pelas pessoas”

“Recomeçar” um protocolo de colaboração entre a Benéfica e Previ-dente com a Arrimo. No acto de assinatura Carlos Salgueiral, salien-tou que a sua instituição tem vindo a desenvolver e a dinamizar várias acções sociais culturais e escolares, fomentando a participação da comunidade local, sejam utentes familiares e parceiros, com o objec-tivo de promover a inserção social dos jovens e adultos em situação de risco desemprego e exclusão. “Recomeçar” disse, é um termo de oportunidade de criar condições para responder às necessidades da população com elevadas carências económicas, sociais e culturais, de pessoas e grupos mais vulneráveis. A nossa casa, como podem ver desenvolve actividades diárias, oferece serviços de apoio socio-cultural, partilha conhecimentos e experiencias, promove actividades de proximidade, apoio aos mais idosos e carenciados e de cuidados básicos de saúde. Nas oficinas comunitárias desenvolvemos activi-dades lúdicas e recreativas, dirigidas a crianças, jovens e adultos de baixas qualificações profissionais e com baixos níveis de escolarida-de. Todo o nosso trabalho, tem apenas um fim em vista, promover a inserção social de jovens e adultos em situação de risco e desempre-go, para criar condições para responder às necessidades da popula-ção com elevadas carências económicas, sociais e culturais e muito vulneráveis. Por isso a nossa colaboração deve ser entendida nesse espírito de fraternidade e solidariedade, com que a Benéfica e Previ-dente, sempre esteve e pretende continuar a estar… Se a utilização deste nosso espaço, conseguir a promoção da formação profissional, a troca de experiencias, e o bem-estar e a recuperação de pessoas, então direi que valeu a pena, porque acima de tudo é pelas pessoas que vale a pena lutar. Uma Frota solidária

Por todo o País circula 16 carrinhas “Solidárias” um exemplo que teimamos em não querer conhecer, mas que na verdade é um projecto da iniciativa da Fundação Montepio Geral, que em 2009, recebeu, através do Ministério das Finanças, 421 Mil Euros, resultantes de valores atribuídos, no âmbito da Lei da Liberdade Religiosa (consignação Fiscal). A Fundação Montepio, decidiu que estes montantes entregues pelos contribuintes deveriam ser restituídos á so-ciedade civil, aplicando estes valores na aquisição de veículos automóveis es-peciais e adaptados, que se designou como “Frota Solidária” e que irão apoiar 16 instituições particulares de solidariedade social. Há iniciativas que não ten-do a pompa e a circunstância, nem as honras de abertura noticiosa, e muito menos de primeira página, não deixam de ter o mérito pelo significado que representam de um povo que sabe e conhece o rumo pelo qual quer ver o País a caminhar… Foi no convento de S. Francisco, e na presença do Presidente da Câmara de Santarém, do Secretário de Estado da Administração Pública e do Conselho de Administração do Montepio, que foram entregues 16 carrinhas às seguintes instituições: AFID – Diferença; Associação Nacional para a Acção Familiar (ANJAF); Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos da Agual-va-Cacém (ARPIAC); Associação dos Reformados, Pensionistas e Idosos do Concelho de Faro (ARPI); Benéfica e Previdente - Associação Mutualista; Cen-tro de Reformados e Idosos do Vale da Amoreira (CRIVA); Centro Paroquial da Cunha Baixa; Centro Social Interparoquial de Santarém Centro Social Paroquial de Barcarena; Centro Social Paroquial de Recardães; ELO Social - Associação para a Integração e Apoio do Deficiente Jovem e Adulto; Espiga - Cooperativa de Solidariedade Social Alentejo, Portugal; Santa Casa da Misericórdia de Bar-celos; Santa Casa da Misericórdia de Portalegre; Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo; Santa Casa da Misericórdia do Fundão