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ABRIL 2013 / Nº21 / 5 EUROS Câmara Municipal de Alenquer Alenquer prepara XXXI Feira da Ascensão de 8 a 12 Maio 2013 Junta de Freguesia de Aver-o-Mar – Póvoa de Varzim: “Vamos ter que começar a trabalhar na ‘Obra’ Humana!” www.nave-consult.com Junta de Freguesia do Troviscal – Oliveira do Bairro Descontente com a extinção da freguesia e após demissão do Ministro, Autarca do Troviscal oferece emprego a Miguel Relvas 3º Encontro Nacional de Freguesias 20 Abril 2013 - Coimbra

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Revista do Poder Local e da Economia Social

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Câmara Municipal de Alenquer

Alenquer prepara XXXI Feira da Ascensão de

8 a 12 Maio 2013

Junta de Freguesia de Aver-o-Mar – Póvoa de Varzim:

“Vamos ter que começar a trabalhar na ‘Obra’

Humana!”

www.nave-consult.com

Junta de Freguesia do Troviscal – Oliveira do Bairro

Descontente com a extinção da freguesia e após demissão do Ministro,

Autarca do Troviscal oferece emprego a

Miguel Relvas

3º Encontro Nacional de Freguesias

20 Abril 2013 - Coimbra

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As carências das famílias da Freguesia aumentaram, muitas já não conseguem garantir a sua alimentação, e todos os esforços para

combater o flagelo social destas famílias contam, e Nós Contamos Consigo.

Participe na Troca de Bens Traga à Junta de Freguesia, bens alimentares e Troque

por bens não alimentares. Lista de Alimentos: açúcar, leite, café, feijão, grão, massas, arroz,

papas Nestum, óleo, salsichas, pasta de dentes, vinagre, etc. Troque por: álbuns de fotografias, aparelhos de medir a tensão,

aquecedores, roupas (interior, crianças, adulto), candeeiros, tapetes, despertadores de cozinha, etc.

Exemplo, troque atum e azeite por medidor de tensão. Esta troca de bens permitirá distribuir os bens alimentares resultan-tes da mesma, às famílias mais carenciadas da Freguesia, promo-vendo por outro lado, uma "comercialização" aos tempos primór-

dios, onde os bens servia de troca para as necessidades de cada família, manifestando assim a solidariedade cívica do meio, pois

existia unicamente trocavam-se bens em vez da moeda.

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3Editorial

Defender o Poder Local é defender Abril!

Ficha TécnicaPropriedade, Redacção e Direcção: NewsCoop - Informação e Comunicação CRL

Rua António Ramalho 600E • Apartado 6024• 4461-801 Senhora da Hora • MatosinhosPublicação periódica mensal registada na E.R.C. com o número 125 565

Tiragem: 12 000 exemplares• Contactos: Tel./Fax: 22 9537144 •E-mail: [email protected]

Director: Sérgio Oliveira • Editor: António Sérgio • Coordenação Editorial: Frederico Seabra | Pedro LopesJornalistas: Elda Lopes Ferreira • Administrativo: António Alexandre • Produção Gráfica: Ana Oliveira • Impressão: Multitema

Esta edição não se encontra ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico.

Índice

Editorial .............................................3

IMVF .................................................4

JF Padim da Graça – Braga .................5

JF Figueiredo – Braga .........................6

JF Joane – Famalicão ..........................7

Univ. Lusíada – Famalicão ...................8

JF Rio de Moinhos – Penafiel ...............9

JF Senhora da Hora – Matosinhos .....10

JF Leça da Palmeira – Matosinhos ....11

JF Aver-O-Mar – Póvoa de Varzim......12

CM Alenquer .....................................14

JF Aldeia Galega da Merceana – Alenquer ........................................15

JF Oliveira do Bairro – Oliveira do Bairro ...........................16

JF Troviscal – Oliveira do Bairro ........17

JF Gemunde – Maia ..........................18

JF Campo – Valongo ..........................19

Coop Pedreiros ..................................20

Benéfica e Previdente ........................22

Fumeiro de Barroso – Montalegre ......23

O Poder Local De-mocrático, uma das maiores conquis-tas do 25 de Abril, foi vítima de um fe-roz ataque desferi-do por um Ministro que nunca foi capaz de explicar as ra-zões, os motivos e a estratégia que o le-vou a querer acabar com centenas de jun-tas de freguesia, que ao longo dos anos têm vindo a responder aos desafios de desenvolvimento pros-seguindo uma luta permanente e incan-sável contra o tempo para recuperar os atrasos registados, principalmente nas zonas mais periféricas.Só por ignorância ou má-fé é que a clas-se política dominante se mostra indife-rente e teimosamente inflexível contra a vontade de centenas de milhares de pessoas, que ao longo destes dois últi-mos anos têm desenvolvido uma luta jus-ta, civilizada e pacífica contra uma de-cisão que em nada beneficia as pessoas e o país.Hoje mais do que nunca o grande desa-fio que se coloca é defender a cultura, os usos e os costumes de cada região e, em particular, de cada uma das nossas Fre-guesias – onde o presente é vivido com preocupações decorrentes da situação de crise e de regressão em que o futuro é visto com grande apreensão.São os autarcas, que devem construir uma barreira sólida e firme contra a ce-gueira, o autismo e a obsessão de um po-

der que age contra a história, a cultura e as pessoas, e são os autarcas e os cida-dãos que devem de-cidir como, quando e em que condições fa-rão a reforma admi-nistrativa num clima de paz, tranquilida-de e segurança e em respeito pelos legí-timos interesses das populações.

Reformar a “régua e esquadro”, apagar da história a cultura e os costumes das nossas gentes, é cair na tentação fácil de julgar que basta “fazer uma lei” elimi-nando as freguesias para considerar que desta forma se fez a “reforma adminis-trativa.”Nada mais utópico, nada mais absurdo. Só por mera ignorância é que se pode imaginar que por Decreto-Lei se pode desvalorizar, e até renegar, o papel im-portante dos homens e mulheres, autar-cas das juntas de freguesia que lutaram pela criação de infraestruturas e de equi-pamentos como uma preocupação fun-damental de ordem social, associada à melhoria da qualidade de vida das popu-lações. Que apostaram e investiram nas acessibilidades e criaram as condições de base para a instalação das redes de água, esgotos, arruamentos, limpeza, recolha e tratamento dos resíduos, e que hoje, em nome de uma “reforma administrativa” querem destruir. E com ela uma das mais belas conquistas de Abril… O poder lo-cal democrático.

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4Instituto Marquês de Valle Flôr – IMVF

“A NOSSA RAZÃO DE EXISTIR SÃO AS PESSOAS!”

À margem da I Conferência Go Local: “Respostas Locais a Desafios Globais”, na Maia, inserida no projecto “Go Local: Por uma Cidade Sustentável” cofinancia-do pela Comissão Europeia e apoiado pela Cooperação Portuguesa, que visa “pro-jectar a voz dos municípios europeus na adopção de políticas coerentes a nível glo-cal, de forma a prosseguir a justiça social, a inclusão económica, a redução da pobre-za e o desenvolvimento sustentável”, a Fó-rum & Cidadania conversou com Carlos Telles de Freitas, administrador do Institu-to Marquês de Valle Flôr (IMVF), que nos apresentou o Instituto e nos mostrou al-guns caminhos de “mudança” rumo a um futuro mais sustentável, mais global.

Quem procura o Instituto Marquês de Valle Flôr?Carlos Telles de Freitas – Procuram-nos dois tipos de entidades. Por um lado, entidades que têm carências e junto das quais promovemos o desenvolvimento socioeconómico e cultural das populações em setores-chave como a Educação, a Saúde e a Segurança Alimentar, esse é um gru-po de pessoas, o outro são os financiadores. Pro-curam no nosso trabalho o rigor, o conhecimen-to do terreno, o trabalho em equipa e em rede, ou seja, o que fazemos é juntar os dois grupos de pessoas, com proveitos para todas as partes envolvidas. E essa é a nossa grande mais-valia e a nossa grande aposta. Muito honestamente, não somos tão conhecidos como devíamos, mas

sentimo-nos muito bem no final do dia quando vimos que os nossos projectos beneficiaram as pessoas.Só existimos porque há pessoas que precisam, que querem partilhar o conhecimento, recur-sos, necessidades e é para elas que trabalhamos. Aliás, uma das mensagens fortes dos nossos pro-jectos quer em Portugal, quer fora de Portugal é que as pessoas são donas do seu próprio destino. Atravessamos um paradigma em que temos que ser cidadãos de corpo inteiro que assumem ver-dadeiramente a sua cidadania, intervêm no seu bairro, na sua câmara, na sua região, não pode-mos estar à espera que o governo central faça tudo. É desse contributo, meu, seu, de todos, que vamos construir um amanhã diferente. O trabalho do IMVF em Portugal é mais o de despertar as consciências, trabalhamos uma área muito específica que é mudar atitudes e comportamentos. De forma a potenciar esta di-nâmica, o IMVF é responsável por projectos muito interligados à área da governança, traba-lhando em parceria com as autarquias. Temos vários exemplos, como o projecto “GoLocal” e o “Redes para o Desenvolvimento”. O projecto “GoLocal” é um bom exemplo de como pode-mos melhor servir as populações, se estas, as câ-maras municipais e a sociedade civil trabalha-rem em conjunto. Conseguir-se-á construir uma cidade, um município muito mais agradável para viver, do que se for a autarquia a pensar em tudo, nunca vai conseguir pensar em tudo. O trabalho em rede através de relações de parcerias é fun-damental!

A Go Local engloba sete Municípios, incluin-do o da Maia, onde se realiza também esta I Conferência. De que forma é que surgem associados a esta iniciativa?Sentimos que as cidades querem, em termos de cooperação e desenvolvimento, ser um actor mais activo no processo. E ao sentir essa ne-cessidade começámos a falar com as cidades e com os municípios no sentido de trabalharmos

em conjunto na mudança de encarar o desenvol-vimento sustentável e privilegiar a partir daí os cinco eixos principais que constituem o Go Lo-cal. Com uma dimensão europeia, vários parcei-ros em Espanha e na Bulgária, estão envolvidos nesta iniciativa, além de ter uma abrangência bastante grande a nível do território nacional.

Ao nível das próprias autarquias portugue-sas, como é que tem sido a receptividade? Acha que estes 7 municípios serão o ponto de partida para chegar aos restantes 301?Sim, acho que muita gente não tinha consciên-cia, por exemplo, que hoje em dia 70% da popu-lação vive no eixo Braga – Setúbal. Acho que as pessoas não conseguem conceber como é que o povo português vive numa “banana” entre Bra-ga e Setúbal. E o resto do país? E o problema é: como é que isso é sustentável? Estamos numa faixa de 400km por 50km a consumir os recursos todos do país e, quem é que produz os recursos para que esse país pos-sa funcionar? Como é que esse país pode sobre-viver? Neste paradigma da globalização, as Câ-maras têm de reflectir nas dificuldades que se lhes apresentam. Passo a reportar um exemplo recente, a cidade de Chicago está em risco de falência técnica, porque em menos de 10 anos perdeu 750 mil pessoas, contribuintes. Portan-to, não é possível gerir um orçamento de uma cidade sem pessoas, e como o presidente da câ-mara da Maia disse e muito bem, “é preciso que as cidades apostem nas pessoas, não basta tra-zer investimento, temos de apostar nas pessoas, na participação das pessoas na vida das cidades, as pessoas têm que se sentir bem na cidade”. A nossa missão é assumirmos este papel de faci-litadores, de comunicadores, de formadores in-clusivamente, porque parte deste programa tam-bém inclui formação ao nível dos técnicos autár-quicos sobre várias temáticas, entre elas, a eco-nomia solidária.

Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF)Criado em 1951, o objectivo do IMVF sem-pre foi promover projetos de desenvolvimen-to, primeiro na área da investigação cientí-fica e das bolsas de estudo, e mais tarde em projectos de cooperação para o desenvolvi-mento e educação para o desenvolvimen-to, a partir dos anos 80. Com uma presen-ça global em toda a CPLP e Indonésia, esta ONGD, está presente em todos esses países com projectos na área da saúde, educação, educação ambiental e várias áreas de inter-venção. Por ano mobilizam e gerem aproxi-madamente 30 projectos, sendo que as pes-soas directamente focadas para esses projec-tos rondam os dois milhões.

5 METAS PARA UMA CIDADE GLOCALA Campanha Go Local lança o desafio: por uma Cidade Sustentável dirigida aos Municí-pios e sociedade civil em Portugal, Espanha e Bulgária, convidando à participação na cons-trução de um futuro sustentável e no reforço das políticas de Desenvolvimento. O IMVF e os municípios portugueses são agentes activos do processo de cooperação que permitem ru-mar a um futuro mais sustentável. As Cidades Glocais assumem-se como agentes mobilizado-res do desenvolvimento sustentável através de 5 Metas:1. Assumir um compromisso formal para tor-

nar as cidades sustentáveis, contribuindo, para o alcance dos objectivos do Milénio.

2. Comunicar para o desenvolvimento, através de um trabalho em rede com as entidades locais, fortalecendo o conhecimento e envol-vendo a comunidade na solução de proble-mas.

3. Promover uma Cidade de Oportunidades, abrindo espaço à multi-culturalidade, igual-dade e formação ao longo da vida.

4. Criar uma economia inclusiva, reduzindo ao mínimo os custos das externalidades de polí-ticas locais, atraindo empresas e fomentan-do o empreendedorismo e a inovação.

5. Gerir o ambiente urbano, usando os recur-sos de forma equilibrada e racional.

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5Junta de Freguesia de Padim da Graça – Braga

“FElIZmENTE O ‘INImIgO’ já SE DEmITIu!”

Secretário no anterior mandato, João Mo-reira, cumpre o primeiro mandato ao ser-viço da população da freguesia de Padim da Graça, onde foi possível reconverter a antiga escola e inaugurar o novo edifício da sede de junta, com um espaço desti-nado à Associação de Reformados local. A freguesia divide-se em duas festivida-des as festas em honra da N. Sra. da Graça, que se realiza no domingo após a Páscoa e, em Setembro, as festas do padroeiro, San-to Adrião. É um presidente atento e, ape-sar de residir em Braga, passa a maior par-te do seu tempo na freguesia. Em casos de emergência é o primeiro a chegar. Em Outubro, está prevista a sua recandidatu-ra: “a minha população conhece-me bem. Tem em mim sempre um amigo e uma por-ta aberta.”

As dificuldades com que as freguesias se de-param são constantes, em alguns casos substi-tuem-se ao próprio Governo “em termos de saú-de temos um enfermeiro que faz rastreios, análi-ses, entre outros tratamentos. Prestamos o ser-viço de apoio domiciliário, destinado a pessoas com fraca mobilidade, o nosso enfermeiro ao vi-sitá-los, faz também o encaminhamento de al-

guns doentes que necessitem de outros cuidados médicos. Cumpre-nos também fazer o transpor-te de doentes com pouca mobilidade ao hospi-tal”, referiu João Moreira.Este tem sido um mandato vocacionado essen-cialmente para dois pilares, a educação e a ter-ceira idade e, seguindo este último desígnio, será inaugurado em Maio, um centro de convívio des-tinado aos idosos.

Reforma AdministrativaNa questão da reforma administrativa, apesar não ver a sua freguesia extinta, tem estado so-lidário com as que o serão. “Felizmente que o “pai” desta reorganização, Miguel Relvas – o inimigo – se demitiu. Considero que não vai ha-ver poupança nenhuma com esta medida e acre-dito que o próximo acto eleitoral autárquico será marcado pela abstenção”, explicou. “As freguesias são uma conquista de Abril e, esta re-forma serve para abalar e acabar com a demo-cracia de um país”, concluiu.Quando esteve prevista a agregação de Padim da Graça, à freguesia de Mire de Tibães, a po-pulação mostrou-se completamente contra. “Há bairrismos, há a própria questão da identidade e não é fácil sentir que estamos a perder o nosso território. Inclusivamente, aprovámos uma mo-ção contra a extinção de freguesias que foi apro-vada por unanimidade.” Por outro lado, no caso de algumas freguesias urbanas, na sede de con-celho, o autarca mostra-se a favor da extinção, porque a população acaba por não ter tanta pro-ximidade ao presidente, às vezes nem o conhe-cem, ao passo que nos meios rurais não é as-sim, “somos os bombeiros directos, somos mais voluntários, recebemos pouco apoio financeiro para o número de habitantes que temos e para o trabalho que prestamos”, explica. Nesse sentido, a câmara municipal de Braga tem tido um papel determinante, sendo um parcei-ro muito presente, e com quem a freguesia de Padim da Graça mantém uma óptima relação

sobretudo de solidariedade, aumentando signifi-cativamente as verbas destinadas às freguesias do concelho. “A autarquia Bracarense tem sido amiga dentro das suas dificuldades. O presidente Mesquita Machado fez muito por Braga. Deve ter sido um dos concelhos que mais cresceu nos últimos anos no país. Apesar de Mesquita Ma-chado não se poder candidatar nas próximas au-tárquicas pela Lei de Limitação de Mandatos, apoiaremos o actual vice-presidente, Vítor Sou-sa, que será o candidato escolhido pelo partido. Ele é também um bom amigo, trabalha muito connosco e tem-nos dado muito apoio. Estamos solidários com a sua candidatura.”Acerca desta lei, o autarca encara-a como po-sitiva, “três mandatos são suficientes”, afirma. “Tenho feito um esforço para lançar gente jo-vem, para que este trabalho autárquico seja as-segurado pelas próximas gerações. E haja reno-vação de pessoas nos cargos políticos.”

25 de AbrilA data da Revolução dos Cravos é sempre as-sinalada com um jantar comemorativo, junto de militantes do partido e todos aqueles que se queriam associar. É oferecido um cravo a todos os presentes “para que este 25 de Abril esteja mais vivo que nunca. Não podemos deixar que os cravos murchem. As proporções que esta polí-tica que está a ser seguida está a tomar, preocu-pam-me muito. Este cenário é muito negro, mui-to mau”, lamenta. “Temos muito desemprego na freguesia, mas dentro das nossas limitações fi-nanceiras a freguesia juntamente com a Asso-ciação Vicentina tenta apoiar todos, o mesmo se passa no apoio às instituições locais.”A propósito do 3º Encontro Nacional de Fregue-sias promovido pela ANAFRE, João Moreira, demostra satisfação. “A ANAFRE tem-se em-penhado muito na defesa dos direitos das fre-guesias. Penso que o povo irá castigar este Go-verno nas próximas eleições”, salientou.

João Moreira

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6Junta de Freguesia de Figueiredo – Braga

“ESPERO quE A lEI SEjA SuSPENSA”

“Liquidar Freguesias” é como descreve o presidente David Fernandes esta Reforma Administrativa. A cumprir o terceiro man-dato, chegou à freguesia em 2001, e con-fessou que esta legislatura partiu de um conjunto de “homens da terra” que peran-te um “vazio político” se empenharam em fazer mais pela sua comunidade. E, à me-dida que as eleições se iam aproximando, aperceberam-se que as intenções de voto lhes eram maioritariamente favoráveis.

Que esta é uma lei que levanta muitas interroga-ções, não há dúvidas, logo à partida, nos rumos dos funcionários da administração local, patri-mónio edificado identitário das freguesias, en-tre outras. Mesmo assim, ao nível das sedes de junta, David Fernandes é da opinião que estes edifícios se não tiverem outra utilização, futura-mente, poderão servir para as colectividades de-senvolverem as suas actividades e terem as suas sedes, dinamizando os próprios locais onde in-tervêm. “Esta reforma é para “inglês ver”. Em Braga, as populações não vão ganhar nada. O facto de terem uma junta de freguesia garante a proximidade à população tão necessária, para a ajudar a resolver os seus problemas.” Apesar da freguesia de Figueiredo não ser afectada. Esta reorganização “vem liquidar freguesias. Não lhe reconheço mais-valias, vai haver mais gastos, mesmo ao nível da estrutura. Com proximida-de, o autarca é mais sensível aos problemas so-ciais. Temos 1060 eleitores, mas não cobramos um cêntimo em taxas. Penso que as estruturas vão ficar muito desprotegidas. Aliás, com a saída de Miguel Relvas e com tanta providência caute-lar espero que a lei seja suspensa, porque não há qualquer poupança com a agregação.”“O trabalho da ANAFRE tem sido exemplar”,

classifica. “O que tem havido é uma grande tei-mosia por parte do governo, e não inércia da ANAFRE, que promoveu manifestações bastan-te participadas, o congresso, encontros, tem fei-to um excelente trabalho. Fizeram o possível e o impossível.”

«Somos uns “pedintes de esmola”!»“A junta de freguesia de Figueiredo, antes de as-sumir funções em 2001 era uma freguesia socia-lista há 17 anos. Acredito que desempenho es-tas funções porque havia uma grande necessida-de de mudança. Criou-se uma rotina que se foi esvaziando. Portanto, a minha equipa assumiu este compromisso por se constatar um enorme vazio político e a verdade é que vencemos por maioria. A política actual está tão degradada, que perante essa degradação estamos perante um ciclo vicioso. E a visão que os eleitores têm da corrupção na política prejudica-nos, pois to-mam a parte pelo todo. Quando o presidente de junta é um prestador de serviços, um criado. So-mos uns ‘pedintes de esmola’. Foi o dinheiro do FFF que nos veio dar alguma liberdade, alguma autonomia, para que possamos apoiar as insti-tuições locais para que se mantenham activas e sejam incentivadas. Temos conseguido mantê-las todas activas. É essa a nossa grande preocupa-ção e “vitória”.”Mas não se ficam por aí, com a criação do Ban-co Solidário, em parceria com a Paróquia e a Associação do Divino Salvador, de 15 em 15 dias vão entregando alguns alimentos às famí-lias mais carenciadas. “No futuro pensamos que será possível fornecer medicamentos. Temos vá-rios casos de pobreza envergonhada sinaliza-dos.” E refere: “o momento de austeridade que atravessamos, em que não há incentivos ao em-

prego, as empresas não têm crescimento, sou in-capaz de fazer o que quer que seja de utilidade pública, muito menos entrar em projectos me-galómanos. Não me ensinaram a criar endivida-mento. Não podemos desperdiçar recursos. Te-mos assistido também a uma disciplina de voto, a uma cegueira do poder que não se coaduna com a democracia. Não há patriotismo. Sin-to que o nosso futuro está ameaçado. Preocu-pa-me muito o estado do país. Se entrarmos em bancarrota vamos passar muitas dificuldades. É o egoísmo do capitalismo, da falta de valores”, esclarece.“Nestes três mandatos aprendi muito. Foi uma experiência muito enriquecedora, inédita. Acho que toda a gente deveria passar pela política, com este fim de apenas servir o seu povo, o pró-ximo. Proponho e apoio para dar continuidade a este projecto, dois elementos deste executi-vo, sendo que estarei por perto para dar todo o apoio possível”, concluiu.

David Fernandes

«Esta reforma é

para ‘inglês ver’!»

«O trabalho da ANAFRE

tem sido exemplar.»

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7Junta de Freguesia de Joane – Famalicão

“NÃO SEI ESTAR NA vIDA, SEm ESTAR NA POlíTIcA, SEm SER cIDADÃO.”

Ivo Sá Machado, presidente da junta de fre-guesia de Joane, deve a sua essência a Joane, porque em relação de reciprocidade, apren-deu muito com aquela gente, e na mesma medida deu muito do seu saber, conheci-mento, energia e entusiasmo. Filho da ter-ra, identifica-se claramente com Joane e, ao fim de 21 anos, enquanto presidente de jun-ta e na impossibilidade de se recandidatar à mesma, deixa uma mensagem de esperança e de gratidão a toda a sua população, dese-jando que “as coisas melhorem para todos, porque o actual momento, a emergência so-cial com que nos deparamos requer respos-tas humanistas.” No entanto, este não é um adeus à vida po-lítica, onde espera continuar. “Não sei es-tar na vida, sem estar na política, sem ser cidadão.” Já quando questionado se estaria na corrida para a Câmara Municipal, assu-miu que “os desafios são muitos”, admitin-do que pode participar na estrutura, na lista para a autarquia. Já o fez no passado, hoje perspectiva a eleição como vereador, se não for no poder, na oposição.

Como é que foi passar quase metade da sua vida ao serviço de Joane?Foi muito estimulante, porque quando um jovem como eu chega à vida autárquica aos 21 anos, não pode ter a pretensão de saber tudo, tem que haver uma predisposição para aprender. Há uma condi-ção primeira, a disponibilidade para participar e intervir naquilo que é o palco da cidadania, um pal-co privilegiado na medida em que ser autarca é es-

tar ao serviço das populações, mas ter acesso a um conjunto de informação, e isso é um privilé-gio, que depois nos permite também balancear-nos, para pormos o melhor de nós ao serviço das po-pulações. Se com esse acesso à informação conse-guirmos criar algo novo e com isso contribuir para que o serviço prestado às populações seja ainda melhor, penso que fazemos certamente o nosso tra-balho, e fazemo-lo sempre na busca da melhor so-lução, da melhor resposta para as pessoas. Assim, ao longo destes 23 anos (dois como secretário no anterior executivo), há duas coisas que foram sem-pre um problema, assistir à permanente dependên-cia de uma freguesia, face ao município, porque a lei evolui, mas muito devagar. E se fizermos um es-tudo sobre o grau de dependência entre um e outro, rapidamente avaliamos que pouco ou nada mudou. Os municípios continuam com as mesmas compe-tências, quando as poderiam delegar nas fregue-sias. Não é uma crítica particular à nossa câma-ra, embora pudesse inovar a esse nível. Parece-me que ao nível de algumas freguesias seria desejá-vel e possível que o tratamento fosse diferenciado. É um constrangimento muito grande para quem quer fazer algo de novo, já para não falar da par-te orçamental. Muitas vezes somos criticados pe-las populações locais, porque não conseguem per-ceber até onde vão estes constrangimentos e, ao longo dos meus 21 anos como presidente de junta tenho-me debatido com essa dualidade que ainda hoje se mantém.

O que foi possível proporcionar durante estes anos aos Joanenses?É verdade que ao presidente da junta resta-lhe sempre a capacidade para lembrar, para reivindi-car a nossa realidade. E é evidente que em 21 anos assisti à construção de muitos e bons equipamen-tos que estão à disposição dos Joanenses. Fizemos um conjunto de acções consertadas nesse sentido. E surtiu efeito, porque inaugurámos em 2008 um novo quartel da GNR, quando algumas sedes de concelho gostariam de o ter. É uma obra impor-tante porque está-se a falar da segurança das pes-soas, não é algo que possamos ignorar. Dispomos de uma piscina coberta desde 2000, que funciona o ano inteiro, foi uma conquista. Destina-se às es-colas, que incluem no seu plano curricular a com-ponente da natação. Hoje, os idosos fazem hidrogi-nástica. A própria escola do 1º Ciclo, que foi sem-pre o parente pobre do ensino em Portugal. Duran-te muitos anos a estratégia foi renovar, pintar, mas acabava por degradar-se em pouco tempo. Com o Governo de José Sócrates potenciou-se o apareci-mento dos centros escolares um pouco por todo o país, através de financiamentos comunitários, o nosso município também agarrou essa oportuni-

dade. Temos hoje uma escola, claramente ao nível dos outros ciclos, de ‘primeiríssima água’. É uma das obras mais recentes que construímos. São três obras emblemáticas e que não deixam de ser reve-ladoras da realidade de uma vila como Joane, que não sendo sede do concelho, consegue ter excelen-tes equipamentos além das boas acessibilidades. Factores determinantes para a fixação de pessoas.

O que é que teve que ficar na gaveta à espera de luz verde para avançar?O alargamento do nosso parque de lazer no cen-tro, que gostaríamos que a câmara municipal ad-quirisse, pois teria uma área passível de introdu-ção e construção de equipamentos e, ou outro tipo de respostas sociais, esta é uma das minhas má-goas. Uma segunda situação foi não termos conse-guido convencer a ARS, em tempo útil, a avançar com a construção da Unidade de Saúde Familiar de raiz, mesmo depois de disponibilizamos o terre-no. Com a entrada do novo Governo ficou tudo pa-rado de vez, o que lamento. Gostaríamos de apri-morar aquilo que é a Vila, ter mais passeios para os peões, melhor iluminação pública, pavimentos mais cuidados, alargamentos, abertura de novas vias, ou seja, fazer um trabalho de ‘lapidar o dia-mante’, isto é, uma reabilitação urbana traduzida na qualidade de vida dos cidadãos.

Um comentário a esta reforma administrativa.Penso que esta reforma administrativa não resol-ve, aquilo que é mais importante para as pessoas. Por exemplo uma vila como Joane, como Ribei-rão podiam funcionar como freguesias agregado-ras e, naturalmente, com reforço administrativo e financeiro destas vilas, potenciar-se-ia um melhor trabalho local, até porque estariam mais próximas das pessoas. Depois não consigo conceber como é que algumas freguesias se juntam para manter as mesmas competências, ou seja, se as populações já estavam distantes do seu município e da resolução de muitos problemas, vão ver os seus problemas agravados, porque o pouco que tratavam na jun-ta, terão que tratar a uma distância maior. Há vá-rias incongruências nesta lei. Acho que uma refor-ma administrativa deveria representar um reforço de competências daquelas freguesias que tivessem alguma dimensão. Uma outra crítica é que indis-cutivelmente, as pessoas deviam ter sido consulta-das num referendo. As próprias assembleias de fre-guesia deviam ter um parecer vinculativo. Esta lei acaba por ser impositiva, os eleitos locais não têm direito à pronunciação. Não sei se a impugnação que se anuncia irá ter força ou não. O próximo acto eleitoral poderá ser um pouco agitado! Resta sa-ber como é que as pessoas vão reagir perante todo este cenário, que de facto é dramático.

Ivo Sá Machado

JUNTA FREGUESIA DE JOANERua Dr. Bernardino Machado, nº 176 | 4770-202 VILA DE JOANE

Telefone: 252 928 575 | Fax: 252 928 575E-mail: [email protected] | Website: jf-joane.pt

Horário de Atendimento ao PúblicoSegunda a Quinta-feira:

08:30h – 12:30h | 14h – 18hSexta-feira: 09h – 12:30h | 14h – 18h

Sábado: 09h – 12h

Posto CTT: Segunda a sexta-feira:

09h – 12:30h | 14h – 17hGabinete de Psicologia:

Sábado, 09h – 12h

Pavimogege – EmpreiteirosRua de Laborins, Edf. Pérola do Vau, Bloco A - sala 6

4770-219 JoaneTelf. 252 921 755 | Fax.: 252 997 694

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8Universidade Lusíada de Vila Nova de Famalicão

“AcADEmIA E mEIO EmPRESARIAl uNIDOS NA cONSTRuçÃO DO FuTuRO!”A Universidade Lusíada (UL) foi a primei-ra Instituição de Ensino Superior a insta-lar-se em Famalicão. Em 1989, da conju-gação do convite do então Presidente da Autarquia, Agostinho Fernandes, e da vi-são de um grupo de empresários, é imple-mentada a UL em Famalicão. Com o con-tributo desta instituição de ensino, Fama-licão tem-se afirmado como um dos con-celhos mais inovadores e dinâmicos ao ní-vel empresarial e social.

A oferta formativa é variada: Licenciaturas, Mes-trados, Doutoramentos, Pós-graduações, Especia-lizações, Cursos de Especialização Tecnológica e Cursos Profissionais. Até ao momento, a UL de Famalicão já formou, nas várias áreas e graus, cer-ca de 8000 pessoas. Sendo uma Universidade pe-quena caracteriza-se pelo ensino de proximidade. A F&C foi ouvir a Reitora Rosa Moreira. Há 21 anos na UL, passou os últimos 8 na reitoria, cargo que assume como uma missão. Acredita que “só conseguimos construir o futuro numa lógica de cooperação, e que, o projeto UL, em certo sentido, está para além da própria Universidade. É um pro-jeto da Fundação Minerva – Cultura, Ensino e In-vestigação Científica, mas também autárquico, na-cional e internacional. É uma Universidade carac-terizada por um ensino de grande exigência, qua-lidade e rigor e pela proximidade na relação peda-gógica. “Na base estão as pessoas, os nossos estu-dantes têm nome. Mas não vivemos fechados em nós próprios, temos desenvolvido profícuos pro-gramas de intercâmbio com Instituições de outros países, que muito enriquecem o desenvolvimento e a investigação que temos vindo a realizar na Uni-versidade,” explicou.

O que representa a Universidade Lusíada para o concelho de Famalicão?Foi a primeira instituição de Ensino Superior em Famalicão. Muitos dos quadros superiores de empresas da re-gião, arquitetos, pessoas com cargos políticos, líde-res civis, fizeram a sua formação universitária e/ou profissional na UL. Nas três Faculdades, a de Ar-quitectura e Artes, a de Engenharia e Tecnologias e a de Ciências da Economia e da Empresa são mi-nistrados cursos de Licenciatura, Mestrado e Dou-toramento, abrangendo um vasto domínio de áreas científicas. Esta diversidade de áreas científicas e os dois Centros de Investigação têm uma grande intervenção social e contribuem para uma elevada taxa de empregabilidade. A UL nasceu da vontade do Município, de um gru-po de empresários e da então Cooperativa de Ensi-no Universidade Lusíada, hoje Fundação Minerva – Cultura, Ensino e Investigação Científica. Desta conjugação de vontades, da qual nasceu também a constituição do Núcleo de Industriais do Vale do Ave (NIVA), que ainda hoje existe, não faltou o

apoio ao nível das instalações e também financei-ro. O Concelho ganhou uma nova dinâmica não só ao nível académico, mas sobretudo aos níveis eco-nómico e social. Hoje a UL é um centro de desen-volvimento do saber, de aquisição e desenvolvimen-to de competências, de investigação e conhecimen-to, essencial para Famalicão.

Existe uma grande interação com as Empresas locais?A ligação com as Empresas faz-se, fundamental-mente, através dos Centros de Investigação através do desenvolvimento de Projetos, dos estágios cur-riculares e através do Instituto Lusíada de Serviço às Empresas (ILS) que presta serviço às empresas e dá formação à medida do que elas solicitam. Por exemplo, quando alguma empresa necessita de for-mar os seus Recursos Humanos em determinada área, a Universidade prepara essa Formação seja no âmbito da Gestão dos Recursos Humanos, Eco-nomia, Gestão, Marketing, Engenharia, Contabili-dade, Design, esta formação pode ser dada em con-texto de trabalho, na própria empresa. Temos um Centro de Investigação em Engenharia e Gestão Industrial e um Centro de Investigação em Terri-tório, Arquitetura e Design, os dois avaliados por peritos internacionais (FCT), com “Muito Bom”. Nestes Centros de Investigação são desenvolvidos projetos em parceria com empresas, com bolseiros de investigação, estudantes em estágios curricula-res ou estágios profissionais. Esta relação com as empresas é fundamental para o desenvolvimento e consolidação dos próprios Centros de Investiga-ção. Considero esta relação com as empresas um elemento crítico do sucesso da UL, e um fator es-tratégico para o seu futuro e do próprio tecido em-presarial da região.

O desemprego de jovens licenciados tem mar-cado a agenda informativa, qual o cenário na UL?O facto de se realizar investigação em parceria com as empresas e de se realizarem os estágios curriculares, também nas empresas, faz com que os empresários conheçam a qualidade da forma-ção que é ministrada na UL. Talvez por isso mui-tos dos estudantes passam, no final da sua forma-ção, a integrar os quadros dessas empresas. Temos muitos licenciados e mestres a trabalhar em gran-des empresas desta região e do país. Há empre-sas que vêm fazer recrutamento e seleção aqui à UL. A taxa de empregabilidade dos estudantes que concluem a formação nas áreas da Engenharia é talvez a mais elevada, mas nas outras áreas como a Contabilidade, Arquitetura e do Design também. Alguns antigos alunos dão estágios e emprego a colegas mais novos.

Como vê o futuro da educação em Portugal, com uma população cada vez mais formada? Os jovens têm o futuro comprometido?

Estou otimista. Contudo, penso que é urgente re-pensar algumas práticas, formas de estar e de fa-zer as coisas. Os jovens não têm o futuro compro-metido, eles têm é que se comprometer com o pre-sente e com o futuro. O futuro dos jovens deve as-sentar no exercício real da cidadania. A cidadania não é um conceito teórico, é ação. Por isso, a for-mação do carácter das pessoas, a par da formação académica e do desenvolvimento de competências, é a única forma de garantirmos um futuro melhor do que o presente. Enquanto cidadãos ativos e res-ponsáveis, devemos exigir aos responsáveis pelas políticas da educação mais respeito e mais com-promisso com o direito à formação e ao desenvol-vimento da pessoa humana. Os jovens têm direito a um presente com um futuro digno.

O que projeta para o futuro da UL?O futuro é hoje, em todos os âmbitos da vida, muito incerto. Sendo a UL uma instituição privada, o seu futuro depende em absoluto da qualidade do ser-viço que presta à comunidade, e do valor que esta lhe reconhece. Estou convicta de que a UL tem to-das as condições para conquistar o futuro. Os va-lores e as opções estratégicas que têm garantido o sucesso da Universidade representam um modelo que, com os ajustamentos exigidos pelas mudanças atuais, permitem olhar para o futuro com ânimo e otimismo. Reforçar a Investigação e Desenvolvi-mento, em estreita ligação com as instituições eco-nómicas e sociais da região; aprofundar o proces-so de internacionalização, fundamentalmente por via de parcerias com outras universidades interna-cionais; e persistir na melhoria contínua da qua-lidade dos serviços que prestamos, são as linhas de ação que me parecem fundamentais para que o projeto da UL enfrente os complexos desafios destes tempos.

A UL de Famalicão contraria a tendência da Reitoria no masculino. Como tem sido a expe-riência?Na minha perspetiva, questão do género para o exercício desta função não é determinante. O que conta são as pessoas, o seu carácter, a sua mun-dividência e as suas competências. Durante estes anos tenho tido a possibilidade de contactar com um universo humano muito plural e diversificado. É muito enriquecedor. É verdade que a organiza-ção social, quer em termos familiares, quer ao nível da organização do trabalho, ainda se centra mui-to no papel da mulher/mãe e, quando as mulheres têm cargos de chefia, isso obriga a uma gestão fa-miliar diferente e nem sempre fácil. Entendo esta função como uma missão e tento conjugá-la com a família. O que faço no exercício deste cargo, fa-ço-o em função de um projeto em que acredito: a realidade e o desenvolvimento da Universidade Lu-síada de V. N. de Famalicão, uma Universidade que se continuará a afirmar na conquista da qualidade, do rigor e da excelência.

Reitora Rosa Moreira

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9Junta de Freguesia de Rio de Moinhos – Penafiel

“O mElhOR DE RIO DE mOINhOS SÃO AS SuAS gENTES E AS ASSOcIAçõES”Homem do associativismo, Joaquim Ro-drigues, presidente da junta de freguesia de Rio de Moinhos encerra, pela Lei de Li-mitação de Mandatos, 16 anos de traba-lho ao serviço da freguesia. Com 2886 ha-bitantes e 2600 eleitores, esta freguesia mantém-se de acordo com a Lei da Re-forma Administrativa. “Desde o início se percebeu que esta freguesia não preci-sava agregar ou ser agregada, penso que essa decisão foi de encontro à vontade da maioria dos Rio-de-moinhenses em man-ter a freguesia”, afirmou o autarca em conversa com a F&C.

O Serviço. As Mudanças!“Mudou muita coisa, desde as acessibilidades à freguesia e mesmo dentro da freguesia hou-ve melhorias substanciais. Com a requalifica-ção de vários espaços conseguimos melhorar o aspecto da freguesia e torná-la mais atractiva e mais bonita. Destaco ainda a requalificação do centro escolar, a construção junto do mesmo de um jardim-de-infância, de referir também a construção de um pavilhão gimnodesportivo, que tem uma taxa de utilização muito grande. É uma obra muito importante, porque temos uma freguesia muito jovem. Ao nível do saneamento básico está em curso uma grande empreitada que ficará concluída dentro de dois meses. Es-tando concluída, ficaremos com cerca de 80% da área de freguesia coberta com rede de sa-neamento. É uma obra importantíssima, apesar dos transtornos, que criou.”

O que ficou por fazer…“O mandato termina dentro de meio ano, há sempre muito que fica por fazer, mas destaca-ria dois projectos que ainda estamos a traba-lhar intensamente junto da Câmara Municipal de Penafiel, a construção de uma casa mortuá-ria e de um novo cemitério, porque o que temos está lotado e não é possível fazer o alargamen-

to. É um processo que tem sido de difícil execu-ção, já decorre há cerca de 8 anos. Não tem sido fácil conseguir um espaço que mereça a aprova-ção das entidades para o efeito. Neste momen-to, as coisas estão bastante adiantadas, espera-mos dentro de pouco tempo ter novidades nessa matéria. Quanto ao projecto da construção da casa mortuária, é também um projecto muito urgente, embora a paróquia tenha adaptado na igreja uma pequena capela a casa mortuária, é muito exígua e não permite a dignidade neces-sária. Estes projectos estão bem encaminhados, esperamos poder iniciar a execução das obras até ao final do mandato. No entanto, nessa im-possibilidade, serão seguramente projectos prio-ritários e de continuidade para quem vier, uma vez que são estruturas muito necessárias para a população.”

O Associativismo“É realmente uma freguesia com muitas asso-ciações com um grande dinamismo, tendo em conta a dimensão populacional da freguesia. Neste momento são dez e todas elas nas áreas que trabalham: cultura, desporto e acção social têm feito um trabalho notável. O melhor de Rio de Moinhos são as suas Gentes e as Associa-ções, que desenvolvem um trabalho extraordi-nário para uma terra pequena como a nossa. E a existência destas associações promove a união da freguesia e envolve muito a população. As associações trabalham em conjunto e contri-buem para a coesão da freguesia.Ao nível social temos uma associação da maior importância para o concelho de Penafiel, a As-sociação de Desenvolvimento de Rio de Moi-nhos que abrange várias freguesias em algu-mas valências, nomeadamente, ao nível do RSI, onde atende 13 freguesias do concelho, o mes-mo acontece com o centro de dia, o apoio do-miciliário, ou a creche. Ao nível do apoio domi-ciliário ainda mais se acentua esse atendimento às freguesias circundantes. Os tempos são de muita dificuldade para todos e esta associação é da maior importância para

a freguesia. Tem-se sentido muito o desempre-go, a crise, Rio de Moinhos não foge a essa re-gra, até porque a sua economia dependia grande parte de duas áreas de actividade até há algum tempo atrás: a exploração e transformação de granitos e a construção, quer a construção ci-vil, quer as obras públicas. Está tudo parado e a verdade é que a maioria dos rio-de-moinhenses vivia do rendimento dessas actividades até há cerca de oito anos atrás. A situação agravou-se. As grandes empresas fecharam, o desemprego disparou e, já desde os anos 60 que somos uma terra de emigrantes, só que com o avolumar da crise, o número de emigrantes também aumen-tou. Mesmo assim, confesso que há cerca de 15, 20 anos, os rio-de-moinhenses tinham um ren-dimento muito acima da média. Tudo se acabou por perder…”

O futuro de Rio de Moinhos“Penso que Rio de Moinhos dentro de dez anos estará melhor, tem tudo para continuar a cres-cer. Todavia espero também que a situação do nosso país se altere, que sejam criados postos de trabalho, para que os nossos jovens não te-nham que continuar a emigrar fortemente como está a acontecer. Por outro lado, estando no fi-nal deste mandato e não podendo recandidatar-me, apesar de continuar por perto, deixo uma mensagem de reconhecimento a todos os Rio-de-moinhenses que ao longo destes 16 anos tra-balharam comigo, quer aos que participaram nos executivos, quer aos que estiveram nas as-sembleias de freguesia, mas também a todos os que trabalharam à frente das Associações de Rio de Moinhos e todos os Rio-de-Moinhen-ses em geral, todos foram de uma grande gene-rosidade para comigo, compreendendo as difi-culdades que fomos atravessando, e respeitan-do-me sempre muito. É por isso que tenho to-dos no meu coração. Embora deixe de ser presi-dente de junta continuarei certamente em Rio-de-Moinhos, a ajudar as nossas associações, a acompanhá-las e a apoiá-las em tudo o que pre-cisem.”

O Associativismo em Rio de Moinhos

Cultura:1907 - Banda musical e Cultural Rio de Moinhos1973 - RODRIBINA – Grupo Coral de Rio de Moinhos1978 - Centro Cultural e Recreativo de Rio de Moinhos2005 - Grupo de Bombos “Os Amigos de Cima”

Desporto:1970 - Sociedade Columbófila de Rio de Moinhos1974 - Sport Club de Rio de Moinhos1999 - Clube de Caçadores de Rio de Moinhos 2012 - Associação Revela Desafios – Futsal

Acção Social:1994 - Associação de Desenvolvimento de Rio de Moinhos 2012 - Penafiel Solidário

Joaquim Rodrigues

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10Junta de Freguesia da Senhora da Hora – Matosinhos

“NÃO quEREmOS SER APENAS um DORmITóRIO DA cIDADE”A actividade cultural da cidade da Se-nhora da Hora “não se resume a come-morar apenas a data do 25 de Abril, vai muito mais além”, disse Valentim Cam-pos, presidente da junta de freguesia da Senhora da Hora. “Para nós come-morar Abril é dar vida ao poder local democrático, que infelizmente tem vin-do a ser muito mal tratado por um con-junto de pessoas que teimam em igno-rar o trabalho que as autarquias têm desenvolvido ao longo dos anos. Não entendemos como é possível tanta ce-gueira, tanto autismo e obsessão con-tra as freguesias, e não entendemos como é possível não entender a histó-ria a cultura e as pessoas”, observou.

“Confesso que me sinto triste só de imagi-nar o pensamento absurdo de quem só por teimosia insiste e persiste em desvalorizar e até renegar o importante trabalho desenvol-vido pelos autarcas, no desenvolvimento de infra-estruturas e equipamentos como uma preocupação fundamental para a melhoria das condições de vida das populações”, la-mentou Valentim Campos.“Na Senhora da Hora desde sempre apos-tamos nas acessibilidades, na instalação de pólos universitários, na criação de condições para a fixação das pessoas, para que a cida-de não seja apenas um mero dormitório, nós pretendemos que as pessoas tenham o hábi-to de visitar a cidade e de partilhar os nos-sos usos e costumes. Não somos nem quere-mos ser uma cidade apática e parada, que-

remos que as pessoas partilhem connosco os espaços recreativos e culturais, e para isso, realizamos muitas iniciativas nesse sentido. A título de exemplo gostaria de dizer que no passado dia 8 de Março no Dia Internacio-nal da Mulher apresentamos no salão nobre da junta de freguesia um tributo à poetisa

Florbela Espanca com “Descartabilidade”, uma criação de Cristina Bacelar na guitar-ra clássica e voz. Já a 10 de Março ainda inserida nas comemorações desse dia reali-zámos uma grande caminhada da Mulher.”

Programa das comemorações do 25 de ABRIlA propósito das comemorações do 25 de Abril, “o dia 24 será um dos momentos mais altos, com a actuação de Rui David a can-tar “De A a Zeca” no salão nobre da sede da junta de freguesia. No próprio dia 25 de Abril está prevista uma sessão solene, segui-da de música proporcionada pelo Grupo Co-ral da Senhora da Hora. Realizar-se-á um passeio BTT com saída do Parque Carriçal pelas 09.30h. Vamos ter ainda uma arruada com o projecto “Retimbar” e Oficina Tradi-cional Portuguesa no dia 27 de Abril”, des-creve o presidente. O conjunto de iniciati-vas prolonga-se até 12 de Maio, incluindo as festas da freguesia em honra de Nossa Se-nhora da Hora, que decorrem de 8 a 12 de Maio, altura em que no parque das Sete Bi-cas decorre a Feira Medieval. De acordo com Valentim Campos, estas são algumas das vertentes culturais proporcio-nadas por um trabalho em defesa da arte e da cultura que a Senhora da Hora oferece aos seus habitantes e aos forasteiros que os visitam. “O nosso caminho é defender a his-tória a cultura e as nossas raízes, só assim poderemos defender Abril”.

Valentim Campos

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11Junta de Freguesia de Leça da Palmeira – Matosinhos

Em reconhecimento e incentivo à Economia Local e à Comunidade, realizou-se em Leça da Palmeira:

“A gAlA DOS cORAçõES DE OuRO”Homenagear os percursos desportivos, sociais, culturais, académicos, empresariais e cívicos, foram os grandes reptos desta I Gala – Mérito e Excelência de Leça da Palmeira 2013.Com lotação esgotada, 850 pessoas assistiram a esta primeira edição, onde foram distinguidas 200 personalidades, perseguindo o caminho do reforço de uma identidade secular e em demonstração da excelência existente nesta comunidade “que se deve manter autónoma.” “Superou todas e quaisquer expectativas. Este foi o momento do mandato. Agradeço a colaboração, empenho e carinho de todos aqueles que tornaram este sonho possível”, salientou Pedro Sousa, pre-sidente da Junta de Freguesia de Leça da Palmeira.O universo associativo teve particular destaque, dadas as inúmeras colectividades nos mais diversos quadrantes da sociedade leceira, um reconhecimento “do mérito e da excelência daqueles que se en-tregam de corpo e alma a esta causa – Leça da Palmeira – e que deve ser continuada no futuro”, referiu o autarca, ressalvando que este evento visou “respeitar o passado, honrar o presente e pro-jectar o futuro, com confiança!”Numa noite propensa “à magia das emoções” e ao (re)encontro de gerações, lado a lado, poder-se-iam espreitar no átrio do Pavilhão 6 da Exponor, várias exposições, espólios identitários da bapti-zada “Terra mais bonita de Portugal”: uma relativa à indústria conserveira, uma outra com foto-grafia de Leça da Palmeira a preto e branco e, outra com as réplicas, em miniatura, das capelas e Igreja Matriz. Tudo isto, ao som dos instrumentos musicais dos jovens alunos da Escola de Música de Leça da Palmeira que abrilhantaram as exposições. Consciente de que muitos outros cidadãos mereciam ter sido homenageados, Pedro Sousa acredita que a “história de Leça da Palmeira jamais será a mesma depois desta I Gala, na medida em que a própria comunidade exigirá a realização deste evento.” A fechar, uma longa noite de homenagens sentidas, a qual o Pároco local Francisco descreveu e ele-geu como “a Gala dos Corações de Ouro”, a actuação do grupo “Fado Violado’, com a jovem Le-ceira, Ana Pinhal. 

“Caiu, por fim o principal rosto do descrédito deste Governo, Miguel Relvas!”“Pseudo-reforma deve ter o mesmo desfe-cho que teve a alegada pseudo-licenciatura de Miguel Relvas: a anulação”, defendeu o autarca Pedro Sousa em comunicado, sus-tentando a suspensão da Lei da Reforma Administrativa. O presidente da freguesia de Leça da Palmeira alerta ainda para a fal-ta de estabilidade política e de tempo até às próximas autárquicas. “A demissão de Mi-guel Relvas, o grande mentor e responsável pela Lei da Reforma Administrativa, deve-rá suspender todo o processo de extinção de Freguesias que, desde Outubro de 2011, tem sido amplamente contestado por milhares de autarcas, trabalhadores e demais cidadãos. A 13 de Fevereiro de 2012, em conferência de imprensa realizada na junta de freguesia de Leça da Palmeira, apresentámos uma sé-rie de argumentos justificativos da necessá-ria e imperativa demissão do então Minis-tro Miguel Relvas. Sabíamos da sua falta de credibilidade, da sua ausência de sentido de Estado, da sua forma prepotente e autocrá-tica de governar, da sua falta de honestida-de intelectual, da sua iniquidade e da sua ca-prichosa vontade de impor um novo mapa administrativo ao País”, afirmou o também membro da Plataforma Nacional de Contra a Extinção de Freguesias. “A saída do Mi-nistro marca o princípio do fim das opções autocráticas e prepotentes levadas a efei-to por este Governo. A pseudo-reforma ad-ministrativa deve ter o mesmo desfecho que teve a alegada pseudo-licenciatura do ex-Ministro, ou seja, também a Lei deve ser re-vogada”, concluiu.

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12Junta de Freguesia de Aver-O-Mar – Póvoa de Varzim

“vAmOS TER quE cOmEçAR A TRABAlhAR NA «OBRA» humANA!”

Promovido pela Junta de Freguesia de Aver-O-Mar, realizou-se no auditório do Hotel Axis, na Póvoa de Varzim, o Seminá-rio Plano de Igualdade. À conversa com a F&C e à margem deste seminário, Carlos Maçães, presidente desta freguesia, con-fidenciou que “esta deve ser a única jun-ta de freguesia a trabalhar a área da vio-lência doméstica e da igualdade de gé-nero, por isso criámos o Espaço Família em parceria com a Soroptimist Interna-cional – Clube Porto Invicta, que rapida-mente foi alargada a uma rede de parcei-ros como CPCJ da Póvoa de Varzim, Hos-pital S. João, Instituto Maria da Paz Var-zim, ASI, Cruz Vermelha da Póvoa de Var-zim, entre outras.”

Neste momento, em parceria com a Universida-de do Minho, está a ser introduzido o PPRIAC – Programa de Promoção e Intervenção com Agressores Conjugais, que foi exposto pelo Pro-fessora Olga Cunha, mas elaborado conjunta-mente com o Professor Rui Abrunhosa. Susana Soares e Sara Brochado apresentaram os re-sultados do Plano de Igualdade, introduzido na freguesia de Aver-O-Mar.Ao longo do dia, foram apresentadas outras perspectivas deste flagelo social, desde a abor-dagem jurídica, com Justino Ribeiro, à policial com o Chefe Mota da Silva, da PSP da Póvoa

de Varzim, passando pelas Casas de Abrigo, um último recurso, destinado às vítimas que ‘final-mente’ ganham coragem e denunciam este cri-me público.

Com esta Lei da reforma administrativa, Aver-O-Mar vai fazer parte da união de três Freguesias, concorda com esta fusão? Qual é a sua postura em função desta “política” de obrigação de União de Freguesias?Carlos Maçães – Acho que não deve haver nin-guém em Portugal que concorde com esta polí-tica, a não ser o Relvas, acho que só o Relvas é que deve concordar com isso. Ao falar das fre-guesias, estamos a falar das pessoas, as pessoas não vão ganhar nada com isso, muito pelo con-trário, toda aquela relação de proximidade com os nossos fregueses, essa relação vai perder-se, o que eu acho é que o Presidente de Junta deixa de ser aquele amigo, deixa de ser o enfermeiro, o médico, vai ser um Presidente de Junta distan-te. Em relação à Póvoa de Varzim, Aver-O-Mar era a freguesia que tinha capacidade para ficar sozinha, não havia necessidade de haver nenhu-ma fusão, mas do mal, melhor, portanto, o que acontece é que Aver-O-Mar vai ser a sede das três freguesias, Aver-O-Mar, Amorim e Terroso. Não vejo a população de Terroso a identificar-se com o futuro presidente de junta de Aver-O-Mar. O que eu acho é que esta é uma teimosia, como muitas outras que está a decorrer no país e não ganhamos nada com isto, que vai para a frente, vai, a Lei já está publicada em Diário da República. Entretanto, a ANAFRE interpôs al-gumas providências cautelares, há freguesias a fazê-lo também, no fundo para entupir os tribu-nais, as freguesias têm feito força para que isso aconteça, mas de facto isto vai avançar.

No entanto ainda não estão bem definidas questões como sedes, património de cada freguesia, os próprios recursos humanos de cada freguesia. Como é que pensa que fu-turamente ficarão essas pessoas, esses edi-ficados?

Cada freguesia vai ter a sua estrutura própria, ou seja, a sede de Junta de Freguesia de Amo-rim continua a ser no mesmo local, os funcioná-rios estarão lá e em Terroso acontecerá o mes-mo. A única coisa que aqui vai alterar são os po-líticos, o presidente de junta terá de reunir em Amorim e em Terroso, mas as estruturas man-ter-se-ão. Não vamos de maneira alguma apa-gar o património das freguesias, toda essa es-trutura irá manter-se, no fundo o que eu queria era a união dos três presidentes de junta, para que pudéssemos, juntos, dar continuidade ao trabalho, eu continuaria em Aver-O-Mar, o co-lega de Terroso, em Terroso e o colega de Amo-rim, em Amorim. O colega de Amorim aceitou, mas o colega de Terroso é um homem do partido, é um homem que diz que não abandona o partido, indepen-dentemente da grande avalanche que por aí ve-nha, logo não será possível essa ‘união’ e será meu concorrente. Quem perde são sempre as pessoas, porque ele continuaria em Terroso, con-tinuaria a ser o presidente daquela população e o que lhe disse foi exactamente que “seria o vosso menino de recados” quando precisassem de alguma coisa. Enquanto me deslocasse à câ-mara para tentar resolver alguma situação, eles continuariam a liderar as suas autarquias, eu seria um mero porta-voz, mas enfim, as pessoas ainda olham muito para os partidos…

Mas a Câmara da Póvoa não apresentou qualquer projecto de reforma de território?Não, a Câmara não apresentou, e o que diz a lei é que uma “não pronúncia” dá direito à tomada de decisão da Unidade Técnica, ou seja, foi o que aconteceu. Perdemos a majoração de 15% e a Assembleia Municipal já não pode sequer pro-nunciar-se sobre esta reforma administrativa.

Quando conversamos uma última vez, refe-riu a propósito da Lei de Limitação de Man-datos que “não tínhamos que estar agarra-dos ao poder”, o autarca que substituiu teve vinte anos de governação. Este é o seu se-

Carlos Maçães

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gundo mandato, teria mais um para cumprir, mas pela nova lei, terá a possibilidade de ter pela frente mais 12 anos de vida autárquica. Na forja, está uma recandidatura em vista?Sim, há uma recandidatura, vai haver um corte com os partidos, neste momento estou na Junta de Freguesia pelo Partido Socialista, mas acho que hoje mais do que nunca, não faz sentido termos ligação aos partidos. Os partidos estão cada vez mais monopolizados, eles não olham para o interesse das pessoas, e por isso mes-mo vou abandonar o partido, irei recandidatar-me às três freguesias, mas como candidato in-dependente. Inclusive, na nossa última entrevis-ta disse “estamos perante uma fornada de maus políticos” e, esses maus políticos continuam, isto é, aquilo que previa que ia acontecer, acon-teceu, e o facto é que o futuro não está risonho para ninguém, muito menos para as freguesias. Vai ser um caos.

Nestes oito anos, tinha o sonho da constru-ção de um Centro de Saúde. Foi possível rea-lizar esse sonho?Foi possível. Tudo aquilo que eu prometi à mi-nha população está concretizado. Prometi um Centro de Saúde, que iremos tentar inaugurar em Julho, o edifício está pronto, falta apenas que a Administração Regional Saúde o equi-pe para que esteja concluído. Prometi também que iria lutar pelo alargamento do cemitério, as obras já foram iniciadas. Vamos também con-cluir o Largo de Quião, que vai ser uma infra-estrutura importante para o desenvolvimento da parte norte de Aver-O-Mar e depois temos

mais duas ruas, que entretanto iniciaremos as obras. Tudo o que prometi fiz, portanto, sinto-me um político de compromissos cumpridos.

Desporto, Acção Social e Ambiente e Urba-nismo eram as suas principais áreas de in-tervenção. A da Acção Social é a que mais o preocupa neste momento? Sim. Penso que também preocupa todas as au-tarquias. As autarquias vão ter que esquecer as obras, porque vamos ter que começar a traba-lhar na ‘obra humana’, e essa ‘obra humana’ é aquela que cada vez mais vai ser necessária, vai ser preciso ajudar as famílias e isso tem que partir do poder político. Vamos ter que acabar com as obras de betão e vamos ter que investir mais nas pessoas, esquecer os números e preo-cuparmo-nos com as pessoas.

Tinha dito que a situação de vida das pes-soas ganharam “uma enorme inversão”. Conseguiram de alguma forma criar incen-tivos de apoio ao emprego no concelho, ou continua o desemprego e a emigração?Relativamente a Aver-O-Mar, a juventude está toda a fugir para o estrangeiro, portanto, estamos a ficar desertos de jovens, também é fruto do país, é fruto de não se cativarem os grandes investimen-tos para a Póvoa e neste caso para o país. Hoje em dia o que mais nos aflige é o desemprego, mas a médio e a longo prazo não vejo inverter esta situa-ção. Enquanto nós políticos não pensarmos que estamos a pedir dinheiro lá fora e que o vamos ter que o pagar, e para pagarmos, vamos ter que ter fundo de maneio, no fundo temos que ter lucro

para pagar aquilo que estamos a dever. Cada vez há mais desempregados, portanto, o dinheiro que estamos a pedir ao estrangeiro é para pagar aos desempregados, aos pensionistas e as reformas al-tíssimas. Isto é um ciclo vicioso, está tudo errado, o processo está todo invertido, não sei como Por-tugal irá sair disto.

“As autarquias são o país”, disse-nos há cerca de dois, três anos atrás e agora fazem esta Reorganização Administrativa. Que mensagem deixa à sua população de apoio a uma recandidatura?A mensagem que eu transmito à minha popu-lação é esta: farei sempre o mesmo. Penso que tenho todas as possibilidades de ganhar, serei o Presidente de mais duas freguesias, o não quer dizer que seja menos Aver-o-Marense. Agora o que eu vou, como é óbvio é tentar que as três freguesias sejam uma só, é essa a grande men-sagem que posso deixar, serei sempre o mesmo Carlos, o mesmo Presidente e farei tudo para que as coisas corram bem, serei um Presidente atento, serei aquela pessoa que anda no terreno e que tenta procurar resolver os problemas de todos com recurso e apoiado pela minha equi-pa. Tenho uma equipa fabulosa e irá ser reno-vada. É esse trabalho que queremos continuar e com esta União de Freguesias vai certamen-te aumentar.

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14Câmara Municipal de Alenquer

“A AuTONOmIA DO PODER lOcAl ESTá Em RIScO”

Jorge Riso, militar de carreira dividiu a sua vida entre o espírito associativo e a comunidade de Alenquer. Após a verea-ção de oito anos e um mandato contur-bado, dadas as contenções financeiras afirma que não se vai recandidatar pela frustração que assume, por não ter con-seguido fazer mais pela sua autarquia. “É um desafio interessantíssimo, mas quan-do acompanhado dos recursos adequa-dos. Sinto que desiludi as pessoas que votaram em mim, mas não basta a vonta-de dos homens! É um problema de cons-ciência que levo, e se há pessoas que o percebem, outras há que não”, lamentou.

O caso do aeroporto da OTA prejudicou Alenquer e, de acordo com o autarca, o prejuízo nunca será compensado. Alenquer parou durante 15 anos e é a burocracia no processo que continua a imperar. O enotu-rismo poderá ser uma luz ao fim do túnel para o futuro.O que espera para as próximas eleições autárquicas, depois desta união de freguesias tão polémica, mas que até resultou num processo pacífico ao nível do concelho de Alenquer?Em relação à agregação de freguesias, a Câ-mara Municipal e a Assembleia Municipal vo-taram contra esta agregação. Considero que seria um processo que se justificaria num ou noutro caso, desde que partisse das próprias assembleias de freguesia, se bem que todas

elas votaram desfavoravelmente. E portanto o processo foi feito no sentido inverso da pirâ-mide. No caso de Alenquer, duas das fregue-sias estão na sede de concelho, e se o proces-so fosse ao contrário, seria aceitável. Relativa-mente às outras já não seria assim. Por exem-plo, Cadafais e Carregado foram separadas em 1982 e Ribafria e Pereiro da Palhacana tam-bém, logo aquilo que há 30 anos foi invoca-do como justificação para separar freguesias, hoje é provavelmente invocado para as agregar. São estas incongruências do processo que de facto levaram, a que nos manifestássemos con-tra esta agregação. Depois podemos aqui ale-gar questões de tradição, de cultura, de histó-ria, de identidade, há uma série de argumentos que terão toda a razoabilidade, mas o que in-quinou mais este processo da não aceitação de raiz, foi de facto ter sido por imposição. E as pessoas podiam ter sido ouvidas. Os resultados poderiam não ser muito diferentes, mas seria certamente um processo mais pacífico.

Que repercussões é que isto vai ter?Apesar das assembleias e as câmaras munici-pais se terem manifestado contra, o processo seguiu, é uma directriz, uma intenção do Go-verno. Parece-me que é irreversível!O grande ponto de interrogação prende-se com os efeitos que poderá ter nas próxi-mas eleições autárquicas. Pode haver boico-te, voto de penalização do partido que está no Governo, uma larga abstenção, nomeada-mente, das freguesias que foram agregadas e cuja sede poderá ser deslocalizada. Há dis-cussões de base que não foram definidas como o património, as sedes de junta, os funcioná-rios, além da discussão da Lei Eleitoral Au-tárquica que foi abandonada, a Lei de Finan-ças Locais e, posteriormente, as competências que vão ter e as verbas que vão ser atribuí-das. Sem saber isto, é um tiro no escuro. Há um conjunto de legislação que deveria sus-tentar esta decisão de agregação, que clara-mente não existe. Estamos contra este mode-lo. Vamos ter um quadro diferente de eleições autárquicas, sem paralelo com as anteriores, serão levantadas várias questões que irão tor-nar este acto eleitoral sui generis e que me-recerá um estudo de todas as forças políti-cas envolvidas. A posteriori faremos as nos-sas próprias análises.

Que balanço é que faz a este primeiro mandato, a acção social mereceu maior atenção da autarquia?É o primeiro mandato, mas o terceiro com o pelouro de acção social no concelho. Tenho acompanhado as questões do social e da edu-cação e posso garantir que o cenário destes últimos quatro anos é de facto diferente, em termos do aumento de casos que procuram os nossos serviços de acção social.Durante o mandato, implementámos vários projectos de apoio a agregados familiares mais desfavorecidos e outras situações, que

no passado apenas tinham uma procura re-lativa como o apoio às obras na habitação, o apoio psicológico, alimentar, apoios aos jo-vens carenciados, à acção social escolar. Ao passo que criamos estes projectos, houve um acréscimo muito significativo de apoio social de diversa ordem. Os projetos estão regula-mentados, mas há situações que temos difi-culdades em apoiar e encaminhamo-las, por exemplo para a Segurança Social. Esta pro-blemática deriva do aumento exponencial do desemprego, fruto da crise, mas também do encerramento de algumas unidades dentro e fora de Alenquer. Para ser mais preciso, o nú-mero total de atendimentos no Gabinete de Inserção Profissional passou de 10187, em 2011, para 14809 em 2012, quando em 2010 tinha sido de 8182. (Números que não corres-pondem ao número real de desempregados.) Estes números são gritantes. Depois, já qua-se não existe economia. O comércio local está em vias de desaparecer, está completamente paralisado, há muitas lojas a fechar e as que resistem, resistem com muitas dificuldades.

Por outro lado, o que é que não foi possí-vel concretizar?Não foi possível concretizar a maior parte dos meus desejos e dos meus projectos devido a contenções orçamentais. Temos sido alvo de cortes muito acentuados. É a própria autono-mia do poder local que está em risco, quan-do uma Câmara tem que ajustar o seu qua-dro de pessoal àquilo que pensam externamen-te e não pode adaptar àquilo que são as neces-sidades do seu concelho; quando o presiden-te de Câmara tem cada vez menos competên-cias, quando querem retirar para as freguesias e para as comunidades intermunicipais algu-mas das competências dos municípios; quando as receitas próprias são cada vez menores, da-dos os diferentes constrangimentos que temos tido. Esta é uma situação transversal, já vem dos governos anteriores, o Estado não cum-pre com as verbas a atribuir, estes anos têm sido de completa frustração, porque tudo aqui-lo que se pensava fazer, incluindo as próprias obras do QREN, não se fez, porque foi-nos re-tirado todo o financiamento. Quando entrei, a Câmara tinha uma dívida bastante grande, mas neste mandato, e esta é a minha “vitória” con-seguimos reduzir substancialmente a dívida da autarquia. Neste momento, teremos menos oito milhões de euros de dívida do que quando assumi o cargo. Para além disso candidatámo-nos ao PAEL, para o pagamento de dívidas a fornecedores na ordem dos dois milhões de eu-ros, programa que foi aprovado, mas cuja ver-ba ainda não foi disponibilizada. Penso que a situação financeira ficará garantidamente me-lhor no final do meu mandato, e isso dever-se a uma grande contenção de custos e a uma não realização de obra, foi esse o preço a pagar; optar por redireccionar o nosso esforço finan-ceiro, apesar das grandes dificuldades que te-mos sentido.

Jorge Riso

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15Junta de Freguesia de Aldeia Galega da Merceana – Alenquer

“PREcISAmOS ESPERANçA E NÃO DE umA DERROTA ANTEcIPADA”

Já foi Concelho, agora Freguesia, Aldeia Galega da Merceana de acordo com a Lei da Reorganização Administrativa do Ter-ritório das Freguesias agregará à Fregue-sia de Aldeia Gavinha, Alenquer. História e identidade assistem a mais uma mudan-ça estrutural, como relata Fernando Fran-co, presidente da junta de freguesia de Al-deia Galega da Merceana, no ano em que comemora os 500 anos do Foral atribuído pela rainha D. Leonor e D. Dinis. Em Junho, de 8 a 10, promoverão uma Feira Medieval, num evento inédito na freguesia.

Temos esta União de Freguesias prevista e já publicada em Diário da República. Quais as vantagens e desvantagens, concorda, dis-corda?Concordo com uma reestruturação a nível au-tárquico, mas não esta. Não esta, porque nós por exemplo, vamo-nos juntar a uma freguesia vizinha, e esta agregação não cumpre critérios nenhuns so-bre a lei. De maneira que eu estou contra, extre-mamente contra. Estivemos para propor uma pro-vidência cautelar no sentido de pouparmos a nossa freguesia a uma reforma, mas depois com a pro-mulgação, não chegamos a dar seguimento.

Quantos habitantes têm? A população é mar-cadamente envelhecida?Temos cerca de 1500 eleitores, uma média de 2700 habitantes. A nossa população é envelhe-cida, a maior parte das pessoas tem reformas muito baixas. Esta era uma zona rica, quando havia as quintas. Dinamizava-se muito a fregue-sia, éramos mais populosos, agora não temos serviços, não temos empresas, não temos nada.

E agora querem tirar as juntas também…A nossa sede junta vai manter-se, vamos agregar à freguesia de Aldeia Gavinha. Esta é uma fre-guesia com muita história, também já foi con-celho e tinha nessa altura cinco freguesias: Vila Verde, Ventosa, Ribafria, Aldeia Galega e Aldeia Gavinha, há mais de 300 anos. Depois passámos para Alenquer.

No que respeita à história, identidade, de toda esta freguesia, perde-se muito? No concelho vão juntar estas duas, mas por exemplo, as freguesias de Ribafria e Pereiro de Palhacana, há ali uma certa lógica porque já fo-ram uma só freguesia, a própria fusão das fre-guesias urbanas de Triana e Santo Estêvão tam-

bém fará sentido, dada a proximidade da Câma-ra Municipal, mas no nosso caso não tem lógi-ca nenhuma, cada qual tem a sua história, a sua identidade…

O que é que foi possível fazer durante este primeiro mandato, uma vez que já era secre-tário há onze anos, este terá sido um man-dato de continuidade, mas com muitas difi-culdades?Com muitas dificuldades. Temos o dinheiro do FFF, é a verba que vem mais ou menos certinha, cerca de dez mil euros, que é o que nos vai dando para as despesas correntes que temos. Depois, a Câmara de Alenquer está com dificuldades, já vai com uma dívida enorme connosco e com as demais freguesias, não tem cumprido com as verbas atribuídas, o que nos faz muita diferença. Neste momento temos as contas a negativo. As-sim, só nos é permitido fazer a manutenção em termos de infra-estruturas, fazer a limpeza, por-que em termos de fazer obra não temos hipótese nenhuma. Implementámos um parque infantil e estamos a pagá-lo a prestações.

Ao nível do trabalho mais social, que possi-velmente é aquele que mais têm trabalhado, o que está a ser feito?Fazemos o transporte escolar, damos assistên-cia às escolas primárias e ao agrupamento esco-lar, mas a nível social, felizmente temos aqui a Santa Casa da Misericórdia que trabalha muito bem. Somos parceiros em muitas situações, de-signadamente no centro de dia, no lar, na unida-de cuidados continuados, nisso estamos bem es-truturados.

Do trabalho que estava programado realizar du-rante o mandato ficou muita coisa por fazer?Algumas coisas, sim! Se ainda vier algum di-nheiro da Câmara conseguiremos cumprir com algumas promessas. A população tem consciên-cia que tem uma Câmara endividada e percebe que esta é uma Junta de Freguesia que não tem dívidas e isso é muito bom.

Em ano de eleições autárquicas, vai candi-datar-se?Ainda é cedo para ter uma decisão. Como traba-lho 14 horas por dia, tenho o tempo um pouco li-mitado. E, para tomar conta de uma freguesia já com esta estrutura, duas freguesias agregadas, acho que é necessário ter mais disponibilidade. Se tiver uma ou duas pessoas com maior disponibili-dade de tempo, em quem possa confiar e delegar algumas tarefas, sejam pessoas reformadas ou até desempregadas, acredito que mediante essas con-dições me recandidataria. Um presidente tem que ser uma pessoa disponível pelas tarefas que lhe são acometidas, no entanto, se não me candidatar, es-tarei sempre disponível para ajudar.

A 20 de Abril, a ANAFRE realiza o 3º Encon-tro em Coimbra, que expectativas tem para este Encontro depois da Lei promulgada?Infelizmente, este Encontro não mudará o estado da Lei, uma vez que já foi aprovada pelo Presi-dente da República, mas é sempre salutar lutar-mos pelos nossos direitos, juntos somos mais for-tes. A ANAFRE neste processo fez tudo o que lhe foi possível fazer, ainda existirão, naturalmente coi-sas por definir, providências cautelares por julgar, mas toda a sua prestação foi muito positiva.

É um presidente realizado?Não. E acho que um presidente nunca se pode sen-tir realizado, quer sempre mais. Apesar deste ser o primeiro mandato, já acompanho esta junta há 12 anos. A verdade é que vivemos sempre com aquela utopia de que conseguiremos fazer mais e melhor para o futuro dos nossos filhos, quando assumimos estes cargos, só que só fazemos o possível. Contu-do, o dinheiro não pode servir de desculpa para não fazermos, devemos lutar, fazer parcerias para tor-narmos as coisas possíveis, mas sabemos que será sempre um trabalho árduo. Espero por dias me-lhores. Quanto às pessoas em dificuldade têm que ser pacientes e lutar contra a maré. Vai correr tudo bem. Precisamos esperança e não de uma derrota antecipada!

Fernando Franco

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16Junta de Freguesia de Oliveira do Bairro –Oliveira do Bairro

“NÃO PODEmOS SuBvERTER OS vAlORES DA DEmOcRAcIA”

A cumprir o primeiro mandato, Márcio Oli-veira, presidente da freguesia de Oliveira do Bairro imprimiu um novo dinamismo na freguesia com a criação de dois projectos inovadores que tocam os extremos da po-pulação, a Universidade Sénior de Oliveira do Bairro e o projecto “Bebé Feliz”. Para o autarca, estes têm sido em termos hu-manos projectos extremamente enrique-cedores e, curiosamente, projectos auto-sustentáveis. Dois anos após a implemen-tação, o balanço é extremamente positivo.Com a Lei da Reforma Administrativa sen-te que o sentido de voto penalizará o par-tido que representa, o PSD, contudo, não se sente ameaçado e avança mesmo com uma candidatura que já foi tornada pública.

Sendo um presidente jovem, que trabalho desenvolveu ao serviço do eleitorado?Primeiramente foi necessário elaborar um bom diagnóstico daquilo que era esta freguesia de sede concelho, que tem o que mais urbano e mais rural existe, pois em torno da cidade existem dez aldeias que conservam todos os traços de ruralidade. Neste mandato, pelo facto de ter ultrapassa-do os cinco mil eleitores, passou-se a poder dis-por de um presidente a tempo inteiro, se assim fosse a escolha do presidente e o que verificá-mos é que os anteriores mandatos eram imbuí-dos de princípios voluntaristas, dependendo mui-to da disponibilidade e da vontade de querer fa-zer, mas todos eles tinham outras ocupações e, neste momento, ao estar a tempo inteiro o meu trabalho é pensar em como se pode melhorar a vida dos seus cidadãos. Então, a primeiro passo

foi repensar o papel da junta de freguesia, que se apresentava num registo deficitário, em ter-mos de instalações, equipamentos, material de apoio aos serviços administrativos, o próprio ga-binete do presidente para receber condignamen-te as pessoas não existia e tivemos necessidade de adaptar o espaço. Aliás, enquanto for presi-dente de junta, não vai haver a construção de um novo edifício sede e condeno todos os meus co-legas que nesta altura pensem o contrário. Nin-guém os perdoa. Ninguém compreende como se gasta dinheiro numa obra, quando há tantas pes-soas a passar dificuldade. Não podemos subver-ter estes valores e se até a junta de freguesia um dia subverter estes valores, mudemos de regime porque a democracia deixou de existir.Portanto, a todos os níveis houve uma grande rees-truturação dos serviços e isso implicou um grande investimento. Comprámos uma máquina retroes-cavadora, construímos um pavilhão para a guarda dos equipamentos e materiais, tivemos que fazer reparações nas viaturas, tivemos que admitir mais pessoal não só para os trabalhos exteriores, mas para os serviços administrativos, criámos um site... E na prática tudo isto se traduz em dinheiro, que se é aplicado num lado, falta noutro e isto aconteceu numa altura em que começaram a ser cortadas as transferências do FFF. Teve que existir uma gestão muito cuidada, muito rigorosa pela diminuição de recursos atribuídos. Essa foi uma aposta assumida desde o início pela minha equipa de trabalho, fa-zer obra ‘visível’ para o povo. Nos primeiros dois anos não houve essa obra ‘visível’, mas prepará-mos para os dois anos seguintes, a estrutura huma-na, os meios, os recursos para que se pudesse rea-lizar outro tipo de trabalho.

Os projectos que constituíram são marca de diferenciadora da ‘obra’ deste executivo?Sim. Quando fizemos a campanha eleitoral fo-mos sentindo que as pessoas estavam muito so-zinhas. Havia um grande vazio de actividades ocupacionais para as pessoas a partir de uma certa idade, claro que temos a Santa Casa da Misericórdia, entre outras instituições, que as-seguram alguns serviços de apoio, mas sentimos a necessidade de criar a Universidade Sénior de Oliveira do Bairro (UNISOB). Neste momen-to, temos 162 alunos inscritos e 14 disciplinas de oferta formativa, sendo que o ensino de in-formática tem uma participação na ordem dos 80%. As propinas permitem a auto-sustentabi-lidade da estrutura. Com a UNISOB, os ‘estu-dantes’ ganharam a oportunidade de terem uma maior qualidade de vida, desenvolvendo compe-tências ao nível de um envelhecimento activo,

neste que tende a ser um concelho envelhecido, se bem que nos últimos Censos, fomos dos pou-cos concelhos do distrito de Aveiro a aumentar a sua população.

Além da UNISOB criaram o projecto “Bebé Feliz”, como surgiu?Este projecto nasceu, porque ao ser pai, a fa-mília ia oferecendo as roupas, mas rapidamen-te deixavam de servir. Houve roupa mesmo por estrear. Resolvi oferecer, mas quem é que preci-sa? Temos várias instituições na nossa comuni-dade, mas nenhuma direccionada para bebés. E como não havia um projecto destinado somente para bebés, lancei esse desafio aos meus colegas. O objectivo é apoiar em tudo o que for possível, roupa, calçado, alimentos, brinquedos, mobiliá-rio, tudo aquilo que um bebé até aos dois anos de vida precisa, disponibilizamos, quando não é possível recorremos ao peditório junto das su-perfícies comerciais ou solicitamos apoio às em-presas. Esta iniciativa é divulgada no Conselho Local de Acção Social que é gerido pela Rede Social de Oliveira de Bairro. Este projecto, nes-tes dois anos pelo sucesso que teve, é uma refe-rência e funciona em regime totalmente gratui-to, com trabalho voluntário, não há aqui dinhei-ro envolvido. Tudo é ofertado e aquilo que é pas-sível de ser reutilizado é devolvido. A família do bebé até aos dois anos recebe quatro cabazes de seis em seis meses. Fazemos sempre uma tria-gem das pessoas a atribuir, dando prioridade às famílias mais carenciadas. Portanto, este é um trabalho muito real, muito sustentável, que irá perdurar no tempo. Criámos neste campo uma oferta social que não existia.

Apesar desta freguesia não ser visada para agregar, como comenta esta medida gover-namental?Tenho que fazer uma declaração de interesses, sou militante do PSD, fui eleito e vou voltar a candidatar-me pelo PSD, mas na verdade isto foi uma grande desgraça que veio sobre as fre-guesias. As freguesias não são o problema. O problema foi a precipitação com que tudo isto foi feito. Entendo que até seja necessária uma reforma administrativa, mas não com estas es-pecificidades. Para esta freguesia, por exemplo, não colocaria de parte uma agregação, não às freguesias do concelho, mas pela proximidade, à freguesia de Sangalhos, concelho de Anadia. Muita população tem a sua vida nesta cidade e no campo dos equipamentos seria interessante a partilha. Logo, se tivesse sido auscultado seria uma sugestão plausível.

Márcio Oliveira

Peditório projecto “Bebé Feliz” Aula de Informática na UNISOB

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17Junta de Freguesia do Troviscal – Oliveira do Bairro

Descontente com a extinção da freguesia e após demissão do Ministro,

AuTARcA DO TROvIScAl OFEREcE EmPREgO A mIguEl RElvAS

Depois da demissão do ex Ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, logo a “solidariedade” imperou por par-te de uma pequena freguesia do concelho de Oliveira de Bairro. O presidente de Jun-ta de Freguesia do Troviscal, Adelino Cruz, anunciou no jornal local, o Jornal da Bair-rada, uma “oferta de emprego” destinada ao Ministro demissionário para desempe-nhar à experiência, as tarefas de operador de máquinas, mediante o ordenado míni-mo e contrato a termo certo até Outubro, uma vez que está prevista a extinção da freguesia.

O “anúncio” inundou a opinião pública, uma “pequena provocação e um desabafo” que o

presidente não julga “ofensivos”, até porque em 2003, o “Dr.” Miguel Relvas, secretário de esta-do da Administração Local à altura, esteve pre-sente na inauguração do edifício sede de fregue-sia do Troviscal, constando até o seu nome na placa descerrada. O próprio autarca recorda que tem uma foto dessa data tão marcante para a freguesia. “O que quisemos chamar à atenção foi para a injustiça desta medida governamental, que determina a agregação de freguesias”, ex-plicou. Inconformado com o desfecho do proces-so, acredita vagamente na suspensão da medi-da, “já interpusemos duas providências cautela-res que foram rejeitadas, mas a esperança con-tinua.” Não obstante, ressalva todo o empenho, em desfavor pessoal, nos vários anos que dedi-cou à frente da freguesia de 3000 habitantes. “Não dei nenhum prejuízo ao Estado. Durante anos andei com os meus tractores a fazer vários serviços para a freguesia. Paguei do meu bol-so várias deslocações que fiz na sua representa-ção, coisa que outros que afirmam servir o Esta-do, não se dignam a fazer. Se havia freguesia a encerrar, não era certamente esta, porque temos todas as condições para continuar”, completou. Agricultor de professor e até músico num gru-po de baile durante vários anos, entre as mais-valias implementadas na freguesia, quer ao nível de novas estruturas de apoio à cultura e ao des-porto, às doze colectividades, a freguesia passou a dispor de um posto dos correios no interior da sede de junta, inaugurado pelo próprio Miguel Relvas. Desde 1983 ao serviço da freguesia, a festa de inauguração foi um sonho tornado rea-lidade e um dos momentos mais felizes ao servi-ço da autarquia, mas que ganha agora um sabor amargo, para um presidente que se dedicou de alma e coração ao longo de vários mandatos, às suas funções de autarca e amigo da terra. Adelino Cruz recusa-se a alterar a placa onde se lê, “Dr.” Miguel Fernando Miranda Relvas. Na sua simplicidade acredita que “talvez um dia Miguel Relvas seja doutor. Não vou estar a mu-dar a placa”, retorquiu o autarca, que com uma baixa formação escolar, não esperava que esta “brincadeira” um desafio lançado pelo jornalis-

ta do Jornal da Bairrada, tomasse estas propor-ções “aquilo foi para a internet e está a correr o mundo”, salientou. A oferta de emprego não irá ter seguimento “foi um desabafo, aliás se ele está em Lisboa, está a 250 km do Troviscal e vir aqui receber nem 500 euros, não me parece que fosse razoável. Foi uma provocação política sem maldade. Calhou ao ex Ministro Miguel Relvas, mas já era para ter feito com outros”, confessa, mostrando o seu total descontentamento com a prestação do governo. “Nas eleições vai haver uma derrota política muito grande”, assegurou.E como não há uma, sem duas, nesse mesmo dia, uma outra sede de freguesia vizinha, Bustos foi inaugurada. De referir, que segundo a proposta de União de Freguesias, as freguesias do Trovis-cal, Bustos e Mamarrosa formarão apenas uma freguesia, cuja sede se prevê que seja Bustos. “A população está preocupada, principalmente os mais idosos que ficarão muito mais afastados da futura sede de freguesia.” Considera o trabalho de Armando Vieira, quase vizinho do Troviscal, em Aveiro na Freguesia da Oliveirinha, ao serviço da ANAFRE muito po-sitivo. “Falamos frequentemente, trabalha-se o (im)possível na Associação Nacional de Fregue-sias. Mais não podem fazer.” Imparável e dinâ-mico, aos 70 anos, revela que até ao final do mandato ainda tem “muito para fazer!”

Adelino Cruz

Inauguração sede de Junta de Freguesia do Troviscal Inauguração sede de Junta de Freguesia de Bustos

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18Junta de Freguesia de Gemunde – Maia

“ESTá A EXTINguIR-SE A DEmOcRAcIA DE PROXImIDADE!”Diz-se que a Freguesia é o lugar da Demo-cracia, com a extinção das Freguesias está a extinguir-se a Democracia de proximidade?Sem dúvida alguma, o órgão político mais próxi-mo do cidadão é a junta de freguesia, e já o vem sendo desde o tempo das antigas ‘paróchias’, e esta reforma administrativa é uma atitude que provoca o distanciamento e diminui a proximi-dade dos cidadãos ao poder político.Finda esta ligação, como ficam estas respostas?As respostas em termos do serviço prestado vão continuar, as freguesias e os seus serviços admi-nistrativos não se extinguem fisicamente com a reforma administrativa, vão continuar a servir e apoiar os cidadãos, o que acaba são os órgãos executivos e deliberativos da freguesia.

E o que ganha o país com isso?Nada, rigorosamente nada, quem vai perder é a população, não existem ganhos económicos para o país… Por isso, entendo que esta reforma só pode ser compreendida numa perspetiva de as-sunção de mais poderes e competências por par-te dos órgãos da freguesia. Por outro lado, en-tendo que a anexação de freguesias vai limitar em muito contacto direto do Presidente da junta com os seus fregueses. O aumento da área geo-gráfica provoca uma dispersão dos fregueses e, consubstanciado a este facto, perde-se o contac-to directo com a população uma vez que passa-rão a estar mais dispersos por um território mui-to mais amplo.

O que significa que a diferença cultural, os usos e costumes de cada freguesia também não foram tidos em conta?Curiosamente gostaria de colocar esta questão em duas vertentes. Atendendo à realidade da Maia, concretamente à Freguesia de Gemunde esta situação é um pouco diferente relativamen-te a outras regiões do país. Gemunde é uma das freguesias que constituem a Vila do Castêlo da Maia. Nesse sentido, houve um trabalho de cam-po, de forma a consensualizar a união entre es-sas mesmas freguesias, acabando por facilitar a fusão sem se perder a identidade cultural. Reco-nheço, no entanto, que existem outras freguesias cujos usos costumes e cultura diferenciada pode condicionar e desvirtuar a integração.

Num passado muito recente assistimos ao inverso, criação de freguesias e até desagre-gação de concelhos. O que mudou?O que mudou foi o pensamento político, houve um momento em que defendíamos a descentra-lização, depois foi a regionalização, depois vol-

tou a ser a descentralização, depois eram as fre-guesias que queriam ser vilas, as vilas queriam ser cidades e as cidades queriam ser concelhos… Houve sempre esta ideia do querer, que muitas vezes não estava associada ao poder ou às con-dições para, e assim se foi caminhando sempre ao sabor das ideologias e correntes políticas. E são bem conhecidos os exemplos, justos ou injus-tos, não me compete a mim avaliar, o facto é que o pensamento, atitudes e estratégias da nossa história recente teve um desfecho diferente da-quele que hoje se pretende com a reforma admi-nistrativa. Ou seja, dividiu-se para agora unir…

Com tantas mudanças, existe uma, que as fre-guesias têm reivindicado, a atribuição de mais competências. Esta luta está esquecida?É meu entendimento que esta reforma surge como que a querer justificar essa grande e legí-tima aspiração dos autarcas que reivindicam há anos mais competências para as juntas de fre-guesia, no entanto, não me parece que esta re-forma traga essas competências aspiradas pelos presidentes de junta.

Qual é a relação das freguesias com a câmara municipal? Dependência ou parceria?Independência, é o termo que gosto de aplicar, à câmara o que é da câmara e à junta de fre-guesia o que é da freguesia. São órgãos inde-pendentes e eleitos em listas próprias, o que não

quer dizer que não tenha de haver cooperação e parceria institucional. No caso da Maia existe uma boa relação entre a câmara e as juntas. To-davia, conheço situações muito complicadas que têm a ver com a forma discricionária como al-gumas juntas são tratadas pelo simples facto de não pertencerem ao partido que está à frente da câmara. A dependência financeira das juntas de freguesia é um facto real, que condiciona a au-tonomia e o funcionamento da junta, prejudican-do muitas vezes as populações.

O presidente da Junta de Freguesia é um po-lítico menor?Infelizmente é visto como tal, embora não o seja para os cidadãos que representa. O presidente da junta de freguesia está diariamente acessível e resolve muitíssimos e diversos problemas dire-tamente com os lesados, não tem assessores a quem delegar a sua gestão.

É uma boa escola política?Se é!... É como gerir uma empresa com o nome “junta de freguesia”, mas sem verbas! Aprende-mos muito no relacionamento diário que mante-mos com as populações. Até me atrevo a dizer que para se ocuparem determinados cargos po-líticos era preciso passar antes por um cargo na junta de freguesia.

Vai ser candidato?Estou disponível para ser candidato, a escolha será da comissão política. Sei que estão a traba-lhar para encontrar o candidato ideal. Estou dis-ponível para continuar a trabalhar de forma ho-nesta coerente e estratégica, continuando a de-senvolver um trabalho e obra de referência na qualidade de vida e prestação de serviços à po-pulação.

Eugénio Teixeira, Presidente da Junta de Freguesia de Gemunde

«Para se ocuparem determinados cargos políticos era preciso passar antes pelo

trabalho na freguesia!»

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19Junta de Freguesia de Campo – Valongo

“AINDA TENhO ESPERANçA quE A lEI POSSA SER REvERTIDA NO FuTuRO”

Se as freguesias são o lugar da democracia, com esta “reforma administrativa “podemos considerar que está posta em causa a demo-cracia?Julgo que sim, e mais ainda, se considerarmos que o Poder Local democrático é seguramente uma das maiores conquistas de Abril, o que também é posto em causa é a democracia participativa e de proximidade, aquela que junta os eleitos aos elei-tores, aquela que se preocupa com as pessoas e os seus problemas. O que esta lei põe em causa são os serviços e as respostas que as freguesias prestam aos seus cidadãos.

Com a agregação de freguesias como ficam os projetos e as respostas locais?No caso da nossa Junta de Freguesia, este é o nos-so primeiro mandato. Os projetos que nos propu-semos resolver estão concluídos, agora com esta agregação tudo terá que ser repensado e estudado, fazer um diagnóstico dos problemas e, conforme a realidade sócio económica, tentar responder as no-vas necessidades. Desenganem-se aqueles que pen-sam que basta fazer uma lei de eliminação e depois agregar sem ter em conta a forma de pensar, viver e os anseios de cada população. Serei candidato a este novo projeto, tendo em conta todas estas dife-renças, dificuldades e, até em alguns casos, alguma “rivalidade associativa e cultural”.

Está a dizer que apesar de alguma proximidade geográfica existem culturas, usos, costumes e formas de associativismo diferentes?Sim, estou a falar de tudo isso. Vivo em Campo há 25 anos e vivi outros 25 anos em Sobrado, onde tenho muitas afinidades. Ao contrário do Ex Mi-nistro Relvas, sei do que estou a falar, e mais ain-da, este projeto de restruturação não foi pensado, é uma ideia de destruição da história milenar de muitas freguesias, com história e com cultura, que não podem nem devem ser destruídas, por isso des-

de a primeira hora que eu e os meus companhei-ros da junta, e com o apoio da população do Cam-po temos encabeçado e lutado contra esta aberra-ção, que só na cabeça do Ex-Ministro faz sentido.

O que ganha o país com esta reforma?Gostava que não chamasse a esta lei uma reforma administrativa, porque não o é. Antes da reforma da Poder Local, onde está a reforma dos Municí-pios? Onde está a Regionalização? Apenas existe a eliminação de freguesias. Só isto deveria ser sufi-ciente para que a população percebesse o embus-te desta lei.O nosso país não vai ganhar nada! Vai é perder serviços e respostas sociais de proximidade, que as Juntas de freguesia desde sempre desempenharam em defesa das suas populações. Esta sim, é a gran-de virtude das freguesias que a lei quer eliminar.

Esta lei vai responder às justas reivindicações dos presidentes de junta de terem mais auto-nomia, e mais competências?Não, esta lei infelizmente vai no sentido contrário, destruindo o trabalho e a dedicação que alguns mi-lhares de autarcas nas juntas de freguesia desen-volveram ao longo destes anos. Bem pode desenga-nar-se este ou qualquer outro ministro que julgue ser capaz de destruir esta imagem que o povo tem dos seus autarcas. Gostaria de dizer que, de uma maneira geral, mesmo sem essas competências, as Juntas de Freguesia nunca deixarão de trabalhar na resolução dos problemas das suas populações.

As freguesias ainda são dependentes da Câma-ra Municipal?Aquilo que é tornado público, assim parece. No en-tanto, no caso da Junta de Freguesia de Campo, esta tem uma dependência de transferências de capital de, aproximadamente 8,7%, ao contrário do passado que tinha uma taxa de dependência de cerca de 60%. Um dos grandes objetivos atingidos

deste meu primeiro mandato foi tornar esta au-tarquia autossustentável, com uma gestão criterio-sa. Gostaria ainda de sublinhar que em três anos e meio já investimos mais de meio milhão de euros, chegando em muitos casos em substituir os servi-ços da competência da Câmara Municipal.

Não resisto à tentação de lhe perguntar se considera que o Presidente de Junta é um “po-lítico menor”? Por vezes há quem olhe para os presidentes e membros de Juntas de Freguesia como políticos de menor categoria, se quiser de um outro “campeo-nato inferior”. Gostaria de acrescentar que somos políticos diferentes, porque conhecemos a realida-de, os eleitores, tomamos café com eles, sentimos os mesmos problemas e estamos na política para ajudar as pessoas e para ajudar o desenvolvimento da nossa terra. Se a sociedade vê nisso os “paren-tes pobres da política” eu, pelo contrário, vejo a de-mocracia participativa, de proximidade e um gran-de altruísmo de quem, só por estas razões, dedica uma parte da sua vida a servir os outros. Conhe-ço muitos Presidentes de Junta com grande capa-cidade para gerir qualquer autarquia do país e que até dariam excelentes Deputados e, se muitos dos nossos governantes tivessem passado por esta ex-periência de gerir uma freguesia, tenho a certeza que não cometeriam os erros que estão a cometer.

As raízes culturais e o associativismo sobrevi-riam sem as juntas de freguesia?Creio que não. As associações desenvolvem um trabalho meritório, no entanto, muitas vezes, não lhes é dado o devido valor. Envolvem crianças, jo-vens, famílias, fazem parte da nossa vida colectiva e da história da nossa terra. Não podemos viver ne-gando as nossas raízes…

Vai ser candidato a uma freguesia agregada a outra. Considera-se um intruso? Não! Até pensava não me candidatar, mas, ten-do em conta os possíveis riscos sociais inerentes à agregação de duas populações que, embora próxi-mas geograficamente, são completamente distin-tas histórica e culturalmente, considero que o mais consciente será candidatar-me a esta nova Fregue-sia. Lutarei para que no futuro esta lei de extinção de freguesias seja revogada.

O que se passa com a Câmara Municipal de Valongo? Ao que julgo saber ninguém se en-tende!Considero que, face à sua localização dentro da Área Metropolitana do Porto, seus recursos natu-rais, económicos e potencial de crescimento, a Câ-mara Municipal de Valongo perdeu, ao longo des-tes 20 anos de governação, excelentes oportuni-dades de crescimento e desenvolvimento de for-ma sustentada, pelo que eu considero falta de li-derança, incapacidade e deficiente gestão das prio-ridades e dos recursos disponíveis. Sempre existiu uma absoluta ausência de planeamento estratégi-co para o concelho. Talvez por isso, se assista, mais de fora do que de dentro, a uma discussão às vezes estéril sobre estas questões.

Presidente Alfredo Sousa

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20TRABALHOCOOP – Confederação de Cooperativas de Trabalho Intracooperativo de Portugal, CCRL

já NAScEu A TRABAlhOcOOP, ccRl!

Fundada pela Cooperativa de Produção dos Operários Pedreiros Portuenses, CRL (CPOPP), pela UNINORTE – União Coo-perativa Polivalente da Região Norte, CRL e pela Academia José Moreira da Sil-va – Cooperativa de Estudos de Econo-mia Social, nasce a 17 de Janeiro, com um Capital IntraCooperativo e Social de dois mil e quinhentos euros, no Porto, a TRA-BALHOCOOP – Confederação de Coope-rativas de Trabalho Intracooperativo de Portugal, CCRL, data em que foi assinada a respectiva escritura pública pelos seus representantes, nomeadamente, Luis Sil-va, Fernando Martinho e Lucília Alves.

Pode ler-se nos seus estatutos que a TRABA-LHOCOOP assume como missão e visão as orientações que foram enunciadas pelos funda-dores da CPOPP, em 1914: “Todas as iniciati-

vas cujo alvo têm por fim redimir os trabalha-dores do estado de escravidão em que sempre têm vivido.” Com mandatos de quatro anos, dirige-se ao agrupamento, a nível nacional, de “federações de cooperativas, de uniões de cooperativas, de cooperativas do ramo da produção operária e de cooperativas dos demais ramos do sector cooperativo com secções de trabalho intracoo-perativo.” Nesta nova Confederação podem fi-liar-se exclusivamente membros colectivos, de-signadamente, as Federações de Cooperativas, Uniões de Cooperativas e Cooperativas, do ramo da Produção Operária e de Cooperativas dos de-mais ramos do sector cooperativo com secções de trabalho intracooperativo.De acordo ainda com o Artigo 35º dos mesmos estatutos, de quatro em quatro anos, a Confede-ração propõe-se realizar um Congresso que de-baterá as questões gerais do movimento coope-rativo no contexto mais alargado da Economia Social com todas as Cooperativas filiadas, dire-ta e indiretamente, ou seja, junto de todo o sec-tor Cooperativo e Social.

A F&C conversou com Fernando Martinho, im-pulsionador da TRABALHOCOOP, no 99º Ani-versário da Cooperativa dos Pedreiros, a 9 de Março, onde foi apresentada publicamente esta Confederação no período da manhã. Durante a tarde, foi realizado o III Encontro de Economia Social: “Cooperativismo: um outro e necessá-rio modo de empreender”, organizado pelo CI-RIEC – Portugal, que entre outros, contou com a presença do presidente da CASES, Eduar-do Graça e do Secretário de Estado da Soli-dariedade e da Segurança Social, Marco Antó-nio Costa, que afirmou estar sempre disponível para todas as matérias e iniciativas promovidas no âmbito da Economia Social.

Hoje é um dia diferente, finalmente o norte do país vai ter uma Confederação de Coope-rativas. Qual é realmente o grande objectivo desta Confederação?Fernando Martinho (FM) – O objectivo desta Confederação é tornar acessível a todos os ci-dadãos a possibilidade de terem uma informa-ção adequada sobre como podem responder à crise actual em termos do emprego/desempre-go, através de uma resposta ao desemprego por via do trabalho. Ou seja, neste caso, pelo tra-balho cooperativo, em que poderão ser criadas cooperativas cujo factor de unidade, coesão e

funcionamento seja a partilha do trabalho entre os membros, criando valor e riqueza por traba-lharem de uma forma organizada em coopera-tiva e, por fazerem e distribuírem os resultados do valor do trabalho entre si de acordo com as contas e com aquilo que contribuírem para o património da cooperativa.

Só podem ser membros desta Confederação as cooperativas de produção operária ou ou-tras cooperativas?Podem ser membros desta Confederação todas as cooperativas dos diversos ramos, desde que tenham um modelo de organização das relações de trabalho, que definimos como trabalho intra-cooperativo, isto é, na generalidade das coope-rativas existe trabalho cooperativo de todos os membros das cooperativas, mas nem sempre as relações de trabalho entre as pessoas no seio da cooperativa e próprios objectivos da cooperati-va se organizem segundo um modelo coopera-tivo. Neste caso, é preciso que esse pressupos-to aconteça pelo menos de modo a que 75% de todas as pessoas que desempenham qualquer tipo de trabalho na cooperativa e que tenham remuneração por esse mesmo trabalho sejam membros e, que 75% de todos os membros te-nham uma relação de trabalho com a coopera-tiva mesmo que seja apenas em trabalho volun-tário, pois é um trabalho também muito valioso.

É uma Confederação regional ou uma Con-federação nacional?Trata-se de uma Confederação nacional de coo-perativas e é exactamente esse, o contributo que queremos colocar à disposição de todo o país. Este instrumento de trabalho, esta nova orga-nização, é também o primeiro grande contribu-to da Cooperativa dos Pedreiros, no âmbito das comemorações do seu primeiro centenário, cujo modelo de organização de trabalho não se tra-ta de uma coisa nova, não estamos a começar nada, estamos a dar um novo desenvolvimento a uma instituição que tem uma experiência em Portugal com cem anos através de um conjunto de cooperativas de trabalho que se criaram na cidade do Porto.

A criação desta Confederação tem a ver com algum sentimento “divisionista” ou algum sentimento de que não existe um encaixe ou uma resposta confederativa, relativamente aos problemas que são sentidos por muitas das cooperativas deste meio?

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Quando criámos uma estrutura como uma Confederação de Cooperativas, não há nenhu-ma perspectiva de dividir, antes pelo contrá-rio, há é de unir e sobretudo de dar uma nova representatividade a um conjunto de coope-rativas que não são representadas pelas duas estruturas confederativas existentes. Existem duas confederações, a Confagri, que agrupa a generalidade das cooperativas dos ramos agrícolas e do crédito agrícola e, existe uma outra que é a Confecoop, que agrupa um con-junto de cooperativas de prestação de servi-ços e de utentes de serviços, mas que não cor-responde e nem tem tido essa prática de cor-responder à forma de organização das coope-rativas de trabalho. O que vamos preencher é um vazio que exis-te há muitos anos, nomeadamente pela não transposição para uma situação legal da ex-periência que houve da Federação Cooperati-va de Trabalho, com sede em Lisboa. Vamos homenagear nesta Confederação todo o tra-balho que foi feito por um conjunto de coo-perativistas no Largo do Rato, que nos anos 75 e 76 criaram uma nova oportunidade para esta modalidade de organização de coopera-tivas de trabalho. Portanto, é em unidade com essa perspectiva de cooperativas que existem por todo o país deste tipo e, que não têm uma resposta até à data organizada, legalizada com esta perspectiva.É de âmbito nacional, na medida em que vamos à raiz do movimento cooperativo operário em Portugal que tem, neste caso, como cooperativa pré-existente a Cooperativa dos Pedreiros, mas tem também outras cooperativas que se cria-ram na cidade do Porto há mais de cem anos, como era o caso da Cooperativa dos Carpintei-ros, dos Pintores, dos Estucadores, que colocam este modelo de organização cooperativa numa tradição muito grande na cidade do Porto. Será, pois, um trabalho para todo o país.

Pretendem ser uma Confederação reivindi-cativa, interventiva, no sentido que seja uma voz presente, uma voz que possa apresentar soluções para os problemas que hoje a crise

no país nos vai apresentando?Queremos ser uma Confederação construtiva, isto é, pretendemos que sejam dadas as condi-ções para realizarmos plenamente aquilo que está previsto na Constituição da República Por-tuguesa para o sector cooperativo e social, con-cretamente, para esta área das cooperativas de trabalho. Estamos plenamente de acordo com o que está definido nos objectivos gerais da Constituição da República de 76, no seu preâmbulo e, nos artigos que dizem respeito ao sector coopera-tivo que estão reportados em várias áreas na Constituição.Estamos perfeitamente em sintonia com a ac-tual redacção do Código Cooperativo, e portan-to, não vamos reivindicar muito a não ser o di-reito à cidadania e estamos a criar esta Confe-deração consonando um trabalho que se reali-zou no âmbito do Ano Internacional das Coope-rativas 2012, mas temos muito prazer em con-cretizá-la no Ano Europeu dos Cidadãos, em 2013. Queremos colocar isto como um direito de ci-dadania, abrangendo todos os trabalhadores, todos os jovens, pessoas desempregadas ou em risco de perda do seu trabalho ou, pessoas que estão a trabalhar por conta de outrem, mas que gostariam de ter um modelo de organização de forma responsável e autónoma, conscientes de que é possível organizar o próprio trabalho, se-rem donos do seu próprio trabalho, assumindo riscos e as responsabilidades inerentes a essa nova postura e a essa nova forma de estar na vida.

É possível filiar nesta Confederação, Coope-rativas Europeias, Mundiais?Neste momento é a Uninorte que represen-ta algumas das cooperativas que aderiram a este processo e será membro de pleno direito da Confederação, a Association Cooperatives d’ Europe, que se trata de uma associação de coo-perativas da Europa, membro da Aliança Coo-perativa Internacional. Nesta perspectiva, fare-mos parte do movimento mundial das coopera-tivas de trabalho, que tem um Comité Especial

e uma associação especial, que agrupa a gene-ralidade das cooperativas de produção operária, de artesanato, de prestação de serviços, de vá-rios sectores.

É um projecto destinado também às coope-rativas mais jovens?Esta entrevista está a ser concedida a uma Coo-perativa de Informação e Comunicação, a Ne-wscoop que conta com cerca de seis anos de existência. Ou seja, é uma jovem cooperativa e um exemplo que queremos utilizar neste ano, em que se iniciará um novo programa chamado CoopJovem, programa esse, que já foi aprovado e cuja portaria foi publicada no dia 31 de De-zembro do ano passado. A TrabalhoCoop será um dos parceiros estratégicos para que esse projecto e este programa seja desenvolvido e aplicado efectivamente durante o próximo ano e nos anos vindouros.

Os fundadores da TRABALHOCOOP, CCRL«Esta Confederação tem como significati-vo o facto de ter a escritura subscrita pela Cooperativa dos Pedreiros, que está no pro-cesso de comemoração do seu centenário, e este era um dos seus compromissos e ob-jectivos primordiais para o seu centenário; pela Uninorte que já comemorou 45 anos e tem uma experiência vasta de organização de cooperativas nesta área e, pela Academia José Moreira da Silva, que é uma coopera-tiva criada nos 75 anos da Cooperativa dos Pedreiros, num processo de cooperação en-tre a Cooperativa dos Pedreiros, a Uninor-te e o Instituto António Sérgio. Nesta Con-federação cumpre-nos homenagear um con-junto de pessoas que ao longo de todos estes anos colaboraram com o movimento coope-rativo de produção operária, reconhecendo de acordo com os estatutos, um conjunto de pessoas, membros honorários a título póstu-mo e ainda vivos, que posteriormente torna-remos público.»

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22Associação Mutualista Benéfica e Previdente

PAulA ROSEIRA é A NOvA PRESIDENTE DA BENéFIcA E PREvIDENTE

A nova direcção da Associação Mutualista Benéfica e Previdente tomou posse a 15 de Janeiro. “Foi exactamente há nove anos que se iniciou este ciclo com o processo de fu-são das associações: Benéfica de Emprega-dos do Comércio e a Previdente de Socor-ros Mútuos, talvez caso único em Portugal e no movimento mutualista e, que designa-mos na ocasião como um projecto inova-dor”, discursou Carlos Salgueiral.

Várias individualidades da família mutualista, de vários pontos do país, marcaram presença nes-te acto de tomada de posse dos novos órgãos so-ciais para o triénio 2013|2015, uma cerimónia informal, na Quinta das Glicínias, no Porto.Com uma panóplia bastante diversificada de serviços, a Benéfica e Previdente, destina-se a todos os públicos. Regendo-se pelo valor da soli-

dariedade, oferece aos seus associados máxima confiança e segurança em todos os serviços que prestam, em qualquer uma das suas valências.Paula Roseira sucede Carlos Salgueiral na presi-dência do Conselho de Administração da associa-ção. Na passagem do testemunho, Carlos Salguei-ral apontou a confiança nos novos dirigentes elei-tos e manifestou a sua “total disponibilidade para a activação fraterna e leal em prole do desenvol-vimento da nossa associação e da comunidade em geral, contem comigo”, rematou. A F&C esteve à conversa com a nova dirigente que no seu discur-so caracterizou o ano 2013 como desafiante, ape-sar “das muitas ameaças, incertezas e dúvidas.” E prosseguiu “esta associação nesta tomada de pos-se assume o compromisso de cumprir com con-vicção e frontalidade as responsabilidades confia-das.” Por fim, deixou uma palavra de esperança a todos os associados, colaboradores, parceiros e amigos da instituição afirmando: “Contamos con-vosco, contamos com pouco!”

Que significado tem esta tomada de posse e quais os projectos para o próximo triénio?Paula Roseira – Estive na Benéfica há três anos, onde fiz parte dos órgãos directivos foi nessa altura que conheci o projeto da Benéfi-ca e Previdente. Neste momento, ao ser convida-da para voltar a pertencer aos órgãos sociais é com grande prazer que o faço. Não é um lugar a tempo inteiro, é um lugar de voluntariado. Co-nheço bem este projecto. Como mutualista, hoje tem uma dimensão e estrutura muito grande, tem noventa pessoas a trabalhar, presta assis-tência a setenta famílias, tem muitos associados, por isso, tenho muito orgulho e muita convicção para tentar ajudar a contribuir para que esta as-sociação cresça, seja sustentável, para que a ci-dadania saia reforçada e, para que sociedade ci-vil se interesse pelas instituições.

Uma mulher à frente de uma associação mu-tualista como esta, representa também um maior desafio, uma maior sensibilidade?Provavelmente, mas nem sequer penso muito no factor ‘mulher’. Na minha vida profissional tam-bém trabalho numa empresa, onde tenho uma função directiva, portanto, nem me lembro de ‘ser mulher’, acho que tenho vocação, gosto e estou interessada em contribuir para o melhor e maior sucesso da Benéfica, bem como de qual-quer instituição no Porto, desde que possa natu-ralmente ajudar.

Estamos num momento conturbado em que as famílias precisam cada vez mais de apoio. Tem conhecimento de um aumento de pedi-dos ao nível de acção social?Esse é o nosso maior desafio, porque cada vez há mais pedidos, há menos Estado. O Estado está com maior dificuldade em intervir e vamos ter,

com os meios que temos, de ajudar mais famí-lias, esse é o grande desafio actualmente das ins-tituições, ou seja, enquanto a sociedade civil es-tiver preparada através destas instituições para contribuir, acho que os cidadãos e neste caso o Porto estarão mais protegidos. O meu grande re-ceio é que o Estado ‘fuja’ cada vez mais desta proteção social e que as pessoas se sintam mais desprotegidas. Logo, cabe-nos a nós, instituições e cidadãos da cidade contribuir para ajudar e minimizar as dificuldades que todos vão sofrer.

Que mensagem deixa para 2013? A mensagem que deixo é uma mensagem de es-perança. Temos todos que a manter para poder-mos continuar, porque o desespero não leva a nada, temos que acreditar que se consegue e que os nossos antepassados, o país e todos nós já passamos por dificuldades. A Benéfica e a Pre-vidente, associações centenárias já passaram guerras, muita fome, muitas dificuldades, e ain-da hoje se mantêm. E nós também vamos conse-guir. É preciso ter perseverança e confiança que vamos conseguir.

Estaremos num ‘regresso ao passado’? Num processo de retrocesso?Não, ao passado não regressamos. “O rio nun-ca passa no mesmo sítio duas vezes.” Ao pas-sado não regressamos. Ficamos com novos de-safios, as coisas estão diferentes, as dificuldades são mundiais e a todos os níveis. Estou convenci-da que ao passado não voltaremos. Tratam-se de desafios novos, situações novas, realidades no-vas, e é preciso enfrentá-los da mesma maneira que os nossos antepassados enfrentaram no pas-sado, com muitas dificuldades. Quando se cria-ram as mutualistas, já foi no intuito de colmatar os problemas da sociedade, problemas em que as pessoas não tinham recursos e em que havia difi-culdades. Entretanto, a proteção social veio mi-nimizar esses problemas. Estão a voltar alguns e o nosso papel é contribuir para a minimização desses problemas.

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23Fumeiro de Barroso, Produtos Fumados Lda.

A ARTE E O ENgENhO DA TRADIçÃO BARROSÃ

Com uma história ancestral no fabrico de enchidos, Montalegre tem na empre-sa Fumeiro de Barroso, o reconhecimen-to da tradição de produção de enchidos, seleccionando “a matéria-prima e subme-tendo as carnes a um processo lento de maturação, com temperos naturais - sem aditivos”. Faz a fumagem com lenha dos carvalhos seculares da Serra do Larouco, o que confere aos seus produtos o chei-ro e o paladar que os caracteriza e os tor-na simplesmente diferentes, genuínos. Pe-las suas características e qualidade são in-dicados para uso nas mais diversas recei-tas culinárias, desde as mais tradicionais às mais modernas. A F&C esteve em Montalegre e conversou com a gerente, Maria do Carmo Alves, que nos contou uma história invulgar, em que ninguém queria assumir a direcção da em-presa, até que resolveu deixar de leccionar na Escola de Enfermagem de Braga, para abraçar este novo projecto de vida.

Com os pés “bem assentes na terra” é como descreve Maria do Carmo Alves, a presença da empresa no mercado. Vocacionada para a pequena distribuição, está também presente em algumas lojas Pingo Doce do país, contudo reconhece o contributo da carteira de clien-tes mais pequenos que foram o “pilar” da em-presa e com quem continuam a trabalhar. “Os nossos clientes antigos são-nos muito queri-dos, estão a atravessar um período muito di-fícil, mas há que aguentar”, observa. “Traba-lhámos muito com o Carrefour foi um traba-lho interessantíssimo. Tivemos pena que che-gasse o seu fim, essa altura foi conturbada para nós, mas demos a volta por cima”, reco-nheceu. Ainda tentaram trabalhar com o Con-tinente, os sucessores, devido ao contrato que tinham, só que tornou-se uma missão impossí-vel. “Eles eram muito grandes, não conseguía-mos dar resposta.” Entretanto, surgiu o con-vite para trabalhar com o Pingo Doce. “Faci-litaram-nos a vida, deram-nos a opção de es-tar presentes em algumas lojas e aos poucos chegar a outras. Neste momento estamos no Norte, Trás-os-Montes, Douro e Minho. Temos uma óptima relação. E os pagamentos são fei-tos de uma forma muito interessante, de sema-na a semana. Ficamos muito contentes com este convite. Trazia uma imagem muito positi-va do Carrefour eram muito cumpridores nos pagamentos, muito organizados e com o Pingo Doce acontece o mesmo. Além de que as lojas têm crescido. No fim do ano quando fizemos a relação das vendas com a posição das lojas tive algumas surpresas, como por exemplo a

loja de Arcos de Valdevez. Foi uma agradável surpresa! O nosso produto é muito bom, mas depende sempre muito das equipas e, em cer-tas lojas como os clientes são sempre os mes-mos acabam por conhecer bem o nosso produ-to”, explica. Quanto à exportação, estão pre-sentes em França, Andorra e Inglaterra, mui-to por causa dos emigrantes barrosões “o povo barrosão tem sido muito nosso amigo quer no país, quer no estrangeiro”, revela, no momen-to em que se encontram também em negocia-ções com Angola, Brasil, Moçambique e Sué-cia, mas no caso de Angola, a crítica apontada é à burocracia que tem impedido o seguimen-to do processo.“Tem havido uma consciencialização de que o que é nacional é bom. Temos pessoas que nos procuram, justamente, porque querem comprar produtos nacionais e ajudar assim o país. Até que enfim se começa a mudar a mentalidade, de que só o que é de fora é que é bom”, garantiu. E como nem tudo são más notícias, os enchidos são a referência desta empresa, mas em tem-pos de crise foi o salpicão, o produto mais caro que têm que subiu as vendas. “A alheira sem-pre foi uma referên-cia, os Pingos Doces têm uma varieda-de enorme e a nos-sa lá se apresenta e não é das mais eco-nómicas! Temos um bom presunto, não obstante é a chou-riça que está ago-ra com grande força no mercado, também foi a que nos custou mais a acertar”, ad-mite.

Ampliação de Ins-talações para breveA Fumeiro de Bar-roso, apesar de ser uma empresa cer-tificada e manter a mesma estrutu-ra teve um percurso acidentado. “Partiu de um sonho de um senhor de Melgaço, terra também de fu-meiro, que impedido de a abrir em Mel-gaço, decidiu tentar a sorte na zona in-dustrial de Monta-legre, num terreno de um primo. Entre-

tanto, o meu marido assumiu a empresa, mas fi-cámos com um problema, quem a iria dirigir? O meu filho não tinha experiência em gestão e esteve no comando por pouco tempo, tanto eu como o meu marido trabalhávamos, foi então aí que me vi obrigada a pedir a demissão da Esco-la de Enfermagem de Braga, onde era professo-ra, para assumir a direcção da empresa. A si-tuação da empresa era complicada, não perce-bia nada de fumeiro, mas as mulheres do fumei-ro foram-nos ensinando e fomos ao longo dos tempos maturando o fabrico. Temos uma equipa muito boa”, enaltece.Com uma saúde financeira regular, o objectivo é crescer. Para que tal aconteça já adquiriram um lote de terreno tendo em vista a ampliação da unidade. “Se estas perspectivas de exporta-ção se concretizarem temos obrigatoriamente que crescer, porque como estamos não temos ca-pacidade”, advertiu, esperando que a juventude deixe de lado o preconceito com a agricultura e se volte mais para a terra para assegurar o fu-turo das tradições e para que o país não vire um deserto, na sua óptima seria uma alternativa à emigração.

Fumeiro de Barroso – Produtos FumadosEnchidos: Alheira | Chouriça | Chouriço de Abóbora | Salpicão | Sal-picão Caluga | Sangueira/MorcelaCarne Fumada: Cabeça | Entremeada | Presunto | Pernil

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O Poder Local Democrático foi a maior conquista

do 25 de AbrilTemos de dizer que não temos medo. Que o nosso caminho é estar ao lado das populações. Que a nossa luta é justa, porque defendemos a história, a cultura e a tradição de cada uma e de todas as freguesias.

A freguesia é e será sempre o “Lugar da Democracia”! Liquidar as freguesias é ferir Abril, é acabar com a Democracia de proximidade, é pôr em causa as políticas sociais e de inclusão…

Porque queremos hoje, contribuir na construção do futuro, a Junta de Freguesia de Campanhã, exorta todos os autarcas assumir a luta na defesa das Juntas de Freguesia, contra a teimosa indiferença, a déspota decisão e a inflexível convicção, construindo uma força contra a cegueira, o autismo e a obsessão dos inimigos da paz social e do interesse nacional.