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FEAD Núcleo de Pós-Graduação e Pesquisa Mestrado em Administração Modalidade: Profissionalizante Empreendedorismo Formal ou Informal: os Desafios do Mercado de Negócios em Feiras Populares. Alexandre Elias Penido BELO HORIZONTE 2008

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FEAD Núcleo de Pós-Graduação e Pesquisa

Mestrado em Administração Modalidade: Profissionalizante

Empreendedorismo Formal ou Informal: os Desafios do

Mercado de Negócios em Feiras Populares.

Alexandre Elias Penido

BELO HORIZONTE

2008

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Alexandre Elias Penido

Empreendedorismo Formal ou Informal: os Desafios do

Mercado de Negócios em Feiras Populares.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração: Modalidade Profissionalizante da FEAD Centro de Gestão Empreendedora, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração.

Área de Concentração: Estratégia e Competitividade Orientador: Prof. Dr. Henrique Cordeiro Martins

Belo Horizonte FEAD - MINAS

2008

“Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam vários anos e são muito bons. Porém, há os que lutam toda a vida. Esses são os imprescindíveis.”

Bertolt Brecht

“ Aos meus pais, Paulo Penido Filho (in memória) e Miriam Elias Penido, muito obrigado por tudo.”

“À minha esposa Luciana Penido, pela sua compreensão e incentivo no dia-a-dia da minha carreira acadêmica e profissional.”

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida e renovação constante dos meus sonhos, pois

sem eles não estaria usufruindo este momento.

Ao meu orientador, Professor Dr. Henrique Cordeiro Martins, pela sua

disposição em me orientar e pelos seus sábios ensinamentos.

Aos professores da FEAD Centro de Gestão Empreendedora, pelos

ensinamentos e amizade.

À FEAD Centro de Gestão Empreendedora, pelo apoio durante o decorrer do

curso.

Aos grandes amigos conquistados durante esta jornada.

Obrigado a todos que indiretamente colaboraram para esta vitória.

RESUMO

PENIDO, Alexandre Elias. Empreendedorismo formal ou informal: os desafios do mercado de negócios em feiras populares. Belo Horizonte, 2008. 83 pp. Dissertação (Mestrado em Administração). Curso de Mestrado Profissional da Faculdade de Estudos Administrativos, FEAD.

O propósito deste trabalho é identificar e analisar quais são os principais fatores relacionados ao empreendedorismo que influenciam a abertura de negócios pelos expositores de um stand em feiras populares. Assim, pela natureza do problema, optou-se pela abordagem quantitativa, caracterizada pela tipologia descritiva e combinada com a pesquisa de campo. O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário com 75 expositores de stands, o que possibilitou verificar que as principais dificuldades para o fortalecimento do empreendedorismo, em comparação aos fatores mercado de trabalho, acesso ao crédito e falta de motivação identificadas, são: a falta de capital de giro e a carga tributária elevada aparecem com mais freqüência nos resultados. Foi possível verificar que os entrevistados utilizam e se preocupam com elementos relevantes para impulsionar o negócio como: o atendimento e venda de produtos com qualidade, sendo estas as principais estratégias adotadas por eles. Constatou-se, também, que os expositores de stands acreditam que possuem, ainda, sonho/realização que são elementos fundamentais para fortalecer o empreendedorismo. Por fim, pode-se concluir que existe consistência e coesão entre os expositores de stands em relação aos fatores que contribuem para o fortalecimento do empreendedorismo. Os dados coletados permitiram verificar que esses fatores estimulam estes expositores de stands a adquirir e aprimorar cada vez mais o desempenho do negócio.

Palavras-chave: Empreendedorismo; Negócios; Feiras Populares.

ABSTRACT

PENIDO, Alexandre Elias. Formal or informal entrepreneurship: the challenges of the market of business in popular market. Belo Horizonte, 2008. 83 pages. Dissertation (Master Degree in Business Administration) – Professional Master Degree of Faculdade de Estudos Administrativos, FEAD. The purpose of this work is to identify and to analyze which are the main factors related to the entrepreneurship that influence the opening of business for the exhibitors of a stand in popular market. Thus, for the nature of the problem, it opted for the quantitative approach, characterized by the descriptive typology and combined with the field research. The used instrument of collection of date went to questionary with 75 stands exhibitors that it facilitated to verify that the main difficulties for the invigoration of the entrepreneurship, in comparison to the factors labor market, access to the credit and identified motivation lack is: the working capital lack and the high tributary load appear with larger frequency in the results. It was possible to verify that the interviewees use and they worry about important elements for alavancar the business as: the attendance and sale of products with quality, being these the main strategies adopted by them. It was verified, also, that the stands exhibitors believe that they possess, still, dreams that are fundamental elements for it strengthens the entrepreneurship. Finally, it can be concluded that exists consistency and cohesion among the stands exhibitors in relation to the factors that contribute to the invigoration of the entrepreneurship. The collected data allowed to verify that these factors stimulate these stands exhibitors to acquire and improve more the acting of the business. Keywords: Entrepreneurship; Business; Popular Market.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 O processo de desenvolvimento da visão ..................................................... 43

Quadro 2 Caracterização dos entrevistados da pesquisa empírica .............................. 45

Quadro 3 Correlações significativas entre os fatores relacionados:

empreendedorismo e as estratégias para abrir o próprio negócio ................ 69

Quadro 4 Correlações não-significativas entre os fatores empreendedorismo e

estratégias para abrir o próprio negócio ....................................................... 70

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Foco da pesquisa sobre empreendedorismo .................................................. 33

Figura 2 O processo de visão........................................................................................ 42

Figura 3 Índice Médio de Concordância para os indicadores do construto mercado de

trabalho ........................................................................................................... 61

Figura 4 Índice Médio de Concordância para as estratégias para abrir o próprio

negócio ........................................................................................................... 63

Figura 5 Índice Médio de Índice de Concordância para o empreendedorismo............. 66

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Gênero ........................................................................................................... 52

Tabela 2 Faixa etária..................................................................................................... 53

Tabela 3 Grau de escolaridade ..................................................................................... 53

Tabela 4 Tempo como expositor do stand .................................................................... 54

Tabela 5 Sócio no stand................................................................................................ 55

Tabela 6 Remuneração................................................................................................. 55

Tabela 7 Outra fonte de remuneração .......................................................................... 56

Tabela 8 Atividade exercida antes de montar a empresa ............................................. 57

Tabela 9 Não tinha idéia dos riscos antes de abrir a empresa...................................... 57

Tabela 10 Tinha idéia dos riscos antes de abrir a empresa .......................................... 58

Tabela 11 Experiências técnica e prática adquiridas antes de abrir o negócio ............. 59

Tabela 12 Local onde se conseguiu a experiência........................................................ 59

Tabela 13 Percentual e Índice de Concordância para os indicadores do construto

mercado de trabalho.................................................................................... 60

Tabela 14 Percentual e Índice de Concordância para as estratégias para abrir o próprio

Negócio ....................................................................................................... 63

Tabela 15 Percentual e Índice de Concordância para o empreendedorismo................ 65

Tabela 16 Correlação entre as variáveis pesquisadas.................................................. 68

LISTA DE ABREVIATURAS

ABC Agência Brasileira de Cooperação

CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

CV Coeficiente de Variação

DLIS Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

GEM Global Entrepreneurship Monitor

IC Índice de Concordância

ONGs Organizações Não-Governamentais

ONU Organizações das Nações Unidas

PDL Plano de Desenvolvimento Local

PDV Pontos de Vendas

PME Pesquisa Mensal de Emprego

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SPSS Sistema Statistical Package for The Social Sciences

TEA Taxa de Empreendedores Iniciais

TS Terceiro Setor

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 14

1.1 Problema e justificativa............................................................................................ 15

1.2 Objetivos ................................................................................................................. 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 19

2.1 O desenvolvimento numa perspectiva social .......................................................... 19

2.2 Trabalho e emprego ................................................................................................ 21

2.3 Empreendedorismo ................................................................................................. 25

2.4 Formação de visão e estratégias empreendedoras ............................................... 41

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................................... 44

3.1 Abordagem do estudo ............................................................................................ 44

3.2 Tipo de pesquisa ..................................................................................................... 44

3.3 Unidades de observação e de análise .................................................................... 45

3.4 Universo .................................................................................................................. 45

3.5 Detalhamento da coleta dos dados ......................................................................... 46

3.6 Análise dos dados .................................................................................................. 49

3.7 Caracterização da organização estudada ............................................................... 49

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................................ 52

4.1 Caracterização dos entrevistados ........................................................................... 52

4.2 Risco ao iniciar a atividade como empreendedor.................................................... 57

4.3 Experiência técnica e prática adquirida antes de abrir o negócio............................ 58

4.4 Principais dificuldades enfrentadas com o trabalho ............................................... 60

4.5 Planejamento para abrir o próprio negócio.............................................................. 62

4.6 Elementos que fortalecem o empreendedorismo ................................................... 64

4.7 Fatores relacionados aos empreendedorismo que influenciam a abertura de

negócios................................................................................................................... 66

5 CONCLUSÃO, LIMITAÇÕES DA PESQUISA E RECOMENDAÇÕES..................... 73

REFERÊNCIAS............................................................................................................. 77

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO PARA OS EXPOSITORES DE STANDS ............... 82

14

1 INTRODUÇÃO

No final dos anos 1980 e no início dos anos 1990, o interesse pelo

empreendedorismo ressurgiu nos EUA, quando as grandes corporações deram

sinais de que não estavam crescendo mais às mesmas taxas históricas e as

mudanças do pós-fordismo começaram a alterar as condições de geração de

empregos. O crescimento da economia estava vindo dos pequenos negócios,

despertando nas pessoas o interesse em pesquisar o tema, conforme a Revista

Exame, na citação de Farell (2002). Segundo o autor, o primeiro curso surgiu em

1986, na Harvard Business School, e atualmente a grande maioria das escolas

norte-americanas tem cursos de formação de empreendedores.

O estudo do empreendedorismo tem buscado na dimensão individual a

compreensão do processo que envolve a formação de novas empresas. Na

perspectiva individual, a preocupação dos pesquisadores tem sido no sentido de

identificar diferenças entre empreendedores e não-empreendedores na tentativa de

se estabelecerem generalizações (GARTNER, 1985).

A literatura de empreendedorismo, segundo o autor, necessita de pesquisas

em que se tenha condição de melhor compreender a ação empreendedora, o que a

influencia a partir do ambiente em que se insere e suas conseqüências econômicas

e sociais. É nisso que esta pesquisa pretende contribuir para melhor entendimento

dos desafios do mercado de trabalho.

Muito se fala sobre o novo milênio e o futuro do trabalhador. Cada vez mais

as transformações ocorridas no mercado do trabalho, principalmente a partir da

década de 1980, contribuem para o crescimento dos pequenos negócios. Isto

decorre da redução do emprego formal e das oportunidades proporcionadas pelas

terceirizações das atividades não-essenciais nas empresas de médio e grande porte,

da modernização gerencial, tecnológica e dos processos de produção (DORNELAS,

2001).

1.1 Problema e justificativa

As mudanças no cenário mundial provocam alterações nas relações de

trabalho, tendo como conseqüência direta o desemprego e a extinção de cargos,

15

principalmente no setor industrial. Apesar de atingir outros segmentos, pode não

representar uma conseqüência temporária da nova lógica de mercado imposta pelas

mudanças conjunturais, mas indícios de uma realidade que vem sendo delineada

mais intensamente a partir dos últimos anos (DEDECCA, 1999).

No âmbito mais geral, essas mudanças vêm provocando o reposicionamento

da direção das empresas e do comportamento dos indivíduos, como é o caso do

empreendedorismo, que compõe um universo maior de mutações pelas quais vem

passando o mundo do trabalho. A busca de adequação a essas transformações tem

sido necessária, inclusive como meio de sobrevivência no mercado, por parte dos

indivíduos e das empresas. São inovações tecnológicas, alteração nas relações de

trabalho, globalização da economia, privatizações, redesenho das estruturas

organizacionais, aumento da competitividade, enfim, situações que acabam por

impor novas reflexões e análises, no meio acadêmico e empresarial, que permitem o

melhor entendimento do processo e possibilitam ações de adequação aos novos

tempos (DORNELLAS, 2001).

Com o rápido avanço tecnológico e a queda do número de empregos formais,

o mercado de negócio precisa, cada vez mais, de empreendedores. Segundo

Dornelas (2001, p.20), “a ênfase em empreendedorismo surge muito mais como

conseqüência das mudanças tecnológicas e sua rapidez, e não apenas como um

modismo.”

Esse ambiente de mudança no mercado de negócio é um espaço propício ao

desenvolvimento do empreendedorismo, do qual uma das tendências é a

participação dos profissionais na constituição do próprio negócio e outras formas de

agrupamentos de empresas.

Inserida nesse contexto, a Organização Feiramais Ltda. é uma das

organizações que abrem espaço para o empreendedorismo de uma parcela da

população economicamente ativa.

O que se pretende neste trabalho é analisar os conceitos expostos a partir de

um segmento específico de empreendedores: os expositores em stands. Estes

alugam espaços em feiras construídas e gerenciadas por determinadas

organizações com a finalidade de comercializar bens e serviços.

Neste estudo levou-se em consideração o segmento de expositores

vinculados a uma organização específica, a Organização Feiramais Ltda.

16

A empresa desenvolve uma experiência na melhor compreensão acerca da

temática do empreendedorismo de alguns expositores de stands. A finalidade do

novo negócio é atender a expositores de stands, que são desde pequenos

empresários até sacoleiros e autônomos, cuja falta de oportunidades no mercado

formal de trabalho os leva a montar um negócio para sobreviver.

Tal iniciativa evoluiu na referida empresa a partir do questionamento sobre o

escopo mais amplo do que leva um profissional a deixar o trabalho formal ou que

esteja desempregado a abrir o próprio negócio (DOCA, 2007).

Em relação ao trabalho formal, em outubro de 2007 o mercado gerou saldo de

205.206 com carteira assinada, o melhor resultado do Cadastro Geral de

Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho. Segundo o

Caged (2007, p.1), "nos dez primeiros meses do ano de 2007 o saldo (diferença

entre os números de contratações e demissões) de empregos formais já chega a

1.812.252, superando o recorde de 2004 (DOCA, 2007).

Diante do exposto, a questão-problema que se estabelece é: Quais são os

principais fatores que influenciam a abertura de negócios na percepção dos

expositores de um stand, evidenciando aqueles relacionados ao

empreendedorismo?

Para identificar os motivos que levam um indivíduo a abrir um negócio como

expositor de um stand, não basta entender apenas os conceitos e características de

empreendedorismo. É necessário também levar em conta as novas demandas no

mercado de negócio. É preciso gerar oportunidades e criar novos negócios. É

requerido, além de alinhar recursos, ter capacidade de conviver com riscos, mostrar

iniciativa ou possuir independência de ação.

A empresa objeto do estudo favorece a instalação e desenvolvimento de

expositores de stands no mercado empresarial, tanto aqueles que estão buscando o

desenvolvimento de sua capacitação pessoal, como também aqueles cujos motivos

estejam ligados aos fatores de sua não-inserção no mercado formal de trabalho.

O stand, por ser um setor específico, torna-se um ponto fundamental para os

expositores que não têm condições de abrir sua própria loja em pontos da cidade

onde o aluguel é alto, mas o potencial de venda muito grande. Abrindo um stand, os

expositores economizam e podem repassar essa economia para o preço de seus

produtos. Além disso, essa estratégia possibilita a geração de empregos para

17

pessoas que estejam envolvidas com o negócio. Por causa das ofertas de produtos

a preços abaixo do mercado, os stands atraem muitos clientes.

Considera-se que este estudo adquire importância em virtude da possibilidade

de analisar um segmento específico dos expositores de stand e da percepção que

os mesmos apresentam sobre a questão do empreendedorismo. Além disso, verifica

o que os expositores têm realizado em prol do desenvolvimento da comunidade

local, como forma de adequar-se à nova realidade do mercado de negócio. Sendo

assim, os expositores de stands que serão focados nesta pesquisa atendem aos

requisitos para se beneficiarem do empreendedorismo. Cabe ressaltar que a região

central de Belo Horizonte/MG é hoje um dos melhores pontos para se abrir um

negócio, pois há público de todas as faixas etárias e grande circulação de pessoas e

a Organização Feiramais cria e mantém seus stands nessa região.

Pode-se dizer que o empreendedorismo também se torna importante para

pesquisa em Administração, uma vez que contribui para identificar que motivos

levam os expositores a empreender.

1.2 Objetivos

O objetivo geral deste estudo é analisar quais são os principais fatores

relacionados ao empreendedorismo que influenciam a abertura de negócios na

percepção dos expositores de um stand em feiras populares.

A partir do objetivo geral evidenciaram-se os seguintes objetivos específicos:

• identificar junto aos sujeitos de pesquisa as principais dificuldades

enfrentadas no mercado de negócio até a abertura do novo negócio;

• verificar junto aos expositores quais estratégias foram utilizadas por eles

para abrirem o negócio próprio, mapeando os elementos mais relevantes

para impulsionar o negócio;

• identificar os elementos que fortalecem o empreendedorismo entre os

expositores de stands de feiras populares, por meio de aquisição de um

novo empreendimento.

Para atender aos objetivos propostos neste estudo, a estruturação do trabalho

constitui-se primeiramente por esta introdução.

18

No segundo capítulo, inicia-se o referencial teórico, com foco nas principais

abordagens sobre o tema estudado. Inicialmente, evidenciam-se o desenvolvimento

numa perspectiva local, o trabalho e emprego. Em seguida, apresenta-se o

empreendedorismo, histórico e conceitos. Dando continuidade, abordam-se alguns

aspectos sobre o perfil e o processo empreendedor. Por fim, descreve-se a

formação de visão do empreendedor com foco nas estratégias empreendedoras.

O terceiro capítulo trata da metodologia do trabalho, destacando-se a

abordagem do estudo, tipo de pesquisa, universo e amostra, o detalhamento da

coleta de dados e a análise das variáveis. Após, é feita a caracterização da

Organização Feiramais Ltda.

No capítulo quarto é apresentada a análise e interpretação dos dados

coletados junto aos expositores de stand da Feiramais, os quais são comparados

com as informações da pesquisa bibliográfica, com a finalidade de atender aos

objetivos da pesquisa.

Finalmente, o capítulo quinto traz as conclusões da dissertação e

recomendações para futuros trabalhos de pesquisa sobre o tema.

19

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo, apresenta-se a fundamentação teórica do estudo.

Inicialmente, descrevem-se abordagens sobre o desenvolvimento local, numa

perspectiva social. Na seqüência, faz-se a descrição das abordagens sobre trabalho

e emprego. Dando continuidade, procede-se à revisão da literatura sobre

empreendedorismo, com destaque para o perfil do empreendedor.

2.1 O desenvolvimento numa perspectiva social

O conjunto de proposições que buscam promover o desenvolvimento em

geral e desenvolvimento local em particular é encontrado em Sachs (2002). Essa

publicação, que foi patrocinada pelo Sebrae, teve como objetivo propor algumas:

[...] estratégias prioritárias em favor de empreendedores, para que eles se constituam nos arquitetos potenciais de um futuro desejável para o país; estratégias capazes de ampará-los com políticas públicas – ações afirmativas em favor dos mais fracos, sem poder de voz (SACHS, 2002, p.19).

Sachs (2002), com o intuito de transcender a dicotomia formal/informal, cita

quatro tipos de “produção que coexistem e se relacionam: a economia doméstica;

economia pré-capitalista; economia capitalista de mercado; e economia solidária.” O

primeiro refere-se basicamente ao trabalho das donas de casa; o segundo à

economia informal; o setor capitalista divide-se em setor das grandes e médias

empresas e o setor das PMEs formais – além das estatais; e, por fim, a economia

solidária, “que não se rege pelos princípios da economia capitalista – as

cooperativas, empresas autogeridas por trabalhadores, atividades de Organizações

Não-Governamentais (ONGs), sem fins lucrativos. É o Terceiro Setor (TS)” –

(SACHS, 2002, p.27-28).

Em termos de estratégias para a promoção do desenvolvimento humano,

trabalho para construir o futuro dos empreendedores de pequeno porte no Brasil, o

autor propõe um conjunto de sugestões de políticas que tendem a transformar o

setor informal, profissionalizando-o. Além disso, visam à moralização do processo de

terceirização, impedindo a ação de cooperativas que precarizam as condições de

20

trabalho. Para propiciar a saída da informalidade, propõe-se aperfeiçoar o Sistema

Simples Tributário; lançar o Simples Previdenciário; facilitar o acesso das PMEs ao

crédito; permitir a formação de cooperativas de crédito de empresas com

faturamento até R$1,2 milhão; construir estratégias para facilitar o acesso aos

mercados; criação de sinergias entre grandes e médias empresas e os pequenos e

microempresários, por exemplo; e a criação de tecnocentros de difusão de

conhecimento tecnológico (SACHS, 2002).

No que tange às PMEs, estudos realizados pelo Serviço Brasileiro de Apoio

às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2007) mostram que se deve buscar o

empreendedorismo compartilhado, a sua maior participação nas exportações

brasileiras e a promoção de tecnologias apropriadas, associado à queda na taxa de

juros. Do ponto de vista do desenvolvimento territorial integrado e sustentável, deve-

se evitar soluções uniformizadas para todo o Brasil, acatando as especificidades de

cada território, quando a idéia de arranjos produtivos locais merece destaque. Esses

arranjos são vistos como aglomerações de empresas localizadas em um mesmo

território, que apresentam especialização produtiva e mantêm algum vínculo de

articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores

locais, tais como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino

e pesquisa.

Essa contribuição, segundo Franco (2000), enquadra-se no que é chamado

de projeto político liberal-democrático. Seu principal instrumento na promoção do

desenvolvimento local é o aprimoramento institucional, no sentido de ampliar o

acesso aos mecanismos formais de organização de mercados, reconhecendo,

contudo, formas diferentes de organização da atividade produtiva. Mas associado a

essa estratégia nacional, o Sebrae (2007) desenvolveu também outras formas de

intervenção sobre o local no sentido da promoção do desenvolvimento. Um exemplo

disto foi sua atuação seguindo orientação geral do Programa Comunidade Solidária,

ligado à Presidência da República durante o Governo Fernando Henrique Cardoso.

Nesse contexto, foi elaborado o projeto Poder Especial, um vetor de sustentabilidade

econômica em processos de desenvolvimento local, integrado e sustentável. No

âmbito desse projeto foi pensado um programa-piloto denominado Desenvolvimento

Local, Integrado e Sustentável (DLIS), que objetivava articular a oferta de programas

estatais e não-estatais com a demanda local pública, buscando a diminuição de

desigualdades sociais numa perspectiva local, regional e territorial.

21

A metodologia que lhe era característica, segundo Franco (2000), envolvia os

seguintes passos: mobilização e sensibilização da sociedade local; capacitação de

agentes para a gestão; constituição do Fórum: instância de discussão do

desenvolvimento local; elaboração do diagnóstico participativo local; elaboração do

Plano de Desenvolvimento Local (PDL); escolha da equipe gestora local. Além

desses, os autores citam a definição da Agenda Básica Local, que consiste de

propostas de ações concretas e medidas efetivas para um prazo de dois anos;

formalização de um compromisso público com a celebração de um pacto de

desenvolvimento local; e monitoramento e avaliação dos projetos ao longo do

tempo.

2.2 Trabalho e emprego

O período contemporâneo, de acordo com Paixão (1999), apresenta um

fenômeno que indica aumento de produtividade de bens e serviços em várias partes

do mundo. Além disso, constata-se que esses fatos de melhoria da qualidade de

vida não estão sendo acompanhados de forma equilibrada ou bem distribuída pelos

países.

Uma explicação é que esse aumento de produtividade, resultante de

alterações na base produtiva, tem causado retração nos empregos e rebaixamento

nos salários, além de outras decorrências resultantes de práticas simultâneas no

campo institucional.

Segundo Paixão (1999, p.17), as mudanças produtivas têm sido introduzidas

com mais intensidade nas alterações gerenciais do que propriamente as

tecnológicas. As novas formas de gerenciamento da produção são:

[...] dinamizadas através da implantação de programas de qualidade e competitividade, aplicados sob a forma de intenso treinamento direcionado à gerência e aos trabalhadores mais qualificados. Objetiva-se, através de uma intensa racionalização do trabalho, a sua otimização, o que acaba resultando em dispensas que se associam ao objetivo de minimização dos custos com aumento da qualidade.

Corroborando, Trevisan (2001, p.54) menciona que:

O impacto das novas tecnologias, a abertura do mercado consumidor interno à concorrência internacional e os novos sistemas de produção e

22

gestão provocaram, desde o início dos anos 90, uma seqüência de transformações no mundo do trabalho.

A nova fase do processo de reestruturação produtiva caracteriza-se, segundo

Kremer e Faria (2005, p.270), “pela implementação de formas de organização e

gestão de trabalho inspiradas pelo modelo Toyota de produção, assim como pela

expansão dos investimentos em novas tecnologias de base microeletrônica [...]”.

Os indicadores do mercado de trabalho evidenciam-se, desde o incremento

da reestruturação produtiva no Brasil. A Pesquisa Mensal de Emprego (PME),

realizada em junho de 2007, detectou que, em 2006, a população ocupada

apresentou crescimento médio de 2,3% frente a 2005 e de 8,6% em comparação a

2003. Os resultados de 2006, quando comparados com 2003, mostram que o

contingente de trabalhadores domésticos registrou aumento de 18,4%, superando,

inclusive, a ampliação do número de empregados com carteira de trabalho assinada

no setor privado (13,3% entre 2003 e 2006). A média mensal da taxa de

desocupação em 2006 foi estimada em 10%. Em 2003 e 2005 essa estimativa era

de 12,3 e 9,8% respectivamente (IBGE, 2007).

Outra marca da desestruturação do trabalho no Brasil tem-se dado pela

expansão de ocupações precarizadas, comumente aquelas que têm sido ampliadas

por meio das empresas terceirizadas, que, em geral, empregam com remuneração e

condições de trabalho inferiores (IBGE, 2007).

O trabalho precarizado pode ser caracterizado, de acordo com Campos

(1997), como aquele no qual o trabalhador deixa de receber os direitos básicos

conquistados ao longo de muitos anos de trabalho, tais como: salário fixo, 13º

salário, férias e adicional, horário definido de trabalho, Fundo de Garantia por Tempo

de Serviço (FGTS), perspectivas de progressão e possibilidades de aposentadoria,

entre outros. Torna-se precário por estar às margens da legislação trabalhista,

muitas vezes com salários menores e piores condições de trabalho.

A preocupação central reside no fato de que a precarização do trabalho vem

se acentuando e, de alguma forma, mudando a situação do desemprego

propriamente dito, tido como um dos problemas que afetam a sociedade. Dedecca

(1996, p.20) ilustra bem esta situação quando afirma que:

[...] a dicotomia entre emprego e desemprego foi dando lugar a um caleidoscópio de situações ocupacionais, em que o emprego em tempo

23

integral e com proteção social e o desemprego aberto tornam-se manifestações cada vez menos representativas das condições de funcionamento dos mercados de trabalho nacionais.

Muitas foram as mudanças significativas no mundo do trabalho e as

transformações vêm se intensificando, sendo que, na década de 1980, a classe que

vivia do trabalho presenciou a crise mais aguda do século (MATTOSO, 1999). Uma

das questões sociais foi a ampliação do desemprego e da precarização de trabalho.

O trabalho tornou-se cada vez mais precarizado, com a redução ou eliminação dos

direitos sociais, o rebaixamento dos salários, o estabelecimento de contratos

temporários, fatos que alteraram as bases do trabalho conquistadas no pós-guerra.

Castel (1998) afirma que uma das ameaças para os trabalhadores é a

precarização do trabalho, que significa a perda de conquistas que foram construídas

ao longo de um período de lutas.

Nesse quadro de mudanças em curso no país, não tem havido propostas

globais que apontem para a resolução do desemprego, uma vez que são diferentes

as interpretações quanto aos rumos que o Brasil deve seguir em sua trajetória

econômica.

No que concerne ao emprego, como observa Menegasso (1998, p.25), sua

concepção tradicional entra em declínio e:

Em seu lugar passa-se a utilizar o entendimento de empregabilidade. Assim, apesar da variedade de definições encontradas na literatura sobre o assunto, o emprego pode ser definido, basicamente, como a prestação de serviços de natureza não eventual, normalmente sob a dependência de alguém ou principalmente de uma organização, mediante a recepção de um quantum monetário, mas condicionada, cada vez mais, ao emprego de um conjunto de capacidades e competências que tornam a pessoa capaz de gerir o seu destino, inclusive provendo meios para sua subsistência.

Por outro lado, a questão do desemprego não se resolve mais por meio do

crescimento da economia, pois esta relação foi alterada pelo desenvolvimento das

tecnologias poupadoras de postos de trabalho, que faz aumentar a distância entre

crescimento econômico e geração de empregos. No tratamento desta questão, há a

preocupação de dar aos trabalhadores condições para a disputa por empregos

(ESPINDOLA, 2001).

Bruno (2002) afirma que, no atual cenário da economia mundial, e

particularmente nacional, emerge a questão da importância estratégica da

educação, uma vez que se mostra necessária a melhor preparação do trabalhador

24

qualificado ou não qualificado, agora importante complemento do trabalho

qualificado no processo de inovação. É também fato reconhecido que o alcance de

maior competitividade não passa somente pelo uso de sistemas informatizados, mas

também pela capacidade de geração de novas tecnologias.

No pensamento de Paixão (1999, p.19), há formulações questionadoras da

relação de causalidade entre educação e emprego:

[...] não obstante a elevação da escolaridade e da qualificação profissional exerça uma importância inquestionável para a produção e no preparo dos cidadãos para enfrentar as mudanças atuais, não garante e nem abre, por ela mesma, postos de trabalho, uma vez que esse campo tem sua própria dinâmica, ligada aos processos econômicos do país e mesmo mundiais.

Ao contrário, esse enfoque limita o debate sobre quais encaminhamentos o

país deve dar às questões da educação básica, da importância da educação média

e da capacitação profissional e quais as relações mais adequadas entre elas para a

conquista da cidadania. Para Paixão (1999), a discussão nesses termos pode

também limitar as ações quanto às propostas mais globais, no sentido de superar o

problema do desemprego.

Paixão (1999) ainda ressalta que diversas posições surgem na sociedade

acerca do papel da educação, como uma das principais vias de enfrentamento dos

problemas atuais, quanto às mudanças tecnológicas e ao desemprego. Pode-se

encontrar um ponto em comum, qual seja o de que é evidente que cresce cada vez

mais a exigência de escolaridade formal e qualificação profissional para que os

trabalhadores mantenham ou aumentem suas chances de conseguir emprego ou

lugar no mercado de trabalho.

Dessa forma, o país necessitaria ampliar a reforma no sistema de educação

geral, além de implementar a universalização do ensino como recurso fundamental

para a qualificação da força de trabalho nesse quadro competitivo mundial.

2.3 Empreendedorismo

Empreendedorismo é uma atividade exercida pela humanidade há muito

tempo e, atrelado a isso, o progresso e a evolução das sociedades vêm ocorrendo

continuamente porque as pessoas identificam oportunidades de melhoria e

crescimento sob aspectos diversos, permitindo, assim, um crescimento sustentável

25

do desenvolvimento humano através dos séculos. Os fenômenos relacionados ao

empreendedorismo vêm ganhando importância e relevância nos contextos

acadêmicos e empresariais, com forte acentuação desde a década de 1980 (RIMOLI

et al., 2004).

Na Idade Média o termo empreendedor foi usado para um administrador de

grandes projetos de produção (HISRICH; PETERS, 2004). Os recursos, fornecidos

pelos governos dos países para administração dos projetos, garantiam aos

empreendedores a segurança de seus empreendimentos. O típico empreendedor da

Idade Média era o clérigo – pessoa encarregada de obras arquitetônicas, prédios

públicos, abadias e catedrais.

No século XVII, inicia-se a conexão de risco com o empreendedorismo, sendo

que o empreendedor ingressava por meio de um acordo contratual com o governo

para desempenhar serviços ou fornecer produtos estipulados. Nessa época, todo e

qualquer lucro e/ou prejuízo era do empreendedor (HISRICH; PETERS 2004).

Para os autores, a industrialização foi uma das causas da diferenciação entre

empreendedor e fornecedor de capital. Várias invenções desenvolvidas nesse

período (século XVIII) eram reações às mudanças no mundo, quando novas

tecnologias surgiam com suporte de utilização de recursos do governo ou recursos

próprios.

Finalmente, no século XX, o empreendedorismo tem seu marco teórico

desenvolvido por Schumpeter (1985), que destaca a importância do empreendedor

no desenvolvimento econômico e na sobrevivência do capitalismo. Para esse autor,

o empreendedor tinha uma função social ao provocar inovação e crescimento

econômico. O conceito de inovação e novidade é parte integrante do

empreendedorismo nesse período.

Stevenson (2001, p. 32) define o espírito empreendedor como “uma atitude

forte perante o risco e a busca contínua de oportunidades que estejam além dos

recursos disponíveis.”

O empreendedorismo é um conceito significativamente mal compreendido no

ambiente corporativo. Segundo afirmação de Johnson (2005, p.2), “não se trata de

um conjunto de características específicas nem de uma função econômica; temos,

sim, um sistema que é capaz de agregar valor às empresas e às economias dos

países que incentivam a prática do empreendedorismo”.

26

Para Dornelas (2004, p. 32), a definição para empreendedorismo se resume

em “fazer diferente, empregar os recursos disponíveis de forma criativa, assumir

riscos calculados, buscar oportunidades e inovar”.

A inovação, o ato de lançar algo novo é uma das mais difíceis tarefas para o

empreendedor, pois exige a capacidade de entender o conjunto das forças em

funcionamento no ambiente. Para Hisrich e Peters (2004), o conceito de

empreendedor fica mais refinado quando são considerados princípios e termos de

uma perspectiva empresarial, administrativa e pessoal.

Franco (2001 p. 8) aborda uma outra percepção sobre empreendedorismo e

cita que o termo, oriundo do meio empresarial, estende-se a outros campos tais

como: social, governamental, cívico e até mesmo político. “A existência de

empreendedores é fundamental para o desenvolvimento de uma comunidade,

implicando, necessariamente, desenvolvimento humano, social e sustentável”.

Para Johnson (2005), na década de 1980 as várias inovações tecnológicas

que surgiram permitiram que empresas e empreendedores iniciantes pudessem

ameaçar as empresas já existentes e sólidas no mercado. Nesse período de

volatilidade e instabilidade, as organizações que foram criadas atraíram recursos

humanos e financeiros com o foco em acelerar e fortalecer o ataque às empresas

que já existiam. Até hoje as organizações de sucesso estão sujeitas a enfrentar

problemas se tentarem apenas proteger o que já conquistaram ao invés de promover

a cultura de identificar oportunidades.

Mais recentemente, de 1999 a 2006, o Global Entrepreneurship Monitor -

GEM (2007), um grupo de pesquisa formado pelo Babson College e pela London

Business School, vem acompanhando sistematicamente as estatísticas de

empreendedorismo em mais de 40 países de todos os continentes, além dos mais

variados graus de desenvolvimento econômico e social cuja avaliação é feita a partir

de indicadores comparáveis. O GEM (2007) tem marcado presença crescente no

Brasil, contribuindo para o estabelecimento de uma nova linguagem do

empreendedorismo.

O Relatório Executivo do GEM (2007) foi elaborado pelo Instituto Brasileiro de

Qualidade e Produtividade do Paraná/SEBRAE. Nesse relatório, identifica-se o início

de uma nova fase no GEM. Além de enfatizar a atividade empreendedora nos

estágios iniciais, neste passou-se a analisar com detalhes um período mais

abrangente da vida dos empreendedores, classificando-os em:

27

a) empreendedores iniciais - são aqueles cujos empreendimentos têm até 42

meses de vida (três anos e meio), período este que a literatura considera

capital para a sobrevivência de um empreendimento; a Taxa de

Empreendedores Iniciais (TEA) no Brasil em 2006 (11,7%) manteve-se

praticamente inalterada em relação ao ano anterior, de 11,3%.

b) empreendedores estabelecidos - aqueles à frente de empreendimentos

com mais de 42 meses. As taxas de empreendedores estabelecidos

seguem processo distinto: mantêm-se em crescimento, passando de

10,1% em 2005 para 12,1% em 2006.

Esse estudo realizado pelo GEM (2007) permite avaliar o comportamento do

mercado em países onde o empreendedorismo possui ambiente mais propício para

o seu desenvolvimento, em comparação com outros, onde o mesmo não ocorre. O

GEM divide os países em dois grupos, de acordo com a renda per capita: de renda

média e de renda alta – o Brasil encontra-se no primeiro conjunto.

O relatório do GEM categoriza os empreendedores de acordo com o estágio

de seus negócios, classificando-os segundo a motivação para empreender:

a) empreendedores por oportunidade - são motivados pela percepção de um

nicho de mercado em potencial. A maioria, 54,3%, considera que há boas

oportunidades de negócios para 2007.

b) empreendedores por necessidades - são motivados pela falta de

alternativa satisfatória de ocupação e renda. O empreendedorismo por

necessidade não variou significativamente e passou de 5,3 para 5,6%. No

ranking, o Brasil passou de 4º colocado para 6º.

Os empreendedores, segundo GEM (2005), respondem, também, a questões

que permitem avaliar o potencial de crescimento de seus negócios a partir das

variáveis:

a) conhecimento dos produtos pelo consumidor - os produtos que oferecem

são considerados novos por nenhum, alguns ou todos os clientes;

b) quantidade de concorrentes - o empreendedor espera ter nenhum,

poucos ou muitos concorrentes;

28

c) idade das tecnologias e processos - as tecnologias ou processos

empregados no empreendimento estavam ou não disponíveis há mais de

um ano;

d) expectativa de criação de empregos - número de empregos que o

empreendedor espera gerar em um período de cinco anos, de acordo

com os seguintes intervalos: nenhum, 1 a 5, 6 a 19, 20 ou mais

empregos.

Em geral, mais de 44% dos pesquisados (empreendedores e não-

empreendedores) percebem boas oportunidades para empreender, o que representa

uma visão positiva sobre a conjuntura para criação de negócios. Os menos otimistas

nas populações pesquisadas são os japoneses, 9,15%; os mais otimistas, os

peruanos, 67,75% (GEM, 2007).

No geral, os especialistas brasileiros possuem uma visão positiva em relação

às oportunidades existentes no país para se criarem novas empresas. Entretanto,

eles consideram que não é tão fácil para as pessoas buscarem tais oportunidades,

34%, que são menores para empresas de alto crescimento, 66%. Esse otimismo

coloca o país como o quinto no ranking dos especialistas que consideram favoráveis

as oportunidades para empreender, 77% (GEM, 2007).

Em relação às perspectivas, a maioria dos empreendedores brasileiros

declarou que o medo de fracassar não os impede de iniciar um novo negócio, 66%.

A pesquisa revela, ainda, que o medo do fracasso capaz de impedir a abertura de

novos negócios é maior para os empreendedores novos motivados por necessidade,

40,7% (GEM, 2007).

Na tentativa de desenvolver o empreendedorismo no Brasil, foram

implementados no país vários programas de apoio relacionados ao ensino do

empreendedorismo. O GEM 2007 (p.131-132) cita esses programas, destacando-se

a) O Junior Achievemen - fundação sem fins lucrativos, criada nos Estados Unidos, em 1919, e presente no Brasil desde 1983. Focada principalmente nos estudantes dos Ensinos Fundamental e Médio, a proposta é fazer uma integração entre eles e as empresas por meio de vários programas, entre os quais: o Programa Miniempresa, que propõe aos alunos do Ensino Médio simularem uma empresa com o apoio de quatro consultores, que são profissionais de mercado e parceiros da Fundação; b) Empretec - é um programa internacional que reúne a Organizações das Nações Unidas (ONU) - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), órgão

29

do Ministério das Relações Exteriores, e o Sebrae, sendo este o responsável por sua execução no Brasil. É dirigido a empreendedores e futuros empreendedores objetivando identificar e aumentar seu potencial empresarial em termos de habilidades e comportamentos; c) O projeto Aprender a Empreender - foi estabelecido por meio da parceria entre o Sebrae, a Fundação Roberto Marinho e o Programa Brasil Empreendedor. A sua finalidade é disseminar a cultura empreendedora nas áreas carentes da população brasileira por meio de um curso composto por 10 programas de TV e um livro-texto com os 10 capítulos correspondentes. Este programa incentiva a cultura empreendedora de forma dinâmica e criativa, além de oferecer as ferramentas essenciais para a gestão de um negócio.

Comparando as percepções dos especialistas brasileiros com as dos demais

países sobre a capacidade empreendedora decorrente do potencial, observa-se que

esta condição é avaliada como desfavorável para empreender, à exceção de alguns

países que a consideram uma condição positiva, tais como EUA, Islândia, Austrália,

Cingapura e Índia

No Brasil, estudos em empreendedorismo constituem uma área de

investigação relativamente recente, onde foi identificado baixo número de pesquisas

e publicações relacionadas à infra-estrutura, à ambiência econômica e às políticas

públicas de apoio ao empreendedorismo. Por outro lado, há elevado número de

estudos em sistemas de apoio ao empreendedorismo, na área de infra-estruturas de

suporte como incubadoras de empresas, parques tecnológicos, financiamentos e

práticas de apoio empresarial (JUDICE; VASCONCELOS, 2006).

No momento atual, o empreendedorismo é um fenômeno global que está

despertando interesses de grupos investidores, de governantes, de universidades e

instituições públicas e privadas que almejam constituir novas atividades geradoras

de riquezas e o percebem como um instrumento de desenvolvimento econômico e

social (FILION; DOLABELA, 2000).

Segundo o autor, deve-se considerar que o que vai realmente constituir um

diferencial no mercado e na vida das pessoas é seu grau de autonomia, sua

habilidade de iniciar a mudança, e não sua capacidade de se adaptar à mudança.

Pode-se, então, chamar de assumir uma cultura empreendedora ao comportamento

individual orientado na busca de oportunidades e capaz de enfrentar a dinâmica das

mudanças.

Por outro lado, conforme Drucker (2002), para que o espírito empreendedor

se apresente nas empresas, isto é, em esfera organizacional e não individual, são

requeridas diretrizes e práticas específicas de três ordens: a criação de um clima de

30

receptividade à inovação, à mudança e à busca de oportunidades; a sistemática

mensuração e aperfeiçoamento do desempenho; e a implementação de práticas

gerenciais de incentivo e recompensa.

2.3.1 Empreendedorismo: perspectivas teóricas e empíricas

Segundo Dolabela (1999, p. 49), durante 20 anos, até a década de 1980, os

comportamentalistas:

[...] dominaram o campo do empreendedorismo com grande quantidade de pesquisas e publicações que procuravam definir as características dos empreendedores. Mas os resultados são diferenciados e muitas vezes contraditórios.

Até o momento, não foi possível definir cientificamente um perfil psicológico

do empreendedor, em função das inúmeras variáveis correlacionadas na sua

formação, como, por exemplo, o perfil de um empreendedor será diferente em

função do tempo de mercado, da sua experiência de trabalho, região, cultura,

valores, grau de escolaridade. Desta forma, as pesquisas a serem realizadas nesta

área devem considerar vários elementos na amostragem, fato este que não foi

considerado pelos comportamentalistas (DOLABELA, 1999).

Para Timmons1 (apud DORNELLAS, 2004), o empreendedorismo é um ato

comportamental, humano, de criatividade, a partir do qual os empreendedores

utilizam sua habilidade de persuasão para formar uma equipe de pessoas com

conhecimentos complementares para gerenciar os negócios ou projetos

empresariais.

Após o surgimento do empreendedorismo como um campo de estudos, o

desejo de vários pesquisadores é poder estabelecer uma teoria baseada em

modelos que permitam comprovar a sua relação com o desenvolvimento econômico.

Mesmo após várias tentativas, o tema ainda não foi teorizado e prevalece a

vinculação que o economista austríaco-americano Joseph Schumpeter (1985) fez

entre o empreendedor e inovação (DOLABELA, 1999, p.47).

1 TIMMONS, Jeffry A.New venture creation: entrepreneurship for the 21st. century. Boston: Irwin, 1994.

31

Segundo Filion e Dolabela (2000, p.3), há uma corrente de autores que

chama a atenção para o fato de que:

[...] boa parte das teorias propõe modelos estáticos, argumentando que uma construção conceitual no campo deveria incluir critérios de desempenho, pois os empreendedores trabalham em contexto de constante mudança e evolução, com papéis e funções em permanente transformação.

O empreendedorismo, segundo Dornelas, (2003), tem sido um grande aliado

do desenvolvimento econômico porque tem suportado grande parte das inovações

responsáveis por esse desenvolvimento. Os países econômicos têm valorizado e

apoiado as iniciativas empreendedoras, por saberem que estas se constituem de

ações que propiciam a geração de empregos e renda.

Em meados da década de 1990, o termo empreendedorismo começou a ser

empregado no Brasil com mais freqüência, fruto da necessidade de denominar uma

nova classe de profissionais oriunda de mudanças profundas na economia. O termo

“empresário” determinava o dono de uma indústria ou de um grande negócio

comercial. Com a evolução do processo de globalização, a concorrência tornou-se

muito mais acirrada, obrigando as empresas a reestruturarem seus sistemas e

controles de produção, tornando mais racional o aproveitamento de matérias-primas,

seleção e qualificação de mão-de-obra, estudos logísticos e a descoberta de novos

mercados. Isso fez com que surgissem no mercado as pequenas empresas, cujos

proprietários eram, muitas vezes, trabalhadores de grandes organizações que

perderam seus empregos convencionais com carteira assinada e benefícios. Nestas

circunstâncias, tais empreendedores tornam-se os precursores do chamado

empreendedorismo por necessidade, passando a oferecer seus serviços para boa

parte das empresas das quais haviam sido demitidos, formalizando empresas cada

vez mais versáteis e especializadas (BOM ANGELO, 2003).

A pesquisa sobre empreendedorismo caracteriza-se por ser multidisciplinar e

requer o entendimento da atividade de criação em diferentes aspectos: indivíduo,

equipe, organização, indústria e comunidade (GARTNER, 20012, apud FERNANDO;

SANTOS, 2008.).

O foco das pesquisas sobre empreendedorismo, nos últimos dez anos, pode

ser classificado em seis grandes temas, nos quais se analisa a contribuição de

2 GARTNER, W. Is there an elephant in entrepreneurship? Blind assumptions in theory development. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 25, n. 4, p. 27-40, 2001.

32

estudiosos e autores quanto à forma de descrever empreendedorismo, o que é e

como pode ser caracterizado e identificado na sociedade. Conforme pode ser

observado na Figura 1, os grandes temas estudados são: a) a teoria

empreendedora; b) os tipos de empreendedorismo existentes; c) os processos

empreendedores; d) as formas de entrada; e) a ambiência em que ocorre o

empreendedorismo; f) os resultados dos processos empreendedores.

Esse esquema interpretativo apresentado por Ucbasaran, Westhead e Wright

(2000) permite ainda que sejam entendidos os aspectos comportamentais, os perfis,

qualificações e experiências, suas classificações quanto à forma de posicionamento

diante do processo de identificação de oportunidades e obtenção de informações e,

também, quanto à característica de obtenção de recursos e definição da estratégia

de conduzir o negócio.

A Figura 1 mostra a forma adotada pelo empreendedor para aquisição de

empresas existentes, bem como a maneira de relacionar-se com o ambiente

externo, mantendo sua rede de relações e contatos como um diferencial para

possibilitar que se analisem e valorizem os resultados obtidos em seu

empreendimento ou, ainda, permitir que saia do negócio de maneira mais adequada.

Figura 1 - Foco da pesquisa sobre empreendedorismo Fonte: Ucbasaran, Westhead e Wright (2000, p. 8).

Teoria sobre Empreendedorismo

Tema 1

Tipo de Empreendedor: • Nascente • Novato • Serial • Portfólio

Tema 2

Processo: • Reconhecimento de

oportunidades • Aquisição de

recursos e estratégias de negócios

Tema 3

Formas de entrada: • Start ups

• Corporate Venturing

• Compra de franquia • Herança • Aquisição

Tema 4

Resultados: • Do Empreendedor • Da saída do negócio

Tema 6

Ambiente Externo

Tema 5

33

2.3.2 A importância do empreendedorismo

O papel e a importância do empreendedor para o desenvolvimento econômico

são reconhecidos em todo o mundo. Ciente das mudanças no mercado de trabalho,

os cursos de Administração devem desenvolver a cultura empreendedora nos

currículos regulares, seguindo a tradição dos mais importantes centros de ensino da

Europa, Estados Unidos e Canadá (DORNELAS, 2001).

Nos últimos anos no Brasil, conforme salienta Dolabela (1999), houve

evolução dos cursos de Administração e programas gerenciais, que deixaram de

abordar apenas as ferramentas para se gerenciar com eficácia uma empresa para

focarem também o ensino de empreendedorismo.

Tem crescido consideravelmente o interesse na pesquisa de PMEs e

empreendedorismo nos últimos anos. Internacionalmente, “artigos específicos

publicados em tradicionais jornais de ciências administrativas dão ampla prova desta

afirmação” (FREITAS et al., 2004, p. 4).

Credita-se a Schumpeter (1985) a consolidação do conceito da disciplina de

empreendedorismo, pois foi ele que associou o empreendedorismo à inovação e ao

fato de se criarem coisas novas e diferentes, como já se viu.

Danjou3 (2002, apud LEÃO; CORDEIRO; MELLO, 2004, p.1) diz que o

empreendedorismo pode ser observado sob três formas:

a) o contexto, que são as condições ou os efeitos sobre a ação

empreendedora;

b) o ator, que é o próprio empreendedor;

c) a ação, que é o processo empreendedor, ou seja, como o empreendedor,

a partir da identificação de uma oportunidade no ambiente de negócios,

desenvolve e gere as ações necessárias para concretizar sua idéia.

Na concepção de Drucker (2002, p.36), empreendedor vê a mudança como

norma e:

Como sendo saída. Geralmente, ele não provoca a mudança por si mesmo. Mas, e isto define o empreendedor e o empreendedorismo, o empreendedor

3 DANJOU, I. L’entrepreneuriat: un champ fertile à la recherché de son unite. Revue Française de Gestion, n. 138, p. 109-125, 2002.

34

sempre está buscando a mudança, reage a ela, e a explora como sendo uma oportunidade.

Segundo Filion (1999, p.23), um empreendedor é uma pessoa que:

Imagina, desenvolve e realiza visões. [...] é com freqüência considerado uma pessoa que sabe identificar as oportunidades de negócios, os nichos do mercado e que sabe se organizar para progredir. Assim, a essência do trabalho do empreendedor consiste em definir contextos e que exige uma análise e imaginação [...].

Pode-se dizer que o empreendedor é capaz de visualizar como serão os

negócios, antecipa necessidades e identifica oportunidades não percebidas por

outras pessoas. O que o distingue das outras pessoas é a maneira como ele

percebe a mudança e lida com as oportunidades, a presença da iniciativa para criar

um negócio novo.

O empreendedor normalmente é visto à frente de novos empreendimentos,

mas é possível também ser empreendedor dentro de empresas já existentes,

alterando a forma de administrar, visualizando o produto ou serviço de maneira

diferente ou modificando os produtos e serviços para possuírem mais aceitação.

2.3.4 O perfil empreendedor

A percepção do papel estratégico dos empreendedores no desenvolvimento e

geração de empregos nas comunidades é um desafio que se contrapõe aos

objetivos financeiros de qualquer empreendedor devido às dificuldades encontradas

na oferta de recursos locais em que se instala o empreendimento.

O empreendedor é, por excelência, “o agente detentor dos mecanismos de

mudança, com capacidade de explorar novas oportunidades, pela combinação de

distintos recursos ou diferentes combinações de um mesmo recurso” (KIRZNER,

19824, apud VALE; WILKINSON; AMÂNCIO, 2008, p.15).

Para Seiffert (2005), o empreendedor é responsável pela “destruição criativa”

a partir da constante inovação, exercendo sua função social ao provocar a inovação

e o crescimento econômico entendido como desenvolvimento. A mesma opinião é

reforçada por autores contemporâneos como Drucker (2000), que afirma que a

4 KIRZNER, I. M. The theory of entrepreneurship in economic growth. In: KENT, D. L.; SEXTON, D. L.; VESPER, K. H. Encyclopedia of entrepreneurship. New Jersey: Englewood cliffs, 1982.

35

atividade empreendedora é determinante para o crescimento da produtividade das

economias, pois transfere atividades e recursos de setores de menor produtividade

para outros de rendimento mais elevado.

O empreendedor é aquele que “destrói” a ordem econômica existente por

meio da introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de

organização ou pela exploração de novos recursos materiais (SCHUMPETER,

1985). O conceito de “destruição criativa” ensinado pelo autor diz respeito a um

impulso que permite o acionamento do motor capitalista, criando melhores produtos,

novos mercados e oferecendo alternativas aos métodos menos eficientes e raros.

Timmons (1994) caracteriza um empreendedor como alguém capaz de

identificar, agarrar e aproveitar oportunidades, buscando e gerenciando recursos

para transformar a oportunidade em negócio de sucesso.

Para Filion (1991, p. 64), “o empreendedor imagina, desenvolve e realiza

visões”. A visão, para ele, é uma imagem, no futuro, do lugar que se quer ver

ocupado pelos seus produtos no mercado e da organização necessária para

consegui-lo. O empreendedor terá de aprender a ser diferente, se quiser ocupar e

manter-se no nicho de mercado que porventura tenha escolhido.

Moore e Collins5 (1970, apud FILION ,1991, p. 64) observaram que muitos

são os empreendedores que aproveitam a oportunidade de vivenciar práticas em

distintos empregos, aprendendo o que compõe uma seqüência de experiências

vividas. Isso lhes permite ter uma forma de atuação empreendedora que consideram

necessária ao implantarem sua própria empresa. Segundo McLuhan6 (1964, apud

FILION, 1991, p. 64), a forma de aprendizagem é considerada tão importante quanto

o que deve ser aprendido, “o meio é a mensagem.”

De acordo com Filion (1991), para um empreendedor é necessário estar em

um processo contínuo e dinâmico de aprendizagem. Ele continuará a aprender

coisas que considerar interessantes ou que tenha identificado como necessárias

para seu objetivo. Desta forma, o processo de aprendizagem organizacional é uma

tarefa que será mais bem executada pelo próprio empreendedor, já que ele conhece

suas reais necessidades.

5 Moore, D.G.; COLLINS, O.F. The Organization Makers: A Behavioral Study of Independent Entrepreneurs, New York: Appleton-Century-Crofts (Meredith Corp.). 1970. 6 MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix, 1964.

36

Há muitas definições para o termo empreendedor, pois são propostas por

diferentes campos de pesquisa. No conjunto de interpretações existentes, observa-

se que duas correntes principais tendem ao mesmo denominador. De um lado, estão

os economistas, que associam o empreendedor à inovação; e de outro estão os

comportamentalistas, que enfatizam aspectos atitudinais como criatividade e

intuição. Dois economistas, Cantillon (1755)7 e Jean-Baptiste Say (18038, apud

DOLABELA, 1999), dedicaram seus estudos para observar a criação e

gerenciamento de novas empresas. Cantillon foi o primeiro a definir a função do

empreendedor.

Filion e Dolabela (2000) definem a cultura empreendedora como a que

caracteriza o indivíduo visionário, capaz de mobilizar outros agentes da organização

por meio de sua capacidade de definir visões e projetos que compreendem

elementos de inovação. Em geral, essas visões são constituídas com base na

identificação de oportunidades de negócios que o empreendedor percebeu no

mercado, os elementos da cultura empreendedora em que os valores e seus

diferenciais permitem avaliar riscos apoiados por informações oriundas de sua rede

de relacionamentos. Desta forma, Filion e Dolabela (2000) sugerem os cinco pontos

característicos de uma pessoa com cultura empreendedora: identificação de

oportunidades de negócio; definição de valores; expressão de diferenciais; avaliação

de riscos; gestão de relacionamentos.

Ser um empreendedor é também saber definir projetos e realizá-los por meio

de ações bem definidas, levando-se em consideração o cenário dentro de uma

cultura empreendedora. Esses projetos devem ser divididos em etapas que

permitam uma ordem gradual, interagindo e respeitando a cultura organizacional.

2.3.4 O processo empreendedor

O processo de evolução cultural, econômica e social de uma comunidade

está diretamente vinculado ao crescimento empreendedor. As condições ambientais

favoráveis ao crescimento necessitam de empreendedores que saibam utilizá-las em

benefício do processo de desenvolvimento, considerando os valores culturais. O

7 CANTILLON, R. Essay on the nature of commerce in general. New Brunswick: Transaction Publishers, 1755. 8 Ver, a propósito, Lutfalla, Michel. Jean-Baptiste Say: 1767-1832 - le fondateur. In: Breton, Yves & Lutfalla, Michel (dirs.), L'Economie Politique en France au XIXe siècle. Paris, Economica, 1991.

37

empreendedor “cria e aloca valores para indivíduos e para a sociedade,

determinando, assim, o fator de crescimento econômico” (DOLABELA, 1999, p. 30).

A dinâmica do conhecimento, segundo Drucker (2001), impõe a necessidade

de que toda organização promova e administre mudanças em sua própria estrutura e

dedicação ao novo, levando em conta três princípios básicos: aprimorar sempre o

que se faz, explorar o próprio conhecimento e aprender a inovar de forma

sistemática. Ainda segundo o autor, a produtividade precisa de aprendizagem

contínua, o que poderá transformar todo e qualquer empreendimento em uma

instituição de aprendizagem, visto que a força de trabalho não é substituída pelo

capital e pela tecnologia.

Filion e Dolabela (2000) dizem que para analisar o processo empreendedor é

necessário compreender dois processos distintos que se complementam: o processo

de gerenciar e o de empreender. As diferenças relacionam-se para adaptar-se a um

quadro existente, no caso do gerenciamento, e criar novas situações, no caso do

empreendedorismo.

Ambos os processos de gerir e de empreender estão inseridos em

organizações que são um fenômeno cultural, que variam de acordo com o estágio

de desenvolvimento da sociedade. Para Morgan (1996), as diferenças transculturais

devem ser consideradas pelo fato das sociedades modernas possuírem pontos em

comum. O percurso histórico delineou muitas oscilações nas características sociais e

na forma de encarar o sentido da vida.

Ghoshal e Bartlet (1995) também observam os processos constituintes da

atividade da alta gerência corporativa, destacando como as três atividades mais

importantes: o processo empreendedor, o processo de construção de competências

e o processo de renovação empresarial. Divisões internacionais de companhias

foram criadas para facilitar o rápido crescimento. Nesse crescimento vale ressaltar,

segundo os autores, que talvez o mais difundido e danoso efeito no crescimento das

estruturas burocráticas das organizações tenha sido a “erosão” no

empreendedorismo administrativo. Isto se deu devido a uma busca de oportunidades

externas e atitudes que motivam os funcionários a executar suas operações como se

eles fossem proprietários.

38

Mintzberg (1975), Boyatzis (1982), Kotter (1982) e Hill (1992)9 (apud

FILION;DOLABELA 2000) distinguem gerentes de empreendedores. Os gerentes

focam em objetivos com uso efetivo e eficiente de recursos, além de trabalharem

dentro de estruturas organizacionais previamente definidas por outras pessoas. Já

os empreendedores identificam os recursos para torná-los realidade, utilizando a

imaginação e a criatividade, definindo situações e visões sobre o que desejam

alcançar. Tudo indica que os empreendedores têm como atividade principal imaginar

e definir o que querem fazer e, quase sempre, como irão fazer.

Filion e Dolabela (2000) dizem ainda que o gerenciamento é associado à

racionalidade e o empreendedorismo à intuição, embora, em ambos os casos, esses

atributos devam ser considerados predominantes em vez de exclusivos.

Na visão de Ghoshal e Tanure (2004, p. 218), as organizações que:

Conseguiram mais sucesso na formação da chama empreendedora em sua estrutura criaram um processo interno de estimulo ao empreendedorismo, e não periférico ou fora da organização. Para isso, tiveram de realizar algumas mudanças fundamentais na estrutura organizacional, na cultura e nos principais processos de gestão.

Para que uma empresa se torne mais empreendedora, é preciso que seus

dirigentes alterem a maneira de enxergar a organização. Ao invés de percebê-la

como grupos ou divisões, com operações dirigidas por departamentos ou unidades

operacionais, é necessário focar as unidades pequenas e desagregadas como os

elementos básicos da organização (GHOSHAL; TANURE, 2004).

Para Hisrich (2004), embora haja características pessoais e habilidades

freqüentemente identificadas nos empreendedores de sucesso, tais como intuição,

criatividade, dedicação e senso de oportunidade, até agora não foi possível

identificar uma combinação única de traços, experiências e habilidades adquiridas

que possa diferenciar um empreendedor com sucesso ou sem êxito nem mesmo de

um gerente.

Segundo André (2005), não é mais suficiente, em uma empresa, ter gerentes

que estejam direcionados para produtividade e lucratividade dos produtos e

9 MINTZBERG, H., The managers job: Folklore and facts. Harvard Business Review. V.53, n.4, p.49-61, July/Aug.1975. BOYATZIS. R.E., The Competent manager: a model for efective performance. Wiley, 1982. KOTTER, J. P., The general manager. Cambridge (MA): Harvard Business School, 1982. HILL, L.A., Becoming a manager: master of a new identity Cambridge: Harvard Business Scholl, 1992.

39

serviços, pois a era da descontinuidade e competitividade gera o risco de produtos e

serviços ficarem obsoletos rapidamente. Prever essas descontinuidades e

competitividade não é algo possível nos planejamentos estratégicos, que requerem

ser, cada vez mais, flexíveis e com objetivos de tempos mais curtos. Para que o

desafio da descontinuidade e competitividade possa ser superado nas organizações,

o autor relaciona os principais pontos aos quais as empresas devem estar atentas:

a) Identificar talentos - o ambiente deve ser estimulante para que os talentos

sejam demonstrados; se as empresas retirarem as barreiras que impedem

os profissionais, estes podem se transformar em intra-empreendedores.

b) Patrocinar a criatividade - a criatividade, a mãe da inovação, surge na

empresa quando existe ambiente e suporte para desenvolver as idéias das

pessoas empreendedoras.

c) Valorizar a atitude empreendedora - a valorização da atitude

empreendedora dos intra-empreendedores de uma empresa é muito

comum nos Estados Unidos; lá, 95% das inovações radicais surgiram em

pequenas empresas e elas acontecem porque alguém dedicou tempo a

investigar as necessidades e desejos dos clientes de forma a atendê-las.

d) Fomentar empresários - não basta ter apenas pessoas empreendedoras

nas organizações, é necessário que elas sejam empresárias, sendo

responsáveis pelo bom funcionamento de uma empresa. Porém, deve-se

ter cuidado com o tempo e energia dedicados pelo empreendedor para

gerenciar questões rotineiras de sua empresa, correndo o risco de perder

o diferencial que o expôs a criar um novo negócio ou produto.

Os empreendedores percebem as oportunidades que surgem para todos,

indistintamente; a sua segurança financeira não está apoiada em um emprego, mas

em seu próprio potencial de gerar algo, de pensar, de aprender, de se adaptar - e

essa é a verdadeira independência financeira (LEITE, 2001).

Filion e Dolabela (2000) expõem um ponto de vista interessante quanto aos

múltiplos papéis que um empreendedor pode escolher e, para tal, precisará enfrentar

os desafios específicos da sua escolha. O proprietário (e ao mesmo tempo

administrador) de uma empresa pequena necessitará de um profissional generalista

para decisões estratégicas e rotineiras. Nas empresas familiares, a sucessão é uma

questão que gera demasiada preocupação, já que planejar o futuro para as novas

40

gerações permitirá aos jovens demonstrarem seu espírito empreendedor e sua

formação para a sucessão. Já o empreendedor de microempresa é o sujeito que é

experiente em determinado produto ou serviço. Ele abre sua empresa para explorar

seu conhecimento e habilidade, mas, contando com poucos recursos para realizar

seus planos, pode fracassar se não houver um aprendizado para poder gerenciar o

volume dos seus negócios e sua rentabilidade.

Segundo o autor, o trabalho autônomo possui características muito

semelhantes ao da microempresa e por isso os seus desafios não diferem muito,

apenas pelo aspecto de que o empreendedor trabalha sozinho e autônomo por

opção ou por motivos gerados pelo mercado, cada vez mais competitivo. Este

empreendedor, como na microempresa, deve privilegiar sua relação com o cliente.

Os tecno-empreendedores são inventores que preferem comercializar pessoalmente

seus inventos e formam equipes para delegar a gestão da empresa. Cada vez mais

representativas no mercado de trabalho, as empresas cooperativas e coletivas são

hoje uma alternativa para agrupar pessoas ou empresas em torno de projetos

coletivos; vale citar, como exemplo, os consórcios de exportação, atividade comum

em países onde há concentração de pequenas e médias empresas que se associam

para enfrentar a concorrência mundial.

2.4 Formação de visão e estratégias empreendedoras

A teoria visionária de Filion (1991) permite entender como se forma uma idéia

de empresa e quais são os elementos que a sustentam.

Para o autor, a visão é uma imagem, projetada no futuro, do lugar que se quer

ver ocupado pelos seus produtos no mercado, assim como a imagem projetada do

tipo de organização necessária para consegui-lo.

Antes de qualquer iniciativa por parte do empreendedor, faz-se necessário

que o mesmo disponha de estrutura de pensamento sistêmico e visionário, pois é a

partir disso que poderá fixar seus objetivos e traçar o caminho para atingi-los,

segundo afirmam Filion e Dolabela (2000).

Para Filion (1991), o desenvolvimento e a subseqüente apresentação de uma

visão pressupõem a existência de habilidades tanto de articulação como de

comunicação. O autor identifica três categorias de visão:

a) emergente - idéias de produtos ou de serviços que se quer lançar;

41

b) central - resultado de uma ou mais visões emergentes que podem ser

divididas em visão externa, ou seja, o lugar que se deseja ver ocupado

pelo produto ou serviço no mercado, e visão interna, que pode ser

caracterizada como o tipo de organização de que se tem necessidade

para alcançar o lugar que se deseja;

c) complementares - que são as atividades de gestão definidas para

sustentar a realização da visão central.

O processo de criação da visão, segundo Filion (1991), incorpora quatro

elementos de sustentação da visão. O primeiro é a maneira pela qual o indivíduo vê

o mundo real, noutras palavras, é o que é percebido como significativo e constitui a

base sobre a qual se desenvolve o processo de estabelecimento da visão do

empreendedor; a este primeiro elemento dá-se o nome de weltanschauung (visão do

mundo).

O segundo elemento é a energia, que pode ser caracterizada pelo tempo

alocado para as atividades profissionais e a intensidade com que elas são

executadas. A liderança é o terceiro elemento resultante da visão de mundo e das

relações e de forma recíproca exerce influência sobre esses três elementos já

citados.

A liderança é importante para o desenvolvimento da visão, pois decorre do

seu impacto a extensão daquilo que o empreendedor pretende realizar. Por último, o

fator que possui mais influência para explicar a evolução da visão é a rede de

relações. Quanto mais articulada seja a visão, maior será a importância do papel de

um sistema de relações.

A formação da visão, conforme Filion (1993), pode ser caracterizada pela

Figura 2.

42

Figura 2 - O processo de visão Fonte: Filion (1993, p. 57).

Para Filion (1991), a capacidade de articular uma visão requer a habilidade de

conceber um ou mais cenários futuros. O Quadro 1 identifica como os dois primeiros

passos, o embrião e o desenvolvimento, relacionam-se com visões iniciais ou

emergentes. A decisão a ser tomada no terceiro passo é uma peça-chave para

formar uma visão central. O quarto passo exige que as decisões secundárias ou

complementares sejam utilizadas, caso a visão central venha a ser realizada.

Quadro 1 - O processo de desenvolvimento da visão

Nº FASE CONTEÚDO CATEGORIA DA VISÃO

ATIVIDADE EXIGIDA DO

EMPREENDEDOR

ATIVIDADE EDUCACIONAL

ADEQUADA

1 EMBRIÃO

Idéia do produto e/ou

serviço. Emergente Inicial Imaginação

Leitura de biografias e estudos das atividades de

empreendedores.

2 DESENVOL-

VIMENTO

Estudos de mercado, de produto, de viabilidade.

Emergente Inicial Reflexão

Orientação por outras pessoas; leituras sobre administração.

3 FORMA

Idéias de empresa

Central Avaliação bom senso

Orientação por outras pessoas. Estudo de casos

discussão em grupo.

4 ALVO

Objetivos precisos a

serem alcançados

Complementar Secundária Concentração Conferências

Feedback

Fonte: Filion (1991, p.67).

VISÃO

REDE

WELTANSCHAUUNG

ENERGIA

LIDERANÇA

43

Filion (1991) refere que a visão inclui alguma intuição e, acima de tudo,

imaginação; mas, ao contrário do “sonho”, ela diz respeito a ações reais a serem

executadas. Aquele indivíduo que possui uma visão pode ser definido como um

“sonhador” que deseja realizar um trabalho e, de fato, os empreendedores que

conseguiram desenvolver uma visão parecem tê-lo feito com auxílio de sua

imaginação, sua reflexão e seu bom senso.

Na seqüência, apresentam-se no próximo capítulo os procedimentos

metodológicos, em que se reúnem o tipo e a técnica de pesquisa, as unidades de

análise e observação, a coleta e análise dos dados.

44

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo aborda a metodologia da pesquisa, apresenta a abordagem

metodológica, o tipo de pesquisa e as unidades de análise e observação, a coleta de

dados e as variáveis analisadas.

3.1 Abordagem do estudo

A abordagem da pesquisa é de natureza quantitativa e, de acordo com

Richardson (1999, p.70), caracteriza-se pelo emprego de:

[...] quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples, como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão, entre outras.

Malhotra (2001, p.154) aduz que a análise quantitativa “é uma metodologia

que proporciona insights e compreensão do contexto do problema [...] procura

quantificar os dados e aplica alguma forma da análise estatística.”

Cabe destacar na pesquisa de natureza quantitativa a importância em garantir

a precisão dos resultados, em evitar distorções de análise e interpretação,

possibilitando ainda uma margem de segurança quanto às inferências feitas.

3.2 Tipo de pesquisa

Quanto ao tipo de pesquisa, o estudo caracterizou-se como descritivo.

Segundo Vergara (2003, p.47), esta pesquisa pode ser classificada como descritiva,

pois compreende a obtenção e exposição de dados representativos de determinada

situação ou fenômeno. A pesquisa descritiva “pode também esclarecer correlações

entre variáveis e definir sua natureza. Não tem o compromisso de explicar os

fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação”.

Gil (2002) considera que a pesquisa descritiva aborda as características de

um fenômeno ou situação mediante um estudo realizado em determinada

circunstância espacial e temporal.

45

3.3 Unidades de análise e observação

Foi adotada como unidade de análise a Feiramais Organizações Ltda.,

localizada no município de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais.

As unidades de observação constituíram-se dos expositores responsáveis

pela administração desses stands alugados pela Feiramais.

3.4 Universo

O universo da pesquisa constitui-se de 85 expositores (QUADRO 2) dos

stands da Feiramais, no bairro Centro (Rua São Paulo e Espírito Santo), localizadas

no município de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais.

Quadro 2 – Caracterização dos entrevistados da pesquisa empírica

Fonte: Dados da pesquisa (2007).

Servindo de suporte empírico a esta pesquisa, foram selecionados os stands

ocupados, respeitando-se aqueles expositores que estavam presentes nos stands

durante o período de coleta.

Foram devolvidos 10 envelopes em branco, ou seja, 12% dos expositores de

stands optaram por não responder o questionário.

No presente trabalho, não foi utilizada técnica de amostragem do universo da

pesquisa; foi realizado um censo abrangendo todo o universo. Segundo McDaniel e

Gates (2003, p. 365), “o termo censo refere-se a situações em que os dados são

obtidos de praticamente toda a população de interesse.” Porém, conforme os

mesmos autores, apesar dos censos não serem utilizados freqüentemente na

pesquisa de marketing, em alguns casos são apropriados e viáveis, tendo em vista o

tamanho reduzido do universo a ser pesquisado, o que é o caso da presente

pesquisa. Nessa situação foi possível obter informações de toda a população dos

expositores de stands, sendo o resultado, portanto, mais preciso do que uma

amostra.

LOCAL TOTAL DE STANDS Rua São Paulo 32 Av. Espírito Santo 53

Total 85

46

A pesquisa foi constituída de todos os expositores de stands. Como foi

realizado um censo, o intervalo de confiança é de 100% e o erro amostral de 0%.

3.5 Detalhamento das técnicas de coleta dos dados

3.5.1 Elaboração e pré-teste do instrumento

Antes do envio do questionário para os expositores de stands, foi realizado

um pré-teste com seis expositores, com o objetivo de validar o instrumento de

pesquisa em relação à facilidade de compreensão, facilidade de respostas, tempo

gasto para resposta e quantidade de questões.

Kotler (2000) ressalta que se o pré-teste do questionário pode representar

diversos problemas, talvez seja oportuno modificar o questionário e realizar um novo

pré-teste, antes de definir o questionário a ser usado na pesquisa.

O instrumento foi validado e, a partir do pré-teste, verificou-se a necessidade

de reformular alguma questão e de esclarecer e elaborar melhor sua redação. O

tempo médio de respostas durante o pré-teste foi de 15 minutos, que é considerado

adequado para não desestimular o respondente em relação ao tamanho do

questionário.

3.5.2 Remessa dos questionários

O processo de explicitação do estudo foi viabilizado pelo envio dos

questionários impressos e entregues pelo pesquisador aos expositores de stands,

conforme apresentado no Apêndice A.

Dentro do envelope foi colocado um envelope menor, endereçado ao

pesquisador, de forma que após os expositores terem respondido, os questionários

foram devolvidos ao pesquisador.

Ressalta-se que a exigência de resposta dentro de um envelope ocorreu com

o objetivo de garantir o sigilo das respostas e não influenciar os resultados do

trabalho, uma vez que o pesquisador é o gerente da empresa objeto do estudo.

47

3.5.3 Realização da coleta de dados

A coleta de dados se deu por meio do questionário. O questionário é

considerado, segundo Gil (2002), uma técnica de pesquisa cujas respostas a cada

questão são categorizadas, oferecendo, por intermédio de percentagens,

informações sobre a freqüência de determinados fenômenos entre a população

pesquisada.

Para coletar os dados essenciais à pesquisa, os expositores dos stands foram

submetidos a um questionário padronizado com questões fechadas.

Foram respondidos 21 itens a partir de uma escala tipo Likert. A escala Likert,

proposta por Rensis Likert, em 1932, é composta de uma escalista de afirmativas

com as quais os respondentes são solicitados não só a concordar ou discordar, mas

também a informar o grau de concordância ou discordância. A cada item de resposta

é atribuído um número, que corresponde à direção da atitude do respondente em

relação a cada afirmação. A pontuação total da atitude de cada um é dada pela

somatória das pontuações obtidas para cada afirmação (MATTAR,1997).

O pesquisador adotou a escala Likert por ser mais fácil de aplicar, construir e

ser mais objetiva. Essa escala representa a medição de atitudes, ou seja, de acordo

com o grau de concordância em cada uma das afirmações propostas, pode-se

analisar e avaliar as opiniões expressadas pelos sujeitos no questionário. O conjunto

de respostas indica a direção e a intensidade das atitudes dos sujeitos.

Com o objetivo de fornecer resultados com melhor potencial de análise, foi

adotado o índice de concordância (IC) das afirmações proposto por Caixeta et al.

(2005), a partir da Fórmula 1.

(% 0) (% 1) (% 2) (% 3) (% 4)

4

A B C D EIC

× + × + × + × + ×= (1)

Em que:

• A = Discorda totalmente.

• B = Discorda.

48

• C = Não discorda, nem discorda.

• D = Concorda.

• E = Concorda totalmente.

O resultado obtido dessa fórmula indica que quanto mais próximo for o

resultado de 100, maior é o grau de concordância do entrevistado em relação à

afirmativa proposta (CAIXETA et al., 2005).

Para Pestana e Gageiro (2003), o coeficiente de correlação Ró de Spearman

mede a intensidade da relação entre variáveis ordinais. Utiliza, em vez do valor nele

observado, apenas a ordem das observações. Deste modo, esse coeficiente não é

sensível a assimetrias na distribuição, nem à presença de outliers, não exigindo que

os dados provenham de duas populações normais. Aplica-se igualmente em

variáveis intervalo/rácio como alternativa ao “R” de Pearson, quando neste último se

viola a normalidade.

Segundo os autores, o coeficiente Ró de Spearman varia entre “-1 e 1.”

Quanto mais próximo estiver desses extremos, maior será a associação linear entre

as variáveis. O sinal negativo da correlação significa que as variáveis diversificam-se

em sentido contrário, isto é, as categorias mais elevadas de uma variável estão

associadas a categorias mais baixas da outra variável.

Foram considerados ainda pelo pesquisador os seguintes passos na

aplicação dos questionários:

a) inicialmente, entregaram-se os questionários a cada expositor no stand;

b) em seguida, foram lidas as instruções para responder o questionário,

visando a esclarecer o objetivo da pesquisa;

c) foi feita breve explicação sobre as questões que visam à caracterização

dos sujeitos, constituindo a identificação;

d) as questões do questionário foram explicadas para o expositor;

e) no momento da aplicação, o pesquisador esteve presente no stand para

esclarecer eventuais dúvidas;

f) após a aplicação, o questionário foi recolhido e colocado em um

envelope.

49

3.6 Análise dos dados

A opção metodológica proposta foi construída apresentando características de

pesquisa de natureza quantitativa, apoiando-se em tabelas que possam sistematizar

os dados a partir das tabulações.

Essa escolha resultou do interesse do pesquisador em dirigir-se para as

questões referentes à compreensão e ao entendimento dos fatores gerenciais que

influenciam o empreendedorismo entre os expositores da Feiramais.

Foi feita a tabulação no software Sistema Statistical Package for The Social

Sciences (SPSS), versão 10.0. Para a análise dos dados foram feitos alguns

cruzamentos entre as variáveis mercado de trabalho, estratégias para abrir o próprio

negócio e empreendedorismo, com o objetivo de levantar respostas para a questão

problema da pesquisa.

Após o tratamento dos dados coletados, eles foram confrontados com o

referencial teórico e com os estudos dos autores pesquisados.

A partir deste ponto, faz-se necessário apresentar no próximo item as

características da empresa estudada, localização, origem, metas e atividades.

3.7 Caracterização da organização estudada

3.7.1 Apresentação da Organização Feiramais Ltda.

A Organização Feiramais Ltda. foi fundada em 15 de novembro 2006, com a

finalidade de atender a expositores de stands, que compreendem desde os

pequenos empresários até sacoleiros, autônomos que montam um negócio para

sobreviver em espaços alugados à organização.

A idéia inicial para abertura da organização surgiu de um pedido de divisórias

para montagem de uma feira a ser realizada no município de Contagem, no estado

de Minas Gerais. A solicitação feita à Movarte Indústria de Móveis Ltda. para a

montagem dessa feira se deu em outubro de 2006.

Buscando novos caminhos e novas soluções, sempre amparado na

identificação das necessidades das pessoas e das empresas, o administrador da

Feiramais percebeu um bom nicho para a empresa atuar nesse mercado, além de

50

ter identificado facilidade na montagem estrutural da feira, pois poderia fabricar

todas as divisórias dos stands na própria fábrica, criando assim a Feiramais.

Para que o novo negócio pudesse ser efetivado, o pesquisador deste trabalho

precisou investigar em diversas avenidas e ruas comerciais da cidade de Belo

Horizonte/MG e conseguiu encontrar Pontos de Vendas (PDV) na região central, no

tamanho e preço interessantes para o investimento. Em dois meses a montagem do

espaço já estava pronta e todos os stands ocupados, mediante aluguel.

Os stands da Feiramais têm as seguintes características: medem dois por

dois metros; a porta é sanfonada; cada stand tem um ponto de energia elétrica para

máquina de cartão de crédito e um ponto de telefone.

Nesse sentido, foram feitas algumas pesquisas de mercado para analisar a

viabilidade de implantação do novo negócio. Alguns pontos estratégicos foram

identificados em Belo Horizonte-MG, entre deles um imóvel para alugar à Rua São

Paulo, esquina com Av. Afonso Pena, no bairro Centro. Nessa unidade, foram

montados 46 stands com medidas de aproximadamente 4 m². Outro imóvel à Rua

Espírito Santo esquina com Av. Amazonas contava com 1.800,00 m², com

capacidade para 65 stands.

Os stands são alugados mediante procura dos expositores, que vão à própria

loja atraídos pelo ponto, por indicação de colegas ou pela divulgação da feira.

Os valores cobrados variam da localidade do stand dentro do

estabelecimento: quanto mais próximo da porta mais alto seu valor, podendo os

preços ir de R$ 500,00 a R$ 1.800,00 reais por mês. O contrato é mensal e o

pagamento é feito antecipadamente à sua utilização. Após vencido o mês, caso o

expositor queira renovar seu contrato, basta pagar ao gerente o aluguel do mês

seguinte.

No intuito de continuar expandindo e buscar novos clientes, a Feiramais

inaugurou em novembro sua nova filial na Lapa, estado de São Paulo, com

capacidade para 56 stands com o mesmo padrão dos de Belo Horizonte/MG.

Aproveitando o grande número de pessoas que circulam nas regiões onde se

encontram as feiras, a Feiramais é um dos pontos de referência para se abrir um

negócio. Há público de todas as faixas etárias e grande circulação de pessoas em

suas unidades, além de todo o suporte na promoção das vendas dos expositores,

como divulgação dos produtos em panfletos, locução na porta da loja, rifas, entre

outras.

51

Dando continuidade, são apresentadas a análise e a interpretação dos dados

coletados junto aos expositores objetos de estudo.

52

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo refere-se à apresentação dos dados coletados junto aos sujeitos

da pesquisa. Cabe ressaltar que a pesquisa permitiu não só examinar as diferentes

percepções dos entrevistados em relação ao tema proposto. Os aspectos analisados

nesta seção estão organizados de acordo com os objetivos específicos delineados

para o presente trabalho e constituem a análise dos principais fatores relacionados

ao empreendedorismo que influenciam a abertura de negócios pelos expositores de

um stand em feiras populares.

4.1 Caracterização dos entrevistados

A caracterização dos entrevistados de um stand em feiras populares foi

realizada com base nas perguntas do Bloco I do questionário e se refere ao gênero,

à faixa etária, à escolaridade, tempo como expositor de stand, sócios, fonte de

remuneração, atividade antes de montar a empresa, riscos, experiência técnica e

prática e aquisição de conhecimento, como descrito a seguir.

4.1.1 Gênero

Em relação ao gênero, houve mais predominância do sexo feminino: 69,33%

dos entrevistados, como mostra a Tabela 1.

Tabela 1 – Gênero

DISCRIMINAÇÃO f % % VÁLIDO % ACUMULADO Feminino 52 69,33 69,33 69,33 Masculino 23 30,67 30,67 100 Total 75 100 100 Fonte: Dados da pesquisa (2008).

53

4.1.2 Faixa etária

Pode-se observar na Tabela 2 que mais da metade dos respondentes tem

menos de 35 anos (58,67%). Cabe ressaltar que 17,33% estão na faixa etária acima

de 46 anos, portanto, os expositores de stands são mais jovens.

Tabela 2 – Faixa etária

DISCRIMINAÇÃO f % % VÁLIDO % ACUMULADO Até 25 anos 16 21,33 21,33 21,33 De 26 a 30 anos 16 21,33 21,33 42,67 De 31 a 35 anos 12 16,00 16,00 58,67 De 36 a 40 anos 7 9,33 9,33 68,00 De 41 a 45 anos 11 14,67 14,67 82,67 Acima de 46 anos 13 17,33 17,33 100 Total 75 100 100 Fonte: Dados da pesquisa (2008).

4.1.3 Escolaridade

Quanto à escolaridade, verificou-se predominância de 2º grau como grau de

instrução de 60,81% dos entrevistados e, a seguir, de 5ª à 8ª série – Ensino

Fundamental, cursado por 20% dos respondentes. O grau superior compreendeu

apenas 17,57% dos entrevistados e eles declararam que julgam importante a

formação acadêmica para conquistar o reconhecimento e a própria aquisição de

conhecimentos. Estes resultados podem ser visualizados na Tabela 3.

Tabela 3 – Grau de escolaridade

DISCRIMINAÇÃO f % % VÁLIDO % ACUMULADO Ensino fundamental (1º Grau) 15 20,00 20,27 20,27 Ensino médio (2º Grau) 45 60,00 60,81 81,08 Superior 13 17,33 17,57 98,65 Pós-Graduação 1 1,33 1,35 100 Total 1 74 98,67 100 Não responderam 1 1,33 Total 2 75 100 Fonte: Dados da pesquisa (2008).

54

Porém, 81,08% dos empreendedores que compõem a pesquisa não possuem

formação acadêmica nos parâmetros do mercado de trabalho, o que possivelmente

dificultou a sua recolocação, uma vez que eram autônomos e desempregados.

4.1.4 Tempo como expositor de stand

A distribuição por tempo como expositor de stand, apresentada na Tabela 4,

identificou que 34,67% dos empreendedores têm menos de um ano de exposição na

Feiramais. É importante destacar que 40% deles têm entre um e quatro anos e que

24% são expositores há mais de cinco anos, observando-se tal situação em 18

deles.

Tais fatos coincidem com a visão de Dornelas (2001), quando diz que cada

vez mais as transformações ocorridas no mercado do trabalho, principalmente a

partir da década de 80, contribuem para o crescimento dos pequenos negócios.

Nesse sentido, pesquisa do GEM (2007) revela que, em geral, mais de 44%

dos empreendedores no Brasil percebem boas oportunidades para empreender, o

que representa uma visão positiva sobre a conjuntura para criação de negócios.

Os resultados coincidem também com o pensamento de Filion e Dolabela

(2000), os quais mencionam que o empreendedorismo é um fenômeno que está

despertando interesses de grupos investidores, de governantes, de universidades e

instituições públicas e privadas que almejam constituir novas atividades geradoras

de riquezas e o percebem como um instrumento de desenvolvimento econômico e

social.

Tabela 4 – Tempo como expositor do stand

DISCRIMINAÇÃO f % % VÁLIDO % ACUMULADO Menos de 1 ano 26 34,67 34,67 34,67 De 1 a 4 anos 30 40,00 40,00 74,67 De 5 a 8 anos 18 24,00 24,00 98,67 Acima de 9 anos 1 1,33 1,33 100 Total 75 100 100

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

55

Não houve homogeneidade nas respostas quanto à sociedade no stand. Por

um lado, destaca-se que 74,67% dos entrevistados não têm sócio, como mostra a

Tabela 5. De outro lado, constatou-se que 25,33% têm um sócio.

Tabela 5 – Sócio no stand

DISCRIMINAÇÃO f % % VÁLIDO % ACUMULADO Não 56 74,67 74,67 74,67 Sim 19 25,33 25,33 100 Total 75 100 100 Fonte: Dados da pesquisa (2008).

4.1.6 Remuneração

A quase totalidade dos empreendedores que têm como única fonte de

remuneração os rendimentos obtidos no stand compreende 78,57%, como mostra a

Tabela 6.

Tabela 6 – Remuneração

DISCRIMINAÇÃO f % % VÁLIDO % ACUMULADO Sim 55 73,33 78,57 78,57 Não 15 20,00 21,43 100

Total 1 70 93,33 100

Não responderam 5 6,67

Total 2 75 100

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

4.1.7 Outra fonte de remuneração

Do total dos expositores que têm outra fonte de remuneração, observa-se que

13,33% fazem serviço avulso para completar a renda, a seguir 13,33% com

trabalhos diversos, como: venda de porta em porta e revenda de veículos

comercializados.

Verificou-se, contudo, que 13,33% dos expositores têm o stand como

complemento de salário, uma vez que exercem outra atividade: uma em empresas

privadas como secretária, outra é funcionária pública e um é aposentado. Estes

resultados podem ser observados na Tabela 7.

56

Tabela 7 – Outra fonte de remuneração

DISCRIMINAÇÃO f % % VÁLIDO % ACUMULADO Faço “bico” 2 13,33 20,00 20,00 Vendo de porta em porta 1 6,67 10,00 30,00 Secretária 1 6,67 10,00 40,00 Complemento renda familiar 1 6,67 10,00 50,00 Funcionária pública 1 6,67 10,00 60,00 Revenda de carro 1 6,67 10,00 70,00 Meu marido mantém as despesas da casa 1 6,67 10,00 80,00 Renda familiar 1 6,67 10,00 90,00 Aposentadoria 1 6,67 10,00 100

Total 1 10 66,67 100

Não responderam 5 33,33

Total 2 15 100

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Enfatiza-se a importância do tema remuneração analisado pelo IBGE (2007),

que mostra a desestruturação do trabalho no Brasil, que se dá pela expansão de

ocupações precarizadas, comumente aquelas que têm sido ampliadas por meio das

empresas terceirizadas, que, em geral, empregam com remuneração e condições de

trabalho inferiores.

4.1.8 Atividade exercida antes de montar a empresa

Verifica-se na Tabela 8 que 47,22% dos entrevistados da Feiramais são

formados por expositores que antes eram autônomos (25%) e desempregados

(22,22%). Do total, 20,83% exerciam atividades em empresas privadas e 11,11%

como empregador em outra empresa. Cabe ressaltar que apenas 5,56% dos

expositores eram funcionários públicos. Estes resultados podem ser visualizados na

Tabela 8.

57

Tabela 8 – Atividade exercida antes de montar a empresa

DISCRIMINAÇÃO f % % VÁLIDO % ACUMULADO Autônomo 18 24,00 25,00 25,00 Desempregado 16 21,33 22,22 47,22 Empregado de empresa privada 15 20,00 20,83 68,06 Empregador em outra empresa 8 10,67 11,11 79,17 Estudante 6 8,00 8,33 87,50 Empregado de empresa pública 4 5,33 5,56 93,06 Marceneiro 1 1,33 1,39 94,44 Dona de casa 1 1,33 1,39 95,83 Lojista 1 1,33 1,39 97,22 Zootec 1 1,33 1,39 98,61 Diarista 1 1,33 1,39 100 Total 1 72 96,00 100 Não responderam 3 4,00 Total 2 75 100 Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Esses resultados são reforçados por pesquisa realizada pelo IBGE (2007), em

que a média mensal da taxa de desocupação em 2006 foi estimada em 10%. Em

2003 e 2005 essa estimativa era de 12,3 e 9,8%, respectivamente.

Os resultados estão em sintonia com as afirmações de Filion e Dolabela

(2000), quando asseveram que o trabalho autônomo possui características muito

semelhantes ao da microempresa e por isso os seus desafios não se diferem muito.

4.2 Risco ao iniciar a atividade como empreendedor

No que diz respeito a conhecer os riscos antes de iniciar as atividades, existe

predominância de empreendedores que admitiram não ter idéia desses riscos

65,33% e 34,67% admitiram ter idéia dos riscos, como mostra a Tabela 9.

Tabela 9 – Não tinha idéia dos riscos antes de abrir a empresa

DISCRIMINAÇÃO f % % VÁLIDO % ACUMULADO

Não 49 65,33 65,33 65,33 Sim 26 34,67 34,67 100

Total 75 100 100

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

58

Entre os pesquisados que admitiram a possibilidade dos riscos, como mostra

a Tabela 10, as principais justificativas referem-se à falta de dinheiro (31,58%) e

prejuízo (10,535%).

Tabela 10 - Tinha idéia dos riscos antes de abrir a empresa

DISCRIMINAÇÃO f % % VÁLIDO % ACUMULADO

Falta de dinheiro 6 23,08 31,58 31,58 Prejuízo 2 7,69 10,53 42,11 Não deu certo 2 7,69 10,53 52,63 Instabilidade 1 3,85 5,26 57,89 Era difícil conseguir dinheiro para abrir o negócio 1 3,85 5,26 63,16 Não ter boa saída 1 3,85 5,26 68,42 Concorrência 1 3,85 5,26 73,68 Todas 1 3,85 5,26 78,95 Vários 1 3,85 5,26 84,21 Retorno do empreendimento 1 3,85 5,26 89,47 Gastos 1 3,85 5,26 94,74 Economia do Brasil afeta os negócios pequenos 1 3,85 5,26 100 Total 1 19 73,08 100 Não responderam 7 26,92

Total 2 26 100 Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Neste item se distingue o pensamento de Stevenson (2001), o qual define o

espírito empreendedor como uma atitude forte perante o risco e a busca contínua de

oportunidades que estejam além dos recursos disponíveis.

Estes resultados também são reforçados pela teoria de Hisrich e Peters

(2004), que defendem que há conexão de risco com o empreendedorismo.

4.3 Experiência técnica e prática adquirida antes de abrir o negócio

Os entrevistados foram bastante enfáticos no posicionamento sobre a

questão da experiência técnica e prática adquirida antes de abrir o negócio. No

decorrer da pesquisa, verificou-se que é possível os empreendedores aplicarem

todo o conteúdo que foi aprendido, uma vez que 58,67% já tinham experiência

adquirida, propondo-se a aplicá-la quando o negócio foi implantado (TABELA 11).

59

Tabela 11 – Experiências técnica e prática adquiridas antes de abrir o negócio

DISCRIMINAÇÃO f % % VÁLIDO % ACUMULADO

Sim 44 58,67 58,67 58,67 Não 31 41,33 41,33 100

Total 75 100 100 Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Segundo Ucbasaran, Westhead e Wright (2000), os perfis, qualificações e

experiências e suas classificações quanto à forma de posicionamento são

importantes diante do processo de identificação de oportunidades e obtenção de

informações e, ainda, quanto à característica de obtenção de recursos e definição da

estratégia de conduzir o negócio.

Cabe ressaltar que mesmo tendo experiência técnica e prática apreendida, a

maioria buscou adquirir novos conhecimentos no Sebrae (48%) e na Fiemg (25%) e

Senac (23%), como mostra a Tabela 12.

Tabela 12 – Local onde se conseguiu a experiência

DISCRIMINAÇÃO f %

RESPOSTAS %

ENTREVISTADOS

Sebrae 29 33 48 Fiemg 15 17 25 Senac 14 16 23 Amigo, família 7 8 12 Na prática 7 8 12 RM 5 6 8 SESI 1 1 2 Colegas de Stand 1 1 2 Sacoleira 1 1 2 Sozinha 1 1 2 Pai comerciante aposentado 1 1 2 Curso de vendas - crie solução 1 1 2 CDL 1 1 2 Trabalhou com o pai 2 2 3 Particular 1 1 2

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Segundo Judice e Vasconcelos (2006), há elevado número de estudos em

sistemas de apoio ao empreendedorismo, na área de infra-estruturas de suporte

60

como incubadoras de empresas, empreendedorismo, parques tecnológicos,

financiamentos e práticas de apoio empresarial.

Estes resultados coincidem com a visão de McLuhan (1964, apud FILION,

1991), o qual diz que a forma de aprendizagem é considerada tão importante quanto

o que deve ser aprendido.

4.4 Principais dificuldades enfrentadas com o trabalho

Nas Tabelas 13, 14 e 15 são apresentados resultados dos percentuais de

respostas obtidos para as categorias: DT (Discordo Totalmente); D (Discordo);

NDNC (Nem Concordo, Nem Discordo); C (Concordo); e CT (Concordo Totalmente),

conforme explicitado no item 3.5.3 deste trabalho. Também são fornecidas

informações a partir do Coeficiente de Variação (CV), Índice de Concordância (IC)

Médio e o Desvio-padrão.10

Tabela 13 - Percentual e Índice de Concordância para os indicadores do construto mercado de trabalho

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

10 Foram considerados nesta pesquisa: (IC) indica que quanto mais próximo for o resultado de “1”, maior é o grau de concordância do entrevistado em relação à afirmativa proposta. (Desvio-padrão) é a variação média dos dados em torno da média - na medida unidade da média. (CV%) é a variação percentual média dos dados em torno da média. Ou seja, CV% e Desvio refletem a mesma coisa, variação média dos dados em torno da média, só que o desvio é a variação na mesma unidade de dados e o CV é em % (admimensional), isto é, não importa a unidade.

MERCADO DE TRABALHO DT D NDNC C CT IC

MÉDIO CV (%)

As transformações no mercado de trabalho provocam mudanças e abrem oportunidades para a formação de pequenos negócios.

5,6 8,5 18,3 46,5 21,1 67,3 40,0

A reestruturação com enxugamento dos quadros nas empresas contribuiu para abrir o meu próprio negócio.

9,9 14,1 29,6 31,0 15,5 57,0 51,9

As principais dificuldades enfrentadas por mim no mercado de trabalho até a abertura do novo negócio foram a escassez de vagas e o grau de escolaridade.

8,5 22,5 14,1 28,2 26,8 57,0 51,9

Uma das principais dificuldades enfrentadas por mim no mercado de trabalho até a abertura do novo negócio foi o grau de escolaridade.

21,9 24,7 13,7 26,0 13,7 46,2 75,3

O que dificultou a busca de uma oportunidade de trabalho no período em que fiquei sem uma ocupação profissional foi o crescimento econômico, com diminuição do número de empregos.

10,0 12,9 17,1 40,0 20,0 61,8 50,0

ÍNDICE GERAL 57,9 31,4

61

Pelos resultados obtidos na Tabela 13 e Figura 3 foi possível identificar as

principais dificuldades que os empreendedores enfrentaram no mercado de negócio

até a abertura do novo negócio:

a) As transformações no mercado de trabalho provocam mudanças (67,3%).

b) O que dificultou a busca de uma oportunidade de trabalho no período em

que fiquei sem uma ocupação profissional foi o crescimento econômico,

com diminuição do número de empregos (61,8%).

c) A reestruturação com enxugamento dos quadros nas empresas contribuiu

para abrir o meu próprio negócio (57%).

d) Uma das principais dificuldades enfrentadas por mim no mercado de

trabalho até a abertura do novo negócio foi a escassez de vagas (57%).

e) Uma das principais dificuldades enfrentadas por mim no mercado de

trabalho até a abertura do novo negócio foi o grau de escolaridade

(46,2%).

Com base nos percentuais obtidos na categoria “não concordo nem discordo”

foi obtida variação de 13,1 a 29,6%, o que mostra, para esse construto, certa falta de

percepção dos entrevistados em relação às dificuldades enfrentadas no mercado de

negócio. Os resultados dos Coeficientes de Variação (CVs) indicam que o grau de

concordância entre os entrevistados para as questões foi alto, com variações de 40

a 75,3%.

Figura 3 - Índice Médio de Concordância para os indicadores do construto mercado de trabalho Fonte: Dados da pesquisa (2008).

67,3

61,8

57,0

57,0

46,2

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

As transformações no mercado de trabalho provocam mudanças e abrem oportunidades para a formação de pequenos negócios.

O que dificultou a busca de uma oportunidade de trabalho no período em que fiquei sem uma ocupação profissional foi o crescimento

econômico, com diminuição do número de empregos.

A reestruturação com enxugamento dos quadros nas empresascontribuiu para abrir o meu próprio negócio.

Uma das principais dificuldades enfrentadas por mim no mercado de trabalho até a abertura do novo negócio foi a escassez de

vagas.

Uma das principais dificuldades enfrentadas por mim no mercado de trabalho até a abertura do novo negócio foi grau de escolaridade

62

4.5 Planejamento para abrir o próprio negócio

Foram analisados aspectos relativos às estratégias que os expositores

utilizaram para abrir o negócio próprio, mapeando os elementos mais relevantes

para impulsionar o negócio. Com base nos dados da pesquisa, pode-se afirmar que:

a) O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de

produtos com qualidade (77,1%).

b) A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada

para driblar o concorrente (73,9%).

c) A utilização de estratégia é um instrumento para aquisição de novas

idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio (72,8%).

d) O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram

importantes para mim ao abrir o meu negócio (68,3%).

e) Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o

concorrente (67,7%).

Dessa forma, na visão dos entrevistados os elementos mais importantes para

impulsionar o negócio são atendimento, venda de produtos de qualidade e

diversificação.

Por meio dos percentuais obtidos na categoria “não concordo nem discordo”,

foi obtida variação de 8,5 a 15,51%, o que mostra para esse construto uma falta de

percepção clara dos entrevistados em relação às dificuldades enfrentadas no

mercado de negócio. Os resultados dos CVs indicam que o grau de concordância

entre os entrevistados para as questões foi alto, com variações de 38,9 a 52,2%.

Os CVs obtidos apresentaram variação de 29,8 a 44,8%, valores que podem

ser consideram médios, uma vez que são variação de índice de comportamento

social.

A análise conjunta dos atributos indicou um grau de concordância médio de

71,8% com CV de 24%. Portanto, é possível inferir que os indicadores utilizados

para levantar as estratégias de abertura de um negócio próprio apresentaram poder

de explicação bastante aceitável.

Estes resultados podem ser visualizados e comparados por meio da Tabela

14 e Figura 4.

63

Tabela 14 - Percentual e Índice de Concordância para as estratégias para abrir o próprio negócio

PLANEJAMENTO DT D NDNC C CT IC

MÉDIO CV (%)

O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio.

5,6 8,5 15,5 47,9 22,5 68,3 39,5

O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade.

2,8 4,2 8,5 50,7 33,8 77,1 29,8

Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente.

6,9 12,5 12,5 38,9 29,2 67,7 44,8

A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente.

2,8 7,0 11,3 49,3 29,6 73,9 33,0

Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio.

5,8 4,3 10,1 52,2 27,5 72,8 35,6

ÍNDICE GERAL 71,8 24,0 Fonte: Dados da pesquisa (2008).

77,1

73,9

72,8

68,3

67,7

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

O que me diferenciou do concorrente foi o atendimento e venda deprodutos com qualidade.

A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégiaencontrada para driblar o concorrente.

Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para queeu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do o meu

negócio.

O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foramimportantes para mim ao abrir o meu negócio.

Considero que os preços baixos é um diferencial para competir com oconcorrente.

Figura 4 - Índice Médio de Concordância para as estratégias para abrir o próprio negócio Fonte: Dados da pesquisa (2008).

Nesse sentido encontra-se o pensamento de Filion e Dolabela (2000), que

descrevem o empreendedor como o sujeito que é experiente em determinado

produto ou serviço.

Cada vez mais as transformações ocorridas no mercado do trabalho,

principalmente a partir da década de 80, contribuem para o crescimento dos

pequenos negócios, como descrito por Dornelas (2001).

64

4.6 Elementos que fortalecem o empreendedorismo

Os aspectos relativos à identificação dos elementos que fortalecem o

empreendedorismo entre os expositores de stands de feiras populares, por meio de

aquisição de um novo empreendimento, são considerados importantes, como

mostram os percentuais da Tabela 15 e Figura 5. Os dados coletados ressaltam:

a) Para melhorar o desempenho do negócio é preciso diminuir a burocracia

para adquirir crédito e capital de giro (75,0%).

b) Buscar independência financeira foi o que motivou a abrir o próprio

negócio (74,6%).

c) Uma das principais dificuldades enfrentadas para o funcionamento da

empresa foi a falta de capital de giro (74,3%).

d) Quando identifiquei a oportunidade para abrir o meu negócio, estava com

vontade de realizar-me na vida e buscar independência financeira (72,7%).

e) Ter um negócio próprio aumentou a responsabilidade e carga horária de

trabalho (70,2%).

f) Um dos aspectos que estão dificultando manter o negócio no stand é a

carga tributária elevada (63,8%).

g) A falta de emprego e insatisfação motivaram a abrir o meu próprio negócio

(60,4%).

h) O acesso ao crédito é uma das barreiras para abrir um negócio (60,2%).

i) A vontade de não estar sob o comando de um patrão foi o que motivou a

abrir um novo negócio (59,2%).

j) A concorrência é uma das dificuldades enfrentas desde a implantação do

negócio (57,1%).

k) Eu abri o meu próprio negócio por influência de parentes amigos e de

outras pessoas da comunidade (44,7%).

65

Tabela 15 - Percentual e Índice de Concordância para o empreendedorismo

EMPREENDEDORISMO DT D NDNC C CT IC

MÉDIO CV (%)

Quando identifiquei a oportunidade para abrir o meu negócio estava com vontade de realizar-me na vida e buscar independência financeira.

3,0 10,4 11,9 41,8 32,8 72,7 36,7

Buscar independência financeira foi o que me motivou a abrir o próprio negócio.

4,3 4,3 14,3 42,9 34,3 74,6 34,5

Eu abri o meu próprio negócio por influências de parentes amigos e de outras pessoas da comunidade.

19,7 28,2 18,3 21,1 12,7 44,7 74,3

Ter um negócio próprio aumentou a minha responsabilidade e carga horária de trabalho.

8,1 8,1 14,9 32,4 36,5 70,2 44,3

A vontade de não estar sob o comando de um patrão foi o que motivou a abrir um novo negócio.

13,7 20,5 12,3 21,9 31,5 59,2 61,5

A falta de emprego e insatisfação me motivaram a abrir o meu próprio negócio.

12,5 18,1 8,3 37,5 23,6 60,4 56,3

Uma das principais dificuldades que enfrentei para o funcionamento da empresa foi a falta de capital de giro.

5,5 8,2 9,6 37,0 39,7 74,3 38,8

A concorrência é uma das dificuldades que estou enfrentando desde que abri o meu próprio negócio

8,2 17,8 32,9 19,2 21,9 57,1 53,8

Considero que o acesso ao crédito é uma das barreiras para abrir um negócio.

7,0 19,7 22,5 26,8 23,9 60,2 51,8

Um dos aspectos que estão dificultando manter o negócio no stand é a carga tributária elevada.

6,9 13,9 23,6 27,8 27,8 63,8 48,3

Para melhorar o desempenho do meu negócio é preciso diminuir a burocracia para adquirir crédito e capital de giro.

1,4 15,1 9,6 30,1 43,8 75,0 37,6

ÍNDICE GERAL 65,4 20,3 Fonte: Dados da pesquisa 2008.

66

75,0

74,6

74,3

72,7

70,2

63,8

60,4

60,2

59,2

57,1

44,7

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Para melhorar o desempenho do meu negócio é preciso diminuir aburocracia para adquirir crédito e capital de giro.

Buscar independência financeira foi o que me motivou a abrir o próprionegócio.

Uma das principais dificuldades que enfrentei para o funcionamento daempresa foi a falta de capital de giro.

Quando identifiquei a oportunidade para abrir o meu negócio estavacom vontade de realizar-me na vida e buscar independência financeira.

Ter um negócio próprio aumentou a minha responsabilidade e cargahorária de trabalho.

Um dos aspectos que está dificultando a manter o negócio no stand éa carga tributária elevada.

A falta de emprego e insatisfação me motivou a abrir o meu próprionegócio.

Considero que o acesso ao crédito é uma das barreiras para abrir umnegócio.

A vontade de não estar sob o comando de um patrão foi o que motivoua abrir um novo negócio.

A concorrência é uma das dificuldades que estou enfrentando desdeque abri o meu próprio negócio

Eu abri o meu próprio negócio por influências de parentes amigos e deoutras pessoas na comunidade.

Figura 5 - Índice Médio de Índice de Concordância para o empreendedorismo Fonte: Dados da pesquisa (2008).

4.7 Fatores relacionados aos empreendedorismo que influenciam a abertura de negócios

O detalhamento dos elementos que contribuem para identificar e analisar

quais são os principais fatores relacionados ao empreendedorismo e que influenciam

a abertura de negócios pelos expositores de um stand em feiras populares foi

composto levando-se em consideração quase todas as perguntas do questionário

(APÊNDICE A).

4.7.1 Associações significativas entre os fatores

Este item descreve as associações significativas entre os fatores

empreendedorismo e as estratégias para abrir o próprio negócio.

Por meio da análise estatística correlação de Spermam com nível de

confiança de p<0,05 (TABELA 16), foi possível obter as correlações entre os fatores

relacionadas ao construto empreendedorismo que influenciam a abertura de

negócios. Os dados coletados permitiram estabelecer comentários referentes às

associações significativas e não-significativas dos atributos avaliados.

67

Tabela 16 - Correlação entre os fatores pesquisados

FATORES RELACIONADOS AO CONSTRUTO ESTRATÉGIAS PARA

ABRIR O PRÓPRIO NEGÓCIO FATORES RELACIONADOS AO CONSTRUTO

EMPREENDEDORISMO X1 X2 X3 X4 X5

Quando identifiquei a oportunidade para abrir o meu negócio estava com vontade de realizar-me na vida. 0,06 0,11 0,12 0,25 0,44

Buscar independência financeira foi o que me motivou a abrir o próprio negócio. 0,00 0,18 0,21 0,16 0,12

Eu abri o meu próprio negócio por influências de parentes amigos e de outras pessoas da comunidade. 0,13 -0,06 -0,02 0,10 0,09

Ter um negócio próprio aumentou a minha responsabilidade e carga horária de trabalho. 0,38 0,37 0,10 0,28 0,22

A vontade de não estar sob o comando de um patrão foi o que motivou a abrir um novo negócio. -0,01 -0,04 -0,10 0,03 0,02

A falta de emprego e insatisfação me motivaram a abrir o meu próprio negócio. -0,03 -0,16 -0,16 -0,12 -0,02

Uma das principais dificuldades que enfrentei para o funcionamento da empresa foi a falta de capital de giro.

-0,00 0,06 0,02 0,14 0,07

A concorrência é uma das dificuldades que estou enfrentando desde que abri o meu próprio negócio

-0,09 -0,08 0,05 -0,03 -0,16

Considero que o acesso ao crédito é uma das barreiras para abrir um negócio.

-0,06 0,15 0,17 0,12 0,19

Um dos aspectos que estão dificultando manter o negócio no stand é a carga tributária elevada.

0,12 0,34 0,07 0,05 0,09

Para melhorar o desempenho do meu negócio é preciso diminuir a burocracia para adquirir crédito e capital de giro.

-0,00 0,46 0,31 0,34 0,10

Fonte: Dados da pesquisa (2008) Notas: Pares de correlação em negrito são significativos com p< 0,05 ou 5%. Somente estas variáveis apresentam correlação. Considera-se neste estudo a variável abaixo de 0,30 como uma correlação baixa.

(X1) O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio. (X2) O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade. (X3) Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente. (X4) A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente. (X5) Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio.

Dornelas (2001, p.37) caracteriza o empreendedor como “aquele que detecta

uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos

calculados.” Nesta pesquisa não se obteve correlação significativa entre a

identificação de oportunidades para abrir o negócio e a estratégia relacionada com

planejamento e estabelecimento de metas. Dessa forma, sugerem-se para esse

grupo de expositores que procurem aprimoramento sobre a qualidade para adoção

de melhores práticas referentes a planejamento e estabelecimento de metas.

68

O Quadro 3 exibe a identificação dos fatores relacionados ao

empreendedorismo que apresentaram estatisticamente associados ao fator

estratégias para abrir o próprio negócio.

A identificação de oportunidade para abrir um negócio e a vontade de realizar-

se na vida num empreendimento ou negócio mostraram-se associadas à

diversificação de produtos, como estratégia para driblar o concorrente (r=0,25) e

continuar competindo no mercado, pois é cada vez mais crescente a exigência dos

consumidores quanto a produtos novos (DORNELAS, 2001).

Verificou-se também que a identificação de oportunidade para abrir um

negócio e a vontade de realizar-se na vida estão correlacionadas com a utilização de

estratégia como um instrumento para a fomentação de novas idéias, facilitando o

diálogo e a execução do negócio (r=0,44). Essa visão mostra que o empreendedor

necessita obrigatoriamente de estabelecer uma estratégia, ou seja, um adequado

posicionamento no mercado que lhe permita fazer as coisas certas, isto é, de acordo

com as preferências dos seus clientes.

Segundo os entrevistados, o fato de ter um negócio próprio aumentou a

responsabilidade e carga de trabalho em função principalmente das necessidades

de ter planejamento e estabelecimento de metas (r=0,38).

A responsabilidade do empreendedor mostrou-se associada a atendimento e

venda de produtos com qualidade (r= 0,37), o que evidencia que o empreendedor

precisa estar atento às mudanças comportamentais dos clientes, também com a

diversificação de produtos (r=0,28), que exige esforços na busca de atender

satisfatoriamente os clientes.

Na pesquisa constatou-se associação significativa entre a carga tributária

elevada e estratégia de atendimento e qualidade de produtos (r=0,34). Alguns

autores defendem que a elevada carga tributária no Brasil dificulta o crescimento dos

negócios e, em contrapartida, para vencer esses obstáculos o empreendedor adota

estratégias de oferecer melhor atendimento e melhor qualidade de produtos

(DORNELAS, 2001; GEM, 2007). Para aprimorar o desempenho dos negócios é

preciso diminuir a burocracia.

Identificou-se, ainda, associação significativa do crédito e capital de giro com

o atendimento e a venda de produtos de qualidade (r=0,46); preços baixos como

diferencial para competir com o concorrente (r=0,31); e diversificação de produtos

(0,34). Estes resultados indicam que entre os empreendedores existe consenso de

69

que é preciso diminuir a burocracia para adquirir crédito e capital de giro. Todavia,

somente essa ação não é suficiente para o sucesso do empreender; é preciso

conciliar outras ações como diferenciação no atendimento, produtos de qualidade,

preços baixos e diversificação de produtos.

Quadro 3 – Correlações significativas entre os fatores relacionados: empreendedorismo e as estratégias para abrir o próprio negócio

FATORES EMPREENDEDORISMO ESTRATÉGIAS PARA ABRIR

O PRÓPRIO NEGÓCIO A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente (r = 0,25).

Quando identifiquei a oportunidade para abrir o meu negócio estava com

vontade de realizar-me na vida.

Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio (r= 0,44). O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio (r= 0,38). O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade (r= 0,37).

Ter um negócio próprio aumentou a minha responsabilidade e carga

horária de trabalho. A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente (r= 0,28).

Um dos aspectos que estão dificultando manter o negócio no stand é a carga tributária elevada

(dificuldade = melhor atendimento e melhora qualidade de produtos).

O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade (r= 0,34).

O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade (0,46). Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente (0,31)

Para melhorar o desempenho do meu negócio é preciso diminuir a

burocracia para adquirir crédito e capital de giro.

A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente (r= 0,34).

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

4.7.2 Associações não significativas entre os fatores

Este item apresenta as associações não significativas entre

empreendedorismo e as estratégias para abrir o próprio negócio.

70

Os resultados indicam que não existe relação direta entre os entrevistados

(QUADRO 4) e a identificação de oportunidades de negócio e a diferenciação do

concorrente em relação ao atendimento e venda de produtos de qualidade. Essa

falta de associação talvez possa ser explicada pelo fato de a grande maioria

expositores de stands estar em um mesmo espaço e adotar personalização parecida

no atendimento e os produtos também terem padrões de qualidade semelhantes.

Quadro 4 – Correlações não-significativas entre os fatores empreendedorismo e estratégias

para abrir o próprio negócio

FATORES EMPREENDEDORISMO ESTRATÉGIAS PARA ABRIR O PRÓPRIO NEGÓCIO

(X1) O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio. (X2) O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade.

Quando identifiquei a oportunidade para abrir o meu negócio estava com vontade de

realizar-me na vida.

(X3) Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente. (X1) O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio. (X2) O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade. (X3) Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente. (X4) A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente.

Buscar independência financeira foi o que me motivou a abrir o próprio negócio.

(X5) Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio. (X1) O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio. (X2) O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade. (X3) Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente. (X4) A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente.

Eu abri o meu próprio negócio por influências de parentes amigos e de outras pessoas da

comunidade.

(X5) Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio.

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

71

Quadro 4 – Continuação

FATORES EMPREENDEDORISMO ESTRATÉGIAS PARA ABRIR O PRÓPRIO NEGÓCIO

(X3) Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente.

Ter um negócio próprio aumentou a minha responsabilidade e carga horária de trabalho.

(X5) Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio. (X1) O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio. (X2) O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade. (X3) Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente. (X4) A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente.

A vontade de não estar sob o comando de um patrão foi o que motivou a abrir um novo

negócio.

(X5) Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio. (X1) O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio. (X2) O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade. (X3) Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente. (X4) A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente.

A falta de emprego e insatisfação me motivaram a abrir o meu próprio negócio.

(X5) Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio. (X1) O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio. (X2) O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade. (X3) Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente. (X4) A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente.

Uma das principais dificuldades que enfrentei para o funcionamento da empresa foi a falta

de capital de giro.

(X5) Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio.

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

72

Quadro 4 – Continuação

FATORES EMPREENDEDORISMO ESTRATÉGIAS PARA ABRIR O PRÓPRIO NEGÓCIO

(X1) O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio. (X2) O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade. (X3) Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente. (X4) A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente.

A concorrência é uma das dificuldades que estou enfrentando desde que abri o meu

próprio negócio.

(X5) Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio. (X1) O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio. (X2) O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade. (X3) Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente. (X4) A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente.

Considero que o acesso ao crédito é uma das barreiras para abrir um negócio.

(X5) Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio. (X1) O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio. (X3) Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente. (X4) A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para driblar o concorrente.

Um dos aspectos que estão dificultando manter o negócio no stand é a carga

tributária elevada.

(X5) Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio. (X1) O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio.

Para melhorar o desempenho do meu negócio é preciso diminuir a burocracia para adquirir

crédito e capital de giro. (X5) Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio.

Fonte: Dados da pesquisa (2008).

73

5 CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES DA PESQUISA E RECOMENDAÇÕES

A complexidade para entender o desenvolvimento do processo de

empreender e o empreendedorismo se deve ao fato de que os empreendedores não

são um grupo homogêneo, portanto, eles assumem formas diferentes, cada um com

suas características próprias e surgem em circunstâncias sociais diferentes.

No âmbito dos pequenos negócios, compreender esse processo parece ainda

tarefa mais complexa, tendo em vista que características econômicas,

govenamentais, comportamentais e sociais mencionadas como determinantes para

desencadear atividades empreendedoras e fatores que contribuem para a

permanência dos empreendimentos no mercado nem sempre são predominantes

entre os proprietários de pequenos negócios.

Nesta perspectiva, o objetivo geral deste estudo constituiu-se em identificar e

analisar quais são os principais fatores relacionados ao empreendedorismo que

influenciam a abertura de negócios pelos expositores de um stand em feiras

populares.

Da observação dos resultados obtidos pelo estudo junto aos expositores de

stands da Feiramais, alguns merecem destaque e considerações especiais, pois

ajudam a esclarecer o problema de pesquisa, bem como elucidam os objetivos do

presente trabalho.

Identificar junto aos sujeitos de pesquisa as principais dificuldades

enfrentadas no mercado de negócio até a abertura do novo negócio é o primeiro

objetivo específico deste trabalho. Entre as principais dificuldades encontradas foram

apontadas as transformações do mercado, que talvez reflitam na abertura de

oportunidades em determinado período, para formação de pequenos negócios; visto

que os itens seguintes mais apontados foram: crescimento econômico, diminuição

do número de empregos, escassez de vagas e grau de escolaridade,

respectivamente.

Com base nas respostas obtidas do questionário de pesquisa, é possível

apresentar alguns comentários sobre remuneração, riscos e experiência técnica e

prática adquirida antes de abrir o negócio.

74

Os expositores de stand, em sua maioria (78,57%), têm como única fonte de

remuneração os rendimentos obtidos no stand. No entanto, estão preocupados com

a questão financeira e têm outra fonte de remuneração, fazem “bico” para completar

a renda, trabalhos diversos como: venda de porta em porta e venda de carro.

Verificou-se, entretanto, que 13,33% dos expositores têm o stand como

complemento de salário, uma vez que exercem outra atividade em empresas

privadas, como secretária, funcionária pública e aposentado.

Identificou-se na pesquisa que 47,22% dos entrevistados da Feiramais são

formados por expositores que antes eram autônomos (25%) e desempregados

(22,22%).

É pertinente também falar sobre risco ao iniciar a atividade como

empreendedor, uma vez que 65,33% dos expositores de stands não conhecem os

riscos. Foram apontados falta de dinheiro e prejuízo, que talvez reflitam a

necessidade de desenvolvimento local. Assim, pode-se concluir que a falta de

dinheiro tem sido o fator mais crítico para os empreendedores.

Na ótica de experiência técnica e prática adquirida antes de abrir o negócio, o

conhecimento apreendido é aplicado por 58,67% dos expositores no stand.

Objetivamente, constatou-se que mesmo tendo a experiência apreendida, a maioria

buscou adquirir novos conhecimentos no Sebrae, Fiemg e Senac. Entretanto,

41,33% dos expositores de stand não reconhecem a aquisição de novos

conhecimentos como importante.

O segundo objetivo específico deste estudo foi verificar junto aos expositores

quais estratégias foram utilizadas por eles para abrirem o negócio próprio,

mapeando os elementos mais relevantes para impulsionar o negócio. Constatou-se,

com base nos resultados da pesquisa, que os expositores de stands utilizam e se

preocupam com elementos relevantes para melhorar o negócio como: o atendimento

e venda de produtos com qualidade, sendo estas as principais estratégias adotadas

por eles. Pode-se verificar, ainda, que eles percebem como importante a

diversificação de produtos para driblar o concorrente, criatividade, planejamento,

estabelecimento de metas, monitoramento e preços baixos.

Dessa forma, na visão dos entrevistados, os elementos mais importantes para

impulsionar o negócio são atendimento, venda de produtos de qualidade e

diversificação.

75

A busca de melhoria na qualidade de produtos é também uma das

características da empresa que se mantém empreendedora. Buscam-se, sempre,

melhor organização, melhor planejamento, melhor execução para atingir resultados

melhores.

Identificar os elementos que fortalecem o empreendedorismo entre os

expositores de stands de feiras populares, por meio de aquisição de um novo

empreendimento, é o terceiro objetivo específico. Os entrevistados concordam nos

seguintes aspectos quanto aos fatores para fortalecer o empreendedorismo: diminuir

a burocracia, independência financeira, falta de capital de giro, sonho/realização,

carga tributária elevada, responsabilidade, acesso ao crédito, carga horária de

trabalho, motivação e mercado do trabalho.

Entre as variáveis citadas como impulsionadoras para o fortalecimento do

empreendedorismo e importante para o sucesso na atividade empresarial, diminuir a

burocracia foi a mais forte delas para os empreendedores, que buscam o

desempenho do negócio (75,0%), enquanto independência financeira aparece em

74,6%.

A falta de capital de giro e a carga tributária elevada aparecem com mais

freqüência nos resultados, cujos expositores destacaram como maior dificultador

para o fortalecimento do empreendedorismo, em comparação aos outros fatores, o

mercado de trabalho, acesso ao crédito e falta de motivação.

Os expositores de stand acreditam que possuem, ainda, sonho/realização,

que são elementos fundamentais para fortalecer o empreendedorismo, observado

em 72,7% deles. Foi interessante constatar, considerando-se aqueles

empreendedores que participaram da pesquisa, que mesmo não estando em boas

condições no momento atual em relação ao desempenho do negócio e, em alguns

casos, não tendo perspectivas de crescimento e desenvolvimento, ainda assim

optaram por ser empreendedores com todos os seus riscos.

Ainda no tocante ao fortalecimento do empreendedorismo por meio da

aquisição de um negócio, verificou-se na pesquisa que menos da metade dos

expositores de stand (44,7%) abriu o próprio negócio por influências de parentes

amigos e de outras pessoas da comunidade.

Por fim, pode-se concluir que existe consistência e coesão entre os

expositores de stands em relação aos fatores que contribuem para o fortalecimento

76

do empreendedorismo. Os dados coletados permitiram inferir que esses fatores

estimulam a adquirir e aprimorar cada vez mais o desempenho do negócio.

Assim, ao se justaporem as percepções dos expositores de stands, conclui-se

que o trabalho alcançou os objetivos propostos, uma vez que atendeu ao objetivo

geral de identificar os principais fatores relacionados ao empreendedorismo que

influenciam a abertura de negócios pelos expositores de um stand em feiras

populares.

O estudo se limitou a analisar os expositores de stands da Feiramais. Sua

aplicação em outras feiras populares, sujeitas a condições de mercado mais ou

menos competitivas ou dinâmicas, pode apresentar resultados diferentes.

Como possibilidade de trabalhos futuros, espera-se que esta avaliação possa

servir de estímulo sobre o tema, em pesquisas com características distintas ou

mesmo que utilizem metodologias diferenciadas.

Diante dessas considerações, pode-se listar algumas recomendações para

futuras pesquisas sobre o tema investigado:

• Investigar aspectos relacionados às características comportamentais e

sociais de expositores de stands, subsidiando propostas de educação,

treinamento e desenvolvimento, bem como apontando os principais

entraves à expansão do empreendedorismo.

• Ampliar a aplicação do estudo realizado para outras feiras populares,

principalmente, um comparativo das administrações, e se essas feiras

passaram por alguma dificuldade e ações que foram implantadas para

resolução.

• Aprofundar o estudo, demonstrando-se a importância da formação de

capital de giro em organizações empreendedoras, sendo capital de giro

entendido como a capacidade de crescer, cooperar, de formar redes e de

regular seus conflitos democraticamente. Uma pesquisa futura poderia ser

voltada para o melhor entendimento da formação do capital giro num

ambiente que se pretende empreendedor.

Acredita-se que, para os interessados no tema, essas sugestões sejam

suficientes para aprofundar o conhecimento sobre o empreendedorismo em feiras

populares no contexto brasileiro dos pequenos negócios.

77

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82

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA OS EXPOSITORES DE STANDS Prezado Parceiro,

Gostaria de pedir-lhe para participar de uma pesquisa sobre empreendedorismo. Essa

pesquisa faz parte da minha dissertação de mestrado em Administração de Empresas. Sua opinião é muito importante. Peço-lhe que responda o questionário anexo, com sinceridade. Não existem respostas certas ou erradas. O que você marcar será analisado com total confidencialidade. Nenhum profissional será identificado na pesquisa.

Marque com um “X” a resposta que melhor traduz a sua opinião sobre as afirmações relacionadas no questionário. Escolha suas respostas considerando a realidade dos expositores de stand. Se, por qualquer motivo, você não souber ou não quiser responder uma questão, deixe-a em branco.

Obrigado pela sua colaboração. Alexandre Penido - Organização Feiramais Ltda.

1) Identificação a) Sexo � Masculino � Feminino b) Faixa Etária � Até 25 anos � De 26 a 30 anos � De 31 a 35 anos � De 36 a 40 anos � De 41 a 45 anos � Acima de 46 anos c) Formação acadêmica � Ensino fundamental (1º Grau) � Ensino médio ( 2º Grau) � Superior � Especialização � Outros. Explicitar:_______________ d) Qual o tempo como expositor de stand � Menos de 1 ano � De 1 a 4 anos � De 5 a 8 anos � Acima de 9 anos e) Você tem sócios no stand?

� Não � Sim f) A empresa é sua única fonte de remuneração? � Sim � Não Qual?___________________ g) Qual era sua atividade antes de montar o stand? � Estudante � Desempregado � Autônomo � Empregador em outra empresa � Empregado de empresa privada � Empregado de empresa pública � Outra. Qual?_______________ h) Antes de abrir, você tinha idéia dos riscos que iria correr ao iniciar suas atividades como empreendedor? � Não � Sim. Qual?____________________________________ i) Você tinha experiência técnica e prática para o tipo de serviço que sua empresa se propunha a prestar quando a mesma foi aberta? � Sim � Não j) Onde você conseguiu esse conhecimento? � Sebrae � Senac � Fiemg � Outros?_______________ 2) No quadro a seguir, são apresentadas algumas afirmações. Gostaria que você indicasse o seu grau de concordância com a mesma, marcando o nº que melhor expresse sua opinião.

83

CATEGORIAS

Nº PERGUNTAS

DISCORDO TOTALMENTE

DISCORDO NEM DISCORDO NEM

CONCORDO

CONCORDO CONCOROD TOTALMENTE

1

As transformações no mercado de trabalho provocam mudanças e abrem oportunidades para a formação de pequenos negócios.

1

2

3

4

5

2

A reestruturação com enxugamento dos quadros nas empresas contribuiu para abrir o meu próprio negócio.

1

2

3

4

5

3

Uma das minhas dificuldades enfrentadas no mercado de trabalho até a abertura do novo negócio foi a escassez de vagas.

1

2

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Uma das principais dificuldades enfrentadas por mim no mercado de trabalho até a abertura do novo negócio foi grau de escolaridade.

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O que dificultou a busca de uma oportunidade de trabalho no período em que fiquei sem uma ocupação profissional foi o crescimento econômico, com diminuição do número de empregos.

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O planejamento, estabelecimento de metas e monitoramento foram importantes para mim ao abrir o meu negócio.

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O que me diferenciou do concorrente foram o atendimento e venda de produtos com qualidade.

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Considero que os preços baixos são um diferencial para competir com o concorrente.

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A diversificação de produtos do meu stand é uma estratégia encontrada para “driblar “ o concorrente.

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Considero que a utilização de estratégia é um instrumento para que eu tenha novas idéias, facilitando o diálogo e a execução do meu negócio.

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Quando identifiquei a oportunidade para abrir o meu negócio, estava com vontade de realizar-me na vida.

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Buscar independência financeira foi o que motivou a abrir o próprio negócio.

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Eu abri o meu próprio negócio por influência de parentes, amigos e de outras pessoas da comunidade.

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Ter um negócio próprio aumentou a minha responsabilidade e carga horária de trabalho.

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A vontade de não estar sob o comando de um patrão foi o que motivou a abrir um novo negócio.

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16 A falta de emprego e a insatisfação me motivaram a abrir o meu próprio negócio.

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Uma das principais dificuldades que enfrentei para o funcionamento da empresa foi a falta de capital de giro.

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A concorrência é uma das dificuldades que estou enfrentando desde que abri o meu próprio negócio.

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19 Considero que o acesso ao crédito é uma das barreiras para abrir um negócio.

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Um dos aspectos que estão dificultando manter o negócio no stand é a carga tributária elevada.

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Para melhorar o desempenho do meu negócio é preciso diminuir a burocracia para adquirir crédito e capital de giro.

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