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7/21/2019 Felipe Melo. as 7 Maiores Mentiras Sobre o PL 5069 (Aborto) http://slidepdf.com/reader/full/felipe-melo-as-7-maiores-mentiras-sobre-o-pl-5069-aborto 1/3 01/11/2015 As 7 maiores mentiras sobre o PL 5069 | Felipe Melo https://felipeoamelo.wordpress.com/2015/10/31/as-7-maiores-mentiras-sobre-o-pl-5069/ 1/3 Felipe Melo  As 7 maiores mentiras sobre o PL 5069 31 DE OUTUBRO DE 201531 DE OUTUBRO DE 2015 / FELIPE MELO (https://felipeoamelo.files.wordpress.com/2015/10/norman‑rockwell‑the‑gossips‑1948.jpg) Normal Rockwell, The Gossips  (1948). A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados reuniu‑se no dia 21 de outubro para a discussão do Projeto de Lei nº 5069/2013 (http://www2.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra? codteor=1403755&filename=SBT‑A+1+CCJC+%3D%3E+PL+5069/2013), que visa a melhorar o atendimento a mulheres que foram vítimas de violência sexual e dar‑lhes melhor assistência médica, social e psicológica, especialmente em caso de gravidez. A aprovação do PL 5069 causou verdadeiro alvoroço no meio progressista, que reagiu inventando, distorcendo e mentindo sobre o projeto de lei. De modo a tornar as coisas mais claras, resolvi elencar as mentiras mais repetidas e explicar o que se esconde por trás delas. 1) O PL 5069 propõe um conceito de violência sexual que tira legitimidade da palavra da mulher Mentira. Hoje, o conceito de violência sexual, dado pelo art. 2º da Lei nº 12.845 (http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011‑2014/2013/Lei/L12845.htm), estabelece: “Considera‑se violência sexual, para os efeitos desta Lei, qualquer forma de atividade sexual não consentida.” A redação do PL 5069 propõe a seguinte alteração do referido artigo (grifo meu): Considera‑se violência sexual, para os efeitos desta Lei, as práticas descritas como típicas no Título VI da Parte Especial do Código Penal (Crimes contra a Liberdade Sexual), Decreto‑Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, em que resultam danos físicos e psicológicos . Alega‑se que esse esclarecimento altera substancialmente o conceito de violência sexual e que, portanto, significaria uma inaceitável restrição de direito de reparação às mulheres, como se a palavra da vítima de violência tivesse de ter chancela oficial para valer alguma coisa. Essa leitura é totalmente equivocada. O que o texto do projeto faz é dar maior apoio à mulher que sofra violência sexual, tanto para resguardar sua saúde física e psicológica, quanto para punir os responsáveis pela violência. Além disso, não há nenhuma dissonância entre essa sugestão e o que é já é apresentado pelo art. 1º da Lei 12.845, que, de acordo com a sugestão do PL 5069, permanecerá inalterado (grifo meu): Art. 1º Os hospitais devem oferecer às vítimas de violência sexual atendimento emergencial e multidisciplinar, visando o tratamento das lesões físicas e dos transtornos psíquicos decorrentes de violência sexual  , e encaminhamento, se for o caso, aos serviços de assistência social.  

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Desmacarando as mentiras sobre a PL 5069

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Felipe Melo

 As 7 maiores mentiras sobre o PL 5069

31 DE OUTUBRO DE 201531 DE OUTUBRO DE 2015 / FELIPE MELO

(https://felipeoamelo.files.wordpress.com/2015/10/norman‑rockwell‑the‑gossips‑1948.jpg)

Normal Rockwell, The Gossips (1948).A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados reuniu‑seno dia 21 de outubro para a discussão do Projeto de Lei nº 5069/2013(http://www2.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1403755&filename=SBT‑A+1+CCJC+%3D%3E+PL+5069/2013), que visa a melhorar oatendimento a mulheres que foram vítimas de violência sexual e dar‑lhes melhor assistênciamédica, social e psicológica, especialmente em caso de gravidez. A aprovação do PL 5069 causouverdadeiro alvoroço no meio progressista, que reagiu inventando, distorcendo e mentindo sobre oprojeto de lei. De modo a tornar as coisas mais claras, resolvi elencar as mentiras mais repetidas eexplicar o que se esconde por trás delas.

1) O PL 5069 propõe um conceito de violência sexual que tira legitimidade da palavra da mulher

Mentira. Hoje, o conceito de violência sexual, dado pelo art. 2º da Lei nº 12.845(http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011‑2014/2013/Lei/L12845.htm), estabelece:

“Considera‑se violência sexual, para os efeitos desta Lei, qualquer forma de atividade sexual nãoconsentida.” A redação do PL 5069 propõe a seguinte alteração do referido artigo (grifo meu):

Considera‑se violência sexual, para os efeitos desta Lei, as práticas descritas como típicas noTítulo VI da Parte Especial do Código Penal (Crimes contra a Liberdade Sexual), Decreto‑Lei nº2.848, de 7 de dezembro de 1940, em que resultam danos físicos e psicológicos.

Alega‑se que esse esclarecimento altera substancialmente o conceito de violência sexual e que,portanto, significaria uma inaceitável restrição de direito de reparação às mulheres, como se apalavra da vítima de violência tivesse de ter chancela oficial para valer alguma coisa. Essa leitura étotalmente equivocada. O que o texto do projeto faz é dar maior apoio à mulher que sofra violênciasexual, tanto para resguardar sua saúde física e psicológica, quanto para punir os responsáveispela violência.

Além disso, não há nenhuma dissonância entre essa sugestão e o que é já é apresentado pelo art. 1ºda Lei 12.845, que, de acordo com a sugestão do PL 5069, permanecerá inalterado (grifo meu):

Art. 1º Os hospitais devem oferecer às vítimas de violência sexual atendimento emergencial emultidisciplinar, visando o tratamento das lesões físicas e dos transtornos psíquicosdecorrentes de violência sexual , e encaminhamento, se for o caso, aos serviços de assistênciasocial.

 

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  s perm t r aten mento s mu eres que pr me ro enunc arem a v o nc asexual à polícia

Mentira. O próprio art. 1º da Lei 12.845, que não sofrerá qualquer alteração pela aprovação do PL5069, indica claramente que os serviços de saúde “devem oferecer às vítimas de violência sexualatendimento emergencial e multidisciplinar”. O PL 5069, inclusive, demonstra grande preocupaçãona identificação e punição do responsável pela violência sexual, tanto que sugere a seguintealteração ao art. 3º, III, da Lei 12.845 (grifos meus):

III – encaminhamento da vítima, após o atendimento previsto no art. 1º , para o registro deocorrência na delegacia especializada e, não existindo, à delegacia de polícia mais próximavisando a coleta de informações e provas que possam ser úteis à identificação do agressor e à

comprovação da violência sexual.3) O PL 5069 impede o acesso da mulher vítima de violência sexual à pílula do dia seguinte

Mentira. Não há qualquer dispositivo do PL 5069 que procure impedir a mulher de ter acesso àpílula do dia seguinte ou, conforme redação proposta pelo projeto, qualquer outro medicamentoou procedimento “com eficiência precoce para prevenir gravidez resultante de estupro”.

O motivo central para que essa mentira seja espalhada é a substituição, na Lei 12.845, do termo“profilaxia da gravidez”. No jargão médico, o termo “profilaxia” significa a utilização deprocedimentos, medicamentos e outros recursos à disposição para prevenir e evitar doenças. Aoutilizar o termo “profilaxia da gravidez”, a Lei 12.845 equipara a gestação de uma criança a umadoença, algo que, além de cientificamente despropositado, é de uma crueldade especialmentedesumana.

4) O PL 5069 proíbe o aborto não‑punível em caso de estupro

Mentira. A proposta de alteração dos arts. 126 e 128, inciso II, do Código Penal(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto‑lei/Del2848compilado.htm), feita pelo PL 5069, nãoexclui a possibilidade de aborto em caso de estupro. Uma comparação simples serve paraesclarecer isso.

Atualmente, o caput do art. 126 é assim definido:

Art. 126 – Provocar aborto com o consentimento da gestante.

O PL 5069 propõe a seguinte inclusão (grifo meu):

Art. 126‑A. Induzir ou instigar a gestante a praticar aborto ou ainda lhe prestar qualquer auxíliopara que o faça, ressalvadas as hipóteses do art. 128.

O art. 128, inciso II, é, atualmente, assim redigido:

Art. 128 – Não se pune o aborto praticado por médico:

II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou,quando incapaz, de seu representante legal.

O PL 5069 propõe a seguinte alteração (grifo meu):

Art. 128 – Não se pune o aborto praticado por médico:

II – se a gravidez resulta de estupro, constatado em exame de corpo de delito e comunicado àautoridade policial , e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,de seu representante legal.

A exigência de constatação de estupro por exame de corpo de delito próprio e comunicação àautoridade policial visa a garantir que não haverá qualquer tipo de abuso da lei em virtude de

lacunas causadas pela utilização de uma linguagem ambígua no dispositivo legal. Além disso, tempor objetivo coibir de maneira mais eficiente a violência contra a mulher, garantindo que oabusador seja identificado e punido, ou seja, que a impunidade seja combatida.

No entanto, é importante ressalvar que, objetivamente, não existe “aborto legal” no Brasil. Oaborto é crime no Brasil – o Código Penal é bastante explícito com relação a isso – e, sendo umcrime, não pode ser considerado um direito da mulher. O que existe, na verdade, é a ausência depunição para o crime de aborto em alguns casos – um deles sendo o de estupro. Portanto, dizer queo PL 5069 vai dificultar o “aborto legal” não é apenas uma imprecisão jurídica, mas umainvencionice deslavada.

5) O PL 5069 punirá os profissionais de saúde que realizarem aborto em caso de estupro ou quesimplesmente informarem à vítima de violência sobre procedimentos abortivos previstos em lei

Mentira. Como esmiuçado acima, as alterações propostas no Código Penal não buscam modificar,de qualquer forma, a legislação com relação ao aborto em caso de estupro. Também não háqualquer previsão no PL 5069 que impeça que profissionais de saúde informem a mulheres vítimade violência sexual sobre os procedimentos médicos a serem adotados em caso de constatadagravidez por estupro.

O que o PL 5069 busca é impedir com que o atendimento médico a vítimas de violência sexual sejaprestado de maneira desorganizada e caótica, algo que pode trazer danos gravíssimos – e, emalguns casos, até mesmo a morte – daquelas mulheres que foram vítima de estupro e, em

 

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  , .ainda mais os profissionais de saúde envolvidos nos cuidados a vítimas de violência sexual queseu papel é fundamental para que a mulher receba um tratamento mais humano e seguro.

6) O PL 5069 dá poder aos profissionais da saúde a estabelecerem quais medicamentos ourocedimentos são ou não abortivos

Mentira. A redação do PL 5069 propõe que seja acrescido ao art. 3º da Lei 12.845 um novoparágrafo, que estabelece:

§ 4º Nenhum profissional de saúde ou instituição, em nenhum caso, poderá ser obrigado aaconselhar, receitar ou administrar procedimento ou medicamento que considere abortivo.

O propósito desse parágrafo não é dar aos profissionais de saúde qualquer autoridade irrevogávelpara definir o que é ou não é abortivo, mas reforçar seu direito inalienável à objeção deconsciência. O Código de Ética Médica, por exemplo, assim prevê a objeção de consciência (grifomeu):

VII – O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar serviçosque contrariem os ditames de sua consciência  ou a quem não deseje, excetuadas as situaçõesde ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possatrazer danos à saúde do paciente.

7) O PL 5069 é uma agressão ao Estado laico, pois mistura valores religiosos e legislação

Mentira. Pode‑se analisar todos os textos já propostos do PL 5069, desde o primeiro projeto aosubstitutivo aprovado pela CCJC(http://www2.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_pareceres_substitutivos_votos;jsessionid=3DC09CA899B647054B82C574D9C61F39.proposicoesWeb1?

idProposicao=565882), bem como todos os argumentos e justificativas apresentados a favor doprojeto: não há nenhum ponto que seja minimamente religioso, ou que interfira na laicidade doEstado, ou que privilegie oficialmente um credo religioso em detrimento de outros. Qualquerargumentação no sentido de desmerecer o PL 5069 como sendo anti‑laico só pode ser tachadacomo uma peça de indesculpável desonestidade.

CONCLUSÃO

O Projeto de Lei nº 5069/2013, conforme substitutivo aprovado pela CCJC da Câmara dosDeputados, busca garantir um atendimento mais humano, mais digno e mais seguro paramulheres que tenham sido vítimas de violência sexual; busca também dar todo o apoio médico,social e psicológico que essas mulheres precisam para superar esse terrível trauma e levar osresponsáveis por esse covarde crime à justiça, identificando‑os e punindo‑os exemplarmente.

As críticas levantadas ao PL 5069 não se baseiam na redação do próprio projeto, mas emafirmações mentirosas feitas com base em interpretações puramente ideológicas do projeto de lei.

Basta uma procura rápida na internet para ver que praticamente todos os artigos de opiniãocontrários ao PL 5069 tentam atacá‑lo por ser uma proposição inicial de Eduardo Cunha,presidente da Câmara dos Deputados, ou por ter sido supostamente feito pela “bancadaevangélica” – e, portanto, uma abominação religiosa que tenta seqüestrar o Estado laico parainteresses mesquinhos em detrimento das vítimas de violência sexual.

Longe de representar um retrocesso na legislação brasileira com relação aos direitos da mulher, oPL 5069 visa a garantir justamente que esses direitos possam ser exercidos de maneira inequívoca,de modo que a mulher vítima de violência receba todos os cuidados de que precise. Ademais,

 busca garantir que esse direito não seja abusado por parte de pessoas mal‑intencionadas que,valendo‑se da ambigüidade na linguagem da atual legislação, possam cometer crimes contra avida dos mais frágeis de nossa sociedade: as crianças no ventre materno.

Política

Um comentário sobre “As 7 maiores mentiras sobre o

PL 5069”

1. cacareco

31 DE OUTUBRO DE 2015 ÀS 20:39Preciso, em um país onde até 50% das denúncias são falsas, prejudicando as vítimas reais, ipsufacto, e destruindo inocentes, está lei é um sopro de bom senso. Bons delegados já nãosuportam tanta denunciação caluniosa, e quem, de fato, sofreu violência não deve concorrercom gente mentirosa que usurpa a lei.

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