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FACULDADE DE SABARÁ CLEIDE APARECIDA ALVES FEMINICÍDIO, PODERÁ SER UMA CONSEQUÊNCIA DA INEFICÁCIA DA LEI MARIA DA PENHA? SABARÁ 2017

FEMINICÍDIO, PODERÁ SER UMA CONSEQUÊNCIA DA INEFICÁCIA … · Monografia apresentada à disciplina de Monografia II, 9° período, no Curso de Direito como requisito parcial para

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FACULDADE DE SABARÁ CLEIDE APARECIDA ALVES

FEMINICÍDIO, PODERÁ SER UMA CONSEQUÊNCIA DA

INEFICÁCIA DA LEI MARIA DA PENHA?

SABARÁ

2017

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CLEIDE APARECIDA ALVES

FEMINICÍDIO, PODERÁ SER UMA CONSEQUÊNCIA DA

INEFICÁCIA DA LEI MARIA DA PENHA?

Monografia apresentada à disciplina deMonografia II, 9° período, no Curso de Direitocomo requisito parcial para obtenção do títulode Bacharel em Direito.

Orientadora: Prof.ª. Cláudia Leite Leonel

SABARÁ

2017

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem ele nada

disso seria possível.

Aos meus pais, que me ensinaram os valores que carrego

comigo, levando-me a uma evolução contínua, e pelo exemplo

de vida.

E aos verdadeiros amigos com quem aprendo a cada dia ser

uma pessoa melhor.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida.

À Faculdade de Sabará, por todo ensinamento que me foi dado.

À minha mãe e ao meu pai, que sem eles nada disso

aconteceria.

Aos professores, que, com plenitude, repassaram seus

conhecimentos com carinho e atenção.

À orientadora Cláudia Leonel, que proporcionou

conhecimentos para a execução com êxito para apresentação e

formação desta Monografia.

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RESUMO

O presente trabalho vislumbra o estudo minucioso dos dispositivos da Lei13.104/2015, denominada de Lei do Feminicídio, que altera o artigo 121 do CódigoPenal Brasileiro e estabelece pena mais severa a quem cometer homicídio contramulheres em razão de gênero. Compete também ao presente estudo a análise daineficácia da Lei 11.340/2006, também conhecida como Lei Maria da Penha, umavez que, na maioria das vezes, o feminicídio ocorre por falhas nas medidasprotetivas estabelecidas nesta lei. Um dos maiores problemas sociais aindaexistentes no Brasil é a violência contra mulher, sendo que esta violência ocorrediariamente no seio das residências, causando danos físicos e psicológicos emvárias mulheres insanáveis.

Palavras chave: violência conta mulher, feminicídio, Lei Maria da Penha, ineficácia.

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LISTAS DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CSW - Comissão Sobre a Situação da Mulher

CEDAW - Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação

Contra a Mulher

ONU - Organização das Nações Unidas

CPMI - Comissão Parlamentar Mista de Inquérito

CP - Código Penal

LEP - Lei de Execuções Penais

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................7

1. CAPÍTULO I - 1.1 ORIGEM DA QUALIFICADORA FEMINICÍDIO...................…..9

1.2. MOTIVAÇÕES DO FEMINICIDIO.......................................................................12

CAPÍTULO II -2. 1 CRIMES DE FEMINICÍDIO..........................................................13

2.2QUALIFICADORA ................................................................................................15

CAPÍTULO III – 3.1 SOBRE FEMINICÍDIO …...........................................................16

3.2 CATEGORIA DE ASSASSINATOS DE MULHERES IDENTIFICADAS COMO

FEMINICÍDO .............................................................................................................18

CAPÍTULO IV- 4.1 LEGISLAÇÃO ............................................................................20

4.2 DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA MULHER ..............................................22

4.3 IMPACTOS IMPORTANTES E ESPERADOS COM A TIPIFICAÇÃO PENAL

…................................................................................................................................28

CAPÍTULO V- 5.1 A INEFICÁCIA DA LEI MARIA DA PENHA E AS FALHAS NA

SUA APLICABILIDADE............................................................................................29

5.2 ALGUNS CASOS IMPORTANTES DE VIOLÊNCIA CONTRA A

MULHER ...................................................................................................................33

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................37

REFERÊNCIAS.….....................................................................................................39

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INTRODUÇÃO

Constantemente ganha destaque na mídia nacional alguma notícia sobre violência

doméstica, vitimando inúmeras mulheres. A Lei Maria da Penha trouxe mecanismos

inovadores com a intenção de acabar com tal violência. Destacam-se, as medidas

acautelatórias de urgência, insculpidas no artigo 22 e seguintes, cuja finalidade é

estancar a violência doméstica e familiar contra a mulher com mecanismos rápidos

que possam imobilizar a ação do infrator.

Ocorre que com a grande quantidade de casos de violência contra mulher que ainda

existe, leva a sociedade e a comunidade jurídico acadêmica questionarem a eficácia

da Lei Maria da Penha, principalmente no que tange a aplicabilidade desta lei, a

ação penal competente e os objetivos a serem alcançados com ela.

Portanto, constitui objetivo geral deste trabalho a análise da aplicabilidade da Lei

Maria da Penha e sua eficácia, analisando a necessidade da elaboração da Lei do

Feminicídio, uma vez que com a introdução desta lei, por meio da Lei Federal nº

13.104 de 09 de Março de 2015, houve a alteração do art. 121 do Código Penal,

incluindo o feminicídio nas circunstâncias qualificadoras do crime de homicídio, mais

especificadamente no § 2º, inciso VI do referido artigo, bem como no rol dos crimes

hediondos, previstos pelo art. 1º, inciso I, da Lei Federal nº 8.072 de 25 de Julho de

1990.

O presente trabalho expõe a conceituação de gênero e sua relevância para a

constitucionalidade da Lei do Feminicídio e da Lei Maria da Penha, no que tange ao

Princípio da igualdade de gêneros.

A lei do feminicídio foi criada devido ao grande aumento da violência contra a

mulher, existem pesquisadores que entendem que caso a aplicabilidade mais eficaz

da Lei Maria da Penha , dispensaria a criação dessa qualificadora com penas mais

severas devido a isso foi abordado, de forma detalhada, a disposição das medidas

protetivas na Lei, criadas para trazer à mulher providência jurisdicional dos direitos

que lhe são devidos, que se encontram dividas entre as que estão dispostas a ela e

aquelas que obrigam o agressor.

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Justifica-se o presente trabalho nos constantes questionamentos levantados no meio

jurídico acerca da eficácia da necessidade de elaborar a Lei do Feminicídio sendo

que já existe a Lei Maria da Penha. Há muitos juristas que pontuam que se a Lei

Maria da Penha fosse aplicada como deveria, não haveria a necessidade da

elaboração da Lei do Feminicídio.

A metodologia utilizada na elaboração do presente trabalho foi o de análise

bibliográfica, que consiste na exposição do pensamento de vários autores que

escreveram sobre o tema escolhido, foi utilizado como apoio e base contribuições de

diversos autores sobre o assunto em questão, por meio de consulta a livros,

periódicos e artigos.

O trabalho se divide em cinco capítulos. No primeiro há uma exposição da origem do

feminicídio e abordando sua motivação.

No segundo capítulo há uma exposição do feminicídio como crime e sua evolução

até se tornar uma qualificadora do crime de homicídio.

No terceiro capítulo há a conceituação do feminicídio e a exposição das categorias

de assassinatos de mulheres identificadas como feminicídio.

No quarto capítulo contém a legislação que trata do feminicídio e da violência contra

mulher, a definição de violência contra mulher e uma explanação dos impactos

importantes esperados com a tipificação penal do feminicídio.

E por fim, no capítulo cinco consta a exposição de alguns casos importantes de

violência contra a mulher que foram destaque na mídia nacional nos últimos anos e

uma explanação sobre a ineficácia da Lei Maria da Penha e as falhas na sua

aplicabilidade.

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CAPÍTULO I

1.1 ORIGEM DA QUALIFICADORA FEMINICÍDIO

Desde os primórdios da sociedade ocorrem mortes violentas de mulheres por razões

de gênero, sendo este um acontecimento de nível global. Tais mortes, na maioria

das vezes, são toleradas por sociedades e justificadas por culturas e tradições de

países que têm como natural esta situação.

No entanto, não há que dirimir a plenitude deste ato, porém chega-se a conclusão

de que as mulheres vivenciam situações que as deixam em extrema vulnerabilidade

social, tendo em vista a ocorrência de mortes em razões de gênero.

Movimentos de mulheres e feministas começaram, a partir dos anos 80, a atuar,

nacional e internacionalmente na tentativa de igualar, isonomicamente, os direitos

das mulheres aos dos homens, contribuindo para que a discussão do tema da

violência contra as mulheres chegasse até a Comissão de Direitos Humanos da

ONU – Organização das Nações Unidas. Após isto, provocou-se o surgimento de

uma nova pauta com o objetivo de evidenciar todas as manifestações de violências

baseadas no gênero, denunciando o problema social e considerando este tema uma

violação dos direitos humanos. Houve um grande avanço social após a adoção

destas medidas, porém, a realidade ainda está muito distante do ideal, as mulheres

ainda sofrem com vários tipos de violências cotidianamente.

Os movimentos de mulheres feministas têm cobrado de governos em vários países

atitudes mais enérgicas para combater a violência contra mulheres. De todas as

formas de violência, a morte de mulheres em razão de gênero é a mais grave e

necessita de atenção especial dos governantes em relação ao combate a esta

violência.

Ao longo dos anos, medidas foram tomadas com o objetivo de sanar o problema,

conforme se verifica na Convenção da ONU para Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação contra a Mulher, também denominada de Convenção de CEDAW,

elaborada em 1979 e na Convenção Interamericana para Prevenir Punir e Erradicar

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a violência contra a Mulher, também conhecida como Convenção de Belém do Pará,

elaborada em 1994, sendo que esta última foi elaborada objetivando complementar

a primeira, tornando-se assim uma poderosa arma para os movimentos feministas.

Após a ratificação da Convenção de Belém do Para, em 1994, movimentos

feministas em todo o Brasil introduziram em suas agendas a reivindicação de

alteração nas leis nacionais com o objetivo de confrontar a violência contra as

mulheres.

No entanto, a quantidade de mulheres que foram mortas em muitos países que

ratificaram a Convenção de Belém do Para nos idos anos 2000 ascendeu a sinal de

alerta nos governantes e movimentos feministas acarretando em novas mobilizações

com o objetivo de reconhecer que as mortes eram decorrentes de razões de gênero

e a urgente necessidade de elaboração de legislação para combater o problema.

Dessa forma, 14 países entre a América do Sul e América Central nos anos

compreendidos entre 2007 e 2013, realizaram alterações em seus ordenamentos

jurídicos e criaram políticas com a finalidade de combater o feminicídio,

incorporando na legislação penal, qualificadoras e agravantes.

Portanto, esta é a origem da qualificadora feminicídio, que nada mais é a

denominação de mortes violentas de mulheres em razão de gênero. A elaboração de

leis e toda a movimentação política e social realizada por grupos feministas nos

últimos anos servem como estratégia para conscientizar os entes federativos e a

sociedade acerca da ocorrência e da continuidade desse grave problema na

sociedade, tendo como objetivo principal o combate à impunidade criminal nesses

casos, e a promoção dos direitos das mulheres, estimulando a adoção de políticas

de combate e prevenção à violência contra a mulher em razão de gênero.

A princípio, a formulação da lei pela comissão definia feminicídio como a medida

extrema de violência de gênero que resultava nas mortes das mulheres, a redação,

no entanto, sofreu algumas modificações quando tramitou na Câmara dos

Deputados e no Senado e na sua aprovação no Congresso Nacional, sofreu pressão

de alguns parlamentares da bancada religiosa. Como resultado dessa pressão a

palavra “gênero” foi extraída da redação da lei. O que é importante é sempre

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entender quais são as desigualdades que afetam e contribuem para que as mortes

extremamente violentas aconteçam e como é a essencialidade para que possa

aplicar claramente a lei principalmente para que a mesma atue também como forma

de prevenção.

Lembrando que gênero se refere aos papéis, a comportamentos, atividades, atitudes

que são determinadas como adequadas pela sociedade e que distingue homens e

mulheres.

A necessidade em criar uma lei específica no Brasil, que possa prevenir e punir o

feminicídio segue orientações de organizações internacionais, tais como a Comissão

sobre a situação da Mulher (CSW) e o Comitê sobre a Eliminação de todas as

Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW), todos os dois da ONU. A

inclusão da tipificação do feminicídio foi muito solicitada pelos movimentos

feministas, ativistas, de certo ponto também para responsabilizar e fomentar a

responsabilidade do Estado.

A Lei de Feminicídio foi elaborada a partir de uma orientação da CPMI que inquiriu a

violência contra as mulheres no Brasil, no período de março/2012 a julho/ 2013.

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1.2 MOTIVAÇÕES DO FEMINICÍDIO

O feminicídio está ligado diretamente a condição de ser do sexo feminino, levando

os mais habituais motivos como, por exemplo, sentimentos como o ódio, intolerância

e desprezo. São variados os tipos de sentimentos negativo que motivam a pratica do

feminicídio, a perda de controle quando o agressor começa a tratar a mulher como

sua propriedade também está ligada diretamente à motivação da prática desse

crime. E recorrente o fato do homem achar que a mulher é sua propriedade, em

muitos países ainda ocorre isto, sendo recorrente também no Brasil.

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CAPÍTULO II

2.1 CRIMES DE FEMINICÍDIO

Para entendermos o que é a qualificadora feminicídio, iremos, a princípio, entender

como funciona, quando ocorre e quando utilizaremos essa qualificadora.

Crime é um fato típico, antijurídico e punivelmente culpável. Encontraremos no

Código Penal Brasileiro, na Parte Especial, mais precisamente no Título I - Dos

crimes contra a pessoa, Capítulo I – Dos crimes contra a vida.

São citados neste capítulo quatro crimes contra a vida, sendo eles: homicídio,

auxilio, induzimento ou instigação ao suicídio, infanticídio e aborto.

Estes crimes são todos julgados pelo tribunal do júri, porque a Constituição Federal

em seu artigo 5º, inciso XXXVIII, prevê que o Tribunal do Júri julgue os crimes

dolosos contra a vida salvo o homicídio culposo.

No artigo 121, do Código Penal, está disposto que: “Matar alguém, pena de

reclusão, de seis a vinte anos.”

Conceituando que matar alguém é a eliminação ou ceifação do direito da vida

humana, praticado por outra pessoa, sendo este o sujeito passivo qualquer pessoa

após o nascimento e desde que esteja vivo. O sujeito ativo também pode ser

qualquer pessoa.

O homicídio pode ser privilegiado, artigo 121 § 1º Código Penal, e qualificado, artigo

121, §2º.

Homicídio simplesArt. 121. Matar alguém:Pena - reclusão, de seis a vinte anos.Caso de diminuição de pena§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valorsocial ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida ainjusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a umterço.Homicídio qualificado

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§ 2° Se o homicídio é cometido:I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;II - por motivo fútil;III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meioinsidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recursoque dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem deoutro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos.FeminicídioVI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 daConstituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacionalde Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, oucontra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceirograu, em razão dessa condição:Pena - reclusão, de doze a trinta anos.§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando ocrime envolve:I - violência doméstica e familiar;II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

O homicídio privilegiado é aquele que, em virtude de certas circunstâncias

subjetivas, conduzem a uma menor reprovação social da conduta de matar alguém

e, por este motivo, a pena é atenuada, ou seja, reduzida.

Já o homicídio qualificado é aquele que tem sua pena majorada, ou seja,

aumentada. Diz respeito aos motivos determinantes do crime e aos meios de

execução, reveladores de maior periculosidade ou perversidade do agente.

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2.2 QUALIFICADORA

Qualificadoras são ações que causam o aumento da contagem da pena pode se

dizer também que pode ser agravantes da pena. A qualificadora altera a pena base,

como por exemplo: a pena base do crime de homicídio é de 6 a 20 anos, com a

aplicação da qualificadora feminicídio, o crime será qualificado e a pena passa a ser

12 a 30 anos. Essa variação modifica com cada ação, forma ou condição do crime.

Normalmente as qualificadoras estão explícitas no Código Penal.

A qualificadora poderá ser usada mais de uma vez na conduta típica do agente,

podendo ser aplicada duplamente ou até mesmo triplamente. O que não poderá

ocorrer é a aplicação das mesmas duas vezes, pois isso configura “bis in idem”, que

é um fenômeno que ocorre quando a repetição de uma mesma sanção a um

determinado fato.

As qualificadoras podem ser objetiva e subjetivas, sendo as objetivas vinculadas a

maneira da execução de um crime e as qualificadoras subjetivas ligadas diretamente

a o que motivou o crime.

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CAPÍTULO III

3.1 SOBRE O FEMINICÍDIO

Feminicídio é a expressão usada para denominar as mortes violentas de mulheres

pela sua condição de ser mulher, ou seja, em razão de gênero, simplesmente por

ser do sexo feminino. Esse conceito foi usado pela primeira vez na década de 1970,

porém esse termo foi mais comumente usado nos anos 2000 no continente latino-

americano em consequência de mortes de mulheres ocorridas no México.

Ele está ligado direto à mulher, é a morte de uma mulher na sua condição de ser do

sexo feminino, ele se configura quando é comprovada que a sua causa é a questão

do gênero. O feminicídio também pode ser considerado uma repulsa contra tudo que

esteja ligado ao feminino.

Para entender melhor o presente trabalho estudaremos primeiro em que consiste e o

que é realmente feminicídio.

Logo, de acordo com o Código Penal Brasileiro, feminicídio é “o assassinato de uma

mulher cometido por razões da condição de sexo feminino”, isto é, quando o fato

envolve: “violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição

de mulher”.

O feminicídio é a ponta do iceberg. Não podemos achar que acriminalização do feminicídio vai dar conta da complexidade do tema. Temosque trabalhar para evitar que se chegue ao feminicídio, olhar para baixo doiceberg e entender que ali há uma série de violências. Precisamos ter umolhar muito mais cuidadoso e muito mais atento para o que falhouComissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre Violência contra a Mulher(Relatório Final, CPMI-VCM, 2013)

Ele está ligado direto à mulher, é a morte de uma mulher na sua condição de ser do

sexo feminino. O feminicídio configura-se quando é comprovada que a sua causa é

a questão do gênero. O feminicídio também pode ser considerado uma repulsa

contra tudo que esteja ligado ao feminino.

O termo feminicídio não pode ser confundido com o termo femicídio, mas ambos

podem expressar o mesmo conceito, porém foram usados em momentos distintos

da evolução histórica deste conceito.

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O feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo homem: ocontrole da vida e da morte. Ele se expressa como afirmação irrestrita deposse, igualando a mulher a um objeto, quando cometido por parceiro ouex-parceiro; como subjugação da intimidade e da sexualidade da mulher,por meio da violência sexual associada ao assassinato; como destruição daidentidade da mulher, pela mutilação ou desfiguração de seu corpo; comoaviltamento da dignidade da mulher, submetendo-a a tortura ou a tratamentocruel ou degradante.”,Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre Violência contra aMulher (Relatório Final, CPMI-VCM, 2013)

Feminicídio é a morte de mulheres por razões de gênero sendo considerados como

crimes sexistas, uma vez que o sexo das vítimas é determinante para sua

ocorrência.

Resumindo, a categoria do femicídio permite tornar patente que muitos

casos de mortes não naturais em que as vítimas são mulheres não são

fatos neutros nos quais o sexo do sujeito passivo é indiferente, mas ocorre

com mulheres precisamente por que são mulheres, como consequência da

posição de discriminação estrutural que a sociedade patriarcal atribui aos

papéis femininos (COPELLO, 2012, p. 122).

Em regra não há no que se falar de crimes de feminicídio sem considerar a sua

condição de sexo, deixando de considerar somente a condição de gênero.

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3.2. CATEGORIA DE ASSASSINATOS DE MULHERES

IDENTIFICADAS COMO FEMINICÍDO

O feminicídio possui várias características sendo elas íntima, não íntima, infantil,

familiar, por conexão, sexual sistêmico, por prostituição, por tráfico de pessoas, por

contrabando de pessoas, transfóbico, lebsfóbico, racista e por mutilação genital

feminina.

A seguir enumeraremos algumas das principais classificações, razões do feminicídio

empregadas para tratar e reconhecer as suas modalidades.

1) Feminicídio íntimo: quando existe diretamente uma relação de amor, carinho,

afetuosidade ou até mesmo grau de parentesco, ou relacionamento interpessoal

entre a vitima e o agressor, como por exemplo, companheiros, namorados, maridos,

sendo este relacionamento atual ou passado. Está diretamente ligado aos crimes

passionais.

2) Feminicídio não íntimo: quando não existe nenhum grau de parentesco, não

existe nenhum sentimento afetuoso, mas sim se caracteriza por existir a violência, a

agressão e o abuso sexual da vítima.

3) Feminicídio por conexão: esse tipo de violência acontece, quando uma mulher

interfere em algum determinado conflito onde o agressor tem a intenção de matar a

outra mulher, encontrava-se no meio do conflito, ou tentaram impedir a agressão a

uma terceira, mas por um descuido acaba matando outra, desse modo ocorre de

acordo com o nosso código penal o “erro in persona”. Neste tipo não é necessário a

existência de algum vínculo entre a vítima e o agressor.

4) Transfóbico e lesbofóbico: o transfóbico é a morte de uma mulher transgênero

ou transexual, no qual o agressor mata a vítima por sua condição ou identidade de

gênero transexual, ou por ódio ou rejeição.O lesbofóbico é a morte de uma mulher

pela sua condição de mulher lésbica, ou por ódio ou rejeição a sua orientação

sexual.

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5) Infantil: quando ocorre a morte de uma menina com a idade inferior a quatorze

anos de idade, cometida no âmbito de uma convivência de confiança, poder de uma

pessoa adulta com responsabilidades com a menor.

6) Familiar: morte de uma pessoa do sexo feminino no ambiente doméstico e

familiar, desde que a mesma possua algum grau de parentesco com o seu agressor.

Este grau de parentesco pode ser por afinidade, consanguíneo ou por adoção.

7) Sexual sistêmico: este tipo de característica ocorre quando a mulher é

primeiramente sequestrada torturada e ou estuprada, podendo existir em duas

modalidades : o sexual sistêmico desorganizado, quando a morte das vítimas está

diretamente ligadas a estupro, tortura ou sequestro. Entende-se que os agentes

ativos matam a vítima num período de um determinado tempo. Já o sexual sistêmico

organizado é quando os agentes previamente e de uma forma organizada como

intuito de cometer feminicídio

8) Por prostituição ou ocupações estigmatizadas: são as mortes das mulheres

que trabalham como prostitutas e/ou outras ocupações similares, estas mortes

podem ser cometidas por um ou vários indivíduos.

9) Por tráfico de pessoas: são mortes que ocorrem quando existe o tráfico de

pessoas. Entendemos como tráfico “o recrutamento, transporte, transferência,

alojamento, usando de ameaça ou força física, coagir ou raptar com fins de obter

vantagem, explorar ou praticar atos análogos à escravidão.

10) Por contrabando de pessoas: mortes que ocorrem no período em que a

mulher se encontra sobre a situação de entrada ilegal a um país.

11) Racismo: morte de uma mulher por ódio, ou rejeição, por causa de sua origem

étnica, racial.

12) Por mutilação genital feminina: a morte ocorre em decorrência da mutilação

genital de uma mulher ou menina.

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CAPÍTULO IV

4.1. LEGISLAÇÃO

O texto da lei é claro quanto a condição do sexo feminino, é um texto pequeno com

apenas 3 artigos:

Art. 1o O art. 121 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -Código Penal, passa a vigorar com a seguinte redação:“Homicídio simplesArt. 121. ........................................................................Homicídio qualificado§ 2o ................................................................................FeminicídioVI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando ocrime envolve:I - violência doméstica e familiar;II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.Aumento de pena§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metadese o crime for praticado:I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta)anos ou com deficiência;III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.” (NR)Art. 2o O art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, passa a vigorarcom a seguinte alteração:“Art. 1o .........................................................................I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupode extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídioqualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV, V e VI);...................................................................................” (NR)Art. 3o Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.

Esta qualificadora surgiu com a não eficácia da lei 11.340/2006, mais conhecida

como “Lei Maria da Penha”, no ano de 2015, com uma alarmante taxa de 4,8

assassinatos em cada 100 mulheres, o nosso país estava com um alto índice de

homicídios femininos, o Brasil ocupa o quinto lugar, comparado em 83 nações, esta

informação nos é fornecida pelos dados do Mapa da Violência de 2015

(Cebela/Flacso).

“O Mapa da Violência 2015 (Cebela/Flacso) é uma referência sobre o temae revelou que, entre 1980 e 2013, 106.093 brasileiras foram vítimas deassassinato. Somente em 2013, foram 4.762 assassinatos de mulheresregistrados no Brasil – ou seja, aproximadamente 13 homicídios femininosdiários.”

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O livro Invisibilidade Mata, do Instituto Patricia Galvão, lançado no dia 30 de março

de 2017, remete a questão da importância da criação desta qualificadora, “o

assassinato de mulheres em contextos marcados pela desigualdade de gênero

recebeu uma designação própria: feminicídio. No Brasil, é também um crime

hediondo desde 2015. Nomear e definir o problema é um passo importante, mas

para coibir os assassinatos femininos é fundamental conhecer suas características

e, assim, implementar ações efetivas de prevenção.

O crime de feminicídio está previsto na legislação brasileira, desde 2015 e alterou o

artigo 121 do Código Penal, ele prevê e o feminicídio como qualificadora, deste

modo a morte de mulheres cometidos por causa de sua condição de mulher, ou seja

sexo feminino, é quando o crime circunda “violência doméstica e familiar e/ou

menosprezo ou discriminação à condição de mulher”.

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4.2 A DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA MULHER

O que define violência doméstica contra a mulher por sua vez está descrito na lei

Maria da Penha (Lei nº 11.340), em seu artigo 5º.

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiarcontra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhecause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral oupatrimonial:I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço deconvívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive asesporadicamente agregadas;II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada porindivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laçosnaturais, por afinidade ou por vontade expressa;III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva outenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independemde orientação sexual.

Para que seja configurada a violência é necessário que a ação ou omissão aconteça

na relação doméstica ou familiar, ou em razão da relação de afinidade, uma vez que

o agressor tenha que ter convivido ou conviver atualmente com a vítima, sem haver

necessariamente a coabitação. Desta forma, não há na legislação a obrigação do

agressor morar com a vítima para configurar a violência doméstica ou familiar,

apenas o fato de agressor e vítima manter ou já terem mantido um vínculo é capaz

de configurar a violência ora comentada.

O artigo 7º, da lei Maria da Penha, separa a violência doméstica em cinco modelos a

seguir delineados, são eles: violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.

Com base nesse preceito passa-se à análise de cada um desses modelos.

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entreoutras:I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda suaintegridade ou saúde corporal;II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe causedano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique eperturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suasações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilânciaconstante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização,exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhecause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja apresenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada,mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a

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comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que aimpeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force aomatrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação,chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício deseus direitos sexuais e reprodutivos;IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configureretenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos,instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ourecursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suasnecessidades;V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configurecalúnia, difamação ou injúria.

A seguir enumeraremos mais alguns tipos de violência:

1)Violência Física - Artigo 7º, inciso I - a violência física, entendida como qualquer

conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal.

Independentemente de a agressão deixar lesões aparentes, a simples utilização da

força agredindo a integridade, o corpo ou a saúde da mulher configura a violência

física. A violência física pode acarretar em marcas ou hematomas, facilitando sua

identificação. Compreende-se também como sintomas da violência física o estresse

crônico que se exterioriza em enxaquecas, distúrbios no sono fadiga crônica ou até

dores nas costas.

O caput do artigo 129 do Código Penal Brasileiro vislumbra a proteção jurídica da

saúde corporal e integridade física e classifica os atos atentatórios a este bem

jurídico como lesão corporal. O Código Penal já qualificava a lesão corporal

proveniente de violência doméstica desde 2004, quando a Lei 10.886/2004 inseriu o

parágrafo 9º ao artigo 129 do Código Penal, com a seguinte redação:

Lesão corporalArt. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:Pena - detenção, de três meses a um ano.(...)§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou,ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação oude hospitalidade:Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

No entanto, com o advento da Lei Maria da Penha, houve a alteração da pena desse

crime, diminuindo a pena mínima e aumentando a pena máxima, que passou de seis

meses a um ano, para três meses a três anos.

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2)Violência Psicológica - Artigo 7°, inciso II - a violência psicológica, entendida

como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima

ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou

controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,

constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante,

perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação

do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde

psicológica e à autodeterminação.

Compreende-se como violência psicológica a configurada na agressão emocional

em proporcionalidades iguais ou até mesmo mais grave que a física. O fato típico

está consumado quando o autor deste delito ameaça, rejeita, humilha ou discrimina

a ofendida, com o objetivo de vê a vítima com medo, inferiorizada e reduzida.

A desigualdade de gênero dá mais força a este tipo de violência. Este é o tipo de

violência mais frequente e o menos denunciado. A ofendida, na maioria das vezes,

não sabe que violência verbal, silêncios prolongados, tensões, manipulações de atos

e desejos configuram violência psicológica e não só podem, mas como devem ser

denunciados. A caracterização do dano psicológico independe de confecção de

laudo técnico ou realização de perícia. Se sua ocorrência for reconhecida pelo juiz, é

admissível medida de urgência para a concessão de medida protetiva.

A violência psicológica não atinge apenas a vítima diretamente. Ela afeta a todas as

pessoas que convivem com esta situação, como exemplo podemos citar os filho que

presenciam e a violência entre os pais, sendo este uma das grande causas da

violência contra as mulheres se perpetuarem na sociedade, uma vez que a criança

ao ver cenas de violência em casa, certamente achará normal e reproduzirá tais atos

com sua irmã, com suas colegas de escola e futuramente com sua namorada,

companheira ou esposa.

3)Violência Sexual - Artigo 7°, inciso III - a violência sexual, entendida como

qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação

sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a

induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a

impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à

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gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou

manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e

reprodutivos.

Consiste em violência sexual qualquer ato ou tentativa de se obter relação sexual

usando de força, violência ou coerção, exterioriza-se em comentários ou

investidas indesejados pelas mulheres. Estes atos podem ocorrer até mesmo no

seio do casamento e também em outros tipos de relacionamentos. Este tipo de

violência é mais difícil de ser identificada pelo fato dos agressores serem, na maioria

das vezes, cônjuges, companheiros ou namorados.

A violência sexual pode ocorrer em atos variados e em diferentes cenários. Para

exemplificar cita-se o estupro durante o casamento ou namoro; quando a mulher se

nega a usar anticoncepcionais ou utilizar de artifícios que a proteja de doenças

sexualmente transmissíveis; quando ela é forçada a cometer aborto; e por fim atos

de violência contra a integridade sexual dela como a mutilação da genital e exames

que a obriguem provar sua virgindade.

Estas agressões causam nas vítimas, na maioria das vezes, vergonha, medo e

culpa, fazendo com que elas ocultem o ocorrido. Algumas sentem tanto que as

vezes até cometem suicídio por não aguentarem conviver com o trauma.

Ocorre que a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência

Doméstica acabou por reconhecer a violência sexual como uma forma de violência

contra a mulher. Mesmo assim, houve resistência na doutrina e na jurisprudência

conservadora em aceitar a ocorrência de violência sexual nos laços familiares. O

pensamento enraizado na sociedade era de colocar o exercício sexual como dever

do casamento, portanto, sempre se legitimou a insistência do homem como se ele

tivesse um direito garantido a ser exercido. Há até uma expressão denominada

“débito conjugal” que legitima a ideia da mulher ter que se submeter às relações

sexuais do relacionamento.

4)Violência Patrimonial - Artigo 7°, inciso IV - a violência patrimonial, entendida

como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou

total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores

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e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas

necessidades;

É a prática de subtrair pertences da mulher, sendo pura e simplesmente um furto.

Visto que, se subtrair para si coisa alheia móvel, constitui o delito de furto. Sendo a

mulher a vítima e tendo um vínculo de afetividade com o autor do delito resta

configurado a violência patrimonial. A violência patrimonial também estará

configurada no que diz respeito à apropriação indébita e ao delito de dano. Constitui

violência patrimonial “apropriar” e “destruir”, sendo estes, verbos utilizados pelo

Código Penal para caracterizar tais crimes. Praticados em desfavor da mulher, no

seio de uma ordem familiar, o crime não está desconfigurado e muito menos fica

sujeito à representação.

5)Violência Moral - Artigo 7º, inciso V - a violência moral, entendida como qualquer

conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

Configura-se violência moral quando o autor do delito pratica atos que estão

tipificados como crimes contra a honra, quais sejam: calúnia, difamação e injúria. O

bem jurídico que esta tipificação penal visa proteger é a honra, porém constitui

objeto de nosso estudo quando este delito é praticado no seio familiar em

decorrência de vínculo entre autor e vítima, configurando-se assim a violência moral.

Ocorre a calúnia quando o fato atribuído pelo agressor à vitima é definido como

crime. Na prática da injúria não há atribuição de fato determinado, porém na

difamação há atribuição de fato ofensivo à reputação ou boa fama da vítima. A

calúnia e a difamação atingem a honra objetiva; a injúria atinge a honra subjetiva. A

calúnia e a difamação consumam-se quando terceiros tomam conhecimento da

imputação; a injúria consuma-se quando o próprio ofendido toma conhecimento da

imputação.

É pacífico o entendimento de que a violência não se consuma somente na forma

físico, uma vez que somente a sua visibilidade pode ser mais evidente nessa forma.

Observa-se que violências como omissão, ironia e indiferença não recebem da

sociedade as mesmas restrições, punições ou limites, que os atos de violência

físicos recebem. Contudo, esses artifícios que agridem de forma psicológica e

emocional podem gerar danos muito mais profundos que os da violência física que

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agridem e ferem o corpo, posto que a violência psicológica atinge um valor precioso

do ser humano, qual seja, a autoestima.

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4.3 IMPACTOS IMPORTANTES ESPERADOS COM A TIPIFICAÇÃO

PENAL

Com a introdução da Lei do Feminicídio na legislação brasileira é esperado a

visibilidade para conhecer melhor a dimensão e o contexto da violência contra as

mulheres, estará mais a mostra a questão quantitativa das mortes ou tentativas de

homicídio de mulheres. Identificando também as dificuldades para melhor

compreender a extensão da violência mais distante contra as mulheres, espera-se

também que a lei venha como um mecanismo para reprimir a impunidade, não só no

campo do Direito, mas em toda sociedade, que sempre direciona a culpa pela

prática do crime em que perdeu a vida. Espera de uma forma organizada por

vislumbrar com exatidão os modos que ocorrem e com que frequência é cometido

este delito.

A Lei de feminicídio é taxativa e o crime foi adicionado no rol dos crimes hediondos.

A sanção prevista neste caso é de reclusão de 12 a 30 anos.

O feminicídio é considerado um crime hediondo, conforme se verifica no art. 2º da

Lei 13.104/15 (Lei do Feminicídio), que altera o artigo 1º da Lei 8.072/90 (lei dos

crimes hediondos) incluindo neste rol o homicídio qualificado do inciso VI, do § 2º, do

art. 121 do CP, qual seja, o feminicídio. Dessa forma, resta comprovado que o

feminicídio é um crime hediondo.

Art. 2º - O art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, passa a vigorarcom a seguinte alteração:“Art. 1º .........................................................................I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo deextermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado(art. 121, § 2o, I, II, III, IV, V e VI);

Tendo em vista o Princípio da Irretroatividade da Lei mais Gravosa, essa nova regra

acerca do feminicídio ser considerado crime hediondo não se aplica aos casos

acontecidos antes de 2015.

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CAPÍTULO V

5.1 A INEFICÁCIA DA LEI MARIA DA PENHA E AS FALHAS NA SUA

APLICABILIDADE

Diariamente pessoas do sexo feminino são violentadas no Brasil. Sendo que a

maioria dos casos não são denunciados por medo. As vítimas deste cenário se

omitem e se escondem, uma vez que vivem com medo perante as ameaças de seus

companheiros, esta é uma triste realidade.

A cultura machista enraizada na sociedade brasileira vem ao longo do tempo

acabando com famílias em tragédias que constantemente aparecem na mídia. Na

tentativa de erradicar essa situação que foi criada a Lei Maria da Penha, como

consequência da criação desta lei as mulheres se sentiram mais seguras para pedir

ajuda e denunciar seus agressores.

A violência doméstica e familiar contra a mulher que atinge sua integridade física

trata-se de lesão corporal, uma vez que para que seja caracterizada a lesão corporal

é necessário que a vítima venha a sofrer algum dano no seu corpo, e este dano

pode vir a prejudicar a sua saúde ou causar abalos psíquicos.

Mesmo havendo proteção às vítimas de violência doméstica, deve o Estado criar

meios para que os autores destes crimes possam se tratar, o estado também deve

tratar este problema como um caso de saúde pública e não só deixa na

responsabilidade do poder judiciário.

Com este objetivo o Código Penal Pátrio elencou algumas penas restritivas de

direito, com o objetivo de punir os agentes deste do delito de violentar mulheres.

Uma dessa penas criadas pelo CP está disposta no artigo 43, inciso VI, é a limitação

de fim de semana. Consiste seu cumprimento obrigar o réu, finais de semana, por 5

horas diárias, ficar recluso em casa de albergado ou outro estabelecimento

adequado (CP, art. 48). Na constância deste período é facultado pela legislação

pertinente que sejam ministrados palestras e cursos ou atribuídas atividades

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educativas. (CP, art. 48, parágrafo único; LEP, art. 152).

Limitação de fim de semanaArt. 48 - A limitação de fim de semana consiste na obrigação depermanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casade albergado ou outro estabelecimento adequado.Parágrafo único - Durante a permanência poderão ser ministrados aocondenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas.

Após a aplicação da pena determinando a limitação dos finais de semana, a Lei

Maria da Penha faculta ao juiz o poder de determinar que o réu compareça a

programas de reeducação e recuperação, sendo que se for determinado pelo juiz, o

cumprimento da medida é obrigatória. É facultado ao juiz também determinar o

cumprimento de outras medidas ao réu, como a prestação de serviço à comunidade

ou a entidades públicas, além da interdição temporária de direitos e perda de bens e

valores. (CP, art. 43, II, IV, V e VI).

Penas restritivas de direitosArt. 43. As penas restritivas de direitos são:(...)II - perda de bens e valores;(...)IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;V - interdição temporária de direitos; VI - limitação de fim de semana.

Essas medidas são tomadas com o objetivo de o agressor se conscientizar que não

deve praticar tais atos de violência, uma vez que não são donos das mulheres, e

acabar com o crime que muita das vezes é cometido de forma contínua por vários

anos.

O Estado falha neste sentido, ao passo que as penas que estão dispostas no Código

Penal devem ser aplicadas, porém não há servidores públicos suficientes nos

setores psicossociais para dar conta da demanda. Portanto, é dever do Estado agir

diretamente para frear os agressores e cuidar das vítimas, capacitando

permanentemente profissionais dos setores psicossociais.

A Lei Maria da Penha cria dispositivos para prevenir e coibir a violência doméstica e

familiar contra a mulher e dispõe sobre mecanismos de assistência e proteção às

mulheres. Ao analisarmos os verbos prevenir, punir, coibir, erradicar, começamos a

trabalhar com a hipótese de que se pode evitar, impedir, castigar, e por fim erradicar

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toda forma e tipo de violência contra a mulher.

Dessa forma, foram alinhadas várias ações entre a União, Estado, Distrito Federal,

Municípios e organizações não governamentais, com o objetivo de acabar com a

violência doméstica e familiar contra a mulher, criando vários programas de

prevenção.

O fomento do conhecimento e da observância dos direitos das mulheres a uma vida

livre de violência. A modificação dos padrões socioculturais de modo de vida de

homens e mulheres, juntando a elaboração de programas de educação são medidas

que visam a erradicação deste problema. Estimula a capacitação dos servidores que

promovem a administração da justiça, dos policiais também são medidas que visam

acabar com o problema.

Fomentar o conhecimento e a observância do direito da mulher a uma vidalivre de violência e o direito da mulher a que se respeitem e protejam seusdireitos humanos. Modificar os padrões socioculturais de conduta dehomens e mulheres, incluindo a construção de programas de educaçãoformais e não-formais apropriados a todo nível do processo educativo.Fomentar a educação e capacitação do pessoal na administração da justiça,policial e demais funcionários encarregados da aplicação da lei assim comoo pessoal encarregado das políticas de prevenção, sanção e eliminação daviolência contra a mulher.Aplicar os serviços especializados apropriados para o atendimentonecessário à mulher, por meio de entidades dos setores público e privado,inclusive abrigos, serviços de orientação para toda família.Fomentar e apoiar programas de educação [...] Oferecer à mulher, acesso aprogramas eficazes de reabilitação e capacitação que lhe permitamparticipar plenamente da vida pública, privada e social. (CUNHA, 2008. p.67 – 68)

A autoridade policial deverá agir adotando medidas legais cabíveis, quando tiver

conhecimento da prática de violência doméstica contra a mulher, assim dispõe a Lei

11.240/2006. A autoridade policial ainda tem o dever de: garantir à mulher a proteção

policial; encaminhá-la ao hospital, posto de saúde ou ao Instituto Médico Legal;

fornecer abrigo ou local seguro quando ficar configurado o risco de vida;

acompanhá-la ao local da ocorrência, a fim de assegurar a retirada dos seus

pertences; e informar os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.

Estas medidas são o alicerce das mulheres que procuram ajuda das autoridades

competentes, e visam a sua segurança.

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Fernando Vernice dos Anjos entende que:

“O combate à violência contra a mulher depende fundamentalmente, deamplas medidas sociais e profundas mudanças estruturais da sociedade(sobretudo extrapenais). Como afirmamos a nova lei acena nesta direção, oque já é um bom começo. Esperamos que o Poder Público e a própriasociedade concretizem as almejadas mudanças necessárias para quepossamos edificar uma sociedade mais justa para todos,independentemente do gênero. Desta forma, o caráter simbólico das novasmedidas penais da lei 11.340/06 não terá sido em vão, e sim teráincentivado ideologicamente medidas efetivas para solucionarmos o graveproblema de discriminação contra a mulher”.(SOUZA, 2008, p. 62)

O objetivo das medidas protetivas é proteger a vítima, coagindo o agressor.

Cotidianamente isso não tem ocorrido, visto que a mulher é vulnerável e fica a refém

do seu companheiro violento.

A Lei Maria da Penha foi instituída visando a proteção da vítima em relação ao seu

agressor.

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5.2 ALGUNS CASOS IMPORTANTES DE VIOLÊNCIA CONTRA AS

MULHERES

Como exemplo dessa premissa expõe-se vários acontecimentos que foram alvos da

mídia nacional nos últimos anos.

O assassinato da cabeleireira Maria Islaine de Morais em Belo Horizonte em Belo

Horizonte, em 21 de janeiro de 2010. Há relatos de que ela denunciou seu ex-marido

por cinco vezes, porém, ele continuou rondando o salão de beleza onde ela

trabalhava, ameaçando-a.

“Uma mulher foi morta com sete tiros, no Bairro Santa Mônica, na região deVenda Nova, em Belo Horizonte, nessa quarta-feira. O crime aconteceudentro de um salão de beleza. De acordo com testemunhas, a vítima teriapedido proteção à polícia por causa de ameaças de morte, feitas pelo ex-marido, identificado como Fábio Willian, de 30 anos, borracheiro, autor dosdisparos”.JORNAL GLOBO, GLOBO MINAS. Cabeleireira é morta pelo ex-marido comsete tiros dentro de salão de beleza em Minas Gerais. Disponível em:https://oglobo.globo.com/brasil/cabeleireira-morta-pelo-ex-marido-com-sete-tiros-dentro-de-salao-de-beleza-em-minas-gerais-3065361 Acesso em: 2junho. 2017.

Outro caso de destaque na mídia nacional foi o de Amanda Bueno, uma dançarina

de 32 anos e mãe de uma menina de 12 que foi assassinada pelo seu noivo em

casa.

“No fim da tarde de 16 de abril de 2015, Cícera Alves de Sena, 29 anos,conhecida pelo nome artístico de Amanda Bueno, ex-dançarina e mãe deuma menina de 12 anos, foi assassinada no jardim da própria casa, nobairro da Posse, em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Uma câmara desegurança gravou o momento em que Milton Severiano Vieira, o Miltinho daVan, de 32 anos, noivo e companheiro de Amanda, cometeu o crime e fugiu.(...)Segundo a Divisão de Homicídios da Baixada, Milton já tinha duaspassagens pela polícia por agressões a mulheres. O advogado de Milton,Hugo Assumpção, afirmou que seu cliente, após ser preso, confessou termatado Amanda, mas alegou ter feito isso em um momento de surto e quese arrepende do crime. No primeiro depoimento, ele se reservou o direito deficar calado”.Jornal Compromisso e Atitude. Caso Amanda Bueno: feminicídio erevitimização. Acesso em: 12 de maio de 2017, às 17:33.http://www.compromissoeatitude.org.br/caso-amanda-bueno-feminicidio-e-revitimizacao/.

Talvez o caso mais emblemático foi o do goleiro Bruno e a modelo Eliza Samúdio

que aconteceu em 2010.

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“Eliza Samudio desapareceu em junho de 2010. A jovem tinha 25 anos epedia judicialmente o reconhecimento da paternidade do filho ao jogadorBruno Fernandes de Souza, na época goleiro e capitão do Flamengo.Bruno, que conhecera Eliza em maio de 2009, foi indiciado e preso sob aacusação de ter planejado o assassinato da ex-modelo. Segundo adenúncia do Ministério Público de Minas Gerais, Eliza foi assassinada em10 de junho de 2010, no interior de uma residência em Vespasiano, naRegião Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com um dos acusadospelo crime, Eliza teria sido morta por estrangulamento e depoisesquartejada e concretada. Os restos mortais da jovem, entretanto,permanecem desaparecidos. O ex-goleiro e outros cinco envolvidos nocrime já foram condenados pela justiça.(...)No ano que antecedeu o crime, Eliza havia denunciado Bruno porsequestro, agressão e ameaça. Em agosto de 2009, a modelo procuroujornalistas para informar que estava grávida de três meses do atleta. Emoutubro do mesmo ano, registrou boletim de ocorrência na Delegacia deAtendimento à Mulher de Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro,acusando o atleta e dois amigos, Luiz Henrique Ferreira Romão, oMacarrão, e o ex-PM Marco Antônio Figueiredo, o Russo – que estariaarmado, de terem ameaçado matá-la caso não fizesse um aborto. Naocasião, Bruno a teria estapeado e, sob a mira de um revólver, a obrigado aingerir substâncias abortivas”.Jornal Compromisso e Atitude. Caso Eliza Samudio. Acesso em: 12 de maiode 2017, às 17:33. Disponível em:http://www.compromissoeatitude.org.br/caso-eliza-samudio/.

Nota-se, em todos os casos acima citados, que houve falhas quanto à aplicação das

medidas protetivas, vez que a mesma não foi aplicada como ordena a Lei.

Conforme se verifica as mulheres, vítimas de agressões, têm comparecido

frequentemente nas delegacias especializadas, denunciando os seus agressores,

entretanto, as os mecanismos de proteção não são aplicadas conforme disposição

legal.

Houve uma grande evolução institucional no Brasil desde 1980, quando este

assunto começou a ser debatido com mais frequência. Houve criação de vários

programas e instituições com a finalidade de erradicar a violência contra as

mulheres. Foi instituída, em 1985, a primeira Delegacia da Mulher, logo após foi

criada as casas-abrigo destinadas às vítimas deste tipo de violência e depois os

órgãos judiciais especializados, e por fim, a criação da Lei 11.240/2006, Lei Maria da

Penha.

No entanto, ressalta-se que há de se aplicar a Lei Maria da Penha e demais normas

que tratem do assunto com mais eficiência e os órgãos e instituições criados para

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executar a legislação pertinente possam operar com mais adequação, esta é a

reclamação de vítimas, parentes das vítimas e ativistas que militam em prol desta

causa.

Conforme preleciona o renomado jurista Miguel Reale Júnior ao conceder uma

entrevista ao Jornal Recomeço, Tribuna do Direito, a Lei Maria da Penha não é

ineficaz, entretanto, sua aplicabilidade é falha. Estas falhas se dão no âmbito do

Poder Executivo, do Poder Judiciário e no que compete o Ministério Público, dessa

forma, gera impunidade aos autores deste delito.

Tribuna do Direito — De quem é a falta de vontade para que a lei secumpra?Reale Jr. — Do Executivo, do Judiciário e do Ministério Público.Tribuna do Direito — Como resolver a situação?Reale Jr. — Não adianta reformar a lei se não ocorrer uma mudança dementalidade. Há uma resistência, especialmente na Magistratura, naadoção de novas medidas. Não é um fenômeno que ocorre só noBrasil, mas também em vários outros países, onde foram criadas aspenas restritivas, que são fáceis de ser aplicadas, de ser controladas ecujo resultado no plano preventivo e também como punição éextraordinário. E se não se aplica gera-se a impunidade.JORNAL RECOMEÇO. Reale Júnior condena falhas na lei penal. Disponívelem: Acesso em: 6 mai. 2017.

Para alguns juristas a aplicação da Lei Maria da Penha é eficiente, porém eles

condenam a negligência do Estado que não toma as medidas necessárias a coibir e

prevenir violência contra a mulher. Tais juristas fundamentam que a Lei 11.240/2006

determina a punição aos indivíduos praticam violência doméstica e medidas

protetivas às vítimas. O que falta é o poder público agir energicamente e com

responsabilidade para a criação de projetos que visam a dar mais segurança para as

vítimas deste cenário.

O Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes afirmou ao conceder

entrevista ao site O Globo que:

“O juiz tem que entender esse lado e evitar que a mulher seja assassinada.Uma mulher, quando chega à delegacia, é vítima de violência há muitotempo e já chegou ao limite. A falha não é da lei, é na estrutura, disse, ao selembrar que muitos municípios brasileiros não têm delegaciasespecializadas, centros de referência ou mesmo casas de abrigo”.O GLOBO. Para aplicar Lei Maria da Penha, Justiça tem que 'calçarsandálias da humildade', diz Gilmar. Acesso: 16/06/2017. Disponível em:https://extra.globo.com/noticias/brasil/para-aplicar-lei-maria-da-penha-justica-tem-que-calcar-sandalias-da-humildade-diz-gilmar-259307.html

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Portanto, compete à administração pública fomentar a criação de medidas protetivas

para as vítimas de violência, após o poder público tomar conhecimento de tais fatos.

A função da lei é garantir os direitos das mulheres que sofrem violência e a função

do Estado é garantir a promoção da proteção da vítima.

A principal medida a ser tomada pela administração pública é a construção das

casas de albergado, porque enquanto isso não acontece o Poder Judiciário tem que

trocar a prisão albergue pela prisão domiciliar, ainda que a lei de execução penal

proíba veementemente essa prática. Daí surge severas críticas à prisão domiciliar,

uma vez que várias correntes reduzem esta sanção a quase nada, descrevendo-a

como uma medida de impunidade. O problema é que esta impunidade decorre de

uma negligência da administração pública.

Lado outro, necessário se faz a agilidade na apuração dos fatos na aplicabilidade da

Lei 11.240/2006 e em punir energicamente os que praticam a violência, buscando

condições e celeridade no cumprimento da lei contra os agressores de mulheres.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A violência doméstica e familiar constitui-se, portanto, em uma das mais inaceitáveis

formas de violência dos direitos das mulheres, por negar-lhes, principalmente, o

exercício do direito à vida, à liberdade, ao respeito e à convivência familiar e

comunitária.

O número de mulheres agredidas por seus companheiros é muito grande. A

violência doméstica cresce independente da modernidade e dos direitos iguais.

Muitos homens ainda veem as mulheres como objeto, também sexual; banalizando

a relação, que consequentemente fica desgastada, causando a perda do respeito

mútuo no seio da família.

A principal manifestação de violência doméstica nos lares é de natureza física,

ocorrendo ameaças e brigas, às vezes com consequências letais.

Portanto, ao longo deste trabalho foi resgatada a histórica violência contra a mulher,

que desde os primórdios da concepção de sociedade e em toda a história da

humanidade existiu. Desta forma, graças à evolução da sociedade e do ser humano

em si, viu-se a necessidade de criação de mecanismos de controle transvestidos no

meio mais óbvio de controle do estado, qual seja, a lei. Sendo assim, surgiu a Lei

11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, criada para atender exigências

impostas por acordos internacionais feitos pela conhecida Convenção de Belém do

Pará, ratificados em 1995, e pela Convenção sobre Eliminação de todas as Formas

de Discriminação contra a Mulher.

Releva mencionar que a criação da Lei Maria da Penha foi uma grande conquista

histórica para resguardar os direitos das mulheres. Esta conquista se deve à Maria

da Penha, uma mulher que sofreu inúmeras agressões por parte do seu

companheiro que tentou matá-la por duas vezes, e por fim a deixou paraplégica.

No entanto, observa-se que as medidas protetivas servem justamente para proteger

a vítima, mas isso não vem ocorrendo, uma vez que, elas não estão sendo usadas

como manda a Lei 11.340/06. Isto em decorrência da ineficiência do estado em

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aplicar esta lei.

Foi a partir daí que a eficácia da lei passou a ser questionada, vez que, a sua

aplicação nos casos de violência doméstica vem gerando revolta na sociedade,

mediante a impunidade dos sistemas policiais e jurídicos. Verifica-se situações neste

estudo, onde mulheres vítimas da violência doméstica compareceram a delegacia,

prestaram queixa solicitando a proteção policial, mas de nada adiantou e acabaram

mortas.

Ao longo do estudo observa-se nos posicionamentos de diversos juristas que a Lei

Maria da Penha ocorre por diretrizes à proteção da vítima e a punição do agressor, é

eficaz, porém verificam-se falhas na sua aplicabilidade, vez que o poder público

conjuntamente com o Judiciário e em especial o executivo, não criam mecanismos

de proteção às vítimas como casas de abrigo em que elas possam ser assistidas por

profissionais capacitados para uma possível reabilitação ao convívio social.

Tendo em vista esta falha do Estado, os criminosos continuaram praticando o crime

de violência contra a mulher.

Dessa forma, mais uma vez se necessitava de uma legislação ainda mais

contundente e rigorosa para coibir a atuação dos praticantes de violência contra

mulher. Sendo assim, em 09 de março de 2015 foi sancionada a Lei 13.104,

denominada Lei do Feminicídio, que altera o artigo 121 do Código Penal e

estabelece sanções mais rigorosas a quem assassinar mulheres pelo simples fato

de serem mulheres, ou seja, em razão do gênero.

Por todo o exposto, e consoante os fatos e fundamentos de direito retro declinados,

conclui-se que a ineficácia na Lei Maria da Penha, está correlacionada com a

inoperância do poder público em aplicar a própria lei, visto que a legislação atende

aos anseios da sociedade, porém o estado não é capaz de criar os mecanismos

necessários à aplicação da lei.

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REFERÊNCIAS

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CUNHA, Rogério Sanches. PINTO, Ronaldo Batista. Violência Doméstica: LeiMaria da Penha ( Lei 11.340/2006), comentada artigo por artigo. 2. Ed. rev. atual. e.ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 67.

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SOUZA, Beatriz Pigossi.Violência doméstica – Lei “Maria da Penha”: Solução oumais uma medida paliativa? Presidente Prudente, SP, 2008. 62 f.

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