fenda glótica

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    CEFAC

    CENTRO DE ESPECIALIZAO EM

    FONOAUDIOLOGIA CLNICA

    VOZ

    CONHECENDO UM POUCO MAIS SOBRE

    FENDA GLTICA MDIO POSTERIOR

    FUNCIONAL

    TELMA LCIA PALUDETO PARIZZI DE OLIVEIRA

    SO PAULO

    1997

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    CEFAC

    CENTRO DE ESPECIALIZAO EM

    FONOAUDIOLOGIA CLNICA

    VOZ

    CONHECENDO UM POUCO MAIS SOBREFENDA GLTICA MDIO POSTERIOR

    FUNCIONAL

    MONOGRAFIA DE CONCLUSO

    DO CURSO DE ESPECIALIZAO

    EM VOZ

    TELMA LCIA PALUDETO PARIZZI DE OLIVEIRA

    SO PAULO

    1997

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    SUMRIO

    I - INTRODUO ..................................................................... 1

    II - DISCUSSO TERICA ........................................................... 3

    A) Terminologia ........................................................... 3

    B) Conceito ..................................................................... 5

    C) Etiologia ..................................................................... 5

    D) Incidncia ..................................................................... 7

    E) Sintomatologia ........................................................... 7

    F) Tratamento ..................................................................... 9

    III - CONSIDERAES FINAIS ................................................ 11

    IV - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................... 14

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    I - INTRODUO

    Ao ingressar no Curso de Especializao em voz, fui informada que

    deveria desenvolver um trabalho na rea. A princpio fiquei confusa quanto ao tipo

    de trabalho, por onde comear, qual o seu objetivo. Porm, tinha certeza quanto

    ao tema do trabalho.

    Desde o incio, minha meta era estudar a fenda gltica mdio posterior,

    pois, alm de grande interesse no assunto, passei por experincia prpria

    relacionada a ela. Como fonoaudiloga atuante na rea de voz, e convivendo

    diariamente com otorrinolaringologista, analisei as patologias vocais mais

    freqentes em consultrio, sendo que este tipo de fenda chama ateno pela sua

    relativa freqncia. Alm disso, tive a experincia de ter apresentado um quadro

    disfnico em determinado perodo de minha vida, submetendo-me a terapia

    fonoaudiolgica e desenvolvendo algum controle sobre a minha voz, o que foi

    importante em minha prpria profisso, onde a voz um instrumento de trabalho.

    Segundo Behlau & Pontes (1995) A voz uma das extenses mais fortes

    da nossa personalidade, nosso sentido de inter-relao na comunicao

    interpessoal, um meio essencial de atingir o outro. (Pg 17).

    Baseado na definio de voz dos dois autores acima citados, e dos

    demais que foram estudados, sendo a voz uma das formas mais verdadeiras de

    expresso da personalidade e das emoes, como ficaria o indivduo que

    apresenta disfonia?

    Ao meu ver, o termo disfonia bastante amplo, envolvendo distrbios

    orgnicos e/ou funcionais, que resultam, independentemente da etiologia, em

    uma alterao vocal.

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    Para Behlau & Pontes, (1995), Disfonia um distrbio de comunicao

    no qual, a voz no consegue cumprir o seu papel bsico de transmisso da

    mensagem verbal e emocional de um indivduo. (Pg. 19).

    Embora a fenda gltica mdio posterior possa vir acompanhada de leses

    orgnicas, neste trabalho sero consideradas apenas as fendas glticas mdio

    posterior funcionais.

    Acredito que a fenda gltica mdio posterior esteja relacionada com

    fatores emocionais, uso inadequado da voz, abuso vocal, stress, falta de

    esclarecimento sobre o assunto por parte dos pacientes, entre outros fatores.

    O ar, proveniente da respirao, sai dos pulmes e passa pelos

    brnquios, traquia e laringe. Na laringe encontram-se as pregas vocais, que

    vibram produzindo o som larngeo. Estes so modificados e articulados na caixa

    de ressonncia. Durante o perodo em que as pregas vocais vibram para a

    emisso sonora, deve haver boa coaptao das mesmas, porm quando temos

    a presena de fenda gltica, esta coaptao no completa, permanecendo um

    espao ou abertura entre as pregas vocais.

    O objetivo principal deste trabalho ampliar os conhecimentos sobre

    fenda gltica mdio posterior, estudando suas terminologias, conceitos, causas,

    incidncias, algumas manifestaes acompanhantes e tratamentos, alm da

    relao desta com a fonoaudiologia.

    Este trabalho foi desenvolvido atravs de um levantamento bibliogrfico da

    produo dos ltimos cinco anos sobre o tema fenda gltica mdio posterior

    funcional.

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    II - DISCUSSO TERICA

    A funo primordial da laringe no homem permitir a passagem livre do ar

    com a finalidade de promover as trocas gasosas e impedir a entrada de corpos

    estranhos no trato vocal. Com a evoluo da espcie surgiu a necessidade de

    comunicao. O homem aprendeu a prolongar suas expiraes e coorden-las

    com a reduo gltica, promovendo assim, a vibrao das pregas vocais e

    consequentemente produo da voz (Pinho, 1993).

    Sendo assim, os indivduos portadores de disfonia estariam mal

    adaptados a funo de fonao. As diferentes configuraes glticas e os

    diversos padres de vibrao das pregas vocais no processo de fonao tem

    sido motivo de muitos estudos e pesquisas.

    A) TERMINOLOGIA

    Le Huche (1982) relata sobre as disfonias funcionais e as divide em

    hipocintica e hipercintica. A hipocintica apresenta durante a fonao, tringulo

    posterior ou glote oval; j na hipercintica, durante a fonao, o fechamento

    rigoroso (golpe de glote duro), h hipertrofia das bandas e faringe com reflexo

    nauseoso aumentado. Tabith (1986) tambm descreve em seu livro as disfonias

    funcionais e as subdivide em disfonia habitual hipercintica e disfonia habitual

    hipocintica. A hipercintica caracteriza-se por uma excessiva contrao ou

    hipercinesia dos msculos envolvidos no processo fonatrio e a hipocinticaseria resultado de uma hipotonia tambm dessa musculatura fonatria, porm,

    com a presena de um hiato entre as cordas vocais, na forma oval, ou um espao

    triangular na regio posterior das cordas vocais.

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    Soderstein (1990) fez um estudo comparativo do fechamento gltico em

    homens e mulheres e titulou em Fechamento Incompleto da Glote na parte

    posterior. Pinho (1991) foi uma das pioneiras no Brasil a usar a terminologia

    fenda gltica posterior, diferenciando-a em grau I e grau II.

    Kirillos (1991) em sua tese de mestrado faz um estudo sobre a fenda

    triangular posterior e, no decorrer do trabalho, descreve a fenda gltica triangular

    mdio posterior, assim nomeada.

    Linville (1992) fez um estudo comparativo de configuraes glticas em

    dois grupos etrios de mulheres onde a nomenclatura utilizada foi fenda gltica

    posterior, anterior e fusiforme. Morrison (1993), em seu artigo sobre desordensda voz pelo mau uso dos msculos, tambm usa como nomenclatura fenda

    gltica posterior.

    Ponte e colaboradores (1994) relatam seus trabalhos sobre alteraes

    estruturais mnimas, que seriam um grupo de alteraes, que podem ir desde

    simples variaes anatmicas at mal formaes congnitas menores. Dentro

    das alteraes estruturais mnimas existem os desvios na proporo gltica, queestariam relacionados s fendas glticas.

    Boone (1994) usa como nomenclatura fenda posterior, que seria aduo

    incompleta dos processos da voz. Martins (1995) subdivide disfonias funcionais

    em hipercintica e hipocintica, sendo que nas hipocinticas temos a presena

    de fenda posterior, fenda mdio posterior, geralmente associada a ndulos

    vocais e nas hipercinticas fenda triangular posterior e ndulos bilaterais emtero mdio.

    Behlau e Pontes (1995) estudam a fenda gltica triangular mdio posterior

    dentre as inadaptaes larngeas, podendo tambm estar presente nas

    alteraes psicoemocionais.

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    Cervantes e Abraho (1995) e Kirillos (1996) escreveram sobre suas

    experincias no trabalho com ndulos vocais e ambos afirmaram que na

    presena de ndulos vocais sempre existe a fenda gltica triangular mdio

    posterior; Colton (1996) descreve sobre os ndulos vocais e sobre os

    fechamentos glticos, que classifica em padro I (fechamento completo), padro

    II (pequena abertura posterior), padro III e IV (maior quantidade de abertura

    posterior).

    De acordo com os autores descritos existe uma variabilidade muito

    grande na terminologia do assunto em questo. H autores que usam fenda

    gltica triangular mdio posterior, outros fenda gltica triangular posterior grau I egrau II, fenda triangular posterior, at hiato. Tais variaes podem ter sido o

    motivo de tanta dificuldade em encontrar material bibliogrfico e direcionar o

    trabalho.

    B) CONCEITO

    Behlau & Pontes (1991) conceituam fenda gltica como inadaptaesfnicas, quer dentro das alteraes posturais das pregas vocais, quer nas formas

    miofuncionais. Descrevem como inadaptaes fnicas, a falta de adaptao das

    estruturas do aparelho fonador para a funo de fonao, representando uma

    srie de condies, em nvel biolgico, que restringem o desempenho vocal. Na

    fenda gltica triangular mdio posterior a ausncia de coaptao ultrapassa a

    linha de projeo dos processos vocais, atingindo a parte membrancea das

    pregas vocais.

    Pinho (1993) conceitua as fendas glticas como sendo conseqncia de

    um fechamento gltico imperfeito, de configurao variada, determinado por

    desequilbrio da musculatura, principalmente msculos intrnsecos. Clinicamente

    o grau de disfonia nem sempre proporcional ao tamanho da fenda.

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    C) ETIOLOGIA

    No que diz respeito as causas da fenda gltica mdio posterior, Pinho e

    colaboradores (1991) descrevem como causa da fenda triangular posterior (grau

    II) hipercinesia de todos os msculos larngeos (intrnsecos e extrnsecos). Neste

    tipo de fenda a vibrao no ficaria distribuda ao longo de toda a prega vocal, e

    sim, concentrada, predominantemente, na juno do seu tero mdio com o

    anterior, regio onde formam-se os ndulos.

    Kirillos (1991) relata como causa de fenda gltica triangular mdio

    posterior a constituio gltica feminina, uma vez que so mais propcias adesenvolver fenda triangular posterior. Como conseqncia do abuso ou mau uso

    vocal, podem vir a desenvolver fenda triangular mdio posterior e a seguir

    ndulos vocais, devido ao atrito no vrtice da fenda que geralmente se localiza

    prxima do tero mdio das pregas vocais.

    Ao contrrio, Kinville (1992) em seu trabalho sobre a configurao gltica

    em dois grupos de mulheres (jovens e idosas), justifica a fenda gltica posteriorem mulheres jovens como falha no fechamento da glote por razes funcionais,

    pois, fisiologicamente, so capazes de alcanar o fechamento completo. Talvez

    uma contrao menos potente do msculo interaritenideo adotado pela mulher

    jovem como medida de economia ou uma maneira de alcanar um tipo de

    qualidade vocal, por exemplo, ligeiramente soprosa.

    Morrison (1993) supe como etiologia da fenda gltica posterior oaumento da tenso dos msculos larngeos e, mais diretamente, devido ao

    relaxamento inadequado do msculo cricoantenideo posterior durante a

    fonao. Boone (1994) descreve a subaduo como etiologia da fenda gltica

    posterior; as pregas vocais esto aproximadas de modo excessivamente frouxo

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    resultando em um tipo de vocalizao soprosa; as vezes, aps uso hiperfuncional

    prolongado da voz, as pregas vocais mostraro fenda aberta posterior.

    Martins (1995) classifica fenda gltica mdio posterior quando ela

    ultrapassa a regio cartilaginosa e atinge a glote membranosa; associam-se, s

    vezes, ndulos vocais e plipos. Correspondem hipertonicidade muscular,

    principalmente do msculo Cricoaritenideo posterior, pois sua atividade

    predomina sobre as demais.

    Behlau & Pontes (1995) descrevem a etiologia da fenda gltica triangular

    mdio posterior como sendo uma hipertonicidade da musculatura

    cricoaritenidea posterior (CAP), pois, este o nico msculo abdutor da laringee em situao de hipertonicidade sua atividade predomina em relao aos

    demais, produzindo, ento, uma fenda fonao. Isto se deve ao fato de sua

    atividade estar relacionada a preservao da vida, ou seja, manter o espao

    gltico aberto para a respirao.

    D) INCIDNCIA

    Quanto a incidncia da fenda gltica mdio posterior, para os autores aqui

    estudados, existe unanimidade no fato de ser mais frequente em mulheres (F. Le

    Huche (1982), Soderstern e outros (1990), Kirillos (1991), Linville (1992),

    Morrison e colaboradores (1993), Pontes e outros (1994), Cervantes e Abraho

    (1995), Behlau & Pontes (1995) e Martins (1995) ), descrevem alto ndice

    tambm em crianas. J Linville (1989) relata at ndice de fechamento gltico

    inadequado em mulheres idosas.

    E) SINTOMATOLOGIA

    Com relao as manifestaes, Le Huche (1982) descreve, na disfonia

    hipotnica, voz baixa e ataque vocal aspirado; na estroboscopia a amplitude

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    diminuda e simtrica, o componente vertical mais ou menos visvel, as

    ondulaes da mucosa costumam ser normais por vezes diminudas, e o tempo

    fonatrio diminudo. Na hipertnica, a mucosa pode ser normal, branca,

    avermelhada, edemaciada recoberta por secreo catarral mais ou menos

    aderida, e na estroboscopia a amplitude e as ondulaes da mucosa esto

    diminudas.

    Tabith (1986) relata, na disfonia habitual hipercintica, extremo cansao ao

    usar a voz, freqentes queixas de dor de garganta, sensao de irritao, corpo

    estranho e secreo. A voz intensa e estridente; o timbre gutural, s vezes

    hipernasal por excessiva tenso dos ressonadores, e existe ataque vocal brusco.

    Na disfonia habitual hipocintica, a voz pouco tensa, agravada, com o timbre eataque vocal aspirados. H reduo do tempo de fonao devido a escape de ar

    entre as cordas vocais durante a fonao.

    Kirillos (1991), na fenda gltica triangular mdio posterior, descreve, como

    manifestao, apenas a queixa de disfonia. J Pinho (1993), na fenda gltica

    triangular posterior (Grau II), alm da disfonia, relata, durante a fonao, tenso

    excessiva de todo o trato vocal, entumescimento das veias do pescoo econtrao da musculatura respiratria.

    Pontes & Behlau (1992) descrevem, como manifestao, voz soprosa,

    podendo ser spera ou rouca, na dependncia das alteraes orgnicas

    secundrias (ndulos vocais); tempo mximo de fonao curto, freqentemente

    abaixo de 10 segundos, ataque vocal brusco ou soproso, volume e extenso

    vocal reduzidos.

    Boone (1994) cita, apenas, soprosidade na voz e desperdcio de ar na

    fenda posterior. Martins (1995) diz que na disfonia hipercintica a voz spera,

    aguda, estridente e alta, possui ataque vocal brusco e golpe de glote; na

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    hipocintica a voz velada, fraca com ataque vocal aspirado e presena de

    fadiga vocal.

    Belhau & Pontes (1995) em seu livro, colocam como manifestaes,

    alterao vocal, queixas de fadiga e geralmente presena de ndulos. Como

    sinais, os mais observados so entumescimento das veias do pescoo e

    contrao excessiva dos msculos respiratrios.

    Cervantes (1995), em seu trabalho com ndulos vocais, descreve como

    manifestaes, a rouquido e fadiga vocal, sendo grande a variao de

    sintomas. Pela manh a voz melhor e, com o decorrer do dia, vai piorando.

    Colton e colaboradores (1996) citam rouquido, soprosidade, dor na garganta edificuldade em produzir algumas notas. J Kirillos diz que alteraes larngeas

    com impacto na voz, podem ser de menor ou maior grau.

    F) TRATAMENTO

    No que se refere a tratamento das fendas, Pinho & Pontes (1991) colocam

    que os exerccios especficos podem auxiliar no fechamento das fendas emgeral, ocupando pequena parte da sesso teraputica e que a conscientizao

    do paciente, quanto aos mecanismos de produo vocal deficiente, ser sempre

    o fator mais importante da terapia fonoaudiolgica.

    Nem sempre obtm-se um fechamento gltico completo no final do

    tratamento, mas outros fatores como controle da rigidez das pregas vocais e da

    presso area subgltica podem compensar a fenda obtendo-se voz de melhorrendimento e com menos esforo.

    Na fenda gltica triangular mdio posterior Grau II, Pinho (1993) descreve

    alguns exerccios realizados em terapia fonoaudiolgica, tais como movimentos

    cervicais lentos associados a emisso de vogais suaves, exerccio do /M/ nasal e

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    vocal Fry. Essas alteraes funcionais apresentam bom prognstico com

    fonoterapia.

    Pontes e colaboradores (1994) colocam, como conduta para alteraes

    estruturais mnimas, um tratamento combinado que pode incluir orientao,

    reabilitao vocal, teraputica medicamentosa e procedimento cirrgico. As

    orientaes vocais so indicadas em leses discretas com pouco ou nenhum

    impacto vocal. A reabilitao vocal visa melhorar a voz disponvel, reduzir as

    compensaes negativas, particularmente a sndrome de hipertonicidade

    muscular, melhorar a resistncia vocal, tratar leses secundrias e preparar o

    paciente para cirurgia, quando indicada.

    Behlau & Pontes (1995) descrevem como tratamento para fenda gltica

    triangular mdio posterior a fonoterapia. Martins (1995), como tratamento para

    disfonias hipercinticas, prope reduo da tenso e coordenao pneumofnica

    realizando exerccios de relaxamento, respirao, vocalizao com ataque vocal

    suave e vogais abertas, higiene vocal, sons fricativos /S/ /Z/, vibrao e bocejo.

    Nas disfonias hipocinticas a autora prope como vantajoso, iniciar o trabalho

    pela tcnica de relaxamento, para que seja adequado o padro respiratrio.Sugere tcnica de relaxamento, exerccio de vocalizao com vogais fechadas,

    melhorando coaptao das pregas vocais /o/ /i/, tosse, produo de vogais e

    tcnica de empuxe.

    Cervantes & Abraho (1995), por considerarem que a fenda gltica

    triangular mdio posterior est sempre presente nos casos de ndulos vocais,

    preconizam a terapia vocal como tratamento e nos insucessos, a cirurgia dosmesmos. Kirillos (1996) j indica apenas a terapia fonoaudiolgica.

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    III - CONSIDERAES FINAIS

    O tema proposto neste estudo, fenda gltica mdio posterior funcional,

    muito controverso em relao terminologia. Como j descrito anteriormente, h

    uma grande variabilidade na nomenclatura desse tipo de fenda. Tal diversificao

    pode justificar a dificuldade ao fazer o levantamento bibliogrfico, uma vez que a

    abordagem aqui est direcionada apenas para problemas funcionais; os ndulos

    vocais citados no decorrer do trabalho, so colocados pelos autores como

    alteraes orgnicas secundrias e/ou orgnicas funcionais, e s aparecem

    neste artigo, quando colocados como conseqncia da fenda gltica mdio

    posterior.

    Essa diversificao na nomenclatura da fenda gltica mdio posterior, em

    nvel otorrinolaringolgico, talvez no faa muita diferena, porm, para a

    fonoaudiologia, existe uma diferena significante. O fonoaudilogo, sendo um

    profissional da rea de sade, atuando como terapeuta, no que diz respeito a

    problemas vocais, frente s alteraes funcionais ou orgnicas da voz, tem uma

    meta teraputica que s conduzida diante do diagnstico mdico

    otorrinolaringolgico.

    Os distrbios da voz, nos ltimos anos, tm sido motivo de muitos estudos

    e pesquisas, sendo, cada vez mais, descobertas novas tcnicas diagnsticas e

    de reabilitao. As tcnicas de reabilitao (exerccios) devem ser executadas

    de acordo com o distrbio existente, sendo o diagnstico otorrinolaringolgicoextremamente importante para uma conduta teraputica fonoaudiolgica correta.

    No decorrer desse estudo, foi constatada a variao da nomenclatura

    referente fenda gltica mdio posterior, e assim, sugiro esforos no sentido do

    uso de uma padronizao da terminologia, para que fonoaudilogos possam ter

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    melhores condies de trabalho, utilizando seu tempo exclusivamente na conduta

    teraputica adequada, ao invs de tentar entender as variaes de nomenclatura.

    Para o fonoaudilogo importante essa terminologia, pois a partir da que

    direcionamos o nosso trabalho.

    O conceito de fenda gltica foi abordado apenas por dois dos autores

    estudados, sendo que apenas um deles conceitua especificamente a fenda

    gltica mdio posterior.

    J na etiologia h uma variabilidade nas explicaes: h autores que

    descrevem a causa da fenda gltica mdio posterior como hipercinesia de todos

    os msculos extrnsecos e intrnsecos da laringe e outros acreditam que aconstituio gltica feminina seja a responsvel pela sua presena em

    associao com o abuso ou mau uso vocal. H ainda autores que relatam a falha

    no fechamento da glote por razes funcionais, pois, fisiologicamente, so

    capazes de alcanar o fechamento completo, alm daqueles que descrevem

    como causa, a hipertonicidade da musculatura cricoaritenidea posterior.

    A respeito da incidncia, todos os autores indicam a maior freqncia emmulheres. Um deles em mulheres idosas e dois outros autores acrescentam alto

    ndice tambm em crianas.

    As manifestaes apresentadas na fenda gltica mdio posterior variam

    desde ausncia de sintomas, at a afonia. Geralmente, existe disfonia, tenso

    excessiva de todo trato vocal, entumescimento das veias do pescoo e contrao

    excessiva dos msculos respiratrios. Os autores que usam a classificao dehipercintica e hipocintica para falar da fenda gltica mdio posterior,

    apresentam controvrsias quando descrevem as manifestaes clnicas.

    Como tratamento para a fenda gltica mdio posterior, os autores

    descrevem fonoterapia, incluindo orientaes, exerccios especficos e

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    principalmente a conscientizao do paciente. Quando temos a presena de

    ndulos vocais seguimos a mesma conduta e, caso no haja sucesso, alguns

    autores indicam a cirurgia.

    Com este estudo, espero ter conseguido mostrar a importncia de uma

    padronizao de terminologia entre os profissionais que atuam na rea de voz,

    alm da necessidade de uma boa interao entre fonoaudilogos e

    otorrinolaringologistas para melhorar o diagnstico e tratamento dos distrbios

    da voz.

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    IV - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    Behlau, M. & Pontes P.

    1995 - Avaliao e tratamento das disfonias.

    So Paulo, Lovise.

    Boone, D. R. & Mc Farlane, S. C.

    1994 - A voz e a terapia vocal, Porto Alegre. Artes Mdicas.

    Cervantes, O. & Abraho, M.

    1995 - O Ndulo vocal - Conceitos atuais. RBM.Otorrinolaringologia

    vol II no 1.

    Colton, R. H. e Casper, J. K.

    1996 - Compreendendo os problemas de voz. Porto Alegre,

    Artes Mdicas.

    F. Le Huche

    1982 - Dysphonias dysfonctionelle; Encyclopdie Mdio - Chirurgicale,

    20752 A15

    Hirano, M, MD, Yukizane, K, MD; Kurita, S, MD e HIBI, S, PMD

    1989 - Asymetry of the laryngeal Framework: a morphologic study of

    cadaver larynges. An otol. Rhinol Laryngol, 98.

    Hirano, M e Bless, D. M.

    1997 - Exame videoestroboscpio da laringe, Porto Alegre,

    Artes Mdicas.

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    1991 - Fenda Gltica Triangular Posterior em indivduos sem queixa

    vocal: anlise comparativa, qualitativa e quantitativa.

    So Paulo. Tese-mestrado - Escola Paulista de Medicina. (Mmeo).

    1996 - Ndulo vocal: Caracterizao de uma Entidade - So Paulo -

    Tese-Doutorado - Escola Paulista de Medicina. (Mmeo).

    Linville, S. E., SKARIN, B.D, Fornatto, E.

    1989 - The interrelationship of measures related to vocal function,

    Speech Rate, and Laryngeal appearang in Elderly women.

    Journal of speech and Hearing Research,

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    Linville, S. E.

    1992 - Gloltal gap configurations in two age groups of womem. Journal

    of Speech and Hearing Research, vol. 35, 1209 - 1215.

    Martins, R. H. G.

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    Morrison, M. D. And Rammage, L. A.

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