Upload
carlos-alessandro-branco
View
221
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
7/29/2019 fenda gltica
1/19
CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZAO EM
FONOAUDIOLOGIA CLNICA
VOZ
CONHECENDO UM POUCO MAIS SOBRE
FENDA GLTICA MDIO POSTERIOR
FUNCIONAL
TELMA LCIA PALUDETO PARIZZI DE OLIVEIRA
SO PAULO
1997
7/29/2019 fenda gltica
2/19
CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZAO EM
FONOAUDIOLOGIA CLNICA
VOZ
CONHECENDO UM POUCO MAIS SOBREFENDA GLTICA MDIO POSTERIOR
FUNCIONAL
MONOGRAFIA DE CONCLUSO
DO CURSO DE ESPECIALIZAO
EM VOZ
TELMA LCIA PALUDETO PARIZZI DE OLIVEIRA
SO PAULO
1997
7/29/2019 fenda gltica
3/19
SUMRIO
I - INTRODUO ..................................................................... 1
II - DISCUSSO TERICA ........................................................... 3
A) Terminologia ........................................................... 3
B) Conceito ..................................................................... 5
C) Etiologia ..................................................................... 5
D) Incidncia ..................................................................... 7
E) Sintomatologia ........................................................... 7
F) Tratamento ..................................................................... 9
III - CONSIDERAES FINAIS ................................................ 11
IV - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................... 14
7/29/2019 fenda gltica
4/19
I - INTRODUO
Ao ingressar no Curso de Especializao em voz, fui informada que
deveria desenvolver um trabalho na rea. A princpio fiquei confusa quanto ao tipo
de trabalho, por onde comear, qual o seu objetivo. Porm, tinha certeza quanto
ao tema do trabalho.
Desde o incio, minha meta era estudar a fenda gltica mdio posterior,
pois, alm de grande interesse no assunto, passei por experincia prpria
relacionada a ela. Como fonoaudiloga atuante na rea de voz, e convivendo
diariamente com otorrinolaringologista, analisei as patologias vocais mais
freqentes em consultrio, sendo que este tipo de fenda chama ateno pela sua
relativa freqncia. Alm disso, tive a experincia de ter apresentado um quadro
disfnico em determinado perodo de minha vida, submetendo-me a terapia
fonoaudiolgica e desenvolvendo algum controle sobre a minha voz, o que foi
importante em minha prpria profisso, onde a voz um instrumento de trabalho.
Segundo Behlau & Pontes (1995) A voz uma das extenses mais fortes
da nossa personalidade, nosso sentido de inter-relao na comunicao
interpessoal, um meio essencial de atingir o outro. (Pg 17).
Baseado na definio de voz dos dois autores acima citados, e dos
demais que foram estudados, sendo a voz uma das formas mais verdadeiras de
expresso da personalidade e das emoes, como ficaria o indivduo que
apresenta disfonia?
Ao meu ver, o termo disfonia bastante amplo, envolvendo distrbios
orgnicos e/ou funcionais, que resultam, independentemente da etiologia, em
uma alterao vocal.
7/29/2019 fenda gltica
5/19
Para Behlau & Pontes, (1995), Disfonia um distrbio de comunicao
no qual, a voz no consegue cumprir o seu papel bsico de transmisso da
mensagem verbal e emocional de um indivduo. (Pg. 19).
Embora a fenda gltica mdio posterior possa vir acompanhada de leses
orgnicas, neste trabalho sero consideradas apenas as fendas glticas mdio
posterior funcionais.
Acredito que a fenda gltica mdio posterior esteja relacionada com
fatores emocionais, uso inadequado da voz, abuso vocal, stress, falta de
esclarecimento sobre o assunto por parte dos pacientes, entre outros fatores.
O ar, proveniente da respirao, sai dos pulmes e passa pelos
brnquios, traquia e laringe. Na laringe encontram-se as pregas vocais, que
vibram produzindo o som larngeo. Estes so modificados e articulados na caixa
de ressonncia. Durante o perodo em que as pregas vocais vibram para a
emisso sonora, deve haver boa coaptao das mesmas, porm quando temos
a presena de fenda gltica, esta coaptao no completa, permanecendo um
espao ou abertura entre as pregas vocais.
O objetivo principal deste trabalho ampliar os conhecimentos sobre
fenda gltica mdio posterior, estudando suas terminologias, conceitos, causas,
incidncias, algumas manifestaes acompanhantes e tratamentos, alm da
relao desta com a fonoaudiologia.
Este trabalho foi desenvolvido atravs de um levantamento bibliogrfico da
produo dos ltimos cinco anos sobre o tema fenda gltica mdio posterior
funcional.
7/29/2019 fenda gltica
6/19
II - DISCUSSO TERICA
A funo primordial da laringe no homem permitir a passagem livre do ar
com a finalidade de promover as trocas gasosas e impedir a entrada de corpos
estranhos no trato vocal. Com a evoluo da espcie surgiu a necessidade de
comunicao. O homem aprendeu a prolongar suas expiraes e coorden-las
com a reduo gltica, promovendo assim, a vibrao das pregas vocais e
consequentemente produo da voz (Pinho, 1993).
Sendo assim, os indivduos portadores de disfonia estariam mal
adaptados a funo de fonao. As diferentes configuraes glticas e os
diversos padres de vibrao das pregas vocais no processo de fonao tem
sido motivo de muitos estudos e pesquisas.
A) TERMINOLOGIA
Le Huche (1982) relata sobre as disfonias funcionais e as divide em
hipocintica e hipercintica. A hipocintica apresenta durante a fonao, tringulo
posterior ou glote oval; j na hipercintica, durante a fonao, o fechamento
rigoroso (golpe de glote duro), h hipertrofia das bandas e faringe com reflexo
nauseoso aumentado. Tabith (1986) tambm descreve em seu livro as disfonias
funcionais e as subdivide em disfonia habitual hipercintica e disfonia habitual
hipocintica. A hipercintica caracteriza-se por uma excessiva contrao ou
hipercinesia dos msculos envolvidos no processo fonatrio e a hipocinticaseria resultado de uma hipotonia tambm dessa musculatura fonatria, porm,
com a presena de um hiato entre as cordas vocais, na forma oval, ou um espao
triangular na regio posterior das cordas vocais.
7/29/2019 fenda gltica
7/19
Soderstein (1990) fez um estudo comparativo do fechamento gltico em
homens e mulheres e titulou em Fechamento Incompleto da Glote na parte
posterior. Pinho (1991) foi uma das pioneiras no Brasil a usar a terminologia
fenda gltica posterior, diferenciando-a em grau I e grau II.
Kirillos (1991) em sua tese de mestrado faz um estudo sobre a fenda
triangular posterior e, no decorrer do trabalho, descreve a fenda gltica triangular
mdio posterior, assim nomeada.
Linville (1992) fez um estudo comparativo de configuraes glticas em
dois grupos etrios de mulheres onde a nomenclatura utilizada foi fenda gltica
posterior, anterior e fusiforme. Morrison (1993), em seu artigo sobre desordensda voz pelo mau uso dos msculos, tambm usa como nomenclatura fenda
gltica posterior.
Ponte e colaboradores (1994) relatam seus trabalhos sobre alteraes
estruturais mnimas, que seriam um grupo de alteraes, que podem ir desde
simples variaes anatmicas at mal formaes congnitas menores. Dentro
das alteraes estruturais mnimas existem os desvios na proporo gltica, queestariam relacionados s fendas glticas.
Boone (1994) usa como nomenclatura fenda posterior, que seria aduo
incompleta dos processos da voz. Martins (1995) subdivide disfonias funcionais
em hipercintica e hipocintica, sendo que nas hipocinticas temos a presena
de fenda posterior, fenda mdio posterior, geralmente associada a ndulos
vocais e nas hipercinticas fenda triangular posterior e ndulos bilaterais emtero mdio.
Behlau e Pontes (1995) estudam a fenda gltica triangular mdio posterior
dentre as inadaptaes larngeas, podendo tambm estar presente nas
alteraes psicoemocionais.
7/29/2019 fenda gltica
8/19
Cervantes e Abraho (1995) e Kirillos (1996) escreveram sobre suas
experincias no trabalho com ndulos vocais e ambos afirmaram que na
presena de ndulos vocais sempre existe a fenda gltica triangular mdio
posterior; Colton (1996) descreve sobre os ndulos vocais e sobre os
fechamentos glticos, que classifica em padro I (fechamento completo), padro
II (pequena abertura posterior), padro III e IV (maior quantidade de abertura
posterior).
De acordo com os autores descritos existe uma variabilidade muito
grande na terminologia do assunto em questo. H autores que usam fenda
gltica triangular mdio posterior, outros fenda gltica triangular posterior grau I egrau II, fenda triangular posterior, at hiato. Tais variaes podem ter sido o
motivo de tanta dificuldade em encontrar material bibliogrfico e direcionar o
trabalho.
B) CONCEITO
Behlau & Pontes (1991) conceituam fenda gltica como inadaptaesfnicas, quer dentro das alteraes posturais das pregas vocais, quer nas formas
miofuncionais. Descrevem como inadaptaes fnicas, a falta de adaptao das
estruturas do aparelho fonador para a funo de fonao, representando uma
srie de condies, em nvel biolgico, que restringem o desempenho vocal. Na
fenda gltica triangular mdio posterior a ausncia de coaptao ultrapassa a
linha de projeo dos processos vocais, atingindo a parte membrancea das
pregas vocais.
Pinho (1993) conceitua as fendas glticas como sendo conseqncia de
um fechamento gltico imperfeito, de configurao variada, determinado por
desequilbrio da musculatura, principalmente msculos intrnsecos. Clinicamente
o grau de disfonia nem sempre proporcional ao tamanho da fenda.
7/29/2019 fenda gltica
9/19
C) ETIOLOGIA
No que diz respeito as causas da fenda gltica mdio posterior, Pinho e
colaboradores (1991) descrevem como causa da fenda triangular posterior (grau
II) hipercinesia de todos os msculos larngeos (intrnsecos e extrnsecos). Neste
tipo de fenda a vibrao no ficaria distribuda ao longo de toda a prega vocal, e
sim, concentrada, predominantemente, na juno do seu tero mdio com o
anterior, regio onde formam-se os ndulos.
Kirillos (1991) relata como causa de fenda gltica triangular mdio
posterior a constituio gltica feminina, uma vez que so mais propcias adesenvolver fenda triangular posterior. Como conseqncia do abuso ou mau uso
vocal, podem vir a desenvolver fenda triangular mdio posterior e a seguir
ndulos vocais, devido ao atrito no vrtice da fenda que geralmente se localiza
prxima do tero mdio das pregas vocais.
Ao contrrio, Kinville (1992) em seu trabalho sobre a configurao gltica
em dois grupos de mulheres (jovens e idosas), justifica a fenda gltica posteriorem mulheres jovens como falha no fechamento da glote por razes funcionais,
pois, fisiologicamente, so capazes de alcanar o fechamento completo. Talvez
uma contrao menos potente do msculo interaritenideo adotado pela mulher
jovem como medida de economia ou uma maneira de alcanar um tipo de
qualidade vocal, por exemplo, ligeiramente soprosa.
Morrison (1993) supe como etiologia da fenda gltica posterior oaumento da tenso dos msculos larngeos e, mais diretamente, devido ao
relaxamento inadequado do msculo cricoantenideo posterior durante a
fonao. Boone (1994) descreve a subaduo como etiologia da fenda gltica
posterior; as pregas vocais esto aproximadas de modo excessivamente frouxo
7/29/2019 fenda gltica
10/19
resultando em um tipo de vocalizao soprosa; as vezes, aps uso hiperfuncional
prolongado da voz, as pregas vocais mostraro fenda aberta posterior.
Martins (1995) classifica fenda gltica mdio posterior quando ela
ultrapassa a regio cartilaginosa e atinge a glote membranosa; associam-se, s
vezes, ndulos vocais e plipos. Correspondem hipertonicidade muscular,
principalmente do msculo Cricoaritenideo posterior, pois sua atividade
predomina sobre as demais.
Behlau & Pontes (1995) descrevem a etiologia da fenda gltica triangular
mdio posterior como sendo uma hipertonicidade da musculatura
cricoaritenidea posterior (CAP), pois, este o nico msculo abdutor da laringee em situao de hipertonicidade sua atividade predomina em relao aos
demais, produzindo, ento, uma fenda fonao. Isto se deve ao fato de sua
atividade estar relacionada a preservao da vida, ou seja, manter o espao
gltico aberto para a respirao.
D) INCIDNCIA
Quanto a incidncia da fenda gltica mdio posterior, para os autores aqui
estudados, existe unanimidade no fato de ser mais frequente em mulheres (F. Le
Huche (1982), Soderstern e outros (1990), Kirillos (1991), Linville (1992),
Morrison e colaboradores (1993), Pontes e outros (1994), Cervantes e Abraho
(1995), Behlau & Pontes (1995) e Martins (1995) ), descrevem alto ndice
tambm em crianas. J Linville (1989) relata at ndice de fechamento gltico
inadequado em mulheres idosas.
E) SINTOMATOLOGIA
Com relao as manifestaes, Le Huche (1982) descreve, na disfonia
hipotnica, voz baixa e ataque vocal aspirado; na estroboscopia a amplitude
7/29/2019 fenda gltica
11/19
diminuda e simtrica, o componente vertical mais ou menos visvel, as
ondulaes da mucosa costumam ser normais por vezes diminudas, e o tempo
fonatrio diminudo. Na hipertnica, a mucosa pode ser normal, branca,
avermelhada, edemaciada recoberta por secreo catarral mais ou menos
aderida, e na estroboscopia a amplitude e as ondulaes da mucosa esto
diminudas.
Tabith (1986) relata, na disfonia habitual hipercintica, extremo cansao ao
usar a voz, freqentes queixas de dor de garganta, sensao de irritao, corpo
estranho e secreo. A voz intensa e estridente; o timbre gutural, s vezes
hipernasal por excessiva tenso dos ressonadores, e existe ataque vocal brusco.
Na disfonia habitual hipocintica, a voz pouco tensa, agravada, com o timbre eataque vocal aspirados. H reduo do tempo de fonao devido a escape de ar
entre as cordas vocais durante a fonao.
Kirillos (1991), na fenda gltica triangular mdio posterior, descreve, como
manifestao, apenas a queixa de disfonia. J Pinho (1993), na fenda gltica
triangular posterior (Grau II), alm da disfonia, relata, durante a fonao, tenso
excessiva de todo o trato vocal, entumescimento das veias do pescoo econtrao da musculatura respiratria.
Pontes & Behlau (1992) descrevem, como manifestao, voz soprosa,
podendo ser spera ou rouca, na dependncia das alteraes orgnicas
secundrias (ndulos vocais); tempo mximo de fonao curto, freqentemente
abaixo de 10 segundos, ataque vocal brusco ou soproso, volume e extenso
vocal reduzidos.
Boone (1994) cita, apenas, soprosidade na voz e desperdcio de ar na
fenda posterior. Martins (1995) diz que na disfonia hipercintica a voz spera,
aguda, estridente e alta, possui ataque vocal brusco e golpe de glote; na
7/29/2019 fenda gltica
12/19
hipocintica a voz velada, fraca com ataque vocal aspirado e presena de
fadiga vocal.
Belhau & Pontes (1995) em seu livro, colocam como manifestaes,
alterao vocal, queixas de fadiga e geralmente presena de ndulos. Como
sinais, os mais observados so entumescimento das veias do pescoo e
contrao excessiva dos msculos respiratrios.
Cervantes (1995), em seu trabalho com ndulos vocais, descreve como
manifestaes, a rouquido e fadiga vocal, sendo grande a variao de
sintomas. Pela manh a voz melhor e, com o decorrer do dia, vai piorando.
Colton e colaboradores (1996) citam rouquido, soprosidade, dor na garganta edificuldade em produzir algumas notas. J Kirillos diz que alteraes larngeas
com impacto na voz, podem ser de menor ou maior grau.
F) TRATAMENTO
No que se refere a tratamento das fendas, Pinho & Pontes (1991) colocam
que os exerccios especficos podem auxiliar no fechamento das fendas emgeral, ocupando pequena parte da sesso teraputica e que a conscientizao
do paciente, quanto aos mecanismos de produo vocal deficiente, ser sempre
o fator mais importante da terapia fonoaudiolgica.
Nem sempre obtm-se um fechamento gltico completo no final do
tratamento, mas outros fatores como controle da rigidez das pregas vocais e da
presso area subgltica podem compensar a fenda obtendo-se voz de melhorrendimento e com menos esforo.
Na fenda gltica triangular mdio posterior Grau II, Pinho (1993) descreve
alguns exerccios realizados em terapia fonoaudiolgica, tais como movimentos
cervicais lentos associados a emisso de vogais suaves, exerccio do /M/ nasal e
7/29/2019 fenda gltica
13/19
vocal Fry. Essas alteraes funcionais apresentam bom prognstico com
fonoterapia.
Pontes e colaboradores (1994) colocam, como conduta para alteraes
estruturais mnimas, um tratamento combinado que pode incluir orientao,
reabilitao vocal, teraputica medicamentosa e procedimento cirrgico. As
orientaes vocais so indicadas em leses discretas com pouco ou nenhum
impacto vocal. A reabilitao vocal visa melhorar a voz disponvel, reduzir as
compensaes negativas, particularmente a sndrome de hipertonicidade
muscular, melhorar a resistncia vocal, tratar leses secundrias e preparar o
paciente para cirurgia, quando indicada.
Behlau & Pontes (1995) descrevem como tratamento para fenda gltica
triangular mdio posterior a fonoterapia. Martins (1995), como tratamento para
disfonias hipercinticas, prope reduo da tenso e coordenao pneumofnica
realizando exerccios de relaxamento, respirao, vocalizao com ataque vocal
suave e vogais abertas, higiene vocal, sons fricativos /S/ /Z/, vibrao e bocejo.
Nas disfonias hipocinticas a autora prope como vantajoso, iniciar o trabalho
pela tcnica de relaxamento, para que seja adequado o padro respiratrio.Sugere tcnica de relaxamento, exerccio de vocalizao com vogais fechadas,
melhorando coaptao das pregas vocais /o/ /i/, tosse, produo de vogais e
tcnica de empuxe.
Cervantes & Abraho (1995), por considerarem que a fenda gltica
triangular mdio posterior est sempre presente nos casos de ndulos vocais,
preconizam a terapia vocal como tratamento e nos insucessos, a cirurgia dosmesmos. Kirillos (1996) j indica apenas a terapia fonoaudiolgica.
7/29/2019 fenda gltica
14/19
III - CONSIDERAES FINAIS
O tema proposto neste estudo, fenda gltica mdio posterior funcional,
muito controverso em relao terminologia. Como j descrito anteriormente, h
uma grande variabilidade na nomenclatura desse tipo de fenda. Tal diversificao
pode justificar a dificuldade ao fazer o levantamento bibliogrfico, uma vez que a
abordagem aqui est direcionada apenas para problemas funcionais; os ndulos
vocais citados no decorrer do trabalho, so colocados pelos autores como
alteraes orgnicas secundrias e/ou orgnicas funcionais, e s aparecem
neste artigo, quando colocados como conseqncia da fenda gltica mdio
posterior.
Essa diversificao na nomenclatura da fenda gltica mdio posterior, em
nvel otorrinolaringolgico, talvez no faa muita diferena, porm, para a
fonoaudiologia, existe uma diferena significante. O fonoaudilogo, sendo um
profissional da rea de sade, atuando como terapeuta, no que diz respeito a
problemas vocais, frente s alteraes funcionais ou orgnicas da voz, tem uma
meta teraputica que s conduzida diante do diagnstico mdico
otorrinolaringolgico.
Os distrbios da voz, nos ltimos anos, tm sido motivo de muitos estudos
e pesquisas, sendo, cada vez mais, descobertas novas tcnicas diagnsticas e
de reabilitao. As tcnicas de reabilitao (exerccios) devem ser executadas
de acordo com o distrbio existente, sendo o diagnstico otorrinolaringolgicoextremamente importante para uma conduta teraputica fonoaudiolgica correta.
No decorrer desse estudo, foi constatada a variao da nomenclatura
referente fenda gltica mdio posterior, e assim, sugiro esforos no sentido do
uso de uma padronizao da terminologia, para que fonoaudilogos possam ter
7/29/2019 fenda gltica
15/19
melhores condies de trabalho, utilizando seu tempo exclusivamente na conduta
teraputica adequada, ao invs de tentar entender as variaes de nomenclatura.
Para o fonoaudilogo importante essa terminologia, pois a partir da que
direcionamos o nosso trabalho.
O conceito de fenda gltica foi abordado apenas por dois dos autores
estudados, sendo que apenas um deles conceitua especificamente a fenda
gltica mdio posterior.
J na etiologia h uma variabilidade nas explicaes: h autores que
descrevem a causa da fenda gltica mdio posterior como hipercinesia de todos
os msculos extrnsecos e intrnsecos da laringe e outros acreditam que aconstituio gltica feminina seja a responsvel pela sua presena em
associao com o abuso ou mau uso vocal. H ainda autores que relatam a falha
no fechamento da glote por razes funcionais, pois, fisiologicamente, so
capazes de alcanar o fechamento completo, alm daqueles que descrevem
como causa, a hipertonicidade da musculatura cricoaritenidea posterior.
A respeito da incidncia, todos os autores indicam a maior freqncia emmulheres. Um deles em mulheres idosas e dois outros autores acrescentam alto
ndice tambm em crianas.
As manifestaes apresentadas na fenda gltica mdio posterior variam
desde ausncia de sintomas, at a afonia. Geralmente, existe disfonia, tenso
excessiva de todo trato vocal, entumescimento das veias do pescoo e contrao
excessiva dos msculos respiratrios. Os autores que usam a classificao dehipercintica e hipocintica para falar da fenda gltica mdio posterior,
apresentam controvrsias quando descrevem as manifestaes clnicas.
Como tratamento para a fenda gltica mdio posterior, os autores
descrevem fonoterapia, incluindo orientaes, exerccios especficos e
7/29/2019 fenda gltica
16/19
principalmente a conscientizao do paciente. Quando temos a presena de
ndulos vocais seguimos a mesma conduta e, caso no haja sucesso, alguns
autores indicam a cirurgia.
Com este estudo, espero ter conseguido mostrar a importncia de uma
padronizao de terminologia entre os profissionais que atuam na rea de voz,
alm da necessidade de uma boa interao entre fonoaudilogos e
otorrinolaringologistas para melhorar o diagnstico e tratamento dos distrbios
da voz.
7/29/2019 fenda gltica
17/19
IV - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
Behlau, M. & Pontes P.
1995 - Avaliao e tratamento das disfonias.
So Paulo, Lovise.
Boone, D. R. & Mc Farlane, S. C.
1994 - A voz e a terapia vocal, Porto Alegre. Artes Mdicas.
Cervantes, O. & Abraho, M.
1995 - O Ndulo vocal - Conceitos atuais. RBM.Otorrinolaringologia
vol II no 1.
Colton, R. H. e Casper, J. K.
1996 - Compreendendo os problemas de voz. Porto Alegre,
Artes Mdicas.
F. Le Huche
1982 - Dysphonias dysfonctionelle; Encyclopdie Mdio - Chirurgicale,
20752 A15
Hirano, M, MD, Yukizane, K, MD; Kurita, S, MD e HIBI, S, PMD
1989 - Asymetry of the laryngeal Framework: a morphologic study of
cadaver larynges. An otol. Rhinol Laryngol, 98.
Hirano, M e Bless, D. M.
1997 - Exame videoestroboscpio da laringe, Porto Alegre,
Artes Mdicas.
Kirillos, L. C. R.
7/29/2019 fenda gltica
18/19
1991 - Fenda Gltica Triangular Posterior em indivduos sem queixa
vocal: anlise comparativa, qualitativa e quantitativa.
So Paulo. Tese-mestrado - Escola Paulista de Medicina. (Mmeo).
1996 - Ndulo vocal: Caracterizao de uma Entidade - So Paulo -
Tese-Doutorado - Escola Paulista de Medicina. (Mmeo).
Linville, S. E., SKARIN, B.D, Fornatto, E.
1989 - The interrelationship of measures related to vocal function,
Speech Rate, and Laryngeal appearang in Elderly women.
Journal of speech and Hearing Research,
32: 323 - 330.
Linville, S. E.
1992 - Gloltal gap configurations in two age groups of womem. Journal
of Speech and Hearing Research, vol. 35, 1209 - 1215.
Martins, R. H. G.
1995 - Disfonia (apostila). Faculdade de Medicina UNESP - CampusBotucatu - S.P. (mmeo)
Morrison, M. D. And Rammage, L. A.
1993 - Muscle mesure voice disorders: Description and classification.
Acta otoryngol (Stockh), 113: 428 - 434.
Pinho, S. M. R. & Pontes, P. A. L.1991 - Disfonias funcionais - avaliao ORL dirigida a fonoterapia.
ACTA AWHO, 10 (1) : 34 - 7.
Pinho, S. M. R. & Pontes, P. A. L.
1993 - As Fendas Glticas e a Terapia fonoaudiolgica. In: Ferreira,
7/29/2019 fenda gltica
19/19
L. P. (Org) Um pouco de ns sobre a voz. So Paulo: Pr-Fono.
Pontes, P. & Behlau, M.
1992 - Disfonia funcional. Apostila S. P. (Mmeo)
Pontes, P., Behlau M., Gonalves M.
1994 - Alteraes estruturais mnimas da laringe (A E M):
Consideraes bsicas acta awho - vol XIII - no 1
Pontes, P., Behlau M., Kirillos L.
1994 - Glttic Configurations and Glottic
Proportions: an attempt to understand the posterior triangular glotticchink. Revue de laryngologie, vol. 115 no 4
Rubinstein, I., England S. J., Zamel, N. And Hoffstein, V.
1989 - Glottic dimensions in healthy Men and Women. Respiration
Physiology, 77: 291 - 299
Sdersten, M. And Lindestad. P.1990 - Glottal. Closure and Perceived Breathiness During Phonation
in Normally Speaking Subjects. Journal of Speech and Hearing
Research, vol. 33. 601 - 611
Tabith, A
1986 - Foniatria - Disfonias, Fissuras Lbio Palatais e Paralisia
Cerebral.So Paulo, Cortez.