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Fenícios no Brasil Um pouco da história dos Fenícios: Os fenícios estabeleceram-se nas margens orientais do Mediterrâneo, na fina e fértil faixa situada entre o mar e os montes Líbano e Antilíbano. A pequenez de seu território, a presença de vizinhos poderosos, e a existência de muita madeira de cedro (boa para a construção naval), nas florestas das montanhas, parecem ter sido fatores adicionais que orientaram a civilização fenícia para o mar. Construiram frotas numerosas e poderosas. Visitaram as costas do norte da África e todo o sul da Europa, comerciaram na Itália, penetraram no ponto Euxino (mar Negro) e sairam pelas Colunas de Hércules (Estreito de Gibraltar), tocando o litoral atlântico da África e chegando até as ilhas do Estanho (Inglaterra). Comerciando sempre, construiram entrepostos e armazéns ao longo de suas rotas. Quando podiam saqueavam e roubavam, mas evitavam os enimigos poderosos, que preferiam enfraquecer mais pelo ouro do que pela espada. Seus agentes e diplomatas não eram estranhos a quase todas as guerras travadas na época, e delas tiravam bom proveito. Fizeram o périplo africano, seguindo em sentido inverso ao caminho que percorreria Vasco da Gama muito mais tarde. E as provas se acumulam para confirmar que atravessaram o Atlântico e visitaram o novo continente. Os fenícios navegavam utilizando a técnica de orientação pelas estrelas, pelas correntes marinhas e pela direção dos ventos, e seguindo esses indícios seus capitães cobriam vastas distâncias com precisão. Já eram influentes por volta do ano 2000 a.C., mas seu poder cresceu com Abibaal (1020 a.C.) e Hirã (aliado de Salomão). Biblos, Sidon e Tiro foram sucessivamente capitais de um império comercial de cidades unidas antes pelos interesses, costumes e religião do que por uma estrutura política mais rígida. Sobre o Brasil: O Brasil está repleto de indícios comprobatórios da passagem dos fenícios, e tudo indica que eles concentraram sua atenção no nordeste. Pouco distante da confluência do rio Longá e do rio Parnaíba, no Estado do Piauí, existe um lago onde foram encontrados estaleiros fenícios e um porto, com local para atracação dos "carpássios" (navios antigos de longo curso). Subindo o rio Mearim, no Estado do Maranhão, na confluência dos rios Pindaré e Grajaú, encontramos o lago Pensiva, que outrora foi chamado Maracu. Neste lago, em ambas as margens, existem estaleiros de madeira petrificada, com grossos pregos e cavilhas de bronze. O pesquisador maranhense Raimundo Lopes escavou ali, no fim da década de 1920, e encontrou utensílios tipicamente fenícios.

Fenícios no Brasil

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Fenícios no Brasil 

       Um pouco da história dos Fenícios:

       Os fenícios estabeleceram-se nas margens orientais do Mediterrâneo, na fina e fértil faixa situada entre o mar e os montes Líbano e Antilíbano. A pequenez de seu território, a presença de vizinhos poderosos, e a existência de muita madeira de cedro (boa para a construção naval), nas florestas das montanhas, parecem ter sido fatores adicionais que orientaram a civilização fenícia para o mar.

       Construiram frotas numerosas e poderosas. Visitaram as costas do norte da África e todo o sul da Europa, comerciaram na Itália, penetraram no ponto Euxino (mar Negro) e sairam pelas Colunas de Hércules (Estreito de Gibraltar), tocando o litoral atlântico da África e chegando até as ilhas do Estanho (Inglaterra). Comerciando sempre, construiram entrepostos e armazéns ao longo de suas rotas. Quando podiam saqueavam e roubavam, mas evitavam os enimigos poderosos, que preferiam enfraquecer mais pelo ouro do que pela espada. Seus agentes e diplomatas não eram estranhos a quase todas as guerras travadas na época, e delas tiravam bom proveito. Fizeram o périplo africano, seguindo em sentido inverso ao caminho que percorreria Vasco da Gama muito mais tarde. E as provas se acumulam para confirmar que atravessaram o Atlântico e visitaram o novo continente. Os fenícios navegavam utilizando a técnica de orientação pelas estrelas, pelas correntes marinhas e pela direção dos ventos, e seguindo esses indícios seus capitães cobriam vastas distâncias com precisão. Já eram influentes por volta do ano 2000 a.C., mas seu poder cresceu com Abibaal (1020 a.C.) e Hirã (aliado de Salomão). Biblos, Sidon e Tiro foram sucessivamente capitais de um império comercial de cidades unidas antes pelos interesses, costumes e religião do que por uma estrutura política mais rígida.

       Sobre o Brasil:

       O Brasil está repleto de indícios comprobatórios da passagem dos fenícios, e tudo indica que eles concentraram sua atenção no nordeste. Pouco distante da confluência do rio Longá e do rio Parnaíba, no Estado do Piauí, existe um lago onde foram encontrados estaleiros fenícios e um porto, com local para atracação dos "carpássios" (navios antigos de longo curso).

       Subindo o rio Mearim, no Estado do Maranhão, na confluência dos rios Pindaré e Grajaú, encontramos o lago Pensiva, que outrora foi chamado Maracu. Neste lago, em ambas as margens, existem estaleiros de madeira petrificada, com grossos pregos e cavilhas de bronze. O pesquisador maranhense Raimundo Lopes escavou ali, no fim da década de 1920, e encontrou utensílios tipicamente fenícios.

       No Rio Grande do Norte, por sua vez, depois de percorrer um canal de 11 quilômetros, os barcos fenícios ancoravam no lago Extremoz. O professor austríaco Ludwig Schwennhagen estudou cuidadosamente os aterros e subterrâneos do local, e outros que existem perto da vila de Touros, onde os navegadores fenícios vinham a ancorar após percorrer uns 10 quilômetros de canal. O mesmo Schwennhagen relata que encontrou na Amazônia inscrições fenícias gravadas em pedra, nas quais havia referências a diversos reis de Tiro e Sidon (887 a 856 a.C.).

       Schwennhagen acredita que os fenícios usaram o Brasil como base durante pelo menos oitocentos anos, deixando aqui, além das provas materiais, uma importante influência lingüística entre os nativos.

       Nas entradas dos rios Camocim (Ceará), Parnaíba (Piauí) e Mearim (Maranhão), existem muralhas de pedra e cal erguidas pelos antigos fenícios.

       Apollinaire Frot, pesquisador francês, percorreu longamente o interior do Brasil, coletando inscrições fenícias nas serras de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Bahia. As inscrições

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reunidas são tantas que "ocupariam vários volumes se fossem publicadas", segundo declaração do próprio Frot.

       Sua tradução faz referência às obras dos fenícios no Brasil, à atividade comercial que aqui vinham exercer e ao afundamento da Atlântida. Algumas inscrições revelam que, em virtude dos abalos sofridos, os sobreviventes da Atlântida foram para o norte da África fundar os impérios do Egito e várias nações do Oriente Médio. Falam ainda do dilúvio bíblico que, segundo eles, não foi universal, mas apenas um cataclisma local, na Mesopotâmia, fato esse que os cientistas aceitam hoje em dia.

       A condição de potência econômica, de cujo comércio as demais dependiam, deu à Fenícia uma certa estabilidade que lhe permitiu existir tanto tempo sem possuir fortes exércitos. Sobreviveu à hegemonia egípcia, síria e assíria, e depois também ao domínio persa. Eis que finalmente chegou um elemento racialmente estranho, na forma dos invasores da Europa, e a Fenícia finalmente baqueou, primeiro sobre a invasão dos gregos de Alexandre magno e depois debaixo do poderio das legiões romanas.

       Com a guerra, interrompeu-se o comércio, e as colônias e entrepostos distantes, abandonados à própria sorte, começaram a ser destruídos pelas populações locais. Naquelas regiões, por demais afastadas para permitir a volta à metrópole, as populações regrediram a um estado primitivo. Isto é apenas teoria, mas explicaria os selvagens louros e de constituição física diversa que encontramos em algumas tribos indígenas brasileiras da Amazônia. Explicaria também a pele clara e o grande número de vocábulos fenícios no linguajar dos índios tiriós.

       Cartago, a maior das colônias da Fenícia, sobreviveu e prosperou até herdar da antiga metrópole o comércio pelo mar. É Heródoto que nos conta que "o Senado de Cartago baixou decreto proibindo sob pena de morte que se continuassem fazendo viagens para esse lado do Atlântico" (Américas) "já que a contínua vinda de homens e de recursos estava despovoando a capital".

       E há, finalmente, a famosa inscrição da Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, bastante conhecida: Aqui Badezir, rei de Tiro, primogênito de Jetbaal.

       Bibliografia:

       - "Grandes Enigmas da Humanidade" (págs 96-100), Editora Vozes – Luiz C. Lisboa e Roberto P. Andrade

A presença fenícia está registrada na pedra da Gávea no Rio de Janeiro, onde avistamos não apenas o perfil fenício esculpido na pedra, como também temos as inscrições alí registradas. Sabendo-se que os fenícios escreviam da direita para a esquerda, a tradução oferece a seguinte menção: LAABHTEJ BAR RIZDAB NAISINEOF RUZT que traduzido para a leitura ocidental fica: TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL e que significa: Tyro Phoenicia, Badezir primogênito de JethbaalEm 856 a.C. Badezir assumiu o trono de seu pai em Tyro. No Estado do Rio Grande do Norte, existe um canal construído pelos fenícios com 11 km, onde ancoravam seus barcos entre 887 e 856 a.C. O professor austríaco Ludwig Schwennhagen encontrou inscrições fenícias no Amazonas que atribuiu aos fenícios deste período. Também nos rios Camocim (Ceará), Parnaíba (Piauí) e Mearim (Maranhão), existem pedras com gravuras

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fenícias, assim como gravuras são encontradas no Estado de Goiás, Minas Gerais, serra da Bahia e Mato Grosso.

Em maio de 1968 lemos no jornal O Dia, do Rio de Janeiro, uma notícia vinda dos EUA, acompanhada da reprodução de um quadro de símbolos; dizia o texto: "Encontrados na Paraíba e levados para Walthan, em Massachustes, estes símbolos foram estudados durante quase 100 anos. Finalmente o professor Cyrus Gordon, especialista em assuntos mediterrâneos, conseguiu decifrá-los. Indicam que os Fenícios estiveram nas terras que hoje formam nosso país, pelo menos doi mil anos antes de Cristovam Colombo descobrir a América e Cabral chegar ao Brasil".

Vejamos o que traduziu o professor Cyrus Gordon dos símbolos encontrados na Paraíba:

"Somos filhos de Canaã, de Sidon, a cidade do rei. O comércio nos troxe a esta distante praia, uma terra de montanhas. Sacrificamos um jovem aos Deuses e Deusas exaltados no ano 19 de Hirã, nosso poderoso rei. Embarcamos em Ezion-Geber no mar vermelho, e viajamos com dez navios. Permanecemos no mar juntos por dois anos, em volta da terra pertencente a Ham (África), mas fomos separados por uma tempestade e nos afastamos de nossos companheiros e assim aportamos aqui, 12 homens e 3 mulheres, numa nova praia, que eu, o almirante, controlo. Mas auspiciosamente possam os exaltados deuses e deusas intercederem em nosso favor ".

O nosso grande historiador e arqueólogo Bernardo de Azevedo da Silva Ramos, amazonense, chegou a juntar cópias de 3000 letreiros e inscrições encontrados no Brasil e em outros países americanos, e aponta semelhanças com inscrições encontradas em outros países do velho mundo. Bernardo Ramos esteve na pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, estudou a inscrição ali encontrada, afirmou ser de caracteres Fenícios e traduziu-as:

"Tiro, Fenícia, Bedezir primogênito de Jethabaal".

Essas inscrições foram encontradas em 1836, no pico dessa montanha, a uma altitude de 840 metros, e mede cada uma três metros. Bedezir reinou na Fenícia de 855 a 850a.c. Como seu pai reinara em 887 a 856 , pode-se concluir que a inscrição teria sido gravada entre os anos 887 a 850a.c. e provaria a evidência de que os Fenícios já antes da era cristã teriam estendido suas expedições à América do Sul, e essas inscrições teriam o intuito de imortalizar a glória do nome Fenício, além da simples demarcação das entradas ao interior do Brasil.........

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A inscrição fenícia da Paraíba (1871)

Em 1871, o IHGB recebeu uma carta vinda de uma localidade chamada Paraíba (existem várias regiões, cidades e rios com esse nome no Brasil). A mesma descrevia o encontro de uma grande laje na fazenda de Joaquim Alves da Costa, onde existiriam letras misteriosas, que foram copiadas pelo filho do fazendeiro e enviadas à capital. O então diretor do Museu Nacional (RJ), o arqueólogo Ladislau Neto, enviou aos jornais uma tradução dessas letras, que descreveriam uma expedição saída da cidade de Sidon (na Fenícia), durante o reinado de Hiram I, que se perdeu e veio parar no Brasil. A notícia correu o mundo, sendo noticiada por diversos periódicos e por grandes autoridades. Em 1874 os epigrafistas S. Euting e Schlottmann demonstraram que a inscrição era uma fraude. O próprio Ladislau Neto admitiu o seu equívoco no ano de 1885, em uma carta enviada à maior autoridade em feniciologia do século XIX, o francês Ernest Renan (Neto, 1885). Os membros do IHGB e do Museu Nacional tentaram localizar a fazenda onde havia sido realizada a descoberta, mas foi constatado que Joaquim Costa e sua fazenda não existiam. Foi um embuste realizado com a intenção de desmoralizar a academia imperial ou ao contrário, glorificar algum de seus membros. Nesta última hipótese, a maioria dos pesquisadores sempre considerou que Ladislau Neto teria feito a fraude. Mas segundo nossos estudos, a inscrição da Paraíba possivelmente foi executada pelo arqueólogo e epigrafista francês Conde de La Hure. Uma vingança pela falta de incentivo financeiro do IHGB às suas pesquisas na pré-história de Santa Catarina (Langer, 2000, p. 80-90). No século XX, alguns estudiosos declararam que a inscrição da Paraíba era verdadeira, como o norte-americano Cyrus Gordon. A polêmica prossegue até hoje.

A pedra de Diamantina (1970)

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Na cidade de Diamantina (Minas Gerais), o sr. Jair Emídio Ferreira mudava o assoalho de sua casa, quando subitamente encontrou um estranho objeto: uma pequena rocha do tamanho de um prato, com desenhos e letras esculpidas em sua face. Jornais locais e nacionais da década de 1970 noticiaram com grande alarde que este vestígio teria origem fenícia. Segundo nossas análises, a figura tenta imitar uma espécie de sacerdote fenício-semita e as letras uma mistura do alfabeto hebraico com o latim: trata-se de uma fraude muito mal realizada que não despertou maiores atenções dos acadêmicos. A pedra de Diamantina encontra-se atualmente desaparecida. Segundo notícias veiculadas na região, ela teria sido vendida por Jair Ferreira para um colecionador norte-americano.

A pedra de Gaspar (1972)

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No sítio arqueológico denominado Sambaqui de Poço Grande (Gaspar, SC), propriedade de Olimpio Hanemann, foi encontrada uma rocha com traços de alfabeto paleo-semítico. No dia 28 de junho de 1972 a imprensa local noticiou a descoberta do vestígio, afirmando tratar-se de uma promissória fenícia. Segundo o professor Evaldo Pauli da UFSC, estas inscrições poderiam constituir a prova de que navegantes semitas estiveram antes de Cabral no nosso país, tese compartilhada pelo frei Simão Voigt (RJ), ambos em meados da década de 1970. Após muitos anos de debates e especulações, o renomado epigrafista Frank Moore Gross (Universidade de Harward) declarou que tratava-se de uma falsificação. O autor da fraude teria modificado as letras de um conhecido documento semítico, a inscrição Baal Libanon. O paradeiro atual da pedra de Gaspar é o Museu do Homem do Sambaqui, em Florianópolis (SC). Infelismente a pedra nunca recebeu maiores atenções dos acadêmicos. Diversos pesquisadores do Brasil, como o neo-difusionista Luis Galdino, defendem uma maior investigação desse misterioso objeto.

A hipótese da vinda de fenícios ao nosso país é conhecida desde a colônia, mas somente estes três casos constituem (ou poderiam constituir) uma evidência arqueológica desse antigo mito. A famosa pedra da Gávea é descartada, porque já foi evidenciada sua origem natural.

AGRADECIMENTOS:Ao historiador Luis Galdino (Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo), pelas fotos e informações enviadas.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:LANGER, Johnni. Mito, história e literatura: as cidades perdidas do Brasil. História e Perspectivas (UFU), Uberlândia, n. 14, p. 67-83, 1996a._____ A Esfinge atlante do Paraná: o imaginário de um mito arqueológico. In: História,

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questões e debates (UFPR), Curitiba, ano 13, n. 25, p. 148-163, 1996b._____ As cidades imaginárias do Brasil. Curitiba: Secretaria de Cultura do Paraná, 1997a._____ Mitos arqueológicos e poder. Clio - Série Arqueológica (UFPE), Recife, v. 1, n. 12, p. 109-125, 1997b._____ O mito do Eldorado. Revista de História (USP), São Paulo, n. 136, p. 25-40, 1997c._____ O megalitismo na pré-história brasileira. Revista de Arqueologia (SAB - Sociedade Brasileira de Arqueologia), Rio de Janeiro, vol. 10, 1997d._____ Enigmas arqueológicos e civilizações perdidas no Brasil novecentista. Anos 90 (UFRGS), Porto Alegre, n. 9, p. 165-185, 1998._____ As origens da arqueologia clássica. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE - USP, Universidade de São Paulo), São Paulo, n. 9, p. 95-110, 1999._____ Ruínas e mito: a arqueologia no Brasil Império: 1840-1889. Tese de doutorado em História, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2000. Mimeo._____ Origens da egiptologia. Espaço Plural, (Cepedal/Unioeste - Universidade Estadual do Oeste do Paraná), Marechal Cândido Rondon, ano III, n. 7, março 2001a._____ A origem do imaginário sobre os vikings. Espaço Plural, (Cepedal/Unioeste - Universidade Estadual do Oeste do Paraná), ano III, n. 8, agosto 2001b._____ Os enigmas de um continente: as origens da arqueologia americana (1750-1850). Estudos Ibero-Americanos (PUCRS), vol. XXVII, n. 1, junho 2001d._____ Os vikings no Brasil: origem e significado de um mito arqueológico. Locus (UFJF). No prelo._____ A pedra da Gávea e o imaginário arqueológico do império. Estudos Históricos (UFRJ). No prelo._____ O caso da pedra fenícia da Paraíba e outras polêmicas arqueológicas do Império. Revista de História (Unesp). No prelo._____ A cidade perdida da Bahia. Revista Brasileira de História (USP). No prelo.

FENÍCIOS NO BRASIL

É famosa a chamada "Inscrição da Paraíba", do nome do seu lugar de origem. O primeiro a dar a notícia da sua existência foi, em 1864, o estudioso brasileiro Ladislau de Souza Mello Netto, que se baseou num desenho enviado, dois anos antes, ao Museu do Rio de Janeiro, por um tal Joaquim Alves da Costa. Ninguém, nem mesmo Ladislau Netto, viu, alguma vez, o original. Esquecida durante anos, a inscrição foi trazida para a ribalta, em 1968, pelo americano Cyrus H. Gordon, que a voltou a analisar, afirmando

peremptoriamente a sua autenticidade.

É este o texto da inscrição: "Nós somos filhos de Canaan de Sidon, a cidade do rei. O comércio atirou-nos a esta praia distante. Sacrificámos um jovem aos deuses e as

deusas, no ano décimo nono de Hirão, nosso rei poderoso. Partimos de Eziongeber no mar Vermelho e viajámos com dez navios. Mantivemo-nos juntos no mar durante dois

anos, a volta da Terra de Cam (África), mas a tempestade separou-nos e nunca mais nos encontramos com os nossos companheiros. Assim, viemos ter aqui, doze homens e três

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mulheres, a uma praia que eu, o almirante, governo. Possam os deuses e as deusas favorecer-nos!"

Cyrus H. Gordon acreditava existirem neste texto particulariedades linguísticas que não podiam ser conhecidas por um falsário em 1872 uma vez que só mais tarde se tornaram

do conhecimento dos estudiosos.

Ladislau Netto divulgou a inscrição em 1874. O parecer de uma das maiores autoridades da época, Ernest Renan foi, assim que dela teve conhecimento, absolutamente negativo, classificando-a categoricamente como falsa. Em resposta, Netto, escreve a Renan, em 1885, uma carta aberta. Nesta revela que sempre teve dúvidas sobre o caso, e que teve se interessar pelo problema devido a pressões de D. Pedro II, admirador das culturas

clássicas e pré-clássicas e estudioso das línguas semitas. Não tendo conseguido identificar o remetente da carta nem a propriedade de Pousio Alto onde a inscrição fora

achada, Netto escreve a cinco pessoas: quatro estrangeiros e um brasileiro, que considera capazes de fabricar a inscrição fenícia.

Na resposta de um deles julga ter encontrado a caligrafia do misterioso Joaquim Alves da Costa; escreve-lhe uma segunda vez e a carta de resposta não lhe deixa nenhuma dúvida, crê ter identificado o falsário, mas nunca chegaria a revelar o seu verdadeiro

nome, porquê? Segundo Geraldo Ireneo Joffily, as referências ao soberano tornam-no na principal suspeita, tanto mais porque era precisamente um dos maiores especialistas

brasileiros no assunto.

Da existência de um império colonial fenício no Nordeste brasileiro.

Em fins do século passado foi encontrada, em Pouso Alto, uma pedra com uma inscrição em escrita arcaica. Submetida a Ladislau Neto, reputado intelectual e precursor do estudo da Pré-história do Brasil, a escrita foi por êle identificada como fenício e traduzida para o português. Depois de anos de acirrados debates, inclusive na imprensa mundial, esta inscrição, que terminou por ser considerada apócrifa, caiu por completo no esquecimento. Recentemente, entretanto, voltou a ocupar a atenção dos estudiosos, graças às pesquisas feitas pelo prof. Cyrus Gordon, da Brandeis University, em Boston, uma das maiores autoridades contemporâneas em línguas mortas.

Segundo êle, os vocábulos e a construção gramatical que levantaram suspeitas sôbre a autenticidade da inscrição de Pouso Alto nos fins do século 19 são precisamente o que hoje atesta sua veracidade. Tais palavras e formas gramaticais, declara, suspeitas naquela época, foram autenticadas por inscrições descobertas desde então em escavações fenicias feitas na área do Mediterrâneo.

Em outras palavras, o Dr. Gordon afirma que nenhum mistificador poderia ter forjado, há um século, vocábulos e formas fenícias que só se tornariam conhecidos muitos anos depois.

O texto, na tradução de Cyrus Gordon, diz:

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"Somos filhos de Canaan, de Sidon, a cidade do rei. O comércio nos trouxe a esta distante praia, uma terra de montanhas. Sacrificamos um jovem aos deuses e deusas exaltados no ano 19 de Hiram, nosso poderoso rei. Embarcamos em Ezion-Geber, no Mar Vermelho, e viajamos com dez navios. Permanecemos no mar juntos por dois anos em volta da terra pertencente a Ham (África), mas fomos separados por uma tempestade e afastamo-nos de nossos companheiros. E assim apartamos aqui, doze homens e três mulheres, numa nova praia que eu, o Almirante, controlo. Mas auspiciosamente possam os exaltados Deuses e Deusas interceder em nosso favor'. (Cyrus Gordon, "The authenticy of the phoenician text of Parahyba)

Como diz o texto, partindo de Ezion-Geber, a referida expedição tentou a circunavegação da África em sentido contrário ao tentado por Cabral. Um dos maiores porém foi desviado pelos ventos e correntes marinhas para o litoral brasileiro, ao atingir o ponto onde fenômeno identico ocorreu com a frota portuguesa.

A circumnavegação da África pelos fenícios, comenta Gordon, indica um forte espírito de aventura e exploração, um alto nível de arquitetura naval, disponibilidade de pessoal náutico treinado e um efetivo conhecimento da ciência da navegação. E acrescenta que as viagens dos fenícios e seus aliados canaanitas (hebreus, edomitas, moabitas, cartagineses e outros) para o Nôvo Mundo, continuaram através do séculos.

Segundo Ludovico Schwenhagen elas só terminaram em 146 a. C., com a destruição de Cartago (herdeira do poder marítimo e do comércio de Tiro e Sidon) pelos romanos. Heródoto, que registrou a viagem de circumnavegação da África pelos fenícios, também registrou as viagens dos cartagineses a um distante país, além dos oceanos.

Descrição de Sete Cidades

É dentro dêste quadro histórico que devemos analisar a tese de Ludovico Schwenhagen sôbre as Sete Cidades, ruínas do grande centro nacional, político e religioso que, sob o domínio colonial dos fenícios, teria grupado sete poderosos povos tupis numa gigantesca confederação. De acôrdo com Ludovico Schwenhagen, os povos tupis, vindos de uma ilha das Caraíbas, fixaram-se nesse local, no município de Piracuruca, onde os piagas, ou sacerdotes de Tupã, teriam guardado as tradições e a língua dos tupis. O nome Piauí teria, assim, sua origem na palavra piagui, ou seja, terra dos piagas.

Ludovico Schwenhagen, depois de estudar extensamente Sete Cidades, elaborou uma planta com a indicação dos seus diversos componentes. Primeiro vem a sucessão de rochedos de 1.2OOm de extensão, ruínas de uma linha avançada em cuja lombada se teriam abrigado outrora batalhões de guerreiros. Transposta esta linha há um desfiladeiro que conduz às muralhas da fortaleza, formada por enormes blocos de pedra de 5 a l0m de altura. A fortaleza abrange uma área retangular de 25 hectares, deixando antever, para leste, mais alguns contrafortes. E, além de suas muralhas, um pequeno intervalo de planície dá acesso à Primeira Cidade,. Os rochedos, então, se dividem em duas linhas comprimidas, por entre as quais se estende, como um parque, o arvoredo sombroso. Assim começa a Segunda Cidade, cheia de casas, arcos e pequenas tôrres, marginando uma larga e extensa avenida.

Na terceira Cidade está o Castelo, de grandes muralhas que se erguem a 21 metros de altura, e em cujo conjunto grandioso ficavam compreendidos o salão do Congresso, a sede do Govêrno e o Templo. Aí se encontra, em escultura primitiva, a grande estátua do sacerdote-chefe e uma vasta coleção de pedras lisas e finas, cortadas simetricamente uma biblioteca, talvez, onde a ação corrosiva de quase três milênios apagou os últimos vestígios de uma cultura ignorada. Abaixo do

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Castelo, em direção ao sul, mais quatro cidades se estendem, com o mesmo sistema e a mesma aparência das primeiras. As cidades terminam ao pé da Serra Negra, por onde suas muralhas ainda se alongam em semicírculo, fechando um trato de campo fértil, com tanques subterrâneos e água perene.

Schwenhagen e a tese fenícia

Em defesa de sua tese da existência de um império colonial fenício no setentrião e nordeste brasileiros, cuja sede seria em Piracuruca, ludovico Schwenhagen apresenta, em seu livro "Antiga História do Brasil', uma abundante documentação, baseada em dados etnográficos, históricos, arqueoiógicos e lingüísticas, apoiando-se ainda em narração de Diodoro, grande historiador grego, contemporâneo de Júlio César, que teria descrito as viagens dos fenícios ao Brasil. Segundo Diodoro, citado por L S, os fenícios, quando os gregos destruíram Tróia, levaram milhares de troianos e seus aliados para suas colônias e com eles fundaram diversas cidades com o nome de Tróia.

Assim surgiram Tróia, perto de Veneza, Tróia de Lácio, Tróia na Etrúria (depois chamada Troila), Tr'oia na costa do Marrocos, na costa da Ibéria, perto de Vigo.

No Brasil teriam fundado Tur-Troya (Tur foi uma metrópole fenícia). Daí Tutóia, estação marítima dos fenícios no deita do rio Parnaíba, entreposto de Sete Cidades, 180 quilômetros distante, no interior. Outra estação marítima teria sido em Pedras do Sal ( Parnaíba-PI), também no deita parnaibano, onde L S localizou o Rochedo do Globo, guia para os navegadores canaanitas.

Como êstes, L S enumera muitos outros argumentos em defesa de sua tese. Os fenícios chamavam seu país de Caru. (O nome Fenícia, de Phoenis, foi dado pelos gregos). Daí se originariam os nomes de Caruaru, em Pernambuco, e Carutapera, no Maranhão. E o próprio nome Maranhão, segundo êle, vem de Maran-lon, isto é, grande lônia, devido a emigrantes da Iônia. Também de origem fenícia seria Touros, no R. G. do Norte, vindo de Tur ou Touro.

L S escreveu seu livro há quase meio século. A maioria dos críticos e leitores receberam-no com incredulidade. Intelectuais piauienses que o conheceram pessoalmente e com êle conviveram, como José Olimpio de Mello, consideram que êle era um homem de grande cultura e honestidade intelectual, mas um visionário.

Desde a publicação de seu livro, entretanto, dois fatos importantes vieram depor a favor de sua tese: a comprovação factual de que os vickings tiveram colônias na América do Norte e a viagem de Thor Heyerdahl do Egito às Antilhas, em um barco de palha de papiro, idêntico ao dos tempos dos faraós, demonstrando assim a viabilidade de os fenícios - possuidores de maiores recursos náuticos que vickings e egípcios - terem alcançado as costas brasileiras.

A palavra da Geologia

Geólogos que visitaram Sete Cidades acham que se trata de um empolgante conjunto de formas pitorescas esculpidas em arenito pelas águas superficiais, pertencente ao período devoniano.

De acôrdo com o prof. Josué Camargo Mendes, a bacia do Parnaíba, uma das três grandes bacias sedimentares existentes no território brasileiro, surgiu no período siluriano, tendo sido ocupada inicialmente por mares e mais tarde por lagos e rios. Nela se acumularam, graças à descensão do fundo, espessuras de sedimentos superiores a 2.000 metros.

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Os sedimentos marinhos dessa época constituíram a formação Serra Grande, na bacia do Parnaíba, onde está localizada Sete Cidades. Quase no fim de era paleozóica, isto é, no carbonifero, o mar retornou ao interior da grande bacia, onde se depositaram sedimentos marinhos. Após cada um dêsses ciclos de sedimentação marinha, as bacias de acumulação elevaram-se, emergindo os sedimentos ora transformados em rochas que passaram a sofrer erosão.

A grande questão

Seriam as Sete Cidades apenas o resultado dessa erosão de 300 milhões de anos?

Seriam as ruínas de uma cidade construída pelos fenícios e seus aliados caananitas, juntamente com os tupis, utilizando material das rochas?

Seriam, ainda, uma conjugação das duas coisas, isto é o aproveitamento de um local com formações naturais propícias, complementado pelo trabalho humano?

O estudo da Pré-história vem abrindo, diariamente, novas e inesperadas perspectivas. Ante as recentes descobertas arqueológicas e paleontológicas, teses antes tidas por fantasiosas adquirem nova expressão e nôvo fundamento.

Como escreveu Carlos Lacerda, a propósito da citada viagem do RA II, ao aportar na ilha de Barbados "Thor Heyerdahl e seus companheiros provaram o que queriam: os povos antigos se comunicaram sôbre os oceanos. Assim vai êsse homem demonstrando uma tese que pareceu sonho ou esfôrço de imaginação dos adivinhos da História".

Extraído do livro: PRÉ-HISTÓRIA BRASILEIRA, FATOS & LENDAS QUTRO ARTES – SÉRIR BRASIL, Década 70 Impresso no Brasilo – Editora Cuplo LTDA.

Este trabalho não tem cunho acadêmico. Sua elaboração se deu no primeiro período do curso de História sem que houvesse uma preocupação rigorosa com fontes e/ou documentos. Cabe ressaltar que não há evidências históricas, impíricas ou documentais suficientes para comprovar esta hipótese; portanto, trata-se de um debate e algo a ser explorado.  

 “Um imenso bloco de granito que surge abruptamente no mar”. Esta é a descrição mais simples e mais sintética da Pedra da Gávea, que recebeu este nome dos portugueses na descoberta do Brasil; uma montanha de 842 mts acima do nível do mar, que impressiona muito, tanto por sua imponência, como por sua estranha beleza e sua forma parecida com uma grande bigorna que do lado esquerdo parece com uma face humana com barbas.

   A Pedra da Gávea é um dos pontos mais exuberantes e misteriosos da cidade do Rio de Janeiro; é o maior monolito a beira mar do planeta, formado por dois tipos de rochas distintas: a base de gnaisse e o topo de granito. Com uma localização privilegiada à beira mar, no bairro de São Conrado, encanta moradores e visitantes; no entanto, vem a algum tempo intrigando seus observadores mais atentos, assim como a estudiosos e

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cientistas, por alguns detalhes que a Pedra apresenta. Por conta disso, algumas teorias e expedições foram organizadas na tentativa de desvendar os mistérios da montanha. O que em todos os resultados me faz acreditar ter sido ela “um templo fenício”. Talvez não haja no Brasil uma montanha cercada de tantas lendas e mistérios.

   Eu já havia ouvido falar na possível presença dos fenícios no Brasil, sobretudo no Rio de Janeiro e ao receber a incumbência de produzir um trabalho científico sobre algum tema, elegi a estada dos fenícios na cidade maravilhosa, e especificamente na Pedra da Gávea como minha afirmativa.

   A Pedra da Gávea apresenta além de seu formato inusitado, que lembra em muito um homem com barbas, várias inscrições que, depois de alguns estudos, soube-se que se trata de inscrições fenícias. D. João VI já havia recebido de um religioso, um relatório que citava os caracteres como sendo idiomáticos e do tempo do descobrimento do Brasil, por isso de relevada importância; mais tarde essas inscrições chamaram a atenção também de seu filho, o Imperador D. Pedro I.

  Um sábio cientista amazonense chamado Bernardo da Silva Ramos publicou um livro que veio aclarar, em muito os arcanos pelos quais a Pedra da Gávea encontra-se envolta. O livro Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica, especialmente do Brasil, publicado em dois volumes e com 1.100 páginas, reproduzia as inscrições encontradas em todo Brasil; inscrições que pela apreciação, se mostraram repletas de caracteres fenícios, gregos, árabes e até chineses. Os fenícios se estabeleceram em nosso país de maneira ostensiva e deixaram marcas por todos os lugares. O pesquisador alemão Ludwig Shwennhagen, diz que os fenícios estiveram no Brasil por pelo menos 800 anos, no mínimo.

   Outro que se dedicou a elucidar os mistérios da Pedra da Gávea, antes mesmo de Bernardo Ramos, foi o Prof. Henrique José de Souza, fundador do movimento eubiótico, ele revelou com minudência, a função e o simbolismo da montanha, mostrando o formato da esfinge que fora esculpida pelos fenícios, retratando um touro alado e coroado, figura conhecida na arte antiga, decorrente dos povos do Oriente Médio e Mesopotâmia, e ainda desvendando toda a história que deu origem ao monumento e à própria presença dos fenícios no Brasil.

   Bernardo da Silva Ramos publicou também no seu livro, a correspondência entre o alfabeto fenício e o hebraico, o que possibilitou a tradução de algumas inscrições da Pedra da Gávea, confirmando que os fenícios estiveram lá. Diante de tais fatos e de opiniões tão abalizadas e respaldadas, é difícil não acreditar que o Brasil tenha sido descoberto pelos fenícios.

    Há algumas inscrições fenícias na Pedra da Gávea, transcritas no livro de Bernardo Ramos.   Na primeira fileira, como as letras estão dispostas na Pedra. Abaixo, os caracteres isolados. Em seguida, a tradução para o hebraico e a transliteração para o português. Essa tradução foi posteriormente revisada pelo prof. Henrique de Souza para: “TYRO PHENICIA, JETHBAAL, PRIMOGÊNITO DE BADEZIR.”

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   Segundo o Prof. Henrique José de Souza, um rei fenício chamado Badezir, que viveu cerca de 800 a.C. dirigiu-se para o Brasil depois de ser expulso da Fenícia, por um conluio entre as castas militar e religiosa, juntamente com dois de seus filhos (gêmeos) e uma frota de sacerdotes, escravos, soldados, gente do povo, e militares que foram expulsos por permanecerem fiéis a ele, e 222 seguidores que representavam a elite do povo fenício. Para o Prof. Henrique, o Brasil já era um local há muito conhecido pelos fenícios. O próprio nome “Brasil” seria derivado de “Badezir”.

   Foram encontradas na Pedra da Gávea inscrições que fazem menção ao nome do rei Badezir e de seu pai; no topo da “cabeça” podem ser encontradas inscrições que representam serpentes, raios de sol, entre outras; inscrições que eram constantes nas escritas pré-históricas.

   Mais uma prova da presença fenícia no Rio de Janeiro serra que, em 1982, um arqueólogo americano chamado Robert Frank Marx, que se interessava em encontrar provas de navegação pré-colombiana dentro do Brasil, iniciou uma série de mergulhos na baía de Guanabara, e encontrou 3 (três) vasos de cerâmica de origem fenícia, dos quais 2 (dois) foram entregues à Marinha e 1 (um) ficou com o mergulhador José Roberto Teixeira, que o acompanhava.

   As marcas deixadas pelos fenícios também foram encontradas em outras partes do Brasil; no Piauí por exemplo, foram encontrados em um lago, estaleiros fenícios e um porto. No Maranhão, o pesquisador Raimundo Lopes fez algumas escavações na década de 20 no lago Pensiva, onde encontrou alguns objetos fenícios. Um pesquisador francês chamado Apollinaire Frot encontrou inscrições fenícias em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Bahia; segundo ele,  são tantas inscrições que “ocupariam vários volumes se fossem publicados”. No Nordeste  ainda hoje pode-se encontrar resquícios  de canais de irrigação e monumentos como “A Galinha Choca”, na entrada de Fortaleza.

   Na época dos fenícios a Pedra da Gávea teria sido um grande Templo, esculpido interiormente e formado por grandes salões que se comunicavam, como ainda acontece, com a praia rochosa situada abaixo da Pedra, e com uma infindável rede de comunicação. Nesse Templo foram encontrados os corpos mumificados dos filhos gêmeos do rei Badezir. Infelizmente a entrada para o local onde as múmias estavam, foi encontrada uma única vez.

   Uma equipe de parapsicólogos descreveu o interior da Pedra como sendo oca, com túneis, câmaras e túmulos. Em sua face oeste pode-se observar uma reentrância na rocha, com as dimensões de 15 metros de altura e 7 metros de largura. A pedra também era usada como mirante, daí vem o nome “Gávea” que significa Mirante dos Navios.

   A origem do povo libanês remonta a cerca de 3.500 anos antes do nascimento de Cristo, quando os cananeus vieram da Mesopotâmia (atual Iraque) para se estabelecer na atual costa libanesa. Foi o início da civilização Fenícia, notória pela habilidade no comércio e nas grandes navegações. A florescente atividade econômica fez dos fenícios uma potência comercial no Mediterrâneo, com suas poderosas cidades-estados de Byblos, Beirute, Sidon, Tiro (no atual Líbano) Arvad, Ugarit (na Síria) e Cartago (na Tunísia). Seu legado é notável: inventaram e difundiram o alfabeto que deu origem ao alfabeto moderno e também foram os primeiros a fabricar o vidro.

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   A Fenícia não  tinha um governo unificado, era constituída por cidades-Estados, cada qual com seu governante; algumas adotavam a Monarquia Hereditária, outras eram governadas por um conselho de Anciãos, formado por grandes comerciantes, donos de terras e armadores. As cidades-Estados disputavam entre si e com outros povos, o controle das principais rotas comerciais. Viviam da pesca e da agricultura, mas quando a produção passou a não acompanhar o crescimento da população, resolveram partir para outras atividades, entre elas o artesanato e o comércio. Para obter matérias-primas e conseguir vender sua produção, voltaram-se para o comércio marítimo, que se transformou na principal atividade econômica.

    Os fenícios não eram guerreiros e não pretendiam conquistar terras, tinham apenas a intenção de abrir novos entrepostos comercias, intenção que os fez tornarem-se exímios navegadores. Eles visitaram com suas numerosas frotas de navios toda a orla mediterrânea da Europa, a costa sententrional da África, penetraram no Mar Negro, e ultrapassaram o Mediterrâneo alcançando a costa africana do Atlântico e atravessaram o Atlântico para visitar o chamado “Novo Continente”.

   Alexandre Magno destruiu a metrópole da Fenícia , a cidade de Tiro, em 332 a.C. e até esta data foi constante as relações comercias entre a Fenícia (atual Síria) e o Brasil; nessa época foram escritos os letreiros que ainda hoje podem ser encontrados na Pedra da Gávea e em outros pontos do país.

   O escritor grego chamado Diodoro (da Sicília) que publicou uma coleção de 45 livros sobre a história universal, descreve nos capítulos 19 e 20 do 5° livro, a primeira viagem dos fenícios ao Brasil; segundo ele, saiu da costa da África, próximo à Dacar, uma frota fenícia que atravessou a costa do Oceano Atlântico no rumo do Sudoeste. Assim conta Diodoro a viagem dos fenícios: “Os navios andavam para o Sul, ao longo da costa da África, mas, subitamente, perderam a vista do continente e uma violenta tempestade levou-os ao alto mar. Ali, perseguindo as mesmas correntezas, descobriram eles uma grande ilha, com praias lindas, com rios navegáveis, com muitas serras no interior, cobertas por imensas florestas, com um clima ameno, abundante em frutas, caça e peixe, e com uma população pacífica e inteligente”. Assim se deu “a descoberta do Brasil”

   Muito tempo após o que foi relatado acima, um rei fenício chamado Badezir, aportou em terras brasileiras, ele foi deposto do seu reino e expulso da Fenícia, com dois de seus filhos, além de escravos, militares e outros. O rei Badezir estabeleceu seu reino aqui e dividiu o Brasil em duas partes: da região que hoje compreende do Amazonas a Bahia para Badezir “representando a parte material”; da Bahia ao Rio Grande do Sul para Yet-Baal, “representando a parte espiritual”. Mas, os promissores dias do Império de Badezir e Yet-Baal no Brasil tinham os dias contados... Uma lenda árabe, citada por Gustavo Barroso, fala que na entrada de uma baía num continente no Sul, havia uma grande mole de pedra chamada MANO SATANAS, que o Prof. Henrique José de Souza identificou como sendo o famoso morro do Pão de Açúcar, que fica justamente na entrada da barra da baía de Guanabara. Para quem deseja atravessar a água entre as duas porções de terra que correspondem hoje a Rio e Niterói, este local é o mais próximo. Como entrada da baía é um local de grande profundidade, águas escuras, e intensas correntes marinhas; em uma de suas travessias, a barquinha que conduzia os Gêmeos, que eram considerados seres divinos, juntamente com o casal de escravos núbios que os acompanhavam, vindo seus ocupantes a morrer por afogamento.Os corpos dos irmãos,

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foram levados para o interior da Pedra da Gávea. Transformava-se o Divino Templo em triste túmulo...

   O Professor HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA descreve num impressionante relato, desconhecido para o vulgo, o interior da Pedra da Gávea: “Duas múmias, colocadas uma junto à outra sobre uma mesa de pedra; nos pés também se acham duas outras, dos dois escravos núbios, (...) sendo que na cabeceira se encontram dois jarrões contendo flores em parafina, etc. e dos lados, em dois vasos canópicos, como outrora nos túmulos faraônicos do velho Egito, os manes  das duas referidas múmias... E mais adiante, depois de uma rampa que vai dar ao mar, pela parte traseira da mesma Pedra, como esfinge fenícia que é – uma barquinha de teto esmaltado de azul, movida por uma roda que ia ter à pequena hélice na popa, sendo acionada pelo referido escravo núbio. A escrava morreu alguns anos depois.” Acrescenta o Professor Henrique: “Badezir acorreu com Baal-Zin e um mago, chegando muitos dias

depois. Morreu pouco tempo depois, pedindo ao sacerdote que o mumificasse, deixando-o ao lado de seus filhos, na Pedra da Gávea, por sete anos, e que depois o transferisse para certa região do Amazonas, num santuário oculto pelas selvas .

   São muitas as correntes que não acreditam que as inscrições na Pedra da Gávea tenham suas origens nos fenícios, e até mesmo desacreditam que eles estiveram por aqui. O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro fez uma expedição à montanha em 23 de março de 1839 e o resultado da expedição assegurava que as inscrições na Pedra eram meramente resultado da ação da natureza e que antes de Cabral, ninguém havia passado pelas terras brasileiras. O instituto de arqueologia brasileira no ano de 1961 promoveu um trabalho arqueológico considerado sério na Pedra da Gávea, levando 13 pesquisadores sob o comando do presidente da instituição, o Prof. Claro Calazans Rodrigues, e descartaram qualquer hipótese da presença dos fenícios.

   Em 1931 foi organizada uma expedição em busca do túmulo de um rei fenício que teria desaparecido em 850 a.C. Foram realizadas algumas escavações, no entanto, sem nenhum resultado.

   Repórteres do jornal O GLOBO acompanharam uma expedição de cientistas da UFRJ e da UERJ e publicaram uma matéria que mostrava o resultado da expedição. Com um GPR (radar de penetração no solo) que tem a capacidade de “enxergar” através da rocha, eles afirmaram não ter visto nada além da rocha maciça, o que “derruba” a hipótese de a Pedra da Gávea ter sido a tumba do rei Badezir.

    “As tais inscrições não passam de falhas geológicas. Com as intempéries, os minérios mais sensíveis gastam e o resultado ficou com a aparência de inscrições” - afirmou o geólogo Marco André Malmann Medeiros, da Uerj.

   “Ainda não há prova científica da vinda dos fenícios ao Brasil. Nem no Rio, nem em outro estado” - afirmou o professor Francisco Otávio da Silva Bezerra, antropólogo cultural e um dos fundadores do Centro Brasileiro de Arqueologia.

 “Os dados obtidos não mostram nada além da rocha maciça” – Disse a geofísica Paula Ferrúcio, professora da UFRJ.

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   Partindo do princípio de que o Brasil já havia sido descoberto pelos fenícios antes de Cabral, o carnavalesco Max Lopes da escola de samba carioca Estação Primeira da Mangueira, levou para a Avenida no carnaval de 2001 o enredo: “No embalo dos fenícios” que contava a história do comércio, partindo da Fenícia até chegar na Mangueira.

Reprodução de moeda fenícia mostrando o que parece ser um mapa-múndi com todos os continentes conhecidos atualmente, inclusive a América.

    Apesar de muitas correntes não aceitarem a presença dos fenícios por aqui, as provas de que ela ocorreu são inúmeras. Inscrições com características fenícias em rochas em todo o Brasil, a tradução de algumas delas, os vasos de cerâmica encontrados na baía de Guanabara, e a afirmação de abalizados pesquisadores do assunto nos fazem ao menos pensar.

   A revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, na folha 66 do primeiro volume traz a seguinte carta: “Em uma das montanhas do litoral do Rio de Janeiro, ao sul da Barra, há uma inscrição em caracteres fenícios, já muito destruídos pelo tempo e que revelam antiguidade. Essa inscrição foi vista e observada por um conhecedor das línguas orientais que, ao vê-la, concluiu que o Brasil tinha sido visitado por nações conhecedoras da navegação que aqui estiveram antes dos portugueses”.

                                 ATENÇÃO

Este trabalho não tem cunho acadêmico. Sua elaboração se deu no primeiro período do curso de História sem que houvesse uma preocupação rigorosa com fontes e/ou documentos. Cabe ressaltar que não há evidências históricas, impíricas ou documentais suficientes para comprovar esta hipótese; portanto, trata-se de um debate e algo a ser explorado.  

BIBLIOGRAFIA

site: www.novolibano.com.br

site: www.vidhya-virtual.com

Fragmentos da matéria publicada no jornal O GLOBO de 06 de agosto de 2000.

 

Livro Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica, especialmente do Brasil – Bernardo Ramos.    Foto do site “terrabrasil”: Eduardo Lage Santos, Kiarash Ertebati, Carlos Péres Gomar, Daniel R. Carneiro

site: jbonline.terra.com.br

GLOSSÁRIO

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Bigorna : Peça de ferro, com o corpo central quadrangular e as extremidades em ponta geralmente cônica, sobre a qual se malham e amoldam metais.

Monólito : 1- Pedra de grandes dimensões 2 – Monumento feito de um só bloco de pedra.

Gnaisse : Rocha laminada, cristalina, de composição mineralógica muito variável.

Granito : Rocha granular caracterizada essencialmente por quartzo e um feldspato alcalino.

Aclarar : Esclarecer; Elucidar.

Arcanos: Mistérios.

Minudência : Pormenor; Particularidade.

Esfinge : Monstro mitológico.

Conluio : Trama.

Castas : Camada social hereditária, cujos membros são da mesma raça, etnia, religião ou profissão, e se casam entre si.

Vulgo : O Povo; A Plebe.

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(Artigonal SC #1094055)

Marcos Clayton Assis Sodré - Perfil do Autor: