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Agitação Fepiana Página 3 O que é a cientologia? Páginas 4 e 5 Digital Detox Theatre: iTeatro, o gadget que não tem bugs Página 9 Portugal Tank Página 10 O “ouro negro” ainda domina a economia? Páginas 14 e 15 Os sete passos para saberes lidar com as tuas emoções Página 16 Agenda Cultural Página 17 Desporto na FEP Página 19 nº 13 • dezembro 2014 • distribuição gratuita • Periodicidade: mensal www.facebook.com/fepianojornal [email protected] 223 399 400 Visite-nos em: http://livraria.vidaeconomica.pt Autora: Diana Aguiar Vieira | P.V.P.: € 12,90 Transição do ensino superior para o trabalho (Ebook) Esta obra, fruto da tese de doutoramento que mereceu o Prémio Agostinho Roseta na categoria de estudos e trabalhos de investigação, destina-se a profissionais na área da educação e do emprego, a professores e estudantes do ensino superior . MARTA CUNHA EM ENTREVISTA “Vivemos num país muito evoluído” Páginas 6 a 8 Erasmus na FEP O EGITO E O LÍBANO NO PORTO Páginas 11 a 13 ESPECIAL NATAL

Fepiano XIII

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Edição nº 13 - Dezembro 2014

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Page 1: Fepiano XIII

Agitação FepianaPágina 3

O que é a cientologia?

Páginas 4 e 5

Digital Detox Theatre: iTeatro, o gadget que não tem bugs

Página 9

Portugal TankPágina 10

O “ouro negro” ainda domina a economia?

Páginas 14 e 15

Os sete passos para saberes lidar com as tuas emoções

Página 16

Agenda CulturalPágina 17

Desporto na FEPPágina 19

nº 13 • dezembro 2014 • distribuição gratuita • Periodicidade: mensal

www.facebook.com/fepianojornal

[email protected] 223 399 400 Visite-nos em: http://livraria.vidaeconomica.pt

Autora: Diana Aguiar Vieira | P.V.P.: € 12,90

Transição do ensino superior para o trabalho (Ebook)Transição do ensino superior para o trabalhoEsta obra, fruto da tese de doutoramento que mereceu o Prémio Agostinho Roseta na categoria de estudos e trabalhos de investigação, destina-se a profissionais na área da educação e do emprego, a professores e estudantes do ensino superior .

MARTA CUNHA EM ENTREVISTA

“Vivemos num país muito evoluído”

Páginas 6 a 8

Erasmus na FEP O EGITO E O LÍBANO NO PORTO

Páginas 11 a 13

ESPECIAL NATALESPECIAL NATAL

Page 2: Fepiano XIII

2 Nº 13 - dezembro 2014

A lareira está acesa. Ouve-se o crepi-tar dos toros de madeira enegrecidos. Lá fora, o frio denuncia dezembro e o aumento dos pagamentos com recurso ao cartão multibanco confirma as sus-peitas. O final do ano aproxima-se e os acontecimentos atropelam-se, qual esta-ção de metro londrina em hora de pon-ta. Ao fim e ao cabo, o ditado é antigo e, com as devidas adaptações, podemos questionar: afinal, para quê deixar para o próximo ano o que pode ocorrer hoje? Se estávamos habituados a que, nes-ta altura do ano, o eficiente Ambrósio satisfizesse todos os nossos desejos, desta vez, no que toca ao requinte da agitação, ele terá a tarefa facilitada.

Os últimos tem-pos foram marca-dos por detenções. A nossa atenção prendeu-se, incon-tornavelmente, nas múltiplas notícias sobre estas diligên-cias levadas a cabo no âmbito de vá-rios processos judi-ciais a correr. Man-chetes e telejornais inteiros fizeram eco dos protagonistas, das suas histórias e do momento his-tórico. Figuras de topo e um ex-gover-nante – um casting altamente promissor para um confessionário conduzido por um mesmo juiz. Captaram-se imagens, alimentaram-se shares, consumiram-se horas, horas e mais horas de comentá-rios para todos os apetites, vigiou-se à porta do Campus de Justiça por uma declaração... Ufa! Um verdadeiro en-redo de thriller que, bem visto, embru-lhado num bonito papel gold, poderia

perfeitamente ser o presente ideal para qualquer cinéfilo.

Para os amantes de outros géneros e num ano profícuo em epidemias, o sur-to instalou-se. A legionella espalhou-se em terras nacionais e montou-se uma verdadeira caça ao vírus. O crescimen-to do número de infectados foi expo-nencial e, como sempre nesta coisa dos ciclos, após o pico, caminhamos agora para a depressão. Portugal somou e se-guiu neste campeonato, alcançando os tops mundiais no que se refere a casos desta doença.

O destaque da maleita foi tal que a leva a disputar a competição pelo título de palavra do ano em conjunto com ou-tros nove vocábulos que não nos foram indiferentes em 2014. Cada um está a xurdir, por entre o basqueiro, e nesta disputa não há espaço para corrupção. Aproveitando um momento de ciberva-diagem, no banco ou depois de postar a obrigatória selfie, enquanto se analisa o fenómeno do jihadismo ou se disseca a evolução recente do ébola, somos cha-mados para uma votação colectiva que,

em última estância, poderá ser entendi-da como gamificação.

Não só de competições vive o homem, mas também de uma réstia de polémica – e essa surge quando menos se espera. Se uma Madonna nunca é consensual, uma Madonna em topless muito menos o é. Cara da nova campanha da Versace, o seu estilo provocante revela-se, like a virgin, fiel ao seu verdadeiro ser.

O verniz estalou, também, no campo. A bola da liga milionária rolou para ou-tro canal, uma jogada arriscada. A ad-ministração do canal público fintou o

conselho geral in-dependente. A de-savença instalou-se e o cartão verme-lho acabou por ser mostrado, tudo isto mesmo antes do apito inicial.

Na lareira, o fogo outrora vivo dá lugar às brasas incandescentes. É tempo de balan-ços, de sonhos e magia. Recorda-mos o que vive-mos, sonhamos o que se viverá. As promessas e as

resoluções serão, certamente, muitas. Tudo será diferente, mas, ao mesmo tempo, tão igual. Como eternizou José Hermano Saraiva, “continuará a haver noites de luar, Serra de Sintra e o Tejo a correr para o mar”. Cum-pram-se as nossas ambições, desempe-nhe-se o papel principal. As notícias não se esgotarão e um novo semestre assinalará o nosso regresso. Marcamos encontro em março? Descortinare-mos as novidades juntos. Até lá, festas felizes!

Próxima paragem: 2015

JOÃO SEQUEIRA

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3Nº 13 - dezembro 2014

PEDRO MALAQUIASTÂNIA FREITAS

Mais um ano, mais uma grande Old School proporcionada pela Associação de Estudantes da Faculdade de Economia do Porto. Com a festa realizada este ano, no dia 28 de Novembro, a AEFEP já leva uma contagem de seis edições no seu currículo, o que demostra a importância e a exponen-cial adesão que esta festa proporciona. Este ano não foi exceção, demonstrando núme-ros bastante positivos.

A 1ª edição decorreu há seis anos, sen-do uma ideia de David Catanho. Come-çou como uma festa pequena, em que o principal mote era trazer de volta a casa os já licenciados para reviverem a enor-me experiência que é uma festa da FEP e a vida académica. Tinha como objetivo juntar antigos colegas, desde os mais “ve-lhos” aos mais novos, de maneira a que a magia Fepiana nunca perecesse. Hoje em dia, já é algo superior, é uma das maiores festas organizadas pela AEFEP e uma das mais aguardadas, que atrai não só Fepianos e ex-Fepianos, mas alunos de outras facul-dades.

Na comunidade praxista, existe uma tra-dição bastante antiga, que passa por antigos e atuais alunos, juntamente com caloiros, levarem os seus kits vestidos. O produto fi nal é um mix de gerações juntas, com o grande espírito Fepiano no ar, numa noite, simplesmente, épica.

Um facto a denotar é que esta sexta edi-ção marcou o regresso da Old School a casa, que nos últimos anos andou pelo Por-to em diferentes locais, como a Vogue, o V|R (Via Rápida) e o Swing Club. Este re-gresso foi marcado por diversas surpresas, como os manequins, que aguçaram a curio-sidade a todos os que entravam no átrio.

Além de uma casa cheia e de um con-junto de oito bares, esta edição teve como foco principal o DJ Pette e o DJ Luís Pes-soa, que animaram mais uma noite, certa-mente, memorável, com o selo de qualida-de Fepiano.

Poderás, também, saber mais curiosida-des em termos quantitativos sobre esta fes-ta, com o quadro que te apresentamos.

Para terminar, deixamos-te com alguns testemunhos de alguns Fepianos presentes nesta edição.

AGITAÇÃO FEPIANA

(G)Old School

“Foi uma festa diferente por causa dos manequins e por ser dentro da FEP, mas os momentos altos para mim foram o es-tilo de música não se limitar a Kizomba e a música latina, tornar-me padrinho de um namoro e a música do Boss AC - Hip Hop ter passado 2 vezes.”

“Como aluna do 1º ano da FEP, tenho a dizer que adorei esta minha primeira ex-periência! De facto, este evento superou bastante as minhas expectativas. Conse-guiram fazer do átrio banal, por onde pas-samos diariamente, um lugar muito mais descontraído e atrativo! Estava repleto, não só dos alunos que frequentam atualmente a faculdade, mas também daqueles que em tempos a frequentaram, sendo a prova de que ela deixou recordações muito positivas, como, certamente, nos irá deixar a nós!”

“Foi um prazer voltar a uma casa que tão bem me acolheu. A alegria de voltar a uma festa de economia que, para mim, vão ser sempre as melhores, é inexplicáv-el. Invoca sentimentos como a nostalgia e ao mesmo tempo felicidade por estar num sítio que tantas alegrias me deu.”

SIMÃO AZEVEDOAluno do 3º Ano da Licenciatura de Economia

MARIA RIBEIROAluna de 1º Ano da Licenciatura de Gestão

CARLOS MARINHOEx-aluno da FEP

Old School em Números

Número de Pessoas 2300 Pessoas

Número de Seguranças

15 Seguranças

Número de Bares 8 Bares

Cerveja Vendida 1090 litros

Copos de Bebida Branca Vendidos

3000 unidades

Copos de Shot Vendidos

2600 unidades

Copos de “Fino” Vendidos

3500 unidades

Vodka Vendida 120 Garrafas

Whisky Vendido 58 Garrafas

Tequilla Vendida 27 Garrafas

Absinto Vendido 20 Garrafas

Gin Vendido 19 Garrafas

Bifanas Vendidas 20 Kgs

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4 Nº 13 - dezembro 2014

JOÃO PARREIRAPEDRO GONZÁLEZ

Baseada na crença de que as pessoas são seres imortais que esqueceram a sua verdadeira na-tureza, a cientologia propõe aos seus seguido-res que revivam acontecimentos traumáticos do seu passado para que se possam libertar das suas limitações. Este processo é designado por audi-toria e só está disponível aos que fizerem doa-ções específicas.

Para a cientologia, o thetan, que equivale em termos práticos à alma ou espírito de uma pes-soa, é a verdadeira identidade de um ser hu-mano. No entanto, ao valorizar em demasia o mundo material, o thetan perde a sua pureza es-piritual, esquecendo a sua verdadeira natureza. Assim, sem que o ser humano se aperceba, vão ocorrendo sucessivas reencarnações da sua ver-dadeira condição.

A auditoria é, portanto, o método que per-mitirá aos seguidores da cientologia apagar as memórias nocivas. Neste processo, um auditor vai colocando questões ao fiel, que se submete a uma espécie de máquina da verdade que mede as alterações por minuto da resistência elétrica do corpo. Todas as informações recolhidas são gravadas e o objetivo não é perdoar o auditado, mas sim ajudá-lo a compreender as suas limi-tações.

A cientologia possui uma estrutura hierárqui-ca bem definida. Os iniciantes submetem-se a vários cursos e vão progredindo na organização, podendo chegar a diretores, oficiais ou capelões. No entanto, o nível de aconselhamento espiri-tual mais elevado proporcionado pela cientolo-gia é providenciado num cruzeiro a bordo do Freewinds, um navio com 134 metros de com-primento que proporciona um ambiente livre de distrações.

É reconhecida como religião isenta de impos-

tos em vários países com Estados Unidos, Suí-ça, Suécia, Espanha e Portugal. Todavia, o cli-ma de suspeição em torno da cientologia tem-se avolumado com acusações de fraude, extorsões, chantagens, ameaças e lavagens cerebrais. Já foi alvo de vários processos criminais em França e na Bélgica por fraude e exercício ilegal de medi-cina e investigada pelo FBI por suspeitas de trá-fico humano e trabalhos forçados. Suspeita-se, inclusive, de tentativas para forçar os motores

de busca da internet a omitir artigos críticos da cientologia.

Apesar de todas as controvérsias, várias per-sonalidades de Hollywood, onde opera a maior igreja dedicada às celebridades, assumiram pu-blicamente pertencer à cientologia, como por exemplo Tom Cruise, John Travolta, Lisa Marie Presley, Edgar Winter entre outros. As celebri-dades foram, aliás, um dos meios de marketing favoritos dos dirigentes da cientologia.

O que é a cientologia?

Sabias que...Tom Cruise revelou que a sua ex-mulher, Katie Holmes, rompeu com o casamento de ambos para proteger a filha, Suri, da seita religiosa. Cruise referiu que a filha deixou de pertencer à cientologia, continuando, no entanto, a poder vê-la. Isto configura uma exceção, uma vez que os membros estão impedidos de contactar com familiares que abandonem a religião.Em 2007, Thomas Gandow, porta-voz da Igreja Luterana Alemã, descreveu Tom Cruise como o “Goebbles da Cientologia”.

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5Nº 13 - dezembro 2014

“The only way to defend ourselves is to attack”1

Atualmente sob a orientação de David Miscavige, a Igreja da Cientologia permanece ligada a inúmeras polémicas que visam principalmente a legitimidade da sua classifi-cação como religião. Enquanto que o principal argumento (invocado ad nauseam pelos seus representantes) a favor desta é a isenção fiscal que o governo norte-americano lhe concedeu em 1991, os seus críticos são inflexíveis na resposta: que a Cientologia não é mais que um culto erguido em torno da figura de Hubbard com um objetivo muito claro, o da obtenção de lucro.Chegados a este ponto, importa também realçar o método de eleição da Igreja da Cientologia para se defender des-tas acusações: o ataque pessoal. Exímia na arte de desviar as atenções do tema em questão e colocar em causa a credibilidade do difamador (muitas vezes um ex-membro, contra os quais a Igreja é particularmente intolerante), esta foi também acusada de arquivar as informações ob-tidas através das auditorias e entrevistas aos seus mem-bros para mais tarde usar como proteção, caso se revele necessário.Nisto consiste a imagem que atualmente temos da Ciento-logia: a de uma burla institucionalizada com agressivida-de suficiente para compensar a integridade que lhe falta.

Ainda assim, o número de celebridades ligadas a Hollywood que seguem a doutrina de Hubbard é de tal ordem que a Igreja não só se conseguiu sustentar ao longo das últimas décadas como tem, de facto, prosperado. Longe de ser uma coincidência, a publicidade que estas estrelas têm granjeado foi desde cedo planeada por Hubbard e contribuiu decisivamente para a notoriedade da Igreja. Positiva? Não necessariamente; mas notoriedade, ainda assim.Afirmam os seguidores da Cientologia que Lafayette Ronald Hubbard, o seu fundador, era mais que um homem. Pioneiro de técnicas de uma complexidade inimaginável com o intuito de desbravar os confins da alma humana, a sua viagem de descoberta levou-o pelos mais diversos caminhos: das aulas de física nuclear ao comando de navios de guerra durante a Segunda Guerra Mundial, passando pelos inúmeros romances e contos que entretanto escreveu. Um homem dos sete ofícios, viajado, culto, o homem que finalmente conseguiu “quantificar” a essência do ser humano.Esquecem-se, no entanto, de pequenos pormenores. Esquecem-se de que nunca concluiu o curso universitário, e que os seus escritos sobre radiação nuclear foram ridicularizados pela comunidade científica. Esquecem-se de que foi declarado incapaz de ocupar cargos com um mínimo de autonomia entre 1939 e 45; de que a isenção fiscal de que a Igreja da Cientologia beneficiava foi revogada em finais da década de 50 (ainda que viesse a ser restabelecida em 1991), devido aos rendimentos que Hubbard auferia via esta instituição “sem fins lucrativos”. A vida de Hubbard – uma sucessão de episódios aparentemente desconexos e demasiado implausíveis fora do domí-nio de uma qualquer produção de Hollywood – atinge o apogeu da sua excentricidade quando este parte, em 1967, numa viagem marítima que dura oito anos. A sua leal frota de seguidores não tem réstia de dúvida: “partimos para espalhar a nossa mensagem, para levar a Dianética aos quatro cantos do mundo”. A verdade, no entanto, é menos deslumbrante. A Igreja tinha crescido significativamente e, em plena Guerra Fria, o medo era inquestionável. A ra-diação nuclear estava na ordem do dia e Hubbard lucrou muito com o medo – e a ignorância – do grande público. Feitas as devidas denúncias à opinião pública a respeito da Cientologia, esta alterou-se radicalmente, passando de mais um culto inofensivo a uma organização perigosa: mais concretamente, um parasita.Assim passou também a década seguinte, numa fuga constante (desta feita em terra), tentando esmorecer as suces-sivas vozes que se levantavam contra si. Sem nunca deixar de escrever e desenvolver a sua doutrina, viria a morrer em 1986. Para trás deixou o produto, o rentável produto, de uma imaginação fértil e de uma boa dose de confiança e inegável carisma. A materialização das suas ilusões de grandeza.“He’s making all of this up as he goes along” afirma o filho de Lancaster Dodd (personagem a quem de Hubbard apenas falta o nome) n’ O Mentor. “You don’t see that?” “Não”, respondem em coro os seus seguidores – e aí reside a vitória de L. Ron.

1 O Mentor (2012), Paul Thomas Anderson

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6 Nº 13 - dezembro 2014

Marta Cunha, ex-aluna da FEP e atual diretora de inovação da Sonae, destacou--se internacionalmente ao ser distinguida como Melhor Aluna de MBA do Mundo. Nesta conversa, desvenda-nos os seus segredos e motivações para o sucesso. Da passagem pela FEP, ao erguer do troféu representativo do seu mérito.

JOÃO SEQUEIRAMATILDE ROSA CARDOSO

Licenciou-se em Gestão na Faculda-de de Economia do Porto (FEP). O que destaca do seu percurso nesta faculda-de?

A FEP tem um nível de exigência que nos obriga a dar o melhor de nós em cada mo-mento e essa foi uma lição que aprendi para a vida. Quando tirei a licenciatura, esta tinha uma duração de 5 anos, incluindo estágio profissional. Esta conjugação da teoria com

a aplicação prática no meio empresarial foi excelente para garantir uma correta prepara-ção para o ingresso no mundo do trabalho. Paralelamente, estive envolvida na AIESEC Porto FEP, uma associação internacional de estudantes que promove a paz e o desenvol-vimento do potencial humano. Foi uma ex-periência única, que me fez crescer e que re-comendo a qualquer estudante.

Em que medida as vivências e o co-nhecimento que adquiriu, não só ao ní-vel das hard skills, mas também na sua experiência na AIESEC, lhe são úteis para o desempenho profissional quoti-diano?

O curso de Gestão é abrangente nas suas áreas de domínio, preparando qualquer es-tudante para desenvolver carreira em áreas tão diversas como finanças, marketing ou

recursos humanos. Lembro-me de ter sido questionada, numa das minhas primeiras entrevistas de emprego, sobre o significado do conceito de elasticidade. Fiquei muito sa-tisfeita por ver efetivamente a aplicabilidade prática do que tinha aprendido. A AIESEC foi fundamental para colocar em prática o que estava a aprender no curso. Liderar o nú-cleo da FEP obrigou-me a elaborar planos de atividades, orçamentos, consolidação de contas, bem como gerir os recursos materiais e humanos. Acredito, por isso, que qualquer recém licenciado que tenha passado por uma experiência nesta, ou noutra Associação, po-derá ter maior facilidade em adaptar-se ao mundo do trabalho.

Ganhou notoriedade pública por ter sido considerada a melhor aluna de MBA do mundo. Como se sentiu ao re-ceber esse prémio?

Muito orgulhosa e com o sentido de dever cumprido perante a Porto Business School (PBS), perante a empresa onde trabalho e, acima de tudo, perante a minha família.

O que é preciso para atingir tal dis-tinção?

Os critérios de avaliação baseiam-se fun-damentalmente no registo académico, no

MARTA CUNHA, MELHOR ALUNA DE MBA DO MUNDO, EM ENTREVISTA

Cavaqueando com...

“Numa das minhas primeiras entrevistas de emprego [fui questionada] sobre o conceito de elasticidade”

Page 7: Fepiano XIII

7Nº 13 - dezembro 2014

percurso profissional e no potencial enquan-to embaixadores do MBA.

No meu caso concreto, acredito que a ex-periência profissional foi um fator distintivo, uma vez que influenciou os meus resultados durante o curso. No MBA, os próprios alu-nos fazem parte da experiência educativa. Na PBS, temos excelentes professores, acesso aos materiais de estudo mais relevantes em cada matéria e é proporcionado um ambiente de partilha de experiências entre os colegas ex-tremamente enriquecedor. Pela minha par-te, esforcei-me ao longo de todo o MBA por partilhar a minha experiência profissional, de forma a dotar de prática as abordagens mais teóricas.

Mãe de dois filhos e casada, afirmou numa entrevista que “no último ano não existiram tempos livres”. Foi fácil,

aos 37 anos, conciliar a sua vida profis-sional e pessoal com as exigências sub-jacentes à sua condição de estudante?

Fácil não foi. Foi preciso muito planea-mento a todos os níveis. Perceber, em cada momento, qual o papel mais importante a desempenhar para que nenhum dos três mundos – profissional, académico e pesso-al – ficasse demasiado afetado. Claro que foi fundamental o apoio do meu marido, que é um ótimo companheiro e amigo, de uma verdadeira família e trabalhar numa empresa como a Sonae, que nos estimula e dá condi-

ções únicas para enriquecermos os nossos co-nhecimentos e colocá-los em prática.

Em que medida o seu conhecimen-to da realidade empresarial, através do desempenho do cargo de diretora de inovação da Sonae, constituiu uma mais valia para o seu excecional de-sempenho no MBA?

O MBA executivo da PBS apresenta um nível de exigência muito elevado que nos obriga a estar constantemente sob pressão. E isso, em si, já constitui uma enorme apren-dizagem.

Enquanto innovation manager da Sonae, lidero uma equipa multidisciplinar e to-dos os dias nos deparamos com novos de-safios para resolver. Em paralelo, temos uma aprendizagem contínua sobre as melhores ferramentas e metodologias de trabalho. Sem dúvida que este ambiente de trabalho e preparação fez com que me sentisse confian-te e preparada para responder com segurança aos desafios do MBA.

Após a conquista generalizada de re-conhecimento, já estabeleceu a próxi-ma meta?

Durante o MBA da PBS, temos a oportu-nidade de fazer um exercício de autoconheci-mento e de planeamento do nosso desenvol-vimento pessoal e, aí, identifiquei as minhas metas a atingir a curto, médio e longo prazos. É um exercício muito rico que nos obriga a de-clarar de forma transparente onde queremos chegar. Estou totalmente comprometida com este plano e farei o meu melhor para o atingir.

Marta Cunha“O MBA executivo da PBS apresenta um nível de exigência muito elevado que nos obriga a estar constantemente sob pressão”

Page 8: Fepiano XIII

8 Nº 13 - dezembro 2014

Qual é a sua fonte de inspiração para as exigências profissionais do seu car-go?

Tenho a felicidade de trabalhar numa em-presa que é uma verdadeira escola de líde-res e, nesse sentido, sinto-me continuamente inspirada pela minha equipa, pelos meus pa-res e pelos meus líderes.

Como olha para as empresas portu-guesas e qual o papel que a inovação desempenha no seu seio? No seu en-tendimento, o tecido empresarial por-tuguês é suficientemente criativo para enfrentar os desafios que a crise econó-mica lhe coloca?

A inovação é fundamental para o desen-volvimento das empresas. O mundo está em constante mudança, as necessidades e as ex-pectativas dos clientes são cada vez maiores e mais exigentes, pelo que é necessário que as empresas tenham capacidade de se reinven-tarem sempre que necessário.

Em Portugal, vivemos uma realidade pou-co homogénea, mas aparenta existir uma maior consciencialização sobre o tema da inovação. Na Sonae, a inovação faz parte da nossa cultura há décadas e existe sobre ela uma forte aposta, nomeadamente através da disponibilização das ferramentas e formação adequada.

Considera os salários uma motivação de curto prazo. Qual pensa ser o verda-deiro incentivo dos trabalhadores?

Essa é uma questão de uma enorme com-plexidade. O que acredito é que as pessoas se motivam de formas diferentes. A motivação depende do cruzamento de variáveis como salário, projeto individual de carreira, valores e visão da empresa, chefias, colegas, subordi-nados, bem-estar emocional, atitude indivi-dual, workplace... Também por isso ser líder é tão difícil… Um líder necessita de compre-

ender quais, dentro desta multiplicidade de variáveis, são as mais importantes para mo-tivar cada um dos membros da equipa. Não existe melhor resposta para a questão “o que motiva?” do que um vago “depende”. E, para aumentar a complexidade, estas motivações são dinâmicas. O que motiva um homem solteiro de 20 anos não é o mesmo que mo-tiva uma senhora de meia-idade casada com dois filhos. Era isso a que me referia quando falava de motivações de curto prazo. Acredi-to que as pessoas procuram sempre mais e melhores condições, mas, uma vez satisfeitas as necessidades fundamentais e de seguran-ça, privilegiarão também outras como a au-toestima ou relacionamento pessoal.

É descrita no site oficial da AMBA (Association of MBAs) como detentora de uma “capacidade natural para esti-mular e inspirar todos à sua volta”. Jul-ga que estas características são as fun-damentais para se ser um bom líder?

Acredito que sim. Um bom líder tem que ter um rumo muito bem definido, saber para onde quer levar a equipa. Contudo, também tem que ter curiosidade intelectual, uma mente aberta a novas abordagens e ser um ótimo ouvinte. O mundo está em constan-te mudança e, como tal, características como agilidade na tomada de decisão, capacidade de adaptação e de antevisão são essenciais.

Em Portugal, os cargos de topo já são igualmente acessíveis a homens e mu-lheres ou ainda há um caminho impor-tante a percorrer?

A minha experiência de trabalho é exclusiva na Sonae, onde trabalho há 14 anos. E, na So-nae, o reconhecimento dos colaboradores sem-pre foi feito pelo mérito, independentemente do género, uma posição na qual me revejo.

A ascensão da mulher na sociedade e nas empresas está a acontecer naturalmente. Cla-ro que todos sabemos que, historicamente, o papel dos homens e das mulheres era dife-rente. Mudar séculos de tradição não se faz por decreto… O que acredito é que vivemos num país, comparado com o resto do mun-do, muito evoluído, e que hoje é mais fácil a progressão profissional das mulheres. Nes-te percurso, a formação superior será chave.

Do seu ponto de vista, a uma licen-ciatura em Economia ou Gestão deve seguir-se, de imediato, um mestrado ou uma primeira experiência profissional?

O MBA é uma formação especial, muito baseada em casos práticos, pelo que, na mi-nha opinião, torna-se mais enriquecedora para quem tenha já alguns anos de experi-ência de trabalho. Por exemplo, uma disci-plina de Gestão de Recursos Humanos não é aproveitada da melhor maneira por alguém que nunca trabalhou ou se deparou na práti-ca com um sistema de avaliação e incentivos.

Acredito que a experiência profissional que temos quando ingressamos no MBA pode ser um fator distintivo.

É mito ou realidade que as mulheres possuem um sexto sentido? Se sim, como o utiliza no seu dia a dia?

Não sei se temos um sexto sentido, mas, em regra, somos diferentes dos homens. E ainda bem! Temos outros interesses, vivên-cias, formas de ver o mundo, o que molda comportamentos e atitudes. Não somos me-lhores nem piores, somos diferentes. Não acredito, sequer, que exista uma forma única de motivar e organizar recursos. Por vezes, será necessário um estilo mais “feminino”, noutras nem por isso.

O que a move e comove?O que me move são os desafios e o pro-

cesso de aprendizagem que eles nos trazem. Para mim, é importante sair da zona de con-forto e pôr-me à prova em novos territórios. E, claro, aprender sempre, tornar-me cada vez mais completa e versátil.

O que me comove é ver os meus filhos crescer, é ver as relações humanas, a solida-riedade entre quem não se conhece… O que me comove é a vida.

O que vale realmente a pena na vida?Fazer alguém feliz.

AGRADECIMENTO: PORTO BUSINESS SCHOOL

“Um bom líder tem que ter um rumo muito bem definido, saber para onde quer levar a equipa”

Page 9: Fepiano XIII

9Nº 13 - dezembro 2014

É costume dizer-se «melhor é ano tardio do que vazio», e este ano, em Outubro, surgiu um novo conceito pioneiro em Portugal e no mundo! E se o teatro te libertasse da dependência do mundo digital e aumentasse a tua produtividade? Para saberes mais, lê a primeira entrevista do projeto empresarial dada ao Jornal Fepiano.

CAROLINA FERNANDESRAQUEL MENESES

Num dia, à partida normal e ata-refado, Nuno Meireles encontrava--se simultaneamente a trabalhar no seu computador, a atualizar aplica-ções no iPad e a olhar frequente-mente para o seu iPhone, até que abriu um link que encontrou por acaso sobre Digital Detox. Após a leitura e perante tal cenário, aperce-beu-se que se revia completamen-te no conceito. A partir desse mo-mento, aquele dia passou a ser mais do que um simples dia.

O ator confidencia “eu senti as dores” e foi a partir dessa vivência que pensou em transformar a ne-cessidade que sente numa proposta concreta. A equipa considera, en-tão, que o teatro é o “match” perfei-to para “desintoxicar” as pessoas da dependência da tecnologia, sendo este o objetivo principal deste novo projeto empresarial. Nada melhor do que uma equipa diversificada para fazer frente aos desafios do dia-a-dia: o ator Nuno Meireles, a psicóloga e psicodramatista Maria-na Fontoura de Oliveira, a clown e atriz de improvisação Margarida Fernandes e uma rede de infor-mantes. Porquê o teatro? “Porque o teatro nunca “crasha”, responde Nuno e acrescenta, “é uma tecno-logia que tem milénios, não falha e não tem restrições”.

A área de incidência são organiza-ções, mais concretamente empresas, não juntando pessoas de vários lo-cais, pois, à partida, estando na mes-ma empresa, os trabalhadores senti-rão necessidades mais aproximadas. Tal como os consultores, analisam e customizam o trabalho para cada cliente. “Vamos às configurações de cada aplicação”, refere Nuno, sendo remunerados pelo tempo e know--how disponibilizados.

Uma questão muito relevante e que Nuno confirma que é uma pergunta frequente é se eles são antitecnologia. O ator deixa bem claro que não, pois uma das bases deste projeto é o facto de a tecno-logia já ser quase intrínseca às nos-sas vidas e, desta forma, devemos aprender a viver saudavelmente com ela. Aliás, as atividades de “de-sintoxicação” que realizam, através do teatro, são representações desse mesmo excesso de tecnologia do dia-a-dia. A diferença está no “en-trar em ação”, ou seja, o público identificar-se com uma situação do quotidiano representada pelos mesmos e “ficarem ligados através das emoções”. Para além de que há um grande desenvolvimento em termos de criatividade, concentra-ção e jogos que exigem resposta rá-pida, tal como exigimos aos nossos gadgets. O que se pretende é que, pouco a pouco, se criem hábitos que diminuam a dependência das tecnologias. Aliás, Nuno já estabe-leceu as suas regras, por exemplo, só ir ao e-mail a certas horas, ficar “offline” a partir de uma hora espe-cífica e não interromper conversas ou caminhadas para ir ao telemó-vel. Em suma, Nuno sugere que

as pessoas se apercebam de que “a melhor aplicação que existe somos nós”.

Os comuns Digital Detox estão relacionados com atividades que incentivam as pessoas a simples-mente “desligar”, por exemplo spas, o que funciona por momentos, mas tudo volta ao normal quando se liga de novo o telemóvel. Esta nova filosofia contraria a tendência, acreditando que “o melhor para parar o movimento, é na mesma, o movimento, pois estamos viciados no movimento”, destaca Nuno, e é neste sentido que se consideram mais eficazes.

Foi no Pólo das Indústrias Cria-tivas do UPTEC que se fez a “ma-gia” de unir o teatro ao mundo dos negócios, por isso, questiona-do acerca do apoio da incubadora, Nuno afirma que seria muito difí-cil sem a mesma, uma vez que lhes foram fornecendo um “parecer só-brio de viabilidade”. A equipa deste projeto é mais ligada às artes, por isso, quando iniciaram a viagem no UPTEC confessam que era um mundo muito estranho para eles e descrevem o processo como sendo “uma montanha russa”. Para per-cebermos realmente a importân-cia desta incubadora, Nuno afirma que se não fossem os conselhos do UPTEC ainda não teriam passado da primeira ideia que estava a ser um fracasso. “Devo esta caminha-da ao Professor Carlos Brito que me desafiou há um ano”, aliás toda a equipa deu ânimo e feedback po-sitivos, realçando que muito dificil-mente este sonho teria sido possível sem o UPTEC.

Neste momento, encontram-se

a negociar com potenciais clientes, mas já realizaram um projeto pi-loto que, na perspetiva da equipa, foi muito bem sucedido na medida em que permitiu analisar compor-tamentos e tirar várias conclusões. O primeiro passo foi deixar os tele-móveis “à porta”, e o segundo recu-perar o que se delega nas aplicações, durante um dia. No final da sessão, Nuno recorda-se de ouvir comen-tários tais como “Não me lembro da última vez que estive tanto tem-po sem telemóvel”. Uma das prin-cipais conclusões foi de que as pes-soas são mais eficazes a fazer uma coisa de cada vez, em vez de usar todos os aparelhos ao mesmo tem-po! E tudo se baseou em improvi-sações em que as pessoas estavam afogadas todos os dias e gerou mui-to riso, já que se reviam nas cenas. Para além desta componente de aprendizagem, Nuno garante que rir é o indicador da proposta, “se as pessoas não se rirem, o objetivo não foi bem sucedido.”

Em relação ao futuro, Nuno es-pera que, como o mercado poten-cial está a ser muito positivo na sua resposta, daqui a um ano já terão a cobertura de várias empresas no Porto e em Lisboa e que daqui a 3 anos já se iniciarão a nível interna-cional, pois dado o mapa de con-corrência não há nenhum Digital Detox com a mesma proposta de valor.

Já consegues adivinhar o que vem em último lugar? Os conse-lhos? Excelente! Nuno reconhece que existem muitas ideias de ne-gócios, mas a melhor é aquela que corresponde a nós mesmos, aque-la em que sentimos a dor. Confessa que passou por esse processo, havia ideias, mas não o estimulavam, até que esta surgiu! Por isso, já sabes, para encontrares o Digital Detox Theatre da tua vida, sente!

Digital Detox Theatre: iTeatro, o gadget que não tem bugs

Digital Detox Theatre: iTeatro, o gadget que não tem bugs

É costume dizer-se "melhor é ano tardio do que vazio", e este ano, em Outubro, surgiu um novo conceito pioneiro em Portugal e no mundo! E se o teatro te libertasse da dependência do mundo digital e aumentasse a tua produtividade? Para saberes mais, lê a primeira entrevista do projeto empresarial dada ao Jornal Fepiano!

Num dia, à partida normal e atarefado, Nuno Meireles encontrava-se simultaneamente a trabalhar no seu computador, a atualizar aplicações no iPad e a olhar frequentemente para o seu iPhone, até que abriu um link que encontrou por acaso sobre “Digital Detox”. Após a leitura e perante tal cenário, apercebeu-se que se revia completamente no conceito. A partir desse momento, aquele dia passou a ser mais do que um simples dia.

O ator confidencia “eu senti as dores” e foi a partir dessa vivência que pensou em transformar a necessidade que sente numa proposta concreta. A equipa considera, então, que o teatro é o “match” perfeito para “desintoxicar” as pessoas da dependência da tecnologia, sendo este o objetivo principal deste novo projeto empresarial. Nada melhor do que uma equipa diversificada para fazer frente aos desafios do dia-a-dia: o ator Nuno Meireles, a psicóloga e psicodramatista Mariana Fontoura de Oliveira, a clown e atriz de improvisação Margarida Fernandes e uma rede de informantes. Porquê o teatro? “Porque o teatro nunca “crasha”, responde Nuno e acrescenta, “é uma tecnologia que tem milénios, não falha e não tem restrições”.

A área de incidência são organizações, mais concretamente empresas, não juntando pessoas de vários locais, pois à partida estando na mesma empresa, os trabalhadores sentirão necessidades mais aproximadas. Tal como os consultores, analisam e customizam o trabalho para cada cliente, “vamos às configurações de cada aplicação”, refere Nuno, sendo remunerados pelo tempo e know-how disponibilizados.

Uma questão muito relevante e que Nuno confirma que é uma pergunta frequente é se eles são antitecnologia. O ator deixa bem claro que não, pois uma das bases deste projeto é também, que, efetivamente, a tecnologia já é quase intrínseca às nossas vidas e, desta forma, devemos aprender a viver saudavelmente com ela. Aliás, as

atividades de “desintoxicação” que realizam, através do teatro, são representações desse mesmo excesso de tecnologia do dia-a-dia. A diferença está no “entrar em ação”, ou seja, o público identificar-se com uma situação do quotidiano representada pelos mesmos e “ficarem ligados através das emoções”. Para além de que há um grande desenvolvimento em termos de criatividade, concentração e jogos que exigem resposta rápida, tal como exigimos aos nossos “gadgets”! O que se pretende é que, pouco a pouco, se criem hábitos que diminuam a dependência das tecnologias. Aliás, Nuno já estabeleceu as suas regras, por exemplo, só ir ao e-mail a certas horas, ficar “offline” a partir de uma hora específica e não interromper conversas ou caminhadas para ir ao telemóvel. Em suma, Nuno sugere que as pessoas se apercebam de que “a melhor aplicação que existe somos nós”.

Os comuns Digital Detox estão relacionados com atividades que incentivam as pessoas a simplesmente “desligar”, por exemplo spas, o que funciona por momentos, mas tudo volta ao normal quando se liga de novo o telemóvel. Esta nova filosofia contraria a tendência, acreditando que “o melhor para parar o movimento, é na mesma, o movimento, pois estamos viciados no movimento”, destaca Nuno e é neste sentido que se consideram mais eficazes.

Foi no Pólo das Indústrias Criativas do UPTEC que se fez a “magia” de unir o teatro ao mundo dos negócios, por isso, questionado acerca do apoio da incubadora, Nuno afirma que seria muito difícil sem a mesma, uma vez que lhes foram fornecendo um “parecer sóbrio de viabilidade”. A equipa deste projeto é mais ligada às artes, por isso, quando iniciaram a viagem no UPTEC confessam que era um mundo muito estranho para eles e Nuno descreve o processo como sendo “ uma montanha russa”. Para percebermos realmente a importância desta incubadora, Nuno afirma que se não fossem os conselhos do UPTEC ainda não teriam passado da primeira ideia que estava a ser um fracasso. “Devo esta caminhada ao Professor Carlos Brito que me desafiou há um ano”, aliás toda a equipa deu ânimo e feedback positivos, realçando que muito dificilmente este sonho teria sido possível sem o UPTEC.

“Porque o teatro nunca “crasha”.”  

“Se as pessoas não se rirem, o objetivo não foi bem sucedido.”  

“A melhor aplicação que existe somos nós”.

 

“O melhor para parar o movimento, é na mesma, o movimento.”  

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Portugal TankALICE MOREIRAHÉLDER FERREIRARITA VALE

O programa Shark Tank vai ser realizado em Portugal. Os cinco investidores têm vasta experiência no âmbito do empreendedorismo e apresentam percursos diversos, repletos de sucessos em várias áre-

as. Os seus conhecimentos podem ser essenciais para tornar boas ideias em negócios firmes.

Por vezes, são as ideias mais simples as que mais sucesso têm. Relembre-se o caso de Scrub Da-ddy, uma esponja cuja firmeza va-ria conforme a temperatura. Ob-teve um investimento de 200.000 dólares e, no espaço de um ano e

meio, foi avaliada em 18 milhões de dólares.

Outros exemplos de ideias mui-to originais que se destacaram foram Nubrella – um guarda--chuva com modelo hands-free –, Wake’n’Bacon – um despertador que grelha bacon – e ainda o Uro-Club – uma algália com forma-to de um taco de golf, concebida

para os praticantes masculinos do desporto.

As expetativas estão altas para janeiro, altura em que os tuba-rões darão à costa portuguesa na SIC. Esperam-se ideias outside the box, com grande potencial no mercado, numa experiência que pode mudar a vida dos can-didatos.

Mário FerreiraPresidente executivo e fundador da Douro Azul. Detém diversos investimentos na área do Turismo e Imobiliário, na região do Porto e também no Brasil. A título de curiosidade, é o primento turista espacial português.

João Rafael KoehlerO nosso entrevistado tem bastante experiência a dar voz ao empreendedorismo. É presidente da

ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários -, organizadora da Feira do Empreendedor e do Portugal Fashion, já referenciado na anterior edição. É administrador executivo da Colquímica, criou a própria empresa de consultoria, contribuiu para a criação da recente Elasticteck e está envol-vido no desenvolvimento de produtos biodegradáveis.

Tim VieiraComeçou a sua experiência profissional com a criação da primeira cerveja artesanal da África do

Sul, páis onde nasceu. Atualmente, em Angola, possui a Special Edition Holding, que detém algumas das principais agências de publicidade, eventos e ativações de marcas angolanas. Tim Vieira detém, também, empresas de media em Moçambique e no Gana.

Miguel Ribeiro FerreiraEspecialista em Gestão de Compras. aos 20 anos, criou a sua própria empresa de água engarrafada.

Fundou as empresas Bebágua - agora pertencente ao grupo Nestlé - e Acquajet - líder do mercado em Espanha. É chairman do grupo Fonte Viva - um dos maiores grupos empresariais da região ibérica, e gere uma instituição de solidariedade social - Quinta Essência.

Susana SequeiraDepois de três anos como Diretora Criativa, decidiu fundar a MSTF Partners, que está no Top 5

das maiores agências de Publicidade em Portugal. Susana Sequeira detém, ainda, investimentos em diferentes setores de atividade, desde a área da agricultura e alimentação, passando pela tecnologia e o desporto.

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MOBILIDADE INTERNACIONAL... na FEPEste mês a rubrica Mobilidade Internacional está diferente. Se até agora o Fepiano te contou tudo sobre os alunos que saíram de Portugal para viver e estudar noutros países, nesta edição fomos conhecer dois alunos da nossa faculdade que trocaram as águas quentes do Mediterrâneo pela cidade do Porto.

PAULO MARTINSSARA RIBEIROXAVIER BRANDÃO

Mona Magdy, estudante de licenciatura em Economia, vem do Egito, da University of Cairo. Nesta edição, partilha connosco as suas vivências, cultura e tradição.

Porque é que decidiste escolher Portugal, e o Porto, para complementar a tua li-cenciatura?

No momento de escolher o meu percurso, a Alemanha era a minha primeira opção. Porém, fui informada que teria de saber comunicar fluentemente, tan-to inglês, como alemão. Assim, era difícil para mim agarrar essa oportunidade. Fiz então uma pes-quisa de países onde exigissem so-mente o conhecimento de inglês e, neste contexto, achei Portugal muito interessante. Quanto à ci-dade, não pensei muito, queria simplesmente mudar o rumo da minha aprendizagem de forma a obter mais proveitos do facto de viver e estudar na Europa e, as-sim, lidar com a sua cultura.

Quais foram as principais diferenças que sentiste entre o Egito e Portugal? Isto é, a nível do quotidiano, gastrono-mia, clima…

Existem imensas diferenças en-tre o meu país e Portugal! Em primeiro lugar, sinto que aqui o ambiente é relativamente “mais antigo” e existem muitos locais históricos para visitar. No que diz respeito aos transportes e acessi-bilidade são muito melhores em comparação ao Cairo, onde o trá-fego não é organizado e, por isso, vemos sempre aglomerados de pessoas. Em termos de clima, ad-mito que é bastante diferente do

que encontramos no Cairo. Por-tugal tem um bom clima, embo-ra seja mais frio. Da mesma forma, enquanto o sol está sempre presen-te no meu país, aqui, se olharmos para o céu, encontramo-lo muito nublado. Para além disso, aprecio bastante a gastronomia portuguesa e já experimentei vários restauran-tes. Contudo, tenho que ser mais cautelosa, porque sinto que o meu corpo ainda não se adaptou a to-das estas diferenças e até já tive que consultar um médico!

Achas que os portugueses são um povo caloroso compa-rativamente aos egípcios?

Nesse aspeto são muito pa-recidos com os árabes, mas em contextos diferentes. Quando cheguei a Portugal, achei que as pessoas eram muito prestáveis, sorridentes, sempre prontas a aju-dar, a abraçar… Claro que eu não posso comparar isso com o Egi-to, pois eu não peço ajuda com o mesmo fim às pessoas do Cairo, é o meu país. Mas são igualmente muito prestáveis.

Tens tido dificuldades de integração na FEP?

Quando vim para esta facul-dade não conhecia ninguém. Com o tempo, fui criando algu-mas amizades. Porém, nada de muito forte. Compreende-se que seja um processo demorado, uma amizade verdadeira leva anos para fortalecer, não se trata de uma mera questão de dias ou meses. Por outro lado, tenho uns colegas de Gizé que também concorre-ram para o Porto e, quando todos nós soubemos que fomos aceites, trocamos contactos e temos saído algumas vezes.

O árabe é uma língua que se destaca das europeias, no-meadamente pela diferença de alfabetos. A comunicação tem sido um problema para ti?

Na realidade não, porque é habitual lidar com outras lín-guas, nomeadamente com o in-glês. Além disso, estudei alemão

durante dois anos. Quanto ao português, antes de vir para cá aprendi algumas bases e achei que quando chegasse seria fácil falar fluentemente. Todavia, tentei as-sistir a algumas aulas na FEP le-cionadas na vossa língua materna e comecei a ver que não é assim tão simples como pensava.

Quais as maiores diferen-ças que notaste a nível da educação entre a FEP e a Universidade do Cairo?

Aqui vocês escrevem num qua-dro a giz, nós somos muito mais tecnológicos, usamos marcado-res para escrever no quadro. Isso surpreendeu-me. Por outro lado, gosto do material de estudo que é fornecido, penso que está bem conseguido e mais avançado rela-tivamente ao meu país. A Facul-dade de Economia do Cairo, tal como referi, é mais tecnológica, mais bem decorada, mas quando estamos preocupados com o es-tudo esses detalhes não nos inte-ressam tanto. Em termos de exi-gência é semelhante. Claro que no Egito posso sentir que é mais fácil, porque os docentes e os alu-nos falam a mesma língua. Já na FEP, por vezes não consigo en-tender tão claramente o que os professores pretendem transmitir. Para colmatar estas dificuldades, faço várias pesquisas na Internet

para traduzir alguns conceitos e treinar a leitura em português.

Depois de algumas pesqui-sas, descobrimos que tu és instrutora no “Model of Egyp-tian House of Representati-ves” (MEHR). Podes falar-nos mais acerca deste assunto? Qual é o teu papel?

Sim, claro! Sinto-me uma pri-vilegiada por ter a oportunidade de falar sobre isto, porque eu ado-ro o que faço. O MEHR consiste na criação de um Conselho cons-tituído por representantes egíp-cios, semelhante a um parlamen-to, onde existem vários comités. Durante dois anos fui instrutora: no primeiro, estive no Comité de Gestão de Recursos Humanos. Este Comité ajuda os membros a tomar conhecimento acerca de como podem chegar até ao Parla-mento oficial, como devem expor as suas ideias, como são criadas e implementadas as regras e as leis no Egito. Na MEHR abordamos vários temas, como por exemplo os Direitos das Mulheres e os Di-reitos das Crianças. Falamos ain-da da forma como devemos in-tervir em parlamentos de outros países, como por exemplo no Ja-pão. Já no segundo ano, fui ins-trutora no Comité do Departa-mento de Economia, onde é feita propaganda ao MEHR com o in-

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Toni Joe Lebbos tem 21 anos e é licenciado pela Lebanese American University, Líbano, onde foi distinguido como melhor aluno. Atualmente, no âmbito do programa Erasmus Mundus, encontra-se a estudar na FEP no Master in Finance.

Porque é que escolheste estudar em Portugal e na Faculdade de Economia do Porto?

Eu faço parte de um programa de mobilidade chamado Eras-mus Mundus e quando estava a fazer a minha candidatura pro-curei as Universidades que ofere-ciam o Master in Finance. Aca-bei por me candidatar a Portugal e a França e fui aceite nas duas. Escolhi Portugal e a cidade do Porto porque, em primeiro lu-gar, pensei: “Porque não?”, em segundo lugar, já sabia falar fran-

cês, queria aprender uma nova língua e decidi aprender o por-tuguês. Por outro lado, precisava de uma experiência que me fizes-se sair da minha zona de confor-to, pois é algo que acredito que é mesmo importante se queremos crescer como pessoas.

A cidade do Porto teve al-guma influência na tua esco-lha? Já a conhecias?

Sim. Claro que quando me candidatei não conhecia muito em relação ao Porto, mas depois de alguma pesquisa e de saber que era um dos mais importan-tes destinos turísticos na Europa, decidi que era uma oportunidade que não podia perder.

Que principais diferenças sentiste entre Portugal e o Líbano?

Entre a cidade do Porto e Bei-rut, onde eu vivia, existem grandes diferenças, mas também algumas coisas muito semelhantes. O clima é bastante semelhante, no entanto, existem grandes diferenças em ter-mos de cultura. Aqui em Portugal as pessoas têm uma mentalidade mais aberta, por exemplo, aqui vês pessoas a beijarem-se no metro e

no Líbano é impensável veres isso em público. Além disso, as pessoas aqui são muito simpáticas! Eu es-tive na França, Bélgica e em outro locais e lá sentes que as pessoas pa-recem muito mais tristes quando comparadas com os portugueses. Também sinto que as pessoas são muito prestáveis, mesmo quando as abordas na rua estão dispostas a ajudar, algo que é muito seme-lhante com aquilo que se vive no Líbano.

A barreira linguística tem sido um obstáculo?

Um pouco, tenho tentado aprender português sozinho, usando aplicações para o telemó-vel, lendo... É uma língua pareci-da com o francês, que se fala no Líbano, portanto consigo ler. O problema é que as pessoas falam demasiado rápido e eu não con-sigo entender. O Porto obriga-te a aprender português porque a maioria das coisas não estão tra-

tuito de atrair novos membros, sendo estes sujeitos a um recru-tamento com base em entrevistas. Este comité tem como principal objetivo transmitir conhecimen-tos aos participantes, acerca das oportunidades de ingresso na po-lítica e como os egípcios tomam decisões nessa vertente.

Pretendes ou estás a par-ticipar em algum projeto da FEP ou mesmo criado pela UP?

Sinceramente não tenho bem presente as atividades existentes. Acabei de chegar e ainda ficarei por cá sete meses… é uma nova vida. No início, estava super motiva-da por estar aqui e queria mesmo participar em algo. Na UP fazem imensas atividades de integração, porém, algumas delas são muito longe de minha casa e apercebi--me que tenho de gerir melhor o meu tempo. Para além de estudar, pois não vou fazer só isso na minha vida, quero ter tempo para conhe-cer novas pessoas e sítios.

Para nós o Natal é uma fes-ta religiosa importante. Quais

são os principais períodos festivos para os islâmicos?

Nós temos dois eventos religio-sos importantes: um é em honra do Sacrifício de Abrãao e o ou-tro o mês do Ramadão. Durante trinta dias, os adultos só podem comer antes do Sol nascer e de-pois do Sol se pôr.

E não te sentes mal por não comer durante um dia inteiro?

Não, de todo. Nós come-mos bem duas vezes por dia e existem cinco momentos diá-rios em que rezamos. Ora, de-pois da primeira refeição, antes do nascer do Sol, os crentes re-zam a primeira oração. Depois de o fazer, comemos algo leve, como iogurtes, leite, ovos, vege-tais… Gosto muito deste mês, para mim é o melhor. Nesta al-tura do ano sinto-me especial, a minha família está toda feliz, os meus tios e primos vêm vi-sitar-nos, reunimo-nos na cozi-nha para fazer a comida… Sabe mesmo bem!

Porque é que nos aconselha-rias a passar férias no Egito?

Aconselho sem dúvida ir ao Cai-ro. Acho que a cidade é como o Porto, também tem muitos locais históricos para visitar, porque ou-trora o Egito tinha muitos castelos. Se algum dia visitarem o Cairo, co-nheçam o Museu Egípcio, visitem as pirâmides de Gizé e sugiro que subam a Torre do Cairo. Também temos parques de diversões como em Paris e Sidney. Existem mesmo muitos mais locais para ver, é uma cidade com diversos bares… Em suma, vale a pena a visita.

A tua experiência está a corresponder às expectativas?

Não, na verdade pensei que iria experienciar muito mais coisas, mas não é porque aqui há pouco para ver ou fazer, pelo contrário. É simplesmente pela mudança de vida. É uma experiência única, mas por vezes sinto-me um pou-co triste. Sempre estive rodeada pela minha família e agora vejo--me num quarto sozinha, o que por vezes dá vontade de regressar a casa. Por outro lado, sei que esta oportunidade não é agarrada por todos os estudantes egípcios e ten-to todos os dias dar o meu melhor.

Se tivesses uma oportuni-dade de emprego em Portu-gal, aceitavas?

É uma pergunta difícil, por-que sonho com o momento de regresso ao Egito. Tenho sauda-des da minha família! Mas se pudesse visitá-los várias vezes ou se conseguisse convencê-los a vir para cá, aceitava, porque a vida aqui é muito boa. Porém, para sair do meu país demora meses, o voo é de escala até Es-panha e, além disso, é necessá-rio tratar de muita burocracia previamente.

Se pudesses levar algo de Portugal, que simbolizasse perfeitamente o país, para partilhar com os egípcios, o que seria?

Organização do trânsito, sem dúvida. O Egito é tudo menos organizado nesse aspeto. Vivo na capital, onde há uma imen-sa concentração demográfica e de tráfego, então tudo é muito concentrado. Creio que esta al-teração facilitaria o quotidiano e ajudaria as pessoas a serem mais pacientes.

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duzidas, logo quase podemos di-zer que tenho que aprender para sobreviver.

Os efeitos da crise econó-mica são visíveis em Portu-gal?

Sim, de facto é visível uma grande diferença entre Portugal e outros países que visitei, como a França. Até mesmo o Líbano tem mais atividade económica que aqui. Aliás, esta foi uma das razões que me trouxe para Portugal, pois tenho particular interesse em de-senvolvimento económico e quis perceber quais os efeitos da crise nas pessoas e na sociedade. Aqui em Portugal, por exemplo, podes ir a um supermercado que tem um grande número de caixas mas apenas uma ou duas pessoas estão a trabalhar. No entanto, apesar de tudo isto, nota-se que as pessoas aqui são felizes e é uma das coisas que mais me agrada.

E em termos de “nightlife” no Porto?

O Porto é ótimo, para além de ser barato comparativamen-te com os países que já visitei e com o Líbano, é ainda uma cida-de cosmopolita onda vês pessoas de todas as nacionalidades. Aliás, do meu grupo de amigos aqui no Porto, todos vieram de países di-ferentes estudar para aqui, o que é muito bom.

Quais são as grandes di-ferenças ao nível de ensino entre a FEP e a tua antiga faculdade?

Na FEP, sinto que os professo-res são muito mais especializados naquilo que fazem. Obviamente que a FEP é uma universidade pública, por isso, as propinas não são muito caras e, tendo em con-ta isso, é muito boa. A minha an-tiga universidade no Líbano era americana e tinha propinas mui-to mais elevadas. Por isso, estava melhor equipada, em termos de infraestruturas, tecnologia, etc. Mas, apesar disso, gosto muito da FEP, acho muita piada à ca-dela que vocês aqui têm! Algo que também achei muito surpre-endente, e que seria impensável numa Universidade do Líbano, foi a festa que aqui fizeram. Tam-bém estou num mestrado, logo, o ensino acaba por ser diferente e mais numa base de discussão entre nós e os professores, onde somos livres de expressar a nossa

opinião e questionar aquilo que aprendemos.

Sabemos que integras a equipa de andebol da FEP. Como tem sido a experiên-cia?

Descobrir que existia equipa de andebol na FEP foi mesmo bom, fiquei muito feliz e candidatei-me imediatamente. Eu gosto da equi-pa e é um desafio para mim pois ela é composta totalmente por portugueses, excetuando eu e uma pessoa alemã. É também uma oportunidade para descomprimir e continuar a fazer algo que adoro, que praticava frequentemente no Líbano. Felizmente, temos venci-do os jogos e estamos próximos dos Nacionais.

Foste o melhor aluno da tua antiga Universidade, para além de teres recebido vários prémios de mérito. Podes par-tilhar connosco o segredo para esse sucesso?

A minha primeira recomenda-ção é fazer aquilo que nos faz fe-lizes. Quando escolhi este curso, pensava apenas no dinheiro que poderia vir a receber, mas, com o tempo, fui amadurecendo e per-cebendo que existem coisas mais importantes. E acho que mesmo quando não fazemos aquilo que gostamos, existe sempre a possibi-lidade de mudar alguma coisa. Por exemplo, eu estou em Finanças, mas não me imagino a fazer gran-des transações na bolsa. Acho que é algo muito materialista e não te preocupas de onde ou de quem é proveniente o dinheiro, por isso, estou a aprender Finanças para conseguir encontrar uma forma de como esta área pode ajudar as pessoas. Daí eu defender que de-vemos tentar encontrar algo que realmente gostemos de fazer, pois assim acabamos por não encarar aquilo como trabalho, o que tor-na tudo mais fácil. A segunda coi-sa mais importante, na minha opi-nião, é atribuirmos a cada coisa a sua devida importância. Quando temos um exame, temos mesmo de nos focar completamente no es-tudo! Eu, pessoalmente, não gosto do lema “you only live once”, por-que existem coisas que possuem a sua prioridade e estudar é uma das principais. A minha terceira reco-mendação é sermos amistosos, co-nhecer o maior número de pessoas possíveis e fazermos muitas amiza-des. Acho que somos demasiado

novos para passar todo o dia em casa sem fazer nada. Acredito que se organizarmos bem o nosso tem-po é possível conjugar todas estas coisas.

Porque nos recomendarias umas férias no Líbano?

Em primeiro lugar, acho que as pessoas aqui em Portugal têm uma imagem muito errada em re-lação ao Líbano, sobretudo porque os media transmitem que o país é muito inseguro, o que não é ver-dade. Apesar de existirem guerras nos países vizinhos, tal não aconte-ce lá. O Líbano é um país fantásti-co e com clima muito diverso. Para quem gostar de praia, as nossas são excelentes, mas, por exemplo, tam-bém se pode fazer ski, pois temos excelentes montanhas para isso. A vida noturna também é muito boa: temos ruas cheias de bares e discotecas e um dos melhores clu-bes noturnos do médio oriente en-contra-se em Beirut. É claro que as coisas são muito mais caras que em Portugal, por isso, se estiverem a pensar em visitar-nos, aconselho que poupem. Finalmente, a princi-pal razão pela qual devem visitar o Líbano é a gastronomia. Temos ex-celentes comida tradicional, como Kebab, mas muito melhores que os que vendem em Portugal.

O Líbano faz fronteira com a Síria que, nos últimos tem-pos, tem sido afetada por um conflito. De que forma é que se fez sentir no teu país?

Pessoalmente, estou sempre preocupado porque toda a mi-nha família vive no Líbano e é algo ameaçador, porque os con-flitos se desenrolam na fronteira, dado que existem sempre pesso-as da Síria que tentam entrar no meu país e os problemas começam aí, pelo que o exército do Líbano está quase que numa contínua ba-talha. Mas estou habituado a isto. Durante toda a minha vida, o Lí-bano passou por fases difíceis e as pessoas continuaram a sua vida. Lembro-me, por exemplo, de um dia termos um atentado terrorista com a explosão de um carro, mas na mesma noite as pessoas saíram de casa e foram descontrair como se nada tivesse acontecido. O que me deixa mais triste é que estes pa-íses possuem um potencial enor-me que não conseguem aproveitar porque algumas pessoas apenas se preocupam em destruir-se umas às outras.

E em termos do conflito entre Israel e Palestina na faixa de Gaza, achas possível algum dia existir paz entre os dois?

Penso que a situação atual-mente é mesmo muito má e está próxima de atingir um ponto onde os danos serão irreversí-veis. Na minha opinião, o Médio Oriente precisa de uma reforma em termos educativos, porque quando temos pessoas educadas, que pensam por si, então estamos a evitar as lavagens cerebrais que originam estes conflitos. Mas vai ser difícil porque os Palestinianos já passaram por muito, aliás, se olharem para as estatísticas, eles têm sido massacrados. Estamos a falar da morte de soldados israeli-tas contra a morte de milhares de civis e crianças do lado dos pales-tinianos. Espero mesmo que, al-gum dia, eles encontrem a paz, apesar de ter a consciência que, atualmente, é algo impossível.

Agora falando de coisas mais alegres, como costuma ser o teu Natal?

No meu país, logo no primeiro dia de dezembro, a minha famí-lia costuma montar a árvore de Natal, o presépio e deixar um es-paço onde vamos colocando os presentes. No dia de Natal, va-mos jantar a casa de outras pesso-as ou convidamo-las para jantar na nossa. Nos últimos três anos temos comido perú. Sei que em Portugal é bacalhau, mas como vocês estão sempre a comer ba-calhau é difícil perceber se é tra-dição ou não. Depois do jantar, trocamos presentes e é, por isso, bastante similar ao de Portugal.

Se tivesses a oportunidade de ficar em Portugal a traba-lhar, aceitavas?

Iria depender do tipo de opor-tunidade, pois tenho um objetivo bem definido para a minha vida e com várias formas de o atin-gir. Se essa oportunidade fosse a melhor e a que me fizesse cres-cer mais como pessoa, aceitaria. Contudo, tenho uma visão que passa por ter um impacto posi-tivo e poder usar o que aprendi para melhorar o meu país. É uma questão muito difícil de respon-der. Amo o Líbano e quero fa-zer parte da mudança que ideali-zo para ele. Um regresso ao meu país é algo que irá sempre constar dos meu planos.

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DANIEL SALAZAR TERESA SOUSA

Desde o passado mês de ju-nho, o preço do barril de petró-leo (Brent Crude) desceu cerca de 39%, passando dos $113 para aproximadamente $70 em inícios do mês de dezembro, atingindo os valores mais baixos desde a cri-se em 2009.

A continuidade da crise euro-peia e a diminuição da procura por parte do mercado Chinês es-tão entre os vários fatores que ex-plicam esta descida, bem como a crescente capacidade norte-ame-ricana na produção de elevadas quantidades de barris de petróleo. Em 2014, estas chegaram perto dos 12 milhões de barris produ-zidos por dia, contra os 7.260 mi-lhões diários produzidos, em mé-dia, em 2009.

Este aumento da capacidade produtiva deveu-se à descoberta, na recente década, de reservas de xisto, das quais se poderia obter, de forma rentável, petróleo não convencional, devido ao desen-volvimento de técnicas de extra-ção como a perfuração horizontal e a fratura hidráulica, e tendo em conta os preços praticados nos úl-timos anos. Muitos destes investi-mentos foram fomentados e rea-lizados no pressuposto de que os preços do petróleo se manteriam entre os $80 e os $110, valores que eram, até há pouco tempo, apoiados pelas previsões da maio-

ria dos analistas. No Wall Street Journal, e segundo um analista da CreditSights, constatou-se que as dívidas do setor energético ame-ricano decorrentes de obrigações “high yield” triplicaram desde 2008, tornando-se este setor no mais significativo do mercado de dívida de elevado risco de incum-primento.

Por outro lado, temos a situ-ação de grande instabilidade no Médio Oriente. O Estado Islâmi-co do Iraque e do Levante (EIIL) tem estrategicamente criado um mercado paralelo para rentabili-zar a exploração dos campos pe-trolíferos que controla no Iraque e na Síria. A organização terroris-ta detém sete campos petrolíferos e refinarias no norte do Iraque e seis na Síria, sobretudo na pro-víncia de Deir al-Zour. O petró-

leo tornou-se numa das princi-pais fontes de rendimento destes radicais islâmicos. Vendem-no a preços muitos reduzidos, através de intermediários que fazem cir-cular o ouro negro na região, o que provoca uma diminuição da quantidade procurada nos merca-dos oficiais e, por consequência, contribui para a queda do preço da matéria-prima.

No dia 27 de novembro, a Or-ganização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) surpreendeu a economia mundial, confir-mando a sua decisão de manter os volumes de produção nos 30 milhões de barris diários. Histori-camente associada às políticas de aumento dos preços da matéria--prima através de um controlo da produção, a OPEP não se regeu pela unanimidade. Esta medida foi apoiada maioritariamente pela Arábia Saudita, o maior produ-tor mundial de petróleo, seguido pelos EUA, que vetou a redução da produção defendida por paí-ses como o Irão e a Venezuela. De acordo com Ali al-Naimi, Minis-tro saudita do Petróleo e dos Re-cursos Minerais, enfrentar uma maior diminuição do preço do petróleo representa uma alterna-tiva preferível a perder quota de mercado para os Estados Unidos, cuja produção poderia cobrir di-minuições operadas pela OPEP.

Rapidamente esta medida foi apontada como uma tentativa de ataque à nova geração da indús-tria petrolífera americana, à qual se associa uma menor capacidade de manter a rentabilidade relati-vamente aos produtores de petró-

leo convencional, extraído de re-servas naturais da matéria-prima. De acordo com a International Energy Agency (EUA), o custo de produção atual de um barril de petróleo encontra-se entre os $50 e os $100, para as empresas ame-ricanas dedicadas à exploração do xisto. Por sua vez, os custos de produção de um barril de petró-leo no Médio-Oriente e no Norte de África situam-se entre os $10 e os $25, de acordo com valores da Bloomberg BusinessWeek.

Contudo, têm sido apresenta-dos valores contraditórios quanto à percentagem de empresas cujos custos de produção se encontram acima dos $70, preço aproxi-madamente praticado no início do presente mês. A atividade na zona de Bakken Shale, situada no Dakota do Norte, permanecerá rentável até aos $50, segundo a maioria das estimativas; já em Ea-gle Ford Shale, no Texas, o preço de breakeven encontra-se algures entre os $50 e os $57 (eaglefor-dshale.com). Estes dois Estados são os de maior importância para a indústria petrolífera, mas tais cenários não são tão favoráveis para os produtores de menor di-mensão ou maior endividamento.

Como consequência da dimi-nuição dos preços, a indústria petrolífera dos EUA tem vindo a diminuir as despesas de investi-mento e recompra de ações. Adi-cionalmente, o pagamento das dívidas contraídas encontra-se ameaçado. O S&P GSCI Crude Oil Index, que avalia a perfor-mance do investimento no mer-cado petrolífero americano, di-

O “ouro negro” ainda domina a economia?

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minuiu 27.1% nos últimos três meses, desde 1 de outubro a 5 de dezembro. O S&P 500 Energy Index desceu, no mesmo período, 10,52%, como consequência da contração das ações de empresas produtoras e prestadoras de servi-ços no mercado do “ouro negro”. Vários bancos para os quais estas empresas representavam um sig-nifi cativo destino ao crédito vi-ram também decair o valor das suas ações.

Mas as consequências da desci-da do preço do petróleo estão lon-ge de se restringirem a um proble-ma exclusivo dos Estados Unidos. A diminuição do lucro da indús-tria petrolífera repercutiu-se a ní-vel mundial.

Ainda que os custos de produ-ção nos países exportadores de petróleo convencional possam ser mais baixos que os observados nos EUA, o peso deste setor na indústria nacional e a sua prepon-derância para a sustentabilidade fi nanceira da maioria destes países revelam-se preocupantes, dado o nível atual do preço da matéria--prima. De facto, o preço do pe-tróleo que teria de estar em vigor, anualmente, para grande parte dos países produtores de petróleo do Médio-oriente não apresentar um saldo orçamental defi citário, situa-se acima dos $70 por barril. No gráfi co apresentado, este pre-ço é denominado, em inglês, por fi scal breakeven price. A possível manutenção deste preço acarreta, portanto, riscos consideráveis no futuro. Note-se ainda que apenas três dos países no referido gráfi -co, o Iémen, Bahrain e Omã, não pertencem à OPEP.

Já a Rússia, país no qual a pro-dução de gás e petróleo contribui com cerca de metade da receita estatal, o orçamento para 2015 teve que ser alterado, pois pre-via um preço de $100 por bar-ril. O rating da dívida soberana russa, bem como de outros paí-ses, como a Venezuela, tem vin-do a deteriorar-se. A moeda da maioria dos países produtores de petróleo desvalorizou acentuada-mente.

Quanto às empresas que não se dedicam à produção do “ouro negro”, espera-se, como é ha-bitual, que estas cresçam. Por um lado, aquelas cujos custos de produção dependem do pre-ço deste mesmo benefi ciam di-retamente com a sua redução, como é o caso das companhias aéreas. Adicionalmente, se a des-cida do preço da matéria-prima chegar às famílias, dar-se-á um aumento generalizado do consu-mo. Ter-se-ia, portanto, um fo-mento económico signifi cativo. Contudo, a liquidez do mercado poderá decrescer parcialmente através da contínua redução dos lucros do cartel, que têm sido utilizados como fonte de fi nan-ciamento por variados setores da economia mundial. Citando James Mackintosh, do Finan-cial Times, “a BNP Paribas es-tima que os lucros gerados pela OPEP diminuam em $316 mil milhões de dólares, se o preço do petróleo se mantiver nos $70 no próximo ano. (...) Exposto resu-midamente, as empresas podem aumentar os seus lucros mas te-rão menos compradores para as suas ações e obrigações”.

O “ouro negro” ainda domina a economia? Uma sociedade sem medoO medo atrofi a. O medo é cultivado. Foi sempre. O medo emba-

raça e restringe. Limita a liberdade de movimentos e corrói as relações interpessoais. É um entrave à exploração dos mundos físico, social e virtual. A nossa existência é minada pelo cultivo do medo, pela aversão ao risco e pela sua intrusão em muitos aspetos da vida.

No entanto, agora, o medo jamais será um entrave ao usufruto da nossa experiência terrestre. Tal acontece porque o nosso organismo acaba de se tornar incapaz de gerar uma resposta de alerta quando estimulado pelos nossos receios. Por outras palavras, retrata-se aqui uma sociedade que deixa de ser condicionada pelas interpretações e pelas crenças que até aí despoletavam a reação fi siológica que liberta adrenalina e cortisol e nos prepara para, por exemplo, lutar ou fugir.

A ausência de medo não pressupõe irresponsabilidade e irracionali-dade. Pelo contrário, livres da inibição do medo estaremos em condi-ções de decidir de forma mais fria e gozar de uma forma mais plena a nossa racionalidade. Assumir que, pela perda de medo, poderíamos estar mais susceptíveis a cometer determinados erros fatais, como o precipitar de uma ponte, não faz, de facto, sentido. Continuarei a não me atirar porque, por “a mais b”, sei que ou morro ou saio muito ferido se o fi zer.

Por outro lado, o facto do medo ser humano não signifi ca que o perder reduz o nosso nível de humanidade. Ser humano pressupõe 1) agir-se com racionalidade ou 2) ser-se generoso e bondoso. Em relação ao primeiro ponto, apesar do medo poder ser induzido (racionalmen-te, escolhemos aproveitar um bom fi lme de terror), perder o medo irracional não é nada que, se assumirmos que responsabilidade e inte-ligência se mantêm intactas neste cenário, nos faça ser menos razoáveis nas escolhas e, além disso, nos torne indistinguíveis dos animais. No segundo ponto, se inibidos pelo medo de sentir (de amar, por exem-plo), deixamos de potenciar a nossa capacidade de projetar em nós e nos outros o que, sem medo, poderíamos sentir.

Para ilustrar o poder do medo, tenhamos a fazenda, os quinze es-cravos musculados e o feitor baixinho e gordo com um chicote na mão. Mesmo maltratados e apenas com o estritamente necessário à sobrevivência, os quinze servos mantêm-se obedientes a um feitor. Tal acontece porque o medo está enraizado nos cativos e surge como uma questão cultural. Derrotando o medo, os escravos estariam numa posi-ção sufi cientemente forte para escolher não seguir quem os amedronta mas quem respeitam e prezam pela sua dignidade humana. Acrescen-taria apenas mais uma fi gura neste cenário: a fi lha do feitor. Apaixo-nada por um escravo em tudo igual a Solomon de “12 Anos Escravo”, embora ainda solteiro e sem fi lhos, a rapariga, tal como o Solomon e os restantes prisioneiros, teme o chicote do pai. Mas, hoje, o feitor emprega mais de vinte trabalhadores, entre os quais alguns dos antigos escravos que acabaram por decidir fi car e não seguir, assim, os amigos que saíram e optaram, entretanto, por outros projetos. Já a fi lha e o “Solomon” lá perdoaram o feitor e partilham ainda o mesmo teto.

O medo acabou ali, mas voltou. Voltou e persiste em muitas brin-cadeiras que os meus avós puderam desfrutar, sem pensar duas vezes, e que vejo agora rotuladas como perigosas e, por isso, inacessíveis. Além disso, os pais que permitem aos fi lhos entrar nessas recreações são apontados como irresponsáveis. Este exagerado prezo pela segurança, que faz, defi nitivamente, parte da nossa educação, enraíza, tal como aos escravos, um medo desnecessário e altamente limitador.

JOSÉ GUILHERME SOUSAQUESTÕES (IN)EXISTENCIAIS

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16 Nº 13 - dezembro 2014

CAROLINA REISREGINA CAPELA

Mindfulness refere-se à consciên-cia, atenção e lembrança. Trata–se, assim, de prestar atenção de uma forma especial: intencionalmente, no momento presente e sem julgar. A sua prática levar–nos–á a acalmar a mente para ver com clareza e, as-sim, tomar as melhores decisões em cada momento. Quanto à primeira parte da frase, a de acalmar a mente, importa sabermos que, por dia, pas-sam pela cabeça de um indivíduo, em média, 50.000 pensamentos e que estes são repetitivos e em gran-de maioria negativos. Torna–se, por isso, fundamental acalmar a mente para podermos viver inteira e inten-samente o presente e não estarmos constantemente a pensar no futu-ro ou no passado. Uma boa prática para tal poderá ser praticar alguns exercícios de ioga, meditação.

O ego, que pode ser classificado como o eu de cada um e o defen-sor da personalidade, atua como uma potente resistência, pelo que a mudança é, tantas vezes, uma tare-fa difícil.

Este acalmar da mente leva à se-gunda parte da frase, o ver com cla-reza. Tal como num lago de águas agitadas, que nos parecem turvas por causa da lama, se conseguirmos que essa terra se sedimente no fundo, a água torna–se transparente e permi-te–nos ver o conteúdo do lago.

As emoções constituem um aspe-to essencial de toda a vida humana e, assim, para termos uma vida sau-dável e feliz, torna–se fundamen-tal que as saibamos compreender e aceitar, sendo para isso imprescindí-vel conhecer os sete passos seguintes que nos ajudarão a atenuar o sofri-mento quando se trata de lidar com emoções difíceis e evitar atitudes inadequadas.

Parar; respirar fundo e acalmar-mo–nos; ter consciência da emo-ção; aceitar a experiência; cuidar de nós próprios; libertar a emoção; e, finalmente, agir ou não.

Assim, de acordo com a sabe-doria da psicologia budista, temos como primeiro passo parar, ini-ciando um estado reflexivo sobre como e porquê está a surgir a emo-ção. Tendo em conta que os maio-res atos impulsivos e inconscientes são tomados nos primeiros 3 se-gundos de estados descontrolados, o melhor é pararmos e respirarmos para nos acalmarmos, o que por sua vez, constitui o segundo pas-so. A respiração é um dos meca-nismos biológicos mais poderosos que possuímos, sendo assim mui-to útil controlá–la em situações de stress e ansiedade. O terceiro passo consiste em ter consciência da emo-ção, no qual passamos a observar as situações, pessoas, pensamentos ou lembranças que desencadearam estas emoções. Assim, ao torná–la consciente, a emoção serena. Acei-tar a experiência e permitir a emo-ção trata–se de deixar que esta flua naturalmente sem lhe oferecer re-sistência. Seguidamente, devemos cuidar de nós próprios, o que sig-nifica ligar-nos àquela parte de nós que ainda se mantém íntegra e sau-dável sendo muitas vezes nesta fase fundamental a ajuda de um amigo ou familiar importante. Nas fases finais, é importante libertar a emo-ção, rompendo, assim, o ciclo vicio-so de pensamento-emoção e agir ou não, de acordo com as circunstân-cias.

A realidade do mindfulness

Têm sido levados a cabo estudos sobre os efeitos do mindful-ness como terapia cognitivo-comportamental desde 1970 no Reino Unido. Esta investigação foi realizada sobre um grupo de 11 indivíduos que sofriam de depressão que, apesar dos tratamentos que estavam a receber, tinham recaídas. Atra-vés da Terapia Cognitiva de Base Mindful, estes registaram melhorias significativas. Este estudo conclui que o uso do mindfulness aumenta a confiança dos praticantes, tornando--os não só mais produtivos, dado que permite descobrir quais as falhas de comunicação que geram ineficiência, mas tam-bém mais assertivos e ainda mais solidários com o outro pois estimula a capacidade de colocar as situações em perspeti-va. No final do estudo, os pacientes não só registaram um aumento de energia como também passaram a dedicar uma parte maior do seu tempo a atividades sociais, o que teve um impacto significativo na redução das recaídas em depressão.

Atualmente, um outro estudo está em progresso em Massa-chusetts, EUA, de forma a validar o mindfulness como uma prática a incluir na medicina geral para que possa ser apli-cada não só em hospitais mas também em estabelecimen-tos prisionais. Este estudo está a solidificar a importância do mindfulness para tratamentos de fibromialgia, dor crónica, esclerose múltipla, ansiedade e cancro, na medida em que permite mitigar o stress.

O mindfulness tem sido aplicado pelas empresas, como a Google, como um caminho para descobrir a verdadeira condi-ção humana e como forma de aumentar a produtividade dos trabalhadores. Também no exército dos EUA esta prática tem sido aplicada tornando os seus soldados mais eficientes, mas também para os ajudar nos cuidados de stress pós traumático – mindfulness como solução de distúrbios mentais.

Apesar de não consensual, a prática do mindfulness permite melhorar a pressão arterial, aumentar a atenção, desenvolver procedimentos sensoriais, regular emoções, melhorar a me-mória e estimular a aprendizagem, desde que devidamente acompanhada por peritos no assunto.

Os sete passos para saberes lidar com as tuas emoções

Consciência da emoção

Aceitação

Autocompaixão

Legenda: Controlo das emoções difíceis

A pior prisão não é a que aprisiona o corpo, Mas a que asfixia a mente e subjuga as emoçõesSem liberdade, as mulheres retraem o seu prazerOs homens tornam–se máquinas de trabalhar.Ser livre é não ser servo das culpas do passadoNem escravo das preocupações do amanhã.Ser livre é ter tempo para as coisas que se ama,É abraçar, dar–se, sonhar, recomeçar.É desenvolver a arte de pensar e proteger as emoções.Mas, acima de tudo…Ser livre é ter uma relação de amor com a própria vida.

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Harlem Gospel Choir13 dezembro

Casa da Música – 22h30Preço – 30J

“Pelo sexto ano consecutivo, o Harlem Gospel Choir troca Nova Iorque por Portugal para nos oferecer um Natal dife-rente, igualmente espiritual, festivo e capaz de unir toda a família em torno de algumas das mais celebradas canções do mundo.”

Barras Invictas20 dezembro, Hard Club -

22h30Bilhetes normais: 10J

Liga Knock Out: 1ª Liga de battles

escritas e acapella entre MC’s em Portugal.

Cartaz:SaoOneArt vs SGMiguel vs YoungKeno vs Pofo MK Nocivo vs WeisMantorras vs Roldão D’Maker vs PakotesDpê vs ZARoke 714 vs SillyBang

Porto Meio Cheio9 janeiro, Plano B

Uma exposição de 15 fotogra-fias a preto e branco sobre a arquitetura da cidade do Por-to em estado de degradação acompanhadas por ilustra-ções de vários artistas.Fotografias de: Pedro Mkk.Ilustrações de: God Mess, Chei Crew, Frederico Draw, Min, Lara Luís, Oker, Pedro Podre, Julio Dolbeth, El Le-onor, Vanilla Nights, Bia Me-lancia, Moiteus, Fedor, Mots.

Nos Club 20 dezembro - Casa da

Música – 22h30Preço: Alguns espaços com

entrada livreSala Suggia – 12 J

Sala 2 – 12J

-Bombino -Underground Spiritual Band-The Legendary Tigerman-Matt Elliott-DJ Paulo Noya-Duo Douro Negro-Thunder & Co -Beautify Junkyards-Richard Dorfmeister e Duo Douro Negro

ESTREIAS DE CINEMA EM DEZEMBRO

MAZE RUNNER - CORRER OU MORRERMAZE RUNNER

Género: Ficção Científica, AçãoDuração: 114 minutosRealização: Wes BallEstrelas: Blake Cooper, Dylan O’Brien, Patricia Clarkson, Thomas Sangster, Kaya ScodelarioClassificação: 6/10

Maze Runner é um filme de Wes Ball, baseado no livro de James Dash-ner, cuja história parte do abandono de Thomas (Dylan O’Brien) numa comunidade isolada formada apenas por homens e com uma caracterís-tica em comum: ninguém se lembra do seu passado, apenas do nome próprio. Esta sociedade está presa num labirinto que esconde inúmeros desafios e cheio de dificuldades para quem quer sair.Nunca fui grande espectador de filmes de ficção científica, mas admito que este me despertou curiosidade. Contudo, acho que o enredo é bas-tante desperdiçado pela qualidade de atores e pelo reduzido número de filmagens no “labirinto”. De facto, a “história-base” do filme está muito bem construída, despertando grande interesse e atenção ao espectador, mas no desenrolar do filme não é explorada essa parte. Na minha opi-nião, o ideal seria dividir o filme em duas partes pois nota-se um avanço demasiado evolutivo nos últimos 20 minutos da película. Ainda assim, no fim, a ideia de que irá haver uma continuação (e necessária para compreender melhor toda a história) com outro filme fica muito presente.Resumindo, Maze Runner, mesmo não sendo dos filmes mais marcantes, consegue entreter bem o espectador com alguns momentos de suspense e mistério, embora pudesse ser bastante melhor.

Agenda Cultural EVENTOS A NÃO PERDER

LANÇAMENTOSGUSTAVO SOUSA

GUSTAVO SOUSA RUI PEDRO

AC/DC – Rock or Bust

Os gigantes australianos do Rock acabam de lançar, no dia 2 de dezembro, um novo álbum, o décimo sexto de estúdio da banda. Este é o disco mais curto da banda (34:54 min) que, já sem Malcolm Young (um dos fundadores), promete, porém, continuar a fazer rock, como se pode ouvir no primeiro single lançado, “Play Ball”.

The Smashing Pumpkins - Monuments to an Elegy

Monuments To an Elegy é o mais recente trabalho da banda de rock alternativo, liderada por Billy Corgan. A banda, que tem vindo a apresentar caras novas nos últimos anos (apenas restando Corgan da formação original), tem no dia 9 de dezembro nas bancas este novo trabalho, com os singles “Being Being”, “One and All (We are)” e “Drum + Fife”.A banda fundada em Chicago revela aqui aquilo que pode ser um presente de Natal de 32:35 min.

The Warerboys- Modern Blues

No início do próximo ano, está de volta a banda de folk escocesa, com um novo trabalho encabeçado pelo fundador, vocalista e guitarrista da banda, Myke Scott. A banda alcançou maior sucesso na década de 80 do século passado e lança, a 20 de janeiro de 2015, um álbum que apresentará 9 faixas e conta já com os singles “November Tale” e “Destinies Entwined”.

RUI PEDRO

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LUÍS OLIVEIRA

No dia 5 de dezembro, o Conselho de Ad-ministração da Oi aprovou a venda da PT Portugal à Altice por J7.400 milhões, dos quais J500 milhões estão dependentes do cumprimento de metas ao nível das receitas geradas.

Quando, em fevereiro de 2006, a Sonae lan-çou uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a Portugal Telecom (PT), os principais acionistas, em particular o Grupo Espírito Santo (GES), representado pelo gestor Ricar-do Salgado, defendiam que a oferta era hostil e não criaria valor para a empresa. O mercado de controlo empresarial entrou em funciona-mento, levando a que a equipa de gestão da PT da altura, liderada por Horta e Costa, que ainda durante o mesmo ano seria substituído por Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, ado-tasse ações defensivas e conseguisse derrotar a tentativa de aquisição da Sonae, convencen-do mais de 33% dos acionistas a votar contra. Recorde-se que o Estado detinha uma golden share na PT, que permitia o direito ao veto, mas que não foi utilizada.

A 28 de julho de 2010, a PT anunciou a venda da sua posição na Vivo, empresa de te-lecomunicações móveis em operação no mer-cado brasileiro, à espanhola Telefónica por J7,5 mil milhões. A operação era anunciada por Zeinal Bava como “uma saída pela porta grande”. Contrariamente, o primeiro-minis-tro Pedro Passos Coelho considerava-a como um passo atrás na presença estratégica no mercado brasileiro. A 28 de março de 2011, a PT emitiu um comunicado esclarecendo que passaria a deter uma posição total, direta e in-diretamente, de 25,3% na Oi por J3,51 mil milhões. Nesse mesmo ano, Zeinal Bava viria a ser eleito como melhor CEO do setor das telecomunicações na Europa pela Institutio-nal Investor Magazine.

Há cerca de um ano atrás, no dia 2 de outu-bro de 2013, a PT e a Oi anunciaram a celebra-ção de um acordo com vista à fusão das duas empresas, alegando que seria criado “o maior operador de telecomunicações da lusofonia” e o sétimo nas telecomunicações da Europa, cota-

do em Lisboa, São Paulo e Nova Iorque. Zeinal Bava assumiu o cargo de CEO na empresa re-sultante da fusão e os acionistas da PT ficariam com uma participação social de 37,3%.

Durante o mês de junho do presente ano, os testes de “stress” financeiro realizados ao GES, detentor de participações sociais no BES, permitiram descobrir que a PT estava a financiar o grupo em J900 milhões, atra-vés do investimento em títulos de dívida de curto prazo da RioForte, a 90 dias, “holding” do GES. As investigações às contas do GES permitiram levantar questões acerca da solva-bilidade das entidades do grupo, estando hoje em dia várias dessas entidades, incluindo a RioForte, em processo de insolvência. Perante a possibilidade de não vir a recuperar parcial ou totalmente esse investimento, a PT per-deu poder de negociação junto da Oi e ficou apenas com 25,6% na operadora brasileira. Em outubro, grande parte dos ativos da PT, como a PT Portugal e a participação de 75% na Africatel, pertenciam já ao balanço da Oi.

Nesse mesmo mês, Zeinal Bava renuncia à liderança da Oi, numa altura em que a em-presa vira as suas atenções para o processo de consolidação do setor das telecomunicações no Brasil, vista como necessária para fazer frente ao forte volume de investimentos para expansão da cobertura e qualidade das redes no país. Com a mudança de estratégia da Oi, e perante a clara desvalorização da PT, a subsi-diária PT Portugal passou a ser vista como um ativo passível de ser vendido e assim financiar as operações no Brasil.

Entraram na corrida várias potenciais com-pradoras, tendo permanecido na última “ron-

da” a empresa francesa Altice e o consórcio composto pela portuguesa Semapa e pelos fundos Apax Partners e Bain Capital. No dia 1 de dezembro, a Altice foi noticiada como “vencedora”, referindo a pretensão de reforçar o investimento e criar postos de trabalho em Portugal, tendo os CTT como parceiro estra-tégico e comercial. A Altice, refira-se, é um fundo de investimento multinacional dedica-do ao setor das telecomunicações que entrou em Portugal em 2012 com a compra da Ca-bovisão, por J45 milhões, e que em 2013 ad-quiriu a Oni, por J80 milhões.

Para que a compra se efetive, são ainda re-queridas a aprovação dos acionistas da PT e a luz verde da Autoridade da Concorrência, uma vez que a junção entre PT Portugal e a Cabovisão criaria um gigante com quota de mercado superior a metade, o que poderá, eventualmente, levar à venda da Cabovisão.

O processo de venda da PT Portugal pode-rá demorar mais de 3 semanas, de acordo com a Reuters, durante as quais serão negociadas as condições finais da operação e terá de haver lugar a uma assembleia geral de acionistas da PT SGPS para votarem a venda.

Resta referir que em cima da mesa está ain-da a possibilidade de Isabel dos Santos lançar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) à PT SGPS, por J1,35 por ação, que, no entanto, tem vindo a perder força nos últimos dias.

O gráfico evidencia a evolução do preço das ações da PT desde outubro de 2004, sendo possível constatar os ganhos e perdas de va-lor, percebidos pelos mercados, da empresa de maior referência na história das telecomuni-cações em Portugal.

PT: da criação do “maior operador de telecomunicações da lusofonia”, à venda à Altice

Fontes: Público; Reuters.

Os altos e baixos da Portugal Telecom

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19Nº 13 - dezembro 2014Nº 13 - dezembro 2014

DESPORTO NA FEP

O teu apoio é importante!Na passada quarta-feira, dia 3

de dezembro, ao que o Fepiano apurou, estiveram 51 apoiantes fepianos a torcer pela nossa sele-ção de futebol no campo de fute-bol da FADEUP, num encontro em que os nossos atletas leva-ram a melhor sobre a Universi-dade Católica do Porto por 5-0. Curiosamente, esta foi a melhor vitória e, também, a melhor exi-bição que esta seleção conseguiu nos Campeonatos Académicos do Porto deste ano.

Se este tema nos interessar, rapidamente pesquisamos no Google e encontramos frases como “o futebol americano uni-versitário é muito mais que um desporto, é tradição, é orgulho, é dos fãs que se deslocam aos cam-pos para assistir”. Infelizmente, não podemos sonhar em viver algo dessa dimensão por aqui, mas podemos tê-lo nas nossas proporções, algo que está longe de acontecer.

Quem assistiu ao jogo refe-rido sabe que o que aconteceu

foi muito mais que um jogo, fo-ram 70 fepianos a lutar por uma questão de orgulho, de mostrar o que é a FEP, de mostrar o que vale a FEP, de mostrar aquilo que nos põe no patamar FEP (que não é só sobre hard skills e soft skills!).

Mas porque é que isso não acontece sempre, em todas as se-leções? Há desportos e equipas que muito mais facilmente con-seguem atrair fãs, mas mesmo esses precisam de um grande es-forço de quem participa neles ativamente para reunir um bom grupo de apoiantes. Quem foi ver esse jogo não gostou? Não cremos que seja esse o caso. E, aos que não foram, perguntem a quem foi qual é a sensação de ver um jogo de amigos, entre amigos e a representar outros amigos.

Em suma, a FEP mostrou a sua força nessa quarta-feira. Es-peramos que o apoio continue, e ainda aumente! É uma experi-ência bastante agradável e todos saímos a ganhar!

AFONSO VIEIRAXAVIER BRANDÃO

Com a fase de grupos sensi-velmente a meio, no grupo A os favoritos não têm dado azo a surpresas. Na liderança, seguem em igualdade pontual os Pres-critos e JamaicanAll-Stars, que não têm dado hipóteses à con-corrência. Bem perto, surgem IPM e, logo de seguida, Jocival-ter a fechar os lugares de acesso à próxima fase. Com uma cam-panha muito positiva, os Zééé’s

mantêm-se a 1 ponto da zona de apuramento e, embora com menos favoritismo, prometem manter-se na luta até ao final. Os Real Sucata conseguiram já somar 6 pontos, realizando uma campanha bastante positi-va para a época de estreia. Pi-100pé também já pontuaram, enquanto nos últimos lugares surgem 3 equipas ainda sem qualquer ponto.

No grupo B, apenas os Siga Maluco contam por vitórias os jogos realizados, seguindo na li-derança isolada. Por sua vez, os campeões em título, Atlético Atum, corrigiram o mau arran-que, seguindo na segunda posi-ção. Já com uma prestação muito positiva, surgem os Montanelas United a fechar o pódio, ainda com um jogo a menos em rela-ção aos líderes. Na última vaga

de apuramento, apresentam-se os NC Galasataray, que, embora em igualdade pontual com os XERI-FES UTD, levam vantagem no confronto direto. Mais distantes desta luta pelo apuramento, sur-gem os CTT, seguidos de TA-FEP e Os Pupilos do Houdini. Sem somar qualquer ponto, os últimos lugares são ocupados por dois estreantes, Serviços FepCre-tos e WaitForIt.

“O apoio da comunidade fepiana é um fator extra de motivação para nós! A presença da família fepiana intimida os nossos adversários!”Gonçalo Quintal, jogador das seleções de futebol e de futsal

“Há golos que são marcados pelo 6º jogador”Afonso Menezes, jogador da seleção de futsal

“Se vestir a camisola da nossa faculdade já é motivação suficiente para todos os atletas, poder contar com o apoio de 50 colegas nossos, como no passado dia 3, é extraordinário. Para os atletas que dispensam horas de aulas e de estudo para representar a FEP da melhor maneira todas as semanas, esse apoio é o melhor reconhecimento que podem ter.”

Tiago Miranda, treinador da seleção de futebol

“Uma hora entregue aos nossos atletas e a única coisa que custa é mesmo aquecer a garganta. Estar ao lado deles e sentir que somos uma unidade é razão suficiente para estar lá, é a nossa essência/identidade que entra em campo. Se não lutarmos por ela, quem luta? Somos FEP!”

Diogo Mendes, membro da claque das seleções

CLASSIFICAÇÃO — FEP LEAGUE

Grupo ALugar Equipa Pts J V E D GM GS DG

1º # Prescritos 15 5 5 0 0 62 5 57

2º # Jamaican All-Stars 15 5 5 0 0 59 5 54

3º $ IPM 13 5 4 1 0 38 13 25

4º = Jocivalter F.C. 10 5 3 1 1 34 10 24

5º = Zééé's 9 5 3 0 2 28 14 14

6º = Real Sucata 6 5 2 0 3 14 23 -9

7º = Pi100Pé 3 4 1 0 3 11 21 -10

8º # MOCHE 0 5 0 0 5 9 43 -34

9º $ Passes Perdidos 0 4 0 0 4 5 42 -37

10º = eCOROballs A.M.U.S. 0 5 0 0 5 3 87 -84

Grupo BLugar Equipa Pts J V E D GM GS DG

1º = Siga Maluco 15 5 5 0 0 35 12 23

2º = Atlético Atum 13 5 4 1 0 41 9 32

3º # Montanelas United 10 4 3 1 0 19 6 13

4º = NC Galasataray 9 5 3 0 2 32 20 12

5º $ XERIFES UTD 9 4 3 0 1 16 11 5

6º = CTT 4 5 1 1 3 20 20 0

7º # TAFEP 3 4 1 0 3 3 30 -27

8º $ Os Pupilos do Houdini 1 5 0 1 4 12 31 -19

9º = Serviços FepCretos 0 3 0 0 3 4 22 -18

10º $ WaitForIt 0 4 0 0 4 8 29 -21

Page 20: Fepiano XIII

20 Nº 13 - dezembro 2014

Coordenação: João Sequeira e Matilde Rosa CardosoRedação: Afonso Vieira; Alice Moreira; Carolina Fernandes; Carolina Reis; Daniel Salazar; Guilherme Sousa; Gustavo Sousa; Hélder Ferreira; João Parreira; Manuel Lança; Paulo Martins; Pedro Gonzalez; Pedro Malaquias; Raquel Meneses; Regina Capela; Rita Vale; Rui Pedro; Sara Ribeiro; Tânia Freitas; Teresa Sousa; Xavier BrandãoPaginação: Célia César - Grupo Editorial Vida Económica, S.A.Impressão: UnicópiaMorada: Rua Dr. Roberto Frias, 4200-464 (Porto, Portugal) Contacto: [email protected] Facebook: www.facebook.com/fepianojornal Issuu: www.issuu.com/fepiano

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