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FERNANDO ARRABAL , O PÂNICO NECESSÁRIO “Manifestações diretas de meu mundo interior reveladas através de meus sonhos. O visual, o sonho, é o meu ponto de partida” Teatro Pânico: Provoca o terror irracional e primitivo em presença da natureza humana, da mesma forma que o deus Pã, ainda que seja empregado o termo Pã no sentido “do que envolve tudo” “Para mim o Teatro segue sendo uma cerimônia, uma festa, uma vez sacrílega e sagrada, erótica e mística, que abarca as facetas da vida, inclusive a morte” Na obras de Fernando Arrabal, quando aparecem os amantes, eles afligem suas mulheres, presas em camas ou carrinhos de bebê, ou maquinários e próteses diversas. Eles podem até se acariciar apaixonadamente, porém são incapazes de consumar suas relações, conservando suas “purezas” mediante o assassinato no lugar do coito, ou escolhendo bonecos de tamanho natural ou corpos mortos, ou quase mortos, como objetos de suas lúxurias. “As tentações inerentes da pureza”, que, segundo Arrabal, “me fascinam até o ponto de chegar à naúsea”. A ação dramática em Arrabal é feita por jogos fragmentários de domínio e opressão, todos ritualizados. A ação se repete de forma interminável, porque no nível religioso o sacríficio ritual conduz à ressurreição e porque no nível psicológico todo elemento da personalidade que é reprimido reaparece em uma nova forma. Arrabal considera suas obras “Um meio termo entre o Marquês de Sade e Santa Tereza de Ávila”. Fala de um dos personagens de Arrabal: “Porque estou apresentando este catálogo de horrores? Desejo deslumbrá-los” Os efeitos de choque visual são uma das facetas do TEATRO CONTEMPORÂNEO, onde a mesma cena de canibalismo é também uma missa e um ato sexual. Principais Obras para o TEATRO de Fernando Arrabal:

FERNANDO ARRABAL o Pânico Necessário

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Page 1: FERNANDO  ARRABAL o Pânico Necessário

FERNANDO ARRABAL , O PÂNICO NECESSÁRIO

“Manifestações diretas de meu mundo interior reveladas através de meus sonhos. O visual, o sonho, é o meu ponto de partida”

Teatro Pânico: Provoca o terror irracional e primitivo em presença da natureza humana, da mesma forma que o deus Pã, ainda que seja empregado o termo Pã no sentido “do que envolve tudo”

“Para mim o Teatro segue sendo uma cerimônia, uma festa, uma vez sacrílega e sagrada, erótica e mística, que abarca as facetas da vida, inclusive a morte”

Na obras de Fernando Arrabal, quando aparecem os amantes, eles afligem suas mulheres, presas em camas ou carrinhos de bebê, ou maquinários e próteses diversas. Eles podem até se acariciar apaixonadamente, porém são incapazes de consumar suas relações, conservando suas “purezas” mediante o assassinato no lugar do coito, ou escolhendo bonecos de tamanho natural ou corpos mortos, ou quase mortos, como objetos de suas lúxurias.

“As tentações inerentes da pureza”, que, segundo Arrabal, “me fascinam até o ponto de chegar à naúsea”.

A ação dramática em Arrabal é feita por jogos fragmentários de domínio e opressão, todos ritualizados.

A ação se repete de forma interminável, porque no nível religioso o sacríficio ritual conduz à ressurreição e porque no nível psicológico todo elemento da personalidade que é reprimido reaparece em uma nova forma.

Arrabal considera suas obras “Um meio termo entre o Marquês de Sade e Santa Tereza de Ávila”.

Fala de um dos personagens de Arrabal: “Porque estou apresentando este catálogo de horrores? Desejo deslumbrá-los”

Os efeitos de choque visual são uma das facetas do TEATRO CONTEMPORÂNEO, onde a mesma cena de canibalismo é também uma missa e um ato sexual.

Principais Obras para o TEATRO de Fernando Arrabal:

O Arquiteto e o Imperador da Assíria/ Fando e Lis/ Cerimônia Para um Negro Assassinado/ O Labirinto/ Os Dois Carrascos/ O Triciclo/Cemitério de Automóveis/ Orquestração Teatral/ Os Quatro Cubos/ Primeira Comunhão/ Concerto Dentro de um Ovo/ Guernica/ A Bicicleta do Condenado/ O Jardim das Delícias/ E Eles Colocaram Algemas nas Flores.

Características da dramaturgia de Fernando Arrabal: Jogos de palavras, O NONSENSE, a violência institiva, as imagens colhidas no inconsciente.

“Eu escrevo para mim, como para me drogar. Se o público não gosta, tanto pior. É um jogo, uma exaltação”.

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As inversões brutais na relação senhor-escravo são um dos aspectos mais notáveis nas peças de Arrabal.

O Herói Pânico, para Arrabal “tem fanstasmas(paranóia e não esquizofrenia), megalomania e modéstia, uma moral múltipla, ambíqua, desespero(e não angústia, ele não se suicida), sofre com doenças e deformações, ciúmes, fetichismo, necrofilia, mitomania, em suma, é um ser paradoxal.”

Todas as peças de Arrabal tocam o espectador pelo fascínio, e não pela razão, seu objetivo é a purgação das paixões.

A complexidade dos personagens e do jogo cênico exige atores e atrizes experientes, capazes de dominar todas as técnicas de expressão corporal e oral.

Filmes dirigidos por Fernando Arrabal:

Viva La Muerte / A Árvore de Guernica / Eu Correrei Como um Cavalo Louco.

Curiosidade: A peça O Arquiteto e o Imperador da Assíria foi produzida por Sir Lawrence Olivier, na montagem inglesa de 1969/1970, dirigida por Victor García, que foi a grande sensação no Festival Shakesperiano de Stratford, no Canadá.

A montagem antológica no Brasil foi realizada em 1970, pelo Teatro Ipanema(RJ), com Rubens Corrêa(Imperador) e José Wilker(Arquiteto).

Samuel Beckett, sobre Arrabal, em uma carta em que clamava pela libertação de Arrabal de uma prisão na Espanha, em 1967, fato que mobilizou manifestações de inúmeros intelectuais e artistas: “Onde quer que suas peças sejam montadas, e elas são montadas em todos os lugares, a Espanha está ali”.

E ELES COLOCARAM ALGEMAS NAS FLORES

“Diga às flores que não se envaideçam de sua beleza. Pois elas serão algemadas e viverão sob os ventos corrompidos da morte” (Frase de um poema de Federico García Lorca, que inspirou Arrabal ao escrever sua peça).

Jorge Bandeira do Amaral

(92) 3233-7316/ 9116-6775

[email protected]

Manaus, 23 de setembro de 2010.