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Ferrovia, sim! Quem critica o VLT hoje, com certeza, vai aplaudir amanhã O comboio, transporte ecologicamente mais correcto, tem sido preterido ao longo do último século, pelo automóvel que polui e entope as nossas estradas. É inacreditável que hoje, com recursos como a energia geotérmica, pontes e viadutos já construídos, programas de ajuda financeiros da Europa, a evidente ineficiência energética e económica da actual solução viária, exista um Plano Regional para os transportes nos Açores que ignora a ferrovia para a Ilha de São Miguel. Quais são as consequências da opção viária para o transporte da população e cargas? É evidente que a opção viária traz a poluição, gasto exorbitante de combustível, aumento dos acidentes e mortes no trânsito, engarrafamentos, stress e perda de tempo para o trabalho. Além disso, aumenta a nossa dependência energética . O carro é uma opção própria de uma sociedade que opta pelo individualismo. Essa foi a tendência do século passado. Neste século a tendência será outra, pelo menos em muitos países e regiões desenvolvidas.

Ferrovia, sim! Quem critica o VLT hoje, com certeza, vai aplaudir amanhã

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Breve análise sobre a introdução do Veículo leve sobre trilhos (VLT) na Ilha de São Miguel, nos Açores

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Ferrovia, sim! Quem critica o VLT hoje, com certeza, vai aplaudir amanhã

O comboio, transporte ecologicamente mais correcto, tem sido preterido ao longo do último século, pelo automóvel que polui e entope as nossas estradas.É inacreditável que hoje, com recursos como a energia geotérmica, pontes e viadutos já construídos, programas de ajuda financeiros da Europa, a evidente ineficiência energética e económica da actual solução viária, exista um Plano Regional para os transportes nos Açores que ignora a ferrovia para a Ilha de São Miguel.

Quais são as consequências da opção viária para o transporte da população e cargas? É evidente que a opção viária traz a poluição, gasto exorbitante de combustível, aumento dos acidentes e mortes no trânsito, engarrafamentos, stress e perda de tempo para o trabalho. Além disso, aumenta a nossa dependência energética . O carro é uma opção própria de uma sociedade que opta pelo individualismo. Essa foi a tendência do século passado. Neste século a tendência será outra, pelo menos em muitos países e regiões desenvolvidas.

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Porque São Miguel não segue o exemplo de outras regiões? Muitas regiões de países da Europa já disseram sim à ferrovia, aproveitando financiamentos europeus mesmo não tendo energia barata e limpa à disposição como nós.

Nota: Este gráfico, não leva em linha de conta os apoios comunitários a 85% e o aproveitamento de estruturas já existentes como se defende para S. Miguel

Em 2010 foram transportados na Região Autónoma dos Açores cerca de 8,3 milhões de passageiros nos transportes públicos, a Ilha de S. Miguel com uma população total de cerca de 130 mil habitantes, detém cerca de 70 por cento dos passageiros transportados na Região perfazendo 5,8 milhões de passageiros por ano (o mesmo que o Metro do Sul do Tejo transportou num ano).

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A cidade polaca de Swinoujscie tem 12 linhas e apenas 41 mil habitantes, Gmuden na Alemanha, um município tem menos habitantes que o município da Lagoa, a ilha de Man. que pertence ao Reino Unido tem apenas 507 km2, (mais pequena que São Miguel), tem várias linhas de caminho de ferro para cerca de 80 mil habitantes. Com base nestes exemplos, demonstra-se facilmente que não faz sentido o argumento que São Miguel não tem população que justifique este tipo de transporte, ainda menos quando esse transporte pode ser de carga e passageiros em simultâneo (misto).

Vista lateral de um Veículo leve sobre trilhos (VLT) para transporte de carga em espaços urbanos

Para além de Amesterdão, Dresden na Alemanha, além do VTL para passageiros, circulam veículos leves sobre trilhos vocacionados para carga, demonstrando-se ser possível a implementação de um sistema para carga e passageiros em São Miguel, que graças ao tamanho da opção VLT, permitiria que a sua estrutura de trilhos se encaixasse no meio urbano/rural existente, aproveitando-se dessa forma estruturas (de forma parcial) já existentes nas SCUT ou estradas regionais. O Veículo leve sobre trilhos (VLT), não é um comboio tradicional, é uma espécie de Metro de Superfície, ou mesmo um "eléctrico" moderno, mais barato que o seu irmão “metro” e que pode atingir 90Km/Hora, uma boa velocidade máxima para os percursos interurbanos em São Miguel.

1. - Um VLT em espaço urbano 2.- VLT em espaço urbano para carga

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3. - VLT para espaços urbanos exíguos; 4. - Exemplo de um VLT interurbano

O espaço público deve pertencer a toda a população, que em grande parte, não tem dinheiro para comprar um automóvel. O que existe é uma inversão de prioridades. Essa ordem precisa ser alterada. Ciclovias e veículos leves sobre trilhos, que são mais baratos, precisam ser criadas . O coletivo tem que prevalecer sobre o individual. Pensar nas crianças, num mundo melhor, é governar como estadista. É preocuparem-se com as futuras gerações, onde o verde prevaleça sobre o betão, as ciclovias ao invés dos carros, os elétricos substituindo o autocarro a diesel, num mundo onde as pessoas possam confraternizar diariamente nas ruas, longe do individualismo do automóvel. Pensar coletivamente é trabalhar com ética! E ética é o cimento do desenvolvimento. São Miguel sempre teve a sua natureza como cartão postal. Se destruirmos essa paisagem natural, destruiremos o futuro dos nossos filhos e netos. A qualidade de vida da população depende de mobilidade, de espaços públicos, de bons hospitais e escolas. O VTL é a melhor opção de transporte para o transporte de toda a comunidade. Infelizmente, o VLT ainda não chegou, e os que criticam hoje a sua opção para São Miguel, com certeza irão aderir amanhã a este transporte mais rápido, económico, seguro e ecologicamente correto.

Vamos caminhar nessa direção, na luta cada vez mais por um transporte público eficiente. Não devemos parar. Temos que integrar vários tipos de transporte, com passagens mais baratas, temos que por a funcionar no periodo noturno um seviço de carga que aproveite o excesso de 40% de produção de energia que atualmente se verifica. Além disso, o transporte e toda infraestrutura a ele ligada devem estar integrados à preservação urbanística/paisagística e do meio-ambiente em geral. Isso é que é modernidade. Sem uma correta mobilidade, a Ilha não vive, não trabalha e não se diverte. Um carro é sinal de atraso, de coisa do passado. Ferrovia, sim!

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