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FESTIVAL MANGUEZAIS DO BRASIL: intercâmbio de saberes e fazeres São Luís, MA, 23 a 26 de novembro (Hotel Luzeiros e Centro Histórico) RELATORIA DIA 23/11/10 Manhã Por volta das 09h00min da manhã concentração dos participantes do evento no Hotel Luzeiros para se deslocarem de ônibus até a Praia Grande, para a mesa de abertura do evento no Teatro João do Vale. Alguns participantes do evento começaram a se concentrar em frente ao Teatro João do Vale às 08h. Os demais participantes que utilizaram o transporte alugado pelo evento chegaram por volta das 09:30 h na Praia Grande. Antes da entrada no teatro, houve uma caminhada (Andada dos Povos da Maré - desfile na Praia Grande), com “ batuque”. Houve apresentações durante a caminhada de forma descontraída do “Nagô da Bahia” (delegação de Canavieiras) e de Carimbó (da delegação do Pará). A concentração deu- se em frente à Câmara de Vereadores de São Luís e o Teatro João do Vale. A entrada no Teatro João do Vale, local da abertura oficial do evento, deu-se aos som de carimbó, às 10:10h. A mesa de abertura do evento foi mediada por Beto do Taim, onde faz a apresentação dos estados presentes no Festival Manguezais do Brasil, tais como: Maranhão, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Amapá, Piauí, Ceará, Paraíba, Sergipe, Santa Catarina. Beto apresentou a mesa composta por: Paulo Maia, presidente do ICMBio; Ana Paula Prates, representando o Ministério do Meio Ambiente; Daniel Penteado, representante do Projeto GEF Mangue ; Kátia Barros CNPT; Carlinhos representante da Rede Manguá Internacional no Brasil; Washington Rio Branco, representante da secretaria de Estado do Meio Ambiente do Maranhão; Mário Enéas, representante da Secretaria de Cultura do Maranhão; Venina de Ogum, representante dos Povos de Terreiros.

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FESTIVAL MANGUEZAIS DO BRASIL: intercâmbio de saberes e fazeres

São Luís, MA, 23 a 26 de novembro (Hotel Luzeiros e Centro Histórico)

RELATORIA

DIA 23/11/10

Manhã

Por volta das 09h00min da manhã concentração dos participantes do evento no

Hotel Luzeiros para se deslocarem de ônibus até a Praia Grande, para a mesa de

abertura do evento no Teatro João do Vale.

Alguns participantes do evento começaram a se concentrar em frente ao Teatro

João do Vale às 08h. Os demais participantes que utilizaram o transporte alugado pelo

evento chegaram por volta das 09:30 h na Praia Grande. Antes da entrada no teatro,

houve uma caminhada (Andada dos Povos da Maré - desfile na Praia Grande), com “ batuque”.

Houve apresentações durante a caminhada de forma descontraída do “Nagô da Bahia”

(delegação de Canavieiras) e de Carimbó (da delegação do Pará). A concentração deu-

se em frente à Câmara de Vereadores de São Luís e o Teatro João do Vale. A entrada no

Teatro João do Vale, local da abertura oficial do evento, deu-se aos som de carimbó, às

10:10h.

A mesa de abertura do evento foi mediada por Beto do Taim, onde faz a

apresentação dos estados presentes no Festival Manguezais do Brasil, tais como:

Maranhão, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Amapá,

Piauí, Ceará, Paraíba, Sergipe, Santa Catarina.

Beto apresentou a mesa composta por: Paulo Maia, presidente do ICMBio;

Ana Paula Prates, representando o Ministério do Meio Ambiente; Daniel Penteado,

representante do Projeto GEF Mangue ; Kátia Barros – CNPT; Carlinhos representante

da Rede Manguá Internacional no Brasil; Washington Rio Branco, representante da

secretaria de Estado do Meio Ambiente do Maranhão; Mário Enéas, representante da

Secretaria de Cultura do Maranhão; Venina de Ogum, representante dos Povos de

Terreiros.

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Beto do Taim citou a presença de outras instituições e pessoas ilustres na

cerimônia de abertura do evento. Fez menção à participação do GEDMMA, na pessoa

da profa. Madian Frazão.

No início Roquelina, pescadora da Bahia, foi convidada a declamar uma

poesia (Comando a Natureza).

Em seguida a fala é passada para Paulo Maia, presidente do ICMBio –

Começa sua fala saudando a todos e sobre a importância do evento para fortalecer a

criação das RESEX, comenta sobre a recente criação de uma RESEX no dia anterior,

em São Paulo (Resex de Mandira) e relata os órgãos que são responsáveis pela

fiscalização dos projetos de unidade de conservação como: IBAMA, ICMBio, CNPT,

INCRA, Secretaria do Patrimônio da União, Ministério de Pesca e Agricultura.

Coloca a questão da competência Federal, Estadual e Municipal pautado pelo

Art. 5º da constituição para a preservação do meio ambiente, e da importância grupos

locais que protegem o meio ambiente. Citou a importância do Governo do Estado do

Maranhão no fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente. E mencionou que

em todos os espaços do Brasil tem a presença de populações tradicionais, mas não se

têm dados concretos. “Onde estão; quantos são? ...é tudo chute. Mas até o final do ano

pretende-se ter esses dados”. Ainda comentou que essas populações nem sempre

conseguem ter o devido cuidado. E citou a possibilidade de reservar um território para o

Taim, no Maranhão (Resex de Tauá-Mirim). Lamentou não poder participar mais do

evento (só poderia ficar no dia da abertura), principalmente da atividade na comunidade.

Encerrou a sua fala dizendo que “apesar de se falar de temas duros, é interessante trocar

com alegria, cultura...”

Ana Paula, representante do Ministério do Meio Ambiente, falou da

importância que o evento tem para a vivência de experiências das populações

tradicionais e dos diversos impactos sociais e ambientais que essas áreas vem sofrendo,

colocou também a importância que o Maranhão representa com relação aos manguezais

e de todo os recursos hídricos e de pesca do país. Enfatizou que o Estado do Maranhão

possui três sítios/áreas Ramsar, a saber: Reentrâncias maranhenses, Baixada

Maranhense e Parcel de Manoel Luís. Parabenizou os maranhenses pela riqueza natural

e diz levar com ela para Brasília a “força” (energia) para continuar trabalhando.

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Daniel Penteado falou da emoção de estar participando do evento e ressaltou

que lamentavelmente por uma série de questões não conseguiram realizar o Festival na

primeira data prevista (26 de julho de 2010). Fez uma análise geral da importância da

participação de todos nos projetos de mangue, e das perspectivas de troca de

conhecimentos entre as comunidades tradicionais e da criação das RESEXs.

Beto do Taim chamou a atenção para o fato de que até aquele momento não

havia nenhum representante da prefeitura de São Luís, e que estavam aguardando um

apoio para a atividade do 2° dia do evento, que se tratava da liberação do espaço físico

da escola (da cozinha, particularmente) localizada no Taim.

Washington Rio Branco, Secretário do Meio Ambiente do Estado do

Maranhão, falou da diversidade cultural do Maranhão e das habilidades que esses povos

tem através de seus conhecimentos de base, e o quanto é importante a preservação dos

recursos hídricos, dos manguezais. Segundo ele, tem que haver um sentimento de

justiça com as populações tradicionais, quilombolas, pescadores, catadores, agricultura

familiar. Comentou que os técnicos da Secretaria que ele está coordenando estão sendo

estimulados a se qualificarem, a fazer doutorado. Criticou a área metropolitana de São

Luís, a degradação dos mangues. E se questiona “por que tanto preconceito com essa

fitogeografia? (o mangue)”. Ressaltou diversas vezes a importância das sociedades

tradicionais, segmentadas, de linhagens. Falou que em cada unidade de conservação há

01 representante da Secretaria, e que vão cooperar.

Beto do Taim, falou que a responsabilidade do estado quanto à preservação do

meio ambiente com a criação das RESEXs é de extrema importância, pois sem isso a

área destinada para criação da RESEX do Tauá-Mirim corre sério risco de perdas

incalculáveis, e que a demande de projetos para criação de reservas ambiental cresce

enquanto a viabilização desses projetos decresce em todo o país.

Venina Carneiro apresentou-se como integrante do Terreiro de Deus, oriunda

da Fanti-Ashanti. Comentou que o Maranhão é terra de vodum e que os tambores do

Maranhão estão no nosso umbigo. E da força do litoral, do mangue, da lama

(manjutarê). Comenta sobre as comunidades tradicionais e que a terra é todo um

conjunto da natureza que integra a todos nós, é por isso que temos utilizá-la de forma

sustentável. E que toda a natureza viva, que é o próprio Deus, abençoe a todos nesse

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encontro. Faz parte da Rede “Coide” (?), que trata de formulação de ervas ,

benzimentos, como forma de trabalho e renda dentro das comunidades de terreiros

Carlinhos - representante da Rede Manglar Internacional no Brasil, argumentou

sobre a importância da reflexão para ver como está à situação dos mangues e dos povos

que vivem nessas áreas e como anda os processos dos projetos encaminhados, pois os

anos de 2009 e 2010 foram um período para colocar e encaminhar propostas e que o

ICMBIO e os outros órgãos competentes tenham realmente uma cara mais social – de

agora em diante temos que colocar as propostas, os projetos em práticas. Ele faz um

questionamento: “temos o que comemorar ou precisamos nos preparar para a guerra?”.

E continua: “No ano de 2011 temos que ter um objetivo claro (...) Se esse encontro ta

acontecendo hoje é porque é furto de luta. (...) Precisamos exercer nosso poder de

movimento social. Este é um momento de festa, mas precisamos rever nossas

estratégias de luta. Queremos compromisso com as reservas costeiras e marinhas”.

Ele comenta sobre a RESEX do Tauá-Mirim e diz que não existe justificativa

que desmereça a criação da reserva, queremos na verdade é compromisso do governo

em honrar os acordos firmados para criação das RESEX.

Kátia Barros – CNPT, fala do esforço que tiveram para promover o evento

agradece todos os colaboradores, todos os representantes das diferentes regiões do

Brasil.

Comenta que : “esse momento a gente tá celebrando a vida, e que a gente possa

se fortalecer na luta”. Argumenta que a vida, a cultura, a religiosidade tem a ver com o

meio ambiente e que a ideia do festival é celebrar a vida com amor trocando

experiências com as comunidades.

Encerramento da Mesa de Abertura às 11:40h

Tarde

Hotel Luzeiros

Horário previsto: 14:30

Horário de início: 14:45

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Beto do Taim, da comunidade de Taim, integrante da Resex de Tauá Mirim

começou chamando integrantes da mesa, primeiro Célia que saudou o encontro dizendo

que ele representava o esforço conjunto em defesa da nossa territorialidade. Pediu

desculpas por que segundo ela não tem habilidade de coordenar mesa, diferentemente

de Beto. Para iniciar os trabalhos ela convida então a prof. Dra. Flávia Mochel, em

seguida, Bruno Gueiros e Vergara Filho.

PALESTRA SOBRE ECOSSISTEMA MANGUEZAL NO BRASIL E NO

MUNDO

(Profa. Dra. Flávia Mochel – UFMA)

A Profa. saúda todos e agradece a coordenação do evento, fala da

importância da união de todos os indivíduos e órgãos. Ela inicia pedindo as energias das

águas das marés pra nos carregarmos de energia. Pede para que todos dêem as mãos

para fazer a maré encher, num momento de descontração, olha a onda de maré

chegando... (Musica: Vamos Panzeirar).

Para iniciar a sua palestra intitulada “A importância global dos manguezais”

ela convida Vergara Filho para lhe ajudar. Diz que fará um passeio pelo manguezal

mundo a fora para perceber as diversidades e semelhanças desse ambiente nos diversos

pontos do planeta. Para dizer o que é o manguezal ela usa um poema. Falou que o

Maranhão, Pará e Amapá constituem a maior área contínua do mundo de manguezais.

Em forma de repentes ela e Vergara passam a falar das características dos

manguezais: do Mangue vermelho que tem na Guiana e tem no Maranhão; do Siriba

que tem na Costa do Marfim; do Tinteira também chamado mangue branco encontrado

no Brasil e outras partes da América. Além deles tem outras espécies, alguns só existem

na costa brasileira. Falaram também do Apicum e dos produtos do manguezal: que tem

muita cultura, nas receitas culinárias, remédios, etc.

Falaram da gente do manguezal: comunidades pesqueiras, comunidades

rurais e urbanas, negras e indígenas e das diferentes visões que estas têm dos

manguezais. E que uma boa forma de fazer essas pessoas se comunicarem é através do

repente, do cordel. Dos conflitos de uso, pois no manguezal não tem só beleza, tem

conflito porque uns o querem para plantar e outros para morar. O mangue é disputado

pela pesca, agricultura, pecuária, extrativismo, indústria, urbanização e pelo turismo.

Falaram do perigo da criação de camarão na beira do mar e que é importante criar

reservas para preservar, da importância da sustentabilidade não só ambiental, mas

social. Nesse sentido citaram os Everglades em manguezais dos Estados Unidos, usados

para fins de educação ambiental.

Imagens foram mostradas para rememorar alguns momentos e lembrar de

alguns companheiros de luta que já partiram.

Ao fim, disseram que poderiam ter usado uma linguagem acadêmica, mas

que preferiram fazer uma linguagem do coração. Para terminar, a Profa. Flávia

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agradeceu e falou de fé, que apesar do histórico de conflitos nas questões de manguezal,

devemos ter fé. Encerrou sua palestra declamando um poema de autoria do poeta José

Chagas.

Célia agradeceu a Vergara Filho e Flávia Mochel pela apresentação e

convida Mentinha do Ceará a declamar uma poesia de sua autoria: Rastros na lama dos

manguezais.

Passa então a palavra para Bruno Gueiros:

PALESTRA SOBRE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E ECOSSISTEMA

MANGUEZAL

Horário de início: 15:30

(Bruno Gueiros - analista do ICMBio)

Bruno desejou uma boa vinda a todos, explicou que para conservar

precisamos conhecer. Nesse sentido, ele apresentou dados de 2010 sobre o mapeamento

dos manguezais feito no Brasil pelo Ministério do Meio Ambiente (in press).

Apresentou quadro dos dez países com maior área de manguezais no mundo. Destacou

que em primeiro lugar está a Indonésia e em segundo o Brasil, sendo que os maiores

cinturões de manguezal do mundo estão no norte do Brasil, entre Belém e São Luís.

Segundo ele, temos atualmente no Brasil uma área de 1.225.444 ha de

mangues.

Ao falar de Manguezais em áreas protegidas ele citou a Convenção de

Ramsar, que se trata de um acordo intergovernamental para conservação e uso racional das zonas úmidas e de seus recursos por meio de ação nacional e cooperação

internacional. Citou a existência dos chamados sítios Ramsar, explicando que estes são

áreas representativas selecionadas por sua significância em ecologia, botânica, zoologia,

limnologia e hidrologia. Falou que no maranhão temos 3 Sítios Ramsar: Reentrâncias

maranhenses, APA da Baixada maranhense e Parcel do Manoel Luis.

Afirmou que o compromisso do CMBio é com a sociedade independente de

quem sejam os governantes.

Citou todos os tipos de unidade de conservação, tanto de Proteção Integral,

que não podem ter pessoas morando (estação ecológica, reserva biológica, parque

nacional, monumento natural, refúgio da vida silvestre) quanto de Uso Sustentável (área

de proteção ambiental, área de relevante interesse ecológico, floresta nacional, reserva

extrativista, reserva de desenvolvimento sustentável e reserva particular do patrimônio

natural), citando em separado as APAS, as formas menos restritivas de unidades de

conservação, vistas de forma negativa pela maioria, mas que, segundo ele, podem ter

uma função benéfica quando bem conduzidas.

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Mostrou um quadro que mostra o Maranhão como o estado com a maior

área de manguezais no Brasil e identifica as dimensões de áreas de mangues em

unidades de conservação, entre outros números relevantes. Segundo ele, as populações

tradicionais têm força no nordeste, encontrando-se muito presentes nas áreas de mangue

da região. Citou o estado do Rio Grande do Norte, observando que este tem a menor

área de manguezal em unidades de conservação.

Ao citar os números oficiais, Bruno fez notar que há uma grande

discrepância entre estes e a realidade das condições de proteção dos manguezais. Para

ele, os grandes investimentos são a maior ameaça aos manguezais.

O palestrante enumerou os desafios para a conservação, entre eles: a

implementação, estruturação e fortalecimento das Unidades de Conservação federais,

implementação das APAs estaduais, criação de novas Unidades de Conservação,

homologação pelo presidente da república dasRESEX em criação no ICMBio - aqui,

Bruno citou outras RESEX que devem ser criadas para a conservação dos manguezais

maranhenses: Baia de Tubarão, Bequimão, Carutapera, Guimarães, Cedral, Paulinho

Neves (sic.), a criação de Unidades de Conservação municipais, que possibilitam uma

maior proximidade entre as autoridades e comunidades, criação de um mosaico de

Unidades de Conservação – citando um exemplo no litoral do Rio de Janeiro, criação de

corredores de Unidades de Conservação, citando como exemplo a Costa Norte do

Brasil.

Bruno também falou dos instrumentos legais para conservação, citando-os:

Política nacional de gerenciamento costeiro (PNGC), Código Florestal, SNUC, CDB,

Convenção Ramsar, Plano nacional de áreas protegidas (PNAP) e leis estaduais.

Referindo-se a instrumentos econômicos de apoio à conservação, Gueiros

disse que “só o poder de polícia não funciona, a história tem mostrado que para

combater o capital, só via capital”. Segundo ele, as comunidades devem receber

incentivos financeiros para manter o ambiente preservado, dissuadindo-os assim de

destruir em busca de dinheiro. Para isso, as comunidades devem ser contempladas por:

ICMS ecológico, mecanismo de desenvolvimento limpo e Pagamento por serviços

ambientais (PSA), além dos Créditos de carbono.

O analista citou o REDD (Redução das Emissões por Degradação e

Desflorestamento), que deve substituir o Protocolo de Kyoto quando este expirar.

Gueiros enumerou os próximos passos a se tomar para a preservação dos

manguezais. São estes: Avançar nos estudos de valoração ambiental, avançar nos

estudos de identificação de serviços ecológicos / ambientais, identificar potenciais

pagadores pelos serviços prestados pelos manguezais em Unidades de Conservação,

avançar na implementação e criação das Unidades de Conservação.

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Célia assume a palavra e registra a presença dos coordenadores regionais do

ICMBio, dos representantes das APAs federais e estudais, das reservas extrativistas, o

cartunista Luna, que fez o logo do festival.

Considerações finais:

A Profa. Flavia Mochel falou sobre seus esforços para a criação da APA das

reentrâncias do Maranhão e da importância da manutenção do corredor Maranhão >

Pará. Segundo ela, se essa área for recortada, perder-se-á a sustentabilidade.

A professora continuou, disponibilizando para os pesquisadores todo o

material do parcel do Manuel Luis, que se encontra na UFMA. Flávia disse sentir-se

bastante incomodada com o fato de que, na legislação, quando alguém requer supressão

de vegetação em APA, a única coisa existente em lei é que se for por finalidades sociais

pode fazer sem impedimentos. Para ele, qualquer parte que requerer isso, deve ser

obrigada a reparar outra área equivalente, não só pagando multa.

Vergara Filho chamou algumas pessoas que o ajudaram muito para fazer

uma homenagem a Chico do Arari (sic.): Luis Carlos, Bento, seu Zacarias, Lourdes,

Patrícia, Adrian, Patrícia, entre outros.

Bruno Gueiros agradeceu a todos pela oportunidade, falou da importância

do evento como mantenedor da luta pela preservação dos manguezais, pois, segundo

ele: “quem trabalha com mangue tem que trabalhar com gente. Você pode conhecer a

biologia muito bem, mas se não trabalha com gente, você não consegue conservar”.

Falou também sobre a perfeição do equilíbrio natural. Para tanto, exemplificou com a

relação dos guaxinins e caranguejos, onde os primeiros sofrem de conjuntivite quando

os segundos estão mais vulneráveis (na andada), evitando assim a sua ação predadora.

Célia, para encerrar essa mesa, convocou duas pessoas: Josenilde e

Marilene.

Josenilde foi à frente e leu uma carta de sua filha, que dizia que ela é uma

pequena moradora de Cururupu, e vinha por meio daquela carta pedir a conservação do

manguezal. Dizia-se encantada de ver sua beleza e que a preservação da natureza é

muito importante. Também solicitava um curso de agente mirim com esse objetivo, para

que ela pudesse participar. Josenilde leu também um poema de outra criança, amiga de

sua filha, que falava da conservação dos manguezais e da importância de evitar a

poluição. Pediu a todos que, em nome de sua filha, continuassem a lutar, pois ela é

pescadora e adora o que faz. Por fim, cantou a música “eu quero mangue verde, o

mangue inteiro pro guará pousar.”

A mesa foi desfeita às 16:40.

Intervalo: 16:40 às 17:00

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Célia retomou as atividades às 17:00 horas convocando a analista Érika

Pinto para uma fala sobre o Projeto Gestão de Reservas Extrativistas da Amazônia

(Ações no litoral da Amazônia) e Daniel Penteado para falar do Projeto Manguezais do

Brasil (GEF Mangue)

Projeto manguezais do Brasil PNUD/ICMbio - Conservação e uso

sustentável da biodiversidade de manguezais em áreas protegidas do Brasil

Daniel começou pedindo atenção da platéia, que se encontrava dispersa após

o intervalo, convocando em especial os membros do ICMBio.

Fez um breve histórico do Projeto manguezais do Brasil, falando da longa

fase de elaboração (desde 2007), sendo o Documento de criação assinado em 2008 e

revisto em 2009.

O Projeto tem como meta a conservação e o uso sustentável dos

ecossistemas manguezais do Brasil e a proteção de seus serviços e funções ambientais.

Nesse sentido, apresentou quatro resultados pretendidos pelo mesmo.

De acordo com ele, o que se pretende com esse trabalho é que haja uma

mudança na relação dos governos, das empresas e da sociedade com o mangue. O

Projeto é muito arrojado, tendo em vista que tem duração prevista até 2013.

Quanto ao orçamento, informou que o mesmo é de US$ 5 milhões de

doação do GEF (Fundo para o Meio Ambiente Mundial) mais US$ 10 milhões de

contrapartida e co-financiamento brasileiro. Estes recurso são divididos para alcançar os

quatro resultados do projeto.

O Projeto está organizado em uma estrutura de gestão participativa, em

nível nacional possui o Comitê diretor nacional (formado por MMA, IBAMA, ICMBio,

MPA e atores sociais) e a Unidade de gestão do projeto

Nas áreas pilotos, buscar-se-á trabalhar nessa mesma perspectiva, contando

com um Comitê técnico e uma Coordenação próprios de cada área. Daniel mostrou no

mapa as áreas pilotos (Salgado Paraense, Reentrâncias Maranhenses, Delta do Parnaíba,

APA e Bacia Hidrográfica do Rio Mamanguape, Complexo Estuarino Lagunar Iguape-

Paranaguá) e informou que já receberam do Pará a primeira proposta de comitê local.

Informou também a coordenação local de cada área e encerrou sua fala às

17:30.

Érika Pinto fala sobre o Projeto Gestão de Reservas Extrativistas da

Amazônia (Ações no litoral da Amazônia)

Gestão das reservas extrativistas federais na Amazônia brasileira

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Érika iniciou sua fala dizendo que sua missão era apresentar outro projeto

do ICMBio focado em reservas extrativistas nos manguezais. Projeto este que se iniciou

em 2008 e tem data de término prevista para 2012.

O Projeto tem como objetivo principal: contribuir para a consolidação

territorial das Reservas Extrativistas da Amazônia, promover a gestão participativa, o

fortalecimento institucional das organizações locais, o manejo e produção das unidades

de conservação de uso sustentável. Está divido em três ações principais: consolidação

territorial, gestão participativa, fortalecimento e capacitação de comunidades locais.

Segundo ela, são vinte e duas unidades vinculadas. Primeiramente, o projeto

foi pensado para Amazônia enquanto bioma, buscando-se estender sua área de

abrangência o máximo possível. Érika disse que as reservas contempladas são bem

diferenciadas. Têm-se reservas recém-criadas e aquelas que foram criadas no ínicio da

criação dessa categoria de Unidade de Conservação. Além disso, os ecossistemas são

bastante diferenciados de uma para outra.

Érika apresentou como eixos temáticos do projeto: Consolidação territorial

– mapeamento, demarcação e sinalização; Gestão participativa, capacitação e

fortalecimento das organizações locais; Fortalecimento e capacitação de comunidades

locais para produção e desenvolvimento sustentável. Em seguida, elencou os Produtos e

Metas dos três eixos supra-citados.

Érika relembrou o I Encontro Nacional das Reservas Extrativistas Costeiro

–Marinhas, ocorrido entre 26 e 30 de outubro de 2009, em Centro Guadalupe (sic.) –

Bragança – Pará, que foi financiado por esse projeto. Teve como fruto um pequeno

vídeo previsto para ser apresentado neste evento. Foi produzido também um CD e

pensa-se também na publicação de um livro.

Ao final de sua fala, Érika enfatizou o fato de existirem alguns projetos

financiados por instituições internacionais que podem gerar muitas oportunidades de

ações. O desafio, segundo ela, é fazer com que os projetos que já existem dialoguem

com outros projetos e ações, de forma que os mesmos possam ser integrados.

Encerra sua fala às 17h50min

A coordenadora da mesa então abre as inscrições para questões;

Representante de Resex de Santa Catarina (nome não identificado): uma

coisa que me deixa triste é que Santa Catarina não é lembrado, nós fomos esquecidos,

sou um fundador de uma Resex, sou pescador, quero saber por que.

Jorge Macedo: percebi uma integração na fala do bruno e Erika. Como

deixar um ferramenta tão importante quanto a lei do gerenciamento costeiro.

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Carlos Antonio, da Bahia: nossa reserva foi criada e não foi respeitada.

Minha pergunta é com um plano de manejo nós poderíamos impedir que os

empreendimento se instalem em nosso reserva.

Mauro: “Como se faz pra acessar as Resex da Amazônia?”

(nome não identificado): “Qual seria a autonomia dos conselhos

deliberativos pra propor projetos?”

Carlinhos: “Queria pontuar algumas coisas, o projeto Gefmangue não foi

construído com a gente. (sic) Como pode ser feito o pedido por outras comunidades

para criação do conselho que ocorreu no Pará? Uma outra coisa é como se aplicar a

compensação ambiental? É necessário discutir a inclusão de representantes de

extrativistas nessa comissão.”

(nome não identificado): “Em relação ao resultado 2, nos estamos

trabalhando em duas lagoas, queria saber como foi balizado essa questão do caranguejo.

É muito trabalho, não podemos ficar esperando. Outra coisa é a consideração da APA, a

maioria delas estão abandonadas, aonde tem gente é um problema sério, mas precisamos

unir o pouco que temos pra melhorar. Temos que fiscalizar os recursos pesqueiros

precisamos garantir a sustentabilidade em nossas reservas, isso se faz com fiscalização.”

Chico pescador: “Fica a proposta de a gente poder como comissão. A gente

queria um momento pra conhecer os gestores e a comissão.”

Mentinha: “Mas não temos que falar só de conservação, mas Também

combater o mal que nos ataca, mas tem outro mal que é falar só de conservação. Mas

além do que já vão fazendo como você podem contribuir pra proteger a zona

pesqueira?”

Adeilton: “Se falou em muitos projetos e não se falou ainda no

fortalecimento da fiscalização, pois são poucos, e tá precisando. Pela internet já

descobrimos várias explorações da Resex. Será que isso vai virá moda? Se a gente tiver

conhecimento, o governo faz as coisas e agente fica sabendo pela internet. Nós temos

que preservar, estou com 62 anos e quero que meus filho desfrutem também. Quero ter

cadeia produtiva pra sustentar as novas gerações. Não queremos nossos filhos nas

periferias das cidades e as meninas se prostituindo. Precisamos de mais segurança.

(nome não identificado, analista do ICMBio) Sou do ICMBio do Rio, a

gente sabe que as APAs são desconsideradas, mas existem exemplos que contrariam

essa idéia. Pois onde trabalhamos a APA de (...) ela aumentou sua cobertura. Segundo

ponto é uma reflexão sobre as criticas dirigidas aos órgãos governamentais. Olha quanta

gente tem aqui, esse é um sinal de que estamos melhorando. A segunda, que a gente

consiga perceber quem são os verdadeiros inimigos dos povos tradicionais do Brasil,

espero que depois dessa mobilização consigamos mudar e ver que tem gente que

trabalha pra proteger a natureza. Dentro dos órgãos temos disputas com outros órgãos

governamentais. Precisamos ver quem está trabalhando.

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Carlinhos: Nós olhamos o Chico Mendes como um irmão mais novo, temos

a visão de que somos parceiros, a mesa deve ter clareza, aqui não pessoal?

Respostas:

Daniel: “Sobre Piragibaé (sic.), tivemos a oportunidade de conversar com

companheiros de 10 anos de experiência, nisso procuramos perceber as necessidades e

temos ação pra essa reserva. Os moradores delas serão contatados e poderão contribuir.

Gutenberg, recebemos resposta que os estudos estão sendo contratados, nossa previsão é

que teremos condição de fazer pesquisa publica daqui a seis meses. Vamos ter um

pouco mais de calma, se trabalha com as força que existem. Quanto ao gerenciamento

costeiro, a proposta do Manguezais do Brasil não fica cega frente à legislação, mas

quanto ao mangue talvez existam documentos que podem contribuir. Com relação às

APAs, acredito que com a pressão da sociedade podemos mudar. O comentário do

Fernando, temos projetos no Manguezais Brasil é que temos projetos que não foram

pensados por pessoas das áreas, o conselho deliberativo é o melhor espaço para se

discutir. Não recusamos as propostas do moradores, pelo contrário.”

Carlinhos- “Discordo a mudança não foi por isso, estamos incomodados com o nome do

projeto, esse tem uma proposta social, percebemos que ele não é adequado. O projeto já

veio construído, mas veio apontando diretrizes. O projeto dispõe de arranjo que

possibilita a participação de varias pessoas. Não há nada que impeça a participação no

conselho, agora ele precisa ser manifestado. Sobre o comitê regional porque não foi

respondido, hoje ele ainda está no Instituto Chico Mendes, precisamos conversar com

outros órgãos. Precisamos receber a indicação da pessoa para representar no comitê

diretor. Sobre capacitação de lideranças e compensação ambiental, a Érika está

encarregada desse assunto, sobre compensação, devemos utilizar a comissão de povos

tradicionais, pois ai ela chega com mais peso. Chico, quanto aos valores, a questão do

ordenamento, temos muitos planos. Uma das propostas é conseguir que eles se

conversem, outra questão é a do manejo ambiental estamos tentando garantir que as

licitações sejam as mais transparentes possíveis. Quanto à capacitação, estamos

tentando ampliar. Sobre infra-estrutura, temos o interesse na pesca artesanal, estamos

vendo possibilidade no Ministério da Pesca pra vermos possibilidade de infra-estrutura.

Erika: estamos aqui pra isso mesmo, debater, responder. O que

apresentamos aqui são dois projetos, não é só esse o trabalho do Instituto Chico

Mendes. Os projetos são muitos pequenos em relação às ações do Instituto. Começando

com a criação, primeiro ele foi divido por categoria de unidade de conservação, ele

agora está organizado por processos. Existem 202 processos em diferentes estágios, eles

estavam espalhados. Hoje existe um rito, portanto todo mundo pode saber em que

estágio o projeto está, ele tem um tempo de maturação, tempo técnico, e tempo político.

É importante ter clareza. Por que não anda? Por que parou? primeiro precisamos ver o

que ocorre. É importante sabermos como os projetos são construídos. Quanto a Iguape o

que aconteceu foi sem precedentes, um absurdo, a unidade está mais organizada seria

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certamente um grande dificultador para que empreendimentos se instalassem. Quanto à

formação em gestão participativa, houve demanda pelos analistas em formação

participativa, e o foco desse curso foi para servidores. Por que Santa Catarina não foi

lembrada? Eu discordo, a própria história da comissão nasce da identificação de que

isso acontecia, de que o projeto é para a Amazônia, o que estava em voga era sempre a

Amazônia. Vocês identificaram isso e se articularam para mudar. Eles não seriam

esquecidos, isso porque estaremos brigando uns pelos outros. Uma rede está montada,

esse evento mostra que isso está acontecendo. Quem são os inimigos? Quem são os

companheiros? Isso a gente debate, porque é assim que agente vai crescer.

Após esse momento Bruno Gueiros fala do lançamento de livros: diz

orgulhoso que foi ele quem apresentou o

Beto do Taim ao Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente.

E pede que os participantes aguardem mais um pouco para se retirar.

Lançamento de Livros:

Livro Ecos dos Conflitos Socioambientais: a Resex de Tauá-Mirim do

Grupo de Estudos da Universidade Federal do Maranhão GEDMMA:

O Livro é apresentado pela Profa. Dra. da UFMA Madian Frazão e pelo

Pror. Ms. Bartolomeu Mendonça, professor do Colégio Universitário. Madian inicia sua

fala informando que este lançamento é o terceiro e o livro está quase esgotado. Falou

que estão esperando que o livro seja reeditado já com a Resex de Tauá-Mirin criada.

Falou também que o GEDMMA é ligado à UFMA via Departamento de Sociologia e

Antropologias e Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Informou que

atualmente o Grupo desenvolve o Projeto Conflitos Socioambientais no Maranhão.

O Prof. Bartolomeu cedeu a palavra a Máxima (liderança da comunidade de

Rio dos Cachorros, uma das comunidades da área pretendida para a Resex de Tauá-

Mirim), pois ela é também autora e é a pessoa mais indicada para informar de que forma

o livro serviu para a comunidade.

Máxima falou que é moradora de Rio dos Cachorros, que estava ali para

dizer que o livro é muito importante para a comunidade porque foi uma oportunidade

que tiveram de falar das angustias vividas, do amor da comunidade pelo mangue. Disse

que ambientalista defende a natureza porque sabe que é importante, mas que quem

nasceu na beira do mar sabe que ele representa a vida da comunidade.

Em seguida foi apresentado o livro Projeto Oca que informa a experiência

de gerenciamento e capacitação em reservas de Uso Sustentável de 11 unidades.

Dia 24 – Hotel Luzeiros

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Dia 24 – Hotel Luzeiros

Manhã

Horário previsto para saída do hotel: 08:00 h

Horário de saída: 09:10 h

Às 09h10min os participantes do evento saíram do Hotel Luzeiros rumo à

comunidade do Taim, uma das comunidades integrantes da pretensa Reserva

Extrativista de Tauá-Mirim que aguarda o decreto de criação. A chegada ocorreu às

10h06min na comunidade do Taim.

Depois de um pequeno tempo de reconhecimento da área e degustação dos

frutos ali presentes. Os participantes se acomodaram nas cadeiras e bancos dispostos na

sombra de algumas mangueiras. Em seguida, o grupo de Carimbó de Bragança-PA se

apresentou. Adriana Ávila Tavernard Silveira informou que os exemplares do livro

“Projeto OCA” estariam disponíveis para aqueles que não os possuía ainda. O Sr.

Vergara e Karina anunciaram a chegada do grupo da comunidade da Resex Quilombo

de Frechal de Mirinzal-MA.

O anfitrião Beto deu boas vindas a todos e informou que o prédio do colégio não

foi cedido pela prefeitura de São Luis para evento, apesar do mesmo pertencer a

comunidade e está apenas alugada para a Prefeitura. Ele também anunciou o

representante da Secretaria de Patrimônio da União e a Sra. Máxima da comunidade do

Rio dos Cachorros

A mesma deu boas vindas a todos, disse que é da comunidade de Rio dos

Cachorros e que queria saudar a todos de uma forma carinhosa. Para isso, recitou o

canto “Damas da roça” em homenagem as mulheres. O canto é de autoria de um

seminarista que ajudou a comunidade na luta contra a implantação de um Pólo

Siderúrgico que pretendia ocupar o território onde vive um número considerável de

populações extrativistas. Máxima afirmou que a comunidade tem uma identidade

cultural com a natureza.

Máxima fez um apelo em público ao Daniel, coordenador geral de populações

tradicionais do ICMBio de Brasília-DF para que saia o decreto de criação da Resex de

Tauá-Mirim, pois, segundo ela: “a ilha se São Luis não é nada sem a zona rural. Essa é

nossa vida e é em nome de todos que pedimos. Quero ouvir do Sr. O que você poderia

fazer para que a Resex saia”. Daniel falou que “dentro do governo temos nossas

limitações. Muitas vezes eu me sinto contra a parede. Com esforço conseguimos

sensibilizar alguns setores do governo, mas às vezes sinto que tem uma parede na minha

frente e me sinto desanimado. Existem interesses outros que impedem.” Daniel falou

que trabalha com uma lista de vinte Resex. Duas já foram criadas. Daniel se

comprometeu de repassar informações atualizadas sobre os pedidos de criação da Resex

de Tauá-Mirim aos órgãos competentes. Ressaltou que existem também outros

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caminhos além do Instituto Choco Mendes. “Eu quero saber o que a comunidade está

fazendo por essa luta.”

A Sra. Máxima informou que estão unidos, organizados, mobilizados, fazendo

seminários, levando para a Câmara e que se for preciso irão até Brasília para fazerem

uma pressão social. “Queremos ter o direito de morrer na nossa terra. Não vamos

desistir. Nós sabemos lutar. Não estamos contra o desenvolviemnto, precisamos

discutir. É isso que queremos.

A Exma. Sra. Vereadora Rose Sales fez uma fala e parabenizou a organização

do evento e disse quanto a Resex de Tauá-Mirim, que ela está empenhada nessa luta

junto com o parlamento municipal não só por essa Resex, mas também por toda luta

social, pois foi para isso que foi eleita. A vereadora propôs fazer uma moção junto com

Máxima e Beto do Taim, para que o parlamento se posicione junto à bancada

maranhense no Congresso Federal a favor da criação da Resex de Tauá-Mirim.

A Sra. Eliane coordenadora geral de regulamentação fundiária do ICMBio

falou que estão trabalhando nas UC’s e que pode solicitar o CCDRU à Resex de Tauá-

Mirim independente de ser Resex ou não, e isso já seria uma garantia . Na mesma

oportunidade falou o representante da SSPU que também está trazendo sua contribuição

de regulamentação fundiária à comunidade do Taim.

Os grupos de caixeiras das comunidades do Rio dos Cachorros e Vila

Conceição fizeram uma apresentação de seus toques. Daniele do Conselho Tutelar da

Área Itaqui-Bacanga falou dos conflitos enfatizando que a comunidade tem um

histórico de luta e organização, buscando nesse sentido ocupar todos os espaços de luta.

Falou que o conselho tutelar está trabalhando nas conseqüências da exclusão,

principalmente dos jovens das comunidades, pois as empresas se instalam prometendo

empregos para estes, mas é sabido que isso não é cumprido. Disse também que está

atuando contra a evasão escolar, um dos problemas enfrentados pelas comunidades da

área.

O Tambor de Crioula do Taim se apresentou e em sequência houve o inicio da

competição da cata do caranguejo e todos os competidores foram informados pelo Beto

que não poderiam catar as fêmeas e os com menos de 6 cm.

O cacique da tribo Potiguar da Paraíba pediu a fala e agradeceu ao seu Deus

Tupã e comentou a importância do mangue nas nossas vidas e que na Paraiba tem uma

criação de búfalos onde também já foram devastados 40 hectares de mangue para

criação de camarão, ele já fez várias denuncias e levou vários tiros.

Inicio da competição do caranguejo: 12h45min

Regras: Proibido catar caranguejos fêmeas;

Proibido catar caranguejos menores que seis centímetros (tolerância

máxima: três exemplares com tamanho inferior ao especificado);

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Duração: Uma hora e meia.

Premiação: Maior quantidade masculino, Maior quantidade feminino e

Maior tamanho.

Classificação final:

1º lugar masculino em maior quantidade: Denilson

1º lugar feminino em maior quantidade: Amedina e janeiro (sic.)

1º lugar em maior tamanho: Valdemiro

-Inicio do almoço: 14h40min

Às 15h53min apresentou-se o grupo do Quilombo do Frexal no encerramento.

-Retorno às 16h21min e chegada ao hotel às 17h15min

Dia 25 de novembro de 2010

Hotel Luzeiros

Manhã

Horário previsto: 08h20min

Horário de Início: 09h20min

Chico convidou então Carlinhos de Tote e Vergara Filho para a

apresentação “Manguezando”. Houve música e declamação de poesia.

Vergara fala que os pescadores, os coletores são realmente os metres, doutores,

PHDs em se tratar de conhecimentos locais de extrativismo. Segundo ele temos que

preservar toda a costa litorânea, pois ela é como se fosse um supermercado a céu aberto

onde pegamos tudo gratuitamente.

09h55min

Kátia Barros avisou que Diegues não poderá comparecer porque a passagem

apesar de reservado acabou não sendo emitida por um problema interno ao Instituto

Chico Mendes, mas que ele se colocou a disposição para está dialogando com as

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comunidades tradicionais. Kátia então chamou Chico para coordenar as atividades da

manhã.

10h

Kátia apresenta Jefferson pesquisador da Embrapa Meio Norte.

Jefferson começa apresentando sua pesquisa. Ele pesquisa aqüicultura e

pesca. Fala da importância de ouvir os pescadores, pois eles estão o tempo todo em

contato com a natureza. Suas experiências são fundamentais para a tomada de decisão.

Encontra-se caranguejo do Amapá até Santa Catarina, mas para ele chegar a

sete centímetros de tamanho pode durar de sete a treze anos (segundo pesquisas). Mas

há um grande problema, pois se percebe que no Maranhão e Piauí, cada vez mais o

caranguejo está menor e o catador está levando mais tempo para catar a mesma

quantidade de caranguejo.

Outro problema também é a forma de transporte do caranguejo que é feita

sem cuidado causando uma grande mortandade, ele apresentou uma técnica de utilizar

caixa com espuma a qual o caranguejo pode ser transportado com percentual de perda

quase 0% onde antes era de até 50%. A Embrapa criou um selo para qualificar o

caranguejo (caranguejo verde). Segundo ele, foi criada uma cartilha em forma de

história em quadrinhos para explicar o que é o Selo Caranguejo Verde. Para receber o

selo verde, entre outros critérios, não pode haver uso de mão de mão-de-obra infantil.

Com ele, o catador agrega mais valor ao caranguejo. Falou dos estudos que estão sendo

realizados como: o de distribuição e abundância de espécies relacionados à salinidade,

de caracterização de estágios reprodutivos através da avaliação do desenvolvimento

regional e da avaliação do rendimento.

No que se refere ao trabalho com ostras ele esclareceu que no Brasil se tem

um problema sério: o cultivo de ostras está desorganizado, não se conhece quais as

espécies devem ser cultivadas, pois algumas espécies não crescem. Nesse sentido será

feita uma pesquisa para saber afinal qual a espécie de ostra serve para o cultivo, isto

através das taxas de crescimento.

A EMBRAPA também tem a proposta para se fazer o defeso do caranguejo

no período que este está “de leite” (na troca da carapaça). Isto é uma coisa que foi

identificada pelos catadores e precisa ser incorporado.

Intervenções:

Cléber - representante dos catadores de caranguejo de Canavieiras - BA: Ele

falou que há um tempo houve uma mortandade de caranguejos e que entretanto na

comunidade dele, Canavieiras, os caranguejos voltaram praticamente em 50%. Portanto

é exagero dizer que o caranguejo leva de sete a doze anos para chegar à idade adulta.

Considera interessante a idéia da espuma que diminui a morte dos caranguejos durante o

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transporte. Na comunidade dele, amarrava-se também, mas agora os caranguejos são

transportados soltos em um saco.

(Nome não identificado) – São Caetano-PA: Disse que a comunidade de que

faz parte luta para conseguir seguro defeso de agosto a novembro.

O pesquisador, respondendo ao Cléber, disse que a taxa de crescimento que

ele citou foi retirada de pesquisas realizadas por profissionais com mais de trinta anos

de experiência.

Flávio – APA de (...) Mirim: Disse que se sente privilegiado, pois onde vive

os catadores têm dois meses de defeso municipal. Foram feitos estudos para se incluir

também o mês de setembro, o que inicialmente foi negado, já que era época de

reprodução, mas o prefeito acatou novamente o pedido dos catadores.

(Nome não identificado) – Catadora de caranguejo: Defendeu a participação

dos órgãos de pesquisa no meio dos catadores. “Tem uma questão em se tratando de

produção familiar: uma é o cansaço e outra o trabalho infantil. Mas como fica se nosso

modo de produção é familiar? Nossas políticas devem ser diferenciadas. A educação das

crianças é pelo trabalho. Meu neto vai aprender a catar caranguejo aos dezoito anos:”

Jefferson respondeu que uma coisa é levar as crianças para o mangue para

aprender, e desafiou todos os catadores presentes a afirmar que o trabalho no mangue

não é insalubre. Ele disse que não pode trabalhar fora da lei, então não poderia dar o

Selo Caranguejo Verde para quem se utilizasse de trabalho infantil.

Luis Carlos – catador e pescador - PA: Disse que cata com gancho. As

famílias que vivem disso tiram a “massa” do caranguejo. Cada família cata cem

caranguejos por dia, o equivalente a oito quilos de “massa”. O defeso não abrangeu a

todos, mas eles estão defendendo essa causa para os quatro meses (agosto a novembro).

Ninguém captura no período de andada (janeiro a abril), então ele pede que o seguro

chegue para todo, pois seu objetivo hoje é a preservação disto que é o sustento deles.

Lúcia – Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão: Disse que algo na fala

do Jefferson os preocupou. Questionou para onde ia a espuma utilizada nas caixas de

transporte dos caranguejos.

Jefferson: Disse que a espuma é utilizada até se degradar. Quando

degradada está na cidade e fica a cargo do serviço de limpeza municipal. No

experimento da EMPRABA, a espuma chegou a durar os doze meses de estudos.

Beto: Questionou as pesquisas com caranguejo, pois de acordo com o

ambiente em que ele se alimenta, o crescimento pode ser mais rápido ou lento, havendo

diferenças de coloração e até de sabor. Outra questão que ele colocou é que em muitas

famílias as mulheres não têm marido, então são os filhos que sustentam a família.

Apoiou o que uma companheira disse: “Um adulto não se torna pescador”. Questionou

sobre os outros produtos do mangue.

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Jefferson respondeu que a EMPRABA está começando a trabalhar com

outros produtos. Ressaltou que está é um órgão de pesquisa, então não tem como

interferir em certas coisas. Quanto ao trabalho infantil, disse que se trata de uma questão

cultural, mas não pode ser dada a uma criança a responsabilidade de sustentar a família.

A EMPRABA é vinculada ao Governo Federal, por isso não pode dar selo diferenciado

para quem se utiliza de trabalho infantil.

Quanto à questão do período de crescimento dos caranguejos, ele disse que

não foi o responsável pela pesquisa que constatou tal período, por isso sabe dizer

exatamente qual metodologia foi utilizada.

Chico: Relatou sua história. Disse que começou com oito anos e criou

anticorpos por isso. Disse que tinham que brigar para mudar a lei, pois isso acaba

afastando-as dos pais, rompendo os vínculos familiares, permitindo que estas entrem na

marginalidade.

(Nome não identificado) – Presidente da Associação da Zona ribeirinha de

Caçurumbá (sic.): Disse que acredita que a mortandade de caranguejos que aconteceu

na costa norte foi causada por veneno. Para ele, o governo sabe, mas oculta as

informações do povo. Questiona como as pessoas que dependem da cata do caranguejo

viverão no período de defeso.

Jeferson disse que a proposta é fazer esse defeso pagando seguro, mantendo

também o defeso já existente. Falou que a mortandade começou no Rio Grande do

Norte e chegou até o Rio de Janeiro. É causada por um fungo negro que ninguém sabe

de onde veio.

Danielle (coordenadora do conselho tutelar da Comunidade dos Rios do

Cachorro) faz uma intervenção para diferenciar as diferentes lógicas e concepção da

categoria “trabalho” em relação à discussão que acontecia no momento em torno do

trabalho infantil ser proibido, mas há uma diferença entre trabalho forçado e aquele

trabalho feito por uma criança como forma de aprendizagem cultural.

Daniele questionou que, os ricos, por exemplo, podem explorar crianças

trabalhando em novelas, então por que os pobres não podiam levar os filhos para o

mangue? “Por que para o pobre isso é exploração?”. Segundo ela, levar o filho consigo

para o trabalho, muitas vezes é uma forma de evitar que este fique vulnerável.

O pesquisador sugeriu que se faça um fórum sobre o trabalho infantil.

Máxima – Rio dos Cachorros: Disse que é consumidora de caranguejo e que

em áreas como a dela, sabe-se que há degradação por causa dos grandes

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empreendimentos. Questionou se a EMBRAPA faz pesquisa nessa área (com

comunidades tradicionais)?

Jefferson respondeu que o órgão trabalha mais com pesquisa agropecuária.

Esse tipo de pesquisa fica mais a cargo das universidades, mas aos poucos a

EMBRAPA se volta para essa área.

Marcelo – PA: Questionou como foi marcado o caranguejo para a pesquisa.

Perguntou o que poderia fazer se seus filhos o pedem para levá-los para pescar.

O representante da EMBRAPA ressaltou mais uma vez que não foi o

responsável pelas pesquisas, mas que os responsáveis cercaram uma área para o estudo.

Quanto ao trabalho infantil, disse que não é contra as crianças aprenderem, mas sim

contra elas serem obrigadas a trabalhar.

Isabel – Engenheira florestal da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do

Maranhão: Disse que às vezes temos resistências quanto a mudanças. A questão,

segundo ela, é a criança não ser obrigada a trabalhar. Não se deve colocar a dicotomia

“estudar ou aprender os saberes tradicionais”.

Painel de oportunidades

Horário previsto: 10h20min

Horário de início: 12h

A mesa começa com Luis Gomes Neto (APA do Rio Mananguá - Paraíba).

Este faz um pequeno histórico da perseguição por parte dos grandes empreendimentos

na área com usinas de açúcar. “Há um interesse muito grande agora no mangue para o

cultivo do camarão e pesca. Estou aqui para pedir apoio, pois já sofremos atentados de

morte, e nós é que somos chamados de terroristas porque defendemos nossa área para

trabalhar e segurar as futuras gerações porque somos famílias tradicionais. Somos vinte

e oito famílias que vivemos em situação difícil.”

Dando seguimento, a palavra é passada a José Carlos Tavares (Reserva de

Gurupi Piá), ele cumprimenta a todos, fala que estarmos aqui é fruto de muito trabalho e

organização, agradece a Kátia pelo apoio aos extrativistas. “Faço parte da Comissão

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Nacional dos Extrativistas, estamos aqui trabalhando olhando a todos, não apenas uma

região ou estado, mas todos os companheiros e companheiras extrativistas que vivem no

mangue ou na floresta do nosso país. Hoje é um dia histórico, porque nós estamos

discutindo nossa estratégia política para nós mesmos. Sempre apostei nas pessoas que

vem da base, tudo que é feito de cima para baixo nunca deram certo. Na política que nós

criamos as coisas começaram a dar certo. E faço parte da Reserva Gurupi Piá, nós

trabalhamos com quatro mil famílias, somos uma das maiores reservas do estado do

Pará. São 70.004 hectares de terra e mangue. Nós estamos no caminho certo e esse

evento não pode parar por aqui, temos que dar seguimento a esse trabalho.”

Aristide - Resex de Santa Catarina: “Somos três reservas, somos uma só, falo

de uma só porque somos uma comunidade, temos os mesmos problemas, nossas

dificuldades são as mesmas. Nossa comunidade hoje é muito unida, porque sabemos o

que queremos. Quando se fala de um se fala de todos, pois vivemos a mesma realidade.

Temos que nos unir, pois com essa união a gente vai muito mais fortalecido, pois as leis

não são dos poderosos, as leis são nossas, porque quem vive o dia-a-dia dentro das

reservas não é o deputado, não é o senador, quem vive lá somos nós.

Antonio Cardoso Silva - morador da Resex do Delta do Parnaíba –

Comunidade Passarinho no município de Araioses – MA: Afirma que por está mais

próximo com Parnaíba quase não existe relação com Araioses, fala do bom cuidado que

eles vêm desenvolvendo preservando a reserva, mas há um grande problema dentro da

reserva: dentro da área existem cinco comunidades e alguns moradores mais ricos

querem cercar suas áreas, isso está gerando conflito interno, a Resex é coletiva. Nesse

sentido, faz um apelo ao ICMBio para averiguar essas questões.

Josenilsa Ferreira (Mocinha) - Resex de Cururupu – MA: Começa seus

argumentos em nome de uma pessoa que, para ela, foi importante para a luta de criação

da Resex de Cururupu: “Em nome de Merijane eu saúdo a todos”. Faz um breve

histórico da reserva com sua exuberante biodiversidade, a Resex de Cururupu foi criada

em 2004, sua extensão é de 180.046 hectares de área e 107 hectares de manguezal, hoje

os moradores detêm a concessão de uso, mas para isso acontecer houve uma grande

luta. Disse ter muito orgulho de ser moradora de uma Resex. Ela conta que um dia sua

filha lhe perguntou que nome poderia dar ao manguezal e ela pensou e respondeu:

“maternidade ecológica”, porque é lá que os peixes, camarões, os crustáceos, os guarás,

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vários animais nascem e vivem. Tem orgulho de ser pescadora, de morar naquela

região. “Nós que moramos lá temos uma missão muito grande nesse país, que é lutar

pela preservação dos manguezais, conclui sua fala recitando uma poesia.”

Malafaia - Cooperativa Manguezal Fluminense - APA do Apemirim – RJ:

Saúda a todos e diz que a realidade mudou muito, depois que pescadores, coletores

organizaram uma cooperativa e agora desenvolvem trabalhos de artesanato e de

recuperação de mangue, com isso têm conseguido força no ecoturismo e na preservação.

Maria do Livramento (Mentinha) – CE: Deu seguimento ao debate. Ela

começou saudando a todos, em nome de várias entidades, agradeceu a Carlinhos e Kátia

Barros. Ela disse que quando se fala de manguezais fala da própria vida e de muitos

pescadores. Disse que estão já há doze anos lutando para que não seja tomado o que é

deles, tem-se travado uma luta para dar nome aos seus manguezais. Ganharam o Prêmio

Marina Silva pela luta contra a carcinicultura, mas só por valorizar a própria cultura.

Mas estão passando por conflitos. Em sete de setembro de 2004, trinta companheiros

pescadores foram recebidos a tiros quando foram questionar a expansão de empresa

pesqueira em sua área, seis adultos e dois adolescentes foram baleados. “Desde maio de

2010 somos ameaçados de morte, já foram tentar me matar na minha casa, a minha vida

corre perigo porque eu defendo o manguezal. Enquanto tiver fôlego de vida vou

continuar. Eu estou sendo perseguida, mas não vou me calar vou sempre defender o

mangue. Temos que fazer valer a luta pelo nosso território e combater esses

licenciamentos que são legitimados pelos órgãos do governo”. Finalizando seu discurso,

canta uma música referenciando o litoral que está sendo explorado.

Patrícia (Mangabinha) - Barra dos Coqueiros – SE: Diz que é uma área de

mangue que fica próximo da cidade e que tem uma beleza exuberante. “Em nossa área

temos a possibilidade de trocarmos experiências com pescadores, com marisqueiros,

com catadores de mangaba”. Em seguida faz um breve histórico de sua vida, ressaltando

a discussão anterior a respeito do trabalho infantil, ela disse que sua infância foi

trabalhando na roça, catando mangaba, pescando e em outra parte do tempo “meu pai

me colocava para estudar. Eu tenho muito orgulho de minha avó minha avó, pois ela foi

a primeira catadora de mangaba da região, ela era quem me levava para a escola e

argumentava com a diretora quando esta não queria permitir minha entrada por eu ter

chegado atrasada. Eu terminei recentemente uma graduação. Muitos me perguntavam na

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universidade se eu não tinha vergonha de falar que eu catava mangaba etc. e eu dizia

sempre que não. Eu aprendi com a minha família, com minhas várias famílias e vocês

são uma delas, que é tão bom agente saber repartir, aprender todos os valores a partir da

família. Eu comecei no movimento das catadeiras em 2007, eu nunca tinha me

envolvido em movimento social, eu não sabia a dimensão que o movimento das

catadoras tem. Estamos sofrendo vários problemas com a especulação imobiliária na

minha região, o turismo, nossas áreas estão aos poucos sendo degradadas.”

Celia - diretora do CNS: começa sua fala situando historicamente todo o

processo de luta de criação da Resex que ela mora. As ações da CNS são voltadas para a

área que compreende a Amazônia Legal, que cobre 60% do território brasileiro, ainda

não chegou à Resex de Cururupu no Maranhão, o qual, também faz parte dessa área.

Fala da importância do ordenamento, da reforma agrária, da criação de Reservas

Extrativistas, para que realmente possamos criar políticas públicas diferenciadas

condizentes a nosso modo de vida, de produção familiar que só tem validade e garantia

se a floresta estiver em pé verde. Outra situação positiva é o fato da organização desses

povos tradicionais que moram em Reserva Extrativista, porque o debate politico

nacional, o Decreto Lei Nº 10.040 vem fortalecendo esse modelo de construção das

Resex, isso para nós do estado do Pará foi muito positivo. Finalizando sua fala faz uma

reclamação sobre os alimentos, pois o PA (Programa de Aquisição) das compras

públicas tem que apoderar, os 30% da alimentação escolar do PRONAE tem que ter

legislação, e os nossos produtos das florestas não tem regulamentação apropriada para

se inserir no programa.

Carlinhos - Comunidade do Angolá da Resex do Iguapi - Município de

Maracujepi – Bahia: Saúda a todos e diz que o mangue é a nossa vida, pois é de lá que

tiramos nosso sustento. Conta um fato sobre sua filha, ela queria ingressar na faculdade

pelo ENEM, mas “caso não der certo, queria pagar uma faculdade, pois trabalhando

catando marisco eu terei condições com mais sua ajuda de cem reais”, “fizemos a conta

e realmente dá de pagar a faculdade. Quando ela falou isso foi um momento muito feliz

na minha vida. Eu vejo que essa luta em defesa do manguezal vale à pena”. Finalizando

sua fala, propôs uma moção de repúdio a ser encaminhado ao Ministério Público contra

os empreendimentos em nossa área.

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Érica - coordenadora da Rede Mangue Mar: Agradeceu a todos que estavam

juntos colaborando para a construção do festival. “A idéia de está aqui e falar um pouco

do trabalho da Rede Mangue Mar. Então a Rede Mangue Mar é um processo de

articulação em rede, ela foi nascendo desde 2001, quando o Brasil começa participar da

Rede Manguá Internacional, a partir das lutas e das necessidades de buscar apoio para

fortalecer os enfrentamentos das comunidades tradicionais no litoral brasileiro”. Ela faz

uma contextualização histórica de vários acontecimentos que foram amadurecendo a

criação da rede. Propôs ver como poderão ser trabalhadas as questões de comunicação

nas Resex, como informativos, sites etc., para informar as pessoas, já que muitos dessas

Resex o acesso a esses meios são limitados. “E em 2007 reunimos um grupo que estava

nessa articulação fortalecendo esse processo e criamos a rede Mangue Mar para defesa

das populações tradicionais, a rede é composta não só por ONGs, é composta por

representes de comunidades tradicionais, entidade de assessoria que tem

comprometimento com as lutas, pesquisadores que contribui para nossas causas, não

queremos qualquer instituição em nossa rede.”

Carlinhos: “Quando começamos a luta em Canavieiras, nos espelhamos na luta

do pessoal de Corumbal (sic.) e no companheiro Avelito, que vivenciou o primeiro

grande conflito agrário do Brasil.”

Em seguida, leu uma carta da rede Mangla Internacional

Após a leitura da carta, falou: “Em nome da Rede posso falar que é um prazer

estar aqui.”

Segundo ele, estão acontecendo debates sobre a certificação da carcinicultura.

A Rede tem se posicionado contra esta prática, por sua natureza agressiva.

Falou também que deve-se trazer as pessoas da base para a frente e promover

um revezamento na liderança, pois a luta deve ter um nome, não uma cara.

Sugeriu que em um próximo encontro, haja um momento aberto em que cada

extrativista possa falar e expressar sua luta.

Cida – Resex Farol – SC: diz que está ali aqui para falar da Comissão Resex

Marinha Nacional. Faz histórico do surgimento da comissão nesse sentido ressaltou

uma reunião que ocorreu em Brasília quando da mudança de ministro. Minc queria

conhecer as lideranças dos estados. Depois de alguns atropelos durante a reunião (o Pará

acabou burlando uma metodologia de apresentação que já havia sido estabelecida e o

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Sul tinha urgência de que fosse escutado pelo ministro que não poderia ficar até o fim

da reunião) saiu o encaminhamento para que se criasse a Comissão Resex Marinha

Nacional, saindo daí uma comissão provisória. A partir de então eles se organizaram e

se conseguiu uma agenda em Brasília. Embora eles ainda não sejam autônomos, pois

dependem do ICMBio, eles conseguiram ampliar a comissão. Ao fim os membros

foram chamados a frente para que todos conhecessem os representantes de cada estado.

Tarde - Praia Grande

Feira, mostra de filmes e apresentações culturais.

DIA 26 – GTs – Hotel Luzeiros

Grupos de Trabalhos

1. Abertura: 09h20min

Beto do Taim iniciou falando da tarefa importante que é refletir sobre tudo o

que foi discutido nos dias anteriores. Sugeriu que fosse um trabalho mais ágil, porém

com uma formatação para encaminhamento, com lista das prioridades, no final dos

trabalhos: uma síntese para as ações de todos os presentes e também do Instituto, da

Comissão que deve trabalhar para que se direcionem os programas que estão no

ICMBio e em outras áreas do governo. Fez as divisões e os direcionamentos dos grupos

de trabalho. As moções ficam para leitura no final.

GT 1 – Organização da produção em áreas de manguezais: Salão Garité I

Coordenadores: Bruno Gueiros e Mocinha

Relatores: Rose e Kátia Cuba

GT 2 – Uso sustentável dos recursos: Salão Garité II

Coordenador: Carlinhos de Canavieira

Relatores: Daniele Sales e Marcos Campos

GT 3 – Organização dos extrativistas: Salão Gambarra I

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Coordenadores: Vergara e Patrícia Mangabinha

Relatores: Fernando e Ligia

GT 4 – Gestão de Territórios em Unidades de Conservação: Salão Gambarra II

Coordenação: Márcio - Analista Ambiental e Beto do Taim (Sindicato dos

pescadores) – Resex Tauá – Mirim

Relatores: Paula e Erinaldo

Feita a divisão, foi decidido que a duração de cada GT seria de uma hora e

que, após esse tempo, todos se reuniriam na plenária novamente para mostrar e discutir

os resultados de cada Grupo.

2. Grupos de trabalho

GT 1 - Organização da Produção em Área de Manguezal

2.1. Contextualização:

Bruno iniciou falando de um modo geral sobre as estratégias gerais de

organização, de cooperativas, para conseguir um preço melhor dos pescados e,

conseqüentemente, diminuir a pressão sobre o pescado, melhorando sua qualidade e a

sustentabilidade da atividade; também falou das parcerias, de estar atento e buscar as

oportunidades, de que se precisa procurar identificar o que se quer para fazer as

propostas e saber a que órgãos e parceiros encaminhar.

Mocinha falou da importância desse tema, focando no problema geral de

praticamente todas as comunidades, que é o atravessador. Reforçou que se deveria sair

do grupo com um documento dizendo o que se quer, como se quer, por onde se vai fazer

e quem vai fazer; que isso já é meio caminho andado.

Várias pessoas, então, falaram do problema geral do atravessador versus o

preço baixo de pescados e mariscos que chegam a altos preços no mercado, à custa da

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saúde do extrativista, por exemplo. Então foi sugerido que primeiro se levante o

problema, hierarquizando, veja as soluções e a que órgão encaminhar.

Assim, como forma de agilizar e tornar o trabalho mais objetivo, construiu-

se o quadro a seguir, dividido a partir do problema com o encaminhamento das soluções

e agentes a serem mobilizados para resolver a questão.

2.2. Quadro Geral

Problema Soluções Agente

Organização Capacitação e formação

de toda a comunidade

(produtores, Gestores,

lideranças comunitárias,

colônias, mulheres,

jovens),

Própria comunidade Conselho

deliberativo gestores

ICMbio

Universidades

SEBRAE

Colônias

Sindicatos

ONGs

FUNASA

Instituições religiosas

CNS

CN

INCRA

Agências de turismo*

Atravessador - Cooperativa

- Associação

MPA, ICMBIO, EMATER,

Colônia/sindicatos, SEBRAE

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- Escoamento da produção

pelos pescadores

- Beneficiamento local da

produção

Universidade

CN

ONGs

Prefeituras e secretárias

estaduais e municipais

CNS

Infra-estrutura

(barcos, caminhão,

frigorífico, máq. de gelo,

pontes, estradas etc.)

- Contatar órgãos

(municipal, estadual e

federal) responsáveis para

construir a infra-estrutura

- Própria comunidade

- plano de manejo

- conselho deliberativo

- associação-mãe

Própria Comunidade

INCRA

Bahia Pesca

MPA

Prefeituras

Secretarias estaduais e

municipais

MMA

Governo Federal

Marinha

MDA

DNIT

Patrimônio da União

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MPF

(CEAP*/PRONAF/EMATER)

Desvalorização do

pescado

- Agregação de valores ao

produto;

-capacitação para

beneficiamento e

comercialização dos

produtos;

- Certificação dos

produtos extrativistas

(criação de selo verde

para produtos das

Reservas Extrativistas);

Marketing e Controle de

Qualidade ;

- utilização adequada dos

instrumentos de pesca

(EA)

MPA

Secretária de pesca

Sindicatos

Colônias

SEBRAE

Universidades

Redes de distribuição

Mídia

Segurança no trabalho e

Saúde do pescador

- Garantia de segurança

(todas as polícias)

- org. própria comunidade

- Capacitação para

manipulação dos

alimentos,

- garantias de benefícios

sociais

- auxílio-doença

-Ministério público Federal

-Ministério do trabalho

-Previdência Social

-Universidades

-Sindicatos

-Ministério da Justiça

-ANVISA

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- Capacitação em saúde -Ag. Direitos Humanos

-Comunidades Unidas

-Programa de Saúde Familiar

2.3. Encaminhamentos

1 Passo inicial: Organizar as comunidades produtoras de camarão, peixe e

caranguejo, trabalhando a união, mesmo em pequenos grupos, para evitar o

individualismo e o desinteresse, e depois trabalhar as cooperativas e o papel das

associações;

2 Analisar, com a comunidade, a importância da organização e procurar os

agentes, como a Comissão Nacional entre outros;

3 Buscar a pesquisa para esclarecer os pescadores sobre os problemas

existentes;

4 Buscar / criar Programas de Capacitação e Formação da comunidade em

geral (produtores, gestores, lideranças, colônias, mulheres, jovens e crianças) junto às

organizações parceiras;

5 Cobrar das Universidades Federais o papel da extensão, com o retorno

das pesquisas já feitas para a comunidade (como os trabalhos sobre organização e

gestão), bem como demandar as verbas do INCRA para capacitação em organização e

gestão;

6 Procurar as Universidades para levar cursos de extensão;

7 Pensar na criação de novas fontes de rendas como o artesanato;

8 Pensar novas tecnologias de captação de pescado e mariscos para

minimizar os impactos ambientais;

9 Buscar suporte técnico para a capacitação em captação de recursos e

elaboração de projetos como forma de resolver o maior problema: a má gestão que leva

a inadimplência de centenas de cooperativas e associações;

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10 Buscar recursos para organizar a infra-estrutura de caminhões,

frigoríficos, máquinas de gelo, em parcerias como EMATER, PRONAF;

11 Contatar os órgãos públicos nas três esferas administrativas responsáveis

pela infra-estrutura;

12 Buscar assessoria técnica para a elaboração de projetos com captação

recursos para geração de rendas;

13 Agregar valor por meio do beneficiamento dos produtos (peixe,

caranguejo, camarão, etc.) para melhor vender;

14 Providenciar para que o escoamento da produção seja feito pelos

próprios pescadores;

15 Providenciar para que a produção seja feita em pequena escala (sala de

beneficiamento) para agregar valor ao produto;

16 . Mobilizar órgãos competentes que garantam a segurança no trabalho

dos produtores dos manguezais;

17 . Buscar nos órgãos competentes as garantias de benefícios sociais como

auxílio-saúde.

GT 2 – Uso sustentável dos recursos: Salão Garité II

O GT foi presidido por Carlinhos, da RESEX de Canavieiras, que convidou

todos a se apresentar antes do início das atividades:

Carlinhos – RESEX de Canavieira, Alexandre – RESEX Cassurubá,

Lourdes, Ilaildes, Luis - de uma Cooperativa de beneficiamento de mariscos de

Cururupu, Gerônimo – Conservação Internacional (sic.), Daniele – GEDMMA- UFMA,

Marcos – GEDMMA-UFMA, Itamires, Cléber – Presidente da Associação de Tiradores

de Caranguejo de (...), Malafaya – APA de (...), João Carlos – Presidente da RESEX

Marinha de Tracuateua, Milena – UFMA, Ione – RESEX Canavieira, Fabrício –

Associação Caminhos (...), Marilene Pereira – Geógafa de Sirinhaém, Márcio do

Ministério da Pesca - PA, Gefferson – MMA, Sidney – Conselho deliberativo (...),

Deolino Moura, Mauro – ICMBio-PA.

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Os presentes escolheram um nome – Filhos do Mangue – para os membros

do GT e, após isso, começaram as inscrições para interessados em direito de fala.

A discussão foi dividida em três itens: Produção versus conservação,

Identificação de instrumentos de monitoramento de qualidade e Identificação de

pressões e ameaças à conservação, no entanto, não seguiu essa ordem, com questões de

qualquer um dos itens podendo ser lançadas a qualquer momento. No decorrer das

atividades, foi produzido um documento com encaminhamentos e sugestões de

discussões para a plenária.

A maioria dos participantes era de catadores de caranguejo, o que limitou

quase toda a discussão a questões ligadas a essa prática. Quase todas as falas diziam

respeito a encaminhamentos para a plenária ou retomada de discussões de questões

levantadas nos dias anteriores. Houve também muita discussão sobre as formas de cata

do caranguejo e os impactos decorrentes destas, pois catadores de diferentes áreas

defendiam e condenavam diferentes técnicas.

Gefferson, do MMA, falou que deve haver uma adequação do transporte de

mariscos, fazendo um paralelo entre o transporte desses com o do pescado.

Uma questão recorrente nas falas foi sobre os meses de defeso por troca de

carapaça e andada dos caranguejos. Segundo os catadores, esta questão deve ser

definida com base nas fases da lua e nas especificidades de cada região, com os

catadores locais sendo consultados pelos órgãos de proteção, pois há muita variação no

período em que esses fenômenos acontecem.

Guttemberg falou sobre a destruição que a pesca com zangaria faz ao

mangue e pediu que se redigisse um encaminhamento para a proibição da prática.

Alguns ficaram contra, então foi decidido que a questão seria posta em votação na

plenária.

O Grupo se atrasou muito devido ao grande número de encaminhamentos e

as discussões sobre estes, tendo uma duração de mais de duas horas, o que atrasou a

plenária e atividades subseqüentes.

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Encaminhamentos - GT2 - Uso Sustentável dos Recursos

Produção X Conservação – Dinâmica dos Estoques

Propostas:

Aproveitamento dos resíduos da cata do caranguejo e marisco;

Realização de estudos e intervenção na cadeia produtiva do Caranguejo e

Mariscos;

Implementar unidades de beneficiamento (Unidade de Produção familiar

- UPL) de produtos da pesca e mariscagem familiar. (Lei – Anvisa ou

MAPA);

Que os órgãos criem SIF específico marisco da pesca artesanal em geral;

Inserir nos Planos de Manejo Estudos para Criação de Cotas de catação

de caranguejo nas RESEX, RDS´s (IN01) e APAs (IN29) e onde já

houver os estudos, avançar no manejo da espécie;

Acordos de pesca em Áreas onde não são Resex e RDs e no caso de

outras Áreas Protegidas e territórios tradicionais;

Realizar pesquisas para densidade de mariscos e ostras;

Promover a separação de espécies no desembarque em monitoramentos

de desembarques pesqueiros;

Inserir o manejo de madeiras utilizadas na confecção de instrumentos

musicais e demais usos culturais nos planos de manejo;

Garantir que as populações dos manguezais e matas nativas tenham

direito aos recursos de créditos de carbono;

Garantir que as concessionárias que recebem a CCDRU possam cobrar

uma taxa de uso dos recursos da Resex por não-extrativistas visando a

melhoria da estrutura nas organizações e comunidades;

Identificação de Instrumentos de Monitoramento da Qualidade

Propostas:

Criação de selo Socioambiental para a produção do caranguejo,

respeitando o repasse dos saberes tradicionais, inserindo as discussões

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nas escolas e em outras instituições governamentais (ICMBIO, IBAMA,

MPA, MDA, SEMAs);

Realizar Contato com Grupo de Pesquisa “SABERES TRADICIONAIS

E SABERES ESCOLARES: OS MODOS DE APRENDER DAS

CRIANAÇAS EM COMUNIDADES PESQUEIRAS”, da Universidade

Federal de Sergipe, para apoiar cientificamente a criação de um selo

adequado aos saberes tradicionais (trabalho infantil). Contatos: Maria

Cristina Martins- UFS-DED/NPGECIMA/GEPECEI E-mail:

[email protected]

Criação de uma portaria interministerial (MMA/MPA) para adequação

do transporte interestadual do caranguejo;

Incluir zonas do extrativismo do Caranguejo, a partir do Zoneamento das

RESEX, RDS e APAs, utilizando métodos de manejo e Exclusão

Rotativos;

Considerando demanda de catadores de Caranguejos e pesquisas

realizadas de todo litoral, criação do seguro defeso de 04 meses no

período de troca de carapaça (atentando aos períodos regionais);

Nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro, março e abril, estabelecer

suspensão da captura apenas nos dias de andada, sem remuneração

(conforme legislação) com consulta a pescadores e pesquisadores locais.

ICMBIO articular com outros entes de meio ambiente (municipal e

Estadual) a flexibilização do Defeso respeitando as técnicas regionais de

captura.

Identificação de pressões ameaças à Conservação

Proposta:

Aumentar fiscalização por parte dos órgãos responsáveis, por meio de ação

conjunta de capacitação de AAVs e polícias locais onde não exista batalhão

ambiental;

Resgatar pelo ICMBio o Programa de Agentes Ambientais Voluntários

(capacitação, insumos para trabalho, equipamentos);

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Implementar programas e projetos de coleta seletiva e tratamento do esgoto,

visando diminuir a poluição por resíduos sólidos e líquidos nos Manguezais;

Garantir que os licenciamentos de grandes projetos respeitem os usos e

conhecimentos tradicionais dos manguezais;

Proibir licenciamento de mineração, carcinicultura e monoculturas no entorno

das Resex;

Garantir que os Conselhos Deliberativos das Resex sejam ouvidos nos

licenciamentos e autorizações de pesquisa dentro e no entorno das unidades;

Nas Resex Marinhas onde não contemplam áreas terrestres, realizar estudos para

ampliar os limites para inserir dentro do perímetro as comunidades e suas áreas

de uso;

Agilizar o ordenamento ambiental nas áreas de pesca com uso de apetrechos

predatórios.

GT 3 – Organização dos extrativistas: Salão Gambarra I

Dado início aos trabalhos, todos se apresentaram e, em seguida, foram

abertas as inscrições para cinco falas de dois minutos sobre as seguintes temáticas:

O papel da representação;

Representatividade;

Grau de representação de cada um.

Jorge Macedo, vice- prefeito de Curuçá – PA, informou que há uma

dificuldade de comunicação dentro da reserva e a facilidade é fora. Falou também de

algumas pessoas do judiciário que atrapalham e como poderá se articular, assegurar e

buscar os seus ganhos.

Cida de Santa Catarina disse que a participação não se compra, se conquista

e que teremos um ganho quando se fala em Resex. Questionou o que fazer quando o

poder público impedir alguma luta? A mesma informou que é preciso continuar lutando

e, se for necessário, pedir nos quatro cantos do mundo. O caminho, segundo ela, é a

comunidade se organizar e o líder não poderá esquecer sua base e o seu povo. Quando

isso acontecer, o líder tem que deixar de ser líder e ver quem são os parceiros.

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Alexandre, do ICMBio, considera que todos são líderes, sendo que alguns

são atuantes e outros não. O líder não é uma pessoa melhor que os outros. Todos têm

suas características. O desafio mesmo é o ético. O líder é mais atarefado do que outro.

Francisco falou que é indiscutível, pois cada cabeça pensa diferente. O

primeiro passo é não escolher líder por amizade e o segundo passo é a qualificação.

Adriana disse que a participação é muito importante, mas é fundamental

buscar conhecimento e saber se expressar.

Comentários:

Vergara diz que achou importante a opinião de todos.

Chico pescador diz que são muito importantes as reuniões periódicas e

interação de todas as entidades independentes de qualquer coisa é que todos são de uma

mesma classe. A comunicação é importante sendo que alguns ouvem de um jeito e

distorcem mais em frente.

Fabiana comentou que temos um grande contrato social que diz que o Brasil

tem um povo soberano e democrático, mas será que é assim mesmo? Também disse que

uma coisa é ser representação e outra coisa é ser delegação. Disse também que o

conselho das Reservas Extrativistas radicaliza com os conselhos deliberativos.

Vergara pediu uma reflexão.

Domingos falou que trabalha com a preservação dos rios e a preservação do

açaí. Alguns estavam poitando(sic.) redes e com o trabalho da Resex o povo se uniu e

são hoje 30 fiscais voluntários e conseguiram vencer.

Vergara perguntou o que é governança.

Claudio Farias comentou antes de responder à pergunta, que Vergara é o

leme do grupo e resume o poder da comunicação. “Como maranhense eu sei quem é e

como é Sarney com o poder da comunicação”, diz Claudio. “Hoje vivemos um mundo

da comunicação e existem essas pessoas como Sarney com o poder de impedir que a

comunicação chegue a muitas pessoas. Governança é comunicação, é dividir e

compartilhar.”

Sr. Francisco falou que considera Deus a nossa luz no céu e aqui na terra

são os políticos. Segundo ele, quem governa mesmo é Deus. O Brasil não sabe escolher

o governante.

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Jorge disse que na prática a governança ambiental é feita pela Resex e a

governança tem que ter união.

Cida disse que todo mundo diz que é liderança como fala o Alexandre, mas

precisamos saber qual o perfil do líder, para que tipo de liderança o tem, não devemos

aceitar liderança que tem interferência.

Mendes falou que ajuda a provocar situações. Liderança todo mundo quer

ser. O líder tem que ser parceiro e a governança em sua opinião tem que ter as Reservas

Extrativistas unidas e dividindo conhecimentos, pois só assim estas se tornam mais

fortalecidas.

Chico disse: “Governança? Governar quem? Quem você lidera? Precisa

saber quem esta dentro de sua unidade, só assim pode formar uma governança.”

Alexandre respondeu: “A gente falou sobre o poder do líder. Governança é

comunicação. Não é necessário que um líder esteja sempre presente. Será que temos que

estar dentro da comunidade? Temos que ter o perfil de construção coletiva.

Fabiana falou que a hora de se trabalhar é agora é agora e fez um

questionamento: “Como podemos trabalhar nas comunidades que não têm Resex?”

ENCAMINHAMENTOS E SUGESTÕES

Organização dos Extrativistas e a Gestão Participativa

Temáticas discutidas:

Representação e nível de participação;

Governança;

Identificação de outros fatores que influenciam no uso:

Liderança hábil para o exercício local (saber quem são nossas lideranças,

perfil dos líderes, apoio para fortalecimento);

Articular os gestores públicos municipais, estaduais e federais;

Participação do poder judiciário nos encontros;

Reuniões periódicas entre conselhos e comunidade (âmbito local);

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Capacitação para associativismo (formação continuada), capacitação para

o exercício de governança, formação continuada para os extrativistas;

Comunicação entre os líderes e conselheiros;

Vivenciar democracia (desenvolver cidadania);

Ocupação na presidência dos Conselhos das Reservas Extrativistas pelos

líderes extrativistas;

Garantir o espaço dos filhos dos extrativistas que moram fora das

Reservas Extrativistas;

Criação de uma rede nacional de comunicação entre as UCs;

Buscar parcerias para fortalecimento das Reservas Extrativistas;

Acelerar o cadastro dos extrativistas nas Reservas Extrativistas pelo

ICMBIO;

Articulação das Unidades de Conservação com os territórios;

Moção de apoio às comunidades Quilombolas de Alcântara - Maranhão;

Intercambio de Experiências entre as comunidades;

Identificação dos representantes dos conselheiros (documento de

identificação como: crachás, carteiras ou outros pelo ICMBio);

Organização dos extrativistas, fiscalização e multiplicação dos saberes

para as outras regiões;

Conhecimento e autonomia para criação das nossas leis e cumprimento

da legislação existente;

Acelerar o processo de criação e implementação dos planos de manejo

nas Reservas Extrativistas;

Estrutura de apoio aos fiscais nas Reservas Extrativistas com: transporte

(fluvial ou terrestre), ajuda de custo etc.;

Reativação e fortalecimento do programa agente ambiental voluntário;

Que se faça cumprir a legislação existente e elaborar outras;

Acelerar a implementação dos planos de manejos das Reservas

Extrativistas como instrumento de gestão.

GT. 4 - Gestão do território em Unidades de Conservação

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Início: 10h 30 min Término: 12h

Em um primeiro momento, foi feita a apresentação dos participantes do GT:

o grupo contou com a participação de um número aproximado de quinze pessoas

representantes de Resex, movimentos sociais, sindicatos de pescadores, analistas

ambientais, SEMA, ICMBio; etc.

Após a apresentação, começou o momento de discussões. Nesse momento

foi feito um nivelamento da noção de gestão do território pelos participantes, onde

foram destacados pontos que envolvem a discussão da gestão das UCs, como:

fiscalização, zoneamento, licenciamento de empreendimentos, participação da

população no processo de licenciamento, utilização das ferramentas de gestão do

território (conselho, plano de manejo), fortalecimento da relação entre órgãos públicos

(IBMA, ICMBio, OEMAs, MPs, DPs, etc.) e comunidades para empoderá-las(sic.) na

gestão dos conflitos e auxiliá-las no encontro de recursos; efetivar o cumprimento da

legislação ambiental, pois a mesma tem legitimado a instalação de empreendimentos; a

facilidade da cooptação de lideranças comunitárias pelos empreendimentos, apontando

para a necessidade de capacitar essas lideranças; os impactos de empreendimentos e a

questão da mitigação social, apontando para o ressarcimento dos danos causados pelos

empreendimentos às comunidade e para a efetivação das câmaras de compensação na

administração das Resex. Foi exposto também o momento de fragilidades do SNUC,

em termos das decisões de mudanças nos limites da UCs para favorecer interesses

econômicos e políticos em detrimento das comunidades locais e das questões

ambientais.

Em outro momento, foram feitos os Encaminhamentos:

1. Explorar a mitigação de danos continuados a favor das comunidades;

2. Fortalecer a participação do ICMBio nas comunidades;

3. Fortalecer os Conselhos no sentido de instrumentalizar as comunidades

contribuindo na criação do Plano de Manejo.

4. Fortalecer a fiscalização por parte do ICMBio e das OEMAs e das

comunidades locais;

5. Adaptar os currículos escolares ao cotidiano das RESEX;

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6. Criar um mapa situacional das UCs, com contribuição da Comissão

Nacional de Gestão para eleger prioridades de ação;

7. Capacitar as comunidades trabalhando o papel dos gestores;

8. Exigir a aplicação dos recursos da agenda social para efetivação dos

Planos de Manejo e cadastro dos beneficiários;

9. Efetivar a demarcação e sinalização das UCs;

10. Fazer moções:

10.1 Contra o cerceamento do ICMBio aos agentes de fiscalização;

10.2 Para a inclusão da DIUSP na Câmara de Compensação

Ambiental no MMA e que a Câmara volte às atividades;

10.3 Exigir o respeito e cumprimento da legislação ambiental pelo

IBAMA, ICMBio e OEMAs;

10.4 Favorável à criação de taxas de uso da água (território; Resex

marinhas) para as populações tradicionais. Esses recursos devem ser administrados pelo

Conselho Deliberativo, mediante a implantação de um fundo eco-social, onde os

recursos serão usados após cadastramento dos beneficiados.

11. Exigir a instalação de câmara de compensação ambiental em

todos os Estados.

Plenária dos GTs – 12 hs as 14 hs

Votação e aprovação das moções:

Moção a favor da criação das Resex de Tauá-Mirim em São Luís-MA;

moção de Alcântara, para tentar impedir que as famílias sejam remanejadas para outras

áreas; contra a posição do governo federal e da Bahia de redefinir a área da Resex

marinha Baía de Iguape para favorecer grupos empresariais; para que as múltiplas

expressões culturais sejam reconhecidas como bem material brasileiro; moção

pernambucana (Resex de Sirinhaém, criação das Resex de Santa Catarina; Contra o

cerceamento do ICMBio aos agentes de fiscalização; Para a inclusão da DIUSP na

Câmara de Compensação Ambiental no MMA e que a Câmara volte às atividades;

Exigir o respeito e cumprimento da legislação ambiental pelo IBAMA, ICMBio e

OEMAs; Exigir a instalação de câmara de compensação ambiental em todos os

Estados.

Page 41: FESTIVAL MANGUEZAIS DO BRASIL: intercâmbio de saberes e … · 2014-02-17 · Hotel Luzeiros para se deslocarem de ônibus até a Praia Grande, para a mesa de abertura do ... representante

RELATORES DO I FESTIVAL DE MANGUEZAIS NO BRASIL

(FALTA VER NOME COMPLETO DE DUAS PESSOAS)

Daniele Sales de Melo (GEDMMA/UFMA)

Erinaldo N. da Silva (GEDMMA/UFMA)

Fernando Luís Souza Gonçalves (Resex Cururupu)

Kátia Cristina de Carvalho Cuba (GEDMMA/UFMA)

Lígia do Socorro Souza Gonçalves (Resex Cururupu)

Madian de Jesus Frazão Pereira (GEDMMA/DESOC/UFMA)

Mauro José Oliveira Aguiar Pereira (programador Banco de Dados/ GEDMMA)

Maiâna Roque da Silva Maia (GEDMMA/UFMA)

Marcos Aurélio Alves Cutrim Campos (GEDMMA/UFMA)

Paula Marize Nogueira Pereira (GEDMMA/UFMA)

Rose (graduanda de Jornalismo UFMA?)

Expositores do GEDMMA no Lançamento do livro Ecos dos conflitos socioambientais: a

Resex de Tauá-Mirim

Madian de Jesus Frazão Pereira (GEDMMA/DESOC/UFMA)

Bartolomeu Rodrigues Mendonça (GEDMMA/COLUN)