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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 1 FEVEREIRO/MARÇO 2012

FEVEREIRO/MARÇO 2012 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO · 6 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO FEVEREIRO/MARÇO 2012 HIDRONOTÍCIAS Carlos Eduardo Quaglia Giampá, Diretor da DH

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 1FEVEREIRO/MARÇO 2012

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2 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO FEVEREIRO/MARÇO 2012

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 3FEVEREIRO/MARÇO 2012

EDITORIAL

ÍNDICE

OS RISCOS DOGÁS METANODESTINAÇÕES INADEQUADAS DERESÍDUOS – OS LIXÕES — PODEMSER CONSIDERADAS PONTOS DECONTAMINAÇÃO DO GÁS NA ÁGUA ENO MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO

1414141414

MEIO AMBIENTEPATRIMÔNIO NACIONAL POUCO CONHECIDO, AEXPLORAÇÃO DAS CAVERNAS PELO TURISMOPRECISA DE CUIDADOS

2020202020

CA

PA

Além da Perfuração, área de sua vocação natural e ra-zão pela qual foi fundada, a ABAS tem se destacado ese firmado nas questões referentes ao meio ambientesubterrâneo, cuja qualidade é essencial para a exis-tência do setor. A necessidade de formação e informa-ção sobre áreas contaminadas ficou evidente no cursosobre avaliação e remediação de áreas contaminadas,promovido pela associação em parceria com a CETESB,FIESP e CIESP. Em apenas três horas, as cem vagasdisponíveis foram preenchidas e cerca de 300 pessoasnão puderam participar. Reflexo da urbanização, as áre-as contaminadas ocorrem em todo o país e é precisoreverter esta situação pelo bem das águas subterrâne-as, insumo vital para a perfuração de poços. Nesse sen-tido também a ABAS está participando do projetoMonitoramento da Qualidade de Águas Subterrâneas,iniciativa da Universidade Estadual Paulista “Júlio deMesquita Filho” – a UNESP de Rio Claro (SP) –, tendocomo seu representante Everton de Oliveira, secretárioexecutivo e professor daquela instituição. A Perfura-ção também enfrenta o problema de carência de pro-fissionais, como sondadores e geólogos, como mostraa reportagem “Há Vagas”, com empresas assumindotreinamento de novos profissionais para suprir lacu-nas. Coincidentemente, também são poucos aquelesque se dedicam ao estudo das cavernas, um ricopatrimônio nacional ainda pouco conhecido, com im-

portante potencial turístico, que tem nas águas subter-râneas sua formação e atração para visitantes, comose verá na matéria da seção de meio ambiente. Por fa-lar em meio ambiente, os riscos do gás metano provo-cado pela degradação do lixo acumulado e depositadoinadequadamente ao longo dos anos representa umgrande desafio ao Poder Público e aos cidadãos. Comlegislação considerada eficiente por especialistas, oproblema pode virar solução, conforme apontaDiógenes Delbel, diretor-presidente da Associação Bra-sileira de Empresas de Tratamento de Resíduos(ABETRE), na matéria de capa. Atente também para aferramenta para armazenar água apresentada pelorenomado professor espanhol, Emílio Custódio, daUniversidade de Catalunha (Espanha), que estará noBrasil para o I Seminário Recarga Artificial de Aquíferos,a ser promovido pela ABAS Núcleo MG, em junho.Esperamos que você aprecie as informações destaedição e aproveitamos para convidá-lo a enviar suassugestões sobre temas para as próximas edições [email protected]

PRODUÇÃO DE ÁGUASETOR DE PERFURAÇÃO ENFRENTA CARÊNCIADE MÃO DE OBRA, PRINCIPALMENTE DEGEÓLOGOS E SONDADORES

1111111111

4 Agenda

5 Núcleos Regionais

6 Hidronotícias

8 Abas Informa

24 Conexão Internacional

26 Perfuração

28 Remediação

29 Espaço Empresarial

30 Opinião

Boa leitura e até a próxima,

Humberto José Tavares Rabelo AlbuquerquePresidente da ABAS

Marlene Simarelli, editora

FALTAM PROFISSIONAIS NO AMBIENTE DASÁGUAS E DO MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO

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4 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO FEVEREIRO/MARÇO 2012

AGENDA

DIRETORIAPresidente: Humberto José T. R. de Albuquerque1º Vice-Presidente: Mário Fracalossi Junior2º Presidente: Amin KatbehSecretária Geral: Maria Antonieta Alcântara MourãoSecretário Executivo: Everton de OliveiraTesoureiro: Álvaro Magalhães Junior

CONSELHO DELIBERATIVOHelena Magalhães Porto Lira, Zoltan Romero Cavalcante Rodrigues,Francisco de Assis M. De Abreu, Carlos Augusto de Azevedo, Carlos AlvinHeine, Francis Priscila Vargas Hager, Mário Kondo

CONSELHEIROS VITALÍCIOS/EX-PRESIDENTESAldo da Cunha Rebouças (in memorian), Antonio Tarcisio de Las Casas,Arnaldo Correa Ribeiro, Carlos Eduardo Q. Giampá, Ernani Francisco daRosa Filho, Euclydes Cavallari (in memorian), Everton de Oliveira, EvertonLuiz da Costa Souza, Itabaraci Nazareno Cavalcante, João Carlos Simankede Souza, Joel Felipe Soares, Marcílio Tavares Nicolau, Uriel Duarte, WaldirDuarte Costa

CONSELHO FISCALTitulares: Arnoldo Giardin, João Manoel Filho, Egmont CapucciSuplentes: Nédio C. Pinheiro, Carlos A. Martins, Carlos José B. de Aguiar

NÚCLEOS ABAS – DIRETORESAmazonas: Daniel Benzecry Serruya - [email protected] -(92) 2123-0800Bahia: Iara Brandão de Oliveira- [email protected] - (71) 3283-9795Ceará: Francisco Said Gonçalves - [email protected] - (85) 3218-1557Centro-Oeste: Antonio Brandt Vecchiato - [email protected] - (65) 3615-8764Minas Gerais: Carlos Alberto de Freitas - [email protected] -(31) 3250-1657 / (31) 3309-8000Pará: Manfredo Ximenes Ponte - [email protected] - (91) 3277-0245Paraná: Jurandir Boz Filho - [email protected] - (41) 3213-4744Pernambuco: Waldir Duarte Costa Filho - [email protected] - (81) 9997.8848Rio de Janeiro: Gerson Cardoso da Silva Junior - [email protected] -(21) 2598-9481 / (21) 2590-8091Santa Catarina: Heloisa Helena Leal Gonçalves [email protected] - (47) 3341-7821/2103-5000Rio Grande do Sul: Mario Wrege – [email protected] - (51) 3259-7642

CONSELHO EDITORIALEverton de Oliveira e Rodrigo Cordeiro

EDITORA E JORNALISTA RESPONSÁVELMarlene Simarelli (Mtb 13.593)

DIREÇÃO E PRODUÇÃO EDITORIALArtCom Assessoria de Comunicação – Campinas/SP(19) 3237-2099 - [email protected]

REDAÇÃOFernanda Faustino, Isabella Monteiro, Larissa Straci e Marlene Simarelli

COLABORADORESCarlos Eduardo Q. Giampá, Everton de Oliveira, Juliana Freitas e Marcelo Sousa

SECRETARIA E [email protected] - (11) 3868-0723

COMERCIALIZAÇÃO DE ANÚNCIOSSandra Neves e Bruno Amadeu - [email protected]

IMPRESSÃO E ACABAMENTOGráfica Mundo

CIRCULAÇÃOA revista Água e Meio Ambiente Subterrâneo é distribuída gratuitamente pelaAssociação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) a profissionais ligados ao setor.Distribuição: nacional e internacionalTiragem: 5 mil exemplares

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem,necessariamente, a opinião da ABAS.Para a reprodução total ou parcial de artigos técnicos e de opinião énecessário solicitar autorização prévia dos autores. É permitida areprodução das demais matérias publicadas neste veículo, desde quecitados os autores, a fonte e a data da edição.

EXPEDIENTE

EVENTOS PROMOVIDOS PELA ABAS

SEMINÁRIO INTERNACIONAL RECARGAARTIFICIAL DE AQUÍFEROSData: 11 a 15 de junho de 2012Local: Auditório da Escola de Engenharia da UFMG- Bloco de LigaçãoPampulha - Belo Horizonte - MGInformações: ABAS Núcleo MGTelefone: (31) 3309-8000Email: [email protected]

22º SALT WATER INTRUSION MEETINGData: 17 a 21 de junho de 2012Local: Armação dos Búzios – RJInformações: Gerson CardosoTelefone: (21) 2220-2097Email: [email protected]ção: ABAS - Núcleo Rio de Janeiro

XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUASSUBTERRÂNEAS – XVIII ENCONTRO NACIONALDE PERFURADORES DE POÇOS E VII FEIRANACIONAL DE ÁGUASData: 23 a 26 de outubro de 2012Local: Centro de Convenções de Bonito – MSInformações: Acqua ConsultoriaTelefone: (11) 3868-0726Email: [email protected]ção: ABAS – Associação Brasileirade Águas Subterrâneas

EVENTOS APOIADOS PELA ABAS

FEIRA NACIONAL DE SANEAMENTO E MEIOAMBIENTE (FENASAN)Data: 06 a 08 de agosto de 2012Local: Expo Center Norte – Pavilhão Branco, VilaGuilherme, São Paulo – SPInformações: Acqua ConsultoriaTelefone: (11) 3868-0726Email: [email protected]: www.fenasan.com.br

46º CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIAData: 30 de setembro a 05 de outubro de 2012Local: Santos - SPInformações: Acqua ConsultoriaTelefone: (11) 3868-0726Email: [email protected]

SUGESTÕES PARA PAUTA:[email protected]

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 5FEVEREIRO/MARÇO 2012

NÚCLEOS REGIONAIS

DEZEMBRO / JANEIRO 2012

Seminário Internacional de RecargaArtificial de Aquíferos acontece em junho

De 11 a 15 de junho será realizado em Belo Horizonte(MG) o I Seminário Internacional Recarga Artificial deAquíferos. Promovido pela ABAS Núcleo Minas Ge-rais, o evento promoverá um fórum de debates com aparticipação dos segmentos envolvidos com a gestãodas águas no país e divulgará suas experiências.

Paralelamente ao seminário será realizada a ofici-na da Câmara Técnica de Águas Subterrâneas doConselho Nacional de Recursos Hídricos, nos dias14 e 15 de junho. Na pauta, as diretrizes e critériospara a elaboração de uma proposta de resolução paraa recarga artificial de aquíferos no Brasil.

O evento é destinado a engenheiros, geólogos,gestores e analistas ambientais, consultores e profis-sionais da área de direito ambiental, além de técni-cos de órgão públicos, de empresas do setor de sa-neamento, industrial de agronegócios, minerações,membros dos comitês de bacias hidrográficas, de or-ganizações não governamentais e estudantes.

O I Seminário Internacional Recarga Artificial deAquíferos acontece no auditório da Escola de Enge-nharia da Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG), localizado na Av. Presidente Antônio Carlos,6.670, Pampulha, Belo Horizonte, MG. Mais informa-ções e inscrições: www.abasmg.org.br.

ABAS-RJ é eleita membrotitular do CERHI-RJA ABAS Núcleo Rio de Janeiro foi eleita membro titular doConselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Riode Janeiro (CERHI/RJ), em 27 de fevereiro, por um períodode dois anos (março de 2012 a março de 2014). Na ocasiãoestavam presentes a presidente do (CERHI/RJ), Lucia Krau,o presidente da ABAS nacional, Humberto Albuquerque, evários representantes do setor de águas subterrâneas. A ce-rimônia de posse foi realizada no dia 8 de março, no Institu-to Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (INEA).

O Conselho é um órgão colegiado, integrante do Siste-ma Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos(SEGRHI), que possui atribuições normativas, consulti-vas e deliberativas. Algumas delas são: estabelecerparâmetros para a outorga e cobrança de direito de usoda água; promover a articulação, integração e coordena-ção do planejamento estadual de recursos hídricos entreas autoridades nacionais e regionais e os usuários; avali-ar e aprovar propostas de criação de Comitês de BaciaHidrográfica no estado; orientar a implantação da PolíticaEstadual de Recursos Hídricos, a aplicação de seus ins-trumentos e a atuação do Sistema Estadual deGerenciamento de Recursos Hídricos. É formado pelopresidente, plenário, secretaria executiva e pelas câma-ras técnicas, cujos membros eleitos representam órgãospúblicos, sociedade civil e usuários de água.

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6 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO FEVEREIRO/MARÇO 2012

HIDRONOTÍCIAS

Carlos EduardoQuaglia Giampá,Diretor da DHPerfuração de Poços

Reportagem veiculada na Revista Veja, edição de 15/02/2012, exalta as grandes bacias sedimentares daTerra e seus aquíferos.O primeiro em tamanho, abran-gendo a Líbia, Egito, Chad e Sudão na África, contacom 2,2 milhões de Km² e tem no Arenito Núbia seuprincipal aquífero.

O segundo é a Grande Bacia Artesiana localizada nonoroeste da Austrália, com 1,7 milhões de Km².

A Bacia Geológica do Paraná, com o – SistemaAquífero Guarani (SAG), ocorrendo no Brasil, Uruguai,Argentina e Paraguai, com 1,2 milhões de Km², estáem terceiro lugar.

Não foram mencionadas as reservas hídricas das duasprimeiras, apenas informado o potencial estimado de37 mil Km³ de água para o SAG.

Também é digna de nota a descoberta realizada pe-

PLANETA ÁGUA SOB A TERRA

Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Es-tado de São Paulo (SABESP), o consumo médio deágua por domicílio na Região Metropolitana de SãoPaulo (RMSP) caiu 14,3% nos últimos 10 anos.

Em 2001 cada casa consumia mensalmente umamédia de 17.080 litros de água. Em 2011, esse índi-ce diminuiu para 14.650 litros mensais. Essa redu-ção produziu uma economia de 13,4 bilhões de li-tros/mês. Atualmente a RMSP consome 80,5 bilhõesde litros/mês de água.

O motivo explicado deve-se a quatro fatores:conscient ização da população e educaçãoambiental; redução das perdas; melhoria nos equi-pamentos e queda do número de moradores pordomicílio. A redução das perdas foi um dos princi-pais motivos. Em 2001, era de 31,4%, estando em2011 em 26%.

Fonte: Revista Saneamento Ambiental n° 156 –

São Paulo – 2011.

los russos no Lago Vostok, na Antártida, de um reser-vatório de água doce preservada há 15 milhões de anossob uma camada de 4 mil metros de gelo.

CONSUMO DE ÁGUA CAI NA REGIÃOMETROPOLITANA DE SÃO PAULO

A seção Hidronotícias/Recordar é Viver é de responsabilidade do autor.

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 7FEVEREIRO/MARÇO 2012

HIDRONOTÍCIAS

RECORDAR É VIVER

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8 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO FEVEREIRO/MARÇO 2012

ABAS INFORMA

A Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS),

em parceria com a Federação das Indústrias do Estado

de São Paulo (FIESP), o Centro de Indústrias do Esta-

do de São Paulo (CIESP) e a Companhia Ambiental do

Estado de São Paulo (CETESB) promoveram um curso

internacional gratuito sobre Avaliação e Remediação de

Áreas Contaminadas. Realizado de 7 a 9 de março, na

sede da FIESP, em São Paulo (SP), o curso esgotou as

inscrições em apenas três horas e reuniu um público

de mais de 100 pessoas vinculadas ao setor produtivo,

às universidades, aos órgãos e às consultorias

ambientais. Para Eduardo San Martin, diretor do CIESP,

o grande interesse do público é resultado, principalmen-

te, do fato de que áreas contaminadas é o tema do

momento. O evento teve como objetivo promover a

capacitação de profissionais, visando atender à legisla-

ção e às demandas do mercado carente de profissio-

nais qualificados na área.

Especialistas internacionais contribuíram com suas

experiências, entre eles: Jim Baker, pesquisador da Uni-

versidade de Waterloo, no Canadá; Neil Thomson, che-

fe do Departamento de Engenharia Civil também da Uni-

versidade de Waterloo e Holger Weiss, chefe de Depar-

tamento Remediação de Água Subterrânea no Centro

de Estudos Ambientais Helmholtz, em Leipzig, na Ale-

manha. Também palestraram Hung Kiang Chang, pro-

fessor da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e co-

ordenador do Laboratório de Estudos de Bacias

(LEBAC); Marco Pede, sócio da ISR, InSitu Remediation

e pesquisador colaborador do LEBAC; além de Everton

de Oliveira, sócio-diretor da Hidroplan, secretário exe-

cutivo da ABAS e professor colaborador do Instituto de

Geociências e Ciências Exatas (IGCE), da UNESP de

Rio Claro (SP).

Otávio Okano, presidente da CETESB, ressaltou que

“a CETESB, como órgão fiscalizador, controlador e

gerenciador destas áreas, precisa capacitar seu pes-

soal, mas precisa também que o mercado tenha pes-

soas altamente capacitadas para facilitar a realização

de remediação em tempo menor, com melhores resul-

tados”, afirmou. San Martin enfatizou o compromisso

da FIESP e do CIESP com as causas ambientais e

destacou o relevante papel da ABAS “que tem se mos-

trado líder neste processo que nós queremos tenha

rapidamente uma sequência melhor do que vêm ocor-

rendo”. Sobre a complexidade da gestão dessas áre-

as, Everton de Oliveira realçou que “as soluções de-

vem ser conversadas conjuntamente entre os atores

envolvidos, para que possamos pensar no uso da água

como um todo. Pois não adianta pensarmos simples-

mente no local em si, já que o uso da água é nosso

objetivo prioritário”.

O curso estará disponível para acesso gratuito no

site da ABAS: www.abas.org até o final de abril.

Auditório lotado prestigiou especialistas presentes (acima)

ABAS, FIESP, CIESP e CETESB promovemcurso internacional gratuito

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 9FEVEREIRO/MARÇO 2012

ABAS INFORMA

Parceria entre UNESP e CETESB objetiva omonitoramento da qualidade da águaA Universidade Estadual Paulista (UNESP), por meiodo Centro de Estudos Ambientais (CEA) e do Laborató-rio de Estudos de Bacias da UNESP (LEBAC), amboslocalizados no Campus de Rio Claro (SP), firmaram, emfevereiro, uma parceria com a Companhia Ambientaldo Estado de São Paulo (CETESB) para o desenvolvi-mento do projeto Monitoramento da Qualidade deÁguas Subterrâneas. Participam do projeto centros in-ternacionais de referência em pesquisas na área de re-cursos hídricos, como: a Universidade de Waterloo, noCanadá e o Helmholtz Centre for EnvironmentalResearch (UFZ), da Alemanha; e também a FundaçãoFlorestal do Estado de São Paulo e a Associação Brasi-leira de Água Subterrânea (ABAS).

De acordo com Everton de Oliveira, secretário execu-tivo da ABAS e professor do curso de Pós-Graduaçãoem Geociências e Meio Ambiente do IGCE, o projeto

permitirá que o país desenvolva parâmetros próprios parao estudo de águas subterrâneas, com base no clima eno tipo de solo locais. “Ainda usamos parâmetros inter-nacionais para experimentos em áreas tropicais”, escla-rece. “Estamos dando um enorme passo para consoli-dação de pesquisas voltadas ao meio ambiente”.

Para a realização dos estudos de contaminação daágua o projeto conta com o Laboratório Móvel de Pes-quisas, uma doação do governo da Alemanha ao IGCE,que é composto por um conjunto de equipamentos deúltima geração instalado em um contêiner com capaci-dade para realizar análises de materiais orgânicos einorgânicos. Já para medir a quantidade de elementosmetálicos presentes na água, há o Laboratório deEspectrometria Atômica, montado com recursos cap-tados junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Es-tado de São Paulo (FAPESP) e Petrobrás.

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10 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO FEVEREIRO/MARÇO 2012

ABAS INFORMA

ABAS esteve no 6ºFórum Mundial daÁgua, na FrançaA Associação Brasileira de Águas Subterrâne-as (ABAS) participou do 6º Fórum Mundial daÁgua, realizado de 12 a 17 de março, em Mar-selha, na França, e presidido pelo brasileiroBenedito Braga, professor da Universidade deSão Paulo (USP). Esta foi a participação maisexpressiva do país desde a primeira edição,com cerca de 250 pessoas de 50 instituiçõesligadas à temática água, após 18 meses depreparativos. Além de sócia do Conselho Mun-dial da Água (WWC – World Water Council),organizador do evento, a ABAS participou tam-bém como membro da Seção Brasil. O even-to é realizado a cada três anos, sempre emmarço, quando se celebra o Dia Mundial daÁgua, no dia 22. O Brasil é candidato a sediaro Fórum de 2018.

Projeto mapeiacirculação de águasde aquíferos fraturadosO projeto de pesquisa Hidrogeologia de Aquíferos Fra-turados (Hidrofrat) está pesquisando os aquíferos fra-turados brasileiros, que representam 51% do territóriodo país, desde o segundo semestre de 2011. Financia-do pelo Fundo Setorial de Recursos Hídricos (FINEP-CT HIDRO), o projeto reúne pesquisadores do Institutode Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal doRio Grande do Sul (IPH-UFRGS), do Instituto deGeociências da Universidade de São Paulo (IG-USP),da Universidade de Brasília (UNB) e da UniversidadeFederal do Espírito Santo (UFES). O projeto atuará comquatro grupos de pesquisa durante 36 meses.

O objetivo do Hidrofrat é melhorar o entendimentoda circulação de águas e contaminantes nas zonas não-saturada e saturada em terrenos fraturados, permitindogerar ações coordenadas e recomendações para a ade-quada explotação e o correto manejo de áreas conta-minadas para os órgãos gestores públicos. Nas áreasdos aquíferos fraturados estão localizadas, total ou par-cialmente, milhares de cidades que usam suas águaspara abastecimento.

Air-Stripper da QED recebecertificação internacionalO equipamento EZ-Tray, air-stripper fabricado pela QEDEnvironmental System, recebeu a Certificação NSFInternational. É o primeiro air-stripper a receber essacertificação, amplamente reconhecida nos EstadosUnidos para produtos que tenham contato com águapotável. Utilizado para remoção de compostos orgâni-cos voláteis (VOC’S) em projetos de tratamento de água,o air-stripper da QED Environmental System écomercializado no país pela Clean Environment Brasil.

Barrilete estanque ésolução para áreasafetadas pordeslizamentos ou cheiasFoi instalada no Distrito de Rocha Leão, Rio das Ostras(RJ), uma nova alternativa de suprimento de água po-tável às populações afetadas por deslizamentos e chei-as com posterior contaminação dos mananciais e dis-seminação de doenças. A solução é o barrilete estan-que que evita a contaminação do aquífero e permiteoperar o poço mesmo submerso, desde que o quadrode comando esteja fora da área de risco. “Participeicomo geólogo da Companhia Estadual de Água e Es-goto (CEDAE) em vistorias de cidades afetadas porcalamidades em nossa região serrana e, mesmo convi-vendo entre técnicos e defesa civil, estes não possuí-am a mínima noção de como abastecer com águapotável. Daí surgiu a alternativa do barrilete estanque,projetado e construído com sucesso”, afirma EgmontCapucci, hidrogeólogo do CEDAE-RJ e autor do proje-to. O equipamento pode ser copiado e instaladopreventivamente para outras localidades de risco.

Empresário Renato Delbenmorre aos 82 anosNo último dia 16 de fevereiro ocorreu o fale-cimento do empresário Renato Delben, aos82 anos, em Curitiba (PR). Delben foi pionei-ro na construção de equipamentos para per-furação e também na construção de poçosna região de Assis (SP).

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 11FEVEREIRO/MARÇO 2012

O mercado de poços tubulares sofre, atualmente, coma carência de mão de obra especializada em diversosestados do Brasil. Geólogos esondadores são os profissionaisque mais estão em falta nas em-presas perfuradoras. O papel dogeólogo na construção de umpoço tubular é projetar o poço efiscalizar a obra. Já o sondador éresponsável por manusear a má-quina que construirá o produto. Otrabalho de ambos é essencialpara a construção de um poçotubular de qualidade, porém acontratação destes dois profissio-nais enfrenta barreiras. A principalé a formação do profissional desondagem, inexistente no país. Deacordo com o presidente da As-

sociação Paulista de Empresas Perfuradoras de PoçosProfundos (APEPP), Wlamir Marins,”não existem cursosque aprimorem os sondadores e os ajudantes desondadores. Eles são formados pelas próprias empre-sas, que têm contratado profissionais não experientes,trazidos para dentro da equipe e treinados, até conse-guir colocá-los em uma função. Mas cursos prontos, paraonde as empresas encaminhem seus profissionais, infe-lizmente não temos.”

Encontrar sondadores capacitados é a maior dificul-dade da Poço Fundo Perfurações, maior perfuradorado Estado do Espírito Santo. Segundo Helber Favoretti,diretor comercial da empresa, “aqui no estado essa mãode obra é caótica. Tenho que procurar em outros esta-dos, como Minas Gerais e Rio de Janeiro. Quando te-nho que treinar funcionários que entram na empresa, écomplicado porque a maioria dessas pessoas não pos-sui escolaridade, então fica mais difícil ainda ensinar”,explica Favoretti.

Para suprir a carência de sondadores, algumas em-presas investem no treinamento e capacitação desseprofissional desde a contratação. De acordo comLuciano Leo, diretor da Jundsondas PoçosArtesianos,”preparamos nossos colaboradores com trei-namento nas diversas funções atribuídas ao setor deperfuração. Ele precisa ser, no mínimo, motorista decaminhão e vai para campo acompanhar a construçãodos poços, ou seja, inicia com uma função de menorresponsabilidade. Os que mais se destacam podemchegar ao cargo de sondador chefe. Os profissionaissão sempre acompanhados por um supervisor de obrae por um geólogo”.

Na opinião de Favoretti, a maioria dos poços mal fei-tos ocorre por conta do operador, que não tem a devi-da instrução sobre a forma correta para construir. “Nãoadianta nada ter o geólogo, se não vai ter um profissio-nal com interesse, que saiba trabalhar. Esse operadorvai ser responsável por fazer um poço que custa caro,então, no mínimo deve fazê-lo muito bem feito”.

O geólogo Gerson Cardoso, diretor da AssociaçãoBrasileira de Águas Subterrâneas Núcleo Rio deJaneiro (ABAS-RJ) e professor da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ), observa que“bons sondadores, em particular especializadosem sondas como a de percussão a cabo, estãose tornando relíquias. A atividade é dura, umalabuta de sol a sol, muitas vezes em condiçõesprecárias de trabalho, arriscadas mesmo. Nemtodas as empresas têm a estrutura adequadapara essa atividade”.

Para Wlamir Marins, “a ABAS faz cursos muitoespecíficos que são mais voltados para os gra-duados do que efetivamente para o pessoal decampo. Acho que a ABAS poderia, em parceriacom empresas e talvez até com universidades,trazer a consciência da importância da formaçãopara esse profissional de campo”.

DEMANDA POR PROFISSIONAIS,EM ESPECIAL GEÓLOGOS ESONDADORES, COMCAPACITAÇÃO ADEQUADA PARAÁREA DE PERFURAÇÃO É CRES-CENTE, O QUE INTERFERE DIRETA-MENTE NO PRODUTO FINALLarissa Stracci

HÁVAGAS

Wlamir Marins,presidente da APEPP

Div

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PRODUÇÃO DE ÁGUA

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É preciso ampliar o focoFormação precária e graduação ruim. A definição docurso de Geologia é feita por Wlamir Marins, da APEPP,que, segundo ele, descreve a realidade da formaçãodesse profissional. Somente 19 faculdades no paísdisponibilizam o curso e são poucos os geólogos for-mados por ano, com menor número ainda dos que atu-am na área de poços tubulares. “O curso de graduaçãode Geologia precisa mudar. Ele é voltado para as ques-tões técnicas de conhecimento do aquífero, mas não paraa execução de poços tubulares. Não conheço nenhumcurso superior na região Sudeste que realiza visitas emostre como funciona a construção do poço, qual tipode equipamento é utilizado. Só estudam a teoria. Para aperfuração propriamente dita não há um incentivo natu-ral das universidades”, afirma Marins.

De acordo com Luciano Leo, “atualmente osgeólogos estão optando por outras áreas daGeologia, como mineração, petróleo e empre-sas de remediação ambiental. Em minha opinião,o que não existe no setor é a valorização do pro-fissional na área de hidrogeologia”.

Como solução para o problema, Marins su-gere especialização para o profissional interes-sado em perfuração e cursos de pós-gradua-ção, “pois falta muita informação de campo.Além disso, seria muito importante uma parce-ria das empresas perfuradoras com as univer-sidades, para troca de informações. Seria inte-ressante que a universidade estudasse o assun-to e viesse com respostas sobre o que podería-mos melhorar, quais resultados poderíamos ter,baseados em estudos preliminares”.

Segundo Gerson Cardoso, “A ABAS tem se em-penhado certamente em suprir a carência de mãode obra especializada, através decursos oferecidos aqui e ali, masesforços adicionais de empresas emesmo do poder público seriamcertamente bem vindos. As univer-sidades não têm como foco a for-mação desse tipo de profissional,mas um empenho das esferas es-taduais e federal na criação de cur-sos técnicos seria o ideal”.

Para Helber Favoretti, “uma em-presa que fabrica perfuratriz é amais próxima que poderia oferecerum curso de perfuração. Acreditoque haveria muita procura. Lógicoque deve ser uma empresa perfu-radora juntamente com umgeólogo, para o curso ser comple-to. Também não adianta nada co-locar só o geólogo para ministrar o curso, porque ele en-tende do material que esta saindo lá de dentro, mas nãoentende do manuseio da máquina e vice versa”.

Helber Favoretti, diretorcomercial da PoçoFundo Perfurações

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Luciano Leo, diretorda Jundsondas

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Quanto à remuneração, segundo Wlamir Marins, daAPEPP, o salário dos sondadores varia de R$1.000,00 aR$2.000,00 chegando até R$4.000,00 quando alcançaa função de sondador chefe e comanda mais de umaequipe. Hoje, o hidrogeólogo formado normalmente temum salário que varia de R$4.000,00 a R$5.000,00, quan-do contratado somente por uma empresa. “Quandoterceirizado, o geólogo pode ganhar bem mais, já queassume responsabilidades com diversas empresas”,afirma Marins.

Terceirização de geólogose poços clandestinosOutro problema encontrado pela falta de mão de obraespecializada é a terceirização de geólogos. Muitasempresas contratam geólogos que só assinam como

responsáveis pelo projeto, masnão acompanham efetivamen-te a construção do poço. Deacordo com Wlamir Marins, “aslegislações obrigam a empresade perfuração a ter um profissi-onal da Geologia ou da Enge-nharia, que seja responsávelpela atuação no mercado. Oque se vê muito são profissio-nais contratados que efetiva-mente não fazem parte do qua-dro de funcionários, sendo ummero responsável técnico nopapel. Fui conselheiro do Con-selho Regional de Engenhariae Agronomia (CREA) e acom-panhei vários processos emque profissionais não estavam

envolvidos diretamente no projeto ou na exe-cução da obra. Com isso, tenho visto cons-tantemente projetos bem deficitários. Se vocêjá parte de um projeto não qualificado, nãoacompanhado, que é caso de 70% a 80% dospoços perfurados atualmente, o resultado é deum serviço realmente precário”.

A construção de poços clandestinos é outraconsequência da terceirização deste profissio-nal e é o maior problema encontrado no merca-do de poços tubulares. “O CREA e o Departa-mento de Águas e Energia Elétrica (DAAE) sóexigem (os profissionais), mas não fiscalizam asempresas. Os resultados são obras debaixíssima qualidade, com prejuízos ambientais.A maioria dos poços é construída ilegalmente,na clandestinidade, sem ART recolhido, fora dasnormas ABNT, sem conhecimento do CREA eDAEE”, afirma Luciano Leo, diretor da

Jundsondas.As obras ilegais e a falta de mão de obra acarretam

prejuízos financeiros para o contratante, segundo

PRODUÇÃO DE ÁGUA

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Marins. “Na maioria das vezes, o valor é um custo esti-mado sem base técnica e durante a execução se verifi-ca aditivos de contrato e aditivos de perfuração, quelevam a um custo muito elevado”, diz.

Segundo Luciano Leo, das aproximadamente450 empresas perfuradoras do estado de SãoPaulo, menos de 100 estão habilitadas no CREA.“Esta carência de mão de obra especializadaocorre em função de uma cadeia de erros, queprecisam ser corrigidos a partir de sua origem.O CREA e o DAEE precisam fiscalizar e punir comrigor os poços clandestinos. As empresas traba-lhando na legalidade, com custos básicos co-muns a todas, passam a valorizar o preço de ven-da. A melhoria das margens de lucro pode serrepassada a seus funcionários, aumentando sa-lários e instituindo o Programa de Participaçãonos Lucros e Resultados(PLR)”, afirma o diretor.

Consequências iguaisno eixo SP-RioO estado de São Paulo, de acordo com Marins,“não dá a devida importância para o uso da aguasubterrânea. O próprio consumidor, em geral, não temconsciência da importância que é entender porque aempresa necessita de toda essa capacitação. Há um

profissional responsável pela boa obra, esse respon-sável executa o projeto, o projeto que é executadocondiz com a Geologia, mas para isso, vejo a dificul-

dade do consumidor entender.Então, sem o entendimento doque é um poço artesiano, doque é um poço tubular profun-do, fica difícil exigir das empre-sas; ele não sabe se aquilo temou não capacidade. A respostasobre a qualidade do poçoartesiano, se ele foi bem execu-tado ou não, nem sempre é ime-diata. Às vezes leva três, quatro,até cinco anos pra você enten-der que o seu poço não tinhaqualidade”, conclui.

No estado do Rio de Janeiro,a situação não está diferente,de acordo com Gerson Cardo-so. “Evidentemente o risco dediminuição na qualidade finaldo produto, ou seja, um poço

bem acabado, completo e devidamente desenvolvi-do, é grande, pois nem sempre a mão de obra está àaltura da tarefa”, complementa Cardoso.

PRODUÇÃO DE ÁGUA

Gerson Cardoso,presidente da ABASNúcleo RJ

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CASOS COMO O DO SHOPPING CENTER NORTE PODEM SER MAISCOMUNS DO QUE IMAGINAMOS, UMA VEZ QUE TODAS AS DESTINAÇÕESINADEQUADAS DE RESÍDUOS – OS LIXÕES – PODEM SER CONSIDERADAS

COMO PONTOS DE CONTAMINAÇÃO DO GÁSFernanda Faustino

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O metano é um dos gases mais poluentes encontrados naatmosfera. Entre as características observadas destaca-seque o gás é incolor e inodoro – sem cor nem cheiro –; éconsiderado um dos mais simples hidrocarbonetos, –composto que possui apenas carbono e hidrogênio emsua estrutura –; é pouco solúvel em água e, quando so-mado ao oxigênio, se torna altamente explosivo.

A contaminação do solo por metano é, na maioria doscasos, resultado da disposição de resíduos orgânicos deforma inadequada – sem tratamento do solo – e não con-trolada. Estes resíduos lançados a céu aberto acarretamvários problemas à saúde humana como a proliferaçãode vetores de doenças – mosquitos, moscas, baratas eratos – poluição do meio ambiente e, principalmente, acontaminação do solo e das águas subterrâneas.

O metano também pode ser decorrente de atividadescomo: emanação através de vulcões de lama e falhasgeológicas, fontes naturais (pântanos), extração de com-bustível mineral, processo de digestão em animais her-bívoros, bactérias encontradas em plantação de arroz eaquecimento ou combustão de biomassa anaeróbica.

De acordo com um estudo da Organização Mundial deMeteorologia (OMM), de 2009 a 2010 houve um aumentode 1,4% no efeito do aquecimento sobre o clima atravésdos Gases de Efeito Estufa, os GEEs. Nas últimas duasdécadas, esse crescimento foi de 29%. Dos GEEs, o gásmetano, que é cerca de 20 vezes mais potente que odióxido de carbono como gás de efeito estufa, subiu nes-se período para 1,806 PPM (partes por milhão).

José Eduardo Ismael Lutti, promotor de Justiça deMeio Ambiente de São Paulo, explica que na água ometano é gerado nos coletores de esgoto bem como

nas lagoas de tratamentode esgoto (anaeróbico),considerando o esgotoefetivamente coletadoe transportado paratratamento.

Ele explica que quan-do a coleta e o transpor-te do esgoto domésticosão deficientes ouinexistentes, a carga or-gânica (esgoto) emgrande quantidade –como é o caso das cida-des brasileiras – possibi-lita com que o metano seja produzido nos cursosd’água, lagos, lagoas e represas.

Segundo ele, a emissão do gás na atmosfera a partirdo solo, em geral não causa muitos danos, a não serque ocorra seu confinamento, pois a partir de determi-nada concentração, o gás pode atingir índices de pos-sível explosão. “Devemos considerar que o metano éum dos integrantes do GEE e sua combustão produzCO2, que é menos nocivo”, explica.

Um dos casos de alta concentração de metano queteve grande repercussão em setembro de 2011 foi o doShopping Center Norte. Inaugurado em 1984, foiconstruído sobre um aterro sanitário e a decomposiçãodo lixo orgânico chega a 10 metros de profundidade –produzindo o gás – que, com o passar do tempo, podeatravessar o piso por meio das fissuras ou tubulações,causando riscos à população.

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PRINCIPAL FONTE: DESCARGAINDISCRIMINADA DE LIXOEm São Paulo, a Companhia Ambiental do Estado de SãoPaulo (CETESB) registra anualmente, desde maio de 2002,um documento contendo as áreas contaminadas e as queforam reabilitadas. Em 2002, no primeiro relatório divulga-do pela Companhia, constaram 255 áreas.

Na “Relação de Áreas Contaminadas e Reabilitadasno Estado de São Paulo” divulgada pela Companhiaem dezembro de 2010, foram 3.675 registros – soman-do todas as atividades que podem gerar contaminação(resíduos, comercial, industrial, postos de combustíveise causas de contaminação desconhecidas) – um au-mento de 27% com relação ao mesmo período de 2009,quando foram registradas 2.904 áreas. Se consideraro primeiro registro, o percentual de aumento de áreascontaminadas sobe a 1.441%.

O próprio documento – disponível para consulta nosite da CETESB – revela que o aumento no número deáreas contaminadas registrado é resultado do esforçona identificação de novas áreas com ações rotineiras defiscalização e licenciamentos pela Companhia, atendi-

mento a reclamações, atendimento a acidentes, progra-mas de controle de poluição do ar, do solo e das águase o licenciamento de fontes de poluição. Atualmente, vemsendo feito o mapeamento na cidade de São Paulo dasantigas áreas de disposição de lixo que, potencialmen-te, representem fontes de geração de metano.

Alfredo Rocca, gerente do Departamento de Avalia-ção de Processos da CETESB, explica que geralmenteos locais de descarga indiscriminada de lixo, sobretudose enterrados, são as principais fontes de propagaçãode gás metano no subsolo e o tempo para que esta con-taminação ocorra depende das condições da fonte pri-mária. “Se for um vazamento de alguma tubulação outanque, a propagação pode ser mais rápida. Entretanto,se for resultado da biodegradação de matéria orgânicaenterrada no subsolo, é necessário que o gás seja gera-do para que ocorra sua disseminação”, explica.

O gerente destaca, ainda, que o maior risco ofereci-do por esta substância à população não está associa-do a uma exposição crônica, mas sim de explosão.

José Eduardo Ismael Lutti,promotor de Justiça de MeioAmbiente de São Paulo

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“Caso o gás migre e se acumule em espaçosconfinantes – caixas subterrâneas, redes de esgoto ouáguas pluviais, subsolo de construções, o maior risco éocorrer uma explosão”, analisa.

Pelo baixo nível de solubilidade identificado na subs-tância, segundo ele, é pouco provável que haja ingestãode água contaminada por metano, pois o gás tende asair para a atmosfera. “A princípio, quando se tem a

suspeita de um local onde o subsolo possa contermetano, a melhor maneira de se proteger é evitando ouventilando os espaços confinantes”, destaca Rocca. “Apartir desta constatação, o que deve ser feito é omonitoramento da presença do gás em grandes quan-tidades e os níveis de explosividade para, em seguida,investigar a fonte, a pluma de contaminação e a pro-posta de intervenção.”

MULTAS VARIAM, MAS PRIORIDADEÉ ELIMINAÇÃO DO RISCODe acordo com o advogado Édis Milaré, sócio-gerentee consultor em Direito Ambiental da Milaré Advogados,não existe um valor de multa para metano e sim parainfrações ligadas a problemasambientais, que é aonde se enquadrao caso. “As multas variam em funçãoda gravidade da infração”, relata.

Em São Paulo, por exemplo, para mul-tas iniciais aplica-se o seguinte critério: in-frações leves de 501 a 1 mil vezes o valorda Unidade Fiscal do Estado de São Pau-lo (UFESP), com valor unitário de R$ 18,44.Para as infrações graves, a aplicação damulta varia de 1.001 a 5 mil UFESP; egravíssima – aonde, normalmente, se en-quadram os casos de contaminação pormetano – de 5.001 a 10 mil. “Em reinci-dência à mesma infração as multas sãodobradas, podendo ocorrer aplicação demultas diárias enquanto persistir a infra-ção. A legislação prevê até a interdição dachamada fonte poluidora, caso persistam as reincidênciasa partir da terceira ocorrência”, observa o advogado.

Milaré ressalta que ainda não existe uma legislaçãoespecífica que atenda às áreas contaminadas commetano. “Não existe uma legislação específica para o

metano, e sim para as contaminações eemissões de poluentes ao meio ambi-ente. A legislação base paulista para es-ses casos é a Lei 997 de 31/05/1976 –que dispõe sobre o controle da polui-ção do meio ambiente – e o Decreto8468, de 08/09/1976, que a regulamen-ta”, relata.

Segundo o advogado, elas preveempenalidades como: advertência, multaspontuais, multas diárias e interdições,podendo até chegar a embargos e de-molições previstas na legislação. Ele re-lata que após ter sido identificada pelosprocedimentos do Órgão de Controle,a área contaminada tem prazo de cin-co anos para descontaminação.“Logicamente, para casos desse tipo,

a prioridade e ação imediatas são de eliminação dorisco”, enfatiza.

LEGISLAÇÃO ATUAL É EFICIENTEEle declara que a legislação paulista foi pioneira em todopaís, inclusive antes da própria lei federal. “Todos os es-tados da Federação possuem legislações específicas,com grande semelhança à paulista, não se encontrandodiferenças marcantes entre elas”, acrescenta.

Milaré relata que a mesma situação se aplica para alegislação federal, tendo como referência marcante aLei 6.938/1981 sobre a Política Nacional do Meio Ambi-ente e a Lei 9.605/1998, conhecida como Lei dos Cri-mes Ambientais, que culmina a sanção de um a cincoanos de reclusão para aquele que causar poluiçãohídrica ou a que decorra do lançamento de resíduosgasosos, em desacordo com as exigênciasestabelecidas em leis ou regulamentos.

Ele afirma que a legislação atual é suficiente paraconter os problemas oriundos da contaminação. “Umavez que todos os casos de que se tem conhecimento

foram originados de conduta falha em procedimentospreventivos previstos em legislação”, explica.

Já a advogada Adriana Baptista, sócia do Departa-mento de Direito Ambiental do Tozzini Freire Advoga-dos, apontou a Resolução 420 editada pelo ConselhoNacional de Meio Ambiente (CONAMA) que prevê dire-trizes que devem ser seguidas na gestão de áreas con-taminadas, incluindo critérios e valores orientadores dequalidade do solo e princípios básicos para talgerenciamento, tais como a geração e a disponibilida-de de informações, a articulação entre órgãos do Po-der Público no que tange ao assunto, aresponsabilização do causador da contaminação pelodano, comunicação de risco, dentre outras medidas deprevenção e controle da poluição do solo e das águas.“Por ter sido editada em dezembro de 2009, aaplicabilidade da norma pelos órgãos de proteção

Édis Milaré, sócio-gerente econsultor em Direito Ambientalde Milaré Advogados

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ambiental estaduais a casos concretos ainda é recen-te. Acreditamos que a tendência seja de que casos decontaminação em função de práticas inadequadasadotadas no passado sejam cada vez mais apurados eequacionados de forma adequada”, declara.

Adriana relata ainda que é cada vez mais frequente ademanda por realização de auditorias ambientais emprocessos de aquisição de imóveis e de empresas. “Nosúltimos dez anos verificamos crescimento significativode consultas por parte de empreendedores efinanciadores acerca das condições do local, o que in-dica conscientização e preocupação, cada vez maior,com relação aos impactos decorrentes de áreas conta-minadas”, ressalta.

Como relatou Milaré, Adriana também enfatiza opioneirismo do Estado de São Paulo na edição de uma

legislação que regulamente a gestão de áre-as contaminadas, tendo editado em julhode 2009 a primeira lei que dispõe sobreas diretrizes e procedimentos para aproteção da qualidade do solo egerenciamento de áreas contamina-das – Lei 13.577. “Desconheço aexistência de legislação específicasobre o tema em outros estados,que, em geral, se utilizam da le-gislação federal na condução dosprocessos de remediação de áreascontaminadas”, esclarece.

PROJETO MINEIRO ATUALIZARÁMAPEAMENTO DE ÁREASEm Minas Gerais, a Fundação Estadual do Meio Ambi-ente (FEAM), que executa no estado a política de pro-teção, conservação e melhoria da qualidade ambiental,possui o mapeamento das áreas de antigos e atuaislixões. Luiz Otavio Marins Cruz, gerente de Áreas Con-taminadas, explica que a Fundação tem como projetopara 2012 a realização de uma ação para atualizar o

mapeamento das áreas de disposição de resíduos,focando o potencial de contaminação e o estabeleci-mento de metodologia para priorização de investiga-ção de contaminação. “Com este projeto do governode Minas coordenado pela FEAM, esperamos ter o co-nhecimento da realidade destas áreas para planejar ogerenciamento”, explica.

Adriana Baptista,da Tozzini Freire

Advogados

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ESPECIAL POÇOSCAPA

Marins relata que Minas Gerais possui uma legislaçãoespecífica para o gerenciamento de áreas contamina-das. “Aplicamos no estado a Deliberação Normativa Con-junta COPAM/CERH 02/2010, que estabelece diretrizespara o gerenciamento de áreas contaminadas, além deseguir a Resolução CONAMA 420/2009”, observa.

Segundo ele, assim como a CETESB, o Estado deMinas Gerais também possui uma lista de áreas conta-minadas e reabilitadas por diversas substâncias, que épublicada anualmente pela FEAM. No ano de 2011, alista apresentou 490 áreas contaminadas identificadas.Dessas áreas, 72 foram consideradas reabilitadas. “Amaior parte das áreas reabilitadas são postos de com-

PROBLEMA PODE VIRAR SOLUÇÃODiógenes Delbel, diretor-presidente da Associação Bra-sileira de Empresas de Tratamento de Resíduos(ABETRE), enfatiza que o ideal é não conviver com os

riscos gerados pelo gásmetano. “O que está sendoprevisto na Política Nacionalde Resíduos Sólidos (PNRS)é acabar com os lixões até2014 e passar a operar comaterros sanitários ereciclagem, além de iniciarum trabalho de recuperaçãoe descontaminação doslixões”, relata.

Segundo Delbel, foramquantificados 4.200 lixões queprecisam passar por algumaobra de descontaminação eprevenção para reduzir osriscos à população. “Todos

os lixões podem ser considerados como pontos críticosde contaminação por gás metano. Por isso, antes derealizar alguma construção em uma determinada área énecessário conhecer bem o local para evitar problemasfuturos”, alerta.

Ele explica que esse gás, decorrente da decomposi-ção de resíduos orgânicos, pode passar a representaruma solução ao invés de um problema. “É possível usaresse gás para reaproveitar energia ou gerar energia elé-trica”, analisa. “Quando queimado, o metano é muitomais potente que o gás carbônico. Processos assim sãorealizados nos aterros São João e Bandeirantes, porexemplo, aonde são utilizadas as tecnologias para ex-tração do biogás.”

O metano, após passar por um processo de tratamen-to preliminar para eliminar impurezas, materialparticulado e umidade, pode ser utilizado para gerarenergia elétrica, combustível veicular e energia térmica,através da queima em caldeiras em indústrias e uso parailuminação a gás.

bustíveis”, explica.O conceito de reabilitação de uma área, de acordo

com ele, não significa que a área fica como era antesde ser contaminada. “Uma área reabilitada para um usoespecífico significa que nessa área as concentraçõesdos contaminantes são reduzidas a níveis que não cau-sem riscos à saúde humana”, salienta.

O hidrogeólogo Cauê Bielschowsky, do Instituto Es-tadual do Meio Ambiente (INEA), relatou que no Riode Janeiro a preocupação com metano existe, contu-do, dentro da problemática dos “lixões” no estado,existem outras prioridades, que são mais impactantesao ambiente.

RRRRReabilitaçãoeabilitaçãoeabilitaçãoeabilitaçãoeabilitaçãoFIM DO PRAZO ESTÁ PRÓXIMO PARA ÁREAS DECLARADASCONTAMINADAS EM 2007 NO ESTADO PAULISTA

Rodrigo César de Araújo Cunha, gerente do Se-tor de Gestão de Recursos para Investigação eRemediação de Áreas Contaminadas da CETESB,relata que em 2007, a Companhia estabeleceuuma meta para a remediação de todas as áreascontaminadas identificadas no Estado de SãoPaulo, sendo essa meta de cinco anos, finalizan-do este ano. “As áreas que não comprovarem quea remediação foi concluída dentro desse prazodeverão apresentar justificativas para o não

atingimento dessa meta, devendo ser autuadas,caso os motivos apresentados não forem consi-derados satisfatórios”, explica.

Portanto, faltam poucos meses para que estasáreas que estavam contaminadas em São Pau-lo, em 2007, sejam reabilitadas. De acordo comCunha, está sendo realizada uma atualização dosdados relativos a tais áreas, não sendo possível,ainda, apresentar as informações de quantas dasáreas apontadas foram reabilitadas.

Diógenes Delbel, diretor-presidente da Abetre

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Ele destaca que, para saber sea descontaminação foi realmentebem sucedida, é preciso realizarconstantemente o monitoramentode concentração de metano nosubsolo e nos ambientes. “Nosubsolo, a medição é feita pormeio de poços de gás e nos am-bientes, por meio de equipamen-tos portáteis específicos”, expli-ca Cunha.

Lutti explica que com relação àsáreas que já estavam contamina-das em 2007, apesar do que cons-ta na legislação, muitas delas ain-da não foram reabilitadas.

De acordo com dados publica-dos pela CETESB em dezembro de2010, das 3.675 áreas registradascomo contaminadas, 24% delas – que corresponde a905 áreas – podem ser consideradas aptas para usodeclarado. Estas áreas representam a soma do nú-mero de áreas reabilitadas (163) e em processo demonitoramento para reabilitação (742). Também sedestaca que nas áreas classificadas como contami-

nadas – que totalizam 1.674 – 46%do total de áreas registradas – me-didas de intervenção (remediação,controle institucional ou medidasde controle de engenharia) estãoimplantadas ou em implantação.

Para o promotor Lutti, isso nãosignifica que essas áreas foram re-paradas integralmente conformedetermina a Constituição Federale a Lei da Política Nacional doMeio Ambiente. “Esta é uma for-ma da CETESB considerar quepelo fato da área receber umtratamento e/ou remediação, já ésuficiente para afastar o risco àsaúde humana”, relata o promo-tor. “Essa situação vai muito alémda descontaminação. É preciso

atentar para a reparação integral da área afetada”.Assim, segundo ele, sejam as áreas contaminadasconhecidas anteriormente a 2007, sejam aquelas de-claradas posteriormente a essa data, elas merecemuma atenção maior por parte do poder público deforma a cumprir os ditames legais.

Rodrigo César de Araújo Cunha, gerentedo Setor de Gestão de Recursos paraInvestigação e Remediação de ÁreasContaminadas da Cetesb

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MEIO AMBIENTE

NASCIDAS DAS ÁGUASFORMADAS, EM SUA MAIOR PARTE, A PARTIR DA AÇÃO DAS ÁGUAS SUBTER-RÂNEAS, AS CAVERNAS TÊM UM PATRIMÔNIO NACIONAL AINDA POUCOCONHECIDO E SUA EXPLORAÇÃO PELO TURISMO PRECISA DE CUIDADOSMarlene Simarelli

O Brasil possui 5.560 cavernas no Cadastro Nacionalde Cavernas (CNC), com cerca de 350 novos regis-tros por ano, segundo a Sociedade Brasileira deEspeleologia (SBE), mas estima-se que sejam ape-nas 5% de centenas de milhares de outras ainda aserem descobertas em solo brasileiro. Os estados deMinas Gerais, Goiás, São Paulo, Bahia e Pará con-centram quase 80% das cavernas registradas, sendoa mais extensa a Toca da Boa Vista, em Campo For-moso (BA), com 107 quilômetros mapeados e a maisprofunda, o Abismo Guy Collet, em Barcelos (AM),com 670 metros de desnível. As principais cavernasbrasileiras estão associadas aos terrenos ocupadospor rochas carbonáticas. Um dos maiores nomes emespeleologia, ciência que estuda as cavernas, IvoKarmann, professor e pesquisador do Instituto de

Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP),relata que o mapa geológico do Brasil tem como mai-or área o Grupo Bambuí, que se estende em parte deMinas Gerais, Goiás, Bahia e Tocantins, com calcáriosdepositados há cerca de 600 milhões de anos. Ou-tros grandes grupos são: o Una, na Bahia; Planaltoda Bodoquena, no Mato Grosso do Sul, e o GrupoAçungui, no nordeste do Paraná e sul-sudeste de SãoPaulo. “Mas as cavernas não se formaram junto comas rochas. Sua formação é um fenômeno recente, queenvolve somente centenas de milhares ou poucos mi-lhões de anos”, observa o pesquisador, que come-çou a acompanhar expedições da SBE para conhe-cer esse universo, em 1972, e anos depois foi o res-ponsável por constituir grupo de pesquisa sobre otema na USP.

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Marcelo Rasteiro,presidente da SBE, naCaverna do Diabo, emEldorado (SP)

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MEIO AMBIENTE

José Antonio Ferrari, pesquisador da USP, durantemonitoramento hidrológico em cavernas

As cavernas são formadas pelofluxo das águas subterrâneas, quesão levemente ácidas, nas regiõesonde ocorrem. “A ação química daágua vai dissolvendo a rochacarbonática, em geral calcáriodolomítico, que age removendo osmateriais e gerando os vazios; equando se alargam dão origem aelas. Então, a maior parte das ca-vernas se inicia na zona freática,dentro do aquífero, abaixo do len-çol freático; e há também aquelasformadas por água de chuva oupelas ondas do mar”, descreveAugusto Auler, pesquisador egeólogo da Carste, empresa de es-tudos ambientais em cavernas e áre-

as cársticas, sediada em Belo Horizonte (MG). Em todo o país há cavernas com rios,cachoeiras e outras alagadas, que ainda estão na etapa de geração por meio daságuas subterrâneas e só podem ser acessadas por mergulho. “Esta é a única situação,à exceção de poços, em que se acessa o aquífero,” comenta Auler. Também existemaquelas com escoamento sazonal e efêmero, e as secas, como a Toca da Boa Vista,que representam antigas rotas de circulação da água subterrânea, abandonadas du-rante a evolução do relevo.

A água que sai de uma caverna é sempre subterrânea, não importando se chegoupela matriz fraturada ou por drenagens capturadas da superfície, afirma José AntonioFerrari, pesquisador do Instituto Geológico (IG-SMA), que atua no desenvolvimento deprojetos para caracterizar a estrutura e o funcionamento de aquíferos cársticos. Ferrariexplica que “desde que bem manejados em sua zona de recarga, os aquíferos cársticospodem fornecer água de boa qualidade em suas ressurgências (com ou sem a presençade cavernas). Nos aquíferos onde a participação de recarga por injeção direta está pre-sente, pode ocorrer grande variabilidade de parâmetros físico-químicos nos períodos dechuva; e também em situações em que o fluxo é muito lento e a água fica muito tempoem contato com o calcário, o total de sólidos dissolvidos pode chegar a mais de 1.000PPM, inviabilizando o consumo”.

Única opção de abastecimentoAtualmente, muitas cidades são abastecidas por aquíferos cársticos e no Nordeste,diversas localidades extraem água de poços perfurados em calcários do GrupoBambuí. “O aquífero cárstico Edwards, no Texas, é um sistema responsável peloabastecimento de mais de 2 milhões de pessoas. Na Chapada Diamantina, já vi siti-antes bombeando a água de cavernas para irrigar plantações, mas infelizmente, oprocedimento não seguia nenhum tipo de regulamentação,” relata Ferrari, que criouum sistema para modelagem e visualização 3D em cavernas, em 1997, durante está-gio pós-doc na França.

Augusto Auler acrescenta que as águas subterrâneas ricas em calcário são usadasem cervejarias ou para a fabricação do whisky Jack Daniels. “Normalmente são de altaqualidade, mas podem estar poluídas em regiões com poluição. Nas cidadesabastecidas por água de cavernas, elas passam por tratamento para retirada de umpouco dos sais e para se tornarem mais palatável, não apresentando problemas depotabilidade.” No Semiárido, em cidades como Januária e Manga, ao norte de Minas Gerais;e em Ramalho e nas proximidades de Campo Formoso (sul e norte da Bahia) a escassezhídrica é suprida pelas águas das cavernas. Esta é a única possibilidade de se conse-guir água para consumo próprio nessas regiões, diz ele. São pequenos agricultoressem condições de perfurar um poço profundo - ali os poços cacimba não atingem olençol -, que constroem pequenas barragens para retenção da água no interior da caver-na e a extraem por meio de bombas.

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MEIO AMBIENTE

O turismo em cavernas enquadra-se numa nova moda-lidade crescente no Brasil: o Geoturismo, que além daproteção ambiental, valoriza os projetos educacionais,proporcionando aprendizado e diversão simultanea-mente. “Através do Geoturismo, assim como doEcoturismo, espera-se promover a melhoria de quali-dade de vida das comunidades locais”, afirma PauloCésar Boggiani, professor do Instituto de Geociênciasda USP, que coordenou o plano de manejoespeleológico das grutas do Lago Azul e Nossa Senho-ra Aparecida (Bonito, MS). “Temos que ter um turismoque insira os moradores da região. Mas se formos rigo-rosos, são poucos os locais no país onde constatamosque as comunidades locais foram beneficiadas”.

A atual legislação ambiental exige planos de manejopara a implantação de atividades em cavernas, inclusiveturísticas, mas enfrenta um grande desafio, pois estima-se haja somente cerca de 300 profissionais atuando naárea. Para Marcelo Rasteiro, presidente da SBE, de for-ma geral as cavernas representam um enorme potencial

turístico, pois as pessoas visitam es-tes ambientes desde por motivaçõesreligiosas ligadas ao imaginário delocal sagrado como em Bom Jesusda Lapa (BA) ou Terra Ronca (GO),passando pela busca por aventura e,

certamente, pela beleza cênica dosambientes com suas formações

(espeleotemas), ausência deluz, água límpida, etc. O pes-

quisador Ivo Karmann, daUSP, alerta: “por repre-sentarem sistemas natu-rais formados por umconjunto de formas su-perficiais, como baciashidrográficas, e formassubterrâneas, com rios e

paisagens caracterizadas por um ambiente específico,abrigando seres vivos, altamente especializados e adap-tados a este ambiente subterrâneo, sofrem as mesmaspressões ambientais que a maioria das paisagens e siste-mas naturais da superfície.

As mais conhecidas em solo nacionalO município de Bonito (MS) é considerado um bomexemplo de exploração deste ecossistema. AugustoAuler detalha as razões: “Ali a interferência no ambienteé pequena. A maior parte das cavernas não tem luz ar-tificial. Há o aproveitamento do que existe, sem criarum ambiente diferente. Na Lago Azul, por exemplo, aluz é natural. Não é permitido que se toque a água. Aspessoas descem de rapel, mas o número de acessos écontrolado, causando baixo impacto. Tudo foi feito demaneira mais seletiva. As cavernas fazem parte do con-texto e não são usadas intensamente.” Bonito é a re-gião mais conhecida em cavernas alagadas e o turis-mo está centrado nas águas subterrâneas (nascentes,lagos, mergulho, flutuação, etc.).

As cavernas do Petar (SP), da Chapada Diamantina,especialmente a Poço Encantado (BA) e as das Gru-tas de Maquiné (MG) figuram entre as que recebemintensa visitação. Segundo Karmann, as do Petar res-saltam-se, pois representam a área com maior núme-ro e beleza de cavernas das regiões Sul e Sudeste,excluindo Minas Gerais. “No Vale do Ribeira (SP), deve-se incluir a Caverna do Diabo (ou caverna Tapagem),atração turística com visitação mais antiga que as doPetar, que fizeram seu nome devido à prática deecoturismo e de turismo de aventura.” A Poço Encan-tado é uma das principais atrações da ChapadaDiamantina (BA) pelo imenso salão subterrâneo queabriga um lago de águas cristalinas, que em algunsmeses fica com água de cor azulada pela entrada daluz do sol. Karmann lembra que “a divulgação destacaverna foi iniciada por um morador local, o Sr. Miguel,que inclusive orientava sobre os cuidados e a neces-sidade de conservação da natureza, para não alteraro ambiente da caverna e seus arredores, cuidando dopatrimônio espeleológico bem antes das autoridadesambientais federais ou municipais.”

Ivo Karmann, professordo Instituto deGeociências da USP

Turismo, para o bem e para o malA BELEZA E A AURA DE MISTÉRIO ATRAEM VISITANTES, MAS OECOSSISTEMA ESPECÍFICO REQUER PROTEÇÃO AMBIENTAL

O impacto da agriculturaNo Brasil Central e no Nordeste, empreendimentos agrí-colas implantados na zona de recarga de aquíferoscársticos, fatos como aumento da erosão, bombeamentoexcessivo para a irrigação e infiltração de fertilizantes edefensivos agrícolas podem comprometer a qualidadedas águas subterrâneas e dos sistemas de cavernas as-

sociados. Karmann relata que “nas cavernas dos muni-cípios de Posse e São Domingos (GO), onde há o usoda terra nas cabeceiras de drenagem pelo intenso plan-tio de soja, tem aumentado muito a erosão de solos are-nosos do platô da Serra Geral, assoreando os rios sub-terrâneos nas cavernas à jusante destas plantações”.

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MEIO AMBIENTE

Os desafios para conservaçãoApesar dos avanços quanto à conscientização sobreas questões ambientais, a importância das cavernasainda é pouco conhecida. Segundo Rasteiro, da SBE,precisamos mostrar para a população que estes sãoambientes especiais, que guardam registros ainda pou-co estudados de tempos passados e sobre a evoluçãoda vida. “Também precisamos aprimorar a legislaçãovigente aprovando uma lei que regulamente a utiliza-ção e efetivamente proteja as cavernas.”

Para Ferrari, do Instituto Geológico, se a atividadeturística for realizada sem critério, pode afetar a quali-dade das águas das cavernas e da biota associada. Eexemplifica: “Imagine um lago subterrâneo com baixacirculação de água, utilizado para o mergulhocontemplativo. Se o fluxo de visitantes for muito inten-so, a qualidade da água vai se degradar, como numapiscina sem tratamento adequado. Mas se o númerode visitantes estiver ajustado à dinâmica da circulaçãoda água, isto não ocorre.” A visitação desordenada traztambém problemas às paredes e piso cobertos pordelicados espeleotemas, que acabam totalmente de-gradados pelo pisoteamento e apoio das mãos de pes-soas que não seguem uma trilha única no roteiro, comotrechos da caverna Santana (Petar). Segundo Boggiani,da USP, se formos pensar em atrair turistas estrangei-ros, um dos problemas também é falta de guias e con-

dutores de visitantes, sendo este o setor onde se po-deria investir mais.

Na opinião de Auler, da Carste, o turismo pode afetaras águas e a dinâmica das cavernas, porque tem quese criar uma estrutura para exploração, como barra-gens e passarelas; além do lixo deixado pelos turistase a interferência na flora e na fauna quando há luz arti-ficial. “A Caverna do Diabo tem o Rio das Ostras emseu interior, que foi represado. Pode criar um efeito vi-sual interessante, mas é uma interferência e traz danosporque pode afetar a qualidade e o fluxo das águas; eimpede que animais (peixes) subam e desçam o rio. Éclaro que precisa ter cavernas abertas para mostrar suaimportância, mas devem ser poucas.” De acordo comKarmmn, da USP, a proteção de cavernas necessita dapreservação das bacias hidrográficas ou dos biomasonde estão inseridas. “Não é possível preservar as ca-vernas sem preservar o sistema onde ela ‘vive’ - emoutras palavras, não é possível preservar um quarto deuma casa, se a casa for destruída!”

SERVIÇO:Para saber mais sobre cavernas: www.sbe.com.bre www.cavernas.org.br

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CONEXÃO INTERNACIONAL

Emilio Custodio,Professor Eméritode HidrologiaSubterrânea naUniversidadePolitécnica deCatalunha,Barcelona, Espanha.

UMA FERRAMENTA PARAARMAZENAR ÁGUA

A recarga artificial não é algo novo; há exemplos simples em regiões áridas e semiáridas que têm séculos de existên-cia. O desenvolvimento da recarga artificial como ferramenta de consecução de fins concretos e de gestão de aquíferosé recente e se desenvolveu no século XX, em circunstâncias muito diversas, como são os problemas reais que ohomem deve enfrentar para se abastecer de água potável e para seus usos econômicos, e conservar os serviçosecológicos da natureza. A afirmação é de Emilio Custódio, professor emérito de Hidrologia Subterrânea na Universi-dade Politécnica de Catalunha, em Barcelona, na Espanha, convidado desta edição. Segundo ele, o tipo de realiza-ções é muito variado, desde extensas áreas de infiltração de água de inundações fluviais, passando por balsas eestanques, até poços de injeção, com recuperação da água recarregada em outros poços ou nos próprios poços deinjeção. “Hoje é chamada de técnica de armazenamento por recarga artificial (ARS, artificial recharge storage)”, diz.Custódio é co–fundador, ex–diretor e atual responsável do Conselho Assessor da Fundação Centro Internacional deHidrologia Subterrânea e assessor do Observatório de Água da Fundação Marcelino Botín. Ao longo de sua carreiraexerceu importantes cargos, entre eles, o de presidente da Associação Internacional de Hidrogeólogos. É doutorhonoris causa pela Universidade de Tucumán e professor visitante de diversas universidades da Argentina.

Carlos Alberto de Freitas, presidente da ABAS Núcleo MG

O que é recarga e recarga artificial?Recarga é o processo pelo qual o aquífero ou sistemaaquífero recebe água pela precipitação, infiltração a partirda superfície ou pela transferência vertical ou lateral advindasde outros corpos de água, principalmente aquíferos ou omar. A recarga artificial é produzida pela ação humana comintenção de aumentar ou substituir a recarga natural ou demelhorar a qualidade da água disponível, aproveitando osprocessos hidrogeoquímicos e a mistura que se produz noaquífero, após uma longa permanência no mesmo.

O que se busca com a recarga artificial?Os objetivos principais são dois: armazenamento e de-puração adicional da água. A finalidade doarmazenamento de água é aproveitar o volume do ter-reno não saturado, para estocar água disponível emsuperfície, com o propósito de recuperá-la mais tardenuma proporção razoável. Tal procedimento baseia-seno fato de que os aquíferos retêm a água temporaria-mente, tanto mais quanto menor seja sua difusibilidadehidráulica, isto é, o quociente entre o produto dapermeabilidade e a espessura do aquífero(transmissibilidade) e o coeficiente de armazenamento.No armazenamento no meio não saturado, por cima doaquífero livre, este volume pode ser elevado — já que ocoeficiente de armazenamento é igual à diferença en-tre a porosidade total e a umidade de retenção — epode ser, de modo geral, de 10% a 15% do volume doterreno que vai ser saturado. A longo prazo a água

recarregada artificialmente acabará descarregando, maspode ser útil como escoamento básico de rios ou demanutenção de ecossistemas inundados.

A depuração adicional tem como finalidade melhorara qualidade da água recarregada artificialmente em re-lação à sua composição, mas também ao conteúdo dosgermes patogênicos, vírus e substâncias minerais or-gânicas nocivas, como os metais pesados,hidrocarbonetos, compostos organo-halogenados, de-fensivos agrícolas e fármacos. Trata-se de processosmuito complexos, mas que são favorecidos por umalonga detenção no terreno e condições favoráveis aotransporte diferido, como é a presença de argilo-mine-rais e de óxidos secundários de ferro e manganês, quefavorecem uma grande superfície de absorção. Aságuas passíveis de depuração podem ser muito diver-sas, tais como águas fluviais de enchentes com altacontaminação ou águas residuais tratadas.

Outro aspecto da recarga artificial está relacionadocom as barreiras hidráulicas, quer seja para confinaráguas contaminadas ou resíduos, ou para evitar queestes penetrem a partir da superfície, ou para limitar econtrolar a intrusão marinha em aquíferos costeiros,como já se faz desde a década de 1960 na costa daCalifórnia ou mais recentemente em Barcelona.

E quanto aos aquíferos confinados?Pode-se fazer recarga artificial em aquíferos confinados,nos quais o coeficiente de armazenamento é muito pe-

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CONEXÃO INTERNACIONAL

queno e, consequentemente, o efeito hidráulico darecarga artificial manifesta-se rapidamente nos lugaresde descarga e logo se dissipa um volume equivalenteao introduzido, o que costuma ser chamado de inje-ção. Nestes casos, o que se pretende é armazenar águade boa qualidade potencial em aquíferos com água maispobre, deslocando esta e criando um volume melhorpara ser usado quando for mais conveniente.

Quais são as condicionantes da recarga artificial?A complexidade dos problemas aumenta quanto maisreduzido for o espaço no qual se deve realizar a recargaartificial. Os problemas mais agudos são encontradosquando se faz a recarga mediante poços, quando asvazões de recarga desejadas são maiores; e piora a qua-lidade física da água para recarregar, em especial, noque se refere ao conteúdo em sólidos em suspensão eturbidez, e quanto à capacidade de originar matéria or-gânica em suspensão ou que esta possa ser depositadadurante a exposição da água à radiação solar.

É importante ressaltar que a recarga artificial é umprocesso detalhado, quando normalmente osaquíferos são conhecidos regionalmente. Estes dadosgerais são um primeiro marco, que necessariamentedeve ser complementado localmente, aplicando astécnicas disponíveis, que incluam as geológicas, deperfurações, hidrodinâmicas, geofísicas de superfícieou perfilagens, hidroquímicas e isotópicas ambientais.A presença de heterogeneidades, camadas de baixapermeabilidade a pouca profundidade, e variações la-terais dos materiais superficiais, podem ter um papeldeterminante e fazer que a recarga artificial seja ounão viável, ou condicionar o método aplicável. Alémdo mais, perto das cidades, deve se prestar atenção àexistência de resíduos enterrados ou de partes doaquífero contaminadas.

Estes aspectos são importantes e sempre devem serconsiderados no projeto, para não cair nos numerososfracassos técnicos e econômicos. Em determinados ca-sos é conveniente que durante alguns meses ou anosopere uma instalação piloto, às vezes precedida deensaios em laboratório de longa duração.

Qual é o custo da recarga artificial?A água colocada à disposição para uso humano ouecológico tem um custo que deve ser acrescido ao seuvalor intrínseco. O resultado é muito variável segundoas circunstâncias. Pode ser de muito baixo custo — nocaso de pequenas obras rurais, de terreno barato e quepermita utilização contínua — ou muito dispendiosa,como no caso de grandes obras de captação de água,que requerem tratamento prévio e terrenos muito ca-ros, elementos de recarga que requerem investimen-tos importantes e manutenção delicada, além do custopara extrair e colocar à disposição a água recarregada.

Quem pratica a recarga artificial?Em princípio não há uma autoridade ou grupo específi-co para realizar a recarga artificial, mas dado que é algoque afeta ou pode afetar todo o aquífero, a entidadepara promovê-la e/ou autorizá-la é a autoridade com-petente para gestão da água, salvo situações muito lo-cais. Mas o realizador, o gestor pode ser qualquer enti-dade competente que possa dispor, receber ou reco-lher os recursos econômicos necessários, e disponhados meios de operação e manutenção.

Onde se pratica a recarga artificial?Os exemplos mais tradicionais de recarga artificial encon-tram-se nos Estados Unidos e na Europa, e em geral es-tão muito relacionados com a manutenção do uso doaquífero, como ocorre na planície de Los Angeles, Phoenix(Arizona), Long Island (Nova York), Amsterdam (Países Bai-xos) e Barcelona (Espanha), ou com a complementaçãodo tratamento das águas para evitar características incon-venientes das águas subterrâneas naturais do lugar, comona Suíça, Alemanha, Suécia, Países Baixos, Barcelona(Espanha), Califórnia (EUA), Paris (França), ou ambosobjetivos ao mesmo tempo. Outros países com grandeexperiência são Austrália e Reino Unido.

Em lugares com águas subterrâneas de má qualida-de, por exemplo, por excesso de ferro, arsênio evanádio, como no Pampa Argentino, existem ensaioshá décadas, mas sem uma sistemática estabelecida.Nos países do norte da Europa a recarga de águaaerada é usada com sucesso para eliminar a presençade ferro e/ou manganês na água do aquífero.

Cabe ressaltar que a recarga artificial é cada vez maispraticada no norte e centro da Europa (Alemanha, Paí-ses Baixos, Bélgica, Suécia) para manter a produçãode pequenos aquíferos, já que a população quer dis-por de água potável domiciliar, não clorada, porém vin-da do aquífero e distribuída diretamente.

Qual recomendação daria a um hidrogeólogo em iní-cio de carreira?Em qualquer caso, deve complementar sua formaçãopara assegurar que maneja com clareza e segurança osprincípios básicos para aplicá-los a casos reais. Manteruma formação continuada. Estabelecer relações comassociações científicas e profissionais nacionais e inter-nacionais. Não se deixar seduzir pelo trabalho rotineirofácil, com pouco conhecimento. Usar as modernas fer-ramentas de informática, porém considerá-las como ummeio e não como um fim, sendo crítico com os dadosintroduzidos, as hipóteses aceitas e os resultados obti-dos para não incorrer nos frequentes absurdos e desvi-os que lamentavelmente se observam em alguns casos.Em qualquer circunstância, agir com honradez, sem cur-var-se a resultados preestabelecidos impostos. A honra-dez sempre vale a pena a médio e longo prazos.

Tradução realizada pela tradutora Juramentada Nuria Bertachini, da Legistrad Traduções Técnicas de Espanhol

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PERFURAÇÃO

A ERA DO “PÓS SAL”Na segunda metade do século passado, a indústriad e Perfuração de poços dava seus primeirospassos no Brasil. Equipamentos e ferramentas antesimportados, principalmente dos Estados Unidos, pas-saram a ser substituídos por produtos de fabricaçãonacional. Naquela época, os sondadores das perfura-trizes mecânicas (precursoras) ditavam regras, emiti-am conceitos, formulavam teorias. Algumas com exce-lentes resultados, outras de pouco ou nenhum efeitoprático. Um grande arsenal místico ajudava a justifi-car os fracassos ou incidentes, que, por sua vez, nãoeram devidamente avaliados por quem deveria fazê-lo.Simplesmente porque, na maioria dos casos, não ha-via a quem recorrer.

Dentre os procedimentos mais polêmicos, destacoeste: com objetivo de conseguir maior dureza das bro-cas (trépanos), os sondadores aplicavam salmoura emtanques de água para o choque térmico com a brocade perfuração. Aquecida em forja próximo à perfura-triz, a broca era mergulhada na salmoura. Isto até épositivo. A salmoura tem a propriedade de impedir aformação de grandes bolhas dear dificultando o contato aço/águana queda brusca de temperaturada peça quente. Porém havia aconvicção entre muitossondadores que as partículas desal se combinariam com molécu-las do aço e a broca ficaria maisdura por causa desta combina-ção impossível, colocando enor-mes quantidades de sal. O erromaior vem a seguir: a operaçãode “têmpera” era feita de formamuito rudimentar, a céu aberto,sem controle da temperatura doaço e da água e para piorar repe-tia-se essa operação quantas ve-zes fosse preciso. O aço carbo-

no entrava em fadiga comprometendo a qualidade dabroca. Conclusão do sondador: faltou sal.

Hoje, os martelos pneumáticos utilizam os bits, queaté bem pouco tempo só havia importados. Ossondadores atualmente pouco sabem sobre aplicação,opções de faces e manuseio das ferramentas de per-furação. Assim como os antigos sondadores da per-cussão não tinham assistência, hoje permanece amesma dinâmica: ferramentas de perfuração detecnologia importada, com precárias informações so-bre aplicação e manutenção.

Estamos incorrendo no mesmo erro de 60 anosatrás. O de não ampliar o conhecimento prático aossondadores, geólogos ou gerentes de Perfuração.Como, por exemplo, sobre afiação de bits de perfu-ração, tipos de rebolos e formas de afiação correta,uso de retíficas elétricas ou pneumáticas e formasde refrigeração.

Sem desfazer a importância dos artigos científicosapresentados nos congressos e Encontros de Perfura-dores, que sem dúvida são altamente relevantes do

ponto de vista do conhecimentocientífico, creio que estes não al-cançam aos homens que exe-cutam a perfuração, como tam-bém não é disto que eles preci-sam (e devem) saber.

Os fabricantes, com o apoio daABAS à indústria brasileira, de-vem ter espaços técnicos nosEncontros de Perfuradores paraapresentar trabalhos práticos demanejo operacional e tambémespaços editorais da revista Águae Meio Ambiente Subterrâneopara a publicação de artigos diri-gidos aos operadores de sondascom assuntos da sua realidade eproblemas do seu dia a dia.

Rogério Pons da Silva,diretor da SidermetalIndústria Metalúrgica

Estamos incorrendono mesmo erro de 60anos atrás. O de não

ampliar oconhecimento prático

aos sondadores,geólogos ou gerentes

de Perfuração

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28 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO FEVEREIRO/MARÇO 2012

REMEDIAÇÃO

A CONSTRUÇÃO DE UMEDIFÍCIO SAUDÁVEL

A construção de uma edificação saudável envolve nosdias de hoje, não só questões estéticas e estruturais,mas também o entendimento das condições ambientaisas quais seus ocupantes estarão expostos, principal-mente a qualidade do ar interno.

Até poucos anos atrás, a construção de um edifício ti-nha como pré-requisito o atendimento às condicionantesestruturais apropriadas ao nosso bem-estar.

Contudo, a evolução do conhecimento e da urbani-zação nos impingiu outras exigências, progressivamen-te adicionadas aos requisitos básicos da construçãocivil e da ocupação territorial urbana.

Assim, cada vez mais, o bem-estar foi sendo valorizadocom o surgimento de novos produtos e técnicas de cons-trução, visando garantir aos seus ocupantes, áreas ade-quadas às suas atividades profissionais e recreativas.

Se, por um lado, houve uma preocupação crescentecom a “fachada” das edificações e a proximidade aoscentros urbanos, por outro, a preocupação com o sub-terrâneo foi deixada de lado.

O resultado disso é o surgimento de inúmeros casosde exposição da população, acima do nível tolerável, avários poluentes, geralmente sobre antigas áreas indus-triais ou áreas de disposição irregular de resíduos.

Hoje, sabemos que uma série de poluentes existentesno solo e na água compromete a saúde e o bem-estardo homem, principalmente em ambientes fechados.

Como na maior parte do tempo, estamos sujeitos aum ambiente artificial fechado, o problema da qualida-de do ar passa a ser real e crescente, pois muitas subs-tâncias químicas não são perceptíveis.

Nesse sentido, os órgãos de controle ambiental eocupacional vêm solicitando uma série de estudos erelatórios para o atendimento dos padrões mínimos deexposição, bem como outras ações relacionadas aosestudos dos gases presentes no solo.

Nos locais onde já foi detectada a presença de gasesno solo em concentrações indicativas de risco a saúdehumana, deve ser executado um monitoramento siste-mático das edificações de interesse e entorno que pos-suem ambientes confinados com possibilidade deacúmulo desses gases, como por exemplo, o metano.

Uma vez que seja detectada a necessidade de açõesemergenciais, as mesmas devem ser tomadas de ime-diato e paralelamente comunicadas aos órgãos de con-trole ambiental e ocupacional.

Em alguns países, diversas agências reguladoras emparceria com universidades, institutos de pesquisa e em-presas privadas estão envolvidas nos estudos da qualida-de do ar no solo e nos ambientes fechados adjacentes.

No Brasil, a ABAS tem sido pioneira nessa questão, apartir do acordo de cooperação em andamento, envol-vendo o Helmholtz Centre for Environmental Research(UFZ), da Alemanha e a Companhia Ambiental do Esta-do de São Paulo (CETESB).

Um importante projeto em desenvolvimento pelo UFZ tratado monitoramento contínuo das concentrações dospoluentes presentes no ar existente no solo e no ambientefechado sobrejacente, considerando os diversos tipos depavimentos à disposição no mercado da construção civil.

Portanto, construir um edifício saudável significa, aomenos, ter uma boa qualidade interior do ar, através douso de adequadas técnicas e produtos de construçãoe monitoramento predial, bem como de avaliação eremediação ambiental.

Gustavo Alves da Silva, geólogo da Hidroplan

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ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO 29FEVEREIRO/MARÇO 2012

ESPAÇO EMPRESARIAL

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30 ÁGUA E MEIO AMBIENTE SUBTERRÂNEO FEVEREIRO/MARÇO 2012

OPINIÃO

Luiz Gabriel T.Azevedo, presidenteda AssociaçãoBrasileira deRecursos Hídricos(ABRH)

NO ANO DE GRANDESEVENTOS HÍDRICOS, O

RESERVATÓRIO ESTÁ MEIOVAZIO OU MEIO CHEIO?

Em 2012 ocorre a conjunção de grandes eventos comimportância para os recursos hídricos no Brasil. Cele-bramos quinze anos da aprovação da Lei 9.433/97, a“lei das águas”, base legal para o sistema nacional degerenciamento de recursos hídricos. Em março, ocor-reu em Marselha, França, o 6º Fórum Mundial da Água,presidido pela primeira vez por um brasileiro, o Profes-sor Benedito Braga da Universidade de São Paulo(USP), e com ampla participação de instituições e téc-nicos do Brasil. E, em junho, o mundo estará com osolhos voltados para o Brasil quando ocorrerá a Rio+20,conferência da Organização das Nações Unidas (ONU)para promover o desenvolvimento sustentável, que teráa água como um dos pilares principais da discussãosobre “economia verde”.

O foco em soluções que norteou o 6º Fórum partiuda constatação de que gestores e técnicos em recur-sos hídricos precisam concentrar esforços para por emprática as soluções propostas, com menos ênfase nadiscussão de conceitos. Para alguns, o reservatório estámeio vazio, pois passamos duas décadas discutindodirecionamentos teóricos enquanto avançamos relati-vamente pouco na implantação de soluções. Por outrolado, foi anunciado em Marselha que a meta do milênio(MDG) será atingida antes do ano limite de 2020, noque se refere à redução do número de pessoas semacesso à água potável.

Diversas soluções interessantes e replicáveis foramapresentadas durante o Fórum, como por exemplo, oPrograma Acreditar, desenvolvido para implantação daUHE Santo Antônio, no Rio Madeira, tendo como ob-jetivo principal capacitar mão de obra local para ativi-dades de construção da usina. Aspectos como segu-rança alimentar e segurança energética foram ratifica-dos como fundamentais para o crescimento econômi-co e desenvolvimento social. Instituições multilateraistrataram sobre a necessidade do reengajamento parao financiamento de empreendimentos de infraestruturahídrica, incluindo as grandes barragens. Sob estasperspectivas, muitos pensam que o reservatório estámeio cheio.

No Brasil, fala-se muito sobre o que ocorreu na agendada água desde a aprovação da Lei 9.433/97. Existem aque-les que se preocupam apenas com o que ainda não acon-teceu como: os índices de investimentos setoriais aindamodestos para uma economia do tamanho da brasileira;a excessiva fragmentação na utilização de recursos atra-vés do CT-HIDRO; a implementação apenas simbólica dacobrança pelo uso dos recursos hídricos em duas ou trêsbacias; os recorrentes desastres urbanos na época chu-vosa, dentre outros pontos na relação do que ainda preci-sa ser feito ou alcançado. Para os que enxergam o reser-vatório como meio cheio, o país conta com uma AgênciaNacional de Águas bem equipada e com recursos huma-nos de excelente nível técnico; o instrumento da outorgatem sido implantado com êxito nas bacias federais; ob-serva-se um crescimento saudável da parceria público-privada, na provisão de serviços de água e saneamento,na implantação de projetos hidrelétricos e no desenvolvi-mento e implantação de alternativas para expansão danavegação fluvial e de projetos de irrigação.

Não resta dúvida que o Brasil avançou muito, masainda há muito trabalho pela frente. Está claro, também,que poderia ter avançado muito mais se tivesse sidocapaz de privilegiar decisões políticas embasadas emboas recomendações técnicas; se tivesse se distancia-do mais da armadilha para o estabelecimento de umsistema de gestão de recursos hídricos que privilegia aburocracia e a ineficiência cartorial sobre a substânciae a eficiência no fazer; e se tivesse privilegiado semprea meritocracia e a transparência no processo decisório.Quanto ao reservatório que está próximo ao seu volu-me intermediário, o Brasil está diante da clássica equa-ção do balanço de massa. Deve reduzir perdas (des-perdícios, ineficiências, etc.) e otimizar a operação (re-sultados, transparência, etc.) de maneira a alcançar oinício da próxima estação com maiores níveis dearmazenamento e menor vulnerabilidade do sistema.

Se o país aprender com as lições dos últimos quinzeanos, evitando os erros cometidos e privilegiando aimplantação de soluções exitosas, certamente poderáresolver sua equação com sucesso.

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